LEVEZA
QUIETUDE
DENSIDADE
JÚLIO RESENDE NA COLEÇÃO MILLENNIUM BCP
31.10.2018
26.01.2019 LUGAR DO DESENHO FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE
13. 14. 15. 16. 19.
O PAPAGAIO O DIA A NOITE SEM TÍTULO ESTRELA AMARELA, ESTRELA VERDE
SEM TÍTULO 21. PINTURA N.º 6 22. PINTURA 23. CAVALEIROS E CAVALOS 24. SEM TÍTULO 25. SARGACEIRO 26. SEM TÍTULO 27. FIGURAS HUMANAS 29. — PINTURA N.º 5 31. 32. 35.
LUZ DE ATELIER SONO NA TERRA ADEUS TRISTEZA
LUGAR DO DESENHO FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE
JÚLIO RESENDE NA COLEÇÃO MILLENNIUM BCP Desde a sua criação, em 1993, e a inauguração das suas instalações, em 1997, que o Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende se dedica ao estudo, à preservação e à difusão do vasto acervo de desenhos que possui. Formada por duas mil e quinhentas peças que o Pintor reuniu ao longo da sua carreira e destinou à Fundação, a coleção permite seguir o seu trajeto artístico, desde os tempos de formação aos de consagração. As atividades culturais e educativas que a Fundação tem desenvolvido estimulam uma leitura aberta do desenho e uma reflexão multidisciplinar sobre a sua prática. Rever Júlio Resende é rever uma obra que resume a arte do século XX. É urgente repensá-la e reenquadrá-la na história da arte moderna e contemporânea. O Centenário de Nascimento do Pintor é o momento certo para esta ação. Trata-se de uma ocasião de grande relevo cultural e institucional, cujo programa integra diversas iniciativas em vários pontos do país, tais como exposições, concertos, conferências e edições comemorativas. Estas ações visam, acima de tudo, aprofundar o conhecimento e a divulgação da obra de Júlio Resende dando continuidade aos propósitos desta instituição.
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ANTÓNIO MONTEIRO FUNDAÇÃO MILLENNIUM BCP
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JÚLIO RESENDE NA COLEÇÃO MILLENNIUM BCP O Millennium bcp orgulha-se de ter na sua coleção um considerável número de obras de Júlio Resende, que abrangem várias décadas e representam diversas fases do seu notável trabalho artístico. A inquestionável relevância do pintor no panorama cultural nacional, impõe que os seus trabalhos sejam levados ao conhecimento do meio público geral e, por isso, a Fundação Millennium bcp desde logo aceitou colaborar com o projeto desta exposição e do seu catálogo, em boa hora promovida pela Fundação Júlio Resende. Sendo a Cultura e o apoio à divulgação das artes um dos eixos fundamentais da atividade da Fundação Millennium bcp, estamos gratos à Fundação Júlio Resende por esta parceria e por nos conceder o privilégio de encerrar as comemorações do centenário do artista com esta mostra de obras da nossa coleção. É através de iniciativas como esta que uma coleção de arte privada ganha dimensão pública e é pela partilha da sua fruição que um património artístico valoriza o nosso legado cultural. Este é o nosso compromisso com a Cultura. Esta é a nossa homenagem a Júlio Resende.
