Inverno tropical

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3 fevereiro – julho 2011

CAPA MODA

VIAGEM Destinos radicais para curtir com os filhos

INFÂNCIA Recordações da época de escola

NO PRATO Receitas que deixam a molecada com água na boca

O mix esperto de peças leves com itens arrojados anuncia a chegada dos dias mais frios






EDITORIAL

Em todos os momentos A

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s estações do ano em um país tão vasto e com clima e cultura tão surpreendentes como o nosso são mais ou menos como o humor das crianças, que a gente conhece tão bem: elas podem amanhecer quentes e ensolaradas e anoitecer fresquinhas, ventando nas janelas. E vice-versa. Ou tudo ao contrário. Esse é o espírito das nossas coleções. Das cores e estampas de nossos tecidos ao corte e caimento de cada vestido, bermuda, pijama ou casaquinho, tudo em Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre respira essa imprevisibilidade criativa dos trópicos. O resultado de meses e meses de pesquisa e muito trabalho, apresentado em primeira mão nestas páginas, mostra que o inverno na nossa visão pode ser mais fresco em Manaus e mais quentinho em Porto Alegre, sem perder em estilo nem em conforto. Nesta Lilica&Tigor você vai perceber que não é apenas na moda que olhamos para o mundo de um jeito particular. É o caso da matéria “Diversão caseira”, em que três famílias na contramão dos brinquedos caros e cheios de artifícios contam como se divertem com jogos que elas mesmas inventaram. “Brincar com meus filhos é uma coisa que ninguém pode fazer por mim”, resume a empresária Estela, que ensina aqui, com Gabriel, 5 anos, e Vitor, 3, a brincadeira de super-herói mecânico. Diversão também não falta na vida das avós contemporâneas, que, como revelam nesta edição, estão cada vez mais aventureiras, antenadas, conectadas e, claro, presentes na vida dos netos. E ainda preparamos uma seleção de receitas fáceis de fazer para deixar mesmo a turma do macarrão com salsicha com água na boca. E viajamos no tempo com nossos convidados em busca das melhores (e piores) lembranças das salas de aula. Como você pode ver, começamos bem um ano que promete ser muito especial para a gente, construindo juntos uma trajetória cheia de histórias para contar. Em 2011, Lilica Ripilica completa 20 anos inventando moda. Temos muito o que comemorar. Aguarde. Um beijo, Rafaela Donini e equipe Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre

CAPA Foto Debby Gram, styling Tami Gotoda, hair e make up Jô Castro (Capa MGT), modelos Giovanna Cordeiro (agência Vogue) e Danyel Parede (agência Vogue)

Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Presidente Giuliano Donini Diretor executivo Jair Pasquali Coordenação e consultoria de relacionamento Rafaela Donini www.lilicaetigor.com

LILICA&TIGOR | Editor Paulo Lima Diretor editorial Fernando Luna Diretora de criação Ciça Pinheiro Diretora de gestão e novos negócios Adriana Naves Diretor financeiro Renato B. Zuccari Diretor de núcleo Tato Coutinho Conselho editorial Giuliano Donini, Jair Pasquali, Rafaela Donini, José Henrique Falbo, Lilian Bianca Nazario e Rodrigo Branco (Marisol); Paulo Lima, Fernando Luna, Carlos Sarli e Ciça Pinheiro (Trip) Diretora de redação Ana Paula Orlandi Projeto gráfico Paula Carvalho e Ciça Pinheiro Direção de arte Paula Carvalho Pesquisa de imagens Coordenação Aldrin Ferraz Pesquisador Fernando Cambetas Assistente Daniel Andrade Estagiários Flavio Pereira e Juliana Almeida Revisão Coordenação Daniela Lima Revisoras Ecila Cianni, Janaína Mello e Léa Tosold Produção gráfica Walmir Graciano Coordenadora Monica Yamamoto Produtora gráfica júnior Mariana Pinheiro Tráfego comercial Jessica Oseki Departamento comercial Diretor comercial Rogério Rocha Gerentes de contas Kiki Pupo e Maíra Arthur Executivos de contas Claudia Atala, Fernanda Costa, Gabriel Coelho e Ivie Furlan Assistente comercial Fabio Pinheiro Analista de marketing Nancy Minervini Assistente Priscila Queiroz Assistente de arte Amanda Mussi Projetos especiais e eventos Diretora Ana Paula Wheba Assistentes Mayara Camanho e Thaisa Pavan Editora de arte Camila Fank Assistente de arte Renata Vieira Trade e logística Diretora Daniela Basile Gerente de logística Jéssica Panazzolo Analista de trade Thais Meneghello Assistente de trade Marina Caetano Assistente de assinaturas Bruna Costa Assistente de circulação Juliana Mantovani Estagiário de logística Rodrigo Ferraz Colaboraram nesta edição Editores André Viana e Marta Góes Editora assistente Liana Mazer Texto Anna Beatriz Mattos, Ana Maria Peres, Bruna Rodrigues, Gisela Sekeff, Luciana Pedro e Rosane Queiroz Editora de arte Kiki Saraiva Produtora executiva Ana Rosa Sardenberg Produtora Paola Abiko Stylist Tami Gotoda Fotografia Calé, Carol Quintanilha, Carol Sachs, Cecilia Duarte, coletivo Correnteza, Debby Gram, Douglas Garcia, Eduardo Delfim, Guilherme Young, Kiko Ferrite, Luiz Maximiano, Marcelo Naddeo, Marcos Vilas Boas, Nino Andrés, Pedro Motta e Renata Ursaia Tratamento de imagem Regis Panato/Photouch Ilustração Maurício Pierro, Rosa Navarro e Vanessa da Silva Cenografia Estudio Gis Cabelo e maquiagem Jô Castro, Helder Rodrigues e Marisete Domingues Lima (Capa MGT) Colunistas Alê Abreu, Benny Novak, Clarice Reichstul, Hélio Schwartsman, Juva Batella, Marcello Araújo, Maria Ercilia Galvão Bueno, Odilon Moraes e Taciana Barros

Pré-impressão Retrato Falado Impressão Ibep Gráfica LILICA&TIGOR é uma publicação da Trip Editora e Propaganda SA, sob licença da Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Redação e publicidade: caixa postal 11485-5, CEP 05422-970, São Paulo, SP. Tel.: (11) 2244-8786/8797. www.tripeditora.com.br


COLABORADORES

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4 1 DOUGLAS GARCIA

6 MAURICIO PIERRO

Fotógrafo paulista. Nesta edição, registrou a seção Decoração. Como você define sua avó? “Ela era generosa, sensível, muito especial.”

Ilustrador e artista gráfico paulistano. Seu traço está na seção de stills de moda. Qual era sua brincadeira favorita? “Jogar queimada na rua onde minha avó morava.”

2 BRUNA RODRIGUES

7 CECÍLIA DUARTE Fotógrafa paranaense, vive entre São Paulo e Barcelona. É dela o editorial “Menina flor”. O que você gostava de comer na infância? “Bolacha de chocolate e brigadeiro de colher.”

Jornalista paulistana. Escreveu o texto da seção Conexões. O que você gostava de comer na infância? “Adorava tudo que era doce: bala, bolacha, sorvete, bolo...” 3 GISELA SEKEFF Jornalista paulistana. É dela a matéria “Diversão caseira”.O que lembra dos tempos de escola? “Sempre ser a última da fila porque era a mais alta da classe.”

8 TAMI GOTODA Stylist paulistana. Assina o estilo dos editoriais de moda. O que você gostava de comer na infância? “Cobertura de chocolate para sorvete.” 9 ANA MARIA PERES

4 EDUARDO DELFIM Fotógrafo mineiro. Fez o still de moda. O que lembra dos tempos de escola? “De escorregar no corrimão da escada.”

Jornalista paulistana. Escreveu a matéria “Na idade da inocência”. Como você define sua avó? “Ela tem uma visão de mundo à frente de seu tempo e muita força espiritual.”

5 MARCELO NADDEO

10 CAROL QUINTANILHA

Fotógrafo paulistano. Clicou a matéria “Modo de fazer”. Qual era sua brincadeira favorita? “Andar de skate e carrinho de rolimã.”

Fotógrafa paulistana. Fez a Enquete e o Troca-Troca do Playground. O que você gostava de comer na infância? “Feijoada!”

O mundo de Bibi As interferências espalhadas pelas páginas deste número são de Beatriz Delfim (ou BIBI, como é mais conhecida). Ela nasceu em São Paulo e tem 6 anos. “Adoro desenhar e brincar com meu irmão mais novo”, conta.


PRATELEIRA

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PLAYGROUND Literatura, cinema, música, arte, museus, mundo digital, moda, gastronomia, viagem, decoração, bichos, cultura de rua, brincadeiras, comportamento, memória. Criança tem assunto que não acaba mais. Nossos colunistas estão de olho em tudo.

Música

por Taciana Barros

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A voz dos pais cantando vira sempre um tesouro na memória dos filhos

Comida

por Benny Novak

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Tudo bem educar à mesa, mas sem estragar o prazer, por favor

Mundo digital

por Maria Ercília

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A informação digital revalorizou o encontro com o professor e os colegas

Estilo

por Clarice Reichstul

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Um sapato de amarrar deu um look de casamento à roupa do menino

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Cinema

por Alê Abreu

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O filme que não vimos também pode ser inesquecível

Livros

por Odilon Moraes

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História infantil não tem obrigação de ser alegre, é permitido chorar

ENQUETE

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O que você acha engraçado? Palhaços, cachorros sabidos, amigos que fazem cena: crianças contam o que as faz rir

DECORAÇÃO

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Quebra-cabeça O apartamento de Xavier e Cláudia muda à medida que os filhos crescem

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CONEXÕES A praça é nossa

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Alice deu uma festa de aniversário na praça e transformou-a em ponto de encontro das crianças

VIAGEM Aventura em família Casais que viajaram com filhos pequenos em roteiros de gente grande contam suas experiências

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MODA Tendências

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Turma

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Frio

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Ateliê

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Campo

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Bebês

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No nosso inverno leve, cabem no guarda-roupa muito mais do que casacos e roupas quentinhas. Também sobra espaço para bermudas confortáveis, vestidos transados e combinações fofas, divertidas e cheias de estilo

COMPORTAMENTO Pais & filhos DIVERSÃO CASEIRA Jogos inventados em família rendem momentos deliciosos

“Aprendi com

a mamãe a passar creme hidratante, fazer massagem e dar comida de colher para o ratão, meu bicho de pelúcia preferido” Frase da infância

Débora Falabella: “Ai, que ar livre!”

Família

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VOVÓ É A VOVOZINHA! Novas avós: nem tricô nem cadeira de balanço

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IDADE DA INOCÊNCIA Três profissionais de sucesso lembram o tempo de escola

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Infância

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Casa & Cia MODO DE PREPARAR Chefs dão receitas que convidam a provar sabores

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COLUNAS Olho mágico A tarefa divertida de dar nome aos bichos segundo o editor Marcello Araújo

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O pai doméstico Juva Batella brinca com as palavras e datas e a chegada dos filhos

CLARA CAFFÉ, 4 anos

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Os meus, os seus e os nossos Hélio Schwartsman ajuda a mostrar que saias justas de adultos e de crianças não são nenhum bicho de sete cabeças

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FOTOS STILL EDUARDO DELFIM TÍTULO VANESSA DA SILVA

“A liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças”

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SUSTENTÁVEL LEVEZA Algodão orgânico, cultivado sem agrotóxicos, adubos químicos ou outros insumos prejudiciais à saúde humana e do planeta, dá corpo à nova linha de roupas para recém-nascidos da Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre. Voltada para bebês de 0 a 9 meses, a coleção chega às lojas franqueadas e multimarcas em fevereiro.

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Foto: Kiko Ferrite

CLUBE DO BALANÇO

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Após trabalhar por sete anos como gerente de produção dos irmãos Campana, a paulistana Roberta Cosulich resolveu seguir caminho próprio para se dedicar ao filho, Vittorio. Em 2008 ela abriu a Cosumann, marca especializada em móveis e brinquedos a exemplo deste balanço para crianças de até 35 quilos feito com tecido de vela de barco que suporta intempéries e pode ficar em áreas externas. Custa R$ 184 no site www.cosumann.com.br.

As frases em destaque deste Playground são do poeta mato-grossense Manoel de Barros

HUMOR EM CASA Em 1994, quatro publicitários tailandeses criaram a marca Propagandaonline (www.propagandaonline.com), especializada em utilitários para casa. “A ideia é fazer itens divertidos, pois o senso de humor é um aspecto muito marcante da nossa cultura”, explica o diretor de design Chaiyut Plypetch. É o caso do porta-papel higiênico Mr. P, que custa R$ 130 na loja Coletivo Amor de Madre, tel.: (11) 3061-9044, em São Paulo.


LÁ VEM O SOL

Foto: Michel Filho/Agência O Globo

Comandada por dois engenheiros norte-americanos, a Elenco Toys produz brinquedos ligados à ciência e tecnologia. É o caso deste sistema planetário movido a luz do sol, cujo kit pode ser montado e pintado por crianças a partir dos 10 anos. À venda no site www.supersoniko. com, que entrega em todo o Brasil. Preço sob consulta.

Já para a água A exposição “Água na Oca”, em São Paulo, reflete a relação do homem com o recurso natural que ocupa mais de 70% do planeta. Com curadoria geral de Marcelo Dantas (o mesmo da retrospectiva “Roberto Carlos – 50 Anos de Música”, em cartaz no mesmo espaço em 2010), a mostra ocupa os 8 mil metros quadrados dos quatro pavimentos da construção desenhada por Oscar Niemeyer com instalações, aquários, terrários, fotografias, esculturas e maquetes. A inspiração vem de “Water: H2O = Life”, exibida no Museu de História Natural de Nova York em 2007, que agora chega ao Brasil pelas mãos do Instituto Sangari. “Ela cresceu dez vezes de tamanho, está mais interativa e foi adaptada à realidade brasileira”, avisa o biólogo Mario Domingos, um dos curadores científicos do evento.

“ Eu gostei do redemoinho de água [a escultura Scylla, do artista britânico William Pye]

e também desta piscina [Água, obra dos arquitetos Rejane Cantoni, Raquel Kogan e Leonar-

Fotos: divulgação, arquivo pessoal

do Crescenti, ao lado]. Achei que fosse afundar quando pisasse, parece de verdade” Lucca Novello Santos, 7 “Água na Oca” fica até o próximo dia 8 de maio, no pavilhão Lucas Nogueira Garcez (Oca) do parque do Ibirapuera. Ingresso: R$ 20. Menores de 7 anos com documento não pagam. Saiba mais no site www.aguanaoca.com.br.


