Júlio Resende — A Experiência do Lugar (Anadia)

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P.19 ALENTEJO P.31 PÓVOA DE VARZIM P.41 RIBEIRA DO PORTO P.53 BRASIL P.67 CABO VERDE P.77 MOÇAMBIQUE P.85 GOA


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A Presidente da Câmara Municipal de Anadia Maria Teresa Belém Correia Cardoso

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Não vamos aqui tecer considerações sobre a obra de Júlio Resende. São por demais evidentes a sua importância, a sua abrangência, a sua originalidade, o seu valor… Perante tudo isto, o Município de Anadia não poderia ficar indiferente à possibilidade de trazer ao concelho esta exposição que assinala o centenário do nascimento do artista. E, desta forma, gostaríamos, desde já, de expressar o nosso reconhecimento ao Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende, não só por se ter empenhado em proporcionar-nos esta mostra, mas também por todo o acompanhamento dado a este processo. Não estaremos a exagerar se dissermos que houve uma verdadeira intenção de trazer Júlio Resende de volta a Anadia. Porque a verdade é que Anadia faz parte do percurso e da obra do mestre, já que, juntamente com Leopoldo de Almeida e Charters de Almeida, foi um dos artistas escolhidos, em 1964, para a decoração do novo edifício da Domus Iustitiae de Anadia, projectada por Raul Rodrigues Lima em 1959. Coube a Júlio Resende a criação do fresco que enriquece a sala de audiências (tribunal colectivo), e que o artista dedicou à Concessão do Foral a Anadia por D. Manuel I em 1514. Terá sido realizado durante as férias do Natal de 1965, a pedido do mestre, para, assim, poder conciliar este trabalho com os horários da Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde leccionava. A grande dimensão (6 x 3,3m), a exuberância da cor, e a imponência das figuras retratadas caracterizam esta obra, e permitem-lhe dominar a sala onde se encontra. Foi perante ela, aliás, que, na inauguração do tribunal, no dia 24 de Julho de 1966, as entidades oficiais proferiram os seus discursos de ocasião. Por motivos óbvios, esta obra de Júlio Resende não é de fácil acesso. Mas que esta não seja a razão para um desencontro com este trabalho que o mestre realizou em Anadia. E que A experiência do Lugar seja a circunstância perfeita para esse (re)encontro e, ao mesmo tempo, para conhecermos melhor o percurso de Júlio Resende, graças à fruição da sua obra.

Anadia, 16 de Dezembro de 2017


Celebrar e Repensar Júlio Resende [1917-2011] no Centenário do seu Nascimento

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Lugar do Desenho

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Desde a sua criação (1993) e a inauguração das suas instalações (1997) que o Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende se dedica ao estudo, à preservação e à difusão do vasto acervo de desenhos que possui. Formada por mais de duas mil e quinhentas peças que o pintor reuniu ao longo da sua carreira e destinou à Fundação, a colecção permite seguir o seu trajecto artístico, desde os tempos de formação aos de consagração. As actividades culturais e educativas que a Fundação tem desenvolvido estimulam uma leitura aberta do desenho e uma reflexão multidisciplinar sobre a sua prática. Porque a experiência da viagem foi determinante na obra de Júlio Resende e porque estamos perante um artista que dedicou parte da sua vida às questões da divulgação e da recepção da arte, é justo celebrar o seu nascimento, através de uma série de exposições em várias cidades portuguesas. O programa de exposições temporárias, em que se integra esta iniciativa no Museu do Vinho da Bairrada, em Anadia, sob a tutela da Câmara Municipal de Anadia, pretende divulgar a obra de Júlio Resende em lugares relacionados com o seu itinerário biográfico e com o trabalho aí produzido. No Tribunal de Anadia, uma pintura de Júlio Resende intitulada Concessão do Foral a Anadia por D. Manuel I, em 1514, datada de 1965, constitui uma razão óbvia para que nesta cidade se celebre o centenário do artista. Os lugares nunca foram indiferentes a Júlio Resende, que neles soube colher a marca das suas comunidades e os sinais de um destino humano, cumprido nas actividades quotidianas e na relação telúrica e cósmica. A curiosidade face ao meio envolvente e a capacidade de sugerir a vivência dos sítios e a densidade da paisagem, exigiram exercícios formais e reinterpretações visuais que reúnem, ao valor documental, a dimensão plástica e estética. Também a resposta a encomendas específicas levou o artista a abordar elementos históricos de cada localidade, como acontece no caso presente. Rever Júlio Resende é rever uma obra que resume a arte do século XX. É urgente repensá-la e reenquadrá-la na história da arte moderna e contemporânea. O centenário do nascimento do pintor é o momento certo para esta acção.


O FRESCO NA OBRA DE JÚLIO RESENDE

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Ao longo da sua vasta carreira, Júlio Resende experimentou diversas técnicas que lhe permitiram integrar na arquitectura obras a fresco, cerâmica ou vitral. O fresco foi a técnica que utilizou na sua primeira obra de carácter público, realizada em 1952 no Porto, na Escola Gomes Teixeira, onde então lecionava. Na mesma década faria um painel a fresco para a Capela do Albergue Distrital de Évora (1954), e um trabalho para a Agência Abreu no Porto (1959). Nos anos 60 e 80 responde a novas encomendas com a mesma técnica para os Palácios da Justiça do Porto (1962), de Anadia (1965) e de Penafiel (1986).


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14 [Pág. 13/14] CONCESSÃO DE FORAL A ANADIA POR D. MANUEL I EM 1514, 1965 Reprodução fotográfica do painel de uma das Sala de Audiências do Tribunal de Justiça em Anadia Fotografia © AL Acervo documental Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende

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TRABALHOS DE EXECUÇÃO DO FRESCO DE JÚLIO RESENDE, 1965 Fotografias acervo documental Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende


O desenho dos lugares

Os laços entre o homem e a natureza, no pintor, nunca foram quebrados. A sua aventura no mundo das formas, feita de esforço apaixonado e lúcida reflexão, decidiu-se muito cedo, e de uma vez para sempre, pelo expressionismo, revelando-se assim mais sensível aos valores da alma do que do espírito. […] Júlio Resende é um cantor da terra, desta realidade áspera e amarga que cada um de nós tem obrigação de tornar mais habitável. Só dela está empenhado em falar, e de maneira directa, quero eu dizer, sem outras perplexidades que as decorrentes de um processo que busca conciliar visão e expressão num acorde perfeito. Eugénio de Andrade — Resende entre a angústia e a esperança, in Os Afluentes do Silêncio, Porto, 1965.

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Laura Castro

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Quando pensamos nas antigas definições do desenho, elas podem parecer-nos afastadas desta prática na contemporaneidade Tomemos a de Francisco de Holanda de 1571, segundo a qual o desenho corresponde a determinar, inventar, figurar ou imaginar aquilo que não é, para que seja e venha a ter ser (…). Quando nos confrontamos com as modernas definições do desenho, elas aproximam-se, afinal, desta última. Tomemos a de Bruno Munari, formulada quatro séculos mais tarde, segundo a qual a fantasia, a invenção e a criatividade pelo desenho, garantem a capacidade de realizar tudo o que anteriormente não existia. Ambas as dimensões se encontram nos trabalhos de Júlio Resende seleccionados para dar corpo a uma série de exposições itinerantes, com vista a assinalar o centenário do nascimento do pintor. Os trabalhos expostos pertencem ao espólio da Fundação que tem dois nomes, o seu, Júlio Resende, e um outro mais poético e cartográfico, o de Lugar do Desenho. Cada exposição apresenta obras realizadas ao longo de várias décadas, oriundas de diferentes paragens e contextos, e propicia a reflexão sobre o fazer e o refazer da arte, tal como se manifestam em Júlio Resende, pintor nascido em 1917, autor de uma das mais consistentes obras do século XX português. A colecção de desenhos da Fundação Júlio Resende está, portanto, em trânsito ao longo destes anos de 2017 e de 2018, percorrendo lugares por onde passou o artista e que a sua obra fixou, numa viagem que evoca o longo itinerário que o pintor cumpriu. Pode parecer exagero ou simples retórica considerar que estes desenhos de Júlio Resende realizam aquilo que não tinha existência, uma vez que abordam lugares e gente de paragens próximas e longínquas, visitadas, contempladas e vivenciadas. Que realidade inauguram estes desenhos, diante de uma realidade que já existe? O que reinventam eles perante um quotidiano presenciado e cumprido em lugares perfeitamente identificados? A curiosidade de Resende pelos lugares e a importância que a viagem adquiriu na sua produção pode ter origem nessa atenção que a pintura ocidental, nomeadamente a partir de meados do século XIX, prestou ao mundo ao ar livre e à paisagem povoada ou não, bem como nos hábitos formais de aprendizagem que cultivaram o olhar sobre o mundo em volta. Se esta origem deve ser ponderada, Resende investiu nesse olhar muito mais do que o gosto do registo descritivo, instituindo a arte como conhecimento sensível do mundo e projectando uma dimensão plástica sobre o dado visto.


