A Estrelinha Encantada e outras histรณrias
Diva Peres (Da Diva)
A Estrelinha Encantada e outras histรณrias
Copyright© 2021 by Diva Peres Direitos em Língua Portuguesa reservados à autora através da LITTERIS® EDITORA. Ilustrações de Capa e Miolo: Kevin Ramos Pereira Revisão: Luis Carlos Morais Junior Editoração: Litteris Editora
CIP - Brasil. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NACatalogação-na-fonte PUBLICAÇÃO SINDICATO Sindicato NACIONALNacional DOS EDITORES DE LIVROS, RJ dos Editores de Livros, RJ. P51e Peres, Diva A estrelinha encantada e outras histórias / Diva Peres (Da Diva) ; [ilustração Kevin Ramos Pereira]. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Litteris, 2021. 56 p. : il. ; 23 cm. ISBN 978-65-5573-028-9 1. Contos. 2. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Pereira, Kevin Ramos. II. Título. 21-68628
CDD: 808.899282 CDU: 82-93(81)
Camila Donis Hartmann - Bibliotecária - CRB-7/6472 12/01/2021 12/01/2021
LITTERIS® EDITORA CNPJ 32.067.910/0001-88 - Insc. Estadual 83.581.948 Av. Marechal Floriano, 143 sala 805 - Centro 20080-005 - Rio de Janeiro - RJ Tel: (21)2223-0030/ 2263-3141 E-mail: litteris@litteris.com.br www.litteris.com.br www.litteriseditora.com.br www.livrarialitteris.com.br
Aos meus queridos netos Luis Fernando Annunciação Moreira e Luis Henrique Annunciação Moreira.
Com amor de “Vó”
Minha Literatura I - A cigarra, a formiga e o beija-flor................. 9 Mi & Au...................................................... 21 A Bonequinha sem braços........................... 31 A Estrelinha encantada................................ 41 Volta às aulas............................................. 51
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A cigarra, a formiga e o beija-flor
Ainda existem belos lugares, parecendo um paraíso. Tão lindos, que só mesmo a mão de Deus poderia fazê-los reais. No mais belo pomar, criado por pássaros semeadores, realça uma exuberante macieira. Uma cigarra encantou-se com ela e em seu tronco fez morada. Em suas raízes, uma formiga fez estrada e alguns montículos de terra formaram sua casa e de suas amiguinhas. No galho mais florido, o Beija-Flor fez seu ponto de encontro com outros Beija-Flores.
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Assim, essas três diferentes espécies de animaizinhos, vão vivendo tão próximos e tão distantes! Cada um tem um propósito. Todos são necessários à vida ambiente. A cigarra, tão pequena, consegue cantar tão alto que é quase inacreditável achar que aquele som venha de um inseto tão pequeno. A formiga carrega peso tão desproporcional ao seu tamanho que só vendo para acreditar em tal proeza. O Beija-Flor bate tão rápido suas asas, que nenhuma outra ave consegue imitá-lo, paradinho assim, colhendo o néctar das flores.
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A cigarra ao cantar, anuncia que o calor está chegando. Ela consegue se confundir com o casco da árvore para disfarce. Pedrinho, atraído pelo canto da cigarra, não sossegou enquanto não a encontrou. Ele não queria fazer-lhe nenhum mal. Só queria apreciá-la em seu canto. Ficou longo tempo extasiado, olhando para ela. Não desgrudava os olhos dela para não perdê-la de vista.
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De repente, chegando bem perto do tronco da árvore, ele viu uma fila indiana de formigas, que desfilavam com algumas “coisinhas” para abastecerem as suas casinhas. Elas são ordeiras! Seguem compassadamente, uma atrás da outra. O peso não as cansa, pequenos grãos de areia, pedaços de folhas verdes ou secas e lá vão elas, as laboriosas formiguinhas, enriquecer o seu habitat.
O menino está fascinado e integrado àquele ambiente. Eis que, ele vê chegando um Beija-Flor, batendo as asas tão ligeiro que mal podia ver o verde escuro cintilante das asas. Que lindo! Tão pequenino e tão sábio!
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Pedrinho não queria sair mais dali. Não adiantou sua mãe chamá-lo para almoçar. Ele queria aprender muitas coisas com esses amiguinhos.
