Romerito - Tricolor de Corazón

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COLEÇÃO

ROMERITO Heitor D´Alincourt & Dhaniel Cohen

Tricolor de Corazón



ROMERITO Tricolor de Coraz贸n


Copyright © 2014 by Fluminense Football Club Copyright desta edição © 2014 by Livros Ilimitados Conselho Editorial: LIVROS ILIMITADOS Bernardo Costa John Lee Murray Expediente Fluminense Football Club Produção, coordenação e edição: Dhaniel Cohen e Heitor D´Alincourt Textos: Dhaniel Cohen e Heitor D´Alincourt Entrevista: Heitor D´Alincourt e João Boltshauser Estatísticas: Carlos Santoro e Dhaniel Cohen Pesquisa de conteúdo e de imagens: Dhaniel Cohen e Heitor D´Alincourt Créditos das fotos: Acervo Flu-Memória, acervo pessoal de Romerito, Agência Lance, Agência O Globo e Fluminense Football Club (Bruno Haddad, Nelson Perez e Ralff Santos), Imagens BrahmaFlu ISBN: 978-8566464337 Copydesk: Andréia Gomes Durão Projeto gráfico e diagramação: John Lee Murray Direitos desta edição reservados à Livros Ilimitados Editora e Assessoria LTDA. Rua República do Líbano n.º 61, sala 902 – Centro Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20061-030 contato@livrosilimitados.com.br www.livrosilimitados.com.br

Impresso no Brasil / Printed in Brazil Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios.


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Prefácio Ele chegou como Romerito e terminou como Don Romero. O Brasil não tem lá muita tradição de chamar alguém de Don ou Dom. Talvez porque lembre dos seus imperadores, talvez porque associe a Don Corleone. Mas Romerito foi Don. Romerito era um dom. Romerito tinha um dom. O dom da gana paraguaia. O Fluminense tem um rol de ídolos inesquecíveis. Xerifes, carrascos, monstros, maestros, pregos, fios... Mas apenas um Don. Don Romero. Em 1984, caiu do céu, vindo do Cosmos. Encontrou um time campeão carioca, com um casal de atacantes começando a fazer sucesso e uma legião gaúcha buscando um lugar ao sol na cidade maravilhosa. Um time com potencial, que ganhou de Romerito um choque elétrico, uma injeção de adrenalina, uma chacoalhada inacreditável. Como um Forrest Gump das quatro linhas, Romerito corria, corria, corria. Das arquibancadas sem cadeiras do velho Maracanã, a torcida suspirava e cansava só de vê-lo correndo sem parar. Romerito corria para marcar na defesa, corria para iniciar um contra-ataque, corria para bater o escanteio, corria para cabecear o escanteio que ele mesmo batera, corria, corria, corria. Com ele em campo, a torcida não tinha coragem de gritar “queremos raça” em caso de derrota. O próprio Romerito gritava isso com os companheiros mais letárgicos ou inseguros. De passos curtos, mas velozes, parecia uma formiga atômica

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vestindo a camisa tricolor. Com ele, o 7 às costas ganhou um novo significado. O clube da fidalguia, da Máquina, que através da história teve times que encantavam pela elegância e toque de bola, curvou-se ao sangue, ao suor e às lágrimas de Julio Cesar Romero. Um Júlio César que jamais foi imperador. Não, não, tirem isso da cabeça. Nas Laranjeiras Romerito foi Don. Fez gol de título brasileiro justificando da fama. Chutou uma vez, o goleiro vascaíno defendeu, chutou outra e a bola beijou as redes. Porque com Romerito não havia bola perdida. Não havia partida impossível de virar. Não havia relógio que não pudesse parar. É isso mesmo que vocês estão pensando. Don Romero foi a gênese, a origem, a semente, os primeiros passos, curtinhos e elétricos, do que fascinaria o futebol brasileiro 20 anos depois. Não à toa ele ainda visita o clube sob aplausos e abraços. Não à toa ele declara apaixonadamente ser tricolor de coração. Podem encomendar a pedra de mármore e nela gravar com afinco e retidão. Romerito foi o primeiro, a origem, o pai de todos os guerreiros. Sidney Garambone jornalista e tricolor


Romerito aprecia a grande conquista de sua carreira, a taรงa do Brasileiro de 1984.