Por outro lado, essa marca característica do meio ocidental estendeu-se a outras culturas, a oriente e ao sul do Equador. Resende fez-se porta-voz dos valores da tolerância humanista e do cruzamento de culturas, em que o homem é denominador comum. Nestes desenhos pode testemunhar-se a espontaneidade do registo de passagem, do viajante que reduz a impressões e sensações de cor, a apontamentos de forma, a sinais de arquitecturas, a elementos decorativos, a indícios de paisagem, de terra e de atmosfera, os lugares que conservam uma identidade profunda e distinta. Eles evidenciam também o prazer de um olhar sobre o mundo, treinado, experimentado e culto, mas, simultaneamente, um gosto inocente perante esse mundo. São desenhos de um viajante artista, de um viajante que procura captar o espírito dos lugares e da gente, utilizando recursos aprendidos e longamente treinados e, ao mesmo tempo, fazendo uso da admiração primordial de quem se dá conta do que vê, como se fosse a primeira vez. No contexto da produção de Júlio Resende, estes trabalhos evidenciam um pintor capaz de tudo, capaz de subverter lições académicas e de dar uso aos mais singulares meios, àqueles que radicam no ineditismo de uma visão não equiparável a outra. Evidenciam um pintor sem receio de alterar ou transgredir os paradigmas da representação e de sugerir processos diferentes. A arte é, provavelmente, a única forma de ver o mundo que concilia os modelos investigativos consagrados ao longo do tempo, na história, e os meios originais que cada artista propõe, o que lhe confere a capacidade de refundar o mundo. Ora, esta capacidade só se cumpre plenamente quando ocorre o afastamento do conhecido, a distância do que nos é familiar, a separação do que se exerce rotineiramente Numa palavra, só se cumpre na viagem porque só ela permite regressar ao grau zero da experiência do mundo, assistir ao desenrolar da vida e articulá-la num discurso novo. Estes desenhos são vestígios de uma experiência de que o pintor procurou reter os fenómenos na sua formulação original. Estas peças de Júlio Resende ajudam-nos a perceber por que razão o pintor se considera um expressionista. É que, em todas elas se apercebe um estado de empatia que extravasa pelo desenho, intencionalmente poético, numa tendência lírica que se acentuou nas últimas décadas da produção do pintor. O desenho é a celebração do que de mais simples e profundo o mundo apresenta. Nesta obra não há argumento ou teoria; há apenas a visão como experiência primordial.

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P.19 ALENTEJO P.31 PÓVOA DE VARZIM P.41 RIBEIRA DO PORTO P.53 BRASIL P.67 CABO VERDE P.77 MOÇAMBIQUE P.85 GOA


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ALENTEJO, 1949 Técnica mista 18,5 x 15,0 cm

ALENTEJO — OLEIROS, 1949 Técnica mista 16,0 x 19,0 cm


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ALENTEJO, 1949 Grafite 17,6 x 20,9 cm

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MULHERES, 1949 Aguarela 21,5 x 16,5 cm


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REGRESSO DO CAMPO, 1949 Aguarela e tinta da china 16,0 x 21,5 cm

