Magazine Imobiliário 06

Page 1

Construção Ambiente Turismo

06

JUL/AGO 2014 €10

A indústria do Verão

The Summer Holiday Industry

1

06 JUL/AGO 2014



3

06 JUL/AGO 2014

Editorial

Uma nova alma A new soul

Joaquim Pereira de Almeida Director Director

Num País cada vez mais cabisbaixo, com um Povo explorado, Portugal recebeu uma bênção divina que contraria toda a corrente e que espalha alegria e vida às suas cidades. Não, não se trata do progresso prometido por este Governo. É algo muito mais bonito. Algo universal que mistura nacionalidades, línguas, gente de todas as idades. Falo, como já devem ter percebido, dos turistas. Há uns longos anos, um idiota que mandava no Turismo disse que nós não queríamos “turistas de pé descalço”. Vivia, certamente noutra época. Hoje, não por mérito de nenhum governante, mas devido à sociedade civil e ao mercado livre, recebemos gente de todas as condições sociais. Há lugar para todos, cada um sabe bem o que quer, quanto quer gastar e adoram este pedaço precioso da Europa. Sobretudo no Verão, mas não só, são eles que povoam Lisboa e Porto, onde a população nacional deserta dos centros históricos fora das horas de ponta. Há, evidentemente, mérito de algumas autarquias, mas a verdade é que o turismo trouxe uma nova alma a Portugal. E, acreditem, uma promessa de futuro. In a country that is increasingly dejected, with a people that are being exploited, Portugal has received a divine blessing that bucks the entire trend and which is spreading joy and life throughout its cities. No, that doesn’t mean the progress promised by this Government. It’s something far more nicer. Something universal that mixes nationalities, languages and people of all ages. i’m talking, as you must have realised, about tourists. Many years ago, an idiot who ran the Portuguese Tourist Bureau said that we didn’t want

“barefoot tourists”. He lived, clearly, in another era. Today, not because of the merit of any government figure, but down to civil society and the free market, we receive people of all social conditions. There’s room for everyone, each one knows full well what they want and how much they want to spend, and they love this precious piece of Europe. Particularly in Summer, but not just, they are those who populate Lisbon and Porto, where the national population clear out from historic centres outside of rush-hour. This, evidently, is partly down to the efforts of some local councils, but the truth is that tourism has brought a new soul to Portugal. And, they believe, in the promise of the future.


Summary

Índice

5

Grande Tema Lead Story

Indústria do Verão The Summer Holiday Industry

4

Prémio Personalidade Magazine Imobiliário 2014

12

Director Joaquim Pereira de Almeida Editora Carla Celestino Colaboradora Permanente Elisabete Soares Fotografia Anabela Loureiro Tradução Chris Graeme

Contabilidade Nasceconta Periocidade Bimestral Tiragem 3.000 exemplares Impressão Valente Artes Gráficas R. José Maria da Costa, 14 2640-496 Mafra Depósito Legal 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397

Coordinates Opinião Opinion ADENE

International Arqsize

Good Taste Cozinha Gourmet de Luxo Luxury Gourmet Cuisine

18

José Manuel Quintela da Fonseca

22

38

Tourism Pestana Tróia

Presidente/ President APCMC

Grafismo Rodrigues Silva

58

34

26 Propriedade Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Av. Duque D’Ávila, 28 – 2.º, Sala 207 1000–141 Lisboa Telf.: (+351) 21 134 10 06 Telm.: (+351) 91 061 61 62 geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario. com

44

Azimute

Sol e Lua

Conrad Algarve Ficha técnica

32

Atelier

Mercado

Market Abacus Savills

Hostels em Portugal Hostels in Portugal

39

30

Pine Cliffs

Metro Quadrado

Square Meter Opinião Opinion Miguel Marques dos Santos

Do mundo

48

Rui Cruz, PCA da Imogestin Rui Cruz, Imogestin CEO

Bom gosto

60

ARTworx

54

62

56

64

Postal de Luanda Postcard from Luanda Opinião Opinion Reino Unido

Bom Gosto Good Taste

Outsider

Alice Vieira

Aguirre Newman

40 41

Prime Yield

42

Neoturis

Errata No texto Turismo Porto e Norte de Portugal deveria ler-se a seguinte pergunta: “Esta é uma região que continua a ser marcadamente procurada por nacionais, espanhóis, franceses e alemães ou novos mercados emissores já estão a descobrir o Porto e o Norte de Portugal? Quais as suas principais motivações?”. Pelo lapso pedimos desculpas.



Personalidade Magazine Imobiliário 2014

Premiar a inovação perante a adversidade Magazine Imobiliário Personality 2014

Rewarding innovation over adversity


7

06 JUL/AGO 2014

Um ano depois de ter escrito as primeiras palavras e divulgado as primeiras notícias, a Revista Magazine Imobiliário celebra o seu primeiro aniversário. Para comemorar este momento especial a publicação lança o “Prémio Personalidade Magazine Imobiliário 2014”. One year after having written its first words and published its first news, Magazine Imobiliário is celebrating its first birthday. To commemorate this special moment the publication is launching its “Magazine Imobiliário Personality of the Year Award 2014”.

A publicação vai promover, no próximo dia 24 de Setembro, o “Prémio Personalidade Magazine Imobiliário 2014”. Esta é uma iniciativa que visa reconhecer e valorizar a excelência das personalidades nacionais que, nos últimos anos, deram o seu contributo para o desenvolvimento e promoção dos sectores em que operam e para a economia de Portugal. As categorias de prémios pretendem distinguir figuras nas várias áreas que a publicação se dedica, nomeadamente no Imobiliário, Construção, Ambiente e Turismo. O que torna inédito estes galardões é o facto de serem atribuídos a personalidades que se distinguiram nos últimos três anos de crise e as quais, pela sua capacidade inovadora e de gerar riqueza, conseguiram concretizar negócio apesar das adversidades da conjuntura. Esta iniciativa conta ainda com o “Prémio Personalidade Eficiência Energética” que distingue a personalidade cujo contributo permitiram uma redução dos consumos energéticos e do desenvolvimento sustentado e integrado num dos sectores de actividade em foco. Será ainda concedido o “Prémio Personalidade de Mérito” que visa homenagear uma conceituada figura nacional que, pela sua vida e obra, se tenha destacado numa das áreas a concurso. Estes são prémios da inteira responsabilidade da direcção e da redacção da Revista Magazine Imobiliário e a selecção dos premiados teve por base a auscultação de várias entidades independentes respeitadas no panorama nacional e internacional. Os vencedores serão anunciados durante um cocktail que terá lugar num dos mais prestigiados restaurantes da capital, localizado no Chiado: o Restaurante Tágide.

The publication will stage the “Magazine Imobiliário Personality of the Year Award 2014” on September 24th. This is an initiative which aims to recognize the excellence of national personalities who, in recent years, have made their contribution towards the development and promotion of the sectors they’re working in and towards the Portuguese economy. The award categories aim to distinguish figures in the various areas that this publication is dedicated to, namely Real Estate, Construction, Environment and Tourism. What makes these awards different is the fact that they will be given out to personalities that have made their mark and stood out over the past three years of the crisis and who, through their innovative capacity and ability to create wealth, have succeeded to doing successful business despite the current downturn. In this initiative we’re joined by ADENE - Portuguese Energy Agency - which will present a special award. The “Energy Efficiency Personality Award” honors the personality whose contribution has enabled a reduction in energy consumption and sustained and integrated development in one of the activity sectors in focus. The “Personality of Merit Award” will also be awarded and which aims to pay tribute to a recognized national figure who, through their life and work, has shone in one of the competition areas. These are awards that are entirely down to the board of directors of Magazine Imobiliário and the election of the award winners will be based upon a jury made up of various respected entities within the national and international panorama. The winners will be announced during a cocktail that will take place in one of the most prestigious restaurants in Lisbon, the Tágide Restaurant in the city’s down town Chiado.


Capa

NĂşmeros animadores

Portugal conquista cada vez mais turistas The figures are promising

Portugal is winning more and more tourists


9

06 JUL/AGO 2014

Portugal está na moda e os números falam por si. São cada vez mais os turistas que visitam o País e, desde o início deste ano, não param de aumentar as entradas e as estadas nos diferentes tipos de estabelecimentos hoteleiros. As receitas do negócio apresentam uma evolução muito positiva, invertendo a tendência negativa dos últimos anos. Portugal is in fashion and numbers speak for themselves. There are more and more tourists visiting the Country and, from the beginning of this year, the check-ins and stays at the different types of hotel establishments keep on coming. The receipts for the tourism sector are extremely positive, reversing the negative trend seen over the past few years.

Texto Text: Elisabete Soares

Os principais indicadores estatísticos revelaram em Abril um crescimento significativo do turismo no nosso País, consolidando o que estava a verificar-se desde início do ano. De acordo com os últimos dados, publicados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), desde início do ano e até Abril, o crescimento, tanto de hóspedes como as dormidas nos estabelecimentos hoteleiros, situou-se em 11%. Nesse mês os estabelecimentos hoteleiros registaram 3,9 milhões de dormidas, correspondendo a um aumento de 25,4%, em contraste com o resultado registado em Março. O INE destaca que o aumento de dormidas deveu-se, em 36,9%, aos residentes, enquanto o crescimento de não residentes ascendeu a 21,3%. A vizinha Espanha, o Brasil e a Irlanda foram os principais mercados emissores de turistas durante esse período. Mas há outros indicadores muito positivos para a indústria hoteleira. Segundo os últimos dados, em “Abril, os estabelecimentos hoteleiros registaram 168,7 milhões de euros de proveitos totais e 115,2 milhões de euros de proveitos de aposento. Um crescimento de mais de 20,2% e mais de 20,4%, respectivamente, em relação ao mês anterior. Assim, nos primeiros quatro meses de 2014, os proveitos totais resultantes desta indústria somaram já os 455 milhões de euros, representando um aumento de 10%, face ao mesmo período de 2013. Aliás, em jeito de balanço, verificamos que os estabelecimentos hoteleiros acolheram, em 2013, 14,4 milhões de hóspedes (mais 4,2% que em 2012) e registaram 41,7 milhões de dormidas

(mais 5,2%). O resultado positivo deveu-se aos mercados externos (mais 8%), já que as dormidas de residentes apresentaram o ano passado uma ligeira redução (menos 0,9%). A evolução dos proveitos foi igualmente positiva em 2013 (mais 5,4% nos proveitos totais, para 1.957,5 milhões de euros, e mais 6,4% nos de aposento, para 1.372,8 milhões de euros), inversamente ao observado no ano anterior (menos 2,6% e menos 1,3% em 2012, respectivamente). Recentemente, o actual ministro da Economia, António Pires de Lima, disse que o turismo e a restauração criaram 25 mil postos de trabalho no último ano, ajudando à queda do desemprego. Uma situação que se intensificou nos primeiros meses deste ano, embora os números ainda não tenham sido divulgados. Taxa de ocupação cama sobe para 43,7% Em Abril verificou-se, também, que a taxa líquida de ocupação cama na hotelaria foi 43,7%, superior em 7,3% a Abril de 2013. A taxa de ocupação desse mês é a mais elevada desde Abril de 2007 (44,1%). Assim, no período de Janeiro a Abril, a taxa de ocupação cama foi 31,9%, correspondendo a um acréscimo de 2,5%, em comparação com 2013. Um aspecto importante para a rentabilidade da indústria hoteleira tem a ver com o rendimento médio por quarto disponível (RevPAR), que em Abril foi 29,2 euros. Ou seja, mais 6,1%, que em Março. Assim, confirma-se o crescimento de mais de 8%


10 06 JUL/AGO 2014

verificado desde o início do ano do RevPAR, que foi 20,9 euros. De acordo com o INE, a evolução deste indicador por regiões foi globalmente positiva, destacando-se Lisboa com a maior rentabilidade média por quarto disponível (50 euros), um crescimento de mais 15,8%. Segue-se a Madeira (39,4 euros), com um aumento de mais de 9,5%. A estada média foi 2,79 noites, correspondendo a um acréscimo de 3,2%. O aumento deste indicador verificou-se em todas as regiões, nomeadamente no Alentejo (+8,3%), Norte (+6,1%) e Lisboa (+5,5%). Atendendo às tipologias e categorias, a estada média aumentou principalmente nos hotéis apartamentos de 5 estrelas (+18,9%) e nos aldeamentos turísticos (+13,8%). Páscoa abençoada, mas não só … Para explicar tão bons resultados, o INE alerta para a influência de diversos factores, nomeadamente o calendário da Páscoa, que este ano se celebrou em Abril, e, adicionalmente, a proximidade entre a Páscoa e o feriado de 25 de Abril, que favoreceu o gozo de férias por parte de residentes. Contudo, o aumento das dormidas em Abril está relacionado, também, com o início de novas rotas aéreas e um maior dinamismo na aviação comercial e com a realização de vários eventos nacionais e internacionais e programas turísticos específicos. Verificou-se, ainda, que a expansão da procura foi acomodada pelo crescimento da oferta hoteleira, nomeadamente através da abertura antecipada, em relação à época do ano, de muitos estabelecimentos e da utilização mais intensiva em particular de novos estabelecimentos e de outros anteriormente suspensos.

Os resultados muito positivos da actividade de alojamento turístico em Abril reflectiram-se em todas as tipologias e categorias. Destaca-se o contributo dos hotéis, com um acréscimo de 517,5 mil dormidas, mais 26,%, que no mês anterior. Os bons resultados recentes no turismo devem-se também ao contributo dos portugueses o que comprova que a situação económica do país, no geral, e das famílias, em particular, está a melhorar. Assim, as dormidas de residentes atingiram, em Abril, 1,1 milhões. Contudo o INE salvaguarda o facto de “apesar do aumento assinalado, o número de dormidas de residentes foi ainda inferior ao registado em Abril de 2011 (1,14 milhões) mas situa-se ao nível ao de Abril de 2010 (1,08 milhões)”. As dormidas de não residentes fixaram-se em 2,8 milhões (+21,3% que em Abril de 2013). O aumento da procura por parte dos não residentes superou largamente a dos meses anteriores (+0,2% em Março, +8,1% em Fevereiro e +10,7% em Janeiro). Desta forma, no período de Janeiro a Abril de 2014, as dormidas de residentes aumentaram 11,7% e as de não residentes 10,8%. Turistas espanhóis em força São 10 os principais mercados emissores dos turistas em Portugal. O destaque vai para o Reino Unido, a quem cabe uma quota de 22,3%. Seguem-se outros mercados como a Alemanha, Espanha, França, Holanda, Brasil, Irlanda, Itália, EUA e Bélgica. Em Abril os principais mercados emissores representaram 79% das dormidas de não residentes, face a 77% em Abril de 2013. Curiosamente a Espanha apresentou o maior au-

mento nas dormidas neste mês (mais 123,7%), quase duplicando a sua representatividade (6,9%, em Abril de 2013, e 12,8%, em Abril de 2014). O Brasil também se destacou (+48,5% de dormidas), tal como a Irlanda (+24,6%). O Reino Unido registou um aumento também assinalável nas dormidas dos seus residentes (+16,2%), cabendo-lhe uma quota de 22,3%. Contudo a Itália e os Estados Unidos apresentaram, neste período, resultados negativos (-8,3% e -2,4%, respectivamente). No período de Janeiro a Abril de 2014 apenas a Itália apresentou uma evolução homóloga negativa (-2,8%). Dos restantes, destacaram-se o Brasil (+23,7%) e Espanha (+19,2%). Esta semana a agência oficial chinesa Xinhua revelou que o número de turistas chineses que visitaram Portugal, nos últimos quatro anos, mais do que triplicou. Os valores avançados mostram que ultrapassou os 74.000, em 2013. Segundo esta fonte, o número de turistas chineses que ficaram em hotéis portugueses cresceu 232%, desde 2009, passando de cerca de 23.000 para mais de 74.000, em 2013. Crescimento em todas as regiões De acordo com o INE verifica-se que em todas as regiões do Continente se observaram aumentos acentuados do total de dormidas, sendo mais expressivos no Alentejo, Algarve e Norte. Curiosamente, no Alentejo, o aumento das dormidas (+44,9% em Abril) “esteve associado ao processo de manutenção da refinaria de Sines que obrigou a que um conjunto significativo de não residentes, que participaram profissionalmente nesta acti-


11 06 JUL/AGO 2014

A expansão da procura foi acomodada pelo crescimento da oferta hoteleira, nomeadamente através da abertura antecipada, em relação à época do ano, de muitos estabelecimentos e da utilização mais intensiva em particular de novos estabelecimentos e de outros anteriormente suspensos. The increase in bed occupancy in April is also related to the beginning of new air routes and greater dynamism in civil aviation and with various national and international events and specific tourism programes.

