Revista lubes em foco edicao44

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Ago/Set 14 Ano VIII • nº 44 Publicação Bimestral

EM FOCO

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A revista do negócio de lubrificantes

API GL-5: Categoria questionada

Padrões atuais mostram que esse nível de desempenho pode não proteger adequadamente os equipamentos modernos.

Filtros by-pass em motores diesel

Utilização que proporciona um maior controle de contaminantes para um melhor desempenho.


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Editorial As indefinições políticas e econômicas decorrentes de um ano eleitoral disputadíssimo foram agravadas, ainda mais, como ingredientes próprios de um país que luta para se transformar em um participante de peso no cenário mundial. Dizer que grandes efeitos negativos para a produção industrial vieram das festas de carnaval tardias e de um evento esportivo internacional que parou o país por quase um mês, parece um tanto estranho e não tão sério diante da necessidade de desenvolvimento e recuperação de perdas também provocadas por uma conjuntura mundial complicada. A visão geral deste cenário nos traz um horizonte nublado para o ano de 2014, que deverá apresentar uma queda considerável do mercado de lubrificantes e já sinalizou o retorno a patamares iguais aos de 2012, o que nos faz aceitar como perdido todo o ano de 2013 e seu crescimento animador. Menor atividade industrial implica naturalmente menos lubrificantes sendo comercializados e, consequentemente, menor quantidade sendo reciclada. Os efeitos são sentidos pelos produtores, rerrefinadores e importadores, com reflexo direto em toda a cadeia produtiva. Os incentivos à indústria automobilística não conseguem manter o nível de produção de automóveis, e o mercado internacional não cresce de forma compensatória. Se as perspectivas de curto prazo ainda estão nebulosas, o poder de um país com as dimensões e recursos naturais existentes no Brasil não pode ser negado. A indústria do petróleo continua potencialmente poderosa e atrai os olhares de grandes players mundiais, como ficou provado na última edição da feira Rio Oil&Gas, em setembro. As exigências ambientais e os requisitos de qualidade que recaem sobre os lubrificantes são fatores inegáveis de crescimento da demanda por produtos de maior tecnologia, trazendo à luz temas importantes como novas classificações de desempenho, novas regras de cadastramento de empresas, óleos básicos de grupo II e III, os biolubrificantes, produtos de grau alimentício etc. O mercado brasileiro já deu provas de estar amadurecendo para uma nova realidade e segue em busca de caminhos que confirmem essa perspectiva. Simpósios, encontros, cursos, palestras e grupos de estudo são o exemplo vivo de que há movimento e vontade de todos os participantes de desenvolver o mercado, consolidando segmentos e abrindo novos horizontes. Não esperamos muito deste ano e ainda temos receio de que medidas corretivas da economia possam dificultar uma rápida retomada no próximo ano, mas acreditamos na evolução tecnológica e em uma perspectiva positiva de médio prazo para o mercado brasileiro de lubrificantes, esperando que políticas equivocadas não nos façam retroceder a pontos já ultrapassados e nem perder posições já conquistadas. Os Editores

Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Angela Maria A. Belmiro - reg. 19.544-90-69

Editor Chefe Pedro Nelson A. Belmiro Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni

Impressão Grafitto Gráfica e Editora Ltda.

Capa Antonio Luiz Souza Machado da Cunha

Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 assinaturas@lubes.com.br

Redação Tatiana Fontenelle

Tiragem 4.000 exemplares

Layout e Editoração Antônio Luiz Souza Machado da Cunha

E-mail dos leitores e site leitores@lubes.com.br www.lubes.com.br

Revisão Angela Belmiro

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Sumário 6

API GL-5: Não tão bom quanto se pensa Especialistas mostram que essa categoria pode não ser adequada para a lubrificação de equipamentos modernos.

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Drivers da indústria de lubrificantes

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SMS - Alfabetização em Química

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Utilização de filtros by-pass em motores diesel

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Graxas biodegradáveis

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Pascagoula: Um volume para inundar o mercado

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Mercado em Foco

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Os fatores que impulsionam um segmento em constante evolução, e seus impactos na América do Sul.

A utilização crescente dos produtos químicos na vida moderna, exige maior compreensão dessa disciplina.

Filtros especiais que proporcionam maior controle de contaminantes e melhor desempenho do motor.

Um mercado com tecnologia específica e grande expectativa de crescimento em futuro próximo.

Como a planta de óleos básicos da Chevron modifica as relações de mercado nos EUA e no mundo.

Informações sobre o mercado brasileiro de óleos e graxas.

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API GL-5:

Não tão bom quanto se pensa Por: Equipe técnica da Lubrizol

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uando é que um lubrificante de eixo é o lubrificante certo? Mais importante, qual o é o lubrificante que oferece o nível adequado de proteção para seu equipamento? Se seu equipamento exige o uso de uma categoria de desempenho API GL-5, qualquer produto alegando atender a esse requisito deveria, em teoria, ser bom o suficiente. Mas a questão é até que ponto a Categoria API GL-5 é boa o suficiente para proteger o equipamento? A Categoria API GL-5 define o nível mínimo de desempenho que um lubrificante deve oferecer, a fim de proteger os eixos hipoides usados em várias aplicações. A definição original e os requisitos da Categoria API GL-5 foram elaborados há muitos anos e, pelos padrões de hoje, não foram muito bem definidos. Por exemplo, os critérios de aprovação/reprovação de alguns desses testes foram objeto de interpretação, e não ficou claro que testes deveriam ser executados nos lubrificantes multigrados ou multiviscosos, de uso cada vez mais abrangente hoje em dia. Como resultado, não

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havia nenhuma garantia que um lubrificante alegando cumprir os requisitos da Categoria API GL-5 oferecesse proteção satisfatória em equipamentos modernos. Um Grupo de Trabalho dentro da Sociedade Americana para Ensaios e Materials (American Society for Testing and Materials ASTM) recentemente analisou as definições e os requisitos de desempenho da Categoria API GL-5 e determinou que era hora de publicar um novo documento para preencher as lacunas que haviam sido identificadas. Isso resultou na publicação de um novo padrão, o ASTM D 7450, que claramente define os requisitos da Categoria API GL-5. Algumas das principais áreas de melhoria proporcionadas por esse documento atualizado são: • Os testes necessários para um lubrificante estão claramente especificados, de acordo com o grau de viscosidade do lubrificante. Isso significa que não há mais confusão sobre que testes devem ser feitos nos lubrificantes para engrenagens com viscosidade SAE 75W-XX, mais empregados hoje em dia.


