Antológica — Celebrar e Repensar Júlio Resende [1917|2011]

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10. 1960

ANTOLÓGICA


RESENDE

LUGAR DO DESENHO FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE 23.10.2017


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CELEBRAR E REPENSAR JÚLIO RESENDE [1917 | 2011] NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO

Desde a sua criação, em 1993, e a inauguração das suas instalações, em 1997, que o Lugar do Desenho - Fundação Júlio Resende se dedica ao estudo, à preservação e à difusão do vasto acervo de desenhos que possui. Formada por duas mil e quinhentas peças que o pintor reuniu ao longo da sua carreira e destinou à Fundação, a colecção permite seguir o seu trajecto artístico, desde os tempos de formação aos de consagração. As actividades culturais e educativas que a Fundação tem desenvolvido estimulam uma leitura aberta do desenho e uma reflexão multidisciplinar sobre a sua prática. Habitualmente dedicada à apresentação da obra de outros artistas, a Sala de Exposições Temporárias da Fundação, abre este ano do centenário do nascimento de Júlio Resende com uma exposição Antológica que revisita obras emblemáticas do seu percurso de pintor. 4

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Rever Júlio Resende é rever uma obra que resume a arte do século XX. É urgente repensála e reenquadrá-la na história da arte moderna e contemporânea. O centenário do nascimento do pintor é o momento certo para esta acção. Lugar do Desenho


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RESENDE, A UM SÉCULO…

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BERNARDO PINTO DE ALMEIDA

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Júlio Resende ocupou, no espaço cultural, histórico e estético da arte portuguesa do século XX, lugar de particular proeminência. Revelado ainda em meados dos anos quarenta, haveria de ser confundido, no início de carreira, com os Neo-realistas quer pelas temáticas sociais, sobretudo populares, quer pela densidade plástica, carregada de tons escuros, que a sua pintura abordou até tarde. Autor, desde início, de uma obra emblemática, cedo saudada pela crítica e pelo público especializado, como de referência, o sucesso que mereceu não haveria de aquietá-la em soluções de compromisso estético, procurando-se antes, no processo lento e sólido do seu desenvolvimento, a afirmação de valores plásticos e éticos que o artista foi definindo de modo nítido. A esse percurso não poderá deixar de se ligar o conhecimento geral da sua profunda influência na Escola de Belas Artes do Porto, onde foi professor, e onde ocupou lugares de direcção. E onde, sobretudo, influenciou, humana e pictoricamente, gerações sucessivas de alunos, que ora assimilaram em profundidade certos aspectos dessa obra, ou a referiram por oposição, procurando afastar-se dos seus pressupostos, e inventando, a partir dessa negação, o seu próprio campo plástico. De um modo ou de outro, a sua figura ganhou contornos míticos locais, de quase paternidade relativamente a esta Escola, tendo em grande medida ajudado a emancipá-la das redes académicas que a envolviam e que haviam marcado o seu ensino desde os tempos remotos em que fora Academia de Belas Artes. Dando-lhe, enfim, o perfil moderno que ganhou a partir de meados da década de cinquenta. Do que resultou uma consagração que, hoje, é já nacional, permanecendo Resende como uma figura indispensável da cultura e das artes portuguesas. Amado ou contestado, foi, durante mais de quatro décadas, o próprio rosto da Escola do Porto, a sua principal figura e o seu mestre. O que muitos lhe ficaram devendo, em didáctica e em influência, sentindo-se ainda hoje nas obras de artistas que vieram depois, que partiram de certas questões colocadas por essa obra para firmarem a sua tradição. Tal seria o caso de Armando Alves, de Jorge Pinheiro, de Domingos Pinho, ou mais recentemente de Francisco Laranjo, entre os mais significativos e que vieram por sua vez a ter influência nos rumos da arte portuguesa. Ali estudou, a partir de 1937, nomeadamente com Dórdio Gomes, e aí foi, mais tarde, longamente docente, desde 1958 até se aposentar. Antes, e a partir de 30, estudara na Academia Silva Porto e, mais tarde, já depois de formado, de 1947 a 1948, em Paris, com Bolsa do Instituto de Alta Cultura, onde foi discípulo, entre outros, de Othon Friesz, o pintor fauvista, cujo ensinamento terá encontrado eco na veia expressionista do nosso pintor.


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O regresso à Escola do Porto viria também a ser estruturante de uma reflexão e de uma prática pictórica que assim se podia transmitir revendo-se no permanente contacto com sucessivas gerações de alunos. A obra de Júlio Resende desenvolveu-se, assim, ao longo dos anos percorrida por uma consciência de unidade, dinamizada por impulsos internos que a ajudaram a crescer, a rever-se, reencontrar-se, interrogar-se, mas jamais a desmentir-se naquilo que era o mais essencial do seu projecto. Depois da formação primeiro na Academia Silva Porto — salão livre onde concorriam, por então, talentos locais — seguiu-se a das Belas Artes. Ali foi aluno de Dordio, de quem aprendeu certo sentido de estilização da paisagem, já que este havia traduzido o que mais importava na lição de Cézanne. Ainda no Porto, tornouse amigo e companheiro de artistas como Fernando Lanhas, seu primo, ou de Júlio Pomar — que chegou a prefaciar-lhe exposição em 1945 —, e ainda de Nadir Afonso e Arlindo Rocha entre outros. Este grupo seria protagonista das célebres e importantes Exposições Independentes que percorreram o país até 1950. Também essas companhias proporcionaram a Resende ambiente de confraternização que necessitava para medir com outros as suas próprias reflexões. No texto de apresentação da mostra de 45, escreveria, com notável intuição, Júlio Pomar: “Júlio Resende sabe que a expressão não se atinge pela acumulação de pormenores — de desenho ou cor — mas pela sua eliminação”. E nisso adivinhava já muito do que seria a progressão futura da arte de Resende. No ano de 1946, partiu para Paris como bolseiro, onde se inscreveu num atelier livre da Academia La Grande Chaumière. Como contou mais tarde, ali foi ao encontro de uma realidade que a arte portuguesa dessa época não lhe podia oferecer: “Em Paris reconheço a dimensão do mundo (...) Mas a arte “não-figurativa” que estava então no momento de plenitude deparava-se-me como uma interrogação para a qual só eu poderia encontrar íntima resposta. Decididamente para mim, ela não seria um fim em si mesma. As suas virtudes não se me escaparam...”. Mais decisiva, porventura, do que a sua passagem pelo atelier de Friesz, foi decerto a visita continuada pelo Louvre onde, copiando obras clássicas ou, simplesmente, estudando a pintura da grande tradição, solidificou uma formação que a cultura artística portuguesa, empobrecida ainda pela tradição das academias de oitocentos não estava em medida de lhe dar. Quadros como “Viana do Alentejo”, ou “Figura da Planície” de 1949 e 51 respectivamente, dão-nos bem conta do essencial desses inícios, em que tematizou de imediato algumas daquelas que seriam as suas mais preocupações futuras. Por um lado, o sentido

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antropomórfico que nem um rápido namoro com a abstracção aboliu e, por outro, a capacidade de entendimento atmosférico que se viria a acentuar cada vez mais com o progredir da obra. Ainda, uma referência goyesca, sobretudo à chamada Série Negra, que foi determinante em toda a sua aprendizagem. Regressado, seria no Alentejo — onde foi professor dois anos em Viana — que fez o primeiro grande movimento de maturação da sua obra. O sentido da estruturação cezanneana que aprendera com Dordio no Porto, aplicado agora construtivamente à paisagem alentejana com outro sentido crítico, permitiram-lhe geometrizar o espaço e subordiná-lo à veemência das ortogonais. Os quadros dessa época, tutelados por mão firme de pintor, reenquadram a paisagem alentejana e as suas gentes na perspectiva de uma observação atenta, estruturada, da sua própria realidade. A sua pintura compreendeu primeiramente a relação essencial entre gente e paisagem, temática que viria a desenvolver ao longo dos anos, e a estrutura interna dos seus quadros fez com que estes dois elementos se viessem a fundir em geometrias inesperadas, em que as verticais dos homens polarizam as horizontais da terra. Depois deste período alentejano, o pintor regressaria ao norte, fixando-se na Póvoa do Varzim, onde igualmente continuou actividade como professor. A presença próxima do mar, numa terra do litoral igualmente de características populares, veio matizar a sua pintura de valores plásticos até então desconhecidos. Tal se verificando em outros quadros desta segunda fase, e nomeadamente num grande fresco que realizou para a cantina da Escola Gomes Teixeira, no Porto, em torno do tema “Divertimento Infantil". Também o quadro “Pescadores”, de 1957, tem já uma atmosfera brumosa, que viria a matizar todo o seu esquema compositivo, permitindo-lhe uma liberdade de gesto conveniente ao seu temperamento expressionista. Ainda se sente a presença das linhas rectas, mas o todo parece aglutinar-se por intermédio de uma razão mais líquida, que é o seu sentido de atmosfera, típica da antemanhã do norte litoral. As figuras como que se fundem numa deliquescência fantasmática, espectral, que não pode deixar de evocar alguma pintura norteeuropeia, particularmente a flamenga. Também as cores ganham um brilho e uma luminosidade que contrastam com os tons terrosos — ocres, vermelhos escuros, castanhos e negros — da série anterior. As duas figuras representadas, quase abstractas, breves silhuetas recortadas no fundo luminoso da aurora, fundemse com a atmosfera, mas sobrepõem-se claramente à paisagem, emergindo dela ou recortando-se dela. É um momento em que se anuncia já a inclinação para a temática humanista que, progressivamente, irá definir o seu trabalho.


