Projeto de Intervenção Urbanística | II Semestre

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Universidade Fernando Pessoa| Projecto de Intervenção Urbanística II| Memória Descritiva

A presente memória surge no âmbito da disciplina de Projecto de Intervenção Urbanística II e consiste na continuação do processo de reestruturação da Freguesia de Guifões, concelho de Matosinhos, iniciado no semestre anterior. Este consiste no estudo, percepção e proposta do espaço público pelo que passará por uma transição gradual de escalas começando pela escala 1/000 onde se começam a esboçar algumas linhas do tratamento do espaço, passando para a escala 1/500 onde já pensaremos em elementos morfológicos que o compões (percursos, mobiliário urbano, linhas de força, alinhamentos, etc.), avançando para uma escala mais detalhada, a escala 1/200 onde já apresentamos diferenças de pavimento, cor, e outros materiais e finalmente escalas mais aproximadas onde estudaremos em pormenor algumas áreas da proposta (como junção de pavimentos, interacção de elementos com o solo, etc.). Tratando-se da continuação de um trabalho desenvolvido no semestre anterior, julgo interessante fazer uma pequena síntese do mesmo ao nível das ideias principais sugeridas tanto pelas análises territoriais, teóricas e formais como pela proposta apresentada.

Assim, começando pela análise territorial, reforço as ideias que estiveram na origem de toda a proposta, ou seja a ideia de que a área de intervenção se situava numa zona periférica e de passagem que não possuía elementos de retenção nem uma organização espacial atractiva, que esta se encontrava numa zona central a nível de serviços e acessos, que possuía uma grande capacidade hortícola, e que revelava carências a vários níveis: desde viário (hierárquica e estruturalmente), edificado, e até de estruturação de espaços “vazios” (como praças, espaços verdes ou simplesmente espaços expectantes). A estratégia oriunda desta análise territorial procurava consolidar a malha urbana,

sem

ferir

alguns

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dos

aspectos

que

lhe

davam

identidade

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(nomeadamente o uso agrícola que esta possuía), dando-lhe assim um carácter próximo ao de uma “cidade jardim/horta”. Como consequência, a ideia de maior força para a concretização do projecto foi o aproveitamento dos usos do solo predominantes de forma a criar um conjunto de espaços, percursos e equipamentos com poder de retenção e utilização, que agregassem núcleos, redefinissem ou reforçassem os quarteirões e fossem capazes de produzir uma imagem mais agradável da freguesia. Desta forma surge a proposta já apresentada, composta por linhas de edificado que marcam os percursos mais importantes do território, percursos pedonais e espaços de retenção acompanhados ou compostos por pequenos jardins, hortas, etc.

Um dos aspectos mais importantes da proposta é a continuidade das linhas de força que haviam sido identificadas criando uma imagem que se repete e vai marcando percursos importantes no território, percursos estes que se relacionam e que, de certa forma, desencadeiam outros, os rematam e os escondem.

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Outros há, nomeadamente os dois eixos viários que criaram uma nova centralidade na freguesia e que agregam a função paisagística e urbanística simultaneamente, bem como o espaço que remata o seu cruzamento e que procura quebrar as vias sem quebrar a relação delas para com os restantes eixos (viários, visuais, edificados e pedonais) e procura também ser um momento de retenção e cruzamento de vários espaços. No que diz respeito ao espaço “verde”, e relembrando que houve uma outra cadeira que esteve associada a esta proposta (a cadeira de Arquitectura Paisagista), é necessário reforçar dois conceitos chave para a correcta percepção do desenho e relação dos mesmos (entre eles e na sua relação para com os restantes elementos urbanos): Espaço Verde Percebido e Não Percebido. Desta forma, utilizando estes conceitos de verde percebido e verde não percebido, e usufruindo das linhas de força edificadas, constituídas por edifícios multifamiliares, houve uma tentativa de rematar e criar quarteirões cujo interior encobrisse as diversas tipologias de verde e ao mesmo tempo as exibisse por entre os vazios existentes entre cada edifício. Da mesma forma, os percursos criados no seu interior relacionavam-se com os quarteirões vizinhos criando percursos variados que tanto levavam à margem do rio, como à zona mais a sul do território, ao novo centro marcado pela grande praça dobre a auto-estrada e até à outra margem da mesma. A introdução de edifícios de uso residencial uni e multifamiliar e de tipologias de verde hortícola e jardim, ao invés de introduzir equipamentos de uso colectivo como hotéis, centros comerciais, etc., surge como resposta à premissa de trazer algum interesse à Freguesia, desta forma, trazendo mais habitação também traria mais movimento, e o facto de haver pequenas hortas e espaços verdes, de uso e lazer público e privado, seria o elemento de maior valia desta área. De uma forma geral, estes são os aspectos mais importantes que irão permanecer ao longo do semestre.

