Untouchable

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“Depois de ser toxico e indestrutível, é hora de ser intocável”


01Inglaterra, ano 2015 - Século XXI A noite já havia caído há algumas horas. O vento balançava as flores e matos do enorme campo, que ao mesmo tempo que era belo, era horrivel em dias de chuvas. Aquele ar gelado, faziam com que os ossos de Emme se debatessem de frio e seus cabelos vermelhos, como o fogo, em suas costas, lhe batessem como chicotes. Mas era meia noite, uma hora perfeita. Perfeita para uma fuga. Sim, isso era insano. Mas para Emme, que estaria jurando seus votos amanha para amar completamente Deus e seu filhos, não parecia um plano tão louco... Não é como se ela não os amassem, as divindades que lhe deram a vida e a esse mundo maravilhoso, mas ela estava completando 18 anos agora e ainda não havia conhecido o mundo que Madre Paulina dizia ser tão repugnante, mas belo ao mesmo tempo. Ela queimaria no inferno por causa disso, realmente. Mas Emme estava disposta a correr o risco dessa vez. Desde que era apenas uma garotinha, Emme, sempre cumprirá regras e aprendeu a amar todos nesse convento como se fossem sua família, claro que alem deles, estava seu verdadeiro pai... Deus. Era ele que a protegeu de todos os espiritos que a persuadiram para a maldade, foi ele quem a trouxe para o convento, com o destino de ajudar pobres almas quando se tornasse uma Madre. Mesmo sendo amaldiçoada. Emme encarou aquele enorme muro que dividia o convento do campo que foi proibida de brincar quando pequena, pois ela estaria desprotegida dos olhos de Deus fora do convento. Ela precisa de ajuda... Tinha que existir alguém lá fora que a ajudasse com seu...problema. Ela não poderia se tornar uma amante de Deus, sendo que existiam forças que a puxavam para a escuridão. Emme colocou seus dedos finos e pequenos sobre as pedras geladas, grandes que formavam o muro por toda o convento. Ela o escalou tantas vezes quando criança, que havia perdido a conta de quantas vezes teve seus joelhos marcados por grãos de milhos em seu castigo. Mas ela não tinha raiva do Padre, que era tão severo... Claro que não. Emme o admirava tanto por ser tão companheiro de Deus, que desejava ter o mesmo destino dele. Mas não hoje, nem amanhã. Ela pegou seu cabelo, que insistia em se debater contra ela, e o prendeu em um coque. Em seguida, Emme decidiu, que só pararia se fosse pega pelas irmãs que dormiam em seus quartos. Ela escalou o muro sem nenhuma dificuldade, mesmo que o sereno deixasse o limbo das pedras mais úmidas, apenas teve um pouco de dificuldade depois que saltou do topo, já que teve seus joelhos ralados e seu vestido sujo de terra. Mas suas roupas não eram um problema, em sua bolsa, com alça diagonal, haviam algumas trocas para seus dias fora do convento. Ela caminhou rapidamente, esticando suas pernas o maximo que podia para deixar seu passo grande, mesmo que elas fossem curtas. Emme não era muito grande, pensava que seu corpo apenas não havia se desenvolvido pois era apenas uma adolescente, mas ela estava feliz com o seu tamanho, pelo menos não chamaria tanta atenção, ao contrario de seus cabelos. Ela os odiava.


Eles eram longos até um pouco a baixo de sua cintura e eram ondulados, tendo sua raiz lisa. Seu corte em V e sua franja comprida, não ajudava a deixa-la menos chamativa... Pois a cor era igualada a uma fogueira acesa e sangue. Padre Antonio dizia para não odia-los, exatamente por lembrar a isso, ele sempre falava que o sangue de jesus era o presente mais precioso que nosso Pai celestial havia nos dados e meu cabelo poderia ser a vir um presente tambem. Emme encarou o convento uma ultima vez antes de, realmente, ir embora. Sua infancia havia se passado rapidamente desde que a deixaram em um cesto, quando era apenas um bebê, na porta da casa de Deus. Ela não desejaria jamais ir embora, mas pediu por ajuda e ninguém havia lhe dado ouvidos... Agora, Emme procuraria por alguém que lhe desse. Mesmo que fosse um completo estranho... Afinal, o quão grande podia ser a maldade do mundo fora desses muros que sempre a protegeu? Emme pensava que não podia existir nada, alem de bondade, já que no final de tudo todos eram filhos do mesmo pai. O céu estava calmo e estrelado, sem nenhum indicio de chuva. Talvez isso fosse sorte, Emme pensou consigo mesma e passou a andar no silencio da noite, como uma estranha que estava conhecendo o caminho de uma nova estrada... Mas para ela, não era somente uma estrada, era o mundo. Londres, durante a noite, sempre forá mais escura do que qualquer outro lugar que ela já tenha ido. Era impossivel saber o porque, mas ela gostava dessa escuridão... O convento era muito mais escuro e mesmo ele sendo protegido pelo nosso pai celestial, ela não deixava de ter medo do escuro. Para Emme, o escuro era companheira dos filhos de Lúcifer e apenas de imaginar na maldade que existia nesse anjo caído, que exibia poder e orgulho em um nome, lhe causava arrepios por toda a pele. Ela abominava o anjo caído e suas maldades, não havia duvidas sobre isso. Emme já estava quase chegando no centro da cidade depois de tanto caminhar. Considerando que era perto, ela se cansava rapido. Era como se caminhar, acendesse uma fogueira em seu corpo. Ela se sentia quente e com calor sempre que andava mais do que estava acostumada... Emme pensava que fazia parte da sua vida sem muito exercicios, acostumada sempre a ficar sentada lendo livros da biblioteca do convento ou os que Madre Paulina escondia de baixo do colchão. Aqueles livros, realmente, deveriam ser chamados de pecados em palavras. No meio do caminho para algum lugar, ela encontrou uma loja que comprava joias usadas. Era estranho, pois imaginava que essas lojas não funcionasse durante a madrugada. Mas ela não se importava se deveria estar fechada ou aberta. Essa loja seria de boa ajuda no momento. Emme caminhou até lá. Empurrando a porta de vidro, que abria para dentro, um pequeno sino foi tocado, anunciando sua entrada. Emme olhou para o pequeno anunciador fofoqueiro acima da sua cabeça, ela estava tão acostumada com o silêncio da noite que foi pega de surpresa com o barulho. Em seguida, uma mulher saio de trás de algumas cortinas coloridas, que tampava um corredor. Pelo estilo de se vestir e magreza, Emme pensou que essa mulher poderia ser uma cigana, mas não tinha certeza que ciganos trabalhassem em lojas de joias. Afinal, para obter as pedras, era preciso destruir a natureza...— No que posso ajudá-la, minha querida?— Ela olhou por cima dos seus oculos finos, diretamente para Emme. Os olhos cinzas de Emme seguraram os da mulher cigana por vários segundos, antes de dizer alguma palavra.— Tenho algo para vender.— Ela disse seguido de um suspiro. Jamais lhe passou pela cabeça que venderia a única joia e lembrança que veio junto com ela naquele cesto na porta do convento, mas Emme precisava de dinheiro e tinha que fazer isso para obter ajuda. Levando suas mãos até o pescoço, Emme desamarrou sua gargantilha e colocou sobre o balcão da loja.— Quando ele vale?— Perguntou. A mulher pegou uma lupa e passou a avaliá-lo com cuidado.— Uma gargantilha gótica de veludo


com um pingente de cruz.— Ela disse.— Esmeralda verdadeira e os fios que a seguram são de prata. Isso deve ter valido um bom dinheiro quando o comprou.— — Eu acho que sim.— Emme disse, um pouco impaciente. — Sabe o motivo de deixar minha loja aberta durante a madrugada, criança?— A mulher perguntou, ainda avaliando seu colar.— Muitos adolescentes roubam joias de seus pais quando fogem de casa para trocar por dinheiro. A madrugada é um ótimo horário para travessuras. Você poderia me dizer por que está fugindo de casa?— Ela perguntou. — Eu não...— Emme desistiu de sua resposta, ela precisa sair de perto do convento. Quando notassem sua falta, o primeiro lugar onde as madres e o padre procuraria seria no centro da cidade, a parte que era perto do convento.— Apenas me diga quanto ele vale e me de o dinheiro.— — Lhe darei 500 reais por ele. Costumo a dar menos que isso para meus vendedores, mas isso é muito valioso, com essa esmeralda grossa. Eu poderia ficar rica ao revende-lo.— — Tudo bem.— Emme concordou com a troca.— Obrigada.— A mulher olhou para Emme profundamente antes de lhe entregar o dinheiro e guardar o colar na vitrine a baixo delas. Seu coração se apertou ao ver o colar sendo colocado para a venda.— Você deveria tomar cuidado.— Ela olhou para a cigana, surpresa por isso.— Uma menina com aparência de uma boneca, como você, agrada a escuridão.— Emme franziu o cenho.— O-obrigada...eu acho.— Disse quase gaguejando. Essa mulher podia parecer ser tão inocente quanto seu trabalho, mas estava a assustando como gatos se assustavam com cachorros. A mulher jogou o dinheiro em suas mãos, e Emme, a única coisa que fez foi acenar para ela e sair da loja. Ela já estava se sentindo sufocada dentro daquele lugar e aquela mulher lhe olhando como se fosse uma de suas joias, era assustador. Realmente, sair durante a madrugada não foi uma boa ideia, mas como decidiu desde o inicio, sacrifícios teriam que ser feitos. E esse era um deles, como ter que vender seu colar. Antes de continuar, Emme teve vontade de correr para dentro da loja, pegar seu colar de volta e voltar para sua casa. Mas ela não podia. Ela tinha problemas a resolver, sua maldição... Ela tinha que procurar ajuda que não veio do convento. Ela procuraria pessoas que conheciam mais sobre o lado negro da vida. Claro que ela não fazia ideia de quem eram essas pessoas e onde as encontraria, mas ela sabia que existia aquelas pessoas que falavam com espiritos. Se os humanos não podiam ajuda-la, os espiritos conseguiriam. Mas agora, Emme, precisava de um lugar para passar a noite longe desses arredores. Esse era outro problema, já que nunca saiu de dentro do convento e não conhecia nada na cidade de Londres. Emme estava cansada de caminhar. Ela já estava, totalmente, perdida. Antes pelo menos saberia como voltar para o convento, caso desistisse dessa loucura, mas agora... Ela não fazia ideia da onde estava. Sempre lerá em livros que a melhor opção a fazer quando se está perdido, é seguir o rio ao caminho oposto que você estava indo. Mas nem perto de um rio ela estava. Quando decidiu fugir do convento, sabia que não seria a única a caminhar por essas ruas durante a noite. Ela sabia o quão perigoso isso era. E sabia ainda mais agora, que estava sendo seguida. Coragem pra olhar pra trás Emme não teve, mas ela viu sombras e ouvia passos e tudo indicava que alguém a perseguia. Ela pensou em parar e pedir o endereço de algum lugar onde ela poderia passar a noite, mas não era tão ingenua assim. Ela apertou o passo e ignorou o calor que sobia por sua garganta, alias, por todo o seu corpo. Ela estava com medo e apenas sua fé poderia ajuda-la agora. Somente depois de segundos, ela notou que parou de andar e estava correndo. Mesmo assim, aquela pessoa não deixou de persegui-la. Era isso, temeu e pensou Emme, eu morreria aqui. Emme estava tão perdida nessa, maldita, cidade que acabou entrando em um beco sem saída. Entrando na escuridão que existia entre dois predios... Ela correu até o fundo e só parou quando


sentiu a parede de tijolos em suas mãos. Se esconder na escuridão daquele lugar, talvez ajudaria. — Boa noite, pequena criança.— Uma voz masculina invadiu seus ouvidos, mas Emme não conseguia ver nada, estava muito escuro para que ela mesma se vesse.— Não se esconda na escuridão, eu apenas quero ajuda-la.— Por um segundo Emme pensou que isso poderia ser verdade... Ela queria acreditar que fosse, mas isso era apenas uma mentira. Pecador, sua mente acusou a pessoa que estava a assustando. Seu corpo se espremeu contra a parede, ele estava se aproximando... Sua mente já estava repetindo a oração de salvação pela decima vez e até agora nada havia acontecido. Ela não tinha tempo para rezar cem vezes até que a salvassem. Seria possível Deus considerá-la como uma alma perdida apenas por ter deixado o convento? — Acho que achamos nosso jantar, Gregory.— Outra voz apareceu, muito mais perto dela. Mas como? Ela não havia visto outra sombra entrar no beco e aquele outro homem, que disse que a ajudaria, não havia se movido.— Jantar?— Emme não conseguiu ficar em silencio e murmurou. Será que eles, realmente, queriam ajudá-la? E ainda a levariam para um jantar? Pois bem, ela estava com fome e não negaria isso. O homem, mais próximo dela, a puxou por seus pulsos para que seu corpo ficasse próximo do dele. — Sim, minha querida.— Ele murmurou perto de seu ouvido, de modo seco.— Com direito a um estupro.— — Me solte.— Ela exigiu, não compreendendo nada do que estava acontecendo.— Você esta me machucando.— Emme sussurrou, prestes a começar chorar, quando sentiu o aperto em seus pulsos ficarem fortes, muito fortes. — Own.— O homem de trás, que aparentemente se chamava Gregory, se pronunciou.— Não a machuque antes, meu amigo.— Não a machuque, foi o que sua mente registrou... — NÃO!— Ela gritou, tentando se mover para fugir, mas isso não passou de uma ideia iludida. Emme não conseguiria fugir.— Por favor, me solte... Nós somos filhos do mesmo pai, não machuque o coração dele.— O homem gargalhou e com a pouca luz que existia naquele beco, ela viu que seus dentes eram...diferentes.— Doce cheiro, doce menina.— Ele aproximou sua cabeça do pescoço dela e Emme congelou. Ela tentou empurrá-lo para longe. — Fique longe de mim.— As mãos frias daquele rapaz pegaram em seu braço, fazendo-a ficar imovel perante ele. Quando Emme sentiu os dentes daquele homem em seu pescoço, ela estava prestes a desmaiar. — Acho melhor fazer o que a dama pede, meu caro.— Outra voz invadiu o beco, ela não continha a maldade como o tom daqueles homens. Emme sentiu um sorriso se formar no pescoço dela e então ele se afastou, mas continuou a segurando quando caminhou para frente. Emme estava tão atordoada e com medo, que não conseguia ver mais nada. Com seu outro braço livre, ela pegou seu terço em seu bolço e começou a rezar todas as orações que conhecia, com seus olhos fechados. — O bom filho retorna a casa, então.— Emme ouviu a voz de Gregory agora.— Finalmente você largou aquele bebê recém criado.— — Solte-a.— O homem, que acabará de chegar, rugiu.— Nosso rei não gostará de saber o que seu povo anda fazendo em becos escuros.— — E você obviamente sairia correndo para contar a Andrew o que aconteceu. Como um fofoqueiro. — — O que posso fazer se minha língua não se controla quando a morte está envolvida?— Emme abriu seus olhos depois de ouvir a palavra morte. Ela largou seu terço e passou a tatear por algo que estivesse perto dela, a única coisa que achou, foi uma tampa de lixo. Talvez isso serveria. Sem pensar no quão ruim isso podia ser, ela bateu a lata no peito daquele homem que estava quase gangrenando seu braço. Na primeira oportunidade que seu aperto se tornou mais fraco, Emme se livrou dele e saio correndo para fora do beco. Bom, pelo menos esse era o plano dela antes de a pegarem novamente por seus braços. Gregory.


Ela sentiu que o homem, que provavelmente estava a ajudando, ficou impaciente com tudo isso. Principalmente depois que começou a soltar lagrimas de desesperos por seu rosto. — Ok.— Ele disse.— Suas mães nunca lhe ensinaram o quão feio é fazer uma dama chorar? Acho que terei que ensinar bons modos para vocês.— Em um piscar de olhos, aquele homem não estava mais no inicio do beco, ele havia simplesmente sumido e um grande estrondo começou a ocorrer atrás dela. Até mesmo rugidos de raiva surgiram com o tempo e depois um grito que em questão de segundos se tornou parte do silencio. Emme foi jogada em direção da rua em seguida, tendo seus joelhos e mãos machucadas mais ainda. Agora que todos eles estavam perto da luz, ela podia identificar mais coisas. Como uma cabeça loira e outra morena, dois homens que brigavam como animais fortes... não como humanos. Ela não esperava que a maldição acordasse justamente agora, ainda caida no meio da rua, com suas mãos e joelhos sangrando, mas isso nunca tinha dia ou hora. A queimação simplesmente começou a ocorrer por uma parte do seu corpo e era impossivel não gritar com isso. Um corpo, do homem de cabelos escuros, caiu ao seu lado. Emme se perguntou se ele era o qual estava tentando ajuda-la ou o que lhe assustava. Ignorando a queimação, ela tentou se mover para longe quando viu que o homem encarava um ponto fixo e sem nenhuma expressão. Seus olhos subiram até seu peito e com horror ela gritou ao ver que seu peito estava aberto, onde provavelmente havia um coração lá dentro. Emme jamais havia visto tal coisa. Tanto em televisão ou livros, não admirava que essa cena de pura violanecia a levaria direto ao desmaio, mas não antes de ver a face do homem de cabelos loiros sujo de sangue e segurando, em suas mãos, um coração. __________________ Lúcifer encarou os dois corpos que estavam deitados no meio da rua e por um momento revirou seus olhos. Ele odiava salvar humanos, pois eles sempre desmaiavam. Odiava mais ainda quando matava alguém, pois não gostava de sujar sua roupa com sangue. Ele deixou o coração cair em seus pés e pisou em cima. O barulho de algo explodindo foi pura satisfação para seus ouvidos. Talvez essa fosse a melhor parte de matar. Ele caminhou até o meio da rua e pegou o corpo de Gregory, um de seus antigos companheiros da noite. Em pensar que um dia Lúcifer encurralou meninas tão jovens como está para seu próprio divertimento, junto com esses dois homens que acabará de matar. Lúcifer carregou o corpo do vampiro em seus ombros, desistindo da opção de não se sujar. Ele poderia pedir para Roxie ensiná-lo a como carregar uma estaca, assim não se sujaria muito. Seria engraçado uma criatura tão pequena e humana tentando lhe dar aulas. Realmente, ele colocaria isso no topo da lista na próxima vez que a encontrasse, apenas para provocá-la. Lúcifer jogou o corpo juntamente com o outro no final do beco e tirou de dentro do seu bolço um isqueiro prata que havia achado no meio de suas coisas antigas. Ele adorava aterrorizar as borboletas que aterrizavam em seu jardim, as seguindo com o fogo desse objeto prato. Isso era deplorável, ele pensou. Todos que o conheciam jamais pensariam que fazia isso durante a noite em vez de estar matando. Quando não tinha uma companhia feminina para diverti-lo, claro. Por fim, ele deixou que o fogo aparecesse no isqueiro e o jogou em cima dos corpos. A melhor parte de queimar corpos de vampiros era que pegavam fogo facilmente e jamais deixaria um cheiro ruim pela cidade... Apenas o cheiro das coisas que queimariam em volta deles em quanto seus corpos viravam cinzas. Os humanos eram tão ingênuos que consideravam as cinzas encontradas como algo que se queimou no meio do incêndio, até mesmo os humanos que conheciam a verdade sobre o mundo deles acreditavam nisso. Tolos. Um sorriso cresceu em seus lábios ao ver o fogo queimando aqueles corpos, ele adorava ver isso, depois de ter explodido um coração. Lúcifer caminhou até o meio da rua novamente, deixando o fogo queimando atrás dele. Provavelmente até a manhã chegar, ele já teria apagado e isso seria de grande ajuda. Agora seu único problema, seria essa adolescente. Talvez ele pudesse deixa-la ai. Algum carro durante o dia


passaria e pararia ao ve-la e os medicos até mesmo diriam que ela foi atropelada, por isso estava tendo alucinações com monstros... É, ele a deixaria lá. Mas antes que Lúcifer pudesse voltar a andar de volta para sua mansão, ele sentiu o cheiro de carne queimada. Carne humana. Ele sabia que isso não era dos vampiros no beco e a única pessoa que estava em suas opções de estar queimando, era a menina. Lúcifer se virou para ter certeza de que o fogo não havia chegado até a humana deitada no asfalto e inconsciente. O fogo não estava nela, mas teve certeza de que o cheiro vinha de seu corpo. Como se sua mente tivesse ganho vida, quando percebeu, Lúcifer já estava de joelhos ao lado da menina. Seus dedos, sujos com sangue, tiraram aqueles cabelos tão vermelhos quanto o fogo de seu rosto e ele a encarou. Agora podia entender o por que de ter chamado a atenção dos seus velhos companheiros. Ela parecia como uma porcelana de tão delicado que seus traços eram... Ela seria uma boa inspiração para criadores de bonecas. Mas não passava de uma tola. Quem diabos no mundo teria coragem de sair a noite no meio das ruas de Londres? Considerando as maldades que os humanos estavam fazendo, eles, as criaturas sobrenaturais, eram os bonzinhos da historia. Lúcifer deixou seus pensamentos de lado e a puxou para que ficasse sentada, mesmo que ela ainda estivesse desacordada. No inicio de suas costas, ele pode ver queimaduras recém-feitas e depois que abriu um pouco o zíper do seu vestido, seus olhos se depararam com queimaduras ainda maiores. Ele franziu o cenho. Essa menina nem ao menos havia chegado perto do fogo em quanto ele estava lidando com aqueles vampiros e tudo indicava que essas queimaduras haviam sido feitas a segundos atras. Mas ela era humana, nenhuma explicação sobrenatural se encaixaria nela. Lúcifer nem ao menos conhecia criaturas sobrenaturais que sofriam disso. Isso, realmente, era curioso. Lúcifer soltou uma respiração de pura frustração.— Eu odeio ser bom.— murmurou em quanto carregava aquela menina em seus braços e a levantava daquele chão sujo. Se isso era insano? Com certeza. Se Andrew o mataria ao saber que tinha uma humana em sua casa? Sem duvidas. Mas era como diziam, a curiosidade fazia com que qualquer pessoa fizesse coisas insanas. Era isso, Lúcifer pensou por um momento, a idade está começando a me levar a beira da loucura. Essa era a única explicação. Tudo bem que era errado deixá-la no meio da rua também, mas era muito mais levá-la para sua casa. Apesar de parecer a coisa certa a se fazer, afinal, outros vampiros podiam encontrá-la e fazer coisas piores. Ele a olhou em seus braços e pensou no quão problemático estava sendo ao tomar essa atitude. Sem contar que na hora que ela acordasse surtaria por ter visto seu rosto... Mas considerando que Andrew conseguiu lembrá-lo que tinha um coração, seria desumano demais deixar essa menina aqui em quanto sua curiosidade deixaria ele sem dormir por dias...Sem dormir por dias... Lúcifer estremeceu com a ideia. Ele precisava do seu sono de beleza e não deixaria que uma humana estragasse isso. Talvez, um talvez bem pequeno, estivesse na hora dele se tornar o mocinho de uma historia. Lúcifer rio com a ideia. Não se torne um tolo, Lúcifer, sua mente o lembrou. Sem mais delongas, ele passou a caminhar na escuridão da noite para sua casa, com uma completa estranha de cabelos cor de fogo que se queimava sem ao menos estar perto do fogo. Pelo menos ele teria alguma diversão na hora que ela acordasse, como por exemplo seu desespero por saber que criaturas sobrenaturais existiam... Isso era mais tentador do que correr atrás de borboletas com fogo. ____________________ A mente de Emme deixou o mundo dos sonhos e voltou para a realidade, mas ela estava com tanto medo que não teve coragem para abrir seus olhos. Aqueles olhos vermelhos e dentes... Aquele homem estava segurando um coração em sua mão... Talvez pudesse ter sido apenas alucinação por causa da queimação... Era tanta dor que ela poderia ter imaginado coisas, mas se foi isso, Emme


estava com medo da sua própria mente. Seus dedos se apertaram contra o… colchão? Ela esperava que estivesse no chão asfaltado ou pelo menos morta, mas tudo indicava que estava em uma cama e ela não estava sozinha. Outros barulhos aconteceram no quarto, como passos e respiração, sabendo que seus braços estavam de baixo das cobertas, ela pegou seu terço no bolço do seu vestido. Seus olhos se abriram finalmente, somente para encontrar, perto de uma janela, o homem que fez de seus sonhos puros pesadelos. Ele a encarou. Emme se desesperou e rapidamente ficou de pé em cima da cama, uma maneira de se proteger caso ele tentasse usar seu tamanho como benefício. Talvez isso tenha sido exagerado da parte dela, mas não sabia se tudo que havia visto foi alucinação ou não.— Fique longe de mim.— Ela disse quando o rapaz de cabelos loiros se moveu para mais perto da cama. — E esse é o agradecimento que tenho por ter salvado sua vida.— Por um momento, ela se sentiu culpada, Emme sabia que ele havia a ajudado lá no beco, mas tudo isso passou quando entendeu que ele estava sendo ironico.— Só para constar, um terço não repele minha pessoa para longe de você.— Só quando citou isso, que se deu conta que seu braço estava esticado para frente, na direção dele, segurando fortemente o crucifixo. — Eu... Eu...— Ela tentou começar uma frase, mas teve que respirar profundamente antes de continuar.— Eu ví seu rosto, no beco.— — Você estava alucinando.— — Eu estava?— Emme franziu o cenho, quase acreditando que isso era verdade... Mas apenas palavras não a convenceria.— Você esta mentindo.— — Você tem razão, eu estou.— Emme deu um passo para trás na cama, o encarando. A porta não estava tão longe para... Seus olhos cairam em uma pintura na parede de frente com a cama. Era o inferno que estava retratado lá, só podia ser isso. O inferno e a sombra do anjo caído olhando para seus novos filhos. Ela sentiu seu coração dar uma batida a menos. Isso era horripilante. Seus dedos foram até um abajur ao lado da cama e depois de enrolar seu terço em seu punho, ela o pegou.— Não se aproxime ou eu o mandarei de volta para o inferno.— Seu peito parecia que ia explodir, do tanto que se elevava por causa de sua respiração, mas ela achava que era seu coração que iria explodir, do tão rapido que batia. — Você não pode me matar com um abajur.— Sua sobrancelha esquerda se elevou.— Eu não pretendo matá-la, minha querida. Agora aqueles homens no beco sim, iriam fazer coisas que sua cabecinha jamais poderia compreender. Você já estaria morta se isso fosse meu desejo.— — Você é um demonio?— Ela perguntou e por um momento, viu surpresa na expressão dele.— Seus olhos eram vermelhos e seus dentes lembram a um demonio. É isso que você é?— Emme já tinha lido na biblia que demonios existiam e se anjos caminhavam entre nós, porque demonios não? — Você deveria estar com medo de mim, não curiosa.— — Oh,— Ela pareceu ficar surpresa, por um momento desviou seus olhos cinzas daquele estranho, deixando que a confusão tomasse conta dela.— Você tem razão...mas disse que se desejasse minha morte, não estaria respirando mais.— Ela o lembrou ao responder a sua pergunta não feita. Emme olhou para aquele homem de cabelos loiros e olhos tão anormais, que pareciam ser esmeraldas. Ela se lembrou do seu colar por um momento... — Não sou um demonio.— Ele a respondeu depois de um breve silencio ter ocorrido entre eles.— Mas tambem não sou humano.— Um sorriso surgiu ao meio da sua arrogancia. Ele, pensou Emme, com certeza não era um anjo tambem. — Não se aproxime.— Ela disse quando viu que ele estava mais próximo da cama.— Eu não acredito em você e sei que tudo isso não passa de um sonho ruim.— — Eu não acho que sonhar comigo seja uma coisa ruim.— Ele foi irônico. Emme ficou chocada com essa resposta. Como ele poderia estar tão calmo, em quanto ela estava prestes a quebrar um abajur em sua cabeça? Emme fechou seus olhos por alguns segundos, se isso era insano? Talvez. Mas ela sabia que isso era um sonho, ela sabia que quando acordasse ainda estaria na cama do convento na noite anterior antes


de fugir... Isso não podia ser real. Depois de um tempo, quando seus olhos se abriram novamente, foi somente para encontrar olhos como se fossem de cobras, olhos que a hipnotizavam, em sua frente. Aquele homem, que tanto a assustava, estava parado em sua frente em cima da cama. Por um momento ela não sabia o que fazer, mas lembrou do abajur em suas mãos. Só que antes que Emme pudesse fazer algo com aquela nova arma, ele colocou suas mãos sob as delas em volta daquela porcelana vermelha. Arrepios correram por seu corpo quando seu toque tão gelado quanto o de um corpo sem vida tocou sua mão. Emme já era quente por natureza e exatamente por isso, o atrito entre a pele deles foi como lava escorrendo pela neve que cobria o chão em um dia de inferno. — Eu sou um vampiro.— Ela o encarou, paralisando seu corpo pelo medo e com o desespero em sua garganta apenas cresceu ao ver que seus olhos estavam começando a serem pintados de vermelhos, e alem disso, havia quatros presas que eram mais afiadas que agulhas, quando tentou se afastar, ela... eles, soltaram o abajur, que rolou aos seus pés. Ele a puxou para mais perto depois que pegou em seus cotovelos, até que seus labios encontrassem sua orelha.— E você pode me chamar de Lúcifer.— Emme soltou um grunhido de frustração ao escutar tudo isso. Ela adoraria ter desmaiado agora, mas isso não aconteceu... Emme apenas ficou imóvel, com medo de se mover e ser atacada como ele fez com os outros no beco. Quando o olhar dele... De lúcifer, voltou ao dela, ele já não parecia mais assustador.— Creio eu, que a traumatizei.— Ele parecia feliz, isso era tão desumano que a teoria sobre ser uma criatura do inferno, parecia real. Emme abaixou seus olhos, ela não parecia estar traumatizada, não tanto como estava confusa. — Eu não acredito em vampiros.— Sussurrou para ela mesma em quanto balançava sua cabeça. — Eu não acredito, mas...— Não, ela não podia estar prestes a falar isso. Emme mal o conhecia e acabará de descobrir que não era uma boa pessoa... Essa homem em sua frente, segurando por seus cotovelos, havia matado um homem e arrancado seu coração!— Você pode me ajudar.— — Eu acho que não entendi direito.— Lúcifer foi pego de surpresa. Estava obvio que jamais esperava que ela pedisse ajuda, talvez estivesse esperando um desmaio, por isso que continuava a segurá-la. — Eu tenho um problema...— Ela começou, tentando escolher as palavras certas antes de continuar, mas quando notou que estava tremendo, se perdeu completamente. — Suas queimaduras?— Lúcifer disse antes que ela achasse uma explicação digna do seu caso.— Eu as vi em suas costas, tudo indicava que foram feitas minutos atras depois que desmaiou, mas você não estava perto do fogo...— Emme olhou por cima de seus ombros, em uma tentativa inutil de ver sua nova queimadura. Era assustador como essa maldição funcionava, a queimação simplesmente aparecia e a deixava marcado por dias e quando seu hematoma estava quase curado, outra acontecia. Ou até mesmo, como já aconteceu, minutos depois da queimação em um lugar ter acabado, outra já se ocorria por seu corpo. Ela odiava quando duas queimaduras aconteciam juntas ou em um tempo curto, a dor sempre era maior. Ela sacudiu sua cabeça em concordância para ele.— Preciso de ajuda.— Ela disse, tentando deixar seu tom firme como o de uma mulher, não fino como o de uma criança. Ela acabará de completar 18 anos ontem e não podia agir mais como fosse uma bebê, por mais que gostasse de ser assim.— No convento, eles simplesmente ignoraram isso, então eu...— — Espere.— Lúcifer a interrompeu, ficando até mesmo incrédulo.— Convento?— — Sim, eu...— — Você é uma freira?— Ele não a deixou falar novamente.— Eu irei levá-la de volta pra sua casa e...— — NÃO!— Emme se desesperou por um momento e acabou gritando quando Lúcifer citou em leva-la de volta para o convento.— Por favor, se você não pode me ajudar, apenas me deixe ir embora. Eu juro que não contarei nada sobre seu... segredo.— — Não é questão de poder, só não sei se quero gastar meu tempo com bobeiras.— Emme se sentiu ofendida por um momento, mas ela estava tão cansada de todos tomarem essa atitude, que decidiu ignorar.— Eu preciso pensar.— Lúcifer disse, parecendo considerar um pouco o assunto, e a soltou finalmente, descendo da cama.— Peço que passe o resto do dia em minha casa e se minhas


respostas não lhe agradarem, deixarei que vá embora.— Emme acenou para ele e desceu da cama. — E eu não irei machucá-la, isso é uma promessa.— — Promessas são importantes para mim.— — Para mim tambem.— Ele a respondeu seriamente, a olhando com superioridade.— Eu só a quebrarei quando permitir que isso aconteça.— Emme franziu as sobrancelhas, não entendendo o significado dessa frase. Ela estava se sentindo muito perdida nesse mundo, era como se tudo que falassem fossem coisas novas... — Lúc...— Ela tentou falar o nome dele, mas fechou seus olhos por um momento e respirou fundo. Por que ele tinha que ter o nome que mais odiava? As pessoas, fora do convento, eram loucas.— Lúcifer.— Emme abriu seus olhos depois que conseguiu falar. O homem de cabelos loiros e olhos que a lembravam de um olhar de uma cobra furiosa e cheia de veneno, estava parado perto da porta, pronto para abrí-la. — Sim?— — O que é estupro?— Ela perguntou inocentemente. Emme não tinha um conhecimento grande, tudo que conhecia era sobre os estudos que qualquer pessoa tinha na escola e sobre sua religião. Ela nunca tinha escutado essa palavra em sua vida... — Você está brin...?— Ele a encarou como se fosse uma criatura de outro mundo. O que foi estranho, já que era para Emme olhá-lo dessa maneira, não ele para ela.— Está falando sério.— Ela se sentou na cama delicadamente, já havia agido feito um animal ao ameaçá-lo com um abajur, estava na hora de agir com modos. Com algumas mechas de seu cabelo em seus olhos, ela os colocou para trás de sua orelha, esperando por uma resposta.— Aqueles homens no beco disseram que seria o jantar deles e com direito a um estupro. O que é isso? É algum tipo de comida?— — Não! E mesmo que fosse, isso não é uma coisa para se experimentar.— Ele respondeu, ao mesmo tempo que ficava pasmo. Talvez Lúcifer estivesse entendendo o quão novidade tudo estava sendo para ela.— Estupro, é alguém obrigar você fazer algo que não deseja.— Lúcifer escolheu suas palavras, ele não tinha intenção de assustá-la ainda mais. Era notável que, mesmo depois de Emme ter se acalmado, ela ainda tremia como um coelho em frente a um lobo. Ela franziu o cenho por um momento e tudo indicava que depois de alguns segundos, ela entendeu o significado da palavra. — Eles eram vampiros tambem?— Lúcifer acenou para ela. — Eles a matariam se eu não tivesse acabado com a vida deles, então me poupe do argumento de que foi errado e de que não devia ter feito isso. Minhas regras nunca serão igualadas com as suas.— Em seu tom havia pura arrogância. Mas eles são demonios, ela pensou, talvez isso fosse o correto. Emme estava confusa demais para acreditar no que era correto ou não. Ela mal estava acreditando em si mesma por ter pedido ajuda para um vampiro, que ela mesma acreditava que era um demonio. Por fim decidiu, que precisava ficar sozinha. Seus olhos cinzas se levantaram para encontrar os de Lúcifer.— Obrigada.— Suas palavras foram suaves, mas não concordava com suas atitudes ainda. E sem contar, que o medo ainda a dominava. Por um momento Lúcifer pareceu ficar hesitante ao sair do quarto, provavelmente pensando que Emme pudesse se jogar pela janela, para se livrar dessa confusão que passava por sua cabeça. Pelo menos ela já havia visto muitos casos como esses... Mas isso não vinha ao caso. Desde que era pequena Emme vem aguentando essas queimações em seu corpo, se era fosse realmente fraca, já teria se jogado de uma janela há muito tempo. E, bom, não era um vampiro, ou um demonio, que tiraria sua cabeça fora do lugar tambem. Lúcifer saiu e fechou a porta do quarto em suas costas com um ultimo olhar para ela. Emme, definitivamente, não sabia em quem confiar. Mas desde que saiu do convento sua ideia era procurar ajudas paranormais e Lúcifer não era humano, seu conhecimento podia ser muito maior do que de qualquer pessoa. Agora, sozinha no quarto, seria um ótimo momento para ela fugir desse lugar e sumir no munto, mas não. Emme decidiu ficar e dar uma chance para esse homem que tinha o nome de um anjo caído. E mesmo que ele não cumprisse sua promessa, o que lhe importava? Se ela tivesse que


conviver com essas queimaduras pelo resto da sua vida, a morte seria muito bem vinda, pois Emme estava cansada de sofrer. _____________________ Obviamente depois que Lúcifer saiu do quarto, Emme não conseguirá mais dormir. Ela usou o tempo que estava sozinha no escuro daquele lugar, com uma pintura do inferno, para pensar também. Sua mente martelava em sua cabeça para lhe mostrar o que era correto. E o que, sua mente, desejava era que Emme corresse para fora dessa casa. Mas considerando que Emme não era uma pessoa correta como todos os humanos, já que sofria de alguma maldição, não perderia tempo seguindo o que era correto. Emme se sentou na cama depois de desistir de pelo menos fechar os olhos para tentar dormir. Já era dia lá fora, pois muita claridade invadia o quarto e isso era uns dos motivos para não conseguir dormir. Claro que o maior motivo para isso não ocorrer era o medo, ela mal conseguia pensar quando se lembrava do rosto monstruoso de Lúcifer. Vampiro ou não, não devia confiar completamente nele, por mais que tenha visto pura sinceridade em seus olhos ao prometer que não a machucaria. Mas ele tambem disse que a machucaria se ela permitisse que isso acontecesse... Por que ele lhe disse isso, afinal? É claro que ela jamais deixaria que ninguém a machucasse. Seus olhos, tão cinzas que chegavam ser a quase brancos, caíram sob a pintura de frente com a cama, ela o observou calmamente agora. No fogo do inferno, havia pessoas queimando e que gritavam em desespero, a escuridão, onde não havia fogo, predominava o restante do quadro, tambem era visível ver pessoas sendo feitas de escravas, e a cima de todos, havia a pintura de um anjo negro, como se ele fosse o rei daquele lugar. Esse anjo era apenas uma sombra, não havia detalhes nele, era apenas isso...uma sombra. Mas era obvio que ele gostava do sofrimento das pessoas, pois caso contrário, estaria ajudando-as em vez de observá-las queimando. Emme soltou uma respiração pesada e fechou seus olhos desejando, novamente, acordar desse pesadelo. Ela tinha que parar de ser tola e acreditar que isso era realidade... Talvez o padre soubesse dessas criaturas no mundo, exatamente por isso, que nunca a deixou sair do convento e a botava de castigo quando pulava o muro para brincar no campo ao lado de sua casa. Talvez fosse desses demonios que ele estivesse a protegendo todo esse tempo. Por um momento Emme considerou voltar para o convento, mas isso parecia tão errado. Sem contar que agora que conseguiu ter sucesso em sua fuga, se caso voltasse, seria trancada na escuridão novamente... Não. Até mesmo sua mente protestou agora, ela não podia voltar para sua casa sem sofrer consequências por ter fugido. Emme preferia sofrer as consequências de pedir ajudar a um demon... vampiro, do que as do convento. Ela não voltaria para a escuridão, não mesmo. Emme puxou suas pernas até que servissem de apoio para sua testa, ela estava totalmente frustrada e não conseguia mais olhar para aquela pintura horrivel. Por favor, ela pediu ou implorou, ilumine meu caminho e me ajude, Deus. Tirando o terço que ainda estava enrolado em seu pulso, ela passou a rezar sem parar. Até que todas as orações que conhecia tivessem acabado. Talvez essa fosse sua única salvação, sua fé em seu pai ainda existia e era nela que Emme se seguraria nessa batalha de indecisão cheia de medo em sua cabeça. Se ela caísse seria Deus que a levantaria e não o convento ou Lúcifer. Ela estaria confiando em Deus e em mais ninguém. E por algum motivo, ele havia colocado esse homem, não tão humano, em sua vida. Só restava saber se ele era um castigo ou uma luz para lhe ajudar. Tudo bem que Lúcifer parecia fazer mais parte da escuridão do que uma luz, mas considerando que ela estava sozinha em uma busca desconhecida, ela decidiu que enfrentaria seu medo por essa criatura.


E para isso acontecer, ela não podia ficar fechada em um quarto para sempre ou até mesmo esperar que ele voltasse para lhe dar uma resposta. Emme precisava saber se ele a ajudaria ou não. Decidida a receber sua resposta, depois que horas se passaram desde seu ultimo encontro com ele, Emme se levantou em seus pés e caminhou para fora do quarto. Mesmo sendo dia, o corredor em que ela parou, era escuro e sem nenhuma luz. Por um momento ficou pensativa sobre ele realmente ser um vampiro, as janelas de todo esse lugar não eram cobertas e o que ela conhecia sobre esse folclore, era que eles queimavam ao sol... Ele só podia ser um demonio e estar mentindo sobre sua origem, essa devia ser a verdade. Quando virou para fazer a curva de um corredor que Emme havia seguido reto, ela deu de frente com uma mulher de olhos negros e cabelos igualmente da mesma cor. Era nítido de que era mais velha que Emme, mas ela ficou em duvida se era só aparencia ou idade mesmo, pois pelo seus cabelos longos e roupas sérias, lhe dava um ar de mais velha. Ambas se avaliaram por um momento.— Você deve ser a convidada de Sir. Lúcifer.— Ela disse gentilmente.— Eu me chamo Leila, sou a governanta dessa casa e ele me deu ordens diretas para ficar de olho na senhorita.— Emme ficou chocada pela formalidade e gentileza de Leila, Lúcifer apenas foi arrogânte, irônico e sarcastico quando conversou com ela. E Emme não podia esquecer da leve impressão de que ele parecia se divertir com o medo dela.— Me chame de Emme.— Ela pediu, não querendo ser chamada de senhorita. Emme pensava que toda essa coisa de escala social era perda de tempo, para ela, todos eram iguais...— Você é como ele?— Perguntou em seguida, não conseguindo controlar sua língua. Afinal, ela precisava saber se estava em perigo perto dela ou não.— Como Lúcifer?— — Oh, não.— Ela pareceu pensar em sua resposta, não entendendo de primeira sobre o que Emme estava falando.— Eu sou humana como você, Emme.— Emme a encarou com uma certa duvida.— Por que você trabalha para ele?— — Sir Lúcifer salvou minha vida a alguns anos e como não tinha nenhum lugar para ir, passei a trabalhar em sua mansão.— — Você não teve medo dele? Ou todos os humanos sabem sobre o seu segredo?— — Emme,— Leila disse calmamente.— Apenas o governo sabe sobre a existencia das criaturas sobrenaturais e Lúcifer não é o único.— — Existem mais deles?— Ela sentiu seus olhos se arregalarem. — Muitos mais.— Leila sorriu.— E outras raças sobrenaturais tambem.— Quanto mais Leila sorria, mais tonta Emme passou a se sentir. Talvez o desmaio que não aconteceu em sua conversa com Lúcifer, estivesse prestes a acontecer agora.— Você parece estar um pouco palida. Gostaria de se sentar?— Emme ficou sem palavras. Era impossivel que Leila aceitasse tão bem essa verdade em quanto ela estava prestes a ter um ataque cardiaco.— Acho que tudo que a senhorita deve saber, é que Sir Lúcifer é um bom homem, mesmo tendo uma personalidade horrivel de se lidar.— Leila disse em seguida, provavelmente descobrindo o motivo por Emme estar pálida. — Ele não é um homem.— Emme murmurou quando seu medo começou a tomar conta dela. — Certamente não.— Leila concordou.— Mas como existe a maldade nos humanos, tambem existe a bondade nas criaturas sobrenaturais. Todos nós somos iguais, apenas de origens diferentes.— Todos nós somos iguais. Emme sentiu a culpa crescer em quanto expulsava o medo de dentro dela. Minutos antes pediu para Leila não chama-la de senhorita pois não gostava de se sentir superior a alguém, pois todos eram iguais. Mas tratar Lúcifer com igualdade, ela não tinha planos para isso...— É muito confuso.— — Eu entendo.— Leila começou a caminhar, pedindo para Emme seguir ela.— Quando era eu, em seu lugar, passei quase uma semana sobrevivendo a desmaios antes de entender que Sir Lúcifer não era uma ameaça.— Elas desceram por uma escada que as levaram até uma sala e em seguida pegaram um corredor antes de atravessar aquele comodo. Emme avistou uma porta, que levava até a saída, antes de entrar naquele corredor e algum neúronio em seu cerebro gritou para sair correndo e fugir daquela casa, mas ignorou o aviso e continuou a seguir Leila até uma cozinha.— Onde ele está?—


— Sir Lúcifer?— Leila perguntou depois de puxar uma cadeira para que Emme se sentasse de ferente na bancada que separava a cozinha do restante do lugar. Antes de responde-la, a governante deu a volta para ficar de frente com Emme.— É difícil responder essa pergunta, ele não tem um lugar fixo para ficar quando não está em casa.— Leila caminhou até o armario e pegou uma bandeja. Em seguida começou a colocar diversas comidas nela, só ao ver as delicias que colocava na bandeja, que Emme se lembrou da sua fome. Por alguma razão, ela sentia que Leila era confiável e que não devia teme-la.— Eu pensei que vampiros não pudessem caminhar a luz do sol.— — E não podem. Mas como são aliados dos humanos desde sempre, vidros para janelas são fabricados de uma maneira de que os raios solares não ultrapassam, o mundo inteiro é assim hoje em dia. Sendo assim, eles não correm perigo. E vampiros são rapidos demais para sofrerem muitas queimaduras quando estão se movimentando ao ar livre, sem contar que se curam rapidamente. Então o sol não é mais um problema para eles.— — Então, eles vivem entre nós há muito tempo e somente o governo sabe?— Emme se sentiu traída, como ninguém nunca lhe contou sobre essas pessoas? — Sim, sim.— Leila concordou alegremente.— E pessoas como nós tambem sabem. Aquelas que foram salvas por eles...— — Eu encontrei duas criaturas ontem, antes dele me salvar, e suas intenções não eram boas.— Emme disse. — Se Lúcifer não tivesse chegado antes, você jamais saberia se eles eram humanos ou criaturas sobrenaturais, Emme.— Leila rebateu.— A única diferença entre os humanos e as criaturas sobrenaturais, é que a leis deles são severas demais e acabam levando a morte. As nossas apenas levam a pessoa para cadeias e depois de anos os soltam para voltarem a fazer as maldades que sempre fizeram. Mas não se sinta uma tola, por não saber sobre eles, Lúcifer disse que você veio do convento e que era para ter muita paciência com sua ingenuidade.— Como Emme poderia se sentir tola quando estava prestes a arrancar todos os fios de seus cabelo por causa do medo e desespero? — Então os humanos mandam nessas criaturas?— — Claro que não! Creio eu que jamais existiria respeito se funcionasse assim...— Leila trouxe a bandeja até o balcão e empurrou para Emme.— Cada raça tem seu rei ou rainha. Existem até mesmo caçadores, como nossos policiais, para capturar aqueles que não obedecem as leis que suas majestades opõem.— — Reis e rainhas?— Emme ficou surpresa.— Isso não é meio antigo?— — Uma vez Sir Lúcifer me explicou que essa era a melhor opção para manter a ordem entre eles. Falando que se o governo deles fossem como os dos humanos, o mundo cairia em sangue.— Leila olhou seriamente para Emme agora.— Veja bem Emme, as criaturas sobrenaturais tem tendencias a serem frias e crueis, pois conhecem a maldade e a imortalidade nem sempre é uma boa coisa para a cabeça deles, mas existem aqueles que podem ter sua confiança. É como funciona com os humanos, a única diferença é que esse mundo é conhecido por serem monstruoso.— Mas existem humanos que tambem são considerados monstros, Emme completou mentalmente. Em pensar que quando ela saiu do convento não pensava em encontrar tanta maldade como encontrou na noite passada... — Mas eu vi o que ele foi capaz de fazer com aquele vampiro, é assustador e desumano...— — Ele não é humano, senhorita. A morte é a principal sentença ao uma criatura matar algum humano, intencionalmente.— Emme encontrou os olhos de Leila.— Não tente entender o mundo sobrenatural pois é muito complicado, apenas tente achar pessoas desse mundo que mereçam sua confiança.— Claro, e seria muito facil achar alguém confiavel sendo que um novo mundo estava sendo apresentado para ela. E não era um mundo muito bonito, só para constar.— Eu tenho medo dele.— Ela disse finalmente.— Nem ao menos sei por que estou sentada aqui ainda, esperando por uma resposta dele.— — Sir Lúcifer é assustador e consegue ser ainda mais quando não está em um bom humor.— Leila sorriu.— Mas não é como se ele fosse te manter como prisioneira e depois matá-la. Eles tem leis, Emme, não se esqueça disso... E Lúcifer as segue lealmente agora, não acho que ele desejaria a morte, pois ama a vida que tem, principalmente suas companhias para diverti-lo.—


— Que companhias?— Emme perguntou, curiosa em saber o que uma criatura, como Lúcifer, fazia durante a noite, se não matava. — Oh, não importa.— Leila saio de trás da mureta.— Por favor, agora coma. Eu tenho uma casa para colocar em ordem. Estarei no segundo andar caso precise de mim.— — Obrigada pela conversa.— Emme agradeceu antes da governanta sumir no corredor, mas não antes de acenar com a cabeça em resposta para ela. Seus olhos caíram sob seu terço enrolado em seu pulso quando elevou seus braços para cima da bancada quando foi pegar algo da bandeja para comer. Por um momento ela se perguntou como o convento estaria reagindo ao ver que ela não estava lá, mas logo afastou o pensamento. Emme não poderia lidar com seus problemas se sua mente ainda vivendo no convento. Principalmente por que não havia mais muros para protege-la de tanta maldade. Agora seus olhos passaram para a bandeja e ignorou todos os seus pensamentos, desde noite passada Emme vinha estado com fome, exatamente por isso que ela comeu quase todas as coisas que Leila havia lhe dado. Menos a geleia de morango, ela odiava aquilo. — Você está parecendo mais um dinossauro desesperado por comida, do que uma humana. — Uma voz surgiu atrás de Emme, a pegando desprevenida e fazendo com que se assustasse. Quando o susto passou, ela já estava muito longe da bancada, onde estava sentada, e olhando para Lúcifer com olhos enormes. Era anormal o modo que ele tinha chegado tão próximo e ela nem ao menos tinha notado sua presença. Lúcifer a olhou tambem, mas seus olhos verdes correram por Emme até que estivessem em sua mão.— E novamente está segurando seu terço, como se ele fosse lhe trazer alguma ajuda.— Emme engoliu em seco e soltou seu melhor amigo e companheiro de noites pertubadas depois que ele disse isso como se estivesse cometendo um pecado, mas o soltou como se tivesse se tornado uma robô. O medo era uma coisa horrivel de se lidar quando consumia todo o corpo e Emme estava conhecendo isso pessoalmente. — Eu não sou um dinossauro.— Emme franziu o cenho ao mesmo tempo que permitiu que sua voz saísse fina e manhosa, exatamente como uma criança fazia quando desejava ter algo. Ela se amaldiçoou amargamente por ter deixado isso acontecer. Lúcifer pareceu ficar sem fala e seus lábios se torceram várias vezes em busca de algo.— Eu estava sendo irônico.— — Por que?— Lúcifer franziu suas sobrancelhas e balançou sua cabeça, novamente a olhando como se fosse a coisa mais estranha que já havia conhecido, isso estava começando a irritar Emme.— Qualquer pessoa normal nesse mundo usa irônia.— Emme mal se lembrava o que essa palavra significava a algum tempo, então...— Você está me chamando de anormal?— Ela perguntou de um modo inocente, em quanto o avaliava seriamente. — Não.— Lúcifer disse rapidamente.— Por favor, pare de falar.— Ele foi rude dessa vez e quando deu um passo para frente, Emme se afastou. Ela ainda estava assustada demais para deixá-lo se aproximar. Por mais que Leila tenha a deixado mais...confortavel sobre o assunto, tudo não deixava de ser medonho. Uma dor repentina começou a ocorrer em sua mão e ela a olhou apenas ver uma pequena e nova queimadura crescer no topo de sua mão. Ela era tão pequena, mas a dor de uma queimação nunca era diferente. Um pequeno gemido saio de seus lábios. Antes que pudesse notar, Lúcifer havia se aproximado dela com uma jarra de suco de laranja que havia estado na bandeja. E antes que Emme pudesse se afastar novamente dele, ele pegou sua mão e a enfiou dentro daquele liquido laranja. Dessa vez, quem olhou com uma expressão de que a pessoa em sua frente era o ser mais estranho que já tinha visto, foi Emme. Seus olhos estavam até mesmo arregalados por ter tido sua mão enfiada em uma jarra cheio de suco.— E você ainda questiona quando alguém induz que é anormal.— Ela escutou Lúcifer murmurar, provavelmente se referindo


a sua queimação. — Não sou eu que estou enfiando sua mão em uma jarra!— Ela rebateu quando sentiu a raiva crescer nela, por ter sido chamada novamente de anormal. Isso era tão irritante quanto receber aquele olhar que passava a mensagem de que ela era estranha. Emme sabia que não era normal, mas tambem não precisava das pessoas a lembrando disso. Lúcifer soltou um riso amargo e sarcastico depois que jogou sua cabeça para cima.— Você nunca ouviu que o gelo pode ser o melhor amigo do fogo?— Perguntou para ela ao encontrar seus olhos. Emme sacudiu sua cabeça negativamente.— É uma batalha eterna a teoria de quem venceria entre esses dois elementos. Pois o gelo faz com que a queimação pare e o fogo derrete ele. Você entende? Suas queimações podem ser aliviada com gelo.— — Eu não sabia disso.— Emme sussurrou em quanto deixava seus olhos cairem até a jarra. — Deveria.— Lúcifer pegou a outra mão de Emme e colocou em volta da jarra para que segurasse aquele objeto e se afastou. Ela novamente estremeceu ao sentir a frieza da sua pele... Isso sim, era uma coisa anormal.— Ainda mais quando se tem um problema como o seu.— — Não é tão simples assim.— Emme caminhou até bacada e colocou a jarra novamente na bandeja. Ela tambem pegou um guardanapo para limpar sua mão. Seria muito mais simples se ela a lavasse, claro. Mas Lúcifer estava no caminho que a levaria até uma torneira, então...— Por que ninguém lhe ajudou?— Ele perguntou, olhando para sua mão onde pendia um novo hematoma.— Você vivia em um convento e pensei que pessoas religiosas ajudam todos que necessitam de uma ajuda.— — Talvez eles tenham desistido de mim.— Emme pensou calmamente em uma resposta, mas somente isso veio a sua mente.— Desde que nasci existem essas queimaduras e...— Ela parou de falar por um momento, olhando para Lúcifer.— Disse mais cedo que isso é uma bobeira, obviamente não deve se interessar.— — E tambem disse que iria pensar quando pediu minha ajuda.— — Bem, você não foi muito educado.— Emme desviou seu olhar do dele em quanto retrucava. — Você tem coragem de me enfrentar mas ao mesmo tempo tem medo de caminhar até aqui para lavar sua mão. Desculpe, mas não sou o único bipolar.— Lúcifer foi tão irônico quanto pode ao lhe responder. Não se importando que Emme poderia até mesmo infartar de medo por causa de uma verdade ter sido exposta em uma mente tão pequena como a dela. Ele, definitivamente, não devia desafiá-la. De frente com ele, mas ainda distante, ela sentiu seu sangue ir para uma temperatura que não era normal, mas isso não fazia parte da sua maldição, era apenas raiva. E uma raiva bem vinda, pois ela fazia com que o medo fosse embora. Emme largou o guardanapo em cima da bancada e caminhou até a torneira. Quando passou por Lúcifer, até mesmo manter seus olhos fechados ela manteve. Depois que lavou suas mãos, ela se virou para ele e a mostrou por um momento antes de abaixá-la e enfiar em seu bolso.— Não sou bipolar.— Disse bravamente.— Eu tenho medo de você, é diferente.— Lúcifer ainda estava no mesmo lugar de antes e agora até mesmo surpreso ele estava.— Não me admira que tenha, eu posso matá-la se desejar.— — Você não pode. Não se esqueça que tem uma promessa comigo.— Emme Rebateu.— E você tem sua própria lei sobre isso...— Ela adicionou, se lembrando da conversa que teve com Leila. Ele estreitou seus olhos por um momento e então a próxima coisa que falou, surpreendeu Emme.— Eu irei ajudá-la.— — Por que faria isso?— — Por que a entendo.— Lúcifer a respondeu secamente.— Quando vampiros caminham durante o dia, sempre recebem queimaduras e qualquer um, da minha raça vai entender sua dor e você é apenas uma humana, o sofrimento é muito maior.— Emme o encarou por vários e longos minutos. Nenhuma pessoa jamais havia lhe dito que entendia o seu problema... Ela estava começando a pensar que havia encontrado a pessoa certa para lhe ajudar. — Então, cada um sofre sua maldição.— Ela disse, pois de alguma maneira ou outra, Lúcifer era amaldiçoado por não poder caminhar durante o dia.— Obrigada, Lúcifer.— Emme disse antes que


ele pudesse lhe dar uma resposta, ainda tendo pequenas dificuldades em falar seu nome. Lúcifer caminhou até que ambos ficassem com apenas um braço de distancia e então esticou sua mão, esperando que Emme colocasse sua palma sobre a dele. Ela fez o que ele esperava, não se importando que ficasse visível que estava tremendo. Lúcifer fechou seus dedos sob sua mão que era tão pequena, delicada e muito, muito quente ao se tocarem.— Então bem-vinda a minha casa.— Ele disse, abaixando sua cabeça para encontrar seus olhos cinzas claros que brilhavam como chamas de uma fogueira, mesmo que o medo os consumissem. E mesmo que ela continuasse tremendo e seu coração parecesse uma bomba, o medo cada vez mais ia se tornando pequeno, pois Lúcifer estava se tornando uma pessoa confiável para ela. Não tente entender o mundo sobrenatural pois é muito complicado, apenas tente achar pessoas desse mundo que mereçam sua confiança. Leila havia lhe dito a algum tempo atrás e Emme estava disposta a seguir seu conselho. E como se sua mente tivesse chamado a dela, Leila entrou na cozinha no minuto seguinte se deparando com Lúcifer e Emme com suas mãos dadas e olhares que se separaram para olhá-la.— Leila.— Lúcifer a comprimento depois que soltou a mão de Emme.— Vejo que já teve a oportunidade de falar mal de mim a nossa convidada.— — O dia que você tirar meus dias de folgas, Sir, talvez tenha motivo para fazer isso. Mas hoje, você está me caluniando e eu já me cansei de lhe dizer que isso não faz parte de bons modos.— Ela o respondeu em um tom de brincadeira. — Algum dia tomarei coragem para demiti-la, acredite.— Ele disse e em seguida ficou sério.— Você poderia arrumar um dos quartos da mansão para ela?— Lúcifer, que estava ao lado de Emme, movimentou sua cabeça em direção dela. — Você destruiu todos os quartos depois que Jake foi embora, Lúcifer, não acho que isso seja possível.— — Tem razão.— Lúcifer ficou pensativo por um momento.— Eu realmente deveria passar a ouvi-la as vezes para não fazer coisas como essas. Pois bem,— Ele girou seu corpo para que ficasse de frente para Emme novamente.— Você ficará no meu quarto em quanto isso, a não ser que desista de recorrer por minha ajuda e vá embora. O que seria uma alegria para mim, pois teria minha cama de volta...— Emme fechou a cara e estava prestes a lhe perguntar se ele realmente gostaria de ajudá-la, pois falando algo como isso, não parecia que estava feliz.— Eu estava sendo irônico, novamente.— Lúcifer disse antes que ela abrisse a boca, com um sorriso. Emme só não podia dizer se era sincero ou não. — Acho que conhecerá o quão ruim pode ser um sofá, Sir.— Leila disse em um sorriso, depois que ele se virou para sua governanta. — Muito engraçado, minha querida.— Lúcifer se afastou de Emme e passou a caminhar para sair da cozinha, mas se virou para encontrar os olhos cinzas dela antes de sair.— Eu a encontrarei em minha biblioteca daqui alguns minutos para conversamos.— Seu tom foi rude, mas Emme estava começando a entender um pouco da maneira como ele agia, pelo menos ela pensava que sim.— Leila, a leve até lá, por favor.— Ele disse para sua governanta, quando passou por ela. Depois que Lúcifer saio da cozinha Emme caminhou para mais perto de Leila, que olhava para seu patrão sumindo pelo corredor.— Ele está tão feliz.— Ela suspirou. — Feliz?— Emme perguntou incrédula. Lúcifer podia parecer qualquer coisa que fosse mal humorada, menos feliz. Pelo menos para Emme, ele apenas a tratava com frieza e superioridade, ela não conseguia ver uma pessoa feliz nele. — Desde que Jake foi viajar com um de seus criados, Sir Lúcifer esteve passando por dias de puro tédio. Digamos que você será uma ajuda para ele tambem.— Emme olhou para Leila e a avaliou por um momento.— Você gosta dele?— Ela perguntou, esperando que Leila não ficasse ofendida. — Oh, não.— Leila sorriu para Emme quando seus olhos se encontraram.— Eu o admiro e sou eternamente agradecida por ter salvo minha vida, mas é apenas isso.—


— Mas você fala dele como se ele fosse algo especial...— Ela franziu suas sobrancelhas, tentando entender Leila, mas era impossivel. Emme não conhecia o amor entre um homem e uma mulher. — Você entenderá quando deixar de temer Lúcifer.— Leila disse gentilmente, lhe dando tapinhas em seus ombros para que Emme passasse a caminhar.— Vamos para a biblioteca, Lúcifer não gosta de esperar.— Leila e Emme começaram a caminhar e foram para a biblioteca em silencio, depois que chegaram no local a governanta abriu a porta para que ela entrasse, mas não a acompanhou.— Você está tremendo, Emme.— Leila avisou. — Eu sei disso.— Meio sem jeito, Emme a respondeu.— Daqui a pouco deve passar.— Pelo menos ela esperava que isso acontecesse. Leila acenou com sua cabeça e fechou a porta em seguida. A deixando sozinha naquele lugar cheio de livros. Por um lado era bom, pois Emme gostava de livros, mas... Ela estava em uma biblioteca de um vampiro, isso definitivamente não era bom. Emme ficou sentada por vários minutos antes de, realmente, se cansar de esperar. Lúcifer pelo jeito não era o único que odiava ficar esperando por alguem... Impaciente, ela se levantou da cadeira de uma longa mesa e caminhou até um corredor, avaliando calmamente seus passos e respirando fundo diversas vezes para que sua tremedeira parasse. Isso tinha que parar. Lúcifer a ajudaria com sua maldição e ela não podia ficar tremendo em quanto estivesse em sua casa. Isso estava a deixando nervosa. Seus olhos varrerem em avaliação todos os livros que estavam naquela sessão e nada lhe agradava. Mas um em particular, chamou sua atenção. Ele estava no topo da prateleira e era impossível pegálo, considerando que Emme era menor do que qualquer pessoa normal nesse mundo. Seus olhos cinzas avaliaram o livro Drácula de Bram Stoker, a única coisa que sabia sobre esse livro, era que se tratava de vampiros. O som de alguém pigarreando em seguida invadiu a sala. Emme virou em direção do som apenas para ver Lúcifer no inicio do corredor, encostado em uma das estantes.— Ora, não me olhe assim. — Ele disse.— Pelo menos fiz algum barulho antes de me aproximar.— — Por que você se aproximaria de mim?— — Por que,— Seus lábios se formaram em um pequeno sorriso irônico, pausando apenas para fazer isso.— O som do seu coração batendo como uma bomba prestes a explodir, é como músicas para meus ouvidos.— Emme ficou tensa, provavelmente passou segundos antes que ela respirasse novamente. Suas mãos se fecharam em punhos, como se isso fosse ajudá-la muito...— Isso é grosseiro.— Ela disse finalmente, quando encontrou sua voz.— Escutar meu coração... é como invadir algo privado.— — Você nem imagina o que mais posso invadir, minha querida.— Emme o encarou seriamente agora. Com certeza aquele livro que falava sobre vampiros explicaria por que Lúcifer era tão esquisito. Pelo menos ela esperava achar uma explicação do por que ele ser assim.— Eu poderia pega-lo para você.— Lúcifer disse em seguida, se referindo ao livro e seu tamanho insuficiente para alcançá-lo.— Mas você temeria ainda mais a mim.— — Eu pensei que acima de tudo...— Emme desviou seus olhos para o livro.— Fosse um romance tambem.— — É apenas uma história tola.— Lúcifer disparou.— Vampiros não amam.— — Mas...— Emme sacudiu sua cabeça por um momento com a desistência de falar algo sobre esse assunto. Ela não podia discutir sobre um mundo que não conhecia, por mais que acreditasse que todos podiam amar, Emme não iria enfrentá-lo por causa disso. Sem contar que não precisava ser tratada com mais frieza do que o normal. Minhas regras nunca serão igualadas com as suas. Ele havia lhe dito mais cedo, talvez toda essa coisa sobre amor, se encaixasse com essas regras.