vidade, se hospedasse em estabelecimentos da região”. A Madeira registou um acréscimo de 5,8%, praticamente em linha com o do mês anterior (+6,3%), enquanto os Açores inverteram a tendência de evolução (+9,5% em Abril e -2,7% em Março). O aumento das dormidas de residentes foi generalizado, com maior impacto no Algarve, Alentejo e Madeira. Como é habitual no mês da Páscoa, o Algarve foi a região mais procurada (26,9% das dormidas), seguindo-se Lisboa (20,9%) e Norte (19,1%). O aumento da procura dos não residentes reflectiu-se principalmente nas regiões do Continente. O Algarve concentrou 36,9% das dormidas de não residentes, seguindo-se Lisboa (28,9%) e Madeira (17,1%). Os resultados acumulados de Janeiro a Abril de 2014 foram globalmente positivos, embora de menor expressão. Destacaram-se o Alentejo (+18,0%) e Lisboa (+13,7%). The main statistical indicators revealed a significant growth in April in tourism in Portugal, consolidating what had already been seen since the beginning of the year. According to the latest statistics, published by the National Institute of Statistics (INE), since the beginning of the year and up to April, growth, both in terms of guests as heads on beds in hotel establishments stood at around 11%. In this month hotel establishments registered 3.9 million beds, corresponding to an increase of 25.4% in contrast to the results registered in March. The INE points out that the increase in beds was down to residents (36.9%), while the growth in non-residents reached 21.3%. Neigh-

bouring Spain, Brazil and Ireland were the main markets of origin for these tourists in this period. But there are other very positive indicators for the hotel industry. According to the latest data, in April, hotel establishments registered 168.7 million euros in total receipts and 115,2 million euros in room receipts. An increase of more than 20.2% and more than 20.4% respectively, in relation to the month prior. Therefore in the first four months of 2014, the total receipts resulting from this industry reached 455 million euros, representing an increase of 10% compared with the same period in 2013. Moreover, in terms of the balance, one can see that hotel establishments accommodated in 2013 14.4 million guests (4.2% than in 2012) and registered 41.7 million beds (up 5.2%). The positive result was down to external markets (up 8%), in that resident bed occupation was slightly down last year (down 0.9%). The evolution of profits was too, equally positive in 2013 (up 5.4%) in total profits, to 1,957.5 million euros, and up 6.4% in room bookings, to 1,372,8 million euros), the opposite of what had been observed the year before (down 2.6%) and down 1.3% in 2012 respectively. Recently, the current Minister of the Economy, António Pires de Lima, said that tourism and catering created 25,000 jobs last year, helping the fall in unemployment. A situation that intensified in the first months of this year, although the figures have yet to be released. Bed occupation rate climbs to 43,7% In April a net bed occupation rate in the hotel sector stood at 42.7%, up 7.3% on April, 2013. The take-up rate in this month was the highest since


12 06 JUL/AGO 2014

April, 2007 (44.1%). And in the period of January to April, the bed take-up rate stood at 31.9%, corresponding to an increase of 2.5% compared to 2013. An important aspect for the profitability of the hotel industry has to do with the average income per available room (RevPAR), which in April stood at 29.2 euros. In other words up 6.1% on March. Thereby showing growth of over 8% since the start of the year in terms of RevPAR, which has been 20.9 euros. According to the INE, the evolution of this indicator per regions was positive overall, with Lisbon leading the way with the greatest average profitability per available room (50 euros), a growth of over 15.8%. Followed by Madeira (39.4 euros), with an increase of over 9.5%. The average stay was 2.79 nights, corresponding to an increase of 3.2%. The increase in this indicator was seen in all regions, namely in the Alentejo (+8.3%), North (+6.1%) and Lisbon (+5.5%). Looking at the typologies and categories, the average stay increased principally in the five-star hotel apartments (+18.9%) and in the tourist villages (+13.8%). Blessed Easter and that was not the only thing... To explain such good results, the INE points out the influence of various factors, namely the dates in which Easter fell this year, which was celebrated in April, and, furthermore, the close proximity between Easter and April 25th, which many local residents took advantage of. However, the increase in bed occupancy in April is also related to the beginning of new air routes and greater dynamism in civil aviation and with various

national and international events and specific tourism programmes. It was also seen that the increase in demand was facilitated by the growth in hotel supply, namely with the early opening, for the time of year, of many establishments and the intensive use, in particular of new establishments and others which had been closed before. The very positive results of tourist accommodation activity in April are reflected in all typologies and categories. The contribution of the hotels stands out with an added 517,5 thousand bed take-ups, 26% up on the month before. The recent good results in tourism is down too to the contribution of the Portuguese which goes to show that the economic situation of the country in general and that of families in particular, is improving. Therefore, bed take-up for residents, in April, stood at 1.1 million. However, the INE highlights the fact that “despite a significant increase, the number of bed take-ups by residents was still under that registered in April 2011 (1.14 million) but was at the level of April 2010 (1.08 million)”. The bed take-up for non-residents stood at 2.8 million (+21.3% than in April 2013). The increase in demand on the part of non-residents largely exceeded the two previous months (+0.2% in March, +8.1% in February and +10.7% in January). Therefore, in the period of January to April, 2014, resident bed take-up increased 11.7% and 10.8% for non-residents. Spanish tourists stream in There are 10 main countries providing tourists to Portugal. The main one is the United Kingdom,

responsible for a 22.3% share. This is followed by other markets such as Germany, Spain, France, Holland, Brazil, Ireland, Italy, the United States and Belgium. In April the main markets represented 79% of non-resident bed take-up, compared with 77% in April, 2013. Curiously Spain presented the greatest increase in bed take-up in this month (up 123.7%), almost doubling its share (6.9% in April, 2013, and 12.8% in April 2014). Brazil too stands out (+48.5% bed take-up), and Ireland (+24.6%). The United Kingdom registered a marked increase too in bed take-up (+16.2%), netting a quota of 22.3%. However, Italy and the United States saw, in this period, negative results (-8.3% and -2.4% respectively). In the period of January to April, 2014 only Italy presented a like-for-like negative development (-2.8%). Of the rest, Brazil (+23.7%) and Spain (+19.2%) stand out. This week the official Chinese agency Xinhua revealed that the number of Chinese tourists visiting Portugal, in the last four years, more than tripled. The figures released show more that there were more Chinese visitors in 2014 than in 2013 (74,000). According to this source, the number of Chinese tourists staying in Portuguese hotels grew 232% from 2009, from 23,000 to 74,000 in 2013. Growth in all regions According to the INE there were sharp increases in the number of bed take-ups across all regions of mainland Portugal, being more accentuated in the Alentejo, Algarve and the North. Strangely enough, in the Alentejo, the increase in bed takeup (+44.9% in April) “was associated to the maintenance process for the Sines refinery which required a significant number of non-residents who took part in this activity and were put up in establishments in the region”. Madeira registered an increase of 5.8% practically in line with the previous month (+6.3%), while the Azores inverted the development trend (+9.5% in April and -2.7% in March). The increase in resident bed take-up was across the board, with gr eatest impact in the Algarve, Alentejo and Madeira. As usual in the Easter week, the Algarve was the most sought after region (26.9% of take-ups), followed by Lisbon (20.9%) and the North (19.1%). The increase in demand from non-residents was reflected principally in the mainland regions. The Algarve concentrated 36.9% of the non-resident bed take-up, followed by Lisbon (28.9%) and Madeira (17.1%). The accumulated results from January to April, 2014 were positive overall, although with less intensity. The Alentejo (+18.0%) and Lisbon (+13.7%) stand out.



Sol e Lua

Pestana Tr贸ia Eco-Resort & Residence

Casado com uma praia paradis铆aca

Right by a paradise beach


15 06 JUL/AGO 2014

Já se imaginou a dormir embalado pelo mar e acordar numa moradia paradisíaca a 200 metros da praia, rodeada de areias e vegetação selvagem? Have you ever imagined sleeping surrounded by the sea and awaking in a paradise property just 200 metres from the beach, surrounded by sand and wild nature?


16 06 JUL/AGO 2014

Não, não precisa de apanhar o avião. O Pestana Tróia Eco-Resort & Residence está a uma hora de Lisboa e tem uma oferta única. Com 100 hectares de terreno, cinquenta por cento dos quais são reserva ecológica, em que só um terço vai ser urbanizado e, nós diríamos, de forma muito discreta. A maioria da oferta imobiliária assenta em moradias sustentáveis, de um só piso e, de facto, não é preciso muito mais para tornar este local único. Tem a bênção da natureza e o saber de homens que a respeitam profundamente. As dunas quase entram pelas varandas generosas das moradias. Com projectos de arquitectura de consagrados arquitectos portugueses terá um aparthotel na quinta fase. Está em lançamento a terceira fase a preços que não tem concorrência para o nível desta oferta, com a vantagem dos promotores terem aplicado aqui o conhecido sistema fraccional que permite a compra de unidades por quatro clientes ao mesmo tempo, criando um sistema rotativo que possibilita, aos utilizadores usufruírem das moradias em todas as estações. Isto torna possível, por exemplo, que uma moradia exclusiva, à venda por 550 mil euros com lotes que podem ir de 850 a 4.350 metros quadrados, possa ser vendida em regime fraccional por 160 mil euros.

Este condomínio fechado, com dois quilómetros de praia virgem tem serviços de apoio como um club-house de proprietários, com piscina exterior e interior, fitness center e SPA, court de ténis, padel, campos multiusos, ciclovia e kids club. Está em fase de lançamento a terceira fase e mais uma vez se tem notado que a maioria dos compradores são portugueses. Como destaca o administrador do projecto, José Roquette, o grupo Pestana empregou um grande realismo a este empreendimento. O Eco-Resort tem, como é natural a grande vantagem de pertencer ao maior grupo hoteleiro de Portugal que dá aos seus clientes uma enorme margem de segurança. Não é gente que está aqui de passagem, transmitem uma grande confiança no investimento. Não sabe o que fazer no próximo fim-de-semana? Vá visitar o Pestana Tróia. Vai ficar cliente. No, well you don’t need to catch the plane. The Pestana Tróia Eco-Resort & Residence is an hour from Lisbon and has a unique range of properties. It stands on 100 hectares of land, 50% of which lies within an ecological reservation, whereby only one-third will be built on and even then, it must be said, in a very discreet way. The


17 06 JUL/AGO 2014

Arquitecta Ana Lebre Uma das prinicipais mentoras do projecto Architect Ana Lebre, one of the key mentors of Pestana Tróia’s project

José Roquette Administrador do Grupo Pestana CEO of the Pestana Group


majority of the properties available is based on sustainable bungalows and, in fact, doesn’t require a lot more to make this place unique. It has the blessing of nature and the wisdom of men who respect it deeply. The sand dunes are virtually right by the generous bungalow verandas. The projects are by renowned Portuguese architects and will feature an aparthotel in its fifth phase. The third phase is already just about to be launched and leaves all competition standing in terms of this offer, with the advantage that the developers have applied here the well-known fractional system which enables properties to be bought by four clients at the same time, creating a rotational system that enables the users to enjoy the properties all-year-round. This makes it possible, for example, to buy an exclusive detached house, for sale for €550,000 with plots from between 850 to 4,350 metres, at a fractional price of €160,000.

This closed condominium, with two kilometres of virgin beach has all the auxiliary services such as an owners’ club-house, outdoor and indoor pool, fitness centre and SPA, tennis court, multi-use sports courts, cycling routes and kids club. The third phase is being launched and once again it is evident that most of the buyers are Portuguese. As the project director, José Roquette, points out, the Pestana Group took a realistic approach to this development. The Eco-Resort, as you would have expect, has all the advantages of belonging to the largest hotel group in Portugal which offers its clients a huge amount of security. The fact that these developers are established and in for the long haul brings great confidence to the investment. So, if you’re not sure what you’re doing next weekend, come and visit the Pestana Tróia. You’ll end up becoming a client.



Sol e Lua Conrad Algarve

Uma jóia do luxo contemporâneo A jewel of contemporary luxury

Está habituado a frequentar hotéis e luxo mas farto de “sorrisos amarelos”? Não tem que ir muito longe para ganhar anos de vida em poucos dias. O Conrad Algarve tem o pessoal mais simpático do Mundo. Nem precisava de ter ganho tantos prémios em apenas dois anos. Vale a pena. Are you used to staying in luxury hotels but are sick and tired of jaded “fixed smiles”. You don’t have to go very far to gain years of life in a few days. The Conrad Algarve have the nicest staff in the world. You don’t even need to have won that many bonuses in just two years. Well worth it.


21 06 JUL/AGO 2014

Projectado para o actual viajante experiente e sofisticado, este hotel contemporâneo de 154 quartos e suítes, na Quinta do Lago, no Algarve, é a mais recente inclusão ao portfólio do Conrad, oferecendo aos hóspedes a oportunidade de desfrutar de um serviço de máximo luxo - “The Luxuary Of Being Yourself”. O luxuoso resort oferece aos hóspedes um refúgio sofisticado numa das áreas mais exclusivas de Portugal. Localizado na região costeira do Algarve, no coração do Parque Nacional da Ria Formosa, a unidade está apenas a uma curta distância de praias fabulosas e excelentes campos de golfe. Distribuído por seis andares, cada um dos 154 quartos e suites, proporciona um conforto de luxo juntamente com a mais recente tecnologia num ambiente espaçoso e relaxante. Com uma arquitectura magnífica aliada a um interior moderno, o hotel colaborou com a empresa internacional de renome, Sigma, e com o reconhecido designer Miguel Câncio Martins. O design possui claras influências mouras. O edifício foi cuidadosamente construído na forma de um palácio português do século XIII, com características que incluem peças de arte e iluminação especialmente desenvolvida para esta unidade.

Adicionando às opções de design contemporâneo, o Conrad oferece aos seus hóspedes e à comunidade local uma variedade de experiências gastronómicas, com um total de seis restaurantes e bares, tornando-se num paraíso gastronómico. O restaurante Gusto tem a coordenação do Chef Heinz Beck – estrela Michelin -, e é um espaço amplo e animado, que proporciona uma gastronomia contemporânea, mediterrânica e de fusão com uma decoração de inspiração escandinava. O sofisticado Lago Lounge oferece um elegante espaço interior e exterior, servindo o melhor champanhe, cocktails clássicos e chás provenientes do Sri Lanka. A cozinha portuguesa moderna está em destaque no restaurante Louro, um espaço que convida os clientes a apreciarem um menu saudável inspirado na herança culinária de Portugal. O luxuoso Conrad Spa é a evolução de uma cultura spa sofisticado e mistura uma abordagem holística moderna, de uma forma contemporânea. Unicamente inspirado pela cultura e experiências locais num ambiente deslumbrante, o Spa tem a assinatura da Aromatherapy Associates e Intraceuticais com tratamentos personalizados. A Sensory Zone dispõe de um tranquilo terraço


22 06 JUL/AGO 2014

O luxuoso resort oferece aos hóspedes um refúgio sofisticado numa das áreas mais exclusivas de Portugal. The luxurious resort offers guests a sophisticated refuge in one of the most exclusive areas in Portugal.”

exterior, com uma vista encantadora. O Conrad inclui também uma selecção de piscinas onde os hóspedes podem relaxar, um centro de fitness de topo de gama e um court de ténis. Um serviço de concierge de golfe também está disponível de modo a providenciar a melhor experiência. Designed for today’s experienced and sophisticated traveler, this contemporary hotel with 154 rooms and suites in Quinta do Lago, in the Algarve, is the latest to be included in the Conrad portfolio, offering guests the opportunity of enjoying a service of maximum luxury - “The Luxury of Being Yourself”. The luxurious resort offers guests a sophisti-

cated refuge in one of the most exclusive areas in Portugal. Located on the Algarve’s coastal region, in the heart of the Ria Formosa National Park, the hotel is just a stone’s throw away from fabulous beaches and excellent golf courses. Spread out over six floors, each one of the 154 rooms and suites provide luxury comfort allied with the very latest technology in a spacious and relaxing environment. With magnificent architecture allied to a modern interior, the hotel worked closely with the internationally famous company Sigma and the renowned designer Miguel Câncio Martins. The design has clear Moorish influences. The building was carefully built in the form of a Portuguese palace from the 13th century with characteristics


23 06 JUL/AGO 2014

that include pieces of art and lighting specially designed for the hotel. Together with the contemporary design, the Conrad offers its guests and the local community a variety of gastronomic experiences, with a total of six restaurants and bars, turning it into a foodies’ paradise. The Gusto restaurant is under the coordination of Heinz Beck - Michelin star, a roomy and lively space, which offers contemporary Mediterranean and fusion cuisine with a Scandinavian inspired dÊcor. The sophisticated Lago Lounge offers an elegant interior and exterior space, serving the best champagne, classic cocktails and teas from Sri Lanka. The modern Portuguese cuisine is in focus in the Louro restaurant, a space that beckons clients to

appreciate a healthy menu inspired by the culinary inheritance of Portugal. The luxurious Conrad Spa represents the evolution of a sophisticated spa culture and mixes a traditional holistic approach in a contemporary way. Uniquely inspired by local culture and experiences in a fabulous environment, the Spa has the hallmark of Aromatherapy Associates and Intraceuticais with personalized treatments. The Sensory Zone boasts a peaceful outdoor terrace with a charming view. The Conrad also includes a selection of swimming pools where guests can relax, a top-of-the-range fitness center and a tennis court. A concierge golf service is also available to provide a better experience.


Sol e Lua

Materiais de construção no turismo

“Produtos portugueses estão entre os melhores do mundo” Building materials in tourism

“Portuguese products are among the best in the world”


25 06 JUL/AGO 2014

O sector do turismo e o segmento da construção não residencial têm sido determinantes para contrariar o difícil cenário que a construção nacional tem enfrentado, afirma o presidente da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC), José Matos. The tourism sector and the non-residential construction segment have been deciding factors in bucking the difficult climate that the national construction industry has faced, according to the President of the Portuguese Association for Traders in Building Materials (APCMC), José Matos.