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LAURA CASTRO UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA — CITAR, ESCOLA DAS ARTES
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JÚLIO RESENDE NA COLEÇÃO MILLENNIUM BCP Olhei, com alguma liberdade, para as obras que constituem o núcleo "Júlio Resende na Colecção Millennium bcp", alheada das condições em que este núcleo se formou e das circunstâncias que levaram à reunião das obras que o compõem, relacionadas com diferentes períodos da produção do artista e com os diferentes modos de expressão adoptados ao longo do seu percurso. Analisei, com alguma parcimónia, os trabalhos existentes, na tentativa de definir os que viriam a ser expostos e a escolha acabou por recair sobre a pintura a óleo. Porque esta técnica não domina a colecção do Lugar do Desenho — naturalmente constituída por desenhos nos mais variados registos e suportes — interessava mostrar peças que não se afigurassem redundantes face ao acervo que Júlio Resende destinou à Fundação. Constatei, sem surpresa, que este conjunto de trabalhos, ainda que possa ter sido reunido sem a clareza programática que as colecções requerem — ou talvez por isso — oferece-nos um panorama sucinto do trajecto percorrido pelo artista, pontuado por pinturas realizadas entre os finais dos anos 50 e os anos 2000, estando as décadas de 60 e de 70 representadas por obras muito significativas Com esta exposição, que encerra as Comemorações do Centenário de Nascimento de Júlio Resende no Lugar do Desenho, retoma-se o mesmo sentido antológico que orientou a exposição de abertura desta celebração. E recupero, desse catálogo e do texto que então escreveu Bernardo Pinto de Almeida, desenhando um arco entre Outubro de 2017 e Outubro de 2018: A obra de Júlio Resende desenvolveu-se, assim, ao longo dos anos percorrida por uma consciência de unidade, dinamizada por impulsos internos que a ajudaram a crescer, a rever-se, reencontrar-se, interrogar-se, mas jamais a desmentir-se naquilo que era o essencial do seu projecto. E acrescenta, mais adiante, como que para esclarecer esse objectivo essencial: telas […] escravas do seu compomisso humanista, manifestação de uma ética que o impedia de afrouxar a atenção aos homens e às suas vidas. 1 A consciência da unidade da obra do pintor, a que se refere o autor, é a mesma que as acções do Lugar do Desenho têm vindo a estabelecer nas sucessivas exposições do seu acervo e naquelas que, como esta, as complementam. O público habitual da Fundação tem logrado, deste modo, familiarizar-se com a diversidade, mas também, com a unidade da obra apresentada; com a riqueza, mas também com a coerência da sua linguagem formal e das suas propostas plásticas e, finalmente, com a pluralidade, mas também com a consistência do projecto estético e ético que a suporta. São três os estados, físicos e emocionais, que se revelaram diante das dezasseis pinturas e é a sua evocação que substitui uma leitura de teor analítico que, em diferentes ensaios, já procurei. Para os comentar, fui procurar outras vozes, a de Vergílio Ferreira e a de Manuel Guimarães que se encontraram, em 1969, na produção de um documentário sobre o artista, o primeiro como autor do texto que se ouve em voz off, o segundo como realizador. É que o meu comentário dirige-se à obra acabada, enquanto os comentários do escritor e do cineasta, lembrados no final deste catálogo, dirigem-se ao acto da criação, visto por dentro. 1. ALMEIDA, Bernardo Pinto de — Resende, a um século…. Resende Antológica. Gondomar: Lugar do Desenho, 2017.
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LEVEZA, DENSIDADE, QUIETUDE Um e outro constataram a diversidade de tentativas e de meios a que o pintor recorreu. É o escritor quem afirma, abrindo, aliás, a via de entendimento que Bernardo Pinto de Almeida seguiria: Na procura dessa verdade oculta, que é enfim a da sua própria voz, Resende tenta vários caminhos. Mas a presença humana, constante na sua pintura, demarca-lhe os limites do seu procurar. E se foi possivelmente a densidade, o estado a que Vergílio Ferreira foi mais sensível, ele que se referiu ao artista como um pintor da interrogação existencial e da noite, a leveza terá sido bem captada nas imagens de Manuel Guimarães sobre brincadeiras de crianças. E se ambos abordaram Júlio Resende antes das viagens do artista ao Brasil, os sinais do repouso e da quietude já se insinuavam.
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O primeiro estado é o da leveza, de um corpo instável que procura. É a estação da liberdade, da ocupação feliz do mundo — do mundo em redor e do mundo da pintura. Estrelas e papagaios, astros e brinquedos atraem o seu olhar e explicam o seu movimento solto e despreocupado. O que perseguem estas criaturas? Que procura é esta? Pintura metafórica, da cumplicidade existencial.
