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Os cem que parecem mil

Os cem dias de Lula parecem mil por algumas razões. A mais inusitada é que o quase inerte presidente anterior impôs um ritmo frenético nos seus últimos dias ao governo que chegou. A vitória de Lula se deu no limite legal e da democracia. Aos fake news de 2018 se somou uma manipulação intensa no próprio processo eleitoral chegando ao limite da polícia rodoviária federal impedir o trânsito de eleitores. A posse foi no mesmo ritmo e intensidade com o presidente não conseguindo disfarçar o cansaço e a apreensão com a fuga do derrotado que sinalizava o golpe tentado no dia 8 de janeiro. Por outro lado, na contramão da conspiração em curso, o candidato vitorioso de novembro precisou negociar um orçamento extraordinário que relativizasse o comprometimento dos recursos pelo governo que abandonou suas funções antes mesmo da posse. O sucesso político-midiático da

quer que eescreva?

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posse sofreu o revés dos ataques aos palácios do governo, justiça e parlamento e precisou também construir uma reação articulada que esvaziasse o golpe tentado. O ministro da justiça praticamente assumiu a sustentação do governo e a prisão dos golpistas. Com obstinação quase religiosa o novo presidente se jogou no mundo e no país. Visitou os escombros espalhados pelo território nacional, como o genocídio yanomami, ao mesmo tempo que visitou os vizinhos do sul, do norte e do leste.

Depois de um vagabundo que dormitava pelo congresso no seu tempo de deputado, que não exerceu um minuto de suas funções, ocupado que estava em encher as burras de carpas, joias e o que vamos descobrir ainda, agora temos um cara que, no seu limite físico, trabalha e provoca o trabalho. Lula, sindicalista que foi, sabe do valor insubstituível do labor. Foram cem dias de intenso trabalho.

Parece que está no DNA. Até o dinheiro de uma Associação de País, Mestres e Alunos de uma escola militar em Goiás foi desviado para chope e barbearia.

Alguns bolsonaristas, por ignorância, estão só se reconhecendo fascistas agora. E gostando do que descobriram.

Bolsonaro jogou seus cúmplices às feras. Acho que agora começarão a abrir a boca, embora o medo de morrer.

As empresas que usaram o trabalho escravo para fazer vinho e ganhar dinheiro estão sendo investigadas e deverão ser punidas, esperemos. E a empresa de comunicação que, como Bolsonaro saudando Ustra, serve este vinho para honrá-lo?

A cloroquina bancada pelas organizações médicas consagraram o charlatanismo no país. Antes restritas a publicações popularesca e à internet, os remédios milagrosos tomaram conta da tv aberta e agora na tv por assinatura.

Não me peçam paciência com uma picaretagem que tem como técnica usar o inglês como isca para golpe que envergonharia o pilantra do golpe do bilhete. Fiz um juramento profissional de defesa da língua portuguesa na minha formatura de graduação do jornalismo.

Sempre me surpreendeu o esforço pessoal de alguns jornalistas de transformar em crença a opinião dos patrões.

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