Out/Nov 2007 Ano I • nº 3 Publicação Bimestral R$ 10,00
A revista do negócio de lubrificantes
Graxas - Uma Arte à Procura de Definições A fabricação de graxas é mais uma arte do que propriamente uma técnica, e ainda deve percorrer um longo caminho até a definição clara dos números do mercado nacional.
Especificações de Óleos de Motor
A preocupação de todos com o consumo de energia exige motores de pequenas dimensões e operando com altas pressões e temperaturas com impacto direto nas especificações dos óleos lubrificantes..
Editorial Flexibilidade para adaptar-se às mudanças do mercado, dinamismo para acompanhar a velocidade dessas mudanças e inteligência para antecipar-se a elas são qualidades indispensáveis à empresa de sucesso no século XXI. Para o universo da geração de energia, em um mundo globalizado, em que os desafios são enormes e as comparações se dão em um nível extremamente elevado, atingir o sucesso se torna ainda mais digno de reconhecimento. Nos últimos 50 anos, assistimos, em termos mundiais, aos chamados choques do Petróleo, a crises de energia e a mudanças radicais nos cenários políticos e econômicos dos países considerados os principais atores na produção e consumo de energia. No Brasil, passamos também por muitas dificuldades em todos os setores, com guinadas significativas nos rumos econômicos e sociais. Acompanhar essa evolução, consolidando uma posição de referência nacional com reconhecimento internacional, abrangendo praticamente todos os setores relacionados à Indústria do Petróleo e também aos biocombustíveis, não é realmente uma tarefa simples e poucos conseguem realizá-la. O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, o nosso IBP, conseguiu tudo isso e comemora seu aniversário de 50 anos com juventude, otimismo e a experiência tão importante e necessária para abrigar os debates e a construção de novas idéias, bem como alicerçar novos saltos em direção ao desenvolvimento tecnológico e à formação profissional. A realização de cursos, conferências, feiras e congressos internacionais e também a atuação como suporte técnico aos órgãos reguladores têm sido exemplos claros da visão empreendedora do IBP. A LUBES EM FOCO faz parte hoje dessa visão moderna de um futuro promissor e participativo do IBP na sociedade. Nascemos no significativo ano de ouro do IBP, e isso é para nós motivo de orgulho e satisfação, bem como de grande responsabilidade, por agirmos como um instrumento de realização e representatividade dessa visão. O setor de lubrificantes no Brasil tem respondido afirmativamente às nossas proposições e nos dado tal incentivo em nosso caminho, que nos atrevemos a representá-lo nas congratulações ao jovem cinqüentão. Parabéns ao IBP! E sucesso para nossa revista! Os editores
Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro
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Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho
Redatores Tatiana Fontenelle
Jornalista Responsável Marcia Lauriodo Zamboni - reg. 17118-78-45
Impressão SOL Gráfica
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Sumário 6
Programa Interlaboratorial Comparar o desempenho dos laboratórios é de vital importância para garantir aos clientes uma qualificação técnica de padrão internacional indispensável para a competição da nossa indústria no mercado globalizado.
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Os 50 anos do IBP e o cenário energético brasileiro
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Especificações de óleos de motor
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Tendências e perspectivas do setor de lubrificantes
19
Brasil inicia pesquisas de combustíveis
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Graxas, uma arte à procura de definições
26
Lubrificantes de Grau Alimentício
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Qualificação e certificação do mecânico lubrificador
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Notícias Rápidas
Em entrevista exclusiva para a Lubes em Foco, João Carlos De Luca, fala sobre os 50 anos do IBP e do desempenho energético brasileiro e suas perspectivas futuras.
Motores de pequenas dimensões e operando com altas pressões e temperaturas têm impacto direto nas especificações dos óleos lubrificantes.
Encontro realizado em SP reune mais de 130 pessoas para debater o futuro dos óleos lubrificantes e aditivos automotivos.
AEA traz programa AUTO OIL para estudar qualidade dos combustíveis.
A Lubes em Foco apresenta uma visão do mercado brasileiro de graxas.
Esclarecimento sobre as especificações de uma categoria diferenciada.
Lubrificantes e equipamentos de alta tecnologia podem se tornar ineficazes nas mãos de profissionais despreparados.
Programação de Eventos
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PROGRAMA INTERLABORATORIAL Por Neimar Araujo
“Entende-se por Programa Interlaboratorial uma série de medições de uma ou mais propriedades, realizadas independentemente, por um grupo de laboratórios, em amostras de um material ” ISO/REMCO – Reference Materials Committee
A
busca da melhoria contínua dos processos
petitividade na atual economia globalizada. Nesse con-
e a qualificação de produtos têm recebido
texto, o laboratório analítico exerce papel fundamental,
grande ênfasepor parte da indústria e pas-
pela adoção de procedimentos metrológicos adequa-
sa invariavelmente pela realização de medi-
dos e confiáveis aos padrões internacionais, que são
ções e ensaios. As empresas produtoras buscam a melhor qualidade dos seus produtos finais, a fim de manter a com-
indispensáveis para a competição de nossas indústrias no mercado. Assim sendo, a participação em Programas de Comparações Interlaboratoriais proporciona, além da confiança técnica e comercial aos clientes do laboratório, as seguintes vantagens: • Receber avaliação externa, regular e independente, da qualidade dos seus resultados de ensaios e medições; • Comparar regularmente o seu desempenho com os de outros laboratórios semelhantes, ou seja, que atuam em um mesmo setor tecnológico; • Receber informações de desempenho dos métodos de ensaio; • Receber assessoramento técnico e orientação sobre problemas de méto-
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dos analíticos, por meio da detecção dos erros e do aprimoramento das técnicas operacionais; • Atender às exigências dos organismos de certificação da qualidade e de acreditação; • Conhecer a efetividade e comparabilidade de novos métodos de ensaios e monitorá-los. A Estatística é a principal ferramenta de um Programa Interlaboratorial, pois, por definição, é a “ciência que dispõe de processos apropriados para coletar, organizar, classificar, apresentar e interpretar conjunto de dados”, tendo em vista o conhecimento de determinado fenômeno e a possibilidade de, a partir desse conhecimento, inferir possíveis novos resultados.
ticos variados, como:
É objetivo da Estatística extrair informações dos dados
• Compatibilização de Resultados entre Vários
para obter uma melhor compreensão das situações que
Laboratórios - utiliza conceitos da Estatística tra-
representam.
