6 outubro 2011 | fevereiro 2012
Nossa coleção de alto verão chega de mãos dadas com a temporada de festas
MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA O que levar quando sair de casa com os filhos
QUESTÃO DE EQUILÍBRIO É divertido viajar com as crianças de bicicleta
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EDITORIAL
CAPA Foto Rodrigo Marques, styling Letícia Toniazzo, make Jô Castro (Capa MGT), modelos Gabriel e Patrick Gomes (Boneca de Pano).
Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Presidente Giuliano Donini Diretor executivo Jair Pasquali Coordenação e consultoria de relacionamento Rafaela Donini www.lilicaetigor.com
A aventura de ser
Lilica e Tigor m exercício que fazemos aqui, entre a nossa equipe de criação, a partir das viagens de pesquisa que fazemos pelo Brasil e pelo mundo afora, é tentar identificar o jeito que as crianças veem o mundo e incorporam as marcas Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre. Sabemos que elas gostam de cores alegres e estampas cheias de personalidade, que as meninas, por exemplo, não abrem mão dos vestidos e que os meninos adoram as bermudas. Mas sabemos também que isso não é tudo. E que o estilo é resultado de um conjunto de fatores menos tangíveis, como os sonhos e os desejos. Em nossos bate-papos sempre há espaço para perguntas como “que músicas eles estão gostando de ouvir?” ou “que histórias têm colocado a imaginação para funcionar?”. Mergulhar no mundo dessa criança contemporânea e tentar traduzir suas aspirações a cada coleção é para nós, sem dúvida, um desafio e uma aventura. Nesta edição você vai perceber que os editoriais de moda refletem essa diversidade que em boa parte dita não só o ritmo delas mas também das relações familiares: a turma de Lilica&Tigor vai da farra na piscina às comemorações de fim de ano sem perder o pique do verão que está chegando. Essa versatilidade, claro, não está restrita à moda, como você vai descobrir nas próximas páginas. As novas configurações das famílias estão em “Tem pai que é mãe”, reportagem com histórias de homens que, sem deixar de trabalhar, assumiram mais os cuidados dos filhos enquanto as mulheres vão à luta no mercado profissional. Em “Manual de sobrevivência para pais e filhos” reunimos dicas analógicas e digitais, do lápis e papel ao tablet, para entreter as crianças em programas de adultos e, por que não, os adultos em programas de crianças. Múltiplos pontos de vista também estão na matéria “A cidade das crianças (e de todo mundo)”, em que três casais de arquitetos sugerem formas de como tornar os centros urbanos lugares mais acolhedores. São histórias que compartilham do frescor e do alto-astral da nossa nova coleção de alto verão, nas lojas de todo o país em outubro.
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Um beijo, Rafaela Donini e equipe Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre
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LILICA&TIGOR | Editor Paulo Lima Diretor editorial Fernando Luna Diretora de criação Ciça Pinheiro Diretora de criação adjunta Micheline Alves Diretora de gestão e novos negócios Adriana Naves Diretor financeiro Renato B. Zuccari Diretor de núcleo Tato Coutinho Conselho editorial Giuliano Donini, Jair Pasquali, Rafaela Donini, José Henrique Falbo, Graziela Della Giustina e Rodrigo Branco (Marisol); Paulo Lima, Fernando Luna, Carlos Sarli e Ciça Pinheiro (Trip) Diretora de redação Ana Paula Orlandi Projeto gráfico Paula Carvalho e Ciça Pinheiro Direção de arte Paula Carvalho Produtora executiva Renata Campos Pesquisa de imagens Coordenação Aldrin Ferraz Pesquisador Fernando Cambetas Assistente Daniel Andrade Assistente de pesquisa trainee Juliana Almeida Estagiários Carolina Nakamura e Flavio Pereira Revisão Coordenação Daniela Lima Revisoras Cristiane Garcia, Ecila Cianni e Janaína Mello Produção gráfica Walmir Graciano Produtora gráfica Mariana Pinheiro Produtora gráfica júnior Jessica Sasaki Assistente de tráfego comercial Carolina Velloso Tratamento de Imagens Roberto Oliveira e Roberto Longatto Inteligência e Planejamento Monica Yamamoto Departamento comercial Diretor comercial Rogério Rocha Diretor comercial adjunto Heitor Pontes Gerente de contas Kiki Pupo Executivos de contas Claudia Atala, Fernanda Costa, Marcelo Lourenço, Paulo Paiva, Andrea de Ulhoa, Lilian Ribeiro e Luciana Calderaro Assistente comercial Nathalia Rodrigues Analista de marketing Samara Ramos e Nancy Minervini Assistente de arte Danusa de Freitas Assistente de marketing Priscila Queiroz Estagiária Juliana Verginelli Projetos especiais e eventos Diretora Ana Paula Wheba Assistente Pedro Toledo Editora de arte Camila Fank Assistente de arte Renata Vieira Trade e logística Diretora Daniela Basile Gerente de logística Adriano Birello Gerente de assinaturas Viviani Rahal Analista de trade Thais Meneghello Assistente de trade Fabio Pinheiro Assistente de assinaturas Bruna Costa Assistente de circulação Aline Trida Assistente de logística trainee Caio Chagas Projetos digitais Diretor de projetos Jan Cabral jancabral@trip.com.br Diretor de arte Beto Macedo betomacedo@trip.com.br Colaboraram nesta edição Editor André Viana Editora assistente Liana Mazer Texto Alexandre Rodrigues, Eduardo Nunomura, Fernando Serapião, Flávia Pegorin, Melissa Crocetti Editoras de arte Kiki Saraiva e Mariana Bernd Produtoras Amanda Berndt, Beatriz Scavazzini e Heloísa Siqueira Stylist Letícia Toniazzo Fotografia Cecilia Macedo, Carol Sachs, Chema Llanos, Deco Cury, Douglas Garcia, Kiko Ferrite, Marcelo Naddeo, Marcos Vilas Boas, Marcus Desimoni, Nino Andrés, Ricardo Toscani, Rodrigo Marques e Xico Buny Ilustração Adriana Alves, Arthur Carvalho, Juliana Russo e Maria Valentina Tratamento de imagem Regis Panato/Photouch e Walter Moreno/Factory Retouch Cabelo e maquiagem Bruno Miranda (Capa MGT), Jô Castro (Capa MGT) e Omar Bergea Produtora de objetos Paola Abiko Colunistas Benny Novak, Clarice Reichstul, Helio Schwartsman, Juva Batella, Marcello Araújo, Maria Ercilia Galvão Bueno, Odilon Moraes, Ricardo Calil e Taciana Barros
Impressão Ibep Gráfica LILICA&TIGOR é uma publicação da Trip Editora e Propaganda S/A, sob licença da Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Redação e publicidade: caixa postal 11485-5, CEP 05422-970, São Paulo, SP. Tel.: (11) 2244-8786/8797. www.tripeditora.com.br
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COLABORADORES
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1 FERNANDO SERAPIÃ O Arquiteto e editor da revista especializada em arquitetura Monolito. Escreveu a matéria “A cidade das crianças (e de todo mundo)”. “Na infância meu livro predileto era Flicts, de Ziraldo.”
6 FLÁVIA PEGORIN Jornalista paulista. É dela a matéria “Manual de sobrevivência para pais e filhos”. “Minha brincadeira favorita era patinar e andar de bicicleta”, diz.
2 MARCOS VILAS BO AS Fotógrafo paulistano. Clicou o ensaio de moda na piscina. “Na infância eu adorava livros científicos sobre animais e atlas geográficos”, recorda.
7 ALEXANDRE RODRIGUES
3 CHEMA LLANOS Fotógrafo paraguaio, cresceu na Espanha e vive em São Paulo. Clicou a matéria “Manual de sobrevivência para pais e filhos”. “Eu gostava de brincar de esconde-esconde”, conta.
8 ANA PAULA GUERRA Publicitária paulistana que migrou para o jornalismo. Para nós, escreveu a seção Conexões. “Meu livro favorito na infância era O menino do dedo verde.”
4 CAROL SA CHS
9 ARTHUR CARV ALHO Desenhista paranaense, mora em São Paulo. Ilustrou os títulos de Playground e das matérias de comportamento. “Gostava de brincar de forte apache, andar no cavalo Petisco e jogar snooker.”
Fotógrafa curitibana, vive entre São Paulo e Londres. Fez retratos para a matéria “Tem pai que é mãe”. “Quando criança adorava ler a coleção Mafalda, de Quino.” 5 MELISSA CROCETTI Jornalista curitibana que vive em São Paulo. Aqui, fez a Enquete. “Na infância adorava me perder no quintal da minha avó”, conta.
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Jornalista e escritor gaúcho, mora em São Paulo. É dele a matéria “Alma infantil”. “Gostava do livro Os meninos da rua Paulo, de Ferenc Molnár”, fala.
10 ADRIANA AL VES Ilustradora paulistana formada em arquitetura. Para nós, fez os desenhos da matéria “A cidade das crianças (e de todo mundo)”. “Minha brincadeira favorita era fazer comidinha”, lembra.
Fazendo arte Teresa, 4 anos, nasceu no Rio de Janeiro, mas mora em São Paulo. Seus desenhos ilustram algumas páginas desta edição. “Gosto de fazer arte com lixo reciclado e brincar com minha irmã mais nova”, conta.
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PRATELEIRA
PLAYGROUND Literatura, cinema, música, arte, museus, mundo digital, moda, gastronomia, viagem, decoração, bichos, cultura de rua, brincadeiras, comportamento, memória. Criança tem assunto que não acaba mais. Nossos colunistas estão de olho em tudo.
por Taciana Barros
Música
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Descobrindo os Secos & Molhados
por Benny Novak
Comida
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O prazer de cozinhar na melhor companhia
Mundo digital
por Maria Ercília
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Educação não devia ser ferramenta de controle
Cinema
por Ricardo Calil
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O universo mágico do francês Michel Ocelot
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Livros
por Odilon Moraes
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Livros que não ensinam são para sempre
Estilo
por Clarice Reichstul
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A obsessão por um certo carro vermelho
ENQUETE O que você quer que aconteça no ano que vem?
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Ganhar um irmãozinho, que chegue logo o verão, viajar para Fortaleza. É, tem gente querendo muita coisa...
CONEXÕES Amizade de escola
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Mães e filhos vivem uma amizade intensa graças às atividades de uma escola antroposófica em São Paulo
DECORA ÇÃO Uma casa para brincar
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Naves espaciais, miniaturas e bonecos de Lego decoram um dúplex em São Paulo
VIAGEM Questão de equilíbrio
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A bicicleta é um meio divertido de viajar com as crianças
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MODA Tendências
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Praia
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Super-herói
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Nova onda
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Piscina
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Festa
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52 Assim é nosso alto verão: divertido, leve e com muita liberdade
“Qualquer homem pode ser uma boa mãe, desde que ele não fique com a sensação de que deixou de lado a própria vida e está se sacrificando pelos filhos. Se, ao contrário, esse pai encara a situação como o que ele realmente quer, que vá em frente” CONTARDO CALLIGARIS, PSICANALISTA
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COMPORT AMENTO Pais & filhos TEM PAI QUE É MÃE Cresce o número de famílias em que a mulher vai à luta enquanto o pai fica com as crianças
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Urbanismo A CIDADE DAS CRIANÇAS Casais de arquitetos mostram como fazer dos centros urbanos lugares mais lúdicos
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Lazer MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA PARA PAIS E FILHOS Na hora de sair de casa, o
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que levar para entreter as crianças?
Literatura ALMA INFANTIL Autores infantis contam
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de onde vem a inspiração para escrever para as crianças
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COLUNAS Olho mágico As crianças ensinam que certo ou errado é uma questão de ponto de vista
O pai doméstico
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Um dia, todo pai de menina vai ter de lidar com o ciúme que sente dela
Frase da infância
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Sarah Oliveira: “Quem vai me dar uma entrevista hoje?”
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Os meus, os seus e os nossos
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Quando a vida dos outros interfere no cotidiano da nossa família
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TÍTULO ARTHUR CARVALHO
BRINQUEDO VINTAGE Construído na década de 1930, este carro de brinquedo foi encontrado recentemente por João Livoti, dono da loja curitibana Desmobilia, em um sótão de uma casa em Santa Felicidade, bairro de imigração italiana na capital paranaense. Agora com status de peça de decoração, o pedal car sai por R$ 2.600 na Desmobilia, tel. 0800-0520777, com endereços em Curitiba e São Paulo.
ESCALA REDUZIDA Chrysler Building (acima), o célebre arranha-céu erguido em Nova York na década de 1930, é um dos 46 clássicos da arquitetura que integram a coleção de quebra-cabeças em 3-D da marca Cubic Fun. Feito de papelão e sem necessidade de cola, pode ser montado por crianças acima de 5 anos. Custa R$ 35 (sem o frete) no site da HTC Modelismo (www.htc.com.br), que entrega em todo o Brasil.
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As frases em destaque neste Playground são do livro Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos da cidade (editora Peirópolis), de Selma Maria, com ilustrações de Nina Anderson
Fotos: maquete Chrysler Building, Xico Buny; vista de Nova York, Everett Collection / Keystock; carrinho, divulgação
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NA CABEÇA No início do ano a artista plástica mineira Selma Andrade visitou Amsterdã e voltou para o Brasil encantada com os itens de design que viu por lá. Inspirada por essa ideia, ela criou em Belo Horizonte a loja virtual Neat-o, que vende peças da Holanda e também criações brasileiras, caso do cabideiro de acrílico ao lado feito pelo artista Renato ABS. Vale R$ 40 e pode ser encomendado no endereço www.neato-store.com, que entrega em todo o Brasil.
“Chupeta é um disco voador que voa feliz no céu da boca”*
PEÇA A PEÇA Misto de Lego e Meccano, o robô dinossauro Ollo – Kids Robotic Action Kid vem com 250 peças para montar e funciona a pilha. Para crianças acima de 8 anos. Vale US$ 29,90 (sem o frete) no site norte-americano Think Geek (www.thinkgeek.com), que entrega no Brasil.
