Construção Ambiente Turismo
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O Pós-Troika The Post-Troika Period
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08 NOV/DEZ 2014
Editorial
Uma flor multicolor! A multicoloured flower!
Joaquim Pereira de Almeida Director Director
Imaginem um jardim cheio de vida e de cor, com relva verde, cravos vermelhos e rosas amarelas. Com temperaturas amenas mas um pouco húmido, como dizia o cantor, próprio de “um país tropical abençoado por Deus”. Não faltavam esplanadas de onde saíam risadas e crianças a brincar. Com gente feliz, generosa, trabalhadora. E eis que uma tempestade destrói quase tudo e quase tudo é retirado ao local. A beleza, a alegria, as cores da natureza. Em poucos anos transformou-se num local cinzento e decadente. Mas dá-se um milagre! Do meio do nada, nasce uma flor multicolor que resiste a tudo, mesmo à fome e ao abandono. É tão bela que, aos poucos vai chamando visi- tantes, milhares, milhões, que chegam de carro, de comboio, de avião para disfrutar de um acontecimento invulgar. O fenómeno cresce e faz com que os visitantes procurem alojamento para gozar tamanha beleza. Passam a palavra e enchem tudo, hotéis, restaurantes… Multiplicam a imagem da flor por milhões de fotografias, que espalham por todos os jardins do Mundo e conseguem o que parecia impossível: Contribuir para que o nosso espaço possa, um dia, voltar a ser o que era. Uma fonte viva, onde as pessoas possam voltar e as brincadeiras dos mais novos inundem as nossas almas. Só que uma flor não chega, por mais forte que seja. São precisos outros jardineiros. Boas Festas.
Imagine a garden full of life and colour, with a green lawn, red carnations and yellow roses. With mild temperatures but somewhat humid, as the singer used to say of “a tropical country blessed by God”. No lack of esplanades from where laughter is heard and children play. With happy, generous and hard-working people. And then comes a storm that destroys almost everything and almost everything is taken away from the site. The beauty, the the joy, the colours and the nature. In a few years it has become a grey and decadent place. But then comes a miracle! From out of nowhere sprouts a multicoloured flower that withstands everything, even famine and abandonment. It is so lovely that it gradually begins to attract visitors, thousands, millions, arriving by car, train, plane to enjoy a rare event. The phenomena grows and the result is that visitors start looking for accommodation so they can enjoy so much beauty. Word gets out and hotels and restaurants are full... The flower’s image is replicated in millions of photos, and the flower spreads around all the gardens in the world and achieves what seemed the impossible: Contributing towards our space being able to one day return to what it once had been. A source of life, where people can once again return to and where the games of children fill our souls. It’s just that one flower isn’t enough, no matter how strong it is. Other gardeners are required. Happy Holidays.
Summary
Índice
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Grande Tema Lead Story
Pós-Troika Post-Troika
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Square Meter Debate
Arquitectos Noémia Palmer e Rui Grego
Tourism Hoteis Heritage Lisboa Lisbon Heritage Hotels
Metro Quadrado
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SIL 2014
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Opinião Opinion Miguel Marques dos Santos
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Fio-de-Prumo
Director Joaquim Pereira de Almeida Editora Carla Celestino Colaboradora Permanente Elisabete Soares Fotografia Anabela Loureiro Tradução Chris Graeme
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Mercados Market Broadway Malyan
Plumb Line Renascimóvel Grafismo Rodrigues Silva Contabilidade Nasceconta Periocidade Bimestral Tiragem 3.000 exemplares Impressão Valente Artes Gráficas R. José Maria da Costa, 14 2640-496 Mafra Depósito Legal 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397
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Azimute
Coordinates Herdade do Freixo do Meio
Sol e Lua
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1º Aniversário 1st Anniversary
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CBRE
Ficha técnica
Propriedade Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Av. Duque D’Ávila, 28 – 2.º, Sala 207 1000–141 Lisboa Telf.: (+351) 21 134 10 06 Telm.: (+351) 91 061 61 62 geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario. com
Atelier
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Worx
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Bom gosto Good Taste
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International Expo Real 2014
Joana Vasconcelos
Do Mundo
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Opinião Opinion Reino Unido United Kingdom
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Postal de Luanda Postcard from Luanda
Outsider
Capa P贸s-Troika Post-Troika
2015 ser谩 decisivo para a retoma 2015 will be decisive for recovery
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Há sinais positivos para a economia nacional e o imobiliário está a desempenhar um papel crucial. Contudo, 2015 vai ser um ano decisivo para a retoma. É necessário tomar medidas e não exagerar na carga fiscal para não asfixiar o sector. A Magazine Imobiliário ouviu um conjunto de especialistas, das diferentes áreas, que deixam alguns conselhos para que a retoma venha a ser uma realidade. There are positive signs for the national economy and real estate is performing a crucial role. However, 2015 will be a decisive year for the recovery. It is necessary to take measures and not exaggerate the tax burden in order to avoid strangling the sector. Magazine Imobiliário interviewed a number of specialists, from different areas, who left some advice in order for the recovery to become a reality. No sentido de atenuar a grave crise que atravessa - o sector da construção e imobiliário - seria desejável, a título de exemplo, a incorporação de medidas fiscais que alargassem a todos os proprietários de imóveis a possibilidade de deduzir o custo das obras de conservação e reabilitação no seu IRS.
In order to reduce the impact of the serious crisis that the real estate and construction sector is going through - it would be desirable, for example, to include tax measures that would extend out to all property owners and would enable them to deduct the cost of conservation and rehabilitation works against IRS taxes. Carlos Matias Ramos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros Carlos Matias Ramos, Beadle of the Association of Engineers
Texto Text: Elizabete Soares
A saída da Troika e os sinais positivos que a economia portuguesa tem registado, muito amparados pelo sector imobiliário, voltaram a colocar Portugal no radar dos investidores. “O ano de 2015 pode ser um ano decisivo de consolidação dos sinais de retoma que se têm verificado, um ano de consolidação do investimento estrangeiro em Portugal”, considera Hugo Santos Ferreira, secretário-geral da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APII). É que o investimento estrangeiro “tem permitido escoar o stock imobiliário que estava fora do alcance dos portugueses e originar um encaixe financeiro aos promotores, que lhes possibilita retomar projectos suspensos e regressar novamente ao mercado”, adverte o responsável da renovada APII. Acrescentando “que a conjuntura económicofinanceira que atravessámos veio confirmar a necessidade de se encontrar um novo paradigma para a promoção imobiliária, que implica um novo modelo de desenvolvimento, fundado na regeneração dos centros das cidades, com especial destaque para a reabilitação urbana e arrendamento”. No entanto, a presença da Troika, em Portugal, não se fez sem provocar um conjunto de efeitos, com consequências graves para a população. “O País mudou e com ele o mercado imobiliário” sintetiza Ana Ferro, directora comercial da UON - Mediação Imobiliária. Já Carlos Matias Ramos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, alerta que o Memorando da Troika,
assinado em 2011, “foi elaborado na necessidade de, a todo o custo e sem uma análise ajustada ao efeitos abruptos da receita, garantir o necessário equilíbrio das contas públicas”. Esta situação, na sua opinião, teve efeitos agravados pela crise económica, conduziu a níveis de investimento em contracorrente com o necessário e desejável crescimento, reduziu a capacidade de produção do País, com perda da força de trabalho, originou a subida da taxa de desemprego e implicou a saída de trabalhadores para o estrangeiro, em particular de quadros. Entre os sectores mais afectados surgem os da construção e do imobiliário nacional”. Para Vítor Osório, director da Structure Value consultora que desenvolve a sua actividade no sector das avaliações -, uma das consequência foi que agora “as regras de acesso ao crédito são mais restritas e exigentes, ficando mais difícil contrair empréstimos para habitação”. Um cenário que deverá manter-se, conjugado pela necessidade de redução dos níveis de endividamento da banca, das empresas e famílias. Na sua opinião, esta situação provoca, consequentemente, o desinvestimento das empresas, o aumento do desemprego e a redução do consumo em geral. Ana Ferro, reportando-se também ao Memorando de Entendimento, alerta que “este preconizava, em traços gerais, o aumento do IMI, a redução dos benefícios fiscais, em sede de IMI e em sede de IRS”. Definiu-se, também, “a reforma do mercado do arrendamento com o consequente crescimento do mesmo, sobretudo nos centros urbanos”, destaca
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a responsável. Recorde-se que, no decurso da intervenção da Troika, os juros subiram muito mais do que seria de esperar, tendo o decréscimo do crédito sido muito grande e com pesadas consequências no mercado imobiliário, cujos mínimos ocorreram em 2012. Para José Manuel Oliveira Antunes, jurista que faz parte da EPRU – Estrutura Pluridisciplinar para a Reabilitação Urbana, “o impacto das medidas, englobadas no Memorando de Entendimento, foi enorme, como se viu e se verá por muitos anos. A começar pelo compromisso de redução do deficit público para 3%, a partir de 2013, logo não cumprido nesse ano e impossível de cumprir no actual e nos próximos”. Assim, na sua opinião, com esta política, claro está que um dos sectores mais visados pela quebra da procura foi o sector imobiliário. “Juntou-se uma tempestade perfeita sobre esta actividade: redução, ou mesmo períodos de completa falta de acesso ao crédito, falta de rendimento disponível das pessoas e falta de confiança no futuro, que leva os consumidores a adiar decisões, indefinidamente”. É necessário conciliar a retoma Carlos Matias Ramos considera que da análise dos elementos disponíveis, neste momento, ressalta a previsão de crescimento económico para 2015, estimando que seja de 1,5%, e a previsão da descida da taxa de desemprego. No entanto, alerta, “não é visível uma estratégia orientada para o estímulo
ao crescimento e, em particular, à competitividade, bases do Horizonte 2020”. Deixa um conselho: “no sentido de atenuar a grave crise que atravessa - o sector da construção e imobiliário - seria desejável, a título de exemplo, a incorporação de medidas fiscais que alargassem a todos os proprietários de imóveis a possibilidade de deduzir o custo das obras de conservação e reabilitação no seu IRS”. É que a reabilitação urbana, sendo um desígnio nacional, teria, com esta medida, um incentivo real, contribuindo para a recuperação de empresas e para a criação de emprego. Na mesma tónica são as palavras de Hugo Santos Ferreira que considera que 2015 pode ser um ano decisivo de consolidação dos sinais de retoma que se têm verificado, “sendo porém premente que não se castigue com exageradas cargas fiscais o sector imobiliário e se proceda a uma análise e adequação dos vários regimes de captação de investimento estrangeiro às novas necessidades do País”. Assim, alerta que, “desde logo, é muito importante que não se inverta a tendência de retoma do sector. Para tal, o OE 2015 deverá impedir, nomeadamente, o agravamento das taxas de IMI, resultante do fim da cláusula de salvaguarda”. Na sua opinião, pretender continuar a tributar, de forma excessiva, a habitação e a propriedade não ajudará a fortalecer a inversão da economia, bem como acentuará a ainda frágil situação económica do País. Já Vítor Osório considera que “deverá manter-se o desenvolvimento e consolidação do mercado de
arrendamento habitacional, enquanto o mercado residencial premium e de 2ª habitação deverá continuar a ser impulsionado pelos golden visa e pelos residentes estrangeiros que adquirem imóveis nas cidades de Porto, Lisboa e na zona do Algarve”. Na sua opinião, o mercado imobiliário comercial (serviços, comércio e indústria) deverá retomar lentamente a sua actividade normal, com os devidos ajustamentos das necessidades dos clientes na optimização das áreas ocupadas e na contínua revisão de rendas pelas empresas. Ana Ferro adverte que “a aplicação do OE 2015 visará dar continuidade às medidas de anos anteriores, nomeadamente no que respeita à quebra das deduções e ao aumento da receita fiscal, como o fim da cláusula de salvaguarda do IMI preconiza”. Contudo, acrescenta, que também vem facilitar a vida às instituições o que, aliado a outras medidas, lhes poderá proporcionar mais fôlego para um acréscimo na concessão de crédito que, aliás, já se tem vindo a sentir. Para Oliveira Antunes a perspectiva para 2015, “sem qualquer sombra de antecipado pessimismo, é negativa”. Isto porque “o orçamento tem uma equação impossível: não se consegue aumentar o crescimento e em simultâneo subir a carga fiscal”. Na sua opinião, a simples redução em dois pontos percentuais do IRC, não tem qualquer significado na economia. “Todos os restantes impostos aumentam, directa ou indirectamente. Assim, não há dinheiro na economia”, desabafa. The Troika’s departure and positive signs that the Portuguese economy has shown, driven significantly by the real estate sector, has once again made Portugal attractive to investors. “2015 could be a decisive year for consolidating the signs of recovery that have been seen, a year of foreign investment consolidation in Portugal”, says Hugo Santos Ferreira, General Secretary of the Portuguese Association of Developers and Real Estate Investors (Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APII). And that foreign investment “has enabled real estate stock that had been beyond the reach of the Portuguese to be cleared off the books and result in a cash windfall for developers, which will enable them to carry on with projects that were suspended and return to the market”, says the head of the renewed APII. Adding that the “economic-financial climate that we’ve been going through has confirmed the need to find a new paradigm for real estate development, which means a new development model, founded on the regeneration of city centres, with special emphasis on urban rehabilitation and rental”. However, the Troika’s presence in Portugal was
