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Linha Direta INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO

Aprender-fazendo A educação tecnológica e a robótica como importantes aliadas do ensino

GOOGLE Conteúdos educacionais crescem na internet CONGRESSO Novas soluções de ensino MEC Avaliação das IES

EDIÇÃO 171 ANO 15 - JUNHO 2012

AME Projeto apoiado pelo Criança Esperança

ESCOLA A importância da qualidade nos relacionamentos

Cristiana Parizzi de Andrade

Henrique Pinto Revista Linha Direta


editorial

Robótica educacional

Robótica educacional

A interação dos atores sociais que participam do processo ensino-aprendizado é o princípio fundamental da robótica educacional, que possibilita que professores, alunos e sociedade se organizem e compartilhem conhecimentos. Outra característica dessa ferramenta é a possibilidade do aprender-fazendo, metodologia que tem foco na resolução de situações-problema do cotidiano. No Brasil, a robótica educacional pode ser encontrada nas soluções de aprendizagem da ZOOM, representante exclusiva da LEGO® Education no País. As soluções podem ser aplicadas no contexto curricular, do ensino infantil ao ensino médio, e também em atividades extracurriculares. Para contribuir com a necessidade de mão de obra qualificada que o Brasil vem apresentando, cada vez mais cedo, a ZOOM criou um programa que insere a robótica no ensino médio, e o articulado do SESI/SENAI já está se beneficiando dos resultados. Confira mais na matéria de capa deste mês. Boa leitura!

La interacción de los actores sociales que participan del proceso enseñanza-aprendizaje es el principio fundamental de la robótica educacional, que posibilita que profesores, alumnos y sociedad se organicen y compartan conocimientos. Otra característica de esa herramienta es la posibilidad de aprender haciendo, metodología que tiene enfoque en la resolución de situacionesproblema del cotidiano. En Brasil, la robótica educacional puede ser encontrada en las soluciones de aprendizaje de ZOOM, representante exclusiva de LEGO® Education en el País. Las soluciones pueden ser aplicadas en el contexto curricular, de la enseñanza infantil a la enseñanza media, y también en actividades extracurriculares. Para contribuir con la necesidad de mano de obra calificada que Brasil viene presentando, cada vez más temprano, ZOOM creó un programa que insiere la robótica en la enseñanza media, y el articulado de SESI/SENAI ya está beneficiándose de los resultados. Vea más en la materia de tapa de este mes. ¡Buena lectura!

Marcelo Chucre da Costa Presidente da Linha Direta

Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta

Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, Fundação Universa e Sieeesp

Presidente Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Editora Valéria Araújo – MG 16.143 JP Designer Gráfico Rafael Rosa Gerente Administrativo-financeiro Sandra Ferreira Atendimento Flávia Alves Passos Estagiária de Jornalismo Débora Ferreira Preparadora de Texto/Revisora Cibele Silva Tradutor/Revisor de Espanhol Gustavo Costa Fuentes - RFT1410 Consultor Editorial Ryon Braga Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas Consultora para o Ensino Superior Maria Carmem T. Christóvam

Revista Linha Direta

Conselho Consultivo Ademar B. Pereira Presidente do Sinepe/PR – Curitiba Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sinepe/CE Amábile Pacios Presidente da Fenep Antônio Eugênio Cunha Presidente do Sinepe/ES Antônio Lúcio dos Santos Presidente do Sinepe/RO Átila Rodrigues Presidente do Sinepe/Triângulo Mineiro Benjamin Ribeiro da Silva Presidente do Sieeesp Cláudia Regina de Souza Costa Presidente do Sinepe/RJ Dalton Luís de Moraes Leal Presidente do Sinepe/PI Emiro Barbini Presidente do Sinep/MG Fátima de Mello Franco Presidente do Sinepe/DF Fátima Turano Presidente do Sinepe/NMG Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Gelson Menegatti Filho Presidente do Sinepe/MT Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp

Ivana de Siqueira Diretora da OEI em Brasília Ivo Calado Asepepe Jorge de Jesus Bernardo Presidente da Abrafi e do Semesg José Carlos Barbieri Presidente do Sinepe/NOPR José Carlos Rassier Secretário Nacional da ABM Krishnaaor Ávila Stréglio Presidente do Sinepe/GO Manoel Alves Presidente da Fundação Universa Marco Antônio de Souza Presidente do Sinepe/NPR Marcos Antônio Simi Presidente do Sinepe/Sul de Minas Maria da Gloria Paim Barcellos Presidente do Sinepe/MS Maria Nilene Badeca da Costa Presidente do Consed Miguel Luiz Detsi Neto Presidente do Sinepe/Sudeste/MG Natálio Dantas Presidente do Sinepe/BA Odésio de Souza Medeiros Presidente do Sinepe/PB Osvino Toillier Presidente do Sinepe/RS

Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Paulo Sérgio Machado Ribeiro Presidente do Sinepe/AM Suely Melo de Castro Menezes Vice-presidente do Sinepe/PA Thiers Theófilo do Bom Conselho Neto Presidente da Fenen Victor Maurício Nótrica Presidente do Sinepe/Rio Pré-Impressão e Impressão Rona Editora – 31 3303-9999 Tiragem: 20.000 exemplares

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A Linha Direta, consciente das questões sociais e ambientais, utiliza na impressão desse material, papéis certificados FSC® (Forest Stewardship Council®). A certificação FSC é uma garantia de que a matéria-prima advém de uma floresta manejada de forma ecologicamente correta, socialmente adequado e economicamente viável. Impresso na RONA EDITORA Ltda – Certificada na Cadeia de Custódia – FSC.

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capa

Aprender-fazendo A educação tecnológica e a robótica como importantes aliadas do ensino

I

nventores históricos, como Thomas Edison, Albert Einstein, Santos Dumont e Leonardo da Vinci, nos ensinaram que não existem limites para a imaginação. Eles foram capazes de olhar para as dificuldades e enxergar desafios. É isso o que faz as pessoas mais geniais. A criatividade está por toda parte e pode ser observada inclusive em ambientes de aprendizagem. Por isso, as instituições de ensino não devem deixar o tradicional modelo escolar limitar a liberdade do pensamento. Iniciativas inovadoras, principalmente as relacionadas com o uso de tecnologias, são louváveis e completam a formação dos alunos. Atualmente, existem diversas maneiras de incentivar essa formação. Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), Maurício Pietrocola, doutor em Ensino de Ciências, a maneira mais interessante é a que vincula o uso da tecnologia aos problemas básicos do cotidiano. “As

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pessoas não precisam da tecnologia em algumas situações, mas em outras ela é fundamental”, afirma, ressaltando que são justamente essas situações as ideais para se preparar um cidadão. Os professores que não têm o hábito de trabalhar com situações-problema próximas do cotidiano estão fora de um contexto em que o aluno de fato aprende, e aprende mais, na opinião de Pietrocola. “Não devemos pensar em oferecer soluções temporárias e compactadas”, diz o professor da USP. Ele explica que o interessante é desenvolver a autonomia dos alunos, e o uso das tecnologias contribui significativamente para esse desenvolvimento. A diferença entre esse tipo de ensinamento, que envolve situações-problema, e o modelo de repetições tradicionais de aulas expositivas é total. “Começa pelo protagonismo, ou seja, existe um problema cuja solução fica a cargo dos alunos, guiados pelos profes-

sores”, conta Maurício Pietrocola, dizendo que, nesse tipo de aula, os alunos são convidados a recuperar conhecimentos que desenvolveram previamente e, como protagonistas, têm de tomar decisões, trabalhar em grupo, determinar procedimentos, realizar análises. “É uma atividade totalmente ativa, especialmente pela possibilidade do uso da criatividade guiada pelo conhecimento”, completa. Nas atividades-padrão das escolas, os alunos sabem que existe uma resposta, o professor conhece essa resposta, e o exercício vira um jogo de que grupo consegue encontrar a resposta que o professor quer de maneira mais rápida. Nas atividades que envolvem situações-problema, são oferecidos os problemas e os instrumentos, e os alunos encontram soluções que eles próprios desenvolveram. Sala de aula À primeira vista, a educação tecnológica e a robótica educacional pa-