PLAYGROUND

Música 10

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TACIANA BARROS, AOS 3 ANOS

O PESO DO BICHO

“Sapo-cururuuuuuu, na beira do riiiiiiiiiio”, lembro do meu pai cantarolando quando eu era neném. Acho que essa é a memória mais antiga que eu tenho: aquele vozeirão, cantando para mim e para os meus irmãos. Todo mundo gosta de cantar, não? Do jeito que sair, pode ter certeza de que seu filho nunca vai esquecer. O meu já está grande, é ele quem me ensina umas músicas agora, tocamos juntos na sala, no estúdio, nos shows. Mas com a pequena ainda está rolando muita cantoria, inclusive no carro. Temos alguns hits, obsessões. Passamos por “Glory Box”, do Portishead, que ela escolheu e cantamos até eu não aguentar mais e ela continuar por alguns meses, solo. Agora partimos para “Trem Azul”. E a gente está brincando de abrir voz, isso é muito divertido! Você tem que escolher uma voz e se agarrar a ela até o fim – e precisa se concentrar para não ir para a voz do outro, que geralmente é a terça (aquela que o Keith Richard costuma fazer). Ela faz a do Milton Nascimento e eu a do Lô Borges, e lá vamos nós pelo trânsito dessa cidade caótica, cantando. Daí estou aproveitando para ensiná-la a contar o tempo das músicas. Pode ser 3/4 “Parabéns pra Você”, por exemplo), 4/4 e até um cinquinho pode rolar, mas acabou meu tempo por aqui!

Animais inspiram as coleções da Zuny, marca norte-americana que produz itens para casa como peso de porta – o da foto custa R$ 195 na loja 62º, tel.: (11) 3813-8434, em São Paulo.

Taciana Barros é integrante da banda Pequeno Cidadão em parceria com Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e Antonio Pinto. É mãe de Daniel, 22 anos, e Luzia, 9

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MÚSICAS PARA CANTAR COM OS FILHOS por Taciana Barros 1 “TIRO AO ÁLVARO” ADONIRAN BARBOSA 2 “ÁGUAS DE MARÇO” TOM JOBIM 3 “CONVERSA DE BOTEQUIM” NOEL ROSA 4 “JOÃO E MARIA” SIVUCA E CHICO BUARQUE 5 “LONG LONG LONG” BEATLES 6 “VALSA DE UMA CIDADE” ISMAEL NETTO E ANTÔNIO MARIA 12

No trem azul

7 “I GOTTA FEELING” BLACK EYED PEAS 8 “MAMÃE NATUREZA” RITA LEE 9 “COME TOGHETER” BEATLES 10 “CA JÁ” CAETANO VELOSO

Retrato colunista : arquivo pessoal Fotos: Caetano Veloso (Leonardo Aversa/Agência O Globo), Adoniran Barbosa (Arquivo/Agência O Globo), Black Eyed Peas (divulgação), The Beatles (divulgação)

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Foto: arquivo pessoal

Fotos: divulgação

“A inspiração é uma faísca de esperança” Quem não se lembra das músicas de abertura dos programas infantis Castelo Rá-Tim-Bum, Glub Glub e Cocoricó, da TV Cultura. Todas essas deliciosas canções foram criadas pelo músico e compositor Hélio Ziskind, quando trabalhou como consultor musical da emissora paulista, entre 1992 e 1994. Ex-integrante do Grupo Rumo, Hélio acaba de lançar o disco O Elefante e a Joaninha e fala a seguir sobre seu processo de criação.

Muitas de suas letras são educativas. Você acredita que música para criança deve sempre passar alguma mensagem? As canções não existem para passar mensagens, mas para criar um vínculo afetivo entre um assunto e um cantor. Se a gente não alcançar um vínculo afetivo, seja ele lúdico, alegre ou reflexivo, a canção não se instala. Muito mais do que comunicar uma mensagem, as minhas canções buscam propiciar uma experiência, uma vivência afetiva.

Gene Simmons, do Kiss, Amy Winehouse e Bob Marley (acima) são alguns dos ídolos pop convertidos em miniatura pela marca inglesa Weenicons (www.weenicons.com). A coleção reúne também nomes do cinema e personagens de seriados da TV, como Esquadrão Classe A. No Brasil, alguns modelos estão disponíveis na loja virtual O Segredo do Vitório (www.osegredodovitorio.com), de Curitiba. Cada boneco sai por R$ 89.

“ Meu quintal é maior do que o mundo” Para dançar junto Foto: D. Sampaio

O que inspira você na criação dessas músicas? Os núcleos afetivos. Uma vez me pediram para fazer uma propaganda para a primeira fralda que a mãe troca em casa quando volta da maternidade. Eu senti que ali havia um núcleo afetivo esperando pela canção. O jingle não foi aprovado pelo cliente, mas tornou-se uma canção chamada “O Começo de Tudo”, que gravei no CD Trem Maluco. Acho que a inspiração é uma faísca de esperança que surge quando vislumbramos uma passagem para atravessar algum assunto.

Eles encolheram!

O multi-instrumentista, arranjador e produtor Eduardo Bid se prepara para lançar o CD Bamba Dois, gravado entre Brasil e Jamaica. Para nós, selecionou cinco reggaes para dançar com os filhos.

1 “SAY HEY (I LOVE YOU)” MICHAEL FRANTI & SPEARHEAD 2 “THE ISRAELITES” DESMOND DEKKER 3 “REALLY AND TRULY” SIZZLA KALONJI 4 “SURFIN” ERNEST RANGLIN 5 “THREE LITTLE BIRDS” BOB MARLEY


PLAYGROUND

Foto: divulgação

Fotos: Maurílio Cheli/SM CS

“Poesia é a infância da língua”

Cozinha certificada

PAPINHA EXPRESS

Foto: divulgação

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A marca alemã Educo é conhecida pelos brinquedos educativos e sustentáveis, a exemplo desta cozinha Chef Gourmet. Feita à base de água e soja, a tinta que colore a madeira certificada não é tóxica para as crianças nem polui o meio ambiente. Por R$ 518 na loja virtual Tuktuk Mamamuk (www.tuktuk.com.br), de Florianópolis

Cansada de carregar uma série de apetrechos só para amassar uma banana fora de casa, a dona de casa alemã Tilly Beazeley desenhou e fez sozinha o protótipo do The Wean Machine. Trata-se de uma espécie de espremedor de batatas adaptado que transforma qualquer alimento macio em papinha e vem com uma colher para servir. Apesar de ser feito de plástico, não contém Bisphenol-A, Phthalates ou PVC. Pode ir no lavalouças, mas não no microondas. Aqui, é encontrado no site www.universomaterno. com.br por R$ 125.

TODOS OS SENTIDOS A meta do Jardim das Sensações, localizado no Jardim Botânico de Curitiba, é estimular por meio de ervas, flores e outras plantas o tato, o olfato e a audição dos visitantes que percorrem o caminho de 200 metros com olhos vendados. Funciona de terça a domingo, das 9h às 17h. Visitas monitoradas podem ser agendadas pelo telefone (41) 3264-7365. Entrada franca.


Comida BENNY NOVAK, AOS 5 ANOS

Retrato colunista: arquivo pessoal

Minha mulher e eu acreditamos no poder da comida: ela nos alimenta e sacia nossa fome, permite a reunião da família em torno de uma mesa, proporciona momentos de alegria e prazer e também serve para educar e mostrar a importância do limite, palavra que deve acompanhar a educação alimentar de qualquer criança desde muito cedo. Em casa, pode-se comer de tudo, desde que com parcimônia. Não impedimos nossos filhos, por exemplo, de experimentar alimentos que não consideramos saudáveis, mas esclarecemos a importância de uma dieta equilibrada. Quando a explicação vem com amor e paciência, eles compreendem absolutamente tudo. Com quatro filhos, aprendi que cada um tem seu próprio limite e quando os mais velhos cruzam os talheres no prato e os pequenos fecham a boca recusando qualquer colherada extra é porque já estão satisfeitos. Era comum falarmos para nossos filhos “coma mais um pouco” ou “ah, você não vai deixar esse pedaço de carne no prato, vai?”. Com o tempo, entretanto, percebemos que frases assim poderão transformá-los no futuro em pessoas com necessidade de comer sempre mais um pouquinho só para agradar os outros, contrariando nossa crença de que, antes de tudo, comer é um grande prazer.

Pai de Sofia, 8 anos, Fernando, 5, e dos gêmeos André e Gabriel, 1 ano e 8 meses, o chef Benny Novak é dono do Ici Bistrô e de outros restaurantes em São Paulo

Foto: divulgação

Questão de paladar

Tá na cara Chapéu de ervilha, cabelo de batata frita, sobrancelha de vagem... O prato Food Face, da marca norte-americana Fred&Friends, promete fazer a hora da refeição mais divertida, além de incentivar o consumo de legumes e verduras. Vale R$ 59,90 na loja virtual O Segredo do Vitorio (www.osegredodovitorio.com), de Curitiba.

PRESENTE PARA O FUTURO Lidar bem com dinheiro é uma arte aprendida desde pequeno. É isso que defende a jornalista paulista Patricia Broggi no livro Falando de Grana – Um Guia para Pais, lançado pela Panda Books. Com linguagem simples, ela reuniu dicas úteis e práticas que ajudam as crianças a entender o valor do dinheiro, aprender a fazer um orçamento com a mesada ou saber fazer escolhas na hora de comprar. A segunda parte é dedicada a um assunto que interessa (e muito) aos maiores: “O que muda na sua vida econômica com os filhos”.


PLAYGROUND

“Sapo é um pedaço de chão que pula” Foto: divulgação

CENSURA LIVRE Apaixonado por games desde criança, o jornalista paulista Jocelyn Auricchio, 35 anos, escreve sobre o assunto há duas décadas. Depois de ser repórter do Estadão, ele hoje é editor do site Zumo (www. zumo.com.br), especializado em tecnologia, e nas horas vagas gosta de jogar Super Mario Galaxie 2 com a filha Luna, 3 anos. A nosso pedido, ele listou opções de jogos para meninos e meninas.

PARA MENINAS Nintendogs Além de escolher a raça e as características dos cães, a criança brinca com os pets. Para Nintendo DS. Idade: a partir dos 3 anos (com ajuda dos pais). Por R$ 159 no site www.fnac.com.br.

FAÇA VOCÊ MESMO

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nspirado pelo documentário Born into Brothels (ou Nascidos em Bordéis, vencedor do Oscar de 2005), que distribuiu câmeras fotográficas para filhos de prostitutas de Calcutá, na Índia, o professor Shree Nayar, diretor do Computer Vision Laboratory, na Universidade de Colúmbia, EUA, percebeu que havia um nicho a ser explorado na relação entre infância, fotografia e tecnologia. Assim, em 2006, ele criou o projeto Big Shot, cuja ideia é ensinar crianças a montar sua própria máquina fotográfica digital e, de tabela, aprender noções sobre assuntos como mecânica, eletrônica e ótica. Primeiro, o professor indiano radicado nos Estados Unidos desenvolveu com sua equipe uma câmera simples de plástico, sem visor, com três opções de lentes, memória interna, uma entrada USB e que funciona a manivela – basta girar o mecanismo seis vezes para clicar uma foto. Depois, 12 unidades do kit (produzidos com a ajuda de pequenas empresas) foram entregues em escolas de Nova York, Tóquio, Bangalore (Índia) e Vung Tau (Vietnã). As imagens produzidas pelos estudantes originaram a “Connect”, uma página dentro do site do Big Shot (www. bigshotcamera.org), em que crianças do mundo inteiro podem se cadastrar e publicar imagens de sua autoria. As câmeras não estão ainda à venda, mas Nayar está negociando a comercialização do produto com possíveis fabricantes. No caso, a maior preocupação do professor é que o equipamento seja acessível (não custe mais de US$ 40) para que o projeto não perca o foco inicial em aprendizado e inclusão social.

Viva Piñata O jogador precisa cultivar um jardim cheio de doces para atrair as criaturas coloridas que dão nome ao game. Para Xbox 360. Idade: a partir dos 3 anos. Custa R$ 159 no site www.walmart.com.br.

PARA MENINOS Mario Kart Agrada os fãs de velocidade com karts e motocicletas. O jogo vem com o Wii Wheel, acessório que transforma o controle do console em um volante. Para Nintendo Wii. Idade: acima dos 6 anos. Por R$ 229,90 no site www.extra.com.br.

Lego Rock Band Uma jornada pelo rock guiada por astros como Jimi Hendrix e David Bowie. Aqui, os bonecos são feitos com peças de montar da Lego. Para Nintendo Wii. Idade: a partir dos 5 anos. Vale R$ 179,90 no site www.livrariasaraiva.com.br.

Lego Harry Potter Por meio de quebra-cabeças e enigmas, os fãs da série de J. K. Rowling podem misturar poções, aprender feitiços e voar em vassouras. Para Nintendo DS. Idade: acima dos 4 anos. Por R$ 189,90 no site www.livrariasaraiva.com.br.

Fotos: divulgação

Alunos de uma escola na Índia com as câmeras do professor Nayar

Katamari Forever No jogo, um príncipe precisa reconstruir o universo a partir de uma bola feita de entulho. Para PlayStation 3. Idade: a partir dos 3 anos. Vale R$ 229 no site www.americanas.com.br.


Mundo digital MARIA ERCÍLIA, AOS 7 ANOS

Retrato colunista: arquivo pessoal

Prazer em conhecer

Maria Ercília Galvão Bueno passou a infância com o nariz nos livros, os 20 enfiada num jornal e depois dos 30 se afundou na internet. É mãe de Theodoro, 4 anos

PARECE, MAS NÃO É Com jeito de bicicleta, mas sem pedal, a Bichiclo promete estimular a coordenação motora de crianças de 2 a 4 anos. De acordo com o fabricante, Bicho de Pau, os primeiros movimentos são com os pés no chão, mas aos poucos os impulsos aumentam e sem perceber a criança começa a se equilibrar sozinha. Disponível em cinco cores, vale R$ 310, na loja Mundo Alegre, tel.: (11) 3721-9780, em São Paulo.

Fotos: divulgação

Tenho uma lembrança viva dos bloquinhos verdes e brancos em que desenhei as primeiras letras. Os materiais eram muito legais na escola Montessori, onde eu fui alfabetizada – tapetinhos, bloquinhos de madeira... foi um momento muito gostoso; por isso fiquei superemocionada de ver meu filho desenhando as primeiras letras... Ele brincava no Alphabet Fun, um programa que lembra um pouco os materiais que eu usava. Isso me fez pensar em como são sem graça os programas de educação a distância. A maioria deles tenta emular as restrições que condicionam o ensino presencial: a sala de aula, provas etc., que são assim por limites do mundo material, e não porque ajudam a aprender. Sem a troca de energia que rola numa sala de aula, essa estrutura fica muito chata! A internet já é uma maravilhosa máquina de aprender, justamente porque nela as ideias voam soltas e sem amarras. E as crianças pequenas aprendem muito nos games, números, letras, palavras, outras línguas... A revolução digital do ensino já está acontecendo, mas não onde se espera. O que não quer dizer que a sala de aula perdeu o sentido – pelo contrário, é hora de renová-lo. Esse tempo de reunião pode ser menos usado para transmitir informação que pode ser obtida em outros lugares e mais para exercer as trocas que acontecem na presença de quem nos ensina algo – energia, de emoção, vida – e que nunca vão ser substituídas por um game.

SEM CONTROLE Quem achou o videogame Wii, da Nintendo, revolucionário, vai ficar boquiaberto com o Kinect, um acessório que a Microsoft lançou para o console de videogame Xbox 360. Ele tem sensores de movimento e profundidade que transmitem para o game as ações reais do jogador. Em outras palavras, você não precisa de nenhum tipo de controle remoto para jogar – apenas de seu corpo e de sua voz. Custa R$ 599 na Ibyte, tel.: (85) 4011-5000, em Fortaleza, CE, www.ibyte.com.br.


PLAYGROUND

Pequenos prazeres AO SE TORNAR MÃE, A ILUSTRADORA PAULISTANA CARLA CAFFÉ REDESENHOU COM GOSTO SEU COTIDIANO PARA FICAR MAIS PERTO DOS FILHOS POR LIANA MAZER RETRATO CAROL SACHS

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Carla Caffé com a filha, Clara

hegar mais cedo em casa, nadar em piscina de bolinha e cozinhar são pequenos prazeres que a paulistana Carla Caffé redescobriu ou passou a apreciar a partir do nascimento dos filhos, Tom, 11, e Clara, 4. “Com a maternidade fiquei menos workaholic”, conta Carla, arquiteta e ilustradora, que traz no currículo trabalhos para a companhia Ópera Seca, de Gerald Thomas, e a direção de arte de filmes como Central do Brasil. “Tom e Clara me mostraram que não adianta querer controlar todas as coisas.” O resultado é que ela hoje consegue aproveitar melhor o tempo que passa com as crianças, principalmente na companhia da caçula, dona de uma agenda mais livre que a do irmão mais velho. Mas que ninguém se engane: Carla continua produtiva – em 2009 lançou um livro com ilustrações da avenida Paulista e prepara uma exposição retrospectiva de seus desenhos este ano. “Meu foco se ampliou”, constata. A menina, é claro, adora ter a mãe por perto, e devolve com orgulho: “Aprendi com a mamãe a passar creme hidratante, fazer massagem e dar comidinha de colher para o Ratão, meu bicho de pelúcia preferido”.


TROCA-TROCA CLIENTES DAS MARCAS LILICA RIPILICA E TIGOR T. TIGRE ELEGEM SEUS ITENS FAVORITOS DA COLEÇÃO DE INVERNO

Agradecimento: Loja Lilica e Tigor Shopping Patio Higienópolis (tel.: 11 3823-3737)

FOTOS CAROL QUINTANILHA

Arthur Paris Akamine, 6 anos, camiseta (R$ 179,90) e calça (R$ 152,90)

Luiza Miguel Simonetti, 9 anos, conjunto de saia e blusa (R$ 159,90)

Marina Gabrielle dos Santos, 3 anos, vestido (R$ 149,90) e sapato (R$ 124,90)

Rafael Schroeder, 3 anos, camiseta (R$ 84,90) e bermuda (R$ 139,90)

Thayna Pá Antune, 7 anos, vestido Lilica Ripilica Rosa Chá (R$ 169,90) e bota (R$ 279,90)

Lucas Schroeder, 2 anos, casaco de tricô (R$ 104,90), e calça (R$ 52,90)


PLAYGROUND

Menina do Rio A MODA CARIOCA, LEVE E COLORIDA, ENCONTRA-SE COM PEÇAS CLÁSSICAS E ATEMPORAIS NO CLOSET DA APRESENTADORA CHRIS NICKLAS POR ANNA BEATRIZ MATTOS RETRATO CALÉ

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Chris com os gêmeos Nina e Luca, 8 anos

oda é assunto recorrente na vida da carioca Chris Nicklas, que foi modelo na adolescência e hoje apresenta o programa Tamanho Único, no canal GNT. Com essa cancha, ela consegue compor looks com peças que pinça em seu closet. “Gosto de fazer um mix da moda carioca, leve e colorida, com itens clássicos e atemporais”, conta. Para isso, ela recorre ao acervo que vem reunindo ao longo do tempo. “Na hora de comprar priorizo a qualidade, e algumas roupas estão comigo há mais de 15 anos”, diz. “A moda funciona em ciclos: em algum momento peças antigas retornam, enquanto novas caem em desuso.” É o caso do body branco assinado pelo estilista Reinaldo Lourenço. “Ele ficou guardado muito tempo, pois só ficava bem com calças de cintura alta. Agora que a onda da cintura baixa está passando, usei em um almoço com uma calça preta clássica e ficou lindo.” Não por acaso, versatilidade é palavra-chave no armário de Chris. “Tenho vestidos que posso usar a qualquer hora do dia: com um chinelo na praia ou com uma produção mais sofisticada à noite. Isso é a cara do Rio”, resume.


Estilo CLARICE REICHSTUL, AOS 5 ANOS

Retrato colunista: arquivo pessoal | Fotos: Kiko Ferrite | Modelos: Matheus Garcia e Sophia Valverde (Meu Capricho)

Casamento perfeito Ultimamente lá em casa passamos por uma série de casamentos: em menos de três meses foram mais de quatro cerimônias. Por conta disso, fiquei matutando sobre o assunto roupa de casamento para meninos. Com as meninas é fácil, elas acham a maior graça em usar uma roupa especial para uma ocasião importante. Já com os meninos a coisa fica um pouco complicada. Se estamos pouco acostumados a lidar com moda masculina, imagina com moda masculina infantil? É quase um mistério. Como eu não queria comprar uma calça social para meu filho, afinal, ele jamais a usaria em outra ocasião, resolvi improvisar com o que tinha no guarda-roupa e comprar apenas um par de sapatos. Vesti o Benjamim com uma camisa xadrez e uma calça jeans mais sequinha. Em um dos casamentos ele foi com malha, estava mais frio, e em outro só com camisa. Comprei um par de sapatos de amarrar, de bico redondo, supertradicional. Só o sapato já mudou a roupa que era do dia a dia, deixou a combinação mais com cara de festa, sem cair no adulto mirim. O caminho inverso também pode ser uma boa saída: a roupa social com um tênis de lona para quebrar a rigidez do traje. Afinal, criança é criança, e elas têm que se sentir confortáveis. Aliás, isso garante a diversão da molecada e uma festa sem muito stress para os pais. Clarice Reichstul é produtora de programas para TV, participa do blog Minas de Ouro e é mãe de Benjamim, 3 anos

Criação coletiva Quando os filhos nasceram a diretora de arte Karine Scaranello e a estilista Andrea Ramenzoni, que não se conheciam na época, depararam com a mesma questão. “A gente não conseguia encontrar para as crianças fantasias confortáveis e lúdicas”, lembra Karine. Uma amiga em comum aproximou a dupla, que criou a marca Farofa, especializada em máscaras de feltro e fantasias de algodão. Os itens são feitos na casa de Andrea com a participação de Otto, 4, Joaquim, 3, Antônia e Helena, 1, filhos das sócias. “É uma loucura, pois eles querem testar todas as peças”, conta Karine. Máscaras (R$ 42, cada), a capa de super-herói (R$ 86) ou de dinossauro (R$ 96) estão na loja 62º, tel.: (11) 3813-8434, em São Paulo.

VEJA BEM A grande novidade da coleção outono-inverno das marcas Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre é uma linha de óculos escuros com vários desenhos e combinações de cores. Para as meninas o destaque é o modelo aviador com detalhes em rosa. Os meninos vão curtir os itens com pegada esportiva. A partir de março nas lojas franqueadas.


PLAYGROUND

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PENSAR COMO CRIANÇA

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Criações da marca italiana Magis me Too: cabideiro Paradise Tree (1), de Oiva Toikka; fita adesiva Football Tape (2), de Martí Guixé; cadeira Flying Carpet (3), de Eero Aarnio; toalha de mesa My House (4), de Björn Dahlström; e cabana Nido (5), de Javier Mariscal. No Brasil, os itens da grife podem ser encomendados na loja MiCasa, tel.: (11) 3088-1238, São Paulo. Preço sob consulta.

“Prezo insetos mais que aviões” Boca a boca

SEM PALAVRAS

As lembrancinhas que o designer Rogério Pinto preparava para as festas das filhas faziam tanto sucesso que ele resolveu criar há um ano a Ó Design com a mulher, Mariana. Eles produzem itens como este nécessaire para escova de dentes (R$ 32) Encomendas no endereço odesignbrinquedos.blogspot.com.

Nosso colunista Alê Abreu e a ilustradora Priscila Kellen acabam de lançar o livro aí ao lado, pela editora FTD. A história narrada apenas por imagens mostra as diferenças que o tempo e as transformações do meio ambiente provocam na paisagem de uma cidade e na vida dos personagens.

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Fotos: divulgação | Retrato colunista: arquivo pessoal

Esta história começa quando o empresário italiano Eugenio Perazza, dono da marca de design Magis, quis presentear a neta Anna, então com 2 anos, com uma mesa de desenho. Da busca infrutífera nasceu em 2005 a coleção Magis me Too, que reúne um time de designers “capaz de pensar como criança”, nas palavras de Perazza. Entre eles está o artista gráfico espanhol Javier Mariscal (criador do mascote da Olimpíada de Barcelona de 1992, que voltou os olhos para o mobiliário infantil ao ser pai dos gêmeos Alma e Linus) e o mestre finlandês Eero Aarnio, conhecido pelos móveis de plástico com desenho divertido da década de 1960.


Cinema DO BEM OU DO MAL? Ou é malvado ou é bonzinho. É o que as crianças aprendem em praticamente todos os contos de fadas e desenhos animados a que assistem. Mas nem sempre é assim. Na realidade, ninguém é totalmente do bem ou totalmente do mal. Quando os criadores e roteiristas acertam a mão, são ótimos os filmes que mostram que mesmo vilões e heróis podem ter algo em comum.

ALÊ ABREU, AOS 5 ANOS

Cena 1

Alê Abreu é desenhista e cineasta de animação. Realizou diversos curtas e o longa infantil Garoto Cósmico

A BELA E A FERA (1991), Walt Disney

Fotos: divulgação

Clássico dos clássicos. Uma bela garota é feita prisioneira de uma fera, mas logo passa a ver que por trás da aparência assustadora há uma pessoa doce. Por outro lado, consumido pela rejeição e pelo ciúme, o galã da história demonstra ter o coração de um monstro.

MEGAMENTE (2010), Dreamworks/ Paramount Pictures Depois de matar seu arqui-inimigo, o supervilão Megamente começa a ficar entediado e decide criar um novo super-herói para ter com quem brigar. O problema é que sua criação resolve destruir o mundo, forçando Megamente a fazer o bem pela primeira vez na vida.

MEU MALVADO FAVORITO (2010), Warner Home Video O personagem principal quer ser o cara mais malvado do mundo, mas conhece três meninas que despertam seu lado bom. Foto do Rafael: arquivo pessoal

Minha tia chegou anunciando: “Nesta tarde iremos ao cinema!”. O filme já estava escolhido, Marcelino Pão e Vinho, a história do menino órfão deixado na porta de um mosteiro e criado por frades. Certo dia ele oferece pão e vinho a uma imagem de Jesus, que aceita a oferta e eles então passam a conversar. Era uma tarde ensolarada 1977 e me recordo bem dos preparativos: limpar os joelhos sujos, pentear os cabelos, trocar a camiseta. Lembro que era um cinema de rua. E lá estava o cartaz do filme, nunca me esqueço: Marcelino na penumbra de uma sala, um facho em seu rosto, a sensação de algo sagrado. Mas encontramos a bilheteria fechada e uma boa decepção. Passei dias imaginando como seria o cinema. Na minha visão infantil, tinha certeza de que encontraria na sala escura aquela luz mágica e sagrada do cartaz. O cinema para mim ficou com essa “cara” por muito tempo. Não sei quanto tempo se passou até a sessão de Cinderela, ou A Gata Borralheira, animação da Disney, este sim o primeiro filme a que assisti na telona. Já o Marcelino, nunca mais pensei em assistir a ele. Resquícios de minha frustração ou puro esquecimento? Se bem que agora bateu uma vontade imensa de conhecer o filme que marcou a minha infância.

OPINIÃO É BOM E A GENTE GOSTA!

“Eu achei esse filme muito, muito legal. O Gru é um humano que tem uns ajudantes ETs e que faz várias malvadezas. Ele destrói tudo, encolhe a Lua, mas depois vira do bem” Raphael Macedo, 5 anos


PLAYGROUND

Vencedor do prêmio Jabuti em 2010 na categoria juvenil com o romance Avó Dezanove e o Segredo do Soviético (Companhia das Letras), o escritor angolano Ondjaki acaba de lançar pela mesma editora Ynari, a Menina das Cinco Tranças, ilustrado pela artista pernambucana Joana Lira. Ele selecionou especialmente para a revista Lilica&Tigor quatro livros ótimos para uma tarde de verão.

O HOMEM QUE CONTAVA HISTÓRIAS, de Rosane Pamplona e Sônia Magalhães (Brinque-Book). “Uma reunião de lendas com origem em diferentes pontos do planeta Terra, muito bem recontadas e desenhadas. Em cada história, a sabedoria ancestral pelo modo de contar e pelo prazer de as sabermos interpretar.”

MINHAS CONTAS, de Luiz Antonio e Daniel Kondo (Cosac Naify). “Uma história muito simples, muitíssimo bem ilustrada, que fala de religiões, de preconceitos e de como as crianças podem ter o coração mais aberto para entender o mundo.”

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O CASO DAS BANANAS, de Milton Célio de Oliveira Filho e Mariana Massarani (Brinque-Book). “Quando o macaco acorda e não vê o seu cacho de bananas, desconfia de todo mundo na floresta. A breve investigação vai resultar numa surpresa muito interessante: a floresta como lugar de encantamento e magia.” BOTOQUE E JAGUAR – A ORIGEM DO FOGO, de Cláudia Roquette-Pinto (Língua Geral). “Linda história sobre a origem do fogo (‘a coisa-que-queima’), com uma linguagem muito original e poética. Entre onças e jaguares, a história também fala dos comportamentos dos bichos e dos homens.”

Livros ODILON MORAES, AOS 8 ANOS

Triste fim Assim como é instintivo o movimento dos adultos para proteger as crianças contra a dor, pais, editores e grande parte dos autores procuram também proteger o leitor infantil da exposição às histórias tristes. Histórias de humor, geralmente consideradas mais apropriadas para esse público, nos vestiriam com uma carapaça crítica que nos protege. Quero dizer com isso que, se podemos rir de uma situação, é porque temos a capacidade de analisá-la pelo lado de fora. Quem tem refinado espírito crítico ri, inclusive, de si mesmo, como se pudesse olhar-se como personagem – algo saudável na construção do indivíduo. Por outro lado, as histórias tristes, em vez de nos proteger do mundo, fariam aflorar outro aspecto de nossa vida: a compaixão, que significa sentir junto, compartilhar um sentimento. Uma história triste nos faz chorar com a dor do outro. Não seria essa uma das características mais nobres do homem? O nosso caráter é construído sobre o equilíbrio entre estes dois aspectos: a capacidade de se destacar da situação para entendê-la com um olhar crítico e, por outro lado, a possibilidade de ser arrebatado por um sentimento alheio. Onde há a carência do riso, ou a impossibilidade do choro, algo está faltando à nossa integridade. Como sugestão de leitura recomendo O Pato, a Morte e a Tulipa (Cosac Naify), escrito e ilustrado por Wolf Erlbruch, e O Guarda-Chuva do Vovô (DCL), escrito por Carolina Moreyra e ilustrado por mim. Odilon Moraes, 44 anos, é escritor e ilustrador de títulos como A Princesinha Medrosa (2002) e Pedro e Lua (2004), ambos considerados melhor livro do ano pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. É pai de João, 4 anos, e Francisco, 1

Fotos: divulgação | Retrato colunista: arquivo pessoal

PALAVRAS ENCANTADAS


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DO PAPEL PARA O TECIDO Há séculos os poloneses cultivam o hábito de criar desenhos simétricos com a sobreposição de papéis coloridos. Agora, a técnica de colagem Wycinanki inspira a coleção de inverno da Lilica Ripilica Rosa Chá, que reúne 20 itens como biquínis, saídas de praia, vestidos e calçados. A partir do dia 18 de fevereiro nas lojas.