— Vamos, pumpe.— Lúcifer disse a chamando.— Eu preciso saber tudo sobre sua vida e não tenho o dia todo.— — Pumpe?— Emme perguntou, passando a caminhar somente depois que ele não estava mais atrapalhando seu caminho.— Você está me ofendendo novamente?— Os olhos verdes de Lúcifer se encontraram com os dela e um sorriso sarcastico cresceu em seus rosto.— Por que eu ofenderia uma freira?— Ele perguntou.— Não pretendo queimar quando estiver no inferno, minha querida.— — Por que você iria para o inferno?— Emme perguntou em um sussurro. Inferno era uma palavra proibida de entrar em seu vocabulário, exatamente por isso que a sussurrou. Deus não precisava ouvi-la pecando. — Talvez um dia eu te conte o por que.— Ele sussurrou em divertimento.— Mas agora, você me contara tudo que preciso saber sobre você.— Lúcifer puxou uma cadeira e se sentou, esperando que Emme fizesse o mesmo. Depois que ela se sentou, Lúcifer a observou por vários minutos. Dessa vez, até mesmo Emme estava ouvindo as batidas do seu coração. Ela esperou que Lúcifer falasse algo.— Então, minha pequena pumpe,— Ele começou em um tom ironico.— Me diga o que aconteceu para que seu pequeno neúronio enlouquecido tenha feito você parar em um convento.— — Não me chame de pumpe!— Ela se irritou. Oh, Emme, com certeza odiava ser chamada por algo que não conhecia. — Bom, você nunca me disse meu nome. Seria muito rude chamá-la de cria do satã.— — Eu me chamo Emme!— Ela disse em quanto sentia suas bochechas ficarem quentes. Ela não se sentia constrangida, Lúcifer apenas a tirou do sério. Mas Emme tinha que parar, raiva nunca foi um sentimento que Deus desejou para seus filhos.— Eu me chamo Emme.— Repetiu calmamente. — Emme,— Ele disse seu nome em um tom provocador.— Me diga o que lhe levou a um convento, então.— — Eu fui abandonada quando era bebê na porta do convento, não foi uma escolha minha depois que cresci.— Ela disse, olhando para aqueles verdes que pareciam a própria floresta Amazônica de tão verde que eram. — A única coisa que havia comigo era um colar de esmeralda, que vendi na noite passada.— — E foi tão tola a ponto de receber dinheiro falso em troca de algo tão valioso.— Lúcifer murmurou. — Espere. Como sabe disso?— Emme ficou confusa.— Você mexeu em minha bolsa?— — Não me olhe assim, pum-..Emme.— Ele pareceu ficar ofendido.— Precisava saber se não estava trazendo uma assassina para minha casa.— — O único assassino aqui é você.— Ela rebateu com seu coração explodindo de ódio, só depois que percebeu o que havia dito, levou seus dedos até seus lábios em um sinal de puro arrependimento... — Me perdoe.— — Oh, você apenas partiu meu coração em milhares de pedaços.— Seu tom foi frio. — Poderia me emprestar um lenço para limpar minhas humildes lagrimas?— Emme o olhou e piscou.— Você está falando sério?— Perguntou inocentemente. Lúcifer riu dessa vez, ele realmente havia rido e ela não havia visto nenhum traço de ironia ou frieza.— Eu estava sendo irônico, pumpe.— Ele a avisou. — O que é pumpe, Lúcifer?— Emme decidiu perguntar, antes de rosnar para que ele não a chamasse assim. — Não importa.— Falou com seu tom de frieza de volta.— Vamos continuar nossa conversa... Então você não faz ideia de quem são seus pais? Muito menos da onde veio?— — Nenhuma ideia.— Ela disse. — Você nunca teve curiosidade de saber sua origem?— Lúcifer perguntou.— É importante, suas queimaduras podem estar relacionado a isso.— — Eu tentei, mas o convento não me permitia fazer pesquisas como essas. Eles nem ao menos me deixavam sair de dentro daqueles muros.— Emme abaixou seu olhar e colocou uma mecha do seu


cabelo para trás, que a estava irritando, antes de olhar para ele novamente.— Quando eu cheguei em uma certa idade, diversas vezes tentei fugir para achar algo que acabasse com isso. Mas eles sempre me achavam. Uma adolescente sem nenhum documento não podia ir para muitos lugares, afinal. E conforme o castigo foi ficando pior, eu não tinha mais coragem para fugir.— — Castigos? O que eles faziam com você?— Emme desviou seu olhar quando a escuridão invadiu sua mente. Em seguida o frio, a agua e todo seu medo estavam a consumindo, a levando de volta para aquele lugar. Seu fantasma estava de volta a sua mente e por isso, fechou seus olhos.— Isso não é importante.— Ela respondeu.— Acho que o importante é que eu fiquei com medo o suficiente para aceitar ficar fechada e sem nenhuma ajuda, até agora.— — É como se eles lhe mantasse como prisioneira lá.— Lúcifer pareceu ter ficado curioso. — Então é isso? Você não sabe nada sobre seus pais, não é registrada em nenhum lugar e simplesmente era como uma prisioneira nesse convento? Onde eles ignoraram o seu pedido de ajuda e ainda a castigavam?— — É apenas isso.— Emme disse.— Agora, se você quiser desistir de...— — Eu não irei desistir.— Ele a cortou.— Isso é muito estranho para ser apenas uma coisa de humanos. O mundo sobrenatural está envolvido em sua historia, minha querida.— — O que?— Emme pareceu surpresa.— Mas é um convento. E é um lugar de Deus, não...Eu não consigo pensar.— Ela ficou perdida nas palavras. — O que você sofre, não é uma maldição. É algo sobrenatural.— Lúcifer a olhou, com aquele olhar de superioridade.— Exatamente por isso, que irei ajudá-la.— — É um convento, Lúcifer!— Emme exclamou, sentindo o choque correr por suas veias. Eles amavam Deus acima de tudo, não poderiam estar envolvidos com criatura sobrenaturais... Eles eram sua família, era impossível fazerem tal coisa, de se envolverem com esse tipo de pessoas, e nem ao menos ajudá-la. — Eles, pessoas de um convento,— Lúcifer disse calmamente.— Preferiram deixá-la presa em um lugar onde pessoas não tinham interesse de ir, longe de qualquer pessoa e ajuda. Quando fugia até mesmo coragem pra castigá-la a ponto de deixá-la traumatizada para não cometer o mesmo erro, eles tiveram. Não pense que eles são sua família.— — Eu não sou traumatizada.— Emme rebateu. Claro que ela não era, eles não eram monstros para fazer isso. Medo da escuridão não era algo a ser considerado como uma traumatização.— E eu não sou algo sobrenatural.— Ela choramingou. — Eu não disse que era.— Lúcifer a olhou sarcasticamente.— Somente que o meu mundo está envolvido no seu caso.— — E o que você irá fazer, então?— — Investigar, pumpe.— Emme lhe lançou um olhar fuzilador dessa vez.— Eu já disse meu nome, pare de me chamar assim. — — Eu sei que disse, mas...— Um sorriso irônico cresceu em seus lábios que eram avermelhados.— gostei tanto de chamá-la assim.— — Irritar as pessoas é considerado como um pecado.— Lúcifer passou sua língua por seu lábio inferior, provocadoramente.— Então, eu sou um pecador.— Sussurrou, em frente a ela. — Você não deveria se orgulhar disso.— Lúcifer se levantou da mesa e caminhou até a ponta dela, Emme o acompanhou com seu olhar.— Vamos criar uma regra, para nosso próprio bem estar, Emme.— Ele disse.— Eu não me importo com o que pensa sobre mim, não me importo se vai me chamar de monstro ou demonio. E não me importo em estar contra tudo o que você pensa e acha, então, tente não se importar com a maneira como reajo. Pois não irei mudar nada por você.— Emme baixou seu olhar para a mesa, tudo bem que estava sendo complicado lidar com tudo isso, mas...— Você não precisava ser tão rude.— — Você ainda está se importando.— Lúcifer disse ironicamente, passando um dedo pela mesa.—


Não quebre as regras.— — Mas...— — Não quebre as regras, Emme.— Ele a cortou para repetir suas palavras anteriores, antes que Emme pudesse rebater com algo ingenuo. — Então...— Ela começou lentamente, para ter certeza de que não seria interrompida novamente.— Você irá investigar minha vida... Mas o que posso fazer?— — Você tentara não fazer nenhuma bagunça... E tente controlar o fogo dentro de você para que não sofra em quanto estou fora.— — Fora?— Emme ficou surpresa.— Eu pensei que você não iria...— Ela parou de falar por um momento. Por qual motivo desejaria ter a companhia de um vampiro que matou dois homens em sua frente? — Não acho que seja adequado ficar próximo. Desde que entrei na biblioteca você não para de tremer, Emme. Não pretendo ser acusado de ter matado uma freira, apenas com um ataque cardiaco. Isso mancharia minha reputação.— — Eu não me importo.— Emme sorriu por um momento, mas não para Lúcifer. Ela havia conseguido seguir, pela primeira vez, a regra estupida dele e isso era emocionante. — Você é corajosa, pumpe.— Lúcifer disse, em quanto Emme decidia ignorar aquela palavra estranha e horrivel que ele estava a chamando desde que estavam na biblioteca.— E eu gosto disso. — — Eu quero lhe perguntar uma coisa.— Emme o olhou com seus olhos cinzas. Aqueles cinzas tão claros que chegavam ser quase brancos. Mas alem de serem de uma cor diferente, em seus olhos Lúcifer podia ver a inocência dela. Podia ver todas suas qualidades boas, como se nada de ruim existisse dentro de seu coração. — Diga-me.— Ele disse em um tom baixo, esperando pela pergunta. — Existe, de alguma maneira, algum outro nome para chamá-lo?— Emme perguntou delicadamente para que Lúcifer não se ofendesse. — Você pode me chamar de Hannibal, se desejar.— Os lábios de Emme se entre abriram de surpresa. Uma vez Madre Paulina havia lhe dito que os livros de um homem psicopata, com esse nome, era tão pior quanto a historia de Lúcifer... Os olhos de Lúcifer brilharam em divertimento.— Ou, pode me chamar de sexy. Apelidos são sempre bem vindos.— — Você está sendo irônico, certo?— — Talvez não, talvez sim...— Lúcifer a olhou.— Acho que não importa, já que sei que nunca me chamará assim.— — Eu vou apenas continuar com Lúcifer.— Afinal, Emme pensou, quem transforma um nome em pesadelo é a pessoa, não letras. Mas quem ela estava tentando enganar? Lúcifer havia arrancado o coração de uma pessoa! Com ou sem o nome de um anjo caido, ele já era um pesadelo. — Daqui a algumas horas a noite estará chegando e em quanto isso, pensarei por onde começar.— Lúcifer falou, chamando sua atenção.— Leila lhe fará companhia e tudo que precisar, apenas peça pra ela.— — Por que você fala como se não fosse ficar por perto?— — Ninguém pode notar que há algo de errado por aqui. Existem regras em meu mundo, que estou quebrando por causa de você, Emme.— — Você está sacrificando suas leis por mim.— Emme murmurou.— ninguém nunca fez isso por mim.— Lúcifer a olhou sem nenhuma expressão, parecendo ter sido pego de surpresa em quanto segurava os olhos cinzas claros de Emme com os seus.— Regras não são divertidas, minha querida. Segui-las é ainda mais chato.— Ele disse finalmente, com seu velho tom cheio de frieza. Emme se levantou quando notou que Lúcifer estava caminhando para ir embora.— Então... O que você fara para que ninguém perceba que está me ajudando?—


— O mesmo de sempre. Várias companhias femininas em uma noite para meu divertimento...— Lúcifer disse com seus lábios quase se formando em um sorriso. — O que vocês fazem para se divertir?— Ela perguntou com uma certa inocência, que era obvio que não fazia ideia do que Lúcifer e uma mulher faziam quando estavam juntos para se divertir. — Quando um homem e uma mulher estão juntos, sem mais ninguém, eles...— Ele movimentou suas mãos em gestos confusos, as justando no final, quando notou que Emme não estava entendendo seu raciocínio. Seus olhos verdes encontraram com os de Emme, apenas para passar a mensagem de que não saberia como explicar sem dizer coisas que a deixaria constrangida.— Oh, você sabe...— — Pra falar a verdade, eu não sei.— — Algum dia você entenderá, minha querida pumpe.— Emme parou de caminhar para acompanhar Lúcifer quando achou Leila, ele apenas continuou a andar com uma postura encantadora. Ele era uma criatura estranha para ela, realmente. Mas tinha um certo charme que conseguia chamar a atenção. Era como se ele fosse um personagem de um livro daqueles que Madre Paulina escondia de baixo do colchão. Misterioso e perigoso, mas nada disso podia assustar uma mulher. Emme havia lido em algum daqueles livros. Ela queria que isso fosse real, pois não teria que aguentar certos sentimentos que a levavam para o desespero. Emme desejava não temer a Lúcifer, só que ele não era humano... Talvez ela nunca deixasse, mesmo quando ele estava sendo tão bom em questão de ajudá-la em seu problema.


02Lúcifer estava parado em frente de uma enorme janela em sua sala no segundo andar. Ele podia ver seu próprio reflexo, mas o que chamava sua atenção era a vista lá fora. Seus olhos verdes estavam no jardim que um dia uma mulher o construiu para lhe dar de presente. Aquilo tinha que ser destruído. Ele desviou seu olhar da janela. Essa noite seu coração mal estava batendo e isso nunca era um bom sinal. Andrew havia lhe dito que quando o coração de Pierre havia parado de bater, o levou para a loucura e se isso acontecesse, Lúcifer teria que cumprir sua outra promessa com Hades. Mas ele não queria cumprir essa promessa justamente agora, exatamente por isso que usaria qualquer coisa para distrair sua mente e o caso de Emme era muito bem vindo nesse momento. Claro que Lúcifer teria que escondê-la de seu mundo como Zeus escondia seus raios quando não havia tempestades no céu. Ele tinha regras, regras que poderiam levá-lo a morte. Mas valia o risco, pelo menos assim sabia que não cairia na loucura em quanto estivesse distraido. Sem contar que o cheiro forte de Emme estava tirando qualquer memoria de aromas de sua mansão, até mesmo o cheiro daquele jardim que invadia sua casa algumas noites em que os ventos eram fortes. O cheiro, de morangos cobertos por sereno depois de sobreviver a uma noite de inverno e a mistura do aroma de uma flor de lótus que em vez de nascer em um rio limpo e cristalino, nasceu e sobrevivia boiando dentro de um vulcão, no meio de tanta lava para destruí-la, estava funcionando muito bem para o livrar de fantasmas antigos. O único problema era que quanto mais achava o cheiro dela interessante, mais vontade de provar seu sangue crescia dentro do seu corpo. E fazia apenas algumas horas que ela estava em sua mansão. Realmente, ele estava caminhando junto com a loucura...— Bata, coração, bata. Não me deixe de lado tambem.— Lúcifer murmurou e um sorriso irônico brotou em seus lábios depois que notou o que estava fazendo. Estúpido. Lúcifer se auto xingou. Desde quando se importava com as pessoas que o abandonava? Desde quando se importava com as mulheres que passaram por sua cama e o trocaram por outros homens? Ele não se importava. Estava apenas feliz por elas terem lhe dado o que mais gostava... Sangue e sexo. Isso era o suficiente para Lúcifer. E ele ainda tinha Andrew. Por mais que o passado tenha dado motivos para serem inimigos alem de tudo, Lúcifer ainda tinha seu melhor amigo que podia confiar para qualquer coisa. Seja lá o motivo para que isso tenha acontecido um dia, de confiar no rei dos vampiros, Andrew foi o único que nunca o abandonou. E agora, ele teria que esconder um segredo da única pessoa que jamais ousou mentir.


Lúcifer soltou uma respiração pesada com isso. Mas nada o incomodava tanto do que não poder dormir em seu quarto. Em um acesso de raiva estupida, ele havia destruído quase sua mansão inteira e isso quase custou sua vida depois que Leila viu o que sua arrumação perfeita havia se tornado no dia seguinte. Lúcifer estava pensando seriamente na opção de que ela mexia com magia negra e havia lhe jogado um castigo por ter feito, já que agora ele teria que dormir no sofá. Mas isso seria por pouco tempo, depois que resolvesse o problema de Emme, ela iria embora e novamente seria somente ele e Leila nessa enorme casa, que toda a cidade de Londres temia. E sua partida, se possível, seria rapida. Não que ele desejasse isso, pois era divertido estar dentro de uma mente pura e ver nos olhos dela que não entendia as malicias do mundo. Até mesmo o seu medo por ele era divertido. Mas Lúcifer já sabia o que fazer para descobrir a origem de Emme e se funcionasse... O resto seria fácil. O cheiro forte de comida em seguida invadiu o ar fazendo com que Lúcifer se perdesse em seus pensamentos. Essa era a primeira vez que sentia o cheiro de comida caseira dentro de sua casa, já que Leila tinha uma família e nunca estava presente durante o almoço e o jantar. Ele nunca teve que aguentar o cheiro de comida por causa dela... Lúcifer caminhou para fora de sua sala e trancou as portas para que ninguém invadisse o seu lugar favorito de sua casa. Não havia nada lá para estranhos. Lúcifer tirou seu paletó e dobrou as mangas da sua camisa até seus cotovelos. Ele não sentia frio ou calor, mas a noite estava chegando e hoje, depois de tentar dar o primeiro passo no problema de Emme, Lúcifer estaria procurando o tipo de mulher que não era certa e o seu estilo de se vestir, lhe poupava explicação de como gostaria de que ela agisse na cama. Depois de deixar sua vestimenta no sofá ele caminhou pelo corredor que o levaria até a cozinhar. — Isso é divertido.— Ele ouviu Emme dizer, em meio de uma risada, antes que pudesse entrar no local. Leila e ela estavam perto do fogão, de costas para ele. Exatamente por isso que não haviam notado sua presença ainda. Emme havia feito uma trança em seu cabelo para que, provavelmente, não a atrapalhasse em quanto ajudava Leila cozinhar. Elas pareciam estar se divertindo pois desde que conheceu Emme, nunca havia a visto sorrir. Mas ele podia entender o por que disso e não se importava tambem. O som de uma risada era tão irritante quanto passaros cantando em sua janela durante a manhã. — Sir Lúcifer.— Leila disse um pouco surpresa quando se virou para fazer algo. Emme não havia se virado, mas ele notou que cada parte do seu corpo havia congelado apenas pela governanta ter dito seu nome. Sem contar que as batidas de seu coração ficou ainda mais rapida e ela mal conseguia respirar direito. Lúcifer ignorou Leila por um momento e observou Emme ficando desesperada sem saber o que fazer por causa de sua presença. Ela era tão pequena e delicada que lhe lembrava uma boneca de porcelana que havia dado para Roxie em seu aniversario humano, somente para provocá-la. Mas no final ela havia gostado de receber um presente infantil... Falhas acontecem. Não tenha medo, Emme. Ele a ouviu por seus pensamentos e em seguida, ela se virou para encontrar os olhos deles. Leila olhou de Lúcifer para Emme com um pequeno sorriso que dizia que estava vendo algo a mais na troca de olhares deles e ele sabia o que sua governanta estava pensando... Essa era a hora que ele dizia algo estupido para acabar com os pensamentos insanos de Leila.— Você não deveria deixá-la cozinhar, Leila.— Lúcifer disse, não tirando seus olhos de Emme.— Não pretendo ter minha mansão incendiada.—


— Eu não quero colocar fogo em sua mansão.— Ela o respondeu com uma certa confusão, imaginando o por que dele a acusar de algo tão grande assim. Lúciser quase riu. Por anos ele havia conhecido e se deitado com muitas mulheres e algumas delas se fingiam de inocente. Mas ele nunca havia conhecido alguém com uma mente como a de Emme. Ela simplesmente parecia conhecer somente aquilo que leu e o que o convento, onde esteve, a permitiu conhecer. E realmente era dificil ter respostas irônicas quando a pessoa tinha uma mente tão inocente como a dela. Tudo bem que desde que Roxie virou humana ele passou a conhecer a mente dela e de alguma forma Lúcifer via ingenuidade nela. Mas a diferença era que Roxie era lenta em processar as coisas, talvez fosse toda a quimica que usou durantes anos... Mas ela, realmente, conseguia superar qualquer coisa quando passava a imaginar o que iria fazer com Andrew quando estivessem na cama. — Você devia ajudá-la.— Leila disse.— Afinal, a cozinha é sua e se está preocupado com o bem estar dela, faça todo aquele papel de macho alfa que sempre fez e a proteja de Emme.— — Eu acho que é pra essas coisas que lhe pago, Leila.— Lúcifer disse ainda resistente, mesmo depois que Leila o pegou pelo braço e puxou para ficar mais próximo do fogão. — Eu não sei cozinhar também, Lúcifer.— Emme o olhou de uma forma gentil, em quanto falava. Ela estava tentando... E ele deveria fazer o mesmo, para ajudá-la a superar seu medo. — Minha querida, eu já fui considerado o mestre da cozinha em decadas passadas. Apenas não sou um homem que deseja ter a barriga colada no fogão, mas hoje farei uma exceção,— Lúcifer olhou para Leila— Para demonstrar que não sou um completo inútil.— — Eu não disse que você era um...— — Pumpe, me passe essa coisa cheia de queijo que você estava desenhando em cima dessas panquecas e jogue o molho por cima conforme eu mando.— Ele a cortou antes que o deixasse sem respostas novamente. Lúcifer odiava ficar sem respostas e Emme conseguia fazer com que isso acontecesse frequentemente... Ele a olhou pelo canto do olhou por um momento. Isso era diferente e interessante. O vampiro de olhos verdes, com certeza, gostava de ser surpreendido... __________________ Muito mais tarde, depois que a comida de Emme estava pronta, ela se sentou na mesa da sala de jantar, que por sinal, era enorme. Lúcifer estava na outra ponta de frente com ela, ele não tinha um prato como ela, e sim copo redondo baixo cheio de bebida. No final de tudo foi divertido cozinhar com ele, tudo bem que Lúcifer mais mandava do que fazia, mas eram coisas pequenas assim que faziam a confiança de Emme crescer. Ela estendeu seus braços, um de cada lado do prato, e manteve suas mãos abertas para cima. Emme fechou seus olhos em seguida e passou a agradecer ao seu pai pela graciosa comida que estava prestes a saborear.— Amem.— Ela disse quando terminou. E depois que abriu os olhos, ela encarou Lúcifer esperando que ele pelo menos fosse educado para agradecer a comida. Ele tambem estava a encarando, ela notou, e sua expressão era cheia de divertimento. Emme elevou suas sobrancelhas para cima exatamente como uma mãe fazia para um filho esperando por uma resposta. — Amem?— Lúcifer disse, soando mais como uma pergunta do que uma exclamação, em quanto erguia seu copo cheio de bebida para cima, como em um brinde. Emme decidiu ignorar essa parte e começou a comer em silencio, obrigando a comida descer quando percebeu que Lúcifer não tirava os olhos dela. Quando Leila entrou na sala, Emme ficou mais aliviada, por algum motivo, a governanta do vampiro fazia com que ela se sentisse mais calma.— Você deveria se juntar a nós, Leila.— Lúcifer disse quando ela ficou próxima da mesa.— Pumpe parece estar adorando a comida.— Emme revirou os olhos por ser chamada de pumpe novamente, talvez ela devesse a passar a se conformar, já que ele não parecia que iria parar com isso. Ela levantou seus olhos do prato para ver que Leila e Lúcifer olhavam para ela.— Está ótimo. Lúcifer é um ótimo cozinheiro.— — Obrigado, minha querida.—


— Eu adoraria, mas minha mãe já deve estar me esperando para jantarmos juntas. Apenas vim para me despedir de vocês.— Leila disse. — Despedir?— Emme quase se engasgou com isso.— Mas...— — Você não quer passar a noite sozinha comigo.— Lúcifer completou sua frase quando Emme não teve coragem. — Não é isso.— Ela tentou se defender em desespero, mas não tinha como... Lúcifer estava certo. — Me desculpe.— Emme sussurrou para ele, se desculpando por ter deixado claro algo tão rude como isso. — Eu posso passar a noite aqui se...— — Não!— Emme cortou Leila antes que Lúcifer pedisse para ela ficar.— Eu não quero atrapalhar a vida de mais ninguém.— — Ótimo.— Lúcifer disse em um tom irônico, levando o copo para sua boca, olhando no fundo dos olhos de Emme.— Odeio pagar horas extras.— Ele virou o copo apenas de uma vez. — Muito gentil, Lúcifer.— Leila disse.— Infelizmente, hoje não poderei lhe ensinar modos. Estou atrasada.— — Boa noite, Leila, pois não quero pagar por esses minutos de atraso.— Antes de Leila sair da sala, ignorando o comentário de Lúcifer, e deixar Emme sozinha com um vampiro, a governanta acenou para ela com um sorriso muito gentil e foi embora. Agora seria apenas Emme e Lúcifer. Pelo resto da noite. Depois desse pensamento infeliz, ela até mesmo perdeu o apetite. Emme olhou para Lúcifer, mas se manteve em silencio. Ela queria se levantar e sair, se trancar no quarto, mas não tinha ideia se suas pernas permitiriam que andasse. Aparentemente, a melhor opção era se manter na cadeira. — Eu estive pensando e imagino onde posso encontrar algumas informações sobre o seu passado... — Lúcifer lhe informou, mas Emme se manifestou antes mesmo dele terminar sua frase. — Eu irei com você.— Ela disse com autoridade. Era do seu passado que eles estavam falando...— E você não pode me deixar sozinha nessa casa, ela é assustadora.— Arrumou uma desculpa rapidamente para que Lúcifer não negasse seu pedido. — Pumpe, acho que até mesmo sua mente concorda que sou mais assustador que essa casa.— — Você é assustador,— Emme não controlou suas palavras.— Mas eu quero ficar com você.— Lúcifer a olhou ao mesmo tempo que colocava seu copo na mesa de jantar.— Eu acho,— Seus olhos passaram por Emme, antes de voltarem para encontrar aquela imensidão de um cinza que lembrava um céu nublado durando um dia de verão, tão claro quanto fumaças que decepavam pelo ar.— que você é estranha.— Emme sorriu. Pela primeira vez o divertimento estava sendo maior do que seu medo. Mas o medo, sempre acabava vencendo qualquer sentimento, então seu sorriso logo foi embora.— Você não está mais tremendo, pumpe.— Lúcifer disse e ela olhou para suas mãos. Ele tinha razão, ela não estava tremendo. — Isso é um bom sinal?— — Talvez seja apenas você se acostumando com minha beleza selvagem.— Lúcifer se levantou depois que falou e passou a caminhar para fora da sala de jantar. Emme se apressou para acompanhá-lo. — Beleza selvagem?— Emme perguntou em confusão em seguida.— O que isso significava?— — Não me diga que você não me acha lindo, minha querida Pumpe.— — Eu... Eu...— Emme ficou paralisada por um momento e logo em seguida suas bochechas estavam quentes por causa desse assunto. Ela nunca havia visto Lúcifer com outros olhos. De jeito nenhum! Ele era o primeiro homem que conhecia que não era Freis ou Padres, ela nem ao menos sabia com que olhos teria que olhá-lo para responder essa pergunta, sem contar que ela sempre viveu no meio de mulheres.— Isso não é uma pergunta muito adequada para se fazer.—


— Eu não fiz uma pergunta, Emme, apenas uma afirmação.— Ele abriu a porta da frente, que os levariam para fora da casa.— Eu não preciso fazer alguma pergunta desse genero, sei a resposta antes mesmo de perguntar.— — E qual é a resposta?— Emme perguntou com ingenuidade, mas depois que colocou seus pés pra fora da casa, sua mente ficou vazia. Essa era a segunda vez que saia da proteção de uma casa ou muros e valia a pena lembrar, que na primeira vez ela conheceu a morte bem de perto... Emme se virou de frente para mansão de Lúcifer e quase teve um desmaio.— Meu Senhor, sua casa é horrivel!— — Obrigado. Levaram anos até que ela ficasse perfeita para mim.— A mansão de Lúcifer parecia ter saído de um filme de terror. Ela era antiga com gargulas no telhado e nas grades de tijolos da varanda, sem contar o mato e limbro em volta delas. Realmente, se por dentro não fosse tudo magnifico, Emme pensaria que era um lugar esquecido por Deus. Era estranho, pois em frente da casa tinha um jardim perfeito e muito florido. Para alguém que gostava de ter uma casa com aparencia de que foi abandonada, não deveria ter flores tão belas como aquelas para enfeitar a frente da mansão.— Por que o jardim?— Emme perguntou. — Foi um presente.— Lúcifer murmurou, ficando ao lado de Emme.— Algo que deve ser destruido.— — Você estará assassinando flores, Lúcifer. Elas são criações de Deus e devem continuar seu ciclo até o fim, como nós.— Emme olhou para ele em seguida, devido ao seu silencio absoluto. E novamente, Lúcifer estava com seu cenho franzido e com aquela expressão de que ela era esquisita. Lúcifer movimentou sua cabeça em descrença.— Vamos lá, Pumpe.— Ele deu um pequeno toque em suas costas.— eu não quero ter aulas de que tambem não posso matar animais.— — Você mata animais?!— Emme ficou pasma, até mesmo seus labios se separaram por vários segundos.— Por que?— Isso era tão desumano... Eles eram somente animais... — Eu sou um assassino, minha querida. Não tenho motivos para mais nada.— — Mas... Antes de você mata-los, não ve os olhos brilhantes deles? Isso não lhe da pena?— — São apenas olhos!— — Os olhos transmitem o que são nossas almas, Lúcifer.— Ela disse. Lúcifer abriu a porta de um carro, totalmente preto, e quase jogou Emme para dentro. Talvez essa fosse a única maneira de fazê-la parar de tentar imaginar o que ele fazia com os animais antes de matar... Mas no momento em que Lúcifer tocou nela, sua mente foi para longe. Era muito, muito estranho o resultado do atrito da pele deles. Era como um choque termico. Lúcifer entrou no carro depois de dar a volta pelo carro e só então, ela percebeu que por um momento, o espaço entre eles seria muito pouco. Emme fechou suas mãos em punhos, ela não queria que ele percebesse que sua tremedeira estava voltando ao poucos... Tudo que importava, era que ela não ficaria fechada em uma mansão escura e sozinha.— Você não vai colocar o cinto de segurança?— Emme perguntou, com seus olho cinzas, cheios de inocência, em Lúcifer. Os olhos do vampiro encontraram com os de Emme em seguida, ele estava com sua sobrancelha esquerda perfeitamente arqueada. Sua expressão dizia que Emme estava exagerando em questão de segurança.— É algo...perigoso.— Ela tentou novamente e dessa vez Lúcifer colocou o cinto por volta do seu corpo antes de dar partida no carro. — Você devia se preocupar comigo, não com um cinto de segurança.— Lúcifer murmurou com um tom de mal humor que Emme resolveu ignorar. Na verdade, ela não tinha tanta coragem para enfrentar um vampiro de mal humor. Podia ser loucura estar pedindo ajuda para ele, mas Emme não estava tão louca a ponto de enfrentá-lo. E não foi exatamente isso que a fez ficar em silêncio, o caminho que Lúcifer estava fazendo,


realmente era de deixar qualquer pessoa de boca fechada. Em volta deles haviam apenas campos, o que deixou claro que Lúcifer morava no meio do nada, mas eram campos floridos e o cheiro deles invadia até mesmo o carro. Outra coisa em particular chamou a atenção de Emme conforme eles se aproximavam da cidade, uma enorme torre com um relógio ficava a vista no meio da noite, isso era tão diferente...— O que é aquilo?— Ela quebrou o silencio ao perguntar. — Você não o conhece?— Lúcifer perguntou em descrença.— Essa Torre, o Big Ben, é uns dos monumentos mais importante de Londres.— — Eu nunca o tinha visto.— Lúcifer a olhou por um breve momento antes de voltar seus olhos para estrada, realmente surpreso por ela nunca ter visto a torre. O silencio em torno deles voltou rapidamente, mas ele quebrou isso. — Ele faz parte do parlamento britânico e seu real nome é Torre do Relógio, mas em 1859 em quanto Benjamin Hall, um ministro, que estava em reunião no parlamento, o apelidou de Big Ben. — Lúcifer lhe explicou.— E se você reparar, ele é cinco minutos atrasado.— Emme olhou para o relogio que havia no carro e para a torre, vendo que Lúcifer tinha razão no que havia dito.— Por que?— — Certa vez uma família de pássaros pousou no seu ponteiro e o desregulou. Não existe uma historia grande e importante por trás disso. Acho que ele é um monumento por ser belo e velho.— — Então as coisas velhas e bonitas viram monumentos?— Ela perguntou. — Talvez sim.— Lúcifer pareceu escolher sua resposta.— Não é tão simples.— — Você poderia virar um monumento, certo?— Emme perguntou cheia de ingenuidade.— Você é imortal e provavelmente bem... antigo?— — E muito belo, minha querida.— Lúcifer foi irônico.— Mas isso é algo impossivel. Os humanos não são pessoas confiaveis, não me leve a mal. Os cientistas usariam vampiros como experimentos para loucuras medicinais, nossa verdade é melhor ser conhecida como mentira.— — Então, tudo isso é mantido em segredo por medo?— — Não.— Lúcifer discordou.— Por segurança, pequena pumpe.— — Eu não entendo.— Emme murmurou.— Você pode ser uma pessoa assustadora as vezes, mas tambem é gentil, pelo menos comigo... Por que iriam querer fazer mal a você?— — Eu não digo pela nossa segurança. A segurança ameaçada é dos humanos. Nós somos criaturas sobrenaturais e podemos vencer qualquer coisa se quisermos. Humanos são como formigas para nós.— — Por que você preferiu matar sua própria raça ao invés de simplesmente se juntar a eles para fazer seja lá Deus o que pretendiam fazer comigo?— Lúcifer torceu os labios, não gostando de ter que responder essa pergunta. Emme pensou em desistir, mas ele não era do tipo que fazia isso.— Nós não somos monstros, Emme. Claro que vampiros são realmente assustadores nos olhos de humanos e você conheceu nossa pior parte. E, aqueles homens, não eram os únicos que agiam assim. Eu já matei por diversão, até mesmo o rei dos vampiros já fez isso... Mas nós estamos muito mais civilizados desde que os humanos se tornaram nossos aliados.— — Você salvou minha vida, Lúcifer, e está tentando me ajudar com um problema que todos que eu amava decidiram ignorar... Eu não acho que você seja um monstro, mesmo o temendo.— Os olhos verdes de Lúcifer encontraram os de Emme por um longo momento. Ela não se importou por isso, pois ele já havia parado o carro. Mas o silencio era algo perturbador quando os olhos seguravam uns aos outros... Pelo menos Emme achava isso.— Nós já chegamos.— Foram as palavras dele antes de descer do carro. Emme tambem seguiu os mesmo passos de Lúcifer e saiu do carro. Mas ela preferiu não ter saído nem mesmo da mansão dele.— Isso é uma Igreja, Lúcifer.—


— Eu sei disso.— — Mas ela está fechada. O que você está fazendo?— Ela aumentou o tom da sua voz, sentindo seu desespero crescer, quando Lúcifer passou a subir a escada que levava até as duplas porta do lugar sagrado. Ele parou de caminhar e se virou para encontrar os olhos de Emme.— Eu irei entrar. Mas acho que nós dois concordamos que estar comigo ou dentro desse lugar é mais seguro do que ficar ai na calçada.— No momento seguinte, sem ao menos pensar, Emme passou a caminhar para estar perto de Lúcifer. A casa de Deus sempre seria mais segura do que qualquer outro lugar. Ele tinha razão nisso. Logo ambos estavam de frente com a porta e Lúcifer envolvido tentando abri-la.— Eu não me sinto confortavel invadindo uma igreja, Lúcifer.— Emme sussurrou para ele. — Acredite, pequena pumpe,— Ele disse, pausando apenas pra empurrar a porta para que eles pudessem entrar.— Eu também estou odiando estar aqui.— Emme olhou por um momento para tudo que a porta, meio aberta, lhe permitia ver. Estava tudo tão escuro, sem nenhuma luz... Ela não podia ver nada alem de escuridão, automaticamente Emme deu um passo para trás. Escuridão... O frio e a água em volta dela... O medo a afogando... — Pumpe.— Emme escutou a voz de Lúcifer, a única voz que a trouxe de volta para o presente.— Você pode ficar no carro se desejar.— Ele falou depois que os olhos cinzas dela encontraram com os dele. — Eu estou bem.— Ela disse, olhando para mão de Lúcifer que estava em seu braço. Provavelmente ele havia encostado nela quando sua mente a puxou para a parte negra de seu passado e nem ao menos o choque de temperatura da pele deles, conseguiu trazer ela de volta. Lúcifer tirou sua mão de perto dela, a fechando em um punho em seguida.— Só acho que está muito escuro para mim ai dentro.— — Fique perto de mim, tudo bem?— Antes mesmo de Emme lhe dar uma resposta, Lúcifer entrou no meio daquela escuridão e depois que ela entrou, ele fechou a porta atrás deles. Esse foi o momento em que Emme pensou que iria desmaiar.— Por que essa igreja é tão importante?— Ela perguntou, tentando deixar sua mente calma. — Os registros de todas pessoas que vão para um convento em Londres são mandados para essa Igreja.— — Mas eu não tenho documentos, Lúcifer.— — Eu sei disso, mas tem que existir algo sobre você.— Emme sentiu a mão de Lúcifer em suas costas..— Vamos em frente.— Ele sussurrou. Emme não fazia ideia para onde estava indo, ela apenas estava acompanhando Lúcifer. Em nenhum momento ele tirou sua mão de suas costas, o que ajudou bastante em quanto caminhavam. Mas depois que eles caminharam até o final de um corredor Lúcifer soltou ela, pois uma nova porta estava em frente a eles. Graças a Deus, ela não estava trancada, pois caso eles fossem pegos, Emme não gostaria de ser conhecida como arrombadora de igrejas. E mil vezes agradecida pelo seu anjo, Lúcifer achou uma luz e a acendeu. — Nós temos que achar sua ficha, pumpe.— Ele a avisou.— Só temos que achar o arquivo da Letra E.— Emme olhou para a sala que estava prestes a entrar e havia somente arquivos, muito deles. Se tudo não estivesse organizado por ordem de letra, eles passariam a noite aqui. — Meu nome não começa com E.— Emme falou e Lúcifer a olhou como se estivesse ficado louca. — Emme, eu sou um vampiro alfabetizado.— — Eu não me chamo Emme.— Ela revelou. — Você mentiu pra mim?— Lúcifer pareceu ficar ofendido e ao mesmo tempo muito bravo. — Não!— Ela disse rapidamente, antes que ele fizesse algo.— Eu me chamo Fiemme, mas sempre me chamaram de Emme.—


— Fiemme?— Sua sobrancelha se elevou e sua expressão era de puro divertimento.— Você só pode estar brincando comigo.— — Eu sei que é um nome diferente, não precisa tirar sarro.— Emme disse, com um tom de que ele havia a magoado. — Não é isso... Mas não importa.— Lúcifer disse.— Então vamos começar com a letra F, Fiemme. — — Eu agradeceria se não me chamasse assim.— — Tudo bem, pumpe.— — E assim tambem.— Emme murmurou. — Você está ficando muito exigente para uma freira.— Ele a acusou com um sorriso. Mas seu sorriso era diferente dessa vez, sem nenhum traço do que Lúcifer costumava usar. Sem jeito, por causa do comentário e sorriso de Lúcifer, Emme caminhou até o arquivo que seria da letra F e quando o puxou para abrir, nada aconteceu.— Está trancado.— Lúcifer se colocou ao lado dela e puxou a gaveta, sem nenhuma dificuldade, como se Emme tivesse cometido um engano ao dizer que estava trancada. Ela o olhou incrédula.— Você simplesmente sai destruindo tudo sem se importar?— — Que culpa eu tenho?— Lúcifer deu de ombros.— É um dom.— Emme decidiu não respondê-lo, pois Lúcifer pareceu ficar muito entretido em um monte de papeis para ouvi-la dizendo algo... — Fiemme.— Ele disse depois de alguns minutos, quebrando o silencio. Emme olhou em sua direção, apenas pesando que Lúcifer havia a chamado. Mas uma pasta estava em suas mãos e tudo indicava que ele havia achado sua ficha, não a chamado. Lúcifer ficou em silencio por muito tempo em quanto lia sua ficha, mas depois que falou, foi apenas para deixar Emme assustada.— (…) Abandonada quando era apenas um bebê, na porta do convento Saint. Jasgard, devido ao inverno rigoroso de Londres... A criança não sobreviveu nem ao menos para ser alimentada depois de recolhida.— Ele havia hesitado antes da ultima parte e Emme estava paralisada. Como podiam considerá-la como morta, se cresceu naquele lugar? Lúcifer olhou para ela.— É apenas isso.— — Mas eu não estou morta.— Emme sussurrou com uma ingenuidade muito maior do que qualquer coisa que ela já tenha falado antes. Era claro que ela não estava morta, mas o único documento em seu nome, a considerava como morta... Emme olhou para Lúcifer, diretamente para seus olhos verdes que brilhavam no meio daquela luz fraca. Aproveitando que o lugar ainda havia uma luz, não apenas escuridão, ela deu as costas para ele e passou a caminhar para encontrar a saída, em silencio. Ela não parou e até mesmo a escuridão não a afetou dessa vez. Era complicado qualquer coisa afetála com algo tão chocante quanto a revelação da única coisa que provava que ela existia no mundo, dizer que ela havia morrido quando criança. Depois que saio da igreja, livre da escuridão, Emme se sentou na pequena mureta ao lado da escada. Ela corria grandes riscos de cair de lá, mas a altura do muro do convento era muito maior e diferente do que aquele papel inutil demonstrava, Emme ainda respirava. Ela revirou seus olhos em revolta. Isso não era importante, isso era algo que poderia ser resolvido facilmente... Mas suas queimaduras não eram tão simples, ela não podia ficar aborrecida por papeis que diziam mentiras em quanto existia algo pior acontecendo. — Você poderia cair e se quebrar toda.— A voz de Lúcifer veio de trás dela, anunciando que ele estava se aproximando. — O muro do convento era muito mais alto que isso e só ganhei alguns machucados.— — Pura sorte.— Emme lhe lançou um olhar desaprovador ao duvidar que não era tão fragil quanto aparentava ser. No segundo seguinte Lúcifer, em silencio, se juntou a ela. Se sentando ao seu lado. — Veja pelo lado bom, Pumpe, você pode cometer crimes e ninguém nunca suspeitará da sua


pessoa.— Lúcifer tentou puxar assunto com Emme. — Eu nunca faria tal coisa, Lúcifer.— Ela disse seriamente, não notando o tom de brincadeira de Lúcifer. Ele era um péssimo consolador, mas estava tentando... — Olhe para a Lua.— Lúcifer disse em seguida, mas Emme não fez o que ele pediu, pois seus olhos acabaram indo para o vampiro em seu lado. Lúcifer se balançou para o lado, batendo no braço de Emme.— Vamos lá, olhe.— — Estou olhando.— Ela avisou, quando seus olhos foram para a criação mais perfeita que Deus havia dado para o mundo. — Você conhece o conto do sol e da lua, Pumpe?— Lúcifer perguntou, olhando para o luar tambem, mas ele viu quando Emme balançou negativamente sua cabeça. — Me conte.— Ela pediu gentilmente, em uma delicadeza graciosa e parecendo uma criança pedindo uma historia para dormir, ainda mais quando ela estava balançando seus pés lentamente. — Na mitologia das criaturas sobrenaturais, povos antigos acreditavam que as estrelas eram Deuses e como nós somos filhos da noite, diziam que ele brilhavam somente depois que o sol ia embora, para mostrar que suas criações não estavam sozinhas no meio de tanta escuridão. Mas nós não eramos filhos deles, seus filhos eram considerados Deuses tambem, mesmo não tendo uma posição tão grande quanto a deles. Nós apenas eramos criações e nada mais. Mas uma Deusa, chamada Sol, viu mais que isso em uma certa criatura sobrenatural, viu tantas coisas nela que acabou se apaixonando por um licantropo. E mais tarde, ele acabou se apaixonando por ela tambem, mas o romance deles era algo proibido. Uma criatura sobrenatural se relacionar com deuses é sempre proibido, mas Sol ignorou essa regra. Sua mãe, furiosa por ela ter quebrado uma regra tão importante, jogou uma maldição para ambos. A transformando no Sol e David, o licantropo, na lua. Sendo assim, eles jamais poderiam se encontrar. Mas Sol era somente uma mulher frágil para lidar com um poder tão grande em suas mãos, sendo que seu sofrimento era muito maior do que esse poder. Seu pai decidiu agir quando percebeu que sua filha não aguentaria isso e criou o eclipse para que o Sol e a Lua vivessem seu amor. O eclipse não é algo que acontece sempre, as veze levam até mesmo anos para ocorrer, mas nem por isso eles desistiram do amor deles.— Emme parou de admirar a lua e olhou para Lúcifer depois que acabou de contar a historia.— Isso é uma historia triste... Mas eu entendo onde quer chegar me contando isso. Você está dizendo que eu não posso desistir de algo apenas por que é complicado de se obter, certo?— — Sim.— Ele concordou, abaixando um pouco sua cabeça para encontrar os olhos cinzas que emitiam inocência.— E que nada acontece como queremos.— — É complicado, Lúcifer.— Emme desviou seu olhar do dele, novamente olhando para lua.— Essas queimaduras doem demais para ficar bem sendo que cada passo para frente de resolver essa situação é um fracasso.— — Eu conheço uma pessoa, que cada passo que dá para transformar sua amante em imortal é um fracasso total. Mas mesmo assim, ele olha nos olhos de sua mulher todos os dias e diz que se for preciso, passará por cima do limite quando o encontrar, não se importando qual for o preço que pagará por lutar contra o destino.— Lúcifer disse, abaixando seus olhos.— Eu não irei desistir de você, Emme.— Murmurou. Isso fez com que Emme olhasse para ele, ela não sabia o que dizer para Lúcifer. O que ele estava prestes a fazer... Tentar se livrar dessa maldição, sendo que eles estavam no zero, era algo sem preço. Lúcifer estava com sua mão em cima de sua coxa e Emme colocou seus dedos em cima dela, não se importando com o choque que aquilo causava.— Obrigada, Lúcifer.— Ela sussurrou, em quanto olhava profundamente nos olhos verdes mais anormais que já tinha visto. Lúcifer colocou sua outra mão sob a dela em resposta, fazendo com que um leve arrepio passasse por seu corpo, já que o gelado estava quase deixando a mão de Emme em uma temperatura normal. — Você ficará bem, pequena Pumpe, isso é uma promessa.— Ele disse calmamente, movimentando seu polegar gentilmente em uma caricia no topo da mão de Emme.— E vampiros nunca quebram suas promessas.—


Depois que Emme e Lúcifer se cansaram de ficar admirando a lua, eles voltaram para o carro e não falaram uma palavra se quer, entrando novamente no silêncio perturbador que deixava Emme louca. Ela não entendia o por que de Lúcifer ter ficado tão distante em um tempo tão curto, já que a alguns minutos atras ele estava tentando consolá-la e agora simplesmente estava a ignorando, como se ela não estivesse sentada ao seu lado. — Eu...— Emme tentou começar, mas o vampiro de olhos verdes freou seu carro tão rapido quando chegou na entrada de sua casa, que até mesmo o barulho dos pneus cantando foram vozes mandando ela fechar a boca. Lúcifer saio do carro em uma velocidade anormal, sem dizer uma palavra, e em um piscar de olhos ele não estava mais em vista para Emme. Por um momento ela não soube o que fazer, achou que depois de alguns segundos Lúcifer voltasse para buscá-la... Mas não, nada disso aconteceu. Emme ficou no carro, na frente do enorme e velho portão da mansão dele, esperando até se cansar. Respirando fundo duas, até mesmo três vezes ela tomou coragem de sair do carro e caminhar em direção da mansão que era horrivel, mas perfeita para Lúcifer. Emme pegou o caminho reto que levava diretamente para a porta da frente, caminhando lentamente e atenta para qualquer coisa. Tinha algum motivo para Lúcifer ter a largado dessa forma tão assustadora, ela não era tola de agir normalmente. Quando Emme ficou mais próxima da mansão, pode ver Lúcifer. Ele estava imóvel, parecendo uma estatua, de costas para ela e olhando fixamente para sua mansão. Mas não foi ele que chamou a atenção dela. A mansão, o jardim, que era a coisa mais bela do lugar... Estava tudo destruído. Era como se um enorme trator tivesse passado por cima de tudo. Emme caminhou para mais perto de Lúcifer e quando notou que ele não havia a visto, ou simplesmente estava a ignorando, ela tocou seu braço frio com a ponta de seus dedos.— Lúcifer.— Sussurrou seu nome. Lúcifer olhou para sua mão em seu braço e lentamente foi subindo seu olhar até encontrar os olhos cinzas de Emme. E ela quase se afastou ao ver que os olhos dele estavam vermelhos, vermelhos como olhos de demônios. Mas Lúcifer devia saber que isso a assustava, pois como uma onda lenta, o verde passou a tomar conta de tudo que lhe pertencia.— O que aconteceu?— Emme perguntou, depois que os pontos restantes de vermelho foram embora de seus olhos. — Vampiros.— Ele a respondeu em um tom mortal, a deixando um pouco assustada. Lúcifer olhou para o jardim dessa vez e elevou sua sobrancelha esquerda, em quanto caminhava até lá.— Pelo menos fizeram um bom trabalho com isso.— Emme se virou para ver o jardim e era uma pena que algo tão bonito tivesse sido massacrado dessa maneira. Nem mesmo a mansão horrivel merecia isso. Lúcifer abaixou e pegou uma rosa branca que estava largada no chão, mas ainda inteira.— Os assassinos deixaram um sobrevivente para trás.— Ele disse e isso fez com que ela quase sorrisse. Mas esse momento não era adequado para sorrir... Mesmo não conhecendo Lúcifer, era obvio que ele desejava a morte de quem fez isso. Ele trouxe a rosa até os olhos de Emme e esperou que ela pegasse.— Mulheres apreciam rosas, como se fossem diamantes, Pumpe, e vampiros apreciam a vingança, como se fosse parte da sua honra.— — Eles destruíram sua casa por vingança? Por que?— — Isso é só foi um aviso de que estou na lista dos criptas.— A mente de Emme ficou em branco por um momento.— Eu não entendo.—


— É simples.— Lúcifer disse calmamente.— Minha morte está sendo marcada, nesse exato momento.— — O QUE?!— Os olhos de Emme se arregalaram.— Do que você está falando? E por que fala algo assim com tanta calma?!— Ela se desesperou, controlando o tom da sua voz para que não gritasse. — Eu fazia parte de um culto de vampiros, no passado, que matavam por diversão... Mas acabei desistindo disso tudo quando minha vida passou a ser ameaçada pela lei que as criaturas sobrenaturais e os humanos criaram juntos. Geralmente, aqueles que desistem, são mortos sem piedade, mas como eu sou o filho de...— Lúcifer fechou os olhos por um momento, demonstrando em sua expressão que havia falado demais.— Eu tive uma segunda chance... Mas noite passada eu matei dois membros desse culto para salvá-la, sem alegar que você pertencia a mim, e a morte deles devem ser recompensada com a minha.— — Mas... Mas...— Emme não sabia o que dizer. Morte, tudo era morte... Eles não podiam se sentar em uma mesa e simplesmente conversar?!— Você tem um rei, certo? O procure...— — Eu não posso.— Lúcifer disse antes que Emme pensasse em como terminar sua frase.— Vampiros e humanos são proibidos de conviverem juntos... Os humanos consideram isso como uma falta de respeito a eles, pois alegaram que era fácil para vampiros transformá-los em escravos.— — Mas Leila...— — É diferente, ela trabalha para mim.— Lúcifer olhou para Emme.— Eu disse que não poderia deixar minha vida de lado, pois ninguém podia saber que você estava aqui. Se eles souberem da sua estádia em minha casa vão assumir que você é minha...amante. E que eu estou a usando somente para me manter vivo.— Para me manter vivo. Emme estremeceu com isso. Em sua frente, Lúcifer sorriu e não havia nenhum traço de irônia, sarcasmo ou frieza em seu rosto. O vampiro, realmente, tinha um lindo sorriso quando essas três coisas não estavam envolvida.— Por que você está chorando?— Ele perguntou de uma forma gentil. Emme não havia percebido que seus olhos estavam derramando lágrimas até que Lúcifer comentasse. Constrangida por isso, ela as limpou rapidamente com as costas de sua mão. Só que isso foi um ato sem sucesso, já que sua vontade de chorar era maior do que a de querer parar.— Eu não sei.— Sua voz saio fina e manhosa.— Eu só não quero que você morra.— Sua voz saio em um sussurro. Os olhos de Lúcifer mudaram e seu sorriso se desmanchou. Agora, o brilho daqueles verdes anormais, estavam lhe lembrando o brilho da lua. Tão intenso e lindo... — Eu não vou morrer, Pumpe.— — Por que você não promete isso tambem?— Ela perguntou quase exigindo que Lúcifer lhe prometesse que não iria morrer. Lúcifer se aproximou de Emme, quebrando o espaço entre eles sem nenhum problema. Emme não se afastou, pois não estava sentindo medo. Ela estava chorando por um vampiro, como poderia ter medo se algo como isso estava acontecendo? Lúcifer era muito maior do que Emme, em todos os sentidos, por um momento ela se sentiu como um coelho em frente a um grande lobo mau... Mas tudo isso passou quando ele colocou uma mecha rebelde, que havia se soltado da sua trança, atrás de sua orelha. Em seguida, ele escorregou seu dedo pelo rosto de Emme, como se estivesse perseguindo uma lágrima. Somente parou, quando seu dedo estava a baixo de seu queixo, Lúcifer ergue seu rosto. Seu toque era tão frio comparado a temperatura do corpo de Emme, que ela estava ficando cada vez mais quente com essa aproximidade. Nunca, nenhum homem, a tratou dessa maneira.— Fiemme.— Lúcifer sussurrou seu nome para que ela encontrasse seus olhos.— Eu vou ficar bem.— — Eu estou com medo, Lúcifer.— Emme tentou desviar seus olhos depois de sussurrar, mas era impossivel. Os olhos verdes de Lúcifer, com a luz do luar neles, era algo tão... bonito. Era como se eles fossem olhos de uma cobra hipnotizando sua vitima...


— Eu sei disso.— Lúcifer baixou seus olhos para a rosa que Emme segurava contra seu estomago. — E isso apenas prova o quão humana pode ser.— Seus olhos voltaram em busca dos dela, novamente a hipnotizando com aquele verde anormal.— Você não pode imaginar o quão gracioso o medo pode ser perto daqueles que não o sentem, minha querida.— — Você não tem medo de morrer.— Emme disse aquilo que ele demonstrava ou que até mesmo sentia. Os olhos de Lúcifer saíram dos delas por um momento e um sorriso travesso surgiu em seu rosto. Um sorriso que demonstrava que ele estava voltando para o passado, que mostrava o quão cruel podia ser quando sua vida estava ameaçada.— Com certeza não.— Ele se afastou de Emme no segundo seguinte, olhando pela ultima vez para sua casa totalmente arruinada. Quando Lúcifer passou a andar na direção que os levariam até o carro, ela também começou a caminhar, logo atrás dele.— Vamos dar o fora daqui.— — Para onde?— — Para um lugar estúpido e velho.— Ele murmurou, não olhando para trás pra confirmar se Emme estava atrás dele. Mas era um pouco obvio que ela estaria. Lúcifer era a única pessoa que Emme tinha no meio de tantas pessoas que existia no mundo. Ele era a única pessoa que se habilitou para ajuda-la. E agora, o vampiro de olhos verdes, estava sendo ameaçado de morte por causa dela. Quantos mais pecados Emme teria que pagar por ter fugido do convento? E quantas pessoas teriam que se machucar por causa dela? Emme não sabia como responder essas perguntas, talvez só Deus pudesse ter as respostas. Mas se existia uma coisa que ela não queria, era que Lúcifer perdesse sua vida por causa dela... Ele pode ser uma criatura do mal, e na Biblia sempre dizia que essas criaturas deviam ser mandadas embora para o inferno. Mas Emme apenas havia conhecido sua bondade. Era dificil desejar que algo ruim acontecesse a ele. Os olhos de Emme foram para Lúcifer, sentado ao seu lado, em busca de qualquer mensagem em sua expressão. Mas era impossível, seu rosto era sempre uma mascara cheia de frieza. E ela nunca quebraria isso. Lúcifer era um imortal e havia vivido muito mais tempo que ela, isso era uma coisa obvia apenas de olhar para ele. Emme tinha certeza que jamais iria entender o por que de um ser tão poderoso ter salvado sua vida e ainda estar a ajudando, principalmente quando sua vida estava sendo marcada para acabar por causa dela. Isso era insano, mas Lúcifer era insano.

Emme ficou em silencio a maior parte do tempo depois que Lúcifer deu partida no carro e estava fazendo o mesmo caminho que eles fizeram mais cedo, novamente. Mesmo que ela quisesse dizer algo, não poderia. Seu corpo ainda estava reagindo por causa da forma que Lúcifer havia lhe tocado anteriormente. Isso era muito estranho. Ela olhou para Lúcifer por um momento e era incrivel como ele estava tão calmo devido a situação...— Admirando minha beleza, Pumpe?— Perguntou quando notou que um par de olhos cinzas estavam nele.— Eu não acho que meu melhor ângulo seja esse, talvez quando não estivermos no meio da estrada, te mostre.—


— Eu acho que você está muito calmo para quem está sendo ameaçado de morte.— Emme apontou esse detalhe.— E por que iria querer ver seu melhor ângulo?— Ela perguntou, com toda a ingenuidade que possuía. — Não se preocupe, Pumpe.— Ele foi sarcástico.— Eu tenho você para se preocupar por mim.— — Não é muito...-— Emme se calou quando sentiu em sua costela uma pontada ardente. Estava começando, tudo de novo. Era sempre assim, a dor vinha, gritos saiam de sua boca e ninguém podia parar a queimação em sua pele. A dor, era como se encostassem um ferro quente cheio de brasas em seu corpo e quando o afastassem, até mesmo sua pele saia junto, grudada no ferro. Claro que sua pele não saia, mas aos poucos ela se derretia até ficar enrugada. O irônico de tudo era que Emme nunca ganhava uma cicatriz... Ela estava prestes a desmaiar quando notou, que por algum motivo, estava nos braços de Lúcifer e o carro que eles estavam, havia sido deixado parado com as duas portas da frente abertas e o farol acesso. Mas, realmente, não foi isso que manteve Emme acordada, pois no minuto seguinte, percebeu que Lúcifer estava prestes a se jogar de cima da ponte e com ela em seus braços. — Não faça isso!— Ela gritou em meio da dor, agarrando os ombros do vampiro firmemente com suas pequenas unhas antes dele saltar em direção do rio. A próxima coisa que Emme sentiu foi a agua gelada envolvendo todo seu corpo. Mas era dificil decifrar qualquer coisa, pois Lúcifer era gelado, a única diferença agora era que ela estava toda molhada. E com uma raiva assustadora. — Qual é o seu problema, Lúcifer?!— Ela disse assim que seus pés acharam o chão no meio do lado. Por sorte, ele não era fundo.— LÚCIFER!— Emme gritou quando não o encontrou. E por um momento estremeceu, pois parecia que ela estava invocando o demonio que possuia o mesmo nome. — Eu estou aqui, minha querida.— A voz surgiu por trás dela e quando Emme se virou para encontrá-lo, surpresa percorreu por todo seu corpo. Era anormal e assustador como ele conseguia chegar tão perto e ela nem ao menos notava. — Por que você me jogou aqui?— Emme perguntou de uma maneira ofendida.— Isso é muito grosseiro da sua parte e...— Ela se calou e um sorriso ligeiro cresceu nos lábios de Lúcifer. Emme não estava mais sentido as queimações, apenas uma leve dor...— Fogo e gelo.— murmurou. Lúcifer passou sua mão por seus cabelos, os colocando para trás já que a bagunça que ele costumava deixar, estava ainda pior com toda essa água, em quanto lhe lançava aquele olhar superior.— Pumpe, você tem que entender que tudo que eu faço é correto.— — Eu não sou imortal, Lúcifer, só pra constar.— Emme disse ainda irritada.— Sair me jogando em um lado toda vez que isso acontece, não é algo... E pare de rir! Isso é sério, Lúcifer.— Emme choramingou, em raiva, depois que notou que ele estava se divertindo. Lúcifer franziu o cenho, mas não deixou seu sorriso, com um pouco de irônia, de lado.— Você fica uma coisa muito fofa quando está com raiva, pumpe.— — Eu não sei nadar.— — Eu não a deixaria se afogar.— Disse Lúcifer.— Mas me perdoe por isso se a assustou.— — Você tem o dom de me assustar frequentemente.— Ela acusou, ainda sentindo a raiva em suas veias, mas aos poucos tudo ia embora... Pois quando Lúcifer, realmente, falava sério, era algo que a deixava tranquila.— Mas tudo bem.— Emme fechou seus olhos por um momento e respirou fundo. Raiva não era um sentimento divino. — Então... Você está bem?— — Sim.— Murmurou assim que encontrou os olhos verdes de Lúcifer.— Você não deveria ter feito isso, irá molhar todo o seu carro.— — Eu nunca gostei desse carro mesmo.— Emme olhou para cima, em encontro da pequena ponte, com sua sobrancelha arqueada. Esse carro parecia um daqueles do futuro, como alguém podia não gostar? Ela se perguntou.— Alem do mais, nós não precisamos dele.—


— Por que não?— — Nós já chegamos em uma das minhas propriedades.— Lúcifer lhe explicou começando a se movimentar para ir até a margem. — Você tem um lago em sua casa?— Perguntou Emme.— Com uma ponte?— — Tecnicamente, Pumpe, precisava de um ponte. Não poderia atravessar a nado o lago toda vez que estivesse por aqui. E acredite, eu odeio obras da natureza, então fui obrigado a aceitar esse lago na entrada da minha propriedade.— — Isso é grosseiro para a natureza.— Emme o repreendeu, o encarando bravamente. Ela não podia admitir que Lúcifer ofendesse a criação de seu pai. — Desculpa natureza?— Ele foi sarcástico. A resposta de Emme foi simples. Ela deu as costas para Lúcifer e passou a andar até que estivesse em terra. Sua felicidade era que aquele lago, realmente era raso, e não que ela estava em cima de uma pedra... Estando em terra firme se virou para Lúcifer, ainda parado no mesmo lugar como uma estatua, e ela pode notar que havia algo diferente em seu olhar.— Por que está olhando para mim dessa maneira? — Como se fosse sua presa. Sua mente completou aquilo que não teve coragem de dizer. Mas sua mente estava a levando diretamente para o medo com esse pensamente infeliz. Só que sua mente estava certa, Lúcifer era um vampiro, uma criatura que está violando todas as leis de Deus. A morte caminhava ao seu lado... E Emme parecia não ter nenhum problema em estar perto dele.— Apenas olhando seus passos para certificar de que não iria cair.— Foi a resposta dele.— Eu posso sentir o cheiro do seu sangue, Fiemme.— Um aviso que a paralisou, principalmente quando Lúcifer começou a sair da agua. — Eu já disse que está tudo bem. É normal.— — Me deixe ver isso.— Lúcifer pediu quando se aproximou do corpo molhado, mas ainda quente, de Emme. Ela ficou incrédula ao pedido, isso era algo muito insano de se pedir a uma dama.— Eu não erguerei meu vestido... para você.— — Oh, pumpe, vamos lá.— Ele disse.— Não existe nada em baixo da sua saia que eu não conheça. — — Lúcifer!— Ela o repreendeu quando sentiu suas bochechas queimarem por estar constrangida, isso não era algo para se pedir... — Fiemme!— Ele a imitou com o mesmo tom, só que o tom de brincadeira foi mais alto. — Estou falando muito sério, eu não irei fazer isso com você perto. Isso é...imprudente.— — Ok.— Ele elevou suas mãos para cima, fazendo um aceno de desistência.— Só queria ajudá-la a esquecer a dor.— Seu tom foi irônico, mas ao mesmo tempo havia uma ponta de verdade. — Eu estou bem, Lúcifer.— Emme disse novamente. Lúcifer não lhe deu uma resposta, ele apenas a avaliou por um momento e passou por Emme acenando com sua cabeça para que ela o seguisse. Antes de pegarem um caminho que os lavariam até a casa de Lúcifer, ele caminhou até o carro e o fechou. — Lúcifer.— Emme disse seu nome calmamente, caminhando a alguns passos atrás dele.— Eu não... Meu Deus!— Ela desistiu de falar qualquer coisa quando a 'casa' de Lúcifer ficou a vista para seus olhos. Era algo incrivel.— Parece que minhas casas sempre tiram sua fala, minha querida.— — É linda!— Exclamou Emme.— Essa mansão é igual ao do Mr. Darcy.— — Bom, eu não perco meu precioso tempo assistindo filmes, mas...Obrigado.— — Se parece com um castelo.— Ela murmurou.


E Emme não estava exagerando. A mansão de Lúcifer, realmente, parecia ter saído de um filme de romance de época, um filme em que os nobres eram muito mais importantes do que qualquer coisa... Era isso, Lúcifer só podia ter sido um nobre em décadas passadas. — Oh, não.— Lúcifer discordou dela.— Castelos são sempre maiores e chamativos, é apenas uma mansão.— — Se eu vi alguma mansão desse tamanho em uma imagem de revista, acredite, foi até demais.— Lúcifer sorriu para Emme, de uma maneira gentil.— Vamos entrar, Pumpe. Você tem que cuidar do seu novo hematoma.— — Algum dia você irá me dizer o que significa Pumpe?— — Talvez.— Ele disse, em quanto passava a caminhar.— Quem sabe quando você deixar seu sotaque britânico de lado e pronunciar a palavra corretamente.— — Não é muito educado fazer brincadeiras com o sotaque dos outros, Lúcifer.— Emme já havia notado que Lúcifer não era inglês, pois seu sotaque estava até mesmo longe de ser americano. Mas só por causa disso, ele não tinha motivo para fazer gozações da maneira que ela pronunciava as coisas. Realmente, estar perto de Lúcifer, era como um exercício para manter a calma. O interior da casa era muito mais bonita do que a vista lá fora. Tudo era antigo e delicado, como uma casa de boneca. Era inimaginável o motivo do por que Lúcifer querer morar e gostar daquele lugar tirado de um filme de terror. Eles caminharam até o segundo andar em puro silencio, molhando inteiramente o lugar com suas roupas molhadas. E por algum motivo, Emme gostava de ter seus cabelos molhados, pois eles pareciam ter uma cor normal. Isso foi a melhor parte de ser jogada em um lago. A lembrar que podia ter uma cor normal quando seus cabelos estavam molhados, era algo que a deixava feliz.— Você não deveria pensar assim.— — Perdão?— Emme foi pega de surpresa. — Seu cabelo é de uma cor diferente, o que o torna ainda mais belo.— Lúcifer explicou em quanto ficava de lado para abrir uma porta e dar passagem para ela entrar.— Isso lhe torna única.— Emme franziu o cenho.— Como sabia que eu estava pensando no meu cabelo?— — Eu leio mentes, minha querida.— Ele foi irônico. — Muito engraçado, Lúcifer.— Ela entrou no quarto e logo se virou para encontrar o rosto do vampiro atras dela.— Eu posso ser um pouco ingênua, mas não brinque com isso, pois não sou tola.— — Minhas humildes desculpas, Fiemme.— Seu tom foi frio, mas Emme nunca se sentia confortavel quando diziam seu verdadeiro nome, ainda mais quando era falado de uma forma tão...masculinizado.— Enfim... No banheiro existe tudo que vai precisar para cuidar da sua queimadura e no guarda roupa existem algumas roupas que podem servir para você pelo menos passar a noite.— — Você não vai passar mais a noite no sofá.— Emme adivinhou.— Deve estar feliz.— — Eu já passei noites dormindo no tapete, minha querida.— Lúcifer a respondeu.— O sofá é como um presente para minhas costas.— — Por que você dormiria em um tapete?— — Bom, isso não vem ao caso.— Lúcifer olhou para Emme.— Tudo que importa é que estarei no quarto lado do seu e se precisar... de algo, sinta-se livre para me chamar.— — Para me jogar em um lago novamente?— Ela ousou brincar. Os olhos verdes de Lúcifer se estreitaram de uma forma divertida.— Você está ficando ousada,


pumpe. Isso é um pecado.— Emme resolveu ignorar seu comentário. Lúcifer se movimentou para trás no segundo seguinte, dando espaço para que ela fechasse a porta. Ele provavelmente estaria indo para seu quarto agora.— Seus olhos.— Emme disse, recuperando o olhar dele. Um olhar curioso.— Eles tambem lhe fazem único.— Lúcifer a encarou por um momento, seus olhos sustentando os seus.— Boa noite, Fiemme.— Foram as palavras dele, puxando a porta consigo para fecha-la. Emme encarou a porta por um momento. Até mesmo a madeira que se tornou esse móvel era mais sofisticado do que a cama que ela costumava dormir no convento. Ela tinha até mesmo medo de tocar em algo e destruir de tão fino que o lugar era. Emme caminhou até o guarda-roupa e quando abriu suas portas, se deparou com um monte de camisas masculinas. Com certeza, ela ficaria divina vestindo roupas de homem, mas Lúcifer mesmo disse que era apenas para passar a noite, talvez amanha ele tentasse recuperar sua bolsa... Em seguida, depois de pegar uma camisa, ela caminhou até o banheiro e fechou a porta em suas costas para que pudesse cuidar do seu novo hematoma. Fazer as mesmas coisas que era de costumes para tirar a dor e depois, Emme ficaria feliz em encontrar sua nova cama.


