Grifo 02

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MUNDO

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ELEIÇÕES NOS EUA: O QUE MUDA PARA NÓS?

esmo depois de tudo o que se sabe sobre como as coisas se passam nos EUA, não deixa de surpreender a expectativa da esquerda brasileira a cada eleição no império. Sempre é bom lembrar, por exemplo, o quanto Obama foi saudado como a “grande esperança negra” que subiu ao poder como campeão dos direitos humanos e saiu dele como um criminoso de guerra, o que é comum a todos os altos funcionários de todos os governos dos EUA. Biden não foge à regra e nem sequer chega ao poder como um paladino da democracia. É um notório gângster, com uma larga folha de serviços prestados ao “deep state”. Como vice de Obama, envolveu-se diretamente no golpe de estado patrocinado pelos EUA na Ucrânia e que teve a participação ativa dos nazistas locais. Posteriormente, chantageou o “governo” dos golpistas, condicionando a liberação de um empréstimo dos EUA à colocação de seu filho como membro do conselho administrativo da empresa estatal de gás ucraniana. Também é sabido que ele esteve no Brasil para pressionar a presidenta Dilma Rousseff a abrir a exploração do pré-sal às petroleiras estadunidenses. Como ela recusou, imediatamente após a sua partida eclodiram as agitações de 2013 que foram o prenúncio de uma série de eventos que levaram ao golpe jurídico parlamentar de 2016. Então, não será alguém com tal perfil que promoverá alguma mudança nas relações EUA-Brasil. Além do mais, é muito difícil imaginar alguém, seja lá quem for, assumir o poder nos EUA e criar constrangimentos a um aliado tão servil. O golpe foi dado exatamente para destruir o Brasil como estado nacional e submetê-lo aos interesses do império, agenda essa que nosso “governo” pós golpe vem cumprindo à risca. O que essas eleições nos EUA deixam evidente, antes de tudo, é uma contestação aberta ao seu resultado com um indicativo muito forte de fraudes durante o processo eleitoral. Sempre houve um acordo tácito sobre o reconhecimento do resultado das urnas entre os interesses que disputavam o poder nos EUA. Ganhando quem ganhasse, independentemente de qualquer irregularidade, o resultado deveria ser acatado. Mas com a eleição de Trump esse acordo foi quebrado, já que sabidamente ele não era o candidato do estado profundo por defender uma agenda anti globalista. Imediatamente iniciou-se uma campanha difamatória que ficou conhecida como Russian Gate. Segundo seus detratores, a chegada de Trump ao poder era o resultado de uma interferência russa no processo eleitoral dos EUA. No processo que se seguiu a essa denúncia nunca foi apresentada uma prova sequer sobre tal interferência e tudo revelou-se uma monumental ópera bufa. Não se trata aqui de fazer a defesa desse ou daquele candidato, já que ambos são, cada um de acordo com seus interesses, a representação acabada do capitalismo voraz, belicista e predador. Trata-se, isso sim, de entender que a eleição de Trump e sua tentativa de obter um segundo mandato escancararam de vez a farsa que sempre foram as eleições nos EUA. E se as eleições são uma farsa, tudo o que decorre delas está definitivamente desmascarado. Principalmente o mito de que os EUA são o modelo de democracia a ser seguido pelo mundo. Eugênio Neves


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