Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, IMDC, Fundação Universa e Sieeesp
Ideb 2009 Um diagnóstico da educação brasileira. Veja o que dizem os especialistas
Cooperação para o desenvolvimento Cooperación para el desarrollo Leitura A literatura ampliando o conhecimento de mundo
EDIÇÃO 149 ANO 13 - AGOSTO 2010
Entrevista
Ensino Médio
Gestão eletrônica de processos e documentos
O que falta para o desenvolvimento deste segmento?
Murilo Taranto
Gustavo Magalhães
contexto
Chega de acumular papéis Faça a gestão de processos e documentos em sua instituição de ensino com organização, agilidade e segurança
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ocê já parou para pensar na quantidade de documentos gerados seja na abertura de uma conta bancária ou no ato da matrícula em uma instituição de ensino? Cópias de documentos de identificação, comprovantes de residência e de rendimentos, certificados de conclusão de curso ou de transferência de instituição... O fato é que qualquer
Murilo Taranto, diretor de Tecnologia da Informação da Stoque
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empresa, hoje, lida com uma enorme quantidade de papéis, que ultrapassa, e muito, esse início de relacionamento entre um cliente e uma instituição financeira ou entre um aluno e uma escola. Quanto mais tempo esse relacionamento dura, mais informações e documentos são gerados. Fazer a gestão desses documentos, no que se refere a organização e armazenamento, para posterior pesquisa e gerenciamento, não é nada fácil, pelo menos quando o processo é feito de forma manual. Mas há quem pense em soluções para facilitar e agilizar os negócios. É o caso da Stoque. A empresa oferece soluções tecnológicas para processos e documentos de acordo com a demanda dos clientes. Com a matriz em Belo Horizonte/MG e filiais em sete capitais brasileiras – Belém/ PA, Brasília/DF, Manaus/AM, Porto Velho/RO, São Luís/MA, São Paulo/SP e Vitória/ES –, a Stoque atende todo o país. “Nosso foco é fazer consultorias, desenhar projetos e implementar soluções de gestão eletrônica de documentos”, ressalta o diretor de Tecnologia da Informação, Murilo Taranto.
Para as instituições de ensino, entre outros produtos, a Stoque oferece a Secretaria Acadêmica Digital (Sead), uma solução para acabar com a papelada nas secretarias e agilizar os processos, com modernas técnicas de arquivamento e busca digital. Para saber mais, acompanhe entrevista com o diretor Murilo Taranto. Qual o foco do negócio da Stoque? A empresa possui quatro divisões de negócios: equipamentos, suprimentos, tecnologia da informação e serviços. A divisão de equipamentos da Stoque cuida, especificamente, da venda, locação, assistência técnica e outsourcing de impressão. Outra divisão fornece suprimentos e peças para essas máquinas. A de serviços oferece assistência técnica. Hoje, temos 80 técnicos treinados e certificados pelas empresas que representamos. E, por último, a divisão de tecnologia da informação oferece consultoria, projetos e implantação de soluções ECM – Enterprise Content Management (Gestão de Conteúdo Corporativo). Nosso foco é fazer consultorias, desenhar projetos e implementar soluções de gestão eletrônica de documentos.
Essas soluções são oferecidas para todo tipo de empresa?
cesso pode ser convertido para o meio eletrônico.
Atendemos empresas de pequeno, médio e grande porte. Temos clientes no mercado educacional, financeiro, na área siderúrgica, industrial, publicitária, de manufatura, têxtil... A solução é modular, adequada a qualquer tipo de empresa.
Como funciona, na prática?
Qual o diferencial da Stoque? Na área de impressão, trabalhamos com a Xerox e a Lexmark, dois líderes mundiais de mercado. Na área de ECM, representamos a Kofax, melhor software de captura de imagem do mundo, e a Hyland Software. Hoje, desconhecemos uma empresa que ofereça uma solução completa como a nossa, que engloba a gestão de documentos associada a soluções de impressões. Este é o nosso grande diferencial: trabalhar de forma integrada. Há clientes que optam apenas pela consultoria, outros contratam toda a prestação de serviços. Como temos software próprio, fazemos a customização do produto de acordo com a demanda do cliente. Desde que começou, a Stoque nunca perdeu um cliente, vem sempre acumulando novos contratos. Qual a solução oferecida às instituições de ensino? A Secretaria Acadêmica Digital (Sead), que faz a gestão eletrônica dos documentos. Temos uma parceria com a Consae e a Editau, empresas especializadas no segmento educacional, que oferecem consultoria no que diz respeito aos trâmites legais e jurídicos para as instituições saberem que tipo de documento ou pro-
Quando o estudante chega com foto e documentos pessoais para fazer a matrícula, é criada a pasta do aluno através da solução Sead. Os documentos são digitalizados, inseridos num software de gestão de documentos e devolvidos a ele. A partir daí, a consulta aos documentos – que passam a ter certificação digital, com validade jurídica – será de forma eletrônica. A pesquisa poderá ser a partir do número da matrícula, do nome do aluno, CPF, etc. Quais são as vantagens? Com a gestão de documentos de forma eletrônica, você tem mais agilidade na consulta, segurança e redução de custos, além de não precisar de espaço físico para armazenar os documentos em papel. Além de ser caro armazenar documentos e fazer a sua gestão de forma manual, consultar a informação em arquivos é difícil, e o documento físico pode se perder. Mas, se a instituição fizer questão de ter um estoque físico, a Stoque também oferece uma solução para organização e pesquisa. Outra vantagem é que o gestor também tem suporte tecnológico para assinar documentos de forma eletrônica, como, por exemplo, históricos escolares, declaração de conclusão de curso, diplomas... Milhares de históricos podem ser assinados em poucos minutos. A ferramenta também pode ser utilizada pelo professor para assinar os diários de classe. Como se dá o processo de certificação digital?