03Lúcifer saiu de sua mansão assim que teve certeza que Emme estava dormindo. Por algum motivo ela tinha medo de ficar sozinha, principalmente, em lugares escuros. Seu pior medo era a escuridão e sua mente formava uma grande barreira inaquebravel quando se tratava disso. Agora, ele só podia rezar para que ela não acordasse e desse falta dele. Os criptas estavam atrás dele e seria muito mais seguro se ele não ficasse próximo de Emme por algumas horas, para ter certeza de que não estava sendo seguido. O cheiro dela podia ser tão sufocante que nem ao menos sentir o aroma de outras pessoas Lúciver conseguia. Mas Lúcifer não tinha medo, por ele ou por Emme. Ele era o filho de Hades e por esse motivo, estava muito bem protegido. Era apenas dificil saber se outros vampiros, como o culto em que ele participou um dia, tinha medo de Hades ou da força que Lúcifer possuia. Afinal, eles conheciam apenas três vampiros velhos o suficiente para acabar com um grupo sozinho. Pierre, Andrew e ele... Mas agora, eles comemoravam por Pierre não estar mais vivo. E era assustador como eles temiam a Pierre mais do que a Andrew. Andrew seria o motivo do apocalipse se chegasse perto da loucura algum dia. Muito pior do que Pierre. E por temerem ou desejarem esse dia, a mulher que ele amava tinha perdido sua imortalidade. Tolos. Lúcifer os xingou. Eles sempre temeriam aqueles que não tem nenhum poder. Mas seria divertido, caso algo acontecesse, ver Hades voltando dos mortos e queimando todos aqueles que traíram sua a ordem. A ordem de nunca matarem o príncipe do inferno. Lúcifer não tinha medo da morte, pois o mundo cairia em fogo... O quão divertido poderia ser ouvir e sentir o cheiro de vampiros queimando? Um meio sorriso nasceu nos lábios de Lúcifer com esse pensamento. Ele, com certeza, era um amador da morte. Lúcifer em seguida bateu, calmamente, na porta de vidro que separava a varanda de um quarto. Geralmente ele invadiria o lugar, sem se importar com os resultados. Mas era sábio o homem que temia uma mulher. — Lúcifer.— A voz de Leila soou em seguida, parecendo surpresa. Até mesmo ele estava surpreso por estar atras de sua governanta essas horas.— O que está fazendo aqui?— Ela disse assim que abriu a porta.— Não é muito educado invadir a varanda de uma mulher.— — Estou apenas prevenindo para que sua filha não se apaixone por mim a primeira vista.— Foi a resposta dele, algo totalmente irônico em quanto ele se encostava da grade de segurança do lugar, com seus olhos fixos em Leila.— Você deveria ir trabalhar com essa roupa, valoriza muito mais sua


beleza.— Comentou, ao notar que sua governanta usava calças jeans mais justas e uma blusa simples. Muito mais bonito do que as roupas formais que ela usava em sua casa. — Deixe-me lembrá-lo que sou sua governanta, não uma mulher que passa a noite em sua cama.— Ela disse.— Alias, nós já discutimos que você não faz meu tipo.— Lúcifer sorriu.— Você fere meu coração, Leila.— — Me diga o que faz aqui, não se parece muito com seu estilo invadir minha varanda.— — Minha vida está sendo ameaçada.— — Diga uma novidade, Lúcifer.— — E minha mansão foi destruída.— — Por que?— Leila ficou surpresa. — Porque matei dois vampiros que fazem parte de um culto para salvar a vida de Emme. Eles resolveram esquecer que sou filho de Hades e a destruição da minha mansão foi o aviso de que sou o próximo da lista.— — Deveria comunicar isso para seu rei, Lúcifer. Você não fez nada de errado dessa vez.— — Eu não posso ir atrás de Andrew.— Ele rebateu.— Se ele descobrir que estou com Emme, ou os humanos, eles vão tirá-la de mim e provavelmente devolvê-la para aquele inferno que fez com que o único registro que possuía sobre ela, falasse que estava morta. Eu não posso quebrar minha promesa com Emme, Leila.— — Mas você está a colocando em risco também por causa desse culto.— — Eu sei.— Lúcifer respondeu de uma forma emburrada, fechando sua cara. — Você, realmente, não consegue fazer nada sem se meter em problemas, não é mesmo?— Leila o repreendeu de uma forma divertida, se colocando ao lado do vampiro loiro. — É um dom único.— Murmurou. — Por que parece que você está deixando algo de lado?— Lúcifer lançou um olhar para sua governanta. Ela era a única pessoa, depois de Andrew, que o conhecia o suficiente para saber quando ele não estava contando algo importante. — Emme teve uma daquelas queimaduras hoje mais cedo e eu a joguei dentro de um lago.— Ele começou, se lembrando da cena.— Depois que ela saio de dentro da agua, seu vestido estava agarrado ao seu corpo, de uma forma que todas suas curvas ficaram explicitas e meu corpo reagiu a isso...— — Ok.— Leila o interrompeu.— Eu não preciso saber...— — Meu coração.— Lúcifer disse com um tom mais alto, para que sua governanta calasse a boca.— Ele bateu rapidamente por causa disso.— Leila o encarou por vários segundos em um silêncio torturador. — Eu sei que você quer que seu coração volte a bater normalmente, exatamente por isso que aceitou a cuidar de Jake e o caso de Emme, mas você não pode a usar de uma forma... diferente, para ter o que deseja, Lúcifer.— Ela disse.— Considerando nossas idades e a mente de Emme, ela é apenas uma criança.— — Eu sei disso.— Lúcifer soltou sua respiração.— Mas ela não deixa de ser uma mulher com belas curvas.— — Não a magoe, Lúcifer.— Leila o alertou.— Da mesma forma que você é uma novidade para ela, Emme está sendo algo para você. Eu vejo isso em seus olhos, você está ficando intrigado com a maneira que ela reage com você. Mas Emme não é um brinquedo para fazer seu coração voltar a bater. Destruir um coração inocente, Lúcifer, é algo muito pior do que sua historia sendo registrado como o diabo, para os humanos.— — Eu não vou seduzi-la, Leila.— Lúcifer rebateu rudemente com o comentário da sua governanta. — Emme não me interessa e estou fazendo tudo isso por causa de mim. Eu posso encontrar qualquer corpo como o dela em qualquer outra mulher.— — Eu acredito em você.— Leila disse em um tom que dizia que essa era a ultima coisa que iria fazer. Lúcifer resolveu ignorar esse detalhe.— E também creio que arrumará um jeito para resolver


seus problemas.— Ela falou sério dessa vez. — Você se lembra onde se encontra minha outra mansão em Londres, Leila?— Ele perguntou. — Como eu poderia esquecer um lugar tão divino como aquele?— Leila se moveu para ficar em sua frente.— Finalmente um inimigo seu fez algo correto ao destruir aquela mansão ridícula.— — Não se divirta as custas das minha desgraças, minha querida.— — Boa noite, Lúcifer.— Lúcifer deu as costas para Leila, mas antes de ir embora ele parou para ouvir os pensamentos de sua governanta. Ele irá machucá-la. E no final, sofrerá como sofreu com todas as mulheres que já esteve apaixonado. Mas Leila estava enganada, Lúcifer não estava se apaixonando. Tudo que lhe preocupava no momento era seu coração e suas batidas fracas, o famoso sinal da loucura do tempo se aproximando. Ele não poderia ter cabeça para pensar em mulheres como um assunto sério. Elas só serviam para lhe divertir durante uma parte da noite e só. A mente de Lúcifer não pertencia a mais nada quando uma grande promessa estava envolvida quando seu coração parasse de bater... Ignorando os restos dos pesamentos de Leila, Lúcifer saltou da varanda em direção do chão. Essa noite, Londres seria um lugar pequeno para ele. Mesmo se Lúcifer fosse vagar pelas ruas novamente, como no dia em que conheceu Emme. Fiemme... Por que tudo nela estava relacionado ao fogo? Lúcifer se perguntou. Até mesmo o cabelo dela lembrava as chamas. Isso mexia demais com a curiosidade de Lúcifer, talvez esse fosse um dos maiores motivo por ajudá-la. Claro que o principal e importante era deixar sua mente distraida da loucura, mas depois disso... A curiosidade sempre foi uma inimiga capaz de fazer com que humanos ou criaturas sobrenaturais fizesse coisas inimagináveis, com Lúcifer não era diferente. E os criptas não o assustava, ele temia mais por Emme do que por sua vida. Ela já sofria com essas queimaduras que chegavam do inferno para marcar seu pequeno corpo, não precisava tambem aguentar ameaças de loucos que achavam que podiam colocar medo em Lúcifer. Lúcifer olhou para o caminho que pretendia seguir, onde havia um clube que muitas mulheres o esperavam para divertir suas noites, assim como elas divertiriam a sua. Mas não foi esse caminho que ele seguiu no final das contas. Dando meia volta, ele passou a caminhar em direção da sua mansão. Lúcifer havia dito que estaria ao quarto do lado de Emme caso precisasse dele, ele não estando lá, acabou criando uma mentira. Seus olhos verdes se reviraram em revolta. Desde quando se importava com verdade ou mentiras?Isso só podia parte da loucura. O vampiro se consolou, começando a caminhar. Era insano, pois o maior motivo por Lúcifer ter saído da mansão sem ao menos trocar suas roupas foi por não aguentar mais o delicioso cheiro do sangue de Emme. Aquele aroma estava o sufocando tanto como um veneno do escorpião mais venenoso que já existiu.


Podia ser o resultado de estar caminhando perto da loucura ou não, mas Lúcifer preferia estar perto de Fiemme, mesmo a colocando em risco, afinal, nenhum vampiro poderia ajudá-la e protegê-la melhor do que ele. Lúcifer confiava apenas nele mesmo para cuidar daquela pequena menina, com um medo que fazia dos seus sonhos puro pesadelos, mas com uma coragem enorme para enfrentar um vampiro de quase 1.300 anos. E mesmo que o corpo de Lúcifer reagisse de uma forma diferente da sua mente, Leila tinha razão. Ele não podia magoá-la, em nenhum sentido. ___________________ Emme acordou com o barulho de um forte trovão seguido de um raio. Seu coração acompanhava o ritmo da chuva forte lá fora. Ela não havia tido nenhum pesadelo para que ele estivesse tão acelerado, mas devido a chuva, já era um grande motivo. Tudo que mais odiava, era uma tempestade assustadora durante a noite. Mas sua sorte era que o dia já havia chegado, só que por causa da tempestade, o céu se encontrava escuro a ponto de enganar seus olhos sob a fina cortina em sua frente. Mas no final, o brilho do sol não poderia ser tampado por nenhuma nuvem escura. Emme se levantou e foi diretamente para o banheiro. Por mais que sua situação fosse lamentavel, por não ter nenhuma roupa, ela ainda tinha que dar um jeito em seu longo cabelo. Ela já teve muita vontade de cortá-lo as vezes, mas o convento não permitia que isso acontecesse... Então foi obrigada a se acostumar com o tamanho. Em dias de muitos frios, seu cabelo longo, podia se tornar um melhor amigo, afinal. Abrindo um pouco a camisa de Lúcifer, ou seja lá de quem fosse, Emme tirou o curativo que havia feito na noite passada para que seu novo hematoma pudesse respirar, já que havia parado de soltar liquidos. Em seguida, cuidadosa como um gato invadindo um lugar que não deveria, Emme saio do quarto que estava, olhando para os dois lados do corredor. Por um momento, ela se sentiu bipolar. Como podia querer e não querer estar perto de Lúcifer? Ele era a única pessoa que aceitou o pedido de sua ajuda, e isso era algo que Emme não podia agradecer com palavras. Mas ao mesmo tempo, seu cerebro martelava a avisando que Lúcifer não passava de um assassino. E claro, ela apenas vestia uma camisa masculina. Não era muito adequado um homem a vê-la dessa maneira. Tudo bem que a camisa parecia mais como um vestido do que uma blusa, mas era um vestido acima de seus joelhos... No convento, isso seria considerado como um pecado. Emme conseguiu chegar até a escada que a levaria até o primeiro andar sem que ninguém a percebesse, mas sentado em uns dos primeiros degraus, estava Lúcifer. Os olhos verdes dele encontraram Emme no topo da escada, tambem o observando. — A bela adormecida está de pé.— Foram as palavras de Lúcifer, deixando o olhar de Emme e virando seu corpo totalmente para frente.— Pensei que estivesse esperando por um beijo.— Seu tom irônico era afiado como uma lamina. Tão perigoso... — Um beijo?— Emme perguntou de uma forma inocente. Descendo os degraus calmamente para se


sentar ao seu lado, mas não tão perto.— Por que esperaria isso?— — Não importa.— Lúcifer falou de uma forma desanimada, provando a Emme que ela não era a única bipolar. — Você está bem?— Emme perguntou. — Eu estou sempre bem, minha querida.— Ele a respondeu.— Exatamente como você ficou ótima com minha camisa.— Emme sentiu suas bochechas esquentarem com o comentário de Lúcifer. Quanto mais ela rezava para que ninguém a notasse, mais notavel ela parecia ficar...— Isso não é muito educado, Lúcifer.— Ela o repreendeu de uma forma delicada. — Perdoe-me, minha querida.— Lúcifer segurava uma taça com algo vermelho dentro, Emme ficou curiosa para saber o que era aquilo, pois não se parecia com vinho...— Eu estava pensando em minha mansão.— Falou Lúcifer, tirando os olhos dela daquele espesso líquido vermelho. — Era apenas uma casa, Lúcifer.— Emme tentou consolá-lo. Afinal, ele parecia estar mais triste por causa de uma mansão destruida do que quando alguém perde uma pessoa importante... — E seu colar, era apenas um colar.— Ele foi frio e conseguiu tirar um suspiro frustado dela ao pegar em seu ponto fraco.— Então... Nós nos apegamos a coisa tolas.— Emme olhou para Lúcifer, tentando ultrapassar aquela mascara sem nenhum sentimento que sempre estava em seu rosto. Sem nenhum sucesso, ela desistiu.— Você nunca irá morrer, certo?— — Eu sou imortal, pequena pumpe, não o rei do mundo.— — Ok.— Emme tentou não sorrir. Ele tinha razão, aqueles dois vampiros eram imortais e mesmo assim encontraram com a morte... A imortalidade era algo que se tornava dificil de matar alguém, mas não que viveria para sempre até mesmo encontrando a morte.— Você viverá mais tempo que eu, tenho certeza... Então poderá comprar outra casa assustadora daquela maneira ou reconstruir. Se é o tempo que deixa mansões, como a sua, horriveis, você tem ele.— — Por que todo mundo chama minha mansão de horrivel?— Ele perguntou incrédulo e dessa vez Emme não conseguiu segurar o seu sorriso. Um sorriso sincero e muito inocente. Seu sorriso lembrava ao de uma criança que sorria pela primeira vez. E seus olhos, sempre estavam observando cada detalhe para que nada lhe escapasse. Um raio ao meio da chuva surgiu, fazendo com que toda a luz da mansão fosse embora. E como Lúcifer não era muito amador da luz do dia, toda a iluminação que existia desapareceu, exatamente como o sorriso de Emme. Em sua expressão somente, o medo estampava agora. Escuridão... — Eu odeio dias chuvosos Londres.— Lúcifer murmurou.— E Fiemme, é apenas uma tempestade, você não precisa quebrar meu braço por causa disso.— Emme piscou e então sua mente voltou para o presente. De alguma maneira, ela havia se aproximado de Lúcifer e agarrado seu braço com todas suas forças. Como se aquela parte do corpo dele, fosse um ursinho de pelucia que a protegia quando ia dormir. — Me desculpe.— Ela disse o soltando. — Qualquer lugar se torna assustador para você quando está escuro, não é mesmo?— — Até mesmo uma igreja.— Emme murmurou, não se orgulhando disso. — Venha.— Lúcifer a chamou em quanto se levantava.— Me ajude a abrir as cortinas do lugar para ficar mais claro.— Emme se levantou seguida de Lúcifer e foi para a janela posicionada ao lado da que ele estava. Ela


teve que se esticar inteiramente para alcançar o fecho da cortina que ficava mais alto do que qualquer outra que Emme já tivesse lidado.— É muito alto.— Choramingou, desistindo de tentar quando percebeu que até mesmo nas pontas dos pés ela não teria chances de conseguir. E no momento seguinte, sem ao menos ter percebido Lúcifer se aproximando, Emme o sentiu em suas costas.— Você,— Ele disse, levantando seus braços de uma maneira que ficaram a cima dela, mas seu corpo, ela podia sentir os poucos centimetros que existia entre eles.— desiste muito rapido para uma pessoa que não tem medo de vampiros.— Lúcifer abriu o fecho, abrindo a cortina em seguida. — Quem disse que não sinto medo?— Emme perguntou ao se virar, assim que sentiu que Lúcifer não estava mais perto, seus olhos avaliando o vampiro de cabelos loiros e olhos verdes com uma calma estrangulante. Muito calmo para quem havia conhecido um mundo tão frio há apenas duas noites atrás. — Eu sou perigoso, Fiemme.— Lúcifer disse quase em um sussurro.— Mas você não me teme.— — O meu cérebro grita toda hora, a cada minuto e segundo que passa para correr. Mas se eu obedecê-lo, nunca vou conseguir aquilo o que mais desejo.— — Então seu sofrimento é maior do que até mesmo o medo.— Seu tom era calmo e curioso, mas nunca deixava de ser frio e ter uma ponta de irônia.— Isso é trágico.— Emme encarou Lúcifer, com seus olhos cinzas avaliando cada detalhe de seu rosto em uma inocencia do tipo que não acreditava que lobos se alimentavam de coelhos. Do tipo que se seus pais falassem que o papai noel existisse, ela com certeza acreditaria.— Por que quer que eu o tema, sendo que preciso confiar em você?— — Eu sou um assassino, minha querida.— Lúcifer a lembrou com aquele olhar superior começando a estampar seu rosto.— Sou uns dos vampiros mais antigo que existe... E vampiros velhos, sempre podem trazer destruição ao mundo.— Emme engoliu em seco.— Eu...— — Então o medo está a consumido, a levando para um afogamento sem salvação e ainda assim, você continua em minha frente.— Ele disse de uma maneira obscura. Emme franziu o cenho por um momento. Ele era um vampiro antigo, como estava dizendo, que poderia trazer destruição ao mundo, mas ainda assim... Não estava a machucando.— Isso é tão rude!— Ela exclamou em pura raiva.— Pare de me assustar.— Um Sorriso irônico cresceu nos labios de Lúcifer.— Como desejar, Lystne dame.— Ele movimentou sua cabeça em um tipo de reverencia e se afastou. — Lystne Dame?— Ela tentou pronunciar corretamente aquelas palavras, só que era impossivel. Emme era inglesa e tentar imitar o sotaque de Lúcifer, era terrivel para sua língua.— O que é isso? — — Aprenda a falar corretamente.— — Você poderia me ensinar.— Emme sugeriu de uma maneira doce. Afinal, ela nunca conseguiria sozinha. — Essa carinha de filhotinho abandonado não funciona para comover meus sentimentos inexistentes, minha querida pumpe.— — Eu não estava fazendo carinha...— — Claro que não.— Lúcifer a cortou.— Apenas está tentando passar a perna em mim com esse papo de inocente. Jamais pensei que freiras fossem golpistas e...— Ele parou de falar, provavelmente, quando notou que os olhos de Emme estavam arregalados e ela estava mais palida que o normal. Tudo isso, por causa de seu comentário. Mas Lúcifer tinha a chuva para culpar...— Você ficará bem? Não acho que essa chuva passará tão cedo.— Emme se virou de costas pra ele, voltando a ficar de frente com a janela. A chuva lá fora era tão


forte que mal dava para enxergar os movimentos que o vento causava. Era assustador... Mas ela tinha que aguentar, era apenas uma chuva. Não era seu pesadelo. — Sim.— Emme murmurou.— Ficarei bem.— Mesmo não olhando, ela sentiu Lúcifer ficar próximo dela. Ele tambem estava observando a paisagem sendo afogada pela chuva. E Emme não se importou dele ficar tão próximo dela. Alguns minutos depois a casa passou a ser enfeitada com velas acessas por Leila. Por mais que fosse dia, Emme tinha acabado de acordar e tudo indicava que não era tão cedo assim. Sem contar que a escuridão da chuva não ajudava muito. Emme olhou fixamente para o fogo de uma vela em sua frente, Lúcifer estava sentado ao seu lado no sofá. O mais estranho ainda, era que antes de Leila chegar, eles conversaram como pessoas normais. Sem Lúcifer tentando a provocar ou coisa do gênero. Ele apenas perguntou como aconteceu a primeira queimadura e o que faziam, Emme lhe respondeu educadamente. Mas quando Leila surgiu entre eles com as velas, o silêncio atingiu os dois. Só que Emme percebeu que gostava muito quando Lúcifer não estava tentando fazer piadas com ela ou usando aqueles tons tão frios... — Vocês podem continuar a conversa,— Leila disse com um pequeno sorriso em seu rosto.— Não quero atrapalhar ninguém com meu trabalho.— — Seus pensamentos são irritantes, Leila.— Emme olhou para Lúcifer após seu comentário. — Isso é grotesco.— Murmurou para ele, somente para ver seus olhos verdes se virarem em revolta. — Sim, Lúcifer.— Leila concordou com Emme, em quanto começava a sair da sala.— Dizer que os pensamentos dos outros são irritantes, não é muito educado.— — Algum dia tomarei coragem para demiti-la Leila.— Lúcifer disse em um tom mais alto para que sua governanta ouvisse depois que sumiu no meio da escuridão. Novamente sozinhos, as coisas não foram tão boas como no inicio. Pois no minuto seguinte, um enorme estrondo invadiu a sala, anunciando que duas janelas haviam sido quebradas. A útlima coisa que ela viu antes de fechar os olhos, foi Lúcifer se jogando em cima dela para protegê-la dos vidros que quebraram em sua frente. Seu corpo praticamente estava esmagando o de Emme e por isso, ela tomou coragem para abrir os olhos... somente para encontrar uma imensidão de um vermelho tão assustador quanto noites escuras.— Muito pesado.— Foi o que ela conseguiu dizer, pois o choque ao ver que estava suja de sangue e Lúcifer tambem, foi algo que não deu para ignorar. — Desculpe.— Lúcifer murmurou em quanto fazia algo para que seu peso não a machucasse, afinal, no segundo seguinte Emme mal estava sentindo o corpo de Lúcifer em cima do dela... Isso era estranho.— Você está sangrando.— Emme olhou para seu braço para ver um corte, não muito grande, mas que era assustador. Ela tambem bateu sua testa no queixo de Lúcifer ao se movimentar, mas logo ergueu sua cabeça para encontrar seus olhos... ou presas. Mesmo estando em um cenario tão horrivel como esse, nada chamava sua atenção mais que suas presas. — Eu estou bem.— Ela disse finalmente Antes que Lúcifer se levantasse e caminhasse direto para a janela, ele a olhou profundamente, provavelmente estava fazendo isso para ter certeza de que ela estava bem mesmo.


— SEUS RATOS INSOLENTES, PAREM DE DESTRUIR MINHAS MANSÕES!— Ele gritou em pura raiva, não se importando que a chuva o molhasse. Agora com as janelas quebradas, a tempestade tambem estava invadindo a mansão, o que deixou Emme um pouco preocupada... Mas nada a deixou mais do que ver fumaças saindo de Lúcifer, literalmente. Ele estava queimando e não estava se importando, apenas continuou xingando as pessoas que fizeram isso de ratos. Emme se levantou rapidamente do sofá e o puxou por seu braço para trás.— Lúcifer.— Lúcifer se virou para ela, com seus olhos verdes de volta e com o rosto marcado por pequenas queimaduras. Ele parecia surpreso assim como Emme. Ela jamais esperava vê-lo assim, assim como ele não esperava que Emme o puxasse e ainda sujasse seu braço com o sangue dela. Ela observou suas queimaduras cautelosamente e por um impulso, tocou o rosto dele, delicadamente, com as pontas dos seus dedos, onde havia um pequeno hematoma. E quando ela tirou sua mão de perto, não havia mais nada.— Isso...— Emme tentou murmurar, mas estava surpresa demais. — É uma coisa de vampiro.— Lúcifer disse a ela. — Você estava queimando e...— — Quando disse que entendia o seu sofrimento,— Falou ainda próximo dela.— Não estava brincando, Emme.— Os olhos de Lúcifer se encontraram com os delas de uma maneira diferente e Emme se afastou dele. Mas ela se afastou pois ao ver um pequeno envelope preto jogado no chão, não pode ignorar. Por mais estranho que fosse, Emme não queria ter se afastado... Mas seus olhos foram para o envelope e seu braço estava latejando por ter sido cortado com algum caco de vidro, ela não poderia ficar encarando Lúcifer. Lúcifer se virou para ver o que Emme estava encarando e se abaixou depois de ver a carta, mas em vez de trazer apenas o envelope, ele tambem pegou um caco de vidro. E seu próximo passo, foi o que chocou ela. O vampiro aproximou o caco do braço e o pressionou contra sua pele, até que ela se partisse. — O que está fazendo?— Emme perguntou incredula ao ver seu sangue. — Meu sangue pode curar qualquer coisa.— Ele disse se aproximando, mas ela se afastou. — Lúcifer, se eu me machuquei foi por que Deus quis assim, não podemos mudar as coisas que acontecem só por...— — Feche a boca, pumpe.— Ele disse sem nenhuma paciencia, puxando o braço dela em uma certa delicadeza selvagem. Lúcifer derrubou seu sangue em cima do braço dela e isso não poupou uma cara de nojo vindo de Emme. Tudo bem que ele estava a ajudando, mas isso não era uma coisa muito bem vinda no mundo dela. Mas a melhor parte foi que aos poucos o corte passou a desaparecer e a dor tambem.— Não acho que seu Deus participa de culto de sadismo, então, assim está bem melhor.— Emme o olhou com seus olhos cinzas, avaliando cada detalhe do seu rosto.— Isso não foi muito gentil, mas... obrigada.— — Você pode me agradecer quando quiser, Fiemme.— Lúcifer disse de uma maneira irônica, mas que parecia ser sério ao mesmo tempo e... Leila entrou na sala em seguida, fazendo com que Lúcifer soltasse o braço de Emme.— Eu não posso acreditar que você quebrou as janelas, Lúcifer!— Ela disse em uma fúria assustadora — Eu não fiz nada.— Ele disse em um suspiro, ignorando completamente sua governanta fechando as cortinas para não agredir o vampiro que não podia ficar exposto ao sol. Na verdade, Lúcifer não


estava ligando para mais nada, pois no momento, ele acabará de abrir o envelope negro. Emme o encarou curiosamente depois que os olhos verdes do vampiro passaram a correr pelo papel, se mostrando totalmente interessado no que estava ali. Ela daria qualquer coisa para saber o que fez Lúcifer ficar tão intrigado... Lúcifer franziu o cenho por um segundo e por fim, ele gargalhou. Realmente gargalhou ao jogar sua cabeça para trás. E quando Emme olhou para Leila, quem possuia aquela expressão de que a pessoa em sua frente era o ser mais estranho que existia, era ela. Por causa disso, ela deduziu que Lúcifer não era uma pessoa que ria muito. — Minha querida, Leila...— Ele disse finalmente, olhando para sua governanta.— Você trouxe aquilo que lhe pedi?— — Sim, Sir.— Leila se colocou ao lado de Emme, olhando seu braço que estava sujo de sangue por um momento.— Está no quarto de Emme.— — Ótimo... Então, quero que chame todos os meus criados para ficarem de guarda em minha mansão e alguém que arrume essas janelas.— Lúcifer ordenou em quanto Leila somente assentia.— E tambem quero que vá comprar roupas para Emme, muitas.— Emme encontrou os olhos de Lúcifer quando notou que ele estava olhando para ela. Isso indicava que ele não recuperaria nada de sua outra mansão, mas Emme estava feliz por ter mantido o seu terço no bolso do vestido. — Você gostaria de me dizer seu tamanho, Emme?— Leila perguntou gentilmente, fazendo com a atenção dela fosse para a governanta ao seu lado. — Eu...— — Trinta e dois, talvez.— Lúcifer foi mais rapido que ela, a deixando surpresa por ter acertado.— Não me olhe assim, pumpe. Apenas conheço o corpo de uma mulher.— — Por que?— Ela perguntou de uma maneira ingenua.— Você já trabalhou com isso? Com roupas? — Um sorriso irônico veio em sua face, mas Leila respondeu por ele.— Lúcifer é ótimo em roupas, Emme. Principalmente em admirá-las fora de um corpo.— — Eu poderia ensinar alguns truques, Fiemme, mostrar tudo da maneira que eu gosto.— Ele disse em uma voz sedosa, que era cheia de sarcasmo e ironia. Mas Emme pareceu ficar interessada, imaginando o quão bom Lúcifer podia ser para vestir uma mulher. Afinal, ele se vestia muito bem tambem. — Não o responda.— Aconselhou Leila, começando a se movimentar.— Lúcifer fala certas coisas, que merecem ser ignoradas na maioria das vezes. Ou sempre.— — Por que não posso ir com Leila?— Emme perguntou, antes que a governanta saisse da sala, já que ela já estava a meio caminho disso. Alias, Emme não sabia se gostaria de ficar muito perto de Lúcifer, por algum motivo não conseguia mais sentir muito medo ao ficar perto dele, mas ela estava passando a ficar tensa com sua presença. — Por que você irá até seu quarto e trocar de roupa, nós temos que ir a um lugar.— Lúcifer começou a responder sua pergunta.— Pois temos uma festa para comparecer daqui um dia.— — Eu não acho que seja uma boa ideia sair nessa tempestade.— Emme murmurou, ignorando a parte de que iria para uma festa. Isso não a preocupava no momento. — Eu acho que é uma ótima hora.— Ele disse, não se importando com a opinião de Emme. Mas nem se quisesse Emme poderia discutir o que ela, realmente, queria. Pois quando abriu seus olhos depois de piscar, Lúcifer não estava mais em sua frente... Ela estava sozinha naquela sala com ordens para trocar de roupa e sair no meio daquela tempestade horrivel. Ótimo.


04Emme olhou incrédula para o carro que ela estava prestes a entrar. Na verdade aquilo não era um carro, era uma limousine, com um motorista! Que Lúcifer era rico, estava obvio. Mas ela não esperava ter tanto luxo quando acabou se envolvendo com um vampiro para ajudá-la. Emme mal conseguia acreditar de que esse mundo, que conheceu a alguns dias atras, existia... E mal podia acreditar tambem que estava vestindo algo tão curto como o vestido rosa claro, que pertencia a filha de Leila. — Não se sinta constrangida, princesa, essa carruagem está preparada para você.— Emme escutou a voz de Lúcifer vindo de trás dela. — Não me chame de princesa.— — Tudo bem, pumpe.— Emme lha lançou um olhar fuzilador.— Eu não gosto que me chamem de coisas que desconheço, Lúcifer.— — Ok, virgem maria.— Ele disse tocando em suas costas para empurrá-la pra frente.— Apenas entre no carro.— — Não é muito educado fazer piadas com...— Emme ficou em silencio ao ver que os olhos de Lúcifer passaram a ficar vermelhos, ela realmente estava exagerando com a sorte que tinha... Mas Lúcifer não estava irritado, pois no momento seguinte seus olhos voltaram ser inteiramente verdes e um sorriso apareceu em seu rosto. Ele tinha feito aquilo para assustá-la. — Eu sei que isso tambem não foi educado.— Lúcifer tirou as palavras de sua boca.— E sei que sou uma pessoa completamente rude e mal educado. Sinto muito se os Deuses preferiram apenas trabalhar em minha beleza do que em minha personalidade.— Emme o encarou, passando seus olhos cinzas pelo rosto de Lúcifer. — Desculpe se eu o magoei.— Ela disse por fim. — Estou me acostumando a ter meu coração destruído por você, Fiemme.— Lúcifer abriu a porta do transporte para Emme, a olhando profundamente com seus olhos verdes de cores anormais. Seus olhos foram para o chão, exatamente como plebeus faziam quando suas majestades estavam passando.— Minha princesa...— Um aviso para que ela entrasse no carro. — Não me chame de princesa.— Emme disse novamente, na verdade, Emme ordenou. Mas Lúcifer nunca a ouviria. E ela teve certeza quando ouviu Lúcifer dizer, ainda do lado de fora. — Como desejar, princesa.— Seu tom era a mesma mistura de ironia e frieza de sempre, assim como seu sorriso... Quando Lúcifer entrou no carro, Emme viu que sua mascara estava totalmente posta em seu rosto, não demonstrando simplesmente nada. Era como um rosto morto... Mas segundo historias, vampiros eram isso. Mortos caminhando na terra. Depois que o motorista deu partida no carro, Emme não fazia ideia para onde estava indo. Ela nem sequer ousou perguntar a Lúcifer, pois não se importava para onde ele estava a levando. O que Emme estava preocupada era com o seu coração que batia rapidamente por causa da tempestade e por Lúcifer estar a observando. E sua expressão era a mesma que ele usou no lago na


noite passada.— Esse olhar me assusta.— Ela decidiu avisá-lo. — Que olhar?— — Esse em quanto estava me observando. Parece que seu desejo é me comer.— — Literalmente ou não literalmente?— Emme ouviu uma ponta de ironia em sua pergunta e por um momento decidiu seguir o conselho de Leila sobre ignorá-lo... Mas existiam certas coisas que eram imposseis. — Não literalmente?— Ela perguntou.— Existe outra forma de comer alguém?— — Você não faz ideia, minha pequena pumpe.— — Por que você ou Leila nunca me contam as coisas corretamente? Fazem todos esses suspenses... — — Por que não tenho desejos de persuadir sua pequena mente inocente.— Emme lhe lançou um olhar fuzilador. Ela realmente odiava quando a tratavam como criança. Os olhos de Lúcifer varreram pelo rosto palido de Emme, o rosto que os olhos não chamavam nenhuma atenção, diferente dele. Um pequeno sorriso cresceu nos lábios do vampiro. — Vampiros são conhecidos como predadores, minha querida,— Ele começou a explicar, tentando não deixar Emme confusa com o suspense. Talvez Lúcifer estivesse entendendo que ela gostava de tudo explicado.— quando veem algo que gostam, é esse olhar que cada assassino irá possuir.— Realmente, Emme preferia o suspense. Pois nunca iria saber responder algo assim. — Eu gosto muito do que vejo.— Lúcifer se curvou no banco para que ficasse mais próximo de Emme, que já estava praticamente se esmagando contra a porta.— Eu gosto do som que seu coração faz quando estou próximo. E gosto ainda mais do som das suas correntes sanguineas, Fiemme.— E novamente, aqueles olhos de cobras começaram hipnotizá-la, como se Emme fosse um pequeno ratinho indefeso. Ela pode sentir suas bochechas ficarem quentes com tudo, principalmente ter Lúcifer tão próximo dela. Um sorriso gentil surgiu nos cantos dos lábios dele, um sorriso dificil de decifrar se era ironico ou não. Lúcifer voltou para seu lugar novamente, mas não fez isso em silencio.— Você fica tão agradavel com suas bochechas vermelhas, pumpe, que é muito divertido fazer com que isso aconteça.— Emme revirou seus olhos. Claro, isso só passou de uma provocação. Afinal, o que ela poderia esperar de Lúcifer? Ele raramente falava algo sério ou importante... — Meu coração está assustado por causa da tempestade.— Ela murmurou para que o silencio não caisse entre eles. Lúcifer podia deixar ela sem jeito e confusa, mas nada era pior do que o silencio. — Claro que você tem um pouco de culpa. Mas hoje não é tão culpado quanto a chuva.— Lúcifer olhou para Emme, parecendo ficar curioso com o assunto.— Por que tanto medo?— — Por que é assustador.— — Tanto quanto eu?— — É um medo antigo.— Ela tentou se explicar, mas se enrolando um pouco. Afinal, era dificil saber o que temer.— Seu mundo é uma novidade que não deu para registrar ainda.— — Você será muito sabiá se temê-lo.— Lúcifer murmurou, olhando para a tempestade que ocorria lá fora.— Não existe nada bom ou bonito.— Mas Lúcifer era bonito, Emme pensou em resposta. Claro que ela não falaria isso, pois não era algo adequado a se dizer. Mas ela tambem não era tola em dizer que Lúcifer não tinha nenhuma beleza... E mesmo que se não tivesse, seus olhos verdes fariam um ótimo trabalho em enganar a todos.


E sua gentileza, quando ele queria que ela aparecesse, era muito agradavel. Qualquer mulher poderia se apaixonar por Lúcifer e nem ligar para o grande detalhe de que é um vampiro. Claro que primeiro essa mulher teria que superar o medo, o que não era uma coisa fácil. Deixando a paisagem afogada que a janela a permitia ver, Emme olhou para Lúcifer... somente para descobrir que ele estava a olhando tambem. Talvez ele apenas estivesse esperando uma resposta. — Onde existe a morte nunca é bonito ou bom. E no meu mundo, isso não é muito diferente.— Ela disse a ele, sustentando seus olhos com os seus. Mas depois de ver o sorriso frio de Lúcifer, Emme não conseguiu mais segurar aqueles olhos verdes anormais.— Você disse sobre uma festa, antes de sairmos... O que tinha no envelope, Lúcifer? E por que não podiam agir como pessoas educadas e entregaram na porta em vez de destruirem janelas?— — Os criptas, querem me dar uma segunda chance. Provavelmente devem estar pensando que você é minha amante e um dos poucos motivos para matar um vampiro, é quando um deles mexem com a mulher de alguém. Eles vão dar uma festa para mim assumi-la como minha amante e terem certeza de que você pertence a mim. Se eles acharem que nós não estamos mentindo, minhas mansões estarão livres de destruições.— — Mas nós estaremos mentindo.— — Eu sei disso, Emme. Isso é apenas um pequeno detalhe.— — Eu não posso mentir, é pecado.— Lúcifer lhe lançou um olhar ironico, com um sorriso acompanhando isso.— Seria muito mais pecado se permitisse que eu morresse, não é verdade?— — Eu acho que sim.— Emme murmurou em quanto franzia o cenho.— Mas eu não entendo. Se eles querem lhe matar, por que vão dar uma festa?— — Minha querida Pumpe, vampiros não são seres normais.— — Não se ofenda, Lúcifer.— Ela disse delicadamente.— Mas tenho que concordar.— — Tão atrevida...— Ele murmurou, não se importando com a reação de Emme.— Você é uma grande pecadora, Fiemme.— Lúcifer, provavelmente, esperou por uma resposta. Geralmente quando ele a provocava dessa maneira, Emme dizia coisas do tipo que não era muito gentil falar aquilo. Mas no momento, o silencio atingiu o carro, pois os olhos de Emme estavam observando a loja onde vendeu seu colar. Por um momento ela sentiu raiva, pois no final de tudo tinha vendido algo com um valor sentimental muito grande e aquela mulher estranha havia lhe dado dinheiro falso. Isso era revoltante.— Pare o carro.— Lúcifer disse calmamente para o seu motorista, em quanto recebia o olhar de Emme.— Vamos fazer um pequeno desvio antes de chagarmos até o destino planejado.— Ele a avisou, abrindo a porta do carro, sem ao menos se importar com a enorme chuva que caia lá fora. Emme ficou confusa, ainda mais quando depois de piscar, Lúcifer não estava mais no lado que saio do carro e sim perto da loja de joias. Ela, obviamente, não queria sair nessa chuva, mas não poderia deixar Lúcifer fazer o que quer que estivesse planejando. — Lúcifer!— Ela o chamou assim que saio do carro, sentindo as gostas da chuva deixaram sua pele gelada, e claro, a molhada. Lúcifer estava parado em uma enorme sombra, da tenda da loja, com algumas queimaduras que sumiam conforme os segundos passavam. Seus olhos foram para Emme assim que ela se aproximou dele.— O que está fazendo?— Perguntou em um tom mais alto, pois a tempestade não permitia falar em um tom baixo, por causa de seu barulho anormal. — Fazendo um favor.— Foram as palavras dele antes de dar as costas para Emme e entrar na loja. Sem pensar duas vezes, ela fez o mesmo.


— Lúcifer!— Emme o chamou em um sussurro gritado, ficando atrás dele.— Vamos embora.— Mas o vampiro o ignorou completamente. — Boa tarde.— Lúcifer disse de uma maneira gentil, mas que ao mesmo tempo era cheio de sarcasmo, assim que a mulher com aparencia de hippie apareceu atras do balcão.— A alguns dias minha... amiga, vendeu um colar aqui e por puro engano, você deu a ela dinheiro falso. E nós gostariamos de ter o colar de volta.— — Oh, claro.— A mulher magra olhou por cima dos oculos.— Eu me lembro dessa ruivinha atrás de dinheiro.— — Sim, que bom.— Lúcifer disse impaciente.— O colar?— — Vocês trouxeram o dinheiro?— Ela perguntou secamente. — Por que eu traria? Aquilo serviu de alimento para o fogo da minha lareira.— — Então como posso saber que não estão mentindo?— O corpo de Lúcifer ficou rigido com a pergunta. Provavelmente, mencionar que ele era um mentiroso não era uma boa coisa. Emme saio das costas de Lúcifer e encarou aquela mulher que tentou enganá-la.— Nós não estamos mentindo.— Ela disse delicadamente, antes que Lúcifer falasse algo.— Só não é algo correto meu colar continuar aqui em quanto...— — Nós devolva o colar.— Lúcifer rangeu entre os dentes, parecendo um cachorro bravo ao interromper Emme. — Sinto muito, mas não posso fazer nada.— Outra resposta seca. Emme pensou em dizer para Lúcifer desistir e ir embora, mas antes mesmo que ela abrisse a boca, ele respondeu a mulher.— Tudo bem, então nós venda.— — Você tem certeza?— A mulher parecia surpresa. — Não, ele não tem.— Foi Emme que respondeu, fazendo com que uma sobrancelha de Lúcifer se arqueasse.— Não faça isso.— Ela murmurou para o vampiro ao seu lado. Lúcifer passou seus olhos verdes pelo seu rosto, que estava um pouco molhado, e então um sorriso apareceu em sua face.— Eu tenho certeza.— Ele respondeu a mulher, mas com seus olhos segurandos os de Emme.— Me mostre o colar.— Lúcifer pediu ao mesmo tempo que se aproximava do balcão. A hippie com um ultimo olhar para eles se abaixou e pegou uma pequena caixinha de veludo para colocar em cima do balcão de vidro. Dando um olhar avaliativo para Lúcifer e Emme que estavam em sua frente.— O seu valor é de um e meio.— — O QUE?!— Emme se alterou, sentindo suas bochechas ficarem quentes em pura raiva. O que essa mulher havia lhe dado não era nem metade do que estava pedindo. Isso era ridículo e... — Você aceita cheque?— — Lúcifer!— Emme o repreendeu.— Isso é demais.— Aquela mulher apenas acenou com a cabeça e Lúcifer começou a tirar uma caneta e um talão de cheque de dentro do seu terno, o preenchendo em seguida.— Aqui está.— O vampiro entregou o papel para a mulher.— E pode ter certeza, de que isso não é um golpe, pois tenho muito dinheiro para brincar.— Disse secamente, pegando a caixa de veludo. Emme estava em choque. Ela não podia acreditar que Lúcifer estava gastando tudo isso por causa dela. Quer dizer, que ele estava fazendo algo como isso... Ninguém, nunca, havia feito algo assim para ela.


Dando um toque em suas costas, Lúcifer disse, para fazê-la andar.— Vamos embora, pumpe.— — Tenham um ótimo fim de tarde.— A mulher disse, assim que saíram da loja. Lúcifer não havia tirado sua mão das costas de Emme até que estivessem do lado de fora da loja, pois quando ela olhou para o lado com intenção de repreendê-lo ainda mais por ter feito aquilo, Lúcifer não estava mais ao seu lado. Emme havia se esquecido dessa rapidez sobrenatural. Mas até mesmo ela desejava ser rapida assim, pois não precisava ter toda essa chuva a molhando em quanto fazia o trajeto até onde o carro estava. — Você não devia ter feito isso.— Emme pareceu rabugenta ao falar depois de entrar no carro, ignorando totalmente o pequeno sofrimento de Lúcifer com suas queimaduras.— Isso é...— — Fiemme.— Ele disse seu nome, fazendo com que ela se calasse.— Você merece ter seu colar de volta.— Lúcifer colocou a caixa de veludo no banco e empurrou em sua direção.— Todos nós merecemos ter aquilo que amamos.— Emme olhou para Lúcifer por um momento e calma como um gato, passou seus pequenos dedos pela caixa antes de abri-la. Assim que levantou a tampa, seu coração deu um pulo a menos. Emme mordeu seu labio inferior para que não sorrisse, por mais que estivesse obvio, ela não queria deixar estampado em sua cara que Lúcifer fez a coisa certa, mas... lá estava o seu colar de esmeralda. — É um belo colar.— Ela escutou Lúcifer dizer.— Não posso acreditar que esteja tão enfurecida por tê-lo de volta.— — Eu não estou.— Emme encontrou o olhar de Lúcifer e como se algum espirito tivesse tomado conta de seu corpo, no momento seguinte ela havia pego a caixa do colar que estava em seu caminho para encontrar Lúcifer e o abraçou gentilmente. O abraçou como se fosse seu bichinho de pelúcia. Ela notou que ele ficou tenso por alguns segundos, provavelmente não esperava por isso e não devia ser uma pessoa de muito afeto. Emme não sabia se isso era verdade, mas logo ele passou seu braço por sua cintura e a apertou contra seu corpo. Emme podia sentir aquele atrito anormal de suas peles e havia uma diferença enorme dessa vez pois ambos estavam molhados, era algo... interessante. Lúcifer era tão gelado, que ela gostou da sensação de ter sua pele encostada em algo assim, ou nele... — Você está estragando minha reputação.— Lúcifer murmurou, a soltando lentamente. Ao contrario de Emme que se afastou em uma velocidade assustadora, principalmente quando sentiu suas bochechas ficarem quentes. E ela tinha certeza que dessa vez isso não estava ocorrendo por raiva. — Me desculpe, isso não foi apropriado.— — Está tudo bem, pumpe.— Lúcifer retirou o colar da caixa que estava no colo de Emme.— Me deixe ajudá-la com isso.— Ela entendeu o recado, pois no momento seguinte se virou de costas para ele e tirou seu cabelo molhados das suas costas. Lúcifer foi cuidado ao colocar o colar em seu pescoço, parecia que ele não queria encostar nela, mas algumas vezes falhava, fazendo com que Emme se arrepiasse. O seu pescoço sempre foi uma parte delicado do seu corpo. — Antigamente diziam que uma mulher só era uma dama, quando levava consigo uma bela pedra valiosa.— Ele disse assim que terminou de fechar seu colar em seu pescoço, mas Emme não o olhou, seus olhos estavam presos naquela pedra verde magnifica. Não podendo acreditar que seu colar pertencia novamente a ela. — Por que você fez isso?— Emme perguntou, não contendo sua curiosidade. — Minhas amantes são sempre conhecidas por terem as melhores joias.— Tudo por causa da mentira. Por um minuto Emme ficou um pouco triste, pois pensou que Lúcifer


havia lhe dado seu colar como um presente. Mas quem ela estava tentando enganar? Ele não se importava tanto com ela a ponto disso... Tudo que Lúcifer estava lhe dando, era para que a mentira sobre serem um casal, fosse quase uma verdade. E ele estava certo. Sua vida estava em jogo e Emme não podia estragar isso. Emme estava pensando em algo para falar antes de entrar em um túnel, para que não caissem em um silêncio perturbador. Mas o que a manteve calada foi o que tinha após o túnel. Depois que o transporte saiu daquele lugar escuro, em meio a um campo havia um enorme prédio que parecia ser feito de vidro. Mas seus vidros eram tão negros que podia ver a sombra do céu neles. Aquele lugar era enorme tanto em largura e altura. Nem mesmo a chuva podia estragar a vista de algo assim. — O que é isso?— Emme perguntou se abaixando em seu assento, para que não perdesse a visão do prédio.— É enorme. Eu nunca tinha visto algo tão grande.— — É uma central de caçadores.— Lúcifer a respondeu, acompanhando seu olhar para o prédio.— A mais importante e muito bem sucedida central de caçadores.— Decidiu completar sua resposta. Leila havia explicado para Emme que caçadores eram como um tipo de policiais e quando isso veio como um assombro em sua mente, um olhar de pura magoa caio em Lúcifer.— Você está desistindo de mim.— — Perdão?— — Leila me disse que caçadores são como policias para vocês. E você está quebrando um monte de regras por causa da minha situação. Me trazendo para o lugar onde eles ficam, é meio obvio o que está acontecendo.— — Eu não...— — Você deve ter me dado o colar por causa disso também para não... Eu sou uma tola.— Emme se revoltou, não deixando Lúcifer falar.— Eu disse para você me deixar ir embora se não fosse ajudar. — — Emme, eu não estou...— — Cale-se!— Ela explodiu com sua raiva, pois se sentia totalmente traída.— Eu... Eu... Não me importo se é um vampiro assassino mais velho que existi. E muito menos se vai arrancar meu coração como fez com aqueles vampiros. Eu só não quero voltar para o convento e...— — Fiemme!— Ele exclamou com um sorriso.— Não estou desistindo de você e nem pretendo desistir.— — Não tente me tratar como criança.— — Estou falando sério.— Lúcifer disse, movimentando sua cabeça para baixo até encontrar os olhos cinzas dela.— Emme, eu preciso de você como precisa de mim.— — Você nunca se preocupou com sua vida.— Murmurou ao mesmo tempo que cruzava seus braços. — Mas me preocupo com você.— Lúcifer conseguiu o olhar de Emme novamente, um que estava rendendo a esse pensamento insano.— Eu sei que pode parecer que estou desistindo, mas tenho um conhecido aqui e creio que ele pode lhe ajudar. E ele não irá tirá-la de mim.— — Você tem certeza?— — Se ele tentar, provavelmente tentarei arrancar seu coração, já que não se importa que eu faça isso.— Ele foi irônico. — Eu estava mentindo.— Ela admitiu, se pegando surpresa ao mesmo tempo por isso.— Eu me importo e muito.— — Pecadora.— Ele a acusou em brincadeira e Emme decidiu ignorar isso. Ela não era uma pecadora. — Me desculpe por tê-lo mandado ficar quieto de uma maneira tão rude.— — Eu gosto muito de ver esse seu lado revoltado, pumpe. Então não se preocupe.—


— Lúcifer...— Ela chamou seu nome, com a intenção de recuperar seu olhar.— Não quebre suas promessas comigo.— — Nunca, Fiemme, nunca.— E novamente Emme foi pega sendo hipnotizada por aqueles olhos verdes anormais. Havia momentos que Lúcifer estava tão próximo e outros que se fechava em seu mundo de puro frio. Era realmente dificil saber o que o vampiro pensava e o por que de olhá-la dessa maneira quando seus olhos se encontravam... Era como se uma chama nascesse nos olhos de ambos. Emme desviou o olhar. Ela já havia visto muito dessas coisas acontecerem nos livros impuros que a Madre Paulina escondia em baixo do colchão. Ela não podia cair nessa tentação. Principalmente quando se tratava de Lúcifer. Ele era um vampiro assassino, que jamais daria atenção para Emme depois que todas suas promessas se realizassem. Até mesmo Leila havia lhe dito que Emme seria de ajuda para ele, pois estava melancolico ultimamente. Vai ver ele só estava a ajudando para sair do tédio, não por que gostou dos seus cabelos vermelhos. Emme revirou os olhos. Agora ela estava começando a ser ironica consigo mesma... Maravilha. Ela, realmente, iria para o inferno. Não resistindo ela deu um ultimo olhar pelo canto de olho. Tudo seria tão mais simples se tivesse ficado no convento. E Emme não podia estar mais certa. Pois se tivesse ficado no lugar que chamava de casa, ela jamais estaria sentindo e conhecendo isso tudo que era diferente. E claro que jamais teria conhecido a pessoa que mais lhe deu atenção desde que nasceu. Isso era horrivel, ela mudou de ideia, pois ao mesmo tempo que Emme conhecia coisas interessantes, ela desconhecia totalmente o frio em sua barriga que se formava as vezes. E ela não fazia questão de saber o que era, ainda mais por que isso acontecia quando Lúcifer estava perto. ___________________ Assim que a Limousine parou dentro de uma garagem própria para vampiros, Lúcifer ficou grato por isso existir. Caso contrario, ele teria sua pele queimada novamente. Tudo bem que ele não se importava com isso, pois era uma dor suportavel ao ter raios solares lhe atingindo, mas ter sua beleza danificada... Com certeza não era muito agradavel. Depois que sua porta foi aberta, ao mesmo tempo que a de Emme, por caçadores ele não deixou de notar olhares de surpresas vindo até ele. Afinal, nem mesmo Lúcifer esperava estar na central de caçadores depois de tantos anos sendo caçado. E ele estava feliz por ter feito a maioria dos caçadores de idiotas, até mesmo Iawy, e poder caminhar nesse lugar livremente nos dias de hoje. Bons tempos quando ele era caçado e viajava pelo mundo para despistar a todos. A pior parte do seu passado, era se lembrar que fez muitas coisas ruins a mulheres como Emme. Lúcifer não se orgulhava disso, mas fazia parte de quem foi um dia... Então não tinha muito o que se fazer. Em pensar que se Andrew tivesse desistido dele, atualmente estaria morto por suas maldades... Mas o rei dos vampiros conseguiu com que seu melhor amigo mudasse, fazendo com que tivesse uma segunda chance para viver sua vida.


Hoje Lúcifer era livre e não tinha mais prazer em matar por diversão, mas nada era tão belo quanto parecia...— Não se assuste, pumpe.— Ele avisou para Fiemme, a deixando um pouco confusa antes de descer do transporte. E como ele imaginava, assim que pisou no chão, três caçadores apareceram perto dele para algemálo. Claro que Lúcifer não lutou contra, Iawy era conhecido por ser cuidadoso com sua central e não o admirava estar sendo algemado com prata. Afinal, o vampiro de olhos verdes já ameaçou derrubar essa central um dia, talvez os caçadores que estivessem o algemando, não soubessem que ele havia mudado de lado. — O que vocês estão fazendo?!— Lúcifer escutou a voz horrorizada de Emme, que caminhava para ficar perto dele. Assim que se aproximou, viu que os pulsos de Lúcifer estavam queimando e sangrando, o que fez com que ela ficasse ainda mais assustada.— Vocês estão o machucando! Parem com isso!— Lúcifer quebraria as algemas para que Emme ficasse calma, mas caso isso acontecesse, os caçadores os derrubariam no chão e teria sua roupa suja. Ele não queria estragar seu terno novo. — Então vocês não são do tipo que pagam suas agulhas de tricô e falam sobre a vida alheia.— Lúcifer disse aos caçadores, não poupando sua irônia. — Mantenha sua boca fechada, vampiro.— — Por que?— Ele perguntou em sarcasmo total.— Eu me torno uma pessoa tão atraente quando... — — Me solte!— O grito de Emme fez com que Lúcifer fechasse a boca, pois depois que olhou para trás e a viu sendo pega pelos braços por um caçador, de uma maneira agressiva, Lúcifer perdeu a paciencia. Forçando suas mãos para lados opostos, a pequena corrente de prata acabou se rompendo. O deixando livre. Lúcifer não esperava que os caçadores aceitassem isso, ele sabia que assim que se soltasse seria atacado por eles, para impedi-lo de fazer um estrago. Mas antes que encostassem no vampiro de olhos verdes, os caçadores já estavam indo de encontro com as paredes. Os olhos de Lúcifer foram diretamente para Emme, que ainda era segurada contra o corpo do caçador. Ele não gostou nada daquilo. — Garotos...— Uma voz feminina surgiu no local. Fazendo com que Lúcifer ficasse no lugar, o impedindo de arrancar Emme de perto daquele homem que a segurava.— Não ajam como cães.— Não resistindo, já que não poderia mais atacar, Lúcifer mostrou suas presas, antes de guardá-las para o caçador em sua frente, exatamente como um animal raivoso fazia. — Nyx.— Lúcifer disse assim que se virou para encontrar a licantropa que conheceu no ano passado.— Tão gentil como sempre ao me receber.— Nyx jogou um olhar esnobar para Lúcifer e ele nem ao menos ligou para isso, afinal, ela era conhecida por odiar a todos.— Solte-a.— Foram as palavras dela quando seus olhos foram pra Emme e o caçador que trabalhava para seu amante. Como um cachorrinho subordinado, o caçador soltou Emme e Lúcifer caminhou até ela com a intenção de matar o homem caso tivesse deixado marcas nos braços de sua humana. Ele não se importaria em sujar seu terno por causa disso. — Eu diria que sinto muito por recebê-lo dessa maneira, mas não sinto.— Foram as palavras de Nyx, assim que Lúcifer encontrou seus olhos azuis.— Só que não tinhamos nenhuma intenção em


assustá-la.— Ela disse para Emme, com um sorriso até que gentil. Corrigindo, Nyx não odiava a todos, apenas a Lúcifer e Andrew. — Vocês estão precisando educar seus caçadores.— Lúcifer cuspiu as palavras em puro ódio, assim que sentiu a prata agredindo seu pulso. — Pelo contrario, eles são muito bem treinados, mas considerando os boatos sobre você e seu...É melhor sempre nos prevenir. Nunca sabemos qual a intenção de cada criatura sobrenatural ao vir até aqui.— Lúcifer fez com que Nyx mudasse suas palavras apenas com um olhar. Emme não precisava saber a historia sobre seu coração. — Bom, eu não vim aqui para destruir a central, como prometi.— Lúcifer disse.— Preciso da ajuda de Iawy.— Nyx olhou para o vampiro de uma maneira avaliativa, provavelmente se perguntando o que ele estava fazendo com uma humana. Principalmente ao saber que isso era proibido. — Vamos logo antes que suje ainda mais meu chão com sangue.— Foram as palavras dela ao dar as costas e começar a caminhar na direção de portas de vidros que abriam automaticamente. Lúcifer deu um passo para seguir Nyx, mas assim que notou que Emme continuou parada no lugar, ele se virou para encará-la. E não pode deixar de perceber que ela estava tremendo. — Emme, ninguém vai atacá-la.— Ele disse assim que captou um pensamento de sua mente. Um pensamento que dizia que estava com medo de ser atacada como na noite em que eles se conheceram.— E Nyx pode ter uma cara de cachorro bravo, mas não faz mal a ninguém.— Resolveu dizer assim que viu que a licantropa estava escutando, parada entre as portas para mantelás abertas. Lúcifer não desejava que Emme tivesse seu mundo como um pesadelo em sua mente. E o pior era que o modo que ela tinha o conhecido, ele não podia exigir muito dela em aceitar as criaturas sobrenaturais como seres que são parecidos com os humanos. Os olhos cinzas, que eram quase brancos, mas que conseguiam se destacar com um cirgulo negro em volta de sua íris, para que ninguém falasse que seus olhos eram completamente brancos, foram diretamente aos pulsos de Lúcifer que queimavam com a prata.— Você está queimando.— Ela murmurou. — Sim.— Lúcifer concordou.— Eu preciso tirar isso, mas não vou deixá-la sozinha aqui.— — Me desculpe.— Lúcifer não entendeu exatamente o por que dela estar se desculpando, mas imaginou que fosse por ela ter congelado ao invez de estarem tirando as algemas de seu pulso.— ninguém irá machucá-la, Fiemme.— Lúcifer pegou a mão de Emme e a colocou sob o seu braço, mesmo que a dor da prata em seu braço fosse terrivel, ele não poderia deixá-la se virando sozinha. — Tão meigo.— Lúcifer escutou o sussurro provocativo de Nyx assim que ele e Emme passaram por ela na porta. Sua vontade foi de mandá-la calar a boca, mas isso iria fazer com que Fiemme se assustasse ainda mais. Tudo o que ele pode fazer, foi lhe lançar um olhar fuzilador.— A proposito, eu me chamo Nyx.— Ela disse educadamente e até mesmo gentil para Emme, assim que Nyx passou a frente deles para guia-los até Iawy. — Eu sou Emme.— Emme se apresentou, segurando firmemente o braço do vampiro ao seu lado de uma maneira que deixava obvio que ela estava com medo dos caçadores que passavam por eles. Mas quando eles entraram em um elevador, Lúcifer percebeu que Emme ficou mais calma, já que só havia os três lá dentro. E Nyx, mesmo querendo, ela nunca parecia ser uma ameaça.


