Construção Ambiente Turismo
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Hora de fazer contas Time to take stock
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UMA MÁQUINA A VENDER CASAS
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20 NOV/DEZ 2016
Editorial
Qual é, afinal, o nosso lugar? So what is our place at the end of the day?
Joaquim Pereira de Almeida Director Director
O Orçamento de Estado para 2017, que à data de fecho desta edição estava a ser discutido na Assembleia da República, contém algumas medidas, nomeadamente na área fiscal, perigosas para o sector imobiliário e não só. Fazendo ‘ouvidos de mercador’, o Governo prepara-se para levar à prática algumas normas que, ao invés do que pretenderá, são uma ‘bomba’ que pode afastar, muito, o investimento estrangeiro, tão importante de captar e de acarinhar. O Executivo não está a escutar os alertas que lhe têm sido dirigidos de variados meios, e prefere avançar para soluções muito graves. Ninguém ignora que os investidores, nacionais e estrangeiros, não gostam de constantes alterações ao quadro fiscal. Precisam de ter a certeza de quais são as regras quando avaliam interesses, riscos e previsões. Mudar a toda a hora, e às vezes mudar para pior, pode ser ruinoso para o País. O que escrevemos atrás não autoriza, no entanto, as associações empresariais, de qualquer área, de substituir as legítimas aspirações dos seus associados por posições que se colam, muitíssimo, aos jogos político-partidários, entre nós, de nível medíocre. Isto ainda é mais grave quando o resultado é o contrário da intenção, ou seja, em vez de ajudar a resolver o problema, cria um ambiente que rapidamente ultrapassa fronteiras e que mina a confiança em Portugal. As especulações ficam bem, é a essa multidão de ‘comentadores’ a quem as televisões e a imprensa dão tempo de antena. Geralmente os portugueses mudam de canal… É por tudo isto: alterações legislativas; comportamento das associações; e campanhas nos Media, que o senhor Schäuble, o mais conhecido ministro alemão, faz declarações como as que acabamos de ouvir e ler. Inconformado com o facto de não ter conseguido transformar o Sul da Europa numa espécie de Ásia, onde, em alguns países, o nível de vida e o custo do trabalho são miseráveis, não hesita em fazer, quando bem entende, ingerências na política interna de estados soberanos. Ao fim destes anos, os Latinos, que têm um sentido de humor muito diferente do dele, até lhe acham graça. Ele ainda não manda sozinho no Velho Continente.
The State Budget for 2017, which at the time this issue closed, was being discussed in the Portuguese Parliament (Assembleia da República), has some measures, namely in the tax area, which are dangerous for the real estate sector and not just. Deaf to the market, the Government is preparing to put into practice some regulations which, having the exact opposite effect to what it intends, will be a “bomb” which could push away a lot of foreign investment, which is so important to attract and nurture. The Government is not heeding the warning shots that have been sent over its bows from various entities, and prefers to press ahead with very serious solutions. No one can ignore that investors, both national and foreign, do not like the constant alterations to the tax regime. They need to have certainties on what the rules are when evaluating interests, risks and forecasts. Chopping and changing all the time, and at times changing for the worse, can be ruinous for the Country. What was signed up to in the past is not kept to, meanwhile, the business associations, in any area, are having to replace the legitimate aspirations of its members with positions which are very often tied to party political games in a very mediocre manner. This is even worse when the result is contrary to what is intended, in other words, instead of helping to solve the problem, it creates an environment that quickly steps over goal posts and undermines confidence in Portugal. Speculation is good for the sea of “commentators” which the television stations and the press devote so much air time and editorial space to. Generally the Portuguese change channels. And for all these reasons; legislative changes; the behaviour of associations; the media campaigns, which Mr. Schäuble, the most well-known German minister, makes statements about which we have just heard and read about. Unhappy with the fact that Southern Europe has not be turned into a type of Asia where, in some countries, the level of life and cost of work are miserable, he doesn’t hesitate to meddle when it suits him, in the internal policy of sovereign states. After these years, the Latins, who have a sense of humour which is very different from his, even think its funny. He doesn’t rule the roost single-handedly yet on the Old Continent.
Summary
Índice Ficha técnica
Propriedade Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Av. Duque D’Ávila, 28 – 2.º, Sala 207 1000–141 Lisboa Telf.: (+351) 21 134 10 06 Telm.: (+351) 91 061 61 62 geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario. com Director Joaquim Pereira de Almeida Editora Carla Celestino Colaboradora Permanente Elisabete Soares Fotografia Anabela Loureiro Tradução Chris Graeme
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Grande Tema Lead Story 2016/2017
À espera de um sinal Waiting for a sign Foto Photo: Angelo Arcadi
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Metro Quadrado
Square Meter Prime YieldAutomated Valuation Model
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SIL 2016
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Opinião Opinion Millenium bcp
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Grafismo Rodrigues Silva Contabilidade Nasceconta Periocidade Bimestral Tiragem 3.000 exemplares Impressão Jorge Fernandes, Lda. Depósito Legal 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397
Opinião Opinion Cuatrecasas, Gonçalves Pereira Advogados
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Fio-de-Prumo Plumb Line Engenharia Civil Civil Engineering
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Atelier
CPU-Adriano Callé Lucas
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Do Mundo
International EXPO REAL 2016
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Opinião Opinion Reino Unido United Kingdom
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Sol e Lua
Tourism Natal e Réveillon Christmas and New Year
54 Prémios
Personalidades 2016
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Outsider
Sara Tavares
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Bom gosto Goof taste
SOMOS EMPREITEIROS ESPECIALIZADOS EM REABILITAÇÃO URBANA É O IMOBILIÁRIO DO FUTURO NÓS JÁ LÁ ESTAMOS Rua Fernando Farinha n.º – 24 A, 1950-448 Lisboa Tel: 210 373 484 – Fax: 210 358 699 - www.renascimovel.pt Email: renascimovel@renascimovel.pt - Alvará n.º 60423
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Ă€ espera de um sinal Waiting for a sign
Foto Photo: Peshkova
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Num ano marcado pela saída do Reino Unido da União Europeia ou pela nomeação de António Guterres para secretáriogeral da ONU, Portugal, internamente, luta pela manutenção de recordes. O País está na expectativa de que as medidas anunciadas no Orçamento de Estado para 2017 não prejudiquem o investimento e ajudem a fortalecer a confiança no País. In a year marked by the United Kingdom’s exit from the European Union and the appointment of António Guterres as General-Secretary of the UN, Portugal, internally, is fighting to maintain records. The Country is under the expectation that the measures announced in the State Budget for 2017 will not prejudice investment and help strengthen confidence in the Country.
Texto Text: Carla Celestino
O novo Orçamento de Estado para 2017 criou expectativas e gorou outras. Mas os analistas são unânimes: Desde 2013 que a economia portuguesa tem dado mostras de estar a evoluir em terreno um pouco mais positivo. 2016 não foi excepção, ainda assim não tão efusivo como 2015. Os especialistas estão também de acordo no que se refere ao facto de o imobiliário e o turismo se apresentarem como dois importantes pilares do crescimento do País. Conforme o Managing Director da JLL, Pedro Lancastre, salienta, “os volumes de investimento imobiliário em Portugal continuam altos e tudo indica que até ao final do ano se atinjam valores muitos próximos dos níveis recorde registados em 2015”. A este cenário, o secretário-geral da Associação de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), Hugo Santos Ferreira, acresce o “regresso em força dos promotores, em primeiro lugar estrangeiros, que começaram a investir em promoção imobiliária, o que é sinónimo de que o mercado se está a consolidar, e, em segundo e por contágio, dos portugueses”. O Managing Partner da Cushman & Wakefield confirma precisamente este cenário dizendo que existe no mercado nacional “liquidez por parte dos investidores estrangeiros para investir em Portugal, suportado também por uma continuada e sustentada procura dos utilizadores dos espaços imobiliários”. Entre ‘pós’ e ‘contras’ fomos saber o que marcou o País em 2016.
Novas formas de habitar a cidade Falar de imobiliário é, inevitavelmente, focar a reabilitação; graças à qual, alavancada, em parte, nos incentivos fiscais, permitiu que o mercado residencial passasse de uma fase de escassez de produto para, agora, entrar numa fase de maior equilíbrio entre a oferta e procura, nomeadamente de projectos de elevada qualidade e, sobretudo, destinados aos segmentos médio-alto e alto. Aqui, os ‘Golden Visa’ e o estatuto de ‘Residente Não Habitual’, mau grado alguns avanços e recuos, continuaram a impulsionar o investimento internacional por parte da oferta, dominantemente de capitais próprios que, de acordo com a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), “atinge já um volume anual que supera os 3,3 mil milhões de euros”; mas aguçaram igualmente o apetite da procura estrangeira cujo topo é ocupado pelos brasileiros e franceses. Hugo Santos Ferreira confirma ainda o “relançamento de alguns projectos que, em virtude da crise, tinham ficado suspensos, e o lançamento de variadíssimos projectos de promoção imobiliária pura e dura”. Esta realidade verifica-se em todos os segmentos mas, como diz, “no residencial tem tido uma expressão como talvez não se tenha registado jamais em tempo algum, quer na parte de reabilitação urbana, quer em construção nova que já começa a aparecer”. As residências de estudantes (derivado do aumento do número de estudantes estrangeiros no nosso País), as residências seniores (à boleia dos bene-
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fícios fiscais dos Residentes Não Habituais ou reformados) e o short-term rental foram as grandes tendências de 2016. Na habitação merece igual nota o regresso do crédito à habitação por parte das instituições bancárias, ainda que de uma forma muito mais ponderada. O número de jovens a comprar casa aumentou, bem como o das famílias que procuram fazer um upgrade da sua habitação. Para tal muito contribuíram os mínimos históricos registados nos juros das taxas Euribor, as mais comuns neste tipo de crédito em Portugal, que permitiram um financiamento mais acessível. Neste final de ano, as expectativas viram-se agora para a classe média, em que o Governo, através do Programa Renda Acessível (arrendamento a ‘preços controlados’) pretende trazer de volta a Lisboa os moradores deste escalão económico. São mais de cinco mil, as casas que vão ser disponibilizadas. Comprar ‘lá no bairro’ O edificado renovado propicia também cidades mais dinâmicas e o surgimento de novas oportunidades. O melhor exemplo é o comércio, sobretudo de rua, em Lisboa e no Porto. As marcas internacionais continuaram em 2016 de olhos postos nas luxuosas Avenida da Liberdade ou Avenida dos Aliados, o Chiado e a zona dos Clérigos continuam trendy e os mass market escolheram a Baixa, o Rossio, os Restauradores ou Cedofeita, mas merece igual destaque as pequenas e médias lojas que não só trouxeram novos conceitos de restauração e lazer, como deram vida a diferentes zonas da cidade.
Como o Managing Partner da Cushman & Wakefield frisou: “O mercado de retalho está muito activo e chega agora também as áreas limítrofes e circundantes como é o caso do Cais do Sodré, do Príncipe Real ou de todas as ruas à volta do Chiado”. O conceito de ‘bairro’ voltou em força e a ‘lojas de bairro’ também. Campo de Ourique, Alvalade ou Príncipe Real são exemplos ilustrativos desta realidade. Apesar da dinâmica do comércio de rua, os centros comerciais mostraram-se igualmente activos, ainda que longe dos tempos das grandes construções e diversas inaugurações. O Nova Arcada em Braga abriu ao público, assim como o Rio Park em Viana do Castelo, e ainda há a expectativa de, até ao final deste ano, abrir o Sacavém Retail Park e o Matosinhos Retail Park. Ao nível das lojas consideradas ‘históricas’ importa referir as alterações governamentais para prolongar o período transitório ao NRAU por mais cinco anos, pretendendo, desta forma, conter um eventual aumento excessivo das rendas por parte dos proprietários. Esta medida ainda não reuniu o consenso entre proprietários e inquilinos. Não obstante toda esta realidade, uma coisa é certa, ao nível do comércio, os portugueses mudaram não só os seus hábitos, como os locais ondem consomem bens e serviços. Turismo vive e revive “O crescimento a dois dígitos no turismo em Portugal, com as cidades de Lisboa e Porto a serem renovadas e modernizadas graças aos investimen-
Regressaram em força os promotores, em primeiro lugar estrangeiros, que começaram a investir em promoção imobiliária, o que é sinónimo de que o mercado se está a consolidar, e, em segundo e por contágio, os portugueses. The “return in force of the developers, firstly foreign ones, who are beginning to invest in real estate development, which means that the market is consolidating, and, second, by contagion, the Portuguese.
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Os volumes de investimento imobiliário em Portugal continuam altos e tudo indica que até ao final do ano se atinjam valores muitos próximos dos níveis recorde registados em 2015. Real estate investment turnover in Portugal continues to be high and everything indicates that by the end of the year they will attain values very close to the record levels registered in 2015.
tos que estão a ser feitos para dar resposta à forte procura turística”, é outro dos pontos positivos que, para Pedro Lancastre, marcou 2016. Este é uma realidade também confirmada pelo presidente da Associação Nacional de Turismo, Desidério Silva, que refere que “globalmente tem sido um ano turístico muito bom, particularmente para aqueles que ao investirem, passaram alguns anos com dificuldades, mas que agora estão a receber parte do seu investimento e compensando esse tempo muito difícil”. O optimismo do turismo nacional é liderado pela hotelaria, que é responsável pela abertura de 62 hotéis em 2016, 36 dos quais já em funcionamento. Mas o alojamento local para fins turísticos também foi determinante, já que de 2.141 unidades de alojamento turístico que existiam em Maio de 2015, passou-se, um ano depois, para o registo de 4.663 unidades. O alojamento local em Lisboa e no Porto, além das tensões entre a população residente permanente e os turistas, gerou também alguma controvérsia pelo facto de os edifícios nascerem com cariz ha-
bitacional e depois serem transformados em alojamento turístico. A isto acresce nova polémica lançada pelo Governo quando anunciou o aumento da tributação sobre o arrendamento local com o objectivo de o aproximar do regime do arrendamento para habitação. Nota ainda para o programa ‘Revive’, lançado pelo Governo, onde 30 edifícios históricos, classificados em estado de degradação pela Direcção-Geral do Património e Cultura, vão ser concessionados a investidores privados com o objectivo de serem reabilitados e posteriormente acessíveis ao público através de projectos turísticos. Desidério Silva acrescenta ainda que o “País quando chegar ao fim de Dezembro vai ser com certeza um ano em que todos os números vão ser positivos ao nível do número de turistas, de dormidas, proveitos, taxa de ocupação”. Para 2017 as expectativas turísticas “vão continuar positivas”, porque, segundo Desidério Silva, “a procura dos operadores continua forte e já há muitos contratos firmados para o próximo ano”, ou seja, “a procura vai continuar em linha com 2016”.
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O mercado de retalho está muito activo e chega agora também as áreas limítrofes e circundantes como é o caso do Cais do Sodré, do Príncipe Real ou de todas as ruas à volta do Chiado. The retail market is very active and has now arrived at the adjacent and surrounding areas as in the case of Cais do Sodré, Principe Real or all the streets around Chiado.
Partilha de serviços chega em força ‘Last but no least’, o sector de escritórios merece igual destaque, sobretudo se recordarmos que até há bem pouco tempo as notícias veiculadas davam conta de anos negativos. A recuperação em 2016 foi notória e passou pelo aumento do volume de contratação, dos metros quadrados transaccionados, da área média por operação, do volume de absorção e das rendas prime. Pedro Lancastre faz também a ressalta para “as grandes operações de ocupação de escritórios em Lisboa e também (novidade) no Porto”. No entanto, os baixos níveis de promoção registados nos últimos anos conduziram à escassez de espaços de escritórios de qualidade no centro da cidade. Basta dar o exemplo do Parque das Nações onde os espaços disponíveis são praticamente inexistentes e a taxa de desocupação encontra-
-se nos níveis mais baixos de sempre. Ainda assim, algo está a mudar na postura dos promotores imobiliários. Se, em 2016, há apenas a assinalar a conclusão da obra nova do Edifício 9 do Lagoas Park, em Oeiras, a realidade é que está projectado para os próximos três anos 63.000m2 de novos espaços. Aguarda-se com expectativa a Torre da Cidade e a conclusão da sede do Santander Totta. Mas o que marcou o ano foi mesmo a afirmação de Lisboa e do Porto como destinos internacionais para a instalação de centros de serviços partilhados e de call centres permitindo às nossas cidades competir nesta área com as suas congéneres europeias. Esperança em 2017 Hugo Santos Ferreira destaca como o pior do Imobiliário em 2016, “a instabilidade fiscal e legislati-
va que se tem vivido, sobretudo a partir do segundo semestre de 2016, com avanços e recuos muito importantes na área do imobiliário e o enorme prejuízo que isso trás para o sector e para a economia, nomeadamente na quebra da confiança e na descredibilidade que tem trazido para os nossos investidores”. Por isso, teme que “Portugal volte a ser falado no mundo pelas más razões”. A mesma ideia é partilhada por Eric van Leuven, que afirma que, “nos últimos tempos, tem havido alguma instabilidade legal/fiscal, basta referir o famigerado imposto ‘mariana’ (imposto sobre o património) que vai de facto penalizar o imobiliário”. Além disso, lembra que, “cada vez que a agência BBRS, que é a única atribui um rating acima de lixo a Portugal, está prestes a anunciar o seu veredicto e são publicados artigos do Wall Street Journal ou no Financial Times, há sempre um nervosismo no mercado e, obviamente, os investidores estrangeiros ficam um pouco apreensivos”. Por isso, diz: “A parte fiscal é muito importante porque dá sinais ao mercado internacional de que o País continua numa trajectória de consolidação”, ainda que pense que, actualmente, “esses sinais são um pouco contraditórios”. Pedro Lancastre acrescenta ainda como o pior de 2016, “o Brexit que teve influência na diminuição do investimento imobiliário em cerca de 30% no Reino Unido e em cerca de 9% na Europa” e “a impressão negativa de quem aterra no Aeroporto de Lisboa, pois é evidente que esta infra-estrutura deixou de ter capacidade para o tráfego actual”. Já o presidente da CPCI, Reis Campos, alerta para o facto de existirem “instrumentos que, estando
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Globalmente tem sido um ano turístico muito bom, particularmente para aqueles que ao investirem, passaram alguns anos com dificuldades, mas que agora estão a receber parte do seu investimento e compensando esse tempo muito difícil. Globally it has been a very good touristic year, particularly for investors, who had some difficult years, but who are now receiving part of their investment and are being compensated for this difficult period.
ao nosso dispor, não podem ser desperdiçados”. Afirma também que “precisamos de uma nova dinâmica no que diz respeito ao Portugal 2020”, que “não podemos desaproveitar o Plano Juncker” e que “devem ser assumidos como prioritários os princípios estabelecidos no programa Connecting Europe Facility”, a par do “Plano Estratégico dos Transportes e Infra-estruturas (PETI3+) que tem de ser concretizado”. Por outras palavras, o Orçamento de Estado 2017 “deverá assumir um compromisso com o futuro, e encarar o investimento público como instrumento catalisador da confiança dos particulares e de atracção do investimento privado, nacional e estrangeiro”. O representante da APPII partilha desta ‘esperança’ em que “o Orçamento de Estado dite que 2017 vai continuar a ser um ano de recordes” e que “seja o sinal que os investidores estão há espera para continuar a investir”. The new State Budget for 2017 has created expectations and disappointed others. But the analysts are unanimous: Since 2013 the Portuguese economy has shown signs that it is developing in somewhat more positive terrain. 2016 was no exception, but even so it was not as effusive as in 2015. Specialists are also in agreement regarding that the fact that real estate and tourism are the two important pillars of growth for the Country. Accordingly, the CEO of JLL, Pedro Lancastre, stresses, “real estate investment turnover in Portugal continues to be high and everything indicates that by the end of the year they will attain values very
close to the record levels registered in 2015”. To this scenario, the General-Secretary of the Portuguese Association of Real Estate Investors and Developers (APPII), Hugo Santos Ferreira, adds the “return in force of the developers, firstly foreign ones, who are beginning to invest in real estate development, which means that the market is consolidating, and, second, by contagion, the Portuguese”. The Managing Partner of Cushman & Wakefield confirms precisely this scenario saying that in the national market there is “liquidity on the part of foreign investors to invest in Portugal, also supported by a continued and sustained demand from the users of real estate premises”. Between ‘pros’ and ‘cons’ we learnt what marked the country in 2016. New ways of living in the city To talk about real estate is to inevitably focus on rehabilitation; thanks to which was leveraged partly by tax incentives, enabling the residential market to go from a phase of product scarcity to now entering a phase of greater balance between supply and demand, namely high-quality projects and, above all, destined to upper-middle and high end segments. Here, the ‘Golden Visas’ and the Non-Habitual Residents regime, despite some advances and withdrawals, continue to drive international investment in terms of supply, overwhelmingly own capital which, according to the Portuguese Confederation for Construction and Real Estate (CPCI) “has already achieved an annual turnover which
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exceeds 3.3 billion euros”; but equally whetted the appetite of foreign demand in which Brazilians and French top the list. Hugo Santos Ferreira also confirms the “relaunch of some projects which, because of the crisis, had been put on ice, and the launch of a wide variety of hard and fast real estate development projects”. This reality can be seen in all segments but, as he says, “in the residential sector there as been an expression like there has never perhaps been ever seen, either in urban rehabilitation or in new construction, which is now beginning to appear”. Student residences (derived from an increase in the number of foreign students in our country), senior residential units (on the back of Non-Habitual Residents or retirement tax benefits) and short-term rental were the big trends of 2016. In housing it is equally worth noting the return of mortgages from the banking sector, even if in a more cautious form. The number of young people buying a house has increased, as well as families looking to upgrade their housing. The historic minimums registered in Euribor interest rates contributed toward that, the most common for this type of credit in Portugal, which permitted more accessible financing.
At the end of the year, the expectations turn now to the middle class, in that the Government, through its Accessible Rent Programme (rental at ‘controlled prices’) intends to bring residents back to Lisbon from this economic group. There are more than 5,000 houses being made available. Buying ‘down in the neighbourhood’ Renovated properties also benefits more dynamic cities and the appearance of new opportunities. The best example is trade, particularly high-street shopping, in Lisbon and Porto. The international brands continue to fix their sights in 2016 on the luxury Avenida da Liberdade or Avenida dos Aliados, Chiado and the Clérigos area continue to be trendy and the mass market have chosen the Baixa, Rossio, Restauradores or Cedofeita, but the small and medium-sized stores deserve equal prominence and which not only brought new concepts of catering and leisure, but breathed new life into different areas of the city. As the Managing Partner of Cushman & Wakefield stresses: “The retail market is very active and has now arrived at the adjacent and surrounding areas as in the case of Cais do Sodré, Principe Real or all the streets around Chiado”.
The ‘neighbourhood’ concept has returned with a vengeance and ‘neighbourhood shops’ too. Campo de Ourique, Alvalade and Príncipe Real are examples that illustrate this reality. Despite the dynamic of high-street shopping, shopping centres are equally active, although still a long way off the times of the big building projects and various inaugurations. The Nova Arcada (New Arcade) in Braga opened to the public, as well as Rio Park in Viana do Castelo, and there is still the expectation that Sacavém Retail Park and Matosinhos Retail Park. At the level of shops considered ‘historic’ it is important to mention the government changes to extend the transitional period for the NRAU - New Urban Rental Regime for a further five years, in this way containing possible future excessive rent increases by landlords. This measure has yet to unite consensus among landlords and tenants. Not with standing this reality, one thing is certain, at the level of trade, the Portuguese have changed not only their habits but also the places where they use goods and services. Tourism recovers and thrives “The two-digit growth in tourism in Portugal, with
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O Orçamento de Estado 2017 deverá assumir um compromisso com o futuro, e encarar o investimento público como instrumento catalisador da confiança dos particulares e de atracção do investimento privado, nacional e estrangeiro. The State Budget for 2017 should make a commitment with the future, and view public investment as a catalysing instrument for the confidence of private individuals and attracting national and foreign private investment.
the cities of Lisbon and Porto being renovated and modernised thanks to investments that are being made to meet strong tourist demand”, is another of the positive points which, for Pedro Lancastre, marked 2016. This is a reality also confirmed by the President of the Portuguese National Tourism Association (Associação Nacional de Turismo - ANT), Desidério Silva, who says that “globally it has been a very good touristic year, particularly for investors, who had some difficult years, but who are now receiving part of their investment and are being compensated for this difficult period”. The optimism of national tourism is led by the hotel sector, which has been responsible for the opening of 62 hotels in 2016, 36 of which are already up and running. But local accommodation for tourism was also decisive, in that the 2,141 tourist accommodation units that existed in May 2015 went to 4,663 units one year later. Local accommodation in Lisbon and Porto, apart from the tensions between the permanent resident population and the tourists, has also generated some controversy from the fact that the buildings were designed for residential use and then were transformed into tourist accommoda-
tion. To this is added the new controversy stirred up by the Government when it announced an increase in taxation on local rents with the aim of dovetailing the rental regime to housing. He also mentions the ‘Revive’ programme, launched by the Government, in which 30 listed historic buildings in a dilapidated state by the Directorate-General of Heritage and Culture (Direcção-Geral do Património e Cultura), will be leased to private investors with the aim of being restored and opened to the public via tourism projects. Desidério Silva also adds that for the “Country, when the end of the year arrives in December, will be certainly a year in which all the numbers will be positive in terms tourist numbers, beds, income, and take-up rate”. For 2017 the tourism expectations “will continue to be positive”, because, according to Desidério Silva, “operator demand continues to be strong and many contracts for the coming year have been signed” in other words, “demand will continue in line with 2016”. Services co-sharing arrives in force ‘Last but no least’, the offices sector deserves
equal prominence, particularly when one recalls that until very recently there was nothing but bad news. The recovery in 2016 was remarkable and included an increase in the turnover of contracts, of square metres transacted, of the average area per operation, the volume of take-up and of prime rents. Pedro Lancastre also highlights the “large office take-up operations in Lisbon and also (and this is new) in Porto”. Meanwhile, the low levels of development registered in recent years has led to a dearth of quality office space in the centre of the city. One only has to give the example of Parque das Naçoes where available spaces are practically non-existent and the rate of vacant offices are at their lowest levels ever. Even so, something is changing in the attitude of real estate developers. If in 2016, there was only the completion of the new project Edifício 9 at Lagoas Park, in Oeiras, the reality is that for the next three years 63,000m2 of new space is planned. The Torre da Cidade is awaited with expectation and the conclusion of the Santander Totta headquarters. But what marked the year was Lisbon and Porto’S affirmation as international destinations as co-
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share service centres and call centres enabling our cities to compete in this area with their European counterparts. Hope for 2017 Hugo Santos Ferreira highlights as the worse for real estate in 2016, “the tax and legislative instability that has been experienced, particularly the second half of 2016, with advances and withdrawals that are very important in the real estate area and the enormous damage this brings to the sector and the economy from a fall in confidence and in the discredit that it has brought for our investors”. Which is why, he fears that “Portugal will once again be talked about around the world for the worst reasons”. The same idea is shared by Eric van Leuven, who states that “recently there has been some legal/ tax instability, it being enough to mention the infamous ‘marian’ tax (a tax on patrimony) which will in fact penalise real estate”. Furthermore, he
recalls that, “every time the BBRS agency, which is the only one to attribute a rating above “trash” to Portugal, is about to announce its verdict and articles are published in the Wall Street Journal and the Financial Times, there is always some nervousness in the market and, obviously, foreign investors get a little apprehensive”. Which is why he says: “The taxation part is very important because it sends out signals to the international market that the country is continuing on a trajectory of consolidation”, even though he still thinks that currently “these signals are somewhat contradictory”. Pedro Lancastre also adds Brexit as the worst of 2016. “Brexit had an influence in a falloff in real estate investment by around 30% in the United Kingdom and around 9% in Europe” and “the negative impression for those arriving at Lisbon Airport since it is evident that this infrastructure no longer has the capacity for current traffic”. Then the President of the Portuguese Confed-
eration for Construction and Real Estate (CPCI) Reis Campos, points out that there are “instruments which being at our disposal, should not be wasted”. He also states that “we need a new dynamic regarding Portugal 2020”, in which “we must take advantage of the Juncker Plan” and where the principles established in the Connecting Europe Facility programme should be seen as priorities, on a part with the “Strategic Transport and Infrastructures Plan (PETI3+) which must be brought to fruition”. In other words, the State Budget for 2017 “should make a commitment with the future, and view public investment as a catalysing instrument for the confidence of private individuals and attracting national and foreign private investment”. The representative of the APPII shares this ‘hope’ that the State Budget for 2017 states that 2017 will continue to be a record year” and that “it will be the sign that investors have been waiting for to continue investing”.
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Muito mais que 5 estrelas
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Linha de apoio à qualificação da oferta turística Em parceria com o Turismo de Portugal
Requalificação e ampliação de empreendimentos turísticos existentes;
Criação e requalificação de empreendimentos, equipamentos ou atividades de animação turística, diferenciadores da oferta existente;
Criação de novos empreendimentos turísticos, desde que: - resultem da adaptação ou reabilitação de património edificado classificado ou intervenções de reabilitação em áreas de interesse turístico; - sejam diferenciadores em relação à oferta existente na região; - sejam adequados à procura turística e supram carências de oferta;
Criação e requalificação de estabelecimentos de restauração, desde que de interesse turístico e diferenciadores da oferta existente;
pt.santanderadvance.com
Empreendimentos, equipamentos ou atividades de animação e de restauração de interesse para o turismo (CAE 561, 563, 931 e 932), ou serviços associados.