Todo documento assinado de forma eletrônica, com um certificado digital, tem a mesma validade jurídica que um documento em papel assinado de próprio punho. Essa tecnologia foi oficializada, no Brasil, em 2001. Hoje, é usada até pela Receita Federal. Com ela, você consegue facilitar o trâmite de documentos dentro das organizações. Cada pessoa tem uma senha de usuário, tendo acesso somente àquilo que lhe é de direito. A assinatura digital é criptografada. Se alguém tentar fazer alterações no documento, o mesmo será apagado. Essa solução é apenas para documentos no ato da matrícula? Não. Ela permite que sejam inseridos outros documentos, que podem ser da área contábil, financeira ou de recursos humanos. E quais são as soluções de impressão oferecidas pela Stoque? Há faculdades que trabalham com um software de bilhetagem da Stoque para controlar a cota de impressão para cada aluno. Com uma senha própria, em uma máquina de autoatendimento, ele pode imprimir desde um histórico escolar ou de notas até uma apostila. Há também uma central onde são feitas desde uma simples impressão de provas ou apostilas até as provas de vestibulares, com toda segurança que o processo requer. Os equipamentos de impressão, assim como os funcionários que os operam, o controle de estoque de suprimentos, a manutenção técnica e a reposição de materiais são da Stoque. É uma solução completa. ¢ www.stoque.com.br Revista Linha Direta
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Ideb 2009: o que esperar para o futuro da educação brasileira? Cyntia Marchetti*
Muitas foram as discussões travadas entre MEC, iniciativa privada, doutores, professores e autoridades do setor educacional brasileiro. No entanto, de uma maneira geral, o que parece ser mesmo consenso entre eles é que o Brasil ainda precisa de muito trabalho, dedicação e mais esforços do governo federal para que as metas sejam efetivamente atingidas
Entenda o Ideb** Criado em 2007 pelo MEC e o Inep, o Ideb tem por objetivo demonstrar a eficácia de dois importantes conceitos de qualidade da educação: a taxa de rendimento escolar (aprovação) e a média de desempenho dos estudantes brasileiros em exames padronizados aplicados pelo Inep. Para o cálculo desse indicador, são usados os índices de aprovação obtidos no Censo Escolar, realizado pelo Inep anualmente, e as médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), para as unidades da federação, e na Prova Brasil, para os municípios. Para o MEC, mais do que um indicador estatístico, o Ideb nasceu como um condutor de políticas públicas pela melhoria da qualidade da educação, tanto no âmbito nacional, como nos estados, mu-
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onge de ser motivo para comemorações, os resultados positivos do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2009, apresentados pelo Ministério da Educação (MEC) no último mês de julho, demonstraram real esforço dos educadores e da sociedade diante de algumas das metas estabelecidas, relativas a aumento das notas e das taxas de aprovação. Mas estudiosos garantem que é possível melhorar essa situação com mudanças profundas nos métodos de ensino, de gestão das escolas e de formação e apoio aos professores. Os números do MEC apontam que a grande maioria das metas apresentadas para 2009 foram atingidas. Na primeira fase do Ensino Fundamental, o Ideb passou de 4,2 para 4,6. Nos anos finais desse segmento, as notas, em relação a 2007, evoluíram de 3,8
para 4,0, novamente superando a meta bienal. No Ensino Médio, a evolução foi um pouco menor, cresceu de 3,5 para 3,6. No cômputo geral (cuja escala vai de zero a 10), a média não passou dos 3,8. No entanto, 178 escolas, ou apenas 0,3% do total da amostra, aparecem com a média 6,0 – nota média, preconizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que sinaliza a boa qualidade de ensino nos países mais desenvolvidos. Em termos de municípios, somente 0,09%, ou cinco entre os 5.498 que participaram da estatística, atingiram a nota 6,0 nos anos finais do Ensino Fundamental em escolas públicas. A situação melhora um pouco nos anos iniciais: 405 dos 5.467 municípios avaliados, ou 7,4% do total, já atingiram essa meta.
“Isso significa que tem sido possível melhorar em um dos componentes do Ideb, que é a reprovação escolar, e também no desempenho de parte dos alunos da 4ª série. No entanto, não está havendo, praticamente, nenhuma melhora no desempenho dos alunos da 8ª série e do Ensino Médio”, avalia Simon Schartzman, especialista em educação brasileira. “Apesar das melhoras ocorridas na 4ª série, ainda estamos longe de chegar ao mínimo considerado indispensável para este nível, tal como estabelecido nas metas do Todos pela Educação, que seria, para a 4ª série, em língua portuguesa, 70% de um escore acima de 200 (o que equivale a uma média de 225 pontos). Só 63 das 5.500 redes municipais de educação no Brasil estão neste nível”, reitera Schartzman, que também é ex-presidente do
nicípios e escolas. “Ampliam-se as possibilidades de mobilização da sociedade em favor da educação, uma vez que o índice é comparável nacionalmente e expressa, em valores, os resultados mais importantes da educação, que são aprendizagem e fluxo”, afirma Joaquim José Soares Neto, presidente do Inep.
lândia, Coreia do Sul, Japão, Uruguai, Brasil e México. As metas intermediárias para o Ideb, em todas as esferas, são calculadas pelo Inep no âmbito do programa de metas fixadas pelo Compromisso Todos pela Educação, eixo do Plano de Desenvolvimento da Educação, do MEC, que trata do ensino básico.