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not without a number of effects with serious consequences for the population. “The country changed and with it the real estate market,” sums up Ana Ferro, Commercial Director of UON Mediação Imobiliária, an estate agent. Carlos Matias Ramos, Beadle for the Engineers Association,pointsoutthattheTroikaMemorandum, signed in 2011, “was designed with the need, at all cost and without a balanced analysis of the abrupt effects of the prescription, to ensure public accounts were balanced”. This situation, in his opinion, had effects which made the economic crisis worse, and led to investment levels that were not sufficient for necessary and desirable growth, reducing the country’s production capacity, with loss of workforce, rising unemployment and meant that workers, particularly high skilled and qualified ones, emigrated abroad. Among the sectors most affected were construction and national real estate. Vítor Osório, Director of Structure Value - the consultant that carries out its activity in the valuations sector -, one of the consequences is that now “the rules for getting credit are tougher and restrictive, it becoming more difficult to get mortgages”. A situation likely to maintain, joined by the need for a reduction in levels of bank, company and family indebtedness. In his opinion this situation provoked, as a consequence, a lack of investment in companies, an increase in unemployment and a reduction in consumption as a whole. Ana Ferro, also discussing the Memorandum of Understanding points out that “this justified, generally speaking, the increase in property tax (IMI), the reduction in tax benefits through the IMI and IRS income tax”. It also defined “the reform of the rental market with the consequent growth of the same, particularly in urban centres”, she points out. It will be remembered that during the Troika’s period in Portugal, interest rates rose a lot more than was expected, while the decrease in credit was very great and had heavy consequences on the real estate market which hit rock bottom in 2012. For José Manuel Oliveira Antunes, a lawyer working for EPRU - Multidisciplinary Structure for Urban Rehabilitation (Estrutura Pluridisciplinar para a Reabilitação Urbana), “the impact of the measures, contained in the Memorandum of Understanding, were enormous, as was seen and would be seen for many years. Beginning with the commitment to cut the public deficit to 3% from 2013, far from being met in that year, it has been impossible to meet this year and seems impossible to fulfil in the coming years”. Therefore, in his opinion, with such a policy, of course one of the sectors most affected by the
collapse in demand for the real estate sector. “A perfect storm was created for this sector: a reduction in, or even periods of complete lack of access to credit, lack of people’s disposable income and a lack of confidence in the future which led consumers to indefinitely put off decisions”. Accommodating recovery is necessary Carlos Matias Ramos believes that from studying the available data, at the moment, the economic growth forecast for 2015 stands at 1.5% while the forecast is for a drop in unemployment. However, he warns, “there doesn’t seem to be a strategy aimed at stimulating growth and, in particular, competitiveness, like the EU’s Horizon 2020”. (Horizon 2020 is the biggest EU Research and Innovation programme ever with nearly €80 billion of funding available over 7 years (2014 to 2020). He leaves some advice: “In order to reduce the
impact of the serious crisis that the real estate and construction sector is going through - it would be desirable, for example, to include tax measures that would extend out to all property owners and would enable them to deduct the cost of conservation and rehabilitation works against IRS taxes”. And that urban rehabilitation, as a national goal, should have, through this measure, a real incentive, contributing towards the recovery of companies and job creation. In the same vein are the words of Hugo Santos Ferreira who thinks that 2015 could be a decisive year in consolidating the signs of recovery that have been seen, “it being however imperative that the recovery in the real estate sector should not be undermined by exaggerated taxes and a suitable analysis of the various regimes for attracting foreign investment to meet the new needs of the country should be carried out”. Therefore he warns
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“O País mudou e com ele o mercado imobiliário. The country changed and with it the real estate market. Ana Ferro, directora comercial da UON Ana Ferro, Commercial Director of UON
that “right away it is very important that the trend towards recovery in the sector is not reversed. For that, the State Budget for 2015 should in particular prevent an increase in IMI property taxes, resulting from the end of the safeguard clause”. In his opinion, a policy of continuing to excessively tax housing and property will do nothing to help strengthen the turnaround in the economy, while only serving to accentuate the country’s still fragile economic situation. Vítor Osório believes that “the development and consolidation of the residential rental market is likely to continue, while the premium residential and 2nd home market should continue to be driven by the “Golden Visa” programme and by the foreign residents who are buying property in the cities of Porto, Lisbon and in the Algarve region.” In his opinion, the commercial real estate market (services, trade and industry) is likely to recover back to its normal activity slowly, with the due adjustments to meet the needs of clients in optimising the areas occupied and continuous review of rents by companies. Ana Ferro says that “the application of the State Budget 2015 will aim to provide continuity to the measures of previous years, namely regarding a reduction in deductions and an increase in tax receipts, spelling the end of the IMI safeguard clause.” However, she adds that it will also make life easier for institutions which, allied to other measures, will provide them more room for manoeuvre in granting more credit which is already beginning to be felt. For Oliveira Antunes the perspective for 2015, “without becoming unduly pessimistic, is negative.” This because “the budget has an impossible equation: you can’t increase growth while at the same time increasing the tax burden”. In his opinion, the simple reduction by two percentage points in IRC has no significance whatsoever on the economy. “All of the other taxes have increased, either directly or indirectly. Thereby there is no money in the economy”, he says.
Mercado do imobiliário e da construção vive tempo de desafios Construction and real estate markets suffers challenging times Enquanto o imobiliário assistia, de 2011 1 2013, a uma quebra na venda de casas nunca vista – as instituições bancárias reduziram drasticamente a concessão de crédito -, na construção a quebra na actividade batia recordes, sendo que nestes três anos assistiu-se ao desaparecimento de mais de 30 mil empresas e à destruição de 225 mil postos de trabalho, de acordo com os dados mais recentes da AICCOPN. Segundo o Banco de Portugal, o sector da construção representava, em 2012, cerca de 12% das empresas, 7% do volume de negócios e 11% do número de pessoas ao serviço das sociedades não financeiras. O volume de negócios do sector da construção encontra-se repartido pelos seguintes segmentos de actividade económica: construção de edifícios (40%), engenharia civil (38%) e actividades especializadas (22%). Nesse ano, quer o volume de negócios, quer os custos operacionais do sector da construção sofreram uma queda muito acentuada (-26%). No entanto, os dois segmentos de mercado vivem agora uma nova conjuntura onde as nuvens, algumas ainda cinzentas, deixam entrar os primeiros raios de sol. No caso do imobiliário, o sector residencial tem sido animado pelas vendas conseguidas através do programa dos Vistos Gold. Em Setembro, a CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, referia que, até essa altura, foi conseguido um total de 950 milhões de euros para este programa, sendo que 91%, ou seja, 864 milhões de euros dizem respeito à aquisição de património imobiliário. Aliás, o aumento das vendas no mercado da habitação – que se iniciaram, também, em 2013 – foi muito significativo. Assim, nos primeiros meses de 2014, a cidade de Lisboa registou um crescimento, face a igual período do ano anterior, de 60%, e o Porto de 30%. Em 2013 a venda de habitações tinha crescido 40%, na Grande Lisboa, e 18%, no Grande Porto, em comparação com os valores de 2012. No caso da construção o grande mote é, sem
dúvida, a reabilitação, onde se prevê a criação de mais de 110 mil novos postos de trabalho, num mercado potencial que vale 38 mil milhões de euros. Positivo é o facto de actualmente a carteira de encomendas estar a crescer, cerca de 8%, face ao mês anterior, mas ainda muito longe do volume necessário para dinamizar este sector. While real estate, between 2011-2013, in this period saw a fall in house sales never before seen - the bank institutions drastically reduced their concession of credit -, in construction the falloff reached record levels, with over 30,000 companies being destroyed over these three years and the loss of more than 225,000 jobs according to the latest statistics released by AICCOPN. According to the Bank of Portugal, in 2012 the construction sector represented around 12% of all companies, 7% of total business turnover and 11% of all employees employed by the non-financial services sector. Construction sector business turnover was divided into the following economic activity sectors: building construction (40%), civil engineering (38%) and specialised activities (22%). In that year, whether in business turnover or in terms of operational costs, the construction sector suffered a sharp fall (-26%). Meanwhile, the two segments of the market, despite still being under a grey cloud, are now starting to see the first glimmers of sunlight shining through. In the case of real estate, the residential sector has been buoyed by the sales achieved through the “Golden Visa” programme. In September, the CPCI - Portuguese Confederation of Construction and Real Estate (Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário) states that to date 91%, or 864 million euros via the “Golden Visa” programme was from the purchase of real estate. Furthermore, the increase in sales in the housing market - which also took off in 2013 - was very significant. Therefore, in the first months of 2014, Lisbon saw a growth in like-for-like sales on the previous year of 60% and Porto of 30%. In 2013 sales of residential property had grown 40% in Greater Lisbon, and 18% in Greater Porto, in comparison with amounts in 2012. In the case of construction the grand motto is, without a doubt, rehabilitation where the creation of over 110,000 new jobs is expected, in a potential market that is worth 38Bn euros. And it is positive that currently the order books are growing, around 8% compared with the previous month, but still a far cry from the necessary amount required to really kick-start this sector.
11 08 NOV/DEZ 2014
Metro Quadrado
Debate
Anos negros de Portugal Portugal’s black years
13 08 NOV/DEZ 2014
O período de 2011 a 2013 vai ficar marcado como dos piores anos da História de Portugal. Uns dizem que a culpa da pré-bancarrota do País foi do Governo PS, outros acusam o Governo PSD de ter ido muito além nas medidas de austeridade impostas pela Troika. O deputado do Partido Socialista Paulo Campos e o porta-voz do Partido Social Democrata Marco António Costa defendem a sua visão perante o País.The period of 2011 to 2013 will go down as some of the worst years in Portugal’s history. Some blamed the country’s prebankrupt state on the PS government, others accused the PSD Government of having gone far beyond the austerity measures imposed by the Troika. The Deputy of Portugal’s Socialist Party (PS), Paulo Campos and the spokesman for the Social Democratic Party (PSD), Marco António Costa outline their vision for the country.
Texto Text Carla Celestino Fotos Photos Anabela Loureiro
Qual o balanço que fazem do período em que a equipa técnica da Troika entrou em Portugal até ao período agora designado por “pós-Troika”? Paulo Campos // O balanço não pode ser outro que não muito negativo. Negativo quer do ponto de vista económico quer em termos globais, ou seja, tivemos pela primeira vez um recorde de decrescimento da nossa economia verificado nos anos de 2011 a 2013, tivemos um crescimento significativo do desemprego ainda mais na população activa que diminuiu significativamente já que foram quase 500 mil pessoas que deixaram de ser produtivas. Para um País que ambiciona aumentar a sua produtividade dispensar este número de pessoas é absolutamente assustador. A diminuição do endividamento também não se verificou até ao momento actual, em que estamos a 130% do PIB da dívida (quando a Troika chegou estávamos à volta dos 100%); aliás, do ponto de vista do endividamento estamos significativamente pior e do ponto de vista do défice é a mesma situação. O que se verificou foi o ultrapassar de uma crise internacional mas não a resolução dos problemas estruturais da nossa economia. António Costa disse uma frase, durante a campanha para as primárias, que ilustra bem esta situação: “Não é com finanças sãs que temos uma economia sã, mas é com uma economia sã que temos finanças sãs”. O que tivemos nos últimos anos foi a busca pelas finanças sãs que deram cabo da economia. Por isso, temos de virar uma página e temos de deixar de estar num contexto de austeridade para passar para um contexto de crescimento.