FILHO DE PEIXE

Fotos: divulgação e arquivo pessoal

RIMAS COLORIDAS “O livro fala de muitos bichos diferentes e é todo rimado. Meu poema favorito é o da sereia: ‘Que coisa mais feia, uma sereia de sapato e meia’. Os desenhos que vão junto de cada rima também são muito divertidos” Sabrina Pegorin Brier, 5 anos

Bichos e não Bichos..., de Laura Góes, ilustrações de Adriana Bertini, editora Terceiro Nome, R$ 38. Os três volumes são vendidos juntos

“A maioria dos designers começa estagiando em empresas. Eu comecei em casa, vendo meu pai criar”, diz o carioca Zanini de Zanine Caldas, 32, sexto e último filho do arquiteto autodidata José Zanine Caldas (1919-2001). Inspirado pelos sobrinhos, ele criou a linha Bambino, que inclui cadeiras, mesa, banco, escada, estante e o cavalo de balanço Giocco (acima, à venda na loja A Lot Of, tel.: (11) 3068-8891, em São Paulo, por R$ 490). As peças, feitas de metacrilato, têm várias opções de cores e podem receber aplicação de estampas.


MODA

Linha da vida

TRICÔS CONFORTÁVEIS E CORES VIBRANTES AQUECEM O INVERNO COM CHARME CALOROSO FOTO KIKO FERRITE CENOGRAFIA ESTÚDIO GIS

Blusa R$ 179,90

Calça R$ 149,90

Ovelha Oficina de Agosto R$ 144

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Sapatilha Oxford R$ 149,90

Galinhas Oficina de Agosto R$ 24 (cada)

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: IZABEL MEDEIROS | MODELOS: MATHEUS GARCIA, SOPHIA VALVERDE (MEU CAPRICHO) AGRADECIMENTOS: PINGOUIN (WWW.PINGOUIN.COM.BR), OFICINA DE AGOSTO (WWW.OFICINADEAGOSTO.COM.BR)

Luvas R$ 49,90


Bolsa R$ 149,90

Blusão R$ 136,90 Calça (conjunto com moletom) R$ 259,90

Gorro R$ 49,90

Sapatênis R$ 149,90

Cachecol R$ 62,90
















ENQUETE

você acha O que

engraçado

?

GARGALHAR, RIR BAIXINHO, RIR POR DENTRO. DO JEITO QUE FOR, DAR RISADA É BOM DEMAIS POR LIANA MAZER FOTOS CAROL QUINTANILHA

Mariana, 4 anos “ O coco caindo do coqueiro na cabeça de alguém.” 42


Flora, 5 anos

Agradecimento: Espaço Brincar (11 3034-4832)

“Um palhaço diminuir e entrar no cérebro de uma pessoa.”

Thiago, 5 anos “ O meu irmãozinho menor fala coisas engraçadas.”

“A cena do palhaço mordendo a maçã, que o Joaquim e o Bruno fizeram aqui na escola.”

Helena, 5 anos

Helena, 5 anos “Quando o meu cachorro, Nico, anda com as patinhas de trás.”


DECORAÇÃO

Quebracabeça NO APARTAMENTO DE XAVIER E CLAUDIA, DONOS DE UM BISTRÔ EM SÃO PAULO, OS AMBIENTES MUDAM CONFORME SEUS QUATRO FILHOS CRESCEM E TODOS OS CANTOS SÃO PERMITIDOS ÀS CRIANÇAS POR LIANA MAZER FOTOS DOUGLAS GARCIA

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uando Max, hoje com 14 anos, era bem pequeno, seus pais, o francês Xavier (pronuncia-se Zaviê) Le Blanc e a paulistana Claudia Junqueira Homem de Melo, deixaram o segundo andar da casinha onde funciona seu bistrô, o La Tartine, para morar em um antigo prédio a poucos passos dali, no bairro Santa Cecília, na capital paulistana. O apartamento amplo, com dois quartos e uma varanda espaçosa, acomodou com folga a família nos primeiros tempos: recebeu Chloé, hoje com 11 anos, e também os bichos, o cão Branco e a gata Clarissa. Entretanto, com a chegada da terceira filha, Clara, há nove anos, o casal decidiu abocanhar o imóvel vizinho para deixar a casa mais confortável. Claudia, que curte arquitetura e decoração, bolou então um enorme e divertido quarto para que as crianças dormissem juntas e brincassem à vontade. “Elas passaram a ir para a cama no mesmo horário e fazer companhia umas às outras”, lembra a mãe. O dormitório funciona dessa maneira até hoje, mas ganhou um novo integrante: o caçula, Arthur, 5, agora ocupa o lugar de Max, que se despediu da bagunça coletiva para dormir em um cantinho só seu, o antigo escritório que já funcionou como quarto de bebê do irmão mais novo. “É, casa com criança precisa ser assim, bem flexível”, constata Claudia.


O tablado desenhado por Claudia abriga camas, livros e brinquedos dos três filhos menores, além de funcionar de palco para os shows da Orange Bloom, banda do primogênito Max


DECORAÇÃO

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1 Enquanto Chloé e Clara pintam as unhas, Arthur pratica suas manobras radicais no balanço do quarto coletivo – tudo sob o olhar atento do mascote Branco

CLAUDIA TRANSFORMOU UM DOS QUARTOS DO APARTAMENTO EM ATELIÊ (ACIMA) ONDE GOSTA DE PINTAR, FAZER COLAGENS E DAR CORPO ÀS LUMINÁRIAS QUE CRIA COM TECIDO

2 Max e Clara na sala de estar que reúne mó-

veis e objetos garimpados pelos pais em feiras de antiguidade do Brasil e do mundo

3 A sala de estar é um dos cantos preferidos da família para bater papo. A mesa de centro veio de Bali e parte dos copos coloridos é do bairro paulistano da Liberdade 4 Claudia trabalha na sala de jantar tendo ao fundo um painel de cerâmica da Oficina de Agosto, da região de Tiradentes (MG). “Adoramos artesanato”, conta 5 Ao chegarem da escola, Clara, Chloé e Max correm para o sofá do quarto de TV, onde assistem aos desenhos favoritos ou puxam um livro da estante 6 Ex-baixista da banda Metrô, Xavier deu um tempo na vida de músico para se dedicar ao bistrô. Agora, incentivado por Max, toca nas jam sessions que acontecem no estúdio do apê

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CONEXÕES

A praça é nossa

Os irmãos Alice e Antonio Leichsenring e Ana Luisa e André Ferraz

são vizinhos de bairro em São Paulo. Eles se conheceram há dois anos, quando Alice deu uma festa de aniversário comunitária na pracinha François Belanger, atrás da avenida Cerro Corá, para os lados da Vila Madalena. O movimento fez com que mais crianças começassem a frequentar o local, que em pouco tempo se tornou o principal ponto de encontro da turma. Na pracinha, Alice, Antonio, Ana Luisa e André logo ficaram amigos de Dora Berjeaut, que mais tarde apresentou aos amigos sua colega de escola Lara Tchernobilsky. Hoje, eles se encontram toda semana para brincar – e afinar ainda mais suas relações.

POR BRUNA RODRIGUES FOTOS RENATA URSAIA

DORA, 6 ANOS

“Eu gosto de dançar”

ANTONIO, 2 ANOS

“O Super-Homem é o meu herói favorito”

RELAÇÕES

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Já viajaram juntos Já dormiram na casa São irmãos Estudam juntos Vão ao mesmo dentista


LARA, 6 ANOS

“Amo os Beatles”

ANDRÉ, 2 ANOS

“Adoro comer macarrão”

ALICE, 6 ANOS

“Eu pratico natação, balé e ioga” ANA LUISA, 6 ANOS

“Quando crescer, quero ser veterinária”

AFINIDADES Vão a pé até a praça Preferem o calor Amam brincar de boneca Plantam mudas na praça Adoram ler e escrever

Preferem usar vestido São do signo de Virgem Gostam de cantar Gostam de salada Sabem nadar


CONEXÕES

BOA PRAÇA Há coisa de dois anos, a administradora Cecília Lotufo, o estatístico Alexandre Leichsenring, o fotógrafo Beto Tchernobilsky, a pedagoga Monique Berjeaut e as jornalistas Vanya Fernandes e Carolina Tarrío, pais e mães das crianças, uniram esforços para revitalizar praças da região onde vivem, na zona oeste de São Paulo. Foi assim que surgiu, em 2008, o Movimento Boa Praça. “Com o apoio da vizinhança e de órgãos públicos já recuperamos três delas”, conta Cecília, que está à frente do projeto. Nessa nova relação, não só os filhos cultivam uma amizade, como os pais também descobriram valores e gostos em comum durante os passeios na praça.

MONIQUE, mãe de Dora

RELAÇÕES

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Conheceram-se na praça Já viajaram juntos São casados Já saíram para jantar Já trabalharam juntos


BETO, pai de Lara VANYA, mãe de Lara

ALEXANDRE, pai de Alice e Antonio CECÍLIA, mãe de Alice e Antonio

CAROLINA, mãe de Ana Luisa e André

HAIR & MAKE UP: LUCY MARTINEZ | ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: FELIPE PORTARO

AFINIDADES Estão no Facebook Gostam de comida japonesa Jogam peteca na praça Adoram bater papo

Torcem para o Corinthians Gostam de Pedro Almodóvar Preferem praia ao campo São vidrados em séries de TV


VIAGEM

Aventura em família INTERESSADOS NA EMOÇÃO DAS DESCOBERTAS, MAIS DO QUE NA GARANTIA DE TRANQUILIDADE, CASAIS ESCOLHEM ROTEIROS FOCADOS EM PARAÍSOS NATURAIS E LEVAM AS CRIANÇAS. AQUI, AS IDEIAS E EXPERIÊNCIAS QUE ELES TROUXERAM POR LIANA MAZER

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esorts e hotéis fazenda com atividades para crianças de todas as idades podem ser sinônimo de tranquilidade para os pais, mas, convenhamos, é difícil satisfazer o apetite por aventura nesses portos seguros. Apostando nessa máxima, os empresários paulistanos Larissa e João Paulo Zylbersztajn embarcaram em 2009 para uma temporada de férias na Amazônia levando o filho Teodoro, na época com 1 ano e 7 meses. “Ele enfrentou formigas, pernilongos e uma dor de barriga, mas também viu dezenas de bichos diferentes e nadou sem roupa no rio”, lembra Larissa. Se fosse um pouco mais velho na época, teria, além disso, feito amizade com crianças locais e estrangeiras. Mais uma razão para planejar uma próxima viagem. Outro aventureiro que coleciona histórias emocionantes é Tiago, 6 anos, de São Paulo, que começou a viajar ainda bebê, com os pais, a fotógrafa Carolina Da Riva e o jornalista Edu Petta. Desde então conheceu destinos que alguns consideram inusitados para crianças, como a chapada dos Veadeiros (GO) ou Marrocos, onde praticou surf. “Além de se divertir, ele vai aprender a respeitar realidades diferentes da nossa”, observa Carol. Mais radicais, a arquiteta Paula Souza e o artista plástico Cassio

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Vicente e Dora no sul da Argentina. Abaixo, momento relax com os pais

Leitão partiram, no início de 2010, para uma viagem de carro de um ano pelas Américas, com Vicente, 3, e Dora, 10. A ideia exigiu seis meses de organização: entregar os últimos trabalhos, fechar o escritório, encaixotar móveis e objetos, alugar o apartamento, tirar vistos e – o principal – preparar o carro, que a família decorou com um imenso e divertido adesivo que reproduz a traseira de um elefante. “Compramos um furgão e fizemos um projetinho para caber tudo o que queríamos: camas, bicicletas e pranchas de surf”, conta Paula, que coordenou a montagem. SANTO DVD

As crianças entraram rapidamente no clima da aventura, mas Dora sentiu um pouco a distância de casa.

“Com o passar do tempo, começou a bater saudade dos amigos, do conforto, da família.” Apesar de as crianças já estarem acostumadas a viagens de carro, houve momentos em que só o DVD para acalmar os ânimos. “É um poderoso aliado dos pais viajantes”, brinca Paula. Leia a seguir o relato das três famílias.


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Dora na ilha de San Cristábal

Vicente e Dora vasculharam as Américas de furgão

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Fotos: arquivo pessoal

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NATUREZA SELVAGEM

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MUNDO ANIMAL As ilhas Galápagos, no Equador, figuram entre as paradas prediletas de Vicente e Dora ao longo da viagem. “É um lugar muito legal para as crianças por causa dos bichos, como iguanas, arraias e tartarugas”, diz Paula. Os irmãos ficaram impressionados com a transparência do mar e a diversidade da fauna marinha. “Dora até mergulhou com tubarões! Uma máscara com snorkel é diversão garantida”, conta Cassio. www.galapagospark.org

PARAÍSO PRESERVADO

Dificilmente Dora e Vicente vão se esquecer Em Galápagos, 97% dos 8 mil quilômetros de um camping ao sul da Argentina, na roquadrados do território do arquipélago são dovia 23, entre Bariloche e Villa La Angostuconsiderados áreas de preservação. O QG ra, às margens do lago Nahuel Huapi. “É um da família foi a ilha de San Cristóbal, uma das lugar com natureza deslumbrante”, diz Paula. poucas habitadas da região e com uma estru“Na falta de chuveiro tomamos banho no lago tura turística razoável. “É um lugar pacato e gelado.” Na hora das refeições, peixes compequeno com cerca de 10 mil habitantes, mas prados em Bariloche e assados na grelha. Os irmãos e a mãe abriga e opções de passeio nobons barcorestaurantes onde moraram www.villalaangostura.gov.ar com guias”, fala Cassio.