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Linha do tempo de Romerito 1960 • Nascimento de Júlio César Romero Insfram 1976 • Começo da carreira no Sportivo Luqueño 1979 • Título da Copa América pelo Paraguai 1980 • Chegada ao New York Cosmos 1984 • Ida ao Flu: campeão brasileiro e campeão estadual

1985 • Campeão estadual mais uma vez pelo Fluminense

1986 • Presença na Copa do Mundo do México 1989 • Passagem pelo Barcelona 1997 • Eleito o melhor jogador do futebol paraguaio pela Associação Paraguaia de Futebol

1998 • Tentativa de retorno ao Fluminense 2000 • Fim de sua carreira no futebol 2011 • Presença em eventos do Tricolor em Toda Terra

2012 • Nomeado representante do clube pela Brahma 2014 • Vira embaixador oficial do Fluminense

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Sobre Romerito Nome completo: Júlio César Romero Insfram Nome artístico: Romerito Apelido: Don Romero Posição: Meia-atacante Data de nascimento: 28/08/1960 Local de nascimento: Luque (Paraguai) Altura: 1,74m Período como atleta: 1976 a 2000 Clubes: Sportivo Luqueño, New York Cosmos, Fluminense,

Barcelona, Puebla, Olímpia, Deportes La Serena e Cerro Corá

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Romerito tinha muita desenvoltura na condução de bola ao ataque.


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Chegada ao Fluminense Flu-Memória: Até você acertar a sua vinda para o Fluminense, houve uma negociação um pouco longa. Como foi o processo? Na volta da minha viagem pela Ásia, quando conheci muitos países, fiquei de férias no Paraguai. Recebi, então, uma ligação do Carlos Alberto Torres no fim de janeiro me convidando a jogar no Fluminense. Por ironia do destino, um dia antes, tinha recebido um telefonema do presidente do Vasco e tinha prometido uma resposta em 24 horas. Quando Carlos Alberto Torres me ligou pela primeira vez, comentei com ele que não sabia se poderia ir, pois temia que o Cosmos me denunciasse à Fifa por descumprimento de contrato. O Antônio Soares Calçada, presidente do Vasco, também me queria e insistia. Cheguei a dizer a ele que, se o Carlos Alberto não me ligasse naquela noite, a prioridade passaria a ser o Vasco. Só que felizmente ele ligou e conseguiu viabilizar a minha saída do Cosmos. Não sei o que o Carlos Alberto fez para eu me desligar do Cosmos, não sei os detalhes da transação, quanto o Fluminense pagou, sei apenas que deu tudo certo. Fiquei feliz em ir para o futebol brasileiro. Queria jogar no Brasil, na Argentina ou na Colômbia. Agradeço muito, até hoje, ao Carlos Alberto Torres por ter conseguido realizar esse sonho.

lor?

Flu-Memória: Como foi a recepção da torcida trico-

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Na chegada ao aeroporto, senti muita alegria, mas a ficha ainda não tinha caído, pois só depois dimensionei o peso que era vestir a camisa tricolor. Quando passei a ver vídeos do time e conhecer a história do clube, percebi que estava no lugar certo. Fui recebido por muitos integrantes tricolores da Escola de Samba Beija-Flor. Ao desembarcar no Brasil, lembro bem que logo em minha primeira entrevista, falando ainda apenas em castelhano, afirmei que chegava ao País para ser campeão brasileiro. E em pouco tempo realmente aconteceu. Flu-Memória: Como foi entrar naquele time? Quais as recordações de sua estreia? O time do Fluminense era muito forte, o grupo já estava formado e tinha sido campeão meses antes, em 1983. Minha estreia ocorreu no fim de março de 1984, em um amistoso festivo no Paraguai. Foi uma partida contra um combinado do Cerro Porteño e o Sol de América. O Fluminense venceu por 1x0 e eu fiz o gol, jogando de centroavante. Flu-Memória: Onde eram os treinos? Você conseguiu ficar ambientado de cara? Trabalhávamos na Urca e em Xerém, porque nas Laranjeiras, no campo do Fluminense, ninguém podia treinar. O início foi difícil porque havia certa rejeição, já que o time estava fechado. Com o tempo, fui conquistando as pessoas. Tive primeiro o apoio do Branco, depois do Jandir, Renê... Flu-Memória: O Carbone colocou você para disputar posição com o Washington? Sim. No início a dificuldade era ainda maior pelo fato de eu não estar jogando na minha posição. Desde que cheguei ao Fluminense, o técnico Carbone só me escalava de centroavan-


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te. Não tem jeito. Não era a minha posição. Eu até tentava, pois como profissional tinha a obrigação de tentar, mas não rendia o que podia. O treinador me colocou para disputar a posição com o Washington, mas, nitidamente, não nasci para ser centroavante. Até que o Parreira chegou e tudo mudou. Já sabia que ele chegaria porque Carlos Alberto e Manoel Schwartz me falaram. E enfim passei a atuar em minha verdadeira posição.