As metas são bienais, medidas a cada dois anos, e servem para traçar a evolução dos índices da educação no Brasil, de forma a atingir os patamares médios dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) que participam do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Entre eles, Alemanha, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Fin-
A definição de um Ideb nacional igual a 6,0 teve, novamente, como referência a qualidade dos sistemas em países da OCDE. Essa comparação internacional só foi possível graças a uma técnica de compatibilização entre a distribuição das proficiências observadas no Pisa e no Saeb. **Fonte: Inep
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Resultados e metas das redes públicas, estaduais, municipais e privadas (Ideb 2005, 2007, 2009 e Projeção das Metas)
IBGE, mestre em Sociologia e PhD em Ciência Política pela Berkeley, na Califórnia. Mas não basta ter metas. O especialista ressalta que é necessário ter instrumentos adequados para atingi-las. No entanto, o Ministério da Educação informa que já ocorreram diversas mudanças em muitas das escolas municipais, desde a divulgação do último Índice. Municípios e redes que ficaram abaixo da média foram considerados prioritários, e consultores foram, in loco, diagnosticar a situação. Segundo informações do MEC, os consultores auferiram que, muitas vezes, os problemas eram, além de falta de recursos, inabilidade em elaborar os projetos para a captação desses recursos junto ao governo federal e dúvidas básicas na aplicação da verba em áreas prioritárias. Além de ajudar a resolver esses problemas, os consultores também desenvolveram capacitação de professores e de conselhos escolares, como parte do Plano de Ações Articuladas, uma iniciativa do governo. Segundo dados do MEC, mais de 1.200 municípios considerados prioritários após o primeiro Ideb, em 2005, e mais de 1.800 em 2007, solicitaram o apoio desses consultores. Desses primeiros 1.200 municípios, muitos já conseguiram melhorar suas colocações no resultado de 2009. Entre os que sinalizaram como “excelentes” os resultados positivos do Ideb 2009, como Reynaldo Fernandes, professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e os que consideraram “trágicos”, como o ex-ministro Cristovam Buarque, a opinião do ministro da Educação, Fernando Haddad, foi simplesmente “previsível”. Segundo ele, em entrevista coletiva para a divulgação dos resultados, “a educação básica vinha de um período de recessão e, quando você começa a melhorar, essa melhora se dá por ondas; uma onda que vai se propagando ao longo do ciclo”. Na avaliação de Haddad, se esse crescimento nos anos iniciais se mantiver (0,8 nos últimos quatro anos), o Brasil poderá comemorar o alcance das metas (média 6,0) cinco anos antes do estabelecido (2022). Realista ou otimista, essa expectativa de “bater as metas” antes do tempo determinado é questioná-
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vel até mesmo para os prefeitos e secretários de educação dos municípios que aderiram ao Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) quando lançado pelo ministro Haddad. Na ocasião, a grande maioria dos municípios aceitou as metas estabelecidas. Alguns, no entanto, sabiam que levariam muito tempo para melhorarem seus índices, o que aconteceria em médio e longo prazo, à medida que a rede estivesse organizada, com a cooperação de todos. Mas Cláudio Moura Castro, estudioso na área de educação, articulista da revista Veja e PhD em Economia, ressalta: “O crescimento do Ideb não é como o de uma árvore, programado no seu DNA. Se fosse assim, seria questão de adivinhar ou estimar o que estaria escondido na sua programação genética”. Ele acredita que a qualidade da educação varia em função do que a sociedade resolve fazer com ela. “Se for levada mais a sério, 6,0 é pouco. Se vem uma crise, e a educação passa para o décimo plano, 6,0 é impossível. A julgar pela presença de escolas em lugares relativamente pobres e que têm Idebs altos, a meta não é impossível. Mas daí a querer precisão em predições profundamente influenciadas pelo que vai acontecendo com a sociedade vai uma grande distância”, analisa.