Fotos: cabide e robô, divulgação; retrato Julia, Ana Orlandi; exposição, Daniel Andrade / DNA Fotografia
Tô dentro! As crianças vibram com a enorme escultura criada pelo tcheco Point, um dos oito artistas estrangeiros que participam da mostra “De dentro e de fora”, em cartaz no Masp. Isso porque a obra reproduz em letras gigantes o nome de Point – no interior da letra “o” fica uma piscina de bolinhas que acolhe gente de todas as idades. Com curadoria da galeria Choque Cultural, a exposição é a versão internacional da mostra “De dentro para fora/De fora para dentro”, que em 2009 e 2010 atraiu mais de 140 mil visitantes ao museu paulistano com trabalhos de nomes brasileiros da street art. “De dentro e de fora” fica em cartaz até o dia 23 de dezembro no Masp, avenida Paulista, 1.578, São Paulo; www.masp.art.br. Ingressos: R$ 15 e R$ 7 (estudante). Entrada franca: crianças até 10 anos e acima de 60 anos. “Eu gostei de brincar na piscina de bolinhas com minhas amigas porque todo mundo brincou junto e bastante. Nas esculturas de madeira deu pra tocar um xilofone lá dentro do triângulo e ficava uma música bonita. A sala escura é muito legal, dá para apertar os botões e aparece um diamante na parede.” Júlia Beccari Ferreira , 6 anos (acima no detalhe)
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PLAYGROUND
Música SINFONIA DE BALÕES
Ponto pro Ney!
Ao ser despertado às três da manhã com o chamado para a reza muçulmana numa cidade da Tunísia, o artista britânico Luke Jerram teve um insight: levar música às pessoas durante o sono. “Eu queria despertar a curiosidade dos que estivessem acordados e inspirar os sonhos e a imaginação dos que estivessem dormindo”, conta. A visão de um balão no céu era o que faltava para completar o projeto, que se tornaria realidade em 2003, em Bristol, na Inglaterra. A Sky Orchestra, como foi batizada, é composta de sete balões, cada um deles equipado com dois amplificadores de som. A trilha sonora, a cargo do compositor britânico Dan Jones, foi criada para que cada caixa emita um som diferente, o que daria justamente a impressão de uma orquestra. Os vídeos desses concertos aéreos podem ser vistos no site www.skyorchestra.co.uk.
Desta vez é minha filha quem vai contar uma história. Ela é pequena, mas eu não quis corrigir nada da redação. “Eu, Luzia Barros, 10 anos, de cara já adorei a música ‘Sangue latino’ pela primeira vez que ouvi, quando estava no carro a caminho de minha escola. Primeiro achei que era uma mulher cantando, depois minha mãe me disse que era um homem cantando a música, o Ney Matogrosso. Fiquei contando o tempo da música e descobri que era quatro por quatro, depois fiquei acompanhando o pandeiro que bate uma vez no terceiro compasso e outra no terceiro e no quarto, a voz do Ney é prolongada em algumas partes da música, exemplo: ‘Jurei mentiras e sigo sozinhoooo/assumo os pecadooo ô ô ô ôôs etc’. Cheguei em casa muito animada para ouvir essa música de novo pois fiquei com ela na cabeça a escola inteira, mas ainda tinha que tomar banho, jantar etc. Minha mãe chegou do trabalho e logo fui pedindo para ouvir essa ‘tal’ música, então vi no YouTube o clipe: 1973 – Secos & Molhados – Sangue latino e o outro que é um show ao vivo na TV: Secos & Molhados – Sangue latino + O vira, que tem a música ‘Vira’ também, mas o que mais me impressionou foi a voz e a cara toda maquiada dele e como ele dança, parece dança do ventre. Se você tem filhos ou você é uma criança ou um adulto eu recomendo você ouvir essa música, porque a letra é bonita e ele canta bem.”
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FEITO PASSARINHO Tudo começou há três anos, no dia em que a professora de artes Adriana Trujillo resolveu convidar antigos colegas de faculdade para um encontro em sua casa. Um deles, Pedro Paulo Salles, professor e pesquisador do Departamento de Música da ECA-USP, especialista em educação musical e etnomusicologia, chegou munido de violão. A filha da anfitriã, Julia Stange, então com 9 anos, não se fez de rogada: pegou sua flauta e entrou na roda dos adultos. A sintonia musical entre Pedro Paulo e Julia deu tão certo que pouco tempo depois ele a convidou para apresentar ao seu lado um programa musical de rádio para crianças. Nascia o Assobio 49, que vai ao ar no primeiro e no terceiro domingo do mês às 8h30 pela rádio USP (93,7 ou pelo site www.radio. usp.br). Devidamente sentada em sua mesa de gravação, Julia canta, toca flauta e conta histórias, tendo
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sempre como ponto de partida uma música, um compositor, um instrumento ou até mesmo um desenho animado. Hoje com 12 anos e cursando o sétimo ano, ela revela que geralmente chega ao estúdio sem conhecer o roteiro, que lê na hora, junto com Pedro Paulo. O resto é improviso da dupla. “Eu me divirto muito quando gravo e gosto de improvisar porque sai mais natural”, ela diz.
Taciana Barros é integrante da banda Pequeno Cidadão em parceria com Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e Antonio Pinto. É mãe de Daniel, 23 anos, e Luzia, 10
Fotos: balão, Thierry Grobet / Divulgação; Julia, Carlos Cecconello / Folhapress; retrato da colunista, arquivo pessoal.
TACIANA BARROS , AOS 3 ANOS
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SEM GAMES OU TELEVISÃO
Filhas do navegador Amir Klink e da fotógrafa Marina Bandeira Klink, Marina, 10 anos, e as gêmeas Laura e Tamara, 13, acompanharam os pais em cinco expedições ao continente antártico. “A música sempre foi nossa grande companheira”, contam as irmãs. Abaixo, elas elegem as cinco canções favoritas.
1 “WHAT’S MY NAME” RIHANNA 2 “TALKING TO THE MOON” BRUNO MARS 3 “THE TIME” BLACK EYED PEAS 4 “PRICE TAG” FEAT BOB 5 “DO LADO DE CÁ” CHIMARRUTS
Para todos Quando criaram a Móbiles e outras manufaturas em 1998, as arquitetas Priscila Canhedo e Eliane Coelho queriam fazer móbiles para todas as faixas etárias e não apenas para crianças. “No Brasil não existiam opções para adultos na época, era um item muito associado a quarto de bebê”, conta Priscila. “E os móbiles são acessórios ótimos para decorar a casa inteira e, de quebra, têm movimento.” É o caso do móbile acima, que reproduz o submarino amarelo, dos Beatles, à venda no site Supersoniko (www.supersoniko.com.br) por R$ 50. “É um clássico que agrada a todas as idades”, diz Priscila.
“Barulho é um embrulho que chega sem a gente pedir”
O iluminado
Fotos: divulgação
Conhecido como “o mágico da iluminação”, o norte-americano Marcus Tremonto cria obras de arte não com tinta e pincel, mas com luz, “o melhor instrumento para criar emoção”, segundo ele. De Nova York, onde comanda o estúdio Treluce (www.treluce.com) ao lado da mulher, o artista conta um pouco mais sobre seu trabalho.
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Por que suas obras agradam tanto as crianças? Porque eu ainda sou uma. Uma das minhas frases de efeito favoritas é “Nunca perca a inocência da infância”. É fantástico ver crianças em contato com meus trabalhos porque elas têm uma grande capacidade de se deixar impressionar.
Você fez uma série de trabalhos com o boneco Munny, da marca de toyart Kidrobot. Como isso aconteceu? Eu moro em Nova York, perto da loja deles. Um dia, comprei um dos robôs e criei o Mr. U.N.T. (Urban Non-Terrestrial, ou Urbano Não Terrestre). Ele ficou guardado no estúdio durante uns três anos e sempre que alguém o via comentava que eu devia fazer alguma coisa com aquilo. Então falei com o pessoal da Kidrobot e assim surgiu a série chamada “Lightbotz”. Cada um deles tem uma história. São super-heróis órfãos alienígenas. (Ao lado, o modelo DJ Nomis, à venda no site www.lightbotz.com.)
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PLAYGROUND
BENNY NO VAK, AOS 5 ANOS
Este kit com quatro pratos de melamina promete deixar a hora da refeição mais divertida. É da marca norte-americana French Bull, conhecida pelos itens coloridos bolados pela proprietária, a designer Jackie Shapiro. Vale R$ 79 na loja virtual MO.D (www. lojamod.com.br), que entrega em todo o Brasil.
A cozinha maravilhosa de Juju
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Há dois anos a paulistana Julia Veloso, 7 anos, está à frente do blog Chef Juju (www.chefjuju. blogspot.com), onde compartilha receitas e fala sobre comida. Ela conversou com a revista LILICA&TIGOR de San Francisco (EUA), onde mora há três meses por conta da transferência do pai, que trabalha no site de vídeos YouTube. L&T Lugar de criança é na cozinha? Julia Eu sempre fiquei na cozinha vendo a minha mãe cozinhar desde que era bebê. Ela sempre me dava alguma coisa pra ajudar. Aí comecei a querer fazer umas coisas mais difíceis e também a tentar cozinhar sozinha. Mas a minha mãe só me deixa ligar o fogão e mexer com faca quando ela está bem pertinho. Nunca me cortei, mas já queimei a pontinha do dedo uma vez! Você poderia indicar uma receita perfeita para o verão? Claro! Anote aí:
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FROZEN IOGURTE COM MANGA INGREDIENTES 2 COPOS DE IOGURTE NATURAL 1 PACOTE DE GELATINA EM PÓ DE ABACAXI 1 MANGA MADURA CORTADA EM PEDACINHOS COMO FAZ Deixe os dois copos de iogurte no congelador até ficar bem firme. Enquanto isso prepare a gelatina e deixe na geladeira. Depois bata o iogurte, a gelatina e metade da manga no liquidificador. Por último coloque o resto da manga por cima para enfeitar. É muito refrescante!
A melhor companhia Cozinhar é um dos grandes prazeres da minha vida. Mas esse ato fica ainda melhor quando minha filha Sofia resolve me ajudar. Desde muito pequena, ela já demonstrava aptidão para a culinária. Sempre se interessou em saber a origem dos alimentos, qual a diferença de sabores entre alimento cru e cozido e a importância de cada tempero. Em casa, ela adora preparar saladas para toda a família. Os ingredientes costumam ser ovos cozidos, tomates, pepino, alface e cebola, que ela mesma faz questão de picar. É uma grande alegria para ela ver que todos comem o que ela prepara. E, para mim, ver que ela, além de gostar, leva jeito para a coisa. Quando estamos na nossa casa de campo preparando churrasco, Sofia sempre puxa um banquinho e se coloca perto da grelha para acompanhar a movimentação das carnes na churrasqueira. Ela pergunta tudo: “Quanto tempo a carne precisa para ficar pronta?”, “por que a cebola precisa estar envolta no papel alumínio?”, “por que escorre tanto sangue?” etc. E eu adoro explicar. Sinto um prazer enorme em ensinar e ter minha princesa como ajudante. Além de cozinhar, ela adora decorar os pratos, colocando um limão num canto, um alecrim em outro e, no fim, abrindo um sorriso daqueles com o resultado final.
Pai de Sofia, 8 anos, Fernando, 6, e dos gêmeos André e Gabriel, 2 anos, o chef Benny Novak é dono do Ici Bistrô e de outros restaurantes em São Paulo
Fotos: pratos, divulgação; chef Juju e retrato do colunista, arquivo pessoal
QUARTETO FANTÁSTICO
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PRINCESA ROCK’ N’ ROLL DEPOIS DE SER MÃE, A ATRIZ CAMILA PITANGA TROCOU OS VESTIDOS PELAS CALÇAS PARA ACOMPANHAR O PIQUE DA FILHA, ANTÔNIA POR LIANA MAZER FOTO KIKO FERRITE
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em bem terminou a novela Insensato coração, da Rede Globo, a atriz Camila Pitanga vai estar em breve no filme Eu receberia as piores notícias dos teus lindos lábios, baseado no livro homônimo de Marçal Aquino e dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca, e na peça Lá fora chove sempre, com texto de Gero Camilo. Além disso, ela fotografou recentemente a campanha de Natal de Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, a terceira que faz para as marcas neste ano. Entre a agenda profissional atribulada e os cuidados com a filha, Antônia, 3 anos, Camila diz que hoje sobra pouco tempo para montar o figurino do dia a dia, em que opta sempre por roupas práticas e versáteis, como o jeans. Isso contra a preferência de Antônia, que adora ver a mãe usando vestidos, como as princesas. LILICA&TIGOR bateu o papo a seguir com a atriz sobre estilo e maternidade. Como você define seu estilo? Meu estilo depende muito da ocasião, mas no dia a dia sou mais prática, principalmente depois que eu me tornei mãe. De que maneira a maternidade mudou seu jeito de se vestir? Sempre fui a moça do vestido, mas acho que mãe precisa de agilidade, praticidade. Por isso passei a usar calça, camiseta, que nunca foi o meu estilo, não. Tem a ver com a questão de ter de pegar a criança no colo, pegar a bolsa... E acho que o fato de eu ter cortado o cabelo também ajudou. O corte de cabelo influencia o estilo? Muito. Sempre fui mais retrô e o cabelo me fez ir para um lado mais rock’ n’ roll, botas, camisetas. Mas eu tenho o meu lado feminino, gosto de me arrumar. Mantenho o gosto pelo vestido e, em ocasiões especiais, adoro “ficar de menina”.
“Eu acho que mãe precisa de agilidade e praticidade”
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Você gostava de brincar com as roupas da sua mãe (a ex-modelo Vera Manhães) quando era criança? Não. Eu era mais moleca, bem descontraída e descompromissada com essa questão da roupa. A feminilidade, a vaidade, eu descobri bem depois. E sua filha, Antônia, curte roupas? Ela é megavaidosa. Com 3 anos escolhe o que vai usar e o que não vai usar. Ela se apaixona pelas roupas e só quer vestir aquelas. Teve uma blusinha que eu tive que esconder, para ver se ela esquecia um pouco [risos]. Eu tenho isso com música, se eu gosto de uma, ouço 20 vezes em looping. Você acha que influencia o estilo dela? Um pouco. Ela, como eu, adora vestidos. Só que ela gosta de longos, uma coisa meio campestre. Ela ama quando uso vestido, viro a princesa. Ela diz: “Mãe, você está linda!”.
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Mundo digital “Arranha-céu é um edifício que gosta de brincar com miniaturas” MARIA ERCÍLIA , AOS 7 ANOS
Aos poucos, as editoras brasileiras começam a ingressar no mundo interativo dos iPads. Conheça as primeiras publicações infantis nacionais já disponíveis para download na App Store.