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No entanto alguns destes aspectos criaram mazelas na malha e, ao invés de a relacionar, unir e caracterizar, tornaram-se elementos de maior dispersão e definição. “O projecto de espaço público deve contribuir para a criação/consolidação de uma malha urbana coerente. Para tal, deve saber reconhecer o contexto e identificar as características de cada espaço e a forma como concorrem para a formação de um todo, mais vasto e complexo.” Pedro Brandão O Chão da Cidade – Guia de avaliação do desenho do espaço de espaço público.

Como Refere Pedro Brandão, é necessária uma malha urbana coerente para que o espaço público contribua para a sua consolidação e lhe fortaleça identidade, pelo que numa fase inicial foram analisados alguns aspectos que deveriam ser solucionados previamente, para que o tratamento do espaço público surgisse como uma mais-valia à malha urbana e não uma mera tentativa de corrigir erros de projecto urbano, como infelizmente visualizamos em algumas cidades. Após uma nova e mais cuidada análise sobre a proposta houve alguns elementos ou áreas que tomaram o ponto de partida para um novo pensamento de proposta, que procurou respeitar as várias vivências dos espaços e reintegra-los na malha urbana. A área mais importante desta análise e com maior necessidade de reintegração estava relacionada com o espaço de retenção, criado como remate dos eixos paisagístico e urbanístico com o fim de atenuar o efeito barreira criado pela auto-estrada e fazer uma conexão entre as margens da mesma, mas que já no semestre anterior revelava grandes fragilidades. Numa aproximação de escala (para a escala 1/1000) tornou-se claro que este espaço não possuía qualquer carácter retentor e, pelo contrário, era o elemento que mais dispersão criava na relação com os eixos e a malha. Para além das suas exageradas dimensões, o facto de este espaço estar ladeado por edifícios e ser o remate de uma linha de espaço verde (não edificado) que já vem ganhando força desde o início da via (a uma cota Mafalda Almeida Macedo | 22140

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inferior), e que apenas é rematada por uma diferença de pavimento num espaço fora de escala, tornou-se o argumento de maior força para que esta fosse uma área prioritária de intervenção. Relacionado com este espaço, mas direccionado para a linda de edificado presente no eixo urbanístico, havia um quarteirão cuja sua ocupação criava um certo estrangulamento visual, pois para além de desrespeitar as normas previstas no REGEU relativas à regra dos 45º entre edifícios, também cria um certo desconforto ao peão que está numa área apertada e sombria que se relaciona com uma via de dimensões consideráveis e que possui uma outra linha de edificado menos compacta na outra margem. Além disso, este mesmo conjunto edificado compacto está directamente relacionado com uma ampla área composta por pequenas hortas e jardins e que, mais uma vez aumenta o caracter compacto deste bloco habitacional. Desta forma é necessário alterar a imagem do mesmo para que o efeito de estrangulamento seja atenuado, sem que se perca a permeabilidade para o interior dos quarteirões, que já vem da intenção (proposta no semestre anterior) de gradação de espaços verdes e urbanos, percebidos e não percebidos, que sejam aproveitados e vividos por quem utiliza o espaço. Falando em espaços verdes, um outro aspecto que será proposto nesta fase relaciona-se com a relação dos espaços hortícolas até ao quarteirão referido no parágrafo anterior, tornando-se este o ponto de encontro das actividades agrícolas e hortícolas. Neste, a inclusão de um edifício de carácter comercial (um mercado talvez) será obrigatória, servindo como elemento de referência a toda a actividade agrícola que é promovida ao longo da área. Outra área que merece atenção é o quarteirão adjacente ao cemitério que, pelo seu desenho e pela sua topografia é uma zona problemática e sem qualquer expressão. Uma futura proposta passaria por requalificar todo o quarteirão, reduzindo-lhe área, trabalhando a sua topografia e trazendo outros usos, para além do uso habitacional que esta possui de momento.

