Lilica & Tigor #05

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5 agosto | setembro | outubro 2011

A vida fica mais divertida com nossa coleção de verão

OLHA O PASSARINHO Aprenda com pais fotógrafos a fazer imagens incríveis dos filhos

VÊNUS OU MARTE As dores e as delícias de criar meninos ou meninas

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Ofício nº 09261/2011/RJ - CA nº 06/0264/2011. Promoção válida até o dia 12/10/11.




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A Lilica e o Tigor vão se divertir com você e mais três acompanhantes em uma viagem incrível. A cada R$ 250 em compras, você ganha um cupom para concorrer a uma das cinco viagens. Com os cartões Lilica & Tigor ou One Store Marisol, você ganha cupons em dobro. Participe. promocaolilicaetigor.com.br

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EDITORIAL

A vida fica mais divertida com nossa coleção de verão

OLHA O PASSARINHO Aprenda com pais fotógrafos a fazer imagens incríveis dos filhos

VÊNUS OU MARTE As dores e as delícias de criar meninos ou meninas

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CAPA Foto Debby Gram, styling Letícia Toniazzo, hair e make up Andreia Costa Hair e Make Up Tamba salão Boutique, modelos Nikolas Nhanharelli (agência Baby) e Laura Rafaela (agência Vogue)

Vida é movimento A

14 6

qui na Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, cada mudança de estação é aguardada com muita expectativa. É nesse momento que a coleção, resultado de meses de trabalho duro da nossa equipe (e também de tardes livres e boas doses de ócio criativo), desabrocha nas lojas para dar personalidade ao guarda-roupa das crianças com suas cores, estampas, tecidos e recortes. O dinamismo que experimentamos no dia a dia aqui na Marisol e em nossas lojas pelo Brasil parece nos lembrar a todo momento que a vida é feita de ciclos e tudo está em constante mutação, sobretudo nessa fase da infância, de trocas intensas entre pais e filhos. É o que nos vem à cabeça quando lemos as histórias de “Os meninos são de Marte, as meninas são de Vênus (ou não)”, um dos destaques desta edição, que mostra como as dores e as delícias de criar filhos ou filhas são únicas e estão em permanente transformação. “Hoje, o mundo está diverso demais para ser dividido apenas entre masculino e feminino”, resume a publicitária Ana Teresa Pacheco, mãe de Bento, 11 anos, e Oto, 7, uma das personagens da matéria escrita por Ricardo Calil (ele próprio pai de duas meninas, Teresa e Julieta). No clima da nova estação, o mantra deste número de Lilica&Tigor parece ser transformação. Também é o ponto de partida da reportagem “Mães S/A”, em que mulheres contam como abriram um negócio próprio para passar mais tempo com os filhos, uma tendência cada vez mais forte no Brasil e no mundo. Em “Minha vida de estrangeiro” reunimos os relatos de quem saiu do Brasil para morar em outros países na companhia dos pais. São histórias de vida que ajudam a perceber a relação entre a dinâmica dos universos familiares e a de um mundo sempre em movimento – palavra que, aliás, tem tudo a ver com o verão que está chegando.

Um beijo e até a próxima estação, digo, edição... Rafaela Donini e equipe Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre

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Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Presidente Giuliano Donini Diretor executivo Jair Pasquali Coordenação e consultoria de relacionamento Rafaela Donini www.lilicaetigor.com

LILICA&TIGOR | Editor Paulo Lima Diretor editorial Fernando Luna Diretora de criação Ciça Pinheiro Diretora de gestão e novos negócios Adriana Naves Diretor financeiro Renato B. Zuccari Diretor de núcleo Tato Coutinho Conselho editorial Giuliano Donini, Jair Pasquali, Rafaela Donini, José Henrique Falbo, Graziela Della Giustina e Rodrigo Branco (Marisol); Paulo Lima, Fernando Luna, Carlos Sarli e Ciça Pinheiro (Trip) Diretora de redação Ana Paula Orlandi Projeto gráfico Paula Carvalho e Ciça Pinheiro Direção de arte Paula Carvalho Produtora executiva Ana Rosa Sardenberg Pesquisa de imagens Coordenação Aldrin Ferraz Pesquisador Fernando Cambetas Assistente Daniel Andrade Assistente de pesquisa trainee Juliana Almeida Estagiários Carolina Nakamura e Flavio Pereira Revisão Coordenação Daniela Lima Revisoras Ecila Cianni e Janaína Mello Produção gráfica Walmir Graciano e Monica Yamamoto Produtora gráfica Mariana Pinheiro Produtora gráfica júnior Jessica Oseki Assistente de Tráfego Comercial Carolina Velloso Pré- impressão Roberto Oliveira Departamento comercial Diretor comercial Rogério Rocha Diretor comercial adjunto Heitor Pontes Gerente de contas Kiki Pupo Executivos de contas Claudia Atala, Fernanda Costa, Marcelo Lourenço, Paulo Paiva, Andrea de Ulhoa, Lilian Ribeiro e Luciana Calderaro Assistente comercial Nathalia Rodrigues Analista de marketing Samara Ramos e Nancy Minervini Assistente de arte Danusa de Freitas Assistente Priscila Queiroz Estagiária Juliana Verginelli Projetos especiais e eventos Diretora Ana Paula Wheba Assistente Carolina Sapiro Editora de arte Camila Fank Assistente de arte Renata Vieira Trade e logística Diretora Daniela Basile Gerente de logística Adriano Birello Gerente de assinaturas Viviani Rahal Analista de trade Thais Meneghello Assistente de trade Fabio Pinheiro Assistente de assinaturas Bruna Costa Assistente de circulação Juliana Mantovani Assistente de logística trainee Caio Chagas Projetos Digitais Diretor de projetos Jan Cabral jancabral@trip. com.br Diretor de Arte Beto Macedo betomacedo@ trip.com.br Colaboraram nesta edição Editor André Viana Editora assistente Melissa Crocetti Texto Annette Schwartsman, Ariane Abdallah, Eduardo Nonomura, Érica Rodrigues e Ricardo Calil Revisão Monique Velloso Editora de arte Kiki Saraiva Produtora Frida Abrahão Produtora de objetos Paola Abiko Stylist Letícia Toniazzo Fotografia Antônio Brasiliano, Calé, Coletivo Correnteza, Cristiano Madureira, Debby Gram, Deco Cury, Eduardo Delfim, Frederico D’Alcântara, Gil Inoue, Ilana Bessler, Kiko Ferrite, Marcos Vilas Boas, Nino Andrés, Rodrigo Marques Tratamento de imagem Regis Panato/Photouch Ilustração Apo Fousek e Gramboy Cenografia Estudio Gis Cabelo e maquiagem Agnes Mamede (Capa MGT), Andreia Costa Hair e Make Up Tamba Salão Boutique, Jô Castro (Capa MGT), Marcos Roza (Glloss MGT) e Rafaela Figueiredo (Capa MGT) Colunistas Alê Abreu, Benny Novak, Clarice Reichstul, Hélio Schwartsman, Juva Batella, Marcello Araújo, Maria Ercilia Galvão Bueno, Odilon Moraes e Taciana Barros

Pré-impressão Arizona Impressão Ibep Gráfica LILICA&TIGOR é uma publicação da Trip Editora e Propaganda S/A, sob licença da Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Redação e publicidade: caixa postal 11485-5, CEP 05422-970, São Paulo, SP. Tel.: (11) 2244-8786/8797. www.tripeditora.com.br

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EDITORIAL

A vida fica mais divertida com nossa coleção de verão

OLHA O PASSARINHO Aprenda com pais fotógrafos a fazer imagens incríveis dos filhos

VÊNUS OU MARTE As dores e as delícias de criar meninos ou meninas

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CAPA Foto Debby Gram, styling Letícia Toniazzo, hair e make up Andreia Costa Hair e Make Up Tamba salão Boutique, modelos Nikolas Nhanharelli (agência Baby) e Laura Rafaela (agência Vogue)

Vida é movimento A

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qui na Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, cada mudança de estação é aguardada com muita expectativa. É nesse momento que a coleção, resultado de meses de trabalho duro da nossa equipe (e também de tardes livres e boas doses de ócio criativo), desabrocha nas lojas para dar personalidade ao guarda-roupa das crianças com suas cores, estampas, tecidos e recortes. O dinamismo que experimentamos no dia a dia aqui na Marisol e em nossas lojas pelo Brasil parece nos lembrar a todo momento que a vida é feita de ciclos e tudo está em constante mutação, sobretudo nessa fase da infância, de trocas intensas entre pais e filhos. É o que nos vem à cabeça quando lemos as histórias de “Os meninos são de Marte, as meninas são de Vênus (ou não)”, um dos destaques desta edição, que mostra como as dores e as delícias de criar filhos ou filhas são únicas e estão em permanente transformação. “Hoje, o mundo está diverso demais para ser dividido apenas entre masculino e feminino”, resume a publicitária Ana Teresa Pacheco, mãe de Bento, 11 anos, e Oto, 7, uma das personagens da matéria escrita por Ricardo Calil (ele próprio pai de duas meninas, Teresa e Julieta). No clima da nova estação, o mantra deste número de Lilica&Tigor parece ser transformação. Também é o ponto de partida da reportagem “Mães S/A”, em que mulheres contam como abriram um negócio próprio para passar mais tempo com os filhos, uma tendência cada vez mais forte no Brasil e no mundo. Em “Minha vida de estrangeiro” reunimos os relatos de quem saiu do Brasil para morar em outros países na companhia dos pais. São histórias de vida que ajudam a perceber a relação entre a dinâmica dos universos familiares e a de um mundo sempre em movimento – palavra que, aliás, tem tudo a ver com o verão que está chegando.

Um beijo e até a próxima estação, digo, edição... Rafaela Donini e equipe Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre

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LILICA&TIGOR | Editor Paulo Lima Diretor editorial Fernando Luna Diretora de criação Ciça Pinheiro Diretora de gestão e novos negócios Adriana Naves Diretor financeiro Renato B. Zuccari Diretor de núcleo Tato Coutinho Conselho editorial Giuliano Donini, Jair Pasquali, Rafaela Donini, José Henrique Falbo, Graziela Della Giustina e Rodrigo Branco (Marisol); Paulo Lima, Fernando Luna, Carlos Sarli e Ciça Pinheiro (Trip) Diretora de redação Ana Paula Orlandi Projeto gráfico Paula Carvalho e Ciça Pinheiro Direção de arte Paula Carvalho Produtora executiva Ana Rosa Sardenberg Pesquisa de imagens Coordenação Aldrin Ferraz Pesquisador Fernando Cambetas Assistente Daniel Andrade Assistente de pesquisa trainee Juliana Almeida Estagiários Carolina Nakamura e Flavio Pereira Revisão Coordenação Daniela Lima Revisoras Ecila Cianni e Janaína Mello Produção gráfica Walmir Graciano e Monica Yamamoto Produtora gráfica Mariana Pinheiro Produtora gráfica júnior Jessica Oseki Assistente de Tráfego Comercial Carolina Velloso Tratamento de imagens Roberto Oliveira Departamento comercial Diretor comercial Rogério Rocha Diretor comercial adjunto Heitor Pontes Gerente de contas Kiki Pupo Executivos de contas Claudia Atala, Fernanda Costa, Marcelo Lourenço, Paulo Paiva, Andrea de Ulhoa, Lilian Ribeiro e Luciana Calderaro Assistente comercial Nathalia Rodrigues Analista de marketing Samara Ramos e Nancy Minervini Assistente de arte Danusa de Freitas Assistente Priscila Queiroz Estagiária Juliana Verginelli Projetos especiais e eventos Diretora Ana Paula Wheba Assistente Carolina Sapiro Editora de arte Camila Fank Assistente de arte Renata Vieira Trade e logística Diretora Daniela Basile Gerente de logística Adriano Birello Gerente de assinaturas Viviani Rahal Analista de trade Thais Meneghello Assistente de trade Fabio Pinheiro Assistente de assinaturas Bruna Costa Assistente de circulação Juliana Mantovani Assistente de logística trainee Caio Chagas Projetos Digitais Diretor de projetos Jan Cabral jancabral@trip.com.br Diretor de Arte Beto Macedo betomacedo@trip.com.br Colaboraram nesta edição Editor André Viana Editora assistente Melissa Crocetti Texto Annette Schwartsman, Ariane Abdallah, Eduardo Nonomura, Érica Rodrigues e Ricardo Calil Revisão Monique Velloso Editora de arte Kiki Saraiva Produtora Frida Abrahão Produtora de objetos Paola Abiko Stylist Letícia Toniazzo Fotografia Antônio Brasiliano, Calé, Coletivo Correnteza, Cristiano Madureira, Debby Gram, Deco Cury, Eduardo Delfim, Frederico D’Alcântara, Gil Inoue, Ilana Bessler, Kiko Ferrite, Marcos Vilas Boas, Nino Andrés, Rodrigo Marques Tratamento de imagem Regis Panato/Photouch Ilustração Apo Fousek e Gramboy Cenografia Estudio Gis Cabelo e maquiagem Agnes Mamede (Capa MGT), Andreia Costa Hair e Make Up Tamba Salão Boutique, Jô Castro (Capa MGT), Marcos Roza (Glloss MGT) e Rafaela Figueiredo (Capa MGT) Colunistas Alê Abreu, Benny Novak, Clarice Reichstul, Hélio Schwartsman, Juva Batella, Marcello Araújo, Maria Ercilia Galvão Bueno, Odilon Moraes e Taciana Barros

Pré-impressão Arizona Impressão Ibep Gráfica LILICA&TIGOR é uma publicação da Trip Editora e Propaganda S/A, sob licença da Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Redação e publicidade: caixa postal 11485-5, CEP 05422-970, São Paulo, SP. Tel.: (11) 2244-8786/8797. www.tripeditora.com.br

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CAPA Foto Debby Gram, styling Letícia Toniazzo, hair e make up Andreia Costa Hair e Make Up Tamba salão Boutique, modelos Nikolas Nhanharelli (agência Baby) e Laura Rafaela (agência Vogue)

Vida é movimento A

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qui na Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, cada mudança de estação é aguardada com muita expectativa. É nesse momento que a coleção, resultado de meses de trabalho duro da nossa equipe (e também de tardes livres e boas doses de ócio criativo), desabrocha nas lojas para dar personalidade ao guarda-roupa das crianças com suas cores, estampas, tecidos e recortes. O dinamismo que experimentamos no dia a dia aqui na Marisol e em nossas lojas pelo Brasil parece nos lembrar a todo momento que a vida é feita de ciclos e tudo está em constante mutação, sobretudo nessa fase da infância, de trocas intensas entre pais e filhos. É o que nos vem à cabeça quando lemos as histórias de “Os meninos são de Marte, as meninas são de Vênus (ou não)”, um dos destaques desta edição, que mostra como as dores e as delícias de criar filhos ou filhas são únicas e estão em permanente transformação. “Hoje, o mundo está diverso demais para ser dividido apenas entre masculino e feminino”, resume a publicitária Ana Teresa Pacheco, mãe de Bento, 11 anos, e Oto, 7, uma das personagens da matéria escrita por Ricardo Calil (ele próprio pai de duas meninas, Teresa e Julieta). No clima da nova estação, o mantra deste número de Lilica&Tigor parece ser transformação. Também é o ponto de partida da reportagem “Mães S/A”, em que mulheres contam como abriram um negócio próprio para passar mais tempo com os filhos, uma tendência cada vez mais forte no Brasil e no mundo. Em “Minha vida de estrangeiro” reunimos os relatos de quem saiu do Brasil para morar em outros países na companhia dos pais. São histórias de vida que ajudam a perceber a relação entre a dinâmica dos universos familiares e a de um mundo sempre em movimento – palavra que, aliás, tem tudo a ver com o verão que está chegando.

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Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Presidente Giuliano Donini Diretor executivo Jair Pasquali Coordenação e consultoria de relacionamento Rafaela Donini www.lilicaetigor.com

LILICA&TIGOR | Editor Paulo Lima Diretor editorial Fernando Luna Diretora de criação Ciça Pinheiro Diretora de gestão e novos negócios Adriana Naves Diretor financeiro Renato B. Zuccari Diretor de núcleo Tato Coutinho Conselho editorial Giuliano Donini, Jair Pasquali, Rafaela Donini, José Henrique Falbo, Graziela Della Giustina e Rodrigo Branco (Marisol); Paulo Lima, Fernando Luna, Carlos Sarli e Ciça Pinheiro (Trip) Diretora de redação Ana Paula Orlandi Projeto gráfico Paula Carvalho e Ciça Pinheiro Direção de arte Paula Carvalho Produtora executiva Ana Rosa Sardenberg Pesquisa de imagens Coordenação Aldrin Ferraz Pesquisador Fernando Cambetas Assistente Daniel Andrade Assistente de pesquisa trainee Juliana Almeida Estagiários Carolina Nakamura e Flavio Pereira Revisão Coordenação Daniela Lima Revisoras Ecila Cianni e Janaína Mello Produção gráfica Walmir Graciano e Monica Yamamoto Produtora gráfica Mariana Pinheiro Produtora gráfica júnior Jessica Oseki Assistente de Tráfego Comercial Carolina Velloso Tratamento de imagens Roberto Oliveira Departamento comercial Diretor comercial Rogério Rocha Diretor comercial adjunto Heitor Pontes Gerente de contas Kiki Pupo Executivos de contas Claudia Atala, Fernanda Costa, Marcelo Lourenço, Paulo Paiva, Andrea de Ulhoa, Lilian Ribeiro e Luciana Calderaro Assistente comercial Nathalia Rodrigues Analista de marketing Samara Ramos e Nancy Minervini Assistente de arte Danusa de Freitas Assistente Priscila Queiroz Estagiária Juliana Verginelli Projetos especiais e eventos Diretora Ana Paula Wheba Assistente Carolina Sapiro Editora de arte Camila Fank Assistente de arte Renata Vieira Trade e logística Diretora Daniela Basile Gerente de logística Adriano Birello Gerente de assinaturas Viviani Rahal Analista de trade Thais Meneghello Assistente de trade Fabio Pinheiro Assistente de assinaturas Bruna Costa Assistente de circulação Juliana Mantovani Assistente de logística trainee Caio Chagas Projetos Digitais Diretor de projetos Jan Cabral jancabral@trip.com.br Diretor de Arte Beto Macedo betomacedo@trip.com.br Colaboraram nesta edição Editor André Viana Editora assistente Melissa Crocetti Texto Annette Schwartsman, Ariane Abdallah, Eduardo Nonomura, Érica Rodrigues e Ricardo Calil Revisão Monique Velloso Editora de arte Kiki Saraiva Produtora Frida Abrahão Produtora de objetos Paola Abiko Stylist Letícia Toniazzo Fotografia Antônio Brasiliano, Calé, Coletivo Correnteza, Cristiano Madureira, Debby Gram, Deco Cury, Eduardo Delfim, Frederico D’Alcântara, Gil Inoue, Ilana Bessler, Kiko Ferrite, Marcos Vilas Boas, Nino Andrés, Rodrigo Marques Tratamento de imagem Regis Panato/Photouch Ilustração Apo Fousek e Gramboy Cenografia Estudio Gis Cabelo e maquiagem Agnes Mamede (Capa MGT), Andreia Costa Hair e Make Up Tamba Salão Boutique, Jô Castro (Capa MGT), Marcos Roza (Glloss MGT) e Rafaela Figueiredo (Capa MGT) Colunistas Alê Abreu, Benny Novak, Clarice Reichstul, Hélio Schwartsman, Juva Batella, Marcello Araújo, Maria Ercilia Galvão Bueno, Odilon Moraes e Taciana Barros

Impressão Ibep Gráfica LILICA&TIGOR é uma publicação da Trip Editora e Propaganda S/A, sob licença da Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Redação e publicidade: caixa postal 11485-5, CEP 05422-970, São Paulo, SP. Tel.: (11) 2244-8786/8797. www.tripeditora.com.br

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COLABORADORES

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7

8 1 RODRIGO MARQUES Fotógrafo de moda há 14 anos, ele colabora para títulos como Vogue e Marie Claire. Nesta edição fez o editorial de moda“O poder das flores”.

