Ele
O rosto era informe, constituído de uma inquietude formada por três complexidades: Alegria, mistério e solidão. Possuia traços fagueiros de uma juventude arrebatada pelo suspiro da maturidade. Ele era um conjunto de coisas, traços, histórias repetidamente contadas pelos lábios de outrem. A informidade o definia, desenhava - de forma irreconhecível à cognicidade humana - os traços que personalizavam o despersonalizado. Traçava as coordenadas que levariam à sua alma. Alma misteriosa, incognoscível e descentrada de seu próprio âmago. Se alguém o visse, decerto diria "é incapaz de amar" e ao continuar observando, viria que errara. Amar era sua capacidade inata, intrínseca, secreta. Não cabia a todos por ele ser amado, era seletivo, pois amar era o que regava sua' alma. A semente mais visceral de si mesmo. O presente inesperado. A alegria exaltiva e sabiamente compartilhada. Seu rosto, transpassava certa misteriosidade, é certo. Mas ao sentir-se seguro, exalava o mais íntimo de si, em forma de sorriso. Sorriso tempestuoso, iluminado, jovial. Lâmpada fluorescente a acender as janelas sombrias da alma, daqueles que foram por ele colhidos.