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Ficaram assim definidas as linhas gerais de estratégia para a passagem da escala 1/2000 para as novas escalas de trabalho onde, para além de se procurar um equilíbrio urbano, já começaríamos a pensar com mais cuidado no espaço existente entre as vias, os edifícios e todos os restantes elementos urbanos, ou seja, o espaço público, tema chave deste semestre. “O espaço público de uma cidade é formado pelo sistema de espaços públicos livres (ruas, praças, jardins, parques, praias, rios, mar) e pelos elementos morfológicos que são visíveis a partir destes espaços” Antoni Remesar Do Objecto ao Projecto Manual de Boas Práticas de Mobiliário Urbano em Centros Históricos

É com as palavras de Antoni Remesar e acompanhada de um livro da autoria de Kevin Linch que começa esta nova etapa de evolução do projecto. Aqui, os problemas abordados foram resolvidos, de forma coerente e procurando não ferir a imagem já proposta no semestre passado. Começando pelo eixo urbano e pelo quarteirão marcado a rosa.

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A primeira intervenção consistiu em resolver o desconforto criado pela proximidade dos edifícios multifamiliares visível na imagem abaixo. Para tal e para que estes se relacionassem melhor com a outra margem

do

eixo

urbanístico,

foi

necessário

reestrutura-lo em conjunto. Este estava pensado inicialmente como um leque que se abria até à praça (espaço também assumido como descaracterizado e dispersor), daí que a disposição dos edifícios não fosse totalmente regrada e (também) criasse algumas situações pouco agradáveis. A própria via sofreu alterações no seu traçado pois verifiquei que o traçado que esta possuía não permitia que a apropriação de edificado que eu pretendia fizesse desta um dos eixos principais, estando portanto a retirar-lhe hierarquia. Desta forma, e procurando respeitar a linha de força que deu origem a esta linguagem, surge a disposição apresentada composta por edifícios perpendiculares à via, com uma cércea de r/c + 2 pisos e simetricamente situados em cada lado da via. Como forma de fechar a linha de edificado à auto-estrada e de criar alguma relação entre as margens do eixo viário alguns blocos agrupam-se formando um “U”. Ainda com o intuito de reforçar essa relação utilizei os mesmos elementos morfológicos, no entanto dispostos de forma diferente, como veremos mais à frente. Voltando a atenção para as áreas delimitadas na estratégia e dirigindo-me para o quarteirão adjacente ao presente na imagem superior, justifico a aparente grande alteração da sua composição e função com a percepção que obtive ao longo do semestre de que nem sempre é necessário construir um espaço com certos elementos característicos de uma função quando queremos Mafalda Almeida Macedo | 22140