O que melhoraria o desempenho do Brasil? Já existe consenso entre vários especialistas da área sobre o que deve ser feito para melhorar a qualidade da educação no Brasil. O ex-ministro Cristovam Buarque, por exemplo, é um incansável relator de medidas que, segundo ele, seriam o caminho para uma “revolução” no ensino brasileiro. “Essa revolução significa ter o professor ganhando bem, desde que bastante dedicado e preparado, escolas bem equipadas e de horário integral. Isso não se pode fazer de um dia para o outro. Nem há professores disponíveis. O caminho é fazer o salto em um ou dois anos, por cidade”, explica. Ele acredita que o Brasil vai levar 20 anos para dar o salto, mas em cidades de pequeno e médio porte, sobretudo, é possível fazer isso em dois anos. Em sua proposta, o senador sugere a criação da carreira nacional
do magistério. Cem mil professores seriam contratados e se concentrariam em 250 municípios de porte médio, os quais têm, em média, 10 mil escolas. Nessas, seriam matriculados três milhões de alunos. No ano seguinte, mais 100 mil professores, mais 250 municípios, mais três milhões de crianças. “O resto do país continuaria crescendo nessa lentidão que vemos, mas essas cidades dariam o salto e, daqui a 20 anos, isso chegaria a todo o Brasil”, soluciona Buarque. Para Schartzman, a lista de temas e interfaces para essa melhoria gradual, e eficiente, é ainda maior. Ele elenca algumas: proporcionar educação pré-escolar de qualidade, sobretudo para crianças de famílias de renda mais baixa (as classes média e alta fazem isso por sua conta); adotar sistemas estruturados de alfabetização,
baseados no método fônico; definir, com clareza, o conteúdo que as crianças devem aprender em cada período; capacitar os professores para transmitirem esses conteúdos; desenvolver materiais didáticos adequados para os professores; avaliar permanentemente o cumprimento das metas de estudo, externamente; escolher diretores escolares que tenham experiência anterior como bons professores, e eliminar indicações políticas; dar aos diretores escolares autonomia para buscar ou afastar professores que não mostrem bom desempenho, dedicação e assiduidade; criar sistemas de recompensas e incentivos para as escolas, diretores e professores que consigam bons resultados. No nível médio, ele acredita que é preciso: simplificar os programas sobrecarregados que hoje existem; ampliar o recrutamento Revista Linha Direta
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O Ideb Brasil em relação aos demais países O rápido desenvolvimento econômico pelo qual o Brasil vem passando nos últimos anos e a inclusão das classes C, D e E na economia formal e no Ensino Superior privado brasileiro sugerem um aumento, também, no nível de escolaridade e formação do brasileiro. Mas, diferentemente de outros países, as políticas públicas elencadas para a educação no Brasil parecem não ter atingido o topo da lista de prioridades nos últimos mandatos. No entanto, de certa forma, a opinião de alguns especialistas é a de que não estamos tão abaixo dos índices observados em outros países, principalmente nas Américas. Segundo uma avaliação da Unesco, o Brasil está na média da região latino-americana. As exceções são Cuba, que tem um regime centralizado e tradicional, e Chile, que tem melhorado progressivamente graças a políticas consistentes, reformas e investimentos no sistema educativo. O especialista em educação, Simon Schartzman, acredita que os demais países da região padecem de problemas parecidos com os nossos. “Alguns que estavam igualmente mal, 30 ou 40 anos atrás, como a Coreia e a Irlanda, conseguiram resolver a situação com investimentos pesados e mudanças profundas de política educativa. Portanto, mesmo no Brasil, não é impossível, mas é difícil”, avalia. Questionado, o MEC assegura que está muito atento ao que o resto do mundo vem fazendo em prol da educação. Recentemente, representantes do Ministério participaram de um encontro sobre Ensino Médio em Buenos Aires, onde foram discutidas, entre outros temas, formas de encaminhar o jovem para o Ensino Médio e como captá-lo para a carreira de professor. Segundo informa o MEC, há, sim, uma preocupação em saber o que se faz nos outros países. Um exemplo é o Enem. Ele foi um benchmarking de programas similares nos Estados Unidos, o SAT, e na França, o BAC, ambos de avaliação do Ensino Médio nesses países.
de professores; criar alternativas de formação (geral, técnica, tecnológica) para estudantes de diferentes interesses e condições; eliminar as escolas de dois ou três turnos, generalizando o regime de dedicação completa (pelo menos seis horas por dia); e oferecer condições de trabalho e remuneração adequada para fazer do ensino uma profissão atraente para jovens talentos. “Fazer tudo isso não é fácil, requer dinheiro, esforço e aprendizado contínuo por parte de autoridades educacionais, professores, etc. Algumas dessas ações estão sendo feitas em algumas partes, mas praticamente ninguém está fazendo o conjunto que seria necessário”, enfatiza. Para Ryon Braga, especialista em gestão educacional e presidente da Hoper Educação, os elementos apontados por Schartzman só serão colocados em prática, de forma mais abrangente, se houver gestão. “Atualmente, é o elemento mais escasso na educação pública brasileira. Tanto a gestão como a cultura da gestão estão em falta em todos os níveis, desde a sala de aula, para acompanhar o que e como o professor ensina, passando pela direção das escolas, com forte viés político e pouco administrativo, chegando até a condução das políticas governamentais, que são razoáveis na concepção, mas falhas na execução”. Todas essas medidas, no entanto, estudadas e projetadas para elevar os índices da educação básica brasileira, não serão suficientes se a sociedade continuar entendendo que a educação que se tem atualmente no Brasil é de nível satisfatório. “No momento, 70% dos pais acham que ela é boa. Como esperar cobranças sérias de qualidade, se os maiores interessados estão contentes? Em segundo lugar, é preciso tratar a sala de aula e os métodos de ensino como na ciência convencional. Funciona esse método? O que diz a pesquisa? Discutir o que falaram os autores defuntos e o que prescreve a ideologia não leva a parte alguma”, salienta Moura Castro. “Definir metas ambiciosas para 2022, por exemplo, sem especificar os meios e procedimentos correspondentes para se chegar lá, me parece o que se chama em inglês de wishful thinking”, finaliza Schartzman.¢ *Jornalista, publicitária e consultora em mar keting, comunicação e web da Hoper Consultoria
