Revista lubes em foco edicao53

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Fev/Mar 16 Ano VIII • nº 53 Publicação Bimestral

EM FOCO

A revista do negócio de lubrificantes

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00053

Rolls Royce permanent magnet tunnel thruster

Remoção de água em óleos de Thrusters Novas tecnologias para remoção de água salinizada e particulados dos óleos lubrificantes utilizados em propulsores de navios.

É hora de parar e pensar!

O CEO da Infineum traz suas reflexões sobre a complexidade do sistema de especificações dos lubrificantes em todo o mundo.


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Editorial Os tempos atuais são difíceis, a economia não vai bem, e o mercado de lubrificantes cai, acompanhando o processo de retração do país. Mas é interessante notar que falamos de volume de óleo comercializado. Se lançarmos um olhar para o contexto tecnológico, observamos uma evolução constante na qualidade dos lubrificantes, acompanhando as exigências ambientais por produtos menos viscosos, o aumento dos limites de desempenho mínimo para os óleos automotivos e também os requisitos mais rigorosos dos fabricantes de equipamentos originais. A oferta de básicos de melhor qualidade cresceu, e os preços caíram. Dessa forma, assistimos a um paradoxo, em que o melhor fica mais barato, e a tecnologia está continuamente se sofisticando. Ao mesmo tempo, a importância da informação rápida, correta e confiável para o segmento de lubrificantes cresce de forma significativa. O empresário precisa tomar decisões urgentes, o técnico não pode se dar ao luxo de perder tempo e dinheiro com experiências inócuas, e a empresa precisa ser eficiente, competitiva e lucrativa. Ter acesso à informação relevante e transformá-la em conhecimento é fundamental para a sobrevivência, principalmente em tempos de crise. Assim sendo, a disseminação da informação específica é primordial por parte de quem detém o conhecimento e gera conteúdo consistente com a necessidade do mercado. Esse foi o pensamento que norteou a Editora Onze no caminho da mídia digital, para a criação do mais importante e democrático veículo de divulgação, o Portal Lubes. A integração de todos os veículos da Editora foi ampliada pela adição de notícias gerais de grande importância, além de especialistas colaboradores que conhecem profundamente o mercado de lubrificantes e seus aspectos técnicos. Apresentado oficialmente ao público no 6º Encontro com o Mercado, evento que já se tornou uma referência nacional e internacional para o setor, o Portal Lubes tem a missão de continuar e potencializar a trajetória da revista Lubes em Foco, e colaborar fortemente para a recuperação e maturidade do mercado brasileiro de lubrificantes.

Os Editores

Publicado por: EDITORA ONZE LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 - parte CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Angela Maria A. Belmiro - reg. 19.544-90-69

Editor Chefe Pedro Nelson A. Belmiro Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni

Impressão Grafitto Gráfica e Editora Ltda.

Capa Gustavo Eduardo Zamboni

Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 assinaturas@lubes.com.br

Redação Tatiana Fontenelle

Tiragem 4.000 exemplares

Layout e Editoração Antônio Luiz Souza Machado da Cunha Revisão Angela Belmiro

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Apoio de Mídia


Sumário 6

Remoção de água em óleos de thrusters

A utilização de novas tecnologias para a remoção de água salinizada dos óleos nos propulsores de navios.

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Golpe duplo no mercado

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A integração organismo humano-ambiente

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ISO 21469 para lubrificantes de grau alimentício

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Evolução analítica do teor de saturados:

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É hora de parar e pensar!

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Mercado em Foco

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Especialista da ICIS nos mostra os impactos dos preços do petróleo e da Economia global no mercado de básicos .

Dr. Newton Richa comenta a complexidade da interação entre os fatores ambientais e o corpo humano.

Certificação que eleva o nível de qualidade dos óleos e graxas lubrificantes utilizados na indústria de alimentos.

A técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) como ferramenta rápida, confiável e eficaz.

O CEO da Infineum propõe uma reformulação dos sistemas de especificações em todo o mundo .

Pesquisa da Editora Onze apresenta os números do mercado brasileiro de lubrificantes e sua evolução no ano.

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Remoção de água e contaminantes de óleos lubrificantes de thrusters usando novas tecnologias

T

hrusters são equipamentos propulsores que propiciam maior manobrabilidade às embarcações. O termo “thruster” poderia ser traduzido como “propulsor para manobras”, mas a sua forma em inglês é comumente usada no Brasil. Esse tipo de equipamento mecânico é muito útil para se atracar uma embarcação lateralmente e é largamente empregado em navios que apoiam a indústria offshore. Podemos classificar os thrusters como: - Bow thruster ou tunnel thruster (thruster de proa): composto por hélice lateral embutida dentro de pequeno túnel no casco da proa da embarcação, localizado pouco abaixo da linha d’água, podendo a hélice ser acionada por motor elétrico ou hidráulico. - Stern thruster (thruster de popa): valem as mesmas considerações efetuadas anteriormente, mas a localização do dispositivo fica na popa da embarcação.

Fotos 1 e 2: Bow thruster e stern thruster

- Azimuthal thruster (thruster azimutal): aumenta enormemente a monobrabilidade da embarcação, visto que a propulsão se dá em qualquer direção e não apenas em uma direção como nos bow thruster e stern thruster. São largamente utilizados nas unidades de 6

Por: Marcos Thadeu G. Lobo

produção e exploração offshore como parte de sistemas de posicionamento dinâmico e, também, em navios de cruzeiro. A presença de água em óleo lubrificante de thrusters é causadora de paradas não planejadas de navios em portos de todo o mundo, ao Foto 3: Azimuthal Thruster custo de milhões de dólares para os operadores. Desafortunadamente, impedir completamente o ingresso de água é tarefa praticamente impossível. Óleos de base mineral, biolubrificantes e Lubrificantes Ambientalmente Aceitáveis (LAAs) unem-se firmemente à água e, sofrendo degradação tendo a água como catalisador, criam ácidos que resultarão em valores extremamente elevados de Número Ácido (Acid Number - AN). Tem-se verificado óleos lubrificantes de thrusters com AN de 19,0 mgKOH/g. Com o intento de evitar esses problemas, ao utilizarem óleos lubrificantes biodegradáveis, óleos minerais e LAAs, devem-se prover meios para que o conteúdo de água no óleo lubrificante seja mantido sob controle. As considerações a seguir abordarão algumas tecnologias que podem manter o óleo lubrificante limpo e seco e, dessa forma, otimizar a operação do thruster. A principal via de ingresso de água no óleo lubrificante de thruster é através da selagem do eixo propulsor e pode ter como causa:


- Equipamentos de pesca, cordas, cabos de aço que se prendem ao eixo propulsor e danificam a selagem do eixo; - Selagem gasta ou de outra forma danificada permitirão ingresso de água, devido ao periódico balanço do navio em mares agitados; - Quando o thruster está em operação, os selos do eixo podem realizar uma ação de bombeamento que superará a pressão estática do óleo lubrificante presente no reservatório superior; - A pressão dinâmica da água criada pelas lâminas do propulsor pode exceder a pressão estática do óleo lubrificante sobre a selagem do eixo. Desgaste na selagem do eixo é frequentemente causado por contaminação abrasiva no óleo lubrificante, e mesmo partículas de tamanho inferior a 1 micron podem ter efeito abrasivo sobre a selagem, visto que as tolerâncias dinâmicas são inferiores a 0,5 micron.