Metro Quadrado 14 19 SET/OUT 2016
Prime Yield
Avaliações automáticas de confiança Automatic valuations you can trust
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Em 2015 a Prime Yield celebrou 10 anos de actividade mas em 2016 abriu uma nova página na vida da empresa e lançou um produto que vai ‘revolucionar’ o sector habitacional ao nível das avaliações de imóveis: o Automated Valuation Model. In 2015 Prime Yield celebrated its 10th anniversary but in 2016 it turned a whole new page in the company’s life by launching a product that will ‘revolutionise’ the residential housing sector in terms of property valuation: the Automated Valuation Model.
Entrevista Interview: Carla Celestino
A empresa encontra-se numa nova fase. Esta evolução é fruto da mudança do mercado? Constatámos que o mercado se alterou muito nos últimos anos, principalmente nos últimos três anos, fruto não só da crise mas também de um novo enquadramento legal que conduziu, de certa forma, a que hoje existam cerca de 1.400 avaliadores registados na entidade de supervisão (CMVM). Actualmente, o mercado é, do ponto de vista da concorrência, muito mais intenso e forte nesta área da avaliação, já que os clientes têm à sua disposição muito mais oferta. A nossa perspectiva é a de que, para se vencer no mercado com este nível de competição, há que ser inovador e ter serviços diferenciadores. E por isso, estamos, neste momento, a reposicionar a nossa empresa no domínio daquilo que sempre foi a nossa actividade central e que continuará a ser, nomeadamente a disponibilização de serviços de avaliação: a avaliação de imóveis, como actividade central no negócio, mas também a avaliação de empresas e avaliação de equipamentos e maquinaria. Além disso, continuamos a apostar na qualidade, algo pelo qual queremos ser reconhecidos desde o início. Neste contexto, detemos a certificação do RICS, além de sermos a única empresa do sector certificada na medida do ambiente ISO2001, ou seja, temos certificação na área da gestão mas também na área do ambiente, somos autenticados anualmente pela Bureau Veritas. Refira-se ainda que somos uma empresa em que todos os colaboradores são afectos ao quadro da empresa
e temos menos colaboradores em regime de part-time que os nossos concorrentes e isso é algo que também demonstra a nossa presença e a nossa forma de estar no mercado. Além da vossa área de actuação, têm um novo projecto para o mercado imobiliário, concretamente, em que é que consiste? Além daquele que é o nosso negócio tradicional, quisemos dar um salto. Nesse sentido, estabelecemos, há cerca de um ano e meio, uma parceria com a Universidade de Aveiro para desenvolvermos o primeiro AVM (Automated Valuation Model) independente em Portugal e que está já plenamente operacional. Trata-se de um algoritmo que nos permite, com a introdução de um conjunto de informações sobre um imóvel, obter o valor de avaliação de um imóvel ou de um portfólio, sendo essa avaliação sempre validada por um técnico independente. Esse algoritmo foi criado através de um conjunto de atributos de um determinado imóvel, sendo composto por 96 dados de uma equação que permitem, de forma automática, realizar a avaliação do imóvel ou conjunto de imóveis. Esses atributos vão desde a distância do imóvel ao centro da cidade, ao número de farmácias que existe na envolvente, os dados do INE relativos ao rendimento médio da população nessa determinada localização, a dimensão média da família, o tempo de absorção dos imóveis, entre outros. Em termos práticos, o AVM permite ao avaliador escolher a localização do imóvel que quer avaliar,
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inserir dados como a respectiva área, a tipologia, a conservação, o tipo de imóvel, a data em que ele foi construído, etc., e depois automaticamente é feita uma estimativa e a partir desse momento, identifica à volta do imóvel quais os imóveis que já foram avaliados ou quais os imóveis sobre os quais detemos informações. Isso saber também qual o preço do imóvel, podendo comparar-se e verificar toda a amostra. Como se chama esta vossa ferramenta e qual a meta que pretendem alcançar com o AVM? Criámos a marca Prime AVM para esta nova plataforma, que no fundo será um novo serviço que iremos oferecer no âmbito do nosso negócio central, nomeadamente fornecer soluções de avaliação. Acontece que é um serviço que assenta na disponibilização de uma ferramenta e que se distingue também pela abordagem ao cliente. O nosso público-alvo são fundos de aquisição de carteiras de imóveis ou os próprios bancos detentores dessas carteiras do sector da habitação, já que este sistema nos permite, de forma mais competitiva, realizar uma avaliação muito mais célere dos imóveis, com menos custos e com um elevado grau de confiança. Isso é especialmente vantajoso quer para os clientes desses portfólios quer para os clientes que são compradores naturais desses portfólios. Trata-se de um serviço facilitador e que acrescenta valor. Muito se tem falado do que será o papel
da banca na economia, por causa dos balanços ainda estarem compostos por alguns créditos que não são saudáveis; neste sentido, esta ferramenta permite atribuir de forma rápida e precisa valores de carteiras de forma a serem transaccionadas ou rearranjadas em termos do veículo de quem as detém. Já têm clientes? Este é um projecto que tem um tempo de maturação e que nos está agora trazer os primeiros clientes. Estamos, neste momento, a trabalhar com um cliente em versão ‘piloto’, uma instituição financeira portuguesa, que utiliza a nossa ferramenta para certificar o trabalho desenvolvido por outros peritos avaliadores. Para este tipo de cliente, a filosofia subjacente é simples: quando as avaliações realizadas por um conjunto de avaliadores a nível nacional chegam ao Banco, a nossa ferramenta permite comparar dados e verificar, para cada activo, se a avaliação não está em desconformidade com a envolvente do imóvel. Para dar um exemplo mais concreto: o Banco não vai pretender financiar um T2 por 150 mil euros quando, no mesmo edifício tem outro T2 que vale 75 mil euros. É este tipo de erros grosseiros que a nossa plataforma pretende antecipar, por um lado, na concessão de crédito à habitação e, por outro, na valorização dos activos.
Criámos a marca Prime AVM para esta nova plataforma, que no fundo será um novo serviço que iremos oferecer no âmbito do nosso negócio central, nomeadamente fornecer soluções de avaliação. We have created the brand Prime AVM for this new platform, which will be a new service that we’ll be offering as part of our core business, namely providing valuation solutions.
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O nosso público-alvo são fundos de aquisição de carteiras de imóveis ou os próprios bancos detentores dessas carteiras do sector da habitação. Our target public property portfolio investment funds and the banks themselves that hold these portfolios.
Em que regiões do País estão a aplicar o AVM? Neste momento já temos como projecto-piloto os concelhos de Lisboa e de Sintra e estamos a alargar aos concelhos do Porto, da Maia, Oeiras, Gondomar e Almada. Vão também aplicar o AVM em outros países, nomeadamente nos PALOP onde a Prime Yield tem uma forte presença? Desde a primeira hora que a nossa empresa se pretendeu afirmar como líder no espaço lusófono, sendo que nesses países temos essencialmente informação sobre as capitais. Obviamente quando este protótipo que está a ser desenvolvido em Portugal ganhar escala, poderá ser aplicado em São Paulo, em Maputo, em Luanda e na Cidade da Praia. Posso adiantar que em 2017 já iremos ter o primeiro AVM a funcionar em Angola e em 2018 e seguintes serão os outros países. Além do AVM, estão também a trabalhar numa outra ferramenta. O que pode adiantar sobre a mesma? O outro projecto que estamos a desenvolver também com a Universidade de Aveiro, é o MLV-Mortgage Lending Value. Em Portugal ainda não existe uma definição coerente do MLV, pelo que estamos a trabalhar para que essa definição seja materializada numa fórmula de cálculo. O MLV será, num futuro próximo, a grande referência das instituições financeiras por forma a concederem crédito, de acordo com aquilo que são as indicações da União Europeia, que não será dado pelo valor de mercado mas sim pelo valor do bem hipotecado. Nessa concessão de crédito, e que é o princípio básico do MLV, considera-se o valor do imóvel durante o período de vida útil do crédito, sendo que o valor do bem em hipoteca nunca poderá exceder o seu valor de mercado. Esta é uma perspectiva mais conservadora e que todos os operadores vão ter em conta, no curto prazo, como um indicador para a concessão de crédito. The company has entered a new phase. Does this change have to do with market changes? We’ve seen the market change a lot in recent years, particularly in the last three years, not just because of the crisis bit also because of the new legal framework which has somewhat led to there being 1,400 property assessors registered at the supervisory body the Portuguese Securities Market Commission (CMVM). Currently, the market from the competition point of view of is intenser and stronger in this area of valuation since clients have a lot more supply at their finger tips. Our view is that in order to win in the market with this level of competition you have to be innovative and have
services that stand out from the others. Which is why we’re currently repositioning our company in a domain that has always been our core area of activity and will continue to be so, namely providing valuation services: property valuation, as our core concern, but also company and machinery equipment valuation. Furthermore, we are continuing to focus on quality, something which we wanted to be recognised for from the very start. Within this context, we hold the RICS certificate in addition to being the only company in the sector to have the environmental certificate ISO2001 in the management area but also in the environment area and we are evaluated on an annual basis by Bureau Veritas. It should also be mentioned that we are a company in which most employees are on full-time contracts and we have less part-time staff than our competitors and this is something that shows our presence and the way we operate and sit in the market. Apart from your main business area, you have a new project for the real estate market. What is this exactly? Apart from our traditional business area we wanted to take a leap. In this direction around a year and a half ago we set up a partnership with the University of Aveiro to develop the first independent AVM (Automated Valuation Model) in Portugal and which is fully operational. This is an algorithm that enables us, by introducing a bunch of information about the property, to obtain a valuation for this property or for a portfolio and this valuation is always validated by an independent specialist. This algorithm was created using a number of attributes for a specific property, which comprises 96 pieces of data for an equation that automatically allows the property or a number of properties to be valued. These attributes take into account the distance of the property from the town centre, the number of pharmacies around it, data from the INE (National Institute of Statistics) regarding average population income in this particular area, the average family size and the average time it takes to sell a property, among others. In practical terms, the AVM allows the valuer to select the property location for the property that he wants to value, insert the data with the respective area, typology, the year it was built, etc., and then an estimated valuation is automatically generated from information about the surrounding properties, which properties have already been valued and using any information we already hold. In helping to value the property we can also check and compare the entire sample of properties.
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against the work developed by other expert assessors The underlying philosophy for this kind of client is simple: when the valuations from a number of assessors nationally arrive at the bank, our instrument enables data to be checked and compared for each asset, and if the valuation isn’t in line with the area around the property. To give a more specific example: the Bank isn’t going to finance a T2 (2-bed property) for 150,000 euros when in the same building there is another T2 (2-bed) worth 75,000 euros. It’s these types of gross errors that our platform aims to foresee on the one hand when awarding mortgages and, on the other, when valuing assets. In which regions of the Country is the AVM being applied? At present we’ve already got pilot-projects in the boroughs of Lisbon and Sintra and we’re widening this to the boroughs of Porto, Maia, Oeiras, Gondomar and Almada. Are you going to apply the AVM in other countries, namely the PALOPs where Prime Yield has a strong presence? From the word ‘go’ when our company resolved to be a market leader in the Portuguese-speaking world and given that we essentially have information about capital markets in these countries. Obviously when this prototype being developed in Portugal gains momentum, it can be applied in São Paulo, in Maputo, Luanda and in Cidade da Praia. I should add that in 2017 we’ll already have the first AVM up and running in Angola and in 2018 the other countries will follow.
What have you called your instrument and what do you aim to achieve with the AVM? We have created the brand Prime AVM for this new platform, which will be a new service that we’ll be offering as part of our core business, namely providing valuation solutions. As it happens this is a service based on providing an instrument which also stands out in its approach to the client. Our target public property portfolio investment funds and the banks themselves that hold these portfolios and this system enables us in a more competitive way to carry out a much speedier valuation of properties, with less cost and a greater degree of confidence. This is especially advantageous both for clients with these portfolios and the natural buyers of these
portfolios. It represents a facilitating service that adds value. There has been a lot of talk about the banking sector’s role in the economy because balances are still made up of some credits that are not healthy; in this sense, this instrument means that the precise values of these portfolios can be attributed speedily so that they can be sold or repackaged as an investment vehicle for those who hold these assets. Do you already have clients? This is a project which needs time to mature and we’re just now seeing our first clients. At the moment we are working with a client using a ‘pilot’ version. The client is a Portuguese financial institution which is using our instrument to check it
Apart from the AVM are you also working on another instrument. And what can you tell is about it? The other project we’re developing too with the University of Aveiro is MLV-Mortgage Lending Value. In Portugal there still isn’t a coherent MLV definition, so that we’re working to define one based on a calculation formula. MLV will be, in the near future, the benchmark for financial institutions when giving credit and in accordance with European Union guidelines and which will not be awarded according to the value of the market but rather on the according to the value of the goods being mortgaged. In credit concession, which is the basic principle of MLV, the property’s value over the period of its shelf life will be considered, so that the value of the mortgaged asset can never exceed its market value. This represents a more conservative perspective that all players will have to take into account in the short term as an indicator when granting credit.
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Feira do imobiliário
SIL gera 100M€ em negócios Property fair
SIL generates €100M in business
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A 19ª edição do SIL - Salão Imobiliário de Portugal, decorreu entre os dias de 5 a 9 de Outubro, na FIL, Parque das Nações, em Lisboa. De acordo com a organização, promoveu negócios de cerca de 100 milhões de euros. A elevada afluência de público profissional e geral merece igualmente o registo. The 19th edition of SIL Portuguese Property Fair, which will run from October 5-9 at FIL, Parque das Naçoes, in Lisbon. According to the organisation, it has promoted business worth around 100 million euros. The high attendance level of the general public and property professionals also deserves a mention and is behind this success.
