NEWSLETTER
MERCADO RP
ISSN 2175-2966
Publicação Semestral dos Alunos de Relações Públicas • Ano V • N.10 • março a julho de 2014
A ascensão das Relações Públicas no mercado atual
MAIS: O RP no planejamento de campanhas socioambientais nas organizações • A polêmica das acessorias de comunicação • Relações Públicas e a postura proativa do ouvidor • Carreira militar: uma boa alternativa para os Relações Públicas etc.
EDITORIAL
A ascensão
Editorial
das Relações Públicas no mercado atual Por Daniel Sousa, Jade Marchiori e Mariana Carvalho
Caros leitores,
A newsletter Mercado RP completa cinco anos de existência, ao longo dos quais cada turma teve
dificuldades e vitórias próprias. Mas tudo isso valeu e sempre valerá a pena, ainda mais quando sabemos que o curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) é um dos poucos, no Brasil, que tem um projeto como este e consegue mantê-lo ativo, semestralmente.
No processo de produção da newsletter, é muito gratificante ver a evolução dos alunos envolvi-
dos. A preocupação, a ansiedade e o faz-e-refaz se repetem a cada edição, porém, ao final, são revertidos na satisfação de ter alcançado o objetivo pretendido, de comprovar competências e de compartilhar com todos um produto bacana.
Ainda que uma publicação seja uma atividade instrumental, caráter do qual a área de Relações
Públicas já se desvinculou, não se pode esquecer que, nos meios empresarial, governamental ou comunitário, uma newsletter não é instrumento isolado e deve ter um caráter estratégico. Daí a importância de se manter uma produção laboratório como esta nos cursos.
Parabéns à professora Luciana Saraiva Jerônimo, criadora da Mercado RP e coordenadora de
muitas edições, e a todos os alunos de Relações Públicas da UFMA pela história que estão construindo!
Boa leitura a todos!! Profa. Éllida Neiva Guedes Conrerp 236
expediente Universidade Federal do Maranhão Curso de Comunicação Social Relações Públicas Reitor: Prof. Dr. Natalino Salgado Filho Vice-Reitor: Prof. Dr. Antônio Oliveira Diretor do CCSo: Prof. Dr. César Castro Chefe de Departamento: Profª. Dra. Rosinete Ferreira Coordenador de Curso: Prof. Dr. Sílvio Rogério Rocha de Castro Editora e orientadora: Profª. Dra. Éllida Neiva Guedes Revisão: Profª Dra. Jovelina Maria Oliveira dos Reis Projeto gráfico: Dante Assunção e Jade Carvalho Fotos: arquivos pessoais. Tiragem: 1.000 exemplares. Endereço: Av. dos Portugueses, Centro de Ciências Sociais, Departamento de Comunicação Social - Bacanga - 65080-040 - São Luís- Ma.
Redação (alunos da disciplina Laboratório de Redação Jornalística e Relacionamento com a Mídia): Amanda Carvalho, Ana Beatriz Cardoso, Gustavo Ribeiro, Arthur dos Santos, Daniel Sousa, Danielle Martins, Dante Assunção, Euclides de Carvalho, Jade Marchiori, Kleo Souza, Larissa Viveiros, Laurilene Oliveira, Leandro Almeida, Lúcio Silva, Luis Carlos Junior, Marcelle Lopes, Mariana Carvalho, Nathália Ribeiro, Pablo França, Paloma França, Ramayana Mendes, Riverlan Macedo, Tamires Cristina e Wallyson Tavares.