6 GRAM BO Y

2 DEBBY GRAM

7 GIL INOUE Fotógrafo paulistano, mora em Nova York e aguarda a chegada do primeiro filho, Gael, em setembro. Clicou a seção Enquete. “Adorava brincar com meus irmãos na infância”, lembra.

Ela começou como assistente do editor de moda Giovanni Frasson, da Vogue, e desde 1999 dedica-se à fotografia de moda. É dela o editorial “Na natureza selvagem”. 3 EDUARDO NUNOMURA

“Quando criança curtia andar de skate, coisa a que faço até hoje”, conta o artista plástico mi-i-i neiro de 20 anos de idade. Para nós, ilustrou u os títulos das matérias de comportamento.

Ele foi repórter do Estadão, da Veja e da Folha de S. Paulo. Aqui, fez a matéria “Mães S/A.” “Na infância gostava de jogar futebol”, diz.

8 ARIANE ABD ALLAH Na infância queria ser atriz e criou até uma personagem, a Madame Adelaide. Repórter da revista Tpm, ela assina aqui a seção Conexões.

4 APO FOUSEK

9 RICARDO CALIL

Além de designer e artista, ele é surfista e skatista. Não por acaso, a cultura urbana inspira seu trabalho, a exemplo das ilustrações que fez para os stills de moda desta edição.

Repórter especial da revista Trip, crítico de cinema da Folha de S.Paulo, pai de Teresa e Julieta. Para nós escreveu “Os meninos são de marte, as meninas são de Vênus (ou não)”

5 ÉRICA RODRIGUES

10 ANNETTE SCHW ARTSMAN Passou a infância em São Paulo empinando pipa e fazendo guerra de mamona na rua onde morava. Nesta edição fez a matéria “Minha vida de estrangeiro”.

Editora da extinta revista Fotosite, ela hoje participa do projeto Novos Curadores, voltado para a arte contemporânea. Neste número escreveu a matéria “Para não esquecer”.

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Menino prodígio Desde o ano passado, as ilustrações do carioca Caetano Machado de Carvalho, 9, alimentam o blog caetanodesenhos.blogspot. com. Agora, o traço cheio de bossa do garoto enfeita as páginas desta edição de Lilica&Tigor.

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PRATELEIRA

PLAYGROUND Literatura, cinema, música, arte, museus, mundo digital, moda, gastronomia, viagem, decoração, bichos, cultura de rua, brincadeiras, comportamento, memória. Criança tem assunto que não acaba mais. Nossos colunistas estão de olho em tudo.

por Taciana Barros

Música

10

12

A função dos pianos em casa

por Benny Novak

Comida

15

Um tour gastronômico com os filhos pela Europa

Mundo digital

por Maria Ercília

16

Nunca tivemos tantas fotos tiradas ao acaso, quase sem pensar

Cinema

por Alê Abreu

18

As maravilhas do universo do mestre da animação Hayao Miyazaki

10

Livros

por Odilon Moraes

20

Um livro aberto não tem apenas quatro lados

Estilo

por Clarice Reichstul

22

Entre o guarda-roupa das meninas e o dos meninos

ENQUETE Qual é a coisa mais bonita do mundo?

38

O sol, a borboleta, o chocolate M&M’s. Na imaginação infantil, a beleza está nos detalhes

DECORA ÇÃO 8

40

Uma vida em construção

38

Uma casa feita sem pressa para receber com conforto os dois filhos pequenos do casal

CONEXÕES

44

Bem-vindo ao clube As afinidades de uma turma de amigos de uma escola em São Paulo terminaram criando uma forte amizade também entre as mães

40

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VIAGEM Museu de novidades

48

Dicas de passeios dentro e fora do Brasil em que arte e ciência são protagonistas

11.07.11 19:21:15


MODA Turma

60

Floral

80

Jeans

88

Marcenaria

106

Bebê

120

Jeans com lavagens espertas, estampas florais e futurismo anunciam a chegada de um verão leve e divertido

“ Ser mãe de meninos é aprender a lidar com a diferença, com um universo desconhecido. É não ter uma identificação imediata e, por isso mesmo, ser surpeendida sempre” ANA TERESA PACHECO, 46 ANOS, MÃE DE BENTO, 11 ANOS, E OTO, 7

52

COMPORT AMENTO Pais & filhos OS MENINOS SÃO DE MARTE, AS MENINAS SÃO DE VÊNUS OU NÃO O que muda na criação de filhos e filhas

52

Fotografia PARA NÃO ESQUECER Como tirar o melhor proveito de máquinas analógicas e digitais na hora de fotografar os filhos

74

Infância MINHA VIDA DE ESTRANGEIRO O dia a dia e as histórias de pequenos brasileiros que foram morar fora do país

100

Família MÃES S/A Elas abriram seu próprio negócio para ter mais tempo com os filhos

74

116

COLUNAS Olho mágico O livro mais antigo da casa pode ser também uma grande novidade

O pai doméstico

126

128

Como as diferenças podem servir para aproximar as pessoas

Frase da infância

130

Teco Padaratz: “Não esquece a força no pé de trás!”

Lilica5_prateleira_PG.indd 9

Os meus, os seus e os nossos

129

Uma boa conversa ajuda a solucionar temas controversos entre pais e filhos

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MODA Turma

60

Floral

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Jeans

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Marcenaria

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Bebê

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Jeans com lavagens espertas, estampas florais e futurismo anunciam a chegada de um verão leve e divertido

“ Ser mãe de meninos é aprender a lidar com a diferença, com um universo desconhecido. É não ter uma identificação imediata e, por isso mesmo, ser surpeendida sempre” ANA TERESA PACHECO, 46 ANOS, MÃE DE BENTO, 11 ANOS, E OTO, 7

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COMPORT AMENTO Pais & filhos OS MENINOS SÃO DE MARTE, AS MENINAS SÃO DE VÊNUS OU NÃO O que muda na criação de filhos e filhas

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Fotografia PARA NÃO ESQUECER Como tirar o melhor proveito de máquinas analógicas e digitais na hora de fotografar os filhos

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Infância MINHA VIDA DE ESTRANGEIRO O dia a dia e as histórias de pequenos brasileiros que foram morar fora do país

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Família MÃES S/A Elas abriram seu próprio negócio para ter mais tempo com os filhos

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COLUNAS Olho mágico O livro mais antigo da casa pode ser também uma grande novidade

O pai doméstico

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Como as diferenças podem servir para aproximar as pessoas

Frase da infância

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Teco Padaratz: “Não esquece a força no pé de trás!”

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Os meus, os seus e os nossos

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Uma boa conversa ajuda a solucionar temas controversos entre pais e filhos

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MODA Turma

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Floral

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Jeans

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Marcenaria

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Bebê

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Jeans com lavagens espertas, estampas florais e futurismo anunciam a chegada de um verão leve e divertido

“ Ser mãe de meninos é aprender a lidar com a diferença, com um universo desconhecido. É não ter uma identificação imediata e, por isso mesmo, ser surpeendida sempre” ANA TERESA PACHECO, 46 ANOS, MÃE DE BENTO, 11 ANOS, E OTO, 7

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COMPORT AMENTO Pais & filhos OS MENINOS SÃO DE MARTE, AS MENINAS SÃO DE VÊNUS OU NÃO O que muda na criação de filhos e filhas

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Fotografia PARA NÃO ESQUECER Como tirar o melhor proveito de máquinas analógicas e digitais na hora de fotografar os filhos

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Infância MINHA VIDA DE ESTRANGEIRO O dia a dia e as histórias de pequenos brasileiros que foram morar fora do país

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Família MÃES S/A Elas abriram seu próprio negócio para ter mais tempo com os filhos

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COLUNAS Olho mágico O livro mais antigo da casa pode ser também uma grande novidade

O pai doméstico

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Como as diferenças podem servir para aproximar as pessoas

Frase da infância

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Teco Padaratz: “Não esquece a força no pé de trás!”

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Os meus, os seus e os nossos

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Uma boa conversa ajuda a solucionar temas controversos entre pais e filhos

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Fotos cadeirão, robô e casinha de boneca: divulgação

FOTOS STILL EDUARDO DELFIM TÍTULO O GRAMBOY

PARA A VIDA TODA 10

Quando o designer norueguês Peter Opsvik percebeu que o filho pequeno se sentia desconfortável à mesa em cadeiras para adultos, ele decidiu criar um móvel cujo assento pudesse ser ajustado em altura e profundidade para acompanhar o crescimento da criança. Assim nasceu no início da década de 70 o cadeirão Tripp Trapp, da marca Stokke, que acaba de chegar ao Brasil após 7 milhões de exemplares vendidos no mundo. Vale R$ 979 na Scandinavia Designs, tel. (11) 3081-5158, em São Paulo.

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FORMAS INFINITAS Importada dos Estados Unidos, a Bola de Ide!as (www.boladeideias. com.br) é formada por 30 peças magnéticas que podem ser agrupadas em diferentes formatos e criar novas figuras. Para crianças a partir de 8 anos. Custa R$ 100 na Azul & Rosa, tel. (11) 2605-2033, em São Paulo.

*

As frases em destaque neste Playground são do livro Noções de Coisas (editora FTD), de Darcy Ribeiro, ilustrações Ziraldo

12.07.11 11:58:05


“A vida é um prodígio tão extraordinário que assusta”* CASA MONTADA A criança pode montar do jeito que bem entender a Modern Play House, esta casinha de boneca criada pelo MoMA, o famoso Museu de Arte Moderna de Nova York. O kit traz seis blocos, oito itens de mobília e 12 decalques de vinil removíveis. Custa R$ 96 na loja virtual Mod (www.lojamod.com.br).

PRONTAS PARA PENDURAR

Larva articulada Feito de aço inox, o Le Pinch é um robô a cordas que imita os movimentos de uma larva Geometridea, da mesma família das borboletas e mariposas. Sua especialidade: ultrapassar pequenos obstáculos usando pés coloridos e princípios da física. Criação dos designers Chico Bicalho e Isabella Torquato, sai por R$ 119,90 na loja virtual O Segredo do Vitório (www.osegredodovitorio.com).

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Especializada em gravura pelo Royal College of Art, em Londres, a artista plástica paulistana Monica Schoenacker lançou pelo seu ateliê Fora de Série uma série de serigrafias e impressões digitais numeradas e assinadas para o quarto das crianças ou outros cantos da casa. “A vantagem é que elas vêm montadas em molduras de madeira ou caixas de acrílico, prontas para pendurar”, diz Monica. A primeira coleção, em parceria com o colega Marcelo Cipis, conhecido ilustrador de livros infantis, pode ser encomendada no site www.foradeserie.art.br/prints, com preços a partir de R$ 300.

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“A vida é um prodígio tão extraordinário que assusta”* CASA MONTADA A criança pode montar do jeito que bem entender a Modern Play House, esta casinha de boneca criada pelo MoMA, o famoso Museu de Arte Moderna de Nova York. O kit traz seis blocos, oito itens de mobília e 12 decalques de vinil removíveis. Custa R$ 96 na loja virtual Mod (www.lojamod.com.br).

PRONTAS PARA PENDURAR

Larva articulada Feito de aço inox, o Le Pinch é um robô a cordas que imita os movimentos de uma larva Geometridea, da mesma família das borboletas e mariposas. Sua especialidade: ultrapassar pequenos obstáculos usando pés coloridos e princípios da física. Criação dos designers Chico Bicalho e Isabella Torquato, sai por R$ 119,90 na loja virtual O Segredo do Vitório (www.osegredodovitorio.com).

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Especializada em gravura pelo Royal College of Art, em Londres, a artista plástica paulistana Monica Schoenacker lançou pelo seu ateliê Fora de Série uma série de serigrafias e impressões digitais numeradas e assinadas para o quarto das crianças ou outros cantos da casa. “A vantagem é que elas vêm montadas em molduras de madeira ou caixas de acrílico, prontas para pendurar”, diz Monica. A primeira coleção, em parceria com o colega Marcelo Cipis, conhecido ilustrador de livros infantis, pode ser encomendada no site www.foradeserie.art.br/prints, com preços a partir de R$ 300.

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PLAYGROUND

Música TACIANA BARROS , AOS 3 ANOS

A língua dos passarinhos Este é o presente perfeito para aqueles que têm curiosidade por sons de pássaros. Os nove apitos da caixa de madeira reproduzem o pio de aves silvestres brasileiras como o inhambuaçu, o macuco, a perdiz e o tucano. Custa R$ 54 na Trenzinho, tel. (11) 3088-0936, em São Paulo.

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NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO

Abecedário de Aves Brasileiras, de Geraldo Valério, editora Martins Fontes. Por R$ 49,80 na Livraria Cultura, tel. (85) 4008-0800, em Fortaleza.

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“Achei o livro superinteressante. Gostei da coruja Murucututu porque eu achei ela famosa e bonita. Amei a Harpia porque ela é radical, tem bico afiado, garras fascinantes e asas muito bonitas. E achei o Xexéu um super-DJ porque ele imita os sons de outras aves.” Rocco Di Giulio, 6 anos

Tenho reparado uma coisa triste. Cada vez menos pessoas têm piano em casa. Antigamente era um “móvel” essencial. Todo mundo tinha e alguém tocava... a mãe, a vó, uma tia. Fazia parte da preparação da boa moça tocar piano. Daí estando por lá facilitava muito a vida das não tão boas moças assim, o meu caso. Herdamos um da nossa avó e muito cedo me apaixonei por ele. Comecei a fazer aula aos 5 e assim fui por muitos anos mudando de professores e estilos. No começo tinha que subir com esforço no banquinho. Inventava umas músicas muito malucas. Lembro bem de uma enorme que eu compus, devia ter uns 7 anos. Batizei de “Primavera Verão Outono Inverno”. Porque era isso mesmo que eu tocava, nos graves era o inverno tenebroso e lá nas agudinhas a primavera feliz e saltitante. Passava muitas horas tocando hipnotizada por esse instrumento gigante com um som tão forte. E também curtia desmontar as madeiras, tocar olhando as teclas e todo o mecanismo... muito demais! Enfim, posso dizer que o piano é um dos brinquedos para criança mais maravilhosos que existem. Quando alguns pais amigos me contam que o filho gosta de tocar piano, eu sempre pergunto, “mas vocês têm piano em casa?”. “Na maioria das vezes a resposta é: ‘Não, primeiro compramos um tecladinho pra ver se ele curte mesmo e depois quem sabe...’.” Não recomendo... piano é piano, só a força que a gente tem que fazer pra afundar as teclas já dá um alívio eterno. Taciana Barros é integrante da banda Pequeno Cidadão em parceria com Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e Antonio Pinto. É mãe de Daniel, 22 anos, e Luzia, 10

Retrato colunista: arquivo pessoal Foto: arquivo pessoal

Piano é piano

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Música TACIANA BARROS , AOS 3 ANOS

A língua dos passarinhos Este é o presente perfeito para aqueles que têm curiosidade por sons de pássaros. Os nove apitos da caixa de madeira reproduzem o pio de aves silvestres brasileiras como o inhambuaçu, o macuco, a perdiz e o tucano. Custa R$ 54 na Trenzinho, tel. (11) 3088-0936, em São Paulo.

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NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO

Abecedário de Aves Brasileiras, de Geraldo Valério, editora Martins Fontes. Por R$ 49,80 na Livraria Cultura, tel. (85) 4008-0800, em Fortaleza.

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“Achei o livro superinteressante. Gostei da coruja Murucututu porque eu achei ela famosa e bonita. Amei a Harpia porque ela é radical, tem bico afiado, garras fascinantes e asas muito bonitas. E achei o Xexéu um super-DJ porque ele imita os sons de outras aves.” Rocco Di Giulio, 6 anos

Tenho reparado uma coisa triste. Cada vez menos pessoas têm piano em casa. Antigamente era um “móvel” essencial. Todo mundo tinha e alguém tocava... a mãe, a vó, uma tia. Fazia parte da preparação da boa moça tocar piano. Daí estando por lá facilitava muito a vida das não tão boas moças assim, o meu caso. Herdamos um da nossa avó e muito cedo me apaixonei por ele. Comecei a fazer aula aos 5 e assim fui por muitos anos mudando de professores e estilos. No começo tinha que subir com esforço no banquinho. Inventava umas músicas muito malucas. Lembro bem de uma enorme que eu compus, devia ter uns 7 anos. Batizei de “Primavera Verão Outono Inverno”. Porque era isso mesmo que eu tocava, nos graves era o inverno tenebroso e lá nas agudinhas a primavera feliz e saltitante. Passava muitas horas tocando hipnotizada por esse instrumento gigante com um som tão forte. E também curtia desmontar as madeiras, tocar olhando as teclas e todo o mecanismo... muito demais! Enfim, posso dizer que o piano é um dos brinquedos para criança mais maravilhosos que existem. Quando alguns pais amigos me contam que o filho gosta de tocar piano, eu sempre pergunto, “mas vocês têm piano em casa?”. “Na maioria das vezes a resposta é: ‘Não, primeiro compramos um tecladinho pra ver se ele curte mesmo e depois quem sabe...’.” Não recomendo... piano é piano, só a força que a gente tem que fazer pra afundar as teclas já dá um alívio eterno. Taciana Barros é integrante da banda Pequeno Cidadão em parceria com Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra e Antonio Pinto. É mãe de Daniel, 22 anos, e Luzia, 10

Retrato colunista: arquivo pessoal Foto: arquivo pessoal

Piano é piano

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Yellow Submarine BEATLES “É um clássico psicodélico do fim dos anos 60. No fim da década de 90 ganhou versão em DVD.”

I Didn’t See It Coming BELLE & SEBASTIAN

Clint Eastwood

“Cenários e personagens bem-acabados. A animação é simples e singela, combina com a banda e a música.”

“A banda virtual do ex-Blur Damon Albarn e de Jamie Hewllet [criador do personagem de quadrinhos Tank Girl] é formada por personagens incríveis. A sincronia labial neste clipe é perfeita.”

| GORILLAZ

CANÇÃO ANIMADA Um dos diretores do clipe Carrinho por trás, do Pequeno Cidadão, Bruno Galan (ao lado com a mulher e a filha, Tereza) indica para nós dois clipes e um longa legais que também apostam na animação. Um deles é o novo hit da banda Belle & Sebastian, “I Didn’t See It Coming”, que ganhou remix de Richard X. Eles podem ser vistos na internet.

Fotos: divulgação, arquivo pessoal, reprodução YouTube e EVERETT COLLECTION / KEYSTOCK

“Os sentidos são as janelas do corpo”

PARA ONDE VAI? Lançado em 1997, o Rumos Itaú Cultural, tradicional mapeamento de artistas brasileiros, resolveu neste ano voltar os olhos para a música infantil e selecionou 12 grupos de Estados como Paraíba, Rio Grande do Sul e São Paulo, a exemplo dos Barbatuques (acima), para uma série de apresentações. Os próximos shows, com entrada gratuita, acontecem a partir de setembro, no Itaú Cultural, em São Paulo. Mais em www.itaucultural.org.br.

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Som na caixa Esta caixinha de música artesanal é movida a manivela, o que possibilita controlar a velocidade do carrossel e da trilha sonora. Feita de madeira certificada e com tinta atóxica, custa R$ 184 na Fábrica Ideias para Crianças, tel. (11) 3034-3044, em São Paulo.