Divulgação

Marcos Wesley, fundador e presidente da ZOOM, apostou na tecnologia LEGO como ferramenta que potencializa o ensino

recem estar relacionadas somente aos aspectos tecnológicos do ensino. Mas, com um olhar mais atento, percebe-se que elas estabelecem uma relação dos alunos com colegas e professores, o que estimula o trabalho em grupo. Como atividade de ensino, a robótica visa a preparar os alunos para montar mecanismos robotizados, utilizando kits de montagem que fornecem noções de robótica e possibilitam o desenvolvimento de habilidades em montagem e programação de robôs. A atividade incentiva a criação, o desenho, o desenvolvimento, a programação e a utilização de um robô, e está intimamente interligada à solução de

situações-problema reais, podendo dar aos alunos um embasamento sólido para o desenvolvimento de seus próprios projetos. No Brasil, mais de 1,5 milhão de crianças e jovens de 3 mil escolas públicas e privadas já vivem essa realidade em sala de aula. Representante exclusiva da LEGO® ­Education no País, a ZOOM desenvolve soluções de aprendizagem que oferecem aos alunos a oportunidade de aliar conhecimento ao saber-fazer ao serem inseridos no contexto da educação tecnológica. A fórmula está na utilização dos kits tecnológicos da LEGO em conjunto com os fascículos educacio-

nais da ZOOM. “As atividades da coletânea desafiam os estudantes a construir, projetar, programar e inventar soluções para problemas reais, em um processo de aprendizagem que contempla o desenvolvimento de habilidades, competências, atitudes e valores para a vida”, afirma o presidente da ZOOM, Marcos Wesley. Aplicados no contexto curricular, do ensino infantil ao ensino médio, e também em atividades extracurriculares, os programas da ZOOM contam ainda com assessoria às escolas e capacitação, com o objetivo de preparar os educadores para serem mediadores nesse processo que tem como maior Revista Linha Direta


beneficiado o aluno. “O objetivo final é o aluno aprender, ser criativo, saber expressar suas ideias, ter autonomia e autodesenvolvimento. A pessoa aprende muito mais se seguir o próprio caminho do que se alguém resolver por ela”, reforça Marcos Wesley. Para o presidente da ZOOM, o termo robótica parece algo muito inovador, muito místico, mas é algo muito óbvio. Durante toda a sua evolução, o homem aprendeu por meio do fazer, em momentos de desafio, de resolver problemas, e o conhecimento adquirido nesses momentos é incorporado e utilizado novamente para novos desafios, só que num nível mais elevado. “O que a ZOOM faz é voltar ao processo natural de aprendizagem. Para nós, o conteúdo não serve apenas para fazer provas e testes, ele tem de vir num momento em que é preciso, em que é significativo, ou seja, numa situação-problema ou desafio”, explica. Metodologia Os programas de aprendizagem da ZOOM têm o foco na resolução de situações-problema, em que os alunos precisam aplicar conhecimentos de várias áreas para encontrar as soluções. “Quando os educandos criam maquetes e protótipos em LEGO, estão integrando todos os aprendizados de matemática, de física e de outras disciplinas para que esses modelos funcionem”, conta Marcos Wesley, dizendo, ainda, que os estudantes exploram esses conhecimentos de maneira significativa, incorporando essa vivência como aprendizado. A aprendizagem é aquilo que transforma, diferentemente do ensino, em que se tem um conteúdo­ para se fazer um teste. Marcos Wesley conta que, com os Revista Linha Direta

kits da linha educacional da LEGO, os alunos podem, por exemplo, construir o brinquedo Turbo drop de um parque de diversões — aquele em que a adolescente Gabriela Nishimura lamentavelmente sofreu um acidente no Hopi Hari. Por detrás do brinquedo, há uma equação de segundo grau na queda livre dos corpos, e os estudantes podem construir isso em LEGO, incorporando princípios tecnológicos e de robótica. Eles podem também programar, pelo computador, o movimento da cadeira onde as pessoas se sentam no brinquedo, para que haja redução na velocidade do movimento da queda e para que essa redução seja não abrupta, mas gradual, até a completa parada. Com esse exemplo, é possível mostrar para os educandos onde está a matemática e a física no mundo em que eles vivem. “O aprender-fazendo nos programas da ZOOM proporciona atividades que integram naturalmente as competências exigidas pelo mercado de trabalho, o saber trabalhar com outras pessoas, a criatividade, a capacidade de resolver problemas e de utilizar a tecnologia em favor da sociedade”, enfatiza o presidente, ressaltando que o desenvolvimento do País depende de pessoas com esse perfil, que tenham condições de cobrir o grande vácuo apresentado hoje em termos de mão de obra qualificada e liderar, assim, o avanço tecnológico e científico nas próximas décadas. Os kits de montagem alinham motivação, diversão e desafio, fazendo com que as atividades tenham uma linguagem compatível com a idade dos alunos. Marcos Wesley descreve mais uma atividade que pode ser desenvolvida com as soluções de aprendizagem da ZOOM. Ele conta que os estudantes podem desenvolver uma cena do filme Indiana Jo-

Alunos têm a oportunidade de construir robôs e apresentar soluções inovadoras em torneios de robótica apoiados pela ZOOM

Protótipos criados com os kits Educacionais LEGO são ferramentas pertinentes para simulação de situações presentes no cotidiano

O País depende de pessoas criativas, capazes de resolver problemas e de utilizar a tecnologia em favor da sociedade


Divulgação

nes, em que o personagem principal tem de pular de um veículo em movimento e se pendurar em um gancho também em movimento. O ponto de encontro de dois objetos em movimento tem de ser calculado, estimado e projetado com o modelo LEGO. O carrinho é feito com um processador, e um bloco programável controla o movimento do carro, enquanto outro motor controla o gancho que vai segurar o boneco do Indiana Jones no carrinho extra. “Nesse projeto, pautamos uma atividade que tem a ver com cinema, com desafio, o que faz com que a aprendizagem aconteça de maneira natural, e não forçada”, enfatiza Marcos Wesley. Ensino médio As crianças e os jovens do século XXI, para se desenvolver integralmente, precisam ter a capacidade­ de aprender a aprender, e de aprender a fazer. “Com o aprender a aprender, eles vão adquirir as competências para seu autodesenvolvimento”, explica Marcos Wesley. “Com o aprender a fazer, eles vão aplicar as competências desenvolvidas na realização de tarefas”, completa, dizendo ainda que, aprendendo a fazer, eles estarão preparados para contribuir num contexto profissional, e também pessoal. Para introduzir um novo paradigma na educação brasileira através do aprender-fazendo, é preciso, primeiramente, entender que o ensino médio está se alinhando à demanda de mão de obra qualificada das empresas. “Os alunos que têm em vista uma posição dentro de uma empresa, seja de uma indústria, comércio ou serviços, procuram fazer um ensino médio mais prático, mais voltado para o desenvolvimento de habilidades e competências”, explica Marcos Wesley. Segundo ele, Revista Linha Direta


aprender-fazendo é a metodologia da ZOOM, e a empresa a usa para atingir o objetivo de unir habilidades e competências necessárias para o mercado de trabalho. A demanda emergencial por mão de obra qualificada, em vários níveis, levou o governo brasileiro a estabelecer o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Antes, o ensino médio era totalmente propedêutico, só com conteúdos e disciplinas, e agora surgiu a necessidade de preparar tecnicamente os estudantes para o mercado de trabalho”, argumenta o presidente da ZOOM. Para ele, esta é uma situação emergencial que o Brasil está vivendo: a necessidade de um ensino médio concomitante ao ensino profissionalizante. Projeto O aprender-fazendo e o uso da robótica como instrumento e ferramenta vêm ao encontro dessas mudanças que estão acontecendo na educação brasileira. A empresa desenvolveu o Programa ZOOM Curricular para o Ensino Médio, em parceria com a Fundação de Apoio à Faculdade de Educação (Fafe), da USP, sob a coordenação do professor Maurício Pietrocola. Nesse programa, em especial, os conceitos tecnológicos são trabalhados de forma a possibilitar a construção de protótipos que, de alguma maneira, interagem com o meio. São máquinas que não só reproduzem movimentos, tarefas, mas também têm a capacidade de receber feedback do que elas fazem, a partir de um sensor. “Quando se juntam essas duas coisas, tem-se uma ferramenta pertinente para simulação de situações que estão presentes no cotidiano”, explica Pietrocola, dizendo que, com Revista Linha Direta

o kit da LEGO, é possível desenvolver atividades didáticas. O professor dá como exemplo a construção de um bate-estaca, uma máquina usada no começo de obras. O bate-estaca serve, por um lado, como um instrumento de medida do grau de rigidez, da resistência do material que compõe o solo e, ao mesmo tempo, pode definir qual é a especificação das colunas de ferro que serão utilizadas, qual a profundidade, que carga elas podem suportar. “Esse é um problema real de engenharia, que exige conhecimentos muito específicos sobre força e potência, e tem conexão com temas que são estudados na escola, porém de forma muito teórica e separada”, explica Pietrocola. Para ele, é possível juntar tudo isso em uma atividade lúdica. “Pode-se simular a construção de um prédio, por exemplo, e isso só é possível porque, dentro de uma perspectiva de se construir uma situação cotidiana em forma de problema, os alunos são convidados a pensar sobre como solucionar esse problema usando conceitos, mas interagindo com esse material, produzindo situações-problema e respostas simuladas”, afirma. O que se percebe com esse material é que ele tem uma capacidade muito grande de resolver problemas típicos do cotidiano, que dialogam muito diretamente com coisas que se veem no dia a dia. O Programa ZOOM Curricular para o Ensino Médio trabalha a resolução dos problemas, que são calcados em situações cotidianas. “À medida que há progressão no envolvimento do material, procuram-se muitas atividades que não são cotidianas, mas próximas de coisas encontradas no dia a dia, que estão vinculadas a situações que foram veiculadas na televisão ou, eventualmente, foram matéria de jornal. São coisas

que pertencem a esse cotidiano, porém de uma forma mais ampla”, avalia o professor. Foram desenvolvidas programações curriculares para o primeiro, o segundo e o terceiro ano do ensino médio. “Tentamos estabelecer um diálogo entre as três etapas, mas isso é bastante complicado porque o material tem de ter a ver com os conteúdos que o aluno está aprendendo em sala de aula, já que nós não propomos substituir o conteúdo existente, e sim complementá-lo”, explica Pietrocola, dizendo ainda que, ao mesmo tempo, é preciso avaliar a maturidade dos alunos e verificar o que eles são capazes de desenvolver como tarefa. Parceria com SESI O SESI e o SENAI se articularam e desenvolveram o Programa de Educação Básica e Educação Profissional (Ebep) para que alunos do ensino médio do SESI, tanto regular como de programas especiais para jovens e adultos, tenham acesso à formação de nível técnico oferecida pelo SENAI. Nesse programa, está sendo utilizado o Programa ZOOM Curricular para o Ensino Médio, e um curso foi desenvolvido para os professores que utilizam o material do ensino médio. “Os professores do SESI são os primeiros a serem envolvidos nessa formação”, comenta Pietrocola. Marcos Wesley, presidente da ZOOM, conta que o SESI e o SENAI abordam a LEGO-ZOOM para integrar o ensino médio regular com o ensino técnico. “O SESI e o SENAI adotam a metodologia da ZOOM como ferramenta para auxiliar a integração do ensino propedêutico com o ensino profissionalizante”, afirma. Na próxima edição da Linha Direta falaremos mais sobre essa parceria. 


ações de cidadania

Solidariedade reconhecida Projeto que promove inclusão social tem 99% de satisfação dos beneficiados

O

que fazer com os amplos espaços escolares que ficam vazios nos fins de semana? A Ação Mineira para a Educação (AME), organização não governamental de Minas Gerais, acredita que é uma excelente oportunidade de promoção da inclusão social por meio de atividades socioeducativas nas áreas culturais e esportivas. Há dez anos, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a AME realiza essas atividades em algumas escolas do SESI e do SENAI da região metropolitana de Belo Horizonte. Idealizada e fundada por Cristiana Parizzi de Andrade, a Associação está comemorando dez anos no mesmo ano em que passou a ser beneficiada pelo Criança Esperança, programa desenvolvido pela Globo em parceria com a UNESCO, e que conta, também, com a Linha Direta como parceira. O projeto beneficiado foi o Todos por Todos – Educando Além da Escola, desenvolvido na unidade Vila Barraginha, em Contagem, região com graves problemas socioeconômicos e de infraestrutura.

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Segundo Cristiana Parizzi de Andrade, presidente da AME, há dez anos, quando ela assumiu o desafio de contribuir com o desenvolvimento de comunidades vulneráveis, ainda não sabia das fronteiras e as montanhas que teria que ultrapassar. Um dos grandes sonhos da instituição era conseguir o apoio da UNESCO, através do Criança Esperança. “Esse era um sonho que parecia muito distante”, conta Cristiana, ressaltando que hoje, ser Criança Esperança foi o maior presente de dez anos que a AME poderia ter recebido. “Essa é a chancela da credibilidade, da eficácia, da efetividade do nosso projeto”, se orgulha Cristiana.

O projeto Até junho deste ano, mais de 9 mil pessoas já haviam sido atendidas pelo projeto, que é desenvolvido em seis unidades da região metropolitana de Belo Horizonte. A escolha das comunidades se dá por meio de pesquisas e da proximidade com as escolas SESI e SENAI. No primeiro momento, foi pensado em um projeto para crianças e adolescentes de 7 a 15 anos, mas, segundo a gerente da AME, Fernanda Côsso, surgiu a necessidade de estender o atendimento aos familiares e moradores das comunidades como estratégia de fortalecimento de vínculos e maior interação com as comunidades.


Sebastião Jacinto Jr.

Cristiana Parizzi de Andrade, presidente da AME

Para se matricular, a criança deve ser estudante de escola pública e morar na região em que se encontra o projeto.

os jovens que participam desses cursos profissionalizantes têm grandes oportunidades de ingressar no mercado de trabalho.