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Campeonato Brasileiro de 1984 Flu-Memória: Como foi trabalhar com Parreira no Fluminense? Quando Parreira chegou, tudo mudou. Comecei a jogar na minha posição e ficou muito mais fácil me destacar no Fluminense. Logo nos primeiros dias de Parreira no Flu, ele chegou para mim e disse: “Fica tranquilo, você vai jogar na sua verdadeira posição, do jeito que gosta. Quero você como terceiro homem de meio de campo. Vão jogar Jandir, Deley e você. O Assis vai ficar um pouco mais adiantado e o Tato terá que voltar para marcar de vez em quando”. Com essa decisão, o time começou a engrenar. Ficamos ainda mais fortes e partimos com tudo para ganhar o Campeonato Brasileiro. Flu-Memória: Em que jogo você sentiu que estava jogando na posição que queria? Na segunda partida contra o Operário de Mato Grosso do Sul, joguei em minha posição com a camisa tricolor pela primeira vez. Vencemos por 2x0, dois gols do Assis, e a equipe foi bem. No embate seguinte, contra a Portuguesa, fiz uma ótima partida. Marquei dois gols em nossa vitória por 4x2. Os outros gols foram de Tato e Wilsinho. De lá em diante, ganhei muita confiança e passei a atuar cada vez melhor.

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Flu-Memória: Chegou, então, o mata-mata do Brasileiro. Conte como foi o confronto com o Coritiba. Pegamos a equipe do Coritiba que praticamente com a mesma base seria campeão no ano seguinte. Lá em Curitiba, a partida foi dura. A torcida deles fez muita pressão, ficou em cima o tempo todo. O estádio estava lotado e o clima não era bom. Estava frio e teve muita chuva naquele dia. Fiz um gol de cabeça, mas eles conseguiram empatar no fim. O placar foi injusto, pois o Fluminense jogou muito melhor. Levamos a decisão para o Maracanã. Fizemos uma partida excelente e vencemos por 5x0. Mais uma vez, fiz um gol. Flu-Memória: Depois chegou a semifinal contra o Corinthians. O adversário seguinte foi o Corinthians de Carlos, Wladimir, Biro-Biro, Zenon, Sócrates, Casagrande e companhia. A equipe deles vinha cheia de moral, pois tinha eliminado antes o Flamengo com uma vitória por 4x1 no Morumbi. Antes da partida, ficamos cinco dias treinando na Granja Comary, em Teresópolis. Parreira arrumou muito bem o time e conversou bastante com a gente sobre a estratégia que iríamos usar. Flu-Memória: Como foi o clima pré-jogo? No hotel, lá em São Paulo, não paravam de explodir fogos. Não havia segurança nenhuma. Chegaram a estourar bombas em nosso corredor. Foi uma loucura. A partir das duas da manhã, ninguém estava dormindo mais. Era parte do jogo, parte do folclore da época, uma artimanha comum usada em jogos decisivos. Alguns jogadores ficavam nervosos, tensos, mas ao longo de minha carreira presenciei cenas ainda piores. Flu-Memória: Dentro de campo, o Fluminense deu um show. Até hoje, a partida é lembrada pela torcida como uma das atuações mais perfeitas da história do clube.


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Conseguimos impor o nosso jogo e o time deles praticamente não teve chance. Tudo saiu perfeito. Ganhamos por 2x0 e ainda foi pouco. A jogada do primeiro gol foi treinada umas 40 vezes. O cruzamento tinha que cair naquele setor. Assis aproveitou a oportunidade que tanto treinamos e fez o gol. O segundo foi de Tato, em um contra-ataque. Joguei esse jogo machucado, tinha um estiramento, mas aguentei bem até os 30 minutos do segundo tempo. O Morumbi estava lotado. Tinham mais de 90 mil pessoas. Nossa torcida também compareceu em bom número. Acho que conseguimos a vingança da semifinal de 1976. No Maracanã foi 0x0 e o Corinthians mal passou do meio-campo. Flu-Memória: Nessas partidas contra o Corinthians, o Washington teve um papel muito importante. Ele voltou muito para ajudar o meio-campo e saía da área para jogar. Sim, Washington ajudou muito na marcação, ele tinha um bom arranque, passadas largas. Dominava, tocava e aparecia bem para finalizar. Foi um dos melhores centroavantes que já vi, um jogador muito interessante. Não sei se está entre os maiores artilheiros da história do clube, mas fez muitos gols pelo Fluminense. Flu-Memória: Chegou, então, a final. Comente sobre o primeiro jogo contra o Vasco. Ah, esse jogo... Foi inesquecível. O Vasco queria empatar, era o seu plano de jogo. Nós, porém, mentalizamos que precisávamos ganhar o primeiro jogo de qualquer jeito. E fomos com tudo. Era para termos vencido por quatro ou cinco. O Fluminense dominou completamente o jogo, todo o time estava muito entrosado. Paulo Victor sempre bem. Aldo ia e voltava com maestria. Duílio e Ricardo Gomes passavam segurança. Branco estava suspenso, não jogou essa partida, e Renato o substituiu com eficiência. Jandir, Deley, eu, Assis,