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PLAYGROUND

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Você sabia que 60% do lixo produzido na sua casa é orgânico? Se o termo “coleta seletiva” já faz parte do vocabulário da família, ótimo. Mas saiba que aquela inocente casquinha de banana ainda representa perigo para a natureza. “O lixo orgânico, quando mal manejado, é o que mais polui”, explica o administrador de empresas César Cassab Danna, 38 anos, um dos fundadores da ONG Instituto Coopera, de Brasília. “Sua decomposição em aterros gera gás metano e chorume, um líquido ácido que cai no lençol freático e contamina os rios.” Em 2004, depois de uma temporada na Austrália estudando políticas públicas ambientais, César, sua irmã, a pedagoga Clarissa Cassab Danna, e a bióloga Cristina do Carmo Garcez resolveram praticar em casa o que haviam aprendido por lá: a reciclagem do lixo orgânico com a ajuda de... minhocas. Um ano depois, eles começaram a produzir os primeiros minhocários para amigos. Hoje, César, Clarissa e Cristina já venderam para todo o país mais de 5 mil Minhocasas, como batizaram esse sistema de compostagem doméstica que transforma resíduos orgânicos em fertilizante natural. Compacta, feita de material reciclado, a Minhocasa possui três gavetas. Nas de cima e do meio (1 e 2), minhocas se alimentam de restos de comida, folhas secas e papel, transformando tudo isso em adubo líquido. Esse adubo fica armazenado na gaveta de baixo (3) e pode ser usado para regar plantas graças a uma torneirinha acoplada a ela. “A Minhocasa é uma lixeira viva, não dá cheiro nem atrai insetos ou ratos”, explica César. “Nossa experiência com escolas mostra que, além de adquirir consciência ecológica, as crianças transformam as minhocas em bichinhos de estimação.” É o caso dos irmãos paulistanos Ivan, Isabela e Teodoro (6, 5 e 4 anos, respectivamente). Há dois meses, a mãe, Fabiana Kelly, instalou uma Minhocasa na varanda do apartamento, no Tatuapé. “As minhocas já ganharam até nome: Joãozinho, Jason e Justin”, divertese Fabiana. “Com a Minhocasa aproveito meu lixo em benefício próprio, regando minha hortinha com o adubo produzido pelas meninas.”

Foto: Marcos Vllas Boas

Minhoca na cabeça!

Fabiana e os filhos: “As minhocas já ganharam até nome” 1

Minhocas 2

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Adubo líquido

Com lápis de cor, papel, tesoura e outros apetrechos, a maleta SOS Restaurante promete entreter as crianças para garantir a hora da refeição dos pais. A ideia do ateliê carioca Nid de Petits vale R$ 98 (sem o frete) no site www.niddepetits.com.br.

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Foto: divulgação

Sem estresse

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Comida BENNY NO VAK, AOS 5 ANOS

Retrato colunista: arquivo pessoal Fotos: divulgaão

Sabores europeus Viajar por duas das mecas da gastronomia europeia acompanhado de duas crianças, uma de 6, Fernando, e outra de 8, Sofia, é, no mínimo, curioso. Curioso aos olhos dos outros, explico. Em Paris, cidade onde a simpatia não costuma imperar, éramos quase sempre recebidos com a frase: “Não temos menu infantil”. Eu corria para explicar: “OK, meus filhos adoram moules et frite, filet ao poivre e steak tartare”. Os comensais das mesas ao lado nos lançavam olhares perplexos. O fato é que fizemos uma viagem passando por Londres e Paris e as crianças comeram e provaram de tudo: deliciosos macarrons, steaks tartare, mariscos à provençal, foie gras e escargots. Adoraram tudo. Vez ou outra, molhavam o dedinho em nossa taça de vinho, como que pensando: “Já que estamos em Paris, vamos provar de tudo”. Em Londres nem os pubs ficaram de fora. Testamos a tradicional shepherd’s pie e a temida kidney’s pie (torta de rim). Tenho certeza de que eles voltaram com o paladar ainda mais apurado e, lógico, prontos para a próxima viagem gastronômica, quem sabe pela Itália. Essa experiência foi ótima para percebermos que a nossa educação alimentar em casa, sempre direcionada e nunca radicalmente proibitiva, tem dado ótimos resultados. Pai de Sofia, 8 anos, Fernando, 6, e dos gêmeos André e Gabriel, 2 anos, o chef Benny Novak é dono do Ici Bistrô e de outros restaurantes em São Paulo

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HORA DO CAFÉ Parece até de verdade a cafeteira Amanhecer Radiante da marca alemã Educo. O brinquedo de madeira certificada vem com caneca, açucareiro e leite para incrementar o momento do faz de conta. Custa R$ 105,90 na Zastras, tel. (71) 3366-2444, em Salvador.

“Viva aceso, olhando e conhecendo o mundo” Todos à mesa Na escola Mini Chef, em Porto Alegre, crianças a partir de 3 anos podem aprender a cozinhar, conhecer as regras de etiqueta à mesa e saber os valores nutricionais dos alimentos. A cada mês as oficinas variam de tema – em agosto serão ensinados pratos à base de couve-flor. Saiba mais em www.escolaminichef.com.br.

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Mundo digital Pop-up virtual Depois do cinema, Alice no País das Maravilhas ganha uma versão para iPad em que crianças e adultos podem interagir com a história escrita por Lewis Carroll. “Este aplicativo inaugura uma nova geração de livros pop-up”, elogiou o jornal inglês The Independent. A edição integral custa US$ 8,99 na App Store.

“Eletricidade é um raio domesticado” 16

PAIXÃO RASTEIRA A paulistana Julia Kashani tinha 6 anos quando se encantou com os jabutis que viviam soltos pelo prédio de sua bisavó. Para convencer seus pais a lhe darem um, começou a pesquisar sobre aqueles pacatos quelônios. Pesquisou tanto que terminou se apaixonando de vez pelos répteis. “Achei todos eles diferentes e fofos”, diz Julia, hoje com 11 anos e um blog sobre seu tema preferido, o I Love Répteis (www.iloverepteis.blogspot.com). Sempre acompanhada de seu escudeiro de estimação, o jabuti Estefânio, Julia alimenta seu blog quase todos os dias com curiosidades, vídeos e dicas de livros sobre cobras, crocodilos, lagartos voadores e outras espécies raras com a tartaruganariz-de-porco. Nas férias, o destino quase sempre está ligado ao tema. “No Egito, eu segurei um filhote de crocodilo-do-nilo”, orgulha-se Julia, que pediu aos pais uma viagem em julho à ilha de Galápagos, no oceano Pacífico, famosa por sua fauna. “Quero ver de perto a iguana marinha, o lagarto-lava e também um jabuti que é o último de sua espécie”, completa.

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Ultimamente, Julia tenta convencer seus pais a lhe darem um teiú. “O pai dela disse que daria se ela cumprisse tarefas como, por exemplo, vencer a timidez”, conta a mãe, Adriana. “Por iniciativa própria, Julia entrou num curso de dança e agora já começo a ver o drama: onde vou botar no apartamento um bicho que chega a medir 1,5 metro quando adulto?” Como é de se imaginar, Julia já tem resposta certa à pergunta clássica sobre o que ser quando crescer: “Quero ser herpetóloga!”.

MARIA ERCÍLIA , AOS 7 ANOS

Imagens da infância Quando escrevi minha primeira coluna para Lilica&Tigor me pediram uma foto quando criança. Fui remexer numa caixa de sapato em busca das poucas imagens que sobraram da minha infância. Eram três ou quatro possibilidades, já que eu não queria dar uma foto muito feia ou irreconhecível. Fiquei pensando como as minhas poucas memórias da infância eram influenciadas por aquelas fotos. Acho que tenho uma nítida lembrança daquele dia na praia com meu irmão, nós dois com camisetas enroladas na cabeça, do dia em que vesti minha irmã com roupas da minha mãe... A lembrança vem de olhar a foto e me reconhecer nela? Ou a foto me ajudou a não perder aquela imagem? E o resto das memórias, para onde foi? E toda a cerimônia que cercava o ato de tirar uma foto? O filme ia revelar, tudo demorava... eu pensava quando via o resultado: “É essa a cara que eu tenho? Essa sou eu?”. Corta para 2011. O Flickr do Theo tem quase 6 mil fotos. Ele tem 5 anos – são mais de três fotos por dia, e isso porque eu não sou uma fotógrafa fanática. A câmera digital mudou tantas regras. Nunca tivemos tantas fotos. Nunca tivemos tantas fotos ruins. Nunca tivemos tantas fotos tiradas ao acaso. Como vão ser as lembranças de infância do Theo? Nada vai ficar naquele canto escuro da memória sem imagens, pura sensação. E a consciência que ele tem da imagem dele? Será que já é diferente da que eu tinha, eu que sempre estranhava tanto quando me via numa foto? Maria Ercília Galvão Bueno passou a infância com o nariz nos livros, os 20 enfiada num jornal e depois dos 30 se afundou na internet. É mãe de Theodoro, 5 anos

Retrato colunista: arquivo pessoal Fotos: arquivo pessoal e divulgação

PLAYGROUND

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O rei não está mais nu E ISSO GRAÇAS A MATEUS, FILHO MAIS VELHO DA CARIOCA MARIE SALLES, FIGURINISTA DA NOVELA CORDEL ENCANTADO, NA REDE GLOBO POR RENATO LEMOS RETRATO CALÉ

Fotos: divulgação

A

ssim que começou a produzir os modelos da novela Cordel Encantado, a figurinista carioca Marie Salles (que divide o posto com Karla Monteiro) embatucou com a figura do rei. A trama, escrita por Thelma Guedes e Duca Rachid, é uma mistura de épocas, lugares e estilos diferentes, o que permite várias “viagens” criativas. Marie já tinha desenhado as roupas dos nordestinos, dos cangaceiros e dos políticos da história – mas o rei não saía do papel. Um dia, Mateus, 11 anos, o mais velho dos quatro filhos de Marie (os outros têm 7 e 3 anos e o mais novo, 10 meses), disse que não entendia por que tanta preocupação. “É só um rei, né, mãe? Um rei é um rei, ora!” Mateus pegou então um pedaço de papel e, num croqui rápido, traçou sua leitura muito pessoal da figura real. O rei não estava mais nu. “O desenho do Mateus foi exatamente o que usamos para o personagem: era simples, daquelas coisas que só uma criança pode apontar”, conta Marie, que, apesar de o trabalho ocupar boa parte de seu tempo, leva os filhos diariamente na escola, escolhe as roupas que os meninos irão usar ou lê com eles antes de dormir. “Mamãe nos mostrou que um livro pode ser tão emocionante quanto um videogame”, diz Mateus.

A partir do alto, Manoel, 7 anos, Marie com Francisco, 10 meses, no colo, José, 3, e Mateus, 11

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Cinema IDEIA LUMINOSA

Nostalgia instantânea 18

“O 8mm Vintage Camera é um aplicativo de iPhone que simula uma super-8. Você pode trocar lentes, filtros de cor e até inserir aquele ruído do projetor ao seu som original. Eu e meus irmãos temos boa parte da nossa infância filmada em super-8, um tesouro pra mim. É incrível poder registrar agora o Lucas, meu filho de 4 anos, com toda essa nostalgia instantânea.” Juliana Vidigal é designer e aficionada por tecnologia

CURTA ESTA IDEIA O filme A Sombra de Sofia (acima), de Flavia Thompson, é um dos destaques da mostra infantojuvenil do 22º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, que acontece entre 25 de agosto e 2 de setembro, na capital paulista. Após a exibição dos curtas, as crianças poderão brincar de fazer cinema em um miniestúdio de gravação. Saiba mais sobre a programação no site www.kinoforum.org.br.

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ALÊ ABREU , AOS 5 ANOS

Arigatô, Miyazaki! Este ano o mais popular cineasta de animação do Japão e, certamente, um dos mais festejados do mundo, completou 70 anos de idade e, dizem, anunciou definitivamente sua aposentadoria. Se assim for, Hayao Miyazaki encerrou com Ponyo, uma Amizade Que Veio do Mar (2008), uma carreira de mais de dez longas, além das séries e das histórias em quadrinhos. Nos filmes de Miyazaki, temas como espiritualidade, religiosidade, amizade e ecologia têm como traço comum a coragem de seus personagens e principalmente a sensação de que há um espaço sagrado na infância, quase sempre tão percebido quanto respeitado pelos adultos. A cena em que a pequena Chihiro viaja em um trem sobre um lago, em A Viagem de Chihiro (2001), ou a da menina que aguarda o ônibus na estrada deserta, em Meu Vizinho Totoro (1988) são alguns dos momentos mais sublimes da história do cinema de animação. Os filmes de Miyazaki mostram às crianças de todas as idades (e também àquelas que sobrevivem em nós adultos) que em algum lugar há esperança. Fica a sugestão para uma sessão com seus filhos: A Viagem de Chihiro, O Castelo Animado (2004) ou Ponyo (este é o melhor para os mais novos) são boas portas de entrada ao universo do mestre e facilmente encontrados nas locadoras. Alê Abreu é desenhista e cineasta de animação. Realizou o longa infantil Garoto Cósmico e prepara seu segundo filme, Cuca no Jardim.

Retrato colunista: arquivo pessoal Fotos: arquivo pessoal e divulgação

Um dos destaques da coleção de verão da marca Tigor T. Tigre é este boné, cuja aba vem equipada com LED, que garante um efeito luminoso em ambientes claros ou escuros. Vale R$ 71,90 em lojas multimarcas e franquias.

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APRENDENDO A LER NA REDE A paulistana Stela Greco Loducca resolveu unir seus 18 anos de experiência como redatora publicitária com os oito anos no papel de mãe de Gabriel. Em fevereiro passado, ela colocou no ar o site O Pequeno Leitor, destinado às crianças em idade de alfabetização. “O Pequeno Leitor foi desenvolvido como uma grande campanha de incentivo à leitura num ambiente que essa nova geração domina desde pequena”, conta. São histórias animadas, brincadeiras para enriquecer o vocabulário e jogos de interpretação de texto – tudo criação de Stela a partir de fatos do cotidiano em família. “É um site muito lúdico”, arremata a publicitária. “Quando as crianças percebem, elas já aprenderam a gostar de ler porque a identificação veio por prazer, e não por obrigação. www.opequenoleitor.com.br

Paper Cam

Olha o passarinho! Ao brincar com uma máquina fotográfica a criança começa a perceber a noção do real e do virtual, além de trabalhar a coordenação motora. Aqui, alguns modelos analógicos e digitais que podem ajudar seu filho nessas primeiras descobertas. Leia mais sobre fotografia na página 74.

Feita de papel, aPaper Cam pode ser montada com cola por crianças maiores de 6 anos. Disponível em sete cores, utiliza filme 35 milímetros. Por R$ 29,90 na loja virtual O Segredo do Vitório (www.osegredodovitorio.com).

Lomo A ActionSampler Clear, da Lomo , usa filme 35 milímetros e capta quatro imagens em um único frame. Por R$ 84 na Lomography Gallery Store, tel. (21) 22672226, no Rio de Janeiro.

Fisher Price

Fotos: divulgação

A câmera digital infantil daFisher Price é à prova d’água e possibilita baix ar as imagens no computador. Funciona a pilha. Por R$ 399,99 nas lojas Ri-Happy (www.rihappy.com.br).

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Holga 135 BC Com design divertido e várias opções de cor, a Holga 135 BC pede filme 35 milímetros e tem lente de plástico. Vale R$ 140 no site www.toycamera.com.br.

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PARA LER COM OS DEDOS

Livros

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Seus livros têm uma espécie de touch analógico, e quando se fala deles faz-se alusão a aparelhos como o iPad. Quando você descobriu que os livros podem ter esse tipo de leitura interativa? Visitando bibliotecas da periferia de Paris, percebi a luta de bibliotecários e professores para incutir o hábito da leitura nas crianças. Foi aí que tive vontade de fazer livros que surpreendessem, livros vivos, que despertem o prazer de segurar um livro nas The Game of Light, mãos. Eu sempre procuro reproduzir em meus livros 14 pág., editora Phaidon, custa R$ 20,50 na Livraria o que estou vivendo. São brincadeiras que termino Cultura (www.livrariacultura. dividindo com a criança e com o adulto que lê junto com ela. com.br). De 0 a 7 anos. Que lições os adultos podem tirar do universo infantil? Com as crianças em especial eu aprendi a ser espontâneo e a ter mais confiança em mim. Eu improviso muito, o que é sempre um risco. Mas os pequenos estão sempre ali para ajudar, entendendo e antecipando minhas intenções. Nas brincadeiras que faço, eu não falo de problemas do cotidiano. Eu falo de desenhos, manchas, rabiscos. Então a gente se entende! Você é pai de dois meninos (19 e 16 anos) e uma menina (11 anos). De que modo eles o inspiram? Num dia cinza e de chuva, caminhávamos pela praia quando meu filho Paul pegou uma pedra. Essa pedra fez a caminhada junto com a gente, pulou ondas, brincou, virou nossa companheira de passeio. Foi isso que eu aprendi com meus filhos: gerar uma vida a partir de coisas simples como uma mancha, um ponto, um rabisco. Sempre existe uma ideia que pode nos salvar do tédio.

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ODILON MORAES, AOS 8 ANOS

O caminho do meio Diferente de uma pintura pendurada na parede, o livro, para ser apreciado, necessita ser aberto e posto em movimento pelo leitor. É nesse passar das páginas que os fragmentos contidos nelas serão agrupados na mente do leitor para construir a totalidade da obra. Ao abrir-se para essa exploração, o livro em formato de códice (diferente dos livros em rolo da antiguidade) tem a particularidade de se apresentar sempre como uma dupla de páginas separadas (ou unidas – depende do ponto de vista) por uma costura. Poucas pessoas se dão conta disso. Uma dessas pessoas é Angela Lago. Diz a autora que o livro aberto não tem só quatro lados. Tem um quinto: o meio. É frequente em suas obras que personagens saiam ou entrem por essa costura. Susie Lee é outra que nunca se esquece do meio dos livros. A jovem autora coreana desenha uma trilogia sem palavras (Onda, Espelho e Sombra) em que faz uso metalinguístico da costura como uma barreira a ser vencida dentro da própria história do personagem. Angela e Susie são autoras que trazem para a luz o corpo do livro. Se prestarmos atenção vamos perceber que na literatura infantil há deliciosas experiências que nos fazem compreender um livro por diversos aspectos, inclusive como objeto. Odilon Moraes, 44 anos, é escritor e ilustrador de títulos como A Princesinha Medrosa (2002). É pai de João, 4 anos, e Francisco, 1

Retrato colunista: arquivo pessoal Foto: divulgação

The Game of Mix Up Art, 14 pág., editora Phaidon, custa R$ 19,60 na Fnac (www.fnac.com.br). De 0 a 7 anos.

uando o primeiro de seus três filhos nasceu, em 1992, o artista francês Hervé Tullet resolveu trocar a estressante vida de diretor de arte publicitário pela de ilustrador para revistas (Elle e Lire) e jornais (Le Monde e Libération). Em 1994, ele lançou seu primeiro livro infantil. E não parou mais. Sem nenhum tipo de recurso tecnológico, livros de Tullet como os da série “Jogos” – a versão em inglês de alguns deles pode ser encontrada no Brasil – usam apenas a imaginação da criança a partir de ações como bater palmas ou seguir uma linha com a ponta dos dedos. Seu sucesso mais recente chama-se Un livre (Um livro), já publicado em mais de dez países e com lançamento previsto aqui para o segundo semestre pela editora Ática. De seu ateliê em Paris, Tullet respondeu às perguntas de LILICA&TIGOR.

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Faça sua escolha DÊ UMA ESPIADA NOS ITENS DA COLEÇÃO VERÃO QUE ESTÃO FAZENDO SUCESSO NOS PROVADORES DAS LOJAS LILICA&TIGOR F

Agradecimento: Loja Lilica &Tigor Shopping Higienópolis (tel: 11 3823-3737)

FOTOS DECO CURY

Giovanna da Silva, 5 anos, camiseta conjunto com blusa florida (R$ 139,90), saia (R$ 139,90) e sapatilha (R$ 134,90)

Aymeric Verdier, 8 anos, camiseta (R$ 49,90), bermuda (R$ 144,90) e tênis (R$ 99,90)

Claudio Gabriel Gouvêa de Godoy, 5 anos, camiseta (R$ 52,90), calça (119,90) e sandália (R$ 124,90)

Maria Luiza Sousa Lima, 5 anos, blusa (R$ 99,90), calça (R$ 89,90) e sapatilha (R$ 109,90)

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Isabela Sliesoraitis, 6 anos, blusa (R$ 149,90), calça (R$ 54,90) e sandália (R$ 169,90)

Vinicius Saraiva Campelo, 7 anos, camiseta (R$ 44,90), bermuda conjunto com camiseta (R$ 209,90) e tênis (R$ 159,90)

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Estilo BONEQUINHO DE LUXO

“Assim é que aprendi: observando” MODA DE PAPEL Moda é um assunto recorrente na vida da stylist paulistana Tami Gotoda (na foto com o filho, Bernardo, 2), que colabora para revistas como Tpm e Marie Claire. A nosso pedido ela pinçou dois livros (disponíveis na livraria da Vila, www.livrariadavila.com.br) sobre o tema que agradam as crianças.