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Desde o final do século XX, a busca pelo curso de Relações Públicas por parte de alunos que entram na universidade tem sido significativa, especialmente com o surgimento da Era Digital. O desenvolvimento de novas formas e ferramentas de comunicação, aliado à valorização da promoção do diálogo entre as organizações e seus grupos de interesse, gerou a demanda de profissionais especializados na área. Segundo avaliação feita pelo Guia do Estudante em 2014, o curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está entre os 21 melhores do Brasil, evidenciando o crescimento da área também no estado do Maranhão, fato que surpreende, principalmente, porque não era um crescimento que vinha aparecendo nos rankings anteriores. O Guia do Estudante avalia as 2.026 instituições de ensino superior do Brasil e traz informações sobre cursos em geral, avaliando-os com estrelas, sendo cinco a maior nota. No ranking citado, a única universidade a receber as cinco estrelas no curso de Relações Públicas foi a Universidade de São Paulo (USP). As demais foram avaliadas com quatro. A credibilidade desse ranking vem da forma como a qualidade é medida: um questionário é respondido pelo coordenador do curso, e, então, as notas são atribuídas por pelo menos seis especialistas, sendo a maior e a menor retiradas para evitar distorções. Com atividades que vão da pesquisa à avaliação das ações de comunicação, a carreira de Relações Públicas se apresenta, no século XXI, como uma das mais promissoras no mercado de trabalho. Além disso, é considerada como uma das profissões do futuro, uma área indispensável para as organizações e ainda vem ganhando bastante espaço na América Latina, principalmente no Brasil. A área tornou-se a arma de crescimento das organizações no mercado. Seu sucesso está vinculado ao fato de que, além de produtos e serviços, as organizações também precisam vender a imagem da marca. Por isso, os profissionais formados em Relações Públicas têm sido demandados de forma significativa nos últimos tempos, segundo Luiz Alberto de Farias, professor e autor de livros na área. Outra razão para a grande procura da área refere-se aos diversos ramos de atuação que são oferecidos para esse setor. Comunicação, projetos e eventos institucionais, atenção ao cliente, pesquisa de opinião, planejamento estratégico e assessorias são alguns dos atrativos que têm feito da profissão uma das de maior perspectiva de futuro para o mercado. Sobre os motivos que têm levado ao crescimento das Relações Públicas, a professora e reconhecida autora, Margarida Kunsch, afirma que “A crescente segmentação do mercado resultou na formação de públicos que cada vez mais buscam na informação uma alternativa para produzir ideias, opiniões, enfim, escolhas. Daí a preocupação das organizações em valorizar as atividades de comunicação, chegando a adotar o ombudsman para mediar suas relações com o público”.
Aumento da procura pelo curso
Nota do curso na UFMA: 4 estrelas
Arma de crescimento das organizações
“A crescente segmentação do mercado resultou na formação de públicos que cada vez mais buscam na informação uma alternativa para produzir ideias, opiniões, enfim, escolhas. Daí a preocupação das organizações em valorizar as atividades de comunicação, chegando a adotar o ombudsman para mediar suas relações com Margarida Kunsh o público ”
A POLÊMICA
Flexibilização do diploma de RP: ter ou não ter? Por Nathália Ribeiro e Tamires Cristina
O assunto da flexibilização do diploma de Relações Públicas foi discutido pela primeira vez ente os anos de 1995 e 1996, em um movimento denominado Parlamento Nacional, promovido pelo Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (Conferp), que deu origem à Carta de Atibaia, documento final com as conclusões do movimento sobre a regulamentação e o direcionamento da profissão de RP. Em 2005, foi enviado ao Senado um Projeto de Lei (PL) que apresentava novas propostas para a flexibilização da profissão e regulamentação do exercício da profissão de Relações Públicas e que revogaria a Lei nº5.377, de 11 de dezembro de 1967. Entretanto, o PL não chegou a ser transformado em lei. A atual gestão (2013-2015) do Conferp abriu novamente o assunto da flexibilização e fez desse assunto o principal foco no seu mandato. Por isso, na 2ª Reunião do Órgão Consultivo, em 2013, no Rio de Janeiro, foram aprovados os termos em que será estudada a flexibilização do registro profissional de RP e a criação de uma comissão especial para receber contribuições, organizar e elaborar o documento final relativo às normas, orientações sobre esse processo, algumas mudanças na legislação e diretrizes da profissão. Na reunião, ficaram acordados alguns critérios para a obtenção do registro, a saber: para obter registro automático é necessário ter o diploma do curso de Relações Públicas ou em cursos superiores de tecnologia do campo de Relações Públicas, sendo que, neste último caso, o registro será diferenciado e as
DAS ASSESSORIAS DE COMUNICAÇÃO