dicional e da Estatística robusta, através da aná-
O planejamento, a organização, a operacionaliza-
lise univariata (uma única amostra) ou bivariata
ção e a interpretação de resultados de um Programa
(pares de amostra - diagrama de Youden). Como
Interlaboratorial dependem do propósito a que ele se
critério de desempenho, o índice-Z (Z-score);
destina, utilizando-se para cada tipo, conceitos estatís-
• Compatibilização de Resultados entre Dois
Laboratórios - programa interlaboratorial dos mais simples, utilizando os conceitos do Teste de Hipótese ou t-Gráfico; • Determinação da Precisão da Metodologiacálculo do valor da repetitividade e reprodutibilidade, utilizando os conceitos da Análise de Variância; • Verificação de Proficiência em Ensaios- utiliza os conceitos da Estatística robusta, análise bivariata (diagrama de Youden), que permite associar se os erros são aleatórios ou sistemáticos; • Certificação de Materiais de Referência - utiliza conceitos da Análise de Variância e Intervalo de Confiança. A partir de 1989, o Instituto Brasileiro de Petróleo,
Tabela 1: Ensaios realizados na análise da amostra de óleo lubrificante automotivo (PIL-Mot) ENSAIOS
NBR
ASTM
Massa Específica a 20ºC (densímetro de vidro) Massa Específica a 20ºC (densímetro digital) Viscosidade Cinemática a 40ºC
7148 14065 10441
D 1298 D 4052 D 445
Viscosidade Absoluta a -20ºC Ponto de Fluidez Número de Basicidade Total – TBN Perda por Evaporação Noack Análise de Metais (Calcio, Zinco e Magnésio) Kurt Orbhan Resíduo de Carbono Ramsbotton Determinação de Enxofre Determinação de Fósforo Determinação de Bário Determinação de Boro Determinação de Molibdênio
14173 11349 5798 * ** 14325 14318 14875 ** ** ** **
D 5293 D 97 D 2896 *** D 524 D 1552 -
Viscosidade Cinemática a 100ºC
em Lubrificantes – PIL, visando à compatibilização dos laboratórios de ensaios que utilizam uma mesma técnica analítica, melhorando a confiabilidade metrológica de seus resultados, a revisão e o aprimoramento das metodologias de ensaios, através da adequação da qualidade e do desempenho dos laboratórios participantes dos programas. Os programas estão fundamentados de acordo com o ABNT ISO/IEC Guia 43-1:1999 – Desenvolvimento e Operação de Programas de Ensaios de Proficiência e pelo Guide To NATA Proficiency Testing, 2004 version 1. As atividades desenvolvidas pelo PIL consistem
Tabela 2: Ensaios realizados na análise da amostra de óleo lubrificante usado (PIL-Usa) ENSAIOS Determinação de Água por Destilação Ponto de Fulgor (vaso aberto) Cleveland Ponto de Fulgor (vaso fechado) Pensky-Marten Número de Acidez Total - TAN Número de Basicidade Total – TBN Número de Basicidade Total – TBN Viscosidade Cinemática a 40ºC Viscosidade Cinemática a 100ºC Insolúveis em Pentano Insolúveis em Tolueno Determinação de Ferro Determinação de Cobre Determinação de Chumbo Determinação de Molibidênio Determinação de Silício Determinação de Alumínio Determinação de Cromo Determinação de Níquel
(PIL-Ind), automotivos (PIL-Mot), graxas lubrificantes (PIL-Gra) e óleo usado (PIL-Usa). Atualmente participam do Programa vinte e oito laboratórios de análises de petróleo e derivados. Os participantes executam os ensaios determinados pelo Programa através dos métodos de ensaio preestabelecidos, que correspondem, em sua maioria, aos métodos previstos nas Portarias de especificação dos produtos da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Nas tabelas 1, 2, 3 e 4 estão relacionados os ensaios, assim como os métodos utilizados, por tipo de amostra analisada pelo PIL.
ASTM D 95 D 92 D 93
-
D 664
5798 10441 10441 ** ** ** ** ** ** ** **
D 2896 D 4739 D 445 D 445 D 893 D 893 -
Tabela 3: Ensaios realizados na análise da amostra de graxa lubrificante (PIL-Gra) ENSAIOS Penetração Trabalhada 60 vezes Penetração Trabalhada 10.000 vezes Ponto de Gota
Propriedade de Extrema Pressão (Four ball EP)
NBR
ASTM
11345 11345 6564
D 217 D 217 D 566
14625
D 2596
Tabela 4: Ensaios realizados na análise da amostra de óleo lubrificante Industrial (PIL-Ind) ENSAIOS Característica Espumante – Seqüência II Características de Emulsão Número de Acidez Total - TAN
NBR
ASTM
14235 14172 14248
D 892 D 1401 D 974
Cor
14883
D 1500
Viscosidade Cinemática a 40ºC Viscosidade Broofield a -26ºC Ponto de Fulgor (vaso aberto) Cleveland Ponto de Fulgor (vaso fechado) Pensky-Marten Ponto de Fluidez Índice de Refração Perda por Evaporação Noack Determinação de Água – reagente Karl Fischer
10441 14541 11341 14598 11349 * 11348
D 445 D 2893 D 92 D 93 D 97 D 1218 -
*
8
NBR 14236 11341 14598
* Ensaio realizado segundo o Método DIN 51581 ** Ensaios realizados por diferentes Metodologias *** Ensaio realizado segundo o Método DIN 51382
na realização de três rodadas por ano, nas quais são analisadas amostras de óleos lubrificantes industriais
D 445
* Ensaio realizado segundo o Método DIN 51581 ** Ensaios realizados por diferentes Metodologias *** Ensaio realizado segundo o Método DIN 51382
Gás e Biocombustíveis - IBP, através de sua Comissão de Laboratório, implantou o Programa Interlaboratorial
10441
Ensaio realizado segundo o Método DIN 51581
Os resultados das análises são tratados estatisticamente segundo o método da Estatística robusta (técnicas para minimizar a influência que resultados extremos podem ter sobre estimativas de médias e desvio padrão) e classificados segundo o critério de desempenho, através do índice-Z, onde: |Z|≤ 2
= Resultado Satisfatório
Figura 1
2 < | Z | < 3 = Resultado Questionável |Z|≥3
= Resultado Insatisfatório
Esses dados são apresentados no relatório em forma de tabelas e gráficos, codificados e disponibilizados na página do IBP, para avaliação dos laboratórios participantes. Nas figuras 1, 2 e 3 são apresentados alguns gráficos do relatório. No ano de 2006, foram realizados 2000 ensaios pelos laboratórios e, nas duas rodadas em 2007, já foram realizados 1.429 ensaios. Atualmente
o
IBP
também
coordena
os
Figura 2
Programas Interlaboratoriais em óleo diesel - PID e asfalto – PIA, com participação de 36 laboratórios. Para o ano de 2008 estão previstas a retomada do Programa em gasolina – PIG e a implantação dos biocombustíveis (álcool – PIAL e biodiesel – PIB) com a participação de mais de 37 laboratórios.
Neimar Araújo é consultor técnico e coordenador dos Programas Interlaboratoriais do IBP
Figura 3
Os 50 anos do IBP e o cenário energético brasileiro Por Tatiana Fontenelle
João Carlos De Luca é presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), presidente da Repsol YPF do Brasil, diretor do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (SINDICOM) e vice-presidente da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (ABDIB). Já esteve também na diretoria da Petrobras e no conselho administrativo de suas subsidiárias Braspetro, BR-Distribuidora, Petroquisa e Petrofértil. Em entrevista exclusiva à LUBES EM FOCO, De Luca fala sobre os 50 anos do IBP, como participante ativo no acompanhamento do desempenho energético brasileiro e de suas perspectivas futuras. Lubes em Foco - Qual a função do IBP no cenário energético brasileiro? João Carlos de Luca - O IBP tem um importante papel como fórum de discussão do setor, promovendo o debate, incentivando o desenvolvimento de forma isenta e apartidária. Além das atividades técnicas e de suas comissões, o que chamamos de “a inteligência do IBP”, funcionamos de forma departamentalizada através de gerências como Eventos e Cursos, contando mais recentemente com E&P, Gás e Abastecimento, para nortear as atividades regulatórias e técnicas do IBP, além da gerência de Economia e Política Energética, para desenvolver estudos econômicos relacionados ao setor. Lubes em Foco - Nos últimos 50 anos o mundo passou por uma grande transformação no setor energético: os choques do petróleo, a rapidez do desenvolvimento tecnológico industrial, a consciência ecológica e as fontes alternativas de energia. Como o IBP tem acompanhado essa evolução? João Carlos de Luca - O IBP tem se atualizado constantemente, acompanhando a história do setor energético brasileiro, promovendo reestruturação interna, como a efetuada recentemente com a criação de novas gerências. Em 2000, o IBP mudou sua razão social, incorporando o Gás em seu nome, e este ano já adicionamos também os Biocombustíveis. Em 2002, com a re10
alização do 17º Congresso Mundial de Petróleo (WPC), o IBP provou estar apto a acompanhar de muito perto o desenvolvimento do setor petrolífero mundial. Lubes em Foco - Quais os principais fatos que poderíamos considerar de grande importância na evolução do setor energético brasileiro nesses últimos 50 anos? João Carlos de Luca - Olhando para o começo dessa história, podemos ver o início do monopólio do Petróleo e a criação da Petrobras. Nas décadas de 60 e 70, o Brasil viveu o boom das grandes usinas hidrelétricas e depois entramos para o seleto clube mundial de geração nuclear. O Proálcool foi, sem dúvida, parte de um contexto dentro do qual o Brasil foi muito feliz na escolha estratégica, pois significou uma mudança estrutural da geração de energia, com pioneirismo e de forma exclusiva, que hoje está demonstrando ser o caminho certo. O sucesso do Brasil nesse período deveu-se ao foco na busca da diversificação e ao esforço da Petrobras no segmento de exploração e produção de petróleo, em busca de atender a demanda do país e atingir a tão sonhada auto-suficiência energética. Destaco ainda a abertura do setor em 1997, como um marco importante que modificou e ampliou o papel do IBP no mercado brasileiro e o credenciou ainda mais como principal interlocutor da indústria de petróleo no país. Importantíssimo ressaltar que hoje temos uma indústria com muitos outros agentes atuando, o que traz saudável e desejável competição e dinamismo ao setor. Esse foi um avanço realmente que merece ser destacado. Lubes em Foco - Como o Sr. vê a posição do Brasil hoje no cenário energético mundial? João Carlos de Luca - É uma posição relativamente confortável. Um país que produz praticamente toda a energia que consome e utiliza 45% dessa energia de fontes renováveis, o que o coloca, nesse sentido, à frente dos países mais desenvolvidos. Enfim, produzimos energia diversificada e limpa em quantidade e qualidade satisfatórias. Em termos de energia poderíamos dizer que os desenvolvidos somos nós.