Ele pensou em aprisionar esses moradores do pomar. Mas, foi-lhe ensinado que eles fazem parte da natureza. Se cada Pedrinho resolver dar um novo estilo de vida para eles, não haverá mais a preservação da natureza e nem sua perpetuação. Temos que deixá-los viver como cada um gosta e com seus hábitos para podermos apreciá-los, como Pedrinho o fez, por um bom tempo.
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Os próprios animais procuram perpetuar sua existência. Pedrinho pensou: “Se eu botar água para as formigas, elas vão se afogar. Se eu quiser pegar a cigarra, ela vai voar e não virá mais cantar aqui. Se eu tentar aprisionar o Beija-Flor, como é que ele irá exercitar as suas asinhas para os voos?” “É, não dá, eu tenho mesmo é que brincar com meus amigos de heróis, de correr, de ver quem joga o arco mais longe e tudo mais”. Sentou-se ao pé da macieira, encostou-se em seu tronco, fechou os olhos, adormeceu e começou a sonhar.
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Nesse momento, sonhando, olhou o BeijaFlor bater suas asas e ouviu uma voz que dizia: “– Vamos voar?” “– Mas eu não tenho asas!” “– Não faz mal, isso é um sonho e no sonho a gente tudo pode, mas só no sonho!” Então, Pedrinho deixou-se levar... “– Viu, você já está voando...” “– Eu queria ter trazido a cigarra e a formiguinha comigo também.” “– Vamos buscá-los! Pronto, aqui estão! Segure-os!” “– Ah! Que lindo é olhar tudo aqui de cima! Eu nunca andei num avião.” “– Mas é a mesma coisa. Você está no alto!”
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Pedrinho via toda a cidade, os carros, os pássaros que voavam e passavam por eles. Que maravilha! De repente, lembrou-se que sua mãe devia estar chamando por ele e quis voltar.
“– Agora chega de passeio. Quero voltar, senão minha mãe vai ficar chorando quando me procurar e não me achar. Vamos!” Assim que fez o pouso no chão, o BeijaFlor despediu-se do menino e disse-lhe: “– Até o próximo voo!” Pedrinho sorriu agradecendo o passeio, abriu os olhos e assustou-se ao ver que adormecera por alguns minutos. Olhou para o alto e viu o Beija-Flor, olhou para o chão, e lá estava a formiguinha e, no tronco, permanecia a cigarra que abrira o seu canto e o acordara.
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Quando a mãe o chamou, Pedrinho correu ao encontro dela, para contar que tinha voado com o Beija-Flor, a formiga e a cigarra, juntos. A mãe não entendeu muito e ele insistiu em que tinha visto sua casa lá do alto, o pomar e tudo mais. “– Mãe, você não sabe como nossa casa é linda lá do alto! O pomar, o jardim, as flores, tudo colorido! É bonito demais!” Falava com tanta veracidade, tanta firmeza, que a mãe achou melhor dizer-lhe: “– Filho, você deve ter sonhado! E o sonho dá asas à imaginação!”
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Mi & Au
Mi!... Esse gato Forasteiro está sempre à procura de petiscos saborosos: um pedacinho de pizza de sardinha aqui e ali, derrubados no chão pelas crianças; uns biscoitinhos desprezados no canto da varanda e... pronto! Isto completa o seu almoço, que é sempre muito variado e gostoso, feito por sua dona, Dona Bela. Au!... O que esse cãozinho gosta mesmo é de se recostar junto ao sofá da sala, em cima do tapete, e ficar ouvindo Dona Bela tocar ao piano, belas músicas de Beethoven... até adormecer, tirando gostosa soneca.
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Ah! Quando se juntam, esses dois, dão uma tranquilidade para Dona Bela. Mais seguro é ver os dois juntos, pois, ela sabe que não há disputa entre eles. Já viram cão e gato se darem tão bem? Mi! Au! Dona Bela está sempre a chamá-los com alguma coisa gostosa para eles e os dois correm ao seu encontro para degustarem os apetitosos petiscos.
Quem entra na casa, não acredita no que vê: cão e gato juntos? Mi e Au amigos? Parece coisa de livros de histórias, para encantar as crianças. A realidade está lá!