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Cooperação para o desenvolvimento
Marco Farani*
Cooperación para el desarrollo
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crescimento econômico sustentado, a estabilidade política e o aprimoramento das políticas públicas nacionais têm permitido ao Brasil reduzir gradativamente suas desigualdades regionais e sociais, criando a plataforma para uma atuação mais pró-ativa no exterior, baseada no compartilhamento de conhecimentos e de experiências bem-sucedidas de desenvolvimento. Essa atuação mais assertiva na arena internacional baseia-se, de um lado, no longo exercício de aprendizado obtido em projetos da cooperação
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l crecimiento económico sostenido, la estabilidad política y el perfeccionamiento de las políticas públicas nacionales han permitido a Brasil reducir, gradualmente, sus desigualdades regionales y sociales, creando la plataforma para una actuación con mayor iniciativa en el exterior, basada en el intercambio de conocimientos y de experiencias bien sucedidas de desarrollo. Esta actuación más asertiva en el ámbito internacional se basa, de un lado, en el largo ejercicio de aprendizaje obtenido en proyectos de la cooperación técnica recibida del exterior, que resultó en la formación de entidades modelo en el país. Estas entidades pasaron a actuar, en determinado momento, como base para la oferta de cooperación técnica brasileña a países en desarrollo. Por otro lado, las ventajas comparativas de Brasil frente a otros actores de la cooperación interna-
técnica recebida do exterior, que resultou na formação de entidades modelares no país. Essas entidades passaram a atuar, em dado momento, como base para a oferta de cooperação técnica brasileira a países em desenvolvimento. De outro lado, as vantagens comparativas do Brasil frente a outros atores da cooperação internacional – seja em termos de localização geográfica, seja em função de herança cultural e linguística e de desafios comuns no campo social e econômico, como ainda de seu compromisso com a solução pacífica de conflitos –, igualmente têm favorecido a ampliação da cooperação Sul-Sul do Brasil. A conjunção desses fatores, aliada à disponibilidade de conhecimento e tecnologias de fácil adaptação para a realidade de outros países, tem transformado o Brasil em referência no campo da cooperação internacional para o desenvolvimento. Nesse contexto, o presidente Lula determinou ao Ministério das Relações Exteriores a ampliação, a partir de 2003, da cooperação técnica horizontal do Brasil como importante instrumento de adensamento das relações com países em desenvolvimento, em linha com o compromisso do Brasil de assumir maiores responsabilidades no plano internacional. A expansão da rede de embaixadas do Brasil no exterior converge para o sucesso dessa estratégia. A estratégia da cooperação técnica prestada pelo Brasil está centrada no fortalecimento institucional de nossos parceiros, condição fundamental para que a transferência e a absorção dos conhecimentos sejam realmente efetivadas. Sem fins lucrativos e desvinculada de interesses comerciais, a cooperação técnica Sul-Sul é baseada no conceito de “diplomacia solidária” e pretende compartilhar nossos êxitos e melhores práticas nas áreas demandadas pelos países parceiros, sem imposições. A Agência Brasileira de Cooperação (ABC), como órgão do Ministério das Relações Exteriores, tem buscado implantar, desde 2008, uma nova estratégia de ação para a cooperação Sul-Sul, que privilegia a concepção, sempre que possível, de projetos estruturantes no lugar da reprodução automática do modelo tradicional de projetos pontuais. Os projetos estruturantes oferecem di-
cional, sea en términos de localización geográfica, sea en función de herencia cultural y lingüística y de desafíos comunes en el campo social y económico, así como también de su compromiso con la solución pacífica de conflictos, igualmente han favorecido la ampliación de la cooperación Sur/Sur de Brasil. La conjunción de estos factores, aliada a la disponibilidad de conocimiento y tecnologías de fácil adaptación para la realidad de otros países, ha transformado a Brasil en referencia en el campo de la cooperación internacional para el desarrollo. En este contexto, el presidente Lula determinó al Ministerio de Relaciones Exteriores la ampliación, a partir de 2003, de la cooperación técnica horizontal de Brasil como importante instrumento de intensificación de las relaciones con países en desarrollo, en línea con el compromiso de Brasil de asumir mayores responsabilidades en el contexto internacional. La expansión de la red de embajadas de Brasil en el exterior converge para el éxito de esta estrategia. La estrategia de cooperación técnica prestada por Brasil está centrada en el fortalecimiento institucional de nuestros socios, condición fundamental para que la transferencia y la absorción de los conocimientos sean realmente llevadas a la práctica. Sin fines lucrativos y desvinculada de intereses comerciales, la cooperación técnica Sur/Sur es basada en el concepto de “diplomacia solidaria” y pretende compartir nuestros éxitos y mejores prácticas en las áreas demandadas por países socios, sin imposiciones. La Agencia Brasileña de Cooperación (ABC), como órgano del Ministerio de Relaciones Exteriores, ha buscado implementar, desde 2008, una nueva estrategia de acción para la cooperación Sur/ Sur, que privilegia la concepción, siempre que sea posible, de proyectos estructurantes en el lugar de la reproducción automática del modelo tradicional de proyectos puntuales. Los proyectos estructurantes ofrecen diversas ventajas para la cooperación brasileña y, principalmente, para los países que están en posición de ser beneficiados, una vez que hay mayor impacto social y económico, además de mayor sostenibilidad. Brasil mantiene relaciones de cooperación técnica con América Latina, Caribe y África, con actuRevista Linha Direta