Lubes em Foco - O Brasil deve considerar prioritários os investimentos em pesquisa e desenvolvimento no setor energético? João Carlos de Luca - Sem dúvida. A questão energética é fundamentalmente tecnológica. Tecnologia é a alma do processo de desenvolvimento e tem importância vital nos dois lados da questão: no consumo, com a constante busca pela eficiência energética, e na produção de energia. Nesse aspecto, os biocombustíveis merecem destaque, bem como outras fontes renováveis de energia. Lubes em Foco - O Sr. acredita que o Brasil pode ser considerado um bom investimento internacional no setor energético? João Carlos de Luca - Não há dúvidas quanto a isso. O país apresenta ótimas condições de estabilidade econômica e política em um ambiente democrático. Detém tecnologia com produção invejável no campo energético, com importante liderança na questão do etanol e dos biocombustíveis, que é ain-
da uma atividade recente com grande potencial de desenvolvimento. Mais especificamente na prospecção de petróleo, vemos as principais bacias apresentarem ainda um grande potencial a ser explorado.
Sr. João Carlos De Luca - Presidente do IBP
Lubes em Foco - Quanto ao setor de Refino e à produção de derivados, O Sr. identifica alguma necessidade de ampliação? João Carlos de Luca - O parque de refino brasileiro tem hoje uma capacidade que atende à demanda nacional de combustíveis, embora pequenos ajustes precisem ser efetuados através de importações de Diesel e GLP, devido ao rendimento dos processos. Porém, a médio prazo, com o crescimento do país, o Brasil deverá necessitar de mais uma refinaria, porque, na minha avaliação, todo país precisa ter uma capacidade de refino do tamanho de sua demanda por derivados. Lubes em Foco - O setor de lubrificantes também tem evoluído muito nos últimos anos e o Brasil precisa importar bá-
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sicos para complementar sua produção. Seriam necessários mais investimentos nesse setor? João Carlos de Luca - A demanda por óleos básicos de qualidade superior, como os chamados grupos II e III, é uma tendência reconhecida. Nossas refinarias não estão preparadas para atender a essa demanda, e a oferta mundial desses produtos não tem sido compatível com o consumo. Para estarmos preparados para uma auto-suficiência nesse setor, serão necessários investimentos relativamente altos nas refinarias, o que precisa estar em consonância com o planejamento estratégico da Petrobras. Mas o alerta é importante, pois sabemos que os lubrificantes acompanham o desenvolvimento industrial de um país, e o Brasil precisa crescer para consolidar-se no cenário mundial. Lubes em Foco - A evolução tecnológica e a legislação mais restritiva têm trazido grande desafio ao setor de lubrificantes. Como o IBP pode atuar nesse cenário? João Carlos de Luca - O IBP, por meio de suas Comissões Técnicas, atua como um fórum de debates, promovendo palestras e cursos específicos para a gran-
de maioria dos segmentos energéticos. No caso dos lubrificantes, a Comissão de Lubrificantes e Lubrificação reúne os principais agentes do setor e tem desenvolvido um extenso trabalho tanto na área técnica, com seminários, cursos e palestras nacionais e internacionais, como também no debate e suporte aos órgãos legisladores para a elaboração de novas resoluções. Lubes em Foco - Na comemoração dos 50 anos do IBP, o que o Sr. gostaria de ressaltar? João Carlos de Luca - Ressalto, principalmente, nossos planos para o futuro, que incluem a ampliação das atividades no setor de biocombustíveis e na área de treinamento e especialização dos profissionais do segmento, com cursos de pós-graduação e MBA. Responsabilidade Social e questões de SMS também continuarão a merecer nossa atenção e esforço, sem descuidarmos dos segmentos já estruturados no IBP, como upstream, downstream e gás. Intensificaremos as ações nesses segmentos, trabalhando cada vez mais para o desenvolvimento da indústria e o fomento de novas tecnologias.
ESPECIFICAÇÕES DE ÓLEOS DE MOTOR por Pedro Nelson Belmiro
Complexidade nas formulações e desafio para os usuários
No mundo inteiro, as legislações ambientais se tornam cada vez mais rígidas e os limites das emissões de gases poluentes por veículos, cada vez mais restritivos. A preocupação de todos com o consumo de energia requer motores mais econômicos. O desempenho dos equipamentos exige operações com altas pressões e temperaturas em pequenas dimensões. A evolução é contínua e tem impacto direto nos óleos lubrificantes e nas suas especificações. Surgem, dessa forma, novas classificações em períodos muito curtos, e o mercado é obrigado a conviver com uma quantidade enorme de siglas, abreviações e números não tão fáceis de entender. Assim temos API, ACEA, ILSAC e JASO constantemente, gerando classes como SL, SM, CJ-4, GF-4, A5/B5, E7, C1,C2, C3 etc. Além disso, os OEMs também lançam suas próprias especificações. Entender os sistemas de classificação de óleos automotivos não é, definitivamente, tarefa simples para o usuário comum. Na verdade, muitas vezes, nem mesmo para os técnicos habituados a siglas
e números de referência. Ainda é comum encontrar alguém pedindo um óleo apenas pela sua viscosidade, ou seja, pela sua classificação SAE. Vai longe o tempo em que se estabeleceu o primeiro sistema de classificação para óleos baseado única e exclusivamente na viscosidade. Foi em 1911, quando a SAE – Society of Automotive Engineers publicou a primeira lista. A revisão de 1923 incluiu especificações para 10 tipos de óleos conforme as faixas de viscosidade e, em 1933, foi introduzido o grau W, inicial de winter (inverno), cuja viscosidade era determinada a 0ºF por extrapolação de dados. Daí em diante, as especificações de viscosidade foram evoluindo, incluindo novos métodos e equipamentos de teste, até chegarem à última revisão da atual classificação J-300 feita em 1999. Para tentar representar com maior precisão o que realmente acontece na prática, os testes foram se modificando. A necessidade de se ter um óleo com uma película estável em condições de alta temperatura e alto cisalhamento fez com que fosse desenvolvido o
teste de viscosidade HTHS (High Temperature, High Shear), medido a 150ºC, como referência para a determinação dos limites para óleos de motor. Portanto, quando se define um óleo como 15W-40, 10W-30, ou simplesmente 30 ou 40, refere-se somente ao grau de viscosidade SAE do produto, o que não especifica o seu tipo de desempenho quanto à proteção e limpeza do motor, economia etc. Nos Estados Unidos, o API – American Petroleum Institute estabelece a classificação dos óleos automotivos baseado em testes de desempenho padronizados, realizados em laboratórios especializados e com metodologia ASTM – American Society for Testing Materials. As formulações dos óleos são conhecidas, e é feito o registro do pacote de aditivos e da fonte do óleo básico utilizado. Foi então estabelecida a classificação “S” para carros de passeio com motores ciclo Otto e “C” para veículos comerciais com motores ciclo Diesel. Acompanhando as letras do alfabeto, as classificações evoluíram de SA e CA, já obsoletas, até as últimas SM e CJ-4. 13
Na Europa, a ACEA – Association des Constructeurs Européen d’Automobile utiliza um sistema baseado naquele dos Estados Unidos, com uma bateria de testes químicos, físicos e de motores, porém utilizando não só métodos ASTM, mas também métodos CEC - Conseil Europeen de Cordination, e motores europeus. Adotou as classes A e B para carros de passeio e E para veículos comerciais. Mais recentemente, lançou as classes C para óleos compatíveis com sistemas de catalisadores, ou seja, baixos teores de Cinzas, Fósforo e Enxofre. As dificuldades dos formuladores já foram bem apresentadas no primeiro número da LUBES EM FOCO, mas vale a pena ressaltar a complexidade das futuras formu14