4 Mergulho em Galápagos


Fotos: arquivo pessoal

VIAGEM

Tiago participou de folguedo e caminhada

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FÔLEGO E PACIÊNCIA A visita ao Parque Nacional de Itatiaia, na serra da Mantiqueira (entre os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo) exigiu fôlego do garoto e paciência dos pais. “Tiago subiu a pé os 8 quilômetros da trilha das Prateleiras”, conta a mãe. “Levamos cinco horas e meia no total, pois íamos parando para observar a vista do Vale do Paraíba.” Dica de Carol: “É bom se informar sobre a dificuldade das trilhas”. www4.icmbio.gov.br/parna_itatiaia/

Tiago, Carol e Edu no Parque Nacional de Itatiaia

2 Anna Paula, Gabriel e André Aqui e abaixo na Chapada dos Veadeiros

NA MALA “Calças e camisetas de manga longa são indispensáveis por causa dos mosquitos. Não se esqueça das vacinas” Larissa Zylbersztajn

“Levamos sempre um nécessaire com produtos de farmácia” Eduardo Petta

“Em viagem longa não pode faltar brinquedos, papel e lápis de cor” 54

Paula Souza

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FESTA SAGRADA Na chapada dos Veadeiros, norte de Goiás, a família indica a pousada Vale das Araras. O ponto alto da viagem foi acampar em Vão das Almas, na comunidade Kalunga, de descendentes de escravos. “De junho a setembro, os moradores organizam festas abertas a turistas”, conta Edu. www.valedasararas.com.br


Teo desbravou a Amazônia brasileira

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Fotos: arquivo pessoal

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TEMPERO LOCAL Um dos destinos de Larissa, João e Teo foi a comunidade de Jamaraquá, no Pará, às margens do rio Tapajós. “Qualquer um pode ter essa experiência, basta entrar em contato com o projeto Saúde & Alegria, que atua na região”, ensina Larissa. Brincar nas praias fluviais e passear de canoa pelos igarapés foram os programas favoritos do casal e do filho. A estrutura é mínima. “Levamos fraldas, leite em pó, papinha e água mine-ral”, lembra a moça. “As refeições, servidas em casas de família, são gostosas, mas às vezes temperadas demais.” Suas lembranças de viagem guardam, ainda, um sabor de coentro. www. saudeealegria.org.br

NA COMPANHIA DOS BOTOS A família também visitou o município de Novo Airão (AM), ponto de partida para a Estação Ecológica de Anavilhanas, maior conjunto de ilhas fluviais do mundo, localizado a 86 quilômetros de Manaus. Na cidade há vários pequenos restaurantes de comida caseira e pousadas de instalações simples – uma opção mais sofisticada na região é o Anavilhanas Lodge. “De onde ficamos hospedados íamos a pé até o píer da cidade, para nadar com os botos no rio Negro”, conta Larissa. “Teo vibrou!”. www.portaldehospedagem.com.br/pousadabelavistaam Teo no Pará, rumo aos igarapés

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Junto dos pais no rio Negro

Mergulho com os botos


MODA

Ao cair

da tarde Com os dias mais curtos, a diversão avança pela tarde em looks despretensiosos, mas cheios de estilo, e avisa que não tem hora para acabar FOTOS DEBBY GRAM STYLING TAMI GOTODA

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À esquerda: vestido Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 189,90 e bota Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 229,90. À direita: blusa Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 149,90, short R$ 142,90 e bota R$ 209,90


MODA decoração

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Vestido Lilica Ripilica Rosa Chรก R$ 259,90


MODA moda

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À esquerda: macacão R$ 169,90 . À direita: vestido Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 169,90, meia R$ 29,90 e bota Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 229,90


À esquerda: camisa Polo R$ 64,90 e bermuda R$ 96,90. À direita: camiseta R$ 69,90 e bermuda R$ 129,90


MODA

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Na página ao lado, à esquerda: camisa polo R$ 119,90, bermuda R$ 139,90 e sandália 129,90, blusa R$ 139,90, short R$ 136,90 e bota Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 229,90. À direita: macacão Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 239,90, sapatilha R$ 139,90 e camiseta R$ 79,90, calça R$ 109,90 e sapatênis R$ 149,90


MODA

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Camisa R$ 119,90, camiseta R$ 52,90, calรงa R$ 159,90 e sandรกlia R$ 129,90


Vestido Lilica Ripilica Rosa Chรก R$ 269,90


MODA

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À esquerda: vestido R$ 159,90, meia R$ 16,90 e bota Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 229,90. À direita: vestido Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 249,90 e bota R$ 209,90


À esquerda: camiseta (conjunto com bermuda) R$ 179,90, calça R$ 79,90 e tênis R$ 154,90. À direita: camiseta R$ 49,90, calça R$ 99,90 e bota R$ 164,90


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À esquerda: camiseta R$ 84,90. À direita: bata Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 169,90, short R$ 82,90 e bota R$ 209,90

ASSISTENTES DE FOTOGRAFIA: SAMUEL ESTEVES, LUCAS WIRZ HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT) TRATAMENTO DE IMAGEM: REGIS PANATO/ PHOTOUCH MODELOS: VICTOR REIS (AGÊNCIA VOGUE), YASMIM RABELO (BONECA DE PANO), GIOVANNA CORDEIRO (AGÊNCIA VOGUE), DANIEL PAREDE (AGÊNCIA VOGUE) E LARISSA DOS SANTOS FARIAS (AGÊNCIA VOGUE) AGRADECIMENTOS: FAZENDA SERRINHA (WWW.FAZENDASERRINHA.COM.BR ), OFICINA DE AGOSTO (WWW.OFICINADEAGOSTO.COM.BR) E COMERCIAL E IMPORTADORA ELÉTRICA PAULISTA (11 3224-0300)

MODA


Da esquerda para a direita: camisa polo R$ 104,90, calça R$ 169,90, sapatênis R$ 149,90, blusa R$ 69,90, saia R$ 119,90, meia R$ 16,90, bota Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 229,90, vestido R$ 189,90 e bota Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 229,90


NADA DE BRINQUEDOS CAROS, CHEIOS DE LUZINHAS E SIRENES. SUCATAS, O CORPO OU SIMPLESMENTE A IMAGINAÇÃO BASTAM PARA PAIS E FILHOS COMEÇAREM UMA BRINCADEIRA. TRÊS FAMÍLIAS CONTAM COMO SE DIVERTEM COM JOGOS QUE ELAS MESMAS INVENTARAM POR GISELA SEKEFF

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Foto: Luiz Maximiano | Título: Vanessa da Silva

Título: Marcelo Garcia/molho

PAIS & FILHOS


BOLICHE RECICLADO

Simoninha, Camilla e os dois filhos jogam boliche no parque do Povo, em São Paulo

Com 6 meses de idade, os gêmeos Tom e Gabriel, 4, já faziam aulas de iniciação musical para bebês. Pudera. “Aqui em casa tudo sempre foi motivo para a gente fazer um barulho”, orgulha-se o pai, o cantor Simoninha. “O que mais gostamos aqui é de nos divertir com coisas que nós mesmos inventamos.” Não demorou para que os pequenos começassem a produzir seus próprios instrumentos enchendo caixinhas de Sucrilhos, potinhos de iogurte e garrafinhas de plástico com pedrinhas, areia, arroz e tudo o mais que produzisse som. “Um dia, quando a gente viu todos aqueles potinhos estilizados juntos, tivemos a idéia de brincar de boliche”, lembra a designer Camilla Sola, mãe dos gêmeos. Pouco a pouco, o jogo

foi tomando forma. Numa parte cimentada do jardim da casa, localizada no bairro de Moema, em São Paulo, as próprias crianças enfileiram os pinos do boliche. Os participantes arremessam a bola (cada um tem direito a um arremesso por vez) até que todos os pinos sejam derrubados. “A distância entre eles e os pinos varia: ora é maior, ora é menor”, conta Camilla, rindo. “Se eles percebem que está difícil, eles podem se aproximar. Quando acham que está fácil, eles mesmos vão andando para trás como se ninguém estivesse vendo.” Hoje, é principalmente nos fins de semana que a família se reúne para campeonatos de boliche reciclado sem hora para acabar. A principal regra instituída pelos pais é não incentivar a competição entre os participantes. Por isso, o jogo não tem pontuação. “O objetivo é mostrar para eles que cada um precisa respeitar a vez do outro”, resume Simoninha, que vê nessas brincadeiras um jeito lúdico de educar os filhos. BRINCADEIRA: Boliche reciclado. COMO É: Para fazer os pinos, emende com fita-crepe potinhos de iogurte reciclados (é bom colocar arroz ou feijão dentro para deixálos mais firmes) e depois pinte-os. Cada participante tem direito a um arremesso. Os pinos só podem ser novamente enfileirados depois que todos forem derrubados.


PAIS & FILHOS

SUPER-HERÓI MECÂNICO

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“BRINCAR COM MEUS FILHOS É UMA COISA QUE NINGUÉM PODE FAZER POR MIM” DIZ ESTELA

mecânico com seus filhos, Estela nem vê a hora passar: “Conforme eles vão crescendo, vou mexendo mais as pernas para dificultar o equilíbrio. Eles morrem de rir e sempre acaba em rola-rola no chão com cosquinhas no super-herói”, conta. “Brincar com meus filhos é uma coisa que ninguém pode fazer por mim.”

BRINCADEIRA: Super-herói mecânico. COMO É: A criança deve se manter equilibrada sobre os pés de um adulto o maior tempo possível. Pernas e braços do “super-herói” precisam estar bem esticados. Caso contrário, a contagem deve ser reiniciada. Se uma das crianças estiver equilibrada durante muito tempo, é permitido à outra dar uma “ajudinha” para deixar a brincadeira mais divertida, geralmente com cosquinha.

Foto: Luiz Maximiano

Vitor, 3 anos, e seu irmão, Gabriel, 5, até já sentem um friozinho gostoso na barriga quando a mãe, a empresária paulistana Estela Curioni, convida para a farra: “Vamos brincar de super-herói mecânico?”. Pronto. A diversão está garantida e só acaba depois de muitos pedidos irrecusáveis de “só mais uma vez”. Mesmo com um quarto de brinquedos abarrotado de Hot Wheels, trenzinhos Thomas e uma infinidade de DVDs, é entre os dois sofás da sala do apartamento que se desenrola a brincadeira preferida das crianças, geralmente no fim da tarde, quando Estela chega do trabalho. A ideia do nome quem deu foi Vitor, que, além de ser apaixonado por super-heróis, adora todo tipo de brincadeira corporal. Deitada de costas no chão, Estela ergue as pernas e apoia os pés na barriguinha de um dos filhos. O objetivo é ver quem fica mais tempo suspenso no ar sem segurar a mão do adulto. Para evitar brigas, a contagem é feita sempre pela mãe. A cada vez, Vitor e Gabriel encarnam um super-herói diferente. O preferido, claro, é o Super-Homem – afinal, como diz o próprio Vitor: “O Batman não voa, ele plana”. Quando está brincando de super-herói


Gabriel (de verde), Vitor e Estela brincam de super-her贸i mec芒nico: frio na barriga


PAIS & FILHOS

“ESSA É UMA FORMA SAUDÁVEL DE EXPOR ANGÚSTIAS, MEDOS E ALEGRIAS”, ACREDITA VALÉRIA

Valéria e a filha, Ana, inventam histórias desde que a menina tinha 3 anos de idade

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Foto: Pedro Motta

HISTÓRIAS SEM FIM — Era uma vez uma bolsa completamente desorientada em cima de cinco caixas... — E essa bolsa paquerava uma sacola jogada na porta do banheiro... — A sacola estava muito animadinha com a paquera da bela bolsa... — Até que a capanga em cima do criado-mudo, vendo a cena se desenrolar, gritou para a sacola: “Vê se te enxerga!”... A historinha acima saiu da cabeça da psicanalista mineira Valéria Magalhães, 42 anos, e de sua filha, Ana, 8. As duas têm o hábito de brincar de inventação desde que Ana tinha 3 anos de idade. Nessa brincadeira que elas mesmas, vamos dizer assim, inventaram, uma começa a contar uma história qualquer, a outra emenda e assim suces-

sivamente até onde a imaginação permitir. O melhor de tudo é que não precisa de lugar ou hora para acontecer. A paquera da bolsa e da sacola, por exemplo, surgiu durante a pintura da casa em que moram, em Belo Horizonte. “Meu quarto estava uma bagunça, com caixas para todos os lados e muita coisa fora do lugar”, lembra Valéria. Foi o start para principiar a historinha. A entonação serve de deixa para uma pessoa continuar o pensamento da outra. A depender da disposição – e da criatividade –, o jogo pode durar de 5 minutos até uma hora. “É uma forma saudável de expor angústias, medos e alegrias do dia a dia sem ter de falar diretamente sobre o assunto”, explica Valéria. BRINCADEIRA: Inventação. COMO É: Uma pessoa começa a contar uma história e a outra continua de onde a história parou e assim sucessivamente até dizer chega.


MODA

Era uma vez Mergulhe nesta aventura a bordo de composições que vão deixar todo mundo pronto para encarar o frio com muito charme. O final feliz é garantido

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FOTOS GUILHERME YOUNG STYLING TAMI GOTODA CENOGRAFIA ESTUDIO GIS


Blusรฃo R$ 149,90, calรงa R$ 159,90, vestido R$ 184,90 e jaqueta R$ 169,90


MODA

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Calรงa R$ 109,90, jaqueta R$ 169,90 e camisa R$ 99,90


Jaqueta R$ 174,90, meia-calรงa R$ 47,90, meia 5/8 R$ 29,90 e bota R$ 199,90


MODA

À esquerda: calça R$ 169,90, jaqueta R$ 159,90, camiseta R$ 89,90 e bota R$ 164,90. À direita: jaqueta R$ 169,90, calça R$ 99,90, camiseta (conjunto com bermuda) R$ 179,90 e tênis R$ 144,90

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À esquerda: jaqueta R$ 94,90, blusão de tricô R$ 149,90, camisa polo R$ 54,90, calça (conjunto com jaqueta) R$ 229,90 e bota R$ 154,90. À direita: casaco longo R$ 179,90, blusa R$ 109,90, saia R$ 109,90, meia-calça R$ 47,90 e bota R$ 179,90


MODA

À esquerda: colete R$ 129,90, camiseta R$ 49,90, cachecol R$ 62,90, calça R$ 129,90 e bota R$ 174,90. À direita: gorro R$ 49,90, cachecol R$ 62,90, jaqueta R$ 159,90, jaqueta de moletom (conjunto com calça) R$ 229, 90, calça R$ 169,90 e bota R$ 164,90

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Jaqueta R$ 229,90, jaqueta de moletom R$ 94,90, camisa polo R$ 54,90, calรงa R$ 169,90 e bota R$ 164,90


ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: PRISCILA BADARÓ HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT) TRATAMENTO DE IMAGEM: REGIS PANATO/ PHOTOUCH MODELOS: MANUELA PICANÇO (FIFI KIDS), MATEUS GUERRA DOS SANTOS (FIFI KIDS) E GUILHERME PRADO (AGÊNCIA VOGUE) AGRADECIMENTOS: VIA TREZE ANTIGUIDADES (11 3253-7521), D. FILIPA (11 3031-2999), AMOREIRA (11 3032-5346), MIL PLANTAS (11 3836-3943) E GILVAN LOPES DE MATOS

MODA

Jaqueta R$ 169,90, boné R$ 52,90, casaco R$ 164,90 e calça R$ 169,90

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À esquerda: vestido R$ 229,90, calça R$ 112,90, meia R$ 24,90 e bota R$ 179,90. À direita: anoraque R$ 179,90, camisa polo R$ 119,90, calça R$ 169,90 e tênis R$ 144,90


MODA

P&B

Vestidos e outros hits da temporada reinterpretados aqui pelo traço gracioso da artista catalã Rosa Navarro

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Desenhos feitos a partir de fotos do coletivo Correnteza

STYLING TAMI GOTODA


Camisa R$ 114,90, calรงa R$ 154,90 e sapatilha R$ 99,90


MODA

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Casaco longo bebĂŞ R$ 144,90 e sapatilha bebĂŞ R$ 124,90


Vestido R$ 259,90


MODA

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Vestido R$ 239,90, sapatilha R$ 99,90 e 贸culos de sol R$ 149,90


Vestido bebĂŞ R$ 169,90


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Vestido bebê R$ 199,90

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: ANDREA VILAS BOAS HAIR & MAKE UP: MARIZETE DOMINGUES LIMA (CAPA MGT) MODELOS: ISABELLE NAKANO (AGÊNCIA VOGUE) E CECÍLIA TOLEDO (STYLLUS) AGRADECIMENTOS: SELARIA SALTO E SELA (11 5533-2990) E ADESTRADORAS CÃO CIDADÃO/GABRIELA DICIERI TANAKA E NAILA FUKIMOTO

MODA


Camisa R$ 139,90 Casaco longo R$ 179,90


FAMÍLIA

POR ROSANE QUEIROZ FOTOS MARCOS VILAS BOAS TÍTULO VANESSA DA SILVA

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“ NÃO SOU DE EMPETECAR NETINHO!” RENATA FALZONI, 57 ANOS

“Somos de uma geração que está envelhecendo com mais qualidade de vida”, proclama Renata Falzoni, 57 anos, ciclista e videorrepórter de aventuras do canal ESPN/Brasil. Avó de Giulia, 7 anos, e Caio, 9 meses, Renata é uma autêntica representante das avós modernas. Do tipo que deixa os netos comerem a sobremesa antes do prato principal. “Onde está escrito que não pode inverter?”, ela pergunta, sob o olhar aprovador de Giulia. As duas, aliás, se esbaldam de comer pipoca antes do jantar, para desespero da mãe de Giulia, Tatiana, que brinca dizendo não ver “muita diferença de idade” entre avó e neta. “Mamãe não

é avó de dar banho e pentear cabelo”, diz Tatiana. Renata atesta: “Não sou de empetecar netinho!”. A maior aventura de Giulia e a avó aconteceu em 2009, num dia em que a chuva parou o trânsito de São Paulo. Ao saber que a neta estava ilhada na escola, Renata pegou uma capa de chuva e um capacete extra e foi de bicicleta resgatar a neta, que voltou de carona na garupa. “Minhas amigas falam que eu tenho uma avó diferente”, comemora a pequena.