delimitações do exercício profissional serão definidas e regulamentadas. Já o portador de diploma de pós-graduação em Relações Públicas e Comunicação Organizacional terá que submeter-se ao exame de proficiência (que mede o conhecimento sobre as atividades de um Relações Públicas) para obter o registro. Por fim, o portador de diploma de bacharel em comunicação-habilitação em jornalismo ou publicidade e propaganda, com pós graduação nas áreas afins, terá que comprovar o exercício profissional na área de Relações Públicas e Comunicação Organizacional e realizar o exame de proficiência, se quiser registrar-se no Conferp. Os profissionais de RP vivem uma fase que pode ser considerada um “divisor de águas”, com a profissão prestes a ver sua abertura e flexibilização. Profissionais de áreas afins - jornalismo, rádio e televisão, publicidade e propaganda -, favoráveis à abertura, afirmam que será uma boa medida, pois fortalecerá a necessidade de as empresas contratarem esse profissional. Atualmente, profissionais da área, geralmente, se qualificam com especializações, mestrado e doutorado, e ainda assim encontram dificuldades de se posicionarem no mercado de trabalho e de serem reconhecidos como Relações Públicas. Com a abertura, há também o risco de profissionais despreparados virem a ocupar o espaço de profissionais que realmente se formaram e foram qualificados para o exercício profissional de Relações Públicas.
O impasse entre jornalistas e Relações Públicas
comunicação alcançou, principalmente frente aos avanços tecnológicos, o pensamento e a atitude mais saudável é unir forças em prol da profissão de comunicador”.
Rosemary Araújo
Por Euclides de Carvalho, Gustavo Ribeiro e Paloma França A assessoria de comunicação é uma ferramenta fundamental para a promoção e manutenção da imagem de uma instituição pública, privada ou do terceiro setor, porquanto estabelece uma ligação entre a entidade e seus respectivos públicos, por meio do gerenciamento estratégico de informações e dos relacionamentos. A Relações Públicas Rosemary Araújo, assessora de comunicação do Tribunal Regional do Trabalho no Maranhão (TRT), ressalta a importância dos comunicólogos nas Organizações: “Hoje em dia, dada à amplitude que a comunicação alcançou, principalmente frente aos avanços tecnológicos, o pensamento e a atitude mais saudável é unir forças em prol da profissão de comunicador”. Os profissionais que atuam nas assessorias de comunicação, geralmente, possuem formação em jornalismo ou Relações Públicas, o que leva a divergências sobre a quem, de fato, pertence esse campo. Sobre a origem de tal disputa, uns apontam que o motivo está atrelado ao surgimento da profissão de Relações Públicas, tendo em vista que o precursor da profissão, Ivy Lee, era um jornalista. Outros atribuem ao fator cultural, visto que, na Europa, as assessorias são território do profissional de Relações Públicas e no Brasil, de jornalistas. Para a jornalista Ester Marques, professora do departamento do Curso de Comunicação Social e assessora de comunicação da Universidade Federal do Maranhão, o
O RP no planejamento de campanhas socioambientais nas organizações Por Leandro Ferreira e Ramayana Mendes O avanço das tecnologias comunicacionais possibilitou às sociedades modernas articularem-se em redes de fluxos de ideias, mobilizando formadores de opiniões que influenciam na formação da opinião pública. Podemos citar as redes sociais como um desses instrumentos de articulação e mobilização e a evolução dos mass media. Dentre a diversidade de discussões despertadas por esse cenário, a questão da responsabilidade socioambiental ganhou destaque na agenda social. Com isso, surgiu a necessidade de deliberar sobre o tema em todos os aspectos do cotidiano, o que reverberou, inclusive, no campo empresarial. A população instruída pelas funções midiáticas e educacionais passou a questionar o modo como as organizações tratam a questão ambiental e as consequências de sua postura para a sociedade, implicando na urgência de buscar um profissional capaz de mediar as exigências das sociedades e das corporações. Nesse contexto, surge o Relações Públicas, no âmbito organizacional, com a responsabilidade de planejar políticas e implementar medidas através de campanhas socioambientais. O planejamento socioambiental dirigido pelo profissional de RP inclui ações comunicacionais (as diretrizes) e materiais (investimento de recursos em obras e projetos da organização), que potencializam a imagem da empresa como modelo de responsabilidade socioambiental perante os públicos. O
“Hoje em dia, dada à amplitude que a