Marco António Costa // Há que fazer dois balanços: quantitativo e qualitativo. O balanço quantitativo está expresso em 12 avaliações a que o País foi sujeito e todas com sucesso alcançado. Quer isto dizer que os compromissos assumidos pelo Partido Socialista quando assinou, em Maio de 2011, o programa de resgate com a Troika e que obrigou o País a cumprir um conjunto de tarefas muito duras ao longo dos últimos três anos, foi cumprido. A avaliação qualitativa é que, durante estes três anos, muitas pessoas em Portugal, particularmente aqueles que tinham assinado o programa de resgate como é o caso do PS, partido responsável pela situação de pré-bancarrota do País e pela assinatura do programa de resgate, não acreditavam ser possível cumprir aquilo que tinham assinado. Muitas pessoas não acreditaram na força, na capacidade e na determinação dos portugueses para vencer as dificuldades dos últimos três anos. Partimos, em 2011, de um País que tinha perdido o crédito internacional, um País que estava numa situação de pré-bancarrota, com a economia a contrair, com as empresas a fechar em catadupa e o desemprego a começar a disparar, e um País com instituições a funcionar de uma forma periclitante. Hoje temos uma economia que, em 2015, crescerá pelo segundo ano consecutivo, com mais empresas a abrir do que a encerrar, com crédito internacional, com as taxas de juro a bater os valores mais baixos das últimas décadas e com o objectivo de atingir, no próximo ano, o défice mais baixo dos últimos 40 anos da nossa democracia.
14 08 NOV/DEZ 2014
A realidade é que, nesse período, o sector da construção foi “arrasado”. Concordam? A reabilitação urbana poderá ser uma alternativa?
Não é com finanças sãs que temos uma economia sã, mas é com uma economia sã que temos finanças sãs.
It’s not through healthy finances that you get a healthy economy, but it is through a healthy economy that you get healthy finances. Paulo Campos in António Costa
Paulo Campos // Há aqui uma realidade que foi ocultada dos portugueses: foi-lhes dito que este era um sector “parasita” da nossa economia e que beneficiava dos “favores”, pelo que havia que corrigir. Ora isso não é verdade. Este sector dava emprego a mais de 400 mil pessoas em 2011 e hoje dá a menos de 200 mil. Perdemos milhares de empresas que foram à falência. As grandes empresas dada a sua capacidade e dimensão conseguem colocar-se lá fora mas também nunca fizemos o trabalho de casa que era de alguma consolidação, por isso houve um conjunto de outras empresas médias que ou ficaram pelo caminho ou estão em processos de recuperação bastante difíceis. O sector da construção sofreu desta “marca”, desta “bandeira” que serviu para implementar um conjunto de outras políticas, esquecendo-se que englobava pessoas e que contribui positivamente para a economia. Quanto à reabilitação é outra área que tem um valor adicional mas que tem sido desprezada. Aliás, perdeu-se novamente uma oportunidade porque no próximo Quadro Comunitário as verbas que estão previstas para esta área são absolutamente residuais face àquilo que era o objectivo e era necessário e sobretudo aquilo que pode trazer ao País. Marco António Costa // Diria que a primeira vítima do modelo económico errado em que o País assentou nas últimas décadas foi o sector da construção. Mas hoje é reconhecido que já há uma inversão lenta mas segura. Para tal muito contribuiu a valorização do plano de reabilitação em que o Governo tomou medidas para a simplificação dos processos de reabilitação urbana no sentido de tornar mais barata e mais fácil essa reabilitação. Uma outra área onde a construção poderá ter uma oportunidade é no investimento privado que está a crescer não só na área do imobiliário habitacional como comercial e industrial. Relativamente às obras públicas, pela primeira vez o País tem um plano estratégico de transportes e infra-estruturas. Em vez de lançar obras para as quais o País não tem dinheiro, fez-se uma planificação e cronologia de investimento e alocaram-se os meios financeiros necessários à realização desses investimentos. Além disso temos também 26 mil milhões de euros para investir no próximo Quadro Comunitário que naturalmente irá animar o sector da construção. Também o imobiliário foi afectado pelas decisões dos últimos anos…
Paulo Campos // Ao contrário da construção onde se verificou uma ideologia dirigida a um sector, no imobiliário a situação é fruto de um problema de toda a economia, que não foi até ao momento resolvida e que, muito provavelmente, está a ser agravada com a crise do BES que era um banco que tradicionalmente apoiava as PME e que também tinha uma boa quota de mercado no crédito à habitação. Deste ponto de vista, o Governo, mais uma vez, tem-se alheado da análise dessas questões e da procura de soluções alternativas. Este Governo acredita muito que os mercados por si só resolvem os problemas. Ora isso não é o que a História nos diz. O que acontece é que os mercados têm falhas e há a necessidade, em muitas situações, de haver intervenções para colmatar essas falhas e para repor a forma como os mercados deveriam funcionar. E isso é algo que este Governo hesita nessa matéria. Marco António Costa // Como sabe a banca nacional estava sobrealavancada em crédito internacional e não conseguia fazer a renovação desse crédito. Hoje existem três vectores completamente novos que mostram uma inversão desta realidade: a captação de investimento estrangeiro em que cresce a procura externa para a aquisição de imobiliário, quer de privados quer de fundos imobiliários; o mercado de arrendamento que cresce de forma sustentada e com isso também cresce a reabilitação urbana; e o arrendamento que também cresce e fez aparecer novos mercados. Aliás, tive o gosto de lançar um programa com a banca, quando era secretário de Estado da Segurança Social, para o mercado social de arrendamento que tornou possível a três mil famílias beneficiar de casas com rendas significativamente mais baratas que o valor de mercado onde essas casas se inserem. Refira-se ainda que o novo Orçamento de Estado traz novidades importantes, nomeadamente ao nível da constituição de sociedades financeiras para investimento imobiliário e da estabilidade de uma política fiscal no sector das empresas em que há uma redução sustentada e programada das taxas IRC e há uma simplificação fiscal quer das taxas de IRC e IRS. Todo o processo que tem sido feito de desburocratização na área do imobiliário começa a ser visto com grande interesse por parte dos fundos internacionais. Além dos Vistos Gold e de todo um outro conjunto de instrumentos que têm também um papel determinante na captação desses investimentos, sobretudo particulares. Consideram que o Turismo foi um dos sectores menos afectados com as medidas impostas pela Troika? Paulo Campos // O tráfego aéreo continua a cres-
15 08 NOV/DEZ 2014
Muitas pessoas não acreditaram na força, na capacidade e na determinação dos portugueses para vencer as dificuldades dos últimos três anos.
Many people did not believe in the force, capacity and determination of the Portuguese to win through the difficulties of the last three years. Marco António Costa
cer muito significativamente. Num passado recente fizemos acções para capturar esse tráfego, foi o que aconteceu no aeroporto do Porto que é hoje considerado um dos melhores da Europa; foi o que se fez em Lisboa para assegurar a sua longevidade antes de entrarmos na necessidade de um novo aeroporto; foi o que se fez com os acordos para trazer novas empresas operadoras, como a Raynair e depois com a Easyjet, e que o actual Governo tem renovado. Estes espaços são centros por excelência de exportação, de pessoas, bens, cargas… a TAP é a maior empresa exportadora portuguesa, já que vende viagens no estrangeiro e não importa viagens. Isto deu a possibilidade de trazer mais turistas, por um lado. Por outro, a forma como hoje as pessoas se deslocam é totalmente diferente, onde a Internet desempenha um papel fundamental. Hoje as pessoas compram na Internet as suas viagens, as suas férias, e isso desenvolveu um mercado novo que até há bem pouco tempo não existia e que também fez com que haja mais atractividade. Este crescimento advém também da diversidade da oferta aumentar significativamente. Estão reunidas um conjunto de condições favoráveis, mas se houvesse uma articulação pensada, orientada e empenhada teríamos reflexos mais significativos. Perdemos uma oportunidade de aproveitar um conjunto de factores para potenciar ainda mais o turismo mas que ainda assim não tem deixado de ser aproveitado. Marco António Costa // Este é um dos sectores económicos que seguiu uma linha de actuação muito similar a outras áreas. A nossa indústria procurou novos mercados e o nosso turismo também. Beneficiámos de factores de insegurança e de instabilidade que se verificaram numa escala global. Beneficiámos da circunstância de termos um bom clima, segurança, um povo extraordinariamente acolhedor, património, praia, luz, mar, cidades e zonas rurais agradáveis... A participação das companhias aéreas de low cost também contribuiu para esta realidade. Para se ter uma noção, o Porto transformou-se desde que as companhias aéreas de low cost começaram a voar a partir desta cidade. A qualidade que o nosso turismo está a ter também é de destacar. Todos os segmentos do turismo têm uma procura muito elevada e têm-se qualificado de uma forma extraordinária. Aqui temos de render uma profunda homenagem aos nossos empresários e aos profissionais destas áreas porque estamos a falar de pessoas que tiveram do lutar muito para tornar possível a captação de novos mercados, novos turistas e novas oportunidades de negócio. How would you sum up the period in which the Troika’s technical team were in Portugal
until now, known as the “post-Troika” period? Paulo Campos // The balance could not be anything other than very negative. Negative whether from the economic point of view or in overall terms, which means that for the first time we saw record contraction in our economy seen during the years 2011 to 2013, we witnessed significant growth in unemployment and even more so in the working population which was reduced significantly and which saw almost 500,000 people who were no longer productive. For a country which aims to increase its productivity, getting rid of this number of people is absolutely frightening. We haven’t seen a reduction in indebtedness to date either at a time in which are national GDP debt is running at 130% (when the Troika arrived it stood at around 100%); in fact, from the indebtedness and deficit point of view we’re significantly worse off. The result was that we survived an international crisis but did not solve the structural problems of our economy. António Costa said something, during the fight for the party leadership which illustrates this point well: “It’s not through healthy finances that you get a healthy economy, but it is through a healthy economy that you get healthy finances”. What we’ve had in recent years was a situation of trying to balance the books but in so trying to do that we’ve wrecked the economy. Which is why we’ve got to turn the page and go from policies of austerity to policies of growth. Marco António Costa // We have to weigh up two balances: quantitative and qualitative. The quantitative balance is expressed in 12 evaluations that the country was subject to and which it passed successfully. This means that the commitments taken on by the Socialist Party when it signed the Troika bailout programme in May 2011 and which forced the country to fulfil a number of very hard tasks over three years, were met. The qualitative evaluation means that during these three years, many people in Portugal, particularly those who had signed the bailout programme as was the case with the PS, the party responsible for the situation of the country’s pre-bankruptcy and for signing the bailout programme, did not believe that it would be possible to comply with what had been signed. Many people did not believe in the force, capacity and determination of the Portuguese to win through the difficulties of the last three years. We started off in 2011 as a country that had lost its international creditworthiness, a coun-
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Ao contrário da construção onde se verificou uma ideologia dirigida a um sector, no imobiliário a situação é fruto de um problema de toda a economia, que não foi até ao momento resolvida e que, muito provavelmente, está a ser agravada com a crise do BES.
Unlike construction where an ideology aimed at a sector was seen, in real estate the situation was the result of a problem affecting the entire economy, which to date has not been solved and which, very probably, is being made worse by the BES crisis. Paulo Campos
try that was on the brink of bankruptcy, with an economy in free fall, with companies closing down left, right and centre and unemployment beginning to sky-rocket, and a country in which its institutions were operating in a ramshackle way. Today we have an economy which, in 2015, will grow for the second year running, with more companies opening than closing, with international credit, with interest rates at record lows for the last decades and with the aim of achieving, next year, the lowest deficit in the last 40 years of our democracy. The reality is that, in this period, the construction sector was devastated. Do you agree? Can urban rehabilitation be an alternative? Paulo Campos // There’s a reality here that’s been hidden from the Portuguese: they were told that this was a sector that was a parasite on our economy and which worked on favours, something that had to be corrected. That’s just not true. This sector employed over 400,000 people in 2011 and today it only employs 200,000. We lost thousands of companies that went bankrupt. The large companies given their capacity and size managed to win contracts abroad but we never did our home work either which meant consolidation, which is why there were a number of other medium-size companies that either fell by the wayside or are going through a fairly difficult process of recovery. The construction
sector suffered from this “brand”, this “banner” which served to implement a range of other policies, quite forgetting that the sector included people that made a positive contribution to the economy. As to rehabilitation, this is another area that has added value but has been downplayed. Furthermore, once again an opportunity had been lost because in the next tranche of community funds the amounts that have been earmarked for this area are completely residual compared to what had been the objective, necessary and above all in terms of how it could benefit the country. Marco António Costa // I would say that the first victim of an economic model that is wrong and which the country has followed over the past few decades was the construction sector. But today it is recognised that there is already a slow but sure turnaround. The Government’s decision to place importance on the plan for rehabilitation in which it simplified urban rehabilitation processes by making planning permission cheaper and easier has also helped. Another area where construction may have an opportunity is private investment which is increasing not only in the area of residential real estate area but also commercial and industrial areas. Regarding public works, for the first time the country has a strategic transport and infrastructure plan. Instead of launching works projects for which the country doesn’t have the money to pay for, Furthermore we’ve also got 26Bn euros
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“O novo Orçamento de Estado traz novidades importantes, nomeadamente ao nível da constituição de sociedades financeiras para investimento imobiliário.