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versas vantagens para a cooperação brasileira e, principalmente, para os países beneficiários, uma vez que têm maior impacto social e econômico, além de maior sustentabilidade. O Brasil mantém relações de cooperação técnica com a América Latina, Caribe e África, com atua ções pontuais nos demais continentes. Os custos operacionais da cooperação brasileira são reduzidos, sobretudo porque as ações de capacitação são realizadas, em sua maioria, por especialistas disponibilizados por instituições públicas nacionais. Não obstante, a ABC tem mantido um contato cada vez mais frequente com entidades da sociedade civil, na intenção de ampliar o leque de oportunidades da cooperação horizontal brasileira. A ABC administra, atualmente, uma carteira composta de 563 projetos e atividades pontuais de cooperação técnica Sul-Sul, em benefício de 58 países em desenvolvimento da América Lati-
... a cooperação triangular é complementar à cooperação Sul-Sul... // ... la cooperación triangular es complementaria de la cooperación Sur/Sur... na, Caribe, África, Ásia e Oceania. A cooperação técnica Sul-Sul bilateral brasileira se concentra nas áreas de agricultura, segurança alimentar, formação profissional, educação, esporte, governo eletrônico, saúde, meio ambiente, tecnologia da informação, prevenção de acidentes de trabalho, desenvolvimento urbano, biocombustíveis, transporte aéreo, turismo e justiça. Novas áreas temáticas têm sido contempladas, tais como capacitação de agentes governamentais na área de finanças públicas, cultura, comércio exterior e direitos humanos. Embora a cooperação técnica Sul-Sul na vertente bilateral seja uma prioridade da política externa brasileira, a ABC avalia que parcerias na modalidade triangular contribuem para potencializar o impacto das ações de desenvolvimento. Em razão das mesmas vantagens comparativas, que criam
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aciones puntuales en los demás continentes. Los costos operacionales de la cooperación brasileña son reducidos, sobretodo porque las acciones de capacitación son realizadas, en su gran mayoría, por especialistas puestos a disposición por instituciones públicas nacionales. No obstante, la ABC ha mantenido un contacto cada vez más frecuente con entidades de la sociedad civil, con la intención de ampliar el radio de oportunidades de la cooperación horizontal brasileña. La ABC administra, actualmente, una agenda compuesta por 563 proyectos y actividades puntuales de cooperación técnica Sur/Sur, en beneficio de 58 países en desarrollo de América Latina, Caribe, África, Asia y Oceanía. La cooperación técnica Sur/Sur bilateral brasileña se concentra en las áreas de agricultura, seguridad alimenticia, formación profesional, educación, deporte, gobierno electrónico, salud, medio ambiente, tecnología de la información, prevención de accidentes de trabajo, desarrollo urbano, biocombustibles, transporte aéreo, turismo y justicia. Nuevas áreas temáticas han sido contempladas, tales como capacitación de agentes gubernamentales en el área de finanzas públicas, cultura, comercio exterior y derechos humanos. A pesar de que la cooperación técnica Sur/Sur, en realidad vertiente bilateral, sea una prioridad de la política externa brasileña, la ABC evalúa cuáles asociaciones en la modalidad triangular contribuyen para maximizar el impacto de las acciones de desarrollo. En virtud de las mismas ventajas comparativas que crean un ambiente internacional favorable a la actuación de Brasil en la cooperación Sur/Sur, el país viene siendo procurado por organismos internacionales y países donadores tradicionales interesados en desarrollar mecanismos de actuación conjunta en beneficio de países en desarrollo. El reto de la cooperación triangular es el de articular las acciones de cooperación Sur/Sur con las de la cooperación Norte/Sur llevada a cabo por los países donadores, a partir de mecanismos que sean eficientes y valoricen las contribuciones de cada socio. Para el gobierno brasileño, la cooperación triangular es complementaria de la cooperación Sur/Sur, y debe respetar los mismos principios aplicados a aquellas modalidades, sean el
um ambiente internacional favorável à atuação do Brasil na cooperação Sul-Sul, o país vem sendo procurado por organismos internacionais e países doadores tradicionais, interessados em desenvolver mecanismos de atuação conjunta em benefício de países em desenvolvimento. O desafio da cooperação triangular é o de articular as ações de cooperação Sul-Sul com as da cooperação Norte-Sul, levada a cabo pelos países doadores, a partir de mecanismos que sejam eficientes e valorizem as contribuições de cada parceiro. Para o governo brasileiro, a cooperação triangular é complementar à cooperação Sul-Sul e deve respeitar os mesmos princípios aplicados àquela modalidade: o de ser reativa a demandas originárias de países em desenvolvimento (demand-driven), o de não interferir em assuntos internos dos países beneficiários e o de não estabelecer condicionalidades aos beneficiários. Especificamente no campo da educação, a ABC tem se esforçado para atender à crescente demanda internacional por cooperação. Neste sentido, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) tem sido importante parceiro para a promoção do desenvolvimento em diversos países, já tendo criado, mediante projetos coordenados pela ABC, centros de formação profissional em dez países. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), por sua vez, foi responsável pela abertura de um centro de formação profissional na área de turismo. Na mesma direção, ações de cooperação triangular, envolvendo organismos internacionais e entidades civis brasileiras, pretendem levar a países em desenvolvimento programas que têm como objetivo construir, equipar e colocar em funcionamento escolas comunitárias e transferir para agentes multiplicadores o conhecimento sobre a prática educacional em períodos fora do horário escolar. O esporte educacional contribui, dentre outros fatores, para a inclusão social e a diminuição da violência entre os jovens, ao induzir o desenvolvimento da cooperação, respeito, autoestima e responsabilidade. ¢
