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Comparação de dois planetas

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Em terra firme

Em terra firme

- O senhor não podia me explicar melhor como e porque vim parar aqui?

Acorc sorridente disse: - É bastante complicado para você entender, como deve ter notado nas vezes anteriores, quando tentei lhe explicar. Tentarei ser mais explícito. Nós acartianos já há vários anos estamos realizando excursões a outros planetas, excursões estas que ultimamente vêm se concentrando quase que totalmente sobre a Terra.

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- Com que objetivo? - Ah!... Nisto há vários motivos. - O senhor poderia enumerá-los? - Sim, em parte talvez. Mas para que você possa compreender melhor, vou antes pô-lo a par das diferenças de muitas coisas daqui em relação à Terra, coisas estas que nós acartianos há pouco descobrimos. Preste então bem atenção, disse-me Acorc. - “Sim senhor”, respondi. - Assim como vocês lá na Terra, nós aqui também temos os anos que são divididos por meses, meses por semanas, semanas por dias, dias por horas, etc. - Vejamos como são aqui:

Um ano acartiano tem 353 dias Com exceção de cada 6 anos que tem um com 352 dias Divido por 11 meses de 32 dias Sendo que o primeiro a não ser em cada 6 com 33 dias Os meses divididos por semanas de 5 dias Dias divididos por 6 horas

Quando ele falou em dias e sei horas, eu explodi dizendo: - Mas como assim? Parece que já faz uma eternidade que estou aqui em Acart, já fizemos 3 refeições e com o sol ainda alto, e o senhor me diz que os dias daqui só têm 6 horas? Ele riu de aba despregada da minha confusão e por fim disse: - É lógico que lhe pareça estranho, mas é que estou me referindo a anos, meses, semanas, dias e horas de Acart. Agora vou lhe fazer uma comparação de Acart em relação à Terra e verá a diferença.

Um ano acartiano equivale a 676 dias da Terra Um mês de Acart equivale a 61 dias e 8 horas da Terra Uma semana acartiana 9 dias e 14 horas da Terra Uma hora em Acart equivale a 7 h e 40 min. da Terra

Nas horas existem outras divisões, mas por ser inteiramente impossível explicar-lhe ocorreu-me que para melhor entendimento entre nós, digamos que são divididas por décimos e centésimos. - Mas por que Acart, apesar de ter menos dias, tanto nos anos como nos meses, estes são mais longos do que da Terra? - É porque Acart gira mais lento, tanto em torno de sim como do sol. - E os meses e semanas daqui porque não são 12 em vez de 11 e a semana 5 dias em vez de 7 como é na Terra? - Como referências aos meses, é uma questão astrológica de difícil explicação. Com referência às semanas dá-se o mesmo, e creio não ser interessante explicar-lhe, porque quanto mais colocá-lo a par, mais confundido ficará. Agora compreende porque fazemos tantas refeições durante um dia aqui? - Sim, agora começo a compreender. - Muito bem. Agora vamos à pergunta referente à sua vinda para cá. Você veio parar aqui da seguinte maneira: Conforme já disse, nós estamos em contato com a Terra, com diversos objetivos. Desta vez, o objetivo foi este: Nós estamos atrasados e muito em relação a vocês, num terreno. - Em que terreno? Como vocês diriam do pão. - Do pão? - Sim, do pão. - Mas como? - É muito simples. O que podemos chamar de trigo, não dá como o de vocês. O nosso dá em árvores. Apesar de produzir em abundância, não resolve o problema porque dá uma massa escura e não muito gostosa como certamente você mesmo constatou. E de acordo com o que conseguimos apurar, o vosso dá um fino manjar. Foi com o fim de observar o seu cultivo que enviamos uma nave solar (Coclecse), com uma equipe de homens para ver como era plantado e recolher uma porção de terra com a semente do vosso trigo e trazer à Acart para posteriores experiências. Estavam eles executando este