Turma do infinito Autor: Raí Ilustrações: Jan Limpens Editora: Cosac Naify Preço: grátis (a primeira versão) A partir dos 6 anos
Quem soltou o Pum? Autor: Blandina Franco Ilustrações: José Carlos Lollo Editora: Companhia das Letrinhas Preço: US$ 8,99 De 4 a 7 anos
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Meu tio lobisomem – Uma história verídica Texto e ilustrações: Manu Maltez Editora: Peirópolis Preço: US$ 2,99 A partir dos 9 anos
As grandes histórias do Menino Maluquinho – O cara legal Texto e ilustrações: Ziraldo Alves Pinto Editora: Globo Preço: US$ 9,90 A partir dos 7 anos
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Além dos muros Fiquei impressionada com uma reportagem da revista Fast Company sobre o gao kao, o vestibular chinês. Milhões de jovens na escola das sete e meia da manhã às cinco da tarde, de segunda a sábado. Chegam em casa e estudam mais 5 horas. Sem tempo para brincar, namorar, pensar, inventar. “O gao kao recompensa certo tipo de estudante: memória muito boa, capacidade lógica e analítica muito boa; pouca imaginação, pouco desejo de questionar a autoridade”, diz um dos entrevistados. Essa energia brutal investida num conhecimento tão padronizado parece um arcaísmo no mundo em fluxo em que estamos vivendo. Na maior parte do mundo os meninos da idade desses chineses têm estímulos demais. Aprendem muito mais fora da escola do que nela. Jogam games antes de escrever e escrevem no computador antes de pegar num lápis. E os pais ocidentais tentando entender o quanto vigiar o MSN e o Facebook... Penso nos meninos de azul e branco queimando os olhos nos livros, tão disciplinados, tão cedo. E ainda prefiro os nossos problemas. Vamos errar bastante e botar a culpa nos tempos, dizer que o mundo tá perdido, que essas crianças não sabem de nada e não saem do celular. Melhor assim. Porque educação não devia ser ferramenta de controle. Nunca. Ensino não é castigo, e aprender não devia doer. Não tanto.
Maria Ercília Galvão Bueno passou a infância com o nariz nos livros, os 20 enfiada num jornal e depois dos 30 se afundou na internet. É mãe de Theodoro, 5 anos
Fotos: Ipad, divulgação; retrato da colunista, arquivo pessoal
NA PONTA DO DEDO
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CLUB PENGUIM
BRINCADEIRAS EM REDE
Fotos: divulgação
Crianças, como é de se esperar, adoram conversar pela internet. Felizmente, já existem opções de redes sociais seguras e divertidas. Uma delas é a estrangeira Club Penguin (existe uma versão em português) e a outra é a brasileira Migux. Nelas, a interação acontece por meio de avatares e os diálogos são todos filtrados e gravados. Foi justamente o impasse entre a vontade de seus filhos de participarem das redes sociais e a preocupação com a segurança que levou a jornalista paulistana Anna Valenzuela a criar o Migux: “De um modo geral, não havia nada bacana e seguro para a geração digital que estava pintando por aí”, ela afirma. Essa rede social, que tem
MIGUX o fundo do mar como tema, foi ao ar pela primeira vez há três anos e já conta com 3 milhões de membros. “O que as crianças mais gostam de fazer é de desenhar e compartilhar suas obras, assistir aos desenhos animados e inventar histórias”, conta Anna, que ainda lembra da emoção ao ler os primeiros comentários de crianças satisfeitas e agradecidas. Tanto no Migux quanto no Club Penguin, criar seu próprio avatar é grátis, mas assinantes têm acesso especial. Para saber mais: clubpenguin.com/pt e migux.uol.com.br.
Tintim no país dos games
CICLISMO CONSCIENTE
Um dos personagens mais cultuados das histórias em quadrinhos finalmente vai entrar para o mundo dos games. Em As aventuras de Tintim – O jogo, o intrépido repórter belga enfrenta malfeitores e desvenda mistérios para encontrar um tesouro escondido num navio submerso. Com imagens que mais parecem desenho animado, o jogo foi criado em colaboração com a equipe do filme The Adventures of Tintin – The Secret of the Unicorn, dirigido e produzido por Steven Spielberg. Ainda sem preço definido, as versões para Xbox360 e Ps3, à venda a partir de dezembro, terão legendas em português.
Enquanto ensinava seu filho João Pedro, 8 anos, a pedalar, Ricardo Arap, dono e treinador da Race Consultoria Esportiva, teve uma ideia: ensinar aos pequenos ciclistas as regras de trânsito. Criou então o Race Bike Kids. Nesse treino de ciclismo infantil, as crianças aprendem a andar em diferentes terrenos, fazer melhor as curvas e, principalmente, a respeitar os pedestres, movimentar-se corretamente nas ciclofaixas e a ler a placas de trânsito. Os treinos acontecem todos os sábados de manhã no bolsão da Politécnica na Universidade de São Paulo (USP). Custa R$ 80 por mês. Inscrições pelo tel. (11) 5184-1003.
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PLAYGROUND
Cinema RICARDO CALIL , AOS 2 ANOS
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O cineasta Alê Abreu, que assinou a coluna ao lado nas cinco primeiras edições, passa agora o bastão para Ricardo Calil por um bom motivo. Autor do longa Garoto cósmico (2007), Alê está imerso na produção de seu segundo filme de animação, Cuca no jardim, com estreia prevista para 2013. Na história, o garoto Cuca parte de trem em busca do pai, que saiu de casa. O projeto rendeu uma exposição interativa que fica em cartaz no Cinesesc (tel. 11 3087-0501, São Paulo) até o dia 30 de outubro.
“Lombada é uma parte da rua que ficou barriguda?”
Fábulas do mundo Vamos combinar: as crianças de hoje estão muito mais bem servidas de desenhos animados do que as de gerações passadas. Além de ainda terem os clássicos à disposição, elas podem aproveitar a fase de ouro da animação digital em Hollywood – de séries como Toy Story, Shrek e outras –, e também conhecer o trabalho artesanal de mestres como Michel Ocelot, brilhante animador francês de 68 anos, que merece ser mais conhecido aqui no Brasil. Ele gosta de trabalhar com vários tipos de técnica – da animação manual à digital, das colagens às silhuetas, sempre com resultados impressionantes – e de recontar fábulas de diferentes países, talvez uma herança da infância passada na África. Seus trabalhos mais famosos são Kirikou e a feiticeira (1998) e Kirikou e os animais selvagens (2005), protagonizados por um esperto garotinho africano. E ele fez ainda Príncipes e princesas (2000), reunião de histórias de amor passadas em várias épocas e lugares, e As aventuras de Azur e Asmar (2006), que mostra a relação entre um jovem europeu e outro muçulmano. Os filmes de Ocelot são uma ótima maneira de conhecer outras culturas e tipos de desenho – ou seja, de variar um pouco o cardápio em relação à animação digital hollywoodiana. Ah, sim: todos os filmes citados aqui já saíram em DVD no Brasil.
CORES E FORMAS Formas gráficas e cores fortes fizeram a fama das criações do premiado estúdio alemão Remember, a exemplo do quebra-cabeça Sign (acima). Com 500 peças, custa R$ 155 (sem o frete) na loja virtual Rocambole Design (www.lojarocambole.com.br), que entrega em todo o Brasil.
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Pai de Teresa, 4, e Julieta, 2, Ricardo Calil é diretor de redação da revista Trip e crítico de cinema da Folha de S.Paulo
Fotos: divulgação; retrato do colunista, arquivo pessoal
A HISTÓRIA DE CUCA
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Mistura fina
DONA DE UM ESTILO CASUAL CHIQUE, A BANQUETEIRA ANINHA GONZALES DRIBLA A FALTA DE TEMPO PARA COMPOR O CLOSET COM PEÇAS CORINGAS E CHEIAS DE PERSONALIDADE POR LIANA MAZER FOTO CLAUS LEHMANN
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Aninha Gonzales em seu closet com os filhos Olívia, 3 anos, e Pedro, 5
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ão espere ver a banqueteira paulistana Aninha Gonzales com um visual “supersexy” ou “fashion”. Sua maneira de vestir pode ser descrita como casual chique, mais a ver com as sofisticadas delícias que serve em algumas das mais badaladas festas de São Paulo. Com a agenda lotada de eventos (Aninha coleciona clientes como BMW e shopping Iguatemi) e dois filhos pequenos, ela tem pouco tempo para comprar roupas e acessórios. “Por isso, sempre escolho peças coringas sem abrir mão da personalidade”, conta Aninha, que passou pela cozinha de restaurantes como Fasano, em São Paulo, antes de abrir seu bufê há 12 anos. É o caso do vestido romântico de Isabella Giobbi (2), do cinto colorido de Isabela Capeto (1), da bolsa da marca espanhola Lupo trazida de uma viagem a Paris (4) ou dos sapatos cintilantes comprados em Nova York (5). “Estes eu quero que durem para sempre”, diz a respeito dos calçados. Além de peças pinçadas em lojas, no closet de Aninha sempre há espaço para itens repletos de afetividade, a exemplo da capa de vison (3) feita pela mãe. “É muito chique”, comenta.
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PLAYGROUND
Parada de sucessos CONFIRA OS ITENS DA NOVA COLEÇÃO DE VERÃO QUE CAÍRAM NO GOSTO DE QUEM CIRCULA PELAS LOJAS LILICA&TIGOR FOTOS DECO CURY
Tomas Piazzi, 2 anos, camiseta (R$ 69,90), calça (R$ 149,90) e papete (R$ 124,90)
Daniella Godflus, 9 anos, camiseta (R$ 49,90), short (R$ 139,90) e sapatilha (R$ 144,90)
Produção: Amanda Berndt. Agradecimento: loja LILICA&TIGOR, shopping Higienópolis (11 3823.3737)
Isabela Barbosa, 3 anos, macaquinho (R$ 154,90) e sandália (R$ 169,90)
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Gabriel Piazzi, 5 anos, camiseta (R$ 49,90), bermuda (R$ 169,90) e sandália (R$ 119,90)
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Liat Cohen, 5 anos, blusa (R$ 79,90), calça (R$ 169,90) e sapatilha (R$ 144,90)
Pedro Vecchi, 2 anos, camiseta (R$ 44,90), calça (R$ 149,90), cinto (R$ 49,90) e papete (R$ 124,90)
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Livros Ao lado, Carolina com dona Cici, colaboradora de Pierre Verger. Acima, o novo livro da autora
ODILON MORAES, AOS 8 ANOS
Fotos: Carolina, arquivo pessoal; ; livro, Xico Bunny; Luiza, Eduardo Delfim, retrato do colunista, arquivo pessoal
Livros que ensinam Que tal pensarmos em livros sem dividilos entre os endereçados às crianças e os endereçados aos adultos, mas separando-os em dois outros conjuntos: o dos livros que ensinam e o dos livros que não ensinam. Costumamos associar a qualidade em livros infantis ao seu conteúdo educativo. Livros bons para crianças seriam livros que ensinam coisas. Se pensarmos em livros para adultos por essa mesma ótica, veremos que nem sempre fazemos essa associação. Por que então a fazemos com as crianças? Não haveria uma boa literatura que não pretendesse ensinar nada? Quando queremos aprender sobre carros, lemos um livro sobre mecânica. Lemos para aprender o que não sabemos. Uma vez bem aprendido, não precisamos mais dele. Assim acontece também com muitos livros classificados como livros para crianças. Ensinam a elas uma lição. Aprendida a lição, não têm mais necessidade do livro. Há, porém, outros livros que não pretendem ensinar nada. Às vezes, até duvidam e brincam com o que já sabemos. Nos fazem rever o que já tínhamos esquecido de tão sabido. Mudam a cada releitura, pois se transformam com o leitor. Livros que ensinam são para quando queremos aprender. Livros que não ensinam são para sempre.
Odilon Moraes, 44 anos, é escritor e ilustrador de títulos como A princesinha medrosa (2002). É pai de João, 4 anos, e Francisco, 1
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PARA ENTENDER O BRASIL Baiana radicada em São Paulo, Carolina Cunha, 37, é autora-ilustradora de seis livros infantojuvenis sobre lendas africanas e histórias dos orixás (dois deles, Aguemon e Eleguá, foram finalistas do prêmio Jabuti em 2003 e 2008, respectivamente). “Pierre Verger [fotógrafo francês que viveu em Salvador por mais de meio século] foi um dos homens mais admiráveis que conheci”, conta. “Ele me abriu perspectivas e possibilitou a minha realização como pesquisadora, escritora e ilustradora dessa temática.” Enquanto finaliza seu sétimo livro, Mestre gato e comadre onça (editora SM), Carolina conversou com LILICA&TIGOR. Qual a importância de as crianças brasileiras conhecerem a mitologia africana? Seguir essa multidão de figuras heroicas é uma aventura maravilhosa! Quando resolvi me dedicar a esse registro, as publicações com temática africana e afro-brasileira voltadas para o público infantojuvenil eram raras. E são histórias profundamente enraizadas na vida dos brasileiros. Hoje eu sei que para entender a Bahia – e o Brasil – é preciso saber onde ficam Oxogbo, Oyó e Luanda. Do mesmo jeito que a gente precisa saber onde ficam Roma ou Lisboa.
Abracadabra “É um livro de bruxa. Ela viaja muito durante uma noite legal, muito legal! Os desenhos são muito engraçados. Adorei o feitiço ‘abracadabra, amarra, estica e puxa’.” Luiza Progin de Medeiros, 7 anos
Nita e a princesa das bruxas, de Lieve Baeten, editora Brinque Book, para crianças de 5 a 10 anos. Custa R$ 32,80, na Bisbilhoteca, tel. (41) 3223-3038, em Curitiba
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PLAYGROUND
Para não esquecer A chegada do verão inaugura a temporada de brincadeiras na água e na areia. Para fazer bonito na praia ou na piscina não se esqueça de levar alguns itens que prometem garantir muita diversão na estação do sol.
CLARICE REICHSTUL , AOS 5 ANOS
Máscara de mergulho com câmera de foto e vídeo, custa US$ 99,99 (sem frete), no site Think Geek (www. thinkgeek.com), que entrega no Brasil.
Prancha de fibra de surf, por R$ 299, na Todas as Ondas (www. todasasondas.com.br).
Jogo de golfe, vale R$ 59,99, na PB Kids (www.pbkids.com.br).
ROUPA DIVERTIDA Novidade do alto verão das marcas Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, a linha Fun faz juz ao nome: traz meias e itens da linha underwear com cheiro de abacaxi e morango, além de pijamas com estampas que brilham no escuro. Disponível nas lojas franqueadas e multimarcas a partir de outubro.