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VESTIDA PARA ESPANTAR GENTE NA RUA, de Miki W. (editora Estação das Letras e Cores) “Cada vez mais encontro crianças que se frustram por não terem cabelos lisos (e claros!) ou porque não têm determinada marca de roupa. Acho isso muito triste. Este livro incentiva a garotada a se vestir de maneira diferente, descobrir o que tem de melhor e não ser igual a todo mundo.” QUIMONOS, de Annelore Parot (editora Companhia das Letrinhas) “As ilustrações são cativantes e a história dá uma pincelada na complicada e fascinante arte do quimono. Lúdico e agradável de folhear, encanta mães e crianças ao mesmo tempo.”

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CLARICE REICHSTUL , AOS 5 ANOS

Sem fru-fru Se eu tivesse uma filha menina eu viveria às voltas com laços, tutus e chapéus de fada, daqueles pontudos que a gente faz de papelão. Compraria sapatos de verniz preto, meia-calça de poazinhos brancos, vestidos com casinha de abelha no peito e laço atrás. Como a vida é sábia, aposto que a minha suposta filha, apesar de gostar de todas as coisas citadas acima, também gostaria de pirata, Homem-Aranha, espada e monstro, e as minhas “fru-fruzices” teriam que conviver com esse aspecto dela. Até consigo imaginar um tutu de bailarina preto com teias de aranha prateadas ou botas de caubói com meias cor-de-rosa. As mães dos meninos às vezes sofrem por conta disso. Grande parte das nossas memórias de criança envolve principalmente nossas roupas. Confesso que, quando soube que teria um filho, tive que reorganizar e rearranjar as minhas expectativas sobre esse guarda-roupa futuro – eu tinha certeza que seria menina e que iria me acabar no universo de fadas e princesas e bailarinas. Hoje convivo com muita tranquilidade com carros, dinossauros e foguetes. Aprendi que eles são divertidos e que eu posso inventar algumas modas, e que costurar capas de pirata ou fazer bigodes de festa caipira pode ser gostoso também! Clarice Reichstul é produtora de programas para TV, participa do blog Minas de Ouro e é mãe de Benjamim, 3 anos

Retrato colunista: arquivo pessoal Fotos: arquivo pessoal e divulgação

Criados em Hong Kong na década de 90, os bonecos de toy art ganharam status de arte e conquistaram fãs de todas as idades pelo mundo. Agora, eles inspiram a edição especial de camisetas de Tigor T. Tigre com oito modelos para as linhas bebê e infantil. A partir de R$ 52,90, apenas nas franquias.

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Manias da estação MODISMOS PESSOAIS E O HUMOR DE CADA DIA SÃO ITENS FUNDAMENTAIS NO GUARDA-ROUPA DA COLUNISTA DE MODA CRIS GUERRA POR MELISSA CROCETTI RETRATO FRED D´ALCÂNTARA

C

olunista de moda da Oi FM e autora dos blogs Hoje Vou assim e Para Francisco, Cris Guerra monta seu guarda-roupa de acordo com as manias do período. Pode ser por vestidos, por jaquetas ou então, como é o caso atualmente, por anéis, vários em cada dedo. “Sou muito impulsiva para comprar roupas, eu me apaixono por elas”, revela Cris, que tem também a mania de vestir apenas marcas nacionais. “Minha busca não é pela marca em si”, ela explica. “A questão é a qualidade do corte, do acabamento e do tecido: sou chata para isso e não me contento com qualquer coisa.” Outro quesito que conta pontos é a versatilidade, a exemplo da jaqueta dourada Tufi Duek (1) ou do casaco vermelho (2). “Essa jaqueta é um coringa que vai com jeans ou um vestido mais chique”, diz. Nos pés sua nova mania é o slipper (“misto de mocassim e sapatilha”) de Luiza Barcelos (3). “Mas acho que toda mulher precisa ter um escarpim vermelho (4)”, recomenda. “É um clássico que deixa qualquer uma se sentindo muito poderosa.”

1

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2

Cris Guerra com o filho, Francisco, 4 anos. “Ele já tem as manias dele, como colocar o casaco, fechar e sempre pôr o capuz”, diverte-se a mãe

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MODA

Jardim das delícias CORES VIVAS E QUENTES DÃO O TOM DO VERÃO FOTO KIKO FERRITE CENOGRAFIA PAULA SALVATORE CONDINI

Sapatilha bebê R$ 89,90

Vestido R$ 229,90

Bolsa R$ 176,90

Chapéu R$ 74,90

Sandália bebê R$ 84,90

Sapatilha R$ 124,90

Sapatilha bebê R$ 99,90

24

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Camiseta R$ 49,90

Bermuda R$ 119,90

Mai么 R$ 134,90

Sand谩lia R$ 129,90

Cinto R$ 64,90

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MODA

ILUSTRAÇÃO APO FOUSEK FOTOS EDUARDO DELFIM

Blusa R$ 119,90

Vestido R$ 169,90

Saída de praia R$ 94,90

Vestido bebê (conjunto com colete) R$ 206,90

Short (conjunto com blusa) R$ 159,90

Blusa bebê (conjunto com short) R$ 139,90

Assistente de fotografia: Fabio Moraes / Produção: Nathália Andrade

Sandália R$ 149,90 Blusa bebê (conjunto com macaquinho) R$ 169,90

Chapéu R$ 74,90

Buquê sortido Flores e desenhos delicados conferem frescor às estampas da nova coleção de Lilica Ripilica

Sandália bebê R$ 84,90

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MODA

Maiô bebê R$ 134,90 Biquíni bebê R$ 119,90

Nova onda

Não há melhor maneira de inaugurar o verão do que à beira-mar – e com os hits da estação

Chinelo R$ 79,90

Assistente de fotografia: Fabio Moraes / produção: Nathália Andrade

Sunga R$ 72,90

Sunga R$ 82,90 Sunga bebê R$ 72,90

Sunga bebê R$ 76,90

Maiô R$ 139,90

Chinelo bebê R$ 42,90

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Biquíni bebê R$ 129,90

Toalha de praia R$ 89,90

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MODA

Macaquinho bebê R$ 139,90

R$ 244,90

Macaquinho (conjunto com blusa) R$ 189,90

Macaquinho bebê R$ 119,90

Macaquinho bebê (conjunto com blusa) R$ 169,90

Jaqueta R$ 179,90 Macaquinho bebê R$ 134,90

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Macaquinhos Peças perfeitas para os dias ensolarados que pedem pernas de fora na cadência dos termômetros

Assistente de fotografia: Fabio Moraes / Produção: Paola Abiko e Nathália Andrade / Agradecimentos: Móbiles e outras Manufaturas (www.mobilesmanufaturas.com.br)

R$ 129,90

Móbile, R$ 156 Móbiles e outras Manufaturas

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MODA

Camisa polo bebê R$ 79,90

Puxa-saco R$ 60 It

À risca Listras cruzam a temporada e chegam com tudo ao guardaroupa dos pequenos

Colete (conjunto com blusa e bermuda) R$ 219,90

Conjunto vestido e colete R$ 249,90

Short R$ 159,90

Assistente de fotografia: Fabio Moraes / Produção: Paola Abiko e Nathália Andrade / Agradecimento: It (Rua dos Coropés, 88)

Camisa polo bebê R$ 59,90

Vestido R$ 149,90

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Short R$ 114,90

12.07.11 11:28:29


MK TRAVEL OPERADORA (11) 3052 4015 (21) 2533 3015

NASCIMENTO TURISMO (11) 3156 9944 (21) 2510 7272

NEW IT CLUB (21) 3077-0200

NEW LINE

RCA TURISMO

TAM VIAGENS

TRADE TOURS

(41) 3018 2524

(11) 3017 8700

(11) 3274 1313

(21) 2507 0907

0800 555 200

(11) 3257 9788 (21) 2240-8500


MODA

Assistente de fotografia: Fabio Moraes / Produção: Paola Abiko e Nathália Andrade / Agradecimentos: Angelina vai às compras (http://angelinavaiascompras.blogspot.com)

Camiseta R$ 49,90

Vestido R$ 209,90 Camiseta R$ 44,90

Bermuda R$ 134,90

Bota R$ 199,90

Caderno R$ 59 Angelina vai às compras

Geração pink 34

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Calça R$ 189,90

O tempo passa, mas o cor-de-rosa permanece soberano na preferência das meninas espertas

Vestido R$ 119,90

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MODA

Tênis R$ 99,90 Luminária R$ 88 O Sorriso do Gato

Boné R$ 71,90

Carteira R$ 59,90

Camisa bebê (conjunto com bermuda) R$ 174,90

Camiseta R$ 64,90

No ritmo do momento 36

A música eletrônica e o universo dos DJs inspiram a temporada e botam os meninos para dançar

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Calça R$ 149,90

Camiseta regata R$ 49,90

Assistente de fotografia: Fabio Moraes / Produção: Paola Abiko e Nathália Andrade / Agradecimentos: O Sorriso do Gato (www.sorrisodogato.com)

Camiseta R$ 49,90

Meias R$ 19,90 Mochila R$ 142,90

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ENQUETE

Qual é a coisa

mais bonita

do mundo?

UM OLHAR LÚDICO SOBRE A BELEZA REVELA A POESIA QUE MORA NO COTIDIANO POR MELISSA CROCETTI FOTOS GIL INOUE

Cecília Machado, 3 anos 38

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“Minhas bonecas, fadas, princesas e bailarinas.”

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Ian Rosa Esteves Sallum, 5 anos “Os dinossauros herbívoros, porque eles lutam e eu gosto de lutas.”

Eduardo Pereira de Magalhães, 4 anos

Agradecimento: Centro da Cultura Judaica (www.culturajudaica.org.br)

“ O Sol, porque é amarelo e tem raios; e o céu, porque é azul e branco.”

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Manuela Gonçalves de Souza, 2 anos “ Massinha [de modelar] azul, chocolate M&M’s e balas.”

Sofia Pereira de Magalhães, 6 anos “A flor da vitória-régia, porque ela tem detalhes bonitos.”

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DECORA ÇÃO

UMA VIDA EM CONSTRUÇÃO ERGUIDA AO LONGO DE TRÊS ANOS, A CASA DA PROFESSORA DE YOGA KINHA DEL MAR E DO PRODUTOR MUSICAL FÁBIO GÓES FOI FEITA SEM PRESSA PARA RECEBER COM CONFORTO OS DOIS FILHOS PEQUENOS DO CASAL 40

POR ANA PAULA ORLANDI E MELISSA CROCETTI FOTOS ILANA BESSLER

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A

construção desta casa de concreto aparente em uma rua tranquila da Vila Beatriz, em São Paulo, ajuda a contar a história recente da professora de ioga Kinha del Mar, 32 anos, e do produtor musical Fábio Góes, 35. No período de três anos entre a compra do terreno e a mudança definitiva para o endereço, a vida do casal mudou com a chegada do primeiro filho, Martim. E coube ao projeto desenhado pelo amigo, o arquiteto Ararê Sennes, do escritório Vista Urbana, acompanhar essas transformações. “Foi tudo feito sem pressa e a vantagem é que hoje a gente não se arrepende de nenhum detalhe da casa”, conta Kinha. Um dos destaques, segundo ela, é a configuração da construção. O térreo foi reservado para abrigar exclusivamente a ala social com salas de estar e jantar, além da cozinha, integradas ao jardim – lugar predileto de Martim, hoje com 3 anos, e da irmã, Flora, 7 meses. No segundo pavimento ficam os quartos e a lavanderia. “Isso é comum nos Estados Unidos, onde morei na adolescência: a roupa não precisa ficar no sobe e desce”, diz Kinha. Por fim, o terceiro andar abriga um terraço onde costumam acontecer piqueniques nos fins de semana. “Nossa casa é, acima de tudo, cheia de vida”, comemora Kinha.

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Acima, Martim na cozinha com piso de ladrilho. Ao lado, os brinquedos das crianças convivem com os móveis da sala

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DECORA ÇÃO

3

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1 No quarto de Martim livros e brinquedos ficam agrupados na estante. “Acho importante as crianças aprenderem desde cedo noções de organização”, diz a mãe

2 O projeto de linhas contemporâneas

1

integrou living e sala de jantar. Nos dias frios a família gosta de se reunir em torno da lareira

3 No quarto branco de Flora o mosqui-

2

teiro com detalhes coloridos chama a atenção. A poltrona onde Kinha amamenta a filha é herança de família

4 Martim adora brincar no jardim perto de sua cabana de índio. No vaso, no canto, a jabuticabeira que ele ganhou de uma amiga da mãe quando nasceu

5 As grandes aberturas conduzem luz natural para o interior da casa

6 Martim e Flora se divertem com a mãe na sala de ioga, que fica no terceiro andar, perto do terraço 7 Kinha e Fábio com os filhos e o gato Guru aproveitam o sol da manhã em um canto do jardim 4 42

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“NOSSA CASA É, ACIMA DE TUDO, CHEIA DE VIDA” COMEMORA KINHA

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CONEXÕES

GABRIELA, 4 ANOS NINA, 4 ANOS

“Gosto de desenhar”

“Amo minha fantasia de Branca de Neve”

RODRIGO, 4 ANOS

“Sorvete de chocolate é o de que mais gosto”

Bem-vindo ao clube

POR ARIANE ABDALLAH FOTOS ANTONIO BRASILIANO

RELAÇÕES

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Viajam para a casa de campo de Felipe Já foram à praia juntos Fazem natação no clube Já tomaram banho juntos Já foram juntos ao circo

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CONEXÕES

GABRIELA, 4 ANOS NINA, 4 ANOS

“Gosto de desenhar”

“Amo minha fantasia de Branca de Neve”

RODRIGO, 4 ANOS

“Sorvete de chocolate é o de que mais gosto”

Bem-vindo ao clube

POR ARIANE ABDALLAH FOTOS ANTONIO BRASILIANO

RELAÇÕES

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Viajam para a casa de campo de Felipe Já foram à praia juntos Fazem natação no clube Já tomaram banho juntos Já foram juntos ao circo

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FELIPE, 4 ANOS

“Tom & Jerry é um dos meus desenhos preferidos”

ANTONIO, 4 ANOS

“Adoro o Robbin!”

Esta turma de amigos se formou na escola Recreio, em São Paulo, onde todos estudam. Felipe Bandini virou o melhor amigo de Rodrigo Porta no ano passado, mas, pouco tempo depois, Rodrigo se aproximou de novos colegas e deixou Felipe um pouco de lado. O afastamento durou pouco, mas, enquanto isso, Antonio ficou muito amigo de Felipe, que, por sua vez, acabou conhecendo Nina, que ganhou um creme hidratante do garoto. “Ela é minha amigona”, diz Felipe. Nina levou para a turma sua amiga Gabriela, que já lhe deu uma pulseira. Hoje, os cinco formam uma turma que pratica esportes junta no mesmo clube, viaja nos fins de semana ou simplesmente passa as tardes na casa de uma delas. “Gosto até quando a brincadeira é de menino”, garante Nina. AFINIDADES Torcem para o São Paulo Amam pão de queijo Seu ídolo é o Meu Amigãozão Adoram folhear seus livros Já fizeram aulas de dança

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Já andaram de avião Adoram comer ovo Tomam remédios homeopáticos e florais Curtem o CD Música de Brinquedo, do Pato Fu Já fizeram festa de aniversário com tema de carros

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FELIPE, 4 ANOS

“Tom & Jerry é um dos meus desenhos preferidos”

ANTONIO, 4 ANOS

“Adoro o Robbin!”

Esta turma de amigos se formou na escola Recreio, em São Paulo, onde todos estudam. Felipe Bandini virou o melhor amigo de Rodrigo Porta no ano passado, mas, pouco tempo depois, Rodrigo se aproximou de novos colegas e deixou Felipe um pouco de lado. O afastamento durou pouco, mas, enquanto isso, Antonio ficou muito amigo de Felipe, que, por sua vez, acabou conhecendo Nina, que ganhou um creme hidratante do garoto. “Ela é minha amigona”, diz Felipe. Nina levou para a turma sua amiga Gabriela, que já lhe deu uma pulseira. Hoje, os cinco formam uma turma que pratica esportes junta no mesmo clube, viaja nos fins de semana ou simplesmente passa as tardes na casa de uma delas. “Gosto até quando a brincadeira é de menino”, garante Nina. AFINIDADES Torcem para o São Paulo Amam pão de queijo Seu ídolo é o Meu Amigãozão Adoram folhear seus livros Já fizeram aulas de dança

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Já andaram de avião Adoram comer ovo Tomam remédios homeopáticos e florais Curtem o CD Música de Brinquedo, do Pato Fu Já fizeram festa de aniversário com tema de carros

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CONEXÕES

KATIA, mãe de Gabriela

Hair & Make up: Marcos Roza (Glloss), Agradecimento: Anhembi Tenis Clube (www.clubeanhembi.com.br)

MONICA, mãe de Nina

REGINA, mãe de Rodrigo

RELAÇÕES

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Já viajaram juntas Frequentam concertos da Sala São Paulo Formaram-se na mesma faculdade Moram no mesmo bairro Compram sapato na mesma loja

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CONEXÕES

KATIA, mãe de Gabriela

Hair & Make up: Marcos Roza (Glloss), Agradecimento: Anhembi Tenis Clube (www.clubeanhembi.com.br)

MONICA, mãe de Nina

REGINA, mãe de Rodrigo

RELAÇÕES

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Já viajaram juntas Frequentam concertos da Sala São Paulo Formaram-se na mesma faculdade Moram no mesmo bairro Compram sapato na mesma loja

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CONFRARIA DAS MÃES

ANDREA, mãe de Felipe

LUCIANA, mãe de Antonio

A professora de inglês Luciana Perassi, a advogada Regina Porta, a tradutora Andrea Corvelloni, a professora de música Monica Magalhães e a veterinária Katia Haipek nunca pensaram que já mães de família formariam uma nova turma de amigas. Mas, graças às afinidades de seus filhos, os encontros em reuniões de pais e na saída da escola acabaram se estendendo para troca de e-mails e bate-papos. Hoje, elas se reúnem toda semana no Anhembi Tênis Clube, do qual se tornaram sócias na mesma época seguindo os passos da pioneira, Luciana, e frequentam bares da Vila Madalena para tomar chope. Pelo visto, a amizade entre as cinco só tende a crescer: em breve, o grupo planeja se matricular em cursos de maquiagem e culinária.“Temos muito em comum e conversamos sobre tudo: casamento, filhos, interesses pessoais, experiências...”, conta Luciana.

AFINIDADES Preferem suco de abacaxi Conhecem Nova York e Paris Gostam de Woody Allen Nasceram em São Paulo Praticam ou já praticaram ioga

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Têm o mesmo modelo de carro Fazem terapia Já pintaram quadros Já moraram fora do Brasil São fanáticas por futebol

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CONFRARIA DAS MÃES

ANDREA, mãe de Felipe

LUCIANA, mãe de Antonio

A professora de inglês Luciana Perassi, a advogada Regina Porta, a tradutora Andrea Corvelloni, a professora de música Monica Magalhães e a veterinária Katia Haipek nunca pensaram que já mães de família formariam uma nova turma de amigas. Mas, graças às afinidades de seus filhos, os encontros em reuniões de pais e na saída da escola acabaram se estendendo para troca de e-mails e bate-papos. Hoje, elas se reúnem toda semana no Anhembi Tênis Clube, do qual se tornaram sócias na mesma época seguindo os passos da pioneira, Luciana, e frequentam bares da Vila Madalena para tomar chope. Pelo visto, a amizade entre as cinco só tende a crescer: em breve, o grupo planeja se matricular em cursos de maquiagem e culinária.“Temos muito em comum e conversamos sobre tudo: casamento, filhos, interesses pessoais, experiências...”, conta Luciana.

