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Marcelo Felipe Garcia
Escreve há nove anos, e em suas produções tenta capturar o estranho, o absurdo, misturando elementos corriqueiros com o insólito Ao fazer essa sobreposição, tem a intenção de revelar a fragilidade de conceitos fixos e revelar a possibilidade de um reencantamento do mundo, olhado por uma nova ótica
Metade do infinito
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Se você sempre dividir o tempo pela metade Ele se torna infinito Passe metade da sua vida aprendendo Metade da metade trabalhando Metade de um quarto planejando a liberdade Metade de um oitavo curtindo Metade de um dezesseis avos lembrando Metade de um trinta e dois avos lamentando E assim por diante Para sempre
Pronto, agora você tem tempo ilimitado Pode fazer o que quiser Mas sempre pela metade Só se você se permitir Ser incompleto em tudo Ser metade do que poderia Ter milhões de meias possibilidades Meias narrativas Sempre novos enredos Que nunca florescem até o fim Mas, se você quer saber como acaba Por curiosidade ou interesse à história Precisará ser inteiro Ou se quiser que seja inteiro Precisará de um fim Mesmo que o fim não agrade Ainda que acabar signifique Perder a euforia Que estar no meio do caminho traz
Talvez algum dia alguém faça algo infinito Se determos essa possibilidade Talvez chegue o dia em que um poema Poderá ser lido por tempo indefinido Um poema eternamente cativante Que você espera até o final A grande conclusão O seu desfecho Mas você ainda nem chegou na metade