Jornal Lince 2016/2

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LINCE JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA Nº 67 | 2o semestre de 2016

Ações para melhorar mobilidade urbana precisam ser repensadas Com aproximadamente 2,3 milhões de habitantes e uma frota de 1,7 milhão de carros, segundo dados do IBGE, a mobilidade urbana em Belo Horizonte tem sido tratada como um dos assuntos que mais preocupam os moradores da capital mineira. Para

grande parte da população, o MOVE não resolveu a questão do transporte público na cidade apesar de ter desafogado alguns corredores de tráfego. Já para especialistas em transporte, as mellhores soluções são as alternativas menos poluentes e mais demo-

cráticas como as bicicletas. Em entrevista exclusiva ao Jornal Lince, o Secretário Muncipal da área de transporte da BHTrans, Pier Senesi, diz que o Plano Municipal de Mobilidade Urbana para BH é prioridade. PÁGINAS 10 a 12 Fernanda Quéren

Lúpus: uma doença silenciosa Pouco conhecida, a doença autoimune afeta 65 mil pessoas no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia. O Lúpus não tem cura, mas se o tratamento for bem feito, melhora a qualidade de vida do paciente. PÁGINA 16

Reforma do Ensino Médio divide opiniões Ainda não há concenso se a Reforma do Ensino Médio, proposta pelo governo Temer, será eficaz para a melhoria da educação no Brasil. A maior crítica dos especialista é que as mudanças sugeridas não foram discutidas com alunos, pais e educadores. PÁGINA 7

CORPO HUMANO EM EVIDÊNCIA: O Parque Municipal , no Centro de BH, recebe a exposição Transversal. O projeto amplia a experiência da imagem poética do corpo em suas mais variadas formas. PÁGINA 3 Brenderick Caetano

Com pontos positivos e negativos, lei será discutida em 2017

Aúrea Carolina conversa com Jornal Lince Vereadora, eleita pelo PSOL, recebeu 17.420 votos e se tornou a mulher mais bem votada ao Legislativo de Belo Horizonte. Em entrevista exclusiva, ela revela quais são suas principais motivações e ainda fala um pouco sobre sua trajetória como ativista. PÁGINA 14


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EDITORIAL Prezados leitores e internautas, É com muito orgulho que apresentamos a reformulação metodológica, editorial e gráfica do jornal-laboratório LINCE, do curso de Jornalismo, do Centro Universitário Newton. Já se foram 67 edições ao longo de mais de uma década, mas essa é a nossa primeira edição online. Ao longo de todo o processo, os alunos do 1º e 2º períodos tiveram a oportunidade de vivenciar o ensino da prática do jornalismo impresso e de web, no qual o grupo de discentes atuou de maneira cooperativa, a partir da qual foi possível discutir e refletir sobre o fazer jornalístico e exercitar novas técnicas que vão além dos modelos tão propagados das grandes redações de jornal. O resultado dessa reformulação foi um jornal-laboratório diferente. E olha que não foi fácil! O período que compreendeu a feitura do Jornal LINCE foi um momento de grandes eventos nacionais e mundiais, dentre eles, podemos destacar a eleição americana, com a surpreendente vitória de Donald Trump, as eleições municipais no Brasil, além do trágico episódio

envolvendo a queda do avião da Chapecoense. Os alunos que participaram da redação dessa edição não se esqueceram também das mazelas enfrentadas pela porção mais frágil da população brasileira, aquela que vive nas ruas, aquela que trabalha diariamente e que, sem opção, enfrenta dificuldades para sobreviver em um país que ainda segrega de maneira brutal os mais ricos dos mais pobres. É o que retrata, por exemplo, o ensaio fotográfico “Terra sem Dono”. Em um outro retrato atual, o LINCE ,em sua matéria principal, revela as dificuldades que o belohorizontino enfrenta em um transito cada vez mais caótico. Tudo feito a partir de narrativas, costuradas por fotos e reportagens sensíveis, todas elaboradas por nossos alunos Tentamos trabalhar todas essas temáticas a partir de muita garra, informação e vontade de acertar. Esperamos ter acertado. Boa leitura e até a próxima edição do Lince! IZAMARA ARCANJO Profa. da Disciplina Técnicas de Reportagem e Entrevista em Jornalismo de Impresso e Web

EXPEDIENTE JORNAL LINCE

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva

npa.newtonpaiva.br/jornallince Reitor: João Paulo Beldi Diretor acadêmico: Celso Braga Coordenadores: Maria do Carmo Resende Teixeira Guerra e Pedro Baggio Edição: Profª Izamara Arcanjo Repórteres Especiais: Ana Carolina Abreu e Pedro de Paula |Alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva

Reportagens: Ana Karolina Cipriano, André Gomes, Brenderick Caetano, Camila Dutra, Cristina Azevedo, Fernanda Quéren, Gabriela Santana, Gabriel Florentino, Jefferson Santos, Josiele Jaques, Letícia Horsth, Matheus Morais, Raphaela Pinheiro, Tamiris Barbosa e Thiago Coutinho | Alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva APOIO Núcleo de Publicações Acadêmicas - NPA Editora de Arte e Projeto Gráfico | Helô Costa Diagramação | Pedro de Paula e Shirley Melo Estagiários do curso de Jornalismo


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ENSAIO FOTOGRÁFICO

UMA TERRA SEM SONHO

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Pobreza e desigualdade de oportunidades se aprofundam na sociedade brasileira. A situação pode ser considerada consequência de um conjunto de fatores que relaciona os altos índices de desemprego, rebaixamento salarial, uso de drogas e violência. Ensaio completo na edição digital npa.newtonpaiva.br/jornallince FOTOS JOSIELE JAQUES E GABRIELA SANTANA 1º período de Jornalismo

CULTURA

EXPOSIÇÃO TRANSVERSAL ANA KAROLINA CIPRIANO E FERNANDA QUERÉN 2º período de Jornalismo

A exposição Transversal esteve no Parque Municipal, na capital mineira, durante os meses de outubro e novembro. São várias imagens do espaço urbano, que mostram o corpo e o homem na cidade de maneira poética. A exposição conta com fotos de quatro artistas de distintos países.