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O PAPAGAIO, 1971 Óleo sobre tela colada sobre platex 120 x 94,2 cm
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O DIA, 1973 Óleo sobre tela 88 x 120 cm
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A NOITE, 1973 Óleo sobre tela 90 x 121,5 cm
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SEM TÍTULO, 1973 Óleo sobre tela 160 x 200 cm
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ESTRELA AMARELA, ESTRELA VERDE, 1988 Óleo sobre tela 175,8 x 160cm
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O segundo estado é o da densidade, do corpo em acção. É a estação do trabalho, dos pés assentes na terra. Corpos que cumprem tarefas, gestos repetidos. Espaço dominado por corpos definidos, mas também atravessado por corpos em fuga, a transformar-se em elementos de sugestão antropomórfica. Estruturas que já não são, ou ainda não são, figura, mas que se organizam do mesmo modo, a partir dessa linha imaginária que coincide com a base do suporte pintado. A palavra pressente-se, a dos pregões e a dos linguajares do trabalho. Pintura social, de análise e de compromisso.
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SEM TÍTULO, 1957 Óleo sobre tela colada sobre platex 46 x 55 cm
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PINTURA Nยบ 6, 1961 ร leo sobre tela 95 x 126 cm
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PINTURA, 1961 Óleo sobre tela 130,7 x 97,5 cm
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CAVALEIROS E CAVALOS, 1970 Óleo sobre madeira 82 x 62 cm
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SEM TÍTULO, 1962 Óleo sobre tela 61 x 74 cm
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SARGACEIRO, 1971 Óleo sobre tela 146,5 x 96 cm
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SEM TÍTULO, 1978 Óleo sobre tela colada sobre platex 95,5 x 120,5 cm
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FIGURAS HUMANAS — PINTURA Nº5, 1962 Óleo sobre tela colada sobre platex 87 x 115 cm
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O terceiro estado é o da quietude, do corpo em repouso. É a estação solar, tempo de calor e de calma. Pausa sonolenta em clima tropical, sobre a terra. Tranquilidade do atelier do lado de cá da janela, arbustos floridos do lado de lá da vidraça. Cores com conteúdo intrínseco como teorizou Kandinsky. Uma atmosfera lírica e os olhos fechados de cansaço, de sono e de sonho. Não há actividade, apenas um rumor no tempo, um sussurro no momento da sesta. Pintura íntima, do instante que passa, descomprometida.
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LUZ DE ATELIER, 1997 / 2000 Óleo sobre tela 134,5 x 149,5 cm
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SONO NA TERRA, 1988 Óleo sobre tela 149,5 x 149,5 cm
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ADEUS TRISTEZA, 1991 Óleo sobre tela 100 x 100 cm
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"RESENDE", DE MANUEL GUIMARÃES (1969) — TEXTO PARA O DOCUMENTÁRIO
VERGÍLIO FERREIRA
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Júlio Resende nasceu no Porto e foi do Porto que ele nasceu. Assim a palavra que nos disse traz o sinal do que a cidade transmitiu. Palavra grave, humana, profunda. Tem a cor das coisas onde o tempo se demora, a força do homem que resiste. Do Porto das sua velhas casas e ruas, das gentes que sofrem e lutam, do halo da neblina onde a alegria se perde, essa palavra emerge e vem até nós, gravada do destino que marcou. Na Escola de Belas Artes Resende marcou o seu encontro com a pintura através da excitação dos companheiros que com ele a procuravam, através sobretudo do magistério de Dordio Gomes que a revelou. Não apenas, todavia, na obra que o mestre realizava, mas naquilo que pela Europa realizavam outros pintores — e sobretudo no incitamento a que Resende descobrisse a sua própria voz. A caminho da sua casa, no limite da cidade, o pintor leva o rio por companheiro. É um rio de águas turvas, com o tom do seu mundo, dos verdes densos à cor escura das ruínas. Resende fita-o, guarda-o na memória e à gente que lá é humana, e à poesia aérea das suas embarcações. A casa fica à beira do rio, num resguardo de