Como se encontra o sector dos materiais de construção utilizados na área do turismo? Está em sintonia com o cenário de crise ou dá mostras de algum dinamismo? Neste momento, falar em crise parece um pouco desajustado. É verdade que os negócios do sector sofreram uma grande redução e durante um período muito longo, mas hoje há sinais muito convincentes de que o ponto mais baixo já terá sido ultrapassado. Entre os responsáveis por esta inversão de tendência está precisamente o segmento da construção não residencial e em particular no sector do turismo. Com efeito as previsões apontam para um crescimento da produção no segmento não residencial, já em 2014, de 0,8%, que aumentará de ritmo para 2,3% e 3,3%, em 2015 e 2016 respectivamente. O sector do turismo, em especial através das obras de reabilitação e renovação que se têm vindo a concentrar nos últimos meses nos concelhos de Lisboa e Porto, está a ser, logo a seguir aos sectores da indústria e da agricultura, o mais dinâmico, tendo apresentado um crescimento superior a 40% no número de obras licenciadas em 2013, face a 2012. No primeiro trimestre de 2014 o aumento de obra licenciada, em metro quadrado, no sector do turismo, foi, em termos homólogos, de cerca de 28%. Os materiais mais utilizados na construção de espaços turísticos são nacionais ou são de origem estrangeira? A construção (e a reabilitação) recorrem, sobre-

tudo, a produtos nacionais e o sector do turismo, nomeadamente os hotéis, não são excepção. Pelo contrário, desenvolveu-se mesmo em Portugal um “cluster” especializado nesta área, que desenvolveu conceitos e marcas próprias e que tem constituído uma importante alavanca para o sucesso das exportações neste sector e que inclui, também, o mobiliário e outros produtos de decoração. O sector dos materiais de construção exportou, em 2013, mais de 3,1 mil milhões de euros, o que representou um crescimento, face a 2012, de 8,2%. A taxa de cobertura, por sua vez, rondou os 220%, representando um saldo positivo de cerca de 1,7 mil milhões de euros. Em 2014, o primeiro trimestre mostra uma progressão das exportações de materiais de construção de quase 9% em termos homólogos. Na sua opinião, quais as perspectivas para o sector dos materiais de construção, nomeadamente na óptica do turismo, para 2014/2015? As perspectivas para o sector dos materiais de construção são globalmente positivas, quer no mercado interno, quer no mercado externo. No mercado externo, apesar do longo caminho a percorrer, sobretudo ao nível da melhoria do nosso posicionamento na cadeia de valor, estamos a ter imenso sucesso. É perfeitamente razoável ambicionar taxas de crescimento anuais das exportações acima dos 7% nos próximos três a cinco anos. No mercado interno a nossa expectativa é de um crescimento entre 3% a 5% já no segundo semestre deste ano e um crescimento de 5% a 7% em 2015. É verdade que o conjunto do sector da cons-


26 06 JUL/AGO 2014

José Matos Presidente da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC) President of the Association for Traders in Building Materials (APCMC)

trução crescerá, provavelmente, menos de metade, sobretudo devido à influência negativa dos segmentos da engenharia civil e da construção residencial nova, bem como de sectores como os transportes e a educação. Mas a reabilitação, residencial e não residencial, bem como a construção nova nos sectores do turismo e da indústria, que poderão ser alavancados pelos novos apoios comunitários ao investimento industrial e à melhoria da eficiência energética, deverão crescer todos acima dos 5% e estes são, na verdade, sectores que têm o maior peso no consumo de produtos e equipamentos de construção. How is the building materials sector used in tourism faring? Is it reflecting the crisis or is it showing some movement? At the moment, talking about crisis seems somewhat misplaced. It’s true that business in the sector has suffered a big reduction for a very long time, but today that are convincing signs that the lowest point has already been reached. From among those sectors responsible for bucking the trend has precisely been the non-residential construction sector and, in particular, the tourism sector. Forecasts point to a growth in production in the non-residential segment of 0.8% for 2014 which will increase in pace to 2.3% and 3.3% in 2015 and 2016 respectively. The tourism sector, especially through rehabili-

tation and renovation works which has concentrated on the last few months in the districts of Lisbon and Porto, is following right on the heels of the industrial and agricultural sectors as the most dynamic sectors in the economy, having shown a growth of over 40% in the number of works projects given planning permission in 2013, compared to 2012. In the first quarter of 2014 the increase in works given planning permission, in square meters, in the tourism sector, was, in likefor-like terms, around 28%. Are the materials most used in the construction of tourist developments national or foreign? Construction (and rehabilitation) use, in the main, national products and the tourism sector, namely the hotel sector, is no exception. On the contrary, a specialized cluster in this area has actually been developed in Portugal which has developed own concepts and brands that have proved an important leverage tool for the success of exports in this sector and which also includes, furnishings and other decoration products. The building materials sector exported in 2013 over €3.1 billion, which represents a growth of 8.2% compared to 2012. The coverage rate, in turn, stood at around 220%, representing a positive balance of around 1.7 billion euros. In 2014, the first quarter showed a progression in

the export of building materials up 9% in like-forlike terms. In your opinion, what are the prospects for the building materials sector, namely in terms of tourism, for 2014/2015? The prospects for the building materials sector are positive overall, both for the domestic and overseas markets. In the external market, despite the long road ahead, particularly in improving our position in the value chain, we’re having immense success. It is perfectly reasonable to have high ambitions for annual export growth rates above 7% for the next three to five years. In the internal market our expectation is for growth of between 3% and 5% for the first half of this year and growth of 5% to 7% in 2015. It is true that the construction sector as a whole will probably grow, by less than a half, particularly due to the negative influence of the downturn in the civil engineering and new residential construction segments, as well as sectors such as transport and education. But rehabilitation, residential and non-residential, as well as new construction in the tourism and industry sectors, which can be leveraged by fresh community funds for industrial investment and for the improvement of energy efficiency, should all grow above 5% and these are, in truth, sectors that have a greater footprint in terms of using construction equipment and products.



Sol e Lua

Hostels em Portugal

Novas oportunidades no mercado imobiliรกrio Hostels in Portugal

New opportunities in the real estate market


29 06 JUL/AGO 2014

Os proprietários dos hostels consideram este tipo de alojamento local um bom investimento imobiliário e turístico. Quatro hostels nacionais revelam o segredo do sucesso deste novo negócio. The owners of hostels consider this type of local accommodation a good property and tourism investment. Four national hostels reveal the secret of their success in this new business. Lisboa e Porto deram os primeiros passos na criação do conceito de hostel à portuguesa. Só na capital a Associação de Hotéis de Portugal estima que existam cerca de 65 unidades deste tipo de alojamento local. Mas este é um fenómeno que cresceu como “cogumelos” em todo o País. De tal modo, que os hostels nacionais já estão entre os melhores do Mundo. O panorama dos últimos 10 anos foi propício ao desenvolvimento deste fenómeno. Se não vejamos: aumentaram o número de voos das companhias aéreas low cost para o nosso País, bem como os sites de reservas online. Com isso, entre outros factores, surgiu um novo segmento de mercado - o “do it yourself” (faça você mesmo) -, e com isso também abriram-se portas para um novo conceito de alojamento local - os hostels. Perceber o que move os jovens turistas a este novo tipo de alojamento é muito fácil… É que a imagem dos hostels é apelativa e irresistível

para quem gosta, possa e queira viajar. São espaços para pernoitar a preços acessíveis, que vibram modernidade, onde impera o design mas em que o conforto, a segurança e a higiene não foram descuradas e existe uma proximidade do serviço turístico. Ou seja, são “bons e baratos”. Mas perceber o que move proprietários a apostar nos hostels já é algo que nos obrigou a partir Portugal fora. Fomos ao Porto, passámos pelo Gerês, de caminho demos um salto à Curia e acabámos em Faro. A ‘viagem’ valeu bem a pena… Mercado por explorar O Tattva Design Hostel, localizado no Porto, até ser considerado um dos melhores do Mundo (Best Large Hotel in The World 2014), o que aconteceu recentemente, começou apenas com dois prédios localizados em pleno centro histórico da cidade e muitos planos para os


30 06 JUL/AGO 2014

aproveitar. A ideia inicial era criar apartamentos para estudantes, mas acabou por prevalecer o conceito de hostel, já que em 2007, altura em que se pensou neste projecto, existia pouca oferta deste tipo de alojamento local na Invicta. A proprietária Himali Bachu explica que, nos últimos anos, têm surgido “boas oportunidades imobiliárias, a preços capazes de permitir adquirir edifícios nos centros das cidades e reabilitá-los mantendo a traça antiga, o que não acontece na grande maioria dos países, pois é extremamente caro, obrigando a soluções mais básicas em termos de design e qualidade”. Foi também o que aconteceu com a Casa d’Alagoa - Faro Hostel. “Em 2011, em Faro, o mercado do alojamento jovem estava nas mãos da Pousada de Juventude e pouco mais”, recorda o sócio-gerente Nuno Almeida Fernandes. Perante este cenário, e após um estudo de mercado efectuado pelos actuais sócios do hostel, chegaram à conclusão de que havia “um nicho de mercado por explorar na região”. Pouco tempo depois “com diligências feitas ao mercado imobiliário em Faro encontrámos o actual edifício onde nos encontramos, que para os farenses era conhecido com a “Casa de Lumena”, edifício com mais de 200 anos e desesperadamente a necessitar de remodelações”, declara. O ponto de partida deste hostel foi, pois, operar num “mercado por explorar” e aproveitar “uma oportunidade no mercado imobiliário em Faro”. Além disso, como João Fernandes, proprietário do Hostel Gerês, salienta, investir num hostel é também “uma saída profissional e de estilo

de vida para muitos jovens empreendedores que, com relativo baixo custo de investimento, conseguem impulsionar o enorme potencial turístico que Portugal possui”. Este interlocutor dá um especial ênfase à questão do “estilo de vida”. Sobretudo de um estilo de vida que “possibilite a criação de uma família (nomeadamente ter filhos), onde o tempo despendido não é uma preocupação constante” e onde existe “interacção com outras culturas e origens”. É preciso referir que o País, sobretudo a região do interior, continua a debater-se com a dificuldade em fixar famílias e com as elevadas taxas de desemprego, onde as oportunidades passam mais por uma saída para o estrangeiro do que propriamente por apostar nas potencialidades locais. Os hostels acabam por ser um negócio que abraça dois mundos: a criação de emprego e a captação de turistas. Com isso verifica-se os efeitos multiplicadores que beneficiam a região e o País. A todas estes factores acrescente-se ainda um outro: o “licenciamento relativamente acessível”, como explica Pedro Costa Pereira, sócio-gerente do Pharmacy Hostel & Coffee Shop, na Curia, uma antiga farmácia termal que foi transformada num hostel de charme. E, ao que parece, a nova Lei do Alojamento Local, que está em vias de ser aprovada em Conselho de Ministros, parece seguir neste sentido de tornar mais célere o acesso a este novo tipo de alojamento que agora também terá, pela primeira vez, uma tipologia própria e oficialmente reconhecida. Fechamos este artigo com uma frase de Pedro

Costa Pereira, do Pharmacy Hostel, que ilustra bem a realidade dos Hostel em Portugal: “A nossa filosofia é o cliente estar sempre em primeiro lugar!” Palavras mais para quê… Lisbon and Porto gave the first steps in the creation of the Portuguese-style hostel concept. In the capital alone, according to the Portuguese Hotels Association it is estimated that there are around 65 of this type of local accommodation. But this is a phenomena that has sprung up like mushrooms all over the country. And national hostels are now among some of the best in the world. The panorama of the last 10 years has been favourable for the development of this phenomena. One only has to look at the increase in the number of flights from low-cost airline companies to Portugal, as well as on-line reservation sites. With this, among other factors, a new segment of the market has arisen - the “Do It Yourself or DIY -, and this in turn has opened doors to a new concept of local accommodation - the hostels. Understanding what moves young tourists to choose this type of accommodation isn’t hard... and that the image of hostels is appealing and irresistible for those who like, can and want to travel. Hostels are place to spend the night at accessible prices, which are modern and trendy, have good design and where comfort, security and hygiene have not been left out of the equation and where there is a notion of service for tourists. In other words, they are “good and cheap”. But understanding what motivates proprietors


31 06 JUL/AGO 2014

Investir num hostel é também uma saída profissional e de estilo de vida para muitos jovens empreendedores que, com relativo baixo custo de investimento, conseguem impulsionar o enorme potencial turístico que Portugal possui. Investing in a hostel is also a professional opportunity and lifestyle option for many young entrepreneurs who, with a relatively low level of investment, can harness the enormous tourism potential that Portugal has.”

to invest in hostels led us to set off around Portugal and find out. We went to Porto, on to Gerês, on the way we stopped off at Curia and ended up in Faro. The trip was well worth it... A market to explore The Tattva Design Hotel, in Porto, considered one of the best in the world (Best Large Hostel in the World 2014), started off as just two buildings located right in the historic centre of the city and many plans to turn into reality. The initial idea was to create apartments for students, but the concept for a hostel won through, since in 2007, when the project was first conceived, there was precious little supply of this type of accommodation in the city. The owner Himali Bachu explains that, in recent years, “good real estate opportunities have arisen at prices enabling buildings to be bought up in city centres for rehabilitation while maintaining the original façade, which doesn’t happen in the vast majority of countries due to the high cost, requiring the most basic solutions in terms of design and quality”. The same thing happened with the Casa d’Alagoa - Faro Hostel. “In 2011, in Faro, the youth accommodation market was in the hands of the Pousada de Juventude (Youth Hostel) and not much else”, recalls the managing partner Nuno Almeida Fernandes. Given this scenario, and after a market study carried out by the current hostel owners, they came to the conclusion that there was “a niche market to explore in the region”. A short while afterwards “after research done in the real estate market in Faro, we found the current building where we are now, which the locals knew as the “Casa de Lumena”, a building over 200 years old and desperately in need of modernisation”, he says. The starting point for this hostel was to operate within an “exploration market” and take advantage of “a real estate

market opportunity in Faro”. Furthermore, as João Fernandes, the owner of the Hostel Gerês, points out, investing in a hostel is also “a professional opportunity and lifestyle option for many young entrepreneurs who, with a relatively low level of investment, can harness the enormous tourism potential that Portugal has”. He places a special emphasis on the question of “lifestyle”. Particularly a lifestyle that makes it possible to “start a family” where time management is not a constant worry” and where there is an “interaction with other cultures and people from other places”. One needs to say that Portugal, particularly in the interior region, continues to struggle with the problem of getting families to settle there and with high levels of unemployment, where the opportunities seem to be more abroad than actually investing potential locally. Hostels have ended up being a business that embraces two worlds: job creation and attracting tourists. And from this the multiple effects benefiting the region and the country can be seen. And to all these factors another can be added: “the relatively easy planning permission”, explains Pedro Costa Pereira, managing partner of the Pharmacy Hostel & Coffee Shop in Curia, formally a spa pharmacy that was turned into a charm hostel. And, as far as it seems, the new Local Accommodation Law, which is on the way to being approved by the Council of Ministers, seems to be making the process for applying for this kind of accommodation faster which will also be, for the first time, officially recognised as a accommodation class. We round off this article with a phrase from Pedro Costa Pereira, from the Pharmacy Hostel, who illustrates well the reality of hostels in Portugal: “Our philosophy is that the customer always comes first!” What else is there to say...


Metro Quadrado Opinião Miguel Marques dos Santos

Imobiliário: mau e bom exemplo Real Estate: bad and good example

Miguel Marques dos Santos Advogado, Sócio da Garrigues Responsável pelo Departamento de Imobiliário e Urbanismo da Garrigues Portugal Lawyer, Garrigues Partner Head of the Department of Garrigues Portugal Real Estate and Urbanism

O mercado imobiliário tem sido muitas vezes apontado como um exemplo, à escala de um sector, do que de mau aconteceu ao País. Segundo alguns analistas, a crise do mercado imobiliário, que se vem sentindo desde 2008 e se agravou particularmente nos anos de 2011 e 2012, resultou de um cocktail explosivo com ingredientes em tudo idênticos aos ingredientes que levaram Portugal à situação desesperada vivida em 2011 (ano do resgate). As orientações políticas erradas (como o incentivo à casa própria em detrimento da casa arrendada e o incentivo à construção nova em detrimento da reabilitação), a legislação obsoleta (ao nível do arrendamento e do licenciamento urbanístico, especialmente em matéria de reabilitação), o crescimento do mercado pela via do endividamento e do consumo interno e o investimento estrangeiro claramente insuficiente, são aspectos próprios do mercado imobiliário que são claramente transponíveis para a realidade do País. Hoje é evidente para todos (à excepção de alguns sectores mais à esquerda, para quem a realidade não é o que é, mas aquilo que gostavam que fosse) que Portugal, nas últimas décadas, foi vítima de orientações políticas profundamente erradas (a politica do “betão” é um exemplo paradigmático), manteve quadros legislativos totalmente anacrónicos (como a lei do arrendamento, a lei laboral, a lei da concorrência, o regime “laboral” do sector público, entre muitos outros), fez uma aposta profundamente errada no endividamento e no consumo privado e desvalorizou de forma irresponsável as exportações o investimento estrangeiro (agravando as condições de investimento, em vez de as melhorar). Parece, assim, uma evidência, que aquilo que, à sua escala, aconteceu no mercado imobiliário, aconteceu também, em termos mais macro, no País. O mercado imobiliário foi, até 2012, um mo-

delo reduzido da realidade portuguesa. O que se fez no mercado imobiliário até 2012 funcionou como uma mau exemplo do que não deveria ter sido feito no País, mas que, infelizmente, sabemos que foi feito. Mas é também uma evidência que os aspectos que antes caracterizavam o mercado imobiliário estão em clara mudança. As orientações políticas erradas converteram-se em orientações políticas certas (o foco passou a centrar-se claramente no arrendamento, em detrimento da habitação própria, e na reabilitação dos centros urbanos, em detrimento da construção nova na periferia), a legislação ineficiente foi profundamente alterada por novos diplomas que respondem às necessidades do mercado (foi publicada a nova lei do arrendamento, a nova lei das obras em prédios arrendados, a nova lei da reabilitação urbana e o regime especial da reabilitação urbana), o endividamento e o consumo privado foram reduzidos para níveis compatíveis com um mercado saudável e, finalmente, o volume de investimento estrangeiro está a aumentar de forma muito expressiva, permitindo fluxos de capitais que se mostram determinantes para a regularização da actividade bancária e da actividade dos diversos actores do mercado imobiliário. É evidente que há ainda um longo caminho a percorrer, mas os fundamentais estão definidos e a evolução positiva parece ser mais ou menos certa. Nem tudo está bem e há ainda empresas do sector que passam por grandes dificuldades. Mas aquelas que conseguirem ultrapassar este período difícil terão certamente um ambiente mais saudável e verdadeiro para crescerem e se afirmarem. É claro que o endividamento vai voltar a aumentar e que o consumo privado (nomeadamente na aquisição de habitação própria) vai voltar a subir, mas desde que tudo isso aconteça dentro de padrões razoáveis, esses aspectos se-


33 06 JUL/AGO 2014

As orientações políticas erradas converteram-se em orientações políticas certas. The wrong policies followed can clearly be transposed onto Portugal’s overall situation.

rão benéficos para a evolução normal do mercado e já não factores de preocupação e estrangulação do mercado, como aconteceu no passado. Esta evolução do mercado imobiliário faz com que ele já não deva ser visto como um mau exemplo para o País, mas antes como um modelo do que deveria ser implementado ao nível mais macro. Portugal merece ser um país com orientações políticas correctas, com uma produção legislativa comparável com as melhores práticas internacionais, com níveis de endividamento e consumo privado sustentáveis, com soluções claras de atracção de investimento estrangeiro. O Governo tem feito um enorme esforço nesse sentido. Mas é necessário ir mais longe. Tudo isto já foi feito ou está a ser feito no sector imobiliário. É um bom exemplo para as reformas que Portugal (particularmente o Estado) ainda tem à sua frente. The real estate market has very often been pointed out as an illustration, at a sector scale, of all that was bad which happened in Portugal. According to some analysts, the real estate market crisis, which had been felt since 2008, got particularly bad in 2011 and 2012, the fruit of an explosive cocktail with all the same ingredients that led Portugal to the desperate situation it faced in 2011 (the year of the bailout). The wrong policies followed (as the incentive to own one’s own home instead of renting, and the incentive for new building instead of renovating the old), outdated legislation (in terms of renting and urban planning permission, especially where rehabilitation was concerned), market growth through indebtedness and internal consumption and foreign investment that was clearly lacking, are all peculiar aspects of the real estate market which can clearly be transposed onto Portugal’s overall situation. Today it is clear to all (except to some sectors that are more to the left, for whom the reality is not what it is, but something they’d like it to be) that Portugal, in recent decades, was the victim of policies that were profoundly wrong (the “concrete” policy is a paradigmatic example), that maintained a legislative framework that was totally out-of-date and not fit for purpose (like the rental law, the labour law, the competition law, the public sector labour regime, among many others..), made a profoundly wrong choice in focusing on borrowing and private consumption and played down in a irresponsible way the importance of exports and foreign investment (making investment conditions worse instead of improving them). It therefore seems evident that what happened in the Portuguese real estate market also happened to the country in more macro-economic terms.