• Critérios de aprovação/reprovação melhor definidos para todos os testes, o que diminui as chances de um fluido inadequado não ser detectado. • O ASTM D 7450 especifica o uso do teste ASTM D 6121, que é a versão atualizada do legendário teste L-37. Esse teste avalia a proteção contra o desgaste produzido em condições de baixa velocidade e alto torque, sendo um bom indicador da eficácia dos pacotes de aditivos de desempenho. • O ASTM D 7450 exige que todos os testes de desempenho sejam conduzidos em bancadas de teste calibradas e monitoradas pelo Centro de Monitoramento de Testes da ASTM. Além disso, todas as classificações nominais do equipamento desses testes devem estar calibradas por uma instituição homologada ou credenciada. • O ASTM D 7450 está prontamente disponível em todo o mundo, o que reduz a complexidade logística para distribuidores e usuários finais. • O ASTM D 7450 será revisto e atualizado pelo menos uma vez a

cada cinco anos, para garantir que os métodos de teste especificados no âmbito dessa categoria sejam apenas os atuais e amplamente disponíveis. Embora a Categoria API GL-5 agora esteja mais claramente definida que no passado, ainda existem muitas deficiências básicas nessa especificação de desempenho, como se tornou evidente nestes últimos anos. Por exemplo, a Categoria API GL-5 define um nível básico de desempenho em relação ao desgaste e à oxidação, mas não trata de áreas importantes, como proteção contra formação de depósitos que limitam a vida dos elastômeros das vedações, mancais e outros componentes do equipamento. Também não considera potencial de degradação dos elastômeros usados na vedação devido à interação química com o lubrificante, bem como a questão básica da compatibilidade de um fluido com outro. Todas essas questões são importantes e devem ser consideradas, de modo a garantir que o equipamento opere de forma eficiente e eficaz ao longo de sua vida.

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Outra preocupação envolvendo a categoria API GL-5 refere-se à sua natureza autocertificadora. Isso significa que o usuário final deve contar com o fabricante do fluido para atestar o desempenho do lubrificante, sem qualquer análise dos dados por uma organização independente. Uma opção para solucionar essa deficiência é o uso de um lubrificante que tenha sido aprovado pelo fabricante original do equipamento (Original Equipment Manufactuer, OEM em ingles). Produtos aprovados pelo fabricante do equipamento são resultado de esforços conjuntos entre OEMs, fornecedores de tecnologia em lubrificantes e aditivos de desempenho, garantindo a adequação do lubrificante ao equipamento. Outra solução para esse problema é passar para algo melhor do que categoria API GL-5, e esse “algo melhor” é o padrão SAE J2360. O padrão SAE J2360 surgiu em 1998, porém evoluiu de um contexto militar que remonta à década de 1940. As forças militares dos EUA exigiam que os lubrificantes fornecidos atendessem

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aos mais elevados padrões de desempenho e abordassem todas as áreas de interesse no que tange à proteção contra falhas de equipamento. Isso foi alcançado através do desenvolvimento e da manutenção de suas próprias especificações militares. Quando os militares solicitaram à indústria que os ajudasse a reduzir custos e melhorar a eficiência através do desenvolvimento de normas não governamentais, a Sociedade E n g e n h e i r o s Automotivos - SAE (Society of Automotive Engineers) respondeu com o desenvolvimento do padrão SAE J2360. Esse padrão foi o equivalente técnico da especificação MIL-PRF-2105E de então, que os militares posteriormente cancelaram para adotar o padrão SAE J2360 em seu lugar. Em 2012, o escopo do padrão SAE J2360 foi revisto para expandir sua abrangência e incluir veículos comerciais. Muitos nos setores de lubrificação e de veículos comerciais acreditam que agora é o momento de deixar a categoria API GL-5 para trás e adotar o SAE J2360 como padrão mundial para desempenho dos lubrificantes de engrenagem. Na próxima edição desta revista, faremos uma revisão detalhada no desempenho superior do padrão SAE J2360 em relação ao GL-5. Esse artigo fornecerá uma visão geral dos requisitos dessa especificação, como também explicará por que o uso de lubrificantes atendendo ao nível de qualidade SAE J2360 pode melhorar o desempenho e a longevidade do seu equipamento.