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Um certo carro vermelho – Mãe, quero a cueca do McQ****! – Ih, Benja, você já usou ontem, vamos usar outra? – Mãe, quero a calça do McQ****! – Ai, filho, ainda não lavou a calça cinza, podemos usar uma vermelha? – Mãe, quero o casaco do McQ****! – Tá bom, esse ainda dá para usar. Quase todo dia a gente tem esse diálogo. A obsessão do meu filho por certo carro vermelho não tem limites, apesar de a gente tentar não dar muita bola. Cada folheto de supermercado ele varre com olhos de lince para ver se existe alguma coisa do carrinho infernal para pedir. Tem dia que eu topo e ele vai todo paramentado de vermelho, parecendo um tomate, orgulhoso por ostentar a cor do Relâmpago. Mas tem dia em que me baixa o santo e eu não deixo não! Vai ter que usar meia roxa, camiseta verde, calça amarela ou eu não me chamo Mamãe! E dá-lhe cabo de força entre o desejo de uma mulher de 35 anos e o de um menino de 3, com argumentos praticamente iguais de um lado a outro, é quase uma vergonha. Ainda não descobri se a minha antipatia pelo tal carro é real ou pura birra. Mas acho que nesse cabo de guerra nós dois ganhamos, uma hora é o carro, outra é uma jaguatirica e assim vamos indo. Quem sabe daqui a pouco ele não cansa do tal carrinho? Clarice Reichstul é produtora de programas para TV, participa do blog Minas de Ouro e é mãe de Benjamim, 3 anos
Fotos: máscara e calcinha, divulgação; salva-vidas, prancha e jogo de golfe, Xico Bunny; retrato da colunista, arquivo pessoal
Colete salva-vidas, por R$ 249, na BB Trends (www.bbtrends.com.br). 22
Estilo
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Com muito humor E UMA BOA DOSE DE DISCIPLINA. ASSIM O ARTISTA CIRCENSE FERNANDO SAMPAIO E SEU FILHO TOMÁS SEGUEM TROCANDO PIADAS, ADMIRAÇÃO E ENSINAMENTOS POR LIANA MAZER RETRATO MARCOS VILAS BOAS
Fotos: divulgação
S
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egundo o paulistano Fernando Sampaio, um dos fundadores do grupo circense La Mínima e do Circo Zanni, coletivo que busca resgatar as origens da arte circense, ser piadista é algo que está no sangue. Ele conta que seus pais sempre souberam aproveitar a deixa para uma piada e assim Fernando aprendeu. Com seu filho, Tomás, 9 anos, não é diferente. Suas tiradas sempre levaram todos às gargalhadas. O resultado disso é que, hoje, Tomás já faz ponta como palhaço em algumas apresentações da trupe. Mas, como em todo palhaço circense, o humor, no menino, precisa caminhar lado a lado com a disciplina. “Aprendi muitas piadas com meu pai, mas também aprendi a jogar futebol, a torcer para o São Paulo...”, lista o garoto enquanto termina a lição de casa sob os olhos atentos de Fernando, que logo corrige um erro. Tomás então complementa para a repórter: “Você viu? Estou aprendendo ainda”. Para o pai orgulhoso, a recíproca é verdadeira: “Tenho a sensação de reaprender as coisas com o Tomás”, diz. “Hoje como mais devagar, sou mais aberto, menos bicho do mato.” E completa: “Sempre que penso em passar algum ensinamento para meu filho, acabo vendo o que tenho de melhorar em mim”.
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MODA
E o vento levou... O VERÃO CHEGA TRAZENDO CORES SUAVES PARA COLORIR A ESTAÇÃO
FOTO KIKO FERRITE ILUSTRAÇÃO MARIA VALENTINA
Vestido R$ 129,90
Tênis R$ 144,90
Legging R$ 59,90 Meia R$ 16,90
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Sapatilha R$ 144,90
Make: Omar Braga. Modelos: Maria Paula Oliveira (Vogue), Oliver Burns (Styllus)
Conjunto camiseta polo e bermuda R$ 229,90
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Sandรกlias R$ 149,90
Meia sapatilha R$ 44,90
Sandรกlia R$ 149,90
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MODA
ILUSTRAÇÃO MARIA VALENTINA FOTOS XICO BUNY
Camisa polo bebê R$ 79,90
Salopete R$ 119,90
Camisa polo (conjunto com bermuda) R$ 214,90
Vestido bebê R$ 169,90
Gira mundo
Camisa R$ 139,90
Camiseta R$ 74,90
O tempo voa, as estações do ano se sucedem e o azul nunca sai de moda 26
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MODA
Para colorir Aposte nas estampas coloridas e saia por aí fazendo a festa com sua turma preferida Camiseta R$ 69,90
Camiseta bebê R$ 59,90 Camiseta R$ 49,90
Camiseta R$ 79,90
Camiseta bebê R$ 64,90
Camiseta R$ 49,90
Camiseta R$ 54,90
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Sem tĂtulo-1 1
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MODA
Short R$ 124,90 Short R$ 139,90
Short R$ 129,90
Short R$ 124,90
Short R$ 169,90
Short bebê R$ 99,90
Brisa leve
Short R$ 89,90
O verão está aí! É hora de colocar aquele short e chamar as amigas para um passeio
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MODA
Blusa R$ 79,90
Blusa R$ 119,90
Zigue-zague Nada melhor do que escolher uma roupa bem colorida para combinar com os dias lindos de verão
Macacão R$ 154,90
Blusa bebê R$ 49,90
Saia R$ 109,90
Blusa R$ 79,90
Body bebê R$ 74,90
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A GENTE SOMA, ELES MULTIPLICAM
MIGUEL NICOLELIS Neurocientista, defende o uso democrático da ciência para a transformação social e econômica do Brasil
ALCIONE DE ALBANESI Presidente da ONG Amigos do Bem, que cria vilas inteiras onde não há nem água e ajuda 60 mil pessoas no sertão nordestino
NILSON GARRIDO Ex-pugilista, ex-morador de rua, promove cidadania pelo esporte em academias criadas sob viadutos na cidade de São Paulo
RONALDO FRAGA Estilista reconhecido internacionalmente, transformou a moda brasileira O PRÊMIO TRIP TRANSFORMADORES É UMA HOMENAGEM EM RECONHECIMENTO ÀS PESSOAS QUE, COM SEU TRABALHO, SUAS IDEIAS E INICIATIVAS, AJUDAM A CONSTRUIR UM MUNDO MAIS INTELIGENTE, MENOS DESIGUAL E MAIS EQUILIBRADO. ACOMPANHE, SAIBA QUEM É QUEM, SE SOME E AJUDE A MULTIPLICAR. CONHEÇA MELHOR AS HISTÓRIAS DOS HOMENAGEADOS DE 2011, QUE VOCÊ VÊ AO LADO, NO SITE: WWW.TRIP.COM.BR/TRANSFORMADORES. PREMIAÇÃO EM OUTUBRO DE 2011 NO AUDITÓRIO IBIRAPUERA.
em uma expressão global de design
MODA
Vestido bebê R$ 189,90
Vestido R$ 199,90
Vestido bebê R$ 189,90
Vestido bebê R$ 149,90 Vestido R$ 189,90
Faça a festa! Um sorriso e uma roupa bacana fazem a virada do ano ficar ainda melhor 34
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Vestido R$ 219,90
Camisa (conjunto com saia) R$ 174,90
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MODA
Quero ser grande Uma bermuda bonita ĂŠ tudo o que os meninos precisam para entrar no verĂŁo em alto estilo
Bermuda R$ 129,90
Bermuda R$ 154,90
Bermuda R$ 149,90
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Bermuda R$ 169,90
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ENQUETE
O que
OS PAIS QUE SE PREPAREM. TEM GENTE POR AÍ PENSANDO GRANDE POR MELISSA CROCETTI FOTOS RICARDO TOSCANI
você quer
no ano
que aconteça
que vem?
Arthur Carvalho, 4 anos “Queria que chegasse logo o verão para nadar na piscina da casa do meu tio.”
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João Pedro Braga, 4 anos Maria Eduarda Delfino Pinto, 9 anos
“ Torço para ganhar um boneco do Homem-Aranha bem grandão.”
Agradecimento: Teatro Alfa (www.teatroalfa.com.br)
“Quero que as férias cheguem para eu ir a Fortaleza.”
Antônio Labriola, 4 anos Júlia Scholz, 6 anos
“Quero ganhar um avião do Playmobil verde e preto para brincar no meu quarto.”
“Eu quero um irmãozinho porque gosto muito de criança.”
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CONEXÕES
Lição de casa
SOPHIA, 5 ANOS
“Só gosto de dançar se for do meu jeito”
Acostumados a viajar juntos e a fazer intercâmbio de casas quase todas as tardes,
Serginho, Valentina, Sophia, Clara e Catharina têm muito mais em comum do que apenas estudar na mesma escola. Nem todos
este ano estão na mesma classe do jardim de infância. Mas continuam amigos e até conseguem se ver mais ainda por causa da amizade das mães. Com uma rotina bem parecida, essa turma é para lá de descolada e cheia de opinião. Serginho, o único menino, gosta de skate e equitação e tem uma camiseta de dinossauros que usa para brincar de voar. Quando está com as amigas, os programas preferidos são assistir juntos a filmes em DVD e brincar de pega-pega. De tanto visitar a casa dos amigos, Sophia elegeu sua comida predileta: “Gosto da comida da casa da Beatriz!”. Os dias para eles são cheios de atividades, mas tudo fica ainda mais divertido quando dão uma esticadinha para continuar a brincadeira depois da aula no quintal de alguém. POR ANA PAULA GUERRA
VALENTINA, 4 ANOS
“Minha cor preferida é verde-claro com brilho”
FOTOS MARCELO NADDEO
RELAÇÕES
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Estudam na mesma classe Moram no mesmo bairro Vão à mesma dentista São do signo de Escorpião Já viajaram juntos para a praia
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CLARA, 4 ANOS
“Humm... Adoro sorvete de baunilha”
SERGINHO, 4 ANOS
“Meu programa de TV predileto é Meu Amigãozão”
CATHARINA, 5 ANOS
“O esporte de que eu mais gosto é corrida”
AFINIDADES Amam dançar balé Vestido é a roupa favorita Adoram bolo de chocolate Têm cachorro em casa Gostam de correr
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São fãs do grupo Palavra Cantada Preferem o calor Curtem brincar de pega-pega Conhecem o zoológico Gostam de sanduíche de geleia
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CONEXÕES
Amizade de escola
MARIANA, mãe de Sophia
A produtora cultural Tais Lara, a veterinária Mariana Padilha, a dentista Thais Jorge, a estilista Miyuki Yamamoto e a arquiteta Carla Demattio são amigas há apenas dois anos, mas vivem intensamente essa velha nova amizade. Todas se
conheceram quando seus filhos entraram na pré-escola no Quintal do João Menino, na Vila Madalena, em São Paulo. A escola, que segue a linha antroposófica , faz muitas atividades que envolvem pais e alunos, como modo de tornar o ambiente de estudo uma continuação de casa. A receita pedagógica mostrou-se ideal para a criação de laços afetivos: “Acabamos nos envolvendo em trabalhos manuais para ajudar os bazares das crianças e assim nos tornamos amigas”, conta Miyuki. Sempre juntas, as cinco mães hoje se revezam entre pincéis, linhas e agulhas para fazer de bonecas de pano a presépios durante as atividades escolares. Como trabalham muito, nem sempre conseguem estar todas juntas ao mesmo tempo. Mas não passam uma semana sem pelo menos tomar um café ou até mesmo viajar com as crianças. Elas trocam tantas dicas que até criaram um grupo na internet no qual o assunto vai de cursos a restaurantes e manicures. “É uma eterna indicação”, brinca Mariana.
MIYUKI, mãe de Valentina
RELAÇÕES
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Vão ao mesmo cabeleireiro Vão ao mesmo médico homeopata Vão ao mesmo dentista Tomam café da manhã na mesma padaria Saem para jantar
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TAIS, mãe de Serginho
THAIS, mãe de Catharina
Agradecimento: escola Quintal do João Menino
CARLA, mãe de Clara
AFINIDADES Adoram dançar Sabem costurar Praticam corrida Preferem praia a campo Adoram risoto
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Torcem para o Palmeiras Adoram ouvir Frank Sinatra Gostam dos filmes de Woody Allen Adoram tomar vinho tinto Gostam de filmes antigos
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DECORA ÇÃO
BRINQUEDOS, MINIATURAS E MÓVEIS ASSINADOS DECORAM O APARTAMENTO QUE MEI, 6 ANOS, DIVIDE COM OS PAIS, EM SÃO PAULO. “A MAIORIA DAS CRIANÇAS ACHA QUE ADULTO NÃO BRINCA. MAS NÓS BRINCAMOS SIM!”, CONTA A MÃE DA MENINA, A ATRIZ SIMONE DE LUCA BAPTISTA POR LIANA MAZER FOTOS DOUGLAS GARCIA
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“T
odos estes brinquedos são dos seus pais?”, surpreendem-se os amigos de Mei de Luca Baptista, 6 anos, quando deparam com a variedade de naves espaciais, miniaturas de personagens de desenhos animados e bonecos da Lego que habita a sala do apartamento duplex onde a menina mora, em São Paulo. “A maioria das crianças não entende, acha que adulto não brinca. Mas nós brincamos sim!”, diverte-se a mãe, a atriz Simone de Luca Baptista. Ela e o marido, o consultor estratégico Humberto Rossetti Baptista, são fãs de brinquedos e jogos de tabuleiro há muitos anos, bem antes de pensarem em ter filhos. “Era comum passarmos a madrugada jogando com os amigos”, conta Humberto. Hoje, a coleção de objetos divertidos ocupa uma ampla estante de acrílico criada especialmente para o lugar pelo escritório francobrasileiro Triptyque, que assina o projeto de reforma do apartamento. Mei pode mexer em tudo o que estiver ao seu alcance e algumas prateleiras são destinadas aos seus livros e DVDs. Uma das preocupações de Simone e Humberto, aliás, era que todos os ambientes fossem agradáveis para a filha – do quarto de brinquedos à cozinha integrada à sala de estar, onde a menina costuma preparar bolos com a mãe. “Minha casa é muito gostosa”, comemora Mei.