lações, quando se tem que lidar com vários tipos de óleos básicos e desenvolver novas tecnologias em aditivos, para atender a várias classificações. Segundo informações da indústria de aditivos, um programa completo de aprovação para uma formulação que atenda às classificações API e ACEA com diversos tipos de básicos pode custar de 1 a 3 milhões de dólares. Um fator que contribui muito para elevar esse custo é a tendência atual de os fabricantes de veículos (OEMs) requererem suas próprias especificações, necessitando de testes específicos para cada um. A indústria de aditivos tem investido grandes somas de dinheiro nesses programas, muitas vezes de curto prazo, sem o retorno garantido. Esse investimento tem sido alvo
de grande discussão entre a indústria de aditivos e a de fabricantes de motores. Segundo Marco Aurélio Cunha, da empresa de aditivos Infineum, as tecnologias de motores estão avançando rapidamente e a competição entre os fabricantes tem levado a vários tipos de inovações que, muitas vezes, requerem óleos diferenciados. “Com certeza, existirá sempre a relação entre custo e benefício a ser considerada. Se, por um lado, existe uma maior proteção ao motor nesses óleos diferenciados requisitados pelos fabricantes de motores, por outro lado o custo será mais alto. No entanto, seguir a recomendação do fabricante é muito importante para efeito de garantia” – afirma Cunha. De acordo com Djalma Mello,
gerente da Engenharia de Materiais da General Motors do Brasil, a globalização faz com que os fabricantes fiquem mais rigorosos em suas especificações, para atender às diversas exigências. “A GM está trabalhando numa harmonização de testes em busca de uma especificação global de óleo de motor. Os mesmos testes serão feitos em todos os países” – conclui Mello. A indústria que desenvolve tecnologia de óleos lubrificantes terá um grande desafio pela frente, pois os fabricantes de motores poderão seguir caminhos diferentes para atender às exigências ambientais quanto aos limites de emissões veiculares. A fase 6 do Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares), que vigorará a partir de 2009, está relacionada com as exigências do Euro 4 (Programa Europeu) e reduzirá em 82% o material particulado jogado na atmosfera. Para isso, a qualidade do combustível será fundamental, mas, os projetos dos motores terão também grande impacto nas formulações dos óleos lubrificantes, que deverão ser compatíveis com os diversos sistemas e catalisadores utilizados nesses projetos. Não resta dúvida de que, no mundo globalizado em que vivemos, não há limitações entre os mercados. Hoje em dia, e cada vez mais, os mesmos automóveis e caminhões que rodam no Brasil estão circulando também pela Europa e por outros mercados da Ásia e da América Latina. As classificações de óleos de maior nível de qualidade tendem a crescer mais rapidamente hoje do que no passado. Marco Aurélio Cunha tem a percepção de que, no Brasil, esses níveis estarão presentes, como já é o caso do API SM. “Esses óleos têm sido importantes para uma maior proteção dos motores modernos. O aspecto ambiental também tem levado o consumidor a pensar um pouco mais no futuro e na qualidade de vida. Por isso, eu acredito que o crescimento de óleos de maior nível de qualidade, inclusive de viscosidades mais baixas, que promovem economia de combustível, é uma tendência sem volta” – finaliza Cunha . Em recente apresentação ao mercado, o engenheiro Antonio Cláudio, da empresa de aditivos Lubrizol, indicou que a tendência das próximas gerações de óleos é a de serem formulados com viscosidades cada vez menores, portanto, a utilização de básicos de grupo III ou da nova tecnologia GTL (Gas To Liquid) também tenderá a crescer. Para Eduardo Freitas, gerente da Ipiranga, ainda existem muitos carros antigos na frota brasileira que não possuem mais o manual, e a recomendação do óleo lu-
brificante muitas vezes se dá pelo frentista do posto de serviço ou pelo mecânico da oficina. “Por isso, esses profissionais precisam ser treinados e orientados, e essa é uma tarefa da indústria como um todo” – complementa Freitas. No Brasil, em termos de legislação, temos a Resolução nº10 da ANP, publicada no início deste ano, que determina, como limite mínimo de qualidade, a classificação API SF para motores do ciclo Otto e API CF para motores do ciclo Diesel, com a promessa de que a revisão desses limites será efetuada periodicamente.
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Seminário discute tendências e perspectivas do setor de lubrificantes por Tatiana Fontenelle
A
participação de 135 pessoas, o seminário A Evolução Tecnológica dos Óleos Lubrificantes e Aditivos Automotivos, realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva - AEA no dia 18 de outubro, superou as expectativas dos organizadores. “A casa está cheia. Isso indica que acertamos ao realizar este evento em São Paulo”, explica uma das coordenadoras do evento, Simone Hashizume. Entre os vários assuntos abordados e debatidos durante o seminário, três foram destaque: os desafios das futuras especificações, a grande preocupação e mobilização do setor em relação à emissão de gases poluentes no meio ambiente e o intenso trabalho da Agência Nacional de Petróleo - ANP em prol da organização, da regulamentação e do monitoramento do setor. Abordando as tendências tecnológicas para o setor, os representantes da indústria de aditivos colocaram algumas observações importantes. Segundo Marco Aurélio Cunha, da Infineum, a complexidade das futuras formulações trará um crescimento significativo do consumo de básicos dos grupos II e III, o que poderá exigir um novo sistema de read-across nas aprovações. Antonio Claudio Ribeiro, da Lubrizol, confirma essa tendência, admitindo que, a partir de 2009, haverá o aumento da demanda de óleos dos graus de viscosidade 10W-30 e 15W-30. Comentou ainda que é certa que haja uma fragmentação nas especificações dos óleos, porque a qualidade do lubrificantes estará atrelada à estratégia adotada pelos OEMs para seus projetos de redução de emissões. O mercado nacional de lubrificantes voltados
para a indústria automotiva passa por um processo de transformação por conta das normas estabelecidas pela próxima fase do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores - Proconve, que entrará em vigor em 2009. Os principais fatores que estão influenciando essas alterações, especialmente para os motores a diesel, estão focados nas mudanças da legislação de emissões, no melhor rendimento em economia de combustível e na durabilidade do equipamento em condições severas de operação. No âmbito governamental, a representante da ANP falou do cerco que está sendo realizado em relação à fiscalização e ao monitoramento do setor. “No caso dos lubrificantes, os fiscais podem autuar e cancelar os registros e o cadastramento do fabricante de um produto no qual seja constatada irregularidade”, afirma Conceição França. O resultado, segundo ela, é que o mercado tem se preocupado e se mobilizado para su17
perar os problemas em relação ao cumprimento da legislação. Eduardo Freitas, da Ipiranga,
apresentou números de mercado e enfatizou a necessidade de as empresas treinarem fren-
tistas, mecânicos e pessoas envolvidas no contato direto com o usuário, pois muitos donos de carros não possuem mais o manual do veículo e seguem as recomendações dessas pessoas. No geral, a avaliação final do evento foi muito positiva. “Gostei da estrutura do seminário. Os ciclos de informações técnicas e sobre a legislação foram excelentes”, afirma José Roberto Godoy, da Química Indústria e Comércio de Lubrificantes. “O evento foi muito bem organizado, pouco comercial e muito informativo”, resumiu o engenheiro José Paulo, da GSH do Brasil.