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dar esse caracter ao espaço. Com isto pretendo afirmar que este quarteirão já havia sido destinado a uma função ou temática agrícola, pelo que inicialmente era composto por pequenos lotes ocupados por hortas e que dividiam percursos. Com a compreensão de que seria mais interessante trazer a função hortícola de uma forma menos explícita, e com a consciência de que era necessário implementar alguns equipamentos na área em estudo, surge a intenção de implantar um edifício de caracter comercial, cujo funcionamento seria semelhante ao de um mercado, e uma praça adjacente a este, que servisse como ponto de encontro e como ponto de feira. Os restantes edifícios, com o intuito de preservar a imagem familiar que procuro, serão multifamiliares, havendo apenas um edifício cujo piso térreo seria ocupado por funções comerciais. Como tentativa de reforçar o caracter agrícola ou “verde” deste quarteirão, e com a intenção de preservar a imagem de lote verde (entendido como espaço destinado a jardim), criei uma área ajardinada próxima à praça com dimensões próximas às dos edifícios multifamiliares que se encontram no mesmo quarteirão.

Uma questão que me fora colocada num ponto de situação estava relacionada com a acessibilidade tanto às habitações como ao próprio mercado, bem como abastecimento e o possível controlo, ou ausência do mesmo.

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Foi uma questão cuja solução se mostrou um desafio interessante pois eu estava a implementar um edifício de caracter importante num quarteirão de caracter secundário e aparentemente desagregado de vias com alguma importância. O facto de desenhar uma via com dimensões elevadas, semelhantes às do eixo urbanístico principal, não satisfazia as necessidades do quarteirão. Alem disso a existência de uma única via que albergasse um mercado, um edifício comercial e habitacional e outros edifícios habitacionais de dois quarteirões distintos iria criar um conflito que fugia da harmonia que eu procurava para este quarteirão. Desta forma surge o desenho de uma via de segundo grau que dividia o quarteirão em zona habitacional e zona comercial e que traria outra dinâmica ao mesmo. O quarteirão passou a ser definido por uma via principal (o eixo urbanístico), uma via secundária de primeiro grau (de dimensões semelhantes à via principal) e uma via secundária de segundo grau (de dimensões razoáveis). Nesta fase a proposta já aparentava ter ganho maior coerência e harmonia no seu traçado e composição, no entanto ainda havia dois momentos na área de intervenção proposta que necessitavam de caracterização e que, ora por questões de topografia, ora por questões de escala, ainda não estavam controladas. Falo do quarteirão que contém o cemitério e do quarteirão que contém o espaço de retenção. Estes, desde a proposta do semestre anterior estabeleciam uma relação por meio de percursos, no entanto essa relação era frágil, tal como a definição dos próprios quarteirões. Em relação ao primeiro, a proposta passou por dividir o quarteirão criando uma área mais florestal, como um pequeno bosque, com percursos que acompanhavam a pendente do terreno e a combatiam tornando possível atingir a outra metade do quarteirão, que também seria composta por um espaço verde, embora com um carácter mais lúdico pois teria um parque infantil no seu interior e edifícios habitacionais com comércio no piso térreo

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(como relação à imagem do quarteirão que possui o mercado e que ladeia este). Por último apresento o quarteirão que sobrepõe a auto-estrada. Este para além de albergar um eixo paisagístico (tal como o quarteirão do cemitério), era rematado pelo eixo urbanístico, sobrepunha-se a uma via rápida e deveria ser o quarteirão que agregasse todos os outros e ao mesmo tempo sobressaísse na relação com os mesmos. Como

se

quarteirão

verifica de

uma

na

imagem,

forma

trabalhei

o

propositadamente

ortogonal, deixando o interior deste livre de forma a poder desenha-lo como uma “rótula” através de uma forma mais orgânica. Embora toda a proposta tenha sido pensada em conjunto, estes dois quarteirões mereceram especial atenção, até porque, mesmo com o espaço definido ainda careciam de alguma identidade e expressão. Por esse motivo tornaram-se a minha primeira opção para estudo de espaço público (primeiro à escala 1/500 e depois 1/200 e posteriores), embora mais tarde tenha optado pela área do mercado e a praça principal. Essa selecção de área levou-me a repensar na estratégia para Guifões, nomeadamente uma estratégia onde pensasse em elementos morfológicos não como auxiliares no desenho e composição da malha urbana, mas como elementos da mesma.