— Eu não quero ser mal educada.— Foi Nyx que quebrou o silencio, antes de chegaram no ultimo andar.— Mas o que diabos você está fazendo com uma humana, Lúcifer?!— — É complicado de explicar, mas Emme não é minha amante.— — Eu não acredito em você.— — Ótimo.— Ele foi irônico. Afinal, nem ele mesmo acreditava que estava vivendo com uma mulher e ainda não tinha ido para a cama com ela. — Você sabe que Andrew vai matá-lo se descobrir.— — Eu sei.— — E vai matar a Iawy tambem por colocá-lo ele no meio.— — Eu sei.— Lúcifer repetiu sua resposta.— Então você faz um grande favor a todos não abrindo sua boca grande para Roxie.— — Quem é Andrew?— Emme perguntou, tendo a atenção de todos para ela. — Ele é uma pessoa repugnante.— Foi a resposta de Nyx. — Andrew é o rei dos vampiros.— — Você é uma vampira?— Emme pareceu ignorar o que Lúcifer lhe disse ao perguntar a Nyx qual era sua raça. — Eu sou uma licantropa.— Emme franziu o cenho.— Eu não sei o que é isso.— Ela disse manhosamente, parecendo decepcionada ao falhar com o seu conhecimento. — Ela se transforma em um poodle gigante, minha querida.— — Oh,— Emme sorriu.— Como aqueles poodles de Paris?— — Você é tão esperta, pumpe.— Lúcifer a elogiou como se estivesse orgulhoso dela. Na verdade, ele estava amando brincar com a ingenuidade de Emme. Lúcifer ao passar por Nyx, que novamente estava segurando as portas automáticas, escutou a ameaça da licantropa. — Eu vou matá-lo algum dia.— Ela disse baixo, com a intenção de que Emme não a escutasse. — Tão doce, poodle gigante.— Assim que ele e Emme passaram, Nyx saiu de perto do elevador, o permitindo ir embora.— Iawy está na varanda, vocês podem ir até lá.— Lúcifer olhou ao redor do lugar, tendo certeza de que aqui era como uma segunda casa para ele e Nyx. Esse andar era parecido como um apartamento, mas ao mesmo tempo era confortavel. Só faltava uma cama de casal para os amantes de raças diferentes.— Você se importa de me esperar aqui?— Ele perguntou para Emme, decidindo que não era uma boa coisa ela ouvir a conversa dele com Iawy. Afinal, o incubbus era intelegente para descobrir qualquer coisa, mas se a pessoa estava com o dia de sua morte marcada, ele não escondia isso. Muito menos lidava com o assunto em uma forma gentil. Lúcifer não era diferente. Ele provavelmente mentiria dizendo que estava tudo bem se essa fosse a verdade sobre Emme. — Por que não posso ir com você?— Ela perguntou, com aqueles olhos enormes como os de um gato assustado. Um filhote assustado. — Porque é melhor assim.— Lúcifer a respondeu com uma arrogancia enorme. Afinal, ele fazia isso quando não tinha uma resposta concreta para uma mentira.— Nyx, não a assuste.— Ordenou para a licantropa, que estava sentada em um sofá. — Não se preocupe, Lúcifer.— Ela o respondeu.— A ensinarei como fazer unhas.— — Estou falando sério.— — Eu tambem. Mas não sinta inveja, depois Emme pode passar as dicas para você.— Lúcifer resolveu ignorar Nyx. Sua melhor escolha desde que chegou aqui. — Você ficará bem.— Ele disse assim que encontrou os olhos de Emme.— Nyx é uma pessoa


muito gentil.— Emme se aproximou do corpo de Lúcifer e virou sua cabeça para o lado oposto em que Nyx estava. — Ela me assusta.— Sussurrou baixo para o vampiro em sua frente. Lúcifer não deixou de sorrir com isso. Era engraçado como Emme se assustava com várias coisas, principalmente aquelas que não eram ameaçadoras. O vampiro segurou ambos os braços de Emme, de uma forma delicada, com intenção de afastá-la dele. Mas não antes de se curvar e sussurrar em seu ouvido.— Ela pode agir como um dragão em mal humor, mas é uma boa pessoa.— Emme movimentou sua cabeça para encontrar os olhos verdes de Lúcifer, com um pequeno sorriso formado em seus lábios, um sorriso assustado.— Eu vou ficar bem.— Uma pequena guerreira... Foi o pensamento dele sobre a escolha de Fiemme. O próximo passo de Lúcifer, surpreendeu a todos e até ele mesmo. Pois em vez de afastar Emme, ele a segurou fortemente e a beijou na testa. Um lento e, surpreendentemente, delicioso beijo, ao sentir que seus lábios gelados, por um momento, ficaram quentes. Depois que ele se afastou, Lúcifer tambem podia sentir o gosto de Fiemme em seus lábios. O gosto daquela flor de lótus que boiava em meio de lavas do vulcão mais calmo que já puderá existir. Suas presas formigaram em sua gengivas. Cada vez mais, seu desejo pelo sangue de Emme, era maior. Finalmente ele se afastou, notando que as bochechas de Emme estavam um pouco coradas e quando Lúcifer olhou para Nyx, ela estava com uma sobrancelha arqueada e com uma expressão totalmente surpresa. Lúcifer, realmente, adorava causar. — Bom, eu irei...— Lúcifer se enrolou, dando alguns passos para trás.— Estarei na varanda.— — Que bom.— Nyx disse, com um sorriso crescendo em seu rosto.— Não se sinta constrangido, Lúcifer, amor está sempre no ar.— — Amor?— Emme perguntou confusa em quanto olhava para a licantropa sentada no sofá em sua frente. Ela não fazia ideia do que Nyx estava falando e Lúcifer deu graças a todos aos Deuses por essa ingenuidade. Por um lado, não havia coisa melhor do que ser inocente quando se estava com Nyx. Lúcifer fechou as portas de vidros em suas costas assim que entrou na varanda. Que Nyx ouviria toda a conversa, era obvio. Mas Emme não devia escutar o que eles conversariam. — Estou surpreso em vê-lo em minha central sem estar tentando fazer um ataque terrorista.— Ele escutou a voz de Iawy assim que terminou de lidar com as portas, calma e solene como sempre. — Acredite, não é diferente comigo.— Iawy estava debruçado no enorme muro que o protegia de uma queda, admirando a vista que lhe proporcionava. Ele não havia se virado para encontrar Lúcifer em nenhum momento.— É ainda mais surpreendente você não estar nas costas de Andrew.— — Eu poderia me ofender com isso.— O vampiro foi sarcastico com o inccubus, ao se juntar a ele. — Talvez esteja cansado de aturar Roxie.— Iawy olhou para Lúcifer, a primeira vez que o olhava e com um olhar intimidador. Fazer brincadeiras com sua pequena protegida, não era uma boa coisa.— ninguém acreditaria que existe um campo de batalha nesse lugar apenas de olhá-lo por fora.— Ele disse antes de dar uma chance


de Iawy responde-lo. Lúcifer nunca havia estado na central de Iawy e exatamente por isso, estava surpreso ao ver o que o inccubus admirava antes dele chegar. Ele estava olhando para todos os seus caçadores serem treinados, sem nenhuma piedade. — Agora você entende o por que de recebê-lo com algemas ao vir até aqui.— Iawy disse olhando para seus pulsos, que agora, queimava lentamente.— Séria uma imensa dor perder esse lugar.— — Meu coração não pararia de bater da noite para o dia.— Lúcifer resolveu dizer.— Então, não creio que precise me receber assim na próxima vez.— A resposta de Iawy foi o silêncio, mas foi algo muito agradavel no final de tudo, pois Iawy tirou as algemas dos punhos de Lúcifer, as quebrando já que não tinha nenhuma chave por perto. — Assim que chegou aqui, pensei em acompanhar Nyx para recebe-lo, mas ao sentir a presença de uma humana, fiquei me perguntando o que você estaria fazendo aqui com ela, sendo que é algo proibido.— — Oh, não se preocupe com isso. Nyx é tão hospitaleira quanto parece, um doce de menina.— Ele resolveu ser irônico e ignorar a outra parte do que Iawy disse. Lúcifer ainda não havia formulado como dizer o seu problema. — Lúcifer.— Iawy disse seu nome em um tom repreensivo. Afinal, o inccubus era conhecido como ser o primeiro seguidor das regras do mundo sobrenatural, exatamente por isso, que criou uma central de caçadores para ajudar a todos... Lúcifer, realmente, estava ficando louco em trazer Emme neste lugar. — Eu preciso da sua ajuda.— Ele disse finalmente, encontrando os olhos de Iawy.— Emme, não é tão humana quanto parece.— Isso, com certeza, intrigou o inccubus ao seu lado.— Eu sei que todas as criaturas sobrenaturais sentem o cheiro da humanidade nela, e ela é humana por um lado, pois posso escutar os pensamentos de Emme. E sei muito bem o quão louco posso estar fazendo isso, mas antes de qualquer coisa, prometi que iria ajuda-la.— — Você sabe que se os humanos descobrirem, um inferno vai acontecer em nosso mundo até a tirarem de perto de nós.— — Então você vai ter que colocar essa central novamente atrás de mim, pois matarei qualquer pessoa que tentar tirar Emme de mim.— Uma ameaça talvez, mas Lúcifer nunca falou tão sério. — Mas se ela não é humana...— — Não é tão simples, ela é humana. Mas as vezes, com frequência, ela sofre queimaduras que aparecem do nada e Emme desconhece isso totalmente. Eu nunca vi nada igual, até mesmo no mundo das feiticeiras.— — Queimaduras?— — Sim. Você conhece isso?— Iawy franziu o cenho, parecendo ficar surpreso.— Eu nunca ouvi falar de algo como isso, nem mesmo as bruxas podem brincar com os quatros elementos da terra. Exatamente por isso que a maldição que jogam para merecedores disso, a maioria das vezes, é a imortalidade.— A imortalidade, o pior castigo depois que se cansa da vida. O pior resultado quando seu coração se cansa de bater... — Magia negra, talvez?— — Talvez.— Iawy concordou.— Sempre existem aquelas bruxas que fazem rituais proibidos, mas é estranho que ela não saiba de nada, Lúcifer.— — Um deslize?— — Entenda uma coisa: Bruxas nunca comentem erros.— — Ela era mantida em um convento como se não existisse para o mundo. Seu único documento dizia que ela estava morta.— — Espere...— A expressão de Iawy ficou branca por um momento.— Convento?!— Ele pareceu


incrédulo. — Eu sei que me meti em algo enorme, mas não foi minha culpa se ela fugiu do convento e veio correndo para meus braços. Meu charme é algo dificil de ignorar.— — Você está se envolvendo com uma freira, Lúcifer?— Ele perguntou.— Sabe que não irei lhe entregar para os humanos, mas o tamanho do problema que irei me meter quando descobrirem que eu sabia, não tem nem palavras que explique isso.— — Ela não é minha amante!— Lúcifer exclamou, as pessoas tinham que parar de acusá-lo, nem sempre ele era o errado da historia. Pelo menos, algumas vezes não. — Eu não acredito.— — É sério.— Lúcifer disse, pois era importante Iawy acreditar nele. Caso a coisa ficasse feia, seria o inccubus o protegendo, pois Andrew o queimaria em uma fogueira.— Não sou amador de humanos ou outras raças.— — Todas as criaturas pensam assim até encontrar alguém que realmente ame.— Iawy disse, se virando para ver a melhor vista que já puderá existir aos olhos dele, sua amante. Lúcifer tambem se virou, mas seus olhos verdes desumanos estavam em Emme, que ria alegremente com Nyx. Ele raramente a via sorrindo, então, quando isso acontecia era algo... agradavel. Era muito mais agradavel saber que um rosto que ultimamente somente pendia uma expressão de medo, podia sorrir— Ela é linda.— Lúcifer fez questão de ouvir o som da risada daquela humana que estava prestes a lhe causar a sentença da sua morte.— Mas não para mim.— — Então por que pretende matar todos aqueles que estiverem em seu caminho com a intenção de tirá-la de você?— — Considerando que meu coração parece gostar quando estou entretido no assunto dela, não deixaria que ninguém estrague isso.— — Você está a usando.— — Por um lado sim, por outro não... Mas isso não importa.— Lúcifr falou.— Eu fiquei ainda mais intrigado com sua historia ao saber que o convento em que ela vivia a mantinha como uma prisioneira, a ponto de a traumatizarem para que suas curiosidades sobre o mundo aqui fora não fossem respondidas. Na noite que eu encontrei Emme, ela havia acabado de fugir desse lugar.— — Interessante.— Iawy murmurou.— Eu vou lhe ajudar com isso, Lúcifer... Farei algumas pesquisas e darei uma olhada nela, mas caso os humanos descobrirem isso, eu não posso estar envolvido. Estar envolvidos com humanos, de uma forma que pareça que é romanticamente, é sempre um problema, ainda mais para mim que não posso quebrar nossas regras. E você como um vampiro deveria saber que essa lei foi feita principalmente para vampiros, para que não façam humanos de escravos de sangue.— — Eu sei que estou em enormes problemas, mas ela precisa de ajuda.— — Ok.— Lúcifer pareceu convencer Iawy completamente.— Eu o ajudarei.— — Tem mais uma coisa.— Lúcifer murmurou, em um tom que aparentava que não importava muito o detalhe que ele estava prestes a dizer.— Andrew não pode saber de nada.— — Você, realmente, quer ser morto, Lúcifer?— — Andrew se descobrir provavelmente me colorá no sol e assistirá minha morte com uma taça de sangue, não posso esquecer de incluir o som de sua risada também em quanto queimo... Mas estou disposto a correr o risco. Promessas as vezes são mais importantes do que a segurança da nossa vida.— — Não posso discordar.— Iawy olhou para Lúcifer e um pequeno sorriso cresceu em seu rosto.— Então... Me apresente sua humana.— — Ela não é minha.— Lúcifer rebateu rapidamente.— Mas tente não assustá-la, Emme é bem... delicada.— — Eu sou conhecido como um cavalheiro, diferente de algumas pessoas, não uso ironia ao conhecer alguém.— — Novamente, tente não assustá-la.— Lúcifer disse pela segunda vez, mas Iawy havia entendido dessa vez. O inccubus sabia que as vezes falava até demais. — Você a deixou sozinha com Nyx,— Iawy o lembrou, abrindo as portas de vidros que separava a


varanda do seu escritório.— Não acho que eu seja o problema em questão de assustar.— —... Então falaram para mim que durante a transformação, irritada com ela, eu pulei diretamente em sua garganta e arranquei sua pele dali. E entendi o por que de estar com pelos e sangue na minha boca no dia seguinte.— Lúcifer escutou a historia de Nyx assim que entrou na sala, quando seu olhar foi para Emme, ela estava paralisada, palida e mal respirava direito. Quando seus olhos cinzas encontraram com os do vampiros, ela ficou totalmente aliviada. Lúcifer ficou feliz por um momento, pois momentos como esses, demonstravam o quanto Emme confiava nele. Mas por outro lado...— Em que parte de não assustá-la você não entendeu, Licantropa?— — Oh, mas eu não estava assustando Emme, só dizendo o quão descontrolada posso ficar quando me transformo.— — Eu pensei que ela era um poodle gigante.— Lúcifer escutou Emme murmurar com um tom decepcionado. Ela jamais esperava que um poodle atacasse outro cão e arrancasse até mesmo a pele dele. Lúcifer, em seguida, se pegou sorrindo pelo comentário da humana que estava protegendo. Ele adorava a ingenuidade dela de um modo que fazia com que o vampiro, realmente, sorrisse.— Emme, este é Iawy.— O vampiro caio em si e parou de sorrir, apresentando o inccubus para ela. — Oi.— Ela disse se levantando, avaliando Iawy com seus olhos de uma maneira curiosa.— Eu sou Emme.— — É um prazer conhecê-la, Emme.— Iawy disse gentilmente.— E peço desculpas por Nyx ser tão indiscreta.— Os olhos do inccubus estavam em sua amante, mas logo voltaram para os de Emme. Pelo menos Lúcifer pensava que seus olhos estavam nos dela, até perceber que Iawy olhava para o colar de Emme e com seu cenho franzido. — O que foi, Iawy?— Nyx tirou as palavras da boca de Iawy. — Nada de importante, minha dama.— Ele respondeu Nyx com um sorriso amigavel para sua amante antes de encontrar os olhos de Emme novamente.— É um belo colar, Emme.— — Obrigada.— Emme agradeceu pelo elogio ao seu colar, ainda mais confusa que todos. — Então... Emme, eu preciso recolher um pouco do seu sangue e examiná-la, não há nenhum problema para que isso não se realize?— Iawy perguntou educadamente. Emme não o respondeu com a rapidez de costume, primeiramente seus olhos foram para Lúcifer e o vampiro notou que ela estava um pouco insegura. Somente depois que ele acenou com sua cabeça, que Emme disse algo.— Está tudo bem, você pode me examinar.— — Ótimo!— Lúcifer exclamou, caminhando para ficar ao lado de Emme.— Para onde vamos?— — Você irá ficar aqui.— Iawy o respondeu com uma sobrancelha perfeitamente arqueada.— Fazendo companhia para Nyx.— Lúcifer encarou Iawy por vários segundos, esperando algo que falasse que isso era uma pegadinha. Mas nada aconteceu. Passar um tempo com a licantropa, seria uma prova de sobrevivência. Mas não para ele, pois irritar as pessoas era o dom de Lúcifer... Ele sentia que sua beleza ficava ainda mais aprimorada fazendo isso, então, não negava o ato.


05Emme se sentiu totalmente tensa quando ficou fechada em uma sala sozinha com Iawy, mas ele se demonstrou ser alguém que não era do tipo para se temer. Ele até mesmo lhe mostrou direitamente o que era um inccubus, mudando a cor de seus cabelos do nada. Iawy era muito gentil, assim como Nyx, mas ela não deixava de ser assustadora, principalmente depois de lhe contar uma historia sanguinária como aquela, e ainda se orgulhar. Mas Emme não deixava de estar confusa após deixar aquele lugar. Ela não entendia o porque de Iawy ter olhado para o seu colar daquela maneira e muito menos quando Lúcifer a beijou. Tê-la beijado em sua testa não é algo que parecia ser do costume dele. E era ainda anormal, aquele frio que sentiu na barriga quando isso aconteceu. Emme notou que Lúcifer estava olhando para baixo em um silêncio matador após entrarem no carro, e isso fez com que ela deixasse seus pensamentos de lado.— No que está pensando?— Ela perguntou para ele, mas não recebendo seus olhos verdes. — Que você tem belas pernas.— Foi a resposta dele, deixando Emme totalmente cabulosa e com suas bochechas quentes. — Isso não é muito gentil.— — Isso é um elogio, como poderia não ser gentil?— Emme piscou lentamente, vendo que por um lado Lúcifer tinha razão, mas...— Você não deveria ficar olhando para meu corpo.— — Por que não? — Um sorriso irônico apareceu em seu rosto, em quanto sua sobrancelha esquerda se arqueava. Emme não entendia como Lúcifer conseguia arquear sua sobrancelha esquerda, pois na joalheria ela havia notado que ele não era canhoto. Mas quem Emme estava tentando enganar? Lúcifer era todo diferente e estranho...— Olhar não é pecado, Fiemme.— — Não é pecado olhar, mas não olhar inocentemente, é errado.— — E posso perguntar como sabe que não estou a olhando inocentemente, pumpe?— — Porque você não tem nenhuma intenção de ser um puritano, Lúcifer.— Lúcifer soltou um riso frio em seguida, subindo seu olhar pelo corpo de Emme até encontrar os olhos cinzas dela. Emme pensou por um momento, que se uma vez acreditou que ninguém poderia comer alguém com os olhos, ela estava engana.— Você tem razão.— Ele disse.— Não tenho nenhuma intenção de virar puritano.— — Por que não?— — Porque eu conheço o que é pecado e acho isso muito divertido.— — Quantos anos você tem, Lúcifer?— Emme pareceu o pegar de surpresa com a pergunta, mudando totalmente de assunto. — Eu tenho 25 anos, minha querida.— — Eu digo, sua verdadeira idade.— — 1.254 anos.— — Uau.— Emme assobiou, totalmente impressionada com isso.— Isso é muito tempo.— Muito tempo para praticar qualquer coisa que o levasse direto para o inferno... Muito tempo para


que a escuridão tomasse conta de alguém... Isso era outro motivo para temê-lo. — No que está pensando, Fiemme?— Lúcifer fez a mesma pergunta que ela fez a pouco tempo, mas de um modo sarcastico. Emme não conseguia entender o por que do sarcasmo... — Eu acho que estou pensando que irei morrer de fome.— Ela disse, mas não era uma mentira. Tirar o sangue, fez com que isso apenas aumentasse. Afinal, não havia comido desde que acordou. — Eu esqueci de alimentá-la.— Ele disse o obvio, parecendo ficar um pouco sem jeito... ou era apenas uma impressão.— Eu sinto muito, pumpe.— — Está tudo bem, Lúcifer, não é como se eu precisasse mesmo.— Ela resolveu brincar com ele. Lúcifer lhe lançou um olhar ameaçador por estar o provocando com um erro, mas logo sua expressão se suavizou assim que seus olhos foram para o braço de Emme. Mas algo não esperado aconteceu. Lentamente pequenas manchas vermelhas passaram a aparecer nos olhos verdes de Lúcifer, deixando Emme um pouco tensa. Ela tomou coragem e olhou para seu braço, exatamente onde os olhos de Lúcifer estavam fixos. Não havia nada. Alias, havia somente uma pequena gota de sangue que saia do furo da fina agulha que Iawy usou para recolher seu sangue, deixando seu braço, em volta da onde foi furado, um pouco roxo também. — Me desculpe.— Falou Lúcifer, retomando os olhos de Emme para ele. E em um piscar de olhos, havia somente verde... Lúcifer mexeu em seu casaco até encontrar um pequeno lenço, dando para Emme em seguida.— As vezes isso acontece sem com que eu possa controlar, não tive intenção de assustá-la dessa vez.— Dessa vez... Por incrível que pareça, Emme revirou seus olhos cinzas e inocentes, em revolta, por causa disso. Emme aceitou seu lenço e em seguida o pressionou contra seu pequeno hematoma para que não sangrasse. Seus olhos, curiosos, passaram por Lúcifer.— Eu não pensei que você fosse alguém que se descontrola fácil.— — Eu não...— Lúcifer começou a respondê-la de uma maneira agressiva, mas deve ter notado que os olhos de Emme ficaram maiores pelo seu tom e então respirou fundo antes de continuar.— Nós já chegamos.— Foi o que ele disse, com aquele mesmo tom cheio de frieza e superioridade. Emme decidiu ignorar, pois parecia que ela havia o ofendido pelo o que disse. Ela se sentiu culpada por um bom momento, mas quando seus olhos foram para a mansão de Lúcifer, que parecia ter sido retirada de um filme de romance antigo, ela ficou surpresa. Ontem quando Emme chegou nesse lugar, tudo estava muito escuro e ela mal se concentrava nas coisas por ter um hematoma latejando em seu corpo. Mas hoje, todas as luzes da mansão, do jardim estavam acesas e até mesmo um chafariz estava funcionando no meio do lago que Lúcifer a jogou. Sem contar os seguranças vestidos com roupas de policiais, só que totalmente negras. Emme não deixou de notar as armas. Tudo isso, apenas pareceu, que Lúcifer era alguém muito importante. — Por que estão todos armados?— Emme perguntou, não tirando os olhos daqueles enormes instrumentos de matar que um homem segurava assim que o carro parou. Quando a resposta não veio, ela se virou para a direção do vampiros de olhos verdes e ele não estava mais lá. Agora, Lúcifer a deixava falando sozinha. Emme se irritou profundamente por causa disso. A noite já havia caído, então assim que Emme fechou a porta daquele carro de rainhas e princesas, ela avistou Lúcifer caminhando lentamente para dentro da casa.


— Lúcifer!— Ela disse raivosamente, depois de dar alguns passos para ficar mais próxima, mas novamente, ele continuava a andar como se ninguém tivesse o chamado.— Você é bipolar!— Emme o acusou, não se importando nem um pouco em estar enfrentando um vampiro. Brigar é pecado,sua mente a lembrou. Mas Emme ignorou esse aviso, pois pecado era ser tratada mal por uma pessoa que não tinha nenhum motivo para fazer isso. Ele se virou na direção dela, assim que ela o chamou de bipolar. Logo sua mente mandou outro recado, um recado para correr. — Minha mansão foi atacada essa manhã e um vidro a cortou. Por sorte pegou em seu braço e não em sua jugular, então se sinta feliz por ter uma segurança aqui.— Lúcifer foi grosseiro.— Feliz com sua resposta?— — Não.— — O que você quer de mim, Emme?— Um combate parecia estar começando, pois ambos pareciam estar explodindo e jogando suas munições um no outro. Emme não se importou em se descontrolar e não falar gentilmente, como a ensinaram, pois Lúcifer não tinha o direito de fazer isso. Ele havia a beijado em sua testa mais cedo, demonstrando um pouco de afeto, agora a tratava como se nem a conhecesse... — Eu quero sua ajuda.— Ela rebateu com o mesmo tom que ele havia usado, pelo menos tentou, já que ser fria nunca foi sua especialidade.— Mas eu não suporto ser tratada como algo inferior por você, pois aprendi que todos somos iguais.— — Eu não encaixo em suas regras, Emme.— — NÃO IMPORTA!— Isso saio mais alto do que ela esperava. E então se tocou que isso era inútil, pois Lúcifer parecia ser do tipo que nunca daria razão para ela. Esse era seu terceiro dia com ele e nada estava indo bem... Emme fechou seus olhos por um momento, tomando uma decisão importante, antes de voltar a encarar aqueles verdes desumanos que estavam mais assustadores do que quando estavam manchados de vermelhos, nesse momento.— Eu vou embora.— A expressão de Lúcifer se suavizou por um momento, mas ele não disse aquilo o que seu rosto demonstrava.— Ótimo.— Os lábios de Emme se entre abriram, para provavelmente dizer algo, mas não conseguiu. A única coisa que fez, foi dar as costas para o vampiro em sua frente e caminhar com sua cabeça erguida para longe dessa mansão. Mas não sem antes de falar aquilo que queria.— Você disse que minhas regras nunca vão se encaixar com você, mas me diga um por que.— Ela disse com uma vontade imensa de chorar, mas nunca choraria na frente desse homem.— Pois você é exatamente como todos os outros... Eu pensei que estar aqui era melhor do que ficar no convento, mas estava enganada.— — Você não pode voltar para o convento.— Foi o que Lúcifer disse assim que Emme voltou a caminhar, ela notou que ele estava indo atras dela, mas não se importou. Afinal, sua mente viajou para longe quando ele disse isso, pois Lúcifer tinha toda razão... Ela não poderia voltar. — Por que você se importa?— Emme não conseguiu resistir e a sua ingenuidade a pegou desprevenida. — Me desculpe, Fiemme.— A resposta dele fez com que ela parasse de andar.— Eu não quero que vá embora.— — Lúcifer...—


Escuridão... Foi exatamente isso que Emme sentiu em seguida, antes mesmo de poder terminar sua frase, ela fechou seus olhos e quando os abriu de novo, sombras começaram a aparecer, sombras rápidas e assustadoras. Emme não sabia se aquilo era real, se Lúcifer ainda estava em suas costas, mas quando sua cabeça latejou em uma dor aguda, tudo foi embora... Exatamente como seu sentidos. _________________ Como se tivesse entrado em outro mundo, um mundo totalmente desconhecido, Emme já não se assustava mais com as sombras que percorriam pelas paredes e pilastras do palácio. Ela nem ao menos se importou em usar um vestido longo agarrado ao seu corpo, que era vermelho detalhado com rendas. Nem ao menos ligou para o enorme decote em V que deixava seus seios quase expostos. Era como se ela estivesse em casa. Finalmente, em sua casa. Em seguida, uma mão muito mais quente que a dela, passou por baixo da sua, a deixando com a sensação que estava a queimando, mas isso não passava de uma sensação. Emme se virou assim que essa mão levantou a dela para que ficasse na mesma direção de seu peito, exatamente como um rei e uma rainha faziam. Um homem estava ao seu lado agora, um homem que não conseguiu ver o rosto mas que tinha longos cabelos negros amarrados por uma fita em sua nuca. Ele vestia somente preto e uma capa em seus ombros da cor bordo. Emme teve vontade de tocar aquela capa com as pontas de seus dedos, pois era como se brilhassem como rubis escuros. Mas ela não deu muita atenção para o homem que segurava sua mão, e que parecia conhecer, pois assim que escutou as portas no final do salão se abrirem, fazendo até mesmo que aquelas sombras parassem de rodopiar pelo lugar, seus olhos cinzas foram para a pessoa que estava entrando, caminhando com uma elegância de um verdadeiro príncipe pelo tapete vermelho no meio do lugar. E não era qualquer pessoa, era Lúcifer. Ele conseguiu que Emme ficasse surpresa, pois estava vestindo um smoking branco que parecia ser feito de cetim, já que brilhava conforme a luz batia. Ela nunca havia o visto tão perfeito como hoje. O olhar de Lúcifer nela era algo diferente desde que se conheceram, ele parecia estar feliz e seus olhos verdes desumanos até mesmo brilhavam por estar a observando. Emme não conseguiu resistir e sorriu para ele. Sorriu para a pessoa que mais lhe importava como se eles fossem o mundo. Como se não existisse mais ninguém alem deles. — Fiemme.— O homem ao seu lado disse seu nome em um sussurro, retomando sua atenção.... Emme abriu seus olhos no minuto seguinte, descobrindo que tudo se passado era somente um sonho estranho. Seu coração batia calmamente, mas considerando o que aconteceu mais cedo, ele devia estar acelerado... Lúcifer não podia ter esse poder sob ela em apenas um sonho. Ela apertou seus olhos fortemente assim que se lembrou do que aconteceu mais cedo, aquelas sombras vindo em sua direção, tentando pegá-la e mais aquela dor de cabeça que a fez desmaiar... Emme não queria se lembrar daquilo, muito menos do sonho em que se vestia como uma impura e


sorria para Lúcifer de uma maneira estranha. Assim que abriu seus olhos novamente, notou o obvio. Ela estava no quarto da mansão de Lúcifer... Então o vampiro havia a acolhido novamente por estar desmaiada, mas estava obvio que foi por pena dessa vez. Emme afastou a coberta de seu corpo com pequenos chutes e se levantou da cama. Ela não estava mais brava com Lúcifer, mas também nunca gostou que sentissem pena dela. Mas talvez estivesse exagerando, pois Lúcifer havia dito algo sobre querer que ela ficasse ou foi só coisa da sua imaginação, como aquelas sombras. Tudo isso que aconteceu foi sua fome... Sim, era tudo culpa de Lúcifer por ter esquecido que precisava comer. A mente de Emme achou um culpado. Ela pensou por um momento também que fosse errado culpar Lúcifer, mas então, se lembrou que ele merecia isso. Assim que se levantou da cama e saiu do quarto, Emme novamente se parecia como um gato com medo de ser assustado. Afinal, ela poderia não sentir tanto medo de Lúcifer, mas quando ele aparecia do nada perto dela, era sempre assustador e considerando que aquelas sombras a apavorou pra caramba, não precisava mais de motivos para ter um infarto. Emme não sabia exatamente o que estava fazendo fora de seu quarto em vez de voltar a dormir, já que tudo indicava que era madrugada e Lúcifer deveria estar dormindo ou nem estar em sua mansão. Mas quando ela passou por uma janela, algo lhe intrigou. Estava nevando lá fora, depois de tanta chuva, o frio finalmente havia chegado em Londres. Emme ficou olhando para a janela por vários e longos minutos, olhando para aqueles pequenos flocos que estavam deixando o chão e arvores brancas. Ela sentiu seus labios se puxarem um pouco em um sorriso. Era incrivel como Deus fazia tudo perfeito... Se não fosse por sua fome, ela passaria a noite inteira naquela janela observando a neve cair. Tudo bem que a maioria das pessoas amam passar o frio em suas camas dormindo, como ursos hibernando, mas Emme raramente sentia algum tipo de frio para que desejasse virar um urso e fazer isso. Depois que largou a vista da janela e desceu as escadas para procurar a cozinha, ela já não se sentia mais tão insegura em caminhar pela casa e Lúcifer lhe dar um susto, então deixou sua guarda baixa e pegou o primeiro corredor que viu. Emme deveria ter parado para pensar em qual corredor ir primeiramente, mas a escuridão pela casa não ajudava muito... Com medo do escuro, automaticamente, as mãos dela foram para as paredes ao seu lado. Talvez estivesse em uma busca inutil para achar algo e acender as luzes do corredor, mas tudo que ela sentiu foi sua mão encontrando a maçaneta de uma porta. Antes de abri-lá, Emme olhou para baixo e viu que havia uma luz tremula, talvez fosse uma lareira... Mas havia luz e ela entraria ali para fugir da escuridão. Na mesma vontade que Emme abriu a porta, ela teve para fechar. Ela, realmente, não havia encontrado a cozinha, aquilo era uma sala para descanso com lareira... Mas Lúcifer, aparentemente, não a usava apenas para aquilo.


Sim, Emme havia encontrado Lúcifer e entendido o motivo por ele não tê-la assustado dessa vez. Afinal, ele estava acompanhado, muito bem acompanhado. No meio da sala, de pé, estava o vampiro de olhos verdes e uma mulher de cabelos loiros. Mas isso não era o problema... O problema era que Lúcifer e ela estavam literalmente agarrados um ao outro. E o vampiro, nem estava mais de camisa, em quanto beijava o pescoço dela. As costas dele estavam a vista de Emme, ela não pode deixar de reparar todas as linhas muito bem estruturadas de seus músculos, muito menos as marcas que as unhas daquela mulher faziam, as mesmas que sumiam em questão de segundos. Os olhos dela desceram ainda mais, pois havia algo a mais em suas costas nuas, o que chamou atenção. Um pouco acima do seu quadril, havia uma queimadura do formato de uma cruz para baixo... Os lábios de Emme se entre abriram, pois ela conhecia aquele simbolo. Aquele era o tão famoso simbolo de adoração ao satanás. Lúcifer se afastou daquela mulher em seguida e acabou se virando na direção da porta, onde Emme estava. As presas de Lúcifer estavam expostas, seus olhos vermelhos e assustadores como sempre... Mas isso não era o pior. O que deixou Emme ainda mais paralisada do que já estava, foi que o queixo do vampiro e seus lábios estavam sujos de sangue, exatamente como o pescoço daquela mulher, onde ela pensou que Lúcifer estava beijando. Emme ficou sem nenhuma reação e Lúcifer parecia estar na mesma situação, mas quando o vampiro passou a caminhar na direção dela, ela bateu a porta com tanta força para separá-los, que pensou que aquele pedaço de madeira poderia cair por isso. Ela saiu para fora daquele corredor em uma velocidade que parecia mais que estava correndo do que andando. Emme não sabia o que pensar, pois sempre esteve claro em toda literatura que vampiros se alimentavam de sangue e sua mente apenas decidiu esquecer esse fato. E agora, tudo estava explicado. Aquele liquido espesso que tinha uma cor anormal, o motivo por ele nunca comer e... Seus olhos ficando vermelhos no carro ao ver uma pequena gota de sangue no seu braço. —Emme!— A voz de Lúcifer logo atrás dela, assim que chegou na sala em que foram atacados hoje de manhã, a fez parar onde estava. E não foi preciso Lúcifer dizer que ela estava tremendo para notar, pois até mesmo lagrimas estavam saindo de seus olhos. Medo estava a consumindo. Ela se virou para ele, mantendo a distancia entre eles. Lúcifer a encarou por um momento, a deixando ver que seus olhos estavam normais e que não estava mais sujo de sangue. Mas o vampiro ainda estava sem camisa. Não resistindo, os olhos de Emme varreram pela parte do corpo de Lúcifer que estava nua. E assim como suas costas, não era decepcionante. As curvas do seu abdomen eram muito bem definidas, os músculos de seus braços também não deixavam de ser chamativos. Era tudo muito... escultural.


Emme sentiu um calor crescer dentro dela, um calor que não era o anuncio de que uma queimadura estava chegando. Era apenas algo mutio... diferente.— Fiemme.— Ela escutou a voz de Lúcifer, naquele tom irônico e com uma pitada de algo sensual. Só assim ela percebeu que havia se perdido em seu corpo e subiu seus olhos rapidamente para encontrar os dele. — Eu...— Emme tentou começar algo, mas nem ao menos conseguiu pensar. Ela mal conseguia respirar direito, quem diria falar. — Você não deveria ter visto aquilo.— Lúcifer disse.— Sint...— — No carro,— Ela o interrompeu.— Seus olhos ficaram vermelhos por causa do meu sangue e não por simplesmente ter se descontrolado.— — Eu sinto muito, Emme.— — E esse simbolo nas suas costas...— Dessa vez Emme, realmente, achou que iria desmaiar. Afinal, ela mal estava conseguindo formular algo para falar. Ver Lúcifer tomando sangue de alguém, realmente a chocou. — Emme, eu não irei machuca-la.— Lúcifer deu passo para frente, tentando se aproximar. — Não se aproxime.— Emme mandou.— Você se alimenta de sangue e...— — Você precisa se acalmar, Emme.— Lúcifer disse.— Acabou de desmaiar e não pretendo carregála novamente para seu quarto.— Ela olhou para Lúcifer e... Deus, como ela desejava não ter aberto aquela porta. Mais lágrimas escorreram por seu rosto. Sua tremedeira parecia ficar maior cada vez mais. — Me deixe em paz.— Foi o que ela pediu. — Não, eu não irei deixá-la em paz.— Lúcifer a respondeu.— Você acabou de ver uma das minhas piores partes e não permitirei que sinta medo novamente.— — Eu quero distancia de você, Lúcifer. — Emme o encarou.— Acho que devia estar insana ao me permitir viver com você, pedir sua ajuda. Você é um VAMPIRO e se alimenta de sangue, você pode matar quem desejar...— Em um ato desesperado, ela cobriu seu rosto com suas mãos, escondendo suas lágrimas dos olhos dele. — Emme, você está tendo um surto.— Ela sentiu que Lúcifer havia se aproximado, teve ainda mais certeza quando sentiu as mãos geladas dele nas suas, as retirando de seu rosto.— Eu não irei machucá-la.— Ele repetiu, sustentando aqueles olhos cinzas que estavam aterrorizados. Sim, ele vai. Sua mente gritou. Ele é um monstro. — NÃO SE APROXIME!— Ela gritou dessa vez, se afastando. Mas Lúcifer não deixou que a distancia entre eles existisse quando Emme tentou se afastar. O vampiro em uma velocidade anormal, se aproximou dela e a pegou pela cintura. Antes que Emme pudesse protestar ou se livrar dele, ela sentiu seus dedos se cravarem em sua cintura de uma maneira que poderiam lhe dar um hematoma. Lúcifer passou a empurrá-la para trás, em passos rapidos, até que as costas dela encontraram algo duro. Emme pensou que poderia ser alguma parede, mas quando Lúcifer a tirou do chão e a sentou naquilo em que sua coluna havia se debatido, ela descobriu que era apenas um móvel. Instintivamente, ela abriu as pernas e Lúcifer se colocou no meio delas, quebrando ainda mais o espaço. Seus dedos em sua cintura ainda estavam firmes nela e seus olhos verdes não sairam dos dela em nenhum momento. Emme não conseguia descrever o que eles passavam, pois sua expressão era algo tão selvagem. Na verdade, ela não conseguia descrever mais nada pois nem ao menos sugar o ar ela estava conseguindo e seu coração parecia que ia explodir. Mas ela podia sentir aquele atrito de algo quente se misturando com o gelado, já que suas pernas estavam um pouco encostadas na cintura nua de Lúcifer.


Ela tambem percebeu que segurava em seus braços, fincando suas pequenas unhas em sua pele tão branca quanto a lua. Assim que Emme sentiu aquelas curvas dos músculos de Lúcifer em baixo de suas mãos, novamente aquele calor começou dentro dela... Ela o soltou como se estivesse jogando algo muito nojento que pegou por engano. Ela não entendia o que era aquele calor e... Ele era tão lindo. Não. Emme se repreendeu. Lúcifer é um vampiro. — Fiemme.— Ele sussurrou seu nome, soltando sua cintura lentamente. Mas Lúcifer não se afastou, ele apenas colocou suas mãos no móvel para se apoiar, as deixando uma de cada lado do corpo de Emme.— Está tudo bem agora.— O tom de Lúcifer foi suave e talvez isso teria a acalmado. Mas considerando a posição deles, ela não estava nada bem. Emme segurou sua respiração por um momento, tentando deixá-la normal novamente, assim como seu coração que pulava em desespero. Ela encontrou os olhos de Lúcifer em seguida, aqueles verdes que estavam a hipnotizando como uma cobra fazia para ter seu alimento. Lúcifer se aproximou do seu rosto, fazendo com que Emme se espremesse ainda mais contra a parede em cima do móvel. Mas nada aconteceu. Quando seus narizes estavam quase se encostando ele apenas desviou seu rosto para que sua boca pudesse encontrar o ouvido de Emme, mas o vampiro fez questão que sua bochecha gelada encostasse com a dela, que já queimava de tão desesperada que ela estava com essa posição impura. — Você não se importa nem um pouco em deixar que suas emoções a levem para um abismo, minha pequena pumpe, — Ele começou em um sussurro suave, com seus lábios quase encostando em seu ouvido.— E isso é tão provocador... Principalmente quando se estressa comigo.— — Lúcifer.— Ela disse seu nome, tentando usar um tom repreendor. Mas Emme estava tão nervosa que se gaguejou, não percebeu. — Eu quero fazer muitas coisas com você, lystne dame .— Isso fez com que Emme parasse de respirar, literalmente.— Mas prejudicá-la não está nessa lista.— — O que é lystne dame?— Emme perguntou a primeira coisa que lhe veio a cabeça. Lúcifer soltou uma risada, aproximando suas mãos de Emme em quanto deixava que ela sentisse sua respiração quente em seu pescoço. Emme não conseguiu resistir a isso e sentiu os cabelos de sua nunca se arrepiarem igualmente aos pelos de seus braços.— É um segredo, Fiemme.— — Aquela queimadura... O que significa para você?— Realmente, pensar não estava funcionando para Emme, talvez ela estivesse fazendo as perguntas erradas para fugir do vampiro que estava a espremendo cada vez mais contra a parede. — É algo antigo, feita quando era humano... Um castigo.— Quando Emme ficou em silencio, Lúcifer fez questão de movimentar sua cabeça para que sua bochecha se esfregasse contra a de Emme, fazendo com que seu coração batesse ainda mais rapido. — Não sinta medo de mim.— Ele sussurrou.— Por favor, pumpe.— — Você se alimenta de sangue...— — Eu sei que isso é assustador pra você, mas preciso de sangue para viver.— Lúcifer disse em um tom sem nenhuma frieza ou superioridade. Ele apenas estava a tratando bem...— Ou você gostaria de ver minha morte, Emme?— — Não.— Emme disse.— Eu não quero que você morra.— — Então não tema o que eu devo fazer para viver.— Lúcifer moveu sua cabeça para trás para que pudesse encontrar os olhos de Emme, mas ele não afastou sua bochecha da dela, exatamente por isso que ela sentiu os lábios dele passando pelo caminho que fez para encontrar os olhos dela. — Aquela mulher...— Emme começou, se repreendendo por ter escolhido justamente essa pergunta. — Ela é sua namorada?— — Não, Fiemme.— Ele a respondeu.— Eu nunca tenho namoradas.— — Por que?—


— Acho que nunca encontrei alguém que mereça tudo aquilo que tenho para dar.— — Mas...— Lúcifer colocou seu polegar sob os lábios de Emme, os pressionando de uma forma sensual para que ela se calasse. — Não faça as perguntas erradas.— Emme elevou suas mãos até a dele e a afastou de seus lábios.— Por que está me mantendo aqui?— Ela perguntou, se referindo sobre essa posição. — Estou a ensinando,— Lúcifer disse pausadamente, deixando que Emme sentisse sua respiração em seu rosto.— a não ficar constrangida perto de mim.— — Por que isso é necessario?— — Por que irá assumir o papel de minha amante amanhã.— Ele disse, colocando seu dedo indicador em cima daquela pequena marca vermelha que se formava toda vez quando Emme se sentia timida. Ele acariciou aquela parte com movimentos leves.— Você não acha que seria um erro minha amante se sentir constrangida perto de mim? Ou me temer?— Lúcifer escorregou seu dedo até o pequeno maxilar de Emme, deixando que seus olhos acompanhasse cada movimento que ele fazia. Nessa hora, aquele calor que Emme estava sentindo, já parecia ser mais um incêndio e ela não sabia mais como agir.— Diga-me como amantes se tratam, pumpe.— — Eu... Isso é errado.— Ela falou, falando sobre o que ele estava fazendo para que não se sentisse constrangida. Mas Lúcifer parecia não se importar com o que Emme falava, pois sua resposta fez com que o vampiro sorrisse. — Seu corpo responde a mim, mas sua mente não...— Ele percorreu seu dedo pelo maxilar de Emme pela ultima vez e o escorregou para seu pescoço, fazendo com que ela estremecesse.— Você gosta disso, mas luta contra suas vontades.— — Lúcifer...— — Não lute.— Ele disse.— Deixe que o seu nome descreva quem você é, Fiemme.— Emme não entendeu o que Lúcifer quis dizer sobre o seu nome, mas antes que ela pudesse falar algo, Lúcifer a olhou de uma maneira que fez com que ela desistisse de qualquer coisa. E um brilho apareceu em seu olhar, seus olhos brilharam como em seu sonho... E então, ele tirou sua mão de perto do corpo dela e se afastou.— Boa noite, pequena pumpe.— Lúcifer disse ainda em um sussurro e com um sorriso ironico em seu rosto. E quando Emme abriu seus olhos depois de piscar, o vampiro de olhos verdes não estava mais na sala. Emme permaneceu naquele lugar em que Lúcifer havia a colocado por mais de meia hora. Somente agora sua mente estava começando a funcionar normalmente, mas em um processo lento. Ela não conseguia entender o motivo por ter sentido aquele tipo de calor com ele tão próximo dela. Emme já esteve perto dele várias vezes, mas hoje algo mudou. Seus olhos correram ao longo de seus dedos, que estavam marcados por tanto segurar a beirada daquele balcão. Não seria admirável caso o móvel tambem estivesse destruído, mas a única coisa prejudicada foi Emme. Eu quero fazer muitas coisas com você, lystne dame. O sussurro de Lúcifer ecoou em sua mente, a provocando como se ele ainda estivesse próximo dela, falando aquelas coisas. Emme ergueu seus olhos para o nada. Mas o que Lúcifer gostaria de fazer? Ela fez a pergunta para sua mente, não tendo nenhuma resposta. Com toda essa impureza acontecendo em volta dela, Emme até mesmo perdeu sua fome. Sem contar que ela foi obrigada a isso, já que não faria questão nenhuma em perambular pela mansão do


vampiro depois que tudo isso aconteceu. Emme não desejava se encontrar em outra posição insana com Lúcifer. Não mesmo. Se Deus pudesse exorcizá-la nesse momento, ela tinha certeza de que seria a primeira da fila. Claro que Emme não tinha muitos pecados, mas apenas de estar perto de Lúcifer, já a fazia ter o primeiro lugar em um julgamento. Emme saltou do balcão em seguida, sentindo suas pernas totalmente bambas. Seu corpo ainda não havia voltado ao normal, depois do susto que ela levou ou seja lá Deus o que ela sentiu com Lúcifer fazendo contato físico. Por mais estranho que fosse, essa era uma boa sensação... Mas Emme não desejava mais sofrer disso. Ela revirou seus olhos cinzas ao se enfezar com ela mesma. Era ridículo Emme tratar seus sentimentos como doenças. O que ela sentia em relação a Lúcifer, com certeza, não era uma doença. Emme subiu a escada principal da mansão em seguida, caminhando para o seu quarto. Nesse momento, dormir era melhor opção. Na verdade, Emme gostaria de fazer igual a ursos no momento, assim ela não iria ter que mentir para o bem de Lúcifer e nem ao menos se sentir completamente confusa em relação ao vampiro. Mas ela ainda corria o risco de sonhar com ele, então, o mundo real era muito mais agradavel já que Emme ainda tinha um pouco de controle sob ele. *** No dia seguinte, assim que Emme abriu seus olhos, ela ficou feliz por ainda ser dia. Mesmo que estivesse frio e com neve por todo o lugar. Emme necessitava ter raios solares em sua pele, ainda mais sabendo que Lúcifer não apareceria perto dela quando estivesse exposta ao sol. Assim que deixou sua pequena preguiça de lado e se levantou, Emme foi diretamente para o guarda-roupa que havia no quarto, totalmente curiosa para ver as roupas que Leila havia comprado para ela. Mas ao mesmo tempo que estava feliz, ela rezava para que suas roupas não fossem indecentes. Afinal, se Leila permitia que sua filha usasse um vestido tão pequeno como o que haviam emprestado para ela, não ficaria tão feliz se a governanta tivesse comprado esse tipo de roupa. Mas Emme se sentiu totalmente aliviada assim que experimentou um vestido azul claro e como de costume ele ia até seus joelhos. Ela até mesmo achou fofo o modelo dele, já que havia uma enorme faixa que passava por sua cintura e formava um laço em suas costas. Emme adorava laços. Depois que se arrumou e cuidou dos seus cabelos ela saio do quarto. Tudo indicava que indicava que era muito cedo, exatamente por isso que Emme não precisou da sua alma de gato para caminhar atentamente pelos corredores. Provavelmente Lúcifer estava dormindo a essa hora, já que era uma criatura da noite. Emme ainda se sentia morta de fome, principalmente por não ter comido nada no dia anterior, mas em seu caminho até a porta principal da mansão, ela não havia encontrado ninguém. E decidiu que não iria em busca da cozinha novamente, pois noite passada havia sofrido muito.


Os dedos pequenos e quentes de Emme passaram pela maçaneta da porta e assim que a abriu, ela sentiu os raios solares invadindo o lugar até encontrar sua pele, a deixando ainda mais quentinha. Depois de alguns dias fechada em casas e carros com vidros que não permitiam eles ultrapassaram e caminhando somente sob a luz do luar, ela havia se esquecido de como era boa a sensação. Emme fechou a porta em suas costas e passou a caminhar pelo jardim da mansão de Lúcifer, não se importando nem um pouco com a neve sujando suas botas, sem saltos, que afundavam conforme o lugar que pisava. Realmente, estava bem frio já que a neve não derretia mesmo tendo o sol sob ela e qualquer pessoa que visse Emme vestindo uma roupa de verão, diria que estava ficando louca. Mas eis um fato para que ela não se considerar louca, Emme raramente sentia frio. Bom, isso era algo insano para qualquer ser humano, mas para ela era algo normal. Emme se sentou em um banco que havia encontrado no meio do jardim. Havia uma enorme vista para a cidade de onde estava sentada e gostou de admirá-la. Aproveitando o silêncio de tudo e sua solidão, ela fechou os olhos. Por mais estranho que fosse, Emme não conseguia tirar a cena impura que Lúcifer a fez passar na noite passada, muito menos em como o seu nome ficava belo quando saia da boca do vampiro. E... — Você não deveria estar aqui.— Uma voz masculina soou em frente de Emme, fazendo com que ela abrisse seus olhos e encarasse um homem segurando uma arma e vestindo roupas negras.— Não é seguro.— Ele resolveu adicionar, para não parecer grosseiro. — Por que não?— Emme perguntou, já que não estava com nenhuma vontade de voltar para a mansão de Lúcifer. Ela havia passado muito tempo trancada no convento, não gostaria que o mesmo acontecesse quando estivesse com o vampiro de olhos verdes. — Essa mansão foi atacada ontem e ficar exposta aqui é algo perigoso.— — Você é humano?— Ela perguntou, fugindo totalmente do assunto e deixando o homem confuso. — Eu sou um licantropo, senhorita.— Ele a respondeu gentilmente e Emme, realmente, havia se desacostumado com pessoas que eram educadas, afinal, Lúcifer era ao contrario de tudo que ela havia conhecido e treinada para lidar. — Então acho que não corro nenhum perigo com você aqui.— Emme disse de uma forma inocente, não desviando seus olhos. Ela havia conhecido Nyx ontem, e mesmo sendo assustadora, a licantropa era muito gentil. Então não ficou com medo na presença dele. — Não creio que Lúcifer gostará de tê-la aqui fora.— — Eu sou humana e preciso de raios solares para viver, não me faça ir para dentro.— Aquela voz manhosa decidiu aparecer assim que Emme começou sua frase, não deixando de existir até ter terminado. Ela se sentiu como uma criança pedindo ao seu pai para deixar ficar mais tempo acordada em uma noite de natal. Por um momento culpa passou por Emme. Ela não sentiu medo de Nyx e Iawy quando os conheceu. Até mesmo ficou fechada em uma sala sozinha com um incubbus. E agora, não sentia nenhum medo em estar a sós com um licantropo... Mas quando era Lúcifer e ela, parecia que seu coração pararia de bater. — Se você permanecer aqui por alguns minutos, em quanto fico sentada... Não acho que Lúcifer ficaria furioso, pois de alguma forma ou outra, estaria me protegendo.— — Ok, eu lhe darei apenas mais alguns minutos.— Emme sorriu ao ter conseguido convencer a aquele homem.— Mas é apenas isso, alguns minutos.— — Obrigada.— Ela alargou seu sorriso, se virando um pouco para encontrar os olhos daquele


homem que havia acabado de sentar no mesmo banco em que estava.— Qual é o seu nome?— Emme perguntou, pois estava obvio que ele não sairia dali até que ela estivesse voltando para a mansão, voltando para baixo da asa protetora do vampiro. Mas como Emme nunca gostou do silêncio, não teve nenhum em tentar começar uma conversa com o licantropo que lhe fazia companhia e a protegia ao mesmo tempo.


06Antes de entrar novamente na mansão, depois de ficar conversando com Leonard, o licantropo que permitiu que Emme ficasse lá fora, ela o encarou pela ultima vez. Leonard tinha grandes olhos negros, igualmente ao seu cabelo que era todo cacheadinho... Mas se ele andasse apenas durante a noite, Emme diria que ele era um vampiro, afinal, sua pele era muito palida e sua roupa negra fazia com que ficasse ainda mais parecido com essa raça. Emme sorriu para o licantropo gentilmente pela ultima vez e entrou na mansão... Apenas para encontrar os olhos verdes mais desumanos e raivosos que ela já tinha visto. Lúcifer pegou o braço de Emme a puxando para longe da porta e a bateu em seguida para que os rios solares não o agredissem. Mesmo com essa brutalidade toda, ela não se importou em ser puxada, pois ele não a machucou e o motivo por ter feito isso foi por uma boa causa. Mas quando o vampiro bateu a porta com uma força tão inapropriada, Emme ficou um pouco assustada. — Bom dia, Lúcifer.— Ela disse para o vampiro assim que recebeu o olhar dele, um olhar fuzilador. — O que você estava fazendo lá fora?— Lúcifer perguntou de um modo seco, mas ao mesmo tempo era algo afiado como uma lamina. — Eu est...— — Não me responda.— Ele a interrompeu antes mesmo que Emme terminasse sua palavra.— Não seja ingenua no meu mundo, pois não faz ideia do que as criaturas sobrenaturais são capazes, não faça nada sem minha permissão!— — Lúcifer, eu...— — Você poderia ter morrido, Emme.— — Eu só estava no jardim!— Ela disse rapidamente, para que ele não a cortasse. — Ignore-o, Emme.— A voz de Leila soou atrás de Lúcifer e Emme desviou seus olhos do vampiro em sua frente para ver a governanta melhor.— Lúcifer está com ciumes.— — Cale-se, Leila.— O vampiro foi grosso com ela, deixando Emme um pouco irritada pelo tom que ele usou com sua governanta. — Por que?— O tom de Leila foi ironico dessa vez.— Ciumes é um sentimento tão belo.— — Por que você está com ciumes, Lúcifer?— Emme perguntou inocentemente. — Eu não estou com ciúmes!— Ele explodiu.— E se você não quer perder seu emprego, Leila, mantenha sua boca fechada.— — Você está sendo rude.— Emme disse para ele. — Você está sendo rude.— Lúcifer repetiu a mesma frase que Emme acabará de falar, a imitando e não deixando de lado a voz manhosa que ela costumava usar. Ele a encarou dessa vez, seus olhos quase a matando, se fosse possível. — Eu não estava fazendo nada alem de ficar sentada em um banco... Com um de seus seguranças. — Ela adicionou, assim que notou o olhar de Lúcifer que esperava por essa parte. — Sim, com o meu empregado.— Ele concordou.— Em quanto vocês riam, conversavam e sorria para ele, deixe-me lembrar, que corria perigo, Emme.— — Eu sou humana, Lúcifer.— Emme estourou dessa vez.— Eu preciso de raio solares para não


ficar doente e estar perto de você, isso é algo que possivelmente nunca vou ter.— — Oh, me perdoe por estar destruindo sua vida.— — Ontem quando eu disse que ia embora você ficou muito feliz, então não banque o ofendido agora.— Emme rebateu com uma raiva que desconhecia totalmente. Ela foi ensinada a nunca discutir e entender o lado do próximo, mas era impossivel usar essas coisas com o vampiro. — CALE-SE LEILA!— Lúcifer gritou com sua governanta que estava em silencio no momento, observando a briga dos dois. — ELA ESTÁ CALADA!— Emme gritou de volta para defender Leila, que ficou surpreendida ao receber um grito do seu chefe. Emme fechou seus olhos por um segundo, arrependimento passava por suas veias. Isso não era ela. Gritar, se estressar e descontar tudo em alguém não fazia parte de quem ela era.— Pare de ser grosso e rude.— Ela adicionou assim que abriu seus olhos. Os olhos verdes de Lúcifer ficaram fixos aos dela por um longo momento, ele apenas fez isso e deixou Emme notar que essa expressão que estava em seu rosto, era de longe qualquer uma que já tinha visto e muito menos era algo como aquela que ele usou na noite passada. Mas não era ciúmes, Emme tinha certeza disso. Lúcifer não tinha nenhum motivo para se sentir assim... Bom, talvez Leonard fosse um amigo dele, sendo assim, não deve ter gostado de Emme conversar com alguém próximo a ele. Lúcifer soltou um riso amargo deixando Emme um pouco confusa, já que não tinha visto nenhum motivo para rir até agora.— Não seja uma tola.— — Eu não estou sendo tola.— Ela o respondeu em um tom calmo, tentando respirar profundamente para não deixar o tom da sua voz alta.— E você não tem nenhum direito em dizer essas coisas para mim.— — Nunca. Saia. Sem. Minha. Permissão.— Lúcifer rangeu as palavras entre os dentes, ignorando o que Emme acabará de falar. — Não me faça ser sua prisioneira, Lúcifer.— Ela rebateu ao mesmo tempo que sacudia seu braço para que a soltasse. Pois agora, ele estava machucando. Lúcifer a soltou, quer dizer, ele jogou seu braço como se aquilo estivesse o queimando e sua expressão passou a ser aquela mascara que não demonstrava nada alem de seu olhar superior.— Você tem razão.— Ele deu alguns passos para trás, até encontrar a escada principal, não deixando o olhar dela.— Eu sinto muito.— Mas ele não sentia. Lúcifer podia estar sentindo qualquer coisa no momento, menos culpado. Com um ultimo olhar fuzilador para Emme, ele subiu as escadas. Somente depois de escutar uma porta sendo batida com muita força, ela conseguiu olhar para Leila, que ainda estava parada no mesmo lugar desde que a briga dos dois começou. — Me desculpe.— Emme murmurou ao se sentir constrangida pela governanta ter visto esse momento tão ruim. Talvez Lúcifer estivesse acostumado com Emme perdendo a cabeça, mas Leila não merecia conhecer esse lado dela. — Está tudo bem, Emme.— Leila disse com um sorriso gentil, parecendo nem se importar com Lúcifer ter gritado com ela ou ter ameaçado tirar seu emprego pela milésima vez.— Eu já vi coisas piores nessa casa.— Os olhos de Emme foram para cima, exatamente para o lado direito no final da escada onde havia um corredor, exatamente para onde Lúcifer havia ido.— Lúcifer é complicado de lidar, Emme, não fique triste por causa dele.— Leila resolveu adicionar. Os olhos dela arderam assim que se lembrou de tudo que passou nos dias anteriores, nos anos anteriores e tudo o que aconteceu em sua vida. As lágrimas logo ameaçaram a cair assim que sua mente estava nos dias que esteve com Lúcifer. Desde que esteve no convento, mesmo ele dizendo


que a mantinham como prisoneira, Emme nunca foi tratada de maneira ruim. Ela não estava acostumada a ser chamada de tola ou receber um tratamento frio e rude. Resumindo, Emme não estava acostumada a Lúcifer. E o tratamento dele, era algo que só a fazia se afastar cada vez mais do vampiro, mas... o vampiro tambem conseguia ser doce quando queria e isso conseguia encantá-la de uma maneira interessante. Emme também não podia esquecer do que sentiu na noite passada.— Eu estou com fome.— Foi o que ela disse para Leila, decidindo lidar com esse assunto depois. — Vamos arrumar algo para você comer, Emme.— A governanta em sua frente sorriu, acenando para que ela a seguisse. Emme respirou fundo algumas vezes em quanto caminhava a trás de Leila, não prestando nenhuma atenção no caminho que estava fazendo. Ela tentou diversas vezes pensar em comida em vez de Lúcifer, mas aparentemente, o vampiro conseguia ter mais espaço em sua mente.— Você disse que Lúcifer estava com ciumes, por que?— Ela perguntou para a governanta assim que entraram na cozinha e assim que isso aconteceu, ela teve certeza que não conseguiria comer caso não tirasse suas duvidas. Afinal, o cheiro de comida no local era ótimo e mesmo assim Emme não conseguiu tirar Lúcifer da cabeça. — Lúcifer não gostou muito de vê-la rindo e conversando com um de seus guardas.— Leila lhe explicou.— Provavelmente ele odiou o fato de que você consegue ser... normal, com outras criaturas sobrenaturais, e quando se trata dele, você se fecha e sente medo.— — Lúcifer é diferente.— — Não posso discordar.— Leila disse gentilmente.— Mas você nunca tentou conhece-lo melhor, aparentemente, ficar afastado dele é o seu melhor plano.— — Você viu como ele me trata, por que iria querer ficar perto dele?— Emme perguntou.— Alem do mais, as outras criaturas que eu conheci, são muito gentis. Lúcifer apenas me trata de uma forma rude e quando não faz isso, pratica coisas que não são...puras. E quando tento abrir uma porta, ele realmente fala coisas que machucam.— — Lúcifer é um bom homem, Emme, mas o tempo faz com que as pessoas se tornem obscuras.— Culpa bateu em Emme exatamente como um tsunami destruia uma cidade inteira com apenas uma onda. Leila tinha razão. Lúcifer podia ser estranho e rude o quanto fosse, mas até agora não tinha desistido dela e essa loucura que costumava chamar de maldição. Emme nunca tentava entender o lado dele.— Eu odeio que me tratem como uma tola e Lúcifer parece ser profissional em fazer isso. — Ela murmurou. — Vocês são exatamente o oposto um do outro, mas combinam muito bem juntos.— Emme ficou confusa com isso. — Eu não quero ficar junto com ele.— Foi sua resposta. — Você tem que entender o lado dele, Emme.— Leila disse.— Lúcifer pode ser muito problematico, mas provavelmente deve se sentir um monstro ao ver que você é gentil e age normalmente com outras pessoas. Eu sei que é dificil pedir isso, mas não o veja como um vampiro que pode lhe matar... Apenas o olhe como um homem.— — Eu juro que irei tentar.— Emme disse em um tom que realmente demonstrava que ela iria dar uma chance a ele.— Mas é algo quase impossível. E eu mau posso acreditar que ele está, realmente, com ciumes por causa de mim.— — Você não se arrependerá ao tentar, Emme.— Leila trouxe uma bandeja para Emme, a fazendo notar que em quanto conversavam, a governanta não deixou seu trabalho de lado.— Agora me conte que coisas 'não puras' são essas que ele faz com você.— Emme sorriu, mas não sabia exatamente se era para a comida ou para Leila. E mesmo que um


momento de fofocas começasse entre as duas, sua mente ainda estava no que havia acontecido. Ela não conseguia acreditar que Lúcifer sentiu ciumes, mas seja lá o que tivesse acontecido com ele para tratá-la daquela maneira, Emme tinha certeza que não o encontraria mais na mansão por um bom tempo e muito menos que ele iria atrás dela para se desculpar. *** Durante toda a tarde, Emme passou trancada em seu quarto. Leila tentou a convencer para fazer algo mais divertido do que ficar em sua cama. Mas a verdade era que ela não estava animada para mais nada, depois que sua raiva passou, a magoa veio e era como se a voz de Lúcifer ainda soasse dentro da sua cabeça, a chamando de tola. Emme sabia que a culpa dela era maior nessa historia, pois tratar todos igualmente e dar a Lúcifer algo diferente, era muito errado. Mas o vampiro era culpado por isso, as outras pessoas não a colocavam em cima de um móvel e ficavam próximas de uma maneira que podia sentir a respiração em seu rosto. Muito menos a trataram de um modo superior e rude. Ela preferia o Lúcifer da noite passada do que esse que a tratava como algo que não tinha nenhum significado. Pelo menos quando ele a deixou sentada em cima daquele balcão, Emme pode ver em seus olhos que significava algo para ele... Emme mordeu seu lábio inferior com força em repreendimento. Não seja uma garota impura, sua mente exigiu. Ela se alto exorcizou no minuto seguinte. Mas acabou desistindo ao perceber que tinha virado uma completa pecadora. E o vampiro era culpado por isso. O som de alguém batendo na porta ecoou pelo quarto em seguida, tirando Emme de seus pensamentos, mas a deixando feliz ao mesmo tempo em pensar que poderia ser Lúcifer. Mas como ela imaginou anteriormente, ela não o veria mais na mansão para receber ou pedir desculpas. Leila entrou no quarto em seguida, olhando diretamente para os olhos de Emme que preferia dormir o dia inteiro do que se levantar dessa cama.— A noite está próxima, Emme, precisa começar a se arrumar.— — Por que?— Ela perguntou ao mesmo tempo que se virava na cama para ficar na direção de Leila. — Aqui é muito agradavel.— — Você e Lúcifer irão para a festa mais tarde.— A governanta a lembrou. — Eu não acho que Lúcifer queira minha companhia.— — Talvez.— Leila disse com uma sinceridade que quase partiu o coração de Emme.— Mas ele precisa de você.— Sim, Lúcifer precisava. — Você irá me ajudar a me arrumar, Leila?— Emme perguntou manhosamente, se sentando na cama para tomar coragem e enfrentar os fatos de que iria para uma festa com Lúcifer no meio de tantos vampiros que desejavam a morte dele, sem contar, que Lúcifer provavelmente não a queria ver nem se fosse uma santa. — Vá tomar banho que cuidarei do seu vestido.— A governanta disse e Emme tomou isso como um sim. E logo em seguida, ela estava caminhando para o banheiro assim como foi mandado, mas não


sem antes sorrir para Leila. Emme não demorou muito no banho, pelo menos ela pensava que não. Mas assim que saio do banheiro notou que já havia escurecido e quando entrou, não estava noite ainda. Sendo assim, demorou um pouco em seu banho. Mas ela não tinha culpa, pois lidar com seu cabelo longo era algo complicado no final das coisas. Uma blusa que era inteiramente preta estava em cima da cama, ela aparentava ficar justa na cintura em quanto em baixo era como se fosse um pequeno balão. Emme odiou por ser tomara que caia, pois seus seios iriam ficar bem expostos no decote. Ao lado dele havia também um par de sapatos que também eram pretos, mas o detalhe que chamou a atenção de Emme foi que eram de saltos finos, muito finos. Ela já havia visto esse modelo em algumas revistas, se não se enganavam, se chamavam scarpin.— Onde está a parte de baixo da minha roupa?— Emme decidiu perguntar, assim que notou que não havia mais nada em cima da cama. — Parte de baixo?— Leila perguntou, fazendo com que Emme notasse que a governanta não havia compreendido sua pergunta. — Isso na cama, é uma blusa certo?— — Isso é um vestido, Emme.— Leila lhe disse calmamente e lentamente, pois assim que falou para Emme que aquilo era um vestido, ela devia ter ficado muito palida. — Isso...— Emme entrou em choque.— Eu não posso usar isso!— — Eu sei que é um pouco exagerado pra você, mas foi Lúcifer que escolheu...— — Lúcifer escolheu isso?— Emme ficou ainda mais chocada.— Ele me odeia tanto assim?— Leila encarou Emme com um sorriso primeiramente, mas logo ele sumiu.— Lúcifer está sendo cuidadoso para que acreditem na mentira que vocês estarão contando hoje. E ele costuma sair apenas com pessoas que usam esse tipo de roupa.— — Eu não sou uma indecente.— — Eu sei disso, mas Lúcifer é.— Emme encarou o vestido e sentiu sua raiva crescer. Ela podia ver o rosto de Lúcifer sorrindo ao comprar esse vestido, um sorriso que dizia que essa rouá iria provocar Emme a ponto de querer matá-lo. Ela respirou fundo algumas vezes, por mais que odiasse se vestir com uma roupa tão curta e escandalosa, era a vida de Lúcifer que estava em jogo... Então ela faria isso por ele. — Talvez fique menos chamativo ao colocar um casaco.— Leila tentou melhorar a situação. — Sem casacos.— Emme disse.— Eu não irei passar frio.— — Tudo bem.— A governanta em seguida pegou o vestido em cima da cama e entregou para Emme.— Se troque agora e depois daremos um jeito em seu cabelo, Emme.— Assim que Emme vestiu aquela roupa indecente, ela tirou a toalha de volta do seu corpo. Mesmo Leila sendo uma mulher, ela ainda se sentia envergonhada em estar sem roupa em sua frente. A única coisa exposta para a governanta foi sua costas, que ainda estava marcada com um hematoma de uma queimadura. Quer dizer, o corpo de Emme era todo marcado e odiou demais ao ver que um lado de seus ombros, expostos a qualquer olhar, tinha uma marca de queimadura que aconteceu a uma semana. Se ela não sofria de uma maldição, só podia ser uma aberração. Esse era o pensamento dela sempre que se sentia mal ao ver seu corpo todo marcado...


