1 minute read

Erica Lacerda

Next Article
Vanessa Yida

Vanessa Yida

Cada dia que acorda reconhece alguém diferente, mas geralmente acorda uma mãe, professora e mais intensamente: alguém que ama a arte da palavra

Espinhela Caída

Advertisement

“Ô Nega, vem mora mais eu Cê sabe que eu te amo tanto Tô montando um barraco jeitoso Você faz amor tão gostoso”

“Você diz que me ama tanto Que eu sou tudo pra você nessa vida Me amaria, toda torta, atrofiada no canto Se eu tivesse espinhela caída?”

“Torta, atrofiada no canto? Você é tão faceira, minha Nega Na peleja trabalha tanto Deixa de besteira e aconchega

Januário te quer, Os rapazes do Afrânio Até mesmo o Coroné Nega, cê tem que ser minha este ano”

“Esse ano tem congada Tem feira, romaria Tenho que montar passeata Tenho que ir visitar minha tia”

“Vem Nega, larga de ser malcriada Eu te compro uma saia de fita Você larga de trabalhar na enseada Pago até o seu fiado na Loja Clarita”

“Vejo o morro na claridade Vó Nana, ensinou muito sobre a vida Mulher de verdade batalha, não se compra com saia de fita”

“Ô Nega, vem mora mais eu Cê sabe que eu te amo tanto Tô montando um barraco jeitoso Você faz amor tão gostoso”

“Você diz que me ama tanto Que eu sou tudo pra você nessa vida Me amaria só se eu deixasse De dançar, de sambar na avenida”

“Ô Nega, eu sei que ando nervoso É ciúme, quando casar sara Larga esse capricho custoso Vem Nega, vem cuidar do seu homi”

“Uma mulher que satisfaça Os desejos do corpo e do ego Uma forma de amar a si mesmo É só o que quer, não se faça de cego”

“Credo Nega, que falta de poesia!”

“Ô Nego, cê sabe que eu sou mais eu Não quero muito dessa vida Mas já tenho barraco jeitoso Lá não cabe caboclo orgulhoso ”

This article is from: