Lá na praia

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Copyright© 2017 by Roberto Alzas Direitos em Língua Portuguesa reservados ao autor através da ® QUÁRTICA PREMIUM.

Concepção de Capa e Ilustrações de Miolo O Autor Arte Final de Capa Teresa Akil Imagem de Capa - Fotolia.com Beautiful ocean beach on Maldives © sborisov Revisão Luis Carlos de Morais Junior Editoração Quártica Premium

CIP - Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

A486L Alzas, Roberto Lá na praia / Roberto Alzas. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Quártica Premium, 2017 184p.: 23cm ISBN 978-85-8221-109-0 1. Romance brasileiro. I. Título.

16-38451.

CDD - 869.93 CDU - 821.134.3(81)-3

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AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais – meus verdadeiros heróis – que são os responsáveis por todo orgulho que carrego comigo. E tudo de significante que fiz e procuro fazer busco inspiração na boa vontade que eles sempre tiveram para comigo e meus irmãos. E apesar deles nunca terem conseguido, mesmo com muito trabalho, condições financeiras suficientes para suprir as nossas vontades em meio aos nossos “caprichos” em que toda aquela fase da infância e pré-adolescência nos é predominante, eles sempre fizeram o possível para supri-los, mesmo não sendo exatamente aquilo que queríamos, só para não nos contrariar e com essa atitude de amor incondicional deixar claro o quanto nós somos importantes para eles. Obrigado Papai! Obrigado Mamãe! Agradeço também ao meu amigo Bruno de Souza Silva por ter acreditado nesse meu projeto, hoje já engatinhando, graças a sua dedicação, paciência e carinho que foram de fundamental importância. Mais uma vez obrigado pela sua rica contribuição e que Deus esteja sempre contigo.



SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - O ENCONTRO COM MEU “EU”.............................................. 10 CAPÍTULO 2 - A VINGANÇA PLANEJADA......................................................... 16 CAPÍTULO 3 - O DIA DA VINGANÇA................................................................ 34 CAPÍTULO 4 - O SONHO............................................................................... 48 CAPÍTULO 5 - O EVENTO............................................................................... 62 CAPÍTULO 6 - O RÉVEILLON........................................................................... 74 CAPÍTULO 7 - AS CRENÇAS........................................................................... 84 CAPÍTULO 8 - AS FÉRIAS.................................................................................100 CAPÍTULO 9 - O SUFOCO.............................................................................. 108 CAPÍTULO 10 - NA CASA DOS TIOS............................................................... 114 CAPÍTULO 11 - POR UM “TRIZ”.................................................................... 126 CAPÍTULO 12 - O ENCONTRO....................................................................... 134 CAPÍTULO 13 - A VIAGEM PARA NATAL......................................................... 150 CAPÍTULO 14 - O GOZO DAS FÉRIAS NO RIO GRANDE DO NORTE................ 158 CAPITULO 15 - UM ANCIÃO ESPECIAL.............................................................. 168 CAPITULO 16 - O ADEUS A ILHABELA............................................................. 180



[...] A simples existência deste mundo é a garantia de que existe um mundo mais perfeito que ele. Deus o criou para que, através das coisas visíveis, os homens pudessem compreender seus ensinamentos espirituais, e as maravilhas de sua sabedoria. (O Alquimista – Paulo Coelho)

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CAPÍTULO 1 O ENCONTRO COM MEU “EU”

FOI NUMA TARDE TÃO TRANQUILA QUANTO COMUM, sem grandes expectativas. Fazia muito calor, já que o sol reinava absoluto na bela ilha, Ilhabela – Litoral Paulista. Estava eu tão tranquilo quanto pensativo, pois aproveitava esse dia de descanso que era o dia da minha folga. Continuei, então, envolto em pensamentos mil quando de repente, ao voltar à realidade nua e crua dessa época de balconista “vampiro” – tão morto quanto vivo – me peguei escorado no alisar do lado esquerdo da porta da quitinete que eu havia alugado por tempo indeterminado. Olhei de forma imediata para o meu “EU” que refletia nítido num espelho próximo à minha cama e lhe pedi um conselho em relação a uma ideia que me surgira na mente desde a primavera retrasada. Meu “EU”, então, me respondeu assim: – “Meu amado... felizmente tu depois de tanto esmurrares faca de ponta abristes os olhos e percebestes que viver sem propósitos honestamente legítimos é viver por instinto, como vivem os animais irracionais; podendo ser comparado, também, a uma árvore frutífera que não dá frutos, mesmo estando enraizada em terras férteis. Aí... meu queridinho, os amargores e as incertezas desse tipo de viver continuarão lhe sendo servidos em bandejas de prata pelos garçons da parte negativa do destino. Eu, na qualidade de seu único, insubstituível e verdadeiro “EU”, lhe digo que seu propósito tem fundamento; e se é realmente verdadeiro, como eu sinto que suas palavras são... vá em frente e liberte-se do viver por viver, pois meu amor sempre lhe será abundante, até nas horas mais difíceis da sua existência. Depois desse parecer positivo da parte do meu “EU”, meu coração lhe sorriu fartamente mostrando uma alegria que há tempos não sentia. Em seguida 11


agradeci e ainda com o direito da palavra lhe disse que estava muito confiante, principalmente pelo seu total apoio; a partir disso é que comecei a arrumar a bagunça que minha mente acomodava desde a infância. Estava eu decidido em me mudar daquela Ilha turística e voltar para Natal, cidade também turística, com um nível de desenvolvimento que nessa época – beirando o início dos anos noventa – me encheu a “boca d’água”; além do mais a maioria dos meus familiares se encontravam residindo na cidade, alvo da minha pretensão. Horas mais tarde eu, uma hora depois do início da noite, conversava com um grande amigo meu a respeito da minha enraizada decisão. A euforia por mim esboçada era tanta que lhe causei um certo espanto; ele de imediato, mas com medo do possível distanciamento da nossa amizade a me servir com opiniões favoráveis, disse assim: “Ôha meu!...Cê tá maluco?!...Ou comeu merda quando era criança? Você sabe muito bem que na verdade – continuou Renato – aqui não está tão ruim assim, a ponto de você querer se mudar para uma cidade a qual não havia te beneficiado em quase nada outrora e, com certeza, a incógnita continuaria sendo seu guia se você arriscar novos empreendimentos e sentimentos nesse tal lugar sobre o qual está se mostrando tão animadinho; além do mais você já tem o seu espaço garantido aqui na Ilha, pois graças a Deus “tu tá” trabalhando, paga o teu aluguel em dia, faz as refeições em bons restaurantes – dentro das tuas reais possibilidades – e o melhor de tudo é que seus amigos gostam de ti e é certo que não gostariam de vê-lo futuramente sofrendo por ter embarcado numa barca furada”. Naquele momento fiquei tão surpreso quanto duvidoso em relação ao ponto de vista um tanto lógico do meu amigo Renato. Era certo que as minhas intenções eram boas, mas era considerável também a certeza de que eu iria ter que contar com um pouco mais de sorte, já que o meu conhecimento com relação a cidade à qual me destinaria em me aventurar não era suficiente para que eu, de imediato, conseguisse um sustento mínimo num prazo relativamente curto. Uma semana depois aproveitei mais uma terça-feira de folga e fui pescar no Píer da Vila (Centro da Ilhabela), onde passei toda manhã pescando. Pesquei três vermelhos e um peixe galo; enquanto isso meu “EU” se entretinha, ora conversando, à distância, com os navios ancorados no Porto 12