O ‘barómetro’ SIL foi, uma vez mais, o espelho do País, onde o negócio imobiliário e turístico regressou ao radar dos investidores e consumidores. Este foi um certame onde dominaram os stands de grandes dimensões, nomeadamente das redes de mediação imobiliária; onde voltou a ser realizada a apresentação de grandes projectos, como foi o caso do Algarve Cluster Multiusos ou da Quinta do Paço Lumiar; e onde os corredores estiveram cheios de pessoas em busca de oportunidades de negócio ou apenas para auscultar o mercado. De acordo com a organização do SIL estiveram, este ano, presentes mais de 300 empresas, o que significa que teve um aumento de mais de 40%. As mesmas geraram “negócios na ordem dos 100 milhões de euros”. O Ceará, do Brasil, esteve patente neste salão com um espaço expositivo e, a par dos encontros B2B entre chineses, franceses e profissionais nacionais, propiciou a afirmação do SIL, nas palavras da organização, como uma “plataforma para a internacionalização do sector imobiliário”. As autoridades oficiais portuguesas promoveram também num espaço expositivo o programa Revive que, aliás, esteve também em foco na conferência ‘O Paradigma entre o Imobiliário e o Turismo’, onde a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, salientou que o País “soube reinventar o património” que agora vai ser revitalizado por privados para fins turísticos. O ‘Programa Municipal - Renda Acessível’ foi igualmente exposto neste salão e interessados não faltaram nesta
apresentação. Refira-se ainda que, pela primeira vez, o SIL contou com a presença do Turismo de Portugal, “mostrando a importância e ligação cada vez maior do Turismo e do Imobiliário”. Tendências do mercado O espaço Intercasa, que decorreu em paralelo com o SIL, no âmbito da decoração e design de interiores, permitiu ficar a conhecer as novas tendências deste mercado mas foi, sobretudo, interessante pelo facto de ter divulgado as maiores novidades do momento ao nível de produtos e serviços. Integrado na Intercasa, o LXi – Lisboa Interiors Design permitiu descobrir o desafio lançado a 18 arquitectos e designers de interiores para criar um inovador e arrojado conceito de ‘Casa Ideal’ através de três diferentes ambientes: ‘Casa de Família’, ‘Casa de Solteiro’ e ‘Casa de Férias’. Muito activo, e que conquistou o público, foi o ‘Ambientes Lifestyle’, nomeadamente pelas sessões de show-cookings e wokshops mas também pelas palestras e conversas. O Vintage Festival, outro espaço a decorrer em simultâneo com o SIL, foi, talvez o que maior curiosidade suscitou entre os visitantes. Aliás, a organização avançou que, este ano, registou um aumento de 34% no número de visitantes. Dirigido aos amantes da cultura vintage, a realidade é que ninguém ficou indiferente à oferta de moda e acessórios, ao mobiliário de época ou aos instrumentos musicais. Por lá encontraram-se verdadeiras ‘pérolas’: como a popular ‘pão de for-
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ma’ (Volkswagen Kombi) dos anos 60, discos vinil, tatuagens de marinheiros ou penteados de outras épocas. E houve também quem dançasse ao som do Charlestone, Lindy Hop ou Vintage Jazz. A organização revelou que, em 2017, “a realização do Festival está prevista de 18 a 22 de Outubro”, estimando “um aumento da área exposicional e a continuidade de um programa de animação diversificado e intenso”. Adiantou também que “uma das grandes apostas para o próximo ano vai para as marcas com história que ainda hoje estão no mercado nacional, continuando a lançar novos produtos dentro do espírito da época, respondendo às exigências do mercado”. I Fórum Económico Portugal-China A organização do SIL anunciou ainda o I Fórum Económico Portugal-China que vai decorrer de 15 a 16 de Novembro, na FIL, numa organização da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) e da Fundação AIP. O evento multi-sectorial será composto por três eixos centrais: Conferências de Negócios, Feira de Comércio e Investimento e 3ª edição da Gala Portugal-China, que integrará a habitual cerimónia de entrega de prémios de ‘Mérito Empresarial’. O Fórum conta já com a confirmação de missões empresariais de Xangai e de províncias como Zhejiang, Jiangsu, Shandong e Liaoning, e terá a participação de investidores e empresas portuguesas e chinesas, bem como de representantes de entidades oficiais dos dois países. “Esta iniciativa afirma a missão da Fundação AIP, de internacionalização das empresas portuguesas”, refere em comunicado o SIL.
The official Portuguese authorities also promoted an exhibition stand for the Revive Programme which was moreover the focus for the conference ‘The Paradigm between Real Estate and Tourism’ in which the Secretary of State for Tourism, Ana Mendes Godinho stressed that the country “knew how to reinvent its property assets”, which will now be revamped by private investors for tourism objectives. The ‘Accessible Rent Municipal Programme’ was also showcased at this fair and there was no shortage of interested parties at the presentation. It should also be mentioned that, for the first time, SIL enjoyed the presence of the Portuguese tourism office Turismo de Portugal, “showing the increasing importance of the link between Tourism and Property”.
The SIL ‘barometer’ once again mirrored the country and its real estate market, where the property business and tourism has returned to investor and consumer spotlights. This was a fair where large stands dominated, namely from the chains of estate agencies; where once again big projects were presented such as the Algarve Cluster -Multi-Use and Quinta do Paço Lumiar; and where the aisles were packed with people looking for business opportunities or simply sounding out the market. According to the organisers of SIL this year there were over 300 companies present which means an increase of over 40%. These drummed up “business worth 100 million euros”. Ceará, from Brazil participated in this fair with an exhibition stand and, along with the B2B meetings between the Chinese, French, and Portuguese professionals, contributed towards SIL’s affirmation, in the words of the organisation “as a platform for the internationalisation of the real estate sector.
Market trends The Intercasa pavilion, an interior design and décor fair which was running at the same time as SIL, enabled visitors to see the latest trends in this market but was particularly interesting for divulging the latest novelties in terms of products and services. As part of Intercasa, LXi - Lisboa Interiors Design showcased the work of 18 architects and interior designers in creating a bold and innovative concept for the ‘Ideal Home’ through three different environments: ‘Family House’, ‘Bachelor/ Single Girl Pad’ and ‘Holiday Home’. One stand that was very active and captured the public’s imagination was ‘Lifestyle Environments’ namely its sessions of show-cooking, workshops and debate forums. The Vintage Festival, another space running in parallel with SIL, was, perhaps, the part that attracted the most curiosity from visitors. Moreover, the organisation said that this year there was an increase of 34% in visitor numbers.
Aimed at vintage culture lovers, the reality is that no one remained indifferent to the range of fashion and accessories, period furniture and musical instruments. Some real gems could be seen at this fair including popular ‘bread loaf’ (Volkswagen Combi) from the 1960s, vinyl records, sailor tattoos or hairdos from other times. There was also 1920s Charleston, Harlem ‘Lindy’ Hop and Vintage Jazz music. The organisation also revealed that “in 2017 the Festival would run from October 18-22”, predicting an “increase in stand space and the continuity of a wide programme of intense entertainments and activities. It also added that one of the main foci for next year would be brands with history which are still to be found in the national market, continuing to launch new products reflecting the spirit of the era while meeting market demands”. Ist Portugal-China Economic Forum The SIL organisation also announced the Ist Portugal-China Economic Forum which will run at FIL from November 15-16 and organised by the Portuguese-Chinese Chamber of Commerce and Industry (CCILC) and the AIP Foundation. The multi-sector event will be made up of three central axes: Business Conferences, Trade and Investment Fair and the 3rd edition of the Portugal-China Gala,which will include the usual awards ceremony for Entrepreneurial Merit’. The Forum has already confirmed business missions from Shanghai and provinces such as Zhejiang, Jiangsu, Shandong and Liaoning, and will involve Portuguese and Chinese investors as well as representatives of official entities from both countries. “This initiative confirms the mission and function of the Portuguese Industrial Association AIP Foundation/Fundação AIP)” says a SIL communiqué.
Opinião José Araújo
Novos paradigmas New paradigms
José Araújo Director da Direcção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp Director of the Department of Real Estate at Millennium bcp
O ano de 2016 tem sido positivo para o mercado imobiliário nacional, registamos mais vendas, mais investimento e mais facturação. Mas também há alguns sinais que devemos ter em conta para que 2017 continue a ser um ano de confirmação e de desenvolvimento sustentável do sector. O produto prime para os estrangeiros está a esgotar-se ou em alguns casos os preços verificados leva-os a pensar duas vezes antes de se avançar. Há um novo enquadramento legislativo em várias áreas que tocam neste sector nomeadamente em termos fiscais não deixando de fora o arrendamento, seja ele alojamento local ou arrendamento tradicional. Devemos assim preparar o mercado para este novo paradigma, que o torne mais protegido de ciclos económicos ou governamentais, através de ofertas atraentes e a preços que o mercado nacional o consiga absorver. Pois só assim se conseguirá manter esta dinâmica no mercado de forma continua, não se tornando dependente somente da confiança exterior, que apesar de ser muito importante, não deve ser a única participar nestes períodos de crescimento. Para isso a nova construção deve aparecer rapidamente, quer na habitação quer nos escritórios já que neste momento há escassez de oferta o que leva os preços a subir. O mercado tem vivido quase só da reabilitação limitando assim a oferta só a zonas prime deixando de fora o mercado médio nacional das grandes cidades. Aliás só dessa forma é possível dinamizar de novo o mercado de arrendamento que tem visto o valor das rendas a subir porque com a liquidez existente no mercado uma parte das pessoas prefere a compra como não há oferta nova a preços que os seus compradores/investidores possam depois arrendar com yields favoráveis. Entusiamo sim, profissionalismo sim, mas euforias e ilusões de lucro rápido e fácil pode aniquilar o que nestes últimos três anos tanto trabalho deu a recuperar a muitos agentes do sector.
2016 has been positive for the national real estate market, we registered more sales, more investment and greater turnover. But there are also some signs that should be taken into account so that 2017 continues to be a year of confirmation and sustainable development for the sector. The prime product for foreigners is running out or in some cases the prices have led us to think twice before pushing ahead. There is a new legislative framework in various areas that affect this sector, namely in terms of taxation and includes the rental sector both in terms of local accommodation or traditional renting. We should therefore prepare the market for this new paradigm, in order to cushion it from economic cycles or changes in government, through attractive offers and at prices that the national market can absorb. Only in this way can we maintain this dynamic in the market in a continuous way, never becoming dependent solely on outside confidence, which despite being very important, should not be the only factor in these periods of growth. Which is why new construction should rapidly take place, both in housing and offices since there is now a lack of supply which is causing prices to rise. The market has almost exclusively lived off rehabilitation, thereby limiting the supply to prime areas alone and leaving the national mid-level town and city market off the map. Moreover, only in this way will it be possible to boost the new rental market which has seen rents rise because with the existing liquidity in the market some people prefer to buy since there isn’t any new supply at prices which buyers/investors can then rent on with favourable yields. Enthusiasm yes, professionalism yes, but euphoria and illusions of quick and easy profits can wipe out what so many agents in the sector have worked so hard to achieve by way of recovery over the past three years.
25 20 NOV/DEZ 2016
Opinião Nuno Sá Carvalho
Reabilitação: perspectivas para 2017
Rehabilitation: perspectives for 2017
Nuno Sá Carvalho Sócio responsável pela área de Imobiliário e Construção da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira Partner in charge of the Real Estate and Construction department of Cuatrecasas, Gonçalves Pereira
A reabilitação urbana tem constituído uma prioridade das diversas entidades, públicas e privadas, tendo em conta a crescente necessidade de recuperação do edificado degradado e as evidentes vantagens socio-económicas daí resultantes. Impunha-se, por isso, uma mudança do ciclo vicioso de degradação do edificado e de construção de obra nova, tornando o investimento na reabilitação atractivo e contribuindo igualmente para a dinamização de importantes sectores conexos como é o caso do sector da construção. Esta aposta na política de reabilitação urbana articula-se com as demais realidades económicas, em particular, no que aqui importa analisar, as que se relacionam com incentivos ao investimento privado. Desde 2006, foram realizadas, sucessivamente, reformas no regime do arrendamento urbano e outros diplomas conexos, como é o caso do regime das obras em prédios arrendados, que permitiram devolver ao mercado e rentabilizar edifícios que estiveram estagnados desde tempos imemoriais. Para 2017, vislumbram-se novas alterações ao regime vigente, cujo impacto deverá ser objecto de ponderação pelos responsáveis políticos para não destabilizar o contexto favorável em que o mercado se encontra. A criação de um regime próprio da reabilitação urbana é também reflexo desta opção estratégica, reforçada pelas alterações entretanto introduzidas quer ao nível da simplificação dos procedimentos e regras aplicáveis à aprovação de operações de reabilitação urbana, quer ao nível da dispensa do cumprimento de certos requisitos previstos na vasta regulamentação da actividade da construção, procurando conciliar os princípios da preservação do existente com a realidade do terreno. A par de diversos programas de apoio à reabi-
litação e conservação de imóveis particulares, a revisão do regime dos denominados ‘golden visa’, que visa atrair investimento para Portugal, passou a contemplar expressamente a reabilitação urbana como actividade de investimento ao consagrar como elegível para obtenção de autorização de residência a aquisição de imóveis e a realização de obras de reabilitação dos mesmos, com um valor mínimo global de €350.000,00 (se construídos há, pelo menos, 30 anos ou localizados em área de reabilitação urbana). Por fim, além dos diferentes e amplos incentivos fiscais aplicáveis em várias fases do investimento em reabilitação urbana, regimes específicos como o regime fiscal para residentes não habituais, constituem também um impulso muitas vezes decisivo ao investimento neste sector. Perante as medidas fiscais anunciadas na Proposta de Orçamento de Estado para 2017, mais importante se torna prestar atenção ao bom funcionamento das virtualidades do sistema. Sem descurar a salvaguarda dos valores do património histórico arquitectónico, ainda é necessário aligeirar a discricionariedade e burocracia existentes nos procedimentos da reabilitação e, acima de tudo, uniformizar critérios e consolidar conceitos, como é, desde logo, o caso da noção de obra de reabilitação urbana, com vista a manter e potenciar este ciclo virtuoso que levou tantos anos a criar. Na verdade, ainda subsiste a ideia de que o investimento na reabilitação urbana, apesar de estratégico, é ainda um caminho algo sinuoso, dada a existência de vários regimes dispersos, que por vezes se sobrepõem e contêm alguns alçapões que importa ter em conta no momento de analisar e estruturar o investimento, sobretudo numa fase em que os preços de mercado já reflectem a forte procura dos últimos meses.