Equipe técnica da Lubrizol


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Drivers da indústria de lubrificantes Os fatores que impulsionam um segmento em constante evolução. Por: Gustavo Eduardo Zamboni

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om as novas tecnologias que surgiram no pós-guerra, as indústrias americanas ficaram liberadas para revolucionar a produção industrial, possibilitando inúmeras melhorias em setores tão diversos como saúde, transporte, comunicação e segurança. Assim, a segunda metade do século XX apresentou uma mudança tecnológica que revolucionou a forma de ver o mundo e interagir com a sociedade. Essa revolução alterou não somente o comportamento do ser humano como também as expectativas que ele tem sobre o meio ambiente que o rodeia. Dessa forma, foi modificada a maior parte das tecnologias e processos que o mundo conhecia, criando-se novas máquinas e equipamentos, à medida que a ciência dos computadores avançava. O impacto desses desenvolvimentos sobre a indústria automotiva e de máquinas e equipamen-

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tos trouxe como resultado a necessidade de mudanças também para a indústria de lubrificantes, que precisou dar um salto qualitativo para acompanhar esse novo mundo. O desenvolvimento de novas tecnologias automotivas mais eficientes e proporcionando maior conforto para os usuários transformou definitivamente a indústria de lubrificantes. Vamos então analisar quais são as tendências do mercado de lubrificantes e os fatores que o impulsionam (drivers) e que fazem a dinâmica desse mercado. A indústria mundial de lubrificantes tem como principais drivers: • Meio ambiente e regulação: A crescente noção de sustentabilidade e conservação ambiental impõe novos desafios para a indústria de lubrificantes. Com a concientização crescente sobre o uso do meio ambiente, encontramos cada dia mais leis e normas que


regulam e controlam as emissões, o dióxido de carbono e o consumo de combustíveis dos veículos. Essa regulação dos mercados está se acelerando em todo o mundo e afeta fortemente a indústria no presente e a estratégia a ser seguida para os próximos anos. • Mercados emergentes: A concorrência muda de característica, quando comparamos os mercados desenvolvidos e os emergentes. Enquanto nos mercados desenvolvidos, em média, 25 empresas são responsáveis por cerca de 80% do volume de lubrificante comercializado, nos mercados emergentes somente seis empresas, em média, respondem por esse volume, levando a estratégias de marketing diferentes segundo o mercado em que a empresa pretende participar. • Consumidor final: É importante perceber que o aval de qualquer produto lançado em um mercado é sua aceitação pelo consumidor final, isto é, não é somente o cumprimento dos aspectos tecnológicos ou regulatórios que farão de um produto uma unanimidade, mas, sim, a opinião do consumidor.

Cada um desses drivers apresentados sofrem as influências de diversos fatores, como: 9 9 O país ou região onde o lubrificante é comercializado, já que, além do clima e condições ambientais do local, teremos regulações governamentais próprias, tecnologias cujas especificações devem ser cumpridas, além de consumidores com diferentes perfis; 9 9 A complexidade de relações entre os diferentes participantes da cadeia de negócios do setor, como fornecedores de básicos, aditivos, embalagens etc.; 9 9 O correto gerenciamento logistico de abastecimento de matérias-primas e materiais para uso na produção, visando evitar tanto os custos de capital imobilizado em estoque por excesso de produção, quanto o desabastecimento do mercado por falta de produto; 9 9 Por último, existe a tecnologia que, nas últimas décadas, vem mudando rapidamente e requerendo cada vez mais um melhor desempenho da indústria de lubrificantes.

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Drivers e desafios para lubrificantes automotivos da América do Sul A região está inserida dentro das mudanças globais, porém com algumas peculiaridades próprias: • Desenvolvimento de sistemas de transmissão compatíveis com novas regulações globais sobre emissões. Os avanços nas regulações da região estão acontecendo numa velocidade maior que no resto do mundo, como consequência da globalização e unificação de padrões mundiais. • Aumento, de forma acelerada, da utilização de lubrificantes de melhor desempenho como consequência de uma crescente renovação das frotas de veículos pesados e de passageiros. • Variabilidade excesiva na qualidade de combustíveis. Os combustíveis de ultra baixo teor de enxofre estão restritos a algumas grandes cidades, tendo no restante características variáveis. • Necessidade de importação de óleos básicos de melhor qualidade. Os óleos de grupos II e III, que ganham cada vez mais espaço no mercado, ainda não são produzidos na região, com raríssimas exceções.

Um item importante, que na área industrial é muitas vezes esquecido, é o das necessidades e desejos que os consumidores precisam satisfazer. Os consumidores estão atrás do redução de custos e aumento de eficiência, porém sem perder o desempenho dos motores utilizados. Assim, para os diferentes tipos de consumidor, a redução de custos, a eficiência e o desempenho tem diferentes significados. Desta forma para: • OEM – Isso significa cumprir todas as leis e regulações estabelecidos por qualquer nível de governo ou pela própria empresa visando satisfazer as necessidades dos seus clientes. Isto os ajudará a desenvolver uma demanda para seus produtos e gerar fidelidade dos clientes a sua marca além de manter um mix de produtos adequado ao mercado que pretendem atender. 12

• Distribuidoras – Significa o desenvolvimento de novos produtos e serviços para atender à demanda e necessidades dos seus clientes. • Consumidor final – O consumidor tem como objetivo obter um melhor desempenho global do seu carro e não simplesmente um carro com economia de combustível adequada. É claro que, enquanto um consumidor de carros de passageiros estará à procura de conforto, simplicidade ou potência, o consumidor de um veículo comercial procura confiabilidade, pouca manutenção e custos reduzidos. Globalização e evolução dos veículos Os veículos estão numa contínua evolução, que requer diversas adequações da indústria de lubrificantes para se manter atualizada, principalmente nos seguintes aspectos: • Sistema de transmissão - Vem sofrendo diversas alterações tecnológicas, como a introdução das transmissões continuamente variáveis (CVT). • Design - Entre outras coisas, os departamentos de desenvolvimento de novos modelos das montadoras estão à procura de melhorias na aerodinâmica e redução do peso do veículo. Dessa forma, carros de última geração com motores menores e mais leves requerem lubrificantes mais avançados, o que resulta em novos desenvolvimentos, novas especificações e novos testes. • Combustíveis - Pode-se observar cada vez mais a utilização de diversos tipos de combustíveis como gás, hidrogênio, Diesel, biocombustíveis e gasolina de baixo teor de enxofre. Tudo isso cria novos e grandes desafios para a indústria de lubrificantes que, aos poucos, deixou de estar integralmente focada em garantir a durabilidade dos equipamentos, para observar outros aspectos como emissões e eficiência do sistema. Drivers que impulsionam o desenvolvimento de novos lubrificantes 9 9 Aumento da eficiência de motores e máquinas - O desenvolvimento de veículos e máquinas de alta eficiência, com redução de tempos de paradas e rotinas de manutenção de curta duração,


leva à necessidade de trabalhar com lubrificantes com uma vida útil extendida, ou seja, com maior período entre as trocas. 9 9 Desenvolvimento de novos motores com menor consumo de combustível - Os usuários procuram equipamentos que proporcionem custos menores e com maior eficiência energética. 9 9 Fatores sociais e de meio ambiente - Existe uma crescente pressão dos consumidores e órgãos reguladores à procura de tecnologias que agridam menos o meio ambiente, visando à redução de emissões, à biodegradabilidade, à toxicidade reduzida, ao uso de combustíveis alternativos e à maior economia de combustíveis.

América do Sul, que, apesar de ainda ter um longo caminho a percorrer em termos de avanços tecnológicos, educação e desenvolvimento econômico, é obrigada a adequar sua indústria de lubrificantes a equipamentos e legislações mais exigentes. O lançamento de novas categorias de óleos automotivos, por exemplo, já se faz em vários países quase que concomitantemente com os mercados mais evoluídos, e a renovação da frota também tem sido fator importante nos últimos anos. Com isso, óleos menos viscosos, básicos de melhor qualidade e aditivos com tecnologia de ponta são exigidos, abrindo um mercado promissor para novos players e também obrigando a uma reorientação das indústrias locais.

Conclusões A globalização da indústria automotiva e a crescente conscientização mundial sobre a preservação do meio ambiente se juntam aos desafios econômicos que levam consumidores a exigirem mais eficiência com melhor qualidade. Esse cenário vem crescendo substancialmente na

Gustavo Eduardo Zamboni é Engenheiro Industrial, formado pela Universidade Nacional de Buenos Aires - Argentina, com pósgraduação em Marketing e Análise de Sistemas

A tecnologia dos melhores fabricantes do mundo agora ao alcance de sua empresa. BASES SINTÉTICAS (POLIALFAOLEFINAS, ÉSTERES, NAFTALENO ALQUILADO e GRUPO III) ADITIVOS PARA COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES MARCADORES PARA COMBUSTÍVEIS CORANTES PARA LUBRIFICANTES E COMBUSTÍVEIS

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SAÚDE - MEIO AMBIENTE - SEGURANÇA

Uma Integração Estratégica

ALFABETIZAÇÃO EM QUÍMICA Por: Newton Richa

Em seu livro “A Teia da Vida”, o físico Fritjof Capra enfatiza a importância da construção e educação de comunidades sustentáveis, com base nas lições extraídas do estudo dos ecossistemas, que são comunidades sustentáveis de plantas, animais e microrganismos. Assinala que, para compreender essas lições, precisamos aprender os princípios básicos da Ecologia e, nesse contexto, criou o conceito de “alfabetização ecológica”. Nessa perspectiva, a União Europeia adotou a abordagem estratégica “Juntos pela Saúde” (Together for Health), no período 2008/2013. A iniciativa enfatiza a importância da responsabilidade pessoal no cuidado da própria saúde e estabelece o conceito de “alfabetização em saúde”, definido como o desenvolvimento de habilidades para ler, selecionar e compreender as informações, para

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estar apto a fazer julgamentos fundamentados no cuidado da própria saúde. Usados de forma crescente nas últimas décadas, os produtos químicos são de importância vital para o bem-estar econômico e social da sociedade, em termos de comércio e emprego. Eles ajudam a melhorar a saúde e a qualidade de vida da população por meio do desenvolvimento de novos medicamentos, segurança alimentar, agrotóxicos e muitos outros produtos. No entanto, em todo o seu ciclo de vida (produção, armazenamento, transporte, utilização e descarte dos resíduos), esses produtos podem ser liberados no ambiente, causando acidentes, doenças e poluição, que resultam, também, em perdas econômicas. O Brasil é hoje o quinto maior produtor químico mundial em quantidade, sendo que, com a crescente produção de petróleo e gás no Pré-Sal, deve avançar rumo à liderança. Por outro lado, em consequência do sucesso do agronegócio, o Brasil é atualmente o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Progressivamente os produtos químicos estão presentes nos locais de trabalho e de permanência das pessoas, nos alimentos e no meio ambiente, gerando crescentes situações de exposição. Entretanto, a sociedade brasileira encontra-

-se pouco informada e despreparada, em termos de recursos humanos e laboratoriais, para a prevenção e o diagnóstico de doenças ocupacionais e ambientais causadas por produtos químicos. Nesse contexto, a Comissão Nacional de Segurança Química (CONASQ), colegiado vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, aprovou, em 04 de dezembro de 2013, um Termo de Referência de Educação em Segurança Química, com o objetivo de propor estratégias para o desenvolvimento e a consolidação de uma cultura de Segurança Química compatível com as necessidades da sociedade brasileira, como base para a prevenção e o controle dos efeitos adversos dos produtos químicos, em todas as fases dos respectivos ciclos de vida. No Seminário de Educação em Segurança Química, realizado pela Fundacentro, em São Paulo, em 10/09/2014, como iniciativa de implementação do Termo de Referência supracitado, três episódios relatados chamaram a atenção para a falta de informação das pessoas em questões básicas relacionadas à Química, à consequente falta de percepção dos riscos e, daí, à falta de cuidados primários. Uma empregada doméstica misturou Ajax (hidróxido de amônio - NH 4OH) e água sanitária (hipoclorito de sódio - NaClO) e aplicou a mistura no piso do banheiro, dentro do box, com a porta fechada. A reação química entre os dois produtos formou gás cloramina (NH 2Cl). Felizmente, ela conseguiu sair do banheiro para uma área ventilada. Por pouco ela poderia ter perdido a consciência dentro do box e sofrido consequências graves. NH4OH + NaClO = NaOH + H2O + NH2Cl Reação química entre Hidróxido de Amônio e Hipoclorito de Sódio.

A Sociedade Real para a Prevenção de Acidentes do Reino Unido (The Royal Society for the Prevention of Accidents), em 2002, estimou que ocorram cerca de 3.300 acidentes que necessitam de tratamento hospitalar, causados por soluções de hipoclorito de sódio, a cada ano, nos lares britânicos. O segundo relato consistiu em grave acidente químico ocorrido em Bataguassu, MS. Um motorista descarregou Koramin – produto empregado para limpar pelo de couro, à base de sulfeto de sódio (Na 2S) – em um tanque contendo um produto incom15

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patível – Kromium (sulfato de cromo CrSO4 e ácido sulfúrico H2SO4). Ocorreu uma forte reação química, com liberação de gás sulfídrico (H 2S), um poderoso asfixiante. O acidente teve como danos imediatos quatro trabalhadores mortos e 24 internados.

Tanque 1 Koramim Na2S Na2S + H2SO4

Tanque 2 Kromium CrSO4 + H2SO4 Na2SO4 + H2S

Reação química entre sulfeto de sódio e ácido sulfúrico

O terceiro caso tratou da morte de um jovem em Itaipava, Distrito de Petrópolis, RJ, que, em virtude do frio, fechou a janela do banheiro para tomar banho quente. O aquecedor a gás, localizado dentro do banheiro, em consequência da combustão incompleta do GLP, gerou monóxido de carbono, outro poderoso asfixiante que, pela falta de ventilação, atingiu concentração mortal. Os três episódios são uma amostra do que ocorre cotidianamente no país, assinalando como a falta 16

de informação básica em Química acarreta situações de risco e graves acidentes em praticamente todos os segmentos da sociedade brasileira. A utilização crescente dos produtos químicos na vida moderna, aliada à importância da produção química do país, aponta para a necessidade de um amplo movimento de alfabetização em Química no país. Nessa perspectiva, a educação brasileira, em todos os níveis, deve contemplar a progressiva construção de uma cultura de Segurança Química, alicerçada no efetivo ensino dos conceitos fundamentais de constituição da matéria, átomos e moléculas; estrutura atômica: prótons, nêutrons e elétrons; combinações químicas; valência e nº de oxidação; eletrovalência e covalência; ligações polares e apolares; solubilidade; as principais funções da Química Inorgânica e suas propriedades; as principais funções da Química Orgânica e suas propriedades; as incompatibilidades entre os produtos químicos e demais conceitos básicos de Química, essenciais para o uso e o trabalho, de acordo com os requisitos de segurança, saúde e proteção do meio ambiente.

Newton Richa é Mestre em Sistemas de Gestão (UFF 2009), Professor dos Cursos de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Engenharia de Manutenção da UFRJ


Filtros by-pass Vantagens do uso em motores de combustão interna ciclo diesel

Por: Marcos Thadeu G. Lobo

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lguns contaminantes sólidos, tais como sujidades, partículas de desgaste etc., levam a abrasão e desgaste (anéis, camisas, cames da árvore de comando de válvulas, casquilhos da árvore de manivelas etc.). Outros contaminantes, como a fuligem, borra, óxidos insolúveis, componentes glicólicos etc., podem contribuir para formação de depósitos na zona de combustão (coroa, canaletas e saia dos êmbolos) e área das válvulas (hastes e guias de válvulas) do motor. Esses depósitos podem também contribuir para desgaste e problemas de eficiência de combustão nos motores de combustão interna Ciclo Diesel. Recentes estudos da sensibilidade dos motores de combustão interna Ciclo Diesel a contaminantes têm averiguado que todos os contaminantes sólidos citados são muito importantes no que diz respeito à confiabilidade e eficiência de operação

Filtro bypass com meio filtrante de profundidade de algodão e porosidade de 1 mícron

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Filtro by-pass com meio filtrante de profundidade de algodão e porosidade de 1 mícron

Filtro by-pass com meio filtrante de profundidade de algodão e porosidade de 1 mícron

Filtro de vazão total (1) e filtro de vazão total e by-pass (2)

dos motores de combustão interna Ciclo Diesel (relacionada a emissões, economia de combustível, consumo de óleo lubrificante etc.). Os mencionados contaminantes ficam em suspensão no óleo lubrificante presente no cárter em tamanhos que variam de submícron até mais que 100 micra. Os melhores filtros de vazão plena apresentam eficiência de captura de, no máximo, 50% em partículas de tamanhos iguais ou maiores que 10 micra. Partículas de fuligem em suspensão de menor tamanho e insolúveis polares que são causa de desgastes e depósitos não são controlados efetivamente pelos

filtros de vazão plena. Por essa razão, meios filtrantes de profundidade de celulose comprimida usados como filtros by-pass podem oferecer muitos benefícios na remoção dos finos orgânicos e partículas inorgânicas. Em combinação com filtros de vazão plena os benefícios podem ser menor desgaste, menor consumo de óleo lubrificante, maior eficiência de combustão e vida útil mais longa para o óleo lubrificante. Há, no mercado, uma ampla variedade de filtros by-pass incluindo os separadores-centrifugadores. Fatos a serem considerados na compra de filtros by-pass de óleo lubrificante para motores de combus-

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tão interna Ciclo Diesel incluem a razão P – Q (Pressão Vazão), Razão Beta ou Eficiência de Captura, digamos, a 3 micra, 6 micra ou 15 micra e a capacidade de retenção de sujidades. Se o fornecedor do filtro by-pass para óleo lubrificante de motor de combustão interna Ciclo Diesel tem procedimentos padronizados de teste, essas informações certamente estarão disponíveis para consulta. Filtros by-pass para motores de combustão interna Ciclo Diesel também aumentam o volume total de óleo lubrificante usado pelo motor, o que significa que maior quantidade de aditivos estará disponível no óleo lubrificante e, também, maior volume de fluido com vistas a se diluir a concentração de contaminantes. Podemos dizer, então, que a contaminação do óleo lubrificante utilizado em motores de combustão interna Ciclo Diesel causa desgaste prematuro dos componentes mecânicos móveis e colapso do óleo lubrificante. Partículas contaminantes do tamanho das folgas dinâmicas entre as superfícies móveis em operação causam a maior parte dos problemas de desgaste. As folgas dinâmicas entre as partes móveis

críticas dos motores de combustão interna Ciclo Diesel variam de 0 a 15 micra, sendo que mais de 99% das partículas contaminantes do óleo lubrificante utilizado nos motores de combustão interna Ciclo Diesel têm as suas dimensões também no intervalo de 0 – 15 micra. Em face do exposto, a fim de se melhorar o desempenho dos motores de combustão interna Ciclo Diesel, temos que controlar a contaminação do sistema de lubrificação por minimizarmos a presença de partículas de desgaste com dimensões inferiores a 15 micra sendo a instalação de filtros by-pass corretamente selecionados uma ótima maneira de se conseguir esse alvo.

Marcos Thadeu Giacomini Lobo é Engenheiro Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação da Petrobras Distribuidora S.A.

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Graxas biodegradรกveis

Produtos novos com expectativa de crescimento Por: Tatiane Zanotello

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A

s graxas biodegradáveis, como qualquer outro produto desse tipo, apresentam a característica de decompor-se facilmente pela ação bacteriana, ou seja, são facilmente oxidadas por colônias de bactérias presentes na água dos rios, água ou solo, produzindo gás carbônico. São desenvolvidas para aplicações específicas, que atendem às mais variadas exigências das indústrias alimentícia, farmacêutica, cosméticos e ambiental, além de normas nacionais e internacionais, que seguem um processo de rápida expansão. Para um melhor entendimento, os lubrificantes biodegradáveis são suprimentos ecológicos, uma vez que derivam de fontes vegetais e animais, além de serem usados para reduzir o atrito entre duas partes, assim como para transferência

de energia. Seu uso proporciona uma redução na dependência externa de petróleo e a constituição de uma fonte renovável de lubrificante para as indústrias. Compostas essencialmente de óleos básicos de matriz vegetal ou sintética, como ésteres sintéticos e óleos vegetais, essas graxas devem ser necessariamente formuladas com aditivos de baixa degradação ambiental. O produto é considerado facilmente biodegradável, quando 60% da quantidade teórica de CO2 são produzidos dentro do prazo de 28 dias, pelo teste segundo o método OECD 301B. Em sua composição, os aditivos e a base devem possuir biodegradabilidade próxima dos 60 %, para que o produto final fabricado atenda à exigência. Os componentes também devem ser isentos de Mercúrio (Hg),

As graxas biodegradáveis são compostas essencialmente de óleos básicos de matriz vegetal ou sintética

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Chumbo (Pb), Cádmio (Cd), Nitritos e Hidrocarbonetos Aromáticos, conhecidos pela sua toxicidade e baixa biodegradabilidade. O uso de graxas biodegradáveis é exigido em múltiplas aplicações externas em que o vazamento ou o escorrimento da graxa pode contaminar o solo, lençol freático, sistemas de águas de superfície ou sistemas internos de águas para uso em instalações industriais. É indicado também na construção de poços para extração de água subterrânea para o consumo humano e na extração, prospecção e produção de petróleo em águas profundas. A exigência deriva-se do contato direto com o meio ambiente ao qual a peça ou equipamento está exposto, sendo muitas vezes inevitável o contato direto com a água. Muitos desses produtos possuem moléculas com cadeia linear, que são decompostas por micro-organismos capazes de quebrá-las através da produção de enzimas. Sua biodegradabilidade é melhorada, se substituirmos um dos seus componentes formados por cadeia ramificada por outro com cadeia normal ou linear. As enzimas presentes na água não reconhecem as moléculas de cadeias ramificadas presentes nos lubrificantes não biodegradáveis. Além

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disso, esses compostos não biodegradáveis podem se infiltrar no solo e contaminar as águas subterrâneas que utilizamos para beber e preparar alimentos. Ao compararmos algumas propriedades das graxas biodegradáveis com graxas minerais ou sintéticas, devemos levar em conta alguns importantes desempenhos como, por exemplo, a decomposição rápida em meio natural e um poder de contaminação praticamente nulo. Outro ponto importante é a alta estabilidade térmica e oxidativa, além de uma alta resistência à corrosão e ao desgaste, sendo uma alternativa menos tóxica, se comparadas aos sintéticos e minerais tradicionais, tornando-se assim mais populares em indústrias como a alimentícia, industrial, agrícola, automotiva, de águas residuais, aeroespacial, comercial, naval e de defesa. A partir dessas premissas, a relação custo-benefício final será igual ou ainda melhor. Além disso, as legislações ambientais

estão cada vez mais aprimoradas e exigentes, e a utilização de graxas biodegradáveis deverá se tornar uma constante nesse mercado. Esses produtos são relativamente novos e representam cerca de 2% do mercado de lubrificantes no Brasil. Podemos afirmar que razões ambientais e exigências de práticas ambientais sustentáveis, principalmente das indústrias e dos organismos de controle ambiental, farão esse segmento específico crescer acima da média do mercado de lubrificantes em geral. A expectativa é de um crescimento efetivo do volume de produção de graxas biodegradáveis nos próximos anos.

Tatiane Zanotello é coordenadora de laboratório da Elvin Lubrificantes

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Pascagoula: Um volume para mudar o mercado de básicos

Por: Judith Taylor

D

e acordo com vários produtores de óleos básicos, a planta da Chevron em Pascagoula, que se tornou recentemente operacional, pode ser considerada um agente de mudanças de grande importância para os mercados de óleos básicos norte-americano e mundial. Alguns produtores e participantes do mercado apelidaram o empreendimento, também conhecido como PBOP, de game-changer. A visão de “mudança de jogo” no mercado de básicos está merecendo muita atenção, devido ao signifi-

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cativo acréscimo de volume à capacidade de produção. “É muito óleo a ser disponibilizado”, disse um produtor de básicos, referindo-se à capacidade de produção de 25.000 barris/dia, equivalente a quase 4 mil metros cúbicos diários, de básicos do Grupo II da planta da Chevron. Acrescentando esse volume ao já existente na planta de Richmond, Califórnia, a empresa eleva a capacidade total de produção de óleos básicos do Grupo II Premium para 47.500 barris/dia, correspondente a cerca de 7,4 mil metros cúbicos/dia.


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© 2014 Chevron Oronite Company LLC. Todos os direitos reservados. Chevron, a marca Chevron, Oronite, e Adding Up são marcas registradas da Chevron Intellectual Property LLC.

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Esse volume ultrapassa a capacidade de produção de 40.300 bbl/dia da Motiva, em Port Arthur/ Texas, e mais do que dobra a capacidade de 20.200 bbl/dia da planta de básicos da Excel Paralube em Westlake, Louisiana. Além disso, coloca também os Estados Unidos em uma posição-chave na capacidade global de produção de básicos do Grupo II, conforme apresentado na tabela comparativa por região de suprimento de óleos básicos, por grupo API e em barris/dia. Na tabela 1, podemos observar que a região da Ásia-Pacifico possui uma capacidade de produção de básicos de Grupo II um pouco superior; entretanto, é necessário considerar, para fins de mercado, que seus custos de transporte e logística oferecem alguns desafios. Enquanto isso, a capacidade de produção comparativamente mínima da Europa reforça a perspectiva de mudança de jogo com a entrada da PBOP no cenário global de óleos básicos. A localização da nova unidade de óleos básicos, na refinaria de 330.000 barris/dia da companhia, em Pascagoula, Mississipi, oferece à Chevron boas opções de transporte e logística para a exportação de seus básicos de Grupo II para os mercados-alvo, incluindo a América do Sul e a Europa, além da América do Norte. No início deste ano, representantes da Chevron, discursando na conferência anual da ICIS Base Oil World, em Londres, disseram que a PBOP foi projetada para a substituição técnica de óleos básicos, com a finalidade de dar aos fabricantes de equipamentos (OEMs) maior garantia de suprimento de básicos de melhor qualidade, que é de extrema importância para o estabelecimento de uma presença global. Com o anúncio do início de produção (start up) em fins de julho passado, a PBOP já começou a atuar como agente de mudanças. As evidências de nervosismo dos participantes do mercado com relação a esse fato já haviam aparecido entre fins de maio e início de junho, quando produtores de básicos de Grupo I aumentaram seus preços de tabela, na maioria entre 10 e 15 centavos de dólar por galão. A Chevron e a Calumet anunciaram aumentos de preços de tabela para o segmento de Grupo II, mas a Motiva, a Flint Hills Resources (FHR) e a Phillips 66, que operam no mesmo segmento, não fizeram nenhuma mudança em seus preços


Outros produtores de bási• Grupo I 73,500 cos não fizeram • Grupo II 158,900 (Incluindo Pascagoula) América nenhuma mudando Norte • Grupo III 2,000 (apenas PetroCanada; sem importações) ça de preços até fins de agosto, mas, ao final do • Grupo I 200,970 mês, reduções • Grupo II 8,510 Europa de preços atin• Grupo III 12,000 giram o mercado norte-americano • Grupo I 145,010 em todos os seg• Grupo II 160,900 Ásia mentos. Os prePacífico • Grupo III 70,100 ços dos básicos de Grupo I baixaram entre 16 e Tabela 1 31 centavos por de tabela. Em 1º de julho, os participantes do galão, dependendo do seu produtor e de seu grau mercado estavam surpresos pelo fato de nenhum de viscosidade, com diferentes datas de vigência outro movimento de alta ter acontecido. Não hou- dentro do mês de agosto. Da mesma forma, os preve nenhum outro aumento de preços de básicos ços de tabela dos básicos de Grupo II baixaram de de Grupos II e II+, além dos já anunciados pela 8 a 25 centavos por galão, e os preços de básicos ExxonMobil, no princípio de maio, para este seg- de Grupo II+ tiveram redução entre 8 e 12 centavos mento, ou de Grupo III desenvolvido entre julho e por galão, dependendo do grau e do produtor, com agosto. A maioria das fontes do mercado atrelou os básicos de Grupo III baixando 12 centavos por essa situação às incertezas sobre a entrada dos galão no geral. A decisão da Chevron de eliminar sua tabevolumes da PBOP no mercado. “Isto não é norla de preços da Costa Oeste gerou uma distormal”, comentou uma fonte. Em agosto, a mudança de jogo realmente se ção sobre as mudanças de preços, já que poucos instalou, à medida que o nervosismo sobre o start participantes do mercado esperavam a remoção up operacional da PBOP se somou aos baixos cus- total desses preços. A empresa colocou todos os tos do petróleo e do gasóleo de vácuo (VGO), que seus preços de tabela com base no Golfo Norteserve como matéria-prima para a fabricação de Americano, com seu grau leve a US$ 3,35/gal, o médio a US$ 3,65/gal e o pesado a US$ 4,20/gal, óleos lubrificantes. Reduções de preços de tabela irromperam todos FOB Golfo, a partir de 26 de agosto. O governador do Mississipi, Phil Bryant, vê no mercado norte-americano em agosto, coroadas pelo comissionamento oficial da PBOP pela o empreendimento da Chevron como de grande Chevron e por sua decisão de eliminar a tabela de importância econômica para a região e para os Estados Unidos e o considera como uma evolução preços da Costa Oeste. A Motiva Enterprises anunciou que estaria redu- de mentalidade para o mercado. zindo seus preços de tabela para básicos de Grupo II a partir de 15 de agosto, levando-os para US$ 3.35/ gal, US$ 3.65/gal e US$ 4.20/gal, respectivamente para os básicos de viscosidade baixa, média e alta. Enquanto isso, alguns produtores norte-americanos Judith Taylor é a Editora Sênior da ICIS de básicos reduziram os preços de seus óleos de responsável pelo mercado petroquímico, baixa viscosidade em 10 centavos por galão e os báincluindo óleos básicos. Especialista em dinâmica de preços e logística. sicos de alta viscosidade em 25 centavos por galão. 27