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Acima, Mei na sala de jantar integrada à cozinha e ao living. Na página ao lado, placas de Lego compõem o painel que fica entre o quarto da menina e a sala de brinquedos
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DECORA ÇÃO
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As figuras imantadas que enfeitam uma das paredes da sala de TV são de Mei e da mãe, Simone. As estantes acomodam os brinquedos. Ao fundo, o banheiro da menina foi pintado de amarelo, sua cor favorita
2 No quarto de Mei, um dos destaques é a premiada estante Treme-Treme, assinada pelo escritório Triptyque. Cabideiro Paradise Tree, de Oiva Toikka, e banco Julian, de Javier Mariscal, da marca italiana Magis 3
A sala de brinquedos de Mei costuma se transformar em teatro com a cortina de marionetes trazida de Paris. A menina adora se fantasiar de personagens de contos de fadas e sua mãe se encarrega da dublagem dos bonecos
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No boxe do chuveiro de Mei se esconde Bichinho, nome que ela deu ao seu adesivo de estimação
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Um dos passatempos preferidos de Mei, Humberto e Simone é brincar juntos e no chão com jogos de tabuleiro
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Cozinha e sala se integram ao deck, que fica descoberto quando o tempo está bom. “É ótimo poder ter um espaço ao ar livre sem precisar sair de casa”, diz Simone. No degrau mais alto, há uma piscina rasa onde Mei se refresca nos dia de calor
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Aqui, detalhe da estante que contorna a sala e funciona como guarda-corpo da escada, que conduz ao segundo pavimento do duplex
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VIAGEM
Questão de equilíbrio A BICICLETA PODE SER UM MEIO DIVERTIDO, AVENTUREIRO E SAUDÁVEL DE VIAJAR EM FAMÍLIA. BASTA SABER DOSAR OS DESAFIOS PARA ADEQUAR OS ROTEIROS ÀS CRIANÇAS POR LIANA MAZER
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Fotos: arquivo pessoal
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queles que já viajaram de bicicleta concordam: trata-se de uma experiência marcante. As paisagens ficam mais bonitas vistas de perto, sentem-se cheiros, ouvem-se os sons da natureza, há uma sensação de aventura. A arquiteta carioca Letícia Lemos e o fotógrafo paulista Tomaz Vello, que moram em São Paulo, tinham tanta certeza disso que esperaram a filha Dora, hoje com 1 ano e 10 meses, completar 9 meses para fazer uma viagem dessas pela França. “A dinâmica de turismo muda completamente”, afirma Tomaz. “Os deslocamentos são mais rápidos e não se perde a percepção da cidade como num carro ou no metrô”, completa Letícia. Outra adepta de viagens sobre duas rodas é a empresária curitibana Daniela Meres. Ela pedalou com um grupo de cicloturistas de Imbituba a Florianópolis, em Santa Catarina, com o filho Francisco, 3 anos, na cadeirinha. “Ele é uma criança que adora estar ao ar livre”, conta a mãe. Também experientes nas pedaladas em família a carioca Márcia Lucas, representante da operadora Butterfield & Robinson no Brasil, e o marido, o empresário franco-brasileiro Patrick Lucas, levaram a caçula, Sophie, 10 anos, para a Nova Zelândia no ano passado. “Foi sua primeira viagem de bicicleta e ela amou”, conta Márcia. Esses três exemplos mostram que há sempre um jeito de incluir as bikes na bagagem. Siga as dicas.
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“Em duas rodas não se perde a percepção da cidade como no metrô. A sensação de liberdade é incrível!” Letícia Lemos
1 As coisas simples da vida FRANÇA
Letícia e Tomaz alugaram um barco e duas bicicletas na cidade de Homps, ao sul da França, e durante uma semana passearam pelo canal du Midi, o mais antigo da Europa, que liga o oceano Atlântico ao mar Mediterrâneo. Compravam frutas, pães e queijos nas feiras locais e faziam piqueniques ao longo do caminho. “Em cada vilarejo parávamos o barco e saíamos para pedalar”, conta a mãe. Nos dias em Paris, o casal usou as Velib, bicicletas que se pode alugar e estacionar nas estações de metrô. Como elas não têm cadeirinha, o pai levava Dora em uma mochila-sling, variação do tradicional canguru. “Tivemos dias muito produtivos, visitamos vários museus, parques, bairros e ruas interessantes”, conta Letícia. “A sensação de liberdade é incrível!” www.leboat.com e www.velib.paris.fr
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VIAGEM
2 Encontro com a natureza NOVA ZELÂNDIA
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Fotos: arquivo pessoal
O país da Oceania foi o destino escolhido pelos pais de Sophie (na foto ao lado com os pais e irmãos) para que ela fizesse sua estreia numa viagem de bicicleta. Diariamente, a família saía para pedalar e explorar a natureza local. No caminho, montanhas altíssimas com topos nevados, lagos cor de esmeralda, rios, cânions, imensas quedas-d’água e vastos e bucólicos campos verdes repletos de carneirinhos. “De bicicleta você pode parar para conversar com um local ou para observar de perto um bicho diferente”, diz Marcia. Nesse roteiro organizado pela operadora Butterfield & Robinson, havia sempre uma van de apoio por perto. Sempre que se cansava de pedalar, Sophie percorria parte do trajeto de carro. www.butterfield.com.br
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3 Na garupa SANTA CATARINA
Fotos: arquivo pessoal
Daniela planejou tudo para a primeira viagem sobre duas rodas com o filho Francisco pelo litoral sul catarinense. “O passeio foi muito rico e tranquilo”, conta Daniela, que viajou pela operadora Caminhos do Sertão. “Por mais que fosse uma aventura, havia um apoio logístico que me dava segurança.” Mãe e filho faziam parte de um grupo de 17 cicloturistas. Como Francisco ia na cadeirinha, ela só pedalava quando achava que conseguiria acompanhar o grupo. Daniela levou lanchinhos e respeitou os horários de fome e sono do pequeno. Francisco adorou. “A parte de que ele mais gostou foi quando vimos baleias na praia do Siriú. Francisco ficava sempre mais feliz quando estávamos na bike do que dentro do ônibus”, ela resume. www.caminhosdosertao.com.br
COM SEGURANÇA Andar de bicicleta é uma delícia, mas é necessário tomar algumas precauções antes de sair por aí dando pedaladas. Mesmo que a criança esteja presa à cadeirinha, ela deve usar capacete. Para os que já pedalam sozinhos, luvas e luz de segurança também são recomendadas.
Capacete Little Nutty Dots, US$ 60 (mais o valor do frete), www.nutcasehelmets.com
Cadeirinha Wallarro Deluxe, R$ 247, www.pedalpower.com.br
Luvas Louis Garneau BioGel RX, R$ 65, na Total Bike, tel. (11) 5183-9499, São Paulo
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Pisca Knog Beetle 2 Led, R$ 52, disponível em várias cores, www.pedalpower.com.br
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Para o dia nascer feliz A BRISA SUAVE, AS FLORES E AS CONCHINHAS, OS DESEJOS DE FELICIDADE E A GRAÇA ALEGRAM TODO CONTO DE FADAS À BEIRA-MAR
FOTOS CECILIA DUARTE STYLING LETÍCIA TONIAZZO
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Vestido R$ 152,90
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Vestido R$ 159,90
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À esquerda: Blusa R$ 129,90 Short R$ 124,90 À direita: Vestido R$ 169,90
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Vestido R$ 169,90
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Camiseta R$ 74,90
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MAKE: BRUNO MIRANDA (CAPA MGT), ASSISTENTE: FERNANDO VIEIRA, MODELOS: BRUNO REIS, ANA LUIZA RAMOS (VOGUE), VICTOR HUGO ROCHA (AQUARELA), LAURA RAFAELA (BABY)
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PAIS & FILHOS
JÁ SE FOI O TEMPO EM QUE ELE SAÍA PARA O TRABALHO E ELA FICAVA EM CASA CUIDANDO DOS FILHOS. NA ÚLTIMA DÉCADA, QUADRUPLICOU O NÚMERO DE FAMÍLIAS EM QUE A MULHER VAI À LUTA ENQUANTO O PAI FICA COM AS CRIANÇAS POR EDUARDO NUNOMURA FOTOS CAROL SACHS
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O
utro dia, eu trocava a fralda da minha filha Tarsila, 1 ano, quando sua irmã de 3 anos começou a cantar: “Nana, nenê, que a cuca vai pegar. Mamãe foi pra roça, mamãe foi trabalhar”. Comecei a rir e brinquei com ela: “Mas, Laís, cadê o papai?”. Séria, ela olhou para mim e respondeu: “Você está aqui!”. Era a mais pura verdade. Adriana, minha mulher, já tinha saído para o trabalho, e eu, em vez de ir para a roça também, fiquei cuidando das duas. É uma rotina que já dura mais de um ano e meio – e ela só me traz alegrias, a começar por esta história. O Brasil vem assistindo na última década ao avanço da chefia feminina da família. Minha mulher e eu somos prova disso. Nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, entre 2001 e 2009, passou de 3,5% para 14,2% o número de famílias brasileiras formadas por casais com e sem filhos em que o manda-chuva é uma mulher. Se somarmos aí as famílias em que a mulher é solteira, separada ou viúva, elas são as
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O empresário André Lima leva a filha Serena, 6 anos, para a aula de dança. “Nós, homens, somos mais práticos”
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PAIS & FILHOS
Aggeo com a filha, Ava, 7 anos: curso intensivo com a ex-mulher para aprender a dar banho e pentear o cabelo da filha
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“NÃO QUERIA SER PAI DE FIM DE SEMANA. E TAMBÉM NÃO QUERIA TER MINHA FILHA POR PERTO E RECORRER A UMA BABÁ”
Foto: Marcus Desimoni/Agência Nitro
AGGEO
patroas em 35% dos lares brasileiros. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, o Ipea, renda maior e melhor escolaridade ou emprego podem explicar o que está por trás desse novo arranjo doméstico. No nosso caso, faz parte de um acordo bem engendrado: uma agenda mais flexível me ajuda a seguir na pós-graduação, enquanto Adriana está em ótima fase de ascensão profissional. Trabalho desde os 14 anos e me dei o direito de ter um período sabático. Laís e Tarsila um dia vão entender essa lógica. Por ora, aproveito minhas manhãs com elas fazendo coisas divertidas. Abraçar árvores é uma delas, por mais que já tenha visto gente dando risada de nós. Virei também profundo conhecedor de massinhas de modelar, guaches, canetinhas, colas e purpurinas. À tarde, eu me dedico às leituras e aos trabalhos de freelancer. Quando a saudade aperta ou pinta aquela preguiça, vou brincar com as meninas (Laís só começa a ir para a escola no ano que vem). O sorriso estampado no rosto delas é inspirador. JEITO PRÁTICO Por isso, eu me identifiquei com a história do fotógrafo Ricardo Toscani, 31 anos, e sua filha, Alice, 2. A agenda dele é feita em função da filha. Quando ela nasceu, a mulher, Lúcia, tinha um emprego fixo de designer e ele vivia de serviços como freelancer. Como Ricardo se encontrava numa fase de pouco trabalho, ele e Lúcia resolveram contratar seu assistente de fotografia, o Régis, como babá. Isso terminou obrigando-o a se dedicar ainda mais na função de pai. Já imaginou se ela se apegasse mais ao babá do que ao próprio pai? Ricardo aprendeu a preparar o café da manhã, trocar fral-
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das, dar banho e ensinar a pequena a usar o vaso sanitário. As noites, ele admite, são de responsabilidade da mãe, porque ela ainda amamenta – e por ele ainda não ter descoberto onde fica o botão de desliga da criança. Alice vai à escola três vezes por semana, no período da tarde. É o tempo em que Ricardo agenda suas atividades. Se está com o tempo livre, vai buscar a filha mais cedo na escola e os dois dão um passeio, muitas vezes acompanhados do cachorro Baba. “Um dia, me sentia meio deprimido porque estava com poucos trabalhos. Aí pensei: ‘Pô, tem uns caras se matando de trabalhar, mas estão longe dos filhos. E eu, deitado na praça com minha filha. Eu sou um privilegiado’.” Na rua, Ricardo sempre se comove com aquela cena típica de crianças com as babás – ou seja, os pais distantes dos filhos: “Dizem que essa fase passa rápido. É isso mesmo, mas pelo menos estou vendo passá-la ao lado da minha filha”. O empresário André Lima, 33 anos, também faz o estilo pai que é mãe. Entrevistei-o em sua loja de móveis vintage Gloria, na Vila Madalena. Sua mulher, Karina, trabalha com ele, mas faz serviços extras de decoração e cenografia, o que significa que seu dia é bem mais cheio do que o dele. André cuida da filha, Serena, 6 anos, durante o período da manhã. Depois do café em família, Karina vai para a roça e pai e filha ficam em casa até a hora da escola. Ele pula as brincadeiras com bonecas. Prefere ler e desenhar com ela ou então fazer um passeio rápido ao supermercado ou à padaria, sempre a pé. No caminho para a escola (também a pé), dão uma paradinha na loja. Na hora do jantar, os três estão juntos novamente. “Sou muito feliz porque não conhecia o André como pai, e ele é o melhor pai que eu podia escolher como companheiro”, diz Karina, 43 anos. “É sensível, tolerante e não tem preconceitos machistas.” O pai de Karina separou-se da mãe quando ela tinha 2 anos e mesmo quando a visitava nunca
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PAIS & FILHOS
“TEM UNS CARAS SE MATANDO DE TRABALHAR, MAS ESTÃO LONGE DOS FILHOS. SOU UM PRIVILEGIADO” RICARDO
chegou a abrir um de seus cadernos. Já André faz questão de ajudar na lição de casa. Também é ele o encarregado de buscar Serena na escola. Lá, fica contente em ver que existem outros pais como ele. “É bom estarmos mais presentes na vida dos filhos, porque os homens têm um jeito mais prático de lidar com as situações”, afirma. MANUAL DO PAI SOLTEIRO Para o psicanalista Contardo Calligaris, esse tipo de situação é mais comum em países desenvolvidos do que no Brasil. E nos Estados Unidos, onde ele já morou, a inversão de papéis é decidida de comum acordo, na maioria das vezes em função de quem tiver a carreira mais promissora. “Qualquer homem pode ser uma boa mãe, desde que ele não esteja ‘maternando’, ou seja, fazendo o papel que cabia apenas à mulher, mas com a sensação de que deixou de lado a própria vida e está se sacrificando pelos filhos. Se, ao contrário, esse pai encara a situação como o que ele realmente quer, que vá em frente”, sugere. Contardo frisa que essa é uma questão dos casais, e não da sociedade, muito embora possa haver amigos da família que vão torcer o nariz e até condenar. O mineiro Aggeo Simões, cantor, locutor e desenhista, sabe como é difícil para muitas pessoas ver homens como ele “maternando”. Vez por outra, ele convida amiguinhos da filha, Ava, 7 anos, para dormir em casa junto com ela, o que nem sempre é bem-visto por outros pais. Aggeo brinca com a situação: “Afinal, sou um homem separado, devem alegar”. Porém, quem o conhece, sabe do seu estilo maternal. É ele quem vai às reuniões na escola, prepara o almoço, penteia e deixa a menina bonita para ir à aula ou a um passeio. “Não queria ser pai de fim
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de semana. E também não queria tê-la por perto e recorrer a uma babá, já que não fazia sentido pedir guarda compartilhada”, diz. Aggeo e a ex-mulher hoje são amigos. Pelo arranjo que fizeram, Ava fica com o pai de quarta até sábado de noite ou domingo de manhã. A separação ocorreu quando a menina tinha 1 ano e 6 meses. Para que tudo desse certo, a ex-mulher lhe deu um curso intensivo de banho, troca de fraldas, escovar e desembaraçar os cabelos, essas coisas. Quando pai e filha estão juntos, a rotina é assim: tomam café da manhã, Ava faz o dever de casa, se sobrar tempo assistem a um pouco de TV, almoçam e depois ele a leva para a escola. Aggeo é cartunista, então não é difícil imaginar que os dois se divertem um bocado desenhando. Sua inspiração é o próprio pai, que era até mais participativo do que a mãe, com problemas de saúde. Em 2005, Aggeo começou a escrever um diário contando um pouco de sua aventura de ser pai e mãe ao mesmo tempo. Em 2009, depois de notar que alguns amigos homens sempre vinham lhe pedir dicas, abriu um blog, o Manual do Pai Solteiro (manualdopaisolteiro.blogspot.com). Lá, encontrei essa frase, que diz muito do que penso: “A cada dia vejo que sou muito sortudo de ter a companhia que tenho”.