27 20 NOV/DEZ 2016
Urban rehabilitation has been a priority for various entities, both public and private, taking into account the growing need to restore dilapidated buildings and the obvious socio-economic advantages resulting from the same. Which is why breaking the vicious cycle of dilapidation and constructing new buildings needs to be addressed, making investment in rehabilitation attractive while also contributing to boosting important sectors connected to it, as is the case with the construction sector. this investment in the policy of urban rehabilitation relates to many economic realities, in particular; and which are important to analyse here; those related to private investment incentives. Since 2006 successive reforms were carried out to the urban rental law and other connected regulations, a case in point being the works in the rented buildings regime which enabled buildings which had stood empty for time immemorial to be put back onto the market. For 2017 new alterations in the law currently in force are envisaged, the impact of which should be carefully considered by the appropriate political authorities in order not to destabilise the current favourable set of circumstances which the market is presently enjoying. The creation of a specific urban rehabilitation regime is also a reflection of this strategic option, reinforced by alterations which have meanwhile been introduced both in terms of simplifying procedures and applicable regulations for urban rehabilitation project planning permission, both at the level of setting aside the compliance of certain requirements foreseen in the extensive raft of regulations governing construction; seeking to marry the principles of preserving what exists with the reality of the plot of land in question. Alongside the legion programmes in support of rehabilitation and conservation of private properties, is the review of the so-called ‘Golden Visas’ regime which aims to attract foreign investment to Portugal, and which now specifically contemplates urban rehabilitation as an activity meriting eligibility for obtaining authorisation for residence through the acquisition of property and the undertaking of rehabilitation works on the same, to a minimum total value of â‚Ź350.000,00 (if built at least 30 years or more ago, or located within an area designated for urban rehabilitation). For example, in addition to the wide and ample array of tax incentives applicable in the various investment phases for urban rehabilitation, exist specific regimes like the tax regime for Non-Habitual Residents (NHR) which are also
provides incentives, and very often decisive ones, when it comes to investment in this sector. Faced with tax measures announced in the State Budget Proposal for 2017, it is more important to pay attention to the effective functioning of system virtualities. Without clouding the importance of safeguarding the values of historic architectural heritage, one still needs to cut back the amount of red tape and discretionality that exists in the procedures for rehabilitation and, above all, to consolidate concepts and standardise criteria; as in the case of the notion of urban rehabilitation works; with a view to maintain and optimise this virtuous cycle that was so many years in the making. The truth is that there still persists the idea that investment in urban rehabilitation, despite being strategic, is still a rather sinuous path given the existence of various scattered regimes which at times overlap and contain some pitfalls which one has to take into account at the time of analysing and structuring the investment, particularly in a phase in which market prices already reflect the strong demand seen in recent months.
19 SET/OUT 2016
Engenharia Civil
Uma profissão estratégica Civil Engineering
A strategic profession
Foto Photo: IST
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29 Face ao cenário negro do sector da construção, na hora de orientar os seus filhos ou escolher um curso, a Engenharia Civil foi colocada de lado. Mas os especialistas das universidades e politécnicos não poderiam estar mais em desacordo. É que esta é uma profissão com saídas profissionais e com capacidade para dar resposta ao mercado nacional. Given the current black outlook for construction, when the time comes to advise ones children or choose a course, Civil Engineering has been sidelined. But university and polytechnical college specialists couldn’t disagree more. And that this is a profession with jobs to go to and the capacity to meet the needs of the market.
Texto Text: Carla Celestino
Foto Photo: IST
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Para compreendermos os desafios que hoje a profissão de engenheiro civil enfrenta em Portugal temos, desde logo, de analisar a base de formação dos alunos. No acesso ao ensino superior estes cursos obrigam a ter notas positivas nos exames de Matemática e Física, o ‘pé de Aquiles’ dos estudantes portugueses cujas notas nestas matérias, sobretudo no secundário, têm sido tudo menos brilhantes. E, como é sabido, é impossível termos engenheiros se não souberem fazer cálculos, ou correríamos todos o risco de ver desabar diante dos nossos olhos todo o mundo que nos envolve, desde um qualquer edifício a uma estrada ou ponte. Quem consegue superar este desafio está a meio caminho de se tornar num engenheiro civil. Mas ainda terá de ultrapassar outras barreiras, sobretudo os obstáculos da história, da geografia, da mudança de mentalidades e do fosso geracional. Altos e baixos da profissão O professor Nunes da Silva do Instituto Superior Técnico de Lisboa mostra, através do nosso passado recente, como se passou de um boom de estudantes em Engenharia Civil para apenas 131 candidatos, em 2013/2014, que no acesso ao ensino superior público escolheram esta área como primeira opção na primeira fase de candidaturas. “Tivemos um fluxo muito forte de apoios comunitários nos anos 80 e depois mais intensamente a partir dos anos 90 do século passado, em que
grande parte foi canalizada para obra nova. Além do País não estar preparado para uma ‘explosão’ tão grande de construção nova, gerou também uma procura absolutamente louca pela profissão de engenheiros civis”. Evidentemente, como diz, “quando Portugal dá o ‘estoiro’, tudo o resto ‘estoira’ também e isso não passou ao lado nem da construção nem do imobiliário”. Nessa altura, existiu aquilo a que designou por “uma espécie de anátema sobre as obras públicas e a Engenharia Civil em que se passou a considerar estas áreas como responsáveis pela crise que o País estava a viver”. A partir desse momento, como o professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) António Abel Henriques refere, “houve a ideia exagerada, por parte da sociedade, de que os engenheiros não teriam colocação e que os salários eventualmente poderiam ser mais baixos”. Por isso, passou-se de uma profissão com futuro para uma profissão sem futuro. Mas esta ideia pode ser, talvez, apenas uma questão de percepção. Entrar em velocidade cruzeiro Quando se olha para as estatísticas parecem ser preocupantes porque os números de alunos a ingressar no ensino superior desceram a pique ao longo dos anos. Mas a realidade, como Nunes da Silva salienta, é que “a oferta na área da Enge-
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Foto Photo: IST
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nharia Civil era muito excessiva” e “basta comparar com os vários países europeus, a começar por Espanha, para se verificar que a nossa oferta por 1.000 habitantes estava muito acima dos valores da média da Europa”. Por outras palavras, havia alunos a mais e aos poucos foi-se chegando a um número mais realista para a dimensão e necessidades do País. O resultado disto era inevitável, passou a haver uma polarização geográfica focada nas grandes escolas de Engenharia do País: no Porto, a FEUP; e em Lisboa o IST e a Universidade Nova de Lisboa (UNL). “O resto (politécnicos) desapareceu porque não havia hipótese de manter a oferta que existia tão grande e durante tantos anos”, adianta Nunes da Silva. Neste momento, no IST, a média é de 130 engenheiros, valor semelhante no Porto, e apesar da Universidade Nova ter tido alguns ‘sobressaltos’ deverá estabilizará um pouco abaixo dos 100. Entre estas três escolas, se se formarem entre 300 a 400 engenheiros civis por ano será o suficiente para dar resposta ao mercado nacional. Mau grado, António Abel Henriques faz a ressalva para aquele que pode ser um dos maiores desafios desta profissão na actualidade: “O número de pessoas formadas a entrar no mercado de trabalho poderá ser inferior ao número de pessoas a sair do mercado de trabalho por efeitos de reforma”. Este é um problema geracional quer ao nível de investigação, quer do próprio mercado de trabalho.
Face a esta conjuntura, é provável que, num dado momento, estas instituições de ensino tenham de fazer um acréscimo aos referidos 300/400 alunos formados de forma a criar uma ‘reserva’ de engenheiros civis para colmatar as necessidades de formação e profissionalização. Curso em Portugal profissão no estrangeiro Face a todas estas evoluções e mudança de paradigmas, resta saber o que move actualmente os alunos a ingressar no curso de Engenharia Civil. Em semana de praxes conseguimos falar com Filipa Baguinho, aluna do IST, que aos 17 anos entrou no ensino superior com a média de 17,5 valores. Natural de Macau, filha de um advogado e de uma engenheira portugueses, confessa que “como a minha mãe é que estudava comigo quando era mais pequena, acabou por me influenciar e com ela fui também adquirindo o gosto pela área das ciências, sobretudo pela Matemática e pela Física”. Esta estudante, com a média que obteve, conseguia entrar em qualquer área da Engenharia, como Aeronáutica ou Mecânica, mas optou pela Engenharia Civil por achar ser “mais interessante e não por ser mais fácil”. Filipa pretende dedicar-se à área de Estruturas, “porque, apesar de ter cadeiras que ao nível da Matemática são complexas, possui também uma parte mais ‘artística’ que é o desenho”. Mas quando questionada sobre se pretende exer-
Existiu uma espécie de anátema sobre as obras públicas e a Engenharia Civil em que se passou a considerar estas áreas como responsáveis pela crise que o País estava a viver. There was a type of anathema against Civil Engineering and Public Works in Portugal whereby these areas were blamed for the crisis that the country was suffering.
cer a profissão em Portugal ou em Macau a sua resposta é peremptória: “Nenhum dos dois”. E explica porquê: “Conseguiria exercer em Macau mas é um território muito pequeno e já lá passei uma grande parte da minha vida pelo que quero explorar o mundo; existem outros locais com melhores oportunidades e não sei se Portugal é um desses, embora a faculdade em Portugal seja a melhor para mim”. Relativamente a esta questão de tirar um diploma em Portugal para depois exercer no estrangeiro, António Abel Henriques desdramatiza a situação. Alguns alunos quando tiram estes cursos já estão, de antemão, de olhos postos no estrangeiro, como acontece com Filipa Baguinho, mas “isso não é uma situação de agora, nem é específico da Engenharia Civil”, esclarece. “Hoje em dia as pessoas devem pensar no mercado de forma mais abrangente, e hoje em dia também pode-se trabalhar no estrangeiro indo para o estrangeiro ou a partir de Portugal”. Além disso, como realça, “as possibilidades de mobilidade actualmente são completamente diferentes do que acontecia há alguns anos, já que uma viagem de avião para o centro da Europa faz-se no mesmo número de horas que uma viagem de automóvel para o Sul de Portugal, além de existirem outros meios de comunicação como vídeo-conferências”. Apesar das dúvidas de Filipa Baguinho em relação ao mercado de emprego nacional na área da En-
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Foto Photo: FEUP
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Havia alunos a mais e aos poucos foi-se chegando a um número mais realista para a dimensão e necessidades do País. There were too many students and too few places to employ them and we’ve got to numbers that are more realistic for the country’s needs.
genharia Civil, as estatísticas avançadas pelo IST, de 2014, mostram que ao fim de seis meses mais de 80% dos alunos recém-formados estavam empregados e ao fim de um ano atingia os 97%. Num país onde o desemprego, sobretudo qualificado, ainda está longe de ser resolvido, quer parecer que abraçar a profissão de Engenheiro Civil pode ser uma decisão com futuro. In order to understand the challenges that today’s civil engineering profession is facing in Portugal one has to immediately examine how students are trained. In order to get on this type of degree course students have to get good grades in both Maths and Physics, which is the Achilles’ heel for Portuguese students whose grades for these subjects, particularly in secondary school, have been less than brilliant. And as is well known you can’t have engineers who can’t make calculations otherwise we’d run the risk of seeing buildings, bridges and roads around the world falling down. Those who can overcome these challenges are
half way towards becoming a civil engineer. But the student will also have to overcome other barriers, particularly the obstacles of history, geography, changing mentalities and the generation gap. The highs and lows of the profession Professor Nunes da Silva of Lisbon’s Higher Technical Institute shows through our recent past how we went from a boom in students studying Civil Engineering to just 131 candidates in 2013/2014 who chose this course as their first option in the first phase when applying for a place at university. “We had a gravy train of funds coming in from the European Community in the 1980s and then even more in the 1990s in which a large part was channelled into new construction projects. In addition to the country not being prepared for such a big explosion in new construction, this also generated an absolutely crazy demand for the civil engineering profession. Evidently, as he says, “when the economic crisis hit and Portugal’s bubble burst, so did the con-
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Um dos maiores desafios desta profissão na actualidade: O número de pessoas formadas a entrar no mercado de trabalho poderá ser inferior ao número de pessoas a sair do mercado de trabalho por efeitos de reforma. One of the greatest challenges for this profession today: The number of people being trained to enter the workplace could prove less than the number leaving the market for retirement.
struction and real estate sectors.” At this time there was what he terms as a “type of anathema against Civil Engineering and Public Works in Portugal whereby these areas were blamed for the crisis that the country was suffering”. From this point on, as the university professor from Porto University’s Faculty of Engineering (FEUP) António Abel Henriques says, “there was an exaggerated idea on society’s part that engineers didn’t have sufficient jobs to go to and that salaries could as a consequence be much lower”. Which is why it went from being a profession with a future to a profession left behind in the past. But this idea could perhaps be just the perception. Going a cruising speed When examining the statistics they can seem worrying because the numbers of students enrolling in higher education have fallen off a cliff over the years. But in truth, as Nuno da Silva stresses, is that “the supply in the Civil Engineering area was rather excessive” and for that one only needs to “compare numbers with various
other European countries, starting with Spain, to see that our supply per 1,000 inhabitants was way above average European numbers”. In other words, there were too many students and too few places to employ them and we’ve got to numbers that are more realistic for the country’s needs. The result was inevitable with a geographical polarisation focused on the country’s big schools of Engineering: FEUP in Porto and IST and the Universidade Nova de Lisboa in Lisbon. “The other courses (at polytechnics) disappeared since there was no way of keeping them open with the existing demand which had been so great and for so many years”, says Nunes da Silva. At the moment, at IST, the average is 130 engineers, a similar number to Porto and despite the Universidade Nova seeing some ‘spikes’, the numbers should stabilise at a little below 100. Between these three schools, if between 300 and 400 civil engineers graduate per year that would be enough to meet national market demands. Despite this, António Abel Henriques points out what could be one of the greatest challenges
Foto Photo: Metropolitano de Lisboa/Gabriel Couto
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for this profession today: “The number of people being trained to enter the workplace could prove less than the number leaving the market for retirement”. This is a generational problem both at the level of research and the actual job marketplace. Given this climate, it is likely that at any given moment, these educational institutions will have to up the current numbers of 300/400 students being trained in order to create a ‘civil engineering reserve bank’ to meet the needs of training and professionalism. A course in Portugal a job abroad Given all these developments and changes in
paradigm, one has to ask what is currently motivating students to sign up for a degree in Civil Engineering? In Freshers Week we managed to speak to Filipa Baguinho, an IST student, who went into further education at IST at 17 with an average of 17.5 marks. Born in Macau, daughter of a Portuguese lawyer father and engineer mother, she confesses that “it was my mother who studied with me when I was much younger and who influenced me and it was through her that I acquired a taste for sciences, particularly Mathematics and Physics”. This student, with the marks that she got, would manage to get into any area of Engineering, such as Aeronautics or Mechanics, but opted for Civil Engineering because she thought it was more interesting and not because it was easier”. Filipa aims to specialise in the area of Structures “because despite having Mathematical areas that are complex, it also has a more artistic part which is design”. But when asked if she intends to carry out her profession in Portugal or Macau her replay is peremptory: “Neither”. And she explains why: “I could practise in Macau but its a small territory and I’ve already spent a large chunk of my life there and want to explore the world; there are other places with better opportunities and I’m not sure that Portugal is one of them, although the university faculty in Portugal would be better for me”. Regarding the question of taking the degree in Portugal to then work abroad, António Abel Henriques plays down the situation. Some students when taking these courses do so with their eyes already fixed overseas, as is the case with Filipa Baguinho, but “this isn’t a new phenomena or specific to Civil Engineering”, he says. “These days people should think about the wider market and today you can work abroad coming from abroad or from Portugal”. Furthermore, as he points out, the possibilities of mobility are currently completely different to what happened some years ago, so that a plane flight to central Europe can be done in the same number of hours as a journey by car to the South of Portugal not to mention other forms of communication such as video-conferences”. Despite Filipa Baguinho’s doubts regarding the national employment market in the Civil Engineering area, the statistics put forward by IST for 2014 show that after six months over 80% of recent graduates got jobs and after one year that figure rose to 97%. In a country where unemployment, particularly those with degrees, is still far from being solved, it seems that Civil Engineering is still a profession with a future.