O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números do mercado brasileiro de lubrificantes referentes ao 1º semestre de 2014, fruto de pesquisa realizada pela Agência Virtual junto aos principais agentes do mercado e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números dos pequenos produtores.

O mercado brasileiro de lubrificantes no 1º semestre de 2014 Mercado Total Óleos Lubrificantes

710.500 m3

Produção Local: Automotivos: Industriais:

696.000 m3 497.000 m3 199.000 m3 14.500 m3

Venda de Óleos Básicos:

Mercado Total Graxas

26.000 t

Óleos Básicos: Mercado Total

658.615 m3

Produção Local: Refinarias: Rerrefino:

470.798 m3 342.798 m3 128.000 m3

Importação: Exportação:

233.867 m3 46.050 m3

Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras, Pesquisa Lubes em Foco

Obs: Os óleos de transmissão e de engrenagens passaram a ser incluídos no grupo dos óleos automotivos

* Não considerados óleos brancos, isolantes e a classificação “outros”.

Mercado SINDICOM1 •Comparativo 2014/2013 por região (período jan-ago) Mil m3

Análise comparativa por produtos

480

2013 2014

630 560

Total de lubrificantes por região

Mil m3

605.015

2013 2014

420

(-5,9%)

435.033

569.603

490

360

420

300

350

240

280

180

(-0,6%) 228.573

70

162.375

120

31.800

0

GRAXAS (t)

140

227.185

INDUSTRIAIS

AUTOMOTIVOS

210

412.105

(-9,1%) 28.918

151.181 119.108

0

61.069

SUL

SUDESTE

60.181

NORTE

NORDESTE

83.901

CENTRO OESTE

Lubrificantes industriais por região

Mil m3

Lubrificantes automotivos por região

Mil m3

280

2013 2014

275.404

240

2013 2014

160

254.603

140 200

120

143.860

100 123.628

80

114.466 90.651

80

60

88.478 66.895

40 0

144.858

120

160

48.437

SUL

SUDESTE

47.730

NORTE

NORDESTE

40 64.326

CENTRO OESTE

20 0

32.169

30.991

24.153 10.774

SUL

SUDESTE

26.028 16.619

10.722

NORTE

1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: Ale, BR, Castrol , Chevron, Cosan, Ipiranga, Petronas, Shell, Total e YPF.

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118.338 87.804

60

NORDESTE

15.584

CENTRO OESTE


Mercado de Lubrificantes: 1ยบ sem. de 2014 (m3)

22,1%

17,5% 1,7% 1,9% 2,5%

13,5%

7,7%

9,7% 10,6%

Mercado de Graxas: 1ยบ sem. de 2014 (t)

12,9%

BR Ipiranga Mobil Shell Chevron Petronas Castrol YPF Total Lubrif. outros

7,4%

18,9%

8,6% 9,8% 17,9% 10,7%

13,1%

BR Chevron Ipiranga Petronas Ingrax Cosan/Mobil Shell Outros

13,6%

NOTA: Os dados de mercado correspondentes a anos anteriores podem ainda ser encontrados no site da revista, no endereรงo www.lubes.com.br, no item do menu SERVIร OS / MERCADO.

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Programação de Eventos Internacionais Data

Evento

2014 Outubro, 20 a 23

SAE 2014 International Powertrain, Fuels & Lubricants Meeting – Birmingham – Inglaterra: www.sae.org/events

Novembro, 4 a 6

The 3rd. ICIS African Base Oils & Lubricants Conference - Cidade do Cabo - Africa do Sul: www.icisconference.com

Novembro, 20 e 21

The ICIS and ELGI Industrial Lubricants Conference - Amsterdã - Holanda: www.icisconference.com

Dezembro, 4 e 5

10th ICIS Pan American Base Oils & Lubricants Conference - New Jersey :www.icisconference.com/panambaseoils2014

Nacionais Data

Evento

2014 Outubro

29º Congresso Brasileiro de Manutenção – Santos – SP – www.abraman.org.br

Outubro, 21

VII Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos - São Paulo - SP: www.aea.org.br

2015 Maio, 19 e 20

1a Feilub – Feira dos Produtores de Lubrificantes - São Paulo - SP; www.simepetro.com.br

Julho, 1 e 2

5º Encontro com o Mercado Lubes em Foco - Rio de Janeiro - RJ; www.lubes.com.br

Cursos Data

Evento

2014 Outubro, 22 a 24

Lubrificantes e Lubrificação – São Paulo – SP : www.ibp.org.br/cursos

Novembro, 24 a 28

Corrosão e Inibidores - Recife - PE; www.ibp.org.br/cursos

Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.

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