The real estate market, up to 2012, was a miniature model of the reality of what was happening in Portugal. What happened in the real estate market up until 2012 served as a bad example of what not to do in the country, but, unfortunately, as we all know, was exactly what was done. But it is also evident that the aspects that characterised the real estate market before are clearly changing. The wrong policies that were followed are turning into the right policies (the focus is now clearly on renting, instead of home owning, and in restoring and renovating urban centres instead of new construction n the outskirts), inefficient legislation has been profoundly changed by new law that meet the needs of the market (the new rental law was published, the new law for works on rented buildings, the new urban rehabilitation law and the special regime for urban rehabilitation), indebtedness and private consumption has been reduced to levels that are compatible with a healthy market, and, finally, the volume of foreign investment has been increasing considerably, enabling capital flows that are shown to be decisive for the regularization of banking activity and the activity of the various players in the real estate market. It is evident that there is still a long way to go, but the fundamentals are defined and the positive change seems to be more or less right. Not everything is fine and there are still sector companies who are going through great difficulties. But those who have managed to overcome this difficult period will certainly have a more healthy and honest environment in which to grow and assert themselves. It is clear that indebtedness will again increase and that private consumption (namely the purchase of one’s own home) will go up again, but if all this happens within reasonable limits, these aspects will be beneficial for the normal development of the market and no longer factors of concern and strangulation for the market, as happened in the past. This real estate market development should mean that it is no longer seen as a bad example for the country, but rather a model that should be implemented at a more macro level. Portugal deserves to be a country with correct policy guidelines, with a legislative output that is comparable with best international practices, with sustainable levels of indebtedness and private consumption, with clear solutions for attracting foreign investment. The Government has made an enormous effort in this direction. But it needs to go further. All of this has already been done or is being done in the real estate sector. It serves as a good example for the reforms that Portugal (particularly the State) still has to make.


Azimute Opinião ADENE - Agência para a Energia

Certificação energética na Hotelaria ADENE - Agency for Energy

Energy certification in the hotel sector

A A B B C D E F

Os sectores do Turismo e Hotelaria em Portugal têm demonstrado uma dinâmica muito positiva. Para este facto, será com certeza de realçar o papel dos agentes de mercado, mas também o potencial intrínseco do nosso País. A diferenciação neste sector pode ser feita de muitos modos, nomeadamente na oferta de serviços de elevada qualidade, conjugados com preocupações aliadas à sustentabilidade. É cada vez mais notória a procura, por parte do consumidor, de produtos certificados, tendo por isso sido desenvolvidos diversos reconhecimentos específicos para a hotelaria, como o “Ecolabel” ou “Eco-hotel”, entre outros. Todos estes reconhecimentos permitem demonstrar a preocupação, por parte da entidade visada, numa oferta equilibrada e com preocupações, em especial, na área ambiental. Outro aspecto relevante prende-se com a gestão da energia nestes edifícios, os quais, devido a um conjunto de inúmeros factores (sazonalidade, perfil de ocupação, tipologias de edifícios, equipamentos, etc..) são um desafio importante. Com um foco virado para as duas áreas acima visadas, é importante evidenciar o papel do Certificado Energético, em concreto, na área da Comunicação – numa lógica de promoção do edifício - e a Gestão - numa perspectiva mais operacional. Num novo contexto legal, o qual de iniciou no final no ano passado, os edifícios de comércio e serviços (onde se inserem os hotéis), devem continuar a ser periodicamente certificados, leia-se, avaliados no que respeita seu potencial em termos de melhoria do desempenho energético. Mas importa igualmente salientar

outros aspectos desse contexto legal, e que são de maior importância para os grandes edifícios de comércio e serviços. A título de exemplo, as auditorias à qualidade do ar interior as quais deixam de estar a ligadas ao momento da certificação energética, tornando esse processo mais ágil. Mantem-se no entanto a obrigatoriedade do cumprimento de limiares de protecção para os poluentes físico-químicos do ar interior e de condições de referência para os parâmetros microbiológicos. Com a alteração legislativa foram também revistos os modelos dos certificados energéticos no intuito de que o certificado seja mais perceptível para o utilizador do edifício ou gestor deste (ver figuras 1 e 2). Essa caracterização, agora apresentada de forma gráfica, informa sobre a distribuição percentual das várias fontes de energia do edifício e sobre a repartição dos consumos de energia pelos diferentes usos e tipos de espaço. As medidas de melhoria identificadas pelos peritos qualificados reforçam o papel do certificado energético, especialmente relevante num contexto de tendência de evolução do preço da energia e da crescente preocupação com a sustentabilidade e o marketing associado. No âmbito do Fundo de Eficiência Energética estão previstos um conjunto de acções no sector residencial e serviços, que podem vir a beneficiar os edifícios hoteleiros. O próximo quadro comunitário prevê também que a eficiência energética e as energias renováveis sejam uma área prioritária, pelo que o sector terá todo o interesse em começar desde já a planear a acção futura neste âmbito.


35 06 JUL/AGO 2014

CONSUMOS ESTIMADOS POR FORMA DE ENERGIA Representa uma previsão do consumo das diversas formas de energia utilizadas no edifício. Este consumo é estimado para um ano, tendo em consideração condições padrão no que respeita à utilização do edifício e dos seus sistemas técnicos. Caso não existam sistemas de climatização na previsão do consumo, considera-se a existência de um sistema por defeito.

Formas de Energia

18%

52%

(9.400€)

Figura 1 Certificado energético Consumo de energia estimado para o edifício

(2.700€)

42%

(7.000€)

15.600

94.400

(1.400€)

(14.200€)

kWh/ano

Custo

[€/kWh]

110.000

kWh/ano

kWh/ano

Eletricidade

0,15

Gás

0,09

48%

(5.000€)

CONSUMOS ESTIMADOS POR TIPOLOGIA O gráfico apresenta uma previsão do consumo de energia para a(s) tipologia(s) do edifício com maior consumo, desagregado por diversos usos, tendo sido consideradas condições padrão no que respeita à utilização do mesmo e seus sistemas técnicos. Caso não existam sistemas de climatização na previsão do consumo, considera-se a existência de um sistema por defeito.

Figura 2 Certificado energético Consumo de energia estimado por uso e tipologia de espaço

Principais Tipologias

Área

Consumos

Escritórios

795

80.000

Restaurantes

120

20.000

Estacionamento

185

10.000

[m2]

[kWh/ano]

Distribuição de Consumos por Uso

Legenda

[%]

30 22 40

10

10

22

12 60

14

36 22

22

Aquecimento Arrefecimento Iluminação Água Quente Sanitária Outros

The Hotel and Tourism sectors in Portugal have shown very positive activity. The reason for this, has certainly to do with the role of market agents, but also the inherent potential in Portugal. The differentiation in this sector can be seen in many ways, namely in the range and supply of top quality services allied with a care about being sustainable. And demand from the consumer for certified products is increasingly evident, which is why various specific recognitions for the hotel sector have been developed, such as “Ecolabel” or “Eco-hotel”, among others. All these recognitions enable the establishments being inspected to show their concern for sustainable issues, particularly in terms of the environment, Another relevant aspect has to do with energy management in these buildings, which, due to a number of countless factors (seasonality, takeup profile, typology of buildings, equipment, and fixtures, etc...) provide an important challenge. With a focus on the two areas of inspection above, it is important to recognise the role of Energy Certification, more specifically in the area of Communication - within a logic of building development and promotion - and management - from a more operational standpoint. Within a new legal context, which began at the beginning of last year, buildings of a commercial and services nature (which includes hotels), must continue to be inspected and certified from time to time, it reads, evaluated regarding potential to be more energy efficient. But it is equally

more important to stress the other aspects of this in a legal context, and which are of greater importance for large commercial and services buildings. A good example being the inside air quality audits which are no longer linked at present to energy certification, making this process more agile. The obligation to meet safety levels in terms of physical and chemical pollutants for inside air and benchmark conditions for microbiological parameters have been maintained. With the change in legislation the energy certificate forms have also been revised in order to make certification that much more understandable for the building user and manager (Diagrams 1 and 2). This feature, now presented in a graphic form, gives information about the percentage distribution of the various sources of building energy and about the division of energy consumption for different uses and types of space. The improvement measures identified by the qualified experts reinforce the role of energy certification, especially relevant within the context of price trend development and the growing concern with sustainability and associated marketing. As part of the Energy Efficiency Fund a number of measures are foreseen for the residential and service sector, which could benefit hotel buildings. The next EU framework also anticipates energy efficiency and renewable energy to be a priority, so that the sector will have every interest in beginning to plan now for the future in this respect.


36 Atelier 06 JUL/AGO 2014

José Quintela da Fonseca

A Matemática (o rigor) ao serviço da Arquitectura Mathematical accuracy in the service of architecture


37 06 JUL/AGO 2014

Num País de vaidosos é difícil falar de uma pessoa como José Quintela da Fonseca. Não sabe quem é? Erro grave. In a country of vain people it is difficult to speak of a person like José Quintela da Fonseca. You don’t know who he is? Serious mistake.

TextoText: Joaquim Pereira de Almeida

É um autêntico outsider na sua profissão. Será, provavelmente, dos mais conhecidos arquitectos portugueses da sua geração, em todo o mundo. Por que razão não soa logo ao ouvido quando falamos dele? Porque dedicou grande parte da sua vida a projectar centros comerciais, uma disciplina que está no índex dos auto convencidos intelectuais da nossa arquitectura que trabalham mais para o projecto publicado do que para a obra feita, e de sucesso. Ele assume-se, tal como o seu pai, como um “matemático” e adora acrescentar valor, gastando dinheiro. O menos possível, porque o valor é para ele o racio entre o que se recebe e o que se gasta, um conceito fundamental e omnipresente que proporciona negócio, crescimento, desenvolvimento. Escorpião. Nasceu em Lisboa em 1946. Filho único de uma família de classe média tinha o pai como um sábio e fez todo o percurso escolar de forma tranquila. Pedro Nunes, etc., toda a sua vida foi bom aluno. Durante a adolescência adorava ter sido oficial da Marinha e ainda hoje é um velejador praticante. Tem um veleiro de 50 pés na Marina de Vilamoura, e navega sozinho com a sua companheira, mulher e amante de há 45 anos. Quando chegou a altura de ter de optar por um ramo profissional, todos os testes apontavam para arquitectura, o que, para um matemático era algo excêntrico. Chegou a fazer testes em Inglaterra e tudo apontava no mesmo sentido. Falta dizer que já nessa época desenhava de forma brilhante, com vários anos de aprendizagem nas aulas nocturnas da Sociedade de Belas Artes de Lisboa. Não esconde as suas convicções políticas de então e reconhece, por exemplo que a Mocidade Portuguesa o ajudou imenso a ter acesso a actividades que eram exclusivas dos ricos (são desse tempo as suas experiências em esgrima, cavalos, ginástica aplicada, vela…) Faz o curso de Arquitectura, nas Belas Artes, tendo frequentado em simultâneo o Curso de Cálculo na Faculdade de Ciências. Teve o privilégio de trabalhar com o arquitecto Fernando Silva, que considera o seu grande Mestre e onde desde cedo aprendeu a “acrescentar rigor e valor a cada traço executado”. A tropa revelou uma nova faceta da sua vida. Foi como voluntário para o Ultramar e esteve com os Comandos no Leste de Angola onde passou o 25 de Abril e mais tarde a independência em Luanda, na Comissão Executiva da Câmara, com o MPLA onde ainda hoje mantém amigos próximos. Conhece Agostinho Neto que o convida para fazer um Projecto muito interessante e pessoal (dele) mas, na sequência da sua morte nada o segurou lá. Em poucos anos passa pela

Suíça, Mali, Costa do Marfim, Mauritânia e finalmente estabiliza na Venezuela, em Margarita, com relações de trabalho permanentes com Miami e Caracas, sempre relacionados com Centros Comerciais. Leitor compulsivo faz questão de acentuar que nunca parou de estudar nem nunca parará. Enquanto em Margarita candidata-se a Harvard e Wharton, e é aceite em ambas. Em 86 de volta a Portugal por razões pessoais (é filho único…), candidata-se e faz um MBA na Universidade Nova que conclui com sucesso, tornando-se o primeiro Arquitecto português a atingir esse grau académico. Mais tarde voltará a Harvard onde concluirá com sucesso o AMPD e onde ainda hoje lecciona esporadicamente, sempre que a oportunidade o permite. Quintela da Fonseca tinha, entretanto, e à distância, elegido os seus próprios heróis nacionais, dos quais sobressai o seu ídolo, Belmiro de Azevedo que, ainda durante a frequência do MBA, lhe coloca o gigantesco desafio de ser “Homem Sonae” e de fazer com ele o Colombo, o maior edifício de sempre em Portugal (500.000m2) o que “virou” a sua vida: Reescreveu a maneira de projectar em Portugal, separando o Projecto arquitectónico entre vários intervenientes com um “maestro” - ele, extraindo o melhor de todos os intervenientes, mas acrescentando valor permanentemente e coordenando equipas multidisciplinares, em vários Continentes (aliás, o princípio dos Virtual Teams, motivo da sua Tese em Harvard, é hoje um Case Study sobre o qual existem muitas teses subsequentes). Assume que não se importa nada, e até gosta, de “desenhar sobre o desenho de outros” (sempre que tenham boas bases e que seja possível acrescentar valor…). Depois, seguiram-se 50 shoppings em sete países em que ele transformou a Arte em mais-valia para os investidores. Tornou-se numa “máquina de valorizar”, desprezando alguns colegas, que “só desejam monumentos ao seu orgulho e à aprovação de pares ignorantes” Reformou-se, há dois anos, e criou uma empresa de consultoria que trabalha sobretudo para a Sonae Sierra e para a recente joint-venture que esta tem com um Fundo Soberano Chinês na concepção e gestão de centros comerciais. É, por isso, que passa lá longas temporadas, onde aproveita para acrescentar os seus conhecimentos e para, sobretudo, entender como acrescentar valor através do desenho em culturas diferentes. He is a genuine outsider in his profession. He is probably one of the most famous Portuguese architects of his generation in the entire world.