Atelier
Adriano Callé Lucas
Atenção a este Senhor Careful when it comes to this gentleman
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Se há coisa que Adriano Callé Lucas menos gosta é de falar de si em público. E mesmo da sua actividade profissional é raro. Se não falasse em português poderia ser confundido com um sir britânico, tão low profile é a sua postura perante a vida. If there’s one thing that Adriano Callé Lucas doesn’t like it’s talking about himself in public. And even about his professional life rarely. If you don’t happen to speak English he could be confused with a British ‘Sir’ since his profile and attitude to life is so low key and down-to-earth.
Texto Text: Joaquim Pereira de Almeida
Valeu o nosso longo conhecimento do seu trajecto para trazer até aos leitores o retrato, necessariamente resumido, do que anda a fazer hoje. Mas antes de entrarmos no ‘mundo’ da arquitectura, do urbanismo, das avaliações – onde ele é uma verdadeira autoridade – abordamos um outro tema, como uma espécie de ratoeira à qual ele não escapa e da qual fala mais solto, com nítido orgulho. Este homem é neto do fundador do histórico Diário de Coimbra, um dos mais antigos diários regionais de Portugal, uma referência na luta pela democracia e na defesa da liberdade de expressão. Ainda nas mãos da família, deu origem a três outras publicações fundadas pelo seu Pai: os Diários de Aveiro, Leiria e Viseu. Ao todo este ‘império’ editorial, que agora lidera em conjunto com o seu irmão Miguel, dá trabalho a 200 pessoas. Ao apelarmos à sua costela jornalística, Adriano Callé Lucas fala, com maior abertura, da sociedade que fundou e dirige desde 1983: A CPU Consultores. O primeiro título académico que teve foi o de Arquitecto, pela antiga Escola Superior de Belas Artes, em 1977. A partir daí, nunca mais parou de estudar e de se enriquecer profissionalmente em áreas tão distintas como o planeamento urbano, a economia e a gestão. Estudou na Universidade Católica e percorreu outras prestigiadas instituições académicas no estrangeiro, como o
Collège d’Europe, em Bruges, e a London School of Economics. Iniciou a sua carreira profissional como urbanista com o Professor Costa Lobo, em 1978. O portfólio da CPU é imenso. Se nos situarmos mais na área da arquitectura, constatamos que a escala do atelier permitiu atravessar a crise dos últimos anos de forma mais tranquila do que a maioria da concorrência. Além de Lisboa, tem escritórios em Angola, Moçambique e Estónia, mas um dos países onde, ultimamente, mais tem trabalhado é na Turquia. Os shoppings continuam a ser uma mais-valia enorme e, neste último país, tem havido muita actividade, nesta área. Da confiança do ‘gigante’ IKEA, foi o responsável pelo traço do Mar Shopping em Matosinhos e está a liderar a concepção do ‘controverso’ IKEA do Algarve. Como se fosse a questão menos relevante lembra que a CPU projectou o edifício da NOS, no Campo Grande, em Lisboa, e que está a trabalhar com um dos mais prestigiados arquitectos do mundo, o italiano Renzo Piano no projecto do Braço de Prata cuja obra, finalmente, voltou a andar, depois das dificuldades que os seus promotores enfrentaram. Se continuássemos a falar do que fez e do está a fazer a CPU Consultores, as páginas da revista não chegavam. Guardámos para o fim um tema que lhe é particularmente querido: a fundação da ASAVAL, a Associação Profissional das So-
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ciedades de Avaliação, em 2011, que reúne as principais sociedades de avaliação imobiliária do País, bem como os avaliadores que com estas colaboram. A ASAVAL é hoje uma autoridade neste domínio, com o reconhecimento da CMVM e da TEGoVA, a prestigiada organização europeia de avaliadores, que representa em Portugal. Entre duas viagens, com a discrição de sempre, o nosso convidado continua igual a si próprio. Given the long period of time we’ve known him, it’s worth painting a necessarily condensed portrait of his career and what he’s up to today for our readers. But before we dive into the ‘world’of architecture, urban planning and evaluations - where he’s a true authority - we turn to another topic as a kind of rat-run from which he can’t avoid and on which he’s more at ease about when talking and does so with clear pride. This man is the grandson of the man who founded the historic newspaper Diário de Coimbra, one of the oldest regional dailies in Portugal, a benchmark in the fight for democracy and the defence of freedom of expression. Still in family hands, it spawned three other publications founded by his father: the Diários de Aveiro, Leiria and Viseu. In this entire editorial ‘empire’ which he now heads with his brother Miguel he employs 200. Once
appealing to his journalistic side, Adriano Callé Lucas speaks more openly about the architects consultancy that he founded and has run since 1983 CPU Consultores. The first higher academic qualification that he obtained was in Architecture from the former Higher School of Fine Arts (Escola Superior de Belas Artes) in 1977. From then on he never stopped studying and broadening his professional knowledge in areas as distinct as urban planning, economy and management. He studied at the Universidade Católica and went through other prestigious academic institutions abroad, such as the Collège d’Europe, in Bruges, and the London School of Economics. He began his professional career as an urban planning architect with Professor Costa Lobo, in 1978. CPU’s portfolio is immense. If its focus is more in the architectural area we can state that the scale of the studio has enabled it to weather the crisis of recent years more calmly than the majority of its competitors. In addition to Lisbon, it has offices in Angola, Mozambique and Estonia, but one of the countries where it has had a lot of work recently is Turkey. Shopping centres continue to be an enormous asset and the studio has been busy in this area in Turkey. CPU has also won the confidence of the ‘giant’ IKEA and
was responsible for the outline of Mar Shopping in Matosinhos and leading the conception of the ‘controversial’ IKEA in the Algarve. As if it were ever a less than relevant question it should be remembered that CPU designed the NOS building in Campo Grande in Lisbon, and is working with one of the most prestigious architects in the world, the Italian Renzo Piano on the Braço de Prata project whose project finally went ahead again after the difficulties its developers had faced. if we were to continue discussing what CPU Consultores has done and what it is doing there wouldn’t be enough pages in the magazine. We keep a topic which is particularly close to his heart to the end: the ASAVAL Foundation - the Professional Association of Property Assessors (Associação Profissional das Sociedades de Avaliação), in 2011, which unites the main property valuation companies in Portugal and which they work with. ASAVAL is today an authority in this domain and is recognised by the Portuguese Securities Market Commission (CMVM) and TEGoVA - The European Group of Valuers Association - which ASAVAL represents in Portugal. Between two journeys and with the same discretion as ever, our guest interviewee remains as true to himself as ever.
O S E U E ST I LO , O S E U E S PAÇ O D E B A N H O
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Do Mundo 38 19 SET/OUT 2016
EXPO REAL 2016
Trabalho, trabalho, trabalho Work, work, work
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Não é novidade para ninguém que o imobiliário, a nível internacional, está muito bem de saúde e recomenda-se. Isso mesmo ficou provado, uma vez mais, em Munique, onde, de 4 a 6 de Outubro se realizou mais uma edição da Expo Real. It’s not news to anyone that real estate on an international level is doing well and is highly recommended as an investment. This was again proved to be the case in Munich where, from October 4-6 another edition of Expo Real took place.
Texto Text: Joaquim Pereira de Almeida Foto Photo: Anabela Loureiro
A capital da Baviera já se habituou à romaria de homens e mulheres, vestido de cinzento e negro que, nesta altura do ano, ali arribam. Vêm de 77 países e são exactamente 39.101 profissionais. Durante três dias de trabalho exaustivo fazem negócios, apresentam produtos, debatem, defendem os seus interesses. O ambiente da feira é absolutamente contagiante e ao contrário de outras, deste nível, não tem programa social de relevo. À boa maneira dos anfitriões alemães, é trabalho, trabalho, trabalho. Sintoma do que se passa internamente, sentimos a Expo Real mais germânica do que nos anos anteriores. O imobiliário está pujante e é a competição entre regiões e cidades não escapa a ninguém. A Expo Real, como não podia deixar de ser, também é poiso para as grandes multinacionais do sector, da consultoria à finança. As grandes ‘marcas’ estão todas presentes, o que, naturalmente, acrescenta valor ao certame. De assinalar, a este propósito, que a maior participação não alemã foi de profissionais e companhias do Reino Unido, Holanda, Áustria, Suécia, Polónia,
França, República Checa, EUA, Luxemburgo e Espanha. Ao lado deste Top 10, a presença de Portugal foi muito discreta, pese o esforço que a Invest Lisboa continua a desenvolver. O stand da capital foi o maior de sempre e juntou expositores tão diversos como a Baía do Tejo, B. Prime, Castelhana, MLGTS Advogados, BAS Advogados, PLMJ e a consultora Infante & Riu. Por iniciativa da Invest Lisboa decorreu uma conferência para promover o projecto de rendas acessíveis da CML. Outra conferência, com maior dimensão e com a participação portuguesa, foi a que a própria Expo Real organizou sobre o mercado Ibérico. Foi participante no debate, Sérgio Saraiva, administrador da Baía do Tejo, que apresentou o projecto Lisbon South Bay. Podia ter tido maior destaque não fosse a parcialidade do jornalista inglês que moderou a conferência e que deu muito maior relevo aos nossos vizinhos espanhóis… O ‘circo’ volta a ser montado, em Outubro de 2017, e o nosso conselho é simples: Vale a pena ir a Munique.
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The Bavarian capital was full of grey and black suited men and women who at this time of the year flock to Europe’s largest property fair. They come from 77 countries and are exactly 39,101 professionals. Business was done over three exhausting days, presenting products, debating and defending their interests. The atmosphere at the fair is absolutely contagious and unlike others on this level does not have a relevant social programme. The polite manner of the German hosts is work, work and more work. A symptom of what’s going on internally, one feels that EXPO REAL is more Germanic than in previous years. The real estate sector is in fighting form and the competition between regions and cities doesn’t escape anyone. EXPO REAL, as if it could be anything else, is also a magnet for the big multinationals in the sector from the world of consultancy and finance. The big ‘brands’ are all present, which naturally adds value to the exhibition. On this it should be pointed out that the biggest non-German participation were professionals and companies from the United Kingdom, Hol-
land, France, Czech Republic, United States, Luxembourg and Spain. Alongside this Top 10, Portugal’s presence was more discreet, but the effort that Invest Lisboa continues to develop didn’t go unnoticed. Lisbon’s stand was the biggest ever and joined exhibitors as diverse as Baía do Tejo, B.Prime, Castelhana, MLGTS Advogados, BAS Advogados, PLMJ and the consultancy Infante & Riu. On the initiative of Invest Lisboa there was a conference to promote Lisbon City Council’s Accessible Rents Project. Another conference, of a greater size and in which the Portuguese took part, was the one in which Expo Real organised itself on the Iberian market. Sérgio Saraiva, CEO of Baía do Tejo took part in the debate and presented the project Lisbon South Bay. This could have had greater exposure had it not been for the partiality of the English journalist who moderated the conference and gave so much more exposure to our Spanish neighbours. The ‘circus tent’ will one again be set up in 2017 and our advice is simple: It’s worthwhile going to Munich.
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O imobiliário está pujante e a competição entre regiões e cidades não escapa a ninguém. The real estate sector is in fighting form and the competition between regions and cities doesn’t escape anyone.
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O ‘circo’ volta a ser montado, em Outubro de 2017, e o nosso conselho é simples: Vale a pena ir a Munique. The ‘circus tent’ will one again be set up in 2017 and our advice is simple: It’s worthwhile going to Munich.
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Maior participação não alemã foi de profissionais e companhias do Reino Unido, Holanda, Áustria, Suécia, Polónia, França, República Checa, EUA, Luxemburgo e Espanha. The biggest non-German participation were professionals and companies from the United Kingdom, Holland,France, Czech Republic, United States, Luxembourg and Spain.
Do Mundo Reino Unido
O que nos espera em 2017? United Kingdom
What is in store for 2017?