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Também a simplificação das duas figuras evidencia uma liberdade gestual que antes o pintor não se consentira. Curiosamente, este novo período figurativo, abandonando a evocação do relevo e fazendo predominar a figura relativamente à paisagem, admite o surgimento de uma nova força, inesperada, na sua pintura. Aquela que se poderia designar, à falta de melhor termo, como uma força escultórica. A presença das curvas permite, assim, que possa ocorrer na sua pintura, uma familiaridade surpreendente com as figuras escultóricas de um Henry Moore. Às atmosferas brumosas do período anterior foi cedendo lugar uma nova atenção às superfícies e às rugas da pintura, materializadas em contrastes matéricos fortes, que quase o aparentam com certo informalismo catalão. Mas, ao invés deste, que se queria totalmente abstracto, as telas de Resende eram ainda escravas do seu compromisso humanista, manifestação de uma ética que o impedia de afrouxar a atenção aos homens e às suas vidas. A presença das figuras é o factor que impede que o pintor se tenha lançado numa aventura abstracta que não poderia, deveras, fazer sua, por temperamento e convicção, sem nisso ir perder o destino da sua própria obra. A matéria está lá, carregada e densa, quase objectual, deixando melhor evidenciar o seu temperamento expressionista, mas nunca por nunca ganhando a batalha. As figuras agora contorcem-se, precisamente em razão da luta contra essa matéria que habitam, e que veio em grande parte substituir a paisagem.. Esta é também uma fase em que as figuras perdem a sua proverbial unidade, como se, ao construtivismo da primeira fase alentejana, e à exuberância escultórica da segunda fase nortenha se substituísse um elemento desestruturante que retirasse a esse universo o seu equilíbrio, para o lançar numa deriva estilhaçante. Este é um momento particularmente grave na obra longa de Resende. Quadros como “Voz no deserto” (1961) evidenciam este novo sentido de angústia que a sua pintura acolheu, correspondente da assimilação de vectores existencialistas que abrem o universo temático do pintor. Em carta a Rui Mário Gonçalves datada ainda de 1958, escreve: “Pertenço a uma geração que vive uma época de inquietude e se encaminha em avalanche para o imprevisível. É este o estado de espírito que me domina a todo o instante e, naturalmente, se exacerba quando pego nos pincéis. Daí o Homem estar sempre nas minhas telas, embora a sua presença seja mais espiritual do que física.” Curiosamente, a sombra tutelar de Picasso, que o acompanhara antes, abandona-o aqui a uma aventura cada vez mais pessoal, mais dura e, porventura, de consciência mais trágica. A matéria irrompe com