Fotos 4 e 5: Manutenção em thruster é processo demorado e custoso

Crescente número de biolubrificantes e LAAs tem sido desenvolvido para satisfazer à demanda por produtos menos agressivos ao meio ambiente. As principais razões para se escolher um LAA ou qualquer outro óleo lubrificante ecologicamente amigável são: - Não produzir reflexos de luz sobre a água (emulsifica-se rapidamente com baixo impacto ambiental);

Fotos 6 e 7: Mancha na água do mar causada por derrame de óleo de base mineral

- Prontamente biodegradável (60% em 28 dias, astm d5864); - Exigido por lei em alguns países (navios em águas dos EUA necessitam utilizar Laas em tubos telescópicos e thrusters de embarcações marítimas etc.). Os LAAs diferem bastante dos óleos lubrificantes de base mineral, e cada tipo de base tem suas

vantagens e desvantagens, conforme se pode ver na Tabela 1. Lubrificantes à base de poliglicóis (PAG/PEG) podem dissolver bastante água, e encontrar conteúdos acima de 5000 ppm não é incomum. Muito embora o volume de água seja elevado, o glicol pode manter a sua lubricidade. Porém, visto que níveis elevados de água podem causar micropitting e fragilização por hidrogênio de componentes mecânicos, o conteúdo de água deve ser reduzido. A água do mar que ingressa no sistema de lubrificação do thruster contém componentes biológicos (micróbios, algas, bactérias etc.) que favorecem a formação da borra microbiológica. A capacidade de um óleo lubrificante de se separar da água, ou demulsibilidade, é avaliada pelo Teste de Demulsibilidade (ASTM D1401). Alguns formuladores de óleos lubrificantes executam este ensaio a 82ºC utilizando água destilada. Laboratórios de análise de óleo em uso, no entanto, realizam este ensaio à temperatura de operação mais realista de 54ºC. Em aplicações marítimas, tais como thrusters de propulsão, a água do mar será o principal contaminante do óleo lubrificante sendo, por isso é recomendável que o ensaio seja executado com solução a 3,5% de NaCl, visto que a habilidade de o óleo lubrificante se separar da água salinizada, no Teste de Demulsibilidade, pode variar consideravelmente em relação à água destilada. Se formos utilizar filtros coalescentes para remoção de água do óleo lubrificante, é interessante, para otimização do processo, que a separação da água e do óleo lubrificante ocorra em, no máximo, 20 minutos, e a emulsão máxima seja de 3 ml. A remoção contínua da água do mar do óleo lubrificante de thruster permitirá que a embarcação continue a operar a despeito do ingresso de água salinizada. O procedimento de se manter o óleo luFoto 8: Teste de Demulsibilidade mosbrificante do thruster trando as três fases: óleo lubrificante, e água livre. Com água salilimpo e livre de água emulsão nizada, a capacidade de separação água será muito mais deficiente do é realizado, frequente- da que se for utilizada água destilada mente, com o uso off-line de um dos seguintes equipamentos: Método 1 - filtração usando meio filtrante absorvedor de água; 7


FLUIDOS ECOAMIGÁVEIS E LAAs COMPONENTES

ÓLEO BÁSICO

VANTAGENS

DESVANTAGENS

Ésteres naturais triglicerídeos

Óleo de base vegetal colza, girassol, soja, mostarda

Variedade de ácidos graxos e aditivos

Prontamente biodegradável; elevado IV; boas propriedades antidesgaste; elevado ponto de fulgor; compatibilidade com retentores

Estabilidade térmica e à oxidação deficiente; escoamento a baixa temperatura deficiente; estabilidade hidrolítica deficiente

Ésteres sintéticos

Ácidos orgânicos e álcoois/fenóis (quimicamente sintetizados)

Variedade de ácidos graxos e aditivos

Melhores propriedades que triglicerídeos; alguns tipos são compatíveis com óleos de base mineral; boa resistência ao fogo

Mais caros que triglicerídeos; estabilidade térmica e à oxidação deficientes; estabilidade hidrolítica deficiente

Poliglicóis

Muitos tipos: polialquileno glicol (pag) e polietileno glicol (peg) são os mais comuns

Mistura de glicóis e aditivos

Solúvel em água; boa estabilidade à oxidação e não forma borras; propriedades de resistência ao fogo; elevado IV; adequado para operações a elevadas temperaturas

Incompatível com muitos tipos de retentores, tintas e materiais; não pode ser misturado com quaisquer outros fluidos; elevado conteúdo de água pode formar borra microbiológica; caro

Polialfaolefinas

Fluido sintético; grupo API IV; originários de hidrocarbonetos de petróleo e carvão

Fluidos à base de PAO e aditivos podendo ser misturados com ésteres sintéticos

Boa estabilidade à oxidação e baixo risco de degradação com água; boas propriedades antidesgaste; compatibilidade com retentores

Oriundo de fontes não renováveis; limitada biodegradabilidade; risco de lavagem dos aditivos por água; caro; não aprovada quando se exigem bioaplicações

Óleo - Emulsão - Água

Tabela 1

90 70

Óleo Emulsão Água

50 30 10 0

10

20 30 40 50 Teste de tempo em minutos

60

Foto 9: Comportamento das três fases (óleo lubrificante/emulsão/ água livre) no Teste de Demulsibilidade

de água do óleo lubrificante. Pode ser combinada com filtração fina para remoção de particulados sólidos e, em geral, tem o mais baixo custo de instalação. Contudo, em casos de ingressos severos de água, será necessário que os operadores mudem, com frequência, os elementos filtrantes obstruídos com água para evitar a permanência de água no óleo lubrificante do thruster.

Método 2 - separação utilizando o princípio da coalescência; Método 3 - desidratação a vácuo; Método 4 - desabsorção (utilizando ar seco).

Foto 11 e 12: Filtro com meio filtrante absorvedor de água Foto 10: Montagem para filtração off-line de óleos lubrificantes

Método 1- Filtração utilizando meio filtrante absorvedor de água ou de celulose ou de outro material de elevada capacidade de absorção para remoção 8

Método 2 - Utilizar-se da separação natural da água (coalescência) ou acelerar-se a separação através de separadora-centrifugadora é tecnologia já bastante conhecida. Este método funciona bem para os


óleos lubrificantes em que facilmente a água decanta, isto é, com resultados no Teste de Demulsibilidade de menos que 3 ml de emulsão em máximo de 20 minutos. A maioria dos biolubrificantes e LAAs não são capazes de satisfazer a essa exigência, de modo que esta tecnologia de filtração não é recomendada para esses tipos de óleos lubrificantes. Em geral, não se consegue atingir valores abaixo de 2000 ppm de água em LAAs utilizando-se filtros coalescentes.

Foto 13: Filtro coalescente-separador

Método 3 - Usar tecnologia de vácuo para evaporar água à temperatura normal de operação é um modo efetivo de desidratar a maioria dos óleos lubrificantes. Essa tecnologia tem sido usada por décadas em sistemas fechados como transformadores, por exemplo. Contudo, quanto mais água houver no óleo lubrificante, mais difícil será obter vácuo na câmara, visto que a elevada quantidade de água entrará, violentamente, em ebulição e criará espuma na câmara de vácuo, necessitando, em função disso, que a bomba de vácuo seja desativada momentaneamente para reduzir-se a quantidade de espuma e evitar-se que o óleo lubrificante seja succionado para fora juntamente com a umidade. Desidratadores a vácuo não têm sido muito empregados na remoção de água em óleos lubrificantes de thrusters, de forma que a eficiência desses equipamentos para uso com biolubrificantes e LAAs não foi, ainda, devidamente comprovada. A desidratação a vácuo é eficiente no tratamento de volumes limitados de óleos lubrificantes (bateladas),

Foto 14 e 15: Princípio e unidade desidratadora a vácuo

isto é, extrair a água do óleo lubrificante contaminado até que o nível de água esteja dentro de parâmetros seguros, ficando a eficiência deste tratamento reduzida, portanto, com quantidades crescentes de água no óleo lubrificante. Se o ingresso de água no óleo lubrificante é elevado, o desidratador a vácuo não operará de forma eficiente, o que resultará em crescentes volumes de água no óleo lubrificante. A desidratação a vácuo removerá apenas água e não efetuará retirada de carbonato, sódio e outros sais presentes no óleo lubrificante, sendo necessária uma filtração posterior com elementos filtrantes de 3 - 5 micron, para que seja reduzido o risco de aumento na concentração de sais e particulados sólidos (material metálico oriundo de desgaste e ferrugem) no óleo lubrificante. Método 4 - A utilização de ar seco para remoção de água é, também, chamada de princípio da dessorção. Na dessorção, ar ou gás seco e frio é circulado através do óleo lubrificante, retirando, naturalmente, umidade do ambiente circundante e reduzindo, desta forma, o conteúdo de água no óleo lubrificante. Esta tecnologia é eficaz para conteúdos de água no óleo lubrificante tão elevados quanto 30%, e a maioria dos óleos lubrificantes alcançarão a média de 300 ppm 500 ppm de água após o tratamento. As unidades de dessorção são combinadas com filtros com malhas filtrantes de porosidade (micronagem) bastante reduzida, para efetuar-se a retenção de contaminantes e redução dos teores de sódio e outros sais presentes no óleo lubrificante, diminuindo-se, com isso, o conteúdo de material particulado sólido, borras e vernizes. Desde que se passou a utilizar os biolubrificantes e LAAs na lubrificação de thrusters, a tecnologia da dessorção tem sido largamente utilizada, e unidades de dessorção têm sido adquiridas pelos operadores de embarcações para uso contínuo na remoção de água do óleo lubrificante utilizado em thrusters, com excelentes resultados. As dificuldades para se separar a água dos biolubrificantes e LAAs utilizados em thrusters le-

Foto 16 e 17: Unidade de dessorção

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varão ao uso de tecnologias avançadas de remoção de água de óleos lubrificantes, como a de dessorção, para assegurar operação confiável das embarcações e evitar docagens desnecessárias para manutenções causadas por panes mecânicas devido à presença de água no óleo lubrificante.

Foto 18: Platform Supply Vessel

Para navios de suprimento de plataformas (platform supply vessel) e rebocadores de ancoragem (anchor handling tugs), ter equipamentos para remoção de água em óleos lubrificantes de thrusters pode significar a diferença entre cumprir um contrato ou uma entrega, ou alugar espaço nas docas para estancar o ingresso de água no óleo lubrificante. Especialmente importante ao selecionarem equipamentos para tratamento de óleos lubrificante utilizados em thrusters é verificar se o dispositivo efetua, também, remoção de sais, material particulado sólido (metais de desgaste e ferrugem), borras e vernizes, visto que, dessa forma, pode-se prolongar a vida útil não somente do óleo lubrificante como, também, das selagens do eixo, engrenagens, mancais de rolamento e outros componentes mecânicos do sistema. A melhor forma de se efetuar a remoção de água em óleo lubrificante de thrusters é efetuar a sucção na parte mais baixa da caixa de engrenagens. Em thrusters fixos, como os tunnel thrusters, (thrusters de proa) isto é possível, mas nos azimuthal thrusters (thrusters azimutais) isto é difícil de ser realizado, visto que este dispositivo mecânico poder girar até 360 graus. Em caso de azimuthal thrusters (thrusters azimutais), o projeto mecânico deve prever ponto de conexão para Foto 19: Forma ideal de instalar equi- que o sistema de filpamento para desidratação de óleo lubrificante de thruster tração e desidratação 10

possa succionar óleo lubrificante situado abaixo da engrenagem inferior e na seção de selagem do eixo, visto serem esses os locais em que as sujidades e a água se acumularão quando o sistema não estiver operando. Em alguns casos, a circulação do óleo lubrificante quando o thruster estiver em operação será suficiente para se manter em suspensão água e sujidades, de forma a se removerem os contaminantes ao se conectar o equipamento de filtração e desidratação na seção superior do thruster. A seguir, será citado caso prático de tratamento de óleo lubrificante de thruster, utilizando-se conjunto de manutenção que combinava ações de dessorção e filtração. O óleo lubrificante a ser tratado era para uso em engrenagens, com aditivação micropitting e grau de viscosidade ISO VG 150. Esse tipo de óleo lubrificante emulsifica-se facilmente com água, e o Teste de Demulsibilidade apontou resultado de 30 ml de emulsão depois de 30 minutos. Antes do tratamento, o conteúdo de água salinizada no óleo lubrificante estava bastante elevado - acima de 17000 ppm (1,7% v), estando o conteúdo de sódio também muito elevado - 68 ppm. Seguem, abaixo, os resultados do tratamento do óleo lubrificante em unidade combinada de dessorção e filtração. AMOSTRAS DE ÓLEO LUBRIFICANTE DURANTE O TRATAMENTO Na Partida

Depois de 3,5 Horas

Depois de 21 Horas

Água

17062 ppm

1532 ppm

119 ppm

Sódio

67,9 ppm

6,9 ppm

0,4 ppm

Código ISO

16/15/10

14/13/9

13/12/9

Foto 20: Amostras: partida/3,5 horas de filtração/21 horas de filtração


Foto 21: Aspecto de óleo lubrificante de thruster antes e depois do tratamento com unidade combinando ações de dessorção e filtração

O ingresso de água salinizada em óleos lubrificantes de thrusters é difícil de ser evitado, mas paralisações e docagens desnecessárias podem ser evitadas, mesmo se forem utilizados biolubrificantes e LAAs. A eficiência dos tratamentos para remoção de água salinizada e particulados dos óleos lubrificantes utilizados em thrusters está mais que provada, tornando possível, dessa forma, operar a embarcação a despeito do ingresso contínuo de água salinizada no thruster.

Marcos Thadeu Giacomini Lobo é Engenheiro Foto 22: Unidade utilizando princípio de dessorção operando na remoção de água em óleo lubrificante de thruster

Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação da Petrobras Distribuidora S.A.

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Golpe duplo no mercado Petróleo e Economia Global Por: Judith Taylor

N

ão é segredo para qualquer observador do mercado norte-americano de óleos básicos que existe um sistema dinâmico em meio a uma mudança significativa. A mudança está ocorrendo rapidamente em todo o sistema, por causa da pressão das exigências regulatórias, tanto as existentes como as que estão para chegar. O mercado de óleos básicos entra em 2016 recebendo um golpe duplo em sua estrutura, com o mergulho dos preços do petróleo derrubando as margens do produtor e a economia global sem condições de colaborar com a recuperação. Juntem-se a essas condições os desafios esperados em 2017, trazidos pelas metas regulatórias de controle de emissões e desempenho, e o resultado é uma mistura estonteante de oportunidades e frustrações para produtores e compradores de óleos básicos, misturadores de óleos e fabricantes de veículos (OEMs). Enquanto as frustrações podem parecer claras e as oportunidades ainda obscuras, devido ao fraco desempenho da economia global e aos preços supreendentemente baixos para o petróleo, os participantes do mercado de óleos básicos já sabiam que 2016 seria um ano de crise, senão por outra razão do

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que o início de mudanças rigorosas e restringentes nos regulamentos. Um cruzado de direita no queixo da matéria-prima O petróleo desferiu um soco poderoso nos preços dos óleos básicos, a partir do segundo semestre de 2015 e início de 2016. O produtores viram os preços do petróleo caírem para a casa dos US$ 30 por barril e reagiram com decréscimos acentuados dos preços dos básicos nas refinarias. Então, o petróleo caiu ainda mais, e mais reduções de preços foram anunciadas, uma vez que os compradores exigiram o acompanhamento da tendência. Apesar de os preços dos óleos básicos não estarem especificamente conectados aos do petróleo, a variação desses preços afeta outros derivados, aumentando a volatilidade do mercado. Lidar com a volatilidade do setor de upstream tem sido a maior tarefa dos produtores de óleos básicos. O gráfico seguinte mostra as tendências de dois petróleos de referência: o West Texas Intermediate (WTI) e o Louisiana Light Sweet (LLS). Com uma nova rodada de redução de preços dos óleos básicos chegando em fevereiro, a tendência