trabalho de conscientização socioambiental do público interno deve ser sempre o foco primordial das estratégias de planejamento do RP, visto que esse público é peça chave na transmissão dos ideais da empresa para o público externo, gerindo capital imaterial. Tomemos, por exemplo, uma campanha institucional na corporação que incentive o funcionário a não desperdiçar água. Logo, ao longo prazo, essa empresa poderá ser referência como instituição sustentável pelo próprio corpo de funcionários conscientizados, que disseminarão as propostas da empresa tornando-a reconhecida perante os públicos externos. Contudo, em uma empresa de grande porte, onde geralmente as políticas socioambientais são mais estruturadas, é importante focar as ações materiais do planejamento com implementação de projetos envolvendo o público externo em eventos (feiras de exposição de produtos recicláveis pela organização), minicursos e/ou oficinas de artesanato com produtos recicláveis oferecidos para a comunidade local. É sabido que o Relações Públicas pode promover as ações socioambientais da empresa nos meios de comunicação para o gerenciamento da imagem com os públicos. A divulgação nos mass media é necessária para a celeridade da propagação do reconhecimento da empresa como engajada nas causas ambientais.
Rosemary Araújo
impasse entre profissionais da área de comunicação é um equívoco, pois, independentemente da habilitação, o que é relevante no critério de escolha são a experiência e a capacidade de gestão do profissional: “O cargo de assessor de comunicação deve ser ocupado por uma pessoa experiente que tenha um conhecimento mínimo ou razoável das várias funções que compõem uma assessoria de conhecimento, hoje”. Logo, percebe-se que a assessoria de comunicação é um segmento amplo e que, por executar diversas atividades, necessita de jornalistas e Relações Públicas, assim como de outros profissionais da comunicação – cada qual executando aquilo que sua qualificação e habilidades permitem, de maneira harmônica, ética e profissional.
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Ester Marques
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Ética e RP: uma relação polêmica Por Amanda Carvalho, Danielle Martins e Kleo Souza Essencial em toda relação humana, a ética, derivada do grego ethos, é um conjunto de valores morais e princípios que devem orientar a conduta social, permitindo seu equilíbrio e evitando que alguém se encontre em desvantagem. Sob esta ótica, ao definir os valores de verdade, transparência, diálogo e livre circulação da informação, não se pode fugir à questão: até que ponto é possível agir sob esse princípio no exercício da profissão de Relações Públicas? Por atuar com interesses das organizações e dos públicos e junto à alta hierarquia daquelas, o Relações Públicas tem sua ética questionada. Outros motivos são o fato de lidar com o gerenciamento de crises e a polêmica ascensão da profissão no Brasil, uma vez que a mesma tornou-se conhecida durante a ditadura militar, quando o governo percebeu que sua reputação era negativa junto às massas, criando, então, a Associação Especial de Relações Públicas (AERP) para intermediar a comunicação governo–população e desviar o foco da violenta censura sofrida pela mídia. Assim, a sociedade associou a imagem do profissional de RP à figura do militar e à falta de ética, por estar, supostamente, aliada a um governo agressivo e antidemocrático. Atualmente, um dos responsáveis pela má fama do RP na questão ética é o profissional de Lobby – o lobista, cuja função consiste em defender interesses próprios de uma empre-
O mercado é dos conectados
sa ou associação junto a representantes do governo, de forma limpa. Contudo, como nem sempre essas transações ocorrem licitamente, a função de Lobby contribui para uma má imagem do RP, pois, segundo Roseli Loturco, em matéria publicada na revista Exame, boa parte desses profissionais é oriunda da área de Relações Públicas. O lobista, por defender interesses particulares da instituição que representa e por atuar no cenário político historicamente associado a comportamentos antiéticos, acaba sendo visto com desconfiança por parte dos demais profissionais de comunicação, além de acarretar uma má fama para o profissional da área. Má fama esta que resvala no profissional de RP, por ser um dos mais atuantes na área. As atitudes antiéticas existem, sim, nas diversas áreas da comunicação, como em qualquer outra profissão – isto é fato, seria ingenuidade negar. No entanto, é importante ter em mente que não se pode generalizar comportamentos individuais ou agregar comportamentos, ao se fazer tal julgamento. Dessa forma, em uma tentativa de regulamentar o comportamento ético, as associações de profissionais de Relações Públicas criaram Códigos Éticos e de Conduta Profissional. Dentre eles, os mais destacados são: Código de Atenas, Código de Lisboa, Código de Estocolmo, Code of Professional Standards (Public Relations Society of America – PRSA). No Brasil, o Conselho Federal de Relações Públicas (CONFERP), através da resolução nº 02/85 reformulou o seu código de ética. Estes códigos apelam para as “boas práticas” profissionais e ressaltam a “Verdade, Diálogo e Interesse Público” como os princípios fundamentais da profissão. Cabe ao profissional de Relações Públicas desempenhar um papel fundamental de agente do gerenciamento de relacionamentos com base em seus códigos éticos, tornando evidente, pela própria definição da profissão, que é necessário a este profissional se adequar e buscar a compreensão mútua e interesses do público.