As inscrições são anuais e as crianças e adolescentes escolhem as oficinas que desejam frequentar. Para a faixa etária de 7 a 15 anos são oferecidas oficinas de percussão, teatro, artes circenses, artes plásticas, teatro de bonecos, dança e esportes. Já para os maiores de 16 anos, as oficinas são de informática básica, dança de salão, fisioterapia preventiva, yoga, artesanato, além dos cursos de Aprendizagem Industrial desenvolvidos em parceria com o SENAI–MG. Para Fernanda Côsso,

As atividades do Projeto Todos por Todos – Educando Além da Escola acontecem aos sábados, das 9h às 17h, sendo que as atividades culturais ocorrem na parte da manhã e as esportivas à tarde. A AME disponibiliza uniformes para todos os atendidos, bem como lanches saudáveis no intervalo das atividades. No horário do almoço, as crianças vão para casa e retornam depois para as atividades esportivas. São cerca de 640 crianças e adolescentes participando do projeto, e

há uma grande fila de espera. “Se fôssemos abrir mais uma unidade, com certeza não faltaria demanda”, conta a gerente. Os encontros acontecem aos sábados, caso a escola necessite do espaço, as atividades são transferidas para o domingo para não prejudicar as atividades, pois a instituição tem um compromisso com as crianças e os adolescentes atendidos. Apesar de os educadores serem todos remunerados, o projeto conta com a ajuda de voluntários, que na maioria das vezes, são ex-participantes que já atingiram a idade limite, mas não querem deixar a AME, portanto voltam para auxiliar nas oficinas. Pesquisa de satisfação Em 2010, a AME encomendou uma pesquisa junto à Fundação Guimarães Rosa para avaliar a satisfação de todos os envolvidos no projeto. Os números revelaram que 99% dos beneficiados pelo programa Todos por Todos – Educando Além da EsRevista Linha Direta


cola sentiram que a vida melhorou com as atividades. Os pais avaliaram que 99% dos educadores eram competentes nas oficinas, e os alunos formaram a mesma quantidade estatística no quesito confiabilidade nos professores. Dessa forma, a Fundação concluiu, no relatório da pesquisa, que o grande diferencial da instituição é o grupo de educadores e instrutores.

de euforia a chegada da AME para melhorar a qualidade de vida de sua população. As oficinas de percussão, teatro, artes plásticas e circenses acontecem no SENAI Euvaldo Lodi, a apenas dois quarteirões de distância da Vila, e as atividades esportivas acontecem no CEFET-Contagem, antiga escola do SESI.

Vila Barraginha

A parceria do Criança Esperança contribui para uma maior eficácia nas oficinas e nas demais ações do Projeto e proporciona visibilidade e reconhecimento para a AME. “A ajuda veio para agregar valor ao nosso trabalho”, explica Fernanda. As atividades proporcionam às crianças e aos adolescentes vivências de cidadania, valorização da autoestima, do protagonismo e da autonomia. A própria coordenadora da região, Alexandra Martins, procura estar sempre em contato com a comunidade e possui muita proximidade com as famílias, o que dá mais credibilidade e confiança ao trabalho desenvolvido.

Localizada numa das áreas mais carentes de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, a Vila Barraginha recebeu com gran-

Para receber a ajuda do Criança Esperança, dois projetos foram inscritos: o do Vale do Jatobá, que foi o primeiro trabalho da AME, e

Para os envolvidos na coordenação do projeto, isso demonstra um reconhecimento enorme do trabalho exercido. “Quando buscamos os educadores, vamos atrás de pessoas que possuem formação específica de acordo com a área de atuação e também afetiva”, explica Fernanda. As crianças participantes ainda apresentaram melhora no comportamento dentro de casa, segundo os pais, e passaram a estudar mais, alcançando melhores resultados na escola.

o da Vila Barraginha. Segundo Alexandra, o que pode ter levado a Barraginha a receber o apoio foi a situação da sua localização. Tratase de uma região de risco e muito vulnerável, com grandes problemas sociais. Ao completar 16 anos, os adolescentes da Barraginha tem a oportunidade de fazer cursos de Informática Básica e de Aprendizagem Industrial oferecidos pelo SENAI em parceria com a AME. Nos cursos de Aprendizagem Industrial, os estudantes são remunerados e têm a possibilidade de entrar no mercado de trabalho, considerando a grande procura por mão de obra técnica qualificada. Festa de final de ano Todos os anos, a AME realiza a festa de Confraternização de Natal no teatro Sesiminas com uma apresentação cultural, encenada pelos próprios participantes do Projeto Todos por Todos – Educando Além da Escola. Este evento é um momento de integração e reflexão sobre as ações realizadas no decorrer do ano.  Sebastião Jacinto Jr.

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Atividades desenvolvidas na AME da Vila Barraginha


Eu faço as oficinas de artes e circo, e aprendo a desenhar, pintar, fazer malabarismos e acrobacias. Já faz uns cinco ou seis anos que estou no projeto, onde aprendo coisas que são desafios para nós (os educandos) e nos ajudam a ter equilíbrio. Com o apoio do Criança Esperança, passamos a nos esforçar mais. Vitor Hugo, 13 anos Fotos: Valéria Araújo

Essa vai ser a segunda vez que me apresento. Eu que pedi para minha mãe me colocar no projeto. Além de aprender, o projeto ajuda até pais e filhos a terem um diálogo melhor. Quando a Alexandra falou que nós íamos ter a parceria com o Criança Esperança, todos nós começamos a gritar e a pular. Antes nossas aulas eram sempre dentro de sala, e agora são ao ar livre. Emanuela Evelyn, 12 anos Na oficina de teatro, fazemos vários exercícios. Às vezes a professora pede para a gente fazer uma minipeça, produzida por nós mesmos. Com essas aulas eu melhorei muito, era muito tímida e consegui me desenvolver. Quando vou apresentar um trabalho na escola, me sinto menos nervosa. Estou na AME desde os sete anos e pretendo continuar no projeto até quando não puder mais. Lorrany Ketlyn, 13 anos Eu me sinto mais alegre e mais feliz desde que entrei no projeto, porque quando estou em casa, praticamente não tenho nada para fazer. Mas no projeto a gente conversa e participa das atividades. Letícia Mendes de Almeida, 12 anos Eu já fazia o projeto, mas tive de sair e depois não tinha mais idade para participar, e resolvi ser voluntário. Eles já me ajudaram, então é justo que agora eu ajude. É como se eu ainda fizesse parte, mas tenho uma responsabilidade a mais. Vou começar um curso de Ajustagem Mecânica no SENAI no próximo mês pela AME e acho que vai ser bom, espero que eu consiga arrumar um emprego rapidamente. Fabrício Kennedy, 16 anos, voluntário Tenho um filho que está participando e outro que já até saiu. A AME foi a melhor coisa que aconteceu na nossa vida. Eu explico para meus filhos que nunca tive uma oportunidade como a AME. Eles têm acesso até a cursos do SENAI, e precisam aproveitar. Denise Sousa Nunes, mãe de educando O apoio do Criança Esperança foi de fundamental importância esse ano. A minha oficina, por exemplo, passou a ter outro colorido. Agora temos cavaletes, aventais, telas, tinta acrílica e todo esse brilho fez aumentar o envolvimento das crianças na oficina. Patrícia Noce Marra, educadora da oficina de artes plásticas e visuais O projeto ajudou em muito as crianças da Barraginha. O fato de se apresentarem no Teatro Sesiminas já os deixa muitos honrados, valorizados e com a autoestima elevada. Como o índice de criminalidade é mais alto nos fins de semana, e eles já passam o sábado todo conosco, é bom para eles crescerem. Eu também cresci muito, pessoal e profissionalmente falando. Alexandra Martins, coordenadora da AME Barraginha Revista Linha Direta


tecnologia

Conteúdos educacionais crescem na internet Jovens estão cada vez mais em busca de informações na rede