Roberto Varandas COS Capital Managing Director – Head of Europe
Há um ano, quando pensávamos no que poderíamos esperar de 2016, mencionei que poderíamos contar com investimentos fortes em alguns dos principais mercados europeus como era o caso do Reino Unido, da Alemanha e também nos EUA. Esta realidade acabou por ser parcialmente correcta com os efeitos do referendo ‘Brexit’ a serem um enorme impedimento para o crescimento das transacções no Reino Unido. No entanto, o capital continuou a fluir fortemente em diversos mercados, em especial nos EUA e na Alemanha. Tendo visitado recentemente a conferência da Expo Real, em Munique, eu, juntamente com cerca de 37.000 outros profissionais do sector imobiliário, tentei, como todos os anos, ter a noção do que é que os vários intervenientes no mercado estão a fazer ou a procurar fazer, ter uma ideia de onde os mercados estão a ir e o que tem sido feito desde o início do ano. Este ano, tenho que dizer, fiquei com a clara noção de que o ciclo, pelo menos na Europa, começa a atingir um pico em que os investidores estão nervosos sobre os preços e sobre os retornos esperados daqui para frente. Os mercados imobiliários não são imunes à política, afinal de contas o imobiliário é imóvel e a retórica sobre como deve ser tributado e se os estrangeiros devem ou não ser capazes de adquirir livremente imóveis afecta, em última instância, juros e fluxos de capital. Em alguns casos, é propositado e tem consequências políticas com objectivos que se pretende alcançar, principalmente com a finalidade de deixar sair o ar das bolhas dos preços dos activos. Em Singapura, por exemplo, os preços das casas caíram
em 12 trimestres consecutivos e estão abaixo de 15% desde o seu pico em 2013. O aumento de impostos para os compradores estrangeiros e as medidas de dedução fiscal de juros das hipotecas tem definitivamente arrefecido a procura por habitação. Em outros casos, a retórica é exactamente isso e é impulsionada por votos e popularidade. Tome-se como exemplo o que aconteceu em Portugal, onde o Governo, apoiado pelos partidos de extrema-esquerda no Parlamento, explorou a ideia de riqueza fiscal, incluindo, obviamente, o imobiliário, e restabelecendo um imposto sobre a herança. Ou ver, por exemplo, a eliminação gradual da dedutibilidade de juros para os investidores individuais no sector ‘buy-to-let’ no Reino Unido que está a começar a ter um forte efeito negativo sobre o apetite dos investidores para investir em imóveis residenciais individuais. A consequência não intencional, por também não permitir que empresas ou fundos beneficiem desta característica, é que, a longo prazo, o capital institucional também diminui e a falta de oferta de habitação continua a ser um problema. O pano de fundo dos objectivos sempre em mudança dos políticos é que a economia e as perspectivas dos inquilinos apontam para estabilidade e até mesmo, em alguns casos, crescimento. Associado a isto a política monetária continua a ser extremamente folgada em todos os principais mercados e em alguns mercados emergentes também, com juros baixos e excesso de liquidez no sistema. Assim, o que podemos esperar para 2017? A minha ‘bola de cristal’ diz-me que vamos enfrentar tendências políticas mais agitadas, aumento
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dos movimentos nacionalistas que irá afectar a percepção dos investidores em relação a determinados mercados e, consequentemente, os fluxos de capital para esses mercados. Tal como aconteceu no ano passado, a política monetária continuará a ser extremamente favorável e podemos até mesmo ver as yields descerem mais baixo nos mercados mais estáveis. Então, se tiver a coragem e conseguir navegar na política, 2017 apresentará oportunidades interessantes. Mas somente para os mais bravos! One year ago, when thinking about what we could expect in 2016, I mentioned that we could expect continued strong flows into some of the core European markets like UK, Germany and to the US. This turned out partially correct as the effects of the Brexit referendum proved a huge deterrent to growth in transactions in the UK. However, capital continued to flow strongly into a number of markets, in particular the US and Germany. Having recently visited the Expo Real conference in Munich, me along with around 37,000
other real estate professionals, I tried, as every year, to gauge a sense of what market participants are doing or looking to do, how the feeling for where the markets are headed and what was done since the beginning of the year. This year, I have to say, I had a clear sense that the cycle, at least in Europe, is feeling like it is beginning to reach a peak as investors are nervous about pricing and expected returns going forward. Real estate markets, are not immune to politics, after all, property is immovable and rhetoric about how it should be taxed and whether foreigners should or should not be able to freely acquire properties affects interest and ultimately capital flows. In some cases, it is purposeful and has consequences politicians wish to achieve, mostly for the purpose of letting the air out of asset price bubbles. In Singapore for example, house prices have fallen for 12 straight quarters and are down 15% from their peak in 2013. The increased tax for foreign buyers and interest ratio cover measures for mortgages has definitely cooled demand for housing. In other cases, the rhetoric is just that and is driven by votes and popularity. Take what has happened in Portugal where the government, supported by the far left-wing parties in parliament, explored the idea to tax wealth, including obviously property, and reinstating an inheritance tax. Or take for example the phasing out of interest deductibility for individual investors in the “buy-to-let” sector in the UK. This is starting to have a strong effect on the appetite from investors to invest in individual residential properties. The unintended consequence, by also not allowing company structures or funds to benefit from this feature is that long-term, institutional capital has also subsided and undersupply of housing continues to be a problem. The backdrop to the moving goalposts from politics is that occupier markets show reasonable stability even, in some cases, growth, and obviously, monetary policy remains extremely loose in every single major market and some emerging markets as well. And so what can we expect for 2017? My crystal ball tells me that we will face more agitated political tendencies, increased nationalistic movements that will affect investors’ perceptions of certain markets and ultimately, capital flows to those markets. As with last year, monetary policy will continue to be extremely accommodating and we may even see yields go lower in the more stable markets. So if you have the courage and are able to navigate the politics, 2017 will present interesting opportunities. But only for the brave!
Sol e Lua 48 19 SET/OUT 2016
Natal e RĂŠveillon
Portugueses antecipam festividades Christmas and New Year
The Portuguese are looking ahead to their holidays
49 20 NOV/DEZ 2016
Mais do que saber se a tradição ainda é o que era e se os portugueses vão viajar na quadra natalícia ou celebrar a Passagem-deAno importa apurar quais as tendências do mercado do turismo neste final de 2016. More than knowing if the tradition is what it used to be and if the Portuguese will travel for Christmas or celebrate the New Year, it’s more important to understand what the market trends are for the tourism market at the end of 2016.
Texto Text: Carla Celestino
O Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT) revelou recentemente que, no que se refere ao mercado externo, cerca de 80 por cento dos seus inquiridos acreditam que o Natal e o Fim-de-Ano de 2016 vão ser melhores que os de 2015 no que toca a receitas, dormidas e número de turistas. Já o mercado interno deverá registar uma evolução idêntica ao ano anterior. O nível de confiança na performance do turismo é, pois, elevado mas algo está a mudar... De acordo com o director-geral do operador turístico Solférias, Nuno Mateus, a “maior tendência em 2016, e que se tem vindo a verificar nos últimos anos, é que os clientes façam as suas reservas para o período de Natal e Passagem-de-Ano com uma antecedência cada vez maior”. E “porque estamos a falar de um período confinado a três/ quatro dias, é habitual que o produto se esgote”. Assim, se há alguns anos apenas a partir de Setembro/Outubro é que os portugueses começavam a ponderar os destinos para as suas férias de Natal ou a escolher o local para o Réveillon, a realidade é que, nos últimos anos, os portugueses começaram a fazer as suas reservas mais cedo, já em Julho e Agosto, sobretudo se for para locais que à partida já sabem que vão esgotar, como é o caso da Madeira ou do Brasil. “Algo impensável há uns anos”, salienta Nuno Mateus. Se esta realidade demonstra, por um lado, que os portugueses estão com um maior poder aquisitivo
para férias e short-breaks; revela, por outro, que algo vai bem no negócio do turismo. O director-geral da Solférias dá como exemplo desta realidade o Brasil: “Este ano foi promovido muito cedo, colocámos dois a três voos partilhados com outros parceiros e a verdade é que todos nós esgotámos praticamente a capacidade destes três aviões para o final do ano, que é algo que não me recordo há muito tempo”. Nuno Mateus está-se a referir a um voo que sai de Lisboa para Fortaleza, outro que faz Lisboa-Salvador e um terceiro Porto-Salvador. Mas como esta ‘lotação esgotada’ foi feita com muita antecedência, deu a possibilidade aos operadores turísticos de negociar um quarto avião, que já foi lançado do Porto para Salvador. Por outras palavras, reservar férias mais cedo é, segundo este interlocutor, “favorável para os clientes e é favorável para as empresas, porque permite uma flexibilidade negocial de quando se esgota um voo poder aumentar a capacidade de oferta”. Destinos de sucesso Apesar de se ter a noção de que o Natal tem ganho algum ascendente porque antigamente a tradição era reunir a família, hoje em dia acaba por não ser tão forte como no passado, inclusivamente há muitas famílias e amigos que acabam por se juntar num hotel neste período, até porque, cada vez mais, as unidades hoteleiras dão uma importância
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maior a este período e é normal que capricharem nos pacotes que, regra geral, são muito apelativos. Relativamente a destinos preferidos o Trivago avança que, entre 25 de Julho e 25 de Outubro de 2016, e para o período de viagem a ocorrer entre 19 e 26 de Dezembro, Lisboa e Porto lideraram os locais mais pesquisados no seu portal pelos portugueses. Para estas duas cidades, a estada média varia entre 3,31 e 2,72 dias respectivamente e a média de preços pesquisados é de 63.34 e 67.53 euros, respectivamente. A representante da comunicação da Trivago em Portugal, Sara Vieira, explica que “o número de pesquisas para o período do Natal é substancialmente mais reduzido do que o da Passagem-de-Ano”. Ainda assim, entre os destinos mais pesquisados pelos portugueses para o Natal está ainda, por ordem decrescente, a Serra da Estrela/Covilhã, seguido do Funchal, Ponta Delgada, Albufeira, Algarve (geral), Açores, Peneda-Gerês e Madeira. O Trivago avança também que “é reduzida a percentagem de pesquisas dos estrangeiros para o Natal em Portugal em comparação com o período de Passagem-de-Ano, que atrai muito mais interesse” e onde “Lisboa e Funchal são os destinos preferidos”. Com efeito, no topo da lista das escolhas dos alemães está claramente Lisboa e Madeira, e em particular o Funchal; os espanhóis preferem Lis-
boa, Porto e Algarve; já os franceses pesquisaram mais as cidades de Lisboa, Porto e Faro; enquanto os italianos preferem Lisboa, Porto e Madeira; e, por último, os ingleses mostram uma preferência maior pelo Funchal, seguido de Lisboa e Algarve. Sara Vieira revela ainda que “Lisboa, em qualquer altura do ano, é sempre o destino mais procurado por razões óbvias” mas, “curiosamente, para a Passagem-de-Ano, o Porto surge em primeiro lugar tendo em conta o período de pesquisa e viagem definidos no estudo”. Com efeito, se olharmos para os dados estatísticos avançados pelo Trivago, para o período de viagem de 27 de Dezembro de 2016 a 3 de Janeiro de 2017, verifica-se que no topo dos 10 destinos mais procurados pelos portugueses em Portugal está a Invicta, e logo após Lisboa, Funchal, Albufeira, Serra da Estrela/Covilhã, Figueira da Foz, Ponta Delgada, Vila Nova de Gaia, Peneda-Gerês e Sesimbra. Do lado da procura europeia estão destinos como Lisboa, Porto, Funchal e Algarve, nomeadamente Albufeira e Faro. Os cruzeiros no Douro são uma das formas mais procuradas para celebrar o Réveillon 2016/2017, de acordo com a Solférias, embora o topo da procura seja liderada pelos destinos já considerados tradicionais para esta época, como é o caso do Algarve ou da Madeira. Nuno Mateus salienta que “a Madeira é um dos
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Foto Photo: Turismo Madeira
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A maior tendência em 2016, e que se tem vindo a verificar nos últimos anos, é que os clientes façam as suas reservas para o período de Natal e Passagem-de-Ano com uma antecedência cada vez maior. The greatest trend in 2016, from what has been seen in recent years, is that customers book their reservations for the Christmas and New Year period much earlier.
destinos mais procurados pelo facto de ter um dos melhores fogos-de-artifício do mundo” e “sendo o Funchal um dos locais de Fim-de-Ano mais forte em Portugal a procura inicia-se com uma antecedência muito maior”. Acrescenta ainda que “apesar dos Açores não terem a mesma tradição, tem-se registado uma boa procura” o que conduziu a terem promovido um charter partilhado para Porto Santo, “uma experiência que lançámos no ano passado e que este ano foi relançada dado o seu sucesso”. Outras tendências “Há coisas que mudaram e se calhar mudaram para sempre”, diz Nuno Mateus, “hoje em dia o cliente é muito mais selectivo, provavelmente até pode viajar menos vezes mas quando viaja não deixa de o fazer com qualidade”. Acrescentando que “algo que mudou também completamente é que, com a Internet, uma ferramenta do nosso dia-a-dia, os clientes estão mais bem informados”. Refira-se que este ano toda a disponibilidade de oferta que foi colocada no mercado em Portugal acabou por traduzir ocupações muito mais elevadas que em anos anteriores, isto porque o País está em crescente em relação à procura por outros mercados. Mas, ainda assim, “apesar desta inversão não chegamos às antecedências com que outros mercados o fazem”, conclui Nuno Mateus.
The Institute for Tourism Planning and Development (Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT) recently revealed that regarding the external market, around 80% of those canvassed believe that Christmas and the New Year for 2016 will be better than 2015 concerning receipts, beds and tourist numbers. The internal market should now register an identical development to the previous year. The level of confidence in tourism performance is high but something is changing... According to the CEO of the tour operator Solférias, Nuno Mateus, the “greatest trend in 2016, from what has been seen in recent years, is that customers book their reservations for the Christmas and New Year period much earlier”. And “because we’re talking about a short period of three/ four days, it’s normal for the product to sell out”. Therefore, if a few years back the Portuguese only booked from September/October when beginning to think about the destinations for their Christmas holidays or the choice of place to spend New Year, the reality is that in more recent years the Portuguese have been making their bookings earlier, as far back as July and August, particularly for places that they know will become booked up as in the case with Madeira or Brazil. “This is something that would have been unthinkable a few years ago” says Nuno Mateus.
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If this reality shows, on the one hand, that the Portuguese have a larger purchasing power for holidays and short breaks; it reveals, on the other hand, that something good is going on in the tourism business. The CEO of Solférias gives Brazil as an example of this reality: “This year it was marketed much earlier, we made two or three flights shared with other partners and the truth is that we were virtually all sold out for these three flights for the end of the year, which is something that I don’t remember seeing for a long time”. Nuno Mateus is referring to a flight that departs from Lisbon to Fortaleza, and another that does Lisbon-Salvador and a third for Porto-Salvador. But since this ‘reservations sold out’ was achieved very early on, it gave tour operators the chance to negotiate a fourth plane, that has already been launched from Porto-Salvador. In other words, booking holidays much earlier and, according to him, “favourable for both clients and the companies because it enables greater flexibility for negotiations in that when a flight is fully booked the supply capacity can be upped”. Successful destinations Despite having the idea that Christmas has gained some ascendency since formerly the tradition was to spend Christmas with the family, today this has changed and is not so strong as it was in the past, although there are many
families and friends who get together in a hotel for this period and hotels are giving increasing importance to this period and it is usual that they bet on such packages which, as a general rule, are very attractive. Regarding preferred destinations, Trivago says that between July 25th and October 25th, 2016, and for the period for the trip taking place between December 19th and 26th, Lisbon and Porto top the places most researched on their website by the Portuguese. For these two cities, the average stay varies between 3.31 and 2.72 days respectively and the average for prices searched ranges from 63.34 and 67.53 euros, respectively. Trivago’s communications officer in Portugal, Sara Vieira, explains that the “number of searches for the Christmas period is substantially reduced than for New Year”. Nevertheless, from among the destination s most searched by the Portuguese for Christmas are, in decreasing order of importance, still Serra da Estrela/Covilhã, followed by Funchal, Ponta Delgada, Albufeira, Algarve (generally), the Azores, PenedaGerês and Madeira. Trivago also notes that “the percentage for the number of searches from foreigners to spend Christmas in Portugal is down compared to the New Year period which attracts a lot more interest” and where “Lisbon and Funchal are the preferred destinations”.
Há muitas famílias e amigos que acabam por se juntar num hotel neste período, até porque, cada vez mais, as unidades hoteleiras dão uma importância maior a este período e é normal que capricharem nos pacotes que, regra geral, são muito apelativos. There are many families and friends who get together in a hotel for this period and hotels are giving increasing importance to this period and it is usual that they bet on such packages which, as a general rule, are very attractive.
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Foto Photo: Porto e Norte
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Os cruzeiros no Douro são uma das formas mais procuradas para celebrar o Réveillon 2016/2017, de acordo com a Solférias, embora o topo da procura seja liderada por destinos já considerados tradicionais para esta época, como é o caso do Algarve ou da Madeira. Douro cruises are a very popular tourism trend for celebrating the New Year 2016/2017, although the top search is still led by already established and traditional destinations for the season, like the Algarve and Madeira.