trabalho quando você apareceu. Já que a ordem é não matar ou ferir qualquer terrícola, ao lhe verem, apontaram as pistolas solares com muita baixa voltagem, que somente fez perder os sentidos e cair por terra. Preparavam-se para partir e deixá-lo ali, pois dentro de poucas horas você recobraria os sentido e seguiria o seu destino. Foi nesse instante que surgiu a pior ideia que podia surgir na cabeça de um acartiano. O comandante da nave, julgando-o um plantador de trigo, sugeriu que o trouxesse para cultivar o cereal aqui. Seus subordinados não viram com bons olhos a ideia, mas não querendo contrariá-lo concordaram. Introduziram-no na nave, deram-lhe um narcótico suficientemente forte para fazê-lo dormir durante toda a viagem e não sentir a transformação de peso nas passagens das zonas neutras existentes no espaço. - Quantas horas são gasta em uma viagem daqui à Terra? - 36 e 38 horas terrícolas. - Trinta e seis horas? Quantos quilômetros há daqui à Terra então? - Aproximadamente 65 milhões nesta época. - Santo Deus! Mas será que vão empreender uma viagem destas somente por minha causa, respondi com o suor a me escorrer pela testa. - Não se impressione. Já lhe disse que o levaremos de volta. Aquele que o trouxe para cá, já está pagando pela desobediência cometida e você voltará. - Quando o senhor acha que me levarão de volta? - Assim que o apresentar ao Filho do Sol, ele marcará o dia. Mas como ia contanto, ao atingirem a nossa atmosfera, deram-lhe um antientorpecente, que o fez recobrar os sentidos. Do resto você se recorda com certeza. - Sim, recordo mais ou menos a minha chegada. - E assim que a nave aportou em Con, seu comandante mandou que o levassem à residência de Tuec, um dos conselheiros daquela ci-

dade. Este então se apressou em reunir os demais membros, para apreciar o seu caso, e como viram em você um ser humilde e indefeso, e por força das circunstâncias fora de seu mundo, compadeceram-se de você e procuraram entender-se com você. Dirigiam-se a você em vários idiomas sem nenhum resultado, até que você falou em alemão e Tuec entendeu algumas palavras. Como ele sabia que eu falava esse idioma, pois sou muito amigo dele e com frequentes contatos que temos tido, eu lhe tenho ensinado um pouco, ele pôs-me a par dos fatos. Fui então falar com o Filho do Sol, a quem relatei os acontecimentos, a pedido do conselho de Con. Ele ficou indignado com o procedimento do comandante e mandou destituí-lo do cargo, transferindo-o para trabalhar, como operário, nas minas de aço solar por um ano (Acart) e me pediu que o levasse à presença amanhã. Então me dirigi para cá e, o resto você já sabe. - Sim, e me foi muito benéfico encontrá-lo, pois havia horas que tentávamos nos entender, sem resultados. Se não fosse o senhor, acho que eu acabaria ficando louco. Mas o senhor falou, se não entendi mal, que transferiram o comandante da nave que me trouxe para trabalhar como operário de uma mina? - Sim, isto mesmo. - Não entendo como um comandante de uma nave interplanetária, de tão alto posto, passe a ser operário por causa de um forasteiro como eu? - Sim, porque nossas leis para com os terrícolas são as seguintes: Não os tocar e nem os matar, quanto mais trazê-los para cá, como no seu caso. Aqui as leis são feitas pelo homem e se estes as desobedecer, pagará pela desobediência. - Eu pensei que funcionário de tão alto posto tivesse suas regalias. - Não! Aqui não temos nem altos nem baixos todos são iguais, até o Filho do Sol. Quando terminar seus dias de governo para o qual foi escolhido pelo povo, voltará a arar lavouras, se por ventura de lá tiver vindo.

- Que minas são estas de aço solar? - Aço solar é um aço especial, que creio não terem ainda descoberto sua utilidade na Terra. É com ele que fazemos as naves solares e também estas, iguais a que você viajou comigo e possui muitas outras utilidades.

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