C

om a invenção da internet, muitas transformações aconteceram. As influências da nova tecnologia foram bastante notáveis, e o setor de informação foi o primeiro a sentir os impactos, devido à facilidade de acesso. No entanto, as mudanças não se limitaram à acessibilidade: passaram a influenciar também nas escolhas dos usuários. O crescente acesso à informação resultou numa mudança no modo como as pessoas se conectam aos conteúdos disponíveis. Surgiram os problemas de excesso de informações e se tornou necessário realizar um filtro maior do que seria, de fato, relevante para os

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usuários. A tecnologia, fator imprescindível no desenvolvimento dessa facilidade de acesso, está crescendo, em média, 30% ao ano no Brasil. Novas atitudes Após uma avaliação de dados a respeito do processo de escolhas na internet, as empresas que ainda não estão na rede estão em desvantagem, se comparadas às outras. Essa foi a conclusão a que chegou Paulo Cabral, gerente de novos negócios do Google, durante o GEduc 2012. Segundo ele, 70% do tempo gasto na procura por informações é online, ou seja, as instituições que não dispõem informações na rede só al-

cançam as pessoas em uma parte pequena do processo de decisão. Para Paulo, o modo como as pessoas se comportam e suas atitudes diante dessa nova tecnologia é muito diferente de quando ela não existia, tanto em relação ao consumismo quanto à filantropia. Estima-se que 2 bilhões de dólares tenham sido vendidos via smart­ phones no e-Bay, em 2010, segundo o site techcrunch.com, nos Estados Unidos. Durante a arrecadação de donativos para o Haiti, no mesmo ano, 20% dos participantes optaram por doações via mensagens de texto na primeira semana após o desastre, segundo o site mashable.com. “Não dava para imaginar que as pessoas iam


Andreia Naomi

Lia Konskier, Luciana Cordeiro e Paulo Cabral, gerentes da Google, falam da busca por informações na internet

fazer compras através de um telefone celular. Hoje há muita velocidade, profundidade e quantidade de informações”, ressalta o gerente de novos negócios do Google. As pessoas estão usando cada vez mais ferramentas de internet e de tecnologia em benefício próprio. Não apenas no setor educacional e de informação, mas também nos relacionamentos e no lazer. É uma busca sem limites por conhecimento e interação, que não é possível em nenhum outro veículo. Para as empresas, a vantagem é de poder criar uma proximidade maior com os clientes potenciais e ser vistas por eles num momento de descontração, como na exibição de um vídeo, ou mesmo en-

quanto os usuários estão à procura de outros conteúdos.

na própria internet, na página da instituição.

A educação na internet

Como exemplo, ela cita os vestibulandos. Há a necessidade de escolher um determinado curso para concorrer no vestibular, um cursinho para estudar, e descobrir quais são as instituições que oferecem o que eles estão procurando. Todas essas informações serão obtidas por meio de pesquisas em sites. No final do processo, o candidato já tomou sua decisão e irá realizar sua inscrição pela internet mesmo. “A televisão e a revista são informativas, mas realmente se consegue pesquisar mais profundamente e concluir a inscrição no meio ­online”, completa Lia.

Segundo Lia Konskier, gerente de Contas de Educação do ­Google, há uma pesquisa que estima que o tempo gasto por um usuário em busca de informação sobre educação para tomar uma decisão é de seis meses. Durante todo esse intervalo, buscam-se informações a respeito de cursos, instituições, benefícios e melhores localizações. Somente após uma análise completa é que se conclui a matrícula ou inscrição. Lia ressalta que, além de a busca ser online, o processo de decisão, na maioria das vezes, é efetivado

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A gerente de Contas de Educação do Google ressalta ainda que as instituições de educação devem tentar impactar os estudantes durante todo o processo de pesquisa e decisão. Para isso, elas devem estar no lugar certo, e sempre onde estão os alunos. Os recursos devem ser explorados, já que as possibilidades na internet são enormes. Segundo pesquisa realizada pelo ­Google em parceria com a TNS, em 2011, 94% dos estudantes pesquisados utilizaram o Google como ferramenta de pesquisa no processo de decisão, e os serviços de vídeo e a tecnologia móbile já fazem parte do cotidiano de muitos jovens. Para eles, é essencial que o conteúdo educacional seja acessível, pois isso desperta a atenção para a instituição, que consegue estar sempre presente, de alguma forma, em seu dia a dia.

passadas”, explica a também gerente de Contas de Educação do Google, Luciana Cordeiro. Ferramentas para as instituições As instituições devem ficar atentas a todo esse movimento da nova geração. São muitas as possibilidades a serem exploradas para uma maior visibilidade. Paulo explica que as ferramentas de busca mais utilizadas pelos alunos são os sites de pesquisa tradicional, o YouTube e os smartphones. Isso se deve em parte, à faixa etária desses jovens, que navegam diariamente para acessar conteúdos diversos, inclusive educacionais. Não há um número preciso que mostre a quantidade de dados sobre educação online, no entanto ele é muito vasto e está na lista dos principais conteúdos disponíveis na rede. “Mais importante do que ter volume de conteúdo é haver interesse sobre ele”, diz Paulo.

... as empresas que ainda não estão na rede estão em desvantagem, se comparadas às outras. Essa procura por um grande volume de informações é, inclusive, característico do Brasil. Paulo Cabral revela que, segundo uma pesquisa feita pelo Comscore em 2011, 40% de todos os internautas do País visitam sites relacionados à educação. Para ele, isso demonstra uma afinidade maior dos brasileiros com essas páginas, se comparados à média global, que é de 29%. “O Brasil está passando por um período de possibilidades de consumo de serviços de educação muito grande, e isso se reflete também na internet. Os jovens hoje têm mais recursos para se educar que as gerações Revista Linha Direta

A divulgação, por parte da instituição, pode ser feita de várias formas. Há os sites de pesquisa, os de parceiros, as redes sociais, os smartphones. O Google anunciou mais duas novidades tecnológicas que poderão ser aproveitadas pelas empresas: o novo sistema de reconhecimento de voz e o de imagens. Um comando vocal será o suficiente para que se faça uma pesquisa sobre determinado assunto, assim como uma imagem escaneada, que procurará outras semelhantes e resultados a respeito dela. Luciana completa que uma empresa pode explorar

essa tecnologia a partir do momento em que a pessoa procura por um determinado curso e o encontra por meio do novo sistema. Até mesmo o GPS pode facilitar o contato das instituições com os possíveis alunos. Hoje em dia, todo smartphone possui esse serviço de localização, portanto as pessoas têm grande afinidade com ele. O usuário pode realizar uma pesquisa, a partir de onde está localizado no exato momento da busca, para descobrir as unidades das instituições mais próximas. Essa é uma novidade ainda pouco explorada, porém muito relevante, tendo em vista que a proximidade é um dos fatores que influenciam na hora da escolha dos estudantes, e não é necessário nenhum investimento financeiro, pois o sistema de busca faz essa identificação do satélite. Publicidades passivas também podem ser valiosas. Em meio ao intenso tráfego de dados da internet, as instituições que souberem aparecer, sem que sejam procuradas, podem tirar proveito da situação. Se um usuário estiver navegando por uma página que possui conteúdo relacionado a uma escola, por exemplo, ele poderá ter contato com a instituição, ainda que não tenha nenhuma necessidade naquele momento. Mas caso ele esteja em processo de decisão, ou o faça em um determinado momento, a empresa já estará na mente dele. De acordo com Luciana, o grande diferencial da internet, em relação ao longo processo de tomada de decisão, é a possibilidade de estabelecer um planejamento para impactar os alunos, ao longo de todo o tempo, de maneiras diferentes. 