70 65 60 55 45

USB/bbl

50 40 35 30 Mar, 15

May, 15

Jul, 15

Sep, 15

Nov, 15

Jan, 16

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Crude LLS FIP St. James, LA Assessment Spot Month Closing Value (USD/bbl) Crude WTI FIP Cushing, OK Assessment Spot Month + 1 Closing Value (USD/bbl)

de queda dos preços continuou durante aquele mês, porém muitos acreditam que os preços de mercado já devem ter, no mínimo, tocado o fundo do poço. A razão para esse ponto de vista é que, embora as vendas de automóveis do mercado americano tenham ficado estáveis em janeiro, a sazonalidade da demanda dessa indústria normalmente começa a exercer influência sobre o mercado em março, quando as misturas de gasolina mudam para os requisitos de verão nas refinarias, e os consumidores regressam ao mercado. Além disso, os compradores de óleos básicos seguraram suas compras, principalmente por causa da volatilidade dos preços do petróleo bruto, mas também por questões que lhes são impostas pelas mudanças necessárias na mistura de componentes e aditivos para cumprir as estipulações reguladoras. Junto a esses desafios, compradores de óleos básicos dizem que os Grupos II+, Grupo III e polialfaolefinas (PAOs) são cada vez mais necessários em formulações. Há um interesse crescente no uso das PAOs, porque mesmo considerando-se o custo versus a quantidade e o tipo de óleo, elas estão provando ser uma medida eficaz no atendimento aos requisitos de mistura em evolução. Um gancho de esquerda na América do Sul Com relação à economia global, o Brasil continua a lidar com uma série de desafios que têm paralisado as perspectivas da economia do país e cortado tanto sua capacidade de capitalizar as exportações de óleos básicos como seu apetite por importações dos EUA. Enquanto o Brasil continua a necessitar da importação, pode-se esperar que os seus volumes de compra sejam menores em 2016, do que em 2015 ou 2014.

Também vimos a Petrobras cortar o orçamento de investimentos no início de janeiro de 2016, a fim de preservar o dinheiro para pagar dívidas e reduzir sua projeção de gastos nos próximos anos, de US$ 130 bilhões, em junho de 2015, para US$ 98.4 bilhões até 2019. Esse fato poderá ter implicações negativas para a economia do Brasil, pois a Petrobras é a única fornecedora local de matéria-prima a um grande número de segmentos da indústria. Menos investimento significa menos matéria-prima disponível para futuras expansões. De acordo com Stephen Ames, diretor-gerente da SBA Consulting, em discurso na conferência mundial de óleos básicos, realizada em Londres, em fevereiro, ampliando-se o olhar e levando-se em consideração a relação entre suprimento e demanda de óleos básicos, o crescimento da demanda de óleos lubrificantes ainda é robusto na Ásia, Oriente Médio e África, mas na Europa e América do Norte está em declínio. A região da Ásia-Pacífico está crescendo em torno de 1%, enquanto Oriente Médio e África crescem em torno de 1,5% anualmente, de 2015 a 2020. Em contraste, a Europa e a América do Norte estão declinando em 1,5% por ano. Em 2020, quase metade da demanda mundial lubrificante virá da Ásia-Pacífico. Pelo lado da oferta, somando-se as plantas que fecharam em 2014 e 2015 e aquelas já marcadas para fechar em meados de 2016, cerca de 11, 2,6 milhões de toneladas/ano de óleos básicos no total serão removidas, e serão todas unidades produtoras de básicos do Grupo I. Mais de metade dessa capacidade está na Europa, e, além desses fechamentos, um grande número de projetos anunciados anteriormente foram, segundo Ames, adiados para depois de 2020. Por outro lado, 17 grandes novos projetos são possíveis durante o período 2015-2020, de modo que o mercado de óleos básicos pode chegar a mais 9,5 milhões de toneladas/ano de oferta adicional, contra um cenário de pouca ou nenhuma demanda adicional. Enquanto a relação oferta/demanda parece continuar a se inclinar amplamente para o lado da oferta, existem algumas compensações no processo global, oferecendo um vislumbre de oportunidades e revelando mudanças já discutidas há algum tempo no segmento de óleos básicos. As oportunidades provavelmente irão emergir do lado da regulamentação e conservação, no qual as dores das mudanças de hoje começarão a resultar em uma inovação frutífera e a oferecer novas abordagens para velhos desafios. 13


Conforme dito por Ashok Krishna, representante da Chevron na 20ª Conferência da ICIS em Londres, “as refinarias de óleos básicos se sairão bem operando em um ambiente de baixos preços do petróleo bruto. O fator dominante em uma unidade dessas é não haver acidentes. Qualquer perda ambiental teria um impacto tão negativo, que poderia inviabilizar a unidade.” Outro fator de suporte para as unidades de óleos básicos operando em um ambiente de petróleo barato diz respeito à tendência ao uso de Grupo II, pois o tipo de cru necessário para a produção desses básicos é mais amplo do que para uma planta de óleo Grupo I. Sem nocautes! No início de março, ficou claro que os produtores de petróleo com sede nos EUA estavam se apegando às emergentes evidências de um aumento dos preços do petróleo bruto, que subia na casa dos US$ 30 por barril, no final da segunda semana do mês. Na mesma ocasião, a Flint Hills Resources (FHR) e a Chevron,

ambas produtoras de Grupo II, anunciaram aumentos em seus preços publicados. A FHR apresentou um aumento de US$ 15 centavos por galão em todos os seus graus, enquanto a Chevron colocou um aumento de 15 centavos por galão no grau 100 (leve) e 20 centavos por galão no médio e no pesado. As margens permanecem estreitas para os óleos básicos, especialmente os tipos mais leves que continuam a ter uma oferta mais ampla. Mas o golpe duplo dos preços do petróleo e da fraca economia global não significa um nocaute para o mercado de básicos. É apenas uma parte das tarefas em curso, que se iniciaram em 2014, quando o mercado estava observando a mudança do pêndulo do Grupo I para o Grupo II, e ainda para o Grupo III e além.

Judith Taylor é a Editora Sênior da ICIS responsável pelo mercado petroquímico, incluindo óleos básicos. Especialista em dinâmica de preços e logística.

Por trás de seu sucesso existe um mundo de testes Lubrizol com sua inigualável rede de testes contribui para isto. Através de investimento e comprometimento em realizar testes de campo em todo o mundo, como parte do desenvolvimento e validação de nossas tecnologias, serve como garantia de desempenho de seu fluido, quando e onde você precisar.

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S.M.S.

Uma Integração Estratégica

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SAÚDE - MEIO AMBIENTE - SEGURANÇA

A integração

Organismo Humano e

Ambiente Por: Newton Richa

Hipócrates (460-377 a.C.), o pai da Medicina, em seu famoso livro “Ares, Águas e Lugares”, considera o clima, o solo, a água, o modo de vida e a alimentação os fatores responsáveis pelas doenças. Essa constatação teve aplicação prática e orientou as atitudes e a organização das comunidades gregas no sentido da prevenção das doenças. A forte relação do organismo humano com o ambiente é um traço característico da compreensão hipocrática do fenômeno saúde-doença. Partindo da observação das funções do organismo e suas relações com o meio natural (periodicidade das chuvas, ventos, calor ou frio) e social (trabalho, moradia, posição social etc), Hipócrates desenvolveu uma teoria que entende a saúde como homeostase, isto é, como resultante do equilíbrio entre o homem e seu meio. Com pouco conhecimento de Anatomia e Fisiologia, os médicos gregos tinham como características a observação atenta sem a experimentação e o registro lógico sem a metodologia científica. A base da Semiologia Médica atual já estava presente nos quatro passos fundamentais da Medicina

Grega: exploração do corpo (ausculta e manipulação sensorial); conversa com o paciente (anamnese); entendimento sobre o problema (o raciocínio diagnóstico); e estabelecimento de procedimentos terapêuticos ou ações indicadas para as queixas mencionadas (prognóstico). Os conhecimentos atuais de Anatomia e Fisiologia confirmam a integração do organismo humano no ambiente. A área alveolar de um adulto mede cerca de 140m 2, expondo o sangue quase diretamente ao ar ambiente, uma vez que não existe

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28

barreira entre a zona respiratória e a membrana alveolar, que é muito delgada. Os alimentos e a água ingeridos têm um contato prolongado com 250m 2 de área intestinal, separada do sangue por uma mucosa também muito delgada. A pele apresenta uma área pouco inferior a 2m 2, em contato direto com o ar, mas com uma espessura significativa, constituída por várias camadas de células. Além dos aspectos anatômicos e fisiológicos descritos acima, há influência de fatores físicos do ambiente. Algumas pessoas têm dor de cabeça causada pela exposição ao sol; outras desencadeiam uma amigdalite após a mudança de tempo

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de calor para frio; há registro de casos de asma agravada à meia noite, de rinite que piora em ambiente fechado; e urticária que melhora pela aplicação de calor por meio de um banho quente. Todos esses exemplos confirmam a plena integração organismo humano-ambiente, nos aspectos materiais e energéticos. Na atualidade, as pessoas geralmente têm cinco ambientes de permanência: moradia, trabalho, estudo, lazer e transporte, assegurando a mobilidade entre os demais. Em qualquer desses ambientes pode ocorrer exposição a agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais.