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OPINIÃO

Da glória ao luto Vocês deixaram a vida para entrar para história PEDRO HENRIQUE DE PAULA 3º período de Jornalismo

Associação Chapecoense de Futebol, como você nos ensinou nessa terça-feira. Ensinou que no esporte não há rivalidade que fique acima da solidariedade, ensinou que a vida é perecível e que devemos ser intensos em tudo o que fizermos. Nos ensinou que gestão organizada leva o clube ao topo. Você que saiu da série D, rumo à elite do futebol, não se cansou de elevar o seu nível e agora vocês chegaram aos céus. A tristeza foi gigante, do tamanho que você merece, oh ! Minha Chape! Seu hino afirma que você é querida em toda Santa Catarina, um mero engano, já era querida em todo Brasil e agora é querida em todo o mundo. Vocês sonharam com a América e acordaram heróis de todos os continentes, de uma geração. Quantos Danilos serão batizados Brasil afora, ou vocês acham que a defesa improvável no último minuto será esquecida? Já era histórica, agora ela é eterna. Os amantes do futebol se entristeceram de uma maneira que não há palavras para expressar, por mais que eu ouse em tentar escrever, para lhe homenagear, oh! Minha Chape! Não consigo transportar tudo o que você significa para nós, amantes do futebol. Ainda que fosse Roberto Drummond, Cecília Meireles, Carlos Drumond de Andrade, Shakespeare ou Camões, jamais teríamos palavras para demonstrar o que você significa, oh! Minha Chape! Os heróis eternizados na história receberam homenagens de todos os lados, as redes sociais, o terreno em que mais estamos presentes na última década, se consternaram com o ocorrido, seu escudo está espalhado e o seu esplendor se expande cada vez mais, oh! Minha Chape! Por mais clichê que essa frase possa ser, como fugir dela nesse momento, o futebol, definitivamente, não é só um jogo. Quem não concorda, como explicar o silêncio absoluto no Anfield, em Liverpool, ao soar o apito que marcava a homenagem, nem mesmo o vento ousou soprar, nem mesmo os pássaros ousaram voar por lá, nem mesmo a criança mais inocente ousou chorar. O silêncio absoluto do Anfield é tudo o que podemos dizer sobre você, oh! minha Chape! Vocês deixaram a vida para entrar para história. Da glória ao luto. Para sempre em nossos corações, Oh! Nossa Chape!


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OPINIÃO

Foto Ana Carolina Abreu

Leitor brasileiro não abandona o livro de papel Os avanços tecnológicos trazem vantagens para fanáticos por literatura, mas muita gente não fica longe de um bom livro de papel nas mãos ANA CAROLINA ABREU 4º período de Jornalismo

Muitos títulos estão de graça na internet. O avanço tecnológico desencadeou uma mudança em muitos segmentos da sociedade e o mercado literário não ficou de fora. Com o surgimento dos e-books e dos aparelhos que facilitam a leitura, houve grande especulação do fim do mercado de livros impressos, mas, nos últimos anos, notamos que a venda digital não deslanchou, apesar do preço

mais acessível. Grande parte dos leitores brasileiros preferem estar em contato com o livro físico, afirmando que a leitura digital é desagradável pela constante exposição à luz dos aparelhos. Em contato com um funcionário de uma livraria da região central de Belo Horizonte, ele conta que a venda de livros na loja já caiu cerca de 25%. Mas, o vendedor não associa essa queda à diminuição da venda de livros no geral,. Ele acredita que a queda se deve ao fato de que os consumidores

estão optando por fazerem as compras nas famosas lojas virtuais, que estão em destaque. Ele afirma que concorrer com as lojas online é difícil, já que elas podem oferecer um preço muito abaixo do encontrado nas lojas físicas. Em conversa com leitores, é possível concluir que a preferência deles ainda é ter o livro na estante. Para a maioria deles, o que inibe o consumo literário, assim como o de qualquer outro produto cultural, são os preços, que tornam o acesso aos livros mais difícil

para parte da população. A tecnologia deveria ,então, ser utilizada como uma ferramenta para facilitar o acesso à leitura da parcela da sociedade, que não possui o hábito de ler. Hoje, temos disponível, até mesmo de graça, na internet, uma vasta quantidade de obras. Ao mesmo tempo em que há a facilidade de se acessar esse conteúdo, temos também a dificuldade em fazer com que a tecnologia alcance a todos, o que mantém o Brasil distante de construir uma sociedade que possua o hábito de ler.


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OPINIÃO

A Guerra patriótica de Donetski THIAGO COUTINHO 2º período de Jornalismo

Pavel Gubarev, um herói do povo da República Popular de Donetski, assim como vários outros grandes nacionalistas, dentre eles, o escocês William Wallace, sangraram por sua causa. Gubarev, um dos líderes da insurgência contra o governo ucraniano, está preso, sob acusação de separatismo, mas, verdade seja dita, o governo de Kiev, não tem legitimidade sob a região. O povo de Donetski deseja a separação. A cidade tem pouco mais de 1,6 milhão de habitantes e fica localizada no sudeste da Ucrânia. Os representantes eleitos votaram por unanimidade pela separação, que, infelizmente, ainda não foi formalmente reconhecida pela ONU, ignorando o Princípio da Autodeterminação dos Povos, que diz que “todos os povos têm o direito de autodeterminação”. Em virtude desse direito, determinam livremente sua condição política e perseguem livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural “. De acordo com o princípio, o povo de Donetski, que é etnicamente russo, tem o russo como língua materna e deseja se alinhar com a Rússia, tem todo o direito de lutar por seus direitos, que foram violados por diversas vezes pelo Estado ucraniano. Kiev não representa Donetski ou o leste ucraniano. Como o decimo sexto presidente americano Abraham Lincoln disse uma vez, “Uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer de pé”. A Ucrânia está como a Iugoslávia, outro pais eslavo, que não foi capaz de manter sua soberania sob sua região e diferentes grupos étnicos unidos. Eles foram se libertando como na guerra da Bósnia, mas a liberdade não veio de graça. Foi necessário pegar em armas, o que, naturalmente, resulta em um infeliz derramamento de sangue e como em qualquer guerra que é, por definição, caótica, erros são cometidos e inocentes viram casualidades.

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Aluno Gabriel Souza do 2o período de Publicidade e Propaganda


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POLÍTICA

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Novo Ensino Médio provoca desconfiança

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Medida provisória, que tramita na Comissão Mista do Congresso, possui falhas, dizem profissionais da educação Fotos Brenderick Caetano

BRENDERICK CAETANO 1º período de Jornalismo

Desde sua publicação, no dia 22 de setembro de 2016, a Medida Provisória (MP) n° 746, que determina mudanças no atual Ensino Médio, tem gerado discussões entre os alunos e profissionais da área educacional. Encaminhada ao Poder Legislativo pelo Presidente da República, Michel Temer, o texto chamou a atenção de todo o país, e recebeu apoio e críticas de todos os lados. Com propostas como a contratação de profissionais com “notório saber” na área técnica e nova Base Nacional Comum Curricular, a MP provoca desconfiança e até revolta por parte de estudantes e professores. Sobre o texto da MP, o professor de ensino médio, Leonardo Henrique Marra, que é formado em Letras pela UFMG, afirma: “Essa reforma não trará grandes novidades, já que, primeiramente, não há estrutura nas escolas para receber os alunos de acordo com esta proposta”. Marra ainda destaca que os alunos não terão seus interesses atendidos, visto que muitos deles fazem cursos profissionalizantes, ‘cursinhos’ ou trabalham. “É problemático conciliar todas essas outras atividades com a proposta de tempo integral, avalia”. Marra também reflete sobre as grades escolares: “Pode dificultar a questão do manejo disciplinar nas escolas”. Já para a educadora