I would also mention that the new State Budget brought important changes, namely regarding the setting up of financial companies for real estate investment. Marco António Costa
to invest in the next tranche of EU Community funds which will naturally boost the construction sector. Real estate was also affected too by the decisions taken in recent years... Paulo Campos // Unlike construction where an ideology aimed at a sector was seen, in real estate the situation was the result of a problem affecting the entire economy, which to date has not been solved and which, very probably, is being made worse by the BES crisis which was a bank that has traditionally supported SMEs and which also had a significant market share in mortgages. From this point of view, the Government, once again, has distanced itself from analysing these issues and from seeking alternative solutions. This Government believes that only the markets can solve these problems by themselves, but this isn’t what history has shown us. What happens is that the market has failings and there’s the need in many situations to intervene to overcome these failings and recalibrate the way in which the markets should work. And this is something that this Government has been hesitant to do in this matter. Marco António Costa // As we all know the banking sector was over-leveraged by international credit and could not renew this credit. Today there are three completely new approaches that reveal an inversion to this policy: attracting for-
eign investment through growth in external demand for property, whether from private or real estate funds; the sustained growth of the rental market and with it too urban rehabilitation; and as the rental market grows new markets appear. However, I had the pleasure of launching a programme with a bank, when I was Secretary of State for Social Security, for the social housing rental market which made it possible for three thousand families to benefit from houses with rents that were significantly cheaper than the value of the market for these houses. I would also mention that the new State Budget brought important changes, namely regarding the setting up of financial companies for real estate investment and the stability of a new company tax policy in the sector in which there is a sustained and planned reduction in IRC taxes and a simplification of the IRC and IRS tax regimes. The entire process to cut bureaucracy in real estate is beginning to be seen with great interest by international funds. In addition to the Golden Visas and a whole range of instruments that have also has a decisive role in attracting these investments, particularly private investment. Do you think that Tourism was one of the sectors least affected by the measures imposed by the Troika? Paulo Campos // Flights into Portugal continue to grow very significantly. In the recent past we carried out campaigns to attract this traffic, as
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was the case at Porto airport which today is considered one of the best in Europe; the same was done in Lisbon, with improvements to ensure an extension of its useful life rather than the need to build a new airport; and included agreements to bring in new airlines such as Ryanair and then Easyjet, which the current Government as renewed. These airports are centres of excellence for exporting people, goods, cargo...TAP is the largest exporting company in Portugal, in that it sells flights abroad and doesn’t import them. This made it possible to bring in lots of tourists on the one hand. On the other, the way people travel today is totally different, where the Internet has a key role. Today people buy their trips, flights, holidays on the Internet and this has developed a new market which until relatively fair-
ly recently didn’t exist and which has also made it more attractive. This growth has also come in the wake of a significantly increased and more diverse supply. There are a number of favourable conditions, but if there was a well thought out and directed policy strategy then there would be more significant results. We’ve lost an opportunity to take advantage of a number of factors to boost tourism even more but even so we have not done so. Marco António Costa // This is one of the economic sectors that has followed a policy very similar to that pursued in other areas. Our industry looked for new markets and our tourism too. We’ve benefited from factors of insecurity and instability that have been seen on a world scale.
We’ve benefited from the fact of having a good climate, low crime rate, an extraordinarily warm people, great heritage, beaches, light, cities and lovely rural areas. The participation of the low-cost airlines has also contributed to this reality. Just to have an idea, Porto has been transformed since the low-cost airlines started flying from this city. The quality of our tourism has also been in vogue. All segments of tourism are enjoying a very high level of demand and have stepped up to the plate in an extraordinary way. In this we’ve got to take our hats of to our business leaders and the professionals in these areas because we’re talking about people who have had to really struggle to make attracting new markets, tourists and new business opportunities possible.
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A Broadway Malyan é uma empresa internacional de arquitetura, urbanismo e design. A empresa distingue-se pelo seu alcance global, com 16 ateliers em todo o mundo, tendo trabalhado no último ano em 43 países. Com uma diversidade inigualável e mais de 500 especialistas do setor, tem mais de 75% da sua receita obtida através de clientes regulares. A Broadway Malyan cria cidades, lugares e edifícios de classe mundial totalmente integradas, que agregam valor a longo prazo e oferecem o “retorno do investimento no design”
www.broadwaymalyan.com twitter.com/broadwaymalyan
Metro Quadrado 20 08 NOV/DEZ 2014
SIL 2014
Centro de neg贸cios consolidado Consolidated business centre
Quem visitou a edição de 2013 do Salão Imobiliário de Portugal (SIL) e regressou este ano sentiu a diferença. O salão esteve mais animado, com mais expositores e mais visitantes. E também com mais oportunidades de negócio. Anyone who visited the 2013 edition of the Portugal Real Estate Fair (SIL) and came back this year would have felt the difference. The fair was more upbeat, with more exhibitors and visitors. And there were also more business opportunities too.
A organização é peremptória ao declarar que o “SIL afirma-se como o salão de referência para o sector imobiliário realizado em Portugal”, sendo que “a 17ª edição do SIL consolidou a sua posição de centro de negócios para os agentes económicos do sector”. As informações avançadas revelam que “a adesão do mercado ao SIL foi evidente, registando-se um crescimento do salão comparativamente com a edição anterior”. Os números falam por si: as empresas participantes tiveram um aumento de 72%, entre líderes de mercado que continuadamente participam no evento e novas empresas expositoras (cerca de 35%), enquanto o número de visitantes foi de mais 21 % que na edição anterior, atingindo os 42.326. Outro facto marcante é que este certame fortaleceu a sua posição como plataforma para a internacionalização do sector imobiliário português. Com efeito, a organização anunciou que “cerca de uma centena de potenciais investidores visitaram a exposição, participaram em encontros B2B, em conferências e seminários”; além disso, “acolheu profissionais nacionais e provenientes de diversos mercados, nomeadamente China, França, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, entre outros”. Mais uma vez, no centro deste salão estiveram as temáticas da reabilitação e da regeneração urbana. Aliás, foi precisamente este o tema central da 17ª Conferência SIL: “Reabilitação Urbana em Portugal - Oportunidades de Internacionalização”, numa organização do SIL e do IHRU, que contou com o patrocínio da secretaria de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da
Natureza. Com uma igual forte adesão, esteve o seminário promovido pela APEMIP que debateu o “Investimento estrangeiro no imobiliário português – As oportunidades que se abrem da Reabilitação Urbana ao Turismo Residencial”. 90% das empresas atingem objectivos no SIL Um ponto alto deste salão são sempre os Prémios SIL do Imobiliário que pretendem reconhecer diversas personalidades e empresas. Entre as várias categorias, destaca-se o Prémio Carreira Arquitectura atribuído ao arquitecto Nuno Teotónio Pereira. Mais uma vez decorreram também: a Bolsa de Arrendamento (com ofertas desde T0 a T8, apartamentos e vivendas, escritórios, lojas, armazéns, de Norte a Sul de Portugal), os leilões imobiliários (cerca de duas de centenas de imóveis foram apresentados para licitação) e a venda de imóveis promovida pela Direcção Geral do Tesouro e Finanças. Recorde-se que o SIL decorreu em simultâneo com os salões LXD – Lisboa Design Show e Vintage Festival, promovidos pela Fundação AIP, através da AIP – Feiras, Congressos e Eventos. Foram mais de 450 empresas representadas nos quatro eventos, respectivamente 230 na Intercasa e LxD, 172 no SIL e 51 no Vintage Festival, que, segundo a organização, “fizeram da FIL o seu palco para promover a excelência dos seus produtos, serviços e iniciativas, nas áreas da decoração de interiores e exteriores, do design e inovação nacional e a oferta de portuguesa de imobiliário e projectos na área da reabilitação”. No caso particular do SIL, e entre as empresas participantes, “mais de 90% consideraram ter
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“attendance at SIL from the market was evident, registering a growth compared to the last edition”. The numbers speak for themselves: there was an increase by 72% from participating companies, including market leaders who have continuously taken part in the event and new exhibitors (around 35%), while the number of visitors was up 21% on last year’s edition, reaching 42,326. Another striking fact is that this fair has strengthened its position as a platform for the internationalisation of the Portuguese real estate sector. As a result, the organisation announced that “around one hundred potential investors visited the exhibition, participating in the B2B meetings, in conferences and seminars”; from diverse markets, namely: China, France, Brazil, Angola, Mozambique and Cape Verde, among others”. Once again, at the centre of this fair were the themes of urban rehabilitation and regeneration. Indeed, this precisely was the main theme of the 17th SIL Conference: “Urban Rehabilitation in Portugal - Opportunities for Internationalisation”, organised by SIL and IHRU, with the backing of the Secretary of State for Territorial Planning and Nature Conservation. Equally well attended, was the seminar promoted by APEMIP which debated “Foreign Investment in Portuguese Real Estate - The opportunities opening up from Urban Rehabilitation and Residential Tourism”.
A adesão do mercado ao SIL foi evidente, registandose um crescimento do salão comparativamente com a edição anterior.
Attendance at SIL from the market was evident, registering a growth compared to the last edition.” atingido os seus objectivos face ao elevado número de contactos e às características dos visitantes”, adiantou a organização do SIL. A próxima edição do SIL será em Outubro de 2015. The organisers are adamant in stating that “SIL is the fair of reference in Portugal for the real estate sector”, since the “17th edition of SIL consolidated its position as a business centre for movers and shakers in the sector. The information put forward has revealed that
90% of companies achieved their goals at SIL A high point of this fair are always the SIL Real Estate Awards which aim to recognise various companies and personalities. From among the various categories, the Architecture Career Prize stands out which was awarded to architect Nuno Teotónio Pereira. Once again too other regular fixtures took place: the Rental Exchange (with offers from studio to 8-bedroom apartments and detached houses, offices, shops, warehouses, from the north to south of Portugal), real estate auctions (around 200 properties were put up for auction) and the sale of properties promoted by the Directorate-General of Treasury and Taxes (Direcção Geral do Tesouro e Finanças). It will be recalled that SIL took place at the same time as the fairs LXD - Lisboa Design Show and Vintage Festival, promoted by the AIP Foundation through AIP - Fairs, Congresses and Events. There were over 450 companies represented at the four events, with respectively 230 at Intercasa and LxD, 172 at SIL, 51 at the Vintage Festival, which according to the organization, “made FIL its stage to promote the excellence of their products, services and initiatives, in the areas of interior and exterior decoration, national design and innovation and Portuguese real estate supply and projects in the
rehabilitation area. In the particular case of SIL, and among the participating companies, “over 90% considered that they had achieved their goals regarding the high number of contacts and the characteristics of the visitors”, said the SIL organization. The next edition of SIL will take place in October 2015.
Keller Williams apresenta-se no SIL Keller Williams at SIL Depois da separação com a RE/MAX, a Ábaco junta-se à rede norte-americana Keller Williams (KW). Os Regional Owner Keller Williams Portugal, Nuno Ascensão e Eduardo Garcia e Costa, revelam que não vai haver “canibalismo entre players” mas pretendem ser “nº1 em Portugal”. Segundo Eduardo Garcia e Costa a KW tem “dois grandes princípios estratégicos: o primeiro é ter uma cobertura nacional e o segundo escolher as pessoas certas”. Por isso, acrescenta que andam “à procura, quer do lado dos agentes quer do lado dos líderes das agências, de talentos”. Como Nuno Ascensão explica, “no fundo, se não forem pessoas KW, ou seja, que não tenham determinados valores e competências a nível de liderança, é impossível modificar-se para o ser. Por isso, estamos à procura daquelas pessoas que tenham as condições para implementar este modelo de negócio nos mercados onde nos vamos dirigir”. FFollowing its separation with RE/MAX, Ábaco has joined forces with the US chain Keller Williams (KW). The Regional Owners of Keller Williams Portugal, Nuno Ascensão and Eduardo Garcia e Costa, have revealed that there will not be “cannibalism amongst players” but it does aim to be Nº1 in Portugal”. According to Eduardo Garcia e Costa KW has “two key strategic principles: the first to achieve national coverage and the second t choose the right people”. Which is why, he adds that they go out “looking, both in terms of agents and estate agency managers, for talent”. As Nuno Ascensão explains, “if they weren’t KW people, in other words, if they don’t have our specific values and leadership skills, we won’t be able to become that. Which is why we’re looking for those people who have the conditions to implement this business model in the markets in which we’ll be operating.