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O fotógrafo Ricardo Toscani: agenda profissional feita em função da filha, Alice, 2
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PARA O ALTO E AVANTE! TODO SUPER-HERÓI QUE SE PREZE VOA, USA RAIOS, GOLPES, MÁSCARA, CINTO DE UTILIDADES – E CORES, MUITAS CORES
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Camiseta (conjunto com bermuda) R$ 199,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 144,90 74
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Camiseta R$ 49,90 Bermuda R$ 169,90 TĂŞnis R$ 144,90 Meia R$ 16,90
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À esquerda: Camiseta R$ 74,90 (com capa vermelha) Calça R$ 199,90
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Camisa R$ 139,90 Camiseta R$ 69,90 Calça R$ 179,90 Tênis R$ 144,90
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Camisa polo R$ 129,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 144,90
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NOVA ONDA NOVA LINHAS, CORES E LAÇOS DÃO O TOM DO MELHOR ESTILO NEW WAVE DOS ANOS 1980. UMA PROVA DE QUE MODA É DAS POUCAS COISAS NA VIDA QUE NUNCA SAEM... DE MODA FOTOS RODRIGO MARQUES STYLING LETÍCIA TONIAZZO
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Blusa R$ 79,90 Colar R$ 54,90 Calรงa R$ 174,90 Meia R$ 19,90 Sapatilha R$ 159,90 Legging R$ 169,90 (conjunto com vestido) 84
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Vestido (conjunto com calรงa) R$ 169,90 Sapatilha R$ 159,90
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Blusa R$ 79,90 Colares R$ 54,90 (cada) Saia R$ 149,90
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URBANISMO
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ENTRE O SONHO E A REALIDADE, TRÊS CASAIS DE ARQUITETOS MOSTRAM COMO TRANSFORMAR OS CENTROS URBANOS BRASILEIROS EM LUGARES MAIS LÚDICOS E ACOLHEDORES POR FERNANDO SERAPIÃO ILUSTRAÇÕES ADRIANA ALVES TÍTULO ARTHUR CARVALHO
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Mais liberdade
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inha referência de cidade ideal para as crianças talvez seja a cidade que eu cresci: São Paulo há 40 anos, quando era possível jogar bola nas ruas, que não tinham trânsito nem violência, e as crianças tinham liberdade de fazer várias coisas sozinhas sem a supervisão constante de adultos”, conta Claudio Libeskind, 49 anos. Ele cresceu no bairro paulistano do Pacaembu, em uma casa na rua Atibaia desenhada por seu pai – o arquiteto David Libeskind, criador do Conjunto Nacional, na avenida Paulista. Claudio é casado com Sandra Llovet, 38, e tem dois filhos – Marc, 9 anos, e Nina, 7. “O lugar perfeito para as crian-
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ças é onde elas têm mais liberdade”, ele declara. Todos os anos, a família passa férias em uma pequena cidade de praia na Espanha, país onde Sandra nasceu. “Eles adoram a condição que têm lá: jogam bola sozinhos com os amigos, por exemplo”, conta Claudio. Em São Paulo, a família mora em um apartamento dos anos 1950 em Higienópolis e as crianças vão para a escola caminhando. “Como o bairro permite – os serviços e o comércio são próximos, do sapateiro ao supermercado –, procuramos fazer quase tudo a pé ou de bicicleta 1 . Todos os dias, chegando perto da escola, as crianças pedem para andarem sozinhas no úl-
timo pedaço da quadra”, lembra Sandra. “Isso muda nossa qualidade de vida. Evitamos andar de carro, que isola nosso contato com a cidade”, confessa Claudio. Juntando as memórias de criança e as condições favoráveis das cidades pequenas, como a da Espanha, Claudio imaginou que, se todos os fundos de vales fossem inundados 2 , São Paulo poderia ser formada por bairros-ilhas arborizados, que funcionariam como pequenas cidades verdes. “As conecções entre os bairros poderiam ser realizadas por pontes para pedestre e metrô 3 . Os carros seriam usados somente em trânsito local”, ele sonha.
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Claudio Libeskind e Sandra Llovet
Acima, Claudio Libeskind e Sandra Llovet com os filhos, Marc e Nina
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URBANISMO
Boa também para adulto Suzana Glogoswski e Cícero Ferraz
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m bairro que possui uso misto – onde a padaria está perto, a escola fica próximo de casa e dá para fazer quase tudo a pé – é o lugar mais agradável para as crianças. Essa é a opinião de Suzana Glogoswski, 36 anos. “Nossa filha mais velha – a Lia, que tem 10 anos – acha o máximo poder ir sozinha para a padaria”, ela conta. Casada com Cícero Ferraz, 37 anos, Suzana tem outra menina, Rosa, 3 anos. A família mora em São Paulo em uma rua bucólica da Vila Madalena. A casa, a mesma que Suzana passou parte da infância, foi reformada por eles e é um dos poucos projetos realizados a quatro mãos pelo casal. Suzana trabalha no escritório de Marcio Kogan, onde desenha casas de sonhos, e Cícero divide seu tempo entre o ensino e a prancheta: ele dá aulas na Escola da Cidade e trabalha no escritório Brasil Arquitetura, onde projeta, principalmente, espaços culturais e habitações sociais (ele tem ainda um escritório próprio com um sócio). Eles lembram que um bairro sem comércio e formado só por casas ou prédios com muros altos – situação comum em São Paulo – está longe do ideal. “Às vezes, uma casa sem muro é menos assaltada do que uma casa com muro”, compara Suzana, que acha não ser saudável
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Rosa, 3 anos, e a irmã Lia, 10, posam com os pais, Suzana e Cícero
uma cidade que isola as pessoas por classe social. “No fim das contas, muitos dos problemas podem ser definidos como problemas de urbanismo, mas não devemos achar que a transformação da cidade pode vir só do desenho: é mais fácil ela nascer da educação e da ideia, em pequenos exemplos, como boas calçadas, que possam gerar cultura urbana”, lembra Cícero. A família toda desenhou – a oito mãos – um pedacinho da cidade ideal. A ideia alterna áreas densamente concentradas, com apartamentos, escritórios, escolas, serviços e comércios 1 , que se contrapõem a um grande pulmão verde 2 , com espaços de lazer e cultura, onde estão o zoológico, piscinas públicas 3 e museus. Mas Cícero alerta: “Não devemos imaginar uma cidade ideal para criança. Penso naquela música do Chico Buarque para Os Saltimbancos – “A cidade ideal” – que diz que a cidade ideal para o cachorro teria um poste por metro quadrado. No fim das contas, uma cidade boa para as crianças é uma cidade boa para todos”.
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Um quintal comum Fernanda Neiva e Alvaro Puntoni ara falar sobre a cidade ideal das crianças, Alvaro Puntoni lembrou da infância, quando passava férias em Brotas, cidade do interior de São Paulo. Ele tem 46 anos e é casado com Fernanda Neiva, 33. O casal tem dois filhos: Beatriz, 4 anos, e Bruno, 2. “Em Brotas a vida estava na rua: era lá onde brincávamos e os adultos punham as cadeiras na calçada”, lembra. Para não ficar só na nostalgia, Alvaro lembrou da experiência recente que transformou a cidade colombiana de Medellin. “Apesar da pobreza, eles conseguiram transformar a cidade com educação e inteligência”, ele garante. Descrevendo a ação contínua de vários prefeitos, Alvaro enumera: “Primeiro, eles proibiram o estacionamento de carros na rua justificando que o carro é um problema do motorista e não do estado. Com a retirada das vagas de estacionamentos, as calçadas foram duplicadas: o pedestre foi o centro da questão”, postula. “Em seguida, eles fizeram campanhas de trânsito com palhaços e pintaram estrelas no asfalto onde alguém havia morrido atropelado, sem contar o motivo para a população – muitos acharam que era decoração de Natal. Isso foi uma ação simples que alertou pedestres e motoristas sobre os pontos mais perigosos da cidade”, ele lembra. Só depois é que vieram as obras de maior porte, como ciclovias, faixas de ônibus – inspiradas em Curitiba – e bibliotecas
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com bons projetos de arquitetura no meio das favelas. Fernanda e Alvaro moram em Pinheiros em um edifício de três andares, tombado pelo patrimônio histórico. Fernanda trabalha no térreo do prédio mas a prancheta de Alvaro fica longe: o escritório dele é na praça da República, no centro de São Paulo (ele também dá aulas na Escola da Cidade e na USP). Eles imaginaram que a cidade ideal poderia ocorrer com pequenas transformações físicas: “As crianças usam mais os espaços comuns dos prédios do que os adultos. Por isso, fiquei imaginando que uma cidade simpática para as crianças poderia não ter a divisão entre os lotes 1 , criando um quintal coletivo 2 de todos os prédios do mesmo quarteirão”, conta Fernanda.
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A partir da esquerda, Fernanda, Bruno, Beatriz e Alvaro
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QUEM DISSE QUE NÃO DÁ PARA MANTER O ESTILO NA FARRA, COM POUCA ROUPA?
FOTOS MARCOS VILAS BOAS 96
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STYLING LETÍCIA TONIAZZO
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BiquĂni R$ 119,90
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Mai么 R$ 129,90
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MAKE: JÔ CASTRO (CAPA MGT) MODELOS: KAYKY GUERREIRO (STYLLUS), GABRIELA DAMIÃO (BABY) AGRADECIMENTO: PROJETO ACADEMIA WWW.PROJETOACADEMIA.COM.BR TEL. (11) 5682-7755 AGRADECIMENTO: LUCAS PUPO PHOTO
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LAZER
MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA para pais e filhos QUEM TEM FILHO SABE: UMA VIAGEM, UM PASSEIO OU UMA SIMPLES IDA AO RESTAURANTE REQUER SEMPRE OBJETOS DE CENA PARA ENTRETER AS CRIANÇAS E GARANTIR A TRANQUILIDADE DOS ADULTOS. PREPARAMOS ALGUMAS DICAS DO QUE LEVAR QUANDO FOR SAIR DE CASA A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DE DUAS FAMÍLIAS, UMA ANALÓGICA E OUTRA DIGITAL
POR FLÁVIA PEGORIN FOTOS CHEMA LLANOS ILUSTRAÇÕES JULIANA RUSSO
Família analógica Denize Barros, mãe de Teodoro, 7 anos “Sair com Teodoro nunca dá trabalho. Ele é muito tranquilo e adora interagir com os adultos. Por isso, a tecnologia não é de todo essencial quando saímos ou viajamos. Já baixei aplicativos para ele no meu iPhone, mas a curtição foi bem limitada. Como todo menino, ele teve uma fase de amar videogame e querer levá-lo para todo lado, mas a febre passou em algumas semanas. Ele se interessa mesmo pelo que está por perto e pode tocar. Por isso, é muito mais bacana para ele quando levamos aquelas revistas de desenho e atividades com jogos dos sete erros, labirintos, piadinhas etc. Já temos até um kit pré-programado quando saímos de casa. Além do
material para escrever e desenhar, Teodoro sempre leva um CD com suas músicas preferidas. E nem adianta pensar em fones de ouvido. A brincadeira é os adultos ouvirem os hits junto com ele. O kit também tem um livro que ele escolhe na hora de sair e alguns brinquedos, normalmente aqueles com os quais ele pode inventar histórias sozinho. Teodoro agora começa a se interessar por jogos de cartas, mas os preferidos ainda são aqueles do tipo RPG, ideais para ele colocar para fora as situações que imagina. Estimulamos e estimularemos isso nele o quanto for possível.”
Criatividade no sangue Designer e proprietária do escritório de arte, comunicação e design Criareal, Denize Barros, 35 anos, é também idealizadora da grife La Reina Madre, de bolsas e acessórios com tecidos e modelagem exclusivos. Denize desenvolveu a grife assim que Teodoro nasceu, aproveitando o tempinho que sobrava entre as mamadas. Hoje ela é seguida por seus clientes no www.lareinamadre.com.br.
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“ TEODORO GOSTA DE LEVAR BRINQUEDOS COM OS QUAIS PODE INVENTAR HISTÓRIAS SOZINHO”
Agradecimento: AK/Vila (www.akvila.com.br)
• Bonecos de montar costumam encher os olhos da criançada. Mas, no carro ou no avião, peças muito pequenas de brinquedos como Lego somem facilmente – e costumam causar grandes comoções. Se a criança quiser muito, uma pequena caixa plástica com fecho e alça para armazenar tudo pode ser uma solução.