38 06 JUL/AGO 2014

So why doesn’t his name immediately ring a bell when talking about him? Because he’s dedicated a large slice of his life to designing shopping centres, a discipline contained the compendium of smug intellectuals of our architecture who work more for projects that have been published than for works successfully completed. He describes himself, like his father, as a “mathematician” and he loves added value, spending money. Spending the least possible, because value for him is the ratio between what is received and what is spent; a fundamental and ever-present concept which fosters business, growth and development. His sign is Scorpio. He was born in Lisbon in 1946 as the only son of a middle class family, his father was an intellectual and he went through school without a hitch. He attended Pedro Nunes School and was always a good pupil. During his adolescence he would have loved to have been an officer in the Navy and even today he is a practising sailor. He’s got a 50ft yacht moored at Vilamoura Marina, and sails alone with his companion and wife who he has been with for 45 years. When the time came for him to choose a career, all the tests pointed towards architecture, which, for a mathematician, was something eccentric. He took tests in England and every-

thing pointed towards the same direction. One should also say that already at that time he was a brilliant drawer, with various years of learning at night school in the Lisbon School of Fine Arts. He doesn’t hide his political convictions at that time and recognises, for example, that the Portuguese Youth movement from the Salazar dictatorship helped immensely to be involved in activities that had been exclusively the realm of the rich (it is from this time that he gained experiences in fencing, horse riding, applied gymnastics, sailing...) He took his Architecture Course at the Fine Arts, having attended at the same time a course in Calculus at the Faculty of Sciences. He had the privilege of working with Architect Fernando Silva, who is considers his Grand Master and from whom he learnt to “add accuracy and value to each line drawn”. National Service revealed a new facet to his life. He served as a volunteer in the Portuguese Colonial Wars and was attached to the Commandos in the East of Angola where he spent the 25th April Revolution and later on Independence in Luanda, as part of the Executive Council Commission with the MPLA (People’s Movement for the Liberation of Angola) from which time he still has friends today. He met Agostinho Neto who invited him to become part of a very

interesting and personal project but, following his death, nothing became of it. In a few years he went to Switzerland, Mali, the Ivory Coast, Mauritania and finally settled in Venezuela in Margarita, with permanent working links with Miami and Caracas, always to do with shopping centres. A compulsive reader he makes a point to stress that he has never stopped studying and never will. While in Margarita he applied for Harvard and Wharton and was accepted for both. In 1986 he returned to Portugal for personal reasons (as an only child), and applied to do an MBA at the Nova University from which he successfully graduated, becoming the first Portuguese architect to achieve this academic degree. Later on he would return to Harvard where he successfully completed an AMPD and he still lectures there today from time to time, schedule permitting. Meanwhile Quntela da Fonseca had, from a distance, praised his own national heroes, the most important being his idol, Belmiro de Azevedo who, when he was still doing his MBA, placed before him the huge challenge of being a “Sonae Man” and to do for him the Colombo shopping centre, the largest building ever in Portugal (500,000m2) and which would change his life: It rewrote the way projects were done in Portugal, separating the architectonic project out from the various players involved with one “master” - him - getting the very best out of all those involved, but adding value with permanently and coordinated multidisciplinary teams in various continents (in fact the principle of the term Virtual Teams was the subject of his thesis at Harvard and today is a Case Study from which many subsequent theses have arisen). He accepts that there’s nothing wrong, and he even likes it, when “people design taking inspiration from the designs of others” (whenever that means that they have good foundations and can add value...). There then followed 50 shopping centres in seven countries in which he transformed his Art into an asset for investors. He became a “value machine”, looking down on colleagues who “only want to erect monuments to their own pride and to impress ignorant colleagues”. He retired two years ago and set up a consultancy company that works mainly for Sonae Sierra and a recent joint venture that he has with a Chinese Sovereign Fund for the conception and management of shopping centres. Which is why he spends long spells there where he passes on his knowledge and skills and, above all, learns how to add value through designing in different cultures.



Mercado Abacus Savills

Primeiras Impressões First impressions

Filipe Matos Chaves Director do Departamento de Investimento Director of Investment Deapartment

Para sermos mais eficazes seria bom poder ter a oferta de produto melhor preparada e dar uma resposta mais eficiente. In order to be more effective it would be good to be able to offer a product that’s better prepared and reply efficiently.

Da dinâmica de crescimento da procura resultou que a maioria dos dossiers em estudo recaiam sobre oportunidades que não estão formalmente em venda no mercado não havendo uma instrução e/ ou dossiers previamente preparados; o que levou a que a recolha e análise de informação fosse mais faseada e reactiva à evolução do processo. Para sermos mais eficazes seria bom poder ter a oferta de produto melhor preparada e dar uma resposta mais eficiente pois, nalguns casos, a primeira impressão dos investidores não é de facto a melhor. E aqui precisamos da ajuda dos proprietários pois isto deixaria de ser um problema se a informação disponível para análise tivesse logo um maior alcance e detalhe. Se para poder decidir o interesse geral por um imóvel de rendimento basta o proprietário disponibilizar os dados base de localização, preço, área bruta, renda e inquilino; quando se passa à fase de decidir ou não avançar para uma proposta é necessário um maior detalhe nos dados para análise, seja nas áreas, nos custos não recuperáveis e rentabilidade liquida esperada, no estado do imóvel ou na certeza do período contratual anunciado. Obviamente a serem disponibilizados por fases, consoante a concretização da manifestação de interesse do investidor. No entanto, quando necessários, têm de estar disponíveis e possibilitar uma análise rápida, eficiente e sem contradições; o que, infelizmente, nem sempre acontece. Não sendo necessário entrar no pormenor de uma fase de due diligence, deveria ser simples poder obter estes dados e é aqui que a coisa muitas vezes derrapa por estes não estarem preparados e se entra nos processos de espera, de informação incompleta, algumas vezes incongruente e que causa inquietação e transtorno aos novos investidores; e nalguns casos mais graves, desconfiança, desistência ou opção por outro investimento. Porque não incluir também estes dados nas avaliações que já existem ao abrigo da CMVM? Abrangia-se logo a maioria dos imoveis relevantes e estariam facilmente disponíveis. Sim, dá algum trabalho, mas compensa, acho eu. From the boost in demand growth it has been

discovered that the majority of portfolios under study are for opportunities that are not formally for sale in the market since there was not an instruction given and/or portfolios prepared beforehand; which has led to the collection and analysis of information being more phased and reactive to the development of the process. In order to be more effective it would be good to be able to offer a product that’s better prepared and reply efficiently since in some cases the first impression of investors isn’t actually the best. And it’s here that we need the help of the owners since this ceases to be a problem if the available information for analysis would have from the start a further and more detailed reach. In order to be able to decide the general interest for a property for rent it only required the property owner to make available a data base with information on location, price, gross land area, rent and tenant; when it moves onto the phase to decide or not to move forward with an offer, then greater detail in the data for analysis is required, be that in areas, non-recoverable costs and expected liquid return, in the state of the property or in the certainty of the contractual period announced. Obviously to be made available in phases, in line with the level of interest shown by the investor. However, when necessary, a rapid, efficient and un-contradictory analysis should be made available; which, unfortunately, doesn’t always happen. Without it being necessary to go into details about the due diligence phase, being able to get this information should be simple and it’s here that very often things go awry because they have not been not prepared and if this ends up with waiting, incomplete information, sometimes information that doesn’t add up and which causes concern and upset for the new investors; and in some cases more serious consequences, distrust, withdrawal or opting for another investment. Why not also include this data in the evaluations that already exist at the CMVM (Portuguese Securities Market Commission). It immediately has information on the vast majority of relevant property and is readily available. Yes, it makes for hard work, but I reckon it would be worth it.


41 06 JUL/AGO 2014

Aguirre Mewman

Alojamento local, uma nova tendência? Local Guest Houses – a new trend?

Paula Sequeira Directora do Departamento de Consultoria Director of Consultancy Department

“Ao longo dos últimos três anos a população portuguesa deu um exemplo inigualável de resiliência e capacidade de adaptação a uma situação muito difícil. Throughout the last three years the Portuguese population set an unbeatable example of resilience and capacity to adapt to a very difficult situation.

A resposta da hotelaria poderá, e deverá, passar pela aposta na diversificação/ inovação/ qualidade das unidades hoteleiras e dos serviços oferecidos, dado que a maior parte dos hóspedes da hotelaria não são hóspedes do Local Hosting, valorizando outros factores durante a sua estada. A localização, as áreas de alojamento versus as áreas comuns, a estrutura de pessoal, o conceito, o design e o estado de conservação das unidades hoteleiras, a adequação das unidades hoteleiras ao segmento de mercado alvo (procura), bem como a gestão (cadeia hoteleira ou não), constituem factores chave na valorização das unidades hoteleiras, a qual deverá ser “percebida” pelos hóspedes. A localização deverá contemplar as cidades principais (Lisboa e Porto) para hotéis de cidade/ urbanos/ business, e o litoral do Algarve para resorts e golfe. As áreas de alojamento, bem como as áreas de lazer e as áreas comuns, deverão ser confortáveis e ter uma dimensão adequada. Por outro lado, as unidades hoteleiras devem adequar-se ao segmento de mercado que pretendem captar, nomeadamente no que concerne às facilities disponibilizadas e ao leque de serviços oferecidos (ex. Spa, Health Club, Business Centre, Animação, F&B – sistema “All Inclusive”). A procura de novas experiências é uma das características do perfil do turista do século XXI, ganhando assim relevância: a originalidade, o conceito e o estado de conservação das unidades hoteleiras. A qualidade dos serviços oferecidos é outra das exigências do hóspede das unidades hoteleiras dos dias de hoje, pelo que a equipa de profissionais que opera cada hotel, bem como o modelo de gestão escolhido, assumem grande importância. A equipa de profissionais de um hotel que lida diretamente com os hóspedes deve ser o

“cartão-de-visita” do mesmo. A aposta da hotelaria deverá passar assim pela Qualidade, Diversificação e Originalidade! The hotel sector can and should focus on the diversification/innovation/quality of its hotels and allied services offered, given that the lion’s share of hotel guests are not Local Hosting guests, placing value on other factors during their stay. Location, the areas of accommodation versus public areas, staff structure, the concept, design and the state of conservation of the hotels, their suitability for the target market segment (demand), as well as management (hotel chain or not), are all key factors in valuing hotel units, and which should be “understood” by the guests. The location will likely mean the main cities (Lisbon and Porto) for city/urban/business hotels, and the Algarve coast for golf resorts. The accommodation areas, as well as the public and leisure areas, should be comfortable and be of an adequate size. On the other hand, hotel units should be suitable for the intended market segment, namely regarding available facilities and the range of services on offer (eg. Spa, Health Club, Business Centre, Entertainments, F&B – “All Inclusive” system). The demand for new experiences is one of the characteristics of the XXIst century tourist profile gaining relevance: the originality and the state of conservation of the hotel units. The quality of the services offered is another of the hotel guests’ demands these days, so that the team of professionals operating each hotel, as well as the management modern chosen, take on great importance. The team of hotel professionals that deals directly with the guests should be the “calling card” of the same. The focus of the hotel should therefore include Quality, Diversification and Originality!


Mercado Pine Cliffs Resort

Portugal, uma segunda casa

Portugal, a second home

Karin Van Den Hemel Directora geral do Departamento de Vendas Managing Director of the Department of Sales

São cada vez mais os que escolhem o nosso País como segunda casa para residir com as suas famílias. There are increasingly more people who choose Portugal as a second home in which to live with their families.

O Verão é um convite ao que de melhor Portugal, e em particular o Algarve, tem para oferecer. É por excelência a época do ano em que o Sul do País é mais internacional do que nacional e a prová-lo está, ano após ano, as taxas de ocupação hoteleira por estrangeiros ao longo de toda a costa algarvia. Além de ser visto como um destino de férias, são cada vez mais os que escolhem o nosso País como segunda casa para residir com as suas famílias. Dos mercados europeus tradicionais como a Inglaterra, Alemanha, Holanda, Irlanda e França, já é notória a adesão do mercado emergente da Rússia e a Ásia. Será que a gastronomia, o clima, a beleza, a segurança e o bom sistema de saúde e educação de Portugal tem influência na decisão? Sem dúvida. Terão os diversos programas e medidas como o programa “Living in Portugal”, o regime dos “Golden Visa” e o “Regime Fiscal dos Residentes Não Habituais” sido determinantes para esta escolha? É incontestável. Mas é também fruto da capacidade de cada um de nós em vingar neste clima de instabilidade política e económica com forte retracção de investimento, e conseguir demonstrar a todos os mercados o potencial de Portugal numa abordagem integrada de valores e serviços, e ao longo de todo o ano. A inovação e investimento constante, a independência da banca, a máxima satisfação dos clientes e a activação de parcerias estratégicas ajudam-nos a melhor capacitar e posicionar para o futuro. Há mais de 20 anos no mercado nacional e internacional, sabemos que a capacidade de olhar para o nosso negócio e planear várias estratégias cuidadosamente para salvaguardar o futuro, foram determinantes para nos manter em jogo e posicionar-nos como líderes nacionais e sermos hoje uma referência internacional no sector do turismo, imobiliário e residencial.

Summer is an invitation to discover what the best of Portugal, particularly the Algarve, has to offer. It is the quintessential time of the year when the south of the country is more international than national and the proof of that, year after year, are the hotel take-up rates by foreigners all along the Algarve coast. Apart from being seen as a holiday destination, there are increasingly more people who choose Portugal as a second home in which to live with their families. They come from traditional European markets like England, Germany, Holland, Ireland and France, but emerging markets too like Russia and Asia are gaining ground. Could it be that the cuisine, climate, the beauty of the landscapes, the safety, good health and education systems have influenced their decision? Completely. Might the various programmes and measures such as the “Living in Portugal” programme, the “Golden Visa” scheme and the “Tax Regime for Non-Habitual Residents” have had a hand in their decision? Without a shadow of a doubt. But it is also the result of the ability of each one of us to succeed in this climate of political and economic stability with strong investment contraction, and our ability to show all the markets the potential that Portugal has to offer with an integrated approach of all-yearround values and services. The constant innovation and investment, the independent banking sector, the maximum satisfaction of clients and the use of strategic partnerships have helped us to be better equipped and placed to face the future. With more than 20 years in the national and international market, we know that the ability to examine our business and carefully plan various strategies to safeguard the future, has proved decisive for us to stay in the game and position ourselves as national leaders and today we are an international benchmark in the residential, real estate and tourism sector.


43 06 JUL/AGO 2014

Prime Yield

Exportar, mas consumir cá!

Export, but buy here!

José Manuel Velez MRICS/Director Executivo CEO/MRICS

Sectores como a saúde, comércio, restauração ou o lazer, vão sofrer, por certo, este efeito contaminador do imobiliário. Sectors such as health, commerce, catering and leisure will enjoy, for sure, this knock-on effect from real estate.

Fazer crescer a economia pela via das exportações, tem sido um dos temas mais falados dos três últimos anos no nosso País e de forma transversal aos mais diversos sectores económicos. O imobiliário, que à primeira vista é um bem não “deslocalizável”, também tem encontrado na exportação um motor de dinamismo, com especial destaque para o segmento de turismo residencial. As compras por estrangeiros estão a dinamizar o mercado de turismo residencial e já não só na localização portuguesa mais “turística e internacional”, o Algarve. O Alentejo, mais a Sul ou bem mais perto de Lisboa, como é o caso de toda a costa de Tróia, ou o Douro, também estão a começar a estar no mapa dos estrangeiros que procuram adquirir casa em Portugal, seja para passar férias mais breves, seja para estadas mais alongadas. Para tal muito têm contribuído, como todos sabemos, o Regime Fiscal para Residentes Não Habituais, que tem capitalizado a vinda de mais turistas europeus, e a Autorização de Residência para Investidores, isto é, o tão famoso Visto Gold, cujos públicos-alvo são estrangeiros de outras “paragens”, os quais, através da compra de imobiliário – entre outros mecanismos – podem obter uma autorização de residência no nosso País, acedendo, também por esta via, assim ao espaço europeu. Mas à parte das motivações, importante é concentrarmo-nos no facto do imobiliário turístico residencial ter vindo a conquistar uma base mais abrangente e alargada de clientes, e de como o facto de estes comprarem casa no nosso País pode ter um efeito multiplicador na economia. Além do dinheiro que fica no País, com esta compra e a respectiva fiscalidade inerente, serão pessoas que para usufruir do produto que “importaram” têm de o consumir in loco, fazendo compras complementares de produtos e serviços novamente no País. Sectores como a saúde, comércio, restauração ou o lazer, vão sofrer, por certo, este efeito contaminador do imobiliário e esta é uma realidade que não pode ser ignorada.

Making the economy grow through exports has been one of the most hotly debated topics over the past three years in Portugal and in a way that’s gone right across the board in the most diverse economic sectors. Real estate, which at first sight are not goods that can be “moved”, has also found in exports an engine for growth, with special emphasis for the residential tourism segment. Purchases by foreigners are boosting the residential tourism market and already not just in the Portuguese location which is most touristy and international, the Algarve. The Alentejo, more to the South, closer to Lisbon, as is the case with the whole Tróia coast, or the Douro, are also beginning to appear on foreigners’ maps who are looking to buy a house in Portugal, whether to spend short holidays or for much longer stays. To that end the Non-Habitual Residents Tax Regime (NHR) has contributed significantly to this interest, which has attracted more European tourists, and the Authorisation for Residence for Investors (ARI), also called the famous Golden Visa, whose target public are foreigners from outside of the EU and Schengen area, who, by purchasing property - among other investments - may obtain a residency permit in Portugal and travel freely within the Schengen area. But reasons aside, it is important for us to focus on the fact that residential tourism real estate has succeeded in conquering a much broader and wider client base, and that buying a house in Portugal can have a much wider knock-on effect for the economy. Apart from the money that stays in the country, with this purchase and respective taxes, come the people who will consume and buy products locally, making complementary purchases of products and services again in Portugal. Sectors such as health, commerce, catering and leisure will enjoy, for sure, this knock-on effect from real estate and this is a reality that cannot be ignored.


Mercado Neoturis

Verão em Lisboa

Summer in Lisbon

Eduardo Abreu Partner Partner

O aumento (e manutenção) da procura turística ao longo dos meses de Verão permitem a investidores uma maior segurança na avaliação da sua rentabilidade. The increase (and maintenance) of tourist demand throughout the summer months offers investors greater security when evaluating their profitability.

Nas décadas de 80 e 90 os hoteleiros de Lisboa “desesperavam” para que o Verão passasse depressa para que os turistas em lazer, mas principalmente em negócios ou congressos, e regressassem à cidade a partir de Setembro. Actualmente a situação é muito diferente; a atractividade da capital estende-se ao longo de quase todo o ano, sendo o período de Junho a Setembro de elevada procura para as motivações de lazer. E qual é a relevância deste tema numa revista de imobiliário? Elevada. Investimentos em hotéis e visitor attractions integram uma componente imobiliária muito relevante. São edifícios históricos e/ou bem localizados os mais interessantes para reabilitar para uso hoteleiro; é o comércio de rua que tem vindo a aumentar a sua procura e, consequentemente, os valores de rendas comerciais; são antigos mercados que conseguem evoluir para conceitos de lazer e que permitem regenerar zonas da cidade menos vocacionadas para os turistas; e alguns outros exemplos poderiam ser dados. A verdade é que estes meses de Verão correspondem a 1/3 do ano. E é fácil perceber que qualquer business plan associado a um investimento imobiliário (hoteleiro, retalho de luxo ou espaços de restauração de média/grande dimensão) não resiste a 1/3 do ano de procura a níveis muito baixos; principalmente quando comparado com usos alternativos teoricamente não sujeitos à sazonalidade da procura como a vertente residencial ou de escritórios. É assim nossa convicção que o aumento (e manutenção) da procura turística ao longo dos meses de Verão permitem a investidores uma maior segurança na avaliação da sua rentabilidade, a operadores a capacidade de pagar rendas mais elevadas e a residentes e turistas habitarem um espaço mais qualificado… e tudo isto com valores de imobiliário mais elevados e/ ou maiores rentabilidades sobre o investimento no médio e longo prazo.