— Você me lembra minha filha com medo de ir ao seu primeiro baile.— Leila se aproximou de Emme, para que pudesse fechar o ziper do vestido, e encontrou os olhos dela pelo espelho em que ela estava se observando.— Medo de falhar em um dia importante.— — Eu não me sinto bem mentindo, é apenas isso.— Emme disse. Com medo, era obvio que estava. Pois se falhasse, Lúcifer poderia morrer e ela não gostava nem de imaginar o que aconteceria com ela em seguida. Leila agora caminhou para ficar de frente com Emme e lhe deu um sorriso gentil.— Não se preocupe com isso. É para uma boa causa, então não se sinta culpada.— — Eu não quero que Lúcifer morra.— Ela disse, se convencendo que Deus não iria castigá-la por fazer isso. — Exato.— Ela concordou com Emme.— Então vamos a deixar ainda mais linda do que já está.— A governanta fez com que Emme desse as costas para ela e a sentou na cama logo em seguida, deixando Emme longe do espelho. Tendo isso acontecendo, ela teve certeza que essa era a parte em que Leila lidaria com seu cabelo. Mas isso não foi o problema para Emme, pois Leila apenas puxou seus cabelos para trás e fez um rabo de cavalo alto. Algo simples, mas bonito. Ao mexerem no cabelo de Emme, ela sempre ficava um pouco tensa, pois por serem compridos, era dificil de se Lidar e sempre acabavam a machucando. Mas o que mais deixou Emme tensa, foi na parte em que Leila apareceu com uma pequena cesta cheia de maquiagens em sua frente.— Eu não fico bem com isso.— — Toda mulher fica mais bela com maquiagem, Emme.— — Eu nunca usei maquiagens, Leila, não acho que seja adequado.— — Prometo não fazer nada exagerado, apenas passar lápis preto em seus olhos para realçá-los.— — Tudo bem.— Emme concordou com isso após soltar uma respiração pesada. Ela aceitaria qualquer coisa essa noite, pois como admitiu agora a pouco, Emme não desejava a morte de Lúcifer. Então, aceitaria esse vestido, aceitaria saltos altos e maquiagens... Até mesmo permanecer ao lado de Lúcifer após tê-la chamado de tola. Isso havia magoada Emme, mas ela tinha certeza que ficaria ainda mais triste se Lúcifer perdesse sua vida, ainda mais sabendo que seria sua culpa.


07Lúcifer encostou no inicio do corrimão da escada de sua mansão assim que o relógio antigo em sua frente começou a badalar oito horas. Por um momento pensou em voltar para seu quarto e ficar se admirando no espelho, já vestido com seu smoking comum, em vez de ficar parado como se tivesse criado raizes no lugar. Mas o vampiro estava impaciente, nem mesmo admirar sua beleza podia funcionar no momento. Afinal, depois do que aconteceu hoje, ele até mesmo queria distancia de Emme. Era obvio que Lúcifer não desejava comparecer nessa festa, sua vida esteve tão ameaçada a ponto de ter que se esconder para que não o encontrassem muitas vezes e isso não fez nenhuma diferença para ele. O vampiro não tinha medo dos criptas, era muito mais fácil que eles o temessem, já que no final de tudo era o melhor amigo do rei dos vampiros... Mas eles queriam algo de Lúcifer nessa festa, algo que o vampiro não daria, pois o único motivo para comparecer no lugar, era para que se livrasse desses vampiros. Emme não podia lidar com tantos vampiros tentando assustar Lúcifer. E aparentemente, Lúcifer não podia lidar com Emme. A maneira que ficou irritado ao ver ela se dando bem com um de seus seguranças não era normal. Ele pode sentir seu coração batendo, batendo por raiva. Lúcifer sabia que a assustava a ponto de querer distancia, mas isso era quem ele era... E Emme nem ao menos tentou entender isso. Exatamente por isso que ela jamais poderia descobrir seu maior segredo. E se isso acontecesse, ele sabia que a perderia. Lúcifer revirou seus olhos verdes em revolta. Por que estava pensando coisas como essas? Sua mente perguntou. Estava muito obvio que o único interesse por Emme era algo físico e seu desejo de ter seu sangue. E ele teve ainda mais certeza quando se descontrolou ao sentir o cheiro do liquido mais delicioso que já poderá existir. Lúcifer olhou para o outro corrimão ao seu lado esquerdo, procurando algo para distrair sua mente que insistia em pensar na humana que estava em sua casa, mas assim que ele fez isso, seus olhos correram para o topo da escada, pois Emme havia chegado. E ela estava linda. Lúcifer esteve tão em volta de criaturas sobrenaturais nos ultimos anos que até mesmo havia se esquecido de como uma humana também podia ficar linda a ponto de ser confundida com uma vampira, sem nenhum defeito.


E sua imaginação não o enganou ao imaginar o corpo de Emme naquele vestido que havia escolhido, ela estava fantastica. O vampiro não quis que ela percebesse que ele estava a observando, então assim que os olhos deles se encontraram, Lúcifer desviou seu olhar para bem longe. Um príncipe. Lúcifer pegou metade do pensamento de Emme ao prestar atenção em sua mente, mas apesar dela parecer estar brava com ele, ela não deixou de ser gentil. Assim que Leila e ela chegaram no ultimo degrau, Lúcifer notou a cara expressão de Emme se fechar. Ele sabia o por que disso, ela estava furiosa por tê-la chamado de tola. De tantas coisas Emme apenas se importava com isso. Lúcifer sentiu que seu olhar fuzilador estava de volta por apenas lembrar dela sorrindo com Leonard e se irritou ainda mais por estar bravo por algo que aconteceu durante o dia. Os olhos dos dois se encontraram por um instantes, e os sustentaram por um bom momento. Mas como se uma briga em silencio estivesse acontecendo, ambos viraram o rosto ao mesmo tempo para encontrar a governanta ao lado deles. E Lúcifer quase sorriu, pois mesmo que Emme tentasse fazer expressões que diziam que ela estava furiosa, era quase impossivel ter sucesso. — Eu desejo boa sorte para vocês.— Foi o que sua governanta disse, em quanto o puxava pelo braço para que ficasse mais próximo de Emme.— E que se divirtam.— — Obrigada, Leila.— Emme a respondeu com a mesma gentileza de sempre, com quase um sorriso se formando em seus lábios. Lúcifer soltou uma respiração pensada e começou a caminhar para longe de Leila.— Vamos acabar logo com isso.— Foi o que ele disse, notando que Emme estava com uma pequena dificuldade ao andar em saltos, então se sentindo bonzinho, diminuiu a velocidade de seus passos até chegarem na limousine que os esperavam lá fora. Seus olhos verdes foram para o colar de esmeralda que havia lhe dado no dia anterior, assim que Lúcifer abriu a porta da limousine para ela. Era um colar muito lindo e valioso, era surreal ver um crucifixo tão grande esculpido em uma pedra cara... Emme só podia ter pertencido a uma família muito importante antes de ser largada em um convento. Lúcifer a observou por mais um momento assim que ela deu as costas pra ele para que pudesse entrar no automovel. Emme era uma garota nova, no maximo havia 17 ou 18 anos e considerando essa idade com o corpo que tinha, era impossivel ter certeza disso. Mas Lúcifer tinha, pois no seu registro em que constava que estava morta, havia uma data. Ele só não sabia se era a verdadeira data em que havia nascido, mas era uma data em que comemorava seus aniversarios. Verdadeira ou não, era importante para Emme. Seu aniversario havia sido um dia antes de se conheceram e o vampiro não poupou sua irônia ao pensar que tinha sido um belo presente para sua humana. Claro que Emme provavelmente considerava ter o conhecido como um pesadelo, mas isso era um


mero detalhe. Durante o caminho todo para a mansão dos criptas, o silêncio foi algo torturador. Lúcifer sabia que Emme odiava o silêncio, mas ela estava fazendo um ótimo trabalho em estar o odiando, então tudo que o vampiro fez foi prestar atenção no coração dela que batia aceleradamente toda vez que a limousine ameaçava parar, a fazendo pensar que haviam chegado. Lúcifer tentou não observá-la muito, por mais que isso fosse seu desejo, ele não seria o primeiro a quebrar o gelo formado entre eles. Humanos não eram os únicos que defendiam suas dignidades com unhas e garras. Mas quando a limousine passou pelos portões da mansão do culto que Lúcifer participou um dia, o coração de Emme passou a bater muito mais rapido e se ele não pudesse escutar seus pulmões, poderia dizer que ela estava tendo uma crise forte de asma. Lúcifer decidiu deixar sua dignidade de lado a partir que ouviu o pensamento medroso dela, dizendo que não conseguia fazer isso. Desistindo da dignidade, grande vampiro mole que ele estava virando... E tudo por causa de uma humana. — Emme.— Ele disse seu nome para que conseguisse o olhar dela, não se importando nem um ao pouco com a limousine parada na entrada da mansão, atrapalhando o movimento de outras que estavam logo atrás deles. Nem um pouco se importando também em estar no território de pessoas que desejavam sua morte e que provavelmente estavam escutando a conversa deles. Emme olhou para Lúcifer, mostrando para ele seus olhos cinzas aterrorizados.— Eu não vou deixar que nada aconteça com você.— Foi o que ele disse. Mas isso significava muito, pois se Lúcifer precisasse matar todos nessa mansão essa noite, isso aconteceria. — Eu estou com medo.— Emme murmurou, deixando que o medo varresse todas suas emoções para longe, principalmente a raiva com Lúcifer. — Você está segura comigo, pumpe.— Emme passou seus olhos por Lúcifer mais uma vez, talvez para ter certeza de que ele estava falando sério. Seus lábios se entreabriram para dizer algo, mas antes mesmos que ela falasse algo, a porta da limousine foi aberta por alguém. Lúcifer odiou que os atrapalhassem, mesmo sabendo o que Emme diria. Eu confio em você, foram seus pensamentos, antes que a fizessem desistir de dizer em voz alta. Confiança era algo importante, mas confiar não era deixar de sentir medo. E Emme o temia mais do que contos de terror quando se é contado para crianças em uma madrugada. Mesmo que ela tentasse, o medo sempre a vencia. Talvez a pequena guerreira não fosse tão brava como imaginou. Lúcifer saio do carro em seguida, encarando com um olhar fuzilador o vampiro que provavelmente era empregado dos criptas e que fez questão de abrir a porta no momento errado. Se o vampiro de olhos verdes estivesse no humor, ele até mesmo permitiria que suas presas crescessem, para deixar seus olhos vermelhos. Deixar a mostra aquilo que o marcava como filho do demônio. Lúcifer estendeu sua mão para que Emme a pegasse depois, um gesto cavalheiro e que provavelmente o faria revirar seus olhos se ela não estivesse o encarando.


Ele sempre odiou o cavalheirismo, mas não pretendia deixar Emme com mais raiva. Ela respondeu esse ato rapidamente e o vampiro a ajudou a sair da limousine, mas quando Lúcifer estava prestes a soltar sua mão, Emme fincou suas pequenas unhas em sua mão, quase tirando um pequeno gemido do vampiro. Mas por um momento Lúcifer sentiu uma ponta de...algo por Emme não querer soltá-lo. — Pumpe.— Lúcifer olhou para ela, que parecia estar em choque ao ver tantas pessoas pálidas que passavam por eles, a fazendo pensar que eram vampiros... E Emme não estava errada.— Fiemme.— Ele disse seu nome de uma forma mais dura dessa vez, para chamar a atenção dela. E conseguiu. — Caminhe comigo.— — Ok.— Ela sacudiu sua cabeça em um sinal de sim e começou a andar, mas em nenhum momento ameaçou soltar a mão de Lúcifer, que estava começando a ficar quente pela temperatura dela. Lúcifer a levou para o outro lado da mansão, até o jardim que estava escuro e não havia nenhum movimento pelo lugar. Sem nenhum vampiro alem de Lúcifer. Infelizmente, assim que ele se posicionou em frente da humana com cabelos de fogo, seus olhos caíram em seu ombro, onde havia uma mancha escura. Uma queimadura que estava se curando. Emme notou que os olhos verdes dele estavam nesse hematoma e ficou sem jeito. Eu sou uma aberração. Lúcifer ouviu seus pensamentos, em quanto ela desviava seu olhar baixo, tentando ser forte. — Você é linda.— Ele sussurrou, para dificultar que outros vampiros os escutassem— Não uma aberração.— Ela o encarou com seu cenho perfeitamente franzido.— Como você sabe...?— — Eu tenho que lhe contar uma coisa, Emme.— Lúcifer disse antes que ela pudesse terminar sua frase.— Quando disse que podia ler mentes humanas, eu não estava brincando.— — Eu não acredito.— — E eu já estou cansado de falaram isso para mim.— Lúcifer foi irônico, mas realmente estava enjoado de falarem que não acreditavam nele.— Minha querida pumpe, até uma semana atras não acreditava em vampiros... E aqui está você, fazendo parte do meu mundo. É tão dificil acreditar nisso?— — Diga o número que eu estou pensado, então.— — 10.— — Palpite de sorte.— Emme começou a ficar pálida, lentamente.— Tente novamente.— — Número 6 e você escolheu ele por causa de mim. Por estar relacionado ao diabo.— Emme o encarou dessa vez, com seus olhos ficando maiores.— Você, realmente, lê mentes?— — Sim.— — E você ouviu todos os meus pensamentos desde que nós conhecemos?— Lúcifer deu de ombros, fazendo uma expressão sínica.— Foi inevitavel e por favor, não desmaie, justamente, agora.— — Eu pensei coisas...— — Eu sei, você me acha um homem elegante e com aparencia de um principe, principalmente quando me...— Lúcifer se calou, pois ela realmente parecia que iria desmaiar. — Eu sou uma impura.— Isso fez com que Lúcifer ficasse confuso, pois não compreendeu o que isso tinha haver com o assunto dele poder ler mentes.— Você é a pessoa mais santa que já conheci em toda minha vida, pumpe, não se preocupe apenas por ter alguns pensamentos quentes sobre mim.—


— Você não está sendo gentil.— Ela rebateu, com suas bochechas ficando vermelhas. Lúcifer adorava ver essa cor nela. — O ponto é...— Ele começou, recuperando o olhar de Emme.— Você pode falar comigo pelos seus pensamentos, quando não se sentir segura ou tiver com algum problema e esteja com medo de falar... Apenas diga meu nome primeiro e você terá minha atenção.— — Os outros vampiros não escutarão?— — Apenas aqueles que possuem mais de mil anos podem ler mentes, minha querida, e realmente são raros vampiros com essa idade.— — Você deveria ter me feito acreditar nisso mais cedo, Lúcifer.— Emme o repreendeu. — Por que?— Um sorriso irônico cresceu em seu rosto.— Eu sei que não preciso, mas adorava ouvir seus pensamentos sobre mim... Claro, tirando as partes em que me chamava de monstro.— — Eu sinto muito por isso.— — E eu sinto muito por tê-la chamado de tola.— — Eu acho,— Ela começou parecendo estar em duvidas nas palavras em que deveria usar.— que poder falar com você sem com que ninguém escute, é algo que ajuda muito.— — Agora, apenas sorria e vamos enfrentar essa festa para nos livrarmos desses vampiros que destroem minhas mansões.— Emme sorriu e se aproximou dele para que pudesse pegar em seu braço e começar toda essa loucura de amantes, mas Lúcifer não permitiu que ela pegasse em seu braço. O vampiro apenas passou seu braço por ela até encontrar sua cintura e a trouxe para mais perto do seu corpo. A sensação de como era poder tocar o corpo de Emme, sentir a curva de sua cintura... Lúcifer nem sabia como descrever. Ela tinha um corpo perfeito. Olhares e mais olhares, era isso que Lúcifer estava recebendo ao voltar para a vistas dos vampiros. Isso não o admirava, pois Emme era a única humana dessa festa e o vampiro de olhos verdes foi aquele que um dia falou que os seres humanos só serviam para uma coisa: alimentação. E agora, ele estava caminhando com Emme em seus braços. Eles entraram no salão onde a festa ocorreria e logo Lúcifer avistou os cinco tronos no final do lugar. Avistou o lugar que costumava ficar no passado. E que provavelmente um inútil o ocupava agora. O vampiro, não tinha arrependimento nenhum, por mais tediosa que sua vida fosse agora, estava bom... Mas não tão bom o suficiente para seu coração, que batia lentamente. Lúcifer focou na mente de Emme por um momento e teve que se segurar para não rir, pois ela cantava alguma música religiosa para tentar se distrair. — Lúcifer.— Uma voz grossa surgiu logo atrás dele, uma voz que Lúcifer conhecia muito bem. O vampiro não deixou de revirar seus olhos, pois pensou que teria mais tempo antes de encontrar aquele que mandava nos criptas, sem contar que ele destruiu a canção de Emme. Lúcifer colocou um sorriso falso no rosto e se virou, puxando a humana que acabará de congelar, ao seu lado, para o acompanhar.— Alex, meu caro.— E assim que isso aconteceu os olhos de Alex foram diretamente para Emme, a avaliando com um olhar de que gostava muito do que via. Mas ela, aparentemente, não gostava nada de ser avaliada pelo homem de olhos cor de mel que lembravam um leopardo. — Está é Emme.— Lúcifer disse.— Minha amante.— Ele colocou enfase na palavra minha, deixando bem claro que a humana lhe pertencia. Os olhos de Alex rapidamente voltaram para Lúcifer, mas foi Emme que conseguiu ter os olhos


daquele homem com cabelos loiros escuros e arrepiados por mais tempo.— Uma amante com a beleza de uma boneca.— Ele disse em quanto pegava a mão de Emme para beijá-la.— É um prazer, Emme.— Tudo que Emme fez foi se aproximar do corpo de Lúcifer exatamente como um filhote fazia quando estava com medo do predador em sua frente. Mas o vampiro de olhos verdes não se sentia protetor, pois quando sentiu as curvas de Emme se encaixarem com o seu corpo, ele pode sentir qualquer coisa menos proteção.— Igualmente.— Foi o que ela disse para Alex, tentando ser gentil. — É uma pena que seja conhecido por não dividir aquilo que é seu, Lúcifer.— Alex disse, conseguindo um olhar fuzilador do vampiro.— Adoraria conhecê-la melhor.— — E eu adoro saber que meu egoismo tenha se tornado famoso, pois assim, ninguém tomará o que é meu.— — Certamente, Lúcifer.— Alex disse movimentando sua cabeça em um tipo de reverencia antes de se afastar. Pelo menos o membro mais importante dos criptas ainda sabia quem realmente tinha poder no mundo obscuro.— Aproveitem a festa e se divirtam, nós estaremos observando.— Claro que eles estariam observando. Observando o momento para ter Lúcifer a sós e pedir algo que desejavam. Eles não se importavam de Lúcifer ter matado membros do culto, talvez o vampiro de olhos verdes tenha até mesmo feito um favor ao matar aquelas pessoas. Afinal, ninguém deseja conhecer a revolta de Hades. — Você está bem?— Lúcifer perguntou para Emme, que agora voltava a respirar normalmente. — Sim.— Ela sorriu um pouco, pelo menos tentou.— Ele parece... gentil.— — Ele se diverte com a morte de garotas como você, isso não parece ser gentil.— Lúcifer disse com uma certa raiva, mas logo se arrependeu, pois acabará de assustar Emme com sua indelicadeza. — Quando disse que adoraria me conhecer melhor, era para isso?— Ela perguntou, não entendendo a maldade real do que Alex falará. — Alex não tem nenhuma intenção de matá-la, minha querida pumpe.— Ele começou a explicando, procurando por palavras gentis.— Ele apenas a deseja em sua cama.— Emme ficou confusa por um momento, tentando entender o ponto disso tudo, mas não conseguiu.— Eu gosto muito da cama que estou no momento.— Ela disse inocentemente, olhando para Lúcifer com seus olhos cinzas, tão grandes por estar apavorada nessa festa cheia de pessoas não humanas, mas o melhor de tudo era que Emme ainda tentava sorrir. — Venha, pumpe, vamos achar algo divertido para fazer.— Foi o que Lúcifer falou ao invés de explicar qual era a verdadeira intenção de Alex ao tê-la em sua cama. Haviam coisas que era melhor ignorar, o vampiro decidiu. Lúcifer caminhou com Emme até o meio do salão, onde haviam vários outros casais que dançavam com a melodia tocada. Mas antes de chegarem até eles, um garçom chegou perto deles e ofereceu algo para pegarem. Emme não excitou nem um pouco ao pegar uma pequena tortinha. O vampiro havia se esquecido que tinha abrigado um dinossauro em sua casa ao invés de uma humana, mas antes que ela colocasse aquilo em sua boca, Lúcifer tomou aquela tortinha dela e enfiou em sua boca. Era obvio que ele não era fã de comidas desde que se tornou um vampiro, mas ao sentir o cheiro daquele alimente, o cheiro daquilo que mais idolatrava... Lúcifer não podia deixar Emme comer uma torta molhada a sangue. Ele havia esquecido de lhe avisar para não comer nessa festa, pois


tudo estaria modificado a gosto de vampiros. Ela olhou para ele, com um olhar que demonstrava que não havia gostado desse ato.— Isso foi rude. — — Não coma nada dessa festa, pumpe.— Ele a avisou antes que Emme o matasse por ter tirado a comida, praticamente, da sua boca.— Não é para você.— Emme deve ter entendido o recado, pois agora olhava para as bandejas prateadas dos garçons com repugnância. — Dance comigo?— Emme o pegou de surpresa. Lúcifer jamais esperava por esse pedido, como jamais imaginou que ela soubesse dançar a ponto de pedir algo assim. — Então freiras sabem dançar.— — Não.— Ela disse em quanto encontrava os olhos verdes do vampiro.— Mas uma freira antes de se juntar ao convento foi dançarina e como as tardes costumavam ser tediosas, ela me ensinou algumas coisas.— — Tão impura...— — Eu não sou impura, Lúcifer.— Emme o respondeu com aquela voz manhosa, aquela voz que demonstrava sua ingenuidade e inocencia.— Talvez... curiosa.— — Curiosos são pecadores, minha pequena pumpe.— Emme ficou em silêncio por um momento e Lúcifer aproveitou isso para levá-la até próxima dos outros casais. Assim que isso aconteceu ele a envolveu em seus braços na tão conhecida posição de dança para valsar e aproveitando a situação, o vampiro trouxe o corpo de Emme para mais perto do dele e desfrutou disso.— Eu acho,— ela começou assim que eles começaram a se movimentar conforme o som da musica.— que nunca teria o conhecido se não tivesse curiosidade.— Lúcifer deixou escapar um pequeno sorriso com isso. Se fosse qualquer outra mulher falando isso para ele, o vampiro já estaria com ela em meio caminho para sua cama. Mas Emme não dizia isso com segunda intenções para conquistá-lo... Apenas falava com o coração. Com uma inocência obvia que não esperava outra coisa dele. Isso era uma pena. Pois Lúcifer tinha até mesmo quartas intenções com ela. — O que você iria fazer, se por acidente, nós dois ficássemos fechado em um quarto durante a noite?— Lúcifer perguntou algo insano, nem mesmo entendendo o por que da pergunta. Sem considerar o quão perigoso podia ser, se alguém escutasse. Mas logo que disse, Emme quase pisou em seu pé ao se atrapalhar por ouvir isso. Talvez ela tivesse entendido a maldade da sua pergunta. — Eu costumo rezar quando estou no escuro.— Foi sua resposta.— Você rezaria comigo, Lúcifer? — Lúcifer encarou Emme por um momento e então o seu belo e antigo sorriso irônico veio à tona.— Eu fazeria questão de lhe ensinar a minha própria reza, Fiemme.— Emme abriu sua boca para dizer algo, mas assim que o vampiro notou que haviam outras pessoas interessadas na conversa deles, ele afastou Emme de seu corpo e a girou em quanto segurava sua mão. — Você não é a única curiosa nesse lugar.— Ele murmurou assim que voltou a encontrar os olhos de Emme.— Tome cuidado.— Ela acenou para Lúcifer com sua cabeça, demonstrando que havia entendido o que ele quis dizer. Por um momento Lúcifer se arrependeu por ter deixado seu orgulho falar mais alto, em vez de honrar isso, deveria ter voltado a falar com Emme e dado dicas de como agir aqui... Mas o orgulho


sempre vence uma batalha. Apesar de considerar que Lúcifer não havia dado nenhum conselho para Emme, ela estava se saindo muito bem. — Você é um péssimo dançarino.— Emme o acusou, tirando Lúcifer de seus pensamentos. — E você deveria prestar mais atenção no que está fazendo para não fazer calunias à meu respeito. — Emme sorriu, algo raro e muito delicioso.— Em menos de um minuto você quase pisou no meu pé duas vezes.— Ela disse com aquele sotaque inglês tão pesado quanto daqueles que nasceram em Londres. — Me perdoe por estar distraido, minha querida pumpe.— Ele disse ao mesmo tempo que aproximava seu corpo ainda mais do de Emme. E dessa vez, ela não ignorou a sensação incrivel que aquilo causava, pois logo seu pequeno corpo inteiro se contraiu pedindo por ar. Os olhos verdes do vampiro caíram na jugular da Humana contra o seu corpo no momento seguinte, a veia que batia rapidamente acompanhando seu coração assustado. Lúcifer necessitava experimentar o sangue dela. As presas de Lúcifer coçaram em suas gengivas implorando para um ataque prazeroso. Mas tudo que ele fez, foi desviar seus olhos para o ombro de Emme, o mesmo que havia um hematoma que sumia conforme os dias passavam.— Conte-me o que estava fazendo quando isso aconteceu.— Ele perguntou, se sentindo surpreso ao ver que sua curiosidade estava pedindo para ser alimentada. Emme desviou seus olhos do que estava olhando e seguiu o caminho que o olhar de Lúcifer fazia, apenas para descobrir que ele olhava para seu ombro marcado. — Eu estava chorando.— Emme disse primeiramente, tomando seus olhos verdes de volta para aquela imensidão cinza.— Padre Antônio ao ver que minhas curiosidades pelo mundo fora do convento se formavam em base de livros, ele ordenou que tudo fosse queimado. Então quando me fechei em meu quarto... Aconteceu.— — Você tem um belo corpo para ser marcado.— Lúcifer disse, notando as bochechas dela corarem exatamente como ele gostava de ver. Um sorriso irônico nasceu em seu rosto.— Talvez seja esse o motivo por estarmos juntos agora.— — Isso não é muito gentil.— Ela murmurou, totalmente, constrangida. — O que não é gentil, pequena pumpe?— O sorriso dele se manteve firme.— Elogiá-la ou amá-la? — Emme parou de dançar após a sua palavra, que considerava proibida, sair da sua boca. Claro que Lúcifer havia a falado para que ninguém suspeitasse deles, mas a mente de Emme demorou alguns segundos para processar essa parte da mentira que eles estavam participando nessa noite. O vampiro deu graças aos seus deuses por ela ter entendido. Mas Emme não deixou de ficar um pouco tensa com essa palavra. Em seguida, a livrando de uma resposta, o som de algo se batendo contra a taça de cristal soou pelo salão. Algo delicado e baixo, devido a musica e falação, mas alto suficiente para vampiros. Lúcifer se virou em direção dos cincos tronos e cada assento estava ocupado, principalmente aquele


que um dia pertenceu a ele. Posto a frente dos outros quatros lugares estava o trono daquele que dava ordens para esse culto secreto e desumano, o lugar que pertencia a Alex. E como LĂşcifer imaginou, somente um inĂştil poderia ter ocupado seu lugar.


08Alex olhou para todos no salão assim que terminou de bater uma pequena colher de chá em sua taça de cristal cheia de sangue. Os olhos de Lúcifer estavam fixos no vampiro que agora governava os criptas e o maior motivo dele fazer isso, era por aqueles olhos de leopardos estarem nele agora. Lúcifer se aproximou de Emme em seguida, passando seu braço até encontrar sua cintura novamente. E claro que não deixou de lado seu olhar superior em quanto olhava nos olhos de Alex. — Meus caros amigos,— Ele começou, ainda segurando a taça em sua frente.— Nós agradecemos a presença de vocês nessa festa para um velho amigo, um amigo que matou dois membros do culto para salvar sua amante e é por isso que esse evento está ocorrendo essa noite, como um pedido de desculpa para o filho de Hades.— Lúcifer ficou tenso em seguida ao notar que o coração de Emme começou a bater rapidamente depois de escutar as ultimas palavras da frase de Alex. Logo várias cabeças se viraram na direção deles, em quanto ela congelava cada vez mais e quando o vampiro decidiu checar a mente de dela, simplesmente não havia nada, era tudo... branco.— Um brinde para o filho do rei das trevas e aproveitem a festa.— Alex finalizou seu discurso elevando um pouco sua taça para cima, fazendo o caminho para sua boca em seguida. Os olhos de Lúcifer se desviaram em direção de Emme, que parecia estar mais congelada do que uma escultura no gelo. — Filho de Hades?— Ela conseguiu dizer algo, com dificuldade para respirar. E era isso, um dos segredos de Lúcifer, que Emme não devia saber, foi revelado. — Emme, eu...— — Você não sabe?— Um casal de vampiros próximos deles interrompeu Lúcifer demonstrando surpresa por Emme não saber quem ele era. — Talvez ela acredite na religião dos humanos já que é uma, querido.— A mulher nos braços do vampiro disse. Lúcifer olhou com um olhar fuzilador para eles, pelo fato de estarem se intrometendo no assunto que não pertencia a eles. — O que tem de errado com a religião dos humanos?— Emme perguntou.— E o que significa filho de Hades?— — Não tem nada de errado com a religião de vocês, apenas que ela não existe.— A vampira respondeu, parecendo se divertir com a expressão assustada de Emme.— Você deveria atualizar as novidades do nosso mundo para sua humana, Lúcifer, isso é muito ruim.— — Emme.— Lúcifer disse seu nome em um sussurro para conseguir os olhos cinzas dela e quando não conseguiu, ele tentou pegar sua mão, mas Emme deu alguns passos para trás e rejeitou seu toque como se aquilo fosse algo muito ruim.


— O que significa filho de Hades?— Ela perguntou novamente. O vampiro ao lado deles fez questão de responder essa pergunta, já que Lúcifer parecia ocupado demais encarando Emme, não sabendo o que fazer.— O que existe na biblia sobre o anjo caído chamado Lúcifer foi escrito em base da historia do seu amante, tudo que existe na biblia não passa de mentiras. E Lúcifer é tão temido entre nós, por ser filho do verdadeiro demônio quando se transformou em um vampiro.— — E não podemos esquecer que mesmo todos considerando Lúcifer como vampiro, ele é um demônio criado por Hades.— Os lábios de Emme se entre abriram e lentamente sua cor foi sumindo, exatamente como um mar calmo que buscava por suas conchas conforme a maré subia. Ela deu mais passos para trás e em sua mente, existia somente o medo. O medo estava a consumindo a ponto de fazê-la dar as costas para todos e correr em direção da saída. — Emme!— Lúcifer a chamou por seu nome, mas tudo que ela continuou a fazer, foi correr... O vampiro de olhos verdes lançou seu ultimo olhar fuzilador para o casal de vampiros e passou a caminhar rapidamente para alcançar Emme, mas não sem antes de se debater contra o ombro de Alex que acabará de se enfiar em sua frente. — Problemas no paraíso, Lúcifer?— Alex perguntou, não deixando de lado sua ironia. — Saia da minha frente.— — Nós deveriamos aproveitar que sua humana não está aqui para conversar.— Lúcifer revirou seus olhos e assim que encontrou com os de Alex, fez questão de abrir um sorriso sarcastico.— Eu não me importo e muito menos darei o que deseja, então... Saia da minha frente.— Ele rosnou dessa vez. — Você tirou a vida de dois membros dos criptas e deve compensá-la com a sua volta.— Lúcifer encarou Alex por um momento, entendendo o motivo por essa festa. É claro que eles desejavam têlo de volta. Estando do lado escuro ou claro da vida, ele sempre teria a proteção de Hades e era isso que os criptas desejavam, ter a proteção de um deus. — Eu disse que não me importo,— Lúcifer permitiu que suas presas crescessem em suas gengivas, permitindo que seus olhos ficassem vermelhos e seu sussurro era tão ameaçador quanto uma lamina bem afiada.— então, não me faça sujar minhas mãos com seu sangue para que possa sair da minha frente.— Alex entendeu o recado, pois no minuto seguinte ele se movimentou para o lado, deixando o caminho de Lúcifer livre para ir atrás de Emme. E o vampiro de olhos verdes não hesitou nem um pouco quando isso aconteceu, já que quando parou para prestar atenção no único coração que batia normalmente naquele lugar, ele já estava fora da mansão. Lúcifer focou sua atenção no coração que batia aceleradamente, o mesmo que estava longe da mansão, mas tudo indicava que Emme estava caminhando pelo enorme jardim do lugar. O vampiro não perdeu mais tempo tentando saber onde exatamente estava Emme, ele apenas se virou em direção do jardim e passou a caminhar, caminhando na direção que o coração dela batia. Conforme as batidas, Lúcifer achou o lugar exato de onde ela estava. Em uma parte mais escuro do jardim da mansão existia uma ponte abandonada e velha, ele sabia


que ela era abandonada pois toda a mata e arvores em volta dela invadia o caminho de madeira acima de um pequeno lago. Não haviam flores ou folhas nos galhos, que se enganchavam um no outro, devido ao frio que fazia, tudo que havia era neve sujando tudo, inclusive a ponte onde Emme se encontrava. Lúcifer deixou que a mente dela invadisse a sua por um momento, descobrindo que era dificil saber se ela estava com medo de ter caminhado para um lugar assustador e escuro ou por causa do pequeno resumo sobre a historia dele. — Emme.— Lúcifer disse seu nome assim que se aproximou da ponte, tirando os olhos dela do lago que soltava fumaças brancas devido ao frio. Ele não se aproximou dela, manteve a distância entre eles pois sabia que ela se afastaria ou mandaria Lúcifer não se aproximar, e como Emme estava muito assustada, essa foi sua melhor escolha. — Isso é verdade?— Ela murmurou.— Tudo o que eles contaram...— — Sim.— Lúcifer não negou a verdade, nem ao mesmo tentou ser delicado. Isso era tudo o que ele era e não tinha vergonha. Muito menos tentaria desviar a situação para um lado bom, pois não existia um.— Eu sei que isso é assustador, mas sabe que jamais faria mal nenhum a você.— — Você está na biblia como a pior coisa que já existiu...— Os olhos verdes de Lúcifer passaram por Emme, apenas para notar que ela estava tremendo. O pior disso, que não era por frio.— Eu não sei o que pensar.— — Nem tudo que está lá é verdade.— Tirando a parte sobre ele, o resto era mentira. Mas Lúcifer não contaria essa parte. — É, eu notei que tudo aquilo que acreditei em toda minha vida não passa de uma mentira, Lúcifer. — Ela pareceu se irritar dessa vez, mas a sua magoa e medo era muito maior. — Você conhece as mitologias sobre deuses? Egípcia, Grega, celta ou romana?— Ele perguntou, tentando contrair a situação.— Isso é a verdade sobre as outras dimensões. Zeus e Hades são Deus e o Diabo. E por mais estranho que seja, Hades não é tão ruim quanto parece, ele apenas não tem piedade e compaixão pois tem que governar o inferno. Foram os deuses, incluindo Deus, que criaram todas as criaturas sobrenaturais, todos juntos. É exatamente por isso que disse que elas não são diferentes dos humanos.— — Então o seu mundo não vem da criação das trevas.— — Sim.— Ele concordou com ela.— Exceto por mim que fui criado somente por Hades.— — Você é um demônio.— Uma lagrima ameaçou a escorrer pelo resto de Emme, mas ela a segurou com muita força, assim que sussurrou isso com uma repugnância cortante. — Os deuses as vezes são tão egoístas que desejam ter sua própria raça. Zeus criou a sua, os humanos, e por algum motivo Hades queria saber criar vampiros sem ajuda de nenhum de seus irmãos, então... Aqui estou eu, um teste que não deu muito certo.— — Você é uma aberração acima de todas, então?— — Obrigado, Fiemme, por partir meu coração e triturá-lo com suas unhas.— Ele foi irônico, mas foi assim que estava conseguindo deixar Emme calma. — Eu estou assustada, isso é demais...— Lúcifer se aproximou e Emme permitiu que isso acontecesse. Logo ambos estavam frente a frente naquela ponte velha.— Eu sou o anjo que caiu por orgulho para ter uma vida eterna e tudo que desejava, mas isso foi há muito tempo e até mesmo criaturas sobrenaturais podem mudar.— — E ter uma segunda chance.— O vampiro sorriu para a humana em sua frente assim que ela concluiu o sentido de sua frase, um sorriso sem nenhuma ironia ou sarcasmo. Emme estava ficando mais calma, mas ainda estava assombrada e sua tremedeira não parecia ter nenhum desejo em ir embora, mas por algum motivo, parecia que ela não estava com medo de Lúcifer, apenas de sua história e realmente triste por ter sido enganada sobre a real historia do mundo. — Eu não sou um vampiro e não tenho um nome especifico para o que sou, talvez seja apenas um...


mal dançarino ao acompanhar uma dama.— Os estranhos olhos cor de fumaça da garota se baixaram, para desviá-los de Lúcifer, e assim que ela o fez, algo incrível aconteceu. Emme riu. Pela primeira vez, Emme riu pra ele. E era lindo, exatamente como se ela conseguisse capturar todo o brilho de uma constelação e o ter sobre seu rosto naquele exato momento. O som era de longe a melhor coisa que ele ouvia em séculos, e ele já havia ouvido muita coisa. As covinhas se misturaram com um leve rubor nas bochechas da garota, e algo dentro do vampiro cedeu tão rápido que ele não teve tempo de reconstruir. Não, ela não era uma constelação. Era algo melhor do que isso. Era a pequena garota ruiva que sorria pra ele. E isso bastava. Lúcifer não conseguia desviar o olhar dela, não conseguia se impedir disso, e quando se deu conta, seus dedos traçavam um caminho perigoso desde o pequeno rosto de Emme até a mandíbula. Ela congelou, mas ele podia ouvir os pensamentos dela, não tinha medo algum neles. Medo algum. Aquilo formou um sorriso em seus próprios lábios. Ela não estava com medo. Por isso, o movimento seguinte, surpreendeu a ambos. Lúcifer se inclinou para baixo fechando a pouca distância entre eles de vez ao encostar seus lábios gelados na vibração quente que eram os dela. A mente do vampiro, pela primeira vez em toda sua existência, ficou completamente em branco. Era apenas um toque, um roçar de lábios, não era para ter o efeito que teve, mas teve. Era como segurar um relâmpago entre os dedos sem se machucar. Ele sentiu a garota recuar, e congelar no lugar. No entanto, ela não se moveu, nem tentou afastá-lo. Vindo de alguém como Emme, esse foi o estímulo suficiente. Ele a envolveu em seus braços pela cintura, e percebeu o quanto não queria deixá-la ir. Ele moveu os lábios sobre os dela, leve, só um movimento mínimo. Mas o choque que se deu quando ele o fez, quebrou cada mísera parte do seu controle por completo. Ele a segurou contra si com mais força, comprimindo o pequeno corpo de Emme contra o seu próprio enquanto, para sua surpresa, a garota envolveu os braços em volta do pescoço dele. Ele moveu os lábios sobre os dela outra vez, e podia sentir nela, e em todos os seus pensamentos que ela estava nervosa com aquilo. Mais uma vez, e outra, e no segundo seguinte ele estava escorregando a língua para ir de encontro com a dela. Uma vez, e então recolheu, uma segunda, e a mesma coisa. Na terceira, os dedos dela se apertaram em volta dos cabelos louros do vampiro, e isso o fez investir com uma fome que não sabia que tinha. Ele sabia que não estava sendo delicado enquanto tomava sua boca pra si, mas ele não conseguia evitar. E ela não estava o empurrando, ou fazendo qualquer movimento que lhe desse a entender que ela queria aquilo menos do que ele. Lúcifer prendeu o lábio inferior dela entre os dele, e puxou delicadamente enquanto um gemido baixo deixava os lábios de Emme. Aquele som, fez com que cada partícula de gelo dentro dele se transformasse em fogo. Ele precisava ouvir outra vez. Foi quase um ato inconsciênte empurrá-la para trás, prendendo-a entre ele e a grade que cercava a ponte. Sua boca escorregou dos lábios dela até o pescoço e a macia pele que o cobria, ele fez um caminho com os lábios e língua por toda sua extensão, pela primeira vez não estava interessado no sangue dela. Se ele o queria? ah sim, ele queria. Mas não desse jeito. Desse jeito, tudo que ele queria dela é que ela fizesse aquele som outra vez. O som deixou os lábios dela uma segunda vez, e ele cobriu os lábios dela novamente no segundo seguinte. O jeito que ela correspondia era algo incrível, tão inocente, tão incomum... —...Lúcifer — Ela gaguejou o nome dele entre o beijo, e aquilo foi como a âncora que o puxou devolta. Muito mais lentamente do que deveria, ele afastou os lábios dos dela, e se encontrou observando a pequena garota ruiva de olhos curiosos o encarando de volta. Lúcifer desviou seus olhos rapidamente para o final da ponte, apenas para ver dois vampiros que os observavam. O vampiro ajeitou sua coluna, que ainda estava curvada para ter um alcanço melhor da


boca de Emme, e voltou olhar para ela por um momento, notando que ela ainda estava um pouco paralisada pelo o que aconteceu.— Acho que não existem mais duvidas de que somos um casal.— Ele disse, com seus olhos fixos nos vampiros agora. Emme se afastou de Lúcifer e virou seu rosto para trás, provavelmente tendo uma leve dificuldade para enxergar aqueles dois seres sobrenaturais no final da ponte, que serviram como uma salvação para o vampiro de olhos verdes. Pelo menos ele podia usá-los como uma desculpa pelo o que aconteceu. Emme se afastou de Lúcifer mais uma fez e isso causou confusão nele. Seus olhos voltaram para ela e sua expressão era totalmente cheia de coisas inexplicaveis, mas nada demonstrava felicidade. Não perdendo tempo, o vampiro focou sua mente na dela. Meu primeiro beijo, seu pensamento veio lentamente e cheio de magoa, e não significou... nada. Lúcifer olhou para Emme seriamente dessa vez e suspirou pesadamente em seguida. Ele devia ter se tocado de que ela jamais tinha beijado alguém, afinal, a garota viveu sua vida inteira em um convento junto com mulheres, era impossivel ter tido seu primeiro beijo com isso. Apenas se Emme tivesse desejos ocultos por mulheres, mas ele já pode notar de que ela se sentia um pouco atraida por seu corpo, mesmo ela negando o desejo que chamava de pecado. Mas atraída ou não, Lúcifer não tinha nenhum direito de tê-la beijado apenas por um capricho, tirando aquilo que parecia ser importante para muitas mulheres.— Emme.— Ele sussurrou seu nome lentamente e quando tentou se aproximar, ela se afastou. Lúcifer odiava isso. Os olhos cinzas dela encontraram os dele a seguir, existia algo inexplicavel neles e tentar desvendar o que se passava na mente dela estava se tornando complicado.— Eu quero ir embora.— Foi o que ela disse, seu tom se tornando seco de uma maneira que o vampiro jamais havia visto. Emme passou por Lúcifer para que pudesse sair da ponte em quanto ia em direção do jardim, ela não corria, mas andava rapido e sua intenção era a mesma de sempre: fugir do vampiro de olhos verdes. Lúcifer fechou seus olhos por um momento para que sua pequena raiva passasse. Emme conseguia enfrentar uma festa cheia de vampiros assassinos, mas ficar sozinha com ele... Essa era a ultima coisa que ela queria, o que a fazia fugir sempre. Isso com certeza deixava Lúcifer com mais raiva. Assim que o vampiro se sentiu mais calmo, ele foi atrás de Emme. Não poupando os benefícios de ser um vampiro para chegar mais rápido até ela. Lúcifer se colocou na frente de Emme e a puxou por seus braços para que não tentasse sair de perto dele, ela apenas paralisou com esse ato agressivo, fazendo o vampiro lembrar que Emme não era como as outras mulheres que tentariam matá-lo para poder ir embora, tudo que poderia acontecer com sua humana, era ter um ataque cardíaco. — Não fuja de mim.— Lúcifer disse tentando controlar sua raiva. Ele tinha errado um pouco, mas foi um ótimo beijo... Não tinha motivo para Emme desejar distância dele, afinal, sua beleza era colírios para olhos de qualquer um.


Emme soltou um pequeno suspiro, com seus olhos para baixo.— Lúcifer, me solte.— Ela pediu calmamente. Mas ele não soltaria. Lúcifer olhou para a boca de Emme dessa vez, que estava levemente avermelhada por causa do seu primeiro beijo. Ela tinha lábios tão macios iguais a pétalas de flores em um dia quente. Claro que a temperatura dela não era normal, mas ao senti-la em sua pele gelada, era algo muito bom. O gelo e o fogo sempre foram combinações imperfeitas, mas com um resultado muito grande. Desde que se tornou um vampiro, Lúcifer nunca mais teve uma amante que fosse humana e com Emme ao seu lado nos últimos dias, ela tornava essa ideia muito interessante.— Fiemme.— Ele disse seu nome como uma caricia, assim como seu aperto se tornou algo mais suave. Os olhos dela se ergueram até os dele novamente, aqueles olhos cinzas claros quase brancos que se destacavam por causa de um circulo negro em volta deles, aqueles olhos que sempre estavam assustados e atentos para um perigo que ela não conseguiria lidar por ser tão delicadamente pequena como uma boneca. — Lúcifer.— Ela sussurrou seu nome, mas seu tom estava diferente e seus olhos não estavam mais nele, e sim, acima dele. Só então ele notou que não estavam sozinhos. Um erro grave de Lúcifer ter abaixado sua guarda em uma festa tão perigosa como essa, mas quando ele se virou não se arrependeu por ter se distraído. Afinal, assim como a mansão, o jardim estava cheio de guardas imortais apontando suas armas para eles. E Lúcifer conhecia esses homens. Eles eram guardas da realeza vampírica. E assim como tão rápidos esses homens apareceram, um outro coração humano soou até suas batidas chegarem aos ouvidos de Lúcifer, e ele não estava nada longe. E cada vez que o coração batendo ficava mais próximo dele e de Emme, Lúcifer sentia a morte ainda mais perto. _________________ Andrew apareceu caminhando pelo jardim no minuto seguinte, seus guardas abriam caminham assim que o rei e a rainha passavam por eles. E o olhar de Andrew era tão mortal, que Lúcifer podia ouvir a marcha imperial tocando em volta dele. O mais estranho de tudo, que ele não pode deixar de notar, era que Roxie vestia um colete a prova de balas. Pois considerando a força de Andrew, aquilo não servia para nada. Roxie sorriu para Lúcifer assim que seus olhos se encontraram, pelo menos, apenas um dos dois tinha desejo de matá-lo. Isso era um bom sinal. Considerando tudo que a rainha dos vampiros passou, ultimamente era raro ver todos os dentes dela. E mesmo virando humana depois de anos com uma vida imortal, Roxie não deixava de ser elegante e ter uma beleza exótica ao vestir um vestido vermelho com pedras da mesma cor do pano, um vestido bem atraente e que podia ser o motivo do mal humor de Andrew, pois ela realmente deveria estar recebendo muitos olhares com aquele traje. Mas quem Lúcifer queria enganar? Os olhos diziam tudo pelo rei dos vampiros, diziam exatamente como ele desejava o sangue de Lúcifer em suas mãos.


O vampiro de olhos verdes olhou para Emme mais uma vez, que havia se aproximado dele por estar com medo de tantas armas apontadas para eles. Mas antes que ele pudesse dizer algo para a humana, o casal real chegou até ele. O que fez Lúcifer colocar o sorriso mais ironico que possuia no rosto e dizer. —Andrew. Chupim. — Sua cabeça se movimentou em um tipo de reverencia para eles.— Vejo que já tomaram chá e tricotaram com o poodle gigante.— — Viu, Andrew?— Roxie disse em um tom rabugento.— Eu disse que ele estava bem, agora tire esse maldito colete de mim, pois está me sufocando e sou apenas uma humana para suportar isso!— Andrew não fez o que sua amante pediu, pois estava muito ocupado fuzilando Lúcifer e observando Emme ao mesmo tempo. —Por que a rainha dos vampiros é humana?— A voz de Emme surgiu em seguida, com sua inocência e ingenuidade de sempre, fazendo Lúcifer se lembrar de que devia ter falado para ela manter a boca fechada diante de Andrew em quanto sua vida estava sendo ameaçada. — Agora não é uma boa hora para essa explicação, pumpe.— — É uma boa hora apenas para ver seu sangue escorrendo por minhas mãos, Lúcifer.— Foram as primeiras palavras do rei dos vampiros, não deixando Lúcifer estar errado sobre a mensagem em seus olhos. Os olhos de todos estavam em Emme agora, inclusive os do vampiro de olhos verdes. — Meu caro amigo, é bom vê-lo essa noite.— Lúcifer disse para trazer os olhos de Andrew até ele. A última coisa que o vampiro desejava, era Emme ver as mensagens nos olhos do seu rei. — O que você está fazendo aqui?!— Andrew indignou, provavelmente se segurando para não pular em seu pescoço.— Você tem noção o que tive que fazer para limpar sua barra no passado para estar de volta no culto dos criptas? E ainda estar com uma humana como sua amante?— — Sua situação não é muito diferente da minha.— Ele disse sarcasticamente, olhando para Roxie. — Além do mais, ela não é minha amante.— Roxie riu em descrença com isso em quanto Andrew lhe dava uma resposta que não era uma novidade.— Eu não acredito em você.— — Eu não estou participando do culto, apenas a protegendo.— Lúcifer movimentou sua cabeça para Emme. — Desde quando você se importa com Humanos, Lúcifer?— — Não seja mal educado, Andrew.— Roxie o repreendeu e Lúcifer a agradeceria mais tarde por isso. — Eu não estou sendo mal educado, cherie, apenas me preocupando com um amigo cujo o coração está parando de bater.— Isso fez com que a atenção de Emme fosse direto para Andrew, se perguntando mentalmente o que isso significava. — Não estou fazendo nada de errado, Andrew. Não dessa vez.— — Lúcifer, não se ofenda, mas você está perto da loucura e tivemos que rastrear seu celular para encontrá-lo já que decidiu nos ignorar durante quatro dias.— Roxie disse, fazendo com que uma expressão de orgulho aparecesse no rosto de Andrew, uma expressão que dizia “ela está certa.” — Vocês rastrearam meu celular?— Lúcifer perguntou totalmente incrédulo, não acreditando naquilo.— O que aconteceu com a minha privacidade afinal?— Andrew se aproximou de Lúcifer, bufando mais do que um dinossauro raivoso.— Eu vou matar você, Lúcifer, ai veremos sua privacidade em suas cinzas depois que o colocar para queimar no sol.


— Roxie o puxou para trás por sua mão, seus olhos estavam em Emme no momento.— você está a assustando.— Andrew respirou fundo antes de desviar seus olhos de Lúcifer para Emme e se afastar.— Como se chama?— Perguntou a ela. — Emme.— — Ok, Emme.— Ele disse calmamente.— Um dos meus guardas a acompanhará para sua casa, pois seus dias de princesa acabaram. E tudo que você sabe sobre vampiros, deverá ser esquecido.— — Ela não é minha amante, Andrew.— Lúcifer se estressou dessa vez.— Se não acredita em mim por meu coração estar parando de bater, apenas leia os pensamentos dela.— — Eu não tenho uma casa.— Emme murmurou. Andrew olhou para Emme dessa vez, seus olhos azuis fixos nos delas. Tudo indicava que estava se focando na mente dela, já que precisava de concentração para se livrar do circo irritante que era a mente de Roxie. As sobrancelhas de Andrew se elevaram em seguida, sua expressão de raiva foi para surpresa.— Você está sequestrando freiras agora, Lúcifer?— Ele pirou, perdendo toda a calma que existia dentro dele. Se não fosse por Roxie o segurar pelo braço, Lúcifer tinha certeza que estaria no meio daquele lago.— Guardas, prenda-o.— — Você não pode prendê-lo.— Emme reagiu a isso e deixou Lúcifer surpreso pela sua preocupação. — Ela tem razão.— Roxie o defendeu tambem.— Lúcifer é seu melhor amigo, não um meliante que não tem chances de se explicar.— — ELA É UMA FREIRA!— Andrew exclamou com sua voz alterada. — Não fale como se eu fosse um demônio, isso é rude.— Emme rebateu com suas bochechas ficando coradas, coradas de raiva e medo. Andrew elevou suas mãos até seu rosto em um ato de confusão.— Eu vou ficar louco por causa de você.— Ele disse para Lúcifer, não podendo acreditar no que estava acontecendo. — Eu não estou me sentindo bem com esse colete, Andrew.— Roxie murmurou, tomando a atenção dos dois vampiros que estavam perto dela, fazendo os notar que a respiração dela não estava muito normal. — Por que diabos ela está com um colete a prova de balas, afinal?— Lúcifer perguntou, não vendo motivo para isso. — Por que Andrew achou mais seguro para mim, já que estava com medo de que você nos atacasse com uma arma.— Roxie o respondeu, revirando seus olhos e demonstrando que tiveram uma bela discussão por causa disso. Andrew caminhou para trás de sua amada e assim que tocou naquele colete, o rasgou sem nenhuma dificuldade para livrá-la dessa tortura que provavelmente estava esmagando seus pulmões. — Por mais que eu deseje lhe dar uma surra as vezes por me irritar, não perdi minha cabeça completamente para fazer isso.— — Eu sei.— Os lábios delas puxaram em um meio sorriso.— Mas agora que está tudo calmo, você poderia explicar o que está acontecendo?— — Eu não estou calmo.— Andrew resmungou de trás dela, encontrando os olhos de Lúcifer. Lúcifer respirou fundo e olhou para o casal que chamava de amigos. Ele pretendia contar tudo para eles, mas assim que notou que os guardas de Andrew estavam tirando os vampiros da mansão e os colocando em uma fila única em frente do lugar, com vários guardas apontando suas armas para eles, o vampiro de olhos verdes percebeu que uma chacina estava prestes a acontecer. E Emme não podia ver isso.


— Eu prometo contar tudo, mas não podemos ficar aqui.— Ele disse para Andrew, que logo notou o motivo por isso, afinal, Emme era apenas uma humana que provavelmente conheceu a morte de perto quando Lúcifer matou aqueles dois vampiros. — Tudo bem, vamos sair desse lugar.— Andrew pegou a mão de Roxie e passou a caminhar em direção de uma limousine que estava perto deles. Lúcifer pegou a mão de Emme também, mas a passou por seu braço. Mas antes de chegar até lá um guarda se aproximou deles.— Não existe nenhum humano entre eles, majestade.— Foi o que ele disse, diretamente para Andrew. — Ok,— Andrew disse, olhando para aquela fila enorme em frente da mansão.— Então, matem todos, assim que eu sair daqui.— Quando Andrew voltou a andar, Roxie não o acompanhou. E Lúcifer entendeu o motivo, pois no segundo seguinte o cheiro de queimado invadiu suas narinas, seguido de um grito ao seu lado. Emme havia soltado seu braço e suas mãos estavam em seu rosto, o tampando. Mas mesmo assim, Lúcifer viu que queimaduras estavam se formando naquele lugar, manchas vermelhas que tomavam conta de suas bochechas e vários outros lugares. E não era somente ali, pois até mesmo no seu pequeno pescoço haviam queimaduras que lhe dava desespero e tornava seu grito ainda mais agudo. Lúcifer pensou em jogá-la naquele lago perto deles, mas antes que pudesse reagir, Emme desmaiou quando o vampiro estava prestes a levantá-la em seus braços.— Emme.— Ele sussurrou seu nome em um ato idiota pensando que isso a acordaria, mas ela não acordou. Ele a levantou em seus braços em seguida, percebendo que Emme não pesava quase nada. Era como se Lúcifer estivesse carregando uma pluma, não tinha peso nenhum, mas sabia que tinha algo em seus braços. Seus olhos verdes foram para Andrew e Roxie, que pareciam mais chocados do que quando descobriram que seu coração estava parando de bater. Parecia que Emme tinha conseguido tirar as palavras do tão temido rei dos vampiros. Lúcifer olhou novamente para Emme e seu coração deu uma batida forte e lenta, isso foi um erro grave, pois Andrew havia escutado. Mas era impossivel se controlar devido a cena. O rosto de Emme estava todo queimado e era algo lamentavel. Um rosto tão lindo como o dela, jamais devia ser marcado.— Acho que vocês entendem o motivo de estar com uma humana nos ultimos dias.— — Ela está bem?— Roxie perguntou em quanto se aproximava dele, olhando Emme com uma expressão curiosa.— Isso é tão... não humano.— — Mas ela é humana, eu ouvi seus pensamentos.— Andrew se aproximou dela também, erguendo a cabeça de Emme cuidadosamente para avaliar seus hematomas.— Ela vai precisar do seu sangue para curar isso, Lúcifer.— Os olhos azuis e gelados de Roxie foram para Andrew, o observando de uma forma diferente.— Por que você mudou de ideia tão rapido?— Andrew encontrou o olhar de Lúcifer, olhando para ele em vez de sua amante.— Talvez eu lhe responda mais tarde se estiver de bom humor, cherie.— — Você nunca está de bom humor.— Ela murmurou, seus olhos passando por Emme novamente.— Por que essas coisas acontecem com ela?—


— Eu não sei, ela está bem em uma hora e no minuto seguinte isso pode acontecer.— — E você está a ajudando com isso?— Os olhos de Roxie brilharam, como naqueles desenhos em que uma pessoa enxerida decide unir um casal. Lúcifer sabia que era isso, pois sua mente começou a fazer planos de como jogá-lo para cima de Emme.— Isso é tão nobre, Lúcifer.— — Não quando se está usando alguém como uma distrição.— — Lúcifer não disse isso em nenhum momento, Andrew.— Roxie o repreendeu, mas Lúcifer não poderia agradecê-la por isso também, pois Andrew tinha razão. — Não é preciso.— Lúcifer e Andrew se conheciam por mais de séculos, então ele jamais negaria que isso é verdade pois depois dele mesmo, somente o rei dos vampiros o conhecia ponto de dizer isso com tanta certeza. Andrew soltou a cabeça de Emme delicadamente e se afastou.— Nós discutiremos isso quando estivermos na sua casa, ela... Emme, precisa de cuidados primeiramente.— O vampiro tomou a mão de Roxie novamente e eles voltaram a caminhar em direção daquela limousine na entrada da mansão. Lúcifer se manteve atras deles com Emme em seus braços o tempo todo, contando mentalmente até 10 por causa do sangue que estava o sujando. Tê-la sangrando perto dele, seria um grande desafio até ter o controle totalmente. Mas o que o preocupava mesmo, não era o sangue de Emme e sim o som que Andrew escutou de seu coração. E o pior, era que mesmo Roxie não podendo escutar nada, ela já estava imaginando um casamento... Isso não era que Lúcifer desejava. Assim que eles entraram na limousine e Lúcifer deitou Emme em um dos bancos, colocando sua cabeça em suas coxas, os gritos e tiros lá foram começaram até que o silencio caisse. Seus olhos verdes foram para Andrew, sentado em sua frente, com Roxie apoiada contra seu corpo. — Quando chegarmos em sua mansão, você terá vinte minutos para explicar tudo isso e eu pensarei se o deixarei para queimar no sol ou não.— — Você tem noção de quantas vezes já ameaçou em me colocar no sol?— — Diversas vezes, sim, mas acho que nunca falei tão sério como agora. Afinal, roubar freiras, estar em uma festa proibida e alem de tudo mentir para mim. Isso só pode ser parte da sua loucura.— Falou Andrew.— O quão tolo é para pensar que jamais o ajudaria?— — Você é o rei dos vampiros agora, Andrew.— — Sim, mas isso não justifica que sigo todas as regras quando meu melhor amigo precisa de mim. — — Andrew tem razão.— Roxie deixou seu silencio de lado.— Você já fez várias coisas para nós, não poderia acreditar que negariamos seu pedido de ajuda. Mesmo que o desejo de Andrew seja levá-la de volta para o convento.— — Eu não disse nada sobre isso.— — Não é preciso.— Lúcifer disse em quanto seu sarcastico sorriso aparecia. O rei dos vampiros podia o conhecer bem, mas tudo era pago na mesma moeda no final de tudo. Sim, agora Lúcifer via o quanto estava errado ao ignorar a existência de Andrew nesse assunto. Ele pode ter ficado surpreso assim como Iawy ao saber o que acontece com Emme as vezes, mas o vampiro era inteligente e seria de boa ajuda, mesmo que não tivesse respostas. Andrew sempre achava as respostas e Lúcifer iria deixar o vampiro ameaçá-lo quantas vezes fosse preciso, pois essa era a maneira que Andrew demonstraria o quão se sentia traído ao ir procurar primeiramente Iawy em vez dele. Erros infelizmente acontecem e Lúcifer não era feliz aos cometê-los, mas assim que eles chegassem


em sua mansão, o vampiro de olhos verdes cuidaria de Emme e depois se humilharia ao seu rei com pedidos de desculpas. Isso era irônico, pois ele estava colocando uma humana em frente do seu melhor amigo. Não, Lúcifer se corrigiu, isso era errado, não irônico. Mas era um erro que parecia ser certo.