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tal brutalidade que ameaça o equilíbrio da composição e tergiversa mesmo a sua figuração para a orla de uma quase abstracção. Um quadro intitulado “Condottière” (1966), esclarece-nos a este propósito. Não se trata já de uma obra de temática popular, agarrada pela unidade do próprio tema mas, pelo contrário, de um quadro onde predominam valores plásticos contrastantes, de gosto e recorte quase velazquenho, nomeadamente pelo emprego do claro-escuro estruturante da figura. A violência dos gestos que se sentem na pintura, bem como a presença insistente das matérias, são factores que contribuem para adensar o clima de saturação que envolve toda a obra. A uma ligeireza ambiental, que deixava límpidas as figuras escultóricas do período anterior, tal como a uma geometria equilibrada que caracterizava o primeiro período depois do regresso de Paris, substituía-se agora uma espécie de vitória do espaço. Como se as matérias ditassem o destino do quadro, abandonado à força e energia das suas cores e pinceladas. Talvez por isso, a esta fase inquieta e de contornos negros na carreira do pintor, se tenha sucedido um breve período, dir-se-ia neoclássico, em que a disciplina do desenho, o lugar do desenho, regressou à sua obra. Já não tanto para a disciplinar como para a sintetizar, para lhe permitir a passagem para outras experiências. Em “Miragaia”, de 74, verifica-se o sentido de um novo equilíbrio temático na sua obra, que é acompanhado por um regresso à figura e por um progressivo abandono da presença excessiva e do peso ameaçador das matérias. Não desaparece a inclinação expressionista, mas esta ganha de novo sentidos sociais, de novo relacionados com as percepções e experiências exteriores. A carga psicológica cedia, assim, espaço à carga sociológica. Curiosamente, esta fase intermédia em que se recuperou o valor estruturante do desenho seria interrompida, ou revalorizada plasticamente, com a sua descoberta do Brasil. A partir desta data, 1971, em que visita o Brasil na primeira de uma série longa de viagens que ali o levarão de volta, Júlio Resende descobre um novo valor plástico que passaria a envolver — como sempre aconteceu na sua obra, quando se tratou da integração de novos dados — um novo valor sensível e de experiência do mundo. A presença das oblíquas, da fluidez e da cor — cor aberta, pura, violenta, mas de uma doçura sempre próxima das coisas — permitir-lhe-á encerrar, de vez, um ciclo de crise que se abrira com o período matérico. A sua pintura parece ganhar uma nova sensualidade, um novo ritmo, uma nova percussão de alma. É inundada por um sentido de cor que antes não conhecera. E se as temáticas continuaram ligadas ao gosto pelo popular e pelo autêntico, afastando-se de vertigens mundanas ou de


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compromissos representativos, não é menos verdade que nelas se verberou uma redescoberta do prazer da vida e do mundo. Ao expressionismo triste de épocas anteriores parecia suceder agora uma expressividade alegre, modulada pela descoberta da linha oblíqua. A grelha das ortogonais — relativamente à qual a fase matérica tinha operado como um grito a exigir mais liberdade, mas também como revelação de uma angústia latente que a estrutura não deixava exprimir-se — perdia agora definitivamente o seu predomínio para ceder cada vez mais espaço a uma fluência oblíqua. “Homem e pássaro”, pintado no Recife em 1978, é, a este propósito, esclarecedor. Tudo aí acontece sob o domínio de linhas oblíquas e curvas que entre si rimam a estrutura compositiva do quadro. As cores são puras, quase ingénuas, próximas do coração selvagem. As aguarelas deste período, que se iria prolongar até finais da década de oitenta, interrompido apenas pela densidade sintética da sua obra prima, a “Ribeira Negra” — momento de reflexão admirável que o pintor lança sobre a sua obra passada, mas munido já dos instrumentos entretanto adquiridos —, testemunham amplamente deste novo sentido ganho na sua obra. Fluidas, transparentes, coloridas, rápidas na execução como no sentido perceptivo que declamam, não podem deixar de evocar a fase marroquina de um Délacroix, abandonando-se à sensualidade prazenteira da contemplação das odaliscas norte-africanas. Tal como essas obras do grande pintor romântico francês, as de Resende respiram uma vitalidade aprendida no gesto popular, no calor dos trópicos, na elegância marota e sinuosa dos meninos da rua. Ganham uma evidência de desenho que antes o pintor não se havia autorizado, dando progressivamente espaço à percepção do quotidiano. Mas onde, antes, se sentia o peso e a densidade de uma condição trágica da vida, ascende agora um gosto primaveril pelas cores da manhã, pelos pequenos movimentos do real, pelo estímulo dos cheiros e do tacto, pelas caprichosas ondulações da dança. Tudo parece agora respirar uma sensualidade antes contida, amargurada por um sentimento dramático da vida e do mundo, e finalmente liberta pela presença activa desse mesmo mundo, enfim pressentido na pureza da sua imanência, anterior ao trabalho e ao esforço humano. Redescobrindo a natureza, Resende descobria uma outra dimensão da própria natureza humana. Como na música impressionista de um Debussy ou de um Villa-Lobos, parece já não haver lugar para a tristeza, para essa tristeza que o pintor pintava, e que transparecia daquela que o próprio homem terá imposto ao mundo quando se sentiu abandonado pelos deuses. O pintor quer claramente exprimir essa surpresa, esse encantamento do olhar, essa falha da sua cultura natal,