In the 80s and 90s hotel owners in Lisbon were desperate for the Summer to be over so that the city-break tourists, but mainly the business tourists attending congresses would return to the city from September onwards. Today the situation is rather different; the attractiveness of the capital extends almost throughout the entire year, the period from June to September enjoying high demand for leisure reasons. And what is the relevance of this theme for a real estate magazine? It’s of the utmost. Investments in hotels and visitor attractions integrate a very relevant real estate component. They are historic and/or well located buildings and of the the most interest for rehabilitation for hotel use; and high street shopping that has increased in demand and, as a consequence, the values of commercial rents; they are the old markets that have succeeded in developing leisure concepts and which have allowed areas of the cities less directed at tourists to be regenerated, and some other examples could also be given. If the truth be known, these summer months correspond to 1/3 of the year. And it is easy to understand that any business plan associated with a real estate investment (hotel, luxury retail or medium-size to large restaurant and catering areas) cannot survive 1/3 of the year with very low levels of demand; particularly when compared with alternative uses which are theoretically not subject to seasonal demand such as residential and offices. It is therefore our conviction that the increase (and maintenance) of tourist demand throughout the summer months offers investors greater security when evaluating their profitability, provides operators with the capacity to pay higher rents and residents and tourists to live in an area that’s been restored and modernised...and all this with higher real estate values or greater returns on the investment in the medium to long term.


45 06 JUL/AGO 2014


Do Mundo

Arqsize e Engsize

A magia da Ă frica moderna The magic of Modern Africa


47 06 JUL/AGO 2014

IDIA, Luanda

São jovens, empreendedores e decididos a revolucionar o modo de projectar em África. Os seus nomes são Alexandre Codina e Luís Teles e são arquitectos. They’re young, entrepreneurial and dedicated to revolutionising the way architectural projects are done in Africa. They are Alexandre Codina and Luís Teles and they are architects.

Energy Towers, Maputo

São os proprietários da Arqsize e da Engsize, provavelmente um dos mais dinâmicos gabinetes de arquitectura e de engenharia – incluindo fiscalização e gestão de projecto – a operar em Angola e Moçambique. A sua estrutura não se limita apenas à actividade projectual. Através de outra empresa do grupo, a HDCT, têm investimentos no ramo da construção e do imobiliário tendo por base os PALOP com interesses difundidos pela Europa e pela Ásia. Empregam 25 arquitectos e oito engenheiros e, para se ter uma ideia, têm uma média de 40 pro-

jectos por ano. Trabalham em permanência para África desde 2002. Profundos conhecedores das realidades de Angola e de Moçambique onde têm escritórios, usam essas bases estratégicas no acompanhamento constante dos projectos e procuram responder aos seus clientes com um enorme pragmatismo e profissionalismo. Trabalhando para entidades governamentais, clientes privados ou empresas, a polivalência nas mais variadas áreas de projecto, é fortemente sustentada pela capacidade técnica da sua equipa bem como na eficácia de resposta face aos prazos


48 06 JUL/AGO 2014

que o panorama actual exige. Consolidando o extenso e variado portefólio encontram-se projectos que cruzam diferentes universos: o da habitação, desde a moradia particular aos grandes blocos de apartamentos; dos edifícios de escritórios até às grandes superfícies comerciais; de distintas unidades industriais, passando pelos mais variados equipamentos desportivos de média e grande capacidade, desde os fundamentais equipamentos escolares e hospitalares aos luxuosos empreendimentos turísticos. Foram os vencedores, de entre muitos, de um concurso internacional de arquitectura para um projecto de um Mega Hotel de cinco estrelas em Luanda, com 46.000m2 de construção e 300 quartos envolvendo um investimento de 150 milhões de dólares. Em Moçambique, para dar outro exemplo significativo, foram os autores das Torres Simétricas de 17 pisos (28.000m2), naquela que é considerada a nova baixa de Maputo, o aterro de Maxaquene. O investimento ronda os 40 milhões de dólares e concentrará as empresas mais promissoras no desenvolvimento económico do país, não só privadas mas também governamentais sendo uma das torres destinada a alocar a nova sede do Ministério da Energia. A experiência acumulada de projectos em conjunto com a realidade do mundo dos negócios em que “tempo é dinheiro”, gerou a

optimização de um processo informático 3D eficaz, que lhes permite realizar projectos em prazos muito mais curtos aumentando o seu rigor e realismo até à fase da obra sem descurar o pormenor. Esta é a mais-valia que os coloca na linha da frente com provas dadas na África Austral e que ambicionam exportar para o resto do mundo. They own Arqsize and Engsize, probably one of the most dynamic architecture and engineering ateliers - including project supervision and management - in Angola and Mozambique. Their outfit is not just limited to project activity. Through another company in the group, HDCT, they have investments in the construction and real estate sector based in the PALOPs (Portuguese-speaking countries) with interests spread out through Europe and Asia. They employ 25 architects and eight engineers and, to get an idea, they have an average of 40 projects per year. They have been working permanently in Africa since 2002. With a profound expertise of the realities of Angola and Mozambique where they have offices, they use these strategic bases to constantly accompany the projects and seek to meet their clients’ needs with enormous pragmatism and professionalism. Working for government bodies, private clients

Atrium Nova Vida, Luanda, maior centro comercial de Angola. Atrium Nova Vida, Luanda, the largest shopping center in Angola.


49 06 JUL/AGO 2014

Hotel Zombo, Luanda

and companies, their multi-skilled approach in the broadest of project areas is strongly backed up by the technical capacity of their team as well as their effectiveness in meeting deadlines that the current panorama demands. Consolidating their extensive and varied portfolio they have projects that cross different areas: housing, from private houses to large blocks of apartments; from office buildings to large shopping malls; from specific industrial units to medium and large-sized sports facilities, schools, hospitals and luxury tourist developments. They were the winners of, among many tenders, an international architecture competition for the project of a $150 million five-star Megal Hotel in Luanda with a GLA of 46,000 square metres and 300 rooms. In Mozambique, to give another significant example, they deigned the 17 floor, 28,000 square metres Torres SimĂŠtricas (Symmetrical

Towers) in what is considered the new downtown of Maputo - Maxaquene. The investment stood at around $40 million and concentrates the most promising companies for the economic development of the country, not just private ones but also governmental, with one of the towers earmarked for the new headquarters of the Ministry of Energy. Their accumulated experience together with the reality of world businesswhere “time is money� has given rise to the improvement of an effective 3D computer software process which enables them to undertake projects in much shorter time frames, increasing accuracy and realism up to the works phase, without leaving out the slightest detail. This represents an asset that puts them in the forefront, with a proven track record in Sub-Saharan Africa, which they intend to export to the rest of the world.


Do 50 Mundo 06 JUL/AGO 2014

Rui Cruz

Presidente do Conselho de Administração

Imogestin atinge o topo Rui Cruz

Chairman of the Board of Directors

Imogestin reaches the top


51 06 JUL/AGO 2014

Há responsáveis angolanos que raramente dão entrevistas. Quando isso acontece é porque a mensagem a passar justifica a grandeza da obra feita. Rui Cruz – PCA da Imogestin S.A. - é de poucas palavras e a Magazine Imobiliário teve o privilégio de conseguir este exclusivo que partilhamos convosco. There are Angolan CEOs who rarely give interviews When it does happen it’s because the message to be transmitted justifies the importance of the work carried out. Rui Cruz – CEO and Chairman of the Board Imogestin S.A. - he is one of few words and Magazine Imobiliário was given the privilege of getting this exclusive interview we’re sharing with you.

Será correcto considerar a Imogestin como o maior promotor imobiliário privado em Angola? É sempre difícil saber ou afirmar que uma empresa é a maior num determinado sector de actividade económica. Desde logo, porque poderemos utilizar diversos critérios para determinar a dimensão da mesma, como sejam a taxa de rentabilidade, o capital social ou a cobertura geográfica da sua actividade. Mas, independentemente do critério que façamos uso, não tenho dúvidas que a Imogestin se apresenta no mercado angolano como uma das empresas lideres no ramo da promoção imobiliária em Angola. Há quantos anos está à frente da Imogestin? Sou o fundador da empresa Imogestin S.A., criada em Dezembro de 1997, embora só tenha iniciado a sua actividade social a 15 de Junho de 1998, no quadro de oportunidades que identificámos no ramo da construção civil e por isso, originalmente, ligada a uma empresa de construção civil, no caso a Bricomil, onde exercia, na altura, a função de Presidente do Conselho Fiscal. Por isso, encontro-me na função de Presidente do Conselho de Administração há quase 16 anos, com renovação de mandatos de três em três anos. Hoje a empresa cresceu e possui,

há cerca de dois anos, uma Comissão Executiva, que realiza a gestão operacional da mesma. Quais são os principais projectos actualmente a cargo da Imogestin? Os principais projectos da Imogestin estão situados no domínio da promoção de habitação, escritórios e hotelaria. Assim, temos projectos em construção de escritórios e de habitação em Luanda, como as Torres Kianda, com cerca de 102 mil m², e o empreendimento Muxima Plaza, com cerca de 60.000 m², ambos no city center de Luanda, mais precisamente o 1º na Marginal e o 2º na Mutamba e ambos em parceria com outros investidores angolanos e estrangeiros. Temos empreendimentos hoteleiros em exploração na Província de Benguela e para abrir em Junho próximo, na Província do Kwanza Norte, e iniciámos a construção de outra unidade em Malange. Ao mesmo tempo fomos contratados, desde Abril de 2010, para procedermos à gestão da 2ª Fase do Projecto Nova Vida, um projecto habitacional do Executivo com mais de 6.000 fogos na área sul da cidade de Luanda. A actividade da Imogestin tem sido sustentável? A actividade da Imogestin tem sido pautada por


52 06 JUL/AGO 2014

algum equilíbrio entre o investimento, em propriedade como acontece no ramo da hotelaria e na prestação de serviços e como são os casos da gestão de emprendimentos, a gestão de manutenção imobiliária e ainda a mediação ou avaliação imobiliária, em certos contextos e escalas de negócios. Ao mesmo tempo, a empresa tem seguido uma política de crescimento do seu valor patrimonial em detrimento de uma política de distribuição periódica de dividendos aos seus accionistas, o que lhe permite assegurar uma maior sustentabilidade. Acha viável conciliar o sector imobiliário e hoteleiro no mesmo grupo investidor? A conciliação da actividade imobiliária com o sector hoteleiro tem ocorrido, até há pouco tempo, porque, como empresa promotora, a Imogestin coloca ambos como negócios de investimento imobiliário. Porém, a gestão dos hotéis, que se situa numa área de serviços diferente, levou-nos a buscar parcerias nesse domínio, o que foi realizado com a parceria com a empresa portuguesa Amorim Turismo e Hotelaria. Deste modo, estamos a segregar essas duas actividades no que diz respeito à sua gestão e exploração. Como analisa o actual mercado imobiliário angolano? Há mercado para o volume de investimentos em realização? O mercado Imobiliário angolano, e mais em particular o mercado imobiliário de Luanda, vive um momento de correcção de preços, por um lado, e de reajustamento da oferta e da procura, por outro, condicionadas, entre outros factores, pela redução do crédito ao sector imobiliário e pela intervenção do Estado na oferta de habitação a custos controlados.

Com relação ao volume de investimentos em curso e ao risco de se encontrar desajustado da procura, estamos em crer que há ainda défice em vários segmentos do mercado imobiliário, como sejam os escritórios para empresas ou a habitação para a classe média crescente, sem falarmos da habitação social. De igual modo, o mercado de arrendamento carece de regulação para que se criem incentivos a uma maior oferta para a classe média, em particular para os jovens recém-licenciados e em início de carreira profissional, que nãos dispõem de rendimentos para compra de habitação. Estamos em crer que essa oferta em curso será ajustada à procura de modo a contribuir para a satisfação desses segmentos, com reflexos naturais nos preços que tenderão a corrigir. Por isso, entendo que o sector Imobiliário não está em crise, mas sim a atravessar um momento de crescimento, menos especulativo e por isso exigindo intervenções mais profissionais. Como analisa o ritmo de crescimento das infra-estruturas urbanas com o crescimento urbano, em Luanda? O ritmo das infra-estruturas não estar a acompanhar o crescimento urbano não é um problema exclusivo de Angola mas do mundo moderno, embora se apresente de forma mais acentuada nos países em vias de desenvolvimento. As políticas de desenvolvimento urbano estão muito focadas nas grandes urbes, o que gera o efeito perverso de agravar a desertificação do interior desses países e que se verifica também em Angola, tornando as mega-cidades, como já é hoje Lagos ou Luanda, de difícil gestão. A solução passa por descentralizar o desenvolvimento económico, começando pelo investimen-

Clientes mais sofisticados impõe promotores mais exigentes. More sophisticated clients require more stringent developers.


53 06 JUL/AGO 2014

O mercado Imobiliário angolano, e mais em particular o mercado imobiliário de Luanda, vive um momento de correcção de preços. The Angolan real estate market, and more specifically, the Luanda real estate market, is going through a moment of price adjustment.

to público no interior do país, na agro-indústria e outras fontes de emprego. A habitação para jovens é o sector mais frágil do imobiliário em Angola. Como analisa a sua evolução/resolução? A questão da habitação para os jovens, numa sociedade que tem uma taxa de natalidade superior a 3%, como é o caso de Angola, apresenta-se como um grande desafio para as autoridades públicas e não só. O Executivo angolano tem vindo a dar sinais de que está à procura de soluções para esse problema. A questão sempre acabará por conduzir a um outro problema que afecta hoje mais do que nunca as sociedades em geral, neste período pós-crise económica de 2007/8, que é o alto índice de desemprego e que afecta mais a juventude. Por isso, para resolvermos de forma sustentada a questão habitacional da juventude, temos de encontrar formas de lhe aumentar o emprego, o que não é fácil mas não é uma missão impossível. Ao mesmo tempo, temos de desmistificar a ideia que o sonho da casa própria é só comprar e não pode ser resolvido pelo arrendamento. A necessidade de maior oferta de habitação para arrendamento, a preços socialmente aceitáveis e numa base de estabilidade contratual, é um imperativo social, que exigira do Estado mais regulação e incentivo a oferta desse produto pelo sector privado e em, alguns casos, intervenção mesmo directa ou indirecta na oferta. Would it be correct to consider Imogestin as the largest private real estate developer in Angola? It is always difficult to know or state that a company is the biggest in a particular sector of eco-

nomic activity. First up, because we could use various benchmarks to measure the size of the same, in terms of profitability, social capital or the geographic extent of its activity. But, regardless of the criteria used, I’ve no doubt that Imogestin is one of the company leaders in the Angolan market in real estate development in Angola. How many years have you been at the helm of Imogestin? I am the founder of Imogestin S.A., created in December, 1997 although it only began its activity as a business on June 15th, 1998, within the scope of the opportunities that we identified in the civil construction area and therefore, originally linked to a civil construction company, in this case Bricomil, where I exercised, at the time, the post of Chairman of the Financial Board. Which is why, I have now been Chairman of the Board of Directors for almost 16 days, with renewal of term of office every three years. Today the company has grown and has had for two years an Executive Commission which carries out the Operations Management of the same. What are Imogestin’s main projects currently? Imogestin’s main projects are in the housing, offices and hotel areas. Therefore we’ve got construction projects for office and housing in Luanda, such as Torres Kianda, with around 102,000 m², and the development Muxima Plaza, with around 60.000 m², both in Luanda city centre, but more precisely, the 1st on the coastal road and the 2nd in Mutamba and both in partnership with other Angolan and foreign investors. We’ve got hotel developments under way in the Province of Benguela slated to open in July, in the Province of


54 06 JUL/AGO 2014

Kwanza Norte, and we’ve begun work on building another unit in Malange. At the same time we’ve been contracted, since 2010, to proceed with the management of the 2nd phase of Project Nova Vida (Project New Life), an Executive housing project with 6,000 properties in the south of Luanda. Has Imogestin’s activity been sustainable? Imogestin’s activity has been governed by some balance between investment, in property as has been the case in the hotel branch and in service provision as are the cases of development management, property maintenance management and also estate agency and property valuation, in certain contexts and scale of business. At the same time, the company has followed a policy of increasing its patrimonial value in detriment to a policy of periodic distribution of dividends to its shareholders, which has enabled it to ensure greater sustainability. Do you think it’s viable to marry the real estate and hotel sector within the same investor group? We’ve joined the real estate sector with the hotel sector relatively recently because, as a development company, Imogestin sees both as real estate investment businesses. However, the management of hotels, which is in an area of different services, led us to search out partners in this domain, which we did through a partnership with the Portuguese firm Amorim Turismo e Hotelaria. In this way, we’re segregating these two activities with respect to their management and exploration. How would you analyse the current Angolan real estate market? Is there market enough for the current investment turnover? The Angolan real estate market, and more specifically, the Luanda real estate market, is going through a moment of price adjustment on the one hand, and readjustment of supply and demand, on the other, conditioned by, among other factors, a reduction in credit for the real estate sector and by the intervention of the State in the supply of housing and controlled costs. In relation to the turnover of investments under way and the risk of over-estimating the demand, we’re led to believe that there is still a lack of supply in the various segments of the real estate market, as is the case with offices for companies and housing for the growing middle class, without mentioning social housing. By the same token, the rental market requires regulation in order to create incentives for a wider supply for the middle class, in particular

recently graduated young people beginning their professional lives, and who don’t have the income to buy a property. We believe that this supply under way will be adjusted to meet demand so as to contribute to satisfying these segments, which will naturally be reflected in the prices which will tend to be corrected. Which is why I think that the real estate sector is not in crisis, but is rather going through a time of growth which is less speculative and therefore requiring more professional interventions. How would you analyse the growth rate of urban infrastructure with the urban growth in Luanda? The rate of infrastructure growth is not keeping pace with urban growth and this is not a problem exclusive to Angola but of the modern world, although it is present in a more stark way in developing countries. Urban development policies are very focused on the large urban areas, which creates the negative effect of accelerating the desertification of the interiors of these countries and this is true of Angola, making these mega cities like Lagos and Luanda difficult to run. The answer is to decentralise economic development, beginning by public investment in the interior of the country, in agro-industry and other sources of employment. Housing for young people is the most fragile property sector in Angola. How would you analyse its development/resolution of the problem? The issue of housing for young people, in a society which has a birth rate of over 3%, as is the case with Angola, presents a big challenge for the public authorities and not just these. The Angolan Government has given signs that it is looking for solutions to this problem. The issue always ends up by leading to another problem which today affects societies in general more than ever, in this period (2007/8) of post economic crisis where there is a high rate of youth unemployment. Which is why, to sort out the issue of housing for young people in a sustainable way, we’ve got to find ways of increasing employment, which isn’t easy but isn’t mission impossible. At the same time, we’ve got to debunk the idea that the dream of owning one’s own house is just by buying and can’t be resolved by renting. The need for a greater supply of housing for rent, at socially acceptable prices and based on contractual stability is a social imperative that will require the State to introduce more regulation and incentives to the private sector for the supply of this product and, in some cases, either direct or indirect intervention in terms of supply.