de ser reactiva a demandas originarias de países en desarrollo (demand-driven), el no interferir en asuntos internos de los países beneficiarios y el de no establecer condiciones a los beneficiarios. Específicamente en el campo de la educación, la ABC se ha esforzado para atender a la creciente demanda internacional por cooperación. En este sentido, el Servicio Nacional de Aprendizaje Industrial (Senai) ha sido importante socio para la promoción del desarrollo en diversos países, ya habiendo creado, mediante proyectos coordinados por la ABC, centros de formación profesional en diez países. El Servicio Nacional de Aprendizaje Comercial (Senac), a la vez, fue responsable por la apertura de un centro de formación profesional en el área de turismo. En la misma dirección, acciones de cooperación triangular, involucrando organismos internacionales y entidades civiles brasileñas, pretenden llevar a países en desarrollo programas que tienen como objetivo construir, equipar y colocar en funcionamiento escuelas comunitarias y transferir para agentes multiplicadores el conocimiento sobre la práctica educacional en períodos fuera del horario escolar. El deporte educacional contribuye, entre otros factores, para la inclusión social y la disminución de la violencia entre los jóvenes, al inducir el desarrollo de la cooperación, respeto, autoestima y responsabilidad.¢ *Ministro y director de la Agencia Brasileña de Cooperación (ABC), órgano del Ministerio de Relaciones Exteriores
*Ministro e diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), que integra a estrutura do Ministério das Relações Exteriores Revista Linha Direta
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intratexto
Que Ensino Médio queremos? Q
ue Ensino Médio queremos? Este é o título de uma publicação feita em 2009 pela Ação Educativa (que tem a missão de promover os direitos educativos e da juventude), cujo texto de apresentação afirma que “o Ensino Médio ainda carece de uma definição clara de seus objetivos e de um diálogo mais próximo com as demandas educativas dos jovens”. Tal questionamento também tem sido feito pelos educadores desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) sem conseguir, até agora, resposta satisfatória. Contudo, não se pode afirmar que o Ensino Médio careça de objetivos. Na LDB, encontra-se as finalidades para este segmento: o aprimoramento do educando como ser humano, sua formação ética, o desenvolvimento de sua autonomia intelectual e de pensamento crítico, sua preparação para o mundo do trabalho e o desenvolvimento de competências para continuar seu aprendizado.
para o aluno, aspectos importantes de seu desempenho escolar.
E não se pode dizer que faltem esforços para atingir tais finalidades. O próprio Ministério da Educação já lançou vários documentos e medidas voltadas exclusivamente para o setor, propondo diretrizes, parâmetros e caminhos que pudessem impactar positivamente a prática escolar. Além disso, o governo instituiu o Enem e tem tentado a universalização e a sua consolidação como um instrumento de avaliação que apresenta, ao menos
Se os objetivos estão definidos, o público é bem conhecido, as competências e habilidades estão explicitadas, um instrumento de verificação da aprendizagem está estabelecido e já acontece regularmente. O que estaria faltando, então, no Ensino Médio? A resposta parece simples: uma ação efetiva e articulada dos agentes escolares de cada instituição nesse segmento de ensino. Tal ação passa primeiramente pela tomada de conhecimento
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Apesar disso, o segmento é o que menos tem apresentado avanços significativos, como mostram os últimos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Isso significa que pouca coisa desses documentos foi traduzida de modo eficaz para o cotidiano do Ensino Médio e que o Enem não tem tido força suficiente para alterá-lo profundamente. O Ensino Médio estaria, então, fracassado? Claro que não. Tanto é que há, no Brasil, várias escolas cujos alunos são bemsucedidos tanto no Enem quanto nos melhores vestibulares do país, tornando-se ótimos profissionais no mercado de trabalho ou grandes empreendedores. O que se questiona é o fato de esses estudantes serem minoria, demonstrando que, quando se analisa o conjunto, os objetivos propostos para o Ensino Médio não são alcançados por todos os que o concluem.
Gustavo Magalhães*
do que já existe de proposta para o setor, seguida de um maior diálogo com os estudantes para conhecer as suas metas, articulá-las com os objetivos estabelecidos pela Lei e tomá-las como ponto de partida para o desenvolvimento do espírito empreendedor de cada estudante. Com certeza, quem fizer isso verá que há muitos pontos de confluência entre o que buscam os estudantes e o que propõe a Lei. Além disso, desde a 1ª série, as instituições de ensino precisam ter como foco o desenvolvimento das competências e habilidades específicas para o segmento e a sua articulação com os conteúdos e a didática de cada componente curricular. Devem, também, implementar um sistema de avaliação processual, qualitativo e diversificado, que tenha tais competências e habilidades como parâmetro, e trabalhar os resultados parciais dos alunos de maneira a estimulá-los para que melhorem, cada vez mais, seu desempenho e autonomia. Fácil? Certamente não é. Mas, se todo caminho fosse reto, não haveria a próxima curva a desafiar a curiosidade do caminhante para desvendar o desconhecido que está logo ali, do outro lado ou um pouco mais adiante. ¢ *Consultor pedagógico da Rede Pitágoras www.redepitagoras.com.br
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Ler é uma brincadeira!