Que avó sou eu “Maluca para quem vê de fora e legal para quem vê de perto.” O que mais gosto de fazer “Pedalar, fazer bagunça (e depois arrumar), jantar no restaurante Bolinha com a família.” Último presente que dei “Um microscópio pra Giulia. Gosto de instigar o raciocínio!” Na casa da vovó não pode “Deixar a bagunça, machucar os cachorros, desobedecer os mais velhos.” O papel da avó hoje é... “Antes, ser avó era dar lazer. Hoje, a gente também educa até mesmo brincando.”

Agradecimento: parque do Ibirapuera (www.parquedoibirapuera.com.br)

NÃO SE FAZEM MAIS AVÓS COMO ANTIGAMENTE. AS DE HOJE SÃO AVENTUREIRAS, ANTENADAS, CONECTADAS – E CADA VEZ MAIS PRESENTES NA VIDA DOS NETOS


Giulia, 7, divide aventuras sobre rodas com a av贸 Renata Falzoni


FAMÍLIA

Nesta e na outra página, desenhos de Laura Beatriz coloridos por Anita

PARA AS NETAS, A CASA DE LAURA BEATRIZ É UM ATELIÊ DIVERTIDO, REPLETO DE TODOS OS TONS

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BOLO DE MASSA PRONTA

Fotos: Marcos Vilas Boas

LAURA BEATRIZ LOPES, 60 ANOS

Aos 60 anos, a ilustradora e artista plástica Laura Beatriz Lopes é uma avó “dinâmica, artista, sempre inventando alguma coisa”, na definição de sua filha Thereza, 31 anos, mãe da pequena Violeta, que está com 8 meses. Laura Beatriz também é avó de Anita, 4, e Clarice, 2, ambas filhas da arquiteta Maria Rosa, 34. “Não sou avó de fazer bolinho, só se for de massa pronta”, avisa logo de saída Laura Beatriz, lembrando que essa é uma de suas atividades preferidas com a neta mais velha. A outra é desenhar e pintar. Recentemente, Anita pediu que a avó ilustrasse o casamento dela com um coleguinha da escola em detalhes, com bolo, presentes, vestido de noiva. A avó, que também pinta cortinas e roupas exclusivas para as netinhas, se dedicou à tarefa achando tudo muito engraçado. “Ela é uma avó única”, resume Thereza. Para as crianças, a casa de Laura Beatriz (ela é casada com Hélio de Almeida, também artista, autor de capas de livros como Estorvo, de Chico Buarque) é um ateliê divertido, repleto de lápis,

canetinhas e tintas de todos os tons. Nem por isso as netas têm permissão para bagunçar o coreto. “Coloco regras. Não sou aquela avó que deixa tudo”, diz Laura Beatriz. Seu maior talento, segundo seu marido, é ser uma avó “prática”, que logo identifica uma febre e sabe o remédio certo. Nesse aspecto, nada diferente das avós de antigamente. “A diferença é que sou ocupada”, afirma a vovó artista. “Mas, quando minhas netas precisam de mim, paro as máquinas e sou toda delas.”

Que avó sou eu “Ocupada, não consigo ver minhas netas tanto quanto gostaria.”

O que mais gosto de fazer “Desenhar e fazer guloseimas, como bolo (de massa pronta), brincar no jardim e na piscina de inflar.”

Último presente que dei “Uma cozinha de madeira muito legal.”

Na casa da vovó não pode “Fazer tanta bagunça como elas fazem na casa delas.”

O papel da avó hoje é... “Continuamos como uma retaguarda, um apoio, um exemplo.”


FAMÍLIA

A LADY GAGA DAS AVÓS HELOÍSA SCHÜRMANN, 60 ANOS

Para os três netos da navegadora catarinense Heloísa Schürmann, 60 anos, ela não é vó nem vovó. Eles a chamam de Formiga, apelido que ganhou na família por não parar quieta um segundo. O caçula, Kian, 1 ano e 10 meses, ainda não consegue dizer Formiga, então fala “Gagá”. “Sou a Lady Gaga das avós!”, se diverte Heloísa, que depois de criar os netos mais velhos, Emmanuel, 19 anos, e Sebastian, 15, revive intensamente o papel de avó com o pequeno Kian. Recentemente, num dia de muito calor, ela não hesitou em entrar com o netinho de roupa e tudo no mar de Ilhabela, no litoral norte paulista, já que não tinha maiô. “Ele é um patinho, adora água”, comemora a matriarca da primeira família brasileira a dar a volta ao mundo num veleiro. “Ela não é o tipo da vovó que faz docinhos, mas a que leva você para descobrir algo em algum lugar”, define David Schürmann, pai de Kian. “Ela tem muita energia, vontade e paciência de ensinar.” Nas temporadas da família no mar, o programa com a avó é mergulhar, nadar, aprender a velejar, mas também ler bastante. “Gosto de contar histórias e cantar”, diz Heloísa, que se orgulha de sempre ter sido uma presença atuante na vida dos netos. Ela acredita que, hoje, esse tipo de relação familiar tem mais troca do que antigamente. “Não existe mais aquela avó ‘dinossaura’”, brinca. “A diferença de idade já não conta tanto. Os netos nos obrigam a rejuvenescer. Eles também mudaram e exigem mais conteúdo.”

Que avó sou eu “Aventureira e liberal.”

O que mais gosto de fazer “Nadar, mergulhar, velejar, fazer trilhas, cantar, contar histórias.”

Último presente que dei “Livros e um peixe no aquário.”

Na casa da vovó não pode “Fazer manha, ficar chorando à toa. Não dou muita bola para isso.”

O papel da avó hoje é... “Participar da vida dos netos, ensinar e aprender com eles.” 98


Fotos: arquivo família Schürmann

“ OS NETOS NOS OBRIGAM A REJUVENESCER. ELES TAMBÉM MUDARAM E EXIGEM MAIS CONTEÚDO”, DIZ HELOÍSA

Foto: David Schürmann

Com dois netos adolescentes e depois de dar a volta ao mundo, a navegadora Heloísa revive o papel de avó com o pequeno Kian. Acima, com o marido, Vilfredo, e o menino no veleiro da família


MODA

Casaco R$ 209,90, blusa R$ 52,90, meia 5/8 R$ 26,90 e bota R$ 229,90


Menina flor As tendências da próxima estação desabrocham em um fim de semana no campo na companhia do eterno jeans

FOTOS CECILIA DUARTE STYLING TAMI GOTADA


MODA

À esquerda: macacão R$ 159,90, blusa (conjunto com casaqueto e calça) R$ 249,90 e bota R$ 229,90. À direita: casaco R$ 159,90, blusa R$ 109,90, short R$ 82,90, meia 5/8 R$ 26,90 e bota R$ 279,90

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À esquerda: blusa (conjunto com saia) R$ 159,90, calça Lilica Ripilica Rosa Chá R$ 112,90 e bota R$ 279,90. À direita: jaqueta R$ 199,90, calça R$ 94,90 e bota R$ 279,90


MODA

Calรงa R$ 94,90 Abotinado R$ 159,90

Vestido R$ 142,90, meia 5/8 R$ 29,90 e bota R$ 279,90


casaco R$ 119,90 calรงa R$ 119,90 bota xxxx

Menino: camisa R$ 139,90 e calรงa (conjunto com moletom) R$ 229,90. Menina: blusa R$ 139,90, calรงa R$ 119,90 e bota R$ 299,90


MODA

Blusão R$ 149,90 Calça R$ 109,90 Camisa R$ 139,90 Tênis R$ 154,90



MODA

À esquerda: jaqueta R$ 164,90, short (conjunto com blusa) R$ 169,90, meia 5/8 R$ 29,90 e bota R$ 279,90. À direita: blusa (conjunto com bolero) R$ 139,90, saia R$ 79,90, cachecol R$ 64,90 e bota R$ 279,90

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Blus達o R$ 176,90


MODA

À esquerda: blusa R$ 99,90 e calça R$ 149,90. À direita: camisa R$ 114,90 e calça R$ 94,90


ASSISTENTES DE FOTOGRAFIA: MILENA MENDES E MARCOS JOSÉ HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT) TRATAMENTO DE IMAGEM: REGIS PANATO/ PHOTOUCH MODELOS: VITÓRYA FURMANKLEWICZ (TYPOS), JOÃO VICTOR PRADO (AGÊNCIA VOGUE) E LAURA CRUZ (MEU CAPRICHO) AGRADECIMENTOS: HARAS LARISSA (WWW.HARASLARISSA.COM.BR), SELARIA QUERÊNCIA GAÚCHA (11 3846-2880) E MUNDO TERRA ADVENTURE STORE (11 3037-7195)


INFÂNCIA

POR ANA MARIA PERES

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ROTINA ALTERNATIVA MARINA PERSON

D

esde cedo a apresentadora Marina Person, 41, teve um cotidiano diferente da maioria das crianças de sua idade. Brinquedos de pano e de madeira, áreas verdes e alimentos frescos faziam parte de sua infância, e só assistia à televisão nos fins de semana e nas férias. Seus pais, o cineasta Luís Sérgio Person e a fotógrafa e cineasta Regina Jeha, eram adeptos da antroposofia, filosofia criada pelo educador austríaco Rudolf Steiner, fundamento da pedagogia Waldorf, que valoriza o equilíbrio entre a razão e a espiritualidade no desenvolvimento da consciência.

Por esse motivo, ela passou o jardim de infância na Waldorf Schule, escola situada na Granja Julieta, em São Paulo, região próxima ao sítio em que a família morava, em Itapecerica da Serra. “Lembro que havia um espaço delicioso para o recreio. Parecia um jardim imenso. Eles preparavam pães integrais diariamente”, conta Marina, que até hoje procura abastecer a geladeira com frutas e alimentos orgânicos, embora não siga mais a antroposofia. Foi na Waldorf Schule, por volta dos 5 anos, que ela teve o primeiro contato com o teatro . “A gente se fantasiava, usava longas saias de pano. Não esqueço

Título: Vanessa da Silva | Fotos: arquivo pessoal, Kiko Ferrite/Acervo Trip

QUEM NÃO SE LEMBRA DOS TEMPOS DE ESCOLA? O CRAQUE RAÍ, O ROTEIRISTA BRÁULIO MANTOVANI E A APRESENTADORA MARINA PERSON RESGATAM SUAS MELHORES (E PIORES) RECORDAÇÕES


Marina, aos 7 anos: semestre animado num colégio carioca

a festa da primavera, em que as meninas usavam coroas de flores”, narra. Logo depois, cursou o primário na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, com uma grade curricular tradicional. Lá, frequentava o Centro de Práticas Esportivas da USP, o Cepeusp. “Gostava de nadar na piscina olímpica”, diz. A passagem pela Escola de Aplicação foi interrompida na primeira série por um período de seis meses, após a morte de seu pai num acidente de carro, em 1976. Logo depois, a mãe se mudou com as filhas Marina e Domingas para a casa de uma irmã

no Rio de Janeiro. “Foi uma mudança sem traumas para mim”, avalia hoje. “Lá podia brincar com meus primos e o clima do Rio era ótimo.” Regina matriculou as meninas no Colégio São Fernando, em Botafogo, mas depois de um semestre elas voltaram para São Paulo. Marina não se recorda muitos bem dos detalhes, mas garante que se adaptou fácil às idas e vindas. Já de volta à Escola de Aplicação, virou aluna dedicada nas aulas de português, história e inglês. “Eu era uma garota muito comportada e tímida”, recorda. “Mas isso não me impediu de participar do coral e do teatro com grande prazer.”

DEPOIS DO JARDIM DE INFÂNCIA EM UMA ESCOLA ANTROPOSÓFICA, MARINA A TORNOU-SE UMA ALUNA ESTUDIOSA EM COLÉGIOS CONVENCIONAIS


IMAGINAÇÃO SOLTA | BRÁULIO MANTOVANI

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R

oteirista dos filmes Cidade de Deus e Tropa de Elite, o paulistano Bráulio Mantovani, 47 anos, afirma que a descoberta do prazer de escrever é uma das poucas lembranças boas que guarda dos tempos de aluno. “Na escola, passei por um trauma atrás do outro”, conta, com bom humor. “Eu era o menor e o mais magro da turma, as meninas não me davam bola, odiava esportes, era perna de pau no futebol, sofria de timidez e tinha medo das brincadeiras violentas.” O menino era tão envergonhado que sua timidez se confundia com bom comportamento. Certa vez, sua mãe chegou a ser chamada por uma professora para receber elogios pela postura do filho em sala de aula. “O problema era que em casa

eu era um demônio”, ele descreve. “Quando aprontava, minha mãe logo ameaçava: ‘Vou contar tudo lá na escola!’.” Um dia, a professora da terceira série o chamou na frente da turma e perguntou, irritada: “Bráulio, fala a verdade! Quem foi que escreveu essa redação? Seu pai ou sua mãe?”. Acuado atrás dos óculos, o garoto franzino respondeu baixinho: “Fui eu, professora...”. Ele jamais esqueceu o episódio. Não apenas pelo medo que sentiu na hora, mas especialmente pelo orgulho que bateu depois – afinal, ele realmente havia escrito a redação impecável. Com as histórias que inventava no papel, o aluno passou a colecionar notas tão altas que lhe renderam até medalhas. Estudante da Escola Estadual Professora Celeste Sonnwend, no bairro do Moinho Velho – “a periferia da região do Ipiranga”, como costuma dizer –, Bráulio conviveu desde cedo com uma turma eclética, que lhe renderia mais tarde inspiração para seus textos. “Eu ia para a escola com meu vizinho Shodi, neto de japoneses, aluno exemplar. Tinha também o Carlão, mulato, que ajudava o pai a vender bilhetes

Foto: Renato Parada/Agência Estado/AE. Still: Eduardo Delfim

Fotos: Eduardo Delfim

Ao lado, coleção que Bráulio ganhou na escola por bom comportamento


BRÁULIO CONVIVEU NA ESCOLA COM UMA TURMA ECLÉTICA, QUE LHE RENDERIA MAIS TARDE INSPIRAÇÃO PARA SEUS TEXTOS

de loteria”, narra. Quando não estava na rua brincando, tinha leitura de sobra para passar o tempo. “Não tive bicicleta nem autorama, mas meus pais compravam todos os livros que eu pedia.” Filho de um metalúrgico e de uma dona de casa, assim que aprendeu a ler ganhou de seu pai a história em quadrinhos O Fantasma, de Lee Falk e Ray Moore, que leu “dezenas de vezes”. Na quarta série, Mauro, o amigo mais velho

que já estava no ginásio, emprestou um exemplar de Coração de Vidro, de José Mauro de Vasconcelos, até hoje um dos livros preferidos de Bráulio. Não demorou para que pedisse – e ganhasse – de presente uma máquina de escrever. Mais uma vez, a literatura viria em seu socorro. “Não escreveria como escrevo hoje se não tivesse lido na sexta série Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis”, garante.