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ESTUDO DE MULHERES, 1949 Técnica mista 15,5 x 22,3 cm


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HOMEM A CAMINHAR, 1949 Aguarela 17,0 x 22,0 cm

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TOURO, 1949 Lรกpis 22,0 x 26,0 cm


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HOMEM E ANIMAL A CAMINHO, 1949 Tinta da china aguarela 22,6 x 32,0 cm

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ALENTEJO, 1950 Aguarela 20,2 x 25,0 cm


1953 1954

P.19 ALENTEJO P.31 PÓVOA

DE VARZIM

1956

1959 1959

1962

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1963

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P.41 RIBEIRA DO PORTO P.53 BRASIL P.67 CABO VERDE P.77 MOÇAMBIQUE P.85 GOA


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PESCADOR, 1953 Tinta da china 15,0 x 21,0 cm

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CONSERTANDO A REDE, 1954 Técnica mista 25,5 x 31,0 cm


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S / TÍTULO, 1956 Técnica mista 28,6 x 36,7 cm

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GENTE DO MAR, 1959 Caneta e tinta da china 32,5 x 74,0 cm


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GENTE DO MAR, 1959 Mina grossa 20,5 x 16,1 cm

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S / TÍTULO, 1962 Caneta de feltro 15,5 x 19,4 cm


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S / TÍTULO, 1962 Caneta de feltro 16,1 x 20,3 cm

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S / TÍTULO, 1963 Pena e aguada 50,0 x 65,0 cm


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P.19 ALENTEJO P.31 PÓVOA DE VARZIM P.41 RIBEIRA

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P.53 P.67 P.77 P.85

DO PORTO

BRASIL CABO VERDE MOÇAMBIQUE GOA


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RIBEIRA, 1979 Aguarela 50,0 x 50,0 cm

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RIBEIRA, 1979 Aguarela 21,5 x 24,0 cm


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RIBEIRA, 1980 Técnica mista 19,0 x 14,5 cm


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ESTUDO — RIBEIRA, 1985 Tinta da china e aguada 30,5 x 63,0 cm

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RIBEIRA, 1985 Tinta da china e aguada 44,2 x 35,0 cm


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RIBEIRA, 1986 Aguarela 21,7 x 23,5 cm

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RIBEIRA, 1986 Aguarela 22,2 x 24,0 cm


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MULHERES DA RIBEIRA — 1986 (VERSÃO 2008), 2008 Óleo s / tela 100,0 x 130,0 cm

S / TÍTULO, 1988 Aguarela 31,5 x 23,8 cm


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2007 2006

P.19 ALENTEJO P.31 PÓVOA DE VARZIM P.41 RIBEIRA DO PORTO P.53 BRASIL P.67 CABO VERDE P.77 MOÇAMBIQUE P.85 GOA


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TROPICAL, 1972 Técnica mista 55,0 x 75,0 cm

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BRASIL, 1973 Aguarela 55,0 x 75,0 cm


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EM OBEDIÊNCIA AOS SINAIS DO MISTÉRIO, 1973 Aguarela 55,2 x 75,3 cm

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BAHIA, 1977 Aguarela 50,0 x 70,0 cm


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FEIRA DE SANTANA, 1977 Aguarela 51,0 x 69,5 cm

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BOM DIA BRASILEIRO, 1977 Aguarela 51,0 x 69,0 cm


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PESCADORES BAIANOS EM DESCANSO, 1977 Aguarela 51,0 x 69,0 cm

63

BOM DIA BRASILEIRO, 1977 Aguarela 51,0 x 69,0 cm


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BAHIA, 1982 Aguarela 63,0 x 48,0 cm


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VISÃO TROPICAL, 2006 Óleo s / tela 80,0 x 90,0 cm

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TROPICAL, 2007 Óleo s / tela 81,0 x 100,0 cm


1992

1992

1992 1992

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P.19 ALENTEJO P.31 PÓVOA DE VARZIM P.41 RIBEIRA DO PORTO P.53 BRASIL P.67 CABO VERDE P.77 MOÇAMBIQUE P.85 GOA


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S. VICENTE, 1992 Pastel 23,0 x 34,0 cm