verdura. Abrem dentro grandes espaços de silêncio, de luz velada, amortecida nos tons pálidos dos muros, onde o atropelo dos dias esmorece. Velhos quadros, velhos móveis, um frémito passa como o anúncio da palavra procurada — Resende a escuta, recolhido ao silêncio, à serena humildade. Aí o pintor se executa no destino que é o seu, gravado de solidão, no mútuo confronto de si com o quadro, com a forma e a cor que o hão-de revelar, com a profunda verdade da vida que esse quadro há-de dizer. Aí o pintor se interroga sobre a missão que lhe coube e que só em pintura poderá significar. Decerto ignora porque pinta, exceto pela necessidade de pintar. Porque só em arte se vive, se se é artista e só nela a vida tem razão. Mundo sobreposto ao mundo, não anula no seu real, porque simplesmente o faz existir pelo sentido do que lhe revela. Na procura dessa verdade oculta, que é enfim a da sua própria voz, Resende tenta vários caminhos. Mas a presença humana, constante na sua pintura, demarca-lhe os limites do seu procurar. A forma, todavia, em que a temática se realiza, define-se logo também pela organização de uma estrutura, e Cézanne ergue-se no seu horizonte com o jogo prismático dos seus volumes. Mas Cézanne pinta o dia e Resende é um pintor da noite. Na diversidade de tentativas, os sinais humanos, é que orientam o pintor, desde as faces trágicas ou enigmáticas, até a placidez de uma mão em repouso. O Alentejo é entrevisto agora acidentalmente por Resende. Porque só mais tarde lhe há-de marcar decisivamente a pintura. É por isso encontro orientado aqui e além por mestre de Dordio. Mas Dordio integra o homem na paisagem e Resende — e desde já — integra a paisagem no homem. Do mesmo modo, Goya está presente em certo quadro de concurso. Mas o grotesco de Goya, Resende não o reconhece e jamais por isso voltará a ele. De Goya há-de reter apenas o que fala de uma comunidade nocturna. Mas Paris é a capital da pintura e Resende aí frequenta a Escola de Belas Artes, contacta com outros pintores, frequenta os museus, copia quadros de alguns mestres como Metsys e Bruegel, pinta um fresco como prova de curso. Um estilo marcado por um entrecruzado de ângulos se anuncia já aqui nestas figuras de mulheres, neste grupo de lavadeiras, nesta ponte, no estranho fantasma desta extraordinária velha de sombra. É um estilo que Resende tenta ainda esclarecer em Portugal nestes “mendigos”, neste “Retrato de Marta”, sua filha.
LEVEZA, DENSIDADE, QUIETUDE E eis que o Alentejo se cruza enfim com a sua pintura. Da janela da sua casa em Viana do Alentejo, ele fixa as gentes que passam e o destino que as leva, a legenda do tempo e da memória, os longes da planície, toda aberta de horizontes para a esperança invisível do sem fim. E os desenhos multiplicam-se — os homens e animais na comunidade dos trabalhos e os dias, na áspera rudeza de um camponês, na graça ocasional de uma mulher. E nas ceifas, o lugar marcado ou suplício alentejano. Mas sobretudo nessa cósmica união do cavalo e do homem. Dura de ossos e nervos, uma estrutura subjaz à realidade aparente. Como uma crispação de um protesto que se ignora — a proliferação triangular dos seus quadros. Atropelo de homem e de animais, passam em caravana, no rasto de uma obscura orientação. E é a mesma crispação que endurece o trabalho da mulher. Talhados na desgraça, escurecidos dos séculos, a viagem que os leva tem o absurdo de uma viagem circular. Mas que passe ou que fique, o que para Resende exprime o Alentejo é o homem que luta e que sofre, imobilizado na sua eternidade da sua condição. Assim Resende se integrou na atmosfera nocturna do Alentejo do romance “Aparição”, no halo do seu narrador, no trágico Bexiguinha, na instantânea graça de Cristina, no trágico Semeador. Mas há um instante em que as figuras de Resende, vazadas à força que a sustenta, se erguem sobre si, e um sopro épico as levanta a uma grandeza escultórica. Sem face, elas têm no entanto a força que a haveria de conquistar. É a força que fala a linguagem marítima na epopeia de outrora e que Resende escutou no malogrado monumento ao Infante. Diagrama da aventura, no espaço da infinitude, na realização humana do sobre-humano, Resende estendeu-o, para decoração da cripta, na proliferação