DICAS DO MUNDO REAL
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• Não é preciso carregar um caminhão de brinquedos ou de material de entretenimento a cada passeio. O melhor é decidir com a criança qual será o escolhido da vez, pensando sempre no tipo de lugar para o qual vocês vão.
• Quando espaço para desenhar ou mesmo brincar e ler é um problema, jogos que usam apenas imaginação e palavras podem render horas de divertimento. No carro, vale dar um mapa para os maiores e citar cidades para que eles procurem. Para os pequenos, há brincadeiras como “qual é o bicho” ou “qual é o objeto”, quando o adulto dá dicas e a criança adivinha o segredo.
• Crianças com até 2 anos, por exemplo, adoram livros com figuras e ouvir as histórias contadas. Entre 2 e 4 anos, livros com desenhos para pintar, jogos de memória e brinquedos como fantoches e dedoches rendem boa diversão. A partir dos 4 anos, quando a habilidade com lápis, números e letras fica maior, podem entrar em cena as revistas de atividades com jogos como sete erros.
• E nunca é muito lembrar: antes de sair de casa, cheque se os lápis de cor estão com ponta, se o apontador com reservatório foi para a mochila e se há papéis suficientes para você chegar até a sobremesa sem sufoco.
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LAZER
Família digital Guilherme Werneck, pai de Gabriel, 11 anos, Bento, 8, e Joaquim, 2
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“Há muitos anos meu trabalho é escrever sobre o mundo tecnológico. Por causa disso, os meninos sempre tiveram contato com tudo o que era ligado ao universo dos gadgets. E, claro, acabaram tomando gosto. Quando saímos, sempre levamos um tablet, um notebook ou um celular. Recentemente, viajamos para a chapada Diamantina. Foram muitas horas de carro e o iPad foi perfeito. Digitalizei e coloquei ali alguns filmes e foi divertido para eles. Bento é o que mais gosta de tablet. Para ele, é uma janela de contato com seu site favorito, o YouTube, onde ele pode ver vídeos de skate. Joaquim gosta mais dos livros digitais, que já são de ótima qualidade e muito atraentes pela interatividade que proporcionam com a história. Gabriel prefere os jogos no computador. Em geral, todos gostam de aplicativos como o Angry Birds, já um clássico, o Alpine Crawler, com uma caminhonete que segue os comandos de corrida, e o GarageBand, de música. Todos os meus gadgets estão disponíveis para os meninos, mas é claro
que limitamos o uso em casa. Acho bacana eles curtirem os aparelhos porque isso os aproxima até mesmo de artes como o desenho e, em especial, a música, já que eu mesmo sempre fui muito ligado a isso. O que importa, no fundo, é brincar e se divertir. Os aparelhos são só uma fonte mais moderna pra aproveitar isso.”
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“QUANDO SAÍMOS, SEMPRE LEVAMOS UM TABLET, UM NOTEBOOK OU UM CELULAR”
DICAS DO MUNDO VIRTUAL
* O advento dos tablets caiu como uma luva para adultos que precisam ficar conectados em função do trabalho, mas não abrem mão de passar mais tempo ao lado dos filhos. Em muitos casos, melhor do que dar um game aos pequenos e deixá-los à própria sorte é usar um aplicativo para jogar, desenhar ou assistir a filmes junto com eles. * Sites especializados como o iPad For Kids (ipadforkids.com), o Best Kids Apps (www.bestkidsapps. com), ambos em inglês, ou então o Infant Apps (www.infantapps.com.br), este em português, trazem excelentes dicas de aplicativos para entreter a molecada fora de casa – seja para tablets ou celulares. * Para iPhone ou iPad, dois jogos muito bacanas são Cooking Mama e Gardening Mama, em que a criança simula o preparo de pratos e a plantação de flores e frutas. Conta Jocelyn Aurucchio, jornalista especializado em games.
Papai plugado Guilherme Werneck, 39 anos, é jornalista. Por alguns anos, ele foi o responsável pelo setor de mídias sociais do grupo Estado. Hoje é editorchefe do site da MTV, mas faz questão de dizer que seus filhos continuam curtindo o mundo analógico. A tecnologia, para eles, serve apenas para deixar as brincadeiras mais animadas.
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* No universo dos games portáteis a novidade é o Nintendo 3DS, lançamento que permite ver as imagens em 3-D sem o auxílio de óculos. Entre as opções de jogo destaque para The Legend of Zelda: Ocarina of Time, um game originalmente lançado em 1998 que foi repaginado para esse novo portátil. * O iTouch é outro dispositivo que cada vez mais oferece diversão para crianças. Alguns aplicativos são hits, como o Pac Man Lite (baseado no famoso jogo dos anos 1980), o Colorama (gratuito, para desenhar) e o Tom Cat, um gato engraçado que repete tudo o que a criança diz, só que com voz esganiçada. * Aparelhos eletrônicos têm baterias. São elas, no fundo, que vão manter viva a diversão fora de casa. Cheque sempre se as baterias do celular, tablet, notebook e conjugados estão carregadas. Se a distância for longa, lembre de empacotar carregadores. Em viagens ao exterior, é bom conferir se é necessário levar algum plug especial.
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MODA
NAS ASAS da IMAGINAÇÃO QUEM NÃO GOSTA DE SONHAR COM OS PRESENTES QUE VAI GANHAR NAQUELE DIA MUITO ESPECIAL?
FOTOS NINO ANDRÉS STYLING LETÍCIA TONIAZZO
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Vestido R$ 199,90 Sapatilha R$ 144,90
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Camisa R$ 169,90 Calรงa R$ 199,90
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Blusa R$ 269,90 Colar R4 54,90 Saia R$ 109,90
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Vestidos R$ 139,90 cada Colar R$ 54,90 cada TĂŞnis R$ 179,90 cada
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Vestido R$ 159,90 Colar R$ 54,90 Meia R$ 19,90 Sapatilha R$ 159,90
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Vestido R$ 199,90 Colar R$ 54,90 Sapatilha R$ 144,90
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Camisa (conjunto com bermuda) R$ 179,90 Vestido R$ 169,90 Calça R$ 149,90 ( conjun to com calça) R$ 124,90 Sapatilha R$Tênis 159,90
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Camisa R$ 169,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 144,90
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Camisa R$ 119,90 Calça R$ 149,90 Tênis R$ 124,90
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Vestido R$ 189,90 Sapatilha R$ 144,90
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MAKE : BRUNO MIRANDA (CAPA MGT) ASSISTENTES: FERNANDO VIEIRA E ROBERTO RODRIGUES MODELOS: EVELYN FRANÇOIS (VOGUE), JOÃO OCTÁVIO SAULO (TYPOS) E GABRIEL AUGUSTO (MONDIALE) AGRADECIMENTO: BOXMANIA (TEL: 11-4615-1444)
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LITERATURA
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DE ONDE VEM A INSPIRAÇÃO PARA ESCREVER HISTÓRIAS PARA AS CRIANÇAS? EM BUSCA DE RESPOSTAS A ESSA PERGUNTA, LILICA&TIGOR CONVERSOU COM QUATRO DOS PRINCIPAIS AUTORES DE LITERATURA INFANTIL DO PAÍS POR ALEXANDRE RODRIGUES ILUSTRAÇÕES ARTHUR CARVALHO
screver para crianças, dizia o escritor russo Máximo Gorki, exige o mesmo esforço de escrever para adultos, só que melhor. Trata-se, afinal, de um público muito exigente. Mas será preciso uma, digamos, “alma infantil” em cada escritor para alcançar os pequenos? E mais: há crianças em que esses adultos se inspiram para contar suas histórias? Em busca de respostas, Lilica&Tigor conversou com quatro dos maiores autores infantis do país sobre onde buscam inspiração para seus livros. Ricardo Azevedo, autor de O livro das palavras, Contos de bichos do mato, entre outros, acredita que todo adulto é uma criança grande. “Nunca deixamos de ser a criança que fomos no passado”, diz. “Crianças e adultos têm muito mais pontos em comum do que pontos divergentes.” Tatiana Belinky, que não só conheceu pessoalmente Monteiro Lobato como adaptou para a TV as histórias de O sítio do pica-pau amarelo também é dessa turma. “Sou uma criança de 93 anos”, brinca. Mesmo considerando “interessante” a ideia de um espírito
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infantil dos autores, ela garante que a inspiração vem de toda parte. “As ideias passam por mim.” Já Ana Maria Machado, autora de clássicos como História meio ao contrário, membro da Academia Brasileira de Letras e ganhadora do prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante do mundo em literatura infantil, segue outra linha de pensamento: “Não preservo meu espírito infantil e não acho que exista a menor necessidade disso”, afirma. Marina Colasanti, que escreveu Ana Z. Aonde vai você?, entre tantos outros livros, também descarta que seja preciso um espírito infantil para escrever histórias que encantem as crianças. “O que faço questão é de preservar o acesso constante ao imaginário, que é coisa bem diferente.” Mãe de duas filhas adultas, Marina Colasanti não convive com crianças desde que as suas cresceram. “Mas nunca precisei estar perto de crianças para encontrar inspiração”, garante. Para Ana, a convivência eterna com crianças em uma família numerosa – é a mais velha de 11 irmãos e, além dos três filhos, tem 19 sobrinhos – talvez ajude. “Mas acho que na maioria das vezes o material vem da memória, da observação e da imaginação.” Leia a seguir o depoimento de cada um deles.
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LITERATURA
“Seres humanos são feitos de camadas de vivências,
lembranças,
SENSAÇÕES e aprendizados. Dessa forma, nunca deixamos de ser a criança que fomos no passado. Por cima disso, acrescentamos continuamente novas experiências.
Crianças e adultos
têm muito mais pontos em comum do que divergentes. Ambos gostam de ser bem tratados,
têm sonhos e dúvidas,
têm dificuldades em separar realidade e fantasia,
podem ser incoerentes, costumam se apaixonar, estão envelhecendo, detestam ser rejeitados etc. Quando escrevo, procuro pensar mais nessas semelhanças e menos nas diferenças. Acho que a principal criança, a que conheço melhor e mais intimamente, é aquela que continua dentro de mim. Mas, naturalmente, lembranças de quando meus filhos eram pequenos e outras crianças que vejo aqui e ali ou sobre as quais tenho notícias também podem ter influência na hora de criar um texto. Gosto da frase
‘PENSO, LOGO, EXISTO, MAS QUEM SOU EU?’. A ficção e a poesia são formas de lidar com questões assim.”
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Nascido em 1949, Ricardo Azevedo é autor de mais de cem livros infantis, além de pesquisador da cultura brasileira, doutor em teoria literária e professor. Vive em São Paulo. Escreveu, entre outros, o premiado Um homem no sótão. É considerado um dos grandes nomes da literatura infantojuvenil brasileira na atualidade. Sua obra, traduzida e publicada em vários países, se destaca por usar o folclore brasileiro como tema. Já recebeu quatro prêmios Jabuti. Desenhista, Ricardo ilustra a maioria de seus livros.
Foto Nilton Fukuda/agência Estado/AE
RICARDO AZEVEDO
OS TRÊS MAIS Um homem no sótão, Ática Trezentos parafusos a menos, Cia. das Letrinhas Contos de enganar a morte, Ática
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“Eu não preservo meu espírito infantil e não acho que exista a menor necessidade disso. Autor de livro de mistério e de detetive não precisa ter instintos assassinos para escrever a respeito. [O escritor tcheco Franz] Kafka não virou besouro para produzir A metamorfose [o livro conta a história de um homem que acorda transformado em um inseto] . A gente trabalha é com a
linguagem, o artifício literário e a
imaginação . Fui a mais velha de 11 irmãos. Tenho três filhos e 19 sobrinhos de variadas idades,
além de netos e sobrinhos-netos. Sempre contei histórias para eles.
Talvez eles me inspirem, não sei.
Mas acho que, na maioria das vezes, o material vem da observação,
da memória e da imaginação. Não é só hoje que esse público infantil é exigente. Sempre foi. A tecnologia e a profusão de informações não têm nada a ver com isso. Hoje elas competem com a leitura, é verdade. Antes, o quintal e a brincadeira na rua em segurança, com uma turma de amigos, também competiam. Mas uma coisa não atrapalha a outra.”
Foto Pedro Carrilho/Folhapress
ANA MARIA MACHADO Nasceu em 1941 no Rio de Janeiro, onde vive atualmente. Professora universitária, jornalista, radialista, artista plástica e dona de livraria, criou suas primeiras histórias infantis em 1969 para a revista Recreio. Hoje, é um dos maiores nomes da literatura infantojuvenil brasileira, com mais de uma centena de livros publicados. Sua obra é reconhecida dentro e fora do Brasil, com prêmios importantes como o Hans Christian Andersen, da Dinamarca, e o Príncipe Claus, da Holanda. É a primeira autora infantojuvenil eleita para a Academia Brasileira de Letras.
OS TRÊS MAIS História meio ao contrário, Ática Menina bonita do laço de fita, Ática Bisa Bia, bisa Bel, Salamandra
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LITERATURA
“Eu não preservo meu espírito infantil nem faço força para isso.
O ESPÍRITO INFANTIL PERTENCE ÀS CRIANÇAS. O que faço questão de preservar é o
acesso constante ao imaginário, que é coisa bem diferente. Escrevo como adulta que sou, sem tentar imitar
vozes ou pensamentos infantis. Há muitos anos não vivo próxima de crianças. Para ser mais exata, desde que minhas filhas deixaram a infância.
inspiração,
Mas nunca precisei estar perto de crianças para encontrar nem mesmo quando as tinha ao meu lado.
Narrar e ouvir são necessidades de todo humano.
E atravessam os séculos. O encanto das histórias, das boas histórias,
SENTIMENTOS, MEDOS,ALEGRIAS, TRISTEZAS,
está na sua capacidade de se aproximar de
tudo aquilo que faz de cada um de nós um ser único e irmão dos demais. Leio sempre os livros dos bons autores de literatura infantil. Agora mesmo estou em Medellin, na Colômbia, em uma imensa e estupenda Festa do Livro, dialogando com outros autores infantojuvenis, conhecendo seus livros, atualizando-me no panorama editorial sobretudo ibero-americano.”