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Metro Quadrado Opinião Miguel Marques dos Santos
REIT’S - Uma questão inadiável REIT’S - An urgent issue
Miguel Marques dos Santos Advogado, Sócio da Garrigues Responsável pelo Departamento de Imobiliário e Urbanismo da Garrigues Portugal Lawyer, Garrigues Partner Head of the Department of Garrigues Portugal Real Estate and Urbanism
Talvez tenha passado despercebido a uma grande parte dos agentes do sector imobiliário, mas a Proposta de Lei do Orçamento de Estado para 2015 contém um conjunto de disposições que, ao contrário do que tem acontecido em Orçamentos de Estado anteriores, poderão representar um contributo muito relevante para o investimento imobiliário em Portugal nos próximos anos. Todos os agentes do sector, especialmente os que trabalham na área de investimento, conhecem os REIT’s (Real Estate Investment Trusts), e têm bem presentes as vantagens que este tipo de veículos de investimento têm representado para outros países, quer no que se refere à captação de volumes de investimento muito relevantes para o sector imobiliário, quer no que se refere à possibilidade dada ao público em geral de investir em activos a que nunca teria acesso se tivesse uma abordagem individual do investimento. Apesar de este tipo de sociedades de investimento imobiliário terem dado os seus primeiros passos nos Estados Unidos da América nos anos 60 do século XX, hoje, não obstante continuarem a ter o seu lugar de eleição nos Estados Unidos (onde captam volumes de investimento astronómicos e tem uma sofisticação dificilmente alcançável por outros países), são uma fórmula seguida na maioria dos países desenvolvidos, sendo actores incontornáveis (a par dos investidores institucionais, dos fundos e dos family offices) da actividade de investimento em activos de rendimento. Diversos países, como o Reino Unido, a Austrália, o Canadá, a Alemanha, a França, a Itália, a Holanda ou a Bélgica, entre muitos outros, dispõe REIT’s há muito tempo, tendo os mesmos uma longa tradição nos respectivos mercados de investimento. Outros países, como a Irlanda e a Espanha, só recentemente, em 2013, implementaram este tipo de sociedades de investimento imobiliário, mas o enorme sucesso alcançado em ambos os casos neste curto período de tempo (menos de dois anos) faz antecipar um futuro auspicioso para esta forma de organização de sociedades de investimento imobiliário também nestes dois países. Mas o que são afinal os REIT’s e qual a razão do seu
sucesso? Os REIT’s podem ser definidos, em termos gerais e muito resumidos, como veículos de investimento colectivo (normalmente sob a forma societária) que têm como objecto principal o investimento em activos imobiliários de rendimento (geralmente para arrendamento), cujas participações sociais devem ser admitidas à negociação em mercado regulamentado (isto é, são normalmente sociedades cotadas em mercado principal ou secundário), que têm tipicamente regras de distribuição obrigatória da quase totalidade dos seus lucros e cujos rendimentos e ganhos tendem a ser tributados apenas na esfera dos seus acionistas aquando da respectiva distribuição e às quais está normalmente associado um regime fiscal especial, quer no que se refere à tributação sobre o rendimento, quer no que se refere à tributação sobre o património. Quanto ao seu sucesso, está associado ao facto de serem veículos de investimento imobiliário que aliam um elevado profissionalismo na gestão da sua actividade de investimento, à capacidade captação de elevados volumes de investimento (tanto de grandes investidores, como do público em geral) e ao seu regime fiscal especial, com um conjunto de vantagens significativas, tanto ao nível do veículo, como ao nível dos respectivos investidores. A decisão sobre a implementação dos REIT’s em Portugal é uma discussão antiga, com os principais actores do mercado imobiliário de investimento, que têm um conhecimento mais aprofundado do que se passa nos mercados com que nos comparamos, a defender a sua implementação imediata, e com os mais conservadores a defenderem (ignorando o que se passa à nossa volta) que os REIT’s não passam de veículos com regimes fiscais injustificadamente vantajosos, numa actividade (o imobiliário de investimento) que não cria riqueza para o País, sendo essencialmente uma actividade especulativa. A verdade é que não vivemos numa ilha, isolados do resto do mundo, e nessa medida não nos podemos dar ao luxo de ignorar as soluções de sucesso já testadas noutros países, perdendo, ano atrás ano, oportunidades de captação de investimento que estão a ser aproveitadas por outros, que optaram
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por uma visão mais pragmática e com os pés assentes na terra. A implementação dos REIT’s em Portugal é, assim, um tema incontornável e que está mais do que nunca na ordem do dia. E foi precisamente isso que o Governo fez, ao incluir na Proposta de Lei do Orçamento de Estado para 2015 uma autorização legislativa para que o Governo possa implementar os REIT’s portugueses (as SIPI, ou Sociedades de Investimento em Património Imobiliário) num futuro próximo, já no início de 2016. A leitura da autorização legislativa contida na Proposta de Lei do Orçamento de Estado para 2015 permite antever que o Governo optou por seguir um modelo semelhante ao das SOCIMI espanholas. As principais características das nossas futuras SIPI serão as que decorrem da autorização legislativa e passam (muito resumidamente) pelo seguinte: Objecto principal: investimento em activos imobiliários para arrendamento; Capital mínimo de € 5.000.000; Obrigatoriedade de admissão à negociação das respectivas acções (com possibilidade de previsão de um prazo para o efeito); Distribuição obrigatória de uma parte dos lucros do exercício, num intervalo (a definir) entre 75 % e 90 % do respetivo valor; Definição de um regime fiscal especial opcional, que inclui, entre outros aspectos, o princípio da tributação à saída através da criação de uma regra de isenção ao nível da SIPI e de tributação na esfera dos accionistas. É essencial que o Governo leve à prática esta autorização legislativa tão rapidamente quanto possível (desejavelmente, logo após a aprovação do Orçamento de Estado). O mercado imobiliário está com grande dinamismo na Europa (e também em Portugal) e seria imperdoável que este momento não fosse aproveitado para dotar o País de uma ferramenta de investimento disponível em todos os países que concorrem com Portugal como destino de investimento imobiliário. Perhaps it has gone unnoticed by the lion’s share of real estate agents, but the Proposal for Portugal’s State Budget 2015 has a number of provisions which could, unlike what happened with previous state budgets, provide a highly relevant contribution for real estate investment in Portugal in the coming years. All agents in the sector, especially those who work in investment, have heard of REIT’s (Real Estate Investment Trusts), and know full well the advantages that this type of investment vehicles have had for other countries, whether regarding attracting very high levels of investment for the real estate sector or in terms of the possibilities for the general public to invest in assets to which they would never
have had access to before had they taken an individual approach to investment. Despite this type of real estate investment funds having started out in the United States of America in the 1960s, today, they still continue to have their pride of place in the US (where they attract huge investment turnover and enjoy a sophistication that is difficult to match in other countries), they are a formula followed by the majority of developed countries, undeniably being the main players (along with institutional investors, funds and family offices) for investment activity in fixed income assets for rent. Various countries, like the United Kingdom, Australia, Canada, Germany, France, Italy and Holland and Belgium, among many others, have made REIT’s available for a long time, these instruments having a long tradition in these respective investment markets. Other countries, such as Ireland, Spain, only in 2013 started up these kinds of real estate investment vehicles, but the huge success achieved in both cases within this short period of time (less than two years) heralds in an auspicious future for this real estate investment organisation in these two countries too. But what exactly are REIT’s and why have they been so successful? Generally speaking and in a précis form, REIT’s may be defined as collective investment vehicles (normally in the form of a company) whose main objective is investment in fixed income real estate assets (generally for rent), and in most cases, operates income-producing real estate. REITs may own many types of commercial real estate, ranging from office and apartment buildings to warehouses, hospitals, shopping centres, hotels and even timberlands. Some REITs also engage in financing real estate. The REIT structure was designed to provide a real estate investment structure similar to the structure mutual funds provide for investment in stocks. The share capital of the companies are market regulated (meaning companies listed in main or secondary markets), which typically have mandatory profit share rules where almost all of its profits and income is taxed when paid out to shareholders but where taxation is usually under a special regime regarding taxation on fixed property assets. As to their success, this is associated to the fact that they are real estate investment vehicles which combine a high level of professionalism in asset management, the capacity to attract high volumes of investment (equally from big investors as from the general public) and enjoy special tax benefits, with a number of significant advantages, both at the vehicle level and at the level of respective investors. The decision to implement REIT’s in Portugal is nothing new, with the main movers and shakers in the real estate investment market, who have a
more deeper knowledge than her comparable markets, calling for their immediate implementation, and with more conservative players saying that REIT’s (ignoring what is going on around them) are nothing more than vehicles with tax regimes that are unjustifiably advantageous in an activity (investment real estate) that does not create wealth for the country, being essentially a speculative activity. The truth is that we don’t live on an island, isolated from the rest of the world, and in this sense we don’t have the luxury to ignore successful solutions that have already been tested in other countries, losing, year-after-year, opportunities to attract investment that are being taken advantage of by other countries, which have opted to take a more pragmatic and down-to-earth view. The implementation of REIT’s in Portugal is, therefore, an unavoidable issue and one that is the order of the day more now than ever. And it was precisely this that the Government did by including in the Proposed State Budget 2015 a legislative authorisation allowing the Government to allow the implementation of Portuguese REIT’s (SIPI), or Real Estate Patrimony Investment Companies) in the near future, from the start of 2016. By reading the legislative authorisation in the Proposed Law for the State Budget 2014, one can work out that the Government has opted to follow a model similar to the Spanish SOCIMI’s. The key characteristics of our future REIT’s is that they will arise out of legislation and go on very rapidly (in a nutshell) to encapsulate the following: The main goal: investment in real estate assets for rent; Minimum capital €5,000,000; mandatory admission for the negotiation of respective shares (with the provision for an expected deadline to this effect); Obligatory distribution of a share of the dividends from the activity, at an interval (to be defined), of between 75% and 90% of the respective value; Definition of an optional special tax regime, which will include, among other aspects, the principle of taxation on payout through the creation of an exemption rule for REIT’S and shareholders taxation liability. It is essential that the Government puts this legislative authorisation into practice as a soon as possible (ideally after the approval of the State Budget 2015). The real estate market enjoys great buoyancy in Europe (and in Portugal too) and it would be unforgivable if at this time advantage were not taken to provide the country with an investment vehicle available in all the countries that compete with Portugal as a real estate investment destination.
Fio 26 de Prumo 08 NOV/DEZ 2014
Renacimóvel
PME de referência no mercado da reabilitação Benchmark SME in the rehabilitation market
27 08 NOV/DEZ 2014
Com o crash da economia mundial, a Renascimóvel teve de redefinir toda a sua estratégia. Hoje, como o director Geral, César Neto, explica não só têm um importante portfólio como estão entre as melhores empresas de regeneração e reabilitação do País. With the world economic crash, Renascimóvel had to redefine its entire strategy. Today, as the company’s CEO, César Neto explains, it doesn’t just have an important portfolio but is also among the best urban regeneration and rehabilitation companies in the country.