das naus e bandeiras, da gente conglomerada à empresa comum, nas coordenadas do sonho que a todos orientava. Mas sobretudo entendeu-o nestas figuras solenes, erguidas do fundo dos séculos, com o peso de uma vontade secular. Mas se a forma manifesta os temas, compreendemos que eles tendam a dissolver-se, se a realidade para o pintor tende a perder consistência. Do mundo identificável, o que resta é o anúncio da sua dissolução. Luta sempre renovada, recuperação do mistério. Resende a ela volta, porque a arte, para a história dos artistas, como para a de cada artista por si, é um eterno recomeço, um constante e duvidoso combate. Mas decerto que a sua lição se não perdeu e a juventude o saberia, ainda quando a negasse. Porque a verdadeira arte perdura sobre o que dela se transforma ou se corrompe.
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Imagens de Resende, 1969, realização de Manuel de Guimarães. Produção Cultura Filmes. 35mm, cor, 23m. Texto e locução de Vergílio Ferreira
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NOTA BIOGRÁFICA
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Júlio Resende (1917 | 2011) natural do Porto, é autor de uma obra de pintura vastíssima, desenvolvida entre os anos 30 do século XX e a primeira década do século XXI. Concluiu a formação em Pintura, no ano de 1945, na Escola de Belas Artes do Porto, onde seria docente entre 1958 e 1987. Realizou inúmeras exposições no país e no estrangeiro, tendo iniciado, em 1934, a participação em exposições coletivas, e um trajeto individual em 1943. Ao longo da sua carreira, foi distinguido com relevantes prémios. Realizou obra pública com trabalhos em técnicas que vão da cerâmica ao fresco, do vitral à tapeçaria, instalados em espaços do norte ao sul de Portugal. Ilustrou obras literárias, nomeadamente para a infância, realizou cenários e figurinos para teatro, bailado e espetáculos de grande impacto. Sobre a sua produção debruçaram-se os principais críticos e historiadores de arte portugueses, mas também importantes escritores e poetas. A criação do Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende foi um dos principais projetos a que se dedicou a partir da década final do século XX e da primeira década do século XXI. Projetado pelo arquiteto José Carlos Loureiro, foi inaugurado em 1997, na margem do Douro, em Gondomar, junto à casa-atelier do artista, da autoria do mesmo arquiteto. Em 1947 instala-se em Paris. Viajou por França, Bélgica, Holanda, Inglaterra e Itália. Na capital francesa frequentou o atelier de Untersteller na Escola de Belas Artes de Paris, e a Academia Grande Chaumière, como discípulo de Othon Friesz. Sob a orientação de Duco de la Aix aprendeu a técnica do fresco. Realizou apontamentos do natural — paisagem e figuras — bem como numerosas cópias no Museu do Louvre. Conviveu com artistas estrangeiros, em particular com Mabel Gardner, o escultor Zadkine, o pintor checoslovaco Frantisek Emler e com o norueguês Oddvard Straume. Estas ligações determinariam a realização de exposições nos países nórdicos e o intercâmbio com esses artistas. Promoveu, por exemplo, em 1957 uma exposição de artistas portugueses em Oslo e Helsínquia. Nos anos de 1949 / 50 foi professor na pequena escola de cerâmica em Viana do Alentejo, Alentejo, período em que privou com o escritor Vergílio Ferreira e com os artistas Júlio e Charrua. Nos anos 50 promoveu, em Portugal, as Missões Internacionais de Arte, para as quais eram convidados artistas estrangeiros em diálogo com artistas portugueses. Em 1954 leciona na Escola Secundária da Póvoa de Varzim e em 1955 promove a segunda “Missão Internacional de Arte”, naquela localidade. Em 1970 seria responsável pela orientação visual e estética do Espetáculo de Portugal na “Exposição Mundial de Osaka”, momento relevante da sua presença no estrangeiro. Nos anos 90, reforça a articulação com os países de língua portuguesa ou de influência portuguesa, tendo sido promovidas pela Fundação Júlio Resende, diversas estadias artísticas em Moçambique, Cabo Verde e Goa que resultaram em exposições nesses países e na publicação dos respetivos catálogos. Faleceu aos 93 anos de idade, a 21 de setembro de 2011, na sua casa em Valbom, Gondomar.