gestão

Escola, um ambiente relacional

Henrique Pinto*

D

eus criou o ser humano para relacionar-se com Ele. O livro de Gênesis relata que Deus, ao cair da tarde, procurava o homem para um relacionamento pessoal. Mas o homem afastou-se desse relacionamento ao se rebelar contra o seu Criador. Com isso, o homem, ao longo dos anos, passou a ter uma necessidade imperiosa de relacionar-se com o outro. Jesus vem e coloca novamente o relacionamento como algo vital para o ser humano.

(...) a única coisa importante é que, para cada um dos dois homens, o outro aconteça como este outro determinado; que cada um dos dois se torne consciente do outro de tal forma que precisamente por isso assuma para com ele um comportamento, que não o considere e não o trate como seu objeto, mas como seu parceiro num acontecimento da vida, mesmo que seja apenas uma luta de boxe. Martin Buber Revista Linha Direta

Martin Buber, filósofo, escritor e pedagogo, judeu de origem austríaca, escreveu o interessante livro Eu e tu, publicado em 1923, no qual ressalta a importância do relacionamento interpessoal, do relacionamento do eu com o tu (o outro). Para Buber, saber se relacionar era mais importante do que ser individualmente bemsucedido e, como pedagogo, defendia que o mais importante era a conversa e a cooperação. A base de seu pensamento é o diálogo como única saída para o mundo em que viveu, dividi-


do e marcado pela intolerância e pela violência — um pouco como nos dias atuais. Em anos passados, numa conversa com um amigo, ele defendia que relacionamento na educação era uma commodity, e não algo relevante e imperioso para o sucesso de uma escola e seu projeto pedagógico. A escola é um ambiente, por excelência, relacional. O sucesso de uma escola e do seu projeto pedagógico está intrinsecamente ligado à forma como “as gentes” que fazem a escola se relacionam, e aqui temos duas categorias de “gentes”: na primeira estão os atores que fazem a escola de dentro para fora — professores, alunos, equipe técnica e direção, e por que não dizer, os pais; na segunda, os que fazem a escola de fora para dentro — pais, comunidade, governo etc. Como se pode notar, a escola é um espaço onde as relações são a causa do sucesso e do fracasso do seu projeto. Observo que as escolas que têm o relacionamento como referencial são escolas de sucesso. E, a meu ver, o diretor é o guardião e garantidor de que as relações no ambiente educacional sejam saudáveis. A título de ilustração, fiz um diagrama, ao qual dei o nome de Relacionograma de uma escola, em que aponto as diversas linhas de relacionamento existentes no ambiente de uma instituição de ensino. E aqui não estou tratando das formas hoje utilizadas para o relacionamento protocolar, obrigação também de qualquer escola. Por relacionamento protocolar entendo as formas gerenciais, utilizadas através de ferramenRevista Linha Direta

RELACIONOGRAMA DE UMA ESCOLA

ALU ALUNOS

COL

COM

COLEGAS

COMUNIDADE

DIR DIRETOR

PRO

PAI

PROFESSORES

PAIS

FUN

FUNCIONÁRIOS

tas (CRM e outras) que nos auxiliam a conhecer o nosso público, para ações de fidelização. Quero tratar do relacionamento que se estabelece no ambiente educacional, entre professores e alunos, professores e direção, família e seus relacionamentos com professores, direção e filhos. Quando uma família matricula seu filho na escola, ou um jovem assina um contrato com a universidade, estabelece-se uma forma de relacionamento formal, mas o mais importante é o que podemos denominar de vínculo emocional, ou afetivo. Quando se estabelecem vínculos emocionais, que são forjados num ambiente de relacio-

Diretor: responsável pela qualidade das relações na escola

namento sadio, “o ser humano se torna eu pela relação com o você. À medida que me torno eu, digo você. Todo viver real é encontro”, diz Buber. Por isso, escola de sucesso é aquela na qual se estabelece um ambiente em que o relacionamento entre as pessoas é incentivado, onde as pessoas se respeitam e se estimulam, porque, assim fazendo, as metas e os objetivos são alcançados.  *Diretor da Rede Cristã de Educação e vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) www.redecristadeeducacao.com.br


pró-texto

Novas soluções de ensino A

fim de manter sua linha de constante evolução, o Sistema COC de Ensino promoveu um congresso no dia 23 de maio, em Belo Horizonte/MG, voltado para professores e gestores de escolas parceiras. O objetivo do evento foi apresentar as novidades do sistema na educação infantil, no conteúdo digital e no material modulado pré-vestibular. Dois palestrantes foram convidados para falar sobre a visão da escola como empresa e sobre a importância de ideias criativas e inovadoras. O diretor pedagógico Zelci Clasen de Oliveira salientou a relevância de se especializar o ensino para alcançar melhores resultados. As escolas devem acompanhar o raciocínio dos pais de que, ainda que os alunos sejam crianças, é fundamental que o colégio tenha um bom desempenho em toda a formação educacional, desde o infantil até o ensino médio.

caras para o serviço que oferecem. No entanto, as instituições de ensino também são empresas e, em consequência, sobrevivem da entrada de capital. Os gestores devem ter essa visão e pensar em estratégias de vendas, até mesmo para sobreviver à crescente concorrência.

Encantador de clientes

Os conteúdos digitais na escola

A primeira palestra, com o título Encantador de clientes, foi ministrada pelo vendedor e administrador Claudio Diogo. Para ele, há no Brasil um grave problema: o de considerar que cultura e educação devem ser gratuitas. Por conta disso, os pais acham as escolas muito

Para Gilmar Godoi, coordenador pedagógico do COC, é preciso que a escola se adapte a uma nova realidade. O contexto atual é de uma imersão cada vez maior nas tecnologias, o que leva os discentes a dominarem novos mecanismos de comunicação, conexão e aprendi-

Revista Linha Direta

Foi realizada uma pesquisa com os 200 profissionais de vendas mais bem-sucedidos de empresas de ramos variados para descobrir o que os tornou especiais. A conclusão foi de que os melhores vendedores são aqueles que têm visões estratégicas e comerciais. O grande segredo é entender que as pessoas não compram o produto pelo que é, e sim pelo que proporciona. No contexto educacional, isso significa que os pais não querem apenas matricular seus filhos na escola, mas que eles tenham um bom futuro e sejam felizes.