Na E.E Desembargador Rodrigues Campos, no Barreiro, alunos esperam pelas mudanças

Medida divide opinião de alunos

Escola em tempo integral preocupa alunos que trabalham

Raíssa Oliveira, também formada em Letras pela UFMG, o texto possui aspectos positivos e negativos que devem ser discutidos. Como pontos positivos, a educadora evidencia a possibilidade do aproveitamento de estudos pelos alunos do ensino médio no ensino s u p e r i o r. “ Ta m b é m h á o repasse de verbas da União ao Estado caso esse aproveitamento aconteça, diz”. Por outro lado, Oliveira expõe os pontos negativos em sua aná-

lise da MP, um deles é a possibilidade de atuação de profissionais sem formação. “Não fica claro como seriam selecionados e isso criaria uma competição desleal com quem dedicou uma graduação inteira ao estudo de teorias, de análises, de práticas e de aprofundamento no material de estudo. Esse artigo, ao invés de estimular o ingresso à licenciatura, que já é decadente, desvaloriza mais ainda a profissão,” conclui.

Com uma visão de estudante, a aluna do 1° ano do ensino Médio do CEFET-MG, em Belo Horizonte, Geovanna Vasconcelos considera que haveria melhorias e depreciações com a implementação do Novo Ensino Médio. “A parte da melhoria seria trazer um maior interesse aos estudantes na reta final do curso, já que ele focaria no que o atrai, além de promover um possível ensino técnico que ajudaria na inserção no mercado de trabalho”, diz Vasconcelos. Sobre a depreciação, a estudante afirma que a carga horária seria muito alta, o que impede o aluno de trabalhar. ” Em muitos casos, os alunos contribuem com a renda da família. É uma realidade no Brasil.”


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POLÍTICA

Guerra na Síria divide opinião de especialistas Estudiosos do tema divergem sobre possíveis soluções, enquanto a população padece em meio à violência, fome e falta de recursos THIAGO COUTINHO E BRENDERICK CAETANO 2º período de jornalismo

Considerada muitas vezes uma extensão da Primavera Árabe, a revolta síria teve início em 26 de janeiro de 2011 com uma série de protestos contra o governo de Bashar al-Assad. Os participantes exigiam maior liberdade e organizaram uma revolta armada com o objetivo de destituir o governo. Os Estados Unidos apoiam politicamente e militarmente os rebeldes da Coalizão Nacional Síria, enquanto a Rússia, o atual governo de Bashar al-Assad. Atualmente, existem cerca de 10 grupos relevantes envolvidos no conflito da Síria, que, na opinião de especialistas, parece não ter um desfecho provável. Há divergências dentro dos próprios grupos rebeldes, dentre eles, a frente do Jabhat Fateh al-Sham, grupo islâmico sunita e jihadista, o Estado Islâmico da Síria e do Iraque que já decretou um califado, mas que, nos períodos iniciais do conflito, lutavam junto com outros grupos rebeldes. De acordo com o professor Homero Nunes Pereira, historiador e jornalista, “a melhor opção para o ocidente seria a queda do governo, que, atualmente, é politicamente falido. Assad não tem credibilidade e está há muito desgastado”, avalia o pesquisador. Homero, que também é

professor do Centro Universitário Newton Paiva, lembra que após a Primavera Árabe, em países como o Egito, logo após a queda dos governos totalitários surgiram governos teocráticos. Segundo ele, não é possível excluir a possibilidade de uma institucionalização da sharia (lei islâmica), por parte dos rebeldes. “Eles se dizem muçulmanos moderados, mas quem garante que depois de uma possível vitória, eles subam ao poder e mostrem-se piores que o atual governo, ” avalia. Já o professor Vamberto William da Silva, formado em Geografia e especialista em Geopolítica, diz que não é tão simples estabelecer quem seria melhor para o ocidente. “Os revoltosos têm se mostrado extremamente violentos, uma oposição sangrenta. Seria apenas trocar um regime totalitário por outro, ” afirma. Já o professor Gefferson Ramos Rodrigues, doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), acredita que o melhor para o Ocidente seja uma coalizão em que esses dois grupos sejam atendidos e contemplados. “Independente do futuro governo, será necessária uma ajuda internacional de grande monta para a Síria, devido ao nível de arrasamento geográfico e econômico atual do país,” revela. Para Rodrigues, caso haja vitória dos rebeldes, muitos acordos internacionais podem ser rompidos.

Foto Brenderick Caetano

Homero Nunes, jornalista e historiador da Newton Foto Bianca Maiello

Gefferson Ramos dia que a melhor saída é a coalizão

“Democracia é algo distante, eu não vejo o Oriente vivendo uma democracia como a nossa. ” Prof. Vamberto William da Silva


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ECONOMIA

‘Food Trucks’ crescem pelo Brasil TAMIRIS BARBOSA 2º período de Jornalismo

Vendedores ambulantes não legalizados resistem à fiscalização Camelôs revelam o duro trabalho nas ruas de BH; muitos não tem outro meio de sobrevivência Foto Josiele Marques

As famosas vans e furgões que vendem comidas nas ruas existem há muitos anos, mas, ultimamente, o número de veículos adaptados para a venda de comidas tem crescido muito nas principais cidades do país. É uma forma mais econômica de abrir um negócio. Hoje esses carros ganharam um nome diferente, são chamados “food trucks”, o que traduzido do inglês para o português significa “caminhão de comidas”. Diante da crise financeira, os food trucks têm se tornado o meio de sobrevivência de quase 2% da população brasileira, conforme levantamento do Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). No Brasil, muitas pessoas viram a possibilidade de abrir um negócio num modelo diferente, sem a necessidade de adquirir ponto comercial e encargos tributários. É o que aconteceu com a dona Terezinha de Campos, 57 anos, moradora do Bairro São Benedito em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela trabalhava como doméstica, mas sua patroa precisou dispensá-la para cortar custos, contratando-a apenas como diarista duas vezes por semana.“Para completar a minha renda decidi pelo ‘food truck’, vendendo cachorro-quente e espetinhos. Estou ganhando mais do que quando era totalmente doméstica”, ressalta.