Área de monitoramento de mídias cresce em Relações Públicas Por Larissa Viveiros e Marcelle Lopes
Carolina Terra Em tempos de redes sociais quem não se comunica perde espaço, e, na corrida por visibilidade, interação, e, claro, lucratividade, grande parte das organizações se renderam ao mundo virtual. É nesse meio que surge um novo ramo de atuação para o Relações Públicas: o monitoramento de mídias e, com ele, os chamados Sociais Mídias. Na era dos conectados, onde um número demasiado de informações é gerado na rede, fica notória a necessidade de um canal direto de comunicação da empresa com seus diversos públicos. Números comprovam que a quantidade de usuários adeptos das redes sociais mais que dobrou de 2008 para cá. Só o Twitter, nesses seis anos, passou de 5 para 11 milhões de fiéis consumidores. Crescimento que também acontece no Brasil, pois de acordo com o recente relatório divulgado pela Companhia Especializada em Mídias Digitais (Semiocast), o português já se tornou a quinta língua mais usada no microblog, o que comprova ainda mais a adesão e aceitação dos brasileiros. A nova roupagem dada às relações de consumo empresa-clientes e o cenário virtual passaram a exigir das organizações ações tão rápidas quanto a velocidade com que fluem as informações. Contudo, essa instantaneidade pode vir a ser prejudicial, pois as críticas e reclamações do público ganham a mesma rapi-
Carreira militar: Uma boa alternativa para os Relações Públicas
O Relações Públicas e a Comunicação Interna nas Organizações Por Lúcio Silva, Pablo França e Wallyson Tavares
Por Ana Cardoso e Luis Júnior Um mercado muitas vezes ignorado por profissionais de Relações Públicas é o militar, que ao contrário do que se pensa pode ser muito promissor. O Exército, uma das instituições mais antigas do Brasil, que existe desde a formação do Estado brasileiro, tem um setor voltado especificamente para a área de comunicação social. A Comunicação Social do Exército (SISCOMEx) é um sistema capilarizado por todo o território nacional, com 1.238 Organizações Militares, que integram a Rede do Sistema de Comunicação Social do Exército (RESISCOMEx). O trabalho de Relações Públicas no exército permeia todos os níveis de execução e planejamento, desde o nível tático até o estratégico, tais como manutenção dos mailling’s, contato com autoridades, relacionamento com o público externo, acompanhamento de integrantes da mídia em geral e organização de eventos sociais internos, dentre outros. O profissional de Relações Públicas que deseja entrar no Exército Brasileiro pode fazê-lo de duas formas: por meio de concurso público para trabalhar nos grandes comandos e por
meio de edital, para suprir a necessidade de determinada região militar. Essa área é uma boa oportunidade para quem sonha em crescer na carreira profissional e procura estabilidade, já que o mercado é amplo e próspero. A atuação desses profissionais é baseada nos pilares da hierarquia e da disciplina, exigindo-se sempre o trato cortês e atencioso com os diversos públicos da Instituição.