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CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO PINTOR JÚLIO RESENDE [1917 | 2011]
COMISSÃO DE HONRA
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JÚLIO RESENDE NA COLEÇÃO MILLENNIUM BCP MARCELO REBELO DE SOUSA Presidente da República ANTÓNIO COSTA Primeiro Ministro LUÍS FILIPE CASTRO MENDES Ministro da Cultura D. ANTÓNIO MARIA BESSA TAIPA Administrador Diocesano do Porto MARCO MARTINS Presidente da Câmara Municipal de Gondomar RUI MOREIRA Presidente da Câmara Municipal do Porto ADELINO MÁRIO RESENDE BARBOSA Fundador constituinte do Lugar do Desenho AIRES HENRIQUE DO COUTO PEREIRA Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim ALMERINDO SILVA Central Lobão ÁLVARO SIZA VIEIRA Arquiteto AMÂNDIO FERNANDES SECCA Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Árvore ANA PINHO Presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves
ANTÓNIO MONTEIRO Presidente da Fundação Millennium bcp ANTÓNIO RODRIGUES Grupo Simoldes ANTÓNIO TAVARES Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto ANTÓNIO VILA COVA Presidente do Conselho de Administração Banco Finantia ARMANDO ALVES Fundador constituinte do Lugar do Desenho ARTUR SANTOS SILVA Conselho de Administração do Banco BPI (Presidente Honorário) Fundador constituinte do Lugar do Desenho CARLOS LUCENA Telles de Abreu, Advogados CARLOS MARQUES Fundador constituinte do Lugar do Desenho CARLOS MONJARDINO Presidente do Conselho de Administração da Fundação Oriente DIAMANTINO SABINA Presidente da Câmara Municipal de Estatarreja DIONÍSIO VINAGRE Presidente da Administração do Casino da Póvoa
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LEVEZA, DENSIDADE, QUIETUDE EDUARDO RANGEL Grupo Rangel EDUARDO SOUTO MOURA Arquiteto FERNANDO GOMES Administrador da SAD do Futebol Clube do Porto FERNANDO LEITE Administrador-Delegado da LIPOR FERNANDO ROCHA Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos FRANCISCO LARANJO Fundador constituinte do Lugar do Desenho GERMANO SILVA Fundador constituinte do Lugar do Desenho GUILHERME FIGUEIREDO Fundador constituinte do Lugar do Desenho ILÍDIO PINHO Presidente da Fundação Ilídio Pinho ISABEL CAPELOA GIL Reitora da Universidade Católica Portuguesa ISABEL MOTA Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian JOÃO PAULO QUEIROZ Presidente da Direção da Sociedade Nacional de Belas Artes
JOÃO PORTO Presidente do Conselho Fiscal do Lugar do Desenho JOAQUIM AZEVEDO Professor Catedrático da Universidade Católica Portuguesa JOAQUIM COUTO Presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso JORGE VULTOS SEQUEIRA Presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira JOSÉ CARLOS LOUREIRO Fundador constituinte do Lugar do Desenho JOSÉ CARLOS VASCONCELOS Director do Jornal de Letras, Artes e Ideias (JL) JOSÉ PAIVA Diretor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto JOSÉ PENA DO AMARAL Presidente do Conselho de Administração da Fundação Casa da Música JOSÉ VAZ PINTO Fundador constituinte do Lugar do Desenho LAURA CASTRO Professora Auxiliar na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa LUÍSA MARIA NEVES SALGUEIRO Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos
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LUÍS BRAGA DA CRUZ Presidente do Conselho de Fundadores de Serralves
MIGUEL CADILHE Fundador constituinte do Lugar do Desenho
LUÍS FILIPE PEREIRA MOURINHA Presidente da Câmara Municipal de Estremoz
NUNO BOTELHO Presidente da Associação Comercial do Porto
LUÍS MANUEL DOS SANTOS CORREIA Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco
PAULA ROQUE Direcção da Revigrés
LUÍS MARQUES MENDES Conselheiro de Estado LUÍS PORTELA Presidente da Fundação Bial LUÍS VALENTE OLIVEIRA Fundador constituinte do Lugar do Desenho MANUEL CASAL AGUIAR Fundador constituinte do Lugar do Desenho MANUEL NOVAES CABRAL Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. MARIA AMÉLIA CUPERTINO DE MIRANDA Presidente da Fundação António Cupertino de Miranda MARIA ISOLINA CARVALHO Fundador constituinte do Lugar do Desenho MARIA JOÃO VASCONCELOS Directora do Museu Nacional Soares dos Reis MARIA TERESA BELÉM CORREIA CARDOSO Presidente da Câmara Municipal de Anadia
RUI MASSENA Pianista SEBASTIÃO FEYO DE AZEVEDO Reitor da Universidade do Porto SERAFIM GUIMARÃES Presidente da Liga dos Amigos do Hospital de São João VASCO AFONSO SILVA BRANCO Fundador constituinte do Lugar do Desenho VICTOR COSTA Fundador constituinte do Lugar do Desenho ZULMIRO DE CARVALHO Fundador constituinte do Lugar do Desenho
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JÚLIO RESENDE NA COLEÇÃO MILLENNIUM BCP EXPOSIÇÃO
CATÁLOGO
TÍTULO Júlio Resende na Coleção Millennium bcp — Leveza, Densidade, Quietude
TÍTULO Júlio Resende na Coleção Millennium bcp — Leveza, Densidade, Quietude
LOCAL Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende Rua Pintor Júlio Resende, 105 4420�534 Valbom Gondomar
TEXTOS Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende António Monteiro Fundação Millennium bcp Laura Castro Universidade Católica Portuguesa — CITAR e Escola das Artes Vergílio Ferreira
CONTACTOS 224649061 / 2 info@lugardodesenho.org www.lugardodesenho.org DATA 31.10.2018 — 26.01.2019 ORGANIZAÇÃO Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende Fundação Millennium bcp CURADORIA Laura Castro SECRETARIADO Cecília Moreira MONTAGEM Fernando Seabra
TEXTOS DE ABERTURA DE CAPÍTULO Laura Castro FOTOGRAFIA Marta Resende Fotografia de Júlio Resende Pedro Aboim Coleção Millennium bcp DESIGN GRÁFICO Luísa Silva Gomes EDITOR Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende IMPRESSÃO E ACABAMENTO Gráfica Maiadouro TIRAGEM 500 exemplares DATA Outubro 2018 ISBN 978-989-96982-9-1 DEPÓSITO LEGAL xxx
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ORGANIZAÇÃO
LUGAR DO DESENHO FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE
MECENAS DA EXPOSIÇÃO "JÚLIO RESENDE NA COLEÇÃO MILLENNIUM BCP"
MECENAS
APOIO
SEGUROS
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CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PINTOR JÚLIO RESENDE 1917 | 2017
APOIO INSTITUCIONAL
LUGAR DO DESENHO FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PINTOR JÚLIO RESENDE 1917 | 2017
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