Exercer a atividade sem licença pode gerar multa e a apreensão de toda a mercadoria JOSIELE JAQUES E GABRIELA SANTANA 1º período de Jornalismo

É comum encontrar vendedores ambulantes pelas ruas de Belo Horizonte. De acordo com o Código de Posturas da capital (Lei 8.616/2003), exercer atividade sem licença em local público pode gerar ao infrator multa, além da apreensão de toda a mercadoria exposta. A prática não é proibida, só precisa ter licença e seguir as regras impostas pela lei. Mas, segundo os ambulantes, não é fácil conseguir a licença. Carlos Viana é vendedor ambulante há 8 anos e diz já ter sofrido com a fiscalização. “Os fiscais já recolheram minhas mercadorias várias vezes. A mercadoria é levada para a prefeitura e, caso eu quisesse recuperá-la, tinha que pagar quase o triplo do valor que foi investido”, reclama. Cleusa trabalha há 25 anos vendendo biscoitos nas

ruas da capital. Ela diz que optou por este trabalho para ter uma renda e sustentar a família. “Não é fácil, ainda tenho que enfrentar a fiscalização e o clima que as vezes não ajuda”. Cleusa acrescenta, “Gosto muito do que faço, embora tenha dificuldades, consigo uma renda ótima e não trocaria esse emprego por nada”, garante. A ambulante revela que foi graças ao trabalho como vendedora de biscoitos caseiros que conseguiu formar as duas filhas.“A minha filha vai tirar o diploma de Engenharia Civil este ano”, Cleusa revela com orgulho COMO CONSEGUIR A LICENÇA

Segundo a Gerente de Planejamento de Fiscalização da Prefeitura de Belo Horizonte, Imaculada Batista Queiroga, é possível conseguir o licenciamento para trabalhar nas ruas . “É um licenciamento restrito, somente para ambulantes que vendem cachorro quente, cal-

dos de cana e até mesmo pipoca,” revela. Imaculada ainda explica qual o processo que os interessados devem percorrer para conseguirem a licença. “Eles devem entrar com um pedido de legalização, o mesmo deverá ser aprovado pelo órgão sanitário do município, e, assim, depois de aprovado, eles passam a trabalhar normalmente dentro das normas”, afirma. Imaculada ainda ressalta quais são as punições que um ambulante pode sofrer caso se depare com a fiscalização e não tenha licença. “O vendedor ambulante não licenciado ou que tiver a licença vencida está sujeito à multa, apreensão de mercadorias e equipamentos encontrados em seu poder, diz”. A gerente de fiscalização ainda esclarece que os ambulantes não podem estacionar em vias públicas, impedir ou dificultar o trânsito, vender mercadorias que não pertençam ao ramo autorizado e transitar pelos passeios com cestos ou volumes grandes.


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ECONOMIA

Sinal vermelho para a mobilidade na capital Estudos apontam que a locomoção inteligente pode reduzir o caos vivido nos grandes corredores da cidade Fotos Letícia Horsth

LETÍCIA HORSTH E CAMILA DUTRA 1º e 2º períodos de Jornalismo

Belo Horizonte, primeira cidade planejada do Brasil, tem hoje aproximadamente 2,3 milhões de habitantes e uma frota total de 1,7 milhão de veículos, segundo dados

do IBGE. O crescimento desordenado da população e do trânsito faz com que a chamada “Cidade Jardim” enfrente problemas de infraestrutura urbana e de mobilidade. O crescimento acelerado da capital mineira traz à luz discussões importantes

e desafios cada vez maiores para os gestores de tráfego da cidade. A BHTrans, empresa que regulamenta o transporte público na capital, publicou no Diário Oficial do Município (DOM) no último mês, a portaria 98/2016, que dispõem sobre a

legislação do transporte de bicicletas no sistema de transporte coletivo convencional por ônibus, incluindo os veículos do move, e de transporte coletivo suplementar de Belo Horizonte, como uma alternativa de locomoção.


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As dificuldades de mobilidade urbana que os cidadãos belohorizontinos enfrentam diariamente nos corredores da cidade é um desafio jamais imaginado há cem anos atrás. O publicitário Eduardo Jacuri é usuário de ônibus coletivo em Belo Horizonte. Todos os dias ele sai do Bairro Santa Tereza e vai para Pampulha, atravessa a cidade nos horários de pico e enfrenta mais de duas horas entre idas e vindas. Jacuri diz que o transporte público melhorou com a implantação do MOVE. “Devido à alta demanda em horário de pico muitas coisas ainda precisam ser revistas, como o número de veículos disponibilizados nesses horários”, afirma. Segundo ele “o Move surge como uma oportunidade para ampliar e melhorar os equipamentos urbanos disponíveis na cidade e prova a cada dia que não dá conta da superlotação em horários de maior fluxo, sendo um exemplo de pouco sucesso de modernização da infraestrutura de mobilidade que no final das contas não supre os anseios da população”, conclui. Para Paulo Vanderley Silva, a opção de transporte mais em conta é sua bicicleta. Ciclista e estudante de direito da UFMG, ele diz que as pistas não contemplam alguns dos principais corredores de tráfego que ele precisa para chegar nos seus destinos, o que

não incentiva o uso da bicicleta como meio de transporte por parte da maioria da população. “Os limites são muitos e os desafios de se locomover são constante, tendo em vista os perigos enfrentados no percurso”, avalia. A opção pelo carro nunca fez bem para o bolso do mineiro e nem para o meio ambiente. Estima-se que o motorista gaste cerca de 18% de sua renda para manter o carro. Segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), automóveis e motocicletas emitiram cerca de 67 milhões de toneladas de gás carbônico em 2013 no Brasil, o triplo do que foi liberado por ônibus (22 milhões de toneladas). Lucas Cândido, empresário do ramo imobiliário, disse que já tentou em outras oportunidades não trabalhar com seu veículo, mas afirma que as outras opções, como o metrô e o ônibus, não o atenderam no deslocamento traçado devido às limitações de cada serviço. “O alto preço da gasolina, o número de veículos cada vez maior nas ruas e a falta de opção no transporte público geram grandes perdas financeiras e de tempo para mim, mas é a solução para a realização do meu trabalho”, afirma o empresário. A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU), coordenada por Pier Senesi, busca articular a definição e a

implementação das políticas públicas referentes à organização da capital, observando a legislação urbanística e ambiental vigente. Com o atual crescimento urbano, o transporte coletivo municipal por ônibus na capital abrange 263 linhas, com 2,8 mil veículos e 1,5 milhões de passageiros/ dia. O objetivo da SMSU, segundo o secretário, é fazer de Belo Horizonte uma cidade ordenada, acessível, com mobilidade e limpa, para garantir segurança e qualidade de vida à população, o que também prevê a utilização de meios de transporte menos poluentes como o metrô. O metrô da capital, com 28 km de linha, absorve 120 mil passageiros por dia. Segundo o Secretário, este número ainda é inferior ao esperado para atender a cidade. Ainda segundo ele o ordenamento urbano conta com o apoio das secretarias municipais adjuntas de Fiscalização (SMAFIS) e de Regulação Urbana (SMARU). Além disso, estão vinculadas à secretaria, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e a Empresa de Trânsito e Transporte de Belo Horizonte (BHTrans). Essa articulação permite à Administração Municipal desenvolver estratégias integradas para tratar as questões que refletem diretamente no bem-estar dos belo-horizontinos.

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O ciclista e estudante de direito da UFMG, Paulo Vanderley Silva, afirma que as pistas para bicicletas não contemplam alguns dos principais corredores de tráfego que ele precisa para chegar aos seus destinos.