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que subitamente compreende diante da explosão magnífica das cores e dos corpos. Descobrindo o Brasil, Resende redescobre a pintura, uma dimensão dela que não havia, antes, conhecido. Um quadro como “Vendedeiras” de 1979, ou “Menina com Gato” de 83 são parentes próximos da pintura de um seu contemporâneo ilustre, António Dacosta, explode em tonalidades de amarelos e verdes. Casa, mesmo se tal pode parecer paradoxal, a delicadeza sensual de um Bonnard e o gesto humilde e tenso de um Permeke. É por isso que, quando, em 1984, Resende executa “Ribeira Negra”, cuja primeira versão lhe apareceu a negro — executada em breves dias, apesar da escala, sobre papel de cenário — esse negro com que quer reencontrar as atmosferas escuras do Porto da sua infância parece então transbordar de cor. E é por isso, também, que nunca antes a sua pintura fora capaz de testemunhar com tanto acerto, com tanta precisão, com tanta delicadeza e ao mesmo tempo com uma gestualidade tão firme, a paisagem da sua cidade que conhecia de cor. A sua “Ribeira Negra”, mesmo nos tons escuríssimos de que se veste, é uma Ribeira “vista” do outro lado do Atlântico. É a Ribeira vista do Brasil.

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01. 1943 ESBOCETO DA TESE Óleo s/ cartão colado em tela 40,5 x 29,5 cm Col. Particular

07. 1954 RETRATO DE MARTA MARIA Óleo s/ tela 56 x 47 cm Col. particular

13. 1966 CONDOTTIER Óleo s/ tela 160 x 130 cm Col. Pádua Ramos

19. 1978 HOMEM E PÁSSARO Óleo s/ tela 80 x 70 cm Col. Ilídio Pinho

02. 1946 SEM TÌTULO Óleo s/ platex 38 x 28 cm Col. Arq.º Manuel Magalhães

08. 1957 PESCADORES Óleo s/ tela 146 x 97 cm Col. Museu Calouste Gulbenkian - Colecção Moderna

14. 1970 SEM TÌTULO Óleo s/ tela 117 x 90 cm Col. Pádua Ramos

20. 1978 MULHER DA BALANÇA Óleo s/ tela 90 x 120 cm Col. Ilídio Pinho

03. 1949 VIANA DO ALENTEJO Óleo s/ cartão 35 x 42,5 cm Col. Arq.º Manuel Magalhães 04. ANOS 50 FUMADOR DE CACHIMBO Óleo s/ platex 32 x 22,5 cm Col. Armando Amorim 05. 1951 FIGURA DA PLANÌCIE Óleo s/ platex 121 x 81 cm Col. particular 06. 1954 GRUPO Óleo s/ platex 38 x 48 cm Col. Particular

09. 1959 SEM TÌTULO Óleo s/ Madeira 54 x 68 cm Col. Pádua Ramos

15. 1972 O HOMEM E O URUBU Óleo s/ tela colada em platex 120 x 95 cm Colecção Particular

10. 1960 PINTURA Óleo s/ tela 80 x 100 cm Col. Pádua Ramos

16. 1974 FARDO Óleo s/ tela 140 x 100 cm Col. Pádua Ramos

11. 1961 PORTA BANDEIRA II Óleo s/ tela 72 x 58 cm Col. José Bernardo Távora 12. 1961 VOZ NO DESERTO Óleo s/ tela 130 x 97 cm Col. José Bernardo Távora

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17. MIRAGAIA (PORTO) 1974 Óleo s/ tela 160 x 200 cm Col. particular 18. SÉRIE “PORTO RUDE” 1977 Óleo s/ tela 120 x 150cm Col. particular

21. 1979 VENDEDEIRAS Óleo s/ tela 173 x 200 cm Col. Museu Calouste Gulbenkian - Colecção Moderna 22. 1983 MENINA COM GATO Óleo s/ tela 100 x 100 cm Col. Particular