zagem dentro e fora do ambiente escolar. Surge, portanto, a necessidade de trabalhar com assuntos e atitudes no ambiente virtual, por meio de propostas, ferramentas e conteúdos digitais. Esses novos conteúdos digitais têm uma série de características próprias, inovadoras e contextualizadas com esses novos tempos, tais como mobilidade, virtualidade, flexibilidade, colaboratividade e várias outras. Essas características já fazem parte do cotidiano estudantil, e tanto podem como devem ser adotadas no ambiente escolar. Os conteúdos digitais permitem que a escola acompanhe os estudantes no momento em que o processo de ensino-aprendizagem está ocorrendo. Esse acompanhamento acontece pelo fato de a virtualidade permitir o rastreamento e a documentação das ações pedagógicas, do ensino à avaliação, pois toda a navegação feita por professores e alunos, em seus diversos dispositivos, pode ser acompanhada pela escola. Pensando nesse novo contexto e nos benefícios que ele pode trazer para o processo educativo como um todo, o Sistema COC de Ensino expandiu as ferramentas e assuntos presentes no Portal COC Educação e criou uma nova proposta para


COC lança novos materiais infantis e novo programa pré-vestibular

Divulgação

Participantes do congresso do Sistema COC, realizado em Belo Horizonte

aplicação de conteúdos digitais. Alunos e familiares terão mais possibilidades de interatividade com a instituição de ensino, e encontrarão recursos de aprendizagem compatíveis com a nova linguagem do mundo virtual, como atividades dinâmicas e hiperlinks de pesquisa em vídeos ou animações. Nos conteúdos digitais do COC, foi produzido um ecossistema

educativo envolvendo uma nova proposta pedagógica para o ensino e aprendizagem que envolve algumas inovações didáticas e instrumentos metodológicos. Aulas digitais, com possibilidade de pesquisa autônoma, construção de aprendizagem significativa individual, avaliação permanente e rematrícula, em casos de aprendizado considerado insuficiente, são algumas das fer-

ramentas proporcionadas pelo novo conteúdo digital elaborado pelo COC. Propostas multimetodológicas para as crianças A educação infantil é cada dia mais reconhecida por sua importância no processo de formação de cidadãos. Segundo a coordenadora pedagógica do Revista Linha Direta


COC, Daniela Alves, 90% das conexões cerebrais são realizadas em crianças de zero a 6 anos, ou seja, é a idade ideal para o desenvolvimento de habilidades. O material didático COC para educação infantil consiste em Cadernos de Atividades para alunos e Manuais de Utilização para professores, e existe em versões impressa e online (no Portal COC Educação). O conteúdo está dividido por áreas, exploradas em três unidades temáticas: linguagens de expressão (oral, escrita, corporal e musical), natureza e sociedade (linguagem afetivo-social e ciências) e matemática. A abordagem conceitual se baseia em quatro pilares, que são desenvolver habilidades para adquirir novos conhecimentos, estimular o pensamento criativo, desenvolver a comunicação e desenvolver habilidades para inteligência emocional. Daniela pontuou três desafios da educação infantil que o COC busca superar com o novo material. Além do reconhecimento da educação infantil, já citado, a busca pela qualidade do setor, que pode ser alcançada com o aperfeiçoamento dos educadores, e o projeto pedagógico de longo prazo, que vem sendo a principal proposta deste sistema de ensino. Outra novidade é a ampliação do site da Turma COC (www.turmacoc.com.br). Em todas as datas comemorativas, haverá jogos especiais. Além deles, o Portal tem 45 jogos que estimulam as crianças de formas diversas. Para as Olimpíadas de Londres 2012, uma página infantil também foi criada, com imagens, vídeos e textos que contam as histórias e curiosidades dos Jogos Olímpicos. Revista Linha Direta

Disciplinas isoladas

Necessidade de inovação

Zelci Clasen apresentou o novo curso de disciplinas isoladas do pré-vestibular. A estrutura consiste em módulos que visam a atender às necessidades específicas nas disciplinas. A proposta surgiu a partir do cenário dos pré-vestibulares, que já começa a dar sinais de desgaste. Os alunos agora estão em busca de um ensino mais aprofundado, salas menos cheias, professores qualificados, horários flexíveis e custos moderados.

Para sobreviver ao mercado, as empresas necessitam investir cada vez mais em produtos, clientes e espaços. A pesquisadora e consultora Martha Gabriel explicou ao público presente no evento todo o processo criativo de ideias inovadoras e chamou a atenção para a importância delas. No ramo educacional, as escolas precisam inovar em sua metodologia e infraestrutura e investir no corpo docente, para estar sempre à frente dos concorrentes.

Desse modo, as Isoladas COC aparecem como uma maneira de preencher os vácuos do mercado. O material modulado pode ser trabalhado em sua versão completa ou apenas nas matérias em que existe uma dificuldade maior. São sete disciplinas, distribuídas em livros de teoria com exercícios propostos, sendo todos com 140 aulas estruturadas, à exceção de história e geografia, que possuem 84 cada. Além dos módulos, há ainda o Caderno de Exercícios Pró-Enem. Nele estão reunidas todas as 120 habilidades exigidas pelo Enem, a serem exploradas por meio dos 1.372 exercícios de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias. Todo o conteúdo é complementado no Portal, onde estão disponíveis análises de obras literárias, videoaulas, livro eletrônico com hiperlinks e provas resolvidas de vestibulares. O simulado é realizado com o uso da Teoria da Resposta ao Item (TRI), que é utilizada pelo MEC para avaliar o desempenho do aluno de acordo com o conhecimento e as habilidades na resolução de exercícios.

A inovação foi definida como uma pequena modificação para enquadrar ideias às necessidades. Apesar de a implantação de novos produtos ser arriscada, as empresas devem patrocinar suas próprias ideias e não ter medo de investir com velocidade, pois é interessante ser o primeiro a lançar um produto no mercado. O processo criativo se baseia em muito trabalho e esforço pessoal, em primeiro lugar. O que impede o desenvolvimento de ideias são os processos que ocorrem ao nosso redor, que bloqueiam a mente. Na medida em que o conhecimento e o julgamento se expandem, a imaginação se contrai e se limita. Não se deve ficar acomodado com o modelo existente, e sim buscar sempre mudanças para estar à altura da concorrência. Encerramento Os professores ainda assistiram, ao final do Congresso, a uma performance de percussão dos adolescentes da Associação Querubins, de Belo Horizonte. Os jovens levaram instrumentos feitos por eles e apresentaram músicas conhecidas, além de uma composição própria. 


hipertexto

Avaliação das IES Diretora de Avaliação da Educação Superior do Inep fala sobre desafios da avaliação

O

processo de avaliação tanto das Instituições de Educação Superior (IES) quanto dos cursos de graduação é bastante dinâmico, por isso está sempre em aprimoramento. Segundo Claudia Maffini Griboski, diretora de Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação (MEC), as IES e o MEC devem trabalhar de forma conjunta para alcançar um desempenho melhor. Em entrevista exclusiva à Linha Direta, concedida durante o GEduc 2012, a diretora ressaltou os desafios en-

Revista Linha Direta

frentados pelo Inep na avaliação da Educação Superior e falou sobre o novo instrumento de cursos para avaliação in loco, que reúne critérios de qualidade para analisar o projeto pedagógico dos cursos nas suas especificidades. Qual é a importância da avaliação para o aprimoramento das instituições? A avaliação desenvolvida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) tem a característica de ser diagnóstica e formativa. Toda instituição que uti-

lizar os relatórios e os resultados da avaliação para fins de melhoramento da gestão acadêmica terá sucesso, porque ali estarão identificadas as necessidades de desenvolvimento e investimentos, tendo sempre em vista a melhoria do projeto pedagógico, assim como a eficácia na gestão acadêmica. Quais são as principais ferramentas de avaliação do Inep? Temos indicadores de qualidade e instrumentos para avaliar cursos e instituições. Para avaliar os cursos, utilizamos o Exame Nacional de


Andreia Naomi

Quais são os desafios que essas ferramentas ainda não conseguiram atingir?