09Assim que as costas de Emme encontraram o colchão da cama os olhos cinzas dela se abriram. Lúcifer tentou focar seus olhos verdes naquele cinza claro, mas era quase impossivel devido aos hematomas espalhados por seu rosto. Eram tantas manchas vermelhas, que até mesmo estavam sob suas pálpebras. Lágrimas se formaram nos olhos de Emme em seguida e ela permitiu que saissem dali. Provavelmente aquilo estava a assustando pra caramba.— Eu nunca tive queimaduras no meu rosto. — Ela sussurrou tentando se controlar para que seu choro não ficasse desesperados.— Está doendo tanto, Lúcifer.— Uma imensa vontade de passar sua mão pelo rosto de Emme surgiu em Lúcifer, mas isso apenas lhe causaria dor, então ele ignorou isso. E nunca havia palavras para consolar uma dor, tudo que ele fez foi cortar seu pulso repetidamente e deixar que seu sangue ensopasse uma toalha média. Lúcifer não se importou em fazer isso na frente dela, pois seu pescoço estava tão agredido com queimaduras que Emme apenas olhava para o teto. Assim que terminou, Lúcifer se sentou ao lado dela na cama, buscando seus olhos que estavam cheio de lagrimas.— Eu sei que acha isso nojento, mas meu sangue vai curá-la.— — Eu estou com medo, nunca aconteceu tão forte assim...— Lágrimas escorreram pelo rosto dela, quase a afogando.— Eu não quero morrer.— — Eu não quero que você morra também.— Lúcifer sussurrou de volta para ela, com um pequeno sorriso. Em seguida levou a ponta da toalha até o rosto dela e passou por cima de uma queimadura, que aos poucos foi sumindo. Ele não deixou de notar o olhar de nojo de Emme, mas entendia e não se ofendia. Afinal, apenas vampiros tem desejos de sangue. Lúcifer agradeceu por Leila ter feito um rabo de cavalo nos cabelos de Emme, pois agora não se preocuparia em sujá-los, diferente de seu rosto e pescoço que estavam ficando completamente vermelhos. Mas antes de terminar, o vampiro passou outra toalha limpa em seu rosto para tirar o excesso de sangue, mas isso dificilmente fez com que seu rosto voltasse a ficar sem nenhuma mancha de sangue. O vampiro de olhos verdes cuidou de sua humana com uma delicadeza que jamais pensou que possuia. Geralmente seu toque era sempre agressivo e selvagem que acabou se surpreendendo ao tocar Emme suavemente para que ao encostar em sua pele queimada, sentisse apenas cocegas e não dores. Em quanto todo esse tempo que Lúcifer a curava, Emme havia fechado seus olhos e estava rezando para que sua mente não focasse que havia sangue de outra pessoa em seu rosto. Ela, definitivamente, não gostava disso.— Você pode abrir seus olhos agora, pumpe.— — Eu não gosto disso.— Ela murmurou depois de abrir seus olhos, um pouco vermelhos por causa


de seu choro. — Eu sei e eu diria pra você correr direto para o banheiro e tirar o resto do meu sangue do seu rosto, mas é melhor que passe a noite assim.— Lúcifer desviou seus olhos dos dela diretamente para o chão. Ele não podia deixar que Emme fizesse sentimentos crescer dentro dele. Isso era tão errado para um vampiro com mais de mil anos. E toda as vezes que deixou que isso acontecesse, apenas teve seu coração partido e arrancado. Ele não deixaria que isso ocorresse pela terceira vez. Segunda chance existe, mas terceira é tolice. Seus olhos verdes voltaram para Emme novamente, mas por um ato educado, não por necessidade de vê-la assim que o silêncio caiu.— Você precisa descansar e se acalmar, então... Eu vou...— Lúcifer se perdeu em suas palavras assim que a expressão assustada de Emme passou para algo como se um filhotinho de labo tivesse se perdido de sua mãe e irmãos. Tão inocente e necessidade de ter alguém por perto. Tolo, sua mente veio a vida para xingá-lo quando seu coração estava começando a enfraquecer. — Eu preciso falar com Andrew agora.— Foi o que ele disse, deixando que todo o gelo que existia em seu coração voltasse. Lúcifer começou a se levantar, mas quando foi dar seus primeiros passos para longe da cama, uma mão quente envolveu seus dedos gelados. — Não vá.— Emme sussurrou ao receber os olhos verdes de Lúcifer. — Deseja que passe a noite com você, pumpe?— — Sim.— Ela disse, sem nenhuma hesitação em sua resposta. Lúcifer observou Emme mais uma vez e deu um leve aperto em sua mão que segurava a dele.— Eu, realmente, preciso falar com Andrew.— Mas... Dane-se o gelo em seu coração, Lúcifer nunca gostou de coisas geladas.— Eu voltarei.— Um pequeno sorriso cresceu no rosto sujo de sangue dela com sua resposta.— Você vai esperar por mim, Fiemme?— — Sim,— Emme disse soltando sua mão para que permitisse que Lúcifer fosse ao encontro de seu amigo.— Eu irei esperar.— Lúcifer avaliou ela pela última vez e saiu do quarto. Talvez agora ocorresse a pior parte do seu dia. Afinal, ter a segurança de Emme em relação aos criptas, Andrew já tinha dado um jeito ao matar todos os membros daquele lugar, mas enfrentar o rei dos vampiros até que ele acreditasse que não estava fazendo nada de errado... Era complicado. Lúcifer desceu a escada principal da mansão que levava até sua sala de visitas, o lugar onde Andrew estava sentado. E o pior de tudo, era que Roxie não estava com ele. Ou seja, ninguém para defendê-lo da raiva assassina de seu amigo. — Onde está Roxie?— Ele perguntou, ainda com esperanças de que ela tivesse ido apenas ao toalhete. Andrew olhou para Lúcifer de onde estava sentado e isso foi o sinal para que o vampiro de olhos verdes se sentasse em sua frente. Ele não negou isso em nenhum momento.— Ela já está dormindo, Roxie não tem mais a mesma resistência de antes.— — Ela está bem?— Andrew soltou um suspiro e essa foi a resposta que precisava para saber que tudo estava indo pro caminho errado.— Digamos que está se acostumando a ser humana ainda.— — E você?—


O rei dos vampiros desviou seus olhos azuis, que sempre falavam por ele, dos de Lúcifer e ai estava outra resposta.— Tenho que ser forte, pois se eu cair, ela caíra também.— Andrew contorceu seus lábios.— Tem sido dificil, mas esse é o momento que devo me agarrar ao presente, pois é tudo que tenho. Não posso planejar o futuro com Roxie e nunca pensei que isso seria algo que deixaria minha alma quebrada em pedaços.— — Eu sinto muito.— Lúcifer disse.— Mas não vamos falar sobre isso, e sim, da parte em que resolvemos o motivo da minha morte futuramente não ser algo digno.— Andrew sempre adorava morte alheia, então Lúcifer não se importaria em colocar o seu assunto no meio disso, ser ameaçado de ser colocado no sol diversas vezes e receber um olhar de raiva. O ponto principal, no final de tudo, era tirar o seu amigo do abismo que estava entrando. — Eu entendo.— Ele disse, o que surpreendeu Lúcifer por um momento. Mas era de Andrew que estava se tratando, nada era tão simples.— Realmente entendo o motivo de querer ajudar essa humana, pois seria isso que Iawy, Nyx ou Roxie faria, apenas não compreendo o por que de ser você nessa historia, não eles.— — Quando conheci Emme, ela estava prestes a ser atacada por dois membros dos criptas e depois que os matei, ela estava desmaiada e uma daquelas queimaduras ocorreu em suas costas, então, eu a trouxe para casa. Depois que acordou, pediu minha ajuda para acabar com essa loucura e eu não neguei, pois desde que Jake viajou com um dos meus criados, venho percebendo que meu coração está batendo cada vez menos, então... Emme está servindo como uma bela distração com esse assunto. Talvez no começo fosse apenas interesse, mas depois que a conheci, não posso simplesmente abandoná-la sabendo que a qualquer momento essas queimaduras podem matá-la.— Lúcifer resumiu tudo o que tinha para falar ao seu melhor amigo de uma forma bem simples.— E o motivo de estar naquela festa estupida foi por estarem ameaçando minha vida e destruindo minhas mansões. Para fazer um contrato de paz eles ofereceram essa festa com a intenção de que eu voltaria para o culto. Não que eu me importe com minha vida sendo ameaçada, mas estando com uma humana ao meu lado, é perigoso. Mas você já deu um jeito nesse assunto, meu caro.— — Eu não ire julgá-lo.— Andrew foi irônico.— Não em voz alta.— — Claro que não.— Lúcifer respondeu ao mesmo nivel de seu amigo. — Irei ajudá-lo, Lúcifer, pois é isso que você faz sempre que preciso. Além do mais, essa humana me deixou intrigado e Roxie nunca mais me deixaria dormir se simplesmente virasse as costas e a arrastasse pra casa.— Falou o rei dos vampiros.— Mas você tem que estar ciente de que isso, o que acontece com ela, pode ser uma maldição e mexer com feiticeiras nunca é bom.— — Você tem as buscado por quase um ano, talvez isso seja uma chance.— — Meu caro amigo, eu não tenho desejo nenhum em conhecer a feiticeira que fez isso a sua humana.— — Ela não é minha humana.— Lúcifer reagiu a isso.— Além do mais, Iawy disse que é impossivel isso ser um trabalho de feiticeira.— — Eu escutei seu coração bater assim que carregou Emme em seus braços, Lúcifer, então você pode se sentir livre para usar pronomes possessivos.— — Eu não estou sentido algo a mais por ela, Andrew.— — Ok.— Seu tom foi totalmente irônico novamente.— Eu disse que não iria julgá-lo em voz alta, então não vou quebrar minha palavra.— — É dificil saber o que é pior, não ter noção do que está pensando sobre mim ou ouvir exatamente o que está pensando.— — Deixe-me dar um conselho: Não queira ter noção do que estou pensando.— Andrew o respondeu, mas com um mal humor bem vindo. E ele não poderia esperar mais que isso. Lúcifer se moveu para frente no sofá e pegou uma caixa media de cima de sua mesa. Em seguida, se levantou para sentar ao lado do rei dos vampiros e entregou a caixa para Andrew. — Você está tentando me agradar agora?— Ele perguntou sarcasticamente, provavelmente ainda aborrecido por Lúcifer ter procurado Iawy primeiro, mas ele não hesitou em nenhum momento ao


abrir aquela caixa que havia charutos franceses. Ótimos para desestressar, por sinal.— Ok, você conseguiu.— Andrew mudou de ideia assim que viu o que havia dentro da caixa. Mesmo que não fosse um habito, assim como Lúcifer, o vampiro adorava charutos franceses, ainda mais quando eles vieram de seu pais. Andrew retirou dois charutos da caixa e entregou um para Lúcifer, então o vampiro de olhos verdes soube que Emme teria que o esperar por mais um tempo. Afinal, ele não deixaria seu melhor amigo aproveitando esse momento sozinho. Muito mais tarde, Lúcifer estava subindo as escadas e caminhando para o quarto de Emme. Ele podia ter demorado uma eternidade para fazer esse caminho, mas não havia quebrado sua promessa de voltar depois de terminar sua conversa com Andrew. Ele abriu a porta cuidadosamente após se colocar em frente do quarto dela, que Emme estava dormindo, isso era obvio. Pois Lúcifer podia ouvir seu sonho e ela não achava que estava no céu morando com um vampiro, então a parte em que morava no paraiso, era apenas uma artimanha de sua mente em quanto Emme estava dormindo. Seus olhos verdes passaram inteiramente pelo corpo dela. Ele não podia acreditar que estava se deitando com uma mulher apenas para dormir, sem que nada acontecesse antes disso. Era horrivel o monstro que Emme estava o transformando. Lúcifer se aproximou da cama e tirou seu paletó juntamente com a gravata borboleta. Ele provavelmente nunca conseguiria dormir com esses trajes, principalmente a gravata que estava o enforcando. Em seguida, o vampiro se deitou de frente com Emme, ele se acomodou conforme o corpo dela permitia, pois se mexesse com ela, provavelmente acordaria. E ouvir o seu subconsciente estava interessante, nos dia de hoje apenas em sonhos para ver tanta bondade e paz. Lúcifer se aproximou de Emme até que seu queixo estivesse na testa quente dela, ele tomou muito cuidado para que não acordasse, caso contrario, jamais poderia ficar tão próximo assim. Como seu último ato antes de fechar os olhos e esperar que seu sono chegasse, Lúcifer passou seu braço pela cintura de Emme para segurá-la em quanto dormia. Claro que o vampiro estava se aproveitando da situação, no final de tudo, bom ou mal, ele era apenas um homem. ______________________________ Emme abriu seus olhos rapidamente ao sentir que algo estava esmagando suas costas. A melhor parte disso foi saber que existia uma dor maior do que suas queimaduras no momento. Na verdade, não havia mais dor. Lúcifer tinha razão quando falava que seu sangue podia curar qualquer um de seus hematomas, não que ela tenha duvidado dele, mas as vezes parecia tão surreal. Não aguentando mais o aperto em sua cintura, ela tentou se afastar, mas nada aconteceu. Então, Emme colocou sua mão no peito de Lúcifer e tentou afastá-lo. Infelizmente, ao fazer isso ela sentiu todas as curvas que haviam em baixo de sua camisa branca e sua mente foi diretamente para o dia em que o viu sem camisa.


Lúcifer tinha um... Não, sua mente protestou contra seus pensamentos, Lúcifer não tinha nada! —Você nunca conseguirá se afastar de mim, Fiemme.— Lúcifer murmurou e logo o peso em sua cintura aliviou de uma maneira que mal podia sentir o braço dele sob ela.— Me desculpe por isso, faziam séculos que não dormia com uma humana e acabei descontrolando minha força.— Ele abriu seus olhos e quase a hipnotizou por estar tão perto de um modo que Emme podia sentir sua respiração que quase nem existia. — Eu nunca o vi de branco.— Emme disse a primeira coisa que veio a sua cabeça, devido ao duplo sentido de sua frase que ela não conseguiu deixar de notar.— É a cor da paz.— — Geralmente eu diria que faço corações pararem de bater usando qualquer tipo de cor, mas não quero confundir sua mente justamente essa hora. Então como sei que gostou de me ver de branco, obrigado.— — Eu não disse que gostei.— Lúcifer sorriu por um segundo.— Eu posso escutar seus pensamentos, pumpe.— Ele sussurrou. — Oh,— Suas bochechas ficaram quente.— eu me esqueci sobre isso.— — Tudo bem, minha querida, você não é a única que me elogia mentalmente.— Lúcifer mordeu seu lábio inferior por um momento em quanto observava Emme, só então que ela percebeu que o clima havia mudado para algo... tenso. Ela não fazia ideia do que aquilo significava, mas teria que enfrentar.— Eu sinto muito por tê-la beijado ontem na festa.— Emme desviou seu olhar para o queixo de Lúcifer, ela não conseguiria responder aquilo olhando para seus olhos. Por um momento ela tinha pensado que realmente tinha tido seu especial e primeiro beijo, mas tudo não passou de uma farsa. Afinal, Emme não desejava tudo aquilo que sonhou sobre seu primeiro beijo com Lúcifer, ele era um vampiro e isso significava que era imortal.— Está tudo bem, Lúcifer... Foi por uma boa causa, certo?— — Certo, foi por uma boa causa.— Ele disse.— Mas sei que não está tudo bem, isso era importante pra você.— — Não é importante.— Emme tentou sorrir, mas ficou sem jeito.— Sério, Lúcifer, está tudo bem. — — Sério mesmo?— Lúcifer perguntou em um tom irônico.— Então não acho que terá nenhum problema se beijá-la novamente agora.— Emme se levantou para se sentar e logo se livrou do braço que estava em sua cintura, por se mexer. — Não existe boa causa agora, Lúcifer.— Ela disse inocentemente, acompanhando os olhos verdes dele quando se sentou em sua frente.— Você não precisa me beijar novamente.— — Sim, pois eu a magoei.— — Você quer me beijar de novo por estar tão preocupado com isso?— Emme perguntou, mas não se irritou, ela falou de uma forma, realmente, delicada e gentil. Mesmo que ela não tivesse interesse em beijá-lo, não deixaria sua curiosidade crescer e ficar em silencio. — Eu não quero que as coisas fique estranhas entre nós, pois elas já são, acho que se piorar vai ser dificil lidar.— O próximo passo de Emme surpreendeu a ambos, mas principalmente a ela mesma. Pois quando aproximou seu rosto do de Lúcifer até que houvesse pouco centímetros entre eles, ela não estava pensando direito. Mas quando sua mente voltou um pouco a vida ela desviou seus lábios para encontrarem a bochecha gelada do vampiro. Emme fechou seus olhos e os pressionou com um pouco mais força dessa vez e depois de se afastar, não deixou de escutar o estalinho que houve. E isso foi a demonstração para o vampiro de que ela não se importava mais. Lúcifer havia ficado tenso todo o momento, mas ele fez questão de encontrar seus olhos em seguida.— Eu disse a você, está tudo bem.— Lúcifer ficou imovel por vários segundos, encarando Emme de uma forma que se fosse possível, ela estaria queimando.— Minha vez.— ele sussurrou.


Lúcifer fez o mesmo que Emme, a única diferença foi... tudo. O vampiro passou seu braço direito até que sua mão encontrasse as costas de Emme e assim que isso aconteceu, sem nenhum esforço, ele a levantou um pouco para que pudesse deitá-la no colchão novamente, com seu corpo sob o dela. Com seu lindo corpo prensando o de Emme contra o colchão. Um encaixe perfeito aconteceu nisso, o que fez Emme perder os trilhos de sua respiração. Aquela mão que Lúcifer não usou para movimentá-la até o colchão, envolveu o rosto de Emme enquanto seus lábios se encontravam com os delas pela segunda vez desde que se conheceram. Uma mistura de gelo e fogo passou a ocorrer no atrito e o mesmo sentimento que ela teve noite passado, passou a se apertar em seu estomago novamente. Lúcifer a beijou de forma estranha, de uma forma... possessiva, porém suave. Seus dedos deslizaram para a nuca de Emme e engancharam-se nos fios de seus cabelos vermelhos, a fazendo se arrepiar pelo toque. Ele pressionava seus lábios cada vez mais forte conforme seus movimentos e os toques de suas línguas nunca paravam. Emme, realmente, precisava ser exorcizada por fazer isso. Ela entrou em uma duvida eterna do que era pior, permitir que isso acontecesse ou gostar do que estava acontecendo. Mas em nenhum momento ela negou o que Lúcifer estava fazendo. Lúcifer deslizou sua mão pela lateral do corpo dela em seguida, a fazendo se contorcer em baixo dele. Mas não por querer distancia, mas sim por desejo. Sua mão chegou na parte em que as pernas dela estavam nuas, devido ao vestido curto que ainda estava usando. Seus dedos macios acariciaram sua coxa suavemente, como se Lúcifer estivesse acariciando um gatinho carente. Emme se derreteu completamente ao seu toque. Mas suas caricias logo pararam assim que seus dedos se tornaram firmes naquela região e levantou sua coxa até que estivesse encaixada juntamente com a cintura dele. Emme desviou seu rosto do dele para ver essa posição em que ele a havia colocado, mas mesmo não tendo mais seus lábios, Lúcifer não deixou de beijá-la por seu pescoço até que chegasse em seus ombros. Ele arrastava seus lábios gelados fazendo um caminho de vai e vem, um ato muito delicado e que Emme estava apreciando muito, principalmente quando as caricias por volta da região de seu joelho, onde Lúcifer segurava grudado a sua cintura, voltaram a acontecer. Mas lentamente tudo foi parando, o caminho que seus lábios faziam, as caricias e a realidade atingiu Emme tão rápido quanto isso. — Você precisa respirar, pumpe.— Ela escutou a voz de Lúcifer, ainda em cima dela e com um braço em baixo de suas costas. E depois que ela abriu seus olhos para encontrar aqueles verdes anormais, ele afastou um pouco seu rosto. Emme puxou o ar e o soltou lentamente, notando que, realmente, não estava respirando até o vampiro a lembrar de que precisava fazer isso. E pela primeira vez em sua vida, Emme podia sentir que estava ficando gelada. E era isso, que Lúcifer causava nela. Um sentimento e reações muito estranhas. — Eu preciso...— Lúcifer se levantou e a puxou junto com ele, fazendo Emme se sentir um fantoche já que não podia reagir sem a ajuda de ninguém, mas a melhor coisa no momento, foi


Lúcifer sair da cama e dar alguns passos para trás.— Preciso ir.— Ele disse de uma maneira mais dura. — Espere.— Espere? A mente de Emme a castigou severamente, Sua impura.— Eu preciso perguntar algo pra você.— Ela deu sorte de conseguir falar algo com Lúcifer em seu quarto ainda, pois quando se deu conta o vampiro já estava quase abrindo a porta de seu quarto. Mas antes de fazer isso, Emme conseguiu receber aqueles olhos verdes fixos no seu olhar. Soltando um suspiro frustado em quanto se sentava em suas panturrilhas, ela mordeu seu lábio inferior por estar nervosa, notando que sua voz não sairia. Mas Emme não desistiria.— O que isso significa?— Ela perguntou. — Eu não sei.— Lúcifer torceu seus lábios para o lado após a pergunta, demonstrando que não tinha uma boa resposta.— Talvez... algo.— — Algo?— Emme não compreendeu exatamente o que ele estava falando. Lúcifer sorriu, mas não era um sorriso normal, talvez tivesse ironia nele.— Algo.— Ele repetiu abrindo a porta para que pudesse sair e deixando Emme sozinha. — Algo errado e impuro.— Murmurou para ela mesma e não acreditando que estava caindo em pecado. Emme afastou essas coisas de sua mente e se levantou da cama caminhando diretamente para o banheiro. Mesmo Lúcifer ter feito um ótimo trabalho ao não lembrá-la que havia resto de sangue em seu rosto, ela não havia se esquecido disso. Então um banho seria muito bom no momento. *** Quando a fome surgiu como um felino grande e forte dentro do estomago de Emme, ela se encontrou descendo a escada principal da mansão e caminhando diretamente para a cozinha com a intenção de achar Leila e perguntar várias coisas, principalmente na parte em que o vampiro parecia gostar de manter sua boca junta a dela e cometer um ato pecador. Em seu caminho, também pode reparar, que não haviam mais guardas ao lado de fora da casa de Lúcifer e tudo estava tão calmo que parecia que não havia ninguém na mansão. Mas Emme sabia que Lúcifer estava em algum lugar dentro da casa e que também existia mais dois hospedes. E ela teve mais certeza ainda sobre isso quando entrou na cozinha e se deparou com a mulher loira, acompanhando o vampiro com um forte sotaque frances, que estava sentada em um dos bancos de frente com o balcão comendo seu café da manhã. Leila não estava na cozinha, o que deixou Emme apreensiva, mas a melhor parte é que apenas a mulher loira estava no local, sem o seu vampiro que, realmente, era assustador. Ela virou seu rosto em seguida assim que percebeu que não estava mais sozinhas, seus olhos azuis cor de gelo passaram por Emme e a deixou notar que eles não tinham vida, mesmo quando um sorriso cresceu no rosto angelical dela. E quando se falava azuis gelo, ela realmente fazia jus a isso, pois seus olhos não expressavam nada.— Olá, Emme.— Ela disse gentilmente.— Vejo que está bem melhor.— — Eu estou melhor mesmo, obrigada....— Emme disse ainda sem jeito, mas quando não lembrou do nome dela, se perdeu em sua frase. — Roxie.— Ela a ajudou.— Eu me chamo Roxie.— — Eu estava procurando por Leila, você sabe onde ela está?— — Ela teve que sair por um momento, problemas com a filha, eu acho.— Roxie respondeu Emme. — Mas se você está com fome, nós podemos dividir essa bandeja, existe muitas coisas só pra mim


aqui.— — Eu não me sinto confortavel pegando sua comida.— Emme foi sincera. — Oh, não tenha medo de mim. Eu sou apenas uma... humana.— Roxie disse de uma forma que pareceu não estar contente com isso.— Sou exatamente como você.— Emme caminhou até a bancada em seguida e se sentou ao lado de Roxie, o que a fez empurrar a bandeja até que estivesse no meio delas.— Então... Me conte como você e Lúcifer se conheceram. — Ela pediu educadamente. E Emme não negou seu pedido, afinal, estar no silêncio era algo que ela sempre odiou, então como não conhecia Roxie, tinham que falar de um assunto em comum que elas possuiam. Alem da humanidade, Lúcifer era o outro ponto. — Eu não acredito que ele matou dois vampiros por causa de você.— Roxie disse incrédula, assim que Emme terminou de contar sua historia, em quanto levava uma torradinha direto para sua boca. — Isso me assustou demais.— Emme disse.— Mas agora...— O olhar de Roxie mudou dessa vez, provavelmente capitando algo no ar e percebendo que Emme não contou algo importante.— Você gosta dele.— Ela murmurou. — Não!— Ela exclamou em pura negação. Se apaixonar por um vampiro? Definitivamente não. Isso estava no topo da lista que Emme considerava proibido.— Ele me beijou, duas vezes.— decidiu falar, não muito contente.— E eu não sei o que isso significa.— Dessa vez, Roxie ficou chocada e até mesmo sem palavras. — Lúcifer, realmente, te beijou?— Ela perguntou.— Beijos verdadeiros, MESMO?— — Existe beijo falso?— Emme ficou confusa. — Eu estou sendo dramatica.— Roxie sorriu, mas logo o seu sorriso sumiu.— Mas uau... Isso é uma novidade até pra mim, tudo está sendo uma novidade pra dizer a verdade. Pois jamais esperava que Lúcifer ajudasse humanos, aparentemente acho que você conseguiu conquistar o vampiro.— — Eu não quero conquistar ninguém.— Emme murmurou. — Não sei o que você sente por ele de verdade, muito menos o que Lúcifer pensa sobre isso...— Roxie, realmente, não sabia o que dizer, mas seus olhos não sairam dos de Emme em nenhum momento.— Eu estou surpresa, não imaginei que essa situação estivesse tão avançada.— — Que situação?— — Você é muito pura pra saber o que ocorre na mente dela.— Outra voz surgiu no local, fazendo com que Roxie e Emme se virassem na direção daquele vampiro que possuía um sotaque francês muito forte, e bom, se Emme já estava apreensiva apenas com Roxie, ficou ainda mais com a presença desse outro homem que exalava poder em cada parte que pertencia a ele. E Emme não deixou de notar que pela primeira vez os olhos de Roxie demonstraram algo, um brilho enorme surgiu naqueles azuis gelo assim que encontraram o amigo de Lúcifer. — Não é gentil se intrometer na conversa do outros e ainda insultar minha mente, Andrew.— Roxie disse com um pequeno sorriso em seu rosto, um aviso para que... Andrew se aproximasse. E mesmo que ela não desejasse que ele se aproximasse, não adiantaria nada. O vampiro já estava na metade do caminho quando ela disse isso. Ele ficou a centimetros de Roxie e a beijou na lateral de sua testa quando ela virou seu rosto para Emme.— Bom dia para você, cherie.— Ele murmurou gentilmente. — Andrew, você não tem nada para falar a Emme?— Emme olhou para o casal ao seu lado curiosa, pois ela não esperava nada de Andrew.


Principalmente depois de ver o olhar fuzilador que ele lançou para Roxie. — Emme,— Ele disse de uma maneira que não soou falso, mesmo parecendo que não estava muito feliz em entrar naquele assunto.— Me desculpe por tê-la tratado como uma mulher que apenas estava divertindo meu amigo na noite passada e...— Emme ficou chocada a ponteo de interrompê-lo.— Você pensou que eu....— As palavras faltaram em sua mente, pois pensar de que ela era uma mulher da vida... — Sim, eu pensei.— Roxie deu uma cotovelada no estomagado de Andrew, tirando um pequeno gemido de Andrew e quando notou que Emme viu isso, ela sorriu.— Quero dizer, eu pensei por um momento, mas depois de escutar seus pensamentos... Roxie, acho que estou traumatizando a humana de Lúcifer.— Ela não estava traumatizada, claro que não, apenas paralisada. Pensarem de que era uma mulher não pura, era algo muito... chocante. E a segunda parte, ter outra pessoa que escutava seus pensamentos já era demais. Emme mal teve tempo de acredita que Lúcifer era capaz disso e muito menos aceitar que ele sabia as coisas que pensou sobre sua beleza... E agora, existia outra pessoa. — O que você fez com a Emme, Andrew?— Lúcifer entrou na cozinha e notou que ela estava em um pequeno estado de choque. — Muito bem, Andrew.— Roxie o repreendeu.— Eu disse para escolher palavras educadas.— — Eu não fiz nada!— Ele se defendeu. — Emme...— Roxie chamou seu nome, o que a fez receber seus olhos cinzas, mas algo em sua expressão mudou a fazendo desistir do assunto que iria falar.— Isso é um belo colar.— — Pelo amor de Deus.— Lúcifer murmurou em revolta pelo comentário de Roxie e se aproximou de Emme, a fazendo olhar para ele em seguida.— Pumpe, Andrew pode parecer um monstro, mas ele é meu amigo. Então não se preocupe pois nenhum deles vão fazer mal algum a você.— — Não se esqueça que o monstro é seu rei e tem direito para mandá-lo ser preso ao sol, Lúcifer.— Andrew rebateu e então olhou para Emme, mas a expressão também mudou para algo curioso.— Lúcifer, olhe para o colar dela.— — O que tem de errado com o colar dela?— Ele disse sem paciencia. Com tantos olhares para o colar dela, Emme foi obrigada a olhar também, mas não havia nada de errado. Simplesmente nada fora do lugar. — Por todos os Deuses.— Lúcifer soltou um suspiro surpreso, seus olhos fixos em sua gargantilha. — O que há de errado, Lúcifer?— Emme perguntou. Os olhos cinzas dela cairam em Roxie a seguir quando não obteve resposta, e ela parecia mais confusa do que Emme. — Iawy reconheceu esse colar, Andrew.— Foi o que o vampiro de olhos verdes disse, ignorando completamente Emme. — Do que vocês estão falando?— Roxie explodiu.— Não nos deixe boiando.— Um celular tocou em seguida, deixando todos em silêncio devido ao barulho que soou em meio de uma conversa tensa. Mas o celular tocando era de Andrew, então não interessava a Emme. Ela olhou para Lúcifer e seus olhos quase imploraram para ele dizer o que estava acontecendo. Mas o vampiro desviou seus olhos dos dela, de uma forma tão... ruim. — Eu preciso ir para a mansão real resolver alguns problemas.— Andrew disse após desligar o


celular e se aproximar. — Está tudo bem por lá?— Roxie perguntou. — Provavelmente sim, somente o governo humano me infernizando.— — Andrew, você poderia deixar Roxie aqui junto com a Emme?— — Por que?— Ela e Roxie perguntaram ao mesmo tempo. — Ninguém pode me acompanhar para onde eu vou.— — Você vai me deixar para trás?— Emme perguntou, não gostando da ideia de ficar sozinha. Claro que ela não tinha nada contra Roxie, ela parecia ser muito gentil e uma boa amiga, mas todo o tempo que esteve com Lúcifer, ele nunca a deixou sozinha. Ela tinha medo dele, mas tudo parecia mais assustador quando não estava com o vampiro.— Eu não quero ficar aqui.— Isso soou mais como uma birra, mas Emme não se importou. — Pumpe, eu...— — Dane-se a boa educação.— Roxie disse, interrompendo Lúcifer.— Eu não quero ficar aqui sozinha também.— — O conceito de você ficar com Emme, cherie, é para que nenhuma das duas fiquem sozinhas.— Emme pensava que Lúcifer conseguia ser irônico, mas Andrew conseguiu o trofeu da ironia para ele. — É da minha vida que você está lidando.— Ela lembrou Lúcifer, o fuzilando com seus olhos quando ele não mudou de ideia.— Eu não vou ficar aqui.— — Você fica, cherie.— Andrew disse de uma forma autoritaria dessa vez, encontrando os olhos de Emme em seguida.— Você também.— — Não.— Emme já estava vivendo perigosamente, então...qual era o problema de enfrentar um vampiro? Você vai morrer. Sua mente decidiu avisá-la ou lembrá-la. Considerando a dor que teve ontem ao receber queimaduras em seu rosto, a morte parecia menos dolorida que isso, então novamente a pergunta apareceria. Qual era o problema em enfrentar um vampiro? — Você está se revoltando contra mim?— — Sim.— Emme disse.— Você não manda em mim.— — Então eu vou ser obrigado a prendê-la em seu quarto.— Emme se levantou de seu banco e deu um passo para trás quando Andrew se aproximou, parecendo mais como um touro bravo do que um vampiro rei.— Lúcifer.— Ela pediu por ajuda, mas talvez já fosse tarde. Andrew pegou Emme por suas pernas e a levantou em seus ombros. Ele não a machucou de maneira nenhuma, mas a deixar com raiva e medo... Conseguiu até demais.— Me solte!— Ela exigiu segurando nas costas dele e tirando seus cabelos de seu rosto, que se tornou uma linda bagunça por estar quase de ponta cabeça.— Eu não quero ficar trancada em um quarto.— — Você está reagindo como uma criança, Andrew.— Lúcifer reagiu e passou a caminhar calmamente atrás do vampiros, olhando para Emme. — Andrew, solte a Emme, você está parecendo um animal.— Roxie falou logo atrás do vampiro de cabelos loiros, com um copo de suco em suas mãos, mas Andrew não parou de caminhar em nenhum momento. O que deixou Emme ainda mais irritada. A raiva consumiu Emme de uma maneira que nunca experimentou. Ela não estava se debatendo, pois não queria machucar Andrew também, mas cada vez o seu quarto ficava mais perto e nem Lúcifer ou Roxie estavam fazendo algo que prestasse para tirá-la dali.— ISSO É ESTUPRO!—


Emme gritou, o fazendo parar finalmente. Mas parecia que não foi o certo gritar aquilo, pois não só Andrew, como Andrew e Roxie congelaram no lugar. Sem contar que Lúcifer teria que vestir uma nova camisa, pois Roxie havia cuspido todo o suco que estava bebendo na hora que Emme gritou.— Roxie!— O vampiro de olhos verdes a repreendeu, tentando olhar para suas costas. Andrew deslizou Emme por seu corpo até que seus pés encontrassem o chão em seguida. Sua sobrancelha estava perfeitamente arqueada, em quanto um sorriso irônico crescia em seus lábios. E ela não pode deixar de notar aquela expressão que Lúcifer costumava ter, aquela em que dizia que Emme era algo anormal e diferente.— Você precisa de um dicionário.— — Por que?— Ela perguntou inocentemente, encarando aqueles olhos azuis que riam dela. — Andrew.— Lúcifer disse seu nome solenemente.— Me deixe lidar com Emme e você faz aquilo que sempre fez para fazer Roxie desgrudar do seu corpo real.— — Cale a boca, Lúcifer.— Roxie murmurou para o vampiro, não gostando do comentário. Lúcifer caminhou para ficar mais próximo de Emme e deu um leve toque em seu braço para que o seguisse. Emme não negou seu pedido, mas não estava nada feliz em saber que suas intenções era deixá-la para trás. Pela primeira vez, ele estava a abandonando. Lúcifer levou Emme exatamente para a sala da lareira em que estava a algumas noites atras com uma mulher desconhecida. O problema, era que a mente dela estava em uma guerra constante de querer se lembrar de Lúcifer mordendo o pescoço daquela mulher ou da parte em que a colocou em um balcão e ficou muito próximo. O vampiro se sentou no sofá em frente da lareira e pediu gentilmente com um aceno para que Emme se sentasse também. Ela se sentou ao lado dele, mantendo um pouco de distancia, mas não olhou para ele. Emme fez questão de deixar seus olhos fixos na lareira, em quanto permitia que uma carranca aparecesse para intimidar Lúcifer, mas isso não funcionou.— Por que você vai me abandonar?— Ela murmurou manhosamente depois que ele se manteve em silencio ao lado dela. Podia ter desistido de uma cara feia e ficar sem falar com ele, mas não encontraria aqueles olhos verdes para que pudessem hipnotizá-la. — Eu não vou abandoná-la, pumpe.— Ele disse em quanto se virava na direção dela.— Apenas por algumas horas.— — Isso não faz muita diferença.— Ela murmurou, cravando suas unhas em sua palma quando quase olhou para Lúcifer. — Eu tenho que ir a um lugar, mas não quero assustá-la.— Ele disse.— Existem coisas no meu mundo que você jamais deve conhecer, pumpe, e se pra isso tenha que deixá-la trancada em um quarto, então vou deixar que Andrew entre aqui para terminar o que começou.— — Isso é cruel.— Choramingou, olhando pra baixo para finalmente encontrar os olhos de Lúcifer quando decidiu parar de ignorá-lo.— O que tem no meu colar?— — Eu não posso responder isso agora.— — Existe algo que possa me responder?— Ela perguntou se enfurecendo novamente. — Que você faz lindo bico quando está emburrada.— — Isso não tem graça, Lúcifer, eu estou chateada com você.— — Mas eu não fiz nada, pumpe!— Ele exclamou, mas não de um modo dramatico. Esse pecador com presas estava se divertindo. — Ainda não.—


Lúcifer soltou um suspiro e isso fez com que ele recebesse seu olhar novamente.— As vezes, você lembra minha mãe.— — Por que?— — A maneira em pensar que eu posso estragar tudo a alguma hora mas mesmo assim não deixar de confiar em mim.— Ele disse.— Isso se chama bondade e é raro nos dia de hoje.— — Você poderia começar a fazer tours em conventos, pois existem muitas pessoas como eu lá.— — Andrew me mataria se eu fizesse algo como isso.— Ele disse, recebendo um olhar matador de Emme ao considerar a ideia dela.— Você entende meu ponto agora, existem lugares que são proibidos.— — Deus nunca deixou seus filhos para trás.— Uma última chance, era isso que ela precisava. Lúcifer soltou uma risada ironica e muita sarcastica.— Ainda bem que não sou Deus e muito menos seu pai, minha querida pumpe.— Emme fechou a cara. Lúcifer sempre teria respostas, a não ser quando se envolvia seus sentimentos e ele simplesmente respondia uma pergunta importante com “algo”. Talvez fosse por isso que Emme estivesse irritada com ele também. Ela sabia que homens e mulheres praticavam atos impuros quando o diabo invadiam seus corpos, e literalmente, Lúcifer queria que o mesmo acontecesse com ela. E Emme jamais permitiria que um demonio invadisse seu corpo, não mesmo. Mas o que ela estava pensando? Lúcifer lhe disse que tudo aquilo que ela acreditou era mentira e o anjo caído citado na biblia como a pior coisa que existia, estava sentado bem em sua frente e não tinha nada daquilo que leu sobre ele. Tirando a parte de que era um anjo muito bonito e chamativo. — Vou precisar do seu colar para levar comigo.— Lúcifer disse, tirando Emme de seus pensamentos. Isso a irritou mais ainda. Levar seu colar ele podia, mas em quanto levar ela, não estava nem nas ultimas opções. Emme puxou seu colar do seu pescoço raivosamente. Apenas agradeceu pelo laço feito atras tenha se desfeito facilmente, caso contrario teria se enforcado. Ela não tinha intenção de se enforcar, mas no caso de Lúcifer era diferente... Não, sua mente gritou, não seja como ele. Tarde demais para um aviso como esse, pois viver com um assassino, o resultado de sua boa educação era se tornando como má educação. Ela teve certeza disso quando jogou o colar na mão de Lúcifer estendida. Afinal, parecia muito errado entregar gentilmente para ele, então... isso estava bom. Emme voltou a ignorar a presença de Lúcifer na sala, novamente com seus olhos fixos na lareira. — Eu voltarei logo.— Ele disse e se aproximou para beijar o topo de sua testa. Mas quando seus lábios ficaram próximos dela, ela desviou sua cabeça em revolta para que esse beijo nunca acontecesse. Lúcifer entendeu o recado e mesmo não o olhando, Emme sabia que ele estava com um daqueles sorrisos ironicos.— Ok. Não sinta minha falta, mesmo que isso seja algo torturador. —


Emme fechou seus olhos por um momento, se sentindo culpada por tratar Lúcifer mal. Ela, realmente, precisava entrar em uma banheira cheia de agua benta. Quando abriu seus olhos com a intenção de dizer para que Lúcifer voltasse logo, como um pedido de desculpas, ele não estava mais presente no local.— Até logo, Lúcifer.— Emme murmurou para ela mesma, não sabendo se Lúcifer escutaria. Depois de um momento sentada naquele sofá sozinha, ela se levantou e caminhou para fora daquele lugar e não demorou tanto para encontrar Roxie, que também estava sozinha. — Acho que fomos abandonadas.— Ela disse para Emme, com aqueles olhos azuis claros como o gelo sem nenhuma expressão. Era estranho como seus olhos não falavam por ela, pois até mesmo Lúcifer possuía essa coisa e Emme não podia comparar ninguém a Andrew, pois aqueles olhos frios falavam por ele sem que nem ao menos precisasse abrir a boca. Mas o lado bom desse assunto, era que os olhos de Roxie brilhavam e ganhavam vinda quando estava direcionados ao vampiro que chamavam de rei, caso contrario, Emme diria que ela é cheia de obscuridade dentro de seu coração. Emme encarou Roxie por um momento novamente. Seus olhos eram muitos tristes para serem... humanos.— Você não é humana.— Emme deduziu, quase se sentindo traida por Roxie ter mentindo a ela. — Eu sou humana, Emme... Infelizmente eu sou.— Ela disse.— Mas a um ano atrás não era muito diferente de Andrew ou de Lúcifer.— — Você era uma vampira?— Emme ficou chocada. — Sim, durante 333 anos da minha vida fui vampira. Mas as coisas mudaram no ano passado.— — Agora entendo o motivo da rainha dos vampiros ser humana.— Seus olhos cinzas passaram por Roxie e novamente notou que para ela ser humana não era algo de se orgulhar.— Por que você não volta a ser vampira?— Emme perguntou, como se isso fosse a coisa mais simples do mundo. — Eu não posso, não posso nem pensar em me transformar em outra criatura sobrenatural também pois meu corpo é fraco e não aguentaria uma transformação, o que me levaria a morte.— Roxie explicou.— Voltar a ser imortal é tudo que desejo, eu quero saber que posso acordar e amar Andrew sem me preocupar em morrer por coisas inuteis.— — Você amava ele? Quando era uma... vampira?— — É claro que sim e Andrew me ama também.— Emme franziu o cenho por um momento, deixando Roxie confusa também. — Lúcifer me disse que vampiros não amavam.— — Oh.— Roxie deixou que o som de surpresa soasse entre elas.— Bom, isso é complicado de explicar. Muitos vampiros falam isso pois o sangue é o nosso verdadeiro amor, quero dizer, o amor deles. Pois quando estão necessitados e famintos por sangue os vampiros matam quem amam, não conscientemente, mas matam. E em uma lista do amor, o sangue vem primeiro para depois uma pessoa, mas existem vampiros que trocam o lugar desses itens, como foi o meu caso e de Andrew, são casos raros, mas acontecem.— Ela explicou.— Um vampiro só ama se ele desejar isso, e como a eternidade e o mundo sobrenatural é algo que os acabam deixando sozinhos cheios de sofrimento, ninguém prefere amar.— — E Lúcifer esta no meio dessas pessoas.— Emme murmurou desviando seus olhos para o chão ao lado de Roxie, mas não demorou para que a humana loira recuperasse seu olhar.— O amor é bom? — — É complicado demais para explicar esse sentimento, mas como eu sei que você desconhece isso


tentarei explicar.— Roxie disse, estendendo sua mão para que Emme a pegasse e fossem a um lugar mais confortavel. — Você poderia me explicar também como voltou a ser humana?— Ela perguntou, mesmo sabendo que esse era um assunto delicado para Roxie, mas a outra humana também não negou em contar sua historia também. Emme e Roxie apenas ficaram lá na sala com a lareira acesa para esquentá-las, comendo chocolates e conversaram exatamente como amigas faziam em escolas após se encontrarem depois de um longo tempo afastadas. Sem contar que isso foi ótimo, pois Emme sentia que estava fazendo uma nova amiga. *** Horas mais tarde Andrew entrou na sala da lareira, onde Roxie e Emme conversavam alegremente, e sua expressão não era das melhores. As duas se calaram ao mesmo tempo ao vê-lo e ela não foi a única a notar que o vampiro não estava com suas expressões normais.— Qual o problema, Andrew?— Roxie perguntou. Os olhos de Andrew foram para Emme por um momento e isso a assustou pra caramba, mas logo eles voltaram para Roxie e um suspiro também veio em seguida.— Nós temos que sair daqui.— Ele anunciou, não muito feliz por isso ter que acontecer. — Por quê?— Emme perguntou, tirando as palavras da boca de Roxie quando foi mais rapida ao dizer. — Você parece ser muito importante para a igreja católica, Emme.— Andrew disse, ainda não explicando nada para ela.— Todas as igrejas católicas de Londres estão atrás de você e principalmente de Lúcifer. Os humanos descobriram, provavelmente pela boca de algum vampiro da festa do culto, que você está com ele e nesse exato momento tenho um mandato oficial assinado até mesmo pela clave para matá-lo.— Emme olhou para Roxie de relance e viu que ela estava palida e muito chocada, o que não estava tão diferente dela. — Você vai matar Lúcifer?— — Claro que não, Emme.— Ele a respondeu quase ofendido, provavelmente por não ter gostado dela pensar que Andrew mataria seu melhor amigo.— Mas nós temos que sair das propriedades de Lúcifer.— — Então... Todas as igrejas católicas estão atras dela?— Roxie parecia estar ainda mais chocada quando recebeu um aceno de Andrew com a cabeça, dizendo que sim. Ela soltou um assobiou frustado.— Caramba garota, você sabe como sacudir a calma e solene cidade de Londres.— — Você precisa pegar suas coisas Emme, temos que dar o fora da mansão de Lúcifer o mais rapido possível, a clave já deve ter informado onde se localizam as propriedades dele e logo os humanos estarão aqui.— — Por que eu sou tão importante assim?— — Cada um tem seu valor, Emme, apenas não sabemos qual é o seu.— Ele a respondeu o mais gentil que pode.— Agora vá buscar suas coisas.— — E Lúcifer?— Emme perguntou, ele provavelmente voltaria a sua mansão e não a encontraria, sendo assim, seria ela a ter abandonado o vampiro de olhos verdes. — Ok.— Andrew disse pensativo.— Vocês passaram a noite juntos, certo?— Emme olhou novamente para Roxie e ela estava incrédula. Ela havia deixado de lado o detalhe em que havia dormido junto com Lúcifer. Mas isso, realmente, era um detalhe. Afinal, foi o beijo que era o alvo de toda a situação estranha. — Sim.— Emme disse calmamente.— Eu dormi com ele.—


— Isso foi o suficiente para que ele tenha fixado e conhecido seu cheiro por muito tempo, então ele a encontrara não importa onde for.— Emme não discutiria com ele, afinal nunca poderia entender essas coisas sobre vampiros. Então tudo que fez foi confiar em Andrew, mesmo não o conhecendo. Ele e Roxie eram amigos de Lúcifer, então ela não estaria errada em em fazer isso. Ela acenou sua cabeça para Andrew e passou a caminhar em direção do seu quarto para pegar algumas coisas. Emme não tinha muitas coisas, mas não deixaria de lado aquelas que possuía. Alem do mais, tudo era valioso para ela, principalmente seu colar que no momento estava em boas mãos.


10Lúcifer parou de caminhar assim que chegou ao lugar destinado. Seus olhos verdes passaram por todo o lugar para ter certeza de que estava sozinho pela redondeza. A sorte dele foi que quando Andrew reparou algo diferente no colar de Emme, o sol já estava quase se pondo, então não teria que esperar. O que seria algo muito ruim. O vampiro retirou de seu blazer um celular para usá-lo. — Lúcifer.— A voz do incubbus surgiu do outro lado da linha após ele ter discado o numero de Iawy. — Eu preciso lhe perguntar uma coisa...— Lúcifer começou, mas antes que pudesse continuar sua frase, Iawy o interrompeu. — Se for sobre Emme, eu não descobri nada ainda. Seus exames chegaram hoje mais cedo e ela é limpa como uma recém-nascida.— — Eu acho que não vai ser mais preciso de pesquisas no momento.— Falou Lúcifer, com seus olhos fixos nas arvores em sua frente.— Apenas me recorde algo... O simbolo de um olho egipcio, ele significa proteção, certo?— — Sim, o olho de Hórus, significa proteção e poder.— Iawy disse pensativo.— Por que a pergunta? — — E foi Hades quem adotou esse simbolo?— — O simbolo pertence a Hades, Lúcifer, e foi exatamente por isso que seus olhos ficaram tão anormais depois que ele lhe transformou.— Os olhos de Lúcifer foram diretamente para o colar em seguida, onde existia o olho de Hórus esculpido em um tamanho muito pequeno no inicio do crucifixo, dificultando que qualquer um enxergasse aquilo, exceto criaturas naturais que poderiam ver sem nenhum problema se prestassem atenção. E quando dizia que o simbolo estava no inicio, ele tinha que colocar aquela pedra de esmeralda esculpida de ponta cabeça para vê-lo melhor. Formando a figura que era conhecida como aqueles que adoravam o satanás. E tudo isso fazia sentido agora... O crucifixo de ponta cabeça, que foi modificado para parecer algo religioso e não satanico, o olho de Hórus e até mesmo o nome de Emme se encaixava nisso tudo. — Estou prestes a descobrir quem é Emme, Iawy.— Ele murmurou.— Obrigado por isso.— Lúcifer desligou o celular antes que Iawy respondesse, mesmo parecendo algo muito sem edução, ele não se importava. O vampiro não tinha tempo para resumir o que estava acontecendo para o inccubbus ou qualquer outra pessoa. Seus olhos verdes passaram por todo o convento em que Emme cresceu. O lugar era quase


fantasma, pois era longe da cidade e havia mais mata em volta do convento do que civilização. Era um lugar horrivel para uma criança crescer. Existiam somente vidas dentro do convento, ao redor não havia mais nada alem do silêncio da noite. O que era bom, pois Lúcifer não teria que temer alguém pedindo por ajuda ou coisa do tipo. Essa noite o vampiro teria uma conversa séria com os responsáveis desse lugar. E ele teria toda a verdade consigo, não importava o que tivesse que fazer. Ele caminhou até o portão do local como se fosse um belo rapaz caminhando por Londres sem rumo, mas tudo indicava de que o vampiro de olhos verdes não estava apenas passeando. Tudo ficou ainda mais claro quando ele quebrou, com suas mãos, o cadeado que trancava o convento do mundo lá fora. O cadeado que fechou Emme por quase 18 anos dentro desse lugar horrivel. Talvez Lúcifer devesse ser mais cuidadoso para que não fosse visto, mas se tinha algo que não gostava, era esconder sua beleza e mesmo que a situação pedisse isso, ele queria ser visto. O filho de Hades desejava sentir o medo nos corações das pessoas desse lugar. Mas logo que chegou isso não aconteceu, era noite e Emme havia lhe dito uma vez que o dia acabava logo no convento, então todos deveriam estar dormindo. Assim que Lúcifer encostou o portão e passou a andar pela entrado do convento, ele viu um monge caminhando com uma vela em suas mãos, aquele homem seria sua primeira vitima. Antes mesmo que o monge pudesse notar sua presença, o vampiro de olhos verdes o puxou por seu braço e o levou contra a parede, para ter um melhor apoio ao segurá-lo. Era obvio que aquele homem estava prestes a fazer um escândalo, mas Lúcifer não permitiu que isso acontecesse, quando o pegou pelo pescoço e passou a esmagar aquela parte.— Bem,— Ele disse afiadamente.— Olá, filho de Deus.— Naquela hora era obvio que Lúcifer havia deixado seu verdadeiro ser crescer nele, seus olhos e suas presas eram essenciais no momento. O monge entrou em panico, claro. Em sua mente ele podia ouvir seus gritos, pedidos de socorro e rezas. Lúcifer revirou seus olhos quando ele disse que não deveria ter olhado para uma freira com desejo e por isso estava sendo castigado por um demonio.— De- demô...— O monge tentou dizer algo, mas o vampiro apertou ainda mais seu pescoço. — Sim, demônio ou diabo, tanto faz.— Lúcifer falou impaciente.— Apenas não tente fazer suas mandingas para me afastar e blá blá blá.— O monge, por mais que tentasse, jamais conseguiria se livrar do aperto de Lúcifer em seu pescoço, mas o vampiro acabou aliviando isso um pouco pois precisava desse humano afinal das contas.— Se você gritar, eu vou matá-lo.— Ele avisou.— Então antes que isso aconteça, me diga onde o responsavel desse lugar está e o nome dele.— — Pa-padre Antônio.— Ele quase não conseguiu falar.— Está na torre.— Os olhos verdes de Lúcifer foram para a torre em que o monge estava olhando, indicando que o padre estava lá. Um sorriso cresceu em seu rosto, um sorriso assassino.— Muito obrigado.— Ele murmurou, antes de torcer o pescoço daquele homem até que seus ossos fossem quebrados, o levando direto para


uma morte sem sofrimento. Lúcifer deixou o corpo ali jogado na escuridão, talvez fosse errado matar um monge... mas quem se importava? Provavelmente ninguém sentiria falta de um ser humano que pensava ser uma santidade. Lúcifer não sentiria. O vampiro caminhou para a torre que ficava um pouco afastada do convento em busca do velho que chamavam de padre. Claro que ele não sabia se o homem era velho, mas a maioria dos padres eram. Afinal, toda essa coisa de se tornar uma coisa pura, levava tempo... Mas acabou que quando Lúcifer chegou no ultimo andar da torre, onde havia um coração batendo, ele se deparou com um jovem homem. O padre estava na varanda, segurando a grade que o protegia de uma queda e como Lúcifer conseguia ser silencioso como um gato, ele jamais notou sua chegada. Aquele homem apenas o notou quando o vampiro estava a centimetros dele, quando permitiu que o notasse ali. E assim que isso aconteceu, o padre levou um susto que fez com que aquela grade não fosse o suficiente para sua segurança, sua sorte foi que Lúcifer estava ali para segurá-lo por sua roupa e encará-lo raivosamente. O levando para um desespero constante quando notou os olhos vermelhos do vampiro.— Quem é você?— Ele perguntou afiadamente. — Não me mate, por favor.— — Responda-me.— — Eu...eu...— Ele engoliu em seco.— Sou Padre Antônio.— — Ótimo.— Lúcifer sorriu.— Então vou resumir o que desejo, pois tenho uma linda mulher chamada Emme me esperando em casa, e você vai me contar exatamente quem é ela, ressaltando principalmente o fato de existir o olho de Hórus no pertence que tem desde que era criança.— — Emme?— o padre disse seu nome com repugnancia.— Então aquela pequena ingrata está com vocês.— — Você tem 15 segundos para dizer quem ela é antes que eu o jogue daqui de cima.— Lúcifer disse, encarando profundamente os olhos negros daquele homem quando ele pareceu não se importar com sua ameaça...isso era estranho.— 1...2...3...15.— Lúcifer o soltou por um momento, mas o homem segurou nele para que não caísse.— Ela é uma criatura do inferno!— Ele exclamou ao mesmo tempo que entrava em mais desespero do que já estava. Lúcifer o segurou novamente.— Ela é uma criatura sobrenatural, como você, protegida do diabo.— — Emme é humana, não se atreva a mentir para mim.— — Ela não era!— Padre Antônio disse antes que Lúcifer se estressasse.— A igreja católica a sequestrou a 18 anos atrás para roubar sua imortalidade e quando isso aconteceu, ela nasceu de novo.— — Eu não acredito em você.— — Mas é verdade.— Ele estava morrendo de medo, ainda com mais medo quando Lúcifer afrouxava seu aperto em seus braços, para que o levasse em uma queda.— Quando se retira a imortalidade de uma criatura sobrenatural... Ela volta a ser um bebê.— — Eu já vi duas pessoas perdendo a imortalidade e isso nunca aconteceu.— Lúcifer rangeu entre os dentes. — Talvez seja o nosso ritual.— — Eu não quero saber o que vocês fazem para que isso aconteça.— Lúcifer esbravejou, sentindo seu lado assassino acordar ao pensar no quão desumano era tirar a imortalidade de alguém a força... — Por que vocês fizeram isso com uma protegida de Hades?!—


— Ela era a mais tola para um sequestro.— Isso não surpreendia Lúcifer, mas... Emme era uma imortal! E protegida de Hades! — Vocês estavam loucos ao fazer isso, Hades terá sua vingança.— — Nós estavamos protegidos em quanto Emme estava aqui, ameaçando sua vida quando Hades tentava agir contra nós, mas não se esqueça que deuses não podem se intrometer em nosso mundo, isso poderia causar um grande estrago.— — Eu não me importo.— Lúcifer murmurou afiadamente.— Diga-me o motivo por fazer isso com Emme.— — Nós desejamos que a igreja seja imortal para que a época em que ela mandava em todos, a época em que nossa lei era venerada, volte para o mundo. E somente podemos conseguir isso com a imortalidade em alguns padres para vencer essa luta nessa luta.— Lúcifer gargalhou. Realmente riu na cara daquele tolo. Mas ao mesmo tempo que isso aconteceu, ele sentiu sua raiva crescer de uma maneira que jamais tinha visto, sua fome por vingança veio junto a isso. Fazer tudo isso com Emme por uma ideia tão tola... Era imperdoavel. — Deixe-me dizer duas coisas.— Ele disse.— A época em que a igreja mandava nas pessoas tolas, que eu chamo de humanos, já morreu há muito tempo e ser imortal apenas torna que seja dificil matá-lo, mas não o invencível e muito menos dono do mundo.— Lúcifer notou que agora o padre estava passando a ter medo, depois que provou que a imortalidade tirada de Emme podia ser tirada dele. O vampiro não entendia como tiraram a imortalidade de Emme e como continuava viva, mas isso era o importante... Ela ainda estava viva. Muito menos conseguia compreender como conseguiram absorver a imortalidade dela, mas como ele disse que havia um ritual, então a magia estava envolvida. Então tudo estava explicado, principalmente o fato de roubarem uma imortalidade e colocá-la em humanos. E ele com certeza daria um jeito para que Emme voltasse a ser imortal, pois assim suas queimaduras deveriam parar. Suas queimaduras não foram explicadas, mas esse homem não sabia e só uma pessoa poderia saber explicar isso. Lúcifer olhou para o padre mais uma vez, essas pessoas que queriam se aproveitar da imortalidade das criaturas sobrenaturais e tirou aquilo que era de mais importante para Emme, eles, com certeza, não mereciam ter uma vida. Não mesmo, a mente do vampiro concordou com ele, a mesma que desejava ver o sangue por todo esse lugar. — Diga adeus a sua imortalidade.— Lúcifer sussurrou calmamente para que em seguida atravessasse o peito daquele homem, que agora com seu coração arrancado não parecia tão imortal. Seus gemidos antes do silêncio cair foram como musicas para o vampiro, seu sangue escorrendo e o coração dando sua ultima batida antes de parar, foram como chocolates se derretendo em mãos de crianças. Fazia tanto tempo que Lúcifer não matava, que havia se esquecido de tudo isso. E ele precisava de mais, Lúcifer necessitava ouvir gritos, ultimas palavras e gemidos antes do silêncio total. O vampiro estava tão malditamente irritado por terem causado uma vida mortal a Emme, quando


ela deveria ser imortal, que precisava de mortes, muitas mortes, para se distrair. Então, o convento seria muito pequeno para esse desejo. Mas era o que ele tinha e não jogaria a oportunidade fora. *** Lúcifer fechou todos os botões de seu blazer após ter saído do convento, sua camisa havia se tornado vermelha e molhada depois de tantas mortes. Mas pela primeira vez, ele não se importava com suas roupas e sim com o lindo resultado que havia causado. Mesmo tendo inocentes no meio, Lúcifer matou todos igualmente e quando os gritos começaram, foi a melhor parte. Haviam poucos que eram imortais, as freiras não haviam se aproveitado de Emme, mas mesmo assim não escaparam do castigo que seus padres e madres causaram. O vampiro de olhos verdes fechou a porta atrás dele assim que entrou na antiga igreja de Londres. Talvez fosse errado invadir uma igreja, como Emme havia lhe dito uma vez, mas ele havia assassinado um convento inteiro a uma hora atrás, então isso não era um pecado quando comparado com a chacina. Lúcifer não sabia o motivo exatamente de estar em uma igreja, mas a última vez que ele falou com seu criador foi nesse lugar, então deveria significar algo ou facilitar para que o tão temido diabo aparecesse. Ele caminhou até o altar e em seguida levantou suas mangas até que estivesse em seus cotovelos para que pudesse cortar seus pulsos. Lúcifer odiava isso, mas era a maneira mais facil de chamar Hades, se existia outra ele não ficou sabendo já que a ultima vez que conversou com seu criador foi há três séculos. O vampiro retirou um canivete de seu bolso e passou por seu pulso até que sentisse seu osso na lamina, soltando um pequeno gemido por causa disso ao repetir no outro lado. Lúcifer caminhou em círculo fazendo com que seu sangue formasse duas linhas redondas e quando terminou, caminhou para longe dele. — Pai.— Ele sussurrou a palavra com seus olhos fixos nos dois círculos apenas para ver o fogo começar a queimar em cima das linhas, criando um grande incêndio naquele meio até que uma pessoa aparecesse. E não era qualquer pessoa ou deus, era um dos deuses mais importante e poderoso que já poderá existir. Hades. Lúcifer encarou aquele homem de cabelos longos e negros, que estavam amarrados por uma fita, os segurando levemente em sua nuca, estava obvio que aquilo era algo tratado com muita vaidade. Suas roupas e capa sobre suas costas não eram muito diferentes. Hades era mais palido do que qualquer pessoa que já havia conhecido, ele chegava a ser quase branco de uma maneira que seus lábios finos se ressaltassem com um tom um pouco avermelhado. E claro que seus olhos também chamavam a atenção, aquela mistura de preto e vermelho brilhantes sempre chamariam a atenção naquela região onde sustentava olhos grandes e um pouco puxados, que não demonstravam nada a idade que deveria ter. Aquele deus, que comandava o inferno inteiro, deu um passo para fora dos círculos causando um único barulho na antiga igreja quando suas botas bateram contra o chão de mármore. Seus olhos


passaram por todo o local com um ar de curiosidade antes que fossem para Lúcifer.— Apenas você para me trazer a uma igreja.— Foram as palavras dele, tão calmas que poderiam fazer uma criança dormir se estivessem fechados em um quarto escuro. Mas o vampiro sabia que mesmo com palavras tão solenes, Hades poderia explodir o mundo se quisesse. — Me desculpe.— Lúcifer falou com um tom irônico.— Na próxima vez corto meus pulsos em meio de alguma churrascaria.— Ele sorriu, um sorriso sincero. Hades se aproximou do vampiro e tocou seu ombro com sua mão, fazendo com que Lúcifer sentisse a frieza de sua pele até mesmo por cima de suas roupas.— Vamos caminhar.— — É noite, mas não é tão tarde.— Ele disse.— Não acho que seja adequado você sair ao meu lado com essa capa.— — Você tem algum problema com minha capa, minha criança?— Os vermelhos de seus olhos ficaram mais vividos agora, como se chamas tivessem sido acendidas. — Absolutamente não.— Lúcifer disse de uma maneira que nem se importaria se Hades estivesse com roupas de palhaço.— Mas irei ter que negar seu pedido, pois meu assunto é muito importante e a beleza do mundo lá fora terá que esperar.— — Tão importante como da última vez que ousou me chamar?— Hades perguntou.— Para ter uma pequena crise existencial por ser tão diferentes dos outros vampiros?— — Eu era jovem naquela época e não pretendia sofrer bullying por causa disso.— Lúcifer se defendeu orgulhosamente, não se arrependendo do motivo por ter chamado o seu criador para o seu mundo no passado. — Claro.— Hades disse em um tom de deboche, em quanto levava seus braços pra trás de suas costas e o observava.— O que deseja, criança?— Seus olhos verdes sustentaram os de Hades por um longo momento antes de começar a dizer algo, isso era um assunto que o vampiro nem sabia onde começar, mas ele não podia enrolar.— Fiemme está comigo.— Lúcifer disse sem rodeios. O pouco que era notavel na respiração de Hades, sumiu nos minutos seguintes. E Lúcifer pode notar que todas as expressões de seu rosto haviam sumido. Isso era um bom ou mal sinal, ele não fazia ideia do que era, mas aos poucos as reações de Hades foram voltando e esse deus daria todas as resposta que ele precisava. Claro que Lúcifer não duvidava que Hades havia acreditado nele, mas isso não deixou que o vampiro retirasse a gargantilha de seu bolço e entregasse para o deus do inferno.— Ela esta segura agora.— — Fiemme.— Hades sussurrou seu nome com um tom de perda.— 18 anos se passaram desde que a tiraram de nós.— — Ela não é mais imortal.— Lúcifer resolveu relembrar esse fato.— Emme não lembra do seu passado.— — Eu sei.— Seus olhos vermelhos e pretos voltaram para Lúcifer.— Senti em meu coração quando tiraram as memorias dela.— — Você precisa fazê-la imortal novamente.— Ele disse.— Emme sofre com a humanidade. As vezes, sem nenhum motivo, surgem queimaduras em seu corpo e ninguém pode curá-la, a não ser você.— — Ela é uma criatura do inferno, Lúcifer, é claro que sofre queimaduras sem sua imortalidade. Fiemme pode morrer queimada, igualmente a filha de Zeus e Hera quando sua imortalidade foi ameaçada ser tirada. Assim como Fiemme, Sol morreria em questão de segundos, a diferença é que o inferno não é constituído apenas com fogo. Quando sua alma dança nas chamas, ela sempre será queimada.— Lúcifer soltou um assobiou.— Então é por isso que a imortalidade de vocês é tão vulnerável.— — Exatamente, quando é a imortalidade de deuses em jogo, tudo pode acontecer.— Lúcifer franziu o cenho ao mesmo tempo que ficava super tenso.


