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O mala e a Síndrome de Paulo Coelho

Diz a lenda que o mala de esquerda é diferente do mala de direita porque o mala de direita evoluiu e tem rodinhas.

Pois o mala de esquerda está aí de novo. Ele reaparece principalmente quando a esquerda é governo. O mala está de prontidão para dizer: eu falei, eu aviso e eu vou cobrar.

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O mala de esquerda já está cobrando resultados de Lula na mesma linha de raciocínio do mercado financeiro e da grande imprensa.

É inacreditável, diz o mala de esquerda, que a marca do governo seja o arcabouço fiscal do Haddad.

É preciso uma marca com jeito de produto de consumo de massa, e isso Lula não tem e será que precisa ter?

O mala de esquerda reclama de Haddad, da comunicação do governo e de barbeiragens pontuais.

A Folha deu de manchete na semana passada que Lula já teve quatro desentendimentos com ministros. Quais? Com que gravidade? Ninguém se lembra.

O mala da esquerda embarca nessas intrigas e acompanha a falação.

Lula tem que se virar para contornar a sabotagem de Roberto Campos Neto no Banco Central.

Precisa armar uma estratégia para enfrentar o achaque da Globo, da Folha e do Estadão.

Tenta se livrar dos bolsonaristas que ainda estão dentro do governo, sentados em cadeiras cedidas à turma do centrão.

Sabe que a Amazônia continua sob domínio não de garimpeiros de chinelo de dedo, mas dos grandes bandidos das corporações financeiras que exploram o garimpo.

Tem que atender as demandas das urgências do povo, relançar programas exitosos (Mais médicos e Minha casa minha vida), salvar o SUS, resgatar a universidade pública e conter a matança de yanomamis.

E ainda tem que aguentar o mala de esquerda, que não é o necessariamente o esquerdista, ele é apenas mala.

E dureza ter de explicar, como fez no discurso dos cem dias, que se dedica ao urgente, para que o povo tenha o que comer.

Mas o mala parece alheio à guerra permanente enfrentada por Lula, Alckmin, Pimenta, Dino, Haddad, Marina, Almeida, Cida Gonçalves, Ana Moser, Sonia Guajajara.

Ah, dirão, sempre foi assim. Mas ficou pior, porque o mala amadureceu. E amadurecer, nesse caso, significa aperfeiçoar-se como mala.

Lula sabe que a extrema direita está se rearticulando, porque os líderes da tentativa de golpe se convenceram de que escaparão.

Enfrenta um cenário internacional nebuloso, com as sequelas da guerra e as incertezas nos países ricos.

E ainda tem que dizer ao mala que está trabalhando e que se esforça para fazer o urgente e que tudo o que faz é acordar, passar o dia e ir dormir pensando em soluções.

Lula completou cem dias que, somados aos dos seus dois governos anteriores, são 1.560 dias.

Lula está iniciando o terceiro mandato, tem de vivência no poder, tem noção de tempo e de riscos como talvez nenhum outro brasileiro.

O mala de esquerda, contagiado pela Síndrome de Paulo Coelho, exige uma pressa que é muito mais dos inimigos do que dos que apostaram e apostam em Lula.

Só Deus teve a agilidade que cobram de Lula e criou o mundo em seis dias. Mas vejam no que deu.

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