A opção pelo carro nunca fez bem para o bolso do mineiro e nem para o meio ambiente. Estima-se que o motorista gaste cerca de 18% de sua renda para manter o carro.

Belo Horizonte tem hoje aproximadamente 2,3 milhões de habitantes e uma frota total de 1,7 milhão de veículos


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Secretário diz que Plano Municipal de Mobilidade é prioridade Foto Letícia Horsth

Em entrevista exclusiva concedida à jornalista Camila Dutra, do Jornal Lince, o Secretário Municipal da Regional Centro Sul, Pier Giorgio Senesi Filho, ressaltou que dentre os atuais programas previstos pela BHTrans para os próximos anos, incluídos no Plano Municipal de Mobilidade, está, entre outras prioridades, a expansão do MOVE na Av. Amazonas. Confira: Jornal Lince: Existe alguma ação imediata nos planos diretores e dos planos de mobilidade urbana de Belo Horizonte obrigado pela legislação, a ser construído com a participação de representantes da sociedade civil organizada? Pier Senesi: A Sociedade Civil organizada pode e deve participar das decisões e acompanhar as ações do município em quaisquer das áreas de atuação, na construção de políticas públicas. A questão da mobilidade conta com a participação popular no Conselho Municipal de Mobilidade Urbana e no Observatório da Mobilidade (disponível para acesso e participação das reuniões agendadas em: http://www.bhtrans.pbh.gov. br/observatorio). Para o primeiro, o cidadão participa através de sufrágio entre os membros das Comissões Regionais de Transporte e Trânsito, escolhidos entre a população em votação aberta em cada uma das regionais administrativas, representando cada um dos 40 territórios. As informações estão

Excesso de carros trava ruas da capital mineira

Jornal Lince: Como andam os investimentos federais, estaduais e municipais na infraestrutura para a mobilidade urbana? Pier Senesi: Neste momento, em que o país atravessa uma crise econômica, arriscar a falar sobre os investimentos federais pode ser um pouco arriscado. Embora para o nosso município que se antecipou e apresentou projetos ao Ministério das Cidades, financiamento para a implantação do MOVE Amazonas está assegurado e poderá ocorrer no próximo ano. Entretanto cumpre salientar que o país precisa voltar a crescer para que os investimentos aconteçam, mesmo aqueles em que possa haver a participação da iniciativa privada.

de uma política de mobilidade, construída com a participação efetiva da sociedade, com representantes nos conselhos municipais de transporte, estabelecendo qual o nível do serviço de transporte público se faz necessária. Há alguma ação neste sentido elaborado pela Prefeitura? Pier Senesi: Se tomarmos a proposta do Novo Plano Diretor – PL 1749/15, que está na Câmara dos Vereadores para ser votada e transformada em lei, a sociedade teve importante papel, já que participou de todas as etapas da elaboração. Quanto à mobilidade, especificamente, existem hoje os 9 CRTTs (Comissões Regionais de Transporte e Trânsito) correspondendo a uma comissão para cada Regional Administrativa, o Conselho Municipal de Mobilidade Urbana(COMURB ) e o Observatório da Mobilidade, todos com ativa participação popular.

Jornal Lince: BH a cada dia cresce mais. A implantação

Jornal Lince: Existe alguma política para o

disponíveis no site da PBH em http://gestaocompartilhada. pbh.gov.br/colegiados/apresentacao

Pedágio urbano para carros? E voltado para o Rodízio de carros? Pier Senesi: Todas essas propostas são estudadas e discutidas com a população através, como já disse, do Observatório da Mobilidade. Jornal Lince: Qual o investimento em transportes alternativos que BH faz atualmente? Pier Senesi: Os investimentos em transporte alternativo, como bicicletas por exemplo, vem sendo realizado dentro do orçamento anual da BHTrans, na construção de ciclovias, bem como com a participação dos empreendedores através de medidas compensatórias e mitigadoras, quando se constroem as vias e se implantam os paraciclos. Jornal Lince: Para implantar um transporte completo e eficaz por bicicleta, o governo teria de criar ciclovias, bicicletários, banheiros públicos, campanhas educativas, subsídios para bicicletas entre outros importantes elementos. Existe hoje algum projeto de priorização do transporte cicloviário? Pier Senesi: Há projetos e estudos que contemplam a implantação de mais e 400 km de ciclovias em toda a cidade. Alguns deles estão em implantação e estará concluindo uma etapa de aproximadamente 90 km. É trabalho contínuo e é necessário mudar a consciência da população para esse importante modal de transporte.


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URBANO

Sem acesso

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Foto Arquivo Pessoal

Cadeirantes reclamam que elevadores com defeito nos ônibus de Belo Horizonte prejudicam a mobilidade

ANA KAROLINA CIPRIANO E FERNANDA QUÉREN 2º período de Jornalismo

Não é fácil ser cadeirante e se locomover nas ruas e avenidas da capital mineira. As vias são irregulares, apresentam buracos e são sinalizadas de maneira inadequada. Para aqueles que utilizam o transporte coletivo, a situação é ainda mais complicada. Nem todos os ônibus possuem elevador; nos que possuem, muitos não funcionam. Para piorar, nem todos os cobradores estão aptos a manusear o equipamento. Yonara Mariani é cadeirante e estudante de psicologia. Ela diz que utiliza o transporte público com pouca frequência, porém, nas vezes que utilizou, alguns elevadores não funcionavam. Para ela, o que agrava a situação não é apenas a questão da conserva-

ção e funcionamento dos elevadores, mas o despreparo dos motoristas e cobradores que não sabem utilizar o equipamento. “Várias vezes em que eu estava com minha mãe, ela teve que pedir para os passageiros me carregarem, porque o ônibus não tinha elevador, não funcionavam ou não sabiam manusear o equipamento”, declara Yonara. Denise Damas, tem 28 anos e há quatro trabalha como cobradora de ônibus. De acordo com Denise, quando ela tem que manusear o elevador, a roleta, precisar ser travada”. Alguns passageiros reclamam da demora, nem todos sabem que a prioridade é embarcar o cadeirante e depois os demais”, diz Denise. Segundo ela, os elevadores são testados na garagem, no entanto, quando o equipamento para de funcionar, os cobradores são orientados a pedir que o Foto Ana Karolina Cipriano

A estudante de Psicologia, Yonara Mariani, afirma que não é fácil utilizar o transporte público da capital

Denise Damas, 28 anos

cadeirante espere o próximo ônibus. “A maioria deles não podem esperar, por terem consultas e outros compromissos marcados eu e alguns passageiros ajudamos o cadeirante a embarcar”, conta. Sobre a maneira como os colegas de trabalho tratam os passageiros, Denise diz que eles são orientados a se relacionarem com as pessoas da melhor maneira, entretanto, com o estresse diário, eles acabam se desgastando. Ela relata que foi feito um treinamento em que os cobradores e motoristas colocaram pesos nos pés, para entender a situação do idoso e sentaram em cadeiras de rodas para perceber o quanto é difícil para o cadeirante se locomover. Denise trabalha em uma linha de ônibus que vai do bairro Aparecida até o Mangabeiras, que passa próximo a alguns hospitais. Em uma das viagens, presenciou um acidente com um cadeirante. “Quando a criança ia descer, a mãe dela acabou se desequilibrando e a criança caiu. E foi uma situação muito difícil, mas, felizmente, a criança ficou bem”, declara.