CABO VERDE, 1992 Técnica mista 28,2 x 20,8 cm


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CABO VERDE, 1992 Técnica mista 28,0 x 20,7 cm

BARCO E PESCADORES, 1992 Pastel 23,0 x 34,0 cm


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CABO VERDE, 1993 Pastel 23,0 x 34,0 cm

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ILHA DO FOGO - CABO VERDE, 1997 Pastel 24,0 x 33,0 cm


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EVOCAÇÃO 6, 2007 Óleo s /tela 90,0 x 80,0 cm


1999 1999/2000

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2001

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n/dt

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P.19 ALENTEJO P.31 PÓVOA DE VARZIM P.41 RIBEIRA DO PORTO P.53 BRASIL P.67 CABO VERDE P.77 MOÇAMBIQUE P.85 GOA


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MULHER — MOÇAMBIQUE, 1999 Pastel sobre papel vegetal 37,0 x 23,0 cm

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FIGURA DE MOÇAMBIQUE, 1999 / 2000 Técnica mista 35,0 x 24,0 cm


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MULHER DE MOÇAMBIQUE, 2001 Pastel 55,0 x 37,5 cm

83

FIGURA DE MOÇAMBIQUE, 2001 Pastel 62,5 x 53,0 cm


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QUATRO MULHERES — MOÇAMBIQUE, n/dt Pastel 55,0 x 37,5 cm


P.19 P.31

1996

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2007

ALENTEJO PÓVOA DE VARZIM P.41 RIBEIRA DO PORTO P.53 BRASIL P.67 CABO VERDE P.77 MOÇAMBIQUE P.85 GOA


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GOA, 1996 Pastel รณleo 31,5 x 24,0 cm

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FIGURAS DE GOA, 2000 Pastel 62,5 x 53,0 cm


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MERCADO DE GOA, 2000 Pastel 53,0 x 62,5 cm


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EVOCAÇÃO 3, 2007 Óleo s / tela 100,0 x 100,0 cm

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EVOCAÇÃO 4, 2007 Óleo s / tela 100,0 x 100,0 cm


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EVOCAÇÃO 8, 2007 Óleo s / tela 100,0 x 100,0 cm

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Biografia

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Júlio Resende

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JÚLIO RESENDE (1917 | 2011) natural do Porto, é autor de uma obra de pintura vastíssima, desenvolvida entre os anos 30 do século XX e a primeira década do século XXI. Concluiu a formação em Pintura, no ano de 1945, na Escola de Belas Artes do Porto, onde seria docente entre 1958 e 1987. Realizou inúmeras exposições no país e no estrangeiro, tendo iniciado, em 1934, a participação em exposições colectivas, e um trajecto individual em 1943. Ao longo da sua carreira, foi distinguido com relevantes prémios: Prémio Armando Basto (1945), Amadeo Sousa Cardoso (1949), António Carneiro (1953), todos atribuídos pelo SNI; Prémio do Salão dos Artistas de Hoje (1956); Prémio Especial na Bienal de S. Paulo (1951); Menção Honrosa na 5ª Bienal de S. Paulo e 2º Prémio Pintura na I Exposição de Artes Plásticas FCG (1957); Prémio AICA — SEC (1984) Prémio Aquisição 1987 da Academia Nacional de Belas Artes (1988); Prémio de Artes Casino da Póvoa (2008). Realizou obra pública com trabalhos executados em técnicas que vão da cerâmica ao fresco, do vitral à tapeçaria, instalados em espaços do norte ao sul de Portugal. Ilustrou obras literárias, nomeadamente para a infância, realizou cenários e figurinos para teatro, bailado e espectáculos de grande impacto. Sobre a sua produção debruçaram-se os principais críticos e historiadores de arte portugueses, mas também importantes escritores e poetas. A criação do Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende foi um dos principais projectos a que se dedicou a partir da década final do século XX e primeira década do século XXI. Projectada pelo arquitecto José Carlos Loureiro, foi inaugurada em 1997, na margem do Douro, em Gondomar, junto à casa-atelier do artista, da autoria do mesmo arquitecto. Em 1947 instala-se em Paris. Viajou por França, Bélgica, Holanda, Inglaterra e Itália. Na capital francesa frequentou o atelier de Untersteller, na Escola de Belas Artes de Paris, e a Academia Grande Chaumière, como discípulo de Othon Friesz. Sob a orientação de Duco de la Aix aprendeu a técnica do fresco. Realizou apontamentos do natural — paisagem e figuras  — e numerosas cópias no Museu do Louvre. Conviveu com artistas estrangeiros, particularmente com Mabel Gardner, o escultor Zadkine, o pintor checoslovaco Frantisek Emler e o norueguês Oddvard Straume. Estas ligações determinariam a realização de exposições nos países nórdicos e o intercâmbio com esses artistas. Promoveu, por exemplo, em 1957 uma exposição de artistas portugueses em Oslo e Helsínquia. Nos anos de 1949 / 50 foi professor na pequena escola de cerâmica em Viana do Alentejo, Alentejo, período em que privou com o escritor Vergílio Ferreira e com os artistas Júlio e Charrua.