BRASIL INICIA PESQUISAS DE COMBUSTÍVEIS por Gustavo Eduardo Zamboni
Estudos e pesquisas oficiais apontam a queima dos combustíveis nos veículos como um dos fatores que mais agravam a qualidade do ar. Para controlar os níveis de emissão desse poluente, é preciso mais do que o Programa de Controle da Poluição Veicular - Proconve, criado pelo governo federal há alguns anos para impor limites. A partir do ano de 2008, com o envolvimento das montadoras de veículos, membros da indústria automotiva, órgãos governamentais e demais entidades ligadas ao setor automotivo e ambiental, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva - AEA, dará início ao programa Auto Oil, que tem como objetivo estudar possíveis avanços na qualidade dos combustíveis,
proporcionando, a médio e a longo prazo, a melhoria da qualidade do ar de uma forma mais consistente e abrangente. A organização do Auto Oil será estruturada por um conselho de coordenação formado pela AEA, Ministérios e Agência Nacional de Petróleo - ANP, que dará as diretrizes básicas para a realização das pesquisas. De acordo com o presidente da AEA, José Edison Parro, o conselho também será responsável por captar recursos para o programa de combustível automotivo: “Será elaborado um orçamento para realização de pesquisas e os gastos serão compartilhados entre os principais participantes do programa. A previsão é de começarmos a atuar no começo do ano que vem”.
Durante um seminário realizado em agosto deste ano, três especialistas internacionais de controle de poluição veicular dos Estados Unidos, do Japão e da Europa, divulgaram suas experiências no Programa Auto Oil em seus respectivos países. Para o presidente da Associação, os estudos no Brasil serão mais complexos do que os que foram realizados naqueles países. Segundo ele, o Brasil tem uma maior diversidade na área de combustíveis, como gás natural, etanol e biodiesel. “Podemos nos tornar referência nesse tipo de estudo, porque essa tecnologia está sediada aqui. No futuro seremos o berço da geração desses novos combustíveis” – finaliza Parro. 19
GRAXAS Uma arte à procura de definições por Gustavo Eduardo Zamboni
A
fabricação de graxas ainda é mais uma arte do que propriamente uma técnica. Diferentemente do óleo lubrificante, que tem uma fabricação relativamente simples, pois se trata de uma mistura de óleo básico com aditivos, a graxa lubrificante envolve reação química e requer um modus operandi específico para cada tipo. Dessa forma, fabricar uma graxa é um processo mais elaborado e necessita de maior controle para a qualidade do produto final. Existem três processos básicos de fabricação:
cesso de reação química. Nesse equipamento são realizadas as duas primeiras fases de fabricação da graxa, a saponificação e a formação de fibras. c) Contínuo Existe ainda o processo contínuo de fabricação de graxas espessadas por sabão, onde as fases de fabricação do sabão (saponificação), homogeneização, mistura com óleo e aditivação ocorrem de forma seqüencial e contínua, controladas por instrumentos. Na verdade, o agente lubrificante continua a ser o a) Tachos óleo com seus adiSão equipamentivos, pois uma gratos cilíndricos, abertos xa nada mais é do e encamisados, dotaque um óleo básico Equipamento para produção de graxas dos de um conjunto de engrossado com moto-redutores, agitadores e moto-bombas. Todos os um espessante adequado, além dos aditivos utilizados tipos de graxa podem ser produzidos nesses equipa- para fins específicos. Esses espessantes dão a definimentos. ção do tipo de graxa fabricada. Como exemplo, temos b) Tacho e Reator os sabões de Cálcio e Lítio, os sabões complexos e os Nesse processo, utiliza-se um reator fechado, on- espessantes do tipo inorgânico, argilas, sílica etc. de sob pressão e agitação vigorosa, acelera-se o proO tipo do sabão utilizado confere à graxa carac-
20
terísticas importantes, ção de uma graxa são os como a resistência à antioxidantes, inibidores água e à temperatura. de ferrugem e corrosão, Os espessantes inoragentes antidesgaste gânicos são geralmene agentes de Extrema te utilizados para apliPressão (EP). cações em condições Sob condições de extremas, em que tamvelocidade reduzida e bém devem ser utilizacarga deslizante elevados óleos básicos do da, alguns lubrificantes tipo sintético. sólidos são utilizados A viscosidade do para evitar o contato meóleo básico utilizado tal com metal. Os mais é fundamental para o usados são o Grafite tipo de aplicação da em pó, o Bissulfeto de graxa. De acordo com Molibdênio e o Óxido o livro Lubrificantes e de Zinco. Para casos Lubrificação Industrial, específicos de algumas de Belmiro e Carreteiro, roscas metálicas, são “quanto aos fluidos, utilizados alguns pós Penetrômetro podemos considerar metálicos para evitar o que, na maioria dos grimpamento das supercasos, são óleos minerais lubrificantes de viscosidade fícies. Entre esses pós, encontramos principalmente o superior a 22 cSt a 40ºC, podendo mesmo ser maior Cobre e o Zinco. que 460 cSt a 40ºC. Asfaltos, petrolatos ou ceras miAlém do tipo de sabão, da viscosidade do óleo bánerais também são utilizados como fluidos para a fa- sico e dos aditivos utilizados, é muito importante conhebricação de certos tipos de graxas. Para aplicações cer a consistência de uma graxa, o que permite a ela especiais, as graxas são formuladas com óleos básicos permanecer em contato com as partes que estão sendo de alto desempenho, como os exóticos PTFE, silicone, lubrificadas, e também sua capacidade de ser bombeafluorsilicone, os poliol ésteres, polialquilenoglicóis, diés- da. Essa consistência é dada pelas proporções de óleo teres e as polialfaolefinas. Graxas utilizadas na indústria lubrificante e espessante utilizadas. O NLGI (National alimentícia deverão ser fabricadas de modo especial, Lubricating Grease Institute) classifica as graxas por utilizando-se óleo branco, ésteres ou polialfaolefina de uma graduação de consistência, utilizando o teste de grau alimentício.” penetração definido pelo método ASTM D-217, onde é A grande vantagem das graxas em relação aos medida, em décimos de milímetro, a penetração de um óleos é que elas não escorrem por si do lugar onde fo- cone metálico em uma amostra de graxa já trabalhada ram colocadas. Têm ainda uma função adicional, a de 60 vezes em um aparelho próprio. Quanto maior o núvedação contra o ingresso de impureza ou água. O fato mero do grau NLGI, mais consistente é a graxa. de permanecer no lugar, sem escorrer, contribui tamPenetração a 25 º C, bém para a redução do custo da lubrificação, dispenGraxa Trabalhada Grau NLGI sando inclusive o uso de selos e vedações. 000 445 a 475 Outro ponto muito importante na composição de 00 400 a 430 uma graxa é a aditivação utilizada, que dependerá dire0 355 a 385 tamente do tipo de função que o produto final irá execu1 310 a 340 2 265 a 295 tar. Os aditivos são compostos químicos que adiciona3 220 a 250 dos ao produto reforçam algumas de suas qualidades 4 175 a 205 ou lhe cedem novas ou eliminam as propriedades in5 130 a 160 6 85 a 115 desejáveis. Os principais aditivos utilizados na fabrica21
Em média, o óleo básico representa 90% da graxa lubrificante, mas as proporções de óleo básico e de sabão podem variar conforme a consistência desejada no produto final. Por exemplo, uma graxa de lítio grau NLGI 2 pode conter de 7 a 9% de sabão e 90 a 92% de óleo básico, enquanto a mesma graxa com grau NLGI 1 pode conter de 5 a 7% de sabão e 92 a 94% de óleo básico.