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Mi é um gatinho forasteiro que apareceu na casa e ficou por lá. Todos o chamam de “Forasteiro”, menos sua dona que o chama sempre de Mi. Au, o cãozinho, chamado de Comanfe por todos, menos por sua dona que o chama de Au, fica muito triste, olhando ansioso para os lados, quando, por algumas vezes, o gatinho some.
Certo dia, depois de ter sumido por uma semana, Mi apareceu todo machucado, orelhas sangrando e pelos ralos em alguns lugares. Au, quase não o reconheceu e já ia latir e avançar, quando Mi deu um miado fraquinho em sua direção. Ah! Comenfe logo o reconheceu. Foi deitarse no tapete, deixando um espaço ao seu lado, e a almofada, para Mi deitar-se ali.
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Dona Bela, quando os viu, ficou com muita pena do dois. Pegou Mi no colo e o levou para cuidar dos seus ferimentos. “– Gente Malvada, não é? Como judiaram de você! Agora você não vai sair mais daqui! Não é, Au?” E Au, latiu concordando... Quando algum gatinho tenta chegar perto de Au, ele rosna, parado, com cara de malvado, mostrando os dentes, para afugentar o intruso que logo sai na carreira, com medo de tal “monstro”. Mi a tudo assiste sem se importar muito, pois, o seu lugar ali já está garantido!
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Ás vezes, chegam algumas visitas na casa e se alguma criança tenta pegar Mi no colo, Au logo late querendo dizer que não deixa ninguém pegar o gatinho, protegendo-o, assim, de possíveis maus tratos. Não é que dia destes, Mi, olhando do alto da janela, uma árvore encostada bem ali e que tinha num dos galhos, uns passarinhos cantando, ficou tanto tempo parado olhando para eles, que achou até que tinha asas também e resolveu dar “o pulo do gato” para abocanhálos e... Que desastre! Foi cair dentro da piscina e, quando já ia se afogar, eis que, surge Au que, ao vê-lo cair, atirou-se dentro da piscina e resgatou-o com seus afiados dentes. Essa amizade é verdadeira e inacreditável! Mas, olha só... Não é que Mi está desenrolando o novelo de linha da vovó! Ih!... Au, não está gostando nada!... Mi parece estar tão distraído, brincando com o emaranhado de linha enrolada em sentidos diferentes. Logo, 26
logo, a vovó vai descobrir e mandará esse forasteiro para o olho da rua... É! O melhor é Au avisá-lo com um bom latido para não perder o seu amigo: au!... au!... Au!... Au!... Pronto! Não é o que forasteiro entendeu o recado? Largou depressa o seu brinquedo! Menos mal, porque, assim, a bronca vai ser menor... Mi é mesmo o fiel amigo do Comanfe. Quando Au faz coisas erradas, ele também o corrige. Certo dia, Au se deliciava lambendo um osso de seu banquete que já tinha acabado e o deixou no chão da sala, depois de se fartar, indo deitar-se. Mi foi até o osso, pegou-o e colocou-o na tigela de Au, que não se importou. Mi também o salvou de uma boa bronca. E assim, essa dupla vai seguindo juntos, protegendo um ao outro, mostrando aos seres humanos que, se os animais podem viver em paz, por que não os homens também? Eles que são irracionais vivem!... 27
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Mi & Au
Mi é um gatinho arisco Que vive rondando a casa À procura de petisco E quando acha, arrasa! Au é um cão comportado E muito observador Ele é bem ensinado Reconhece seu senhor! Mas, olhem o que juntos fazem: Mi dá o sinal com MIAU... Au late forte, também... Expulsando o lalau!!!
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A Bonequinha Sem Braços
Rosinha é uma linda bonequinha, cabelinhos loiros, cacheados, é toda fofinha! Mariazinha, ao fazer cinco anos, ganhou-a de presente de sua madrinha Luiza. A menina sempre dormia abraçadinha com a sua bonequinha. Um dia acordou e viu o seu cãozinho Branquinho, brincando com a boneca. Ele a arrastava para lá e para cá... Mariazinha zangou-se: “– Branquinho, me dá minha boneca! Me dá!” E, já chorando, tentou puxá-la da boca de seu cãozinho. Puxou, puxou, puxou, tanto e tanto, que a bonequinha ficou em suas mãos, mas sem os bracinhos... eles ficaram na boca do cãozinho tão mordidos, tão mordidos, que nada restou deles.