Nos anos 50 promoveu, em Portugal, as Missões Internacionais de Arte, para as quais eram convidados artistas estrangeiros em diálogo com artistas portugueses. Em 1954 lecciona na Escola Secundária da Póvoa de Varzim e em 1955 promove a segunda "Missão Internacional de Arte", naquela localidade. Júlio Resende viria igualmente a tornar-se Membro da Academia Real das Ciências, Letras e Belas-Artes Belgas, tendo feito uma conferência neste enquadramento, em Bruxelas, em 1972. Em 1970 seria responsável pela orientação visual e estética do Espectáculo de Portugal na "Exposição Mundial de Osaka", momento relevante da sua presença no estrangeiro. Nos anos 90, reforça a articulação com os países de língua portuguesa ou de influência portuguesa, tendo sido promovidas pela Fundação Júlio Resende, diversas estadias artísticas em Moçambique, Cabo Verde e Goa que resultaram em exposições nesses países e na publicação dos respectivos catálogos. Faleceu aos 93 anos de idade, a 21 de Setembro de 2011, na sua casa em Valbom, Gondomar.

EXPOSIÇÃO Título A experiência do Lugar — Júlio Resende

Coordenação geral Maria Teresa Belém Cardoso [Presidente da Câmara Municipal de Anadia] Centenário do Nascimento Victor Costa do Pintor Júlio Resende [Presidente do Conselho 1917 | 2017 de Administração do Lugar do Desenho — Local Fundação Júlio Resende] Museu do Vinho Bairrada Av. Eng. Tavares da Silva Secretariado 3780–203 Anadia Cecília Moreira Horários terça a sexta: 10:00 / 13:00-14:00 / 18:00 Fins de semana e feriados: 11:00 / 19:00 Encerra: segunda-feira Data 16.12.2017—31.05.2018 Presidente da Câmara Maria Teresa Belém Cardoso Vereador da Cultura Jorge Sampaio Organização da exposição Município da Anadia Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende

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Curadoria da exposição Victor Costa e Pedro Dias

Design gráfico Inês Nepomuceno Susana Carreiras [esad — idea] Luísa Silva Gomes [Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende] CATÁLOGO Título A experiência do Lugar — Júlio Resende

Obras da Colecção do acervo do Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende Fotografia © AL Arquivo acervo documental Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende Design gráfico Inês Nepomuceno Susana Carreiras [esad — idea] Luísa Silva Gomes [Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende] Editor Município de Anadia Praça do Município 3780–215 Anadia Impressão e acabamento Incograf Tiragem 500 exemplares

Centenário do Nascimento do Pintor Júlio Resende Data 1917 | 2017 2017

Textos ISBN Presidente da Câmara 978-989-8286-26-0 Maria Teresa Belém Cardoso Laura Castro Depósito legal [Universidade Católica ???????? Portuguesa — Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes — Escola das Artes] Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende


ORGANIZAÇÃO

APOIO INSTITUCIONAL

MECENAS

APOIO

SEGUROS

PARCEIROS


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CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PINTOR JÚLIO RESENDE 1917 | 2017


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