So, topping the list of choices for the Germans is clearly Lisbon and Madeira, and in particular Funchal; the Spanish prefer Lisbon, Porto and the Algarve; while the French search more for the cities of Lisbon, Porto and Faro; while the Italians prefer Lisbon, Porto and Madeira; and lastly, the English show a greater preference for Funchal, followed by Lisbon and the Algarve. Sara Vieira also reveals that “Lisbon, at any time of the year, is always the most sought after destination for obvious reasons” but, “strangely enough, for New Year, Porto rises to first place taking into account the period of the search and the trips defined in the study”. So, if we look at the statistical data provided by Travago, for the period of the trip from December 27th, 2016 to January 3rd, 2017, it can be seen that at the top of the 10 most sought after destinations by the Portuguese in Portugal is Invicta, followed by Lisbon, Funchal, Albufeira, Serra da Estrela/Covilhã, Figueira da Foz, Ponta Delgada, Vila Nova de Gaia, Peneda-Gerês and Sesimbra. On the European demand side are destinations like Lisbon, Porto, Funchal and the Algarve, namely Albufeira and Faro. Solférias highlights Douro cruises as a very popular tourism trend for celebrating the New Year 2016/2017, although the top search is still led by already established and traditional destinations for the season, like the Algarve and Madeira.
Nuno Mateus stresses that “Madeira is one of the destinations most sought after on account of it having one of the best fireworks displays in the world” and “Madeira, being one of the strongest places to spend New Year in Portugal, the demand starts much earlier”. He also adds that “despite the Azores not having the same tradition, strong demand has been registered” which has led them to promote a charter shared with Porto Santo, “an experiment that we launched last year and which this year was repeated successfully”. Other trends “There are things that have changed and perhaps have changed for good”, says Nuno Mateus, “these days clients are much more selective and although probably they are travelling less, when they do travel they opt for quality”. He adds that “something that has completely changed too is that with the internet, a tool used on a daily basis, clients are much better informed”. He mentions that this year all available supply that was placed on the market in Portugal ended up by meaning much higher occupation rates than in previous years because the country is in growing demand in relation to demand for other markets. But even so, “despite this inversion we have not arrived at the position of early bookings which other markets have”, concluded Nuno Mateus.
Prémios 54 19 SET/OUT 2016
Personalidades do Ano 2016
Dignidade e convívio no 3º Aniversário Personalities of the Year 2016
Dignity and socialising at the 3rd Anniversary
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Foto Photo: José António Marques
Foi num clima informal, mas com dignidade, que a Magazine Imobiliário comemorou o seu terceiro aniversário, altura em que voltou a atribuir os prémios ‘Personalidade do Ano’, nas áreas do Imobiliário, Construção, Ambiente, Turismo e de Mérito. A cerimónia decorreu, a 24 de Setembro, no Hotel Tryp Aeroporto, em Lisboa. Como já foi tornado público, os homenageados de 2016 foram, no Imobiliário, Rui Coelho; na Construção, Carlos Matias Ramos; no Ambiente, Nuno Coelho; e, no Turismo, Luís Veiga. O ‘histórico’ Arnaldo Grossman recebeu o troféu de ‘Personalidade de Mérito 2016’. O evento contou com o patrocínio da Aguirre Newman, da Renascimóvel, da Sotherby’s Portugal, da Roca, da Vulcano e da Bosch. O Grupo Hoti Hotéis contribuiu também para o êxito da iniciativa, que teve o apoio institucional das principais associações empresariais destes sectores. Em 2017 estaremos de volta.
It was in an informal atmosphere but with dignity that Magazine Imobiliário celebrated its third anniversary, at a time when it again handed out the “Personality of the Year” awards, in the areas of Real Estate, Construction, Environment, Tourism and Merit.The ceremony took place on September 24th at the Hotel Tryp Aeroporto, in Lisbon. As has already been made public, the 2016 tributes were, in real estate, Rui Coelho; in Construction, Carlos Matias Ramos; in Environment, Nuno Coelho and, in Tourism, Luís Veiga. The “historic” Arnaldo Grossman received the trophy for “Personality of Merit 2016”. The event enjoyed the sponsorship of Aguirre Newman, Renascimóvel, Sotherby’s Portugal, Roca, Vulcano and Bosch. The Hoti Hotéis Group contributed too to the success of the event, which had the institutional support of the main business associations in these sectors. In 2017 we’ll be back.
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Joaquim Pereira de Almeida
Rui Coelho e Hugo Santos Ferreira
Nuno Coelho e Nuno Sequeira
Luís Veiga e Cristina Siza Vieira
Carlos Matias Ramos e César Neto
Arnaldo Grossman e Patrícia Liz
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58 19 SET/OUT 2016
59 20 NOV/DEZ 2016
60 19 SET/OUT 2016
Oferta de um fim-de-semana em regime de alojamento, para duas pessoas, em Vilamoura, para assinaturas. Assinaturas Nome: Telefone:
Email:
Morada: NIF:: Enviar cupão de assinatura para: Magazine Imobiliário Av. Duque D’Ávila, 28 – 2.º, Sala 207 1000–141 Lisboa
Outsider Sara Tavares
A minha casa era a Eugénia My house was called Eugénia
Foto Photo: Ana Trindade
Muito dificilmente chamarei casa a outra casa senão aquela onde cresci, na Rua Direita do Pragal nº 30 r/c., na margem Sul do rio Tejo. Entre aquelas velhas paredes cheias de salitre a desfazerem-se de tão avançada idade da construção, aprendi a gatinhar, comi a minha primeira sopa, aprendi a dizer o meu nome e o da minha avó: Eugénia. Sempre a chamei pelo nome próprio e afinal quando cresci descobri que ela, que não era minha avó de verdade mas que foi a pessoa que me criou, na verdade o seu nome também no documento de identificação não era Eugénia mas sim Maria da Assunção. Nunca a associei a esse nome. Ela esclareceu a seu tempo que quando a foram baptizar o padre perguntou que nome queriam dar à menina e recebeu a resposta: Maria Eugénia. Mas o veredicto do Sr. Padre foi: “Maria fica aqui registado e Eugénia ponham vocês lá em casa”. Só depois, já mais velha, é que a Eugénia descobriu que oficialmente se chamava Maria da Assunção... deve ter sido decisão do Espírito Santo. E contava-me esta e outras histórias que eu pedia que contasse, mesmo que fossem repetidas... Conta lá aquela do piquenique na Arrábida e aquela quando ficaste na rua com medo de ir para casa depois da escola porque os teus intestinos te pregaram uma partida e tinhas medo que o teu tio, que era polícia, te batesse... E o que é isso de teres um pai incógnito... Ela bufava, mas contava sempre, enquanto jogávamos dominó à noitinha, porque a TV só chegou lá a casa no início dos anos 90. Depois seguia-se o ritual de nos ajoelharmos perante uma cómoda onde sobre um naperon de um branco imaculado estava uma imagem do Padre Cruz e da Madre Teresa de Calcutá
e uma colecção de pequenos Budas, várias estatuazinhas da Nossa Senhora de Fátima, uns quantos Cristos de madeira pendurados ainda nas suas cruzinhas de madeira, e uma série de fotos a preto e branco de familiares falecidos da Eugénia, que eu nunca conheci. Todos falecidos há substancialmente muitos mais anos do que os que eu tinha na altura. Mas ela ensinou-me o nome deles todos e do “mais importante de todos”, o que tinha várias fotos repetidas entre as outras, que era o Salvador, o marido e único amor da vida da Eugénia, sempre estático, engravatado, moreno e penteadinho (a Eugénia contou-me que era funileiro de profissão e que aquelas ferramentas com as quais eu brincava, que estavam debaixo da mesa da cozinha, eram dele, portanto, era o meu avô ausente mas sempre presente). Cada uma com seu terço nas mãos, rezávamos pela alma de todos e pedíamos perdão pelos nossos pecados. Depois, “chichi e caminha”. Eu dormia com ela, o colchão era de corpo e meio e o recheio era de palha de milho. Tinha um cheiro engraçado. Tínhamos que meter a mão lá dentro para mexer as palhas de forma a ficar fofinho e sempre que o fazíamos eu espirrava e ria. Depois apagava-se a luz para não gastar e eu ficava ali no escuro a fazer barulhos que irritavam muito a Eugénia, mas adormecia num instante. A minha casa era a Eugénia, o cheiro dela, os rituais, as rezas, as histórias, as mordidelas que me costumava dar com a boca já sem dentes nos seus avançados 80 e muitos anos. Era a única que me mandava calar quando eu, aos berros, cantava fechada no quarto. Dizia que lhe fazia nervos tantos gritos (lol). Ah! Saudades de casa. Saudades da Eugénia.
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It would be very difficult to call home a house which wasn´t the one where I grew up, in Rua Direita do Pragal No 30 r/c., on the south bank of the River Tagus. Between those old walls full of saltpetre and falling apart at the seams because it was so old, I learnt to crawl, ate my first soup and learnt my name and that of my grandmother: Eugénia. I always called her by her first name and when finally, when I grew up, I discovered that she, who was not my real grandmother but was the person who brought me up, was not in fact not called Eugénia but the name on her documentation papers was in fact Maria da Assunção. I had never associated her with that name. She made clear in her own time that when she was baptised the priest asked what the child was to be called and got the answer: Maria Eugénia. But the priest’s verdict was: “Maria is what will be registered here and you can call her Eugénia at home”. Only later, when she was much older, did Eugénia discover that officially she was called Maria da Assunção... It must have been the decision of the Holy Ghost. And she told me this and other stories that I asked her to tell, even if they had already been told before... Tell me the story of the picnic in Arrábida and that one when you stayed in the street too scared to go home after school because you had soiled yourself and you were afraid that your uncle, who was a policeman, would give you a good hiding... And what’s all this about not knowing who your father was...? She would huff, but always told me, while we were playing dominos at night, because the TV was only installed at the house at the beginning of the 1990s. Then would follow the ritual ritual of us kneeling in front of a chest of drawers where on top of an immaculately white napkin was a statue of Father Cruz and Mother Teresa of Calcutta and a collection of little Buddhas, various little statues of Our Lady of Fátima, so many wooden Christs still hanging on their little wooden crosses, and a series of black and white photos of her deceased family members who I never knew. All of them had died a good many years ago than the age that I was at the time. But she taught me all of their names and “the most important ones of all”, the ones that she had various different photos of which included Salvador, her husband and only love of her life, who always looked stiff, in a tie, dark and smartly done up (Eugénia told me that he had been a tinker by profession and that those tools that I had played with, which were under the kitchen table, belonged to him, so therefore he was my
ever-present absent grandfather). Each with their rosary in their hands, we prayed for the soul of everyone and asked forgiveness for our sins. Then it was, “toilet and to bed”. I used to sleep with her, the matress was Queen size and it was stuffed with corn straw. It had a funny smell. We had to stuff our hands inside to move the straw in a way that the mattress would always be puffed and every time we did that I would sneeze and giggle. Then the lights would be tuned out to not waste energy and I would lie there in the dark making noises that would really irritate Eugénia, but then would fall asleep in an instant. My house was Eugénia, her smell, the rituals, the prayers, the stories, the little nibbles that she used to give me when she already no longer had any teeth when she was already 80 years or more old. She was the only one who could shut me up when I would sing out loud shut up in the room. She said that so many screams would make her nervous (lol). Ah! Fond memories of that house. I miss Eugénia.
Bom Gosto
Nerve Tasca Phina Lisboa tem pequenos espaços que se revelam gigantes na arte de bem receber e bem comer. Na Tasca Phina, na zona de Alvalade, os petiscos são rei, a cozinha é caseira e os produtos são de elevada qualidade, graças à proximidade com o mercado local e ao facto de Miguel Mousinho, jovem proprietário deste espaço gourmet, e seu pai serem conhecedores natos dos melhores fornecedores da capital, do País e até de Espanha. Para deixar ‘água na boca’, aconselha-se, para entrada, o torricado de salmão, a manteiga de ovelha ou de cabra ou as empadas de vitela ou as divinas azeitonas de Elvas. Tamboril à bulhão de pato, cataplana de garoupa, robalo do mar no forno, coelho à caçador, paelha, entrecôte de carne maturada ou, ao fim-de-semana, chanfana no forno, são alguns dos pratos que se pode degustar. De Rio Maior são os chocolates de flor de sal… a não perder, mas também há o Bolo Rocher, Bolo Brigadeiro e para breve a promessa do Red Velvet. Assim que a toalha de chita de flores é colocada sob a mesa e a lata de atum Ramirez serve o pão de padarias especializadas, sabe-se que se “vai passar um óptimo bocado entre petiscos, vinhos e uma boa conversa”, como diz Miguel Mousinho. Lisbon has small places that loom large when it comes to the art of hospitality and good eating. At the Tasca Phina, in the Alvalade area of Lisbon, the starters are king, the cooking is home-made and the products are top quality thanks to its proximity to the local market and the fact that Miguel Mousinho, the young owner of this gourmet place and his father know all the best suppliers in the capital, country and even Spain. To get your mouth watering we’d advise the Ribatejan-style salmon, sheep or goat butter or veal pie and divine olives from Elvas. Monk fish and shellfish stew, grouper stew, oven-baked sea bass, wild rabbit, paella, seasoned meat entrecôte or, at the weekends, oven-stewed goat, are some of the dishes worth trying. From Rio Maior the flor de sal chocolates are a must, but also the sweets Bolo Rocher, Bolo Brigadeiro and soon Red Velvet. But as soon as the floral pattern chintz is spread on the table and the Ramirez tuna paste and bread from specialist bakeries are served you know you’re in for a gourmet experience between the starters, wines and good conversation”, says Miguel Mousinho.
O atelier de design Nerve cria sob o lema: “Reciclamos materiais para criar objectos únicos”. Materiais como tábuas de madeira, portas, janelas, ferragens e outros fragmentos de objectos esquecidos, quando chegam às suas mesas de trabalho são transformados em mobiliário artesanal único. Com uma década de experiência, a Nerve Atelier de Design oferece também um serviço em toda a área gráfica, identidade, museografia, produto, multimédia, web, 3D e interiores. The Nerve design atelier creates using the motto: “We recycle materials to create unique pieces”. Materials such as wooden boards, doors, windows, ironwork and other bits of discarded objects which on appearing on their worktops are turned into unique pieces of furniture. With a decade of experience, the Nerve Design Atelier also offers a service in the whole design area of graphics, identity, museography, product, multimedia, web, 3D and interiors.
Suspiro A Suspiro é uma marca portuguesa de jóias artesanais, lançada, em 2012, por Andreia Ferreira. Destina-se a mulheres modernas e positivas que pretendem adicionar ao seu estilo um toque romântico, único e autêntico. A autodidata autora de jóias une a cerâmica plástica a metais como latão, aço inoxidável e cobre, criando peças contemporâneas e exclusivas dando novas interpretações a temas como a música, botânica, motivos tradicionais portugueses. Suspiro is a Portuguese brand of hand-crafted jewellery launched by Andreia Ferreira in 2012. Aimed at contemporary and confident women who want to add a romantic touch which is authentic and unique to their style. The self-taught jeweller brings together polymer clay and metals such as brass, stainless steel and copper to create exclusive and contemporary pieces giving fresh interpretations and themes such as music, botany and traditional Portuguese motifs.
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