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Mariazinha chorou, tentou colocar os bracinhos de volta, mas nada... Então, ela resolveu esconder sua bonequinha na gaveta, entre suas roupas, para protegê-la. Enrolou-a em várias toalhas de rosto, para que ninguém mais pagasse a sua bonequinha. Toda noite, antes de dormir, ia dar uma olhadinha em sua bonequinha. Um dia, ao adormecer, sonhou com a Rosinha. Ela estava com roupinha de bailarina e rodopiava muito sobre os pés. Estava com seus bracinhos novamente. Segurava uma flor e a deu para Mariazinha. Mariazinha não cabia em si de tão contente, vendo que sua bonequinha estava concertada.
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Depois de muito dançar, Rosinha despediuse de Mariazinha, dando-lhe adeus com as duas mãozinhas. Mariazinha sorria muito no sonho, feliz por ver a boneca inteirinha. Quando acordou, foi até à gaveta espiar a bonequinha e qual não foi sua surpresa ao ver que ela continuava sem os bracinhos. Tinha sido só um sonho.
Emilinha, amiga da Mariazinha, chamou-a para brincar em seu jardim, ela, então, resolveu levar Rosinha. A amiguinha, ao ver a boneca sem os bracinhos, disse-lhe: “Mas, essa boneca é muito feia, jogue ela fora, ela não presta pra nada. Não pode segurar uma bolsinha, nem flor, nem maquiagem...”
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Mariazinha começou a chorar, não quis mais brincar e saiu correndo para casa que ficava bem ao lado da casa de Emilinha. A mãe de Mariazinha, ao vê-la chorando, perguntou-lhe por que chorava. Ela explicou o acontecido. Sua mãe disse-lhe que iria fazer uns bracinhos de pano e ela iria ficar bonita de novo. A mãe cumpriu o prometido. Depois da bonequinha estar com bracinhos, novamente, a menina foi brincar no jardim da Emilinha e levou sua Rosinha para que ela a visse novinha.
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Ao ver a boneca com bracinhos de pano, a amiguinha disse-lhe: “Essa boneca é muito feia, tem braços de pano. Ela não pode nem segurar o suco porque senão, ele entorna e os braços dela vão ficar todos molhados. Joga ela fora, ela não serve para nada”.
Novamente, a menina saiu correndo e chorando para sua casa. Sua mãe, vendo-a chorar tanto, tentou contornar, consolando-a, dizendo que iria levála para o conserto, num restaurador de bonecas, o “Hospital de Bonecas”. No dia seguinte, a bonequinha estava com seus bracinhos novamente. Ao levar Rosinha para o jardim da coleguinha, para brincarem, esta disse “Ih! Mas os braços dela estão brancos. Esses braços não são dela. Parece de um monstro. Joga ela fora”.
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Não teve jeito, a bonequinha não a agradava mesmo...
Mariazinha, então, resolveu desfazer-se da boneca, seguindo o conselho da amiguinha. Jogou-a no lixo e pronto! Sua mão prometeu-lhe dar outra novinha. No dia seguinte, atendendo o chamado de sua amiguinha Emilinha para brincar, levou um susto. Emilinha estava segurando a bonequinha que ela jogara fora. Curiosa, perguntou-lhe: “Você pegou a minha bonequinha no lixo?” E Emilinha respondeu: “– É! Estava muito frio e ela estava triste, aí eu enrolei uma toalha nela e trouxe aqui para casa. Você não queria mais ela, não é?”