de São Sebastião, ora conversando com os peixes em óbito que havia pescado. Tudo estava do jeito que eu queria, inacreditavelmente, não tinha ninguém no Píer além de mim, meu “EU” e os peixes mortos; então aproveitei para refletir mais um pouco até chegar, por definitivo, à conclusão de que já era realmente a hora certa para deixar aquele paraíso e ir em busca daquilo que eu mereço: O direito de me aventurar e seguir meus instintos na intenção única de ao menos tentar ser feliz. Era uma e pouco da tarde quando a fome começou a me apertar o estômago avisando que já estava na hora de voltar para casa. Assim que alcancei a distância de uns cento e cinquenta metros do Píer encontrei-me casualmente com Renato, sua bicicleta, seu Ray-Ban e sua Bossa. Ele, então, parou de frente a mim e nos cumprimentamos ao nosso jeito; entretanto, inusitadamente, de forma escrachada ele assim me perguntou: – “E aí meu!... foi boa a pescaria? Não vai me dizer que são esses os peixes que você vai levar lá pras terras daqueles “Baianos” cabeça de coco?!” Eu, então, levando tudo pelo lado da sacanagem, como era realmente minha intenção, disse de forma extrovertida que se pudesse levar como um bem móvel eu levaria não só os peixes, mas também, toda aquela bela Ilha. Renato mantendo o mesmo escracho começou a rir de mim, ao mesmo tempo em que exclamava: – “Esse porra louca só pode está é maluco”. Em seguida, seguimos caminhando dali da Vila até a minha quitinete, percurso esse que eu costumava levar uns trinta minutos a pé até ao Itaquanduba, bairro onde eu e ele morávamos. Lá chegando, o meu senhorio, logo de cara, me pediu os peixes para preparálos para o jantar; parecia até que ele tinha adivinhado a minha intenção, já que raramente costumava cozinhar, porque era mais cômodo e viável financeiramente comer em restaurantes. Todas as pescarias por mim programadas, acompanhado ou não, tinham como fundamento o antiestresse, uma forma terapêutica para que eu pudesse me sentir e manter-me sempre em paz comigo mesmo; e não deixar que os “besteiros” do cotidiano e os pensamentos negativos me subissem à cabeça, já que eu vivia sozinho e sem parentes por perto; e qualquer que fosse a atitude infeliz oriunda de minha parte comprometeria de forma significativa a postura de rapaz direito que eu sustentava com esmero. 13


Bom... Como eu estava dizendo. Depois que eu entreguei os peixes ao meu senhorio e ele fixou o horário para que eu pudesse provar da minha própria pesca; entrei na quitinete junto com Renato onde ficamos conversando até adentrar o início da noite. Poucos instantes mais tarde meu senhorio bateu em minha porta nos chamando para jantar os peixes. Renato não quis ficar para cear conosco, preferiu criar um álibi “Água de chuchu” para poder ir embora, mas antes que ele saísse aproveitou a ocasião para me perguntar quando é que eu iria tomar juízo e deixar de levar uma vida aventureira, pois ninguém adquire nada na vida pulando de galho em galho feito macaco. No momento em que fazia essa pergunta bastante ardente, tocava no meu rádio uma música muito famosa de um cantor recém-falecido que cantava assim: – “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo [...]”. A própria música havia se antecipado e respondido a pergunta medonha feita pelo meu amigo Renato e ele sorriu fartamente quando o meu dedo indicador apontou para o rádio; e logo em seguida saiu dizendo que era melhor mesmo ele ir embora porque senão iria acabar sendo influenciado pelas minhas ideias malucas. Tão logo se despediu de mim e do meu senhorio e finalizando, em ultimas palavras, disse que me esperaria no dia seguinte na Praça da Vila – como era de costume – no mesmo horário de sempre para abrirmos a sorveteria; só assim eu não teria tempo de ser engabelado pelos meus devaneios, já que o próprio trabalho se encarregaria em curar esse suposto desvio mental que – segundo a ironia do meu amigo Renato – eu poderia estar apresentando.



De nós mesmos depende sermos deste ou daquele feitio. O nosso corpo é uma horta de que o nosso arbítrio é o hortelão. (Otelo, 1° Ato, cena III)


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