Sendo uma PME do sector, registaram um aumento progressivo do vosso volume de negócios e simultaneamente apresentaram lucros. Estamos a falar de tempos de crise, como foi isso possível? É verdade. Quando nos decidimos por uma presença mais significativa na reabilitação urbana, fomos surpreendentemente confrontados com a queda do “Lehman Brothers” e com o crash da economia mundial. Nessa altura redefinimos toda a estratégia da Renascimóvel em função dos novos constrangimentos de mercado no contexto interno e externo. Decidimos numa primeira fase, apostar nas obras de reabilitação de particulares. Um “target” que se mantém sempre activo. Depois de atingido o equilíbrio operacional, alargámos o âmbito dos clientes, trabalhando para os institucionais. Optámos pelas obras de pequena e média dimensão. Com uma política de seriedade virada para o cliente (ao contrário do histórico negativo do sector), temos vindo a ser compensados com a repetição dos clientes. Mais um sinal claro de que estamos no rumo certo. Sobre os resultados positivos alcançados, apenas seguimos o que as boas práticas de gestão aconselham. Temos dado relevância ao cumprimento dos prazos e à gestão criteriosa dos trabalhos a mais (evitando-os sempre que possível), e percebemos que essa preocupação tem contribuído de forma decisiva para termos tido bastante trabalho e resultados. Os clientes percebem, até no bolso, que nos preocupamos com os seus investimentos. Somos rigorosos
e exigentes na triagem e compatibilização dos projectos técnicos - arquitectura, especialidades, criteriosos na escolha dos materiais e claros nas nossas propostas. O nosso “Management” procura eficiência no uso dos recursos e eficácia nos objectivos - os financiamentos e os recebimentos de algumas empreitadas executadas, tem-nos obrigado a uma ginástica terrível. Conseguimos sobreviver à hecatombe dos últimos anos. A Renascimóvel por saber fazer é já uma PME de referência no mercado da reabilitação imobiliária. Reabilitar não é apenas, saber comprar e bombar betão pronto, assentar paredes de alvenaria, aplicar reboco e espalhar tinta em paredes. Partilha da opinião de que o sector da Reabilitação Urbana será o maior segmento da construção nacional num futuro próximo? Claro que sim. As melhores práticas de regeneração e de reabilitação, há muito que estão presentes nos países da Europa, especialmente nos do Centro e do Norte. O nascimento da Renascimóvel há mais de quinze anos, não é alheio a esse movimento, por nós verificado e estudado. Basta olhar para a junção de palavras, que deu origem ao nome da empresa. Recuperar o património edificado, é uma forma de valorização e afirmação das sociedades, além de ser um motor das suas economias e um mecanismo que proporciona condições para o negócio das empresas e o bem-estar das famílias. Este segmento, de enormes especificidades, não será certamente o suporte exclusivo dos futuros
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negócios da construção e do imobiliário. Pensamos que alguns nichos destinados a novas edificações, especialmente ligados à expansão do negócio turístico-imobiliário e de saúde, podem vir a proporcionar bons negócios. Tal como as empreitadas de engenharia civil relacionadas com a reabilitação e consolidação estrutural e com as infra-estruturas gerais. A Renascimóvel está mais virada para as pequenas e médias obras de reabilitação e para a região de Lisboa. Porquê? Ao contrário do discurso vigente, pensamos que o futuro do mercado da reabilitação passa essencialmente por intervenções de pequena e média dimensão. A compra de imóveis novos, na generalidade, está mais dificultada pelo financiamento. Grande parte dos proprietários, por exemplo na habitação, optará por investir numa reabilitação controlada (de investimento racional menor), em detrimento do “upgrade” sucessivo do local, da qualidade, da tipologia, modelo praticado nos últimos anos. O País não está com capacidade para reabilitar enormes quarteirões urbanos ou grande parte do património histórico e cultural institucional. Apenas um quarto dos investimentos globais, serão destinados a essa obras e consequentemente às grandes empresas. Que mesmo assim terão de se socorrer de outras, menores e verdadeiramente especializadas. A reabilitação a sério ajusta-se mais às PME. Isto é ainda mais válido para as que localmente e no interior do País, conhecem bem a disponibilidade de mão-de-obra qualificada. Começámos pela grande Lisboa, porque aqui temos exercido uma diversidade de competências técnicas e de gestão, que iniciámos noutra empresa, participando na construção do Hospital de Santarém, em 1978. Em Lisboa e nos arredores, porque as iniciativas e o volume de negócios aqui se concentram. Somos apologistas de uma reabilitação generalizada no País e tudo faremos por estar presentes nela, alargando o âmbito e área de intervenção, mesmo que para isso tenhamos de vir a percorrer o País. Assim os nossos líderes nos ajudem e dinamizem o sector. Contando com um portfólio notável, que obras têm actualmente em curso ou em carteira? Como sabe trabalhamos muito com particulares (preferencialmente), mas temos também um “portfólio” enorme de clientes institucionais públicos. A Renascimóvel é já uma PME de referência, na reabilitação de todo o tipo de obras. Temos feito trabalhos muito distintos, com ele-
vada exigência no tipo de gestão e nos requisitos técnicos e operacionais. Somos detentores da 10ª Subcategoria de Empreiteiros de Restauro de Bens Imóveis e Histórico-Artísticos. Uma atribuição pouco frequente nos tempos que vivemos. Temos vastos trabalhos em execução, adjudicados ou em negociação final. Não desvendando totalmente um dos segredos do negócio, referimos algumas empreitadas que a Renascimóvel tem em carteira: a reabilitação de uma moradia de arquitectura tradicional, em Carnide; a reabilitação de um condomínio de 78 fogos no Largo dos Trigueiros, em Lisboa; a reabilitação de uma moradia tradicional junto à Muralha em Óbidos, Caldas da Rainha; a reabilitação de um prédio em Vialonga, Vila Franca de Xira; trabalhos diversos em Centros de Saúde e Sede da ARSLVT- Lisboa e S. João do Estoril; a reabilitação e adaptação de dois pisos na Sede da NAV - Aeroporto de Lisboa; adaptação e reconstrução de piso na Baixa de Lisboa, destinado a uma “Hostel”; adaptação de Loja no C. C. Colombo, em Lisboa, para uma marca de referência mundial, entre muitas outras empreitadas. Em Janeiro deste ano a Renascimóvel celebrou 15 anos de actividade. Sendo já uma referência no mercado da reabilitação a nível nacional, onde quer estar daqui a mais 15 anos? Pretendemos de forma progressiva e consolidada, continuar a ter o reconhecimento dos clientes e o reforço da notoriedade da empresa, pelas obras que nos são adjudicadas. Este ano vamos já com um aumento do volume de negócios, de 30% superior a 2013, e contamos apresentar ainda melhores resultados. Temos como objectivo, alcançar e consolidar a posição de uma Média Empresa, já no ano de 2016. Estamos nesta altura a tratar da constituição de uma nova empresa, que pretende estar activa no início de 2015. Trata-se de uma empresa de Gestão de Projectos - A Renascimóvel-GIP, que segundo as normas do PMI, irá tentar preencher uma das enormes lacunas do sector. A gestão de projectos que se faz é essencialmente gestão de fiscalização de obras e pouco mais. Queremos assessorar o investidor/cliente na plenitude, fazendo uma gestão integrada (a procura de imóvel-terreno ou edificação degradada; estudo da viabilidade administrativa; estudo da rendibilidade económica e financeira; aconselhamento sobre os projectos técnicos; fiscalização da execução; promoção e venda e assistência pós- venda). Being a SME in the sector, you have seen a progressive increase in business turnover
César Neto Director Geral CEO
and at the same time have shown profits. We’re talking about in times of crisis, so how has this been possible? Well it’s true. When we decided to take a more significant presence in urban rehabilitation, we were surprisingly faced with the collapse of Lehman Brothers and the world economic crash. At that time we redefined the entire strategy of Renasimóvel around the new market constraints in the internal and external context. We decided in the first phase to focus on private rehabilitation works. A target that we have always kept up. After having achieved an operational balance, we extended the scope of our clients, working for institutional developers. We opted for small and medium-sized projects. With a serious policy aimed at the client (unlike in the sector’s negative past), we’ve been rewarded with repeat clients. Yet another sign that we’re on the right track. As to the positive results achieved, we’ve just followed what good management practices advise. We’ve given relevance to meeting deadlines and being careful not to over-manage or take on too many projects (avoiding this whenever possible), and we’ve realised that this concern has contributed decisively towards us having had enough work and profits. The clients realise, even in terms of their budgets, that we’re careful with their investments. We’re demanding and pay strict attention to detail when weighing up technical projects and seeing if
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nism that provides the conditions for company business and the well-being of families. This segment, of enormous specificities, will certainly not be the only one to support future construction and real estate businesses. We think that some niches destined for new buildings, especially linked to the expansion of the tourist-real estate and health business, could result in good business deals; as is the case with civil engineering companies related to rehabilitation and structural consolidation and general infrastructure.
they are compatible – in architecture, careful and clear choice of materials when it comes to our proposals, etc. Our management model looks to efficiency in the use of resources and the effectiveness of our goals – achieving financing and getting some of the building construction carried out has forced us to jump through hoops. Through all this we’ve managed to survive the catastrophe of the last few years. Renascimóvel, let it be known is already a benchmark SME in the real estate rehabilitation market. Rehabilitation is not just about knowing how to buy and pump ready-made cement, putting up loadbearing walls, applying plaster and splashing paint on walls. Do you share the opinion that the Urban Rehabilitation sector will become the largest national construction segment in the near future? Of course! The best practices of regeneration and rehabilitation have been present in European countries for a long time, especially in Central and Northern Europe. The founding of Renascimóval over 15 years ago, was not divorced from this movement, which was something we knew about and studied. One only has to look at the mixture of words used in the company’s name. Restoring building heritage is a way of valuing and asserting societies, apart from being a driver for their economies and a mecha-
Renascimóvel is more directed as small and medium-sized rehabilitation works and for the Lisbon region. Why? Contrary to current talk, we think that the future of the rehabilitation market will essentially involve small and medium-sized projects. The purchase of new property, in general, has been made more difficult due to credit restrictions. A large part of property owners, for example in housing, will opt to invest in controlled rehabilitation (of less and more rational investment), instead of the successive upgrading of the site, quality and typology model practised in recent years. The country does not have the capacity to rehabilitate huge urban blocks or a large part of the institutional historic and cultural heritage. Just one quarter of total investment will be earmarked for these works and as a consequence for large companies. Which even so will have to subcontract other, smaller and truly specialised outfits. Serious rehabilitation will be suited more to SMEs. This is even truer for companies involved in local projects and those in the interior of the country, who know full well the availability of qualified manpower. We’ve started in Greater Lisbon because here we’ve exercised a wide variety of technical and management skills, which we began in another company, when we were involved in the construction of the Santarém Hospital in 1978. In Lisbon and the suburbs, since the initiatives and business turnover is concentrated here. We are advocates for a generalised rehabilitation in Portugal and we’ll do everything to be involved in this, widening the scope and area of intervention, even if this means we have to travel around the country doing so. In this way our leaders are helping us and boosting the sector. Boasting an impressive portfolio, what projects do you currently have up and running? As is known, we work with private entities (preferably), but we also have a huge portfolio of public institutional clients. Renascimóval is al-
ready a benchmark SME in rehabilitation and all kinds of works. We’ve carried out very specific works, with a high level of demand in the type of management and in the technical and operational requirements. We hold the 10th Subcategory of Property Restoration and Restoration of Historic-Arts Property (Certificate in Heritage Building & Construction). A certificate that you don’t come across frequently in these times. We’ve got a vast number of projects either under way, or for which we’ve won the tender or in the final phases of negotiations. Without totally giving away one of the secrets of the trade, we’d mention some projects that Renascimóvel has on its books: the rehabilitation of a traditional architectural detached property in Carnide; the rehabilitation of a 78-flat condominium in Largo dos Trigueiros, in Lisbon; the rehabilitation of a traditional house by the Walls in Óbidos, Caldas da Rainha; the rehabilitation of a building in Vialonga, Vila Franca de Xira; various works to Health Centres at the Headquarters of ARSLVT - Lisbon and São João do Estoril; the rehabilitation and adaptation of two floors to the Headquarters of NAV - Lisbon Airport; the adaptation and reconstruction of a floor in Lisbon’s downtown Baixa, earmarked as a “Hostel”; adaptation of a Shop in Colombo Shopping Centre, Lisbon, for a world-famous brand, among many other projects. In January of this year Renascimóvel celebrated 15 years in business. Being now a benchmark in the rehabilitation market nationally, where do you see yourselves in 15 years time? We aim in a progressive and consolidated way to continue to enjoy the recognition of our clients while strengthening the company’s profile and reputation through the projects that are contracted out to us. This year we’re already enjoying an increase in business turnover of 30% like-for-like on 2013, and we’re expecting to show even better results. We’re now setting up a new company which should be up and running by the beginning of 2015. This will be a Projects Management company - Renascimóvel-GIP, which according to SMI standards, will try and fill some of the huge gaps in the sector. The project management being done is essentially the management and supervision of works and not much else. We want to fully support and accompany the investor/client throughout, carrying out integrated management (property plot or dilapidated building search; administrative viability study; economic and financial viability study; technical projects advisory service; building supervision; development, marketing, sale and after-sales assistance).
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Herdade do Freixo do Meio
Um montado do sĂŠculo XXI
XXIst century pastoral management
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As sementes da Herdade do Freixo do Meio foram lançadas por Alfredo Cunhal Sandim há cerca de 25 anos. Hoje, este Montado é um ecossistema produtivo mas que soube preservar a identidade local e toda a sua Natureza para as gerações futuras. The foundations of the Herdade do Freixo do Meio estate were lain by Alfredo Cunhal Sandim around 25 years ago. Today, this estate is a productive ecosystem which has managed to preserve the local identity and all its natural habitat for generations to come.
Quase 25 anos depois de recuperar o montado tradicional, como sente hoje a Herdade do Freixo do Meio? Embora o agro-ecossistema do montado da Herdade do Freixo do Meio esteja longe de estar recuperado e optimizado, a aprendizagem e a realidade actual são para toda a equipa e para um segmento significativo da sociedade, muito satisfatórios e incentivadores. A compreensão e gestão de um ecossistema produtivo, desenhado pelo homem numa lógica de agro-ecologia, constituem no nosso entender o verdadeiro desafio do futuro, apesar da inércia provocada pela economia actual. Actualmente é um local rico pela sua biodi-versidade mas nem sempre foi assim… A mudança dos sistemas agrícolas ocorrida a partir de meados do século passado, pautada pela intensificação e pela simplificação dos processos produtivos, consumiu recursos como a biodiversidade de uma forma brutal e muitas vezes irreversível. Apenas tentamos, na nossa pequena realidade, não contribuir para o problema mas sim para a solução. Os índices de biodiversidade e de qualidade do solo melhoraram objectivamente nesta herdade. Qual a política de sustentabilidade que tem sido implementada na herdade?