S.M.S.

28

Os agentes físicos consistem em vibrações, ruídos, ultrassons, temperatura, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, pressões anormais, eletricidade e campos eletromagnéticos. Os agentes químicos orgânicos e inorgânicos podem se apresentar sob a forma de gases, vapores, líquidos, neblinas, névoas, poeiras, fumos e nanopartículas. Os agentes biológicos abrangem vírus, rickettsias, bactérias, fungos, protozoários e metazoários, incluindo animais ferozes e peçonhentos.

Os agentes ergonômicos compreendem posturas incorretas, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, esforços repetitivos, pesos excessivos e carregamento de pesos inadequado. Os agentes psicossociais são representados por más relações no trabalho, assédio, extremos de responsabilidade, pressão social e dupla jornada. A exposição a múltiplos agentes ambientais possibilita a ocorrência de sinergias nocivas. Assim, a exposição simultânea a ruído e a vapores de tolueno implica maior dano à audição. A solda elétrica libera materiais irritantes que, inalados, causam dano ao aparelho respiratório e tornam os soldadores mais suscetíveis que a população em geral à pneumonia pneumocócica, causada por uma bactéria. Todos esses aspectos justificam o recente alerta da Dra. Margaret Chan, Diretora-Geral da Organização Mundial de Saúde: “Um ambiente saudável é a base de uma população saudável”.

Newton Richa é Mestre em Sistemas de Gestão (UFF 2009), Professor dos Cursos de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Engenharia de Manutenção da UFRJ

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Certificação ISO 21469

Levando os lubrificantes H1 para o próximo nível Por: Ellen Martha Pritsch

A

existência de normas internacionais de segurança alimentar nos últimos anos fez com que todos os setores que participam da cadeia de fornecimento necessitassem comprovar a segurança alimentar e, dessa forma, implementassem medidas de segurança mais rigorosas para o produto, e a indústria de lubrificantes não é exceção. Em 1999, a NSF International, uma organização de saúde pública sem fins lucrativos, foi responsável pela avaliação dos lubrificantes e de outros produtos a serem utilizados na área de processamento de alimentos. Trabalhando junto com o USDA (U.S. Department of Agriculture), foram avaliados os requisitos já existentes e elaborada uma lista de produtos não alimentí-

18

cios, considerando as respectivas categorias de usos. Em 2006, o Comitê Técnico ISO/TC 199 da International Organization for Standardization verificou a necessidade de estabelecer um conjunto de requisitos que pudessem ser reconhecidos e aceitos internacionalmente. Dessa forma, foi elaborada uma norma ISO para lubrificantes usados na fabricação e no processamento de alimentos e produtos similares denominada: “ISO 21469: 2006(E) - Safety of machinery - Lubricants with incidental product contact - Hygiene requirements” É importante destacar que o escopo dessa norma vai além dos lubrificantes utilizados em aplicações de alimentos e bebidas, para atender também aos lubrifi-


cantes usados para produtos de processamento de alto risco, incluindo cosméticos, produtos farmacêuticos e rações para animais. Concessão de registro pela ANP: Resolução Nº 22 de 11/04/2014 A ANP estabelece os critérios de obtenção do registro de graxas e óleos lubrificantes destinados ao uso veicular e industrial e de aditivos em frasco para óleos lubrificantes de motores automotivos. Junto com o registro de óleos e graxas lubrificantes para aplicações que requeiram a especificação “contato alimentar incidental”, deverá ser encaminhado o certificado de que o produto e o produtor atendem à Norma ISO 21.469. No caso de óleos e graxas lubrificantes utilizados em equipamentos da indústria alimentícia e/ou farmacêutica em que haja risco de contato incidental com alimento e/ou produto, as matérias-primas utilizadas deverão estar de acordo com aquelas aprovadas pela instituição competente, isto é, deverão ser certificadas para grau alimentício. Como a Certificação difere do registro O desenvolvimento da Norma ISO 21469 foi destinado a assegurar a uniformidade da segurança dos produtos e destina-se a todos os fabricantes de lubrificantes que procuram o cumprimento a uma norma internacionalmente aceita e legalmente requerida pela ANP, e que seja suficientemente abrangente para tratar os diversos lubrificantes utilizados em todas as indústrias. As normas internacionais facilitam a harmonização de requisitos dos produtos, e também servem para facilitar a coordenação mais eficaz da indústria e eliminar barreiras do comércio internacional. Para os países em que a indústria de lubrificantes de grau alimentício é menos desenvolvida, a norma internacional aumenta as oportunidades para as empresas que pretendem exportar os seus produtos. A certificação ISO 21469 exige que os fa-

bricantes de lubrificantes desenvolvam uma estratégia de higiene e que considerem riscos químicos, físicos e biológicos no contexto da utilização final do lubrificante. A certificação ISO 21469 abrange cinco etapas: 1) avaliação da formulação por meio das informações técnicas do produto a ser avaliado; 2) avaliação do rótulo do lubrificante considerando seus ingredientes; 3) teste anual do produto para avaliar as características do produto; 4) avaliação de risco dos produtos certificados; 5) relatório de auditoria da unidade de produção. Avaliação da formulação São avaliadas todas as informações referentes à formulação, sendo que todos os componentes do produto são submetidos à avaliação e certificação. Todos os ingredientes utilizados devem atender aos requisitos da regulamentação e de segurança. Avaliação do rótulo O rótulo do produto deve garantir informações que sejam claras e corretas, identificando a validade do produto, as condições de armazenagem, o tamanho do volume/produto, a aptidão do produto para uso como um lubrificante de contato acidental com alimentos, bebidas e fármacos, assim como outras limitações ou especificações do produto. Teste laboratorial Amostras do produto devem ser analisadas por Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR). Essa análise consegue, de forma altamente específica, a identificação por comparação entre o espectro da amostra de teste e um espectro de referência. Esse teste anual serve como um controle de qualidade para verificar se a formulação do produto é consistente quanto à sua composição qualitativa. 19


Avaliação de risco

Conclusão

A certificação para a Norma ISO 21469 requer que o fabricante do lubrificante faça uma avaliação de risco considerando as fontes potenciais de contaminação durante a produção do lubrificante. A avaliação de risco deve assegurar que os controles de qualidade existam, de forma a garantir que os riscos são mitigados continuamente.

A ISO 21469 é uma norma cuja certificação no Brasil é obrigatória para obtenção do registro junto à ANP. O crescente interesse na mitigação de riscos para a segurança de alimentos, bebidas e fármacos tem uma significativa demanda por certificação ISO 21469 para os fabricantes de lubrificantes. Os óleos e graxas lubrificantes utilizados nos equipamentos devem estar certificados e avaliados toxicologicamente, conforme seu uso por meio do Programa de Declaração para Compostos Não Alimentícios (NSF White Book™).

Auditoria Anualmente é realizada uma auditoria na instalação para verificar se as ações corretivas foram executadas. As auditorias são uma etapa crítica para auxiliar na garantia de que os produtos originalmente certificados são aqueles e se estão sendo produzidos de acordo com as Boas Práticas de Fabricação. Concluída satisfatoriamente as cinco etapas, os produtos podem então ser identificados como produtos certificados pela ISO 21469.