dez e destaque que os pontos positivos por eles citados, gerando uma publicidade negativa de fácil circulação. Empresas como o banco Itaú, a loja Ponto Frio e a NetFlix têm desenvolvido um excelente trabalho nesse monitoramento de mídias digitais, destacando-se no meio virtual e servindo de espelho para tantas outras. É nesse ambiente que surge o Social Mídia, o profissional da área de comunicação responsável pelo controle de tudo o que está sendo “postado” sobre a marca, interagindo com o público para sanar possíveis problemas ou agilizar o processo de feedback com o mesmo. Tudo isso, claro, de forma prática, rápida e criativa. Apesar de toda essa importância e necessidade de interação, ainda é comum encontrarem-se negligências por parte de algumas organizações para com os problemas expostos pelo consumidor que, de acordo com a Consultoria E. Life, mais do que triplicou entre os anos de 2010 e 2011, demonstrando que, de forma inadequada, as redes sociais são utilizadas apenas para dar visibilidade à marca e aos elogios que recebem. Para a professora da pós-graduação em Gestão Integrada da Comunicação Digital da USP, Carolina Terra, o mercado inovou e abriu espaço para esses profissionais, sejam nas lojas que utilizam a internet como suporte ou nas que são unicamente virtuais. Segundo a professora, o sucesso está pautado na boa observação do cenário existente, na agilidade do serviço e em profissionais capazes de analisar, planejar e reagir estrategicamente a uma determinada situação. As vagas existem e “as organizações de maior destaque nas mídias sociais são aquelas que ouvem e respondem aos seus consumidores/usuários”, afirma Carolina Terra.
Os processos de comunicação de uma organização compõem um fundamento efetivo para o funcionamento adequado de uma empresa. Como forma de manter uma boa comunicação na organização, as empresas buscam o desenvolvimento das ações e/ ou atividades de comunicação interna que reforçam a identidade da organização, considerando um mercado cada vez mais competitivo. O Relações Públicas assume um papel essencial na comunicação interna, que é o de informar e gerar conhecimento ao público interno, para que a organização tenha mais facilidade em atingir as missões, os valores e visão almejados, além de zelar pela imagem da organização. Esse processo de comunicação interna baseia-se na construção de ferramentas como jornal impresso ou eletrônico, murais, reuniões, rádios, intranet e outros. Essas técnicas/atividades de comunicação interna visam manter um diálogo transparente com o público interno e promover inclusão, motivação e sensação de pertencimento. Um dos primeiros passos para a implantação da comunicação interna em uma organização é analisar o comprometi-
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mento em relação à comunicação interna de quem faz a organização, desde a alta direção, e se há integração do público interno de diferentes setores da organização. Diante disso, vale lembrar que o Relações Públicas deve ser um profissional persistente, no sentido de almejar um objetivo e construir um perfil público positivo da organização. Já a comunicação interna, como conjunto de ações e atividades, deve ser efetivada pelo RP para estabelecer um clima de transparência e autenticidade, um bom funcionamento da organização e fortalecimento do trabalho em equipe, motivando pessoas à cooperação.