— Imortalidades só podem ser retiradas e passadas para outras pessoas quando a criatura sobrenatural é um deus?— Ele perguntou, sentindo o choque crescer quando Hades não tentou discordar dele.— Fiemme é uma deusa?— — Sim, ela é.— Disse ele.— A deusa amante do fogo.— Lúcifer fechou seus olhos e os apertou com força depois de desviar sua cabeça para o outro lado em que Hades não estava. Era demais saber que Emme era uma deusa. — Por que ela é uma deusa?— Ele perguntou finalmente quando estava se recuperando do trauma. — Eu não entendo, sei que para serem deuses é preciso que....— — Que tenha a mistura de sangue de dois deuses em seu corpo.— Ele completou quando o vampiro não teve coragem. — Oh, merda.— Lúcifer deixou isso escapar, trazendo um olhar curioso de Hades. Ele sabia que o deus em sua frente podia vasculhar sua mente até achar o motivo dele estar tão chocado com isso, mas deuses nunca acharam interessante estar na mente de suas criações.— Ela é sua filha e de Perséfone.— — Por que você está tão surpreso, minha criança?— — Eu não esperava que Emme fosse tão importante assim, eu vi o olho de Hórus em sua gargantilha e imaginei que ela fosse somente sua protegida... não a única filha de vocês.— — Não acho que seja importante ela ser sua meia irmã ou não, Lúcifer. O ponto é que você precisa ajudá-la.— Meia irmã, a palavra ecoou por sua cabeça. Lúcifer podia estar interessado por qualquer vampira, mas não... Ele tinha que estar caindo aos pés de uma deusa, de uma deusa que era sua irmã por sinal. Maravilha. — Vamos voltar para o assunto principal.— Ele disse.— Você tem que vir comigo e fazer dela uma imortal novamente e... E assim poderá levá-la de volta para o inferno.— Aquilo doeu muito para dizer. Lúcifer jamais desejou dizer aquelas palavras, mas não era preciso ver o futuro para saber o que aconteceria. Por mais que sentisse algo por Emme, ela não era do seu nivel. E Hades o mataria por se envolver com sua filha de sangue puro. — Eu não posso Lúcifer.— Hades falou.— Era o que mais desejava em minha vida. Trazer Fiemme para casa novamente, para sua mãe... Mas nós, deuses, não podemos se intrometer no mundo dos humanos.— Isso de novo não, Lúcifer se revoltou. Na ultima vez que uma deusa disse essa frase, a mulher de seu melhor amigo perdeu sua imortalidade e provavelmente, por causa dessa maldita frase Emme também perdeu a sua. Sem imortalidade, era a vida dela em jogo agora. — Ela é sua filha!— Ele rebateu raivosamente.— Você não pode voltar para seu trono e deixar com que eu resolva tudo. Eu não conheço nada sobre deuses e muito menos como dar uma nova imortalidade pra alguem.— — Eu confio em você para isso, Lúcifer.— Hades segurou nos ombros do vampiro que estava quase explodindo de raiva.— Tudo que eu mais queria era explodir todas as igrejas catolicas, mas isso também é uma novidade para todos os deuses. Uma deusa jamais perdeu sua imortalidade, e como a mulher de Andrew, ela não pode ser transformada em uma criatura sobrenatural ou em uma humana normal, pois morreria. Irei procurar o ritual que foi usado para que você possa reverter isso, mas eu não posso me envolver nisso.—


— Por que não?— — É proibido.— Tentou explicar.— O planeta pode ser muito prejudicado se os deuses se envolverem nos problemas de vocês, principalmente quando se trata dos três deuses mais importantes.— Lúcifer soltou sua respiração presa fortemente, não contente.— Eu sei que se fosse possível você já estaria colocando a religião católica em extinção.— Disse.— Mas Emme... é complicado.— — Eu sei que ela cresceu em um convento e jamais aceitará que é minha filha. Talvez nem aceite o fato de que deve voltar a ser imortal, mas você tem que fazer o que é preciso.— — É difícil saber o que ela negará mais.— Lúcifer falou com um pequeno sorriso crescendo em seus lábios, com seus olhos no chão para que Hades não percebesse que seus pensamentos era sobre sua filha. Mas era impossivel não vir a imagem de Emme tentando não ficar chocada com isso. — Cuide dela para mim, Lúcifer.— Hades disse.— Ela é sua irmã e merece o cuidado desse titulo. — Emme teria o melhor cuidado, sempre. A mente do vampiro resolveu ser irônica. — Não se preocupe, Fiemme está segura comigo.— O vampiro se afastou um pouco de Hades, era notavel que ele já devia estar de partida. Afinal, ele havia ficado muito tempo já. Hades fez o mesmo que ele, passou a se afastar, dando as costas para ele. Mas quando estava novamente no meio do círculo, o deus do inferno se virou para encontrar os olhos de Lúcifer.— Fiemme é uma deusa...mas para ser quem ela é, sua verdadeira alma foi trocada pela a de sua mãe. Minha filha tem a alma pura que você trocou por sua imortalidade um dia, e é por isso que deve cuidar dela.— Uma batida veio à tona em seu coração, mas isso não era felicidade. Quando o assunto era sua mãe não existia alegria... — Eu não deixarei que a alma de Emme fique negra, não se preocupe.— Foi o que ele disse. — Eu confio em você, minha criança.— Hades disse olhando para a gargantilha uma ultima vez antes de jogá-la em direção do vampiro que a pegou sem nenhuma dificuldade.— Minha filha é tudo para nós, Lúcifer, não a machuque.— E essas foram as últimas palavras de Hades antes das chamas voltarem a crescer no círculo e o deus sumir sob elas. O pior de tudo era que Lúcifer ainda não estava pensando em como salvar Emme do mundo mortal, tudo que passava por sua cabeça eram as palavras irmã e alma de sua mãe que sairam da boca de Hades. Lúcifer havia notado que Emme lembrava sua mãe, mas possuir a alma dela... Era demais pra ele. O vampiro precisava pensar, ele precisava de distancia de Emme para que pudesse aceitar a verdade e não sentir raiva dela. Lúcifer precisava se afastar de Emme até que não se importasse mais com a verdade de quem ela é. O vampiro novamente retirou seu celular do bolso de seu blazer e discou um numero rapidamente antes de levá-lo até sua orelha. — Boa noite.— Ele disse rapidamente assim que a pessoa atendeu no outro lado da linha.— Eu desejo comprar uma passagem para Dinamarca, sem data de volta.— Talvez Lúcifer estivesse fazendo tudo ao contrario do que Hades pediu, mas ele sempre foi marcado na historia como egoista. Então pela primeira vez não estava se importando no assunto em que Emme estava envolvida. Se ele a machucaria em sumir por alguns dias? Lúcifer não se importava. _____________________________________ Emme estava sentada de frente com a janela da mansão de Andrew com seu queixo apoiado em


seus braços dobrados. Seus olhos estavam fixos no caminho que o grande portão fazia até que estivesse na entrada da casa. E essa era a 29º noite que ela fazia isso na esperança de ver Lúcifer caminhando naquele espaço. Mas nem mesmo uma sombra surgiu alí. Andrew se sentou de costas para a janela e a usou como apoio para suas costas ao se juntar com Emme naquele lugar. — Em seus pensamentos você deseja matá-lo, mas mesmo assim não desiste de ficar todas as noites nessa janela.— Foi o que o vampiro disse ao entregar uma taça cheia de sorvete de morango para ela. — Você está tentando me engordar, Andrew?— Emme perguntou, encontrando o olhar de Andrew. — Essa é a decima vez que você me da sorvete desde que quebrou meu pé.— — Roxie disse que é uma maneira de se desculpar.— Ele deu de ombros.— E eu realmente sinto muito por ter pisado em seu pé em quanto estavamos tentando valsar naquele dia.— — Já está, literalmente, curado.— Emme tentou não deixá-lo se sentir culpado.— É um inferno andar com todo esse gesso, mas é isso que eu tenho que sofrer por ser humana e estou muito feliz por isso. Não se preocupe.— — Lúcifer me mataria ao saber que quebrei seu pé.— Emme olhou novamente para a janela, seus olhos fixos no jardim dessa vez.— Lúcifer não está aqui para fazer isso.— Ela murmurou e sentiu uma explosão de raiva e magoa crescer. Ele disse que voltava logo e depois de um mês, Emme estava começando aceitar o fato de que Lúcifer havia a abandonado. — Talvez ele esteja com dificuldade de nos encontrar já que mudamos de local várias vezes devido as igrejas católicas que estão lhe procurando.— — Você disse para mim que Lúcifer me encontraria onde estivesse por causa do meu cheiro.— Falou Emme calmamente.— Isso não foi sincero?— — Andrew não estava mentindo.— Roxie entrou na sala em seguida, segurando o pote de sorvete com uma colher enfiada nele, fazendo Emme se perguntar como ela conseguia comer tanto e ser tão pequena.— Ele apenas está tentando defender o seu amigo.— — Eu não entendo.— Emme murmurou confusa.— Nos primeiros dias que Lúcifer sumiu você disse que queria matá-lo, então por que está o defendendo agora?— — Porque estou tendo um momento idiota.— Andrew sussurrou sua resposta para Emme. — E eu não entendo como você pode ter tanta certeza de que a igreja não capturou Lúcifer, Andrew. — Roxie disse parecendo um pouco aborrecida.— Ele jamais deixaria Emme para trás.— — Bom, a clave e a igreja pensam que estou procurando por Lúcifer para executá-lo, então eles me informariam caso isso acontecesse. Alem do mais, apenas um vampiro antigo pode derrubar outro, é quase impossivel capturarem Lúcifer.— Sim, a igreja não havia capturado Lúcifer e tudo indicava para a primeira opção da lista dos motivos por ter sumido. O primeiro item dela? Abandono. — Eu estou entediada.— Roxie disse depois de um tempo, quebrando o silêncio. — Nós teremos muita diversão daqui a pouco quando morrer por estar comendo esse pote de sorvete tão rapido, cherie.— Andrew disse, saindo do lado de Emme para tirar o pote de sua mulher. — Eu lhe dou comidas todos os dias, não aja como uma morta de fome.— Emme não culpava Roxie por comer tanto, mesmo não entendendo para onde ia tudo aquilo que ela engolia, essa casa era tão antiga que nem mesmo televisão ou coisas da era de Emme tinha. Então, nada melhor do que focar a atenção na comida. — Era divertido ver você tentando aprender a valsar, principalmente o fato de ser tão velho e nunca ter aprendido essa dança. Eu, realmente, amava vê-lo apanhar de Emme quando estavam tentando dançar.— Roxie disse.— Mas você estragou tudo ai pisar no pé dela.—


— Eu te amo também, cherie.— O vampire disse ironicamente após Roxie acusá-lo sem piedade nenhuma e tudo que ela fez, foi uma pequena careta.— Emme é uma ótima dançarina de valsa, ela pode fazer isso até mesmo com todo esse gesso em volta da perna.— Não, ela não podia. Pois não pretendia ter seu outro pé engessado. — Eu posso ler sua mente, Emme, não me ofenda.— Ele a avisou se aproximando para que pudesse puxá-la de pé. Andrew ainda estava segurando o pote de sorvete em uma de suas mãos e não o soltou em nenhum momento quando levou Emme até o centro da sala. — Eu acho melhor você fazer isso com a Roxie.— — Oh, eu já faço outras coisas com ela.— Ele disse.— Além do mais, não acho...— Andrew se calou e até mesmo soltou a mão de Emme, deixando ela e Roxie confusas. — Não acho que seja certo usar Fiemme como sua cobaia, Andrew.— Outra voz surgiu na sala, usando o inicio da frase não terminada de Andrew para começar a sua, e era uma voz tão conhecida e talvez bem vinda que fez com que Emme se virasse na direção dela. Lúcifer estava na entrada da sala, desviando seu olhar de todos apenas para fechar a porta em suas costas. Tão silencioso como um gato que ninguém, alem de Andrew, notou sua chegada. — O que você está fazendo aqui?— Emme perguntou secamente. — Acho que supostamente eu deveria estar aqui.— — Depois de um mês?— — Eu vou lidar com você depois, Emme.— Lúcifer disse de uma maneira que só fez a raiva dela crescer.— Agora alguém pode me explicar por que ela está com a perna engessada?— — Andrew pisou no pé dela acidentalmente.— Roxie explicou. — Eu a deixo com você por alguns dias e ainda quebra o pé dela, Andrew?— Ele pareceu pirar, um sinal de que ainda se importava. — Veja como a vida é irônica, meu caro.— Andrew começou.— Eu deixo minha mulher com você alguns dias, ela volta ser humana e sou o pior homem no mundo por quebrar o pé de Emme? E bem, eu pensei que iria morrer afogado do tanto que sua humana chorou por ter sumido sem dar nenhuma explicação, eu tinha que fazer algo para distraí-la. — — Eu não sou humana dele.— — Ela não é minha humana.— Lúcifer e Emme rebateram juntos, causando uma expressão divertida em Roxie e Andrew. Seja lá o que ele estivessem com vontade de rir, ela não havia achado a graça nisso tudo ainda. Emme olhou uma última vez para Lúcifer e deu as costas para o vampiro. Claro que ela queria abraçá-lo e dizer que sentiu sua falta, mas no momento nada disso iria acontecer. E ela muito menos estava interessada no que ele tinha para dizer, já que iria “tratar dela” depois. Então com todo o orgulho que possuia, mesmo mancando, Emme caminhou em direção do quintal. Se é que aquilo que existia lá fora podia se chamar de quintal, mas ela era humilde demais para pensar em outro nome. Emme escutou Lúcifer dizendo para Andrew e Roxie que voltaria logo antes de fechar a porta e continuar mancando para algum lugar. E essa vontade apenas cresceu após que a porta que ela acabará de fechar se abriu para mostrar o vampiro que a abandonou.— Emme.— Ele disse seu nome calmamente, andando atrás dela quando o ignorou. Era obvio que Lúcifer sempre seria mais rapido que ela, ainda mais quando estava com algo na perna que a impedia de andar. Então tudo que ela fez foi se virar para ele e o fuzilar com o olhar. Pelo menos ela tentou, já que ao mesmo tempo que estava com muita raiva por vê-lo, Emme se sentia feliz.— Eu tive sete dias com você antes de simplesmente sumir sem dar nenhuma


explicação. Sete dias que fez me sentir como se você fosse a melhor pessoa que já havia conhecido, mas depois de um mês sem vê-lo, esperando todos os dias por sua volta, você me magoou como se fosse a única pessoa que conheço em toda minha vida.— Emme desabafou sem ao mesmo dar tempo para Lúcifer abrir sua boca.— E bem, você é a única pessoa que eu conheço a mais tempo já que decidiu matar todos aqueles que fizeram parte da minha vida!— — Eles mereceram aquilo.— — Ninguém merece ser morto a sangue frio, Lúcifer!— Emme rebateu quando ele tentou explicar. — Isso é monstruoso. E não me diga que você não é humano, pois para mim não é muito diferente deles, a única diferença é que você mata como se estivesse comprando chocolates!— — Emme, eu sei que está com raiva de mim.— Lúcifer deu um passo a frente, já Emme deu dois para trás.— Mas eu precisava de um tempo.— — Eu confiei em você quando disse que voltaria logo e confiei também quando falou que nunca iria me deixar, que me ajudaria. Você fez tudo ao ao contrario do que prometeu, Lúcifer.— — Eu estou aqui agora, Emme, para cumprir tudo aquilo que prometi.— — Talvez seja tarde demais.— — Eu senti sua falta, Fiemme.— Lúcifer a pegou de surpresa e conseguiu o olhar de Emme. Pela primeira vez, ela notou, que o vampiro não sustentava aquela mascará fria em seu rosto. Pela primeira vez ele estava permitindo que ela soubesse o que estava sentindo. E Lúcifer parecia, realmente, estar se sentindo culpado.— Eu realmente senti sua falta e é por isso que não é tarde.— — Você me machucou, Lúcifer.— E no momento seguinte, aqueles verdes tão anormais não estavam mais em seus olhos. E Emme passou a se sentir culpada por tratá-lo tão friamente, pois se existia algo que ela jamais viu em Lúcifer, era isso... Desviar seus olhos como se estivesse desistindo de uma guerra que sabia que estava lutando por motivos errados. Emme soltou uma respiração pesada e sentiu toda a magoa que existia sobre Lúcifer ir embora. Nem mesmo se desejasse, ela jamais conseguiria ficar brava com ele. Pois no final de tudo foi ele quem compreendeu seus problemas e tentou ajudá-la. Ela não podia de maneira nenhuma ficar com raiva de Lúcifer quando gostava dele de uma maneira diferente, de um modo que sentimentos ruins pareciam não ter poderes suficientes para quebrar o vidro de proteção que existia dentro dela quando se tratava dele. Ela deixou seu orgulho de lado e caminhou, com um pouco de dificuldade, até que estivesse a centimetros do vampiro para que pudesse envolvê-lo em seus pequenos braços em um abraço. Lúcifer sabia que Emme iria fazer antes mesmo de começar se movimentar, mas não deixou de ficar surpreso mesmo assim. Provavelmente ele esperava que ela ficasse alguns dias sem falar ou olhar em sua cara até que esse momento carinhoso acontecesse. Lúcifer a apertou contra seu corpo no segundo seguinte assim que passou seus braços por sua cintura. Ele também levou uma de suas mãos até os cabelos vermelhos de Emme e os acariciou.— Eu também senti sua falta, Lúcifer.— Mas isso não justificava o fato da monstruosidade que ele havia feito em um convento, com pessoas que provavelmente nunca cometeram um pecado tão ruim a ponto de merecer uma morte assim. — Nós precisamos conversar.— Lúcifer murmurou perto de seu ouvido, sua voz se tornando fria. E depois que Emme se afastou, aquela máscara estava de volta. Lúcifer também se afastou, mas antes que ganhassem uma boa distancia ele se curvou um pouco apenas para levantar Emme em seus braços.— O que está fazendo?— Ela disse incrédula, mas não lutou contra, apenas segurou firme em seus ombros mesmo sabendo que Lúcifer jamais a derrubaria. Essa era a primeira vez que o vampiro a carregava quando ela não estava inconsciente ou morrendo de dor. Então foi a primeira vez que Emme notou o tanto de força que Lúcifer havia


em seus braços e conheceu os músculos a baixo de suas mãos. — Eu não tenho paciência para esperar você, essa coisa em sua perna lhe deixa lenta.— — Isso foi rude, Lúcifer.— Lúcifer deixou um riso escapar.— Eu sei que gostou disso, não reclame.— — É como em um conto de fadas.— Emme disse, olhando para o vampiro.— Quando o principe carrega sua princesa... É bonito.— Lúcifer olhou para Emme antes que pudesse começar a andar e ela notou que um sorriso estava prestes a se formar em seu rosto, mas isso nunca aconteceu.— Um dia você terá esse momento com a pessoa que se apaixonar, minha querida pumpe. Mas agora, eu estou apenas fazendo um favor.— Ele disse de uma maneira... diferente. De uma maneira como se Lúcifer estivesse a lembrando que assim que a ajudasse em seu problema, nunca mais participaria de sua vida. — Obrigada.— Foi o que Emme disse, se referindo ao 'favor' que ele estava fazendo. Lúcifer não disse nada em resposta e quando o silêncio caiu de vez, ele passou a caminhar em direção da casa. Emme e Lúcifer passaram pelo casal, que ainda continuava na sala, agora se divertindo com o sorvete que Andrew negou dar para Roxie. Eles eram uma combinação imperfeita, mas eram tão perfeitos juntos que todo o resto parecia não ser importante para os dois. E Emme achava isso muito interessante, ela havia aprendido o que realmente era amor ao vê-los juntos. E gostou muito. Mas Lúcifer nem ao menos deixou que ela aproveitasse a cena romantica que eles estavam tendo, com Roxie obrigando seu marido a tomar sorvete. O vampiro caminhou rapidamente para o corredor dos quartos e entrou naquele que Emme indicou que era o dela. Ela ficou feliz por essa casa não ter escadas, pois não ficaria muito confortavel em estar fora do chão quando fosse subi-la. Alem do mais, Emme estava feliz por não ter uma escada desde que quebrou a perna. Lúcifer a colocou na cama em seguida, deixando suas costas confortáveis nos travesseiros no encosto e sua perna engessada levantada na almofada no meio da cama.— Quando vai tirar isso?— Ele perguntou, com seus olhos verdes fixos em sua perna. — Amanhã.— Emme respondeu.— Talvez hoje, eu não tenho mais noção de horas desde que passei a participar do mundo de vampiros.— — Já passa da meia noite.— Lúcifer a avisou, colocando a mão em cima do seu gesso.— Você poderia me dar essa honra, Fiemme?— Emme sorriu e acenou para que o vampiro tirasse aquela coisa de sua perna. Ela queria tanto tirar aquilo desde que colocou que nem ao menos se importava de Lúcifer fazer isso. O vampiro quebrou o gesso com suas mãos de uma maneira agil e quando chegou na parte em que haviam somente faixas, ele foi muito delicado para que Emme não sentisse nenhuma dor. — Como sabe que já passa da meia noite?— Emme perguntou, olhando para sua perna sem nenhum gesso. Mas foi Lúcifer que conseguiu chamar mais atenção, que havia se sujado um pouco sua calça preta e camisa bordo com o pó do gesso. — Muitos anos de vida é o mesmo que ter muita experiencia.— Ele disse, mas não ajudou muito Emme a compreender.— Eu não faço ideia, apenas sei quando é mais de meia noite.— Foi mais claro. — Você está sujo.— Emme resolveu avisá-lo e se curvou para dar um pequeno tapinha na manga dobrada de sua camisa, para tirar a mancha branca. Lúcifer olhou para ela em silêncio, quase a sufocando quando ele não disse nenhuma palavra. O vampiro aproveitou que Emme havia se curvado até ele e levou sua mão até que estivesse tocando seu rosto em um caricia suave em sua bochecha que logo ficaram quentes sob o seu toque gelado. Talvez ela tivesse sentido falta disso também ou de todo o Lúcifer e a maneira que ele a agia.— Você precisa me prometer que não vai surtar.—


— Você está prestes a me contar o motivo por ter sumido?— — Sim.— Lúcifer a respondeu com um leve balanço em sua cabeça, deixando que seus olhos escorregassem até o pescoço de Emme, mas depois de um tempo ela percebeu que seus olhos verdes estavam mais para baixo... — O que você está olhando?— Ela perguntou inocentemente, olhando para baixo também.— Tem alguma coisa em mim?— Lúcifer a olhou com um meio sorriso em seu rosto.— Apenas conferindo sua saúde, Fiemme.— Emme não entendeu nada do que ele estava falando ou fazendo, mas sua mente logo esqueceu esse ocorrido quando o vampiro tirou a mão de seu rosto para encontrar a dela, apoiadas em sua coxa. — Naquela noite quando a deixei, eu fui para o convento em que você passou toda sua vida e descobri coisas horriveis sobre o que fizeram. Então, quando tive certeza de tudo aquilo que eles me falaram, eu fui para Dinamarca, pois precisava de tempo para aceitar certas coisas do seu passado. — — Meu passado?— — Sim, sobre quem você é e o real motivo por essas queimaduras acontecerem.— — Sobre quem eu sou?— Emme perguntou.— Do que está falando, Lúcifer?— Emme estava muito confusa, pois ela sabia exatamente quem ela era. Ela apenas não sabia quem eram seus pais e o motivo por terem a largado na porta do convento. — No convento,— Lúcifer começou assim que encontrou os olhos cinzas de Emme.— Eu descobri que a igreja católica deseja ser imortal para que a era em que ela mandava em todos e suas leis eram compridas fielmente voltem no futuro. E a melhor solução para isso é que algumas pessoas se tornem imortais. Eles descobriram uma forma para fazerem isso sem se transformarem em vampiros ou outra criatura sobrenatural, a magia está envolvida nesse caso e quando isso está no meio, tudo pode acontecer. Mas somente com a imortalidade de Deuses que eles podem brincar, eles podem retirar a vida eterna de uma deusa e a possuirem dentro de seus corações.— — Eu não entendo, Lúcifer...— Emme sussurrou, recebendo um pequeno aperto em suas mãos, talvez fosse um sinal para voltar ao silêncio que estava. — A igreja sequestrou uma deusa, uma deusa com uma alma tão pura e inocente que caiu na armadilha dessas pessoas. Essa deusa, ela é conhecida como a deusa amante do fogo, vinda do inferno e sem sua imortalidade, sua alma dança com o fogo e ela pode ficar muito machucada por ser uma criatura do inferno e não possuir sua imortalidade.— Emme puxou suas mãos das de Lúcifer e até mesmo se afastou dele quando sua mente passou a juntar as peças do que ele estava falando, seus lábios se entreabriram para dizer algo, mas ela não encontrou sua voz.— Essa Deusa, Emme, é você.— — Eu não sou um monstro.— Ela sussurrou, sentindo lagrimas quentes escorrerem de seu rosto.— Eu não sou um monstro, Lúcifer.— — Você é uma Deusa, Emme, não um monstro.— — VOCÊ DISSE QUE EU ERA HUMANA DESDE QUE NOS CONHECEMOS!— Emme se desesperou.— EU NÃO SOU UMA ASSASSINA!— — Imortais não são assassinos, Fiemme. Você tem a melhor alma que existe e isso faz toda a diferença.— — Uma alma de um monstro.— Suas lagrimas não pararam de escorrer por um nenhum momento. — Não diga isso.— Lúcifer a repreendeu. — VOCÊ ESCUTOU TUDO O QUE FALOU?— Emme perguntou alterada.— VOCÊ DISSE QUE EU SOU UMA CRIATURA DO INFERNO, ALGO QUE FAZ PARTA DA ESCURIDÃO E NÃO QUER QUE EU DIGA QUE SOU UM MONSTRO?— — VOCÊ NÃO É UM MONSTRO!— O vampiro rebateu no mesmo tom com ela, fazendo com que ela se calasse.— Eu prometo, Emme, que você vai ter sua imortalidade de volta e essas queimaduras vão embora para sempre.— — Eu não quero ser uma imortal. Tudo que eu queria desde criança era que essas queimaduras


fossem embora, que não me machucassem mais. EU NÃO QUERO SER IMORTAL.— — Você vai morrer se continuar humana.— — Eu prefiro morrer.— Lúcifer encarou Emme com um olhar fuzilador, provavelmente não gostando nada da maneira que ela tinha falado aquilo. Mas ela havia falado sério. Sua aprendizagem foi baseada entre o bem e o mal, o céu e o inferno. E que tudo que aquilo que era do inferno, era ruim e Lúcifer estava dizendo que ela fazia parte dessa obscuridade. Para Lúcifer era muito fácil contar essas coisas, pois ele viveu no meio dessa monstruosidade durante séculos. Mas para Emme, era isso... Algo monstruoso. Tudo era monstruoso e mau. O vampiro desviou seu olhar para longe de Emme e ela ficou aliviada com isso. Ela não gostava de chorar em frente dos outros e no momento, Emme estava se afogando em seus lagrimas. E devido a verdade que foi dita, ela não desejava ficar perto de Lúcifer ou Andrew e Roxie. Emme não desejava ficar mais perto desse mundo. — Eu sei que não existe nada de especial em ser uma criatura sobrenatural, principalmente quando ela é criada no inferno.— Lúcifer disse, com seus olhos fixos na porta de seu quarto.— E se eu pudesse livrá-la dessas queimaduras sem transformá-la em imortal, eu juro com toda minha vida que iria fazer isso, Emme. Mas eu não sei como fazer isso e nem como transformá-la em imortal, mas é muito mais facil encontrar a vida eterna do que isso.— — Como você pode achar que não é especial?— Emme perguntou, limpando suas lágrimas quando sentiu que não podia julgar Lúcifer como a pior pessoa por causa dessas coisas.— Você é especial para mim.— Ela sussurrou, conseguindo o olhar do vampiro. — Não diga que sua alma é monstruosa, Emme, por favor.— — Por que isso é tão importante pra você?— — Porque você possuí a alma da minha mãe.— Emme ficou paralisada, encarando os olhos verdes do vampiro sem nenhuma expressão. — O quê?— Ela perguntou incrédula. — Minha mãe possuía uma alma pura e isso é algo que da tanto poder para os deuses que eles são capazes de entrarem em guerra quando uma é roubada. Existe a alma negra e a pura, as negras vão direto para o inferno e as pura para o céu, deixando Hades sem nenhuma alma boa. Antes de me transformar em vampiro, eu não fazia ideia de como acontecia essa transformação, mas desejava tanto que estava disposto a fazer qualquer troca. Então eu me encontrei com Hades e nossa troca foi … A alma da minha mãe. E quando você nasceu, cansado de tanta escuridão, Hades colocou a alma dela em você, para que fosse sua luz.— — Foi por isso que você me abandonou.— Deixando uma lagrima cair, ela falou. — Eu nunca superei isso, Emme, e não podia lidar com você sabendo que tem a alma da minha mãe.— — Me desculpe.— Ela chorou, sentindo um choro incontrolável chegando. Até mesmo morder seu lábio inferior ela tentou para que essa vontade passasse, mas nada adiantou e no minuto seguinte lagrimas começaram a escorrer, acompanhadas de soluços.— Eu não queria nada disso.— Lúcifer se aproximou de Emme em seguida e a puxou para seu peito, segurando firmemente sua cabeça contra ele. Ele acariciou suas costas e até mesmo beijou o topo de sua cabeça para mostrar que não precisava enfrentar tudo isso sozinha. Em um caso menos ruim, Emme se preocuparia em molhar a camisa tão fina e sofisticada do vampiro, mas no momento ela estava mais preocupada em não morrer afogada com suas lagrimas e


com aquilo que tinha nojo de chamar de vida agora. — Eu acho que estou me apaixonando por você.— Lúcifer sussurrou, como se não quisesse falar aquilo.— Então eu vou transformá-la em uma imortal mesmo que me odeie por toda a eternidade, Fiemme.— Emme não falou nada pois não conseguiria. Parecia que isso não era importante nesse momento e Lúcifer teria que dar um desconto, afinal, ela era aquilo que tudo mais odiava. E ela, realmente, queria dizer algo só que a coragem não existia mais dentro dela. Não depois de descobrir que fazia parte de um mundo obscuro e assassino. Emme não queria fazer parte dele e o que Lúcifer acabou de dizer, envolvia isso. Mas aceitar o fato que esqueceria o vampiro em uma noite, era mentira. Ela jamais poderia esquecer ele. Talvez também estivesse se apaixonando por Lúcifer, mas aceitar tudo isso era outro ponto. Então, tudo que ela fez foi continuar chorando em seus braços, chorou pela vida monstruosa que possuia. Lúcifer se movimentou um pouco mas não a soltou em nenhum momento, ele apenas fez isso para que pudesse pegar sua gargantilha em seu bolço e o colocar na mão de Emme que estava meio aberta e apoiada na coxa dele. Ela notou que o crucifixo estava de ponta cabeça, modificado para virar algo diabolico, igualmente a cicatriz que Lúcifer havia em suas costas. Emme fechou seus olhos e apertou ainda mais sua cabeça contra o peito de Lúcifer. Ela gostaria de acordar desse pesadelo, acordar para saber que Lúcifer foi apenas uma parte boa de um sonho ruim, mas isso jamais aconteceria.


11Emme sentiu seus olhos arderem assim que os abriu, ela ainda estava segurando sua gargantilha e nos braços de Lúcifer, a única diferença foi que o vampiro mudou de posição para que pudesse encostar nos travesseiros dela. Talvez ela tivesse dormido em alguns momentos em que chorou nos braços dele, ela não se lembrava, mas já estava quase amanhecendo lá fora e tudo indicava que Lúcifer não havia pregado seus olhos. Com sua gargantilha ainda em sua mão, Emme movimentou sua cabeça delicadamente para vê-la. Repugnância, era isso que ela sentia sobre tudo isso. Claro que seu desejo era esquecer tudo, mas infelizmente essa era a verdade desconhecida sobre Emme e de algum jeito, iria ter que aceitar mesmo que tivesse que se obrigar a isso. — Lúcifer?— Ela sussurrou o nome do vampiro com uma voz totalmente rouca, aquela voz que toda garota ficava quando passava a noite chorando por causa de algum namorado. Mas quem dera que os problemas de Emme fossem apenas um simples namorado que terminou o relacionamento com ela... — Sim, pumpe?— A voz dele também saiu um pouco rouca, provavelmente com sono, se vampiros realmente precisassem dormir, claro. Antes de responder a Lúcifer, Emme fechou a gargantilha entre seus dedos e mordeu seu lábio inferior para que o choro fosse embora. Ela já estava cansada de deixar que suas lagrimas escorressem por seu rosto, então foi bem mais fácil controlar isso. — Você está escutando meus pensamentos?— Ela perguntou, com sua voz ainda mais manhosa dessa vez. — Talvez.— Ele a respondeu calmamente, deixando Emme notar que o único movimento existente nele era aquele de sua lenta respiração em seu peito, fazendo com que sua cabeça fosse para cima e pra baixo.— Se você não for brigar comigo, me atrevo a dizer que estou em sua mente desde que cheguei aqui.— — Diga o que está acontecendo em meus pensamentos.— — Por que?— — Eu quero ter certeza de que sabe tudo que está acontecendo aqui dentro da minha cabeça.— Lúcifer respirou fundo uma vez e pareceu que o pior não era ler a mente das pessoas e sim dizer o que elas pensavam em voz alta. Mas Emme não se importava, ele tinha que dizer.— Está tudo confuso em sua mente, mas é notável que está destruída e sente repugnância por fazer parte do meu mundo, você não quer aceitar o que é, pois tudo aquilo que acreditou desde que era criança, parece que não existe mais e não tem onde se segurar. Mas o pouco que aceita isso... é por mim.— — Isso é errado, Lúcifer.— Ela disse, quase se afastando dos braços do vampiro, mas Emme não podia ficar sozinha agora, precisava de Lúcifer mais do que nunca no momento.— Eu não deveria querer isso por você.— A mão gelada de Lúcifer foi até o queixo de Emme e levantou sua cabeça para encontrar seu olhar. Ele sorriu para ela sinceramente, um sorriso que significava algo que Emme não conseguiu decifrar. — Está tudo bem, pumpe.— Seus olhos verdes ficaram fixos nos dela, mesmo quando Emme teve


vontade de se afastar por estarem tão próximos a ponta dela sentir a lenta respiração de Lúcifer.— Existem algumas coisas que ninguém pode explicar, apenas... temos que aceitar.— Emme não podia aceitar isso nem por ela e muito menos por ele... O vampiro acariciou o queixo dela, atrapalhando até mesmos aqueles pensamentos que mal começaram se criar em sua mente.— Quando eu a beijei, pela primeira vez, não sabia como explicar aquilo, mas... Eu realmente quis que acontecesse e tive que aceitar.— Emme franziu o cenho por um momento, não deixando de encarar o vampiro por nenhum minuto. — Eu pensei que você tinha feito aquilo como parte da mentira.— — Não, eu não fiz por causa disso.— O sorriso dele aumentou somente um pouco, mas antes que ele pudesse aumentar isso, Lúcifer aproximou seu rosto do de Emme até que seus lábios se encostassem e se afastou antes que algo a mais acontecesse. Ele virou seu rosto para o lado e mordeu seu lábio inferior com uma expressão em seu rosto que dizia que aquilo era muito errado. Emme odiou isso, com toda sua alma. O vampiro simplesmente não podia atentá-la ao pecado e depois desistir disso. Não mesmo. Como se um espirito ruim tivesse invadido seu corpo, ela puxou o rosto de Lúcifer para que encontrasse o seu olhar. E assim que isso aconteceu, a sua boca tocou a dele com uma suavidade que a deixou arrepiada e dessa vez o vampiro não negou aquilo. Ele a puxou ainda mais contra seu corpo e Emme descansou sua mão em cima do peito dele. Lúcifer acariciava as costas de Emme e isso apenas fez com que ela tivesse mais vontade de beijá-lo. Ela levou sua outra mão até a nuca dele e também o puxou para mais perto, espremendo suas bocas naquele beijo que estava a deixando quase sem ar. Em quanto se beijavam Emme sentiu uma batida do coração de Lúcifer logo a baixo de sua mão, essa era a primeira vez que havia visto algum sinal dele desde que ficou com sua cabeça apoiada no peito do vampiro. E isso foi o motivo que a fez se afastar dos lábios frios dele. Lúcifer abriu seus olhos para mostrar aqueles verdes anormais que chegavam até ser assustador de tão lindos por causa do brilho que sustentava.— Eu senti seu coração bater pela primeira vez desde que estive perto de você.— Emme disse olhando para sua mão que ainda estava sob o peito do vampiro.— E naquela noite em que conheci Andrew e Roxie, eles citaram algo sobre ele parar... O que isso significa?— — Isso é algo de vampiros antigos.— Ele disse, colocando sua mão sob a de Emme para pressionála ainda mais contra seu peito. Mas logo Lúcifer entre laçou os dedos deles, deixando as costas de Emme sob seu coração, um coração que parecia não querer bater.— Corações de criaturas sobrenaturais nunca foram iguais aos de humanos, eles batem menos, muito devagar e raramente palpitam rapidamente. Mas houve um vampiro, que o coração nunca mais bateu e ele ficou tão insano que estava colocando em pratica o plano de sacrificar o sol, para que ela nunca mais nascesse no planeta. E como existem poucos vampiros velhos e ele foi o único que ficou louco após seu coração parar de bater, é algo para se preocupar já que estou caminhando no mesmo caminho que ele.— — Por que corações param?— — Muito tempo batendo sem nenhuma razão, resumindo. E o meu coração parece gostar muito quando você está por perto, ele sempre acaba batendo alguma hora ou outra quando estou com você.— Emme sorriu, realmente, mostrou todos os seus dentes de uma maneira que não tinha feito desde


que conheceu Lúcifer. E ela jamais esperava por um sorriso devido a verdade que foi revelado a um tempo atrás. Ela estava destruida, como Lúcifer disse, para fazer esse tipo de coisa, mas o vampiro conseguiu que a esperança voltasse para dentro de seu coração a ponto de fazê-la sorrir.— Você, realmente, gosta de mim, Lúcifer? — — Eu ainda tenho minha dignidade, minha querida pumpe, não abuse disso.— — Eu gosto de você também.— Emme murmurou quando encostou sua cabeça no ombro do vampiro, não esperando nenhuma resposta dele.— Você é tudo aquilo que nunca tive, então... eu gosto de você.— — Você precisa dormir, Fiemme. Provavelmente se arrependerá de tudo que está falando quando sua mente voltar a ficar em ordem.— — Eu não quero que seu coração pare de bater.— Ela sussurrou baixinho, sabendo que o vampiro a escutaria, ao mesmo tempo que fechava seus olhos e se aconchegava ao seu lado para dormir.— não quero perder você também, Lúcifer.— — Você precisa parar de se preocupar comigo, Emme, isso é errado de todas as maneiras possíveis. — Ele disse, mas se o vampiro falou outra coisa depois disso, ela nem ao menos escutou, pois o sono invadiu todo o seu corpo a levando para o mundo dos sonhos, onde provavelmente teria um pesadelo por saber que é uma criatura do inferno. *** Emme abriu seus olhos para encarar uma enorme escuridão. Estava tão escuro que ela começou a se sentir sufocada com isso. Em vez de sua respiração passar a ser alterada, parecia que ela nem existia mais. Ela tocou a cama diversas vezes para encontrar Lúcifer, como uma garota procurava seu ursinho protetor perdido na cama durante a noite. Mas o vampiro não estava mais lá, ele havia deixado Emme sozinha na escuridão daquele quarto. A noite provavelmente já havia chegado e era exatamente por isso que tornava o local ainda mais escuro. Emme se levantou da sua cama e correu em direção da porta para sair do quarto, onde havia visto uma faixa de luz em baixo dela, claro que seria mais inteligente ter acendido o abajur ou simplesmente a luz, pelo menos assim não sentiria algumas pontadas em seu pé por estar muito tempo sem movimentá-lo. Mas a escuridão fazia com que sua mente parasse de funcionar, então o corredor com luzes acesas, estava ótimo. Depois que sua respiração voltou ao normal, ela passou a caminhar até encontrar alguém acordado no local. Emme havia dormido o dia inteiro e estava sem sono nenhum, então não voltaria para seu quarto. Parecia que a mansão de Andrew estava vazia e por um momento ela quase ficou com raiva por terem a deixado sozinha, mas conforme ia se aproximando de um comodo que parecia ser um escritório, ela conseguiu ouvir vozes de lá. — Eu não acredito que Emme é uma deusa do inferno!— Era Roxie dizendo isso, totalmente chocada.— Ela parece ser tão... angelical.— — Ela é algo angelical, cherie.— Andrew disse.— Emme possuí a alma da mãe de Lúcifer, uma alma pura e independente do lugar que ela estiver, sempre vai ser uma criatura do céu, mesmo sendo uma deusa do inferno.— Pelo menos havia uma lado bom nisso tudo, ela pensou consigo mesma.


Emme passou a caminhar, pois não ficaria ouvindo a conversa dos outros, isso era algo muito rude. — Existe uma coisa que eu decidi ocultar.— A voz de Lúcifer a fez parar no lugar.— Quando eu fui falar com Hades, além dessas coisas que disse e confirmou, ele deixou bem claro que Emme é minha irmã.— — O que?!— Roxie perguntou quase em um grito, mas se segurou. Parecia que ela estava mais preocupada em ter um ataque cardiaco no momento do que na maneira que saia sua voz. — Meu Deus.— Foi o que Andrew disse. Já Emme, não conseguia pensar. Seus pensamentos que acabaram de pensar que havia um lado bom nessa historia louca, havia ido embora. Ela não podia acreditar que Lúcifer era seu irmão. Isso doía tanto... Emme sentiu uma lagrima escorrer por seu rosto. Por que ela estava sendo tão castigada afinal? Mesmo nunca querendo admitir, mesmo tendo medo de admitir, ela estava apaixonada por Lúcifer. Pelo menos era isso que ela pensava que era, já que não conhecia essa sentimento. Mas o pouco que conhecia, tudo indicava que Emme estava apaixonada pelo vampiro. E saber que a única pessoa que a tratou bem, que fez com que ela se apaixonasse pela primeira vez, era seu irmão... Era muito mais destruidor do que saber que era alguém do inferno. — Você não devia ter escondido isso dela, Lúcifer.— Andrew disse, quebrando o silêncio.— Estar na mente de Emme em quanto ela pensa em você é como estar na de Roxie, a única diferença é que ela não está caindo de amores por mim.— — Eu sei que não deveria ter escondido isso, mas simplesmente não consigo.— — Você não foi para Dinamarca por causa de sua mãe.— Roxie deduziu.— Só fez essa loucura por não conseguir aceitar isso.— — Talvez.— O vampiro de olhos verdes quase admitiu.— Mas eu estou apaixonado por Emme e ela jamais aceitaria que isso acontecesse.— — Você se apaixona muito facilmente pelas mulheres, meu caro, mulheres que são proibidas ainda por cima.— Andrew falou com um tom superior, como o de um rei.— E você não me olhe assim, cherie. Emme é filha de Hades, assim como Lúcifer. Ela é uma freira, jamais aceitaria ir para a cama com seu irmão. Vamos encarar a realidade dos fatos.— — Eu acho que Hades o mataria se soubesse que tem desejos a mais pela única filha dele.— Roxie falou, meio que concordando com Andrew. Mas parecia que ela não queria concordar com isso, mas encarando os fatos... ISSO ERA NECESSARIO! — Eu menti para Emme e ela jamais me perdoará se descobrir.— Ele estava certo. Emme jamais o perdoaria o fato do vampiro tê-la deixado abrir seu coração para ele, sendo que ela estava indo muito bem em deixá-lo fechado quando se tratava dos seus sentimentos por ele. Alem do mais, Lúcifer permitiu que um beijo acontecesse, ele sabia que era irmão de Emme e mesmo assim permitiu tudo... Mentiras, era nisso que o mundo de Emme se tratava. Todos mentiam para ela, até mesmo aquela pessoa que confiou e pensou que era tudo aquilo que nunca teve. E bom Deus... Emme estava apaixonada por seu irmão, isso era um pecado sem palavras ou castigos. Ignorando o restante da conversa, ela passou a dar pequenos passos para trás, tentando fazer nenhum barulho já que os dois vampiros naquela sala poderiam ouvir até mesmo seus pensamentos ou respiração.


Emme caminhou dessa maneira até que estivesse na porta que a levaria para longe desse lugar. Mas antes teria que tomar uma rapida decisão pois não sabia se seu desejo era ir para longe ou ficar e enfrentar tudo isso. Ela jamais conseguiria enfrentar isso, Emme já estava em seu limite ao saber que era uma deusa do inferno e não podia lidar com o fato de que tinha beijado seu próprio irmão várias vezes. Ela era uma pecadora suja e precisava de salvação, longe de pessoas como essa que acabou se tornando. Então era essa sua escolha e Emme não perdeu mais nenhum minuto para abrir a porta e sair daquela mansão. Claro que na hora que chegou até o portão se arrependeu amargamente por tomar essa escolha, pois não sabia para onde ir. Ela nunca conheceu essa cidade e não fazia ideia para onde ir, mas então seu plano original voltou a mente. Apenas caminhar atrás de ajuda, exatamente como pretendia fazer antes de encontrar Lúcifer e seu mundo pecador. Assim que ela abriu o portão da mansão Emme deixou de ser cuidadosa e passou a caminhar rapidamente, quanto mais rapido se livrasse de tudo isso, era melhor. Se ela pudesse correr, seria exatamente isso que estaria fazendo, mas seu pé a impedia de fazer isso. Emme não gostaria de colocar novamente gesso em sua perna, então não abusaria. Logo alguém notaria que ela não estava mais em seu quarto, logo perceberiam que fugiu da mansão, mas em quanto isso não acontecia, ela tinha chance de ir para bem longe. Emme não fazia ideia de onde estava, o lugar era tão deserto e no meio de tanto mato que a estava deixando até mesmo com medo. Afinal, somente algumas luzes iluminavam seu caminho naquela escuridão da noite e qualquer barulho na floreta em volta da estrada, já era um motivo para seu coração acelerar e seu passo se tornar mais rapido. Mas depois de algum tempo caminhando, ela avistou aquela enorme torre de relogio que havia em Londres, então tudo indicava que apenas mais um pouquinho e estaria na cidade. Só que antes mesmo de Emme caminhar até a rua em que a levaria para as ruas mais conhecidas de Londres, não tão conhecida para ela, seus olhos encontraram uma igreja católica. Você precisa de salvação, sua mente gritou. E ela precisava. Deixando a ideia de ir até aquelas ruas mais movimentadas, Emme se virou em direção da igreja e passou a caminhar até lá. Assim que entrou na igreja, seus olhos até mesmo brilharam por estar naquele lugar divino. A última vez que entrou em um local protegido por Deus, ela estava com Lúcifer e ambos estavam invadindo. Sem contar que nem ao menos pode desfrutar daquilo, pois o lugar estava tão escuro que estava trazendo seus pesadelos à tona. O que Lúcifer lhe disse na noite passada, sobre o que a igreja católica estava fazendo, era algo horrivel. Eles usaram Emme como qualquer outra pessoa usa um objeto e por culpa deles, ela sofria queimaduras que doíam muito. E se quando ela era imortal, aceitava ser uma criatura imortal e


amava seu pai, eles tiraram isso dela sem nenhuma piedade. E bom Deus, ela era filha do diabo... O quão mais repugnante tudo isso podia ficar? Pois o fato de que ela havia quase se declarado para Lúcifer e o beijado mais de uma vez, era algo muito... nojento. Ele era seu irmão e não teve nenhum respeito por ela quando soube disso. Sem contar que parecia que Lúcifer não tinha nenhum plano em contar esse fato para ela no futuro próximo. O vampiro havia mentido para ela, de novo. Talvez Lúcifer não fosse tão confiavel como ela imaginou. Emme caminhou em direção de alguns dos bancos mais próximo do altar e se ajoelhou. E ela rezou, rezou por ajuda, quando sentiU que não havia mais nenhuma luz para seguir. Se antes Emme pensava que precisava de ajuda, agora necessitava. Sons de passos soou pela igreja em seguida, mas Emme resolveu ignorar pois provavelmente eram apenas pessoas chegando para fazer o mesmo que ela. Rezar para que suas vidas fossem salvas por Jesus. Ou não, a mente dela deu outra opção assim que ela virou somente um pouquinho seu rosto para trás com curiosidade de ver quem estava lá. Afinal, Lúcifer também poderia estar a procurando nesse exato momento e ela sabia que uma hora ou outra ele a acharia. Mas assim que viu quem estava na igreja, ela desejou que Lúcifer entrasse no lugar logo em seguida. Emme se levantou de seus joelhos, mas antes mesmo que pudesse deixar seu corpo ereto, ela viu que duas pessoas se aproximaram dela e logo em seguida sua cabeça foi forçada a encontrar o encosto do banco em sua frente. — Levem-na para o calabouço.— A voz disse antes que a mente de Emme pudesse ficar em total escuridão devido a pancada.— Essa impura merece morrer lá mesmo.— E após essas palavras, a escuridão puxou Emme para o seu mundo, a deixando inconsciente antes mesmo que pudesse sentir o sangue continuar escorrendo do corte que se formou em sua testa, em quanto sentia que aquelas duas pessoas a seguravam firmemente. _____________________ Lúcifer deixou Andrew e Roxie naquela sala de escritório assim que escutou os pensamentos da nova humana, pensamentos impuros sobre o que aconteceria quando fossem para o quarto deles. E Andrew só faltou expulsar o vampiro loiro de perto deles quando isso passou a ocorrer. Belo consolo que o casal lhe dava ao saber que a mulher que estava se apaixonando era sua irmã. Claro que ele não se importava com esse detalhe, pois no fundo Lúcifer sabia que não era irmão de Emme e seus sentimentos discordavam disso também. Mas com ela seria outra coisa, Emme jamais aceitaria isso. Eles nunca seriam um casal. E Hades o mataria antes mesmo de pensar em dizer para o rei do inferno que estava apaixonado por sua filha. Mas o vampiro não devia se preocupar com isso agora, antes de qualquer tudo Lúcifer teria que transformar Emme em imortal novamente e ele mal sabia por onde pesquisar. O lado bom, era que talvez essa procura servisse de ajuda para Roxie também. Então ele nunca desistiria dessa busca.


Lúcifer estava caminhando em direção do quarto em que ficaria hospedado em quanto pensava em todas essas coisas, mas quando passou pelo quarto de Emme e não ouviu nenhuma batida de coração ou os sonhos dela, o vampiro parou onde estava apenas para dar meia volta e abrir a porta do quarto sem ao menos bater. E quando ele fez isso, nenhum som da voz manhosa e delicada de Emme o chamando de rude surgiu no quarto, pois ela não estava lá. Lúcifer parou deixou sua respiração presa por um longo momento para escutar tudo que estava acontecendo na casa de seu amigo e quanto não achou nada, alem dos pensamentos de Roxie e o seu coração acelerado, o vampiro passou a abrir todas as portas dos quartos que haviam no corredor. Só haviam duas opções e elas eram simples. Emme não estava na mansão ou o que Hades disse sobre suas queimaduras serem perigosas demais, tinham se tornado uma verdade com provas. O vampiro procurou por Emme por toda a mansão de Andrew e quando não a achou, foi atrás de ajuda. Lúcifer abriu a porta do quarto do casal real sem ao menos bater e ficou muito feliz por ambos estarem de roupas, pois não queria Roxie em sua cabeça por toda a eternidade o chamando de mal educado.— Emme não está mansão.— Ele disse antes que Andrew ou a rainha dos vampiros abrissem suas bocas para mandá-lo ir embora. Pois devido ao beijo que eles estavam tendo, com Andrew esmagando o pequeno corpo de Roxie contra parede, esse era o desejo de ambos. — Ela fugiu?— Andrew perguntou ao se afastar de Roxie, encarando Lúcifer com curiosidade. — Eu temo que sim.— — O que você fez, Lúcifer?— — Não fiz nada dessa vez, Andrew. Eu apenas estava caminhando para meu quarto e notei que não haviam batimentos cardiacos no quarto dela, procurei pela casa toda e ela não está aqui.— — Talvez Emme não tenha conseguido lidar com a ideia de que é uma Deusa.— Roxie disse.— E tenha feito isso para que possa ter uma vida normal novamente. Eu pelo menos faria isso se fosse comigo.— — Sim.— Andrew concordou com Roxie.— Pessoas com cérebro pequeno fazem isso.— Lúcifer revirou seus olhos verdes por causa disso e Roxie o acompanhou.— Por favor, vocês dois discutam a relação depois, nós temos que encontrar Emme.— — Ok.— Andrew disse dando um passo para ficar mais próximo de Lúcifer.— Nós dois podemos seguir os rastros delas e Roxie ficará aqui para caso ela volte.— Roxie pareceu não gostar nada da ideia de ter que ficar sozinha na mansão, mas ela não discordou. Talvez Lúcifer entendesse o fato de não ter gostado, afinal, desde que voltou a ser humana Andrew jamais a deixava sozinha e ela havia se acostumado a ter o rei dos vampiros ao seu lado a cada segundo que passava. Então tudo que o vampiro de olhos verdes foi sorrir para ela quando encontrou aqueles olhos azuis gelo, que só mostravam qualquer emoção quando se tratava de Andrew. Essa era a forma de agradecer por ter aceitado de ficar sozinha para que pudesse ajudá-lo em sua busca por Emme. Depois que Lúcifer e Andrew sairam da mansão, deixando Roxie sozinha, eles caminharam lado a lado pela rua escura que ficava ao meio de uma floresta. O que deixou Lúcifer apavorado só de


pensar em Emme sozinha e perdida nessa mata. — Ela não está na floresta, Lúcifer.— Andrew disse, parecendo invadir seus pensamentos.— Se estivesse, não estariamos ouvindo somente o barulho de animais.— — Você sabe que a igreja pode pegá-la se a acharem.— — Exatamente por isso que se ela estivesse na floresta, seria muito melhor.— — Quando Roxie se tornou uma mortal novamente e eu prometi ajudá-lo em transformá-la em uma criatura imortal, não fazia ideia de como estava se sentindo.— Lúcifer começou, talvez isso fosse um desabafo. Ele não sabia. Mas com Andrew sempre se sentia livre para dizer qualquer coisa e era por isso que ambos se chamavam de melhores amigos.— Eu sabia que isso não só se tornou sua fraqueza, e sim sua morte também. Mas saber como estava sobrevivendo todos os dias? Realmente não faço ideia de como é isso, mas agora que eu tenho que transformar Emme em imortal... Vejo o quanto é dificil pra você e tudo isso está acontecendo por eu não ter tido capacidade para proteger Roxie de Hebe.— — Cale a boca, Lúcifer.— Andrew disse arrogantemente após seu amigo ter terminado, continuando a andar ao lado dele sem ao menos encontrar seu olhar.— Você é a única pessoa que eu conheço há séculos e que merece minha confiança. Talvez tenha falhado quando pedi para proteger Roxie, mas não foi sua culpa. Nós estavamos lutando contra uma deusa, o que não é algo para ser comparado com nossas forças, e me admira muito que vocês estejam vivos depois de ter enfrentado Hebe cara a cara sozinhos. E sim, isso pode ter se tornado minha morte, mas ainda tenho motivos para não desistir e é exatamente por isso que estou lhe ajudando. Seria muito simples mandar Nyx embora e ignorar o fato de que você estava com problemas, mas, que os deuses nunca permitam isso, caso algo de ruim aconteça com Roxie, você será a única pessoa que me restará agora que minha mãe e meu irmão estão mortos. E se Roxie não estiver comigo nos próximos anos, com toda sinceridade, não sei o que acontecerá comigo, eu nunca tive minha alma completamente negra, mas eu sei que se perder Roxie isso acontecerá e nada poderá transformá-la ao que estava novamente, talvez a morte seja a solução. Então... Eu tenho você e você tem a mim. Amigos servem para essas coisas e jamais irei te deixar de lado, por mais que minha situação esteja ruim, pois sei que faria o mesmo por mim. E você já esteve apaixonado por outras mulheres antes e sua reação foi fugir ou deixar elas irem embora, nunca lutou por seus sentimentos. E agora, você está indo atrás de Emme, quando ela fugiu, não está fazendo nada disso por ninguém e sim por você. Desde que trocou a alma de sua mãe, você está fazendo tudo por ela e quando nós tornamos amigos, fez muitas coisas por mim. Tudo que faz é sempre para outras pessoas, talvez diga que está fazendo por Hades, mas nós dois sabemos que não é verdade. Seu coração está parando de bater pois não tem nenhum motivo para fazer isso. Fazendo sempre coisas para outras pessoas, quem teria? Mas você achou um motivo e não vou deixar você lidando com isso sozinho. Quando isso aconteceu Pierre, eu deixei que ele lidasse com isso sozinho, não vou cometer o mesmo erro novamente, Lúcifer.— Lúcifer olhou para Andrew, sem nenhuma palavra para dizer e não demorou muito para que seu amigo encontrasse seu olhar.— E não diga que me ama, pois apenas respondo essas coisas para minha mulher.— Ele disse. Lúcifer soltou um riso e voltou a olhar para sua frente.— Você consegue destruir um belo discurso com uma minima frase.— — Faz parte do meu charme, meu caro.— Lúcifer estava prestes a responder seu amigo quando sentiu o cheiro daquela flor de lótus que boiava sob lava, aquele cheiro que o levava a loucura algumas vezes e que pertencia a Emme. Ele parou onde estava antes mesmo de dar mais um passo.— Então, cão farejador, você a achou?— Andrew perguntou, mas ele sabia que não. Afinal, Emme havia passado tempo suficiente com ele para que seu cheiro fosse conhecido por Andrew e nesse momento, haviam dois pontos na cidade em que havia aquele forte aroma de uma deusa mortal. — Você fica com o norte que eu irei procurá-la no leste da cidade.— Lúcifer disse assim que começou a caminhar mais rápido para longe de seu amigo, caminhando diretamente para o leste, onde possivelmente Emme poderia estar.


O vampiro desejou usar sua velocidade sobrenatural para percorrer a area leste até que Emme estivesse em seus braços, mas como ele teria que seguir seu cheiro cuidadosamente para que não pegasse um lado errado ou fosse parar em um lugar que Emme esteve no passado e que seu aroma ficou fixo lá, ele tinha que seguir o rastro dela calmamente. E conforme Lúcifer foi se aproximando do lugar em que seu cheiro estava mais forte, ele teve certeza de que Andrew estaria com Emme nesse exato momento. Afinal, o aroma dela do lado leste acabou levando o vampiro para o convento em que ela morava, no mesmo lugar em que Lúcifer fez uma chacina a um mês atrás. Mas antes mesmo que o vampiro pudesse virar suas costas e ir atrás do rei dos vampiros, ele escutou que havia vida dentro do convento, não eram muitas, mas corações e pensamentos surgiam de lá. E o mais estranho era que devido a ocorrência que aconteceu por causa de Lúcifer nesse lugar, não deveria existir ninguém no convento. Lúcifer respirou fundo novamente para que o forte cheiro de Emme invadisse suas narinas. Ela poderia estar lá dentro. Ou era somente o aroma que se fixou durante 18 anos que ficou presa naquele lugar. O vampiro ficou na duvida se deveria entrar ou não, mas como já havia caminhando até lá, não iria perder seu tempo voltando e descobrir que Andrew não a achou. E o pior de tudo foi que Andrew o proibiu de matar qualquer pessoa que fosse conhecido como humano. Uma pena. Uma gota de água caiu no rosto de Lúcifer quando ele passou a se movimentar para pular o muro do convento, ficando surpreso não por causa da chuva que estava chegando lentamente, e sim por Emme ter conseguido pular isso sem ter alguma coisa quebrada. E então após saltar aquele muro, o vampiro passou a andar nas sombras. Não deixando de revirar seus olhos ao pensar que Andrew devia achar isso muito divertido para que ordenasse que Lúcifer fizesse isso. Ou o vampiro que era chamado de rei devia ter ciumes de sua beleza... Lúcifer apertou seus olhos bem forte, ele não podia permitir que sua cabeça viajasse para longe. O vampiro de olhos verdes tinha que manter o foco para encontrar Emme. Lúcifer acabou entrando dentro do convento na primeira oportunidade que teve, pois a chuva havia começado do lado de fora e o barulho atrapalharia profundamente sua busca. Mas antes que pudesse começar a andar naquele extenso corredor escuro e cheio de portas fechadas, ele escutou um soluço ou algo parecido como se alguém estivesse se afogando logo a baixo de seus pés. Emme estava lá em baixo. Assim que descobriu isso, o vampiro de olhos verdes amaldiçoou seu melhor amigo diversas vezes por tê-lo proibido de matar pessoas. Sendo assim, seria o mesmo que não poder destruir nada, pois chamaria atenção dos humanos que provavelmente correriam até aqui para tentar impedir que Lúcifer conseguisse pegar Emme novamente ou acidentalmente nessa destruição, algo poderia machucar eles. Seria muito, muito fácil para o vampiro destruir esse chão e saltar no lugar que Emme estava. Mas Andrew o proibiu de fazer coisas simples. Então tudo que fez foi caminhar em uma velocidade sobrenatural atras da respiração fraca e prejudicada até que encontrasse o caminho que o levaria até sua humana, que parecia estar machucada, já que o cheiro daquele sangue delicioso, que Lúcifer


nunca teve chance provar, invadiu suas narinas. Isso fez com que ficasse ainda mais fácil de encontrá-la. Lúcifer acabou saindo de dentro do convento, não gostou nada de sair no meio daquela chuva que caia muito forte sobre ele, o deixando ensopo em questão de segundos até chegar em um tipo de edícula feita de tijolas grandes e antigos com um portão de metal. O vampiro quebrou a fechadura, que estava trancando o portão, e acabou se deparando com uma enorme escada que o levaria direto para o subsolo do convento. O pior de tudo isso não era a escuridão que teria que enfrentar e sim o cheiro de mofo que possuía. Esse cheiro era tão forte que o vampiro decidiu não respirar em quanto estivesse dentro desse lugar. Ele desceu a escada cuidadosamente já que estava cheia de limbo e quando estava chegando nos últimos degraus, água apareceu em torno de suas panturrilhas. Raiva cresceu dentro dele de uma forma que jamais experimentou, o vampiro largou de ser cuidadoso e, se fosse possível, voou até que estivesse fora da escada. A água dessa vez foi parar um pouco a baixo da sua cintura e cada vez que ela aumentou, sua raiva apenas crescia junto. Emme era apenas uma humana e não tinha resistência para ficar na agua em um dia frio. E Lúcifer não podia esquecer que sua temperatura normal era muito quente... Seus olhos verdes e desumanos encontraram Emme em seguida, mas felicidade não correu por suas veias, que no momento, eram dominadas pela raiva. Aquele humana que Lúcifer encontrou a um mês atrás, e de uma maneira estranha e esquisita acabou se apaixonando por ela, estava no meio daquela escuridão e água que a cobria até um pouco a baixo de seu peito. Emme não estava acordada, mas a única coisa que a segurava para não se afogasse eram correntes em seus pulsos que a levantavam para cima, esse era o único apoio que tinha fora o chão. Sangue escorria pelo seus braços, já que seu peso era muito maior para ser aguentado agora que estava desacordada. Literalmente falando, Emme não estava tão bem, mas ficaria melhor assim que Lúcifer a tirasse daquele lugar horrivel que a levou até um trauma cheio de pesadelos. O vampiro se aproximou de Emme e a lentou do chão com uma de suas mãos por baixo de seu quadril antes que pudesse lidar com as correntes que machucavam seus pulsos. Um pequeno murmurio surgiu dos lábios de Emme em seguida, um gemido que fez Lúcifer arrancar aquelas correntes dos braços dela antes que acordasse totalmente. — Fiemme.— Ele sussurrou seu nome lentamente, pressionando seu rosto ao lado de seus cabelos molhados para que ela soubesse que estava segura agora. Mas Emme não estava segura, pois Lúcifer chegava a ser mais quente que ela no momento e isso não era algo para se dizer que estava tudo bem. Pois não estava. Humanos jamais podiam ser mais gelados que vampiros, isso significava problemas. Sem contar os outros hematomas que ela possuía por seu corpo, sem ser aqueles em seus pulsos, marcas que demonstravam que alguém tinha batido nela a ponto de deixá-la frágil a um leve toque que vinha de Lúcifer. E aquele corte em sua testa, talvez fosse uns dos motivos por Emme estar zonza. O vampiro a colocou novamente no chão apenas para carregá-la de uma maneira que não a


machucaria. Daquele jeito em que ela disse que um principe carregava sua amada, mas era uma pena que a situação de final feliz estivesse longe dela no momento.— Você não devia ter escondido nada de mim.— Emme sussurrou, um sussurro que saio cheio de dor e agonia. Lúcifer não havia entendido primeiramente do que ela estava falando, mas era fácil juntar as peças e descobrir. E invadir seus pensamentos, apenas o fez ter certeza. Emme sabia, ela sabia que era sua irmã. E foi isso que a fez fugir quando ouviu sua conversa com Andrew e Roxie. Um soluço surgiu dela em seguida, tirando o vampiro de seus pensamentos e o fazendo a começar a caminhar para fora daquele calabouço alagado. Emme tremia de medo e frio, estava cheia de hematomas e ainda chorava por ser tudo aquilo que não desejava.— Me perdoe.— Ele murmurou, mas ficou claro de que ela não o escutou, pois o trauma estava consumindo todo o corpo de Emme a ponto que mantar sua consciência fora de si, parecia ser uma brincadeira. Lúcifer saio daquele calabouço somente para se deparar com a grande chuva de Londres que ocorria naquele momento. E odiou aquilo. Afinal, Emme precisava de calor, com o tempo assim ela jamais conseguiria. Mas o impossivel sempre foi desafio para Lúcifer, então ele conseguiria trazer a temperatura normal da humana em seus braços facilmente. No momento, sua única preocupação era tirá-la da chuva, pois Emme não aguentaria ficar assim durante o tempo até que pudesse chegar na mansão de Andrew ou em alguma propriedade sua que ficava em Londres. E procurar ajudar no convento... Isso não estava entre suas opções. Então assim que saiu na chuva, o vampiro caminhou na direção do muro enorme e saltou para que pudesse encontrar o lado escondido que toda aquela fortaleza antiga com tijolas grandes omitia. Por um momento, Lúcifer amou ter saltado por aquele muro, pois acabou indo para o lado em que havia uma floresta, então as árvores protegeriam Emme um pouco da chuva. Mas quando viu que suas botas estavam se afundando em lama, sujando até mesmos seus jeans, ele desejou dar meia volta. Só que ele não podia. Lúcifer tinha que encontrar um lugar mais próximo do convento para cuidar de sua humana e estar na floresta era sua melhor opção no momento, já que as árvores os protegiam um pouco daquela chuva. E no meio de tanta lama e água, por não ter desistido desse trajeto, o vampiro acabou dando sorte, pois depois de caminhar um tempo com Emme em seus braços, ele achou uma cabana, que parecia estar abandonada, no meio daquela mata. E seria lá mesmo onde Lúcifer passaria o tempo até que Emme acordasse e a chuva passasse. O vampiro entrou na cabana sem nem ao menos checar se haviam pessoas lá, mas se tivesse, seria o dia mais azarado da vida delas, pois Lúcifer estava morrendo de fome. Ele precisava se alimentar. Mas por sorte ou azar, como ele imaginou, o lugar estava realmente abandonado. Ainda segurando Emme, ele deu um jeito para tirar aquela colcha cheia de poeira de cima da cama e a deitou ali. Não era a melhor cama, nem o melhor conforto, mas era o que eles tinham naquele momento e era muito mais agradavel do que estar presa com correntes no meio de um lugar todo alagado. Lúcifer caminhou até a lareira em seguida, que ficava de frente com a cama, e por um momento lembrou da sua velha mansão que todos chamavam de casa assombrada. Mas no seu quarto não havia uma lareira de frente com a cama e sim a pintura que fez para se lembrar sempre o que o futuro o aguardava.


E pelo jeito ele teria que voltar a ser um artista para fazer outras daquelas pinturas em sua mansão que passaria o resto da eternidade. Sem mais delongas, o vampiro acendeu a lareira já que Emme precisava ficar aquecida para que sua temperatura voltasse ao normal. E o fogo seria de muita ajuda para ela. Então, Lúcifer teria que ir procurar mais lenhas para manter aquelas chamas grandes que aos poucos se apagariam, levando consigo o calor do corpo de Emme. E quando se tratava do bem dela, ele não enrolou nem um pouco para sair no meio daquela tempestade novamente. *** Lúcifer se apressou para entrar dentro da cabana assim que escutou os pensamentos apavorados de Emme. Ela pensava que o vampiro tinha a abandonada novamente e isso foi o suficiente para entrar rapidamente. — Lúcifer.— Ela sussurrou seu nome assim que ele se encostou na porta para que seu peso a fechasse. E seus olhos verdes foram diretamente para a humana na cama, que acabará de levantar seu tronco para sentar. Emme ainda estava toda machucada, pois ele não teve coragem de usar seu sangue por dois motivos: Ela estava procurando qualquer motivo para odiá-lo e se afastar ou ele poderia dar muito de seu sangue para curá-la a ponto de deixá-lo louco de fome já que Lúcifer deixou de se alimentar por um longo tempo. — Eu tive que ir buscar mais gravetos para manter o fogo.— Foi o que ele disse, mostrando aquelas pequenas partes de árvores em suas mãos. E quando Emme não disse nada, ele caminhou até a lareira e jogou aquilo que recolheu no fogo. Emme estava tensa, muito tensa. E quando ele caminhou até a lareira, ela ficou ainda mais. Então Lúcifer decidiu voltar para onde estava e seria melhor assim, pois não ficaria molhando a cabana inteira já que estava ensopado. Lúcifer lambeu seus lábios por estarem começando a ficarem ressecados e olhou para ela, ele sabia exatamente o que estava a incomodando.— Você sabe que nós não somos, realmente, irmãos.— Ele disse.— Eu não sou filho de Persefone e Hades, apenas tenho o sangue dele.— — Eu não quero falar sobre isso.— — Você fugiu por causa disso, não dá pra simplesmente ignorar, Emme.— — Você mentiu para mim.— Ela rebateu, mas não conseguiu demonstrar raiva e nem ao menos sentia. O seu pesadelo de ter voltado para aquele lugar ainda a assombrava.— Você prometeu que nunca me machucaria, fisicamente, mas destruir meus sentimentos também é me machucar.— — Eu não queria perder você.— Lúcifer sussurrou. — É bom se acostumar a isso então.— Emme foi severa.— Eu não quero ser como você, viver para sempre. Eu só quero que essas queimaduras parem e quando sair na rua, ninguém me sequestre e me leve para algum lugar para ser espancada e depois ser presa com correntes.— — Eu posso ajudá-la com seus hematomas.— Ele olhou para os hematomas que estavam expostos em sua pele. Se era isso que estava a deixando com raiva, Lúcifer não se importaria em dar seu sangue para ela, mesmo que fosse perigoso. — Eu não quero seu sangue. Eu não queria ser sua irmã também, nem ao menos sei o que significa ser uma deusa para vocês... Eu só quero ser normal uma vez na minha vida.— Emme estava surtando. E ela nunca pararia de falar essas coisas que estavam machucando Lúcifer até que estivesse calma. O vampiro olhava diretamente para os olhos cinzas claros da humana que não parava de falar, mas sua mente apenas se focava em nada.


Blá blá blá, a mente dele dizia e quando seus olhos desejaram ganhar vida para se revirarem, Lúcifer fechou seus olhos, pois não queria inventar outro motivo para Emme ficar ainda mais irritada. Lúcifer gostava de Emme, mas nunca teve paciencia para lidar com surtos de humanos. Ele podia estar apaixonado por ela, mas isso não era uma exceção. E não importava o quanto Emme falasse, sua decisão já estava tomada e ela se tornaria imortal. Com certeza iria odiá-lo pro resto da vida, mas Hades iria levá-la com ele, então... Lúcifer tinha que aproveitar o momento.— Eu te amo.— Foram as palavras do vampiro. — E eu estou tão cansada de... O quê?— Emme foi pega totalmente de surpresa, o que foi uma boa coisa, já que isso a fez se calar. —Eu te amo e sei que isso é insano.— Ele repetiu e concordou com a mente dela.— Aconteceu em tanto pouco tempo que não sei dizer como se ocorreu, mas eu fugi de você, menti, fiz promessas que nem ao menos sei como vou cumprir, você está falando tantas coisas que normalmente eu desejaria derramar seu sangue e nem estou ligando para o que diz, pois tudo o que importa para mim é vê-la imortal novamente. E cada um tem sua definição para o amor, talvez essa seja a minha, eu sou tudo aquilo que nunca fui quando estou amando. Pois acredite, eu não fujo de ninguém e muito menos faço promessas para humanos, você conseguiu me mudar, Emme, e se isso não é uma boa explicação ou se acha que estou ficando louco, infelizmente meu coração que bate sempre que estou perto de você, discorda totalmente. Eu te amo e é isso.— Emme ficou paralisada e pareceu que esqueceu de respirar, mas seus olhos estavam arregalados e seu coração batia rapidamente, isso era o sinal de que ela tinha o ouvido claramente. Sem contar que mesmo seu sistema não ter voltado ao normal, ela se moveu até que estivesse de joelhos no meio da cama e também desviou seu olhar de Lúcifer para o chão. Talvez isso fosse um bom sinal, o sinal de que ela não estava pirando.— Você foi a primeira pessoa que me disse isso em toda minha vida.— Sussurrou calmamente, em quanto seu coração batia igualmente ao de um coelho assustado.