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Dessa vez, Mariazinha não chorou, porque sua coleguinha não achava a bonequinha feia. E, as duas passaram a brincar com a Rosinha. Agora, brincavam mais felizes, porque a mãe de Mariazinha deu para ela, conforme tinha prometido, outra boneca novinha e elas brincavam com duas bonequinhas que iam trocando entre elas. Rosinha, a bonequinha rejeitada, passou a ser a boneca mais linda do mundo, porque tinha duas donas para apreciála. Às vezes, Rosinha dormia na casa de Mariazinha e, às vezes, na casa da Emilinha. Ela ganhou muitas roupinhas e bolsinhas das mães das meninas. A outra boneca nova também ganhou lindas roupinhas. Mas, Rosinha continuava a ser a boneca preferida pelas meninas. Assim, o amor pela boneca, ficou dividido e unido pelas meninas. 39
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A Estrelinha Encantada
Com tantos relâmpagos e muita chuva, as aves ficaram assustadas no quintal. Os galos, as galinhas, os pintinhos, procurarem seus poleiros para se abrigar do temporal. Só no dia seguinte é que a chuva passou. Mas, o quintal estava meio lamacento, encharcado mesmo e com a chegada do sol, o chão foi ficando mais sequinho. As aves, então, puderam voltar para o terreiro. Mas, uma poça ainda ficou cheia d’água, formando um pequeno lago. O crepúsculo dava lugar ao anoitecer. As aves procuravam se recolher.
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A velha galinha (Pimpinha), mais antiga no terreiro, permanecia no quintal, bicando, aqui e ali, alguma coisa que a interessasse. Foi quando percebeu que, num espelho d’água, havia algumas estrelinhas bailando nas águas. Já era noitinha. Mas que brilho era esse tão bonito e que a fascinava tanto? Parada, ela apreciava as estrelinhas, como se estivesse hipnotizada. Não pensava em se recolher... Que nada!
Então, pensou em pegar uma estrelinha! Uma só! A maior de todos elas... E, num golpe certeiro, bicou a água que refletia aquela estrelinha.
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Engoliu com tanta volúpia, a água com a estrelinha, que quase não conseguiu engolir aquele gole. Glup, glup, glup...... Ah! Passou pelo pescoço a tal estrelinha brilhante.
Satisfeita por ter conseguido o seu intento, ela foi se recolher no poleiro onde todos já dormiam. Ela era a “retardatária do poleiro”. Na manhã seguinte, já não havia mais o laguinho: o sol, já tinha chegado, secando todo o terreiro. Pimpinha procurou o laguinho, mas, não o encontrou mais. Lá pelas tantas, dirigiuse ao seu ninho, para depositar ali, o seu ovo.
Depois de botar o ovo, ela começou a cacarejar para avisar que já havia cumprido a sua missão.
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Joãozinho, que adorava recolher o ovinho que fazia parte da sua refeição, apanhou-o e deu-o a sua mãe para cozinhá-lo. Na hora do almoço, não poderia faltar no prato do menino, aquele ovinho. À medida que ele ia comendo a sua comida com o garfo, tirava um pedacinho do ovo também. A comida, assim, era mais gostosa.
De repente, o garfo encontrou alguma coisa dura dentro do ovo e não cortava mais. Foi quando viu alguma coisa brilhando dentro do ovo. Gritou por sua mãe, que veio correndo. A mãe, ao examinar o ovo, viu que ali havia uma estrelinha de brilhante e levou um susto. Seu irmão, que era perito em pedras preciosas, disse tratar-se de um brilhante muito valioso e quis saber da sua procedência.
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Ninguém sabia explicar aquele “fenômeno”. Guardaram segredo e passaram a observar Pimpinha, no dia seguinte, na postura do ovo. Joãozinho recolheu o ovo como de costume, e o deu a sua mãe que o cozinhou e colocou-o num prato para cortá-lo. E, para surpresa de todos, lá estava outra estrelinha de brilhante, reluzente e preciosa. Essa prática foi se repetindo. Pimpinha começou a ser tratada com os melhores grãos, rações especiais da melhor qualidade. Foi levada para dentro de casa, numa gaiola confortável. Afinal, a família estava rica com as estrelinhas... De vez em quando, ela era levada para o quintal, para apanhar um solzinho e bicar alguma coisa. Mas, tendo sempre alguém junto dela para que não sumisse.
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Ninguém sabia explicar esse fenômeno. Se Pimpinha falasse, certamente contaria como a estrelinha foi engolida por ela, através daquele espelho d’água e tornou-se encantada. Ou será que Pimpinha é que era uma “galinha encantada”? O que você acha? O ovo ou a galinha ou estrelinha?