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Relações Públicas e a postura proativa do ouvidor A qualidade empreendedora do profissional no exercício das ouvidorias modernas Por Dante Assunção A construção de um cenário global marcado pelo surgimento das novas redes de tecnologia traz como necessidade cada vez maior a comunicação intergeracional, interclasse e intersetorial. É a partir dessa perspectiva que surgem as ouvidorias nas empresas, setor responsável por ouvir e orientar o cliente/ consumidor. Seu trabalho é o de representar os direitos do cliente dentro da organização, quer seja ela pública ou privada, e, portanto, garantir que eles sejam atendidos. O trabalho das ouvidorias fundamenta-se em sugestões e reclamações relacionadas à organização que chegam diariamente por meio de cartas, críticas, e-mails, telefone e através do atendimento presencial. O consumidor atual é mais exigente e consciente do seu poder de participação. Além do preço, prazo e qualidade do produto, um bom e rápido serviço de atendimento são requisitos básicos para estabelecer uma relação de confiança no processo de compra e venda. Por isso, as ouvidorias têm trabalhado firme para atender essa nova demanda de maneira mais compreensível. Para gerir esse quadro de demandas, a figura do ou-
vidor-gestor – aquele responsável por coordenar funções e estabelecer negócios – torna-se indispensável e sua adequação às competências do profissional de Relações Públicas imprescindível, considerando que é ele quem deve cuidar do relacionamento entre as organizações e seus públicos. Entre as competências que um RP deve demonstrar em uma ouvidoria destacam-se o conhecimento global do funcionamento e estrutura da organização, além da visão empreendedora para gerir novos projetos. Suas habilidades lhe conferem a oportunidade de transformar a ouvidoria em uma área de resultados, descobrindo em cada crítica ou reclamação, por exemplo, um valor potencial para alavancar novos projetos ou qualificar procedimentos já em andamento. Dessa forma, o profissional de RP deve conceber a ouvidoria como a última instância da organização a zelar pela sua imagem, e dessa forma, buscar promover o verdadeiro sentido de participação social na melhoria e desenvolvimento das organizações.
Relações Públicas no Marketing varejista: uma necessidade no relacionamento com o consumidor Por Laurilene Oliveira e Riverlan Macedo De maneira geral, as empresas precisam relacionar-se com diferentes públicos. Para conseguirem manter relacionamento eficiente com o público, elas devem dispor de técnicas e ações de comunicação adequadas e de linguagem específica para cada um desses públicos. Dois profissionais estão disponíveis para auxiliar no desenvolvimento dessas técnicas, os quais podem ser acionados por qualquer tipo de organização: o profissional de Marketing, especificamente destinado às comunicações persuasivas e informativas dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas, desenvolve estratégias promocionais que visam fidelizar o consumidor; e o de Relações Públicas, em apoio às iniciativas desenvolvidas pelas organizações, procuram fortalecer a imagem da empresa, tanto em nível interno quanto externo. Existem muitas semelhanças entre Relações Públicas e Marketing. As duas profissões surgiram no centro do capitalismo do século XX, com a missão de colaborar na expansão do mercado. Com o desenvolvimento de ambas as áreas, tonou-se difícil distinguir as atividades desenvolvidas em cada área. Termos como marketing social e marketing solidário, que se aproximam de Relações Públicas Comunitárias, começam a surgir nas empresas, no intuito de tentar definir algumas ações de comunicação realizadas pelas mesmas. Para o estudante de RP, Rodrigo Meirelles, graduado em administração e gerente de marketing do Armazém Paraíba, as atividades exercidas nas duas profissões apresentam suas particularidades, mas ainda assim, encontram pontos de convergência, sendo o planejamento uma ferramenta importante para ambas. Segundo ele, no marketing varejista, onde o foco é o máximo de vendas possível, as atividades de Relações Públicas
ficam um pouco esquecidas. O marketing varejista promove ações comunicacionais com o único intuito de venda do produto, sem uma pesquisa prévia sobre o público para o qual se destina o desenvolvimento da ação, havendo apenas a comparação de preços para que os mais caros não sejam divulgados. O objetivo principal de todo departamento de marketing, na grande maioria das empresas, é a promoção do produto. No entanto, existem determinadas atividades realizadas nesse meio que procuram mais que a simples venda. Em datas comemorativas, por exemplo, o foco é reforçar a imagem da marca. Nesse ponto, o Relações Públicas tem papel crucial para o desenvolvimento de determinadas estratégias comunicacionais. Ele procura traçar um planejamento estratégico dentro do que a empresa pretende projetar como imagem para o consumidor. Mesmo tendo um enfoque muito mercadológico, o marketing varejista necessita – e muito – das competências de Relações Públicas. Nesse setor, em que a venda do produto é objetivo principal, o consumidor precisa de uma atenção que não lhe é dada. É nessa lacuna que as Relações Públicas devem agir através de uma política de relacionamento com o consumidor, utilizando ações comunicacionais. Tanto o relacionamento com o cliente quanto a manutenção da imagem da marca dependem extremamente dessa política, que pode vir a ser um vetor impulsionador de desenvolvimento ou de quebra da organização.
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