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Ellen Martha Pritsch é Engenheira Química, Diretora de Operações de Negócios da NSF BIOENSAIOS

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Teor de saturados: uma evolução analítica com o uso de HPLC

A

exigência por lubrificantes de alto desempenho que acompanhem a evolução da engenharia de motores e máquinas industriais vem crescendo aceleradamente nos últimos anos. Impulsionados principalmente pelas restrições quanto a emissões e à necessidade de economia de combustível, os novos lubrificantes devem ser uma composição ideal de pacotes de aditivos otimizados e óleos básicos de altíssima pureza e estabilidade molecular. A contribuição do óleo básico na performance de um lubrificante é de grande relevância, tanto pelo volume utilizado nas formulações (cerca de 70%), quanto pelo atingimento de características intrínsecas ao óleo que são pouco potencializadas por aditivação. Com o estreitamento das relações comercias em níveis globais, empresas por todo o mundo têm acesso a uma grande gama de óleos básicos existentes no mercado. Nesse cenário, a comprovação da qualidade do básico é fator limitante de diferenciação entre eles. Neste artigo será abordado um dos fatores fundamentais para diferenciação de básicos no que diz respeito ao seu processo de produção, estruturas moleculares e desempenho: o Teor de Saturados. O Teor de Saturados é um dos principais parâmetros para o enquadramento do óleo básico mineral como Grupos II e III, e pode ser entendido como a medida do quanto as moléculas do óleo mineral são livres de duplas ligações carbônicas, principalmente aromá-

Por: Andreza Frasson Balielo, Kelly Algayer da Silva e Talita Cristiane Maganha

ticos, que interferem negativamente nas características de lubrificação, como a piora do índice de viscosidade, o aumento da reatividade e, especialmente, a diminuição da resistência à oxidação. São diversas as formas de quantificar o Teor de Saturados em óleos minerais. A técnica mais difundida no mercado atual é a ASTM D2007. Esta é baseada na cromatografia líquida clássica, em que a fase móvel é percolada pela coluna através da ação da gravidade. De forma geral, é utilizado um conjunto de colunas de vidro empacotadas manualmente com sílica e argila, pelo qual passam a amostra e a fase móvel (n-pentano, tolueno+acetona e tolueno, conforme a polaridade do composto de interesse). As moléculas que compõem a amostra são retidas na coluna de acordo com a afinidade com o recheio. Cada solvente (fase móvel) é aplicado em volume predeterminado em quantidade suficiente para arrastar cada tipo de composto, que é coletado separadamente. Os solventes são evaporados, e as massas finais representam os compostos de interesse (saturados, compostos polares e aromáticos). Com a evolução da instrumentação analítica, a ASTM desenvolveu uma metodologia alternativa para a determinação do teor de saturados em óleo, baseada em cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), descrita na ASTM D7419. Esse procedimento possui o mesmo fundamento da ASTM D2007, porém com alguns benefícios, tais como o tempo de análise 21


Foto: Equipamento HPLC

0

Aromáticos Polares - 25,171

450 450 350 300 250 250 200 150 100 50 0 -50 -100

Saturados - 12,041

MV

reduzido e melhores resultados para repetitividade e reprodutibilidade. A nova técnica utiliza um sistema com três colunas instaladas em série (uma de ciano e duas de sílica), pelas quais passam a fase móvel (heptano) e a amostra, que pode ser injetada automaticamente. Uma bomba de pistão duplo garante fluxo constante durante a análise, e a identificação dos compostos é realizada por meio de um detector de índice de refração. O pico dos compostos saturados é detectado primeiramente, pois possui menor interação com as colunas; na sequência, o pico dos aromáticos é detectado. Para certificar-se do tempo de retenção de cada composto, são utilizados padrões preestabelecidos, conforme Figura 1. A porcentagem de cada composto é calculada através da área respectiva de cada pico. Um elemento interessante nessa metodologia é a utilização de uma válvula de back-flush durante a análise: quando a amostra entra na 1ª coluna (ciano), os compostos saturados não possuem interação

1

5

10

e continuam percolando, ao contrário dos compostos aromáticos que interagem fortemente com a coluna ficando retidos, quando a fração saturada é detectada, aciona-se a válvula de back-flush, que proporciona a inversão do fluxo, fazendo com que os compostos aromáticos, que ainda estão retidos; na primeira coluna, tenham o seu “caminho encurtado” e sejam encaminhados diretamente para o detector. Os benefícios alcançados através deste elemento são a possibilidade de eluição dos compostos polares e aromáticos em um único pico e a otimização do tempo de análise, que fica em torno de 30 minutos. Um fator importante é que, diferentemente da cromatografia clássica, a cromatografia líquida de alta eficiência trabalha com o sistema sob alta pressão, evitando caminhos preferenciais e diminuindo o tempo de percolação dos compostos na coluna, reduzindo o tempo de análise. Além disso, por utilizar partículas muito pequenas como fase estacionária (recheio da coluna), aumenta a superfície de contato e a interação com as moléculas da amostra; como consequência, torna mais eficiente a separação dos diferentes compostos presentes na mesma. As colunas são sensíveis e possuem custo consideravelmente alto. O cuidado com elas deve ser elevado: a entrada de bolhas, sujidades da amostra e alguns tipos de aditivos pode prejudicar o desempenho durante a análise. A Tabela 1 traz as vantagens do Método por HPLC em comparação com o Manual, tanto com relação à confiabilidade dos resultados - precisão e exatidão quanto à economia de recursos e tempo de análise. Dentre os dados apresentados na Tabela 1, destacam-se a repetitividade, que chega a ser 10 vezes melhor, o tempo de análise e o melhor aproveitamento da coluna, uma vez que o mesmo conjunto pode ser utilizado em mais de 300 análises. Um fato que contribui para os bons resultados de repetitividade 20 25 30 e reprodutibilidade é a ausência

15 Minutos

Figura 1: Cromatograma do Padrão - (Hexadecano – saturados) e Octadecylbenzeno (Aromáticos +polares)

22


Parâmetros Avaliados

D2007

D7419

Tempo aproximado de análise, horas

8,0

0,5

Quantidade Análises por Coluna

1

>300

Fase móvel

n-pentano, tolueno+acetona tolueno

Heptano

Repetibilidade Aromáticos, %

2,3

0,2*

Reprodutibilidade Aromáticos, %

3,3

0,8*

Limite de quantificação, %

N/D

0,15

* Nesta norma a repetitividade e reprodutibilidade variam em função do teor de aromáticos da amostra. Os valores mencionados são para óleo básico com até 3% de aromáticos Tabela 1: ASTM D2007 x ASTM D7419

da interferência do analista e do ambiente na preparação da coluna e durante a execução da análise. A soma desses fatores traz para esta metodologia grande confiabilidade nos resultados, como pode ser visualizado na Figura 2, em que dados obtidos em laboratório, para uma amostra de óleo básico GII de mercado, apresentaram repetitividade dentro dos limites estabelecidos pela norma. Apesar dos muitos benefícios proporcionados pela ASTM D7419, esta metodologia é pouco difundida para o setor de lubrificantes. Atualmente, a ASTM D2007 ainda é utilizada pelo API (American Petroleum Institute) como referência para classificação do óleo básico Grupo I e II, e para definição de seu nível de desempenho, segundo o BOI (Base Oil Interchangeability). Além disso, são poucos os laboratórios do segmento

Óleo Básico Grupo II

99,0

% Saturados

98,8 98,6 98,4 98,2 98,0 97,8 97,6 97,4

0

2

4 Replicatas

% Saturados Limites Inferior e Superior

6

que possuem HPLC como parte de sua instrumentação analítica, um dos motivos é o alto custo de implantação e manutenção do sistema. Embora este cenário dificulte a difusão da metodologia, ele vem se modificando nos últimos anos. Um passo significativo alcançado no ano de 2014 foi a inclusão deste ensaio no Programa Interlaboratorial de Óleo Básico realizado pela ASTM, com laboratórios do mundo todo. Já no Brasil, em 2015, iniciou-se a criação de uma norma ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) pela comissão de estudos lubrificantes do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis). A Norma publicada em abril de 2016 contribui para maior difusão da técnica no país. De um modo geral, a técnica de cromatografia líquida de alta eficiência, apesar de pouco difundida, é uma ferramenta rápida, confiável e eficaz para determinação do teor de saturados em óleos básicos minerais. Isso contribui para um controle de qualidade mais prático e efetivo do básico utilizado como matéria-prima para formulação de lubrificantes, dando suporte a crescente evolução e exigências do setor.