O Mercado A exemplo do que acontece com os óleos lubrificantes, os números do mercado brasileiro de graxas possuem uma grande indefinição. Se para os óleos ainda se podem obter alguns dados através dos principais agentes fornecedores e distribuidores, a situação é bem mais complicada quando se fala de graxas. Empresas e sindicatos trabalham com números aproximados, e a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP não tem ainda uma consolidação de todas as informações. As empresas filiadas ao SINDICOM (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) apresentam números relativamente estáveis ao longo dos últimos 10 anos, em torno de 40 mil toneladas por ano, com variações não superiores a 10%. Segundo informações do mercado, até o ano passado, a quantidade anual total poderia encontrar-se acima das 54 mil toneladas, e se mantém mais ou menos constante. A dificuldade na precisão dos números aumenta,
13,4%
Saída do moinho para a enchimento
devido a uma grande quantidade de pequenos produtores e distribuidores e, principalmente, à terceirização de fabricação, uma vez que, como já vimos, a necessidade de processos especiais e de controle de reações químicas exige uma instalação relativamente cara e, portanto, um volume de produção elevado para compensar o investimento. A exceção se dá com a graxa comum de cálcio, que requer uma reação química mais simples, para a saponificação. Analisando números obtidos a partir de pesquisa realizada no mercado e da ANP, pode-se ter uma idéia da distribuição participativa das principais empresas envolvidas. Assim, vemos a Chevron como líder do mercado com 20,8%, seguindo-se a ela a Ingrax com 13,4%, a Ipiranga com 13,0%, a BR com 11,2%, a FL com 10,8%, a Shell com 10,3%, a ExxonMobil com
13,0%
11,2% 20,8%
10,8%
10,3%
9,2% 4,6%
6,7%
Participação de mercado das principais empresas do segmento
22
Chevron Ingrax Ipiranga BR FL Shell ExxonMobil Pax Outros
20,8% 13,4% 13,0% 11,2% 10,8% 10,3% 6,7% 4,6% 9,2%
6,7%, a Pax com 4,6%, ficando com as outras empresas os 9,2% restantes. Em termos mundiais, uma pesquisa de produção anual conduzida pela NLGI apontou um mercado global em torno de 950 mil toneladas em 2006, com um crescimento de 17%. A América do Norte lidera esse mercado com 247 mil toneladas, seguida de perto pela China com 230 mil toneladas, vindo a Europa em terceiro com cerca de 190 mil toneladas. Vêm, a seguir, Japão e Índia praticamente empatados com algo em torno de 83 mil toneladas. O estudo estima ainda cerca de 12% do total para o resto do mundo, ou seja, 114 mil toneladas. Se essa estimativa estiver correta, o Brasil seria responsável por quase metade desse “resto”, o que corresponderia a 5,6% da produção mundial; no entanto, devido à falta de dados oficiais e de pesquisa adequada, no mercado brasileiro, temos que nos contentar em participar dos dados relativos ao “resto do mundo”. A pesquisa da NLGI mostra ainda que 74% da produção mundial são de graxas à base de sabão de Lítio ou Complexo de Lítio e 11% são graxas à base de sabão de Cálcio. Acredita-se que esta seja uma tendência para a grande maioria dos mercados.
A luta pela qualidade No Brasil, a graxa de Cálcio, tradicionalmente mais comercializada devido à sua facilidade de fabricação, vem perdendo terreno para a graxa de Lítio, e tem aumentado, a demanda principalmente por graxas de complexo de Lítio e também de Alumínio. Segundo Luiz Feijó Lemos, da Chevron, existe uma tendência ao aumento da demanda por graxas de desempenho superior, como as de Poliuréia e de complexo de Lítio. “Produtos mais nobres estão sendo mais procurados para atender a especificações internacionais em equipamentos de alta performance e altas rotações” – afirma Feijó. Para Gerson Vicari, da Manguinhos Química, o fato de alguns projetos de máquinas e equipamentos preverem um tipo de lubrificação permanente requer, naturalmente, produtos mais elaborados e eficientes. Não há no Brasil uma classificação ou especificação própria para graxas, e a base para um padrão de qualidade é fundamentada na classificação NLGI que utiliza a metodologia ASTM D-4950. Essa metodologia prevê especificação para dois grupos de categorias: Lubrificantes de Chassis (designado pela letra L) e Lubrificantes para Mancais de Rolamento (designado pela letra G). Assim, temos os níveis de desempenho LA e LB para o primeiro grupo e GA, GB e GC para o segundo. De acordo com Carlos Ristum, presidente do SIMEPETRO, há um movimento no sentido de se começarem a definir especificações das graxas mais comercializadas, para que elas possam assim ser controladas e seguir um padrão preestabelecido. Reuniões têm sido 23
Saída do moinho para a enchimento
realizadas com empresas do setor para a elaboração de especificações e de encaminhamento à ANP, para colaborar na regulamentação do setor. “Os principais problemas enfrentados pelas empresas que se propõem a fabricar produtos de qualidade são: a concorrência com produtos de baixa qualidade e empresas que aparecem atuantes no mercado e desaparecem rapidamente quando são autuadas por sua prática comercial” – conclui Ristum. Para Feijó, o mercado precisa ser regulado de alguma forma, para que a ANP possa verificar se as graxas do mercado atendem ao mínimo de qualidade exigida. “A regulação é importante, para que aquele que investe em tecnologia não seja prejudicado por quem não se preocupa com ética e qualidade” diz Feijó.
Matérias-primas: concorrência com o biodiesel? Manoel Honorato, consultor 24
de empresas que responde pelo departamento técnico da INGRAX, concorda com a necessidade de se estabelecerem padrões de qualidade para o Brasil. “Penso que este é o primeiro passo para se criar um conceito em termos de parâmetros mínimos qualitativos e na seqüência, quem sabe, analisar matérias-primas disponíveis” – afirma Honorato. Matéria-prima para graxas é um outro ponto complexo e cheio de alternativas. Além do problema da utilização de lubrificantes inadequados, como já vimos em edição anterior da Lubes em Foco, os aditivos e os espessantes são sensíveis aos preços de mercado. Os sabões são basicamente feitos a partir de uma reação química de saponificação entre um ácido graxo e um hidróxido. As graxas de Cálcio são feitas a partir de gordura animal (sebo) ou ácidos graxos vegetais, e as de Lítio utilizam os ácidos graxos derivados do óleo de mamona. Nos últimos meses, os preços desses insumos
têm subido significativamente, pois são produtos utilizados na fabricação do Biodiesel, para onde têm sido preferencialmente direcionados. Segundo Manoel Honorato, é importante a aproximação entre profissionais da área técnica dos fabricantes de graxas e dos fornecedores de ácidos graxos, para que sejam estabelecidos alguns padrões para possíveis misturas de oleaginosas com a qualidade necessária para a fabricação de graxas. Lembra ainda que um fator agravante está no uso dessas matérias-primas como combustível, substituindo o óleo combustível BPF, em função da variação de custo desse óleo. O Hidróxido de Lítio é o principal insumo para as graxas de Lítio e complexo de Lítio. No entanto, conforme informações das empresas produtoras de graxas, só existe um único fornecedor no Brasil, a Companhia Brasileira de Lítio CBL, cujo preço é bem superior ao similar internacional, porém essa importação é proibida.
O mercado se organiza Apesar de conter quase 90% de óleo lubrificante, não existe ainda qualquer legislação ou sistema organizado para coleta e reciclagem de graxas. Sendo a maioria das aplicações consideradas lubrificação por perda e o volume envolvido muito menor que o de óleos, ainda não foi possível estabelecer-se uma prioridade para esse problema. Técnicos do setor são de opinião de que um estudo mais detalhado, não somente técnico como também de caráter logístico, é necessário para tratar
especificamente de reciclagem de graxas. Segundo fontes da ANP, um estudo está sendo feito visando à possibilidade de se ter uma resolução específica para graxas, e a colaboração das empresas é fundamental para uma melhor regulação do setor. O caminho para o conhecimento do mercado e de suas peculiaridades ainda é longo, e as empresas estão se mobilizando para dar suporte aos legisladores e informações ao mercado. Segundo Pedro Belmiro, consultor técnico e coordenador da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP, conhecer os números do mercado é um primeiro passo, mas os debates e a troca de informações são fundamentais para a melhoria da qualidade e a regulação racional do setor. “Na Comissão do IBP, reunimos praticamente todos os principais agentes do mercado e abrimos à participação de outros colaboradores para a troca de idéias e o suporte técnico à ANP, quando necessário. É um fórum isento e independente, que pode consolidar os principais pensamentos do setor”- finaliza Belmiro.