A política seguida assenta no trabalho na recuperação do solo e da estrutura agro-florestal a par com a introdução de actividades primárias por forma a constituir um sistema complexo. A aposta na cultura local, nos recursos humanos locais bem como no conhecimento, derivam para a cooperação, a investigação, e para a inovação. A prática integral da filosofia da agricultura biológica bem como a ética da permacultura são pilares essenciais da nossa estratégia. De que forma, ou através de que mecanismos, essa estratégia é colocada em prática? Essencialmente através da escolha e implementação do agro-ecossistema do Montado como sistema produtivo. O Montado é um sistema agrícola criado pelo homem que funciona como um ecossistema natural e que produz o que nós necessitamos de forma completamente autónoma. É um exemplo real da bondade da aplicação dos princípios da agro-ecologia ao longo de mais de mil anos. Num clima tão adverso como o mediterrâneo (só ocupa 2% superfície globo; combina calor e seca; irregular de ano para ano) conseguiu através da mesma receita que suporta a natureza - a complexidade - superar as nossas necessidades e criar uma considerável quantidade de solo vivo. O sistema consiste num mosaico diverso de activi-
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dades produtivas que se desenvolvem num estrutura dominada por uma agro-floresta, composta por pelo menos três níveis, as árvores, os arbustos e pastagens. Ao mesmo tempo que se iniciou a recuperação da estrutura, o sistema foi sendo diversificado com base no conhecimento ancestral mas suportado pelo actual. O desafio consiste na criação de ecossistemas produtivos, independentes de recursos externos (fertilidade, energia, agro-tóxicos, alimento animal). Que novos ‘sonhos’ tem para o futuro da Herdade do Freixo do Meio? O novo desafio da herdade é a implementação em cerca de 80 hectares de uma nova estrutura de agro-floresta, um montado do século XXI. Está em fase de projecto. Almost 25 years after restoring this traditional ‘Montado’ pastoral management project, how is the Herdade do Freixo do Meio estate doing today? Whilst the Herdade do Freixo do Meio agro-ecosystem is far from being fully restored and in optimal operational order, the learning curve we’ve gone through and current reality are for the entire team and significant segment of society, very satisfactory and incentivising. Understanding and managing a productive eco-system, designed by man within a logic of agro-ecology, to our mind, constitutes a real challenge for the future, despite the inertia in the current economy.
A compreensão e gestão de um ecossistema produtivo, desenhado pelo homem numa lógica de agro-ecologia, constituem no nosso entender o verdadeiro desafio do futuro.
Understanding and managing a productive eco-system, designed by man within a logic of agro-ecology, in our way of thinking constitutes a real challenge for the future, despite the inertia in the current economy.
Today it is a place rich in biodiversity but that wasn’t always the case... The change in agricultural systems took place from the middle of the last century, marked by the intensification and simplification of productive processes, consuming resources such as biodiversity in a brutal and sometimes irreversible manner. We’ve just been trying, in our own small way, not to contribute towards the problem but rather to its solution. The biodiversity and soil quality indices have objectively improved on this estate. What policy of sustainability has been implemented on the estate? The policy followed is based on work decontaminating the soil and recovering the agro-forestry structure as well as the introduction of primary activities so as to build a complex system. Investing in the local culture, in local human resources as well as in know-how, fostering cooperation, research and innovation. The integral practice of the philosophy of agricultural biology as well as the ethic of permaculture are essential pillars in our strategy.
How, why and through what mechanisms has this strategy been put in practice? Essentially by choosing and implementing the ‘Montado’ pastoral management agro-ecosystem as a productive system. ‘Montado’ pastoral management is an agricultural system created by man which works as a natural ecosystem and which produces what we need in a completely independent way. It is a genuine example of fostering the application of agroecological principles that have been practised for more than 1,000 years. In a climate so adverse at the Mediterranean (which only covers 2% of the world’s surface; combining heat and drought with extremes from year to year) we’ve succeeded by using the same recipe that nature uses - its complexity - exceeding our needs and creating a considerable quantity of healthy soil. The system consists of a diverse patchwork of productive activities that are developed into a structure dominated by agro-forestry, made up by at least three levels: trees, bushes/hedgerows and pasture land. At the same time that we began to recover the structure, the system was diversified based on age-old traditional know-how but mixed with current techniques. The challenge consists of creating productive, self-supporting ecosystems providing own fertilizers, energy sources and animal feed without using agro-toxins. What new dreams do you have for the future of the Herdade do Freixo do Meio estate? The estate’s new challenge is the creation of around 80 hectares of new agro-forest structure, pastoral management for the XXIst century. It is in the development phase.
SHAPING THE FUTURE
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34 Atelier 08 NOV/DEZ 2014
Palmer-Grego Arquitectos Palmer-Grego Architects
A dupla de que se fala The duo on everyones’s lips
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Texto Text: Joaquim Pereira de Almeida
Quem estudou filosofia sabe, com certeza, que a dialética defende que os opostos se atraem. É verdade. Basta conhecer Noémia Palmer e Rui Grego, os proprietários do atelier de arquitectura, Palmer-Grego com enorme prestígio dentro e fora de Portugal. Those who have studied philosophy certainly knows the old adage that opposites attract. And it’s true. It’s enough to know Noémia Palmer and Rui Grego, the owners of the architects atelier Palmer-Grego which enjoys enormous prestige both at home and abroad.
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Ela é a “revolução” em pessoa, leva tudo à frente, é uma desportista radical. Ele é a calma assumida, sedentário e, talvez por isso, mais ouvinte que falador. Têm a mesma sociedade desde 2006 e mantêm-se na linha da frente de tudo o que é projecto importante. Apesar de diferentes, tiveram percursos muito parecidos. Ambos se formaram numa prestigiada universidade de Durban, na África do Sul, se bem que em anos distintos. Ela nasceu, foi criada e fez o secundário em Lourenço Marques, ele nasceu em Aveiro e emigrou, com os pais, ainda criança, para a África do Sul. Foram estudantes brilhantes mas depressa perceberam que tinham de partir porque o Apartheid acabava sempre por ser um travão pessoal e profissional. Viajam, viram novos mundos e passaram, ambos, por Inglaterra, onde trabalharam. O suficiente para terem saudades de Portugal e voltarem. Trabalham, lado a lado, no atelier de Mário Sua Kay que, curiosamente, também vem de África e estudou em Inglaterra. Foram uma dupla importante nesse atelier até que realizam uma velha aspiração: ter o seu próprio Gabinete. Estão juntos desde 2006, com um percurso invejável. Há quem os tome por “especialistas em SPA’s” mas são muito mais do que isso. Primam pelo rigor e são altamente exigentes. Percebe-se que não gostam muito de falar de política mas são pessoas com quem dá gosto conversar. Procure-os antes que a Noémia volte, pela sexta vez, à Austrália.
She is “revolution” personified, likes to forge ahead, loves radical sports. He’s calm, moves slowly and, perhaps because of this, is more of a listener than a talker. They’ve had the same firm since 2006 and have remained in the front line in all important projects. Despite being different, they’ve had very similar careers. Both got their degrees at the prestigious University of Durban in South Africa, even though in different years. She was born, raised and attended secondary school in Lourenço Marques, he was born in Aveiro and emigrated as a child with his parents to South Africa. They were brilliant students but quickly understood that they had to leave because Apartheid always ended up by being a personal and professional block. They travelled, saw new worlds and both spent time in the UK where they worked. Enough for them to miss Portugal and return. They worked side-by-side at the Mário Sua Kay atelier who, as it happened, also came from Africa and studied in the UK. They proved an important duo in this atelier and went on to achieve an old aspiration: to have their own architects studio. They’ve been together since 2006 with an envious track-record. There are those who pigeon hole them as “SPA specialists” but they’re so much more than this. They’re governed by accuracy and are highly demanding. One understands that they don’t like talking about politics but are people who are a pleasure to chat with. Look out for them before Noémia returns, for the sixth time, to Australia.
Mercado Broadway Malyan
Tendências globais Global Trends
Margarida Caldeira Main Board Director
O crescimento da cidade global e rápida urbanização dos países em vias de desenvolvimento, nos quais se prevê a triplicação da área de construção urbana pelo ano de 2050, está a redefinir o mundo urbano. Em 2025, as 600 mais importantes cidades do mundo contabilizarão 60% do PIB mundial e dentro de 20 anos a população global crescerá dos 6,9 biliões de pessoas (actuais) para 8,3 biliões com 59% da população vivendo em cidades. Isto apresenta sérios desafios aos nossos arquitectos, planeadores e designers que desenham novos edifícios e infra-estruturas. Contudo, na Broadway Malyan estamos comprometidos no apoio à urbanização responsável e demonstrando as melhores práticas internacionais para alcançar o melhor equilíbrio possível entre o retorno do investimento, a sustentabilidade, a concretização de lugares de excelência e habitabilidade. Entretanto, a pressão exercida por governos e grandes companhias rumo a economias verdes está a conduzir os temas da sustentabilidade e da construção ecológica para o panorama global do design. Recorde-se que o Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) reuniu-se com 285 dos investidores mais importantes de todo o mundo, representando estes 20 triliões de dólares em vantagens, que apelaram aos governos para a mobilização no combate às alterações climáticas incluindo o investimento em indústrias emergentes como é o caso dos edifícios ecológicos. Neste contexto, e porque desenhamos edifícios e construímos os ambientes do futuro, acreditamos que temos especial responsabilidade em auxiliar na criação de edifícios e ambientes que são sensíveis à questão ambiental e sustentabilidade ao longo do seu ciclo de existência. Por isso, especificamos activamente materiais sustentáveis, tecnologias e métodos de construção para os nossos projectos sempre que possível. Refira-se também que os avanços tecnológicos estão a conduzir ao uso prático do Building In-
formation Modeling (BIM) enquanto ferramenta das melhores práticas na indústria global do design. O BIM é um processo que envolve a geração e gerenciamento de representações digitais das características físicas e funcionais dos lugares. Os BIM’s são ficheiros que trocados ou postos em rede para auxiliar na tomada de decisões respeitantes a um determinado lugar. Por isso a Broadway Malyan investiu 1,2 milhões de libras em ferramentas de design BIM de modo a melhorar o nosso serviço aos clientes através de um acordo estratégico por vários anos com a Autodesk, fornecedora do BIM, estamos a caminho de uma estratégia BIM totalmente integrada e baseada em cloud. Isto está a permitir-nos coordenar o trabalho feito em design por toda a nossa rede de escritórios e melhorar a nossa capacidade de trabalhar em colaboração com clientes e parceiros em projectos de maior relevância, por exemplo quando a nossa operação é lead consultant em projectos globais particularmente importantes. Por último, destaque para o crescimento continuado das chamadas “cidades inteligentes”. Tal é o resultado do potencial de novos desenvolvimentos em “smart technology” no que toca a auxiliar na facultação de uma melhor qualidade de vida, produtividade económica e colaboração internacional, com a promessa de que as tecnologias inteligentes contribuirão para cidades mais ecológicas, mais eficientes e de menores custos no seu funcionamento. Neste âmbito, estamos a liderar globalmente alguns projectos de cidades inteligentes, incluindo Bandar, na Malásia, e acreditamos que cidades inteligentes bem-sucedidas dependem da criação de mais e melhor desenhados espaços físicos para interacção e trabalho em rede bem como soluções tecnologicamente aplicáveis. The growth of the global city and the rapid urbanisation of developing countries, where it is predicted that the urban construction area will triple by the year 2050, is redefining the urban world.
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In 2025, 600 of the world’s most important cities will be responsible for 60% of the world’s GDP and within 20 years the global population will grow from 6.9 billion people now to 8.3 billion, with 59% of the population living in cities. This throws up serious challenges for our architects, planners and designers who design new buildings and infrastructure. However, at Broadway Malyan we are committed to supporting responsible planning and showing the best international practices to achieve the best balance possible between return on investment, sustainability and achieving cities that are excellent places to live. Meanwhile, the pressure from governments and large companies to move towards green economies is driving themes of sustainability and eco-
logical construction for the panorama of global design. It will be recalled that the United Nations Environmental Programme (UNEP) met with 285 of the most important investors from all over the world, representing these 20 trillion dollars in advantages, who called on governments to mobilise to fight climate change, including investment in emerging industries as is the case with ecological buildings. In this context, and because we design buildings and are building the environments of the future, we believe that we have a special responsibility in helping in the creation of buildings and environments that are sensitive to the environmental and sustainability issue throughout their cycle of existence. Which is why we actively insist on the use of sustainable materials, technology and methods of construction for our projects whenever possible. It should also be mentioned that advances in technology are leading to the practical use of Building Information Modelling (BIM) as a tool for best practices in the global design industry. BIM is a process that involves the generation and management of digital representations of the physical and functional characteristics of places. BIMs are files that are exchanged or placed in the network to help in the taking of decisions regarding a specific place. This is why Broadway Malyan has invested 1.2 million UK pounds (1.5 million euros) in BIM design tools so as to improve our service to clients through a strategic agreement for several years with Autodesk, the supplier of BIM, and we’re on the road to a BIM strategy that is totally integrated and cloud based. This is enabling us to coordinate the design work done by our entire network of offices and improve our working capacity together with clients and partners on major projects, for example when our operation acts as lead consultant in particularly important global projects. Finally, we would highlight the continuous growth of so-called “smart cities”. This is the result of the potential of new developments in “smart technology” in respect to helping to make it easier to have a better quality of life, economic productivity and international collaboration, with the promise that smart technologies will contribute towards more ecological, efficient cities and which cost less to run. In this sense, we are globally leading some smart cities projects, including Bandar, in Malaysia, and we believe that successful smart cities depend on the creation of more and better designed physical spaces for interaction and networking as well as technologically applicable solutions.