INFÂNCIA

A VISTA DO CAMPO DE FUTEBOL | RAÍ

E

le tinha apenas 4 anos de idade e ainda nem sabia ler, mas o destino já parecia apontar o caminho para o menino. No jardim de infância, a sala de Raí, hoje com 45 anos, ficava em frente a um campo de futebol. “Jamais me esqueço daquela vista. Eu passava horas olhando através da janela”, conta o craque, capitão da seleção brasileira de futebol na conquista do tetracampeonato, em 1994, e ídolo eterno do time do São Paulo. Caçula de uma família de seis filhos, Raí Souza Vieira de Oliveira estudou até o terceiro colegial no colégio Marista de Ribeirão Preto, no interior paulista. “Era uma relação intensa com a escola, praticamente como uma segunda casa”, relembra Raí, que morou em Ribeirão Preto até os 22 anos. “Adorava o pátio do colégio, os corredores longos, o piso frio, as mangueiras e jabuticabeiras”, diz, nostálgico. “Ali foi onde brinquei, paquerei, namorei. Tenho muito carinho por aquele lugar.” A instituição católica marcaria profundamente a vida do atleta. “A religião não era uma exigência, não havia rigidez. Mas tive uma formação valiosa, que está na base da Fundação Gol de Letra”, afirma Raí, referindo-se ao projeto educacional voltado para crianças carentes que fundou em 1998, pouco an-

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Acima, Raí, aos 13 anos, com o time de futebol da escola: nasce um craque

tes de encerrar a carreira no futebol. Na quarta série, chegou a procurar o diretor do colégio, que era padre, para tirar uma dúvida sobre pecado. “Se você tem paz de espírito, é o que importa nas suas decisões”, ouviu como resposta. O aprendizado funcionou. “Embora tenha sido um cara muito distraído, com dificuldade de concentração, nunca dei trabalho aos adultos”, garante Raí. Ele estudava apenas o necessário para passar de ano. Menino tímido, de poucas palavras, era tão esquecido que até a conta da cantina passava em branco. “Meu nome aparecia na lista de devedores, na lousa da cantina. Que vergonha!”, revela, divertido.

“ EU ADORAVA

O PÁTIO, OS CORREDORES LONGOS, AS MANGUEIRAS... TENHO MUITO CARINHO POR AQUELE LUGAR


Fotos: Nino Andrés/ Acervo Trip e arquivo pessoal

No topo da lista das matérias mais difíceis, figurava língua portuguesa. A melhor parte, como é de se imaginar, eram as atividades fora da sala. “Eu gostava das aulas de educação física. Joguei muito handebol, basquete e futebol no colégio.” Com 10 anos, Raí entrou para a equipe de basquete da escola. Como integrante do time titular, participou de campeonatos regionais, chegando a ser vice-campeão interestadual minimirim. Aos 13 anos, passou a bola das mãos para os pés: “Quando comecei a me destacar no futebol, percebi que tinha condições de jogar profissionalmente”, resume. “Para minha sorte, recebi na escola muito estímulo para seguir em frente com meu sonho.”


MODA

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Casaco R$ 119,90, calรงa R$ 119,90 e bota R$ 159,90


Pé na estrada Haja energia para acompanhar o pique de quem parece levar a vida sobre rodas. A receita? Roupas fofas e confortáveis que combinam com movimento

FOTO NINO ANDRÉS STYLING TAMI GOTODA

Blusão R$ 104,90, calça (conjunto com jaqueta) R$ 169,90 e sapatênis R$ 134,90


MODA

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Casaco R$ 114,90, calรงa R$ 94,90 e bota R$ 159,90


Blusão R$ 104,90, calça R$ 129,90 e sapatênis R$ 134,90


MODA

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Camisa R$ 89,90, calรงa R$ 64,90 e bota R$ 159,90


Casaco R$ 192,90, vestido e colete (conjunto) R$ 149,90, meia-calรงa R$ 36,90 e bota R$ 119,90


MODA

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Nesta página: conjunto R$ 189,90 e bota R$ 139,90.Ao lado: menino com camisa R$ 89,90, camiseta R$ 39,90, calça (conjunto com jaqueta) R$ 184,90 e sapatênis R$ 134,90 e menina com jaqueta R$ 149,90, calça R$ 119,90 e bota R$ 159,90



MODA

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Vestido R$ 149,90 e bota R$ 159,90


Jaqueta R$ 154,90, camiseta R$ 49,90, calça R$ 94,90 e sapatênis R$ 134,90

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: RODRIGO NIEMEYER HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT) TRATAMENTO DE IMAGEM: REGIS PANATO/ PHOTOUCH MODELOS: BEATRIZ LIMA (FIFI KIDS), ISABELA SISMEIRO (STYLLUS), VINICIUS BIUCHER (ARTE BAMBINI) E JOAQUIM RAMOS (TYPOS) AGRADECIMENTOS: CLAUDIA PRADA/MARIA JOVEM (11 3088-1396) E RETRÔ 63 MÓVEIS E OBJETOS (11 2537-6232)


CASA & CIA

Modo de

preparar

CRIANÇA COME DE TUDO? POR QUE NÃO? TRÊS CHEFS DE SÃO PAULO DÃO SUAS RECEITAS INFALÍVEIS PARA DEIXAR A MOLECADA COM ÁGUA NA BOCA – E PEDINDO MAIS POR LUCIANA PEDRO FOTOS MARCELO NADDEO

Tapioca de cenoura com frango e requeijão Ingredientes Massa 500 g de polvilho doce 350 ml de suco de cenoura (bem concentrado) 10 g de sal 50 g de queijo de coalho ralado

Recheio frango temperado, cozido e desfiado requeijão cremoso a gosto ervilhas frescas a gosto

Modo de fazer

Hidrate o polvilho substituindo a água pelo suco de cenoura. Aqueça a tapioqueira ou frigideira e espalhe uma pequena porção do queijo de coalho ralado. Espere alguns instantes e abra a massa na tapioqueira ou na frigideira. Cozinhe em fogo médio por cerca de 1 minuto e meio. Coloque o requeijão, o frango e as ervilhas. Retire sempre a massa com cuidado para que o queijo não se desprenda e para que ela não se parta. Feche a tapioca, dobrando-a ao meio, e sirva imediatamente.

Rendimento 128

8 porções


O SEGREDO É O EQUILÍBRIO

T i Tapioca dde café fé com doce de leite e chocolate Ingredientes

Massa 500 g de polvilho doce 350 ml de café coado (resfriado) 1 pitada de sal Recheio 500 g de doce de leite 300 g de chocolate amargo (60% de cacau ou mais) em raspas Finalização calda de chocolate a gosto raspas de chocolate a gosto

Agradecimento: Empório Santa Maria (11 3706-5211)

Modo de fazer

Hidrate a massa com o café, adicionando-o aos poucos até atingir o ponto desejado. Tempere com 1 pitada de sal. Peneire a massa, espalhe-a na tapioqueira ou frigideira e leve ao fogo. Cozinhe até a massa ficar firme. Espalhe o doce de leite e o chocolate ralado a gosto sobre a tapioca. Aguarde até que o recheio esquente e então feche a tapioca, dobrando-a ao meio. Decore com a calda e as raspas de chocolate e sirva imediatamente. Ela fica irresistível se servida com sorvete de canela.

Rendimento 8 porções

Tapioca

(massa básica) Ingredientes Massa 500 g de polvilho doce ou azedo água suficiente para cobrir o polvilho sal a gosto

Modo de fazer

Misture bem o polvilho com a água numa tigela e deixe assentar por aproximadamente 1 hora. Após o descanso, escorra a água e cubra a massa com um pano seco para absorver um pouco mais de água. Salgue a massa e passe-a por uma peneira fina. Se a massa ficar borrachuda significa que está muito úmida. Acrescente um pouco mais de polvilho. Se estiver quebradiça, é porque está muito seca. Nesse caso, adicione um pouco mais de água.

O chef Rodrigo Oliveira é um apaixonado por comida – especialmente a nordestina. À frente do restaurante Mocotó, reinventa delícias como escondidinho e tapioca. Pai de Nina Maria, 1 ano e 9 meses, e Maria Flor, 7 meses, seu desafio agora é estimular o paladar das pequenas, que está começando a se formar. “Sempre me preocupo em oferecer a elas pratos que sejam bonitos, gostosos e saudáveis.” Rodrigo sabe o que fala. Aos 13 anos, ajudava o pai, o pernambucano José Oliveira de Almeida, a vender produtos nordestinos no armazém da Vila Medeiros, na zona norte de São Paulo. Quatro anos mais tarde, já mexia panelas na cozinha do Mocotó, aberto por seu pai há quatro décadas. Para quem curte um momento família na cozinha, ele sugere o preparo da tapioca. “Para a tapioca doce, gosto de doce de leite e chocolate no recheio, porque os pequenos também merecem indulgência”, defende. “O grande segredo da vida é o equilíbrio.” Mocotó | Av. Nossa Senhora do Loreto, 1.100, Vila Medeiros, São Paulo, SP, tel.: (11) 2951-3056, www.mocoto.com.br


CASA & CIA

Cozido de legumes com cogumelos, vinho orgânico e leite de amêndoas Ingredientes

500 ml de caldo de legumes 250 ml de vinho branco orgânico seco 1 xícara (chá) de salsão cortado na diagonal 1 xícara (chá) de cenoura cortada na diagonal 1/2 xícara (chá) de alho-poró cortado em rodelas finas (apenas o talo) 1/2 xícara (chá) de couve-flor cortado em floretes 1 xícara (chá) de brócolis cortados em floretes 1 xícara (chá) de ervilha-torta cortada na diagonal 1 xícara (chá) de cogumelos laminados 1/2 xícara (chá) de cebolinha verde 1 dente de alho picado 1/4 de colher (chá) de páprica picante 1/4 de colher (chá) de páprica doce 1/4 de colher (chá) de pimenta rosa 1/4 de xícara de molho de tomate 400 ml de leite de amêndoas natural (veja receita na próxima página) 1 colher (sopa) de açúcar demerara azeite de oliva extravirgem sal a gosto

Modo de fazer

Misture as pápricas com a pimenta rosa sa e reserve. Junte o vinho e o caldo de legumes em uma panela e cozinhe até té o álcool evaporar (de 10 a 15 minutos).. tra Enquanto isso, salteie os legumes em outra ois o panela, começando pela cenoura, depois melo, salsão, o alho-poró, a vagem e o cogumelo, ho, sempre acrescentando, nesta ordem: alho, ae um fio de azeite, um pouco da cebolinha uma pitada da mistura das pápricas com a pimenta rosa a cada ingrediente adicionado. Salteie a cenoura durante 5 minutos no máximo e os outros legumes por apenas 2 minutos, para que mantenham sua textura al dente. Acrescente então o caldo com o vinho aos legumes salteados. Misture bem e deixe cozinhar por mais 10 minutos. Em seguida, acrescente o molho de tomate e as ervilhas-tortas e cozinhe por mais 3 minutos. Junte o leite de amêndoas e o açúcar à mistura e cozinhe por mais 7 minutos. Ajuste o sal e acrescente ervas frescas picadas a gosto. Sirva com arroz integral simples.

Rendimento R 4a6p porções ç

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O PRINCIPAL É O CARINHO

Espetinhos de frutas com calda quente de cacau e mel Ingredientes

2 kiwis 1 pera asiática cortada em 2 gomos 1 ameixa cortada em 2 gomos 1 manga cortada em cubos de 2 centímetros 2 morangos inteiros 1 banana cortada em 4 pedaços, na diagonal 1/2 xícara (chá) de cacau em pó 1/2 xícara (chá) de mel 1 colher (sopa) de essência de baunilha orgânica

Modo de fazer

Retire a casca dos kiwis e corte-os ao meio, na vertical, com a ajuda de uma faca. Depois, corte-os novamente, desta vez no sentido horizontal. Faça o mesmo com a pera e a ameixa, retirando seus caroços, mas mantendo a casca das frutas. Forme 4 espetinhos, intercalando todas as frutas picadas. Tome cuidado para não machucar as frutas nem quebrar os pedaços. Coloque os espetinhos numa tigela, cubra-os e leve-os à geladeira enquanto prepara a calda. Numa panela, misture o cacau, o mel e a baunilha. Leve a mistura ao fogo até atingir a temperatura de 40 ºC. Retire do fogo e reserve. Coloque 2 espetinhos de frutas em cada prato e, com a ajuda de uma colher, despeje a calda por cima das frutas. Sirva em seguida.

Rendimento

2 porções (com 2 espetos cada)

Cozido de legumes com cogumelos, vinho orgânico e leite de amêndoas. Por esses nomes, a receita não lembra em nada um prato para criança. Mas a chef Tatiana Cardoso, do restaurante Moinho de Pedra, revela do que se trata. “É uma versão mais leve do estrogonofe, com um molho bem gostoso que agrada muito as crianças”, explica. Apesar de não ter filhos, a chef membra da Sociedade Vegetariana Brasileira diz ter uma fórmula para seduzir o paladar infantil. “Um prato para os pequenos deve ter muitas cores, além de cremosidade aliada a uma textura crocante. E nada deve ser ácido ou apimentado demais”, ensina. Para Tatiana, os pais que querem agradar os filhotes podem apostar em sabores como queijo derretido, pão torradinho, tomate, batata e creme de leite. “Mas o principal é ter imaginação e arte nas panelas”, diz.

Moinho de Pedra | R. Francisco de Moraes, 227, Chácara Santo Antônio, São Paulo, SP, tel.: (11) 5181-0581, www.moinhodepedrarestaurante.com.br


CASA & CIA

Modo de fazer

Robalo com legumes no vapor e purê de banana Ingredientes

400 g de lombo de robalo 180 g de abobrinha 120 g de berinjela 140 g de palmito pupunha 200 g de brócolis em floretes 200 g de tomates cereja cortados ao meio 4 bananas-da-terra ou nanica caldo de legumes azeite de oliva sal e pimenta-do-reino a gosto

Tempere o palmito com 1 fio de azeite e sal a gosto. Leve-o para assar no forno médio, a 180 ºC, por 2 horas ou até ficar macio. Reserve. Tempere o robalo com sal, pimenta e azeite a gosto. Sele os pedaços de robalo em uma frigideira quente, em fogo alto, por cerca de 1 minuto e meio de cada lado. Finalize o robalo no forno médio, a 180 ºC, por 3 minutos. Retire do forno e reserve. Corte os legumes em palitos, menos o tomate cereja. Cozinhe os legumes por 5 minutos no vapor. Coloque-os em uma tigela e tempere-os com 1 fio de azeite e sal a gosto. Reserve. Asse as bananas, com casca, no forno médio, a 180 ºC, até ficarem macias. Retire as cascas das bananas e coloque a polpa assada numa panela pequena. A Amasse-as e adicione um pouco de caldo de legumes, para umedecer o purê. Tempere com 1 pitada de sal, mas sem exagerar, porque o purê deve ficar doce, com apenas um toque de salgado. Leve ao fogo médio por alguns minutos, mexendo sempre, até o purê secar levemente. Se preferir um purê mais lisinho, bata-o com um mixer até obter a textura desejada. Distribua o robalo, os legumes, o tomate cereja e o purê no prato e sirva em seguida.