AFINIDADES Preferem suco de abacaxi Conhecem Nova York e Paris Gostam de Woody Allen Nasceram em São Paulo Praticam ou já praticaram ioga

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Têm o mesmo modelo de carro Fazem terapia Já pintaram quadros Já moraram fora do Brasil São fanáticas por futebol

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VIAGEM

Museu de novidades NADA MELHOR DO QUE APRENDER SE DIVERTINDO. CONHEÇA A SEGUIR ALGUMAS DICAS DE PASSEIOS DENTRO E FORA DO BRASIL EM QUE A ARTE E A CIÊNCIA SÃO AS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS POR MELISSA CROCETTI

2 Exploratorium museum SAN FRANCISCO, CALIFÓRNIA

De todos os museus que a Sabrina foi até agora, o que ela mais gostou foi do Exploratorium Museum, em San Francisco, dedicado às ciências e às artes. “É um museu de experiências gigantes, como um simulador de terremotos e um palco no qual as crianças correm para formar um tornado”, conta a mãe. “O melhor do Exploratorium é que tanto os adultos quanto as crianças podem mexer em absolutamente tudo”. www.exploratorium.edu

2 1

1 Metropolitan Museum NOVA YORK

Um dos primeiros museus que Sabrina Pegorin Brier, 6 anos, visitou foi o Metropolitan, de Nova York. Apesar de muito nova, ela lembra que “era um museu que tinha pinturas e eu gosto de fazer pinturas”. E ensina: “A gente tem que olhar as outras pinturas para fazer as nossas”. Segundo sua mãe, a jornalista Flávia Pegorin, o museu tem uma parte de arte moderna e abstrata que encanta as crianças. “Sabrina foi no carrinho comentando o que via e os comentários dela eram melhores do que os audio-guides”, diverte-se. No Metropolitan, Flávia indica levar os pequenos ao Jardim das Esculturas, onde é possível andar dentro das obras. www.metmuseum.org 48

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de História 3 Museu Natural

Fotos: Arquivo pessoal / Ruy Teixeira

LONDRES

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“A gente tem que olhar as outras pinturas para fazer as nossas”

A família de Pedro Teixeira, 9 anos, mora em Comazzo, um parque florestal próximo a Milão, e viaja com bastante frequência pela Europa. Filho de pais brasileiros, mas italiano de nascimento, ele visitou pela primeira vez o Museu de História Natural de Londres há quatro anos. “O que ele mais gosta é da parte dedicada aos fósseis”, conta a mãe, a designer gaúcha Paula Juchem. “Quando era mais novo, Pedro morria de medo, mas agora ele adora ver o dinossauro elétrico de 5 metros de altura, que se movimenta olhando para a gente.” As explicações no museu são todas em inglês, mas Pedro gosta porque, segundo diz, “assim aos poucos vou aprendendo”. www.nhm.ac.uk

Sabrina

4 LACMA

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Quando tinha 6 anos, Pedro conheceu o Los Angeles Count Museum of Art, o Lacma, dedicado a história, ciência e arte. “O que mais chamou a atenção dele foi o laboratório infantil, com construções feitas de sucata”, revela a mãe, que já começa a apresentar o mundo das artes à filha Bia, 4 anos. “[O designer italiano] Bruno Munari tem uma frase que adoro: ‘Cada um vê aquilo que sabe’”, diz. Num museu, a dica de Paula é sempre conversar com a criança sobre as obras expostas, brincando de adivinhar junto com elas o que os artistas queriam dizer com determinado trabalho. www.lacma.org

Fotos: Arquivo pessoal / Ruy Teixeira

Fotos: Arquivo pessoal

SAN FRANCISCO, CALIFÓRNIA

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VIAGEM

5 MoMA NOVA YORK

Quando esteve em Nova York com a mãe, no ano passado, um dos passeios favoritos do paulistano Gabriel Junqueira, 9 anos, foi o Museu de Arte Moderna, o MoMA. “Fomos direto ao último andar e fizemos a visita de cima para baixo”, conta a mãe, a publicitária Paula Junqueira. “Enquanto fazíamos o percurso, lembro que ouvíamos uns gritos e urros estranhos.” Quando finalmente chegaram ao térreo, Gabriel e Paula desvendaram o mistério: era uma instalação da artista (e viúva de John Lennon) Yoko Ono, na qual as pessoas podiam se manifestar do jeito que bem entendessem num microfone aberto ao público. “Gabriel ficou com vontade de ir, tomou coragem e voltou com um sorrisão enorme”, diverte-se Paula, que recomenda o MoMA para crianças por se tratar de um museu dinâmico. “Mistura design, fotografia, arquitetura, instalações e tecnologia”, ela diz. www.moma.org

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Art Institut of 6 The Chicago

“No Inhotim existem jardins lindos, com lagos e caminhos floridos” Gabriela

6

CHICAGO

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No início deste ano a crítica e curadora de arte paulistana Gabriela Albuquerque levou as filhas Stephanie, 18 anos, Amanda, 9, e Júlia, 5, ao The Art Institute of Chicago, nos Estados Unidos. Lá, apesar de o material ser todo em inglês, existem diversos trabalhos interativos para as crianças, com explicações ilustrativas das principais obras. “Elas adoraram a parte com jogos relacionados às pinturas do museu e também o espaço para desenhar, sem contar a linda exposição de miniaturas de casas de vários países da Idade Média para cá.” www.artic.edu

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Instituto Inhotim BRUMADINHO, MINAS GERAIS Na sequência, Amanda e Júlia, conheceram o Instituto Inhotim – o maior museu a céu aberto da América Latina, com obras de artistas do mundo inteiro espalhadas num enorme jardim. “Amanda adorou a obra Desvio para o Vermelho, de Cildo Meireles, formada por três ambientes de uma casa em que todos os objetos são nessa cor”, diz a mãe, Gabriela Albuquerque. “Júlia se encantou com trabalhos espalhados pela área externa do museu, como a obra Sem Título, de Edgard de Souza [no alto].” A dica de Gabriela é aproveitar tudo que o parque tem a oferecer: “Além das obras, existem jardins lindos, com lagos e caminhos floridos”. www.inhotim.org.br

8 Museu Rodin

Fotos: Arquivo pessoal

PARIS, FRANÇA

A paulistana Anna Laetitia, 6 anos, fez recentemente sua primeira viagem internacional. O destino não poderia ser melhor: Paris. Lá, entre tantos passeios divertidos, Anna visitou com seus pais o Museu Rodin, no bairro do Marais, todo ele dedicado à obra do escultor francês Auguste Rodin. “O que mais chamou a atenção de Laetitia foi a obra A Porta do Inferno, pela suntuosidade e pela riqueza de detalhes”, conta a mãe, a editora Ana Paula Castellani. Segundo ela, o museu é adequado para crianças porque a visita não é cansativa e pode muito bem ser realizada em cerca de duas horas – uma duração razoável. “De quebra, o jardim é lindo, repleto de esculturas e sem aviso de proibido tocar”, ela diz. www.musee-rodin.fr

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Dora na ilha de San Cristábal

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PAIS & FILHOS

POR RICARDO CALIL RETRATOS MARCOS VILAS BOAS

Algumas vezes parece até discussão sobre política ou futebol: definitivamente, é melhor ser mãe de menino e pai de menina – ou tudo ao contrário. Os argumentos são vários. E a realidade é uma só: as dores e as delícias de criar filhos ou filhas estão em permanente transformação

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Ana Teresa Pacheco, 46 anos Bento, 11 anos, e Oto, 7

O melhor da relação: “Aprender a lidar com a diferença, não ter uma identificação imediata e, por isso, ser surpreendida sempre”

O mais difícil: “O mesmo que o melhor: entrar em um universo desconhecido, que é fascinante, mas difícil” O que mais gosta de fazer com os filhos: “Tudo que se faz outdoor, ir à praia, ao parque, andar de bicicleta; e também cozinhar”

O que gostaria de fazer se tivesse uma menina: “Acho que seria legal costurar, bordar; os meninos poderiam fazer isso se quisessem, mas não têm nenhum interesse. Ah, sim, e eles odeiam fazer compras”

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PAIS & FILHOS

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odo mundo sabe que filha mulher é muito melhor. Elas são doces, calmas, companheiras. Agora bom mesmo é ter filho homem. Eles são menos complicados, mais determinados. Mas será que esses velhos conceitos ainda funcionam num mundo que muda em velocidade recorde? Não por acaso, desde que descobriu que seria mãe de meninos, a publicitária Ana Teresa Pacheco passou a questionar isso tudo e se perguntar: “Que tipo de homem eu quero criar para este mundo?”. Ela não demorou a encontrar uma resposta: “Eu não quero brucutus malhados. Quero que eles sejam sensíveis, tenham consciência das coisas, respeito pelos outros. Eu quero que, no futuro, eles façam minhas noras muito felizes”, conta, rindo. E, a partir dessa constatação, Tetê, como ela prefere ser chamada, começou a longa tarefa de educar Bento e Oto. O primeiro cuidado foi não mimá-los. “Muitas mães acabam estragando os filhos meninos. Eu sempre disse aos meus que a mulher não foi feita para servir os homens. Eles não podem achar que a mãe, a babá, a professora estão sempre à disposição.” Depois, Tetê fez questão de fazer programas em família que desenvolvam a sensibilidade dos filhos, como desenhar ou cozinhar. “Nós inventamos uma coisa aqui em casa que os meninos batizaram de ‘cozinha de países’. Todo domingo a gente vai ao supermercado comprar algum tipo de comida típica e depois preparamos os pratos juntos. Já tivemos Itália, México, China. Mas os meninos gostam mais do dia dos Estados Unidos, porque aí eles comem hambúrguer.” Mas a família nunca renega programas “clássicos” de meninos. “Eu sei que garotos precisam gastar energia, eles têm uma vida a ser gasta. A gente adora passear de bicicleta aos domingos na ciclofaixa

Luiz Fernando Ardessore, 35 anos Sophia, 9 anos O melhor da relação: “Carinho, amor, troca”

O mais difícil: “Preparar para o mundo lá fora, porque a mulher precisa de mais cuidado, até pegar um ônibus sozinha é mais complicado [risos]” O que mais gosta de fazer com a filha: “Cozinhar; ela adora massa com trufa, já é enjoada”

O que gostaria de fazer se tivesse um menino: “Levar aos jogos do São Paulo. Acho que, se a Sophia fosse menino, eu já teria levado, até porque a mãe já está fazendo a cabeça para ela virar palmeirense”

que criaram aqui em São Paulo. Os meninos também gostam de andar de skate com o pai. E a gente mora em um condomínio que tem seis casas e 14 crianças. É praticamente um clube.” Criada em Porto Alegre, em um ambiente majoritariamente masculino (ela tem dois irmãos), Tetê tem a preocupação de não exacerbar o lado competitivo dos filhos. “Minha mãe me educou para não depender de homem nenhum, para trabalhar cedo. Fui criada para a competição. Mas não estimulo isso nos meus filhos, porque seria reforçar um lado que talvez já seja natural nos homens. Eu acho que as coisas hoje podem ser muito mais colaborativas. O mundo está diverso demais para ser dividido apenas entre masculino e feminino.” CHUTEIRA E SAPATILHA Pai de Tom, 4 anos, Ian, 2, e Théo, 5 meses, o videomaker, músico e locutor Marco Aurélio Amaral, o

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“Homem parece o demônio da Tasmânia, não para quieto um segundo. Eu sei porque eu mesmo era assim, mas hoje tem muita menina atacada também”

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PAIS & FILHOS

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“Vida de menina não tem que ser só boneca, lacinho e florzinha. Outro dia elas foram na casa de uns amiguinhos e ficaram brincando de cavar buracos no quintal”

Denise Haendchen, 32 anos Julia, 6 anos, e Alice, 3 O melhor da relação: “Elas são mais companheiras, desde a infância até a vida adulta”

O mais difícil: “O temperamento é mais complicado, há mais variação de humor”

O que mais gosta de fazer com as filhas: “Viajar, ir à praia” O que gostaria de fazer se tivesse um menino: “Eu iria mais a estádio de futebol, que ainda é um ambiente muito masculino”

Macau, concorda com Tetê. Uma das primeiras boas surpresas da sua vida de pai foi descobrir que os papéis destinados a meninos e meninas não são mais tão rígidos assim. “Eu acho que no geral eles têm aquela energia de luta, de correria, e elas têm um temperamento mais dócil”, diz. “Mas já não dá para estereotipar tanto. Outro dia o Tom pediu uma cozinha de brinquedo. Ele pira com os temperos da horta, gosta de ver a mãe cozinhar. A gente achou ótimo.” Para Macau, essa é uma bela mudança em relação à sua época de filho, em Belo Horizonte (MG). “Eu nunca tive muito saco para o ambiente tipicamente masculino, aquele papo de banheiro

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sobre as mulheres, sobre futebol. Daí meus amigos me tiravam de metrossexual. E muitas meninas pensavam que eu era gay. Acho que meus filhos não vão ter o mesmo tipo de problema. Essas divisões chuteira e sapatilha estão caindo aos poucos.” Planejando retormar suas aulas de dança, agora em companhia dos filhos, Macau conta que, de vez em quando, ainda esbarra no preconceito. “Outro dia, numa reunião da escola, os professores disseram que os alunos precisavam comprar uma espécie de sapatilha para a aula de euritmia. E um pai falou: ‘Meu filho não vai usar de jeito nenhum!’. Eu tentei argumentar: ‘Não existe chuteira de futebol, tênis de basquete, sapato de esgrima? Então, tem que usar a sapatilha de euritmia’. No fim das contas, quando o pai viu que o filho ia ficar isolado, ele deu o braço a torcer. Agora o menino está lá fazendo as aulas, de sapatilha.” Se tivesse um menino, o paulistano Luiz Fernando Ardessore dificilmente iria protagonizar um episódio do gênero no papel de pai machista. Afinal, quando Sophia nasceu, nove anos atrás, já estava pós-graduado no universo feminino. Cabeleireiro, ele trabalha no mesmo salão que a mãe e a irmã em São Paulo. E 98% de seus clientes são mulheres. “Eu converso com elas o dia todo. Tiro um pouquinho da sabedoria de cada cliente, porque cada uma é completamente diferente. Misturo tudo, junto com o que aprendi com meus pais, falo com a minha mulher e chego à minha filosofia de educação.” Para Nando, como é conhecido, educar uma menina significa muitas coisas: proteger, conversar e também cobrar. “Nossa política é a do ‘você faz, você recebe’. Mas Sophia às vezes encontra uma maneira de driblar as restrições. Outro dia,

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MODA

FEIRA MODERNA QUEM QUER ABOBRINHA? TEM CARAMBOLA, SIM! E FLORES PARA UMA FLOR! MOÇA BONITA NÃO PAGA – MAS TAMBÉM NÃO LEVA! MAS SE QUISER PODE MUITO BEM EMBARCAR JUNTO COM A GENTE NESTA DIVERTIDA VIAGEM! 60

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FOTOS NINO ANDRÉS STYLING LETÍCIA TONIAZZO

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MODA

FEIRA MODERNA QUEM QUER ABOBRINHA? TEM CARAMBOLA, SIM! E FLORES PARA UMA FLOR! MOÇA BONITA NÃO PAGA – MAS TAMBÉM NÃO LEVA! MAS SE QUISER PODE MUITO BEM EMBARCAR JUNTO COM A GENTE NESTA DIVERTIDA VIAGEM! 60

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FOTOS NINO ANDRÉS STYLING LETÍCIA TONIAZZO

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MODA

FEIRA MODERNA QUEM QUER ABOBRINHA? TEM CARAMBOLA, SIM! E FLORES PARA UMA FLOR! MOÇA BONITA NÃO PAGA – MAS TAMBÉM NÃO LEVA! MAS SE QUISER PODE MUITO BEM EMBARCAR JUNTO COM A GENTE NESTA DIVERTIDA VIAGEM! 60

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FOTOS NINO ANDRÉS STYLING LETÍCIA TONIAZZO

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A partir da esquerda: Vestido R$ 149,90 Sandália R$ 109,90 Vestido R$ 139,90 Sandália R$ 149,90 Camiseta R$ 49,90 Calça R$ 159,90 Sandália R$ 139,90 Camiseta R$ 44,90 Camiseta estampada R$ 62,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 159,90 Camiseta R$ 62,90 Bermuda R$ 159,90 Meia R$ 19,90 Tênis R$ 144,90

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A partir da esquerda: Vestido R$ 149,90 Sandália R$ 109,90 Vestido R$ 139,90 Sandália R$ 149,90 Camiseta R$ 49,90 Calça R$ 159,90 Sandália R$ 139,90 Camiseta R$ 44,90 Camiseta R$ 62,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 159,90 Camiseta R$ 62,90 Bermuda R$ 159,90 Meia R$ 19,90 Tênis R$ 144,90

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A partir da esquerda: Vestido R$ 149,90 Sandália R$ 109,90 Vestido R$ 139,90 Sandália R$ 149,90 Camiseta R$ 49,90 Calça R$ 159,90 Sandália R$ 139,90 Camiseta R$ 44,90 Camiseta R$ 62,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 159,90 Camiseta R$ 62,90 Bermuda R$ 159,90 Meia R$ 19,90 Tênis R$ 144,90

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MODA

Vestido R$ 229,90 Legging R$ 54,90 Sandรกlia R$ 169,90

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Vestido R$ 229,90 Legging R$ 54,90 Sandรกlia R$ 169,90

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Camiseta R$ 69,90 Camisa polo R$ 64,90 Bermuda R$ 149,90

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Camiseta R$ 69,90 Camisa polo R$ 64,90 Bermuda R$ 149,90

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MODA

Camiseta R$ 74,90 Calça R$ 139,90 Sandália R$ 169,90 Camiseta R$ 44,90 Camisa polo R$ 69,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 159,90

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MODA

Camiseta R$ 74,90 Calça R$ 139,90 Sandália R$ 169,90 Camiseta R$ 44,90 Camisa Polo R$ 69,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 159,90

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Vestido R$ 179,90 Sandália R$ 149,90 Camiseta R$ 69,90 Calça R$ 159,90 Sandália R$ 109,90 Camisa polo R$ 99,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 144,90

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Vestido R$ 179,90 Sandália R$ 149,90 Camiseta R$ 69,90 Calça R$ 159,90 Sandália R$ 109,90 Camisa polo R$ 99,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 144,90

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MODA

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MODA

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Camisa R$ 119,90 Sandália R$ 169,90 Blusa (conjunto com short) R$ 169,90 Colete (conjunto com blusa e bermuda) R$ 219,90 Short R$ 149,90 Sandália R$ 169,90 Camiseta R$ 49,90 Bermuda R$ 159,90 Tênis R$ 159,90

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Camisa R$ 119,90 Sandália R$ 169,90 Blusa (conjunto com short) R$ 169,90 Colete (conjunto com blusa e bermuda) R$ 219,90 Short R$ 149,90 Sandália R$ 169,90 Camiseta R$ 49,90 Bermuda R$ 159,90 Tênis R$ 159,90

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MODA MODA

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Camiseta verde R$ 74,90 Camiseta azul R$ 49,90 Calça R$ 169,90 Tênis R$ 159,90

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MODA MODA

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Camiseta verde R$ 74,90 Camiseta azul R$ 49,90 Calça R$ 169,90 Tênis R$ 159,90

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Blazer R$ 179,90 Camiseta R$ 49,90 Calรงa R$ 139,90

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Blazer R$ 179,90 Camiseta R$ 49,90 Calรงa R$ 139,90

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MODA

Conjunto de macac達o e colete R$ 244,90 Tiara R$ 45,90 Camisa R$ 159,90 Camiseta R$ 129,90 Bermuda R$ 139,90

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MODA

Macac達o (conjunto com colete) R$ 244,90 Tiara R$ 45,90 Camisa R$ 159,90 Camiseta R$ 62,90 Bermuda R$ 139,90

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Vestido R$ 229,90 Legging R$ 54,90 Sandรกlia R$ 109,90

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Vestido R$ 229,90 Legging R$ 54,90 Sandรกlia R$ 109,90