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Investimentos avançam Dados divulgados pela assessoria de imprensa do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SETRA BH) revelam que o sistema de transporte coletivo municipal em Belo Horizonte receberá ainda este ano, 340 veículos novos convencionais com elevador que substituirão 11,5% da frota de 2.959 carros. Os dados são do mês agosto de 2016. Com a renovação, a capital mineira passará a ter 100% a frota de veículos com elevadores, segundo o sindicato. A assessoria de imprensa do Setra BH afirma que entidade realizou em 2016 o treinamento: “Respeitar e Cuidar”, para sensibilizar os profissionais sobre o quanto é importante oferecer um tratamento diferenciado aos idosos, obesos, e demais pessoas com necessidades especiais. A ideia foi mostrar a necessidade de que tanto o cobrador quanto o motorista precisam exercer suas atividades com respeito, ética, solidariedade, de modo a assegurar o direito de todos os passageiros de irem e virem com autonomia e segurança. Durante o treinamento foram utilizados equipamentos para simulação prática de deficiências e dificuldades das pessoas com mobilidade reduzida. como vendas nos olhos, pesos para as pernas, colchonetes para serem amarrados ao corpo, cadeiras de rodas, muletas e andadores.


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PERFIL

Vereadora mais votada de BH fala ao Lince Ativista de 32 anos, revela em entrevista, questões que sempre valorizou ao longo de sua trajetória Foto Patrick Arley

MATHEUS MORAIS 2º período de Jornalismo

Áurea Carolina conquista primeira vaga do PSOL em BH. Áurea Carolina, 32 anos, moradora do bairro João Pinheiro em Belo Horizonte, é a vereadora eleita com o maior número de votos na história da cidade. A candidata do PSOL recebeu 17.420 votos. “Ativista de diversas causas”, como ela mesma se denomina na página de uma rede social, Áurea tem como trabalhos destacados o envolvimento e engajamento em ações relacionados às mulheres, aos negros e aos jovens. Em toda sua trajetória de vida, batalhou sempre pelos direitos e deveres, bem como pela justiça social destes grupos. Áurea é graduada em Ciências Sociais pela UFMG, especialista em Gênero e Igualdade pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha e mestre em Ciência Política também pela UFMG. Ainda possui ampla experiência em gestão de projetos socioculturais e políticas públicas. Já foi subsecretária de políticas para as mulheres em Minas Gerais e é uma das principais fundadoras do Fórum das Juventudes na Grande BH. Áurea possui orientações intelectuais que norteiam o seu trabalho de maneira bem interessante. Professores, compositores, músicos e ativistas de movimentos sociais ajudam a consolidar os pontos de vista e concepções da educadora.

reira. Além, de feministas negras, principais representantes do movimento no país.” Lince: Você possui um interesse muito grande por leituras. Isso inclui as poesias? Como você ocupa seu tempo de lazer? “Gosto sim. Tenho um interesse muito bacana pelo Sarau Contemporâneo e outros movimentos poéticos, inclusive, o poeta Sérgio Vaz tem um tipo de texto que me motiva bastante . Já nos meus outros momentos de lazer, procuro ir a praças, shows, cinema…”

Áurea Carolina se sente realizada quando pode ajudar quem mais precisa

A biografia chama atenção por vários aspectos, mas na entrevista concedida ao jornalista Matheus Morais do Jornal Lince, Áurea Carolina, destaca que os momentos especiais em sua trajetória se dão quando ela pode ajudar, acolher e proteger as pessoas e ainda vai descobrir o que mais atrai Áurea nos seus momentos de lazer. Ela conta com exatidão o que mais movimenta sua vida nas situações de calmaria. Lince: O seu trabalho é extremamente humano, você tenta acolher e proteger as pessoas. Qual é a consequência disso para a

sua vida particular? “Em todos os momentos da minha história sempre busquei o conceito e filosofia da democracia. Acredito que todos têm o direito a igualdade, e isso, realmente, é uma busca de sentido para minha vida. É muito bom contribuir com o crescimento alheio.” Lince: Quais são as suas principais orientações intelectuais? “Tenho uma admiração e um carinho muito grandes relacionados a compositores de Hip Hop, Mc’s… da música, em geral. E, também, pelo Professor Dayrell, um incentivador e motivador da minha car-

Lince: Dentre todas as suas conquistas e realizações, o que você destacaria? “Todas as etapas são muito importantes, fica até um pouco difícil de responder, mas como não gosto de fugir do objetivo, diria que a criação do Fórum das Juventudes é um marco gigantesco na minha vida.” Lince: Deixe uma mensagem para as pessoas em especial para o alunos de Jornalismo que vão ler o Lince. “Hoje, infelizmente, estamos vivendo uma crise social bastante acentuada, e isso me deixa muito triste, mas ainda continuo a acreditar que viver a democracia como conceito de cidadania, irá transformar profundamente a sociedade. É muito importante as pessoas confiarem nesse propósito, e, claro, que a política tem jeito.”


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URBANO

Táxi e Uber brigam por passageiros em BH Conflito entre os motoristas é recorrente nas ruas da capital e gera prejuízo para as duas partes Foto Gabriel Florentino

Para o taxista Rinaldo Antônio da Silva, a facilidade para fazer parte do aplicativo prejudicou a categoria CRISTINA AZEVEDO E GABRIEL FLORENTINO 2º período de Jornalismo

Parece que a briga entre os motoristas do aplicativo Uber e taxistas está longe de acabar. Casos de agressões entre as duas classes trabalhadoras, motivados pela hostilidade gerada devido à concorrência, têm sido frequentes. Os taxistas consideram a concorrência desleal. Para a maioria deles, o Uber é um meio alternativo de transporte no qual qualquer pessoa, com os requisitos necessários, pode ingressar como motorista no mercado. Ao contrário do processo para ser taxista, que requer várias licenças, cursos e testes para aprovação na Prefeitura de Belo Horizonte.

De acordo Rinaldo Antônio da Silva, taxista na capital há 12 anos, o aplicativo toma diariamente seus clientes. Ele diz que perdeu mais de 50% dos passageiros e essa porcentag e m t e m c r e s c i d o. Pa r a Rinaldo, a facilidade em fazer parte do aplicativo Uber prejudicou de forma significativa os lucros. “Existe uma estimativa de 90 mil corridas por dia, para um total de 8 mil táxis na capital, o que permite uma renda razoável ao taxista. O Uber funciona sem limite de associados (motoristas). O aumento de motoristas não quer dizer que o número de passageiros por dia vai aumentar, ou seja, ninguém terá uma renda que garanta a subsistência, tanto de um quanto de outro, ” declarou.