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Washington, Tato, todos em ótimo momento. Dominamos totalmente e poderíamos até ter assegurado o título nesse jogo. Pena que perdemos muitos gols. Flu-Memória: Como foi o lance do inesquecível gol da vitória por 1x0? O gol começou de uma bola perdida pelo Vasco no meio de campo. O Jandir ficou com a bola, deu um passe para o Tato, que correu uns 15 metros, tocou para o Assis na esquerda, senti que ele cruzaria e saí atrás do Washington, porque sabia que Assis tentaria jogar na cabeça dele. Quando a bola passou do Washington, eu já sabia que seria gol. Peguei de chapa, pensei que entraria, mas o goleiro rebateu. Deu tempo de eu cutucar de volta e colocar a bola no fundo da rede. Foi bom demais. Outro dia mesmo estava assistindo o VT completo do jogo. Só conseguimos dimensionar as coisas, a ficha somente começa a cair, depois de ver quatro, cinco vezes. Talvez tenha sido o gol mais importante de minha carreira junto ao que marquei contra o Brasil no Maracanã em 1979. Flu-Memória: Você costumava dar sorte contra o Vasco. Sim. No dia seguinte saiu no jornal que o Vasco tinha uma pessoa que ia à beira de campo fazer macumba para eles, que se vestia todo de branco, acho que era chamado Santana, e que teria amarrado os pés do Assis e do Washington, mas esqueceu de amarrar os de Romerito. Tenho até hoje guardado um exemplar do Jornal do Brasil com a reportagem, como também guardo muitas matérias e fotos de minha época de jogador. Flu-Memória: Passados 30 anos, qual a sua sensação ao rever o lance daquele gol? O gol foi muito especial. Disputava o meu primeiro


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Brasileiro pelo Fluminense e logo na final, em um clássico, deixei a minha marca. Outro dia teve um restaurante que fez uma homenagem para mim e passou esse jogo na íntegra. Foi quando me toquei de como eu corria bem, como era objetivo dentro de campo. Flu-Memória: E como foi o clima do segundo jogo da final contra o Vasco? Você se lembra que nessa época, em 1984, o Brasil estava querendo eleições diretas? O Maracanã estava lotado e a maioria do estádio era tricolor. Se não me engano, tinham mais de 130 mil pessoas. Lembro que o Brasil vivia um clima político. As duas torcidas gritavam “1, 2, 3, 4, 5, mil, eu quero eleger o presidente do Brasil”. Não estava envolvido nisso, por ser estrangeiro, mas havia essa tendência de “Diretas já” naquele momento. E acabou sendo bom para o Brasil, pois a transição para a democracia não foi violenta, foi tranquila. Flu-Memória: Como foi a partida? Foi mais complicada do que o primeiro jogo? Sim, dessa vez o jogo foi duro, bem mais difícil. Tanto poderíamos ter ganhado, como perdido, mas seguramos o 0x0 e ficamos com a taça. Nosso time tinha muita pegada. Fomos a equipe que menos tomou gols no campeonato e merecemos o título. Os jogadores se dedicaram muito para a conquista. Flu-Memória: Depois da partida, houve um fato talvez inédito, pois o Fluminense conquistou o título e no dia seguinte já estava em campo, jogando um torneio em Nova Iorque. Você viajou logo depois da partida contra o Vasco? No domingo nos sagramos campeões, mas mal consegui celebrar o campeonato no Rio de Janeiro, pois tive que viajar para Nova Iorque. Foi engraçado. Os dirigentes me falaram