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MODA

Vestido (conjunto com colete R$ 249,90 Legging R$ 54,90

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MODA

Vestido (conjunto com colete) R$ 249,90 Calรงa R$ 54,90

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MODA

Vestido (conjunto com colete) R$ 249,90 Calรงa R$ 54,90

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HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT) MODELOS: EVERTON MOLERO, SOFIA VALVERDE, BRUNA XAVIER, GIULIA FARINACCI (AGÊNCIA VOGUE) E ENRICO DAMARO (BABY) AGRADECIMENTOS: ACTC (WWW.ACTC.ORG.BR), ALDEIA DO FUTURO (WWW.ALDEIADOFUTURO.ORG.BR), BODODO (WWW.BODODO.COM.BR), PARANGOLÉ (WWW.LOJAPARANGOLE.COM.BR), VIA TREZE ANTIGUIDADES (11 3253-7521), ZIZI MARIA (WWW.ZIZIMARIA.COM.BR), JOSÉ LUIZ DE PAULA E FLAVIA FILARDI

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HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT) MODELOS: EVERTON MOLERO, SOFIA VALVERDE, BRUNA XAVIER, GIULIA FARINACCI (AGÊNCIA VOGUE) E ENRICO DAMARO (BABY) AGRADECIMENTOS: ACTC (WWW.ACTC.ORG.BR), ALDEIA DO FUTURO (WWW.ALDEIADOFUTURO.ORG.BR), BODODO (WWW.BODODO.COM.BR), PARANGOLÉ (WWW.LOJAPARANGOLE.COM.BR), VIA TREZE ANTIGUIDADES (11 3253-7521), ZIZI MARIA (WWW.ZIZIMARIA.COM.BR), JOSÉ LUIZ DE PAULA E FLAVIA FILARDI

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FOTOGRAFIA

Para não esquecer MÁQUINAS DIGITAIS, COM FILME DE VERDADE E ATÉ IPHONES. TUDO É VÁLIDO NA HORA DE REGISTRAR MOMENTOS DO COTIDIANO COM OS FILHOS. TRÊS PAIS FOTÓGRAFOS PROFISSIONAIS DÃO AS DICAS POR ÉRICA RODRIGUES

Retrato em branco e preto Christian Cravo, pai de Sophia, 7 anos

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ara quem ainda tem uma câmara analógica em casa, insisto: vale gastar alguns rolos de filme clicando o filho. Pode parecer uma sugestão estranha em tempos de fotografia digital, mas assim haverá pelo menos um registro físico resistente ao tempo. Eu, particularmente, gosto muito das fotos em preto e branco, apesar de a cada dia ficar mais difícil encontrar filme P&B. E ainda mais difícil e cara é a revelação e ampliação pelo processo manual. Felizmente, as lojas comuns de fotografia têm scanner de negativo, o que permite fazer cópias digitais das fotos feitas com suporte analógico. É simples e não custa mais do que qualquer outra cópia feita a partir de arquivo digital. Possivelmente o estabelecimento vai cobrar uma taxa para escanear as imagens, mas não será nada absurdo para o bolso, pois o processo é todo automatizado. Outra possibilidade é ampliar cópias de filme preto e branco no processo tradicional das fotos coloridas. A qualidade não é tão boa, mas serve para o dia a dia. Cópias artesanais são caríssimas e devem ser feitas somente se você pretende dar um ar de obra de arte à sua foto.”

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NÃO QUEIME O FILME! Diferentemente da foto digital, que pode ser feita aos montes e sempre tem um “jeitinho” de consertar os erros depois, a foto analógica precisa ser pensada previamente para não queimar literalmente o filme. Para isso, a escolha da sensibilidade da película é importante. Os filmes com ISO 100 são adequados para ambientes abertos e exposição direta à luz do sol. Para obter mais versatilidade em todos os aspectos – movimentos rápidos, ambientes externos de luz baixa e fotografia em ambientes fechados –, o ideal é comprar filmes com ISO 400.

*

O flash também melhora bastante as condições de luz. Mas, se você quer dar um aspecto mais natural às fotos, evite usá-lo. Além de deixar a foto clara demais, em muitos casos o flash deixa a cena “chapada”, sem profundidade.

*

Para não perder o enquadramento, principalmente se estiver fotografando com uma Lomo, marca de máquina analógica amadora que virou febre de uns anos para cá, a dica é usar a famosa “regra dos terços”. Aponte a câmera para a cena e divida-a mentalmente em nove partes iguais, como se fizesse um jogo da

*

velha sobre a imagem que você vê no visor. Coloque o objeto a ser fotografado em um dos quatro pontos em que as linhas se cruzam. Para evitar o efeito “borrão” no filme, tente não mexer a câmera durante o disparo. Apoie firmemente os cotovelos no peito e só clique quando a câmera estiver totalmente firme em suas mãos.

*

Os melhores retratos são feitos quando as crianças não estão posando. Aproveite os momentos de espontaneidade e faça fotos com a menor interferência possível.

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Arte no DNA A CÂMERA DO CHRISTIAN EOS 1V, da Canon

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Filho do fotógrafo Mario Cravo Neto e neto do escultor Mario Cravo Filho, Christian Cravo é conhecido por suas primorosas imagens em preto e branco. Aos 36 anos, já expôs em galerias e museus importantes no Brasil e no exterior. Especialista em retratos de pessoas, seu projeto atual é fotografar animais selvagens em lugares ermos da África, como Namíbia e Botsuana.

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FOTOGRAFIA

E ainda dá para falar ao telefone Marcelo Naddeo, pai de Juliano, 3 anos

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ideia de ter uma snapshot no bolso sempre me agradou. Com a chegada do telefone que faz foto, tudo ficou mais fácil para registrar o cotidiano em família. Para melhorar, o mercado vem desenvolvendo cada vez mais aplicativos de lentes e filmes para imagens digitais, muitos deles inspirados nas fotos analógicas dos anos 70. Dentre esses aplicativos, destaco o Hipstmatic, o Leme Cam, o Pudding Camera e o Camera Plus. Todos eles têm uma variedade praticamente infinita de combinações. Para os aficionados, existe ainda o Instagram, uma espécie de Facebook de imagens no qual os usuários postam fotos automaticamente, “curtem” e comentam. O ponto negativo de fazer fotos com o iPhone é que as imagens não podem ser impressas com qualidade em grandes formatos. Mas nada que em poucos meses alguma mente criativa já não tenha resolvido. Ficam aqui duas dicas importantes para quem quiser se aventurar no universo dos aplicativos para fotos de celular: 1) comece a prestar atenção nos momentos mais singelos dentro de casa; e 2) brinque com seu aparelho sem medo de errar. Todo instante com seu filho pode render uma foto bonita.”

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A CÂMERA DO NADDEO iPhone 4, da Apple

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FOTOGRAFIA

E ainda dá para falar ao telefone Marcelo Naddeo, pai de Juliano, 3 anos

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ideia de ter uma snapshot no bolso sempre me agradou. Com a chegada do telefone que faz foto, tudo ficou mais fácil para registrar o cotidiano em família. Para melhorar, o mercado vem desenvolvendo cada vez mais aplicativos de lentes e filmes para imagens digitais, muitos deles inspirados nas fotos analógicas dos anos 70. Dentre esses aplicativos, destaco o Hipstmatic, o Leme Cam, o Pudding Camera e o Camera Plus. Todos eles têm uma variedade praticamente infinita de combinações. Para os aficionados, existe ainda o Instagram, uma espécie de Facebook de imagens no qual os usuários postam fotos automaticamente, “curtem” e comentam. O ponto negativo de fazer fotos com o iPhone é que as imagens não podem ser impressas com qualidade em grandes formatos. Mas nada que em poucos meses alguma mente criativa já não tenha resolvido. Ficam aqui duas dicas importantes para quem quiser se aventurar no universo dos aplicativos para fotos de celular: 1) comece a prestar atenção nos momentos mais singelos dentro de casa; e 2) brinque com seu aparelho sem medo de errar. Todo instante com seu filho pode render uma foto bonita.”

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A CÂMERA DO NADDEO iPhone 4, da Apple

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NA PONTA DO DEDO Uma das principais inovações da *câmera do iPhone 4 é o controle manual do foco. Enquanto fotografa, você pode dar um toque na tela e colocar qualquer parte da imagem em foco, como um rosto ou um prédio ao fundo, por exemplo. O foco também ajusta a exposição e o equilíbrio de branco automaticamente. da imagem não é o *forteAdoresolução iPhone. Mas há vários aplicativos que compensam na hora de tirar e incrementar suas fotos. O Pocket Light Meter, por exemplo, funciona como um fotômetro. É só apontar o celular para a cena e examinar, por exemplo, as condições de luminosidade. Quando o objetivo é fotografar criança em movimento ou em ambientes com pouca luz, é só aumentar o número do ISO até o efeito desejado. atual onda nostálgica da câ*meraNaanalógica, há um aplicativo (app, na linguagem técnica) que pode dar a sua foto um ar “antiguinho”. É o Classictoy, que permite fotografar como se fosse uma snapshot. São 12 tipos de efeito numa interface que simula a parte de trás de uma camerazinha analógica. app interessante é o Photo*forge,Outro um editor de imagens simples

Pessoal e intransferível Marcelo Naddeo começou a fotografar nos anos 90, quando morou em Barcelona. Colaborador de revistas e agências de publicidade, desde que descobriu o iPhone faz registros com o aparelho em casa ou até em estúdio, onde tem aproveitado as sessões de foto para realizar um projeto pessoal de retratos feitos com o aparelho. Outro projeto seu é o Deixe Seu Retrato – www. deixeseuretrato.com.br. Naddeo monta miniestúdios em eventos para que as próprias pessoas se fotografem.

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e completo. Além das opções tradicionais de cor, brilho, contraste e saturação, há recursos mais avançados. É possível criar várias camadas da imagem, alterar a sua ordem e visibilidade e até pintá-las com o dedo. Um dos mais completos apps para *iPhone é o Qbro. Além das ferramentas básicas de girar e inverter a imagem, é possível escolher vários tipos de efeito, salvar a foto em alta resolução no seu aparelho ou ainda postálas diretamente nas redes sociais.

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FOTOGRAFIA

Intimidade digital

MEGADIVERSÃO

Rafael Jacinto, pai de Teodoro, 8 anos

câmera de 12 megapi*xelsUma é mais que suficiente para

com maior fide*lidadeParaasreproduzir cores da cena fotogra-

registrar cenas caseiras. É possível imprimir com qualidade foto com até 40 x 30 centímetros.

fada, use o controle de balanço do branco. As câmeras compactas oferecem seleções pré-programadas, como automático, ensolarado, nublado etc. Se você quer obter um resultado mais “quente”, por exemplo, como captar o dourado de uma luz mais tênue do começo ou fim do dia, regule a câmera para nublado. Para aprender todas as funções e efeitos, nada como brincar com a câmera.

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ara registrar o dia a dia em família, é fundamental desmistificar a câmera digital. Ela precisa ser um objeto do seu cotidiano. Na minha casa, a câmera fica sempre em cima da mesa, na pia do banheiro, lugares comuns. As câmeras digitais armazenam a imagem em mais de um formato de arquivo. O JPEG, por exemplo, descarta algumas informações na hora de compactar as imagens, o que gera ruídos, principalmente quando mexemos nelas depois. O ideal, nesse caso, é já programar sua câmera para o resultado final desejado, usando ajustes de cores e pré-configurações, como modo paisagem, retrato etc. Caso tenha um conhecimento maior de softwares de edição de imagem, sugiro fazer fotos em formato RAW (cru). Ao contrário do JPEG, esse formato preserva todas as informações da foto, o que ajuda na hora de tratar pessoalmente a imagem no computador. Dirigir o próprio filho num ensaio fotográfico é muito gostoso. Uma dica é fazer uma foto seguida da outra. O segundo clique, feito no fim da pose, pode sempre trazer o inesperado. Depois de descarregar a imagem no computador, faça uma cópia e preserve a original. De preferência em lugares diferentes. Organização é muito importante com fotos digitais.”

A quantidade de megapixels *de uma câmera, no entanto, não deve ser o único fator a ser considerado na hora da compra. Avalie itens como quantidade de ajustes “manuais possíveis. E sempre dê preferência para câmeras com zoom óptico (isto é, físico, feito pela lente), e não digital. Procure fotografar sempre com o máximo da resolução oferecida pela câmera e salve no computador o arquivo original, sem modificações. No futuro, você pode explorar usos diferentes na foto.

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Existem muitos recursos inte*ressantes de pós-produção que podem ser feitos em casa. O mais conhecido editor de foto, o Photoshop, oferece em seu site uma ferramenta gratuita para amadores que permite remover olhos vermelhos, ajustar o nível de saturação, remover falhas e ainda inserir dezenas de objetos divertidos. Basta acessar www.photoshop.com/tools e criar uma conta. O Photoshop Express Online também reúne várias dicas e tutoriais para você conseguir aquele efeito incrível.

A CÂMERA DO RAFAEL PowerShot G12, da Canon

Caixa de ideias Junto com os amigos Pio Figueiroa e João Kehl, Rafael Jacinto, 35 anos, é um dos nomes por trás da Cia de Foto, misto de agência de fotografia e coletivo de arte. Um dos trabalhos mais conhecidos do grupo é o projeto Caixa de Sapato (www.flickr.com/ciadefoto), momentos do cotidiano dos três fotógrafos reunidos num diário coletivo. “É uma invenção de como queremos que nossas vidas sejam mostradas”, diz Rafael. Teodoro, claro, é figurinha constante. 78

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MODA

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poder das flores

NÃO IMPORTA A ÉPOCA DO ANO: DEIXE QUE AS ESTAMPAS FESTIVAS TRANSFORMEM SEU DIA A DIA EM ALGO MÁGICO. DOS PÉS À CABEÇA

FOTOS RODRIGO MARQUES STYLING LETÍCIA TONIAZZO

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Conjunto de blusas R$ 139,90

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MODA

Camisa R$ 149,90 Legging R$ 54,90 Sandรกlia R$ 169,90

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Vestido 169,90

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MODA

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À esquerda: Macacão R$ 149,90 Sandália R$ 169,90 À direita: Vestido R$ 119,90

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MODA MODA

Saída de praia R$ 94,90 Legging R$ 54,90 Sandália R$ 124,90 62

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Blusa R$ 99,90 Short (conjunto com blusa) R$ 159,90

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HAIR & MAKE UP: AGNES MAMEDE (CAPA MGT) MODELOS: ANA CLARA RODRIGUES (STYLLUS) E MARIANA SANCHEZ (VOGUE)

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MODA

Na natureza selvagem ELES ESTÃO PRESOS NUMA MISTERIOSA ILHA TROPICAL. SEGUNDO O CHEFE DA TRIBO, BASTA SEGUIR O CURSO DO RIO PARA ENCONTRAR O CAMINHO DE CASA. E NUNCA PERDER O ESTILO, É CLARO FOTOS DEBBY GRAM STYLING LETÍCIA TONIAZZO

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Macacรฃo R$ 184,90 Calรงa R$ 199,90

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MODA

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Calรงa R$ 199,90

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Colete R$ 164,90 Blusa (conjunto com colete e bermuda) R$ 219,90 Calรงa R$ 159,90

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MODA

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Colete R$ 164,90 Blusa (conjunto com colete e bermuda) R$ 219,90 Calรงa R$ 159,90 Vestido R$ 189,90

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MODA

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Camiseta R$ 59,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 159,90 Macacão R$ 179,90 Sandália R$ 139,90

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Vestido R$ 186,90

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MODA

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Camiseta R$ 69,90 Calรงa R$ 169,90

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MODA MODA

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Blusa R$ 149,90 Calรงa R$ 189,90 Bermuda R$ 169,90

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HAIR & MAKE UP: ANDREIA COSTA HAIR E MAKE UP TAMBA SALÃO BOUTIQUE MODELOS: NIKOLAS NHANHARELLI (BABY), LAURA RAFAELA E MARIANA SILVA (VOGUE) AGRADECIMENTOS: AMOA KONOYA ARTE INDÍGENA (WWW.AMOAKONOYA.COM.BR) E EDU MARIN

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HAIR & MAKE UP: ANDREIA COSTA HAIR E MAKE UP TAMBA SALÃO BOUTIQUE MODELOS: NIKOLAS NHANHARELLI (BABY), LAURA RAFAELA E MARIANA SILVA (VOGUE) AGRADECIMENTOS: AMOA KONOYA ARTE INDÍGENA (WWW.AMOAKONOYA. COM.BR) E EDU MARIN. TRATAMENTO DE IMAGEM: REGIS PANATO/PHOTOTOUCH

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ENTRE DESCOBERTAS E DESAFIOS, AS HISTÓRIAS DE QUEM SAIU CEDO DO BRASIL PARA MORAR EM OUTROS PAÍSES NA COMPANHIA DOS PAIS 100

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POR ANNETTE SCHWARTSMAN

Fotos: arquivo pessoal

INFÂNCIA

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AOS 8 ANOS, LUIZA DOMINA OS TRÊS IDIOMAS FALADOS EM BALI E GOSTA DE FREQUENTAR AS FESTAS TÍPICAS

BALI

5 PERTO DA NATUREZA uando tinha apenas 1 ano, a paulistana Luiza passou três meses em Bali. Aos 5, mudou-se de vez com a família para esse lugar paradisíaco que pertence às Pequenas Ilhas de Sonda, uma das sete províncias da Indonésia. Hoje, aos 8, está perfeitamente integrada à rotina local: domina os três idiomas usados – o inglês, o bahasa, língua oficial do país, e o balinês, dialeto da ilha –, frequenta uma escola internacional e até mesmo algumas cerimônias religiosas típicas. Nas horas vagas, Luiza se diverte – e muito – ao lado do irmão, Lucca, 5, do cão, Zion, e dos pais, Felipe Saboya de Albuquerque, 43, e Izabel Murillo Saboya de Albuquerque, 42. Na escola, a menina convive com crianças do mundo todo, inclusive

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brasileiras. Mas uma de suas melhores amigas é a balinesa Putu, que só vê nos fins de semana, pois não estudam juntas. “Quando a gente brinca, eu falo em bahasa com ela”, esclarece a menina. Putu é filha de Kadek, babá de Luiza e Lucca e uma espécie de “braço direito e esquerdo” dos pais das crianças, que trabalham com turismo receptivo e exportação de móveis e objetos de decoração na empresa fundada pelo surfista Felipe há mais de 20 anos, a Casa Bali (www. casabali.com.br). Os irmãos ficam das 8h às 14h30 na escola, onde também têm atividades extras como balé, futebol e natação. O trajeto até lá, que tem pouco mais de 3 quilômetros, é feito de motocicleta, pilotada pela babá Kadek. Nos fins de tarde, um dos programas prediletos da dupla é passear a cavalo na praia, que fica a 300 metros da casa em que moram, e ver o pôr do sol. Os dois também adoram brincar na piscina e, no caso de Luiza, andar de camelo e voar de parapente. Luiza e Lucca gostam bastante de passar as férias entre o Rio de Janeiro, terra do pai, e São Paulo, onde a mãe nasceu. “Não dá pra ir de carro porque é muuuuito longe, então eu vou de avião”, diz Luiza, referindo-se às 35 horas de voo – e 11 de fuso horário – que separam os dois países. Uma exceção foi aberta no início deste ano, quando, em vez de vir ao Brasil, a família se reuniu a avós, tia e primos paternos na Disney. Desse programaço, Luiza e Lucca jamais se esquecerão. Só teve um senão: “Lá precisa usar casaco, sapato, calça jeans e camisa, senão fica muito frio”, ensina a garota, acostumada a vestir roupas leves tanto em Bali quanto no verão brasileiro.

