UNS DYAS ENTRE NÓS — DESENHOS HUMORÍSTICOS DE JÚLIO RESENDE INAUGURAÇÃO: 03.03.2018 | SÁBADO | 16:00 LUGAR DO DESENHO FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE RUA PINTOR JÚLIO RESENDE, 105 4420-534 VALBOM GONDOMAR SEGUNDA A SEXTA: 10:00 | 12:30 14:30 | 18:00 SÁBADO E DOMINGO: 14:30 | 17:30
Não se poderá dizer que ele seja uma pessoa distante da sociedade na prática do misantropismo egoísta. Posso garanti-lo porque o conheço desde que deixei o berço e ensaiávamos o gatinhar por que todos passaram. Já então trocávamos olhares em desafio na conquista de capacidades de adaptação à vida. Desde o berço, sim senhor! E recordo a sua alegria e o seu sorriso, tanto no êxito como na cambalhota desastrada tão frequente em verdíssimos anos de existência. Diria que o sorriso nasceu com ele, e com ele ficou. Hoje em adulto, nada tem daquilo que para o comum dos homens se diz ser “um pateta alegre”. Muito se enganam! Enfim, chamam-lhe Dyas, com i-grego se escreve, e eu não sei porquê. Quando lhe perguntei, esboçou um sorriso de través… Eu não insisti. Sei que preferes os dias às noites e isso é razão que lhe assiste e para mim, que baste. É pessoa talvez mais social que sociável porque falando pouco, vê e observa com a acuidade de um psicólogo. Claro que adora as multidões das grandes urbes em cujo comportamento se dissimula. É mais maroto que maldoso no modo de captar situações, algumas das quais ele próprio se faz de intérprete, não se excluindo da acção “transgressora” da normalidade. É atenuante de peso, vamos lá!… A sintonia entre nós não impede que, por vezes, tenhamos diálogos íntimos que eu aproveito para o questionar sobre esta produção que vem de longe e por antecipação ao que a TV de hoje apresenta na rubrica “apanhados”. Ele responde com um jeito de ombros e um sorriso. Provavelmente a resposta caberá ao psicólogo e ao sociólogo… Nada disto veria a luz do dia se eu não viesse a fazer-lhe esta partida… E com isso terei que o ouvir...
No centenário do nascimento de Júlio Resende, o Lugar do Desenho celebra uma faceta peculiar do artista, através de uma exposição que apresenta desenhos de circunstância, de natureza humorística, datados de 1979 a 2000. Realizados, na sua maioria, a esferográfica, estes desenhos de pequena dimensão evocam o registo direto de instantes que o artista viveu, descontraidamente, como um viajante em férias que apura a sua observação e aguça a sua predisposição para olhar os episódios em volta com um sentido de humor contagiante. Consciente da dimensão particular que ocupam na sua obra, o autor assinou muitos destes desenhos como Dyas, apelido que também consta do seu nome, aqui alterado pela letra “y”. Para lá de instituir uma espécie de heterónimo, esta assinatura tem a vantagem de remeter para um quotidiano em que todos os dias são dignos de registo. Umas vezes subtil e complacente, outras vezes crítico, sempre arguto, Resende dá-nos um retrato perspicaz da espécie humana nas situações ora caricatas, ora ridículas e anedóticas em que todos nos descobrimos num ou noutro momento da nossa existência. Apanhar esse momento, arquivá-lo mediante o desenho e deixar umas quantas anotações e comentários manuscritos para orientar a nossa observação foi o que fez Júlio Resende. Esta terá sido uma forma de dar continuidade ao espírito juvenil que o fez partir para o desenho humorístico na imprensa e para as tiras de banda desenhada a que se dedicou nos tempos iniciais da sua vocação artística.
Uns Dyas Entre Nós
No Centenário do Nascimento de Júlio Resende 1917 | 2017
Lugar do Desenho
Júlio Resende — Biografia JÚLIO RESENDE (1917 | 2011) natural do Porto, é autor de uma obra de pintura vastíssima, desenvolvida entre os anos 30 do século XX e a primeira década do século XXI. Concluiu a formação em Pintura, no ano de 1945, na Escola de Belas Artes do Porto, onde seria docente entre 1958 e 1987. Ao longo da sua carreira, foi distinguido com relevantes prémios: Prémio Armando Basto (1945), Amadeo Sousa Cardoso (1949), António Carneiro (1953), todos atribuídos pelo SNI; Prémio Especial na Bienal de S. Paulo (1951); Prémio de Artes Casino da Póvoa (2008). Realizou obra pública com trabalhos executados em técnicas que vão da cerâmica ao fresco, do vitral à tapeçaria, instalados em espaços do norte ao sul de Portugal. A criação do Lugar do Desenho — Fundação Júlio Resende foi um dos principais projetos a que se dedicou a partir da década final do século XX e primeira década do século XXI. Projetada pelo arquiteto José Carlos Loureiro, foi inaugurado em 1997, na margem do Douro, em Gondomar, junto à casa-atelier do artista. Em 1947 instala-se em Paris. Viajou por França, Bélgica, Holanda, Inglaterra e Itália. Nos anos de 1949/50 foi professor na pequena escola de cerâmica em Viana do Alentejo, período em que privou com o escritor Vergílio Ferreira. Nos anos 50 promoveu, em Portugal, as Missões Internacionais de Arte. Em 1970 seria responsável pela orientação estética do Espetáculo de Portugal na “Exposição Mundial de Osaka”, momento relevante da sua presença no estrangeiro. Nos anos 90, reforça a relação com os países de língua portuguesa, tendo sido promovidas diversas estadias artísticas em Moçambique, Cabo Verde e Goa. Faleceu aos 93 anos de idade, a 21 de setembro de 2011, na sua casa em Valbom, Gondomar.
Resende, Junho 2000
LUGAR DO DESENHO
UNS DYAS ENTRE NÓS
03.03—20.05.2018
DESENHOS HUMORÌSTICOS DE JÚLIO RESENDE
PROPAGANDA ESPACIAL (n.dat.)
CHAMAM-LHE DYAS, COM I-GREGO SE ESCREVE E EU NÃO SEI PORQUÊ.
DESENHO A ESFEROGRÁFICA PRETA 14,5 x 19,5 cm
ORGANIZAÇÃO
LUGAR DO DESENHO FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE
MECENAS
100
DESENHO A ESFEROGRÁFICA PRETA E LÁPIS DE COR 15,5 x 21,0 cm
NATAL—BRASIL “GINÁSTICA AQUÁTICA” (1998)
S/TÌTULO (n.dat.)
DESENHO A ESFEROGRÁFICA AZUL 14,0 x 22,0 cm
QUANDO LHE PERGUNTEI ESBOÇOU UM SORRISO DE TRAVÉS...
A NACIONAL SENSIBILIDADE PELA PAISAGEM (n.dat.)
S/TÌTULO (n.dat.)
DESENHO A ESFEROGRÁFICA AZUL 19,5 x 14,5 cm BRASIL (n.dat.)
DESENHO A ESFEROGRÁFICA PRETA 19,5 x 14,5 cm DESENHO A ESFEROGRÁFICA PRETA E LÁPIS DE COR 14,5 x 21,5 cm APOIO INSTITUCIONAL
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CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PINTOR JÚLIO RESENDE 1917 | 2017
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