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Nascida em 1937, na então colônia italiana da Eritreia, hoje um país do continente africano, Marina Colasanti vive no Rio de Janeiro. Passou a infância na África e na Itália, onde morou até os 11 anos, quando sua família se mudou para o Brasil. Artista plástica, jornalista, cronista, ilustradora, redatora publicitária e apresentadora de TV, tem ainda uma bemsucedida carreira de escritora, com mais de 30 obras para adultos e crianças. Já recebeu o prêmio Jabuti de poesia e de literatura infantil.
Foto Marcos de Paula/Agência Estado/AE
MARINA COLASANTI
OS TRÊS MAIS Uma ideia toda azul, Global Editora Ana Z. Aonde vai você?, Ática Doze reis e a moça no labirinto do vento, Global Editora
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“Eu escrevo para mim, que sou uma criança de 93 anos. Tive um irmão que mais ou menos criei junto com minha mãe. Ele foi o primeiro bebê que tive nas mãos. Tenho essa experiência com criança desenvolvendo-se por perto mais até do que com meus livros. SEMPRE QUIS ESCREVER PARA OS PEQUENOS.
Com 4 anos, comecei a ler – em russo ainda por cima! Nasci na Rússia por acaso, numa viagem dos meus pais por lá. Com 8 anos, já tinha meu diário. Então,
minhas impressões de criança eu as trago comigo. Pode não ser mais aquele caderno,
mas as lembranças permanecem. Também tenho as histórias que meu pai me contava e lia para mim. Quando vim para o Brasil, com 10 anos, já tinha opinião formada e certa noção do mundo. SEMPRE PRESTEI MUITA ATENÇÃO EM VOLTA DE MIM e claro que, tendo aprendido a ler e escrever muito cedo, os livros sempre foram importantes. Quando cheguei aqui, tinha uma enorme curiosidade pelas coisas do país, pelas crianças. Aos 93 anos, continuo curiosa e
XERETA.
Uma frase no jornal, uma conversa: as ideias passam por mim e eu, que sou canhota, com a mão esquerda as apanho no ar.”
Foto Valéria Gonçalves/Agência Estado/AE
TATIANA BELINKY
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Tatiana Belinky diz que é russa por acidente e que seu país de verdade é a Letônia, terra de seus pais. Nasceu em 1919, em São Petersburgo, onde os pais estavam de passagem. Chegou ao Brasil aos 10 anos, fugindo com a família das guerras civis que assolavam a então União Soviética. Em parceria com o marido, o médico e educador Júlio Gouveia, fez várias adaptações de sucesso de obras infantis para a TV, inclusive a primeira versão de O sítio do pica-pau amarelo. Também é escritora, com mais de cem obras publicadas. Vive em São Paulo e faz parte da Academia Paulista de Letras.
OS TRÊS MAIS Limeriques da Cocanha, Cia. das Letrinhas Coral dos bichos, FTD Mentiras... E mentiras, Cia. das Letrinhas
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OLHO MÁ GICO| POR MARCELL O ARAÚJO*
Do meu jeito A MAIORIA DE NÓS NÃO CONFIOU MUITO NESSA FILOSOFIA E, CEDO OU TARDE, GERALMENTE MAIS CEDO DO QUE TARDE, PAROU DE DESENHAR
“N
ão tem essa de ‘desenhar bem’... cada um faz do seu jeito” – diz Laura, minha filha caçula. Acredito que a frase é sincera. Ela gosta muito de desenhar e de observar os desenhos dos outros, sejam eles de amigos da escola ou de livros. A maioria de nós não confiou muito nessa filosofia “do meu jeito” e, cedo ou tarde, geralmente mais cedo do que tarde, parou de desenhar. Porém, mesmo quem parou às vezes ainda arrisca um rabisco. Desenha na toalha de papel do restaurante ou nos bloquinhos de recado que deixamos ao lado do telefone. Esta última é uma forma de arte gráfica ameaçada de extinção pelo telefone sem fio e pelo celular. A única vantagem seria a redução do consumo de papel, item que sobra na maioria das casas. Na década de 1960, quando eu era criança, papel de desenho era o artigo mais escasso em casa. Ilustro essa linha do tempo do papel com uma história contada por um grande amigo e superilustrador, o Alcy. Ele lembra que no início dos anos 1950, aos 7 anos de idade, conseguia papel na banca de jornal do bairro, depois que o jornaleiro desembrulhava os jornais que vinham empacotados em grandes folhas brancas. Nelas, Alcy desenhava os heróis e os vilões dos seriados a que assistia na matinê do cinema. Os personagens dos desenhos de Laura se dividem em três grupos principais. O das amigas...pois nesses desenhos não cabem meninos. O de personagens das histórias que lemos
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juntos. E o da família, que inclui a mãe, o pai, a irmã, o falecido peixe Zezinho e o nosso cachorro Juba. A maioria dos desenhos é feita no lado B das folhas que trazemos do trabalho. Porém, continuamos aumentando a nossa dívida de carbono com canetas Pilot, lápis e outros apetrechos que se acumulam em casa. São as lembrancinhas que a Laura ganha nas festas dos amigos ou no seu próprio aniversário. MESMO QUEM PAROU DE DESENHAR AINDA ARRISCA UM RABISCO. DESENHA NA TOALHA DE PAPEL DO RESTAURANTE OU NOS BLOQUINHOS DE RECADO Por falar em festa de aniversário, a mais recente foi feita do nosso jeito. Fomos ao Ibirapuera e escolhemos uma área com ganchos para pendurar a rede, mesa de piquenique e uma boa sombra. Para animar a festa, um músico que tocava no parque fez a trilha sonora e ainda emprestou sua sanfona para o avô de Laura, seu Toninho. E, só para terminar bem do nosso jeito, lembro que há uns dois anos, ao me ver trabalhando em uma ilustração no computador, Laura pediu que eu a desenhasse. Terminei o trabalho e disse que iria começar o desenho. Ela então pediu que eu esperasse e foi para o quarto. Voltou um pouco depois com uma folha de papel nas mãos. “Olha, é assim que eu quero que você me desenhe.” No papel havia um autorretrato feito por ela... no estilo Laura de desenhar.
* Pai de Laura, 7 anos, e Carolina, 18, o ilustrador Marcello Araújo é autor das coleções “O saco” e “1, 2, 3 e já!”, da editora Nova Fronteira
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baixeis grรกt
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O PAI DOMÉSTICO | POR JUVA BATELLA*
Um estranho
no sofá
MAIS CEDO OU MAIS TARDE, TODO PAI DE MENINA VAI TER DE LIDAR COM ESTE PERSONAGEM AMEAÇADOR – O CIÚME DA FILHA...
S
er pai de duas miúdas bonitas (minha opinião é isenta, não me canso de repetir isso) tem os seus percalços. Mais cedo ou mais tarde, o tema dos namorados ou dos arremedos de namorado acaba vindo à baila. E um pai, que é homem e conhece os homens, deve saber como se portar para não passar por bobo e ciumento. A curiosidade sobre o tema do namoro e do amor – e, na carona disso, sobre o tema dos beijos na boca – é um impulso que funciona em ondas, e os discursos das miúdas muitas vezes caminham no sentido contrário ao das ações. Minha filha Alice, que tem 9 anos e é o máximo (eu já disse isso?), não pode ouvir falar em beijo na boca que vira o rosto e faz cara de nojo, como se um beijo na boca fosse a coisa mais inconcebível para
tem perguntas indiscretas; existem respostas indiscretas”), que tem dois namorados. Um mais novo do que ela (“Para eu ensinar a ele coisas, papá.”) e outro mais velho (“Para ele me ensinar coisas, papá.”). Ela diz que já beijou na boca várias vezes e manifesta sempre a vontade de dar em mim um beijo na boca. Avisa que há pelo menos três colegas da escola, todos da mesma idade, que querem ser seu namorado. E diz que eu, uma vez que sou brasileiro mas moro em Portugal e, portanto, tenho amigos dos dois lados do oceano, deveria ter no mínimo duas namoradas: uma aqui e outra lá (“É bem melhor assim, papá. Assim não ficas com saudades de namorar.”). Provavelmente daqui a poucos anos eu me verei na situação de enfrentar essas duas miúdas novamente numa posição inversa: a Clara com esgares de face diante NÃO VOU AGIR COMO UM AMIGO UM DIA ME de um beijo na boca flagrado numa SEGREDOU, REFERINDO-SE AOS PRETENDENTES televisão ou numa página de revisDA SUA FILHA. “DIVIDO-OS EM DOIS”, DISSE ELE. ta, e a Alice, já bem mais maliciosa, a disfarçar melhor, bem melhor, o seu “AQUELES QUE EU DETESTO E AQUELES QUE interesse, mais real e mais cheio de EU DESPREZO” perspectivas, diante da possibilidade uma criatura racional. Ao mesmo tempo, espicha o de ela mesma dar, algum dia, o seu primeiro beipescoço, mal conseguindo disfarçar a curiosidade, jo na boca. Não vou agir como um amigo um dia quando me vê ao telefone a trocar torpedos com me segredou, referindo-se aos pretendentes da minha namorada. E quer porque quer saber o có- sua filha. “Divido-os em dois, meu caro Juva”, digo de acesso do meu telemóvel (celular, em Por- disse ele. “Aqueles que eu detesto e aqueles que tugal). E quer porque quer saber o teor daquilo que eu desprezo.” Não. Tentarei ser bem mais civilieu tão marotamente escrevo no telemóvel fazendo zado. Vou amarrá-las numa cadeira e pedir que jurem de pés juntos (e isso vai ser fácil, porque cara de levado da breca. A Clarinha, que tem 4 anos e é irresistível (isso os pés estarão amarrados a um pé da cadeira) eu ainda não havia dito), diz a todos, mesmo que que jamais se deixarão amarrar em cadeiras por não lhe perguntem (e falava o meu avô: “Não exis- um pai de princesas ciumento e bobo.
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* Doutor em literatura brasileira, o carioca Juva Batella é autor de, entre outros livros, Confissões de um pai doméstico (Planeta, 2003). Pai de Alice, 9 anos, e Clara, 4, mora atualmente em Lisboa
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OS MEUS, OS SEUS E OS NOSSOS | POR HÉLIO SCHW ARTSMAN*
A vida dos outros E COMO ELA SE CRUZA NO COTIDIANO DA GENTE E DE NOSSOS FILHOS
SAIA JUSTA
NO LUGAR CERTO
Quando minha filha de 4 anos não gosta do presente, diz isso sem a menor cerimônia. Como lidar com essa situação? Lucia, terapeuta
Sou pediatra e pai de um menino de 5 anos. Sempre que vou levá-lo à escola e encontro a mãe de um de seus colegas (que, aliás, é bem próxima de minha esposa), ela puxa papo e me pede uma série de conselhos sobre a saúde e o comportamento do filho. Como fazer com que ela entenda, sem magoá-la, que lugar de consulta é no consultório médico? Fernando, médico
Mesmo que você a convença a mentir nessas situações, ela provavelmente se faria trair pela carinha de decepção ao abrir o embrulho. A hipocrisia, aí incluídas as pequenas mentiras indispensáveis para a vida em sociedade, é uma arte que se aprende aos poucos e requer um nível de maturidade que crianças de 4 anos ainda não têm. O bonito da história é que essas mentirinhas sociais estão tão arraigadas em nosso comportamento que o presenteador de mau gosto provavelmente consegue fingir que não entendeu a bronca de sua filha.
NOVA CHANCE Demiti a babá ao flagrá-la lavando o cabelo em meu banheiro, enquanto meu filho de 9 meses brincava na sala. Recentemente, ela, que sustenta dois filhos, pediu que eu desse referências dela. O que você faria? Cristiane, paisagista Se você acha que o que leva uma pessoa a fazer coisas erradas são as suas disposições internas, itens como personalidade e até genética, então essa empregada é um caso perdido. Se, por outro lado, você considera que erros e mesmo crimes são resultado não apenas das disposições internas do indivíduo, mas também de situações e oportunidades e que as pessoas são capazes de aprender com suas ações pregressas e mudar, aí indicá-la para o cargo pode ser justificável. É claro que, para ser ética neste último caso, você vai ter de praticar algum malabarismo verbal para fazer a recomendação sem mentir, mas alguém já afirmou que o papel aceita tudo.
Fernando, o mais fácil seria contratar um serviço de perua escolar para levar seu filho. Outra solução, provavelmente vetada pelo Código de Ética Médica, é “ver” nas descrições que ela faz do comportamento do filho indício de “doença grave” e entupi-la com uma lista de pedidos de exames. Mas, se você quer ser correto, o melhor é dar a ela as orientações mais elementares (essa parte da vida de médico é de fato um sacerdócio) e, se realmente for o caso, convidá-la para uma visita ao consultório. Se quiser ter certeza de que ela entendeu, acrescente de forma clara, mas gentil, que médicos são trabalhadores como quaisquer outros, que gostam de descansar nas horas vagas e precisam de clientes para sobreviver. Em princípio, não há motivo para ela ficar magoada.
* Bacharel em filosofia, Hélio Schwartsman é articulista da Folha de S.Paulo e pai dos gêmeos Ian e David, 9 anos
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FRASE DA INFÂNCIA
“Quem vai me dar uma entrevista hoje?” Sarah Oliveira
POR LIANA MAZER
Foto: arquivo pessoal
Uma coisa é certa: Sarah Oliveira, apresentadora e coprodutora do programa Viva voz, do canal GNT, nunca passou despercebida. Extrovertida e comunicativa desde pequena, a paulistana, hoje com 32 anos, sempre tinha uma opinião a dar sobre qualquer tema, uma pergunta a fazer para todo adulto que passasse na sua frente ou então, na falta de um assunto, uma música a cantar. Simplesmente assim. “Era uma delícia viajar com a Sarah”, conta a mãe, a psicanalista Maria de Fátima Vidotto. “Ela enchia nosso carro com sua alegria, fazendo suas amigas e seus irmãos se divertirem muito.” Segundo Maria de Fátima, sua filha sempre foi uma criança extremamente carinhosa, nada tímida, muito curiosa, mas também muito contestadora. Dos 7 aos 12 anos, a brincadeira favorita de Sarah (que, anos mais tarde, terminaria cursando a faculdade de rádio e TV) era ser repórter. “Eu tinha um gravadorzinho”, diverte-se Sarah ao relembrar o caso. “Sempre que minha mãe se reunia lá em casa com as amigas ou então com meus avós e as irmãs dela, eu ia até a sala e dizia assim: ‘Oi, boa noite. Quem vai me dar uma entrevista hoje?’.” Sarah, aos 4 anos, na casa da madrinha, em Campinas
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