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01. 1943


02. 1946

03. 1949


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04. ANOS 50


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05. 1951


06. 1954

07. 1954


08. 1954

09. 1959


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10. 1960


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11. 1961


12. 1961

13. 1964


14. 1970

15. 1972


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16. 1974


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17. 1974


18. 1977

19. 1978


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20. 1978


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21. 1979


22. 1983


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JÚLIO RESENDE

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Júlio Resende (1917|2011) natural do Porto, é autor de uma obra de pintura vastíssima, desenvolvida entre os anos 30 do século XX e a primeira década do século XXI. Concluiu a formação em Pintura, no ano de 1945, na Escola de Belas Artes do Porto, onde seria docente entre 1958 e 1987. Realizou inúmeras exposições no país e no estrangeiro, tendo iniciado, em 1934, a participação em exposições colectivas, e um trajecto individual em 1943. Ao longo da sua carreira, foi distinguido com relevantes prémios: Prémio Armando Basto (1945), Amadeo Sousa Cardoso (1949), António Carneiro (1953), todos atribuídos pelo SNI; Prémio do Salão dos Artistas de Hoje (1956); Prémio Especial na Bienal de S. Paulo (1951); Menção Honrosa na 5ª Bienal de S. Paulo e 2º Prémio Pintura na I Exposição de Artes Plásticas FCG (1957); Prémio AICA – SEC (1984) Prémio Aquisição 1987 da Academia Nacional de Belas Artes (1988); Prémio de Artes Casino da Póvoa (2008). Realizou obra pública com trabalhos executados em técnicas que vão da cerâmica ao fresco, do vitral à tapeçaria, instalados em espaços do norte ao sul de Portugal. Ilustrou obras literárias, nomeadamente para a infância, realizou cenários e figurinos para teatro, bailado e espectáculos de grande impacto. Sobre a sua produção debruçaram-se os principais críticos e historiadores de arte portugueses, mas também importantes escritores e poetas. A criação do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende foi um dos principais projectos a que se dedicou a partir da década final do século XX e primeira década do século XXI. Projectada pelo arquitecto José Carlos Loureiro, foi inaugurada em 1997, na margem do Douro, em Gondomar, junto à casa-atelier do artista, da autoria do mesmo arquitecto. Em 1947 instala-se em Paris. Viajou por França, Bélgica, Holanda, Inglaterra e Itália. Na capital francesa frequentou o atelier de Untersteller, na Escola de Belas Artes de Paris, e a Academia Grande Chaumière, como discípulo de Othon Friesz. Sob a orientação de Duco de la Aix aprendeu a técnica do fresco. Realizou apontamentos do natural – paisagem e figuras – e numerosas cópias no Museu do Louvre. Conviveu com artistas estrangeiros,


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particularmente com Mabel Gardner, o escultor Zadkine, o pintor checoslovaco Frantisek Emler e o norueguês Oddvard Straume. Estas ligações determinariam a realização de exposições nos países nórdicos e o intercâmbio com esses artistas. Promoveu, por exemplo, em 1957 uma exposição de artistas portugueses em Oslo e Helsínquia. Nos anos de 1949/50 foi professor na pequena escola de cerâmica em Viana do Alentejo, Alentejo, período em que privou com o escritor Vergílio Ferreira e com os artistas Júlio e Charrua. Nos anos 50 promoveu, em Portugal, as Missões Internacionais de Arte, para as quais eram convidados artistas estrangeiros em diálogo com artistas portugueses. Em 1954 lecciona na Escola Secundária da Póvoa de Varzim e em 1955 promove a segunda “Missão Internacional de Arte”, naquela localidade. Júlio Resende viria igualmente a tornar-se Membro da Academia Real das Ciências, Letras e Belas-Artes Belgas, tendo feito uma conferência neste enquadramento, em Bruxelas, em 1972. Em 1970 seria responsável pela orientação visual e estética do Espectáculo de Portugal na “Exposição Mundial de Osaka”, momento relevante da sua presença no estrangeiro. Nos anos 90, reforça a articulação com os países de língua portuguesa ou de influência portuguesa, tendo sido promovidas pela Fundação Júlio Resende, diversas estadias artísticas em Moçambique, Cabo Verde e Goa que resultaram em exposições nesses países e na publicação dos respectivos catálogos. Faleceu aos 93 anos de idade, a 21 de Setembro de 2011, na sua casa em Valbom, Gondomar.