8 Andreza Frasson Balielo, Kelly Algayer da Silva e Talita Cristiane Maganha são especialistas da LWART LUBRIFICANTES LTDA .

Figura 2: Dados de repetitividade obtidos em laboratório

23


É hora de parar e pensar! Reflexões do CEO da Infineum, Xavier le Mintier, sobre a complexidade do sistema de especificações que definem e controlam a qualidade dos lubrificantes em todo o mundo.

G

erenciar a complexidade é uma tarefa cada vez mais difícil em um mundo sujeito a grandes mudanças econômicas, tecnológicas e regulatórias, e este é o momento certo para parar, pensar e reformular. Temos assistido, ao longo dos últimos anos, ao crescimento exponencial do investimento necessário para desenvolver novas tecnologias, e podemos antecipar que a tecnologia necessária para os produtos no futuro será ainda mais complexa. Também vimos atividades sem precedentes no desenvolvimento de uma nova onda de especificações de lubrificantes, que tem consumido grandes quantidades de recursos da indústria. Cada onda exige um investimento muito alto em pesquisa, testes, produção e distribuição, que deve ser focada na entrega de valor aos consumidores finais, em vez de apoiar processos ineficientes. Esses fatores nos levam a concluir que nossa indústria deve rever seu modelo de negócio com o intuito de minimizar o desperdício e a duplicidade, para que o aumento do investimento em tecnologia possa ser traduzido em valor para todos. Esse desejo de mudança não é novo. O que é diferente agora é o nível de determinação em se promover o debate e o compromisso para fazer as coisas acontecerem em uma escala global. A maioria dos líderes

24

Por: Xavier le Mintier

nas indústrias de petróleo e automotiva diz que, para sobreviver, e de preferência prosperar, no ambiente econômico desafiador de hoje, “é necessário remover a complexidade.” Não é que toda complexidade seja ruim. A boa complexidade muitas vezes estimula ou anda de mãos dadas com a inovação e cria valor para os clientes. Temos visto essa boa complexidade resultar em uma evolução impressionante do conteúdo inovador dos pacotes de aditivos e em uma explosão do número de opções potenciais para os clientes. Mas acreditamos firmemente que, onde vemos complexidade desnecessária, até mesmo destrutiva, devemos lutar pela simplificação, sendo o desenvolvimento de especificações uma das primeiras áreas a serem tratadas em conjunto. Relevância das especificações da indústria Não é que não haja valor nas especificações da indústria, porém, ao longo do tempo, elas se tornaram cada vez mais complexas. As especificações da ACEA, API e ILSAC foram desenvolvidas por uma boa razão: definir o nível de qualidade de um produto que proporcionará uma boa lubrificação quando usado conforme o recomendado.


Os sistemas de qualidade de lubrificantes norteamericano e europeu foram desenvolvidos há algumas décadas para atender às especificações da indústria e trouxeram, com sucesso, rigor e valor para testes de desempenho de lubrificantes para motores. Além disso, as montadoras introduziram especificações para definir os óleos adequados às necessidades específicas dos seus motores. Ambos os tipos de especificações podem agregar valor ao lubrificante; no entanto, eles também adicionam custo, e é vital equilibrar esses dois fatores para evitar uma complexidade desnecessária. Os veículos são, e continuarão sendo, cada vez mais sofisticados para atender a metas ambientais e de desempenho cada vez mais exigentes. E, para garantir que esses novos veículos estejam suficientemente protegidos, as montadoras buscam cada vez mais lubrificantes de melhor qualidade, o que resulta em uma mudança contínua nas especificações dos lubrificantes originais. Estamos empregando processos com mais de 40 anos em um ambiente que mudou radicalmente. Temos que questionar fortemente se o resultado de anos de mudanças graduais nos processos está realmente atendendo aos requisitos das principais partes interessadas e entregando valor ao usuário final de forma notória. Parece óbvio que essas especificações e a maneira como foram desenvolvidas estão se tornando inadequadas e que os processos por trás delas precisam ser mais eficientes e eficazes, algo em que devemos trabalhar em conjunto. Maior complexidade ao longo do tempo Não é preciso se esforçar muito para ver exemplos reais de como a complexidade das especificações aumentou nos últimos anos. A primeira coisa que nos vem à mente é o grande número de grupos envolvidos em trabalhos relacionados às especificações. Esses grupos e comitês foram criados com boas intenções, porém, à medida que novos requisitos foram inseridos nas especificações, eles também cresceram e se tornaram praticamente uma indústria independente. Cada grupo tem seus próprios termos de referência e talvez não haja interação suficiente com os demais, ou um real entendimento dos objetivos gerais. Esta é uma receita para a complexidade destrutiva. Há ainda mais complexidade resultante de um grande número de categorias, do número de testes de

bancada e de motor por categoria, do número de parâmetros por teste, da diversidade de níveis de SAPS e do número de graus de viscosidade, só para começar. Esta complexidade potencialmente aumenta os custos de desenvolvimento, a confusão sobre quais óleos são necessários para o mercado e o risco de má utilização. Ao mesmo tempo, esses sistemas complicados podem prolongar o tempo necessário para introduzir no mercado lubrificantes adequados às exigências atuais. Neste momento, a indústria está enfrentando a maior mudança de especificações em sua história. Estamos vendo atrasos no desenvolvimento das especificações ILSAC GF-6 e PC-11 na América do Norte e da ACEA na Europa. Entendemos que esses atrasos são uma prova de que os processos atuais estão arqueando sob seu próprio peso. E, como a indústria está cada vez mais globalizada e as demandas da Ásia e de outras economias em desenvolvimento precisam ser consideradas, está claro que chegamos a um momento de transformação. É hora de parar e reformular os processos de desenvolvimento de especificações para atender às necessidades, caso contrário, desenvolvimentos futuros fracassarão. Esta é a hora certa para mudanças Essa não é a primeira vez que a indústria faz uma pausa para reflexão. Há aproximadamente 15 anos, ela reconheceu que o sistema da época não estava funcionando e que era o momento certo para mudança, o que resultou na introdução de novos sistemas de qualidade: EOLCS para API e EELQMS para óleos ACEA. Esses sistemas foram um bom passo adiante – reduzindo a complexidade e trazendo uma padronização para os testes requeridos pelas especificações. Agora nos encontramos novamente na mesma situação e precisamos simplificar os processos que estão por trás desses sistemas de qualidade. Se aceitarmos que o que temos agora não está funcionando, temos que efetuar a mudança, e o momento não poderia ser melhor. As categorias ACEA, API e ILSAC em breve serão finalizadas, o que dará à indústria o intervalo que ela precisa para analisar seus processos. Outra urgência é que muitos dos especialistas que atuam nos comitês da indústria estão prestes a se aposentar. Se agirmos agora, poderemos usar esse recurso valioso para nos 25