Máquina trabalhadora de graxa
LUBRIFICANTES DE GRAU ALIMENTÍCIO Uma categoria muito especial
por Pedro Nelson Belmiro
H
oje em dia, infelizmente, ainda é fácil encontrarmos óleos e graxas industriais comuns em equipamentos utilizados na indústria de alimentos e bebidas. Porém, quando se restringe o foco da visão técnica do lubrificante ao desempenho do produto, esquecendo-se das normas de segurança e saúde, aumenta-se o risco de contaminação, e o que parecia mais econômico pode tornar-se um grande transtorno para a indústria. As empresas sérias desse segmento buscam adequar-se cada vez mais à utilização dos produtos chamados food grade, ou de grau alimentício. Além dos requisitos gerais que um lubrificante necessita para um bom desempenho mecânico, o ambiente de uma indústria de alimentos e bebidas possui demandas bastante específicas tais como: habilidade para operar a temperaturas extremas; resistência à água; compatibilidade com componentes sintéticos; resistência química; resistência à contaminação por alimentos ou bebidas; compatibilidade com elastômeros; resistência ao vapor; e propriedade de desintegração do açúcar. Talvez seja um dos ambientes mais exigentes para a operação de um lubrificante. A indústria de lubrificantes, principalmente as empresas que exportam seus produtos, tem hoje como referência e balizamento para suas especificações, o programa de homologação para uso em fábricas de alimentos e bebidas dirigido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - USDA (United States Department of Agriculture). Até setembro de 1998, o USDA definiu uma lista de produtos aprovados como H1 e não continuou ou-
26
torgando aprovações para produtos de grau alimentício. Assim, a responsabilidade passou para as fábricas e fornecedores com base no método HACCP - Hazard Analysis & Critical Control Point . O sistema de controle HACCP foi desenvolvido em 1960 pela Agência Aeroespacial Americana - NASA com a finalidade de proteger os astronautas contra doenças provocadas por alimentos. Utiliza controles de base científica para identificar os acidentes associados com o processamento de alimentos e identifica os pontos de produção em que esses riscos podem ser virtualmente eliminados. No caso da lubrificação, todos os pontos devem ser considerados como críticos, ou áreas de risco potencial. O processamento de alimentos geralmente envolve máquinas e acessórios como bombas, misturadores, tanques, engrenagens, sistemas hidráulicos, cabos, tubulação, correntes e esteiras. Para atender aos fabricantes, a NSF - National
Sanitation Foundation, que uma organização independente, sem fins lucrativos, que lidera nos Estados Unidos o fornecimento de informações aos usuários em matéria de saúde pública, informações sanitárias e de segurança, assumiu o monitoramento da lista de produtos do White Book da USDA e se encarrega do registro e da aprovação de novas formulações e produtos para a indústria de alimentos e bebidas. Os produtos têm seus componentes autorizados e aprovados pelo órgão americano de administração de remédios e alimentos - FDA (Food and Drug Administration) na categoria H1, que pressupõe um possível contato direto do lubrificante com o alimento em processo. A definição do FDA para a categoria H1 é a seguinte: “Lubrificantes que podem ser utilizados com segurança, mesmo em contato incidental com o alimento, em máquinas e equipamentos usados para produzir, fabricar, processar, preparar, tratar, embalar, transportar e manter os alimentos”. Isso implica que os lubrificantes sejam preparados a partir de uma ou mais substâncias geralmente reconhecidas como seguras para uso em alimentos, substâncias usadas de acordo com aprovação prévia e substâncias identificadas pela FDA, incluindo óleo branco, Polialfaolefina (PAO), ésteres, óleos básicos de poliálcoois ou silicone e elementos como o cálcio, fósforo ou enxofre. Alguns exemplos de aplicação de lubrificantes enquadrados na categoria H1 são: • Em caixas de engrenagens operando sobre tanques de armazenamento de comidas e bebidas; • Como lubrificantes de compressores arrastados na corrente de ar de alimentação de sistemas pneumáticos das fábricas de produção de alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos;
• Graxas para as máquinas que colocam as tampas das garrafas em uma linha de enchimento; • Correntes que transportam garrafas em linha de enchimento. A FDA também define a categoria H2 para óleos e graxas que se usam em equipamentos, elementos de máquinas de fábricas de alimentos, bebidas e indústria farmacêutica onde não há uma possibilidade de contato direto com o produto terminado. Por exemplo: • Fluidos em área de armazenagem; • Sistemas de ar condicionado; • Compressores de ar; • Áreas de manutenção. Alguns produtos à base de óleos minerais brancos podem atender aos requisitos de grau alimentício NSF H1; entretanto, freqüentemente não atendem aos requisitos de desempenho de carga e temperatura dos modernos equipamentos da indústria alimentícia. Os óleos brancos são normalmente mais baratos do que os lubrificantes sintéticos, porém os sintéticos oferecem algumas vantagens operacionais como uma melhor estabilidade à oxidação e térmica, o que pode prolongar a vida útil do lubrificante, reduzindo o tempo de troca, protegendo melhor contra a corrosão e o desgaste e aumentando a produtividade. O uso de sintéticos (principalmente PAO) é mais recomendado onde se encontram temperaturas extremas, em congeladores e fornos, e onde o mineral necessita de maior aditivação, o que pode sofrer restrições dos padrões da FDA. Possíveis problemas de contaminação ou vazamentos podem trazer grandes perdas financeiras e de imagem ao produtor de alimentos; portanto, a indústria de alimentos que não utiliza lubrificantes de grau alimentício está correndo um risco desnecessário. 27
Qualificação e certificação de mecânico lubrificador por A. C. Moésia de Carvalho
Lubrificantes e equipamentos de alta tecnologia podem se tornar ineficazes nas mãos de profissionais despreparados.
O
desenvolvimento tecnológico de máquinas
A certificação técnica é uma tendência mundial e
e equipamentos industriais e as novas for-
adquiriu grande importância, principalmente nesta no-
mulações de lubrificantes de alta qualida-
va fase por que passa o setor de lubrificantes no Brasil.
de podem se tornar totalmente ineficazes
Isso evidencia a forte necessidade de profissionaliza-
nas mãos de profissionais de lubrificação desprepara-
ção e demonstra ser a lubrificação um processo que
dos e mal orientados. Pensando nisso, algumas empre-
merece atenção e agrega alto valor à confiabilidade
sas investiram na formação e certificação de profissio-
operacional.
nais ligados à área de lubrificação.
O mecânico lubrificador é o profissional que está apto para execução, sob supervisão, de atividades de lubrificação em circuitos hidráulicos, sistemas de lubrificação e alimentação. Os requisitos para qualificação e certificação desse profissional estão estabelecidos na norma ABNT NBR – 15520 – Qualificação e certificação de mecânico lubrificador, sendo a avaliação realizada com base nos seguintes itens e conhecimentos: • Português, matemática e física; • Metrologia, normalização e qualidade; • Organização do trabalho, meio ambiente, saúde e segurança do trabalho; • Leitura e Interpretação de desenho técnico; • Movimentação e transporte de carga; • Elementos de máquinas, conjuntos mecânicos
28
e tubulações industriais;
• Ferramentas manuais, máquinas e
equipamentos para lubrificação;
• Materiais para lubrificação; • Hidráulica; • Lubrificação. Segundo Ivan Cerqueira dos Santos, gerente do Programa Nacional de Qualificação e Certificação de Pessoal da Área da Manutenção - PNQC, criado pela ABRAMAN em 1990, é importante que a avaliação seja realizada com base em diversos itens de conhecimento da área, além do meio ambiente, saúde, organização e segurança do trabalho. A implantação desse programa contou com a participação de diversas empresas como a Petrobrás, Aracruz Celulose, Shell, Companhia Vale do Rio Doce, Arcelor-Mittal Tubarão, Gerdau Açominas, Petroquímica União, Hilub,
– confirma Mauricio Preto.