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CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PINTOR JÚLIO RESENDE 1917 | 2017

Marcelo Rebelo de Sousa Presidente da República António Costa Primeiro Ministro Luís Filipe Castro Mendes Ministro da Cultura D. António Maria Bessa Taipa Administrador Diocesano do Porto Marco Martins Presidente da Câmara Municipal de Gondomar Rui Moreira Presidente da Câmara Municipal do Porto Adelino Mário Resende Barbosa Fundador constituinte do Lugar do DesenhoFundação Júlio Resende Almerindo Silva Central Lobão Amândio Fernandes Secca Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Árvore

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COMISSÃO DE HONRA

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Ana Pinho Presidente da Fundação de Serralves

Armando Alves Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende Artur Santos Silva Conselho de Administração do Banco BPI (Presidente Honorário) Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende Carlos Lucena Telles de Abreu, Advogados Carlos Marques Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende Carlos Monjardino Presidente do Conselho de Administração da Fundação Oriente Eduardo Rangel Grupo Rangel Fernando Gomes Administrador da SAD do Futebol Clube do Porto Fernando Leite Administrador-Delegado da LIPOR Fernando Nogueira Presidente da Fundação Millennium BCP

António Rodrigues Grupo Simoldes

Francisco Laranjo Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

António Tavares Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto

Germano Silva Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

António Vila Cova Presidente do Conselho de Administração Banco Finantia

Guilherme Figueiredo Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende


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Ilídio Pinho Fundador e Presidente da Fundação Ilídio Pinho Isabel Mota Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian João Paulo Queiroz Presidente da Direcção da Sociedade Nacional de Belas Artes João Porto Presidente do Conselho Fiscal do Lugar do Desenho Joaquim Azevedo Professor Catedrático da Universidade Católica Portuguesa José Carlos Loureiro Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

Luís Marques Mendes Conselheiro de Estado

Sisa Vieira Arquitecto

Luís Portela Presidente da Fundação Bial

Souto Moura Arquitecto

Luis Valente Oliveira Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

Vasco Afonso Silva Branco Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

Manuel Casal Aguiar Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

Victor Costa Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

Manuel Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P.

Zulmiro de Carvalho Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

Maria Amélia Cupertino de Miranda Presidente da Fundação António Cupertino de Miranda Maria Isolina Carvalho Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

José Paiva Director da Faculdade de Belas Artes do Porto

Maria João Vasconcelos Directora do Museu Nacional Soares dos Reis

José Pena do Amaral Presidente do Conselho de Administração da Fundação Casa da Música

Miguel Cadilhe Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende

José Vaz Pinto Fundador constituinte do Lugar do Desenho-Fundação Júlio Resende Laura Castro Professora Auxiliar na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa Luis Braga da Cruz Presidente do Conselho de Fundadores de Serralves Presidente do Centro Português de Fundações

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Nuno Botelho Presidente da Associação Comercial do Porto Paula Roque Direcção da Revigrés Rui Massena Pianista Sebastião Feyo de Azevedo Reitor da Universidade do Porto Serafim Guimarães Presidente da Liga dos Amigos do Hospital de São João

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EXPOSIÇÃO

CATÁLOGO

Título Antológica - Resende

Título Antológica - Resende

Tiragem 500 exemplares

Centenário do Nascimento do Pintor Júlio Resende 1917 | 2017

Centenário do Nascimento do Pintor Júlio Resende 1917 | 2017

Data 2017

Local Lugar do Desenho Fundação Júlio Resende Rua Pintor Júlio Resende, 105 4420-534 Valbom Gondomar Contactos 224649061/2 info@lugardodesenho.org www.lugardodesenho.org Data 23.10.1917 14.01.2018 Organização da Exposição Lugar do Desenho Fundação Júlio Resende Curadoria Armando Alves

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Secretariado Cecília Moreira Montagem Fernando Seabra

Textos Bernardo Pinto de Almeida Lugar do Desenho Fundação Júlio Resende Fotografia © AL Guilherme Carmelo Imagens Obras Júlio Resende Museu Calouste Gulbenkian - Coleção Moderna Fotografias de Mário de Oliveira Design gráfico esad—idea Inês Nepomuceno Susana Carreiras Editor Lugar do Desenho Fundação Júlio Resende Morada Rua Pintor Júlio Resende, 105 4420—534 Valbom Gondomar Impressão e acabamento Norprint

ISBN 978-989-96982-5-3 Depósito legal ????


ORGANIZAÇÃO

LUGAR DO DESENHO FUNDAÇÃO JÚLIO RESENDE

APOIO INSTITUCIONAL

MECENAS

APOIO

SEGUROS


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CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PINTOR JÚLIO RESENDE 1917 | 2017

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11. 1961


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