Rui Cruz Rui Cruz é uma das personalidades mais respeitadas no imobiliário angolano. A empresa que dirige – Imogestin S.A. – tem um portfolio único naquele mercado. Antes de chegar a estas funções ele já tinha um currículo apreciável, nomeadamente nas áreas jurídicas e económicas. Foi Mestre em Ciências Jurídico – Económicas, Ex-Juiz Conselheiro do Tribunal Supremo de Angola e Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto. É actualmente Membro da International Fiscal Association – IFA e Presidente do Conselho de Administração da Imogestin. Rui Cruz is one of the most respected personalities in Angolan real estate. The company he runs - Imogestin S.A. Has a unique portfolio in that market. Before taking on his current role he already had an impressive CV, namely in legal and economic areas. He was a Master in Legal-Economic Sciences, a former Advisory Judge at the Angola Supreme Court and Associate Professor at the Faculty of Law at the Agostinho Neto University. He is currently a Member of the International Fiscal Association - IFA and Chairman of the Board of Directors for Imogestin.



Do Mundo

Postal de Luanda Postcard from Luanda

Rodrigo Januário Director do MACE Group MACE Group Managing Director

Como julgo já ter referido mais de uma vez nestes meus escritos sobre Angola, uma das maiores dificuldades que as empresas, de todos os ramos, enfrentam neste país é a enorme falta de quadros qualificados. Angola está a crescer a uma velocidade que não se compadece com o número e a qualidade dos técnicos que as Universidades estão a formar neste momento. Pelas razões que se conhecem, Angola começou a formar quadros em maior quantidade há muito pouco tempo. As novas Universidades são muito recentes, o número de estudantes finalistas é pequeno e, infelizmente, as áreas onde a falta mais se faz sentir, as engenharias a gestão e contabilidade, não são as mais procuradas pelos estudantes, por serem as mais difíceis (a matemática também aqui é um bicho terrível) e, às vezes, por terem uma conotação pouco simpática. Num país onde se constrói por todo o lado seria natural que os cursos de engenharia civil estivessem cheios de gente. Não é verdade. Diz-me uma amiga que dá aulas num destes cursos que, das conversas que tem com os alunos, alguns cursos de engenharia, principalmente o de civil, são vistos por eles como menos prestigiantes pois preparam gente para “trabalhar nas obras”, coisa que é vista como um trabalho menor. O país, e muitas vezes as famílias, têm vindo a fazer um enorme esforço para formar jovens no estrangeiro. Estes, quando regressam vindos de escolas que, normalmente, dão garantia de uma formação sólida, são imediatamente absorvidos pelas maiores empresas com ordenados altíssimos, ou dedicam-se aos negócios e à gestão das empresas da família. Técnicos angolanos bem preparados são poucos e caros mesmo se compararmos com o custo de um expatriado.

Tenho testemunhado em Angola, relativamente aos jovens da classe média e média alta, acabados de formar no estrangeiro em Universidades reconhecidas pela sua qualidade, dois casos típicos de situação: ou vão trabalhar para as multinacionais, petrolíferas ou não, com salários muito altos (conheço quem esteja a ganhar $120.000 líquidos/ano de ordenado no primeiro emprego) ou então vêm da faculdade para montar o seu próprio negócio ou trabalhar nos negócios da família, sem primeiro ganharem a necessária experiência profissional, por acharem que os ordenados que vão receber não são compensadores. As pequenas e médias empresas angolanas têm muita dificuldade em encontrar técnicos angolanos bem preparados porque, para elas, o mercado disponível são os alunos das Universidades angolanas, na maioria dos casos com uma preparação muito deficiente. Por isso me custa um pouco entender a política de contratação de professores que vejo ser seguida nas Universidades angolanas, com a exigência de contratar professores angolanos, e a razão é muito pragmática: onde estão estes professores? Os angolanos qualificados estão tão ocupados que não têm qualquer possibilidade de dedicar, mesmo que uma parte pequena do seu tempo, ao ensino. Em Luanda dar uma ou duas horas por semana à Universidade obriga a um esforço e a um gasto de tempo que para aquelas pessoas, normalmente com responsabilidades, é perfeitamente inviável. Depois as Universidades também não podem competir, a nível salarial, com as empresas o que, convenhamos, não ajuda a que os angolanos mais bem preparados venham dar aulas. Porque não, então, apostar na formação de qualidade em Angola trazendo professores de fora? Se este país tem tanto expatriado aqui a trabalhar não deveria tê-los, por maioria de razão, a ensinar? Porquê então a enorme dificuldade em conseguir visto de trabalho para um professor doutorado quando tantos quadros médios, muitas vezes com pouca formação académica o têm? Este seria um investimento altamente reprodutivo. Estou convencido que no prazo de dez anos Angola pode e tem de mudar drasticamente a qualidade da maioria dos seus cursos Universitários ou corre o risco de nunca mais ser capaz de deixar de depender de técnicos expatriados. Alunos bem preparados criam novos alunos bem preparados e este é um activo sem preço. Compreendo e aprovo a política de formação de quadros nacionais e a substituição dos expatriados por aqueles. Mas como fazer isso se as Universidades angolanas não preparam devidamente os seu alunos? E preparar técnicos em Angola mesmo que se te-


57 06 JUL/AGO 2014

nha de pagar mais aos professores, tem um custo muito inferior a enviar os jovens para o estrangeiro. Na empresa onde sou responsável tenho vários recém-formados a trabalhar. Tenho a sorte de poder escolher os melhores alunos para fazerem o estágio connosco e, se calhar por isso, cerca de 50% acaba por não ficar, porque arranjam alternativas de emprego mais bem remuneradas. Destes estagiários, os que ficam, apesar de serem, claramente, melhores que os restantes colegas, e apesar da enorme vontade de aprender, apresentam uma preparação muito fraca. Quando falo com estes jovens fico a entender a razão. A enorme falta de qualidade da maioria dos professores na Universidade. Professores sem qualificações, professores que não falam português e os alunos não conseguem entender, professores que dão matérias de modo errado, estruturas de cursos que têm de se adequar aos professores disponíveis e não o contrário. E depois há ainda, para muitos, uma cultura de facilitismo que é incutida nos alunos, muitas vezes pela família, especialmente quando se trata de pessoas da classe média ou média alta, que acham que os filhos só têm direitos e não têm deveres, o que faz com que professores preparados e exigentes não sejam bem aceites. Esta situação tem e pode ser mudada e estou convencido, como disse atrás, que no prazo de dez anos se pode fazer uma mudança radical. Só vejo uma maneira, deixar vir todos os professores, especialmente os doutorados, formados por Universidades reconhecidas (e friso o reconhecidas, pois há gente aí que diz ter cursos de faculdades que só o nome dá para rir à gargalhada). Para estes, o visto de trabalho para ensinar devia ser automático. As I think I’ve already mentioned more than once in essays about Angola, one of the biggest difficulties companies, in all areas, have in this country and the huge lack of qualified staff. Angola is growing at a speed that isn’t keeping pace with the number ad quality of graduates that the universities are educating at present. For reasons that are known, Angola began educating undergraduates in larger numbers a very short time ago. The new universities are very recent, the number of graduates is low and, unfortunately, the areas where the lack of qualified graduates is most felt are engineering, management and accounting, and are not the most sought after by students because they are the most difficult (mathematics too here is shied away from) and, sometimes, is viewed with distaste. In a country where buildings are springing up on

all sides, it would seem natural that civil engineering courses would be packed with students. But they aren’t. So a friend tells me that gives classes on one of these courses which, from the conversations she has had with the students, some engineering courses, mainly civil, are seen by them as less prestigious since they prepare people to “work on building sites”, something which is seen as unimportant manual work. The country, and often families, have been making huge strides to educate young people abroad. These, when they return from establishments that usually give them a solid grounding, are immediately taken-up by the largest companies on very high salaries, or concentrate on business and managing family firms. Well prepared Angolan technical staff are thin on the ground and expensive even when compared to the cost of an expatriate. I have witnesses in Angola, regarding young students from the middle and upper middle classes, who on having completed their education abroad at universities recognised for their quality, are faced with two typical situations: either go and work for multinationals, oil companies or not, with very high salaries (I know people who are earning €120,000 net/year in their first job) or come from university to start up their own business or work for the family firm, without first gaining the necessary professional experience Small and medium sized Angolan companies face a lot of difficulties in finding well-prepared Angolan qualified staff because, for them, the available market is the pupils from the Angolan universities, in the majority of cases with insufficient preparation. Which is why it’s rather hard for me to understand the lecturer contract policy that I see pursued at Angolan universities, with the demand to contract Angolan professors, and the reason is very pragmatic: where are these professors? Qualified Angolans are so busy that they don’t have any time to dedicate, even a small part of their time, to teaching. In Luanda, giving one of two hours per week to the university requires effort and time which for these people, who normally have responsibilities, isn’t at all viable. Then the universities also can’t compete, in terms of salaries, with the companies who don’t make it easy for the better qualified Angolans to give lectures. Why then are they not investing in quality education in Angola by bringing lecturers from abroad? If this country has so many expats working here shouldn’t we be able, by the force of numbers, get people in to teach? Why then is it so extreme-

ly difficult for graduate teachers to get a work permit when so many mid-level staff, often with little academic training, do have them? This would be an investment that would pay off. I am convinced that within a 10 year period Angola can and must change the quality of the majority of its university courses drastically or run the risk of never again being able to dispense of the need to depend on imported qualified technical staff. Students that are well prepared generate new well prepared students and this is an asset which is priceless. I understand and approve of the policy to educate and train national staff and substitute expatriates by them. But how is this to be done if the Angolan universities do not properly prepare their students? And preparing technical staff in Angola even of that means paying the teachers more, has a cost costs a lot less than sending these students abroad. At the company where I’m in charge I have various newly-graduated staff working for us. I have the privilege of being able to choose the best students to do a work experience placement with us and, if as it happens 50% don’t end up with us, it’s because they find alternative employment that’s better paid. Of these work experience candidates, those that stay, despite being clearly better than their other colleagues, and despite the huge willingness to learn, have a very weak educational training. When talking to these young people I see the reason why. The enormous lack of quality in the majority of university teachers. Teachers without qualifications, teachers who don’t speak Portuguese and so that students don’t understand, teachers that supply the material in the wrong way, course syllabus and structures that have to suit the available teachers and not the other way around. And then, there still exists a culture of taking the easy road which is instilled in students, very often by the family, especially regarding the middle and upper middle class, who think their children only have the right and don’t have the obligations, which means that well prepared and demanding teachers are not well accepted. This situation can and must be changed and I am convinced, as I’ve just said before, that within 10 years there needs to be a radical change. I only see once option, let all the teachers come here, especially those with degrees, educated at recognised universities (and I say recognised because there are some people here who say they have courses from institutions the very name of which makes you want to laugh). For these, the work permit to teach should be automatic.


Do Mundo Directamente do Reino Unido

Lisboa vista a partir de Londres Directly from United Kingdom

Lisbon as seen from London

Roberto Varandas Director Global de Desenvolvimento de Negócios – Imóveis da Aberdeen Asset Management Global Head of Business Development – Property Aberdeen Asset Management

É do conhecimento geral que a economia portuguesa e, como resultado, o mercado imobiliário português experimentou significativos desafios nos últimos seis/sete anos. Os efeitos da crise sobre o mercado imobiliário produziram uma tempestade perfeita que afectou o mercado financeiro, o capital internacional e, claro, o mercado consolidado. De acordo com o último relatório da PMA para o mercado de escritórios de Lisboa, no final de 2013, o vacancy neste mercado subiu para 14,6% e as yields brutas atingiram a marca de 8%. O sector de retalho (centros comerciais) esteve um pouco melhor, mas as rendas caíram cerca de 4% desde 2009. Os consumidores com baixo poder de compra fizeram com que os retalhistas se tornassem muito conservadores nos seus planos de expansão. Estamos, no entanto, a começar a ver alguns sinais de que o mercado global imobiliário está a começar a atrair capital nacional e internacional e, embora o mercado de financiamento ainda esteja a sofrer com a “grande desalavancagem”, os bancos estão dispostos a fornecer quantidades modestas de alavancagem aos players mais sérios. De acordo com o indicador de valor a longo prazo da Aberdeen Asset Management, o mercado imobiliário institucional português em geral tem uma desvalorização de aproximadamente 20%, em contraste com o valor justo para o mercado mais amplo da Zona Euro ou para o mercado do Reino Unido que mostra uma sobrevalorização de aproximadamente 30%. Será que isso significa que os investidores institucionais devem descartar imediatamente todos os seus activos no Reino Unido e investir todo o seu capital no mercado português? Dificilmente. O que isto significa é que, neste ponto de ciclo, os investidores têm mais probabilidades

de encontrar um bom investimento em Portugal do que no Reino Unido. Outros factores mostram também uma acentuada melhoria nas perspectivas para o mercado imobiliário de uma forma geral. Como as taxas de juro do Euro estão cada vez mais baixas, o diferencial entre as taxas de financiamento e as yields das propriedades são cada vez mais atraentes para os investidores, especialmente para aqueles que têm de alocar entre os investimentos das rendas fixas e o imobiliário, numa base de multi-activos. O factor mais suave que afecta o mercado traduz-se num sentimento muito simples: o Sul da Europa, em geral, está a sentir um aumento do interesse dos investidores enquanto os mercados do Norte da Europa, que estão mais focados nos preços, mostraram ser menos atractivos, pelo menos em termos relativos. Além disso, devido à falta de capital para o desenvolvimento, alguns mercados, como o de escritórios de Lisboa, não viram ser acrescido qualquer novo e significativo espaço desde a crise. Podemos estar diante de um dos melhores pontos de entrada nos mercados imobiliários portugueses dos últimos anos, no entanto, algumas palavras de cautela: • A recuperação económica ainda é frágil - a política pode deitar fora o actual sentimento positivo; • Os mercados consolidados ainda são fracos; • Certas questões estruturais ainda não foram resolvidas, como é o caso da estrutura de leasing para o sector de escritório. Os investidores devem favorecer os mercados de escritórios consolidados que minimizem a obsolescência económica e de destino ou de conveniência orientada para activos de retalho como é o caso dos centros comerciais dominantes e dos supermercados.


Neste ponto de ciclo, os investidores têm mais probabilidades de encontrar um bom investimento em Portugal do que no Reino Unido. Investors will more likely find a good investment in Portugal than in the UK, at this point in the cycle.

It is widespread knowledge that the Portuguese economy and, as a result, the Portuguese real estate market has experienced significant challenges in the past six-seven years. The effects of the crisis on the real estate market have produced a perfect storm that affected the financing market, international capital and, of course, the occupier market. According to the latest PMA report for the Lisbon office market, at the end of 2013, vacancy in this market had risen to 14.6% and gross yields rose to the 8% mark. The retail sector (shopping centres) has faired slightly better but rents have declined almost 4% every year since 2009. A battered consumer has meant that retailers have become very conservative with their expansion plans. We are however seeing some signs that the overall real estate market is beginning to attract both domestic and international capital and while the financing market is still suffering from “the great deleveraging”, banks are willing to provide modest amounts of leverage to serious players. According to the Aberdeen Asset Management long term fundamental value indicator, the overall Portuguese institutional real estate market is approximately 20% undervalued, in contrast with fair value for the wider Eurozone market or the UK market which shows an overvalue of approximately 30%. Does this mean that institutional investors should immediately dispose all of their UK assets and invest all their capital in the Portuguese market? Hardly. What it does mean is that

investors will more likely find a good investment in Portugal than in the UK, at this point in the cycle. Some other factors are also showing a marked improvement in the prospects for the overall real estate market. As Euro interest rates edge ever lower, the spread between financing rates and property yields is increasingly appealing to investors, especially those who have to allocate between fixed income investments and real estate, on a multi-asset basis. The softer factor affecting the market is very simply sentiment. Southern Europe in general is experiencing increased investor interest as the more fully priced markets of northern Europe prove less attractive, at least on a relative basis. Furthermore, due to lack of capital for development, some markets, like Lisbon offices, have not seen any new, significant new space added since the crisis. We could be facing one of the best entry points in the Portuguese real estate markets in the recent years, however a few words of caution: Economic recovery is still fragile – politics can throw off the current positive sentiment; Occupier markets are still weak; Certain structural issues have still not been solved like the leasing structure for the office sector. Investors should favour consolidated office markets that minimize economic obsolescence and destination or convenience oriented retail assets like dominant shopping centers and supermarkets.