NO BRASIL Iam para a escola a pé Comiam feijão, picadinho e purê de batata Frequentavam cinema e teatro Brincavam na praça Moravam em um apartamento de 170 metros quadrados

NA INDONÉSIA Vão para a escola de moto com a babá ou, quando chove, de carro com os pais Gostam de comer Mie, um tipo de macarrão instantâneo Brincam na praia e surfam Moram em uma casa de 1.000 metros quadrados

Luiza e o irmão, Lucca, gostam da vida ao ar livre em Bali, lugar que a menina visitou pela primeira vez com 1 ano de idade (foto no alto). Acima, Luiza (vestida de azul) com o pai e a prima Duda em uma festa junina no Brasil

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INFÂNCIA

“ NÃO SOU FÃ DE FUTEBOL E MEUS COLEGAS FICARAM DECEPCIONADOS QUANDO VIRAM QUE EU NÃO ERA UM CRAQUE” DAVI

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No alto, a partir da esquerda, Davi em Lyon com os amigos da escola (ele é o primeiro à esquerda); com a mãe e o padrasto e a caminho da escola. Acima, dois momentos em Paris. Ao lado, durante férias no litoral de São Paulo

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INFÂNCIA

“ NÃO SOU FÃ DE FUTEBOL E MEUS COLEGAS FICARAM DECEPCIONADOS QUANDO VIRAM QUE EU NÃO ERA UM CRAQUE” DAVI

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A partir da foto maior, Davi com a mãe e o padrasto, a caminho da escola e com os amigos da escola em Lyon (ele é o primeiro à esquerda). Na torre Eiffel e no metrô de Paris. Ao lado, durante férias no litoral de São Paulo

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LYON

TELEFONE SEM FIO uando soube que iria se mudar de São Paulo para a França, a primeira imagem que veio à cabeça de Davi, então com 6 anos de idade, foi a de artistas pintando em frente à Torre Eiffel. A segunda, a de fumegantes crepes de Nutella. Hoje, quatro anos depois, o menino de 10 anos está completamente adaptado à vida em Lyon, e pode ser considerado um connaisseur da panqueca recheada, entre outras iguarias típicas. “Aqui é muito mais calmo e tudo fica mais perto”, compara o garoto, que vive com a mãe, a psicanalista paulistana Mariana Neustein, 40, e seu companheiro, o geneticista francês Hugo Aguilaniu, 35. Apesar do ritmo tranquilo da cidade, o começo da vida ali não foi fácil. Além de ter que se separar do pai, que ficou no Brasil, Davi só sabia duas palavras em francês: sim e não. “No primeiro dia de aula, não entendi nada”, lembra. Sua sorte, conta, é que o professor falava inglês, o que facilitou a comunicação inicial. Nos dias seguintes, a caminho da escola, o padrasto, Hugo, passou a lhe ensinar uma frase nova por vez, que ele repetia até decorar. A primeira foi “você quer brincar comigo?”, e o diálogo que ela suscitou, conforme relata Davi, pareceu uma conversa de “telefone sem fio”: “Eu cheguei na frente de um menino e perguntei ‘quer brincar comigo?’. Ele respondeu ‘do quê?’. Eu disse ‘sim’, e ele continuou ‘como é esse jogo?’. Daí eu respondi ‘não’. Eu

Fotos: arquivo pessoal

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não sabia como falar pega-pega ou esconde-esconde, e é claro que ele não entendeu nada. Nessa hora pensei que teria que olhar um pouco mais o dicionário”, recorda, bem-humorado. Além da barreira do idioma, Davi estranhou o fato de meninas e meninos franceses brincarem separados. “Achava esquisito porque no Brasil as crianças ‘jogavam’ juntas, e aqui tinha um campo de meninas e outro de meninos. Perguntei pra um colega se nenhuma menina conversava com menino, e ele me respondeu ‘poucas vezes’. Agora que consigo me comunicar, parece que melhorou”, comemora. Nos primeiros anos, ele também foi “vítima” do estereótipo do “brasileiro bom de bola”. “Não sou fã de jogar futebol e meus colegas ficaram decepcionados quando viram que eu não era um craque”, recorda. “Por causa disso, fiquei um tempo sem fazer muito esporte, mas depois fui pro basquete e hoje sou muito bom.” Apesar de ter passado quase metade da sua vida em território francês, Davi não se esquece do Brasil: ele viaja de férias para cá duas vezes ao ano, fala com o pai quase todos os dias e também recebe suas visitas anuais. “Na hora de ir embora do Brasil eu choro, fico triste e sem fome”, diz. “Mas, quando me lembro que vou ver meu pai de novo em uns três meses, melhora.” Sempre que vem a São Paulo o garoto faz questão de visitar o restaurante japonês Mussashi, em Pinheiros. “A dona é tão simpática que sempre me dá uns sushis a mais”, vibra.

NO BRASIL Ia para a escola de carro Comia feijoada, lombo de porco, arroz, feijão e lula frita Gostava de ir ao cinema e ao teatro

NA FRANÇA Vai para a escola a pé Come queijo e chocolate Vai ao cinema, mas aprendeu a esquiar

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INFÂNCIA

DA AREIA PARA A NEVE etade dos dez anos “de praia” de Valentina foi passada em Nova York, cidade onde vive com os pais, a consultora de moda Virginia Parente, 49, e o economista Leonardo Burlamaqui, 55. Mas o sotaque carioca da garota revela que seus laços com o Brasil ainda são fortes: todo ano visita o Rio de Janeiro, onde tem avós, tios, madrinha, oito primos e um monte de amigas – “só meninas, os meninos são muito chatos”, avisa. As lembranças da chegada aos Estados Unidos também permanecem fortes na memória de Valentina, que, quando foi para lá, há cinco anos, já arranhava um pouco de inglês por conta das aulas particulares que teve antes de deixar o Brasil. Assim, o idioma não chegou a ser uma barreira muito difícil. “Mas de vez em quando tinha que mostrar as coisas pra minha professora, pois não sabia como falar”, recorda. Fazer novos amigos tampouco foi um problema. “Tinha um monte de gente legal na nova escola”, conta. Hoje, a diversidade é uma marca de suas novas amizades, já que ela convive com colegas asiáticos, afro-americanos, brancos e latinos que moram tanto em apartamentos sofisticados na Park Avenue quanto em casas simples no Bronx. Completamente adaptada à rotina nova-iorquina – com direito até a ajudar a mãe em tarefas domésticas como lavar as roupas –, o que Valentina mais gosta da cidade é a possibilidade de conhecer coisas e lugares novos: “Eu adoro andar de trenó, patinar no gelo no Central Park, esquiar em Hunter Mountain e Windham com minha mãe e viajar para os Hamptons”, lista. “Ah, de vez em quando vou a shows, como os de Lady Gaga e Miley Cyrus”, completa.

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NOVA YORK Quando vem ao Rio, um de seus programas favoritos é caminhar com o pai da praia de Ipanema até o Arpoador. E do que sente mais saudades daqui? Em primeiro lugar, da família. “Aqui, as únicas pessoas da minha família são a minha mãe e meu pai”, diz. As outras coisas das quais sente falta são a praia, o clube dos Caiçaras, que frequentava, e a sua casa. “Meu apartamento em Nova York é beeeem pequenininho, só tem meu quarto, a sala, a cozinha, a entrada, o banheiro e o quarto dos meus pais”, conta. Das comidas brasileiras, apesar de reclamar que os americanos “só comem besteira”, não sente tanta falta assim: “Aqui tem um lugar chamado Rio Bonito que fica meio longe, no Queens, mas vende tudo do Brasil: guaraná, mate, vários biscoitos, pão de queijo, um monte de coisas boas”, dá a dica. Além disso, acabou de matar a vontade de comer um de seus pratos preferidos: “Minha vovó estava aqui e fez bife com arroz pra mim. Adorei!”.

NO BRASIL Ia para a escola a pé Comia pão de queijo, empadão, arroz e feijão Brincava com os primos Morava em um apartamento de 150 metros quadrados

NOS EUA Vai para a escola a pé Come hambúrguer e milk-shake Anda de patins Mora em um apartamento de 73 metros quadrados

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Fotos: arquivo pessoal

O QUE VALENTINA MAIS GOSTA EM NOVA YORK É A POSSIBILIDADE DE SEMPRE CONHECER COISAS NOVAS

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Acima, Valentina na piscina do clube dos Caiçaras, que frequentava no Rio. As outras fotos revelam como é sua vida em Nova York, com direito a passeio de bicicleta no Central Park, festa de Haloween, brincadeiras na neve e convívio com colegas na escola

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MODA

QUANDO A GENTE REÚNE OS AMIGOS PARA PINTAR O SETE É FÁCIL DESCOBRIR COMO A VIDA PODE SER MAIS LEVE E DIVERTIDA

MÃOS À OBRA

FOTOS CRISTIANO MADUREIRA STYLING LETÍCIA TONIAZZO 106

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À esquerda: Camisa polo R$ 129,90 Calça 169,90 Tênis R$ 144,90 Acima: Camiseta R$ 84,90 Calça 199,90 Tênis R$ 144,90

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À esquerda: Camisa polo R$ 129,90 Calça 169,90 Tênis R$ 144,90 Acima: Camiseta R$ 84,90 Calça 199,90 Tênis R$ 144,90

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MODA

Camiseta R$ 62,90 Bermuda (conjunto com camiseta) R$ 209,90 Meia R$ 19,90 TĂŞnis R$ 144,90

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Camisa R$ 129,90, camiseta R$ 62,90, calça R$ 169,90 e tênis R$ 144,90

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MODA

Camiseta verde R$ 49,90, camiseta R$ 62,90, calça R$ 149,90 e tênis R$ 144,90

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Camisa polo R$ 69,90 Camiseta R$ 62,90 Calça R$ 199,90 Tênis R$ 159,90

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MODA

Camisa R$ 139,90 Camiseta R$ 62,90 Calça R$ 149,90 Tênis R$ 144,90

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Camiseta estampada (conjunto com bermuda) R$ 209,90, camiseta R$ 62,90, calça R$ 199,90 e tênis R$ 144,90

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MODA

Camisa R$ 139,90, camiseta R$ 62,90, bermuda (conjunto com camiseta) R$ 234,90, meia R$ 17,90 e tĂŞnis R$ 159,90

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Camiseta estampada R$ 79,90 Camiseta R$ 62,90 Calça R$ 169,90 Tênis R$ 144,90

HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT) MODELOS: DAVI NIRINO, ENZO ALMEIDA (FIFI KIDS) E OLIVER BURNS (STYLLUS) AGRADECIMENTO: ALEIDE MOLDURAS (11 3083-3809)

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FAMÍLIA

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“SOMOS QUASE UMA EQUIPE DE TRABALHO, CADA UMA NA SUA ATIVIDADE, TROCANDO CARINHOS E SORRISOS” DANIELA

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FAMÍLIA

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“SOMOS QUASE UMA EQUIPE DE TRABALHO, CADA UMA NA SUA ATIVIDADE, TROCANDO CARINHOS E SORRISOS” DANIELA

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POR ED EDUARDO DUARDO D NUNO NUNOMURA O ANDRÉS FOTOS O NINO NINO O AND A RÉS

QUANDO A VONTADE DE PASSAR MAIS TEMPO COM OS FILHOS FUNCIONA COMO O PRINCIPAL CAPITAL NA HORA DE ABRIR UM NEGÓCIO PRÓPRIO

EM BOA COMPANHIA

A sala de jantar é o escritório de Daniela, que costuma trabalhar perto das filhas, Bebel e Clara (de pé)

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Sentada à mesa de jantar, a jornalista Daniela Buono, 37 anos, está concentrada na tela de seu computador. Enquanto isso, suas filhas, Bebel e Clara, 3 e 6 anos, respectivamente, desenham, fazem a lição de casa, brincam. “Somos quase uma equipe de trabalho, cada uma na sua atividade, conversando de vez em quando, trocando carinhos e sorrisos quase sempre”, diz a empresária e fundadora do Cia. das Mães, um portal de comércio eletrônico com produtos para crianças de 0 a 6 anos, no ar desde abril do ano passado. O clique do site veio depois de Daniela conhecer muitas mães dispostas a fazer negócio, informar-se e até mesmo trabalhar usando as redes sociais. Com investimento de R$ 30 mil, a experiência de ter fundado outro site, o da Rede do Parto do Princípio, e a ajuda de duas sócias também mães – a violinista Roberta Marcinkowski, 37, e a advogada Kátia Raele, 35 –, Daniela diz que o novo negócio lhe trouxe mais flexibilidade e autonomia sobre seu tempo. “Isso não tem preço nessa fase da vida, com crianças pequenas.” Uma das principais referências, hoje, de compras on-line para mães modernas, o Cia. das Mães não tem escritório físico. As reuniões são feitas por Skype e a maioria das comunicações circula por e-mail. Segundo Daniela, ela e suas sócias trabalham muito mais do que nos empregos anteriores. Em compensação, o site já dobrou de faturamento em seu primeiro ano. E vem ganhando filhotes, como os blogs sobre maternidade, trabalho, programação cultural com crianças e serviços de compras e trocas coletivas. “Estou amadurecendo profissionalmente enquanto posso acompanhar o crescimento das minhas filhas”, resume Daniela.

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POR EDUARDO NUNOMURA FOTOS NINO ANDRÉS

QUANDO A VONTADE DE PASSAR MAIS TEMPO COM OS FILHOS FUNCIONA COMO O PRINCIPAL CAPITAL NA HORA DE ABRIR UM NEGÓCIO PRÓPRIO

EM BOA COMPANHIA

A sala de jantar é o escritório de Daniela, que costuma trabalhar perto das filhas, Bebel e Clara (de pé)

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Sentada à mesa de jantar, a jornalista Daniela Buono, 37 anos, está concentrada na tela de seu computador. Enquanto isso, suas filhas, Bebel e Clara, 3 e 6 anos, respectivamente, desenham, fazem a lição de casa, brincam. “Somos quase uma equipe de trabalho, cada uma na sua atividade, conversando de vez em quando, trocando carinhos e sorrisos quase sempre”, diz a empresária e fundadora do Cia. das Mães, um portal de comércio eletrônico com produtos para crianças de 0 a 6 anos, no ar desde abril do ano passado. O clique do site veio depois de Daniela conhecer muitas mães dispostas a fazer negócio, informar-se e até mesmo trabalhar usando as redes sociais. Com investimento de R$ 30 mil, a experiência de ter fundado outro site, o da Rede do Parto do Princípio, e a ajuda de duas sócias também mães – a violinista Roberta Marcinkowski, 37, e a advogada Kátia Raele, 35 –, Daniela diz que o novo negócio lhe trouxe mais flexibilidade e autonomia sobre seu tempo. “Isso não tem preço nessa fase da vida, com crianças pequenas.” Uma das principais referências, hoje, de compras on-line para mães modernas, o Cia. das Mães não tem escritório físico. As reuniões são feitas por Skype e a maioria das comunicações circula por e-mail. Segundo Daniela, ela e suas sócias trabalham muito mais do que nos empregos anteriores. Em compensação, o site já dobrou de faturamento em seu primeiro ano. E vem ganhando filhotes, como os blogs sobre maternidade, trabalho, programação cultural com crianças e serviços de compras e trocas coletivas. “Estou amadurecendo profissionalmente enquanto posso acompanhar o crescimento das minhas filhas”, resume Daniela.

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FAMÍLIA

MÓVEIS LÚDICOS

A arquiteta Roberta Cosulich nina o filho, Vittorio, enquanto comanda a Cosumann, empresa que criou há três anos

Quando estava grávida de Vittorio, a arquiteta Roberta Cosulich procurava um berço que tivesse um design ao mesmo tempo simples e moderno. Então professora do Istituto Europeo di Design, Roberta tropeçou em muitos com estilo palaciano, cheios de rococó, antes de encontrar o modelo de seu agrado, assinado por Fernando Jaeger. Num papo informal, o designer de móveis revelou a Roberta que pensava em parar de produzir a linha infantil de sua loja. O estalo veio na hora: “Taí um nicho a ser ocupado!”. Com sua experiência de sete anos trabalhando com os irmãos Campana, Roberta passou sua licença-maternidade elaborando o projeto de uma loja especializada em móveis com design para crianças. Na volta ao trabalho, pediu demissão, arrumou um sócio, investiu R$ 13 mil e abriu a Cosumann. Não demorou para a loja começar a fazer sucesso graças a mesas, cadeiras, poltronas, bancos e berços que vão muito além do branco, do azul e do rosa. Com o sucesso da Cosumann – e por ter decidido abrir mão de uma babá para Vittorio, hoje com 3 anos –, Roberta mantém, atualmente, uma agenda bem detalhada. Enquanto às terças e quintas o pequeno fica em tempo integral na escola, as manhãs de segunda, quarta e sexta são sagradas para Roberta e Vittorio irem ao clube, passearem de bicicleta ou até mesmo velejarem, quando o tempo permite. Nesses dias, o trabalho é deslocado para outros horários, o que significa ficar na internet até altas horas da noite. “Há dois anos não sei o que é ter tempo para descansar”, Roberta confessa. “Em compensação, as coisas estão funcionando, meu marido ajuda bastante, e o que mais gosto é ver esses resultados no meu filho.”

SER MÃE EMPREENDEDORA É NÃO PADECER NO NEGÓCIO

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Tornar-se dona do próprio nariz é tarefa das mais difíceis para uma mãe. A começar pela constatação de que ela vai ter de trabalhar bem mais do que as convencionais oito horas diárias. Segundo estimativas, existem hoje no Brasil cerca de 5 milhões de mompreneurs, termo recentemente cunhado nos Estados Unidos para se referir às mães que trocaram a carreira numa empresa pelo seu próprio negócio para poder ficar mais perto dos filhos. A mudança, no entanto, exige certos cuidados. “Se a atividade da mompreneur for de home office,

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deixe de lado o roupão e o chinelo”, sugere o consultor do Sebrae de São Paulo Reinaldo Messias. “Cartão de visita, atendimento telefônico e ausência de ruídos caseiros, incluindo o choro de crianças, são fundamentais para denotar um clima empresarial.” Outra dica é formalizar o negócio, checando junto à prefeitura as atividades possíveis e os encargos para abrir uma empresa. Nessas horas, um contador ajuda. Cada atividade requer um tipo de investimento, que pode variar de algumas centenas a milhares de reais.

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FAMÍLIA FA F AM MÍÍL LIIA

MÓVEIS LÚDICOS

A arquiteta Roberta Cosulich nina o filho, Vittorio, enquanto comanda a Cosumann, empresa que criou há três anos

Quando estava grávida de Vittorio, a arquiteta Roberta Cosulich procurava um berço que tivesse um design ao mesmo tempo simples e moderno. Então professora do Istituto Europeo di Design, Roberta tropeçou em muitos com estilo palaciano, cheios de rococó, antes de encontrar o modelo de seu agrado, assinado por Fernando Jaeger. Num papo informal, o designer de móveis revelou a Roberta que pensava em parar de produzir a linha infantil de sua loja. O estalo veio na hora: “Taí um nicho a ser ocupado!”. Com sua experiência de sete anos trabalhando com os irmãos Campana, Roberta passou sua licença-maternidade elaborando o projeto de uma loja especializada em móveis com design para crianças. Na volta ao trabalho, pediu demissão, arrumou um sócio, investiu R$ 13 mil e abriu a Cosumann. Não demorou para a loja começar a fazer sucesso graças a mesas, cadeiras, poltronas, bancos e berços que vão muito além do branco, do azul e do rosa. Com o sucesso da Cosumann – e por ter decidido abrir mão de uma babá para Vittorio, hoje com 3 anos –, Roberta mantém, atualmente, uma agenda bem detalhada. Enquanto às terças e quintas o pequeno fica em tempo integral na escola, as manhãs de segunda, quarta e sexta são sagradas para Roberta e Vittorio irem ao clube, passearem de bicicleta ou até mesmo velejarem, quando o tempo permite. Nesses dias, o trabalho é deslocado para outros horários, o que significa ficar na internet até altas horas da noite. “Há dois anos não sei o que é ter tempo para descansar”, Roberta confessa. “Em compensação, as coisas estão funcionando, meu marido ajuda bastante, e o que mais gosto é ver esses resultados no meu filho.”