Senai DR/ES, Senai DR/SP e Vallourec & Mannesmann. “ É um trabalho
A certificação técnica contribui
que representa o resgate da importância do profissional, que infeliz-
para a valorização da função através
mente não tem recebido o merecido reconhecimento” – complementa
do reconhecimento formal dos seus
Cerqueira.
conhecimentos e habilidades, bem
Em agosto de 2006, foram investidos aproximadamente R$200
como da melhoria do nível desses
mil na inauguração de modernas instalações do Centro de Exames
profissionais. “Isso representa para
de Qualificação - CEQUAL, em Vitória – ES. Esse CEQUAL conta com
as organizações aumento da produ-
uma infra-estrutura dedicada aos exames de qualificação compostas
tividade e qualidade dos serviços de
de instalações físicas em conformidade com a legislação ambiental, a
lubrificação, gerando maior confiabi-
documentação técnica (manuais, desenhos, especificações técnicas,
lidade e disponibilidade dos ativos”
etc.), equipamentos, ferramentas, EPI e EPC, instrumentos de medi-
– afirma Ivan Cerqueira dos Santos.
ção, materiais e acessórios, dentre outros. De acordo com o diretor da SILUBRIN, Maurício Preto, uma das vantagens da certificação é a comprovação de que os profissionais possuem um alto nível técnico intelectual ligado a essa área de atuação. A certificação nacional é direcionada ao nível operacional e só podem ingressar, nesse processo, profissionais que possuam o Ensino Médio completo com complementação técnica (Senai ou Ensino Médio técnico). Já a certificação internacional é recomendada para profissionais que atuem na área há pelo menos cinco anos, possuam um sólido conhecimento prático e teórico ligado às melhores práticas de lubrificação, e amplo conhecimento na utilização da lubrificação como ferramenta para a construção de confiabilidade operacional. Existe um órgão certificador internacional chamado International Council Machinery Lubrification - ICML, que atua e é reconhecido em 23 países, como Estados Unidos, Suécia, Japão, Rússia, México e Brasil, entre outros. A validade do certificado emitido pelo ICML é de três anos. “Já temos hoje vinte e três engenheiros certificados internacionalmente” 29
NACIONAIS ANP INTERDITA PRODUTOR DE LUBRIFICANTES Mostrando que o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Lubrificantes e a fiscalização efetiva no setor estão sendo aplicados com seriedade no mercado, a ANP interditou, em outubro, um produtor de lubrificantes na cidade de Belo Horizonte, como parte de uma operação que verifica o comércio de lubrificantes no Estado de Minas Gerais. Mais informações no site da ANP. PROMAX FECHA ACORDO DE REPRESENTAÇÃO COM A UNITED COLORS A PROMAX Produtos Máximos SA, fabricante nacional dos lubrificantes e aditivos Bardahl, assinou, em outubro, contrato de exclusividade com a United Color Manufacturing - UCM para revenda e representação dos produtos UCM no Brasil, especialmente corantes e marcadores para combustíveis e lubrificantes, incluindo as linhas de produtos Unisol®, Unimark®, Uniglow® e Uniqua®. Segundo a Promax, essa decisão é parte de sua estratégia de investir no desenvolvimento de for-
necedores estrangeiros de matérias-primas na área de lubrificantes, como óleos básicos sintéticos e especialidades químicas e, agora, também combustíveis. NOVO MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DE RESÍDUO DE CARBONO TRAZ VANTAGENS A Comissão de Normalização do IBP está concluindo um projeto de uma nova norma para a determinação de micro resíduo de carbono. O método desenvolvido fornece resultados equivalentes aos obtidos com o método Conradson e apresenta as vantagens de melhor controle das condições de ensaio, uso de pequenas quantidades de amostras, menor necessidade de atenção do operador, e podem ser analisadas simultaneamente até 12 amostras, incluindo uma amostra de controle. A aplicação desse novo método poderá também ser estendida ao Biodiesel. Propostas de revisões e esclarecimento de dúvidas poderão ser direcionadas ao endereço: www.ibp.org. br/normalizacao/sugestoes&duvidas.
INTERNACIONAIS PETRONAS COMPRA FL A empresa Petronas da Malásia assinou acordo para adquirir a italiana FL Selenia por 1 bilhão de Euros. A compradora pretende também abrir uma planta de óleos básicos de grupo III em Melaka, Malásia, em 2008. PETROLEIRA CHINESA SE TORNA A MAIOR EMPRESA DO MUNDO A PetroChina, estatal chinesa de petróleo, ultrapassou este ano o valor de US$ 1 trilhão, somando-se o valor de todas as suas ações, o que representa quase o dobro do valor da segunda colocada, a ExxonMobil. Analistas, no entanto, consideram esse número um tanto artificial, uma vez que, em termos de lucro, a situação se inverte, ficando a PetroChina com metade do número da ExxonMobil e não se colocando entre as dez empresas mais rentáveis do mundo. 30
LUBRIFICANTE DE GTL TEM FUTURO INCERTO Dos 5 projetos iniciais no Qatar para a produção de óleo básico a partir da tecnologia GTL - Gas To Liquid, apenas a Shell ainda promete algo em torno de 3,5 toneladas por dia a partir de 2011. Os custos de projeto quase triplicaram, e as reservas de gás estão em disputa política com o Iran, desestimulando investimentos externos. EUROPA RESTRINGE ENTRADA DE QUÍMICOS Com a legislação denominada REACH - Registration, Evaluation and Authorization of Chemicals, será exigido um pré-registro de todo produto químico a ser comercializado na Europa. O sistema prevê as datas de entrada em vigor em 3 fases: de junho de 2008 a novembro de 2010, para produtos químicos com alto volume ou alto risco; de novembro a junho de 2013, para volumes moderados; e de junho de 2018, para os produtos com menores volumes.
Programação de Eventos Internacionais Evento
Data
Novembro 20 e 21 Indonesia Fuel and Lubes Conference and Exhibition (IFL) - http://www.flasia.info/Events Novembro 28 e 29 Lubricants Russia 2007 - http://www.flasia.info/Events/Events_View.asp Novembro 29 e 30 3rd International Conference Lubricants - Russia - ELGI - www.elgi.org/joomla The 3rd ICIS Pan-American Base Oil and Lubricants - New York, US - ICIS - www.icis.com Dezembro 2 e 6
ASTM Com. D02 on Petroleum prod. & Lubric. - Phoenix /USA - www.astm.org
Dezembro 13 e 14 Modern Fluids for Crankcase Engines - Troy, Michigan - SAE - www.sae.org Janeiro 15 a 17
16th International Colloquium Tribology Automotive and Industrial Lubrication - www.tae.de/tribology
Janeiro 21 e 22
Diesel Engine Technology - SAE - www.sae.org
Abril 2 a 4
Ninth International Tribology Conference South African Institute of Tribology - www.tribology-abc.com
Abril 9 e 11
Maio 5 e 6
Friction, Wear and Wear Protection - http://www.tribology-abc.com/conferences Modern Fluids for Crankcase Engines: An Overview - SAE - www.sae.org Diesel Engine Technology - SAE - www.sae.org
Maio 18 a 22
2008 STLE Annual Meeting - www.stle.org/annual_meeting/index.cfm
Abril 16 e 17
Junho 10 e 13 Junho 23 e 25 Outubro 5 e 8 Outubro11 e 14
2008
Nordtrib 2008 - 13th Nordic symposium on Tribology - www.tribology-abc.com/conferences
2008 SAE International Powertrains, Fuels and Lubricants Congress in China - www.confabb.com The 3rd Symposium on the Assessment and Control of Metal Removal Fluid - www.ilma.org/events ILMA Annual Meeting - www.ilma.org/events/futuremtgs.cfm
Nacionais Data
Evento
Novembro 28 a 30 Congresso SAE BRASIL 2007 - www.saebrasil.org.br/eventos/congresso2007 Março 11 a 14
4ª Feira Ferramentaria + Modelação + Usinagem - www.abimaq.org.br/feiras
Setembro 1 a 5
23º Congresso Brasileiro de Manutenção - Santos 2008
Cursos Data
Evento
Março 6
Lubrificantes automotivos - Tecnologia e Mercado - São Paulo - AEA - www.aea.org.br
Abril 14 a 17
Curso de Lubrificantes e Lubrificação - Rio de Janeiro - IBP - www.ibp.org.br
Agosto 5
Lubrificação Automotiva além do motor - São Paulo - AEA - www.aea.org.br
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, será veiculado na próxima edição.