Bom Gosto

Cozinha Gourmet de Luxo

Prazeres da mesa sofisticada Luxury Gourmet Cuisine

The pleasures of a sophisticated table


61 06 JUL/AGO 2014

O mercado premium gourmet português tem estado nas bocas do mundo. Tal é fruto da clara aposta na gastronomia nacional mas é, sobretudo, resultado do trabalho criativo dos Chefs nacionais. The products of the Portuguese premium gourmet market have been in the mouths of the world. It’s the fruit of a clear focus on national cuisine but is, above all, the result of the creative work of national chefs.

Um português que se preze sabe a arte de bem receber e bem cozinhar. Não é à toa que os amigos se reúnem à volta da mesa e é também à mesa que se fecham os melhores negócios. Não é à toa também que a Dieta Mediterrânica foi declarada, a 16 de Novembro de 2010, Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. E convenhamos, nós temos do melhor pão, vinho, azeite e produtos frescos do mundo! Depois de se multiplicarem os festivais gastronómicos pelo País, os diversos Governos perceberam a importância estratégica da gastronomia como potencial económico e turístico e os nossos manjares começaram a ter eco além-fronteiras. Mas foi com uma nova vaga de Chefs criativos e inovadores (e alguma influência internacional) que a gastronomia portuguesa passou a um outro nível de excelência: a Cozinha Gourmet de Luxo. Os restaurantes de luxo e as unidades hoteleiras de quatro e cinco estrelas deram o mote e depressa se começou a considerar a cozinha gourmet portuguesa como o ideal da perfeição e sofisticação da nossa cultura gastronómica. A experiência passa por descobrir uma ‘haute couzine’ marcada por pratos tradicionais pouco convencionais, sofisticados e originais apresentações, diferentes texturas, contrates de sabores e novas químicas. A união de boa matéria-prima e técnica Muitas vezes associada a uma visão elitista, os Chefs têm saído das suas cozinhas para desmistificar essa conotação colocando os produtos e pratos premium acessíveis a todos. Um dos mais marcantes criativos culinários no nosso País é o Chef Joachim Koerper. Começou aos 15 anos como cozinheiro, é hoje uma “estela Michelin” e tanto pode ser encontrado no restaurante Eleven, em Lisboa, como nos muitos eventos para os quais é convidado a partilhar a sua experiência e arte que é sobejamente reconhecida a nível nacional e internacional. Por isso perguntámos-lhe como se chega a este patamar de excelência e a resposta foi peremptória: “Ser muito exigente com o produto e com eu mesmo”. Na sua opinião: “Sem amor e dedicação é impossível ser um bom cozinheiro!” Mas a técnica e a experiência são também “muito importantes”, acrescenta. No que toca à Cozinha Gourmet de Luxo em Portugal, Joachim Koerper defende que “é a união de boa matéria-prima e técnica”, pois como diz: “Não adianta ter um produto caro e não o saber manipular”. Quanto aos segredos por desvendar, afirma: “Não tenho segredos. É só saber aplicar a técnica ao produto adequado”. Para ser um bom apreciador da cozinha gourmet de luxo basta, pois, ser uma pessoa aventureira em novos sabores, curiosa e, claro, um bom garfo!

A self-respecting Portuguese knows the art of being a good host and cooking well. And it’s no accident that the table where friends get together is also the place where business deals are struck. And it’s also no surprise that the Mediterranean Diet was on November 16th, 2010, declared an Intangible Cultural Heritage of Humanity by UNESCO. And as it happens, we’ve got the best bread, wine, olive oil and fresh products in the world! After the number of food fests multiplying around the country, various Governments have realised the strategic importance of gastronomy for its economic and tourism potential and our cuisine is beginning to create an echo overseas. But it was with a new wave of creative and innovative chefs (and some international influence) that Portuguese cuisine took on another level of excellence: Luxury Gourmet Cooking. The luxury restaurants and four and five star hotels led the way and quickly began to consider Portuguese gourmet cuisine as the ideal of perfection and sophistication of our gastronomy culture. The experience includes discovering a haute cuisine made up of unusual traditional dishes, sophisticated and original presentations, different textures, contrasts of flavours and new ingredients. A union of good basic ingredients and technique Very often associated with an elitist vision, Chefs have emerged from their kitchens to demystify this perception slapped on products and premium dishes which are accessible to all. One of the most creative and influential chefs in Portugal is Chef Joachim Koerper. He began at the age of 15 as a cook, and today is a ‘Michelin star’ who can equally be found at the Eleven restaurant in Lisbon as at the many events in which he is invited to share his experience and art which is widely recognised both nationally and internationally. Which is why we asked him he got to this level of excellence and his reply was short and to the point: “By being very demanding with the product and with myself”. In his opinion: “Without love and dedication it is impossible to be a good cook!” But technique and experience are also “very important”, he adds. As to Luxury Gourmet Cuisine in Portugal, Joachim Koerper argues that “it is a union of good raw products and technique”, as he says: “There’s no point in having an expensive product and not knowing how to use and prepare it”. As to revealing his secrets, he states: “I’ve no secrets. You only need to know how to apply the technique to the right product correctly”. To be a food aficionado of luxury gourmet cuisine all you need to be is an adventurous and inquisitive person willing to try new flavours, and to be, of course, a gourmand.


Bom Gosto Para os que não puderam assistir ao vivo, no domínio www.artworx.pt poderão ter a oportunidade de seguir todo o processo artístico desenvolvido e, para os que queiram investir nesta inovadora forma de arte, a tela está disponível para compra (e actualmente exposta no interior do edifício sede da Consultora Imobiliária em Lisboa). A Consultora Imobiliária Worx está já a preparar um concurso para o segundo projecto artístico que, em breve, será anunciado publicamente. Desta vez, o desafio será ainda maior!

Foto Photo: Telmo Miller

Street Art

ARTworx A consultora Imobiliária Worx é promotora do projecto ARTworx em Portugal. Trata-se de uma iniciativa inovadora que valoriza o património imobiliário através da arte. The real estate consultancy Worx is the developer of the Artworx project in Portugal. This is an innovative initiative that values real estate heritage through art.

A arte urbana tem vindo a passar por uma grande mudança nos últimos anos e, o que já foi considerado com um acto clandestino e de vandalismo, é agora uma forma célebre de arte pública, revela Joana Sande de Freitas do Departamento de Marketing & Communications da Worx - Real Estate Consultants. Segundo o recente artigo publicado no site americano Huffington Post, Lisboa é a sexta melhor cidade do mundo para ver street art e, seguindo uma das mais actuais tendências artísticas urbanas, a Consultora Imobiliária Worx é promotora do projecto ARTworx em Portugal, como uma forma inovadora e diferenciada de valorizar o património imobiliário através da arte. As telas usadas, até hoje, com fins meramente comerciais no sector imobiliário, têm potencial para serem exploradas como arte urbana, contribuindo para tornar a cidade num Museu a Céu Aberto, acessível a todos os seus habitantes e visitantes, enquanto passeiam. A primeira intervenção artística em tela, alguma vez realizada numa das zonas mais emblemáticas da cidade (Rua do Carmo, 69, no Chiado), foi promovida pela Worx Real Estate Consultants, em parceria com a Galeria de Arte Urbana e os Design Chiado Flats, e dinamizada pelo street artist João Samina. Com um estilo artístico muito focado em elementos geométricos abstractos que convivem, de uma forma muito particular, com elementos reais, neste caso o foco do artista foi no Elevador de Santa Justa, principalmente pelo peso histórico (e turístico) que o mesmo tem nesta localização.

Urban art has undergone a huge change in recent years and, what was once considered as a clandestine act and vandalism, is now a celebrated form of public art, reveals Joana Sande de Freitas of Worx Real Estate Consultant’s Department of Marketing & Communications. According to a recent article published on the site of the American newspaper Huffington Post, Lisbon is the sixth best city in the world to see street art and, following one of the most up-to-date urban artistic trends, the Real Estate Consultants Worx has been promoting the project ARTworx in Portugal, as an innovative and original way of adding value to real estate patrimony through art. Used canvasses, to date, for merely commercial ends in the real estate sector, have the potential to be explored as urban art, contributing towards turning the city into an Open Air Museum, accessible for all its inhabitants and visitors as they walk around or pass through. The first artistic work on canvass ever done in one of the most emblematic areas of the city (Rua do Carmo, 69, in Chiado, was promoted by Worx Real Estate Consultants, in partnership with Galeria de Arte Urbana and Design Chiaido Flats, and executed by the street artist João Samina. With an artistic style very focused on abstract geometric shapes, in a very unique way, using real elements, in this case the artist’s focus was the city lift Elevador se Santa Justa, mainly because of its historical importance (and tourist) which it has in this location. For those who could not witness it live, on the site www.artworx.pt one can have the opportunity to follow the entire artistic process developed and, for those who want to invest in this innovative form of art, the canvass is available to buy (and is currently on display inside the headquarters of Consultora Imobiliária in Lisbon. The Real Estate Consultants Worx is already preparing a competition for the second artistic project which will shortly be announced publicly. This time the challenge will be even greater!



Bom Bom Gosto Gosto

Six Senses Spa A partir de Junho e até Setembro, o Penha Longa Resort oferece vários pacotes destinados a todos os que procuram uma oportunidade única para recuperar energias, revitalizar e equilibrar corpo e mente. As sugestões passam por massagens de assinatura e aulas de yoga, incluindo um tratamento de rosto especialmente desenhado para os homens no Six Senses Spa. Experimente a fusão de técnicas de massagem modernas aliadas à sabedoria ancestral e deixe-se invadir por uma sensação de paz e tranquilidade. Until September, Penha Longa Resort offers various packages for all looking for a unique opportunity to recharge their batteries, revitalising their body and mind. Proposals vary from signature massages to yoga classes, including a facial especially designed for men at the Six Senses Spa. Try the blend of modern massage techniques allied with age-old wisdom and let a sensation of peace and tranquillity wash over you.

COS STORE A marca COS - Collection of Style, do grupo Hennes & Mauritz, vai abrir a sua primeira loja em Portugal este Verão. Localiza-se na Avenida da Liberdade, onde até há bem pouco tempo se encontrava a mediadora Casa em Portugal. Embora a loja mais conhecida do grupo Hennes & Mauritz seja a H&M, a COS destina-se a um segmento mais alto. A Cos store da Avenida da Liberdade apresentará já a nova colecção Outono/Inverno para homem, mulher e criança. Refira-se que a COS é uma brand que o grupo sueco lançou recentemente e para a qual traçou um estratégia de expansão em várias cidades do mundo, nomeadamente europeias e onde se inclui Lisboa. The brand COS - Collection of Style, part of the Hennes & Mauritz group, will open its first shop in Portugal this summer. Located in Avenida da Liberdade, where until recently the estate agents Casa in Portugal was located. Although the most well-known shop belonging to the Hennes & Mauritz group is H&M, COS is aimed at a higher segment. The COS store in Avenida da Liberdade will shortly unveil its new Autumn/Winter collection for men, women and children. COS is a brand which the Swedish group launched recently and for which it outlined an expansion strategy in various cities in the world, namely European ones, including Lisbon.

Tágide Porto Wine Experience O Restaurante Tágide, em Lisboa, apostou num conceito inovador que vai levar os consumidores a um mundo de experiências com provas de vinho do Porto. Para o efeito, a Tágide Porto Wine Experience vai viajar pela cidade de Lisboa através de uma Piaggio que vai surpreender com uma aparência requintada. O conceito, segundo este restaurante, “assenta na oferta de divinais harmonizações com vinho do porto e de uma interacção com os consumidores que podem experimentar a oferta que a Tágide Porto Wine Experience tem para oferecer adequando aos seus gostos e preferências”. Queijo de ovelha amanteigado, rebuçado de ovo de Santa Clara, bombom de azeite e de vinagre by Siopa Chocolatier… são algumas das “combinações perfeitas com Vinho do Porto às quais não vai querer resistir!” The Tágide Restaurant in Lisbon has gone in for an innovative concept that will lead consumers to a world of experiences with port wine tasting sessions. To that effect, Tágide Porto Wine Experience will travel around Lisbon using a Piaggio that will surprise because of its stylish appearance. The concept, according to the restaurant, “is based on heavenly blends using Port wine and an interaction with consumers who can try the products that Tágide Porto Wine Experience has to offer, tailored to tastes and preferences”. Buttered sheep cheese, Santa Clara sweet eggs, olive oil and vinegar bonbon by Siopa Chocolatier...are some of the “perfect combinations to go with Port wine which you won’t be able to resist!”


Oferta de um fim-de-semana em regime de alojamento, para duas pessoas, em Vilamoura, para assinaturas. Assinaturas Nome: Telefone:

Email:

Morada: NIF::

Enviar cupão de assinatura para: Magazine Imobiliário Av. Duque D’Ávila, 28 - 2.º / 207 1000-141 Lisboa


Outsider Alice Vieira

As saudades da casa Longing for home

Foto cedida pela autora

De repente a casa voltou a ficar silenciosa. De um momento para o outro, o piano fechou-se, deixou de haver sapatos largados pelo meio da casa de banho e dos quartos, acabaram-se as risadas à meia-noite, o frigorífico parou de ser esvaziado de cinco em cinco minutos, a despensa readquiriu o seu ar honesto e saudável, sem pacotes de batatas fritas nem garrafas de coca-cola, os livros de histórias encontraram de novo o seu lugar na estante. E a casa voltou ao que era, antes de os netos todos terem chegado para se apoderarem dela durante um mês inteiro. Olho para os quartos, para a cozinha, para o corredor – e acho que a casa se deve ter sentido muito bem. Durante este mês, ela deve ter pensado que tinha regressado ao antigamente da nossa vida, quando havia sempre gente a chegar e gente a partir, e a voz do meu filho, pequenino, a perguntar logo de manhã ao meu ouvido “mãe, temos hóspedes?”

Antes de 1974, os tempos eram muito difíceis, e raro era o dia em que não nos batiam à porta amigos que precisavam de cá ficar uma noite, duas noites, sabiam lá eles e nós quantas noites. Às vezes partiam de manhã cedo, e nunca mais tínhamos notícias deles. Uma noite, o Armando bateu à nossa porta. Eu nunca tinha visto o Armando. Sabia que vivia no Porto e conhecia-o apenas dos textos que ele mandava para o “Diário de Lisboa”, onde eu trabalhava. Ele à porta, “sou o Armando”, e eu só a pensar “pelo amor de Deus, vai-te embora!”, e ele, coitado, só a repetir o nome e a dizer “desculpa, mas preciso de cá ficar esta noite!”— e a olhar para mim, estranhando certamente o ar de poucos (de nenhuns…) amigos que via na minha cara, nem um sorriso, nem um “entra amigo, a casa é tua!”, nada. Eu, apoiada à ombreira da porta, só a respirar fundo, a respirar muito fundo, a respirar fundíssimo. Afastei-me, fiz-lhe sinal que entrasse. Passados alguns minutos, e depois de ter novamente respirado muito fundo, apontei-lhe o armário no fim do corredor: - Sabes fazer uma cama? Ele acenou que sim. - Então olha, os lençóis estão ali, o cobertor também, faz a cama onde quiseres, fica o tempo que quiseres, sai quando quiseres - que eu tenho de ir já para a maternidade! A minha filha nascia horas depois. Devia ser de tudo isto que a casa tinha saudades. Suddenly the house is quiet. From one moment to the other, the piano is silent, there are no longer shoes strewn about the bathroom and bedrooms, the laughter at midnight has ceased, the fridge is no longer raided and emptied every five minutes, the larder once again has taken on an honest and healthy appearance without bags of crisps or bottles of coca cola, while the books are once again in their rightful place on the bookshelf. And the house has returned back to what it was,

before the grandchildren arrived and turned it upside down for a whole month. I glance at the rooms, the kitchen, down the corridor - and I think the house must have felt very good. During this month, the house must have thought that it had gone back to the past of our lives, when there were always people coming in and going out, and the voice of my son, then a small boy, asking me early in the morning “mum, have we got visitors?” Before 1974, times were hard, and it was rare not to have friends knocking at the door asking to stay one night, two nights, or however many nights. Sometimes they left early in the morning and we never heard from them again. One night, Armando knocked at our door. I had never seen this Armando. I knew that he lived in Porto ad knew him only from the articles that he used to send to “Diário de Lisboa”, where he worked. I heard his voice at the door, “It’s me Armando”, and I could only think “for God’s sake go away!”, and he, poor thing, just repeating his name and saying “I’m sorry, but I need to stay here tonight!” - and staring at me, thinking it certainly strange that expression he saw on my face that few (or none) of my friends would ever see, neither a smile, or a “come in friend and make yourself at home!”, nothing. Me, propping my shoulder up against the door, just taking a deep breath, a very deep breath, breathing very deeply. I moved out of the way and gave the signal to enter. Some minutes passed, and after having again taken a deep breath, I pointed to the wardrobe at the end of the corridor. - Do you know how to make up a bed? He nodded that he could. - Well look, the sheets are there, the blanket too, make a bed where you like, stay as long as you want, leave when you want - I’ve got to go right now to the maternity hospital! My daughter was born hours later. The house must miss all of this.


67


AMI 5446

THE WORLD OF PROPERTY

ARQUITECTURA ESCRITÓRIOS RETALHO INDUSTRIA GESTÃO de IMÓVEIS INVESTIMENTO AVALIAÇÕES CONSULTORIA

YOUR REAL ESTATE ADVISORS

aguirrenewman.com |

+351

21 313 9000


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.