SER MÃE EMPREENDEDORA É NÃO PADECER NO NEGÓCIO

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Tornar-se dona do próprio nariz é tarefa das mais difíceis para uma mãe. A começar pela constatação de que ela vai ter de trabalhar bem mais do que as convencionais oito horas diárias. Segundo estimativas, existem hoje no Brasil cerca de 5 milhões de mompreneurs, termo recentemente cunhado nos Estados Unidos para se referir às mães que trocaram a carreira numa empresa pelo seu próprio negócio para poder ficar mais perto dos filhos. A mudança, no entanto, exige certos cuidados. “Se a atividade da mompreneur for de home office,

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deixe de lado o roupão e o chinelo”, sugere o consultor do Sebrae de São Paulo Reinaldo Messias. “Cartão de visita, atendimento telefônico e ausência de ruídos caseiros, incluindo o choro de crianças, são fundamentais para denotar um clima empresarial.” Outra dica é formalizar o negócio, checando junto à prefeitura as atividades possíveis e os encargos para abrir uma empresa. Nessas horas, um contador ajuda. Cada atividade requer um tipo de investimento, que pode variar de algumas centenas a milhares de reais.

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João, à esquerda, e Joaquim sempre almoçam no Dona Onça, restaurante criado pela mãe, Janaína Rueda (na foto com o marido, Jefferson)

COMER, BRINCAR, VIVER A brincadeira predileta de João, 5 anos, é fazer massa de macarrão. Massa de verdade. Nos dias de semana, sempre que pode, ele ajuda os masseiros do Dona Onça, o premiado restaurante localizado no térreo do edifício Copan, no centro de São Paulo. Seu irmão menor, Joaquim, 1 ano e 8 meses, ainda não tem a mesma desenvoltura na cozinha, mas adora perambular entre as mesas do salão. Sempre vigiado pela mãe, claro, a chef e proprietária do Dona Onça, Janaína Rueda, 36 anos. Janaína era uma bem-sucedida profissional do marketing da multinacional francesa Pernod Ricard quando largou tudo para entrar no mesmo ramo do marido, o também chef de cozinha Jefferson Rueda. Encontrou um sócio, colocou R$ 120 mil do próprio bolso e abriu o Dona Onça em 2008 apostando num cardápio recheado de referências à comida brasileira, com sabores que vão das influências italianas

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do bairro da Mooca, onde ela nasceu, às receitas tropeiras de São José do Rio Pardo, terra do marido. “Queria ficar mais perto de Jefferson, que trabalha nos fins de semana, e de João, que na época tinha 2 anos”, conta. Quando Joaquim nasceu, em 2009, a rotina ficou mais puxada, e Janaína decidiu então se mudar para o Copan, o que fez toda a diferença. Hoje, o almoço dos filhos, por exemplo, é dado no próprio restaurante, às 11 da manhã, quando Janaína já está atarefada na cozinha. À tarde, ela sempre dá uma subida para brincar com eles, dar o banho ou então para levá-los a um passeio pelo centro. Depois, é só pegar o elevador e voltar para os fogões, que ficam acesos todos os dias da semana. “Nasci para ser mãe, mas não conseguiria deixar de trabalhar”, ela conta. “Talvez não fosse a mãe que sou se tivesse parado de vez: agora tudo é muito mais intenso.”

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João, à esquerda, e Joaquim sempre almoçam no Dona Onça, restaurante criado pela mãe, Janaína Rueda (na foto com o marido, Jefferson)

COMER, BRINCAR, VIVER A brincadeira predileta de João, 5 anos, é fazer massa de macarrão. Massa de verdade. Nos dias de semana, sempre que pode, ele ajuda os masseiros do Dona Onça, o premiado restaurante localizado no térreo do edifício Copan, no centro de São Paulo. Seu irmão menor, Joaquim, 1 ano e 8 meses, ainda não tem a mesma desenvoltura na cozinha, mas adora perambular entre as mesas do salão. Sempre vigiado pela mãe, claro, a chef e proprietária do Dona Onça, Janaína Rueda, 36 anos. Janaína era uma bem-sucedida profissional do marketing da multinacional francesa Pernod Ricard quando largou tudo para entrar no mesmo ramo do marido, o também chef de cozinha Jefferson Rueda. Encontrou um sócio, colocou R$ 120 mil do próprio bolso e abriu o Dona Onça em 2008 apostando num cardápio recheado de referências à comida brasileira, com sabores que vão das influências italianas

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do bairro da Mooca, onde ela nasceu, às receitas tropeiras de São José do Rio Pardo, terra do marido. “Queria ficar mais perto de Jefferson, que trabalha nos fins de semana, e de João, que na época tinha 2 anos”, conta. Quando Joaquim nasceu, em 2009, a rotina ficou mais puxada, e Janaína decidiu então se mudar para o Copan, o que fez toda a diferença. Hoje, o almoço dos filhos, por exemplo, é dado no próprio restaurante, às 11 da manhã, quando Janaína já está atarefada na cozinha. À tarde, ela sempre dá uma subida para brincar com eles, dar o banho ou então para levá-los a um passeio pelo centro. Depois, é só pegar o elevador e voltar para os fogões, que ficam acesos todos os dias da semana. “Nasci para ser mãe, mas não conseguiria deixar de trabalhar”, ela conta. “Talvez não fosse a mãe que sou se tivesse parado de vez: agora tudo é muito mais intenso.”

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MODA

Jaqueta R$ 152,90, short (conjunto com blusa) R$ 139,90 e sapatilha R$ 134,90

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“QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU? ” TEXTURAS MACIAS, CORES DELICADAS E VARIAÇÕES DE XADREZ GARANTEM OS MOMENTOS DE FARRA NA CASA DA VOVÓ. ENTRE E FIQUE À VONTADE

FOTOS COLETIVO CORRENTEZA STYLING LETÍCIA TONIAZZO

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MODA

Macaquinho R$ 139,90, sandรกlia R$ 119,90, vestido R$ 152,90 e sapatilha R$ 134,90

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Camisa R$ 99,90, calรงa R$ 119,90 e sapato R$ 139,90

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MODA

Camisa (conjunto com bermuda) R$ 169,90, bermuda (conjunto com camisa polo) R$ 159,90, macacĂŁo R$ 134,90 e sandĂĄlia R$ 94,90

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Vestido R$ 199,90 e sapatilha R$ 134,90

HAIR & MAKE UP: RAFAELA FIGUEIREDO (CAPA MGT) MODELOS: LUCIOLA (STYLLUS), ARTHUR ALMEIDA, ISABELLE NAKANO (AGÊNCIA VOGUE) E LARA ROMERA (TYPOS) AGRADECIMENTOS: ACTC ( WWW.ACTC.ORG.BR), ALDEIA DO FUTURO (WWW.ALDEIADOFUTURO.ORG.BR), BRIGADEIRO DOCERIA E CAFÉ (WWW.BRIGADEIRODOCERIA.COM.BR) E ZIZI MARIA (WWW.ZIZIMARIA.COM.BR)

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Vestido R$ 199,90, meia-calça R$ 42,90 e sapatilha R$ 134,90

HAIR & MAKE UP: RAFAELA FIGUEIREDO (CAPA MGT) MODELOS: LUCIOLA (STYLLUS), ARTHUR ALMEIDA, ISABELLE NAKANO (AGÊNCIA VOGUE) E LARA ROMERA (TYPOS) AGRADECIMENTOS: ACTC ( WWW.ACTC.ORG.BR), ALDEIA DO FUTURO (WWW.ALDEIADOFUTURO.ORG.BR), BRIGADEIRO DOCERIA E CAFÉ (WWW.BRIGADEIRODOCERIA.COM.BR) E ZIZI MARIA (WWW.ZIZIMARIA.COM.BR)

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OLHO OL LHO HO HOM O MMÁ ÁGIC ÁG GICO IC CO | P POR OR O RM MARCELL ARCE AR CELL CE LLO O ARAÚJO*

O velho e o novo

NO MOM MOMENTO EM QUE A VIAGEM DA LEITURA SE INICIA, O LIVRO ANTIGO DA CASA PODE SER TAMBÉM UMA GRANDE NOVIDADE MAIS ANT

“S

ou a humana nova da família!”, fam disse a Laura, ler. “Com-seu-colar-de-coral,-Carolina-corre-porminha caçula, pouco ante antes de pedir que eu pas- entre-as-colunas-da-colina.” O dedo seguindo as sasse mais tempo com ela. ela Naquela semana eu palavras e os versos. Continuou a leitura juntando tinha saído quase todos os dias, do trabalho ou de casa, as páginas de texto com as de imagem, pois, com o para ir cuidar da minha mãe, que estava internada no tempo, o miolo do livro se soltou da capa, e casar hospital. Seguindo a classificação da Laura, sua avó seria as páginas dos poemas com as das gravuras já fazia a humana velha. Achei engraçada a escolha das palavras. parte da leitura. Esse livro com folhas coloridas e desenhos em Só mais tarde, ao recontar a história para a Andréa, mãe da Laura, compreendemos que, ao incluir o “humana”, preto e branco guarda outras histórias além daquelas Laura queria se diferenciar do morador mais jovem da impressas em letras e gravuras. Ali, além do “Colar casa, nosso cachorro, o Juba! Humanos, cachorros, ALI, ESTÁ IMPRESSO NUMA TINTA INVISÍVEL todos fazem parte da mesma família. O DIA EM QUE A TIA ZECA ME ENTREGOU Foi mais ou menos nessa época que a humana nova se tornou também a “leitora nova” da O LIVRO E COM UM SORRISO PEDIU PARA família. Sua alfabetização, que havia começado QUE EU CUIDASSE BEM DELE no ano anterior, completava a etapa de ler-umlivro-inteiro-sozinha na noite em que leu 23 poemas de de Carolina” ou de “A Lua É do Raul”, está impresJosé Paulo Paes, um para cada letra do alfabeto, ainda so numa tinta invisível o dia em que a tia Zeca me sem o k, o y e o w. Toda feliz, ela ganhou um abraço entregou o livro e com um sorriso pediu para que eu cuidasse bem dele. apertado dos pais corujas. Agora foi minha vez de sorrir ao ouvir a LauriNa manhã seguinte, Laura foi até a estante, à procura da próxima leitura. Chegou na sala com uma surpresa. nha ler outros poemas até chegar ao “Último AnEla tinha escolhido o meu preferido. Ou Isto ou Aquilo, dar”, onde “todo o céu fica a noite inteira sobre o livro de poemas que Cecilia Meireles escreveu, Maria último andar. Lá que eu quero morar”. Dias depois, Bonomi ilustrou, Fernando Lemos paginou e a Giroflé ouvimos no toca-CDs do carro os mesmos poemas, editou em 1964. “O que você quer que eu leia?”, Laura num audiolivro gravado pelo ator Paulo Autran. me perguntou. Inseparáveis, eu e meu livro, andamos Ouvindo juntos, descobrimos uma poesia que não juntos desde mil novecentos e bolinha, quando o ganhei estava na edição do livro que temos em casa: “O da Zeca, uma das irmãs de meu pai, a tia que tinha Vestido de Laura”. Ao ouvir seu nome, Laurinha sorriu. Por tudo isso, acho que o livro mais velho sempre livros, lápis de cor e papel em casa. Sem esperar pela minha resposta, Laura encon- da casa pode ser o mais novo também. trou o nome da irmã num dos poemas e começou a

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*Pai de Laura, 7 anos, e Carolina, 18, o ilustrador Marcello Araújo é autor das coleções “O Saco” e “1, 2, 3 e já!”, da editora Nova Fronteira.

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O PAI DOMÉSTICO | POR JUVA BATELLA*

Palavras cruzadas

O PORTUGUÊS DE PORTUGAL TRAZIDO AO BRASIL PELAS CRIANÇAS MOSTRA COMO AS DIFERENÇAS SERVEM PARA APROXIMAR AS PESSOAS im, das coisas mais divertidas quando saio um bocadinho aqui da minha vida lisboeta e dou um pulo no Rio de Janeiro é entrar num táxi com a Alice e a Clara, as minhas duas miúdas, de 9 e 4 anos, e deixá-las falar; é entrar num elevador cheio e deixá-las falar; numa fila longa e deixá-las falar. A Alice, que veio para Portugal com 2 anos, já é uma portuguesinha, e a Clara, que nasceu cá, mais ainda. A entonação e o vocabulário portugueses só não ficam encantadores quando temos à frente um português careca, bigodudo e barrigudo, com o conhecido e insubstituível lápis-atrás-da-orelha, a cheirar a peixe, jornal, carne de porco e bacalhau e a dizer “pá!” a cada três frases, “pois” para cada pergunta e “se calhar” a cada minuto. Quando temos duas menininhas tãolindas-que-chega-até-a-dar-nervoso-de-tão-lindas,

Entramos num elevador cheio de gente séria e muda. A Clarinha, olhando para cima, perguntame: “Papá, estou a portar-me bem? Vou ganhar um rebuçado hoje, como prometeste?”. E todos no elevador se mexem e sorriem. E eu, para puxar mais falas: “Disseste o que, filha? Não percebi”. E a Alice para mim: “Não percebeste?”, e em seguida para a irmã, sob o total silêncio sorridente do grupo à volta: “Deixa estar, mana. O papá hoje está mesmo despistado! Estás a portar-te muito bem, e vais ganhar o teu rebuçado, sim. O papá não falta com a palavra”. Muitos sorriem, e alguns pedem mais. “Papá, esta bicha não anda!”, diz-me a Alice, passados 5 minutos na fila da pipoca para o cinema. Os pais e as crianças à frente viram-se e nos deitam olhos curiosos. A Clarinha aproveita: “Papá, os miúdos aqui no Brasil não têm rabinho, pois não?”. DIANTE DAQUELE “CONVOSCO” DITO POR UMA As crianças atrás de nós viram-se, riem e MIÚDA DE 9 ANOS, OS ADULTOS AO NOSSO apontam. “Não, filha. Eles têm bundinha, ou bumbum.” “Pois eu prefiro ter rabinho do REDOR PUXAM CONVERSA, SEMPRE SORRINDO, que bundinha”, diz ela, muito séria. Risadas E PEDEM MAIS. E NÓS? NÓS DAMOS MAIS por todo lado, e a Clarinha, que não gosta a vontade é de ouvir quieto, sorrir e pedir mais. (Essa que riam dela, revida: “Tem piada…”. “O que é que apreciação estética acerca das minhas filhas é isenta, tem piada, filha?” “Como os miúdos aqui no Brasil posso garantir-vos.) falam papá e mamã.” “Como é que falam?”, pergunto As meninas e eu entramos no táxi. Sem querer às duas. E elas dizem, com uma entonação brasileibati com a porta no braço da Alice, e ela: “Ó, papá, ra, alto o suficiente para serem ouvidas e olhando magoaste-me!”. Eu disse: “Hã?”, e ela: “Com a porta. para as crianças à volta com ares desafiantes: “Paiê! Magoaste-me com a porta do carro!”. A Clarinha, para Manhê!”, e desatam a rir. Mais risadas por todo lado. ela: “A culpa é tua! Foste parva!”. “Não se dizem nomes E a Alice, para todos, num ímpeto de desinibição: às pessoas”, rebate a Alice. “É feio!” “Portem-se bem!”, “O que é que se passa convosco?”. Diante daquele digo às duas. O motorista, diante daquela discussão, “convosco” dito por uma miúda de 9 anos, os adultos arqueia as sobrancelhas, tem vontade de rir, mas ouve ao nosso redor puxam conversa, sempre sorrindo, e quieto, e depois apenas sorri. E pede mais. pedem mais. E nós? Nós damos mais.

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*Doutor em literatura brasileira, o carioca Juva Batella é autor de, entre outros livros, Confissões de um Pai Doméstico (Planeta, 2003). Pai de Alice, 9 anos, e Clara, 4, mora atualmente em Lisboa.

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OS SM MEUS, OS SEUS E OS NOSSOS | POR HÉLIO SCHWARTSMAN*

Uma boa conversa TEMAS CONTROVERSOS PODEM SERVIR DE PRETEXTO PARA PAIS E FILHOS COLOCAREM EM DIA ALGUNS ASSUNTOS DELICADOS

PROIBIDO PARA MENORES

EXCLUÍDOS DO CLUBE

Os amigos do meu filho de 8 anos adoram um game de atiradores com armamento pesado. Como achei a temática violenta, não comprei o jogo, que, inclusive, é proibido para menores de 16 anos, mas meu filho vai jogar na casa dos colegas. O que fazer? Mateus, produtor

Meu filho de 5 anos, junto com outros coleguinhas de classe, formou um “clube dos meninos”. O problema desse grupo é que, além de excluir as meninas, também exclui outras crianças, em especial um garoto que tem problema de fala. Esse grupinho seria um estágio embrionário de bullying? Suzana, veterinária

Não há consenso sobre o efeito de jogos violentos sobre crianças. Há desde pesquisadores que recomendam proibir esses jogos em todo o território nacional até quem ache que eles funcionam como uma válvula de escape. Dentre estes, alguns dizem que é preciso apenas evitar a perversão de valores (jogos nos quais o objetivo é matar policiais ou pessoas indefesas). De minha parte, tendo a apostar na resiliência das crianças. Se um quinto dos mandamentos da psicopedagogia moderna tivesse um terço dos efeitos que lhe atribuem, a espécie humana não estaria aqui.

MENTIRA INDUZIDA Quando estou em casa e não quero falar ao telefone, principalmente sobre trabalho, peço para meu filho de 7 anos dizer que não estou. Assim consigo preservar nossa privacidade, mas ao mesmo tempo faço meu filho mentir. Estou certa? Mariana, designer Certa, certa não está porque está usando seu filho para determinado fim de seu interesse. Pior, o faz mentir. Esses dois aspectos são condenados pela maioria dos sistemas éticos conhecidos. Mas, convenhamos, quando se considera a situação, não passa de um pecadilho. Mas, se isso a incomoda, talvez valha a pena explicar no trabalho que você não quer ser incomodada fora do expediente. Se a comunicação fosse imprescindível, já a teriam obrigado a carregar um celular.

Aos 5 anos, excluir o sexo oposto é normal e esperado. O caso do menino com problema de fala é mais complicado. Todos os ingredientes do bullying estão reunidos. Você dificilmente vai conseguir fazer seu filho ficar amigo da criança excluída, mas talvez consiga convencêlo a não ser agressivo nem pegar no pé dele. Nessa idade, muitas meninas e alguns meninos já são sensíveis ao argumento do “você não gostaria se fosse com você”. No mais, é manter a vigilância. O bullying é, por vezes, um problema real que exige medidas drásticas. Mas, de acordo com Helene Guldberg, da Open University de Londres, há uma histeria em torno do tema. Segundo ela, sofrer alguma pressão e levar uns empurrões em playgrounds de vez em quando faz parte do processo de crescimento e pode ser bom para a criança.

*Bacharel em filosofia, Hélio Schwartsman é articulista da Folha de S.Paulo e pai dos gêmeos Ian e David, 9 anos.

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FRASE DA INFÂNCIA

“Não esquece a força no pé de trás!” Teco Padaratz

POR MELISSA CROCETTI

Foto: arquivo pessoal

Único brasileiro bicampeão mundial de surf, Teco Padaratz, hoje com 40 anos, tinha 10 quando subiu pela primeira vez numa prancha, em Balneário Camboriú (SC). Um dia, quando ele e seus irmãos, Charles e Neco (42 e 35 anos, respectivamente), seguiam juntos o caminho de casa até o mar, Teco soltou uma frase que terminou virando bordão entre os irmãos: “Não esquece a força no pé de trás!”. Na linguagem do surf, ele queria dizer que o pé de trás é o que dá o equilíbrio necessário para o bico da prancha não afundar na água e o surfista poder completar a manobra. “A frase pegou tanto que quando a gente ia fazer qualquer outra tarefa em casa um olhava para o outro e dizia: ‘Não esquece a força no pé de trás!’, ou seja, ‘Se concentra!’”, lembra. Hoje vocalista da banda Verdade Sempre, Teco aposentou-se das competições, mas continua desfilando o mesmo estilo sobre a prancha que fez fama nos anos 90. E o código entre irmãos também permanece na ativa. “Agora, a gente diz isso um para o outro carinhosamente, principalmente quando o recado é: ‘Se liga!’”, completa.

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O catarinense Teco Padaratz posa com seu companheiro favorito aos 2 anos de idade, quando ainda não havia descoberto o surf

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