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Lendo livros e se divertido

Uma seção que há muito tempo conquista leitores e autores do ofício é a crônica de jornal. Mesmo nos tempos de periódicos virtuais, ainda é valorizada. Outro aspecto que resiste ao tempo e modificações é o sebo, um lugar quase mítico para leitores e ávidos pesquisadores. Ao reunir essas duas tradições, sai Croniquetas do Atendente, primeiro livro de Mauro Sheuer Messina, da Ladeira Livros, localizada no reduto dos sebos de Porto Alegre, mais precisamente na Rua General Câmara, no Centro Histórico. Apenas para lembrar, era a antiga Rua da Ladeira que batiza o estabelecimento. Mauro está no ramo há muito tempo, esta memória afetiva e cultural dos muitos estudantes e professores que passaram pelo Campus do Vale da UFRGS, a Banca do Mauro tinha fama e respeito.

Talvez seja recomendável que um dono de sebo também seja um leitor, isso deveria ser uma característica desta categoria de comerciante. “A biblioteca da escola me abriu o caminho da leitura”, reconhece o autor no texto de apresentação. Publicou em livro o que já vinha escrevendo na sua página de Facebook, a obra veio à luz pela Editora Polifonia (2022), com ilustrações de Pablito Aguiar.

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Com textos curtos, daí vem o batismo de croniquetas, bem humorados, sem nunca abrir mão de fina ou grossa ironia, Mauro Scheuer descreve seus fregueses que por sua vez compõem-se de diversos tipos. Alguns assíduos, outros estranhos para o autor, diga-se. A verve e a experiência acumuladas atrás do balcão permitem brincadeiras com os frequentadores. Porém, um calejado Mauro sabe o ponto de parar ou desviar o assunto e atender o cliente. Esse sempre acaba saindo com algum livro, para o alívio de todos que trabalham na casa. Aliás, os trabalhadores, conforme definira o consciente e politizado Scheuer, têm seu protagonismo reconhecido, sob a pena impiedosa do chefe. Outro destaque da publicação são as ilustrações de um jovem e talentoso desenhista, Pablito Aguiar, que consegue com seus desenhos retratar o “ambiente da livraria”. Quando se entra em algum sebo e se encontra aquele livro há tempo desejado, nem sempre se leva em conta a que custo foi esta feliz surpresa. “Lembrei das minhas viagens a SP, ônibus às 3h da manhã, chegando às 7h da manhã do outro dia no Terminal Tietê, lojas de pontas de estoque na Ipiranga, na Liber- dade, volta para o terminal, porta bagagem na rodoviária, Praça da Sé e no final do dia voltando para Porto Alegre”, conta o atendente de sua saga.

Mauro fala sobre seu livro; “as croniquetas tinham uma boa aceitação no Facebook e para contrariar o ditado "casa de ferreiro espeto de pau" lancei a ideia do livro nas redes. E o projeto seguiu seu curso, “o pessoal da Polifonia curtiu a ideia e fez o convite para a edição”, resume. Ainda sem algum projeto mais concreto, o autor adverte que “como diariamente acontece algo engraçado por enquanto estou guardando na memória”. Acho que o atendente atrai o inusitado.

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