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Segundo Lamas, elementos morfológicos ou morfologia urbana são “aspectos exteriores do meio urbano e às suas relações recíprocas, definindo e explicando a paisagem urbana e a sua estrutura.” (Lamas, 1992) A nova estratégia baseava-se na utilização de elementos morfológicos para diferenciar espaços e para os relacionar, sendo esses a própria hierarquia viária, as linhas arbóreas e os espaços ajardinados (pois não podia esquecer toda a relação com a natureza existente na base da proposta), os percursos pedonais, o mobiliário urbano (nomeadamente bancos) e o próprio uso dos edifícios. Com esta estratégia penso ter adquirido os elementos necessários para concluir a minha proposta e dar-lhe a imagem e força que pretendia.

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Começando pela linha de árvores, esta surge da ideia de reinterpretação da linha existente no mesmo eixo que deu origem a um dos pontos fortes da minha proposta. Essa linha arbórea dividia a via de via pública em via privada, eu proponho que esta divida o passeio em passeio adjacente à via e passeio do interior do quarteirão. Percebendo o efeito condutor que uma linha de árvores podia ter e sabendo da necessidade de um elemento condutor que mantivesse viva a memória da natureza e que me interligasse os diversos espaços (desde o mercado, ao espaço de parque infantil ou até à praça principal), criei uma linha de percursos marcada ora por duas linhas de árvores, ora por uma linha de árvores e uma linha ajardinada ou até mesmo por uma sequencia de linhas de árvores adjacentes a bancos de jardim. Desta forma o elemento arbóreo estaria sempre presente sem criar uma monotonia que levaria à falta de percepção dos percursos que esta encaminhava. Com alguma variedade de linhas de árvores poderia criar percursos, no entanto senti necessidade de os afirmar através de diferenciações no pavimento, criando assim um percurso em tijolo que marcaria não só as praças como a relação entre elas. O restante pavimento seria em cubos de granito por uma questão de não sobrecarregar a imagem do próprio quarteirão. À medida que fui trabalhando os diversos espaços públicos apercebi-me que estaria a desenvolver uma cidade mais direccionada para o peão do que para o automóvel, no entanto tinha colocado os edifícios principais longe dos trajectos do automóvel pelo que necessitava de uma estratégia para reverter esse efeito. A estratégia passou pelo desenho do estacionamento. Este não se encontraria nos eixos principais mas sim em vias de caracter secundário perpendiculares ao mesmo e que levariam ao interior dos quarteirões (e inevitavelmente aos edifícios mais importantes, como é o caso do mercado). Desta forma o Eixo

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principal continuaria a ter uma função de ligação de grandes polos e, como tal, também faria ligação aos novos equipamentos. Com esta problemática controlada, a praça central (que se sobrepunha a auto-estrada) continuava a não possuir força suficiente para retirar o peso que a auto-estrada tem em Guifões, e a forma orgânica da praça também não estava a ter o efeito rótula que pretendia. Por conseguinte, e apercebendo-me que não havia nenhum edifício vocacionado para a cultura, destinei um edifício cultural para a zona mais constrangida pelo elemento orgânico, criando assim uma tensão entre o edifício e o espaço público, esta tensão obrigaria a movimento, movimento esse que eu queria proporcionar quando pensei na praça como rótula. Com

esta

tensão

julgo

que

torno

possível

apagar,

mesmo

que

momentaneamente a ideia de estarmos numa plataforma sobre uma via rápida, no entanto, aproveitando a provocação de colocar uma praça, elemento de retenção para peões e não automóveis sobre uma via destinada apenas a automóveis, e relembrando a existência de um rio nas proximidades criei um jogo de espelhos de água que, em conjunto com as linhas de árvores, os espaços ajardinados e o próprio percurso deixam a sensação de que estamos sobre o rio e não a auto-estrada.

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