O UBER

O Uber é o serviço de transporte alternativo criado em 2009, nos Estados Unidos, que ganhou força em 2015. Como é mais barato, os usuários têm trocado o táxi pelo Uber, de acordo com levantamento feito de forma informal pela reportagem do Jornal Lince a população do centro de Belo Horizonte. “O que tem atraído os usuários não são só as tarifas, mas também o tratamento diferenciado que oferecem”, diz Flávio Assis, motorista do Uber há 3 meses. Ele afirma também que os taxistas veem o Uber com um meio de locomoção clandestina já que a classe não é protegida pela lei

e, por esse motivo, se sentem no direito de disseminar a cultura de ódio e rivalidade. O motorista lembra do recente caso que envolveu um colega de trabalho esfaqueado por um taxista na avenida Cristiano Machado, no bairro União, na região nordeste da capital Ricardo Faedda, presidente do Sindicato dos Taxistas de Minas Gerais, diz que é inadmissível qualquer ato de violência. “Não é com violência que os taxistas vão conseguir combater o Uber”, garante. Ele também não apoia a atuação do aplicativo no mercado, pois, segundo ele, os aplicativos de transporte que não são voltados aos taxistas, são clandestinos.


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URBANO

Lúpus: um universo desconhecido Vítimas querem mais informações sobre a doença que atinge cerca de 65 mil brasileiros ANA KAROLINA CIPRIANO 2º período de Jornalismo

Ana Geórgia Simão é blogueira e tem 35 anos. Aos 17, foi ao médico porque apresentava alguns sintomas como dificuldades de se sentar, levantar, andar, comer, além apresentar ínguas no pescoço. O médico, então, solicitou o exame que detecta doenças autoimunes, e o resultado positivo para o lúpus

mudou completamente a vida dela.“O mundo mudou. Tudo o que gostava, sonhava ou acreditava se tornou distante, ficou cinza”, declara Ana Simão. Ana diz que os dias posteriores ao diagnóstico foram difíceis, porém, ela acabou percebendo que não adiantaria sentir pena de si mesma, e que o mundo não iria ficar paralisado à espera de que ela se recuperasse. Foi preciso respi-

rar fundo e começar a viver de uma maneira diferente. Segundo Ana com passar dos anos, ela não sente mais falta do sol ( os pacientes com lúpus precisam evitar o sol), e passa a entender o corpo de maneira particular. Viver com raiva do lúpus só pioraria as coisas. Para Ana Simão, nos últimos anos, com o surgimento das redes sociais, tem sido possível transmitir informa-

ções para ajudar pessoas a notarem os sintomas da doença e procurarerem um especialista. Ela tem um blog onde posta informações relacionadas a doença que abre um espaço para que outras pessoas compartilhem suas histórias “A p r e n d i a v i v e r, e u renasci para um mundo novo, um mundo novo, um mundo que só as borboletas entendem” – Ana Geórgia Simão Foto arquivo pessoal

Ana Geórgia Simão criou um blog para ajudar portadores do Lúpus e seus familiares

Pouco conhecida O lúpus é uma doença pouco conhecida no país, apesar de existirem muitos casos. Estima-se, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, que, no Brasil, existem cerca de 65 mil pessoas com lúpus. O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LSE) é uma doença autoimune. De acordo com a reumatologista, Rejane Damasceno, a doença autoimune faz com que as células de defesa da pessoa ataquem suas próprias células sadias, o que provoca inflamações nas

articulações, olhos, pele, rins, pulmões e coração. Ainda de acordo com a médica, o lúpus atinge principalmente mulheres jovens, porém pode acometer qualquer faixa etária. Não existe uma causa única para explicar o desenvolvimento da doença. Há uma interação de fatores, como ambientais, emocionais, familiares, imunológicos que, na pessoa predisposta, geralmente faz eclodir o lúpus. O lúpus pode evoluir desde pólos benignos, até

casos extremamente graves, c o m p r o m e t e n d o ó rg ã o s nobres como rins, cérebro e vasos circulatórios. “Existem ainda pacientes que apresentam lúpus somente na pele, o chamado lúpus cutâneo”, afirma a reumatologista. A doença não tem cura. No entanto, se o tratamento for bem feito, orientado por um reumatologista, melhora a evolução da doença, consequentemente melhora a qualidade de vida do paciente. “Cuidados como evitar sol,

cigarro e praticar atividade física são fundamentais”, avalia Rejane Damasceno. A boa notícia é que pesquisas estão sendo feitas em relação ao tratamento, inclusive foi lançado recentemente um medicamento, específico para o tratamento do lúpus. “Trata-se de um agente biológico chamado Belimumabe, que age inibindo o linfócito B, célula desenvolvida na patogenia da doença, e os resultados são promissores”, comemora Damasceno.


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URBANO

Campanhas deixam Natal mais solidário em BH Ações sociais movimentam instituições mineiras que iniciam processo de doações para famílias carentes Foto Matheus Morais

Magilda de Carvalho

LETÍCIA HORSTH E MATHEUS MORAIS 1º período de Jornalismo

Em estudo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) foi constado que no Brasil existem 290,7 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos. Apesar de serem muitas, elas enfrentam grandes dificuldades financeiras, haja vista a necessidade de criarem eventos e campanhas para mobilizar grupos interessados em colaborar com doações. A Legião da Boa Vontade e o Núcleo Assistencial Caminhos para Jesus são exemplos de casas filantrópicas em Belo Horizonte. Elas trabalham com campanhas ao longo do ano e também específicas para o período do Natal. É nessa época que começa a maior corrida solidária em prol das famílias mais necessitadas de Belo Horizonte. A LBV e o Caminhos para Jesus têm o objetivo de tentar mudar o panorama diário vivido por essas pessoas. O fator motivacional dos belohorizontinos em ajudar o semelhante é notório, como afirmam as pessoas res-

Foto Letícia Horsth

ponsáveis diretas por essas campanhas. Elayni de Cassia é gestora social da Legião da Boa Vontade, segundo ela, neste ano, o centro comunitário de Belo Horizonte realiza a campanha “Natal Permanente da LBV”, na qual irá distribuir cestas básicas para famílias necessitadas. A entrega das cestas é feita em dois eventos. O primeiro para a unidade com 320 usuários, sendo eles 120 idosos e 200 crianças. O número total é de 300 cestas. No segundo evento ocorrerá à entrega de 200 cestas para usuários cadastrados. Segundo Magilda de Carvalho Santos, coordenadora de captação de recursos do Núcleo Assistencial Caminhos para Jesus, há 14 anos, a instituição conta com o total de 94% de suas doações vindas de pessoas físicas, e os outros 6% são de responsabilidade governamental. Magilda conta, também, que o Caminhos Para Jesus possui uma campanha solidária de Natal diferente do convencional. Eles promovem entregas de cartões natalinos para seus doadores, como forma de agradecimento pela contribuição durante todo o ano, reativando o desejo das pessoas em colaborarem. Legião da Boa Vontade em Belo Horizonte


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ESPORTE

Paul Pogba e Gonzalo Higuaín movimentam mercado da bola Francês se torna jogador mais valioso do futebol mundial; argentino vêm em quarto lugar

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Fotos arquivo pessoal

ANDRÉ GOMES E JEFFERSON SANTOS 2º período de Jornalismo

A transferência do jogador Paul Labile Pogba, que retornou ao Manchester United pelo valor de 120 milhões de euros (R$ 430 milhões), mostra como o futebol tem se tornado um negócio, a julgar pelas últimas janelas de transferências. O amor á camisa e a tradição dos clubes parecem já não valer mais nada, apenas o valor das cifras parece importar. Percebe-se que os jogadores têm abandonado grandes clubes europeus e brasileiros para se tornarem milionários ao se transferirem para clubes chineses quase desconhecidos. É o caso do brasileiro Hulk, vendido pelo Zenit por 60 milhões de euros, com um salário de R$ 5,5 milhões mensais. O sistema de transferência da FIFA aponta que desde 2011, o valor total de transferência internacional de jogadores cresceu 44,2%. Em 2015, o valor total foi de US$ 4,8 bilhões em 13.558 transferências de jogadores. Ainda segundo a FIFA, uma das maiores transferências brasileiras foi o ex-jogador do Vasco da Gama, Alex Teixeira, vendido em um negócio cuja cifra chegou a 50 milhões de euros (R$218 milhões), o que gerou um lucro inesperado pelo Clube cruz- maltino de

Paul Pogba se tornou este ano o jogador mais caro da história do futebol

Gonzalo Higuaín custou 90 milhões de euros à Juventus

R$ 7,6 milhões. Wagner Ribeiro, empresário de Neymar, diz que o jogador ficou muito perto de acertar com o Paris Saint Germain. A oferta

do clube francês foi de pagar a multa rescisória de 190 milhões de euros (R$697,5 milhões). O salário do jogador seria um montante de 40 milhões de euros

por ano. Neymar também teria direito á uma porcentagem de uma rede de hotéis que seria criada com seu nome e mais um jatinho de luxo, tudo para seduzir o jogador a se transferir da Espanha para a França. Segundo Igor Guedes, jornalista esportivo, o mercado futebolístico tem sofrido uma grande transformação. Ainda de acordo com o jornalista, o mercado está muito inflacionado, pagando verdadeiras fortunas para jogadores medianos, Igor Guedes usa como exemplo o jogador David Luiz, que se envolveu na troca de última hora entre os clubes Paris Saint Germain e Chelsea. “Não há nada de excepcional no David Luiz, que voltou para o Chelsea por 38,5 milhões de euros (R$ 138,6 milhões na cotação atual).


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ESPORTE

O difícil caminho até às quatro linhas A sensação de quem conseguiu vencer e se tornar um jogador de futebol profissional

RAPHAELA PINHEIRO 2º período de Jornalismo

Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? Fama, dinheiro, luxo, mulheres, ser “boleiro” é o que mexe com a cabeça da maioria dos garotos. Considerado o país do futebol, o Brasil adotou esse entretenimento inglês, tão simples de ser praticado como seu esporte oficial. Camisas de times podem ser vistas nas ruas, usadas como “roupas comuns”, o que não esconde a paixão pelo time que é representado. Crianças já crescem sonhando em se envolver de alguma forma com a bola. Mas, nem tudo é perfeito no mundo futebolístico, para ter uma carreira brilhante, à trajetória até o sucesso nos gramados é longa e cheia de obstáculos. De acordo com a pesquisa feita por um canal de esportes, a CBF informou que no Brasil existem por volta de 28 mil jogadores sob contrato no futebol, sendo que 23.238 deles (82,4%) ganham até R$1.000,00 de salário. Já 3.859 atletas (13,68%) recebem por mês entre R$1.001,00 e R$5.000,00. O número de jogadores na elite é bem menor, tendo apenas um atleta que recebia mais de R$500.000,01 por mês; que era o Alexandre Pato quando atuava pelo Corinthians, 35 (0,12%) possuem vencimentos entre R$200.000,01 e R$ 500.000,00; 78 recebem salário entre R$ 100.000,01 e R$ 200 mil.

Muitos ainda pensam que se tornar um jogador de futebol é sinônimo de sucesso garantido, mas não sabem da longa caminhada que é feita para ser um profissional. O Futebol atual está cada vez mais seletivo, exigindo mais dos atletas, tanto tecnicamente, fisicamente, enfim, o atleta com mais diferenciação e potencialidade tem maior chance de ser um profissional. Em entrevistas com alguns atletas do futebol mineiro, percebe-se claramente que essa exigência, dificuldades e a realização de conseguir ser jogador é unânime entre eles, além do apoio familiar que é um grande motivador para manter a esperança de alcançar o objetivo. Fabrício Bruno, zagueiro do Cruzeiro, afirma que desde criança teve influência do pai para seguir na carreira, e que lida muito bem com os sacrifícios e cobranças, enxergando isso com bons olhos para seu crescimento profissional. Sempre que atua quer dar seu melhor para ajudar sua equipe e diz: “sempre almejo subir cada dia um degrau na minha profissão”. Assim como Fabrício, o atacante do América Mineiro Vitor Ruas, fala do apoio familiar que teve, e que a cobrança e o carinho da torcida é algo bom que lhe inspira, descrevendo como uma sensação incrível. Vitinho, como é conhecido, disse que há grande diferença da base para o profissional. “Subir no profissional aqui, foi uma coisa muito

importante em minha vida, um clube que vou levar pra sempre no meu coração”. Destacou que mesmo que esteja no começo da carreira, sua meta como atleta é alcançar a seleção brasileira e atuar na Europa. ALTOS E BAIXOS

Como qualquer profissão, o futebol também possui momentos de extrema felicidade e de tristeza, como descreve Adson, lateral da base do Atlético Mineiro, que mesmo tão novo disse que lida com muito sacrifício, com experiências positivas e negativas, mas mesmo assim ele afirma que não há sensação melhor do que realizar um sonho de criança. Renato Bruno, volante do América Mineiro, também se sente realizado em alcançar o sonho. Ele fala em chegar ao topo, e ser o melhor do mundo, mas sabe das dificuldades. O jovem atleta diz também que a cobrança sempre vai existir, e, ao ser perguntado qual a sua expectativa para o futuro, ele conclui: “é difícil falar do futuro, pois a vida do futebol surpreende muito”. A decepção vai concorrer com a alegria, o fracasso vai concorrer com a vitória, o sonho vai concorrer com a ilusão, a verdade é que no futebol esses ingredientes sempre vão existir, mas independentemente de quem chegar lá, esses atletas vão alimentar essa grande paixão do brasileiro que tem como protagonista, a bola.

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AGORA NA WEB

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