Ele nunca soube que tipo de forças guiaram seu próximo movimento, se foi consciênte ou se o corpo dele simplesmente não queria ficar longe dela, se seus músculos se moveram por vontade própria ou se ele o quis que eles se movessem. O vampiro só se deu conta de que tinha se movido, quando se encontrava exatamente em frente da pequena garota ruiva. Ele estava ajoelhado na cama, exatamente como ela, muito de seus corpos estava separado por apenas milímetros. Lúcifer levou a mão direita aos próprios cabelos louros, que estavam completamente ensopados pela chuva, e os afastou dos olhos. Ele sentiu a garota enrijecer, enquanto seu coração mortal batia frenéticamente. O som o hipnotizou, cada batida, cada sinal de que ela estava consciênte da presença dele tanto quanto ele estava da dela. Emme ainda tinha os olhos baixos, e ele podia dizer pelos pensamentos dela que ela estava tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse ele. Ele queria tanto mudar isso que a necessidade queimava nele. - Fiemme - ele sussurrou no escuro, cada letra contendo tanto calor que fazia a lareira parecer desnecessária. Os olhos cor de fumaça dela encontraram os dele. Eles tinham a mesma inocência que sempre tiveram, tinham todo aquele toque que fazia aquela garota única, aquele toque que não a deixavam ver maldade ou qualquer coisa além. O vampiro envolveu o pequeno rosto de Emme entre as mãos, sentindo o calor incomum que ela sempre tinha. Ela ofegou, um som tão baixo e nítido, mas no silêncio parecia se propagar. Fiemme. Os olhos dela brilharam com algo, e isso foi o suficiênte para derreter o controle que ele nunca teve. Lúcifer a trouxe para perto com um só movimento, Suas mãos desceram até a cintura da garota, e seus lábios desceram sobre os dela tão rápido que ela não teve tempo de


se afastar. Seus lábios macios e anormalmente quentes vibraram sobre os dele, ele a apertou com mais força contra si, a impedindo de se afastar, e no segundo seguinte, suas línguas dançavam juntas com uma sincronia única. Ela estava retribuindo, e isso o estava matando. Derrepente, algo, no fundo da mente dela clicou, ele não conseguiu ler rápido o suficiente. Ela parou o beijo, tentando se afastar, mas sem muito sucesso graças ao aperto de ferro que ele tinha sobre a cintura dela. Assim que ela teve sucesso em livrar seus lábios dos dele, ele não estava nem um pouco afim de deixá-la ir, e sua boca desceu até a pele macia do pescoço da garota. Ela gemeu com o toque, e com os beijos e lambidas que ele alternava naquele lugar. -Lúcifer- ela sussurrou, ele podia sentir que ela estava usando toda a força de vontade que tinha para fazer aquilo - Pare! Ele riu, sua boca vibrando sobre o pescoço da garota, o que arrancou dela um som de prazer com a sensação. Ela não queria que ele parasse muito mais do que ele queria parar, ele sabia disso. -Como quiser, pumpe- ele murmurrou, sua boca traçando o caminho devolta para a dela. Ela tentou desviar, aquele pequeno senso de moralidade no fundo da mente dela clamava por isso. Mas ele foi mais rápido, e pressionou os lábios contra os dela novamente, sentindo o quanto o auto-controle dela estava acabando quando os lábios dela se abriram instantaneamente com seu toque. Ele não recusou o convite, explorando a boca dela com a língua e lábios tanto quanto ela tentava fazer o mesmo com ele. Os braços dela, agora, abraçavam seu pescoço, e ele se arrepiou quando os dedos quentes dela se entrelaçaram em seu cabelo molhado. Ele desceu suas mãos, sem interromper o ritmo de suas línguas. Apreciando cada curva do pequeno corpo dela sobre seus dedos, cada perfeita curva, até fechar suas mãos sobre ambas as coxas da garota. Em um unico puxão, ele estava sentado sobre a cama, e ela estava sentada em seu colo, ambas as pernas em seus lados, até que ela, para sua surpresa, as entrelaçou em sua cintura. Calor o invadiu como fogo, enquanto, lentamente, ele firmou o aperto sobre as coxas da garota. ela gemeu sobre seus lábios, sem diminuir a força com que se segurava nele. Ele subiu levemente suas mãos, deslizando por baixo do vestido úmido que a cobria, firmando os dedos em seu quadril, o leve tecido da calcinha logo abaixo de seu polegar. Ele intensificou o beijo, suas línguas e lábios se movendo tão rápido que quase machucava, era como se ele tentasse fazer parte dela físicamente, e ela o quizesse lá. Abruptamente, ela interrompeu o beijo denovo, os olhos verdes do vampiro se abriram para encontrá-la - Pare! não me ouviu? eu não quero isso! - Ela exclamou, Lúcifer sentiu um verdadeiro sorriso diabólico surgir pelo próprio rosto, o olhar de desafio dele derretendo o olhar de determinação dela. Ele não moveu as mãos um centímetro sequer de onde estavam, e nem iria. - Não? - ele despejou, com toda a ironia que conseguia carregar em uma única palavra -Então por que ainda não me soltou? A garota abriu os olhos em espanto, como se só naquele momento ela tivesse notado aquilo que ele não deixou despercebido, como se só agora notasse o aperto com o qual suas pernas se fecharam em volta da cintura dele e o abraço com o qual ela o segurava pela nuca. Antes que ela pudesse discutir denovo, Lúcifer a impulssionou para trás, Deitando-a na cama e a segurando embaixo dele com as mesmas mãos que nunca libertaram o quadril de Emme. A resistência dela parecia totalmente acabada agora, seus olhos cor de fumaça não brilharam com teimosia, e estavam tão fixos nos dele que a intensidade daquele único gesto o assustou.Ela libertou um dos braços que estava na nuca do vampiro para apoiar sobre o peito dele. O lugar onde ela o tocou esquentou imediatamente, o toque quente através de sua camiseta completamente ensopada lhe deu um choque, um do tipo que ele queria correndo


por todo o corpo. Tudo neles se tocava agora, ele estava tão pressionado sobre ela que podia sentir a batida do coração dela como se fosse sua, o calor de sua pele e o seu toque, o aperto de suas pernas sobre a cintura dele. Era tudo tão nítido que naquele momento, só existia uma pessoa no mundo além dele. Quando ele finalmente ouviu a voz dela denovo, não passava de um sussurro fraco. - O que está fazendo? - Ela sussurrou quando ele levou a boca até a orelha dela, sua respiração sobre a pele dela a fez arrepiar, e ele sorriu enquanto lhe beijava a ponta da orelha. - Te levando ao paraíso. - Ele respondeu, calmamente. Seu tom baixo enquanto ele percorria todo o caminho desde a orelha até a base da garganta dela com um roçar de lábios e dentes que acabou com a própria linha de raciocínio. A pele branca e macia da garota se estendia sobre sua boca, o convidando a continuar com aquilo até que ele conhecesse cada pedaço dela. - Seja minha essa noite, Fiemme. Ele sentiu, naquele momento, a mudança na linha de pensamentos da garota, ela não tinha muita certeza do que estava fazendo, e as palavras dele se repetiam na mente dela com uma pergunta silenciosa. Lúcifer a queria, ele a queria pela inocência, a queria pelo jeito com que a pele dela se moldava à dele, ele a queria tanto, que era difícil ter um pensamento racional além desse. Ele a queria, queria que ela fosse dele. O vampiro tinha uma das mãos sobre o próprio peito, enquanto segurava a pequena mão de Emme que descançava naquele lugar, e com a outra, brincava com os dedos sobre a coxa dela. Ela não tentava se afastar mais, e passou o braço livre pelo pescoço dele, em um aperto muito firme para alguém tão pequena. Lúcifer manteve o olhar firme nos olhos cor de fumaça da garota, não os deixando ir até que a envolveu em outro beijo lento. Ele não tinha pressa, queria conhecê-la, e queria fazer isso por inteiro. Quando seus dedos deslizaram sobre a pele macia da garota até um lugar que ele tinha certeza nunca ter sido tocado, ela arfou, e um sorriso diabólico surgiu no rosto do vampiro quando ele roçou os dedos sobre a carne dela em um ritmo deliciosamente lento. Tocá-la e ver como ela reagia o estava matando. A respiração ofegante da garota enquanto ele a explorava hábilmente se intensificou quando o vampiro moveu os lábios até o pescoço de Emme, o batimento do coração dela estava extremamente acelerado, como um coelho assustado.E agora ele o sentia bater em sua boca, enquanto ele manipulava sua veia com lábios e língua. Lúcifer aumentou a pressão dos dedos sobre a região sensível, e isso fez com que a garota arqueasse, Ele aproveitou esse momento para passar um dos braços pela cintura dela, a segurando por trás, erguendo ambos o suficiente para que sua boca alcançasse o primeiro botão do comportado vestido da garota sem mover os dedos de onde estavam...e então o segundo botão tinha ido, e o terceiro. Quando ele finalmente havia terminado com o ultimo botão, ele havia retirado os habilidosos dedos que antes brincavam com o clitóris de Emme, e a segurou pela cintura com as duas mãos enquanto delicadamente a encostava sobre o colchão outra vez. Sua boca fez um caminho desconhecido pela pele macia agora descoberta, roçando os lábios por cima de tudo que podia alcançar desde o estômago até o queixo da pequena garota. Ele fez todo o trajeto tão lentamente que era como se ele pensasse que poderia ir para o inferno por aquilo, o que aliás, podia, mas queria que valesse a pena. Ela tinha os olhos fechados quando ele deu seu ultimo roçar sobre as bochechas rosadas da garota, e então ele se moveu, de modo que pudesse ver tudo que agora estava descoberto. Um traço de surpresa, por não saber o que realmente esperava do corpo dela, o atingiu quando ele finalmente viu o que aqueles longos vestidos comportados escondiam. A criatura mais delicadamente feminina que ele já havia visto, estava deitada sobre ele, com os olhos fechados e deixando que ele a avaliasse, Emme tinha a pele branca mais perfeita em


que ele já havia posto os olhos, era totalmente translúcida, qualquer toque podia quebrá-la. Pequenos e bem definidos seios ainda ocultos pelo sutiã prenderam seus olhos, Emme era completamente perfeita. E aí ele fixou os olhos em outra coisa: as várias marcas de queimaduras cicatrizadas espalhadas por todo o pequeno corpo dela. Algumas pessoas as considerariam imperfeições, mas não ele. Aquilo a marcava como o que ela era. Sua pequena bonequinha guerreira que havia lutado pela sua vida do modo mais difícil e doloroso, uma sobrevivente. A sua garota. Emme suspirou, o que o levou devolta para a realidade, uma realidade que ele não queria que acabasse. Lúcifer voltou sua atenção para as peças de roupa que ainda lhe impediam de tocá-la, e em um só impulso, a puxou para cima, segurando-a pela cintura, a trazendo para seu colo em uma posição sentada enquanto distribuia beijos por toda a área dos seios que podia alcançar, com um só puxão, ele o arrebentou, e o paradeiro não o interessada, pois agora, podia sentir os mamilos eriçados roçando contra a camiseta fina e molhada da qual ele tratou de se livrar. Logo ele a sentia sobre sua própria pele, e a sensação era maravilhosa. Ele a inclinou para trás, e logo sua boca caiu sobre um dos pequenos seios, enquanto ele cuidava do outro com o polegar. A respiração de Emme se tornou irregular de novo, e ela gemia baixo, mas o suficiente para que ele a ouvisse como uma canção que se repetia. Sua boca começou a descer, e ele a deitou novamente nos travesseiros enquanto dava a atenção merecida para cada parte dos seus seios, abdomen, e finalmente, ele chegou onde a ultima peça de roupa dela se encontrava, sua boca fez carinhos sobre o contorno da calcinha e ela arfou, surpresa. Uma pergunta surgiu em sua mente, mas antes que ela pudesse protestar, ele se livrou da peça, afastou suas pernas e a provou. Ela quase gritou no momento em que a língua do vampiro encontrou seu clitóris, e ele gostou disso, gostou de levá-la a esse ponto. Ele não parou, mesmo quando notou que ela tinha um aperto fixo sobre os lençóis e gemia ainda mais alto. Ele usou toda a habilidade que tinha com os lábios e língua para chupar, morder e lamber toda a área que a levava a gemidos mais altos e reações mais extremas. Quando ele finalmente sentiu sua carne se contrair, ele sugou todo o mel. E tinha um gosto ainda melhor do que imaginar o gosto do sangue dela. Ela gritou, ele podia ouvir seu coração batendo ainda mais rápido, e levantou a cabeça a tempo suficiente para vê-la afrouxar o aperto sobre os lençóis. Ele escorregou de volta para cima, tomando entre as pontas dos dedos o pequeno rosto de boneca de Emme, seus olhos se abriram assim que ele tocou seu rosto, e seus olhos estavam assustados, completamente assustados. - Isso foi, completamente inadequado - Ela exclamou, completamente atônita. Ele riu, realmente riu sobre isso. - O que foi isso? o que eu senti, eu... Ele a interrompeu, por mais adorável que fosse ouví-la, ele não conseguia se concentrar em algo além dos deliciosos lábios cheios, que agora pareciam inchados, e a beijou lentamente, aproveitando cada instante do toque, da pele quente e o encontro elétrico de seu peito contra o dela. Ele desceu as mãos, a explorando com as pontas dos dedos sobre a curva de sua cintura, o início de suas coxas e o interior delas, repetindo o trajeto tantas vezes quanto podia contar. Ele usou os pés para se livrar dos próprios sapatos, e uma das mãos se afastou dela por um milésimo de segundo, para que ele desabotoasse e abaixasse as calças, o deixando apenas com a boxer preta que fazia absolutamente nada em esconder sua ereção. Tocá-la era a melhor coisa que ele já tinha sentido, por isso não demorou para que sua mão se espalhasse sobre o interior das coxas de Emme e a puxasse para que encaixasse em sua cintura. Sua outra mão ainda estava ocupada com o trajeto incansável das curvas dela. Por entre o calor dos lábios, e o barulho da chuva, Lúcifer conseguiu ouvir um suspiro entre os lábios dela e os dele, a voz baixa e calma de Emme parecia vir de um lugar tão distante e ao mesmo tempo, do unico lugar onde ele queria estar.


- O que você fez comigo, Lúcifer? - Ela sussurou. Ele não sabia exatamente a quê ela se referia, se era ao que fazia agora e o que faria em seguida, ou tudo que ele não podia explicar, mas sentia tão profundamente. Em um caso, ou outro, tudo que ele respondeu foi simples. - Eu não sei. Seus olhos deslizaram por todo o corpo da moça, seu sangue parecia queimar em sua pele, pedindo pelo toque dela. A delicada mão de Emme pousou em seu queixo, levando seus olhos diretamente para os dela. Havia tanta coisa para ser lida nela, os olhos eram apenas as janelas para os pensamentos, e os pensamentos, simplesmente eram transmitidos pelos olhos. Ele podia ver o mundo nos olhos dela, o mundo dele, pelo menos. Sem quebrar a conexão dos seus olhos com os dela, Lúcifer, lentamente se movimentou, livrando-se de sua boxer, e consequentemente a ultima peça de roupa que restava em um deles. Os pensamentos de Emme beiravam entre frenesi e calma, seus dedos, tímidamente acariciavam o rosto e os cabelos louros do vampiro. Ele não conseguia esperar mais, havia um tipo de fogo dentro dele que precisava dela, precisava fazê-la dele. Lúcifer usou uma das mãos para afastar as coxas de Emme, enquanto a outra dançava contra sua bochecha rosada. Ela ainda o encarava, sem se mover ou falar, ela não precisava falar. Ele sabia que assim como ele, ela queria mais. A diferênça é que ela não sabia exatamente o que queria. Ele sim. - Emme, o que eu vou fazer agora, pode doer um pouco. Você confia em mim? - Ele a alertou, em um tom baixo. Ela se perguntou o que seria mentalmente mas não fez a pergunta em voz alta. Quase imperceptívelmente, ela acenou positivamente com a cabeça. as próximas palavras do vampiro saíram em apenas um sussurro - Seja minha, Fiemme. De um modo extremamente lento, ele posicionou seu membro. Fiemme enrijeceu no mesmo instante, assustada, ele fez um som que soou como "shh" e pediu que ela relaxasse e confiasse nele. Para a surpresa de ambos, foi o que ela fez. E Lúcifer a penetrou, tão devagar que era torturante, o lugar nunca antes explorado era extremamente estreito, e ele tentava ao máximo não machucá-la. O que era difícil, pois ele sentiu a pontada de dor cruzar a mente dela assim que ele começou. Mas ela não se moveu, ou tentou fugir. Fiemme permaneceu no lugar, mesmo que obviamente doesse mais do que ela esperava, sua pequena guerreira estava lá novamente. Emme simplesmente mordia os lábios enquanto seus olhos Cinza prendiam os do vampiro na maior prisão em que ele já esteve em séculos. Cada centímetro dentro dela era como o céu e o inferno, juntos, pois ele nunca conseguia ter o suficiente. Ele podia sentir tudo, e ao mesmo tempo, não o suficiente. A respiração de ambos se tornou ofegante, e Lucifer sentiu o próprio coração bater, algo silencioso. Forte. Dela. E então ele foi mais fundo. Emme gemeu alto, e em seguida, algo despertou a atenção do vampiro. O cheiro do delicioso sangue da garota se tornou intoxicante quando o Hímen se rompeu, ele podia sentir a camada quente sobre seu membro, Flor de lótus sobre lava ardente intensificado em uma proporção que parecia ao mesmo tempo irreal e impossível. Esse era o cheiro do sangue dela. Lúcifer continuou com seus movimentos, lentamente a penetrando, sentindo-a. Ele ignorou ao máximo o cheiro inebriante de sangue, mas era quase impossível para seus instintos. Ele sentiu os olhos arderem daquele jeito que sempre faziam quando se tornavam vermelhos apenas um segundo antes de fechá-los. Ele não podia deixá-la ver. Ele não podia deixá-la ver o monstro que era. No mesmo instante que seus olhos se fecharam, os delicados dedos de Emme contornaram suas pálpebras. - Não - ela murmurrou. Sua voz segura, firme, de um jeito que ele não esperava. - Eu não tenho medo. Deixe-me ver. Ele abriu os olhos em surpresa, podia sentir o ardor leve nos olhos e tinha certeza do


vermelho vivo em que se encontravam, mesmo assim, a garota simplesmente o olhou fixamente, como se nada estivesse errado. Algo se quebrou dentro dele, e quando ele finalmente a tinha penetrado em seu máximo, começou com movimentos lentos de vai e vém, muito mais lentos do que o necessário para não machucá-la. Mas o ascendiam em um jeito único. Emme respirava com dificuldade, suas pequenas mãos se fixaram nos ombros do vampiro, o apertando com o que ele julgava que fosse toda a força que ela possuia. A garota também gemia, mas seus olhos permaneceram abertos o tempo todo, simplesmente o observando enquanto ele lhe fazia o mesmo. A sensação de estar dentro dela era melhor do que qualquer outra, e ele pôde sentir seu coração bater outra vez quando uma das mão de Emme se soltou de seu ombro, e vagou pelo seu peito até as costelas, cegamente tateando o lugar onde sua cicatriz em forma de cruz residia. Quando ela chegou lá, seus dedos o acariciaram por todo o comprimento da cicatriz. Ele franziu as sobrancelhas, e ela sorriu. Em seguida, seus gemidos ficaram mais altos e ele sabia o que viria em seguida. Emme respirava ainda mais difícil, e Lúcifer aumentou a velocidade dos movimentos, mordendo os próprios lábios para se conter. Cada segundo parecia passar em câmera lenta, e a cada vez, o misto de sensações do vampiro era ainda maior, levando-o a um estágio onde ele ansiava por aquilo. Um forte raio se destacou sobre a chuva iluminando a cabana por dentro no exato momento em que ambos chegaram ao clímax, jogando ambos lado a lado na cama. Lúcifer tratou de puxá-la para os seus braços, segurando-a em um tipo de abraço extremamente íntimo enquanto a respiração irregular de Fiemme era tudo que podiam ouvir. Aos poucos, a respiração da garota foi se acalmando, e ela passou ambos os braços pela cintura do vampiro, levantando sua cabeça o suficiente para encontrar os olhos dele. Lúcifer a beijou na testa e ela sorriu, o cansaço a invadia agora, ele podia sentir tão claro como se fosse dele próprio, Seus lábios roçaram nos dela nos momentos seguintes. Não era algo voluntário, era simplesmente seu corpo o deixando saber que pertencia a outra pessoa no momento. A voz de Emme penetrou o escuro do lugar assim como o de sua consciência. As palavras seguintes, rondaram em sua cabeça pelo resto da noite. - Acho que eu sou sua agora. - Ela murmurou pouco antes de cair no sono. Pensar que ela realmente, realmente era sua agora, o manteve acordado pelo resto da noite.


12Emme estava olhando para a vista que a janela da cabana lhe proporcionava, olhava para aquele verde que estava quase afogado devido a chuva da noite passada. Não havia nada de interessante em olhar a natureza, mas no momento era melhor do que olhar Lúcifer dormindo na cama em que muita perversidade aconteceu. Além do mais, olhar para os pequenos insetos voando em volta de flores, a distraia da pequena dor que sentia por todo o seu corpo. Ela não podia mentir que a sensação que Lúcifer lhe mostrou ontem a noite era algo bom, pois Emme havia gostado. Mas também houve dor por um momento e considerando que as pessoas no convento haviam batido nela, não ajudou muito. Mas no momento ela estava feliz por ter conseguido sair da cama sem que Lúcifer tivesse acordado, pois não conseguiria olhar para aqueles olhos verdes tão desumanos. Afinal, noite passada ela descobriu que ele era seu irmão, que era filha do verdadeiro diabo e mesmo assim aceitou se deitar com ele. Emme fechou seus olhos por um momento e soltou sua respiração pesada. A cada dia tudo estava ficando pior, ela só queria que as queimaduras parassem e agora descobrirá que seu pai era o diabo, que o homem que provavelmente estava apaixonada era um demonio e que era seu irmão... Alem de tudo isso, tinha que voltar a ser imortal para não morrer e Emme não queria viver eternamente. Emme olhou para trás assim que escutou movimentos vindo da cama, de Lúcifer acordando. Ele quis que ela soubesse que estava despertando, pois caso contrario poderia estar em suas costas sem nem ao menos ter notado que havia saido da cama. Ela o encarou por um longo momento, sem coragem de dizer nada.— Não é nada educado sair da cama por primeiro depois da noite que tivemos.— Lúcifer disse com aquele sotaque totalmente desconhecido para Emme, com seus olhos verdes desumanos fixos nela. — Desculpe.— ela disse um pouco sem jeito. — Você está bem?— Emme movimentou sua cabeça, dizendo para ele que estava tudo bem, mas aparentemente não foi o suficiente para o vampiro, já que ele levantou da cama e se aproximou dela. Lúcifer vestia apenas seus jeans negros, o que fez com que Emme tivesse uma leve dificuldade de tirar seus olhos do corpo dele, mas quando lembrou do quanto isso era um pecado, tudo foi mais fácil.— Eu ouvi seus pensamentos em quanto estava dormindo, eles me acordaram para dizer a verdade.— Emme desviou seu olhar do de Lúcifer e até mesmo tentou se afastar para o outro lado daquela cabana, mas o corpo daquele vampiro bloqueou totalmente sua passagem, não deixando que ela o evitasse para sempre.— Lúcifer.— Emme murmurou, um pouco desesperada para que tudo que estivesse acontecendo, não fosse real. — Eu não entendo o quanto dificil deve ser descobrir que é filha de Hades e ter que voltar a ser imortal mesmo esse não sendo seu desejo, mas eu não sou seu irmão, Emme.— Lúcifer disse.— Eu sou filho do rei Alexandre e da rainha Gaia, apenas um mortal que desejou a vida eterna e trocou a


alma da sua própria mãe para realizar esse desejo. Nós temos o mesmo sangue, mas isso não significa nada.— — Isso não é 'nada', Lúcifer.— Emme discordou dele. — Então por que se deitou comigo?— — Eu não sei, isso foi errado. Minha vida está toda errada e eu nem ao menos desejei tudo o que está acontecendo.— Lúcifer não gostou da resposta que ganhou, sua expressão dizia isso.— Não vou desistir de você, Emme, eu já me apaixonei por muitas mulheres e todas permiti que fossem embora. Não é meu desejo estar apaixonado por uma humana que até pouco tempo mal sabia o que era um estupro. Você pode me negar o quanto quiser, mas eu simplesmente não posso deixá-la de lado, sabendo que pode morrer sem sua imortalidade. Eu não quero ser amado por você, só quero o seu bem.— — Como tem tanta certeza do que sente por mim?— — Você vai me dizer o que sinto agora?— Lúcifer perguntou um pouco irritado.— O amor não se explica, minha querida, mas se tem tanta repugnância em estar perto de mim, você pode ir embora. — Lúcifer se afastou de Emme, lhe dando finalmente o espaço que ela tanto desejou, mas parecia tão errado... E quando o vampiro abriu aquela porta de madeira velha, deixando que os raios solares entrassem no lugar e encontrassem seu corpo, ele disse.— Não se preocupe comigo indo atrás de você, eu não posso sair daqui até a noite cair.— — Pare, Lúcifer!— Emme caminhou até ele, puxando a porta duas vezes quando na primeira vez ele não permitiu que ela a fechasse. Emme não se importou muito da maneira como ele reagiu, apenas com as queimaduras que surgiram ao longo do seu corpo.— Eu nunca disse que sentia repugnância.— — Isso está em seus olhos.— Ele murmurou, se afastando de Emme novamente, dando até mesmos suas costas para ela. — Lúcifer.— O nome dele saio de seus lábios manhosamente, seu choro chegando rapidamente, mas ela não iria chorar. Emme sabia que estava sendo dura.— Eu preciso de você.— — Sério, Emme?— Ele se virou para encontrar os olhos de Emme assim que falou ironicamente. — Eu quis tudo o que aconteceu ontem, permiti que você fizesse impurezas com meu corpo.— — Essas impurezas se chama sexo, minha querida.— — É um pecado.— Ela disse rapidamente.— E eu estou comentando vários pecados por causa de você.— — Agora é a parte em que você me chama de demônio ou essa hora não chegou ainda?— Ele foi sarcastico. — Eu estou tentando, Lúcifer.— Emme ignorou o que ele disse, talvez essa fosse a melhor coisa para se fazer.— Tudo o que está acontecendo é muito diferente do que eu conheço, estou tentando me acostumar. E você só está me apavorando cada vez mais quando fica bravo comigo por ter dificuldade de entender e até mesmo aceitar isso.— A postura de Lúcifer suavizou dessa vez, sua expressão de rígida e severa mudou também.— Eu não estou bravo com você, Emme.— Ele disse quase em um sussurro, não a convencendo muito bem, mas quando um sorriso sincero cresceu em seus lábios, o mundo de Emme se perdeu.— Você deu pra mim a coisa mais importante que existe para uma mulher, como posso estar bravo?— — Eu não sei o que te dei, mas sinto muito.— Ela disse um pouco confusa, mas o sentimento de culpa era muito maior.— Você é tudo pra mim. Eu nunca tive nada em toda minha alem de uma crença que nem ao menos existe e tê-lo perto é muito bom, você é a coisa mais preciosa que eu possuo, mas não te trato como deveria.— Lúcifer quebrou o espaço deles em seguida, mas dessa vez ele não queria ser apenas uma barreira para que Emme não pudesse fugir, o vampiro apenas passou seus braços pela cintura dela e a pressionou contra seu corpo.— Eu já estou acostumado a ser tratado como alguém sem estímulos para respirar, nós vamos resolver tudo o que está deixando sua cabecinha paranoica, pumpe. Uma


coisa de cada vez e nós chegaremos ao infinito.— — Lúcifer.— Ela sussurrou seu nome como uma caricia, a pegando de surpresa pela maneira que aquilo tinha saido, já que tinha nojo desse nome. Mas tudo passava de um mito, talvez Emme pudesse passar a gostar desse nome.— Por que você está mais gelado do que o normal?— Ela perguntou curiosa, deixando de lado todo o momento que estavam tendo para perguntar. Afinal, isso era estranho. — Talvez seja você mais quente.— Ele disse com uma pontada de irônia, mas Emme não desistiu de sua reposta e se afastou somente um pouquinho do corpo daquele vampiro para encontrar seu olhar com uma expressão de que estava falando sério.— Eu não sei, é sete da manhã, pumpe, até o coração de um zombie volta a bater quando é acordado nessas horas.— — Então estar acordado a essas horas é algo bom?— — Vamos voltar para a cama antes que diga que andar no sol fará bem para mim.— Lúcifer a puxou por seus braços até a beirada da cama antes que Emme abrisse sua boca novamente, e quando ele se sentou no colchão, ela não o acompanhou. Emme encarava uma pequena mancha de sangue no colchão e não fazia ideia nenhuma do que era aquilo.— O que isso significa?— Lúcifer olhou para a mancha e em seguida para ela, seus olhos verdes brilharam em diversão, apesar de seu rosto não sustentar nenhum sorriso.— Significa que eu fiz um ótimo trabalho.— Ele disse ironicamente, não explicando nada para Emme. Lúcifer a puxou para a cama, a fazendo cair em seu colo antes mesmo que ela falasse que não entendeu que trabalho ele fez, mas quando o vampiro tocou seu nariz gelado no rosto de Emme, ela esqueceu qualquer coisa que iria falar, pois era isso que os toques dele causava nela.— Não irei forçá-la a nada, mas eu a desejo tanto...— Emme colocou sua mão na lateral da cabeça do vampiro, seus dedos tocando aqueles cabelos macios que poderiam ser comparados com raios solares. Seus olhos estavam totalmente conectados com aqueles verdes anormais, olhar para Lúcifer como algo angelical, até doía para respirar, pois sua aparencia de anjo era incrivel. Um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Emme, tão pequeno que era dificil ser notado.— Eu acho que irei para o inferno quando morrer.— Ela disse um pouco decepcionada, mas Emme não se sentia culpada, pois nesse exato momento estava escolhendo o lado errado de tudo isso, escolhendo ser amante de uma pessoa que era para ser chamado de irmão. — Nós vamos ficar bem, pumpe.— Lucifer disse, permitindo que ela se deitasse ao seu lado agora, mas sem que tirasse seus braços do pequeno corpo daquela humana que percorria a cicatriz dele com seus delicados dedos em uma caricia. — Por que você ficou conhecido como o diabo?— — Por uma maldade tão pura que os criadores da religião católica me descreveram como o anjo caído, já que minha mãe costumava me chamar de príncipe anjo.— — Príncipe anjo?— — Sim.— Lúcifer soltou uma pequena risada, olhando para os olhos de Emme que estava em sua frente, aqueles olhos quase tampados por sua franja e ele foi tentado a passar seus dedos ali para tirar aqueles cabelos que tampavam olhos tão lindos.— Meus pais me amavam como se eu fosse o melhor tesouro deles, mas tudo isso acabou quando tirei a vida deles para ter poder e eternidade. Eu nunca fui bom com o meu povo dinamarques, não respeitava nenhuma mulher ou crianças, tudo só fez com que a minha fama na biblia ficasse maior.— — Eu prefiro você agora.— Emme sussurrou depois de um tempo, olhando para aqueles olhos verdes.— Eu não gosto dessa situação, de estar gostando de uma pessoa que é conhecida como diabo, que religiões não existem, apenas aquelas que acreditavam no passado e o pior de tudo ser filha do verdadeiro diabo.— — Você esqueceu da parte em que nós somos colocados como irmãos.— Lúcifer a lembrou


ironicamente, mas isso era algo que Emme não fazia questão de lembrar. — E agora você pretende me dizer o que é pumpe?— Ela perguntou, mudando de assunto para que isso sobre serem irmãos não a aborrecesse. — Você ainda não pronuncia direito, sinto muito.— Emme encarou Lúcifer com aqueles olhos cinzas de uma maneira que talvez implorasse que ele dissesse o que era essa palavra, mas tudo que o vampiro fez foi sorrir e isso fez com que ela desistisse de qualquer coisa, não pelo lindo sorriso de Lúcifer, mas sim por que ele não tinha nenhum plano sobre contar o significado. — Eu sou uma deusa, você devia me respeitar como tal.— Emme brincou com a realidade de sua vida e Lúcifer entrou na sua brincadeira. Pois em um movimento rapido, o vampiro se movimento até que seu corpo estivesse em cima do de Emme e com suas mãos grandes, segurou os punhos dela, ainda machucados por aquelas correntes, em cada lado de seu corpo. Lúcifer não usou força em nenhum momento, ele devia saber que Emme se sentia dolorida. — Minhas sinceras desculpas, Lystne dame, mas creio que a presa nesse momento seja você.— Ele disse em um tom cheio de ironia, não deixando ela se soltar quando tentou. — Você vai me machucar.— Emme disse sobre a posição que se encontravam, com um pouco medo do vampiro tão forte que era Lúcifer lhe causar mais dor, mas também usou isso como desculpas. — Eu nunca machucaria você, Fiemme.— Ele sussurrou, aproximando seu rosto do de Emme.— Sei bem que está com dor em seu corpo, devido ao que aconteceu no convento e comigo, mas eu posso resolver isso facilmente...— Lúcifer soltou os punhos de Emme e lentamente passou a escorregar seu corpo para baixo, quando Emme percebeu o que ele estava planejando, ela o segurou pelos braços.— Isso é muito depravado. — Disse com seu coração já acelerado.— Muito.— Ressaltou. — Você gostou muito disso, minha querida.— — Não, Lúcifer.— Emme se sentou na cama, segurando o vampiro apenas pelo queixo, o que o fez acompanhá-la. Lúcifer acabou desistindo do que estava planejando e aproximou seu rosto do de Emme até que seus lábios encontrassem os dela. Ela estremeceu com aquele toque gelado, mas ficou feliz por ele ter desistido de qualquer impureza que estava em sua mente. Mas antes mesmo que aquele beijo se tornasse algo mais profundo, Lúcifer se afastou e depois que Emme abriu seus olhos, viu que indícios vermelhos estavam surgindo naqueles verdes desumanos, mas eles foram embora em questão de segundos.— Minha mente está expulsando qualquer controle que existe por meu corpo.— Ele disse, talvez explicando o motivo dos seus olhos quase terem ficado vermelhos.— Eu não posso abusar de você para não machucá-la.— — Deuses são mais fortes que vampiros, Lúcifer?— Emme perguntou quase em um sussurro, com um pouco de curiosidade ou até medo por Lúcifer ter sempre que manter isso na cabeça, de não machucá-la. Claro que Emme não queria ser machucada, mas ela conheceu a força de Lúcifer, viu o vampiro esmagar um coração e podia imaginar que ele a tratava como um folha de papel que não deveria ser amassada. — Deuses são muito mais fortes do que qualquer criatura sobrenatural. Eles são criadores desse mundo e quando eu disse que nós, criaturas sobrenaturais, por sermos imortais apenas somos mais dificeis de matar, é um termo totalmente diferente dos Deuses. Eles são tudo aquilo que nós não somos, eles podem fazer o mundo acabar com apenas um passo errado.— Ele disse.— Você é filha de um dos deuses mais poderosos que existe, as filhas de Zeus, Hades e Poseidon sempre vão ser as mais poderosas. E a igreja ter mexido com isso, apenas fez com que o equilíbrio da natureza ficasse doida, deuses jamais podem permitir que o equilíbrio acabe e é exatamente por isso que Hades nunca se manifestou com sua perda, ele esperou anos até que você achasse alguém para ajudá-la.— — E eu achei você.— Emme disse, tentando imaginar se algum dia conseguiria considerar Hades como o seu pai, séria algo muito complicado. — Se deuses pudessem intrometer no nosso mundo, talvez nós dois nunca tivéssemos nos conhecido, Hades teria ido atrás de você quando fosse um bebê ainda.— — Eu estou feliz por essa regra então.—


— Pela primeira vez na vida eu estou amando essa estupida regra, pumpe.— Lúcifer tocou o seu nariz no de Emme.— Tudo seria mais facil se certas regras não existissem, eu poderia pedir ajuda a feiticeiras para transformá-la em imortal novamente, até mesmo Andrew teria sucesso no caso de Roxie, mas são justamente elas que cuidam do equilíbrio e nunca quebram o que não deve ser desafiado.— Emme estava prestes a perguntar mais coisas para Lúcifer, mas antes mesmo de alguma pergunta passar por sua cabeça, o vampiro desviou seus olhos dos dela e franziu o cenho. Parecia que algo estava errado, parecia que Lúcifer havia ouvido algo fora do comum e estava procurando por isso. Ela não fazia ideia do que estava acontecendo, mas descobriu no minuto seguinte quando a porta da cabana foi arrancada e alguém entrou com um tipo de arma. Lúcifer não estava mais em cima de Emme quando isso aconteceu, antes mesmo dela notar o vampiro já estava em meio caminho para atacar aquele homem, mas o estranho foi mais rapido, pois a arma foi disparada e balas atingiram o corpo de Lúcifer. Em diversos lugares. Eram balas diferentes, Emme notou que assim que encontraram o corpo de Lúcifer, um liquido amarelo escorreu por seu peito, em seguida veio o sangue. Acabou que Lúcifer não conseguiu chegar até aquele homem que o atacou e pela primeira vez Emme viu ele ser derrotado por alguém. Desespero percorreu por seu corpo de uma forma que não conhecia ainda, ela jamais pensou ver Lúcifer ferido e perdendo sua conciencia lentamente, aquilo doeu no fundo de seu coração. Mas tudo somente piorou quando o monstro que fez da sua vida um pesadelo entrou, aquele homem que fingiu amá-la, sendo que na verdade isso não passava de uma mentira. Padre Antônio não merecia ser chamado de padre, merecia ser chamado de Demônio e ocupar o lugar do verdadeiro rei do inferno, já que até mesmo Hades demonstrou mais compaixão do que esse homem horrivel, pelo que Lúcifer disse a ela. — Hora de ir para casa, sua pequena impura.— Ele disse com um sorriso perverso e Emme não pode fazer nada, ela estava totalmente indefesa sem Lúcifer e jamais poderia tentar fugir e deixar o vampiro que tanto a ajudou de lado. Emme acompanharia Lúcifer até mesmo para a morte. Ela se levantou da cama em silêncio, com seus olhos fixos no corpo de Lúcifer no chão. Emme pensou por um momento que machucariam Lúcifer ainda mais, mas tudo que aconteceu foi mais homens entrarem na cabana e levantarem o vampiro para levá-lo dali, mas não sem antes de jogar uma capa por cima de seu corpo para que o sol lá fora não o machucasse. Era obvio de que ela estava com seu coração quase parando de preocupação por Lúcifer, ele podia morrer... Mas sua mente logo funcionou ao pensar que aqueles homens que estavam com padre Antônio, não tomariam tanto cuidado se ele estivesse morto. Nem ao menos se preocupariam com o sol. Depois que sairam, mais homens entraram e seguraram Emme por seus braços como se ela fosse um animal descontrolado. Foi totalmente desnecessário, mas ela não tinha o que fazer a não ser se render a aquele momento. Eles caminharam a empurrando até que estivessem de volta no convento. Era tão obvio que voltariam para esse lugar que Emme quase se chamou de idiota. Mas essa não era a pior parte, o que estava a deixando louca era que Lúcifer não estava dando nenhum sinal de vida, nenhum movimento desde que sairam da cabana, nada alem de dificuldade para aqueles homens carregá-lo. — O que você vai fazer com ele?— Emme perguntou em um pouco de desespero.— Não o machuque, ele não fez nada para vocês.— Na verdade nem Emme havia feito algo para que a fizessem sofrer. Era estranho apenas de pensar que ela teve uma outra vida, que pela segunda vez ela estava fazendo 18 anos... Mas isso era algo que ela pensaria mais tarde.— Eu estou falando com você, seu crápula!— Emme ficou furiosa quando o padre não a respondeu.


— Calem a boca dela.— Foi tudo que ele disse, sem nem ao menos olhar para ela. Emme sabia que mais dor viria, mas não tentou escapar, ela apenas esperou até que acertassem na parte de trás de sua cabeça com uma arma e a escuridão chegasse, a levando direto para um desmaio. __________________________________ Lúcifer tentou abrir seus olhos, mas ele não conseguiu. Ele sentia a prata penetrando suas veias sanguineas e parecia que sua mente queria o levar para a escuridão novamente. Lúcifer não sabia exatamente o que havia naquela arma para tê-lo derrubado tão facilmente, mas estava obvio que a magia negra estava envolvida. O lado bom disso? Era que seu coração batia aceleradamente, mas isso não era algo muito bom, seu coração batia assim por causa da prata que consumia todo seu corpo a ponto de não deixá-lo acordar e matar todos que estavam envolvidos nisso. E claro, ele estava morrendo. Vampiros nunca foram feitos para aguentar prata em uma proporção grande, para piorar a situação de Lúcifer, alem disso, a magia negra ainda estava em seu corpo. Lúcifer. O sussurro de um pensamento veio para sua mente. Não era a voz de Emme, mas ele estava feliz em ouvir aquela voz, a voz de Roxie. Você precisa acordar, Lúcifer, eles vão matar Emme e eu. Bom, agora ele não estava tão feliz assim. E como se uma onda de energia tivesse entrado em seu corpo, o vampiro abriu seus olhos, permitindo que suas presas rasgassem suas gengivas, permitindo que o demônio dentro dele acordasse. Ele tentou se mover, mas isso foi um ato sem sucesso, aquela energia não era tão poderosa. Lúcifer estava pregado a uma cruz, exatamente como Jesus esteve na descrição da biblia, o único problema era que não usaram pregos neles e sim correntes grosas de prata. Ele estava fraco, muito fraco. Lúcifer não devia ter deixado de se alimentar tanto tempo... Mas o que ele poderia fazer? Emme jamais aceitaria dar o seu sangue a ele na noite anterior ou nessa manhã antes de serem atacados. E com muita dificuldade, o vampiro ergueu seu pescoço daquela madeira que sustentava todo seu corpo fora do chão e olhou para o salão a procura de Roxie e Emme. Fogo. Foi isso que ele viu em volta de todo o lugar, mas era um fogo controlado, ficava apenas em uma linha fixa perto das paredes e ai estava outra explicação do por que estar se sentido fraco. Aqueles homens estavam fazendo desse salão um lugar totalmente proibido para vampiros que amavam suas vidas. Lúcifer fechou seus olhos antes que pudesse continuar a vasculhar o local, seus olhos embaçaram completamente e estava se tornando complicado afastar a escuridão, mas Roxie chamou por ele, o vampiro não poderia deixá-la na mão novamente. Ele levantou sua cabeça e procurou por ela. Seus olhos vermelhos logo encontraram duas humanas que estavam acorrentadas, não muito longe do fogo. Emme estava desacordada, mas Roxie estava ali olhando para ele com aqueles olhos azuis vazios e forte como sempre, apesar dos hematomas em seu corpo, ela ainda tentava lutar sem sua imortalidade. Mas Andrew não estava presente, onde estava o bastardo quando se precisava dele? Lúcifer se perguntou. Lúcifer, a voz de Roxie invadiu sua mente novamente e ele olhou para ela, você não matou Padre Antônio, ele está nesse salão a sua esquerda com batina e os outros homens são seus subordinados. Eles me pegaram quando Andrew e você não estavam na mansão, usaram magia para complicar que Andrew me encontresse... O padre tem a intenção de pegar a sua imortalidade e matar nós


duas, a bruxa que trabalha para eles deseja a morte de Emme e eu estou indo de brinde pois sabem que Andrew estará aqui em questão de horas ou minutos, ele deseja a imortalidade dele também. Lúcifer olhou para sua esquerda assim que Roxie fez um resumo do que estava acontecendo, ele encontrou o homem de batina, o verdadeiro Padre Antônio. Era surpreendente como um tolo conseguiu mentirar para Lúcifer, mas considerando que ele estava preso em uma cruz com correntes de prata em volta de seu corpo, com seringas que enviavam prata para sua corrente sanguinea em seus braços e rodeado por fogo em todos os sentidos, eles não eram tolos. E isso se tornava ainda mais uma verdade pelo fato de Andrew não ter chegado ainda. Lúcifer notou que o Padre segurava adagas, ele estava as lavando em água benta e pelos pensamentos dos subordinados humanos, seria com elas que matariam suas meninas. Mas ninguém morreria essa noite, de jeito nenhum. — O quão tolo um padre pode ser?— Lúcifer disse em uma risada amarga, cheia de dor também.— Eu pensei por um minuto que poderia ser inteligente, Antônio, mas como de costume, pessoas religiosas sempre provam ser ingênuos demais.— Enrolar, esse era o plano do vampiro de cabelos loiros em quanto Andrew não chegava. — O único tolo aqui é você, vampiro, não sou eu que estou acorrentado em uma cruz— Touché Lúcifer olhou para cima, encostando sua cabeça na madeira novamente. Ele estava tão cansado do que esse velho estava causando que poderia comer toda a carne que existe no corpo dele, mesmo isso não sendo seu estilo de vida. — Você deveria saber que não se tira imortalidade de criaturas sobrenaturais, apenas com deuses existe esse privilégio.— Lúcifer disse.— Mas o principal de tudo, você deveria saber quem sou eu. — — Você é o vampiro que foi registrado na biblia como o diabo e blá, blá, blá.— Padre Antônio fingiu estar entediado, mas não era a fama de Lúcifer em um livro que colocaria medo em alguém. Ele soltou outro riso amargo e cheio de vingança dessa vez, mas antes mesmo de abrir sua boca, ele viu que Emme estava acordando lentamente. Ela estava assustada, muito assustada e quando seus olhos cinzas encontrarem Lúcifer, parecia que um alivio invadiu seu corpo por vê-lo vivo. Seus olhos se conectaram com os delas por um momento, ele não desejava nenhuma mal a ela e era exatamente por isso que iria falar seu maior segredo. — Eu sou filho de Hades.— Ele disse com orgulho.— E ele possui minha alma guardada dentro de uma jaula pois quando eu morrer, ela será entregue a mim novamente e substituirei o lugar de Hades no inferno. A ameaça que Hades fez para aqueles que conseguirem terem sucesso em minha morte, será sua ultima façanha na terra... Imagine o quanto de sofrimento ele trará a você por ter arrancado sua única garotinha de seus braços.— Seus olhos verdes foram diretamente para Roxie e Emme, a mente delas estavam em branco devido ao choque que isso causou. — E quando eu for o novo rei daquele lugar, irei torturar sua alma tantas vezes que você irá implorar para apenas receber chibatas como os outros. Você teme a Andrew, Padre?— Lúcifer perguntou em deboche.— Ele é apenas a parte divertida da morte, pois a alma de todas as criaturas sobrenaturais pertencem aos deuses, mas sempre existe uma ligação que as unem com as criaturas. A minha alma é a única que não existe uma ligação comigo, é a única que vive trancada em uma escuridão cheia de pesadelos e maldade... Eu vou matar você de novo e de novo até que arranje um brinquedo novo.— Lúcifer terminou seu ameaça com seus lábios e queixo sujos de sangue já que suas presas cortaram sua boca quando ele decidiu não tomar cuidado. Lúcifer gostaria de poder ouvir a mente daquele homem naquele momento, mas infelizmente aquilo não era possível. Ele ouvia o medo em cada pessoa que estava naquele salão, até mesmo Roxie estava com medo, mas nenhum era tão grande quanto o de Emme.— Eu sinto muito, Emme.—


Lúcifer disse em um tom nítido, apesar da dificuldade de se manter acordado.— O que está esperando para me matar? Não me diga que está com medo...— Agora ele falou com o Padre Antônio. — Eu acho que está blefando.— — Me mate e vamos ver quem está blefando.— O padre estava prestes a dizer algo, mas foi interrompido assim que as portas duplas do salão voaram de seus devidos lugares e acertaram alguns homens, os levando diretamente a morte já que aquelas enormes portas eram revestidas com marmore. E esse foi o aviso de que o rei dos vampiros havia chegado. — Andrew.— Roxie disse seu nome assim que ele entrou no salão, caminhando diretamente na direção dela e de Emme, mas ele foi obrigado a parar quando os subordinados do Padre colocaram facas em volta do pescoços e armas foram apontadas na direção de ambas. — Quem você pensa que é para fazer isso com a minha mulher?— Ele rosnou raivosamente, mudando de direção. — Mais um passo até mim e as jugulares delas serão cortadas.— Padre Antônio o ameaçou e Lúcifer, literalmente, soltou um rosnado devido a raiva que corria em seu corpo.— Além do mais, vossa majestade, sua mulher não passa de uma humana, a lei está clara: criaturas sobrenaturais não podem se relacionar com humanos.— Ele abusou da paciencia de Andrew.— Creio que nem Roxie ou Emme pertençam a vocês. Os responsáveis pelos humanos deveriam detê-los.— — Fale novamente que minha mulher não pertence a mim que eu não me importarei de começar uma guerra com os humanos, desde que sua cabeça esteja enfeitando meu trono.— Andrew deu mais um passo em direção dele após ameaçar um padre, o que realmente causaria uma guerra, pois matar humanos de tal posição seria um grande problema no mundo deles, mas quando percebeu o erro que estava cometendo ele parou, parou apenas por que Roxie e Emme eram mortais. — Você não passa de um covarde que se esconde atras de magia negra e prata.— Lúcifer disse, movimentando seu corpo em uma brutalidade que aquela enorme cruz se movimentou um pouco. Era uma pena que lhe faltava forças para fazer mais vezes aquilo. O bastardo ignorou Lúcifer e olhou para Andrew.— Vamos fazer um acordo, majestade.— — Eu não faço acordo com porcos.— Andrew rebateu, demonstrando quem era o rei do lugar. — Mas isso é do seu interesse.— insistiu.— Eu o deixarei ir embora com sua esposa e Emme, mas antes de deixarem esse convento, terão que assistir a morte de seu amigo.— — Aceite, Andrew.— Lúcifer se intrometeu, ele não queria morrer, mas sacrificaria sua vida por Roxie e Emme. — Não!— Emme reagiu dessa vez.— Você não pode fazer isso.— — Oh, pelo amor de Deus, calem a boca dessa impura antes que eu fique ainda mais enojado pelo amor que existe dentro dela por esse vampiro.— Andrew encontrou os olhos de seu amigo e Lúcifer movimentou sua cabeça, talvez implorando que ele tirasse elas de lá.— Eu aceito.— Andrew disse parecendo decidido, mas aqueles olhos azuis não convenceram Lúcifer. — NÃO!— Emme gritou dessa vez, se movimentando desesperadamente naquelas correntes e sem se importar com uma faca próxima de seu pescoço.— Lúcifer!— Padre Antônio pegou as duas adagas que um de seus homens seguravam e caminhou até o altar onde a cruz de Lúcifer estava. Em nenhum momento seus guardas baixaram a guarda perto de Roxie e Emme. E em nenhum momento Emme parou de se debater. — PARE! POR FAVOR...— Ela estava chorando e quando Lúcifer finalmente encontrou aqueles olhos cinzas avermelhados, ele movimentou seus lábios dizendo nada mais e nada menos do que “ Eu te amo” — NÃO!— Emme gritava a ponto que estava virando um escândalo, Roxie tentava ser forte, mas lágrimas escorriam de seus olhos. Lúcifer, o sussurro da mente dela novamente chegou em sua mente, Não


desista. O vampiro apenas sorriu para aquela humana com mais de 300 anos antes que o padre subisse o ultimo degrau do altar e sem nenhuma piedade enfiasse uma das adagas no estomago de Lúcifer. Ele urrou com a dor que aquilo causou dentro dele, a lamina queimando seus órgãos, já danificados pela prata em seu sangue, apenas lhe causou mais dor. E Emme também gritou ainda mais alto quando isso aconteceu, mas essa não era a pior parte, a próxima adaga seria diretamente em seu coração. E parecia que tudo passou a se tornar um filme de câmera lenta, Lúcifer ouvia os gritos de desespero de Emme, o choro baixo de Roxie e até mesmo a respiração profunda de Andrew pela perda que teria. O vampiro viu o padre erguer a adaga até em direção de seu coração, sentiu a lamina cortar sua pele e carne até que estivesse sendo enfiada diretamente em seu coração, mas antes mesmo que ela chegasse no lugar desejado, algo aconteceu. O grito alto de dor de Emme fez com que o mundo de Lúcifer voltasse para o tempo real, ela não estava mais gritando por desespero por vê-lo morrer, ela estava gritando como se algo estivesse devorando seu corpo. E então Lúcifer entendeu o que estava acontecendo quando o fogo nas laterais do salão explodiram em chamas maiores, chamas que explodiram janelas de vidros e atingiram os homens do padre, atingiram todos naquele lugar menos ele, Roxie e Andrew. Andrew estava em cima de Roxie, tirando as correntes dos braços dela que estavam derretendo conforme o grito de Emme ficava maior, as correntes de Lúcifer derreterem também, mas nem ele e a deusa do fogo tiveram a mesma sorte que Roxie. O vampiro se livrou das siringas com prata e com muita dificuldade alcançou o primeiro homem que não estava pegando fogo ainda e enfiou suas presas no pescoço dele. Lúcifer não tomou todo o sangue daquele corpo, mas o suficiente para se manter em pé. Afinal, ele não tinha tempo para isso, estava mais preocupado com Emme pegando fogo e explodindo todo o lugar. — HADES!— Ele gritou o nome de seu pai quando percebeu que Emme estava descontrolada e que somente o rei do inferno poderia controlar sua filha no momento. O vampiro correu até ela e se queimou diversas vezes ao tentar segurá-la. Andrew estava usando seu corpo para proteger Roxie do calor, então o vampiro de olhos verdes não se preocupou muito com eles. Sua maior preocupação era com Emme que parecia estar possuida por um espirito do fogo. Apenas segundos se passaram depois que Lúcifer chamou Hades e quando sombras negras surgiram em todo o salão rodopiando por todo o local, como se estivessem engolindo as chamas, ele soube que seu pedido tinha sido atentido. Hades apareceu ao lado de Lúcifer e segurou Emme em seus braços, o fogo não o afetou em nenhum momento e como se ele tivesse estalado seus dedos, o fogo sumiu juntamente com as sombras. Não havia mais nada além de destruição e o som do corpo de Emme caindo no chão, com seu pai a segurando. Lúcifer escutou o coração humano dela bater, batidas lentas que estavam quase parando e se ajoelhou ao lado deles.— Ela está morrendo.— Lúcifer sussurrou.— Por favor, diga que sabe como fazê-la imortal novamente.— — Existe uma forma, mas é proibida...— Hades disse segurando Emme contra seu corpo ainda mais forte. Emme estava totalmente queimada, as correntes derretidas em seus braços fizeram com que ficassem em carne viva, seu corpo estava quase todo em carne viva. Lúcifer não podia vê-la morrer. Mais uma batida fraca soou nos ouvidos de Lúcifer, o sinal de que sua pequena guerreira estava lutando por sua vida. — Ela é sua filha.— Lúcifer lembrou Hades com certa indignação.— Ela é sua única filha. Não importa a regra que impõem seus limites nesse momento. Por favor, salve-a.— — Meu coração, eu posso dar metade dele para ela e Fiemme voltará a ser uma deusa. É perigoso, pois qualquer pessoa que descobrir isso e tentar roubar o que estou dando a ela, poderá ter metade


dos meus poderes. Fiemme depois de mim, Zeus e Poseidon será a deusa mais poderosa que existe por eu estar dividindo minha imortalidade com ela, você precisa entender que ao meu lado ela sempre estará mais segura em quanto não souber lidar com seus novos poderes.— Perder Emme, era isso que Hades estava falando. — Eu tenho as memorias dela guardada comigo, mas existe a possibilidade dela não se lembrar da vida que teve quando foi humana, Lúcifer.— Isso atingiu Lúcifer de uma forma anormal, mas ele não se importava. Lúcifer preferia saber que sua pequena pumpe estava viva em algum lugar, sem se lembrar dele, do que a perder para sempre. — Faça isso.— Ele disse finalmente. Lúcifer olhou para Emme pela última vez e levantou seu queixo, aceitando novamente a derrota do amor. Ele já havia se acostumado perder as mulheres que amava, talvez Emme tenha sido a mais especial que esteve em seu caminho, mas o vampiro de olhos verdes aceitaria perdê-la por toda a eternidade. Lúcifer se afastou de Emme e de Hades, seu corpo gritava para permanecer ao lado de sua amada, mas ele caminhou até que estivesse sentado ao lado de Roxie e Andrew no chão. Roxie ficou no meio dele e de seu marido, ela soltou uma de suas mãos das de Andrew e pegou na de Lúcifer. E o vampiro deu um sorriso triste para ela, pelo menos ele não estavam perdendo seus amigos também. Essa era a única coisa boa que estava acontecendo depois que Emme virasse imortal novamente. Seus olhos verdes foram para Hades e Emme no centro do salão, eles ainda estavam no chão. Hades ainda segurava sua filha em seus braços. Ele movimentou sua cabeça em uma forma de agradecimento a Lúcifer assim que seus olhos negros com faíscas vermelhas encontraram seus olhos e então tudo começou. Uma luz vermelha surgiu ao redor deles, tão forte que Lúcifer teve que fechar seus olhos e desviar seu rosto da direção deles. O vampiro de cabelos loiros encostou sua cabeça na de Roxie, também abaixada para ajudar a Andrew tampar aquela luz que prejudicaria muito mais a ela do que eles, que eram vampiros. Aquela luz era o sinal de que Emme estava ganhando sua vida de volta, o sinal de que Lúcifer estava perdendo sua pequena guerreira também. Parecia que horas haviam se passado desde que eles estavam ali sentados no chão com seus olhos fechados, ele não sabia direito quanto tempo havia se passado, mas quando aquela luz vermelha e até mesmo bonita se foi em apenas um piscar de olhos, Hades e nem Emme estavam mais presentes no salão. Apenas o casal real, Lúcifer, vários corpos e a certeza de que ele tinha perdido Emme para sempre.


13Inglaterra, ano 2015 - Século XXI Lúcifer estava sentado em frente da lareira de sua nova mansão com um copo de whisky cheio do mesmo e de gelo. Depois que quatros semanas se passaram desde que ele viu Emme pela última vez, o vampiro havia comprado outra mansão abandonada e gasta pelo tempo em Londres, já que a sua antiga foi totalmente destruída pelos criptas. Era dificil fazer seu coração acreditar que uma casa substituiria seus sentimentos por Emme, mas era tudo que ele tinha agora. E a noite havia virado seu pior pesadelo, pois era nessa hora do dia em que Lúcifer se encontrava mais solitário do que nunca. Sozinho e fazendo de sua vida um ninho de lembranças do passado. Se conformar? Ele estava fazendo isso, estava tentando para que a derrota não o atingisse ainda mais. Só que era dificil, Lúcifer sempre usava outras mulheres para esquecer seus relacionamentos, mas agora não parecia certo fazer isso. Ele jamais poderia fazer isso até ter certeza de que Emme o esqueceu também. Claro que o vampiro de olhos verdes já pensou em chamar Hades, mas era ridículo o motivo por qual estaria chamando. Ele apenas tinha que aceitar que Emme não pertencia mais a ele. Lúcifer deixou seu copo de lado, na mesinha ao lado do sofá que estava sentado, e fechou seus olhos. Talvez ele devesse visitar Andrew e Roxie e ajudar seu amigo na busca da imortalidade de sua amada, pelo menos isso o ajudaria ficar distraído. Lúcifer estava prestes a se levantar quando algo, realmente, pesado acertou sua cabeça. Ele pensou que era o teto da mansão caindo sobre sua cabeça, mas o cheiro que invadiu suas narinas em seguida desfez cada xingamento que ele estava prestes a dizer para a casa. Morangos cobertos por sereno depois de sobreviver a uma noite de inverno e a mistura do aroma de uma flor de lótus que em vez de nascer em um rio limpo e cristalino, nasceu e sobrevivia boiando dentro de um vulcão, no meio de tanta lava para destruí-la... O cheiro de Emme. Lúcifer se virou para encontrá-la, mas seus olhos correram primeiramente no que ela tinha usado para acertá-lo. Era um dicionario dinamarquês bem grande e grosso.— Dama fogosa?— Ela perguntou delicadamente, tentando parecer brava.— E o que te levou a me chamar de bomba?!— Lúcifer sorriu, nem ele mesmo sabia o motivo de chamá-la assim, mas estava feliz por Emme estar aqui.— Você se lembra de mim.— Ele disse com toda a certeza do mundo, pois não foi Hades que contou a ela sobre Lúcifer, apenas Emme sabia os apelidos que ele havia lhe dado. Seus olhos verdes percorreram por todo o corpo daquela deusa que fez seu coração bater diversas vezes e ela parecia exatamente a mesma. Nada de roupas extravagantes ou maquiagens, a mesma expressão inocente de sempre. Apenas uma boneca de porcelana que controlava o fogo agora. — Como eu poderia me esquecer você, Lúcifer?— Ela perguntou delicadamente e segurando seu sorriso. Lúcifer não podia mais escutar os pensamentos dela, agora era Emme que escutaria os seus, mas ele sabia que ela estava feliz e desejou por esse momento durante semanas.— Meu pai disse


que foi um milagre não ter esquecido minha vida humana, mas quando eu acordei você foi a primeira pessoa que invadiu meus pensamentos. E eu sinto muito por não vindo antes, mas eu estava com medo.— — Você tem todo direito de estar com medo, pumpe.— Lúcifer disse, não desejando que ela se sentisse culpada. Afinal, Emme estava ainda mais em perigo agora que possuia a metade do coração de um dos deuses mais poderosos. — Eu não me sinto segura em nenhum lugar mais, nem mesmo perto de outros deuses e eu me lembro de toda minha vida agora, eu me lembro de tanta inveja que existe entre eles. E eu me lembro de que quando era pequena visitava uma jaula cheia de escuridão, a escuridão que fazia mal para todos, menos para mim...— Ela disse.— Sua alma estava nessa jaula, Lúcifer. E eu acompanhei cada problema que ela causou no inferno, eu fiquei com medo, pensei que seria melhor me afastar de você, pois um dia a morte poderia chegar ao seu corpo e eu o perderia de novo, mas então eu lembrei de cada maldade que meu pai fez, ele até mesmo queimou todos os conventos católicos de Londres depois que me recuperou. Eu não gosto disso, é desumano... mas mesmo assim eu nunca o deixei de amar e não sei se posso simplesmente te esquecer, Lúcifer.— Lúcifer estava surpreso, ele jamais imaginou que sua alma e Emme se encontrassem um dia... Talvez ainda existisse uma pequena ligação entre eles, pois assim isso explicaria o motivo de Lúcifer ter gostado tão rapido dela. — O relacionamento entre criaturas sobrenaturais e deuses é proibido, Fiemme.— Ele a lembrou. — Eu sei.— Emme deu alguns passo para frente, sua bota fazendo um único barulho entre eles.— Eu conheço sol, sei muito bem de sua maldição e sei que ela não cumpre todas suas regras. E eu estou feliz por você não ser uma criatura sobrenatural comum, você foi criado por meu pai e é um demônio, isso o faz de meu servo.— Lúcifer arqueou sua sobrancelha esquerda e encarou Emme.— Você irá tirar muito proveito disso, certo?— Ele perguntou ironicamente e não demorou muito para que as bochechas de Emme ficassem vermelhas. Sim, ela continuava a mesma. — Eu quero ficar com você, Lúcifer, mas não posso estar sempre aqui.— Ela disse.— E não sei se é certo o fazer esperar por mim todos os dias.— — Eu tenho muito tempo, minha querida pumpe, não se preocupe.— O vampiro a respondeu antes que algo pior saisse da boca dela, ele jamais desistiria de Emme pelo simples motivo de não poder domir ao seu lado e acordar olhando para aqueles olhos cinzas cheios de vida. Quando Emme não disse nada, ele caminhou até ela para que seus corpos formassem aquele encaixe perfeito, mas antes mesmo de Lúcifer quebrar o ultimo centimetro entre eles, Emme falou.— Eu tenho algo para você.— Lúcifer olhou para baixo após ela fazer o mesmo movimento que ele, apenas para encontrar em suas mãos uma bolota preta que fazia a imagem de um gato. Apenas uma imagem, pois ele não tinha pelos ou olhos.— Isso é uma sombra negra, ela é apenas uma criança agora... Elas são meus melhores amigos em minha casa quando estou solitária, não quero que se sinta sozinho nessa casa horrivel quando eu não estiver presente.— Ela explicou. Lúcifer encostou seus dedos naquela sombra em forma de gato e assim que fez isso ela se desmanchou em uma mancha e rodopiou em volta de seu braço, lhe causando um leve formigamento. Ela não se parecia com aquelas sombras que Hades usou a 4 semanas atrás, ela era menor e transmitia total inocencia em seus movimentos— Eu a nomeei de Lúlu.— — E você tem coragem de jogar um dicionario em minha cabeça devido aos apelidos que lhe dou. — Lúcifer foi sarcastico pelo simples motivo de ter usado as primeiras letras de seu nome para criar algo ridículo. Emme sorriu e foi ela quem que quebrou o ultimo centimetro entre eles, mas Lúcifer não se curvou para alcançar seus lábios. Ele apenas olhou para a sombra que rodopiava por toda a sua sala, como uma criança feliz, e retirou uma pequena caixa de joia de dentro de seu blazer. Emme acompanhou cada movimento que ele fez até que abrisse para ela ver o que havia dentro da caixinha. Era um colar em que o pingente era feito com uma das pedras mais valiosas do mundo, a


ametista era esculpida em forma de uma asa de anjo e no meio delas havia um crucifixo de cabeça para baixo, aquele era o simbolo que pertencia a Lúcifer. O vampiro retirou ele de sua caixa, segurando na fita de cetim negra que servia de corrente, já que jamais poderia usar prata em joias se não desejava ser queimado. Ele colocou o colar no pescoço de Emme assim que ela retirou o seu antigo, feito com esmeraldas.— Agora, você pertence a mim.— — Sem nenhum pedido de casamento?— Ela perguntou em brincadeira. — Não.— Ele se curvou agora, para que seus olhos ficassem na mesma direção dos dela.— Isso é uma ordem para que passe a eternidade comigo.— Lúcifer encontrou finalmente os lábios de Emme e a beijou como se esse fosse o último beijo que eles teriam. — Eu te amo, Lúcifer.— Ela sussurrou quando se afastou somente um pouquinho.— E me desculpe por ter demorado tanto para dizer isso.— — Eu te amo também, pumpe.— Lúcifer murmurou, pressionando seus lábios contra os delas novamente.— Eu te amo para sempre.— Então era isso, um demônio que se apaixonou por uma deusa e finalmente estava a tendo em seus braços para a eternidade. Se isso causaria grandes problemas futuramente? Lúcifer não sabia, pois tudo isso era apenas o começo de uma história e não o fim dela.

Fim


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