Rendimento 4 porções

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Caldo de legumes Ingredientes

100 g de cebola em cubos 50 g de cenoura em cubos 50 g de salsão em cubos 1 fio de óleo água

Modo de fazer

Refogue os legumes no óleo por poucos minutos, em fogo alto. Cubra os legumes com água e deixe cozinhar em fogo brando por 30 minutos. Coe em seguida, descartando os legumes. Reserve o caldo na geladeira até a hora de usar.


O IM IMPORTANTE ÉOT TEMPERO

Sagu com leite de coco, frutas tropicais e calda de maracujá 100 g de sagu 5 morangos 1 kiwi 1/2 manga 1/2 maçã 1/2 pera 1 laranja 1 colher (sopa) de açúcar Para a calda de leite 150 ml de leite de coco 50 ml de leite 50 g de açúcar Para a calda de maracujá 2 maracujás (polpa e sementes) 30 g de açúcar

rente. Depois de cozido, desligue o ffogo, escorra o sagu e coloque as bolinhas de molho em água fria. Deixe-as de molho na água fria por 24 horas, na geladeira, para ficarem brancas e inchadas. Enquanto isso, misture o leite de coco, o leite e o açúcar em uma panelinha e leve os ingredientes ao fogo. Aqueça até o líquido engrossar levemente e reserve na geladeira até a hora de usar. Prepare a calda misturando a polpa de maracujá com o açúcar em uma panelinha. Leve os ingredientes ao fogo médio até engrossarem ligeiramente, formando uma calda. Reserve. Corte as frutas em cubinhos e tempere-as com o suco de laranja e o açúcar. Na hora de servir, escorra o sagu e misture-o com a calda de leite reservada. Sirva acompanhado de saladinha de frutas e calda de maracujá.

Modo de fazer

Rendimento

Ingredientes

Cozinhe o sagu coberto com bastante água, em fogo médio, por 40 minutos ou até começar a ficar transpa-

O chef Henrique Fogaça dedica boa parte do seu dia no restaurante Sal Gastronomia, na galeria Vermelho, a pratos da culinária brasileira contemporânea. Formado em gastronomia pelas Faculdades Metropolitanas Unidas, a FMU, ele passou pelas cozinhas de casas como D.O.M. antes de seguir carreira solo, em 2005. Acostumado a preparar comida “de gente grande”, o chef sempre festeja quando recebe um cliente mirim empolgado com o cardápio. “Uma vez veio uma menininha com a mãe. Ela devia ter uns 6 anos, mas pediu com convicção um risoto de lula em sua tinta, que é uma comida com sabor bem forte”, lembra. “Foi uma boa surpresa.” Segundo Henrique, pai de dois filhos – Olívia, 4 anos, e João, 2 –, é preciso estimular a todo momento o paladar das crianças. “Ofereço um pouco de cada coisa e eles nunca têm medo de provar.”

4 porções

Sal Gastronomia | R. Minas Gerais, 350, Higienópolis, São Paulo, SP, tel.: (11) 3151-3085, www.salgastronomia.com.br


OLHO MÁGICO | POR MARCELLO ARAÚJO*

Para toda a vida DAR NOME AOS BICHOS AJUDA A ESTABELECER UM VÍNCULO AFETIVO COM ELES

ANA PAULA

viajar por duas semanas. “Tem certeza?”, os pais de Ana Paula vive no interior de São Paulo. Quem esco- Tom perguntaram. “Claro”, pensamos minha mulher lheu seu nome foi a Laura. Ana Paula mora embaixo e eu, “assim a Laura pode ter um cachorrinho por de pés de alface e de couve. Ela é uma minhoca. Toda 15 dias”. Alguém adivinha o fim da história? Nós vez que vamos ao sítio do tio Wanderley, depois de três, com o coração apertado, esperando o retorno um almoço farto, passeamos pelo pomar até chegar dos amigos e a hora em que teríamos de dizer adeus à horta. Cavamos a terra e logo aparece alguém ao nosso hóspede. que é da família ou então que conhece Ana ÍAMOS CONHECER O ÚLTIMO MACHO DA Paula. Às vezes, segundo Laura, é a própria Ana Paula quem vem nos dar boa tarde. Na NINHADA. NO CAMINHO DE VOLTA, COM O volta do sítio, trazemos no porta-malas pés de SOL SE PONDO E O CACHORRINHO ANINHADO alface e de couve, crescidos na terra adubada NO COLO, PROCURÁVAMOS UM NOME por Ana Paula e sua turma.

CHARLOTTE

Charlotte é uma aranha. Ela não mora no sítio do tio Wanderley, mas num livro que acabamos de ler, A Teia de Charlotte, do escritor E. B. White. No fim da história, a aranha, muito sábia, diz ao seu melhor amigo, Wilbur, o porquinho, que sua hora está chegando e que ela vai morrer. Laura me pergunta: “As aranhas morrem?”. Respondo que sim, que todo mundo morre um dia. Ela pensa um pouco e me diz que algumas coisas não morrem. Pergunto o quê. “Os livros... As vozes”, diz, apontando para a música que sai da caixa de som.

DIOGO

JUJUBA

Foi como escolhemos batizar o novo morador da casa. Com a partida do Diogo, decidimos comprar um cachorro de presente para a Laura. Depois de algumas visitas a pet shops e sites, lá fomos nós, numa tarde de domingo, visitar um canil na Vila Mathilde, do outro lado da cidade. Íamos conhecer o último macho da ninhada de um casal de malteses, Cotoco e Sofia. No caminho de volta pra casa, com o sol se pondo na Radial Leste e o cachorrinho aninhado no colo, procurávamos um nome: Mano, Nino, Totó, Juba... “Jujuba!”, disse a Laura. Confesso que às vezes ainda me atrapalho e chamo ele de Diogo.

Foi com esse nome que Tom, um amigo da Laura, batizou seu cachorrinho maltês, em homenagem ao melhor amigo de escola. Um dia nos oferecemos para hospedar Diogo, pois Tom e sua família iam

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*Pai de Laura, 6 anos, e Carolina, 17, o ilustrador Marcello Araújo é autor das coleções “Sapo” e “1,2, 3 e já!”, da editora Nova Fronteira.


Foto: VICtoR AFFARo

No

furacão

DEpoiS DE Tropa de eliTe 2, A Atriz TAINá MüLLER ENcArA MAiS UM cAMpEão DE AUDiêNciA: A NovA NovElA DE GilbErto brAGA E MAIS MARCELA TEMER, A SEGUNDA-DAMA DoS coNcUrSoS DE MiSS AoS bAStiDorES Do poDEr, Do bAilE Do pijAMA à poSSE DE DilMA, A iNcrívEl trAjEtóriA DA MUlhEr Do vicE-prESiDENtE MichEl tEMEr MODA Escolhemos os saltos altos, os shorts e as regatas que movimentam o verão ABUSO SEXUAL Acontece nas melhores famílias: Tpm destrincha o tabu que causa trauma, culpa e prazer RICARDO TOZZI Um banho demar noturno com o executivo que virou galã da

revista Tpm. É outra conversa

Globo BELEZA Fernanda paes leme ensina a proteger os

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O PAI DOMÉSTICO | POR JUVA BATELLA*

Alice e Clara

DATAS, FEITOS, PALAVRAS E DUPLO SENTIDO. O QUE TUDO ISSO TEM A VER COM A HISTÓRIA DE NOSSAS CRIANÇAS

A

lice nasceu no dia 30 de setembro de 2002. Nesse dia, além dela, também estrearam no mundo as óperas A Flauta Mágica, de Mozart, em 1791; Os Pescadores de Pérolas, de Georges Bizet, em 1863; e Porgy and Bess, de George Gershwin, em 1935. Em 30 de setembro, nasceram, além da Alice, o escritor espanhol Miguel de Unamuno, em 1864; e o norte-americano Truman Capote, em 1924. No mesmo dia em que Alice se retirou da barriga de sua mãe, retirou-se, em 1918, a Bulgária da Primeira Guerra – ambas as retiradas muito tensas e envolvendo bastante sangue. Em 1966, o complexo conhecido por Bechuanalândia tornou-

uma extração de dente sem dor. Hoje, graças ao feito, apenas os partos são um parto. Tudo o mais é menos que um parto. O nascimento da Clara, cinco anos depois, foi anunciado de forma bastante clara, cuja consequência me pareceu igualmente clara (como a luz do sol). É clara para mim e espero que seja clara também para você, leitor. O que bem no início nos apresentou como uma série de pequenas e médias tentativas (sete ao todo) subitamente ganhou forma e se transformou num fato. Um fato ainda embrionário, mas, vá lá, um feto, digo, fato. O fato, digo, feto aos poucos foi-se formando e se avolumando numa realidade cuja real consequência sabíamos que só viria à luz meses depois (nove ao todo). Uma realidade arO FATO, DIGO, FETO AOS POUCOS FOI-SE FORredondada que sabíamos (sentíamos com MANDO E SE AVOLUMANDO NUMA REALIDADE a mão) estar prenhe de um sentido ainda CUJA REAL CONSEQUÊNCIA SABÍAMOS QUE SÓ oculto, mas que muito se mexeu, e em VIRIA À LUZ MESES DEPOIS (NOVE AO TODO) todos os sentidos, antes de se revelar por inteiro na noite fresca do dia 10 de abril de 2007, em plena primavera portuguesa. se independente, sob o estranho nome de BotsuaO que se seguiu a partir de então está para na. Durante a silenciosa madrugada do dia 30 de nós gravado de forma bem clara: contrações clasetembro, o complexo até então conhecido como ramente percebidas e regulares, procedimentos “Alice-na-barriga-de-sua-mãe” tornou-se também, por sua vez, independente, sob o belo nome “Alicetécnicos claramente executados a tempo e a cona-cara-do-pai”. tento, emoções claramente vividas, e a vida, é claO parto foi mesmo um parto, como eram um ro, luminosamente refeita. Esta minha notícia foi parto as extrações de dente sem anestesia, condiclara? Sim, foi clara para a mãe da Clara. Clara para ção felizmente alterada para melhor nesse mesmo mim. Clara para todos. Clara para o mundo. E eu dia 30 de setembro do ano da graça de 1846, em sou, por causa dessas duas meninas, um homem Charlestown – onde, pela primeira vez, foi feita claramente feliz.

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*Doutor em literatura brasileira, o carioca Juva Batella é autor de, entre outros livros, Confissões de um Pai Doméstico (Planeta, 2003). Pai de Alice, 8 anos, e Clara, 3, mora atualmente em Lisboa.


OS MEUS, OS SEUS E OS NOSSOS | POR HÉLIO SCHWARTSMAN*

O caminho do meio COMO EQUACIONAR OS IMPASSES COTIDIANOS ENTRE PAIS E FILHOS SEM CAIR NA CILADA DAS VERDADES ABSOLUTAS

MATRIZ E FILIAL

No passado tive um caso com um colega de trabalho casado e agora o reencontrei por acaso na escola onde minha filha, 5 anos, e a dele, 3, estudam. Na primeira vez que me viu na escola ele quase morreu de susto. Acho que ficou com medo de a nossa história vir à tona de alguma forma e eu preferi me afastar para não criar nenhum constrangimento. A questão é que nossas filhas ficaram amigas e eu costumo sair para um café ou almoço com a mulher dele, que é adorável. Devo dar corda à amizade apesar desse empecilho? Marina, arquiteta Marina, essa amizade tem cheiro de encrenca. É claro que as meninas não têm nada com isso e podem perfeita e legitimamente ser amigas. Também não é responsabilidade sua, mas dele, decidir se conta ou não à mulher o episódio de infidelidade. E nada impede que você tenha uma relação de urbanidade com ela. O problema é que uma amizade real entre vocês duas fica praticamente bloqueada porque você não poderá ser totalmente sincera com ela. Não é só. Se vocês ficam amigas e depois, por algum motivo, a história vem à tona, ela se sentirá duplamente traída.

A FASE DO TATO

Tenho uma filha de 4 anos que está na fase dos porquês e costuma fazer perguntas em voz alta que me deixam na maior saia justa. Outro dia, no parquinho, ela me perguntou: “Mamãe, por que aquela menininha usa uma sandália tão velha?”. Pedi para ela falar baixo, que eu iria explicar depois. Na mesma hora, ela retrucou com outra pergunta: “Mas por que não posso falar? É verdade. Olha, tá rasgada!”. O que fazer nessa hora? Irene, chef de cozinha Irene, alguns problemas não têm solução. O seu é um deles. A vantagem é que essa fase dura pouco. A partir dos 3 anos, crianças aprendem que tato e mentira são sinônimos. Ela logo descobrirá que é errado (ou pelo menos socialmente inconveniente) dizer sempre a verdade. O segredo é você ir pontuando, explicando qual o comportamento mais adequado. Mas cuidado para não transformar honestidade e traquejo social num absoluto. Aqui, a virtude está no meio.

SEM CONFLITO

Meu filho de 7 anos costuma entregar tudo que lhe pedem. Se ele está brincando com um brinquedo e outra criança chega e pede ou impõe que deseja aquele brinquedo, ele simplesmente entrega e busca outro. Se outra criança também pede esse brinquedo, ele entrega novamente. É assim com tudo. Como ensinar meu filho a não ser tão generoso? Marco, médico Marco, aparentemente, o menino atribui mais importância a evitar o conflito do que a estar em posse deste ou daquele objeto. Seria bom para o mundo se houvesse mais gente como ele. De toda forma, se seu filho pertence ao gênero humano, ele logo aprenderá a reagir e a brigar pelo que é seu. Se não há outros sinais de comportamento apático, não há motivos para preocupação.

*Bacharel em filosofia, Hélio Schwartsman é articulista da Folha de S.Paulo e pai dos gêmeos Ian e David, 8 anos.

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FRASE DA INFÂNCIA

Ai, que ar livre!” Débora Falabella

POR LIANA MAZER

Foto: arquivo pessoal

Até se mudar para o Rio de Janeiro, aos 20 anos, a mineira Débora Falabella, 31, morou no apartamento em que cresceu, no bairro de Lourdes, em Belo Horizonte. “Era muito gostoso, quase como morar numa casa”, lembra a atriz. Apesar de ter sido uma criança mais para tímida, Débora de vez em quando levava todos às gargalhadas com suas tiradas divertidas. Uma das mais famosas aconteceu quando tinha uns 4 anos. Na sequência de um profundo suspiro, como via os adultos fazerem, disse bem assim: “Ai, que ar livre!”. Débora se diverte com a lembrança: “Eu achava que as pessoas falavam isso, mas na verdade era ‘Ai, que alívio!’”, conta. “No fim, até que funcionava, não é?”

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A atriz, aos 6 anos, no apê onde cresceu, em Belo Horizonte



CAPA


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