Certa noite, quando todos já dormiam, entrou um gambá no quartinho onde estava a galinha, pois ele tinha sentido cheiro de comida por ali. A galinha dormia no poleiro da gaiola e levou um grande susto quando viu o intruso invadir o seu espaço. Antes que desse sinal de que estava sendo importunada, o gambá atacou-a de modo certeiro, que a pobre ave não teve como escapar, uma vez que não havia muito espaço ali. 47
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Adeus Pimpinha! Pela manhã, quando Joãozinho e a mãe acordaram foram ver a galinha do brilhante. Ela já estava mortinha e quase nada restava dela. A ratazana devorou-a. “Oh! Que tristeza” – diziam. “Antes a gente e deixasse no quintal, porque as outras aves iriam dar ‘o aviso’ e ela não seria atacada”. Tanto cuidado por nada! No meio de tanta tristeza, Joãozinho viu uma pequena coisa brilhando no fundo do que restou da gaiola também. Era uma pequena estrelinha que ainda estava em formação, pois seu tamanho seria aumentado dentro do ovo. A última estrelinha de brilhante que a pobre galinha ainda deixou de presente para Joãzinho.
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Volta às aulas
Depois das férias de final de ano, os alunos regressaram à escola com energia redobrada, felizes, após tantos passeios. A professora resolveu arguir cada aluno, para saber como tinham aproveitado suas férias. A primeira a falar foi a Soninha. Disse que tinha ido viajar para o interior de Minas Gerais, para a fazenda do avô. Lá, viu muitos animaizinhos e até um pônei (cavalinho pequeno e todo branquinho de olhinhos azuis). Passeou pela fazenda, montada no pônei. Viu a coleção de pássaros do avô e várias aves diferentes, que ele mandou vir de muito longe. Comeu bolinho de milho, rapadura no café e broinha quentinha feita no fogão de lenha. Voltou mais coradinha e animada. Sua avó, todo dia, pela manhã, trazia-lhe uma caneca de leite fresquinho, com o qual, por ser tão 51
forte, ela misturava um pouco d’água e fervia, dando-lhe depois. Soninha tomava tudo, sem fazer cara feia. O Joãozinho foi para São Paulo, para ficar com os avós. Passeou muito por lá. Foi a parques de diversão, museus e cinemas. Bateu muitas fotografias que mostrou aos amiguinhos. Todos ficaram encantados ao vê-las. Prédios muito altos, muitas praças floridas. Que cidade linda!
E o Tiãozinho? Para onde foi? O que fez? Como irá contar a sua história? Só que ele não foi para lugar nenhum, ficou em casa. Como irá contar a sua história? Ah! Ele preferiu ajudar os pais a vender docinhos e salgadinhos.
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Disse que aprendeu a fazer doces e sabe até dar receitas de cocadas, pés-de-moleque, brigadeiros. Ajudou tanto aos seus pais, que eles juntaram até um bom dinheirinho para comprar roupas novas para o Tiãozinho e sua Irmãzinha Paulinha. Viu muitos desenhos na televisão e soltou pipa.
Celsinho foi para a Disney, com os pais, trouxe tantas fotos batidas lá, que o tempo foi pouco para mostrá-las. As fotos dispensaram qualquer comentário, pois, traduziram tudo o que Celsinho desfrutou. As fotografias são as maiores contadoras de histórias no mundo inteiro.
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Todos estavam relaxados e aptos a reiniciar os estudos. É, sem estudo a criança não pode ficar! Toda criança fica mais inteligente, mais sabida, indo à escola, estudando... Não é que o Tiãozinho tirou a melhor nota no teste de matemática? Enquanto ajudava os pais, vendendo salgadinhos ou docinhos, ele exercitava sua memória nos cálculos da matemática e, embora trabalhando, estava, também, estudando.
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Todos tinham vontade de falar sobre tudo o que viram ou fizeram e cada coleguinha queria muito ouvir todas as novidades. De todas as historinhas contadas e vividas, a que mais impressionou aos alunos, nem foi sobre a Disney. Sabe qual foi? O que você acha? Qual é a sua opinião ?... Pois foi a do pônei! Todos queriam ver as fotos do pônei, porque o acharam muito, muito, muito FOFINHO!
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Este livro foi impresso na cidade de Cotia/SP, em Fevereiro de 2021, pela Meta Solutions, para Litteris em sistema digital de capa e miolo.