“A criança e o adulto, o rico e o pobre, o sábio e o ignorante, todos, enfim, ouvem com prazer histórias – uma vez que estas histórias sejam interessantes, tenham vida e possam cativar a atenção. A história narrada, lida, filmada, dramatizada, circula em todos os meridianos, vive em todos os climas. Não existe povo algum que não se orgulhe de suas histórias, de suas lendas e de seus contos característicos. É a lenda a expressão mais delicada da literatura popular. O homem, pela estrada atraente dos contos e histórias, procura evadir-se da vulgaridade cotidiana, embelezando a vida com uma sonhada espiritualidade. Decorre daí a importância das histórias.” Malba Tahan
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o iniciar a leitura do livro As mil e uma noites, deparei com essa apresentação de Malba Tahan, que me encantou e, de imediato, levou-me a refletir, mais uma vez, sobre a importância da leitura para a formação e o desenvolvimento da sociedade como um todo e do próprio indivíduo como ser único e social. Nós, professores, vivemos mergulhados nesse universo e, talvez por essa razão, falar sobre leitura nos pareça um tanto óbvio. No entanto, acredito que esse é um dos temas que devem permanecer vivos em nossa prática pedagógica. Afinal, se reconhecemos que ler é um momento único, em que autor e leitor tornam-se íntimos e partilham sentimentos, experiências, situações, soluções, fantasia e rea-
Adriana Corrias*
lidade, não há como não nos reconhecermos privilegiados nessa interação. É interessante notar como o leitor, ao entregar-se à leitura, é tomado por um enorme sentimento de propriedade sobre a história que está lendo e passa a vivenciá-la por meio de seu envolvimento pessoal e de sua imaginação. Quantos de nós já nos pegamos “discutindo” com um personagem ou tentando sugerir-lhe uma outra saída para as mais diversas questões que se apresentam no decorrer da narrativa? Quem nunca, ainda na infância, sentiu um frio na barriga ao ouvir o Lobo Mau declarar à pobre Chapeuzinho Vermelho que aquela
boca tão grande era para comêla? Pois bem, é por isso que a literatura é mágica e nos fascina a cada nova leitura. Ela amplia nosso conhecimento de mundo, provoca nossos sentimentos, confirma crenças e valores! O ato de ler faz parte do nosso cotidiano e, muitas vezes, nem nos damos conta disso. Lemos o jornal, o cardápio, a receita de bolo, o livro da moda e também aquele criticado por todos. Lemos imagens, cenas na rua, propagandas e até a nossa própria vida. Lemos para adquirir conhecimento, para sonhar, por diversão, necessidade, obrigação. Lemos o que gostamos ou aquilo de que precisamos, e apenas lemos. Lemos para escrever melhor, para viver melhor, para obter mais compreensão do mundo e de nós mesmos. Contos de fada, fábulas, histórias de terror, aventuras, suspenses, histórias em quadrinhos, textos jornalísticos, científicos, poemas, letras de músicas, emails, manuais, revistas... são mesmo inúmeras as possibilidades de leitura com as quais nos defrontamos. E as crianças, assim como nós, estão expostas a esse universo, em um movimento pleno de participa-
ção efetiva, e cada vez mais competente, nas práticas sociais de interação comunicacional. Desse modo, confirma-se a importância da escola como instituição capaz de assegurar que os alunos ampliem suas possibilidades de acesso à leitura, garantindo a conquista de um espaço em que a literatura assuma seu papel principal: promover a reflexão a respeito das experiências humanas. No Colégio Objetivo, desenvolvemos várias atividades ligadas à leitura. Uma delas, em especial, a Atividade Permanente de Lei-
sificadas que ampliem o universo de expectativas dos pequenos leitores. Assim, contos de fadas ainda pouco conhecidos das crianças e clássicos da literatura infantojuvenil, como Alice no País das Maravilhas, Peter Pan, Pinóquio, Robinson Crusoé, Robin Hood, entre outros, ganham vida na voz do professor, como que em um convite para o embarque dos alunos no imaginário da história por ele narrada. O envolvimento de todos nesses momentos é bastante intenso, o prazer é genuinamente revelado, o interesse é despertado, e a busca por leituras mais “auda-
... a literatura é mágica e nos fascina a cada nova leitura. Ela amplia nosso conhecimento de mundo... tura, consiste em uma proposta de trabalho que visa propiciar um prazeroso contato dos alunos com textos literários de qualidade, especialmente no que se refere ao ler para apreciar/fruir e para conhecer. Por ser um projeto comprometido com a formação de leitores, além da oferta de títulos possíveis ao exercício da leitura fluente, buscamos proporcionar opções diver-
ciosas” consolida-se. O professor passa a ter um espaço para dividir com seus alunos a sua paixão pela literatura e pode reencontrar nela instrumentos para aproximar-se ainda mais de seus alunos, de suas percepções, de seus desejos. É um momento valioso de aprendizagem, recheado de magia, mistério, aventura, conhecimento, suspense, brincadeiras, fantasia... infância! É o momento em que sonhar e brincar misturam-se ao aprender e vice-versa. Ler é uma brincadeira muito séria! ¢ *Psicóloga, pedagoga e professora de 4º e 5º anos do Ensino Fundamental do Colégio Objetivo www.objetivo.br Revista Linha Direta
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