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uma semana antes que eu teria que viajar para os Estados Unidos qualquer que fosse o resultado. No contrato do Fluminense com o Cosmos dizia que eu precisaria jogar a Copa Transatlântica. Tanto que mal acabou o jogo, fui direto do Maracanã para o aeroporto e inclusive dormi no avião. Estava junto com Ricardo Lopes, Vica, Paulinho... Flu-Memória: O Fluminense enfrentou a Udinese e depois o Barcelona. Como foram os jogos? Tudo foi bem corrido. Chegamos ao hotel por volta de uma da tarde. O hotel ficava próximo do estádio. Comemos um sanduíche e fomos para o jogo, que começava às 14h30. Chegamos 15 minutos antes. Tomamos banho, entramos em campo e jogamos. Empatamos com a Udinese por 1x1 e fui escolhido o melhor jogador da partida, até porque fiz o gol de empate. Depois do jogo, eu quase morri. Estava muito cansado, todo estourado. Dias depois ainda teve outra partida, contra o Barcelona de Maradona. Também empatamos, dessa vez por 2x2, e mais uma vez fiz um gol. Flu-Memória: Naquela temporada, o elenco do Fluminense era muito forte. Você acredita que deu para suportar a maratona daquele ano por esse motivo? Nosso time era difícil de ser batido. Era uma equipe muito técnica em todas as posições e tinha muita força física. Prefiro campeonatos por pontos corridos como jogador e torcedor, não o modelo mata-mata como o de 1984, pois podemos planejar melhor a nossa caminhada de acordo com a tabela, mas naquele ano deu tudo certo. Tivemos também uma grande vantagem de não ter jogadores machucados. Isso faz diferença, o elenco ser muito bom e os reservas que entravam sempre darem conta do recado.


Romerito tinha o costume de ser o carrasco do Vasco em momentos decisivos.


Em 2011, o herói do título brasileiro de 1984 posa com a taça nas Laranjeiras.


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Reconhecimento do clube e da torcida Flu-Memória: Como você vê o Fluminense atualmente? O Fluminense é gigante. Hoje o clube tem uma estrutura invejável. Tem pessoas sérias que trabalham pelo bem da instituição. Isso é um fator importante para haver um legado para as próximas gerações.

você?

Flu-Memória: O que o Fluminense representa para

Tenho muito orgulho de ser parte da história do clube, de ser reconhecido pelo tricolor como um ídolo e de ter virado um torcedor. Sou torcedor mesmo. Quem já viu partidas comigo sabe disso. Eu reclamo, xingo, canto... O Fluminense representa tudo de bom que aconteceu em minha vida no futebol. Em todos os cantos sempre procuro falar do Fluminense e me informar sobre o time. Tenho um verdadeiro amor pelo clube. Flu-Memória: Para finalizar, qual recado você quer deixar para a torcida tricolor? Temos uma torcida maravilhosa. É uma torcida muito charmosa, que tem gente linda. A torcida é fanática, a melhor que já conheci, e o clube é como uma família. Todos nós merecemos grandes conquistas, até porque, como diz o hino, “Soy tricolor de corazón... Soy de club tantas veces campeón...”.

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Agradeço muito o carinho de todos e fico feliz por ter me tornado embaixador do clube. Essa aproximação recente que houve com o Fluminense é gratificante para mim. Dessa maneira, posso estar mais perto do clube e da torcida que tanto amo.

Romerito e Assis, grandes ídolos tricolores nos anos 80, frequentam o clube até hoje.


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Estatísticas no Flu Dados gerais Número de jogos: 211 (o segundo jogador estrangeiro com mais par-

tidas pelo Flu, superado apenas recentemente pelo argentino Darío Conca) Número de vitórias: 106 Número de empates: 70 Número de derrotas: 35 Total de aproveitamento: 61% Gols com a camisa tricolor: 57 Média de gols: 0,27 por partida

Títulos pelo Fluminense: Campeonato Brasileiro (1984), Torneio de Seul

(1984), Campeonato Carioca (1984 e 1985), Taça Guanabara (1985) e Copa Kirin (1987)

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Romerito na Sala de TrofĂŠus do Fluminense exibindo um dos seus maiores orgulhos.


Para celebrar os 30 anos da conquista do segundo título brasileiro do Fluminense, alcançado em 1984, a equipe do Flu-Memória convidou um dos maiores ídolos da história do clube, o querido Romerito, para uma conversa. O encontro ocorreu na Tribuna de Honra do Estádio Manoel Schwartz, de frente ao campo em que ao longo de boa parte dos anos 1980 o paraguaio mais amado das Laranjeiras treinou lances e jogadas que fizeram a alegria da torcida tricolor. O relato, ora em “portuñol”, ora em “romeritez”, foi emocionante. A obra Romerito – Tricolor de Corazón é a primeira da coleção Flu-Memória, que terá uma reunião de entrevistas inéditas com grandes ícones tricolores. COLEÇÃO

www.livrosilimitados.com.br

ISBN: 978-8566464337

9 788566 464337


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