Claudia Maffini Griboski, diretora de Avaliação da Educação Superior Inep/MEC

Desempenho do Estudante (Enade) e a avaliação in loco. São os elementos que integram o Sinaes desde a sua criação. Em 2008, foram introduzidos ainda os indicadores de qualidade, que são construídos a partir dos elementos previstos nas dimensões de formação docente, da organização didático-pedagógica e da infraestrutura e recursos para os cursos, incluído o desempenho dos estudantes no Enade. Esse conjunto de elementos também mostra que é possível, a partir de um ciclo avaliativo, medir a qualidade das instituições e dos cursos.

E qual é o objetivo dessas ferramentas? O objetivo sempre será a melhoria da qualidade. A avaliação também subsidia os atos regulatórios emitidos pelo Ministério da Educação e, a partir dos resultados, podem ser aplicadas medidas de supervisão para acompanhamento da qualidade. Considerando todo o País, a instalação do Sistema Nacional de Avaliação Superior, a partir de 2004, foi fundamental, porque temos hoje como traçar um panorama da situação da qualidade das instituições e dos cursos de graduação.

Os desafios são muitos. O primeiro pode-se dizer que é a expansão da educação superior e a importância de utilizar a avaliação para orientar a qualidade, principalmente considerando a extensão do nosso País e as diferentes necessidades. O Brasil tem, pelos dados do Censo da Educação Superior de 2010, 29.507 cursos de graduação, 2.377 IES e mais de 6 milhões de estudantes, e fazer com que o processo avaliativo se cumpra no período determinado pelo ciclo, ou seja, avalie todos os estudantes, cursos e instituições é uma tarefa complexa. Outro desafio é o acompanhamento da efetividade dos instrumentos utilizados na avaliação. Fizemos, recentemente, a revisão dos instrumentos de avaliação de cursos discutidos em audiências públicas com a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes) e as instituições, e vimos o quanto é importante o aprimoramento deles. É um processo dinâmico, que nunca estará pronto. E faz parte da meta-avaliação, porque o sistema não prevê só avaliar, e sim avaliarse­ em termos do alcance dos seus próprios resultados. Estamos iniciando agora o terceiro ciclo avaliativo. O primeiro, em 2004, foi a avaliação da área da Saúde, com a instalação do Sinaes e assim, sucessivamente, das demais áreas nos anos seguintes; em 2007 fizemos a avaliação do segundo ciclo da área da Saúde; e, em 2010, do terceiro ciclo. Podemos dizer que o primeiro caracterizou os cursos de graduação, o segundo possibilitou comparações em relação ao primeiro, e agora no terceiro ciclo estamos no momento de verificação de impactos e melhorias promovidas nos cursos a partir do Sinaes. Revista Linha Direta


Qual é a previsão para esse resultado? Os resultados das avaliações são públicos, divulgados anualmente no sistema e-MEC. É uma possibilidade de prestação de contas à sociedade, de orientação às IES e de mobilidade acadêmica. Um bom exemplo é o fato de os estudantes, hoje, no País, poderem escolher um curso que tenha qualidade. Como as IES estão contribuindo para o aprimoramento das ferramentas de avaliação? O Inep trabalha em conjunto com todas as IES. Quem compõe as comissões de avaliadores que fazem a visita in loco, assim como a construção da prova dos estudantes no banco de itens e a definição das diretrizes para a prova são os docentes das instituições de educação superior. Há uma ampla participação das instituições nesse processo. E é justamente por meio do diálogo com elas que os instrumentos vão sendo aprimorados. O que nós queremos é que toda instituição tenha um padrão de referência da qualidade, ou seja, que tenha um desenvolvimento satisfatório, capaz de expressar o quanto a educação superior tem avançado no País. Essa participação é maior na pública, na privada, ou é igual? Sem dúvida que uma representação maior está na rede privada, que constitui cerca de 80% das instituições do Brasil. Mas independe disso. Não estamos olhando para a categoria administrativa nesse momento de construção de instrumentos e de trabalhos junto com as IES. Todos participam do processo de igual forma. Revista Linha Direta

Como é feita a montagem desse banco de dados de docentes? É a instituição que indica ou o Inep? No caso do banco de avaliadores, os docentes se inscrevem no sistema e-MEC. Após a inscrição, respeitados todos os critérios de titulação, de experiência profissional e as exigências estabelecidas para essa seleção, o Inep seleciona de acordo com a necessidade. Hoje temos 4 mil avaliadores cadastrados no ­Basis. No caso da elaboração de itens, abre-se um edital de chamada pública, e ali são estabelecidos os critérios. Quais são as principais novidades do Inep para o aprimoramento das avaliações? A novidade é um instrumento de avaliação que está começando a ser implementado, resultado de um trabalho técnico que o Inep fez em conjunto com a Conaes e as IES. Terminamos a capacitação dos avaliadores, na modalidade a distância, e começamos então a utilizá-los. Ampliamos a forma de participação do próprio avaliador, pois ele terá de fazer um relato maior de cada dimensão. Temos percebido que, em termos de demandas e de compreensão do instrumento, tem sido muito melhor que o anterior. Nós tínhamos 12 instrumentos de avaliação de cursos. Pela especificidade, cada um deles era organizado de forma isolada, e muitas vezes não combinavam as escalas de um instrumento para outro. Então fizemos um instrumento único, e por ser por via eletrônica, temos como trabalhar todas as especificidades em um só. Existe a parte básica, para todos os cursos, e uma parte específica, para todos os atos avaliados. Queremos também que o instrumento dialogue com as IES e possa expressar uma dimensão qualitativa do processo. A inovação

que ele traz é justamente essa possibilidade de acompanhar o desempenho do conjunto de indicadores para garantir a qualidade. E quais são as novidades na nova gestão do Inep? A meta é trabalhar pela consolidação do Sinaes. Uma política pública de Estado que tem o empenho da gestão para que o Sinaes se efetive cada vez mais na orientação da qualidade da educação superior e para que o Inep tenha indicadores confiáveis e válidos para avaliar essa qualidade, caracterizando o panorama da educação superior no País. Destaca-se nessa gestão o início do processo de avaliação dos avaliadores, que antes não existia. Outra medida tomada pelo MEC/ Inep é a portaria do Enade que define que serão avaliados os estudantes concluintes no ano da aplicação do exame e os concluintes do primeiro semestre do ano seguinte. Com essa visão, ampliamos o número de participantes do exame e garantimos realmente a participação de todos os concluintes. Acho que é uma inovação importante e que trará maior estabilidade ao ­Sinaes. Vai haver punição para as instituições que fraudaram o último Enade? Temos de trabalhar essas situações de maneiras distintas. Nós estamos falando de avaliação da educação superior. O Ministério está empenhado em verificar se houve realmente fraude ou irregularidade. Nesse caso, com certeza as medidas serão aplicadas. No momento, trabalha-se para evitar que qualquer situação venha a descontrolar o fluxo da avaliação. Essa medida do Enade vem a favorecer isso e garante a qualidade e legitimidade do Sinaes. 


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