A complexidade das especificações da indústria aumentou significativamente nos últimos anos

ajudar a moldar o futuro. Esta revisão deve avaliar todas as partes do processo, pois uma abordagem fragmentada nos traria de volta à posição em que estamos hoje. União pela mudança É necessário estarmos preparados para desafiar as regras e encontrar novas maneiras de viabilizar as mudanças de que precisamos. A esta altura, passos graduais não serão suficientes, se realmente quisermos alcançar um futuro mais sustentável. Devemos reconhecer que, para atingir os nossos objetivos, apesar dos desafios futuros, teremos que mudar os sistemas atuais. Ficar de braços cruzados não é uma opção. Sim, haverá desafios a serem superados. Mas os benefícios de se terem processos que permitam o rápido desenvolvimento de óleos, que realmente atendam às exigências de montadoras, produtores, formuladores e consumidores, farão com que todo o esforço tenha valido a pena. Para fazer isso, precisamos envolver a alta gerência de todas as partes interessadas ao redor do mundo. Devemos dar um passo atrás, avaliar os processos atuais de especificação da indústria, identificar as 26

questões, definir uma visão holística do que precisamos alcançar e garantir que as ações e decisões futuras estejam convergindo em sua direção. Só assim seremos capazes de aproveitar nossas experiências recentes e desenvolver um conjunto de processos atualizados e adequados para atender aos requisitos das partes interessadas. No entanto, esta atividade não terá impacto nas especificações de montadoras. As montadoras contribuem para estimular a boa complexidade, valor, inovação e desempenho, bem como a harmonização através do seu alcance global. Elas podem e vão continuar a definir suas próprias especificações, mas essas teriam, como base, especificações da indústria melhor concebidas, mais eficientes e confiáveis. A chave é ter certeza de que todos nós estamos investindo recursos onde está o valor para o consumidor, e não gastando onde há pouco ou nenhum valor agregado. Chamando a indústria para a ação Esta não é a primeira vez que essas ideias foram expressas, e, nos últimos meses, outros têm dado seu apoio à necessidade de mudança.


Porém, as tentativas até agora para harmonizar esses sistemas e procedimentos de testes tiveram um impacto limitado em simplificar e trazer eficiência à indústria global de lubrificantes. Desta vez, devemos dar um passo além, com ideias e propostas firmes de ação para trazer a mudança necessária. Em resumo, é necessário criar uma comissão interindustrial, com líderes seniores de empresas de lubrificantes, aditivos, montadoras e laboratórios de teste. Sua missão será a de ter uma visão holística dos sistemas atuais, identificar onde a complexidade prejudicial pode ser removida e definir uma visão para novos processos mais adequados ao que se destinam. Precisamos começar agora, para que, quando chegarmos à última rodada de mudanças de especificações, já estejamos trabalhando em direção a um novo sistema. Nosso objetivo é fazer com que as especificações da indústria sejam um conjunto de testes e limites cuidadosamente projetados para a maioria das aplicações globais, mas que também cubram

as necessidades regionais. Esses testes serão desenvolvidos através de processos simples e claros que deem confiança à indústria. Não será fácil. É sempre um desafio fazer com que todos apoiem mudanças. Precisaremos de ambição para fazer as coisas acontecerem e, então, de determinação e do envolvimento de todos para garantir que seremos bem sucedidos. Envie um e-mail time-out@infineum.com para registrar seu apoio a esta iniciativa, fazer sugestões ou se envolver no desenvolvimento de especificações futuras da indústria que sejam menos complexas, a fim de que possamos nos concentrar na criação de um futuro mais próspero e inovador.

Xavier le Mintier é CEO da empresa de aditivos Infineum

27


O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números do mercado brasileiro de lubrificantes referentes ao ano de 2015, fruto de pesquisa realizada pela Editora Onze junto aos principais agentes do mercado e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números de todos os produtores.

O mercado brasileiro de lubrificantes no ano de 2015 Mercado Local Óleos Lubrificantes:

1.374.300 m3

Produção Local: Automotivos: Industriais:

1.375.000 m3 985.000 m3 390.000 m3 38.000 m3 38.700 m3

Importação de óleos acabados: Exportação de óleos acabados: Mercado Total Graxas:

1.320.000 m3

Óleos Básicos: Mercado Local:

48.200 t

Produção Local: Refinarias: Rerrefino:

877.000 m3 641.000 m3 236.000 m3

Importação: Exportação:

490.000 m3 47.000 m3

Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras e Pesquisa Lubes em Foco

Obs: Os óleos de transmissão, de engrenagens e os óleos básicos vendidos à indústria estão incluídos no grupo dos industriais

* Não considerados óleos brancos, isolantes e a classificação “outros”.

Mercado SINDICOM1 •Comparativo 2015/2014 por região (período jan-dez) Mil m3

Análise comparativa por produtos

640

2014 2015

900 800

Total de lubrificantes por região

Mil m3

623.912

560

872.885

2014 2015

596.389

815.283

700

480

600

400

500

320

400

240

200 100

230.179

339.917

INDUSTRIAIS

AUTOMOTIVOS

346.961

42.453

0

GRAXAS (t)

300

211.215 185.198

160

129.137

80 38.702

0

93.873

SUL

SUDESTE

120.915

88.161

NORTE

NORDESTE

CENTRO OESTE

Lubrificantes industriais por região

Mil m3

Lubrificantes automotivos por região

Mil m3

420

2014 2015

387.040

360

2014 2015

200

361.276

185.682

175 300

180

125 100 174.796

162.086 137.238

120

75

128.471 98.814

74.997

60 0

186.538

150

240

SUL

SUDESTE

92.236

71.215

NORTE

50 46.913

25 NORDESTE

CENTRO OESTE

0

42.207

41.498

43.331 24.510

16.198 SUL

SUDESTE

23.407

14.532

NORTE

1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: Ale, BR, Castrol , Chevron, Cosan, Ipiranga, Petronas, Shell, Total e YPF.

28

177.222

NORDESTE

CENTRO OESTE


Participação de Mercado de óleos Ano de 2015

10,0%

25,4%

16,0% 1,6% 1,9% 1,9% 7,9%

14,2% 8,4% 8,6%

Participação de Mercado de Graxas Ano de 2015

14,1%

BR Ipiranga Cosan/Mobil Chevron Petronas Shell Castrol Total Lubrif. YPF outros

19,0%

7,4% 7,6% 15,9% 11,0%

14,4%

14,6%

BR Chevron Ipiranga Petronas Ingrax Shell Cosan/Mobil Outros

NOTA: Os dados de mercado correspondentes a anos anteriores podem ainda ser encontrados no site da revista, no endereço www.lubes.com.br, no item do menu SERVIÇOS / MERCADO.

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Programação de Eventos Internacionais Data

Evento

2016 Março, 8 a 11

Fuels and Lubes Week 2016 - Cingapura: www.fuelsandlubes.com/flweek/

Abril, 16 a 19

28th. ELGI Annual General Meeting - Veneza - Itália: www.elgi.org

Maio, 15 a 19

71st.STLE Annual Meeting & Exhibition - Las Vegas, EUA: www.stle.org

Outubro, 17 a 20

ILMA Annual Meeting 2015 - Boca Raton, Flórida, EUA - www.ilma.org/events

Nacionais Data

Evento

2016 Abril, 25 a 29

23º Agrishow 2016- Ribeirão Preto. São Paulo: www.congresso-fenabrave.com.br

Maio, 17 e 18

6º Seminário de Laboratório - Rio de Janeiro: www.ibp.org.br

Junho, 14 e 15

6º Encontro com o Mercado - América do Sul - Rio de Janeiro - RJ; www.lubes.com.br

Cursos Data

Evento

2016 Julho, 20 a 22

Lubrificantes e Lubrificação - Rio de Janeiro: www.ibp.org.br/cursos

Abril, 4

Análise de Falhas e Soluções de Problemas de Equipamentos Mecânicos - Rio de Janeiro: www.ibp.org.br/cursos

Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.

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Em tempos difíceis, é preciso encontrar o caminho certo!

Guia de Negócios da Indústria Brasileira de Lubrificantes Para estimular negócios e demandas, o guia divulga os principais agentes da cadeia produtiva, por meio de uma composição de empresas, segmentadas por área de atuação, divididas em seções específicas. O guia oferece informações precisas, com qualidade e constante aperfeiçoamento Sua empresa vai estar acessível e será facilmente encontrada por: • • • •

•milhares de indústrias consumidoras de lubrificantes; formuladores e produtores de óleos e graxas; frotistas e transportadores; outros interessados no setor de lubrificantes e graxas.

Acesse já nossa página na internet em www.gnlubes.com.br ou faça contato por comercial@gnlubes.com.br e pelo tel:(21) 2224-0625

Empresas da cadeia produtiva da indústria de lubrificantes e graxas

2016


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