Mercado CBRE
A Baixa está em alta Lisbon’s downtown is uptown!
Francisco Sottomayor Director de Promoção Director of Development
Ao longo dos anos cruzei-me com dezenas de investidores que se enamoraram pela Baixa de Lisboa. Espantavam-se tanto com o seu enorme potencial como com o estado de degradação a que tinha chegado. O facto é que, provavelmente desencorajados com a dimensão e complexidade da tarefa e pouco dados a pioneirismos, um a um, todos acabaram por investir em outras zonas (ou em outras cidades), deixando o dito diamante por lapidar. Hoje é inequívoco que a baixa despertou do seu longo Inverno. Os sinais estão bem à vista: dezenas de prédios reabilitados. Hotéis, hostels e apartamentos para turistas multiplicam-se como cogumelos. Mesmo o novo comércio, que até recentemente se limitava quase exclusivamente à Rua Augusta, parece finalmente querer transbordar para as suas laterais, mercê da pressão do impressionante foot fall que hoje a Baixa regista. Aqui chegados vale a pena reflectir sobre qual foi afinal o catalisador desta mudança. Será que foi a vontade política? Não negamos que o Governo central tem concentrado esforços importantes na área da reabilitação urbana: a nova lei das rendas, o actual quadro legislativo e fiscal da reabilitação urbana, o regime excepcional para a reabilitação de edifícios e o licenciamento zero, são exemplos de um esforço da Administração central que se reconhece. Ao nível local, é igualmente justo constatar uma
maior pro-actividade da Câmara Municipal de Lisboa (CML) no que respeita ao licenciamento naquela zona. A coordenação entre a CML e o IGESPAR é um bom exemplo disso mesmo. Acresce que por iniciativa directa ou indirecta da autarquia nasceram vários novos pólos de atracção da cidade: a renovação da Praça do Comércio e da Ribeira das Naus, o MUDE e o Lisboa Story Centre. Curiosamente, ou talvez não, todos estes exemplos se localizam precisamente na Baixa lisboeta. Quem sabe por preconceito ideológico, inclino-me, no entanto, a pensar que o grande catalisador foi a iniciativa dos pequenos proprietários e investidores, impulsionados pelo incrível motor que nos últimos anos tem sido o turismo na cidade. Aí chegados, podemos discutir eternamente sobre “o ovo ou a galinha”. Será que foram os turistas que geraram o fenómeno dos hostels ou terá sido a consolidação de Lisboa como um destino de short breaks que deu origem à nova vaga de hotéis? Claro que todo este movimento não podia agradar a todos. Uns dizem que há limites para a quantidade de hotéis e hostels que se podem construir. Outros falam do transtorno que as hordas de turistas e os seus exóticos tuc-tucs causam no trânsito da cidade. Apostaria que não tarda muito para a turismofobia entrar no léxico dos alfacinhas, à semelhança do que sucede já há algum tempo em Barcelona. A estes e àqueles que dizem agastado e que a baixa “já não é o que era”, apetece-me responder: saudades, só do futuro. Over the years I have crossed paths with dozens of investors that have fallen in love with Lisbon’s downtown area known as the Baixa. They are amazed as much by its huge potential as with the dilapidated state that it had fallen into. The fact is that, probably discouraged with the size and complexity of the task and not given to being pioneers, one by one, all of them ended up by investing in other areas (or in other cities), leaving the diamond unpolished. Today all agree that the Baixa has awoken from its long winter. The signs are all around to see: dozens of buildings which have been done up. Hostels, hotels and apartments for tourists have sprung up like mushrooms. Even the new high street shopping, which until recently was limited virtually to just
Rua Augusta, seems to finally want to spill over to parallel and side streets, thanks to the impressive footfall seen today in the Baixa. Standing here it’s worth looking around and reflecting on what was the catalyst for this change. Was it political will? We wouldn’t deny that central Government has concentrated its important efforts in the urban rehabilitation area: the new rental law, the current legislative and taxation framework for urban rehabilitation, the exceptional regime for rehabilitating buildings and zero planning permission, are examples of the efforts that Central Government has made and should be recognised. At a local level, and equally deserving a mention is the greater proactiveness shown by Lisbon City Council (CML) in respect to planning permission in that area. The coordination between CML and IGESPAR (the body responsible for protecting building heritage and Grade 1 and II listed buildings) is a good example of this. Added to this through the direct or indirect initiative of the municipal council, various parts of the city have been done-up creating new magnets of attraction: the renovation of Praça do Comércio and Ribeira das Naus, MUDE and the Lisbon Story Centre. Curiously or not, all these examples happen to be located precisely in the Baixa. Whether for ideological prejudice, I’m inclined, however, to think that the main driver was the initiative of small owners and investors, spurred on by the incredible driver that in recent years has been tourism in the city. Whatever the reasons, we could endlessly discuss which came first, the chicken or the egg. Was it the tourists who generated the hostels phenomena or was it the fact that Lisbon has managed to re-brand itself as a short-break destination that lay behind this new wave of hotels? Of course this movement can’t please everyone. Someday there are limits as to the number of hotels and hostels that can be built. Others talk about the upheaval that these hordes of tourists and their exotic habits cause to the city’s traffic. I would hazard to guess that it won’t be long before the word tourism phobia enters the lexicon of Lisboners, in the same way as has happened in Barcelona. To these voices who say aghast that the Baixa “isn’t what it used to be”, I feel like saying: good riddance, here’s to the future.
41 08 NOV/DEZ 2014
Worx
A inversão do ciclo imobiliário? The returnaround of the real estate downtown?
José Covas Head of Valuation
Os últimos dados divulgados sobre o comportamento do mercado imobiliário português demonstram sinais de recuperação na generalidade dos sub-mercados com especial enfoque no sector de escritórios e turismo. De igual forma o reacender da procura institucional internacional para o mercado de investimento imobiliário português, que nos últimos anos foi dominado pelos investidores institucionais domésticos e pelos negócios “Golden Visa”, é já encarado, por muitos, como o primeiro sinal claro de recuperação do sector. Apesar destas notícias serem positivas, importa contudo ter alguma prudência na sua análise e na previsão da capacidade de as mesmas se traduzirem numa recuperação efectiva do sector. Com efeito, a maioria dos negócios realizados, e em curso, circunscrevem-se a imóveis core em boas localizações, existindo ainda pouco interesse por imóveis secundários. Nos últimos anos foi realizado um esforço significativo pelo sector de tentar corrigir algumas assimetrias que ocorriam nas valorizações das carteiras, muitas causadas por excessos de optimismo na valorização dos riscos implícitos, outras por alguma inexperiência, quer na valorização das mesmas, quer na construção dos modelos de negócio que lhe estão subjacentes. Apesar desse esforço, muito ainda há por fazer nomeadamente na definição de estratégias de rentabilização de longo prazo para os investimentos e projectos imobiliários. A necessidade de um serviço integrado - em que todos os serviços são transversais, multidisciplinares e focados nas necessidades do cliente - é mais do que nunca o segredo para que muitas das oportunidades de negócio, que agora surgem, possam efectivamente dar um retorno atractivo que permita aos investidores internacionais continuarem no mercado português. A real interpretação das necessidades do mercado imobiliário, assegurando sinergias entre as diversas áreas de especialidade, será seguramente a forma de garantir que o ciclo imobiliário realmente inverteu e que melhores tempos virão no mercado imobiliário português.
The latest data released on the Portuguese real estate market’s behaviour shows signs of recovery across-the-board in the sub-markets with special focus on the offices and tourism sector. Equally, the reigniting of international institutional demand for the Portuguese real estate investment market, which in recent years has been dominated by domestic institutional investors and “Golden Visa” business, is now seen by many as the first clear sign of the sector’s recovery. Despite this new being positive news, it is important however to show some prudence when analysing and predicting the capacity of the same and if that really translates into an effective recovery of the sector. The result being that the majority of the business undertaken, and under way, has been confined to core properties in prime locations, there still being little appetite for secondary properties. A significant effort by the sector has been made in recent years to try and correct some of the asymmetries that occurred in portfolio valuation, many caused by an excess of optimism when valuing the inherent risks, others from some inexperience, both in valuing the same and in the building of the business models that were underlying them. Despite this effort, there’s still a lot to do, namely in defining long term investment return strategies for real estate projects and investments. The need for an integrated service - in which all of the services are transversal, multidisciplinary and focused on the needs of the client - and more than ever the secret for many business opportunities that are now arising could really give an attractive return permitting international investors to continue in the Portuguese market. The real interpretation of the needs of the real estate market, ensuring synergies between diverse areas of speciality, will surely be the way to guarantee that the real estate sector really has turned the corner to recovery and that better times are on the horizon for the Portuguese real estate market.
42 Mundo Do 08 NOV/DEZ 2014
Expo Real 2014
“É sempre um bom cartão-de-visita” “It’s always a good calling card to say that we were at Expo Real”
43 08 NOV/DEZ 2014
Todas as empresas portuguesas e visitantes nacionais na Feira Internacional Expo Real que decorreu em Munique, na Alemanha, foram unânimes: este evento permite ampliar a carteira de clientes e potenciar a concretização de negócios. O certame em si foi, segundo a organização, um “sucesso”. All Portuguese companies and visitors to the Expo Real International Real Estate Fair, which ran in Munich, Germany, were unanimous: this event enables us to increase our client portfolio and boost business. The fair, in itself, according to the organisation, was a success.
O dinamismo e optimismo marcaram o ambiente da 17ª edição da Expo Real. Segundo os dados avançados pela organização, este certame contou com um total de 1.655 expositores (em 2013 foram 1.653) oriundos de 34 países (2013: 34). Assistiu-se assim, a um ligeiro crescimento em relação à edição de 2013, em 2,5%, tendo contado com um total de 36.900 profissionais (2013: 36.000) de 74 países (2013: 65), o que se ficou a dever, em grande parte, ao aumento da participação internacional. Aliás, quem esteve neste evento no ano passado e voltou este ano, como é o caso da Magazine Imobiliário, bastou um olhar global ao certame para facilmente perceber esse crescimento, uma vez que o “mar de gente” a marcar reuniões e a fazer negócio era notório. Portugal teve uma presença tímida mas que deu sinais de que algo está a mudar no panorama nacional. Todas as empresas portuguesas presentes no evento foram unânimes ao dizer que, durante os dias em que se realizou esta feira, fizeram excelentes contactos e negócios com grandes probabilidades de se concretizarem. Ainda assim, não passou despercebido o facto de ter sido uma feira mais virada para o mercado interno, onde os portugueses esbarraram, em alguns stands, com um “não” a contactos que não fossem ‘made in Deutchland’. Estratégia das empresas ou não, não conseguimos apurar as razões desta situação…
Merece referência o habitual espaço da Sonae Sierra, o stand colectivo da Invest Lisboa que reuniu a Câmara Municipal de Lisboa (CML), a Baía do Tejo, a Pura Imagem, a Carvalho & Ramilo, a Living Stone, a PLMJ e o Troiaresort, e a estreia da empresa Wondering 3D. O director geral da Messe Munchen International, Eugene Egeenmeir, afirmou à nossa publicação que “nos últimos anos, a situação política e económica em Portugal contribuiu para um declínio dos expositores”, por isso diz-se “muito satisfeito por, este ano, Lisboa estar representada”. Fique a saber o que fizeram as empresas portuguesas na feira de Munique. Invest Lisboa O director executivo da Invest Lisboa, Rui Coelho declarou que “conseguimos, este ano, estar presente com algumas empresas portuguesas parceiras, conseguimos também fazer muitos contactos para fins diversos, até mesmo agendar reuniões em Lisboa com potenciais investidores durante o mês de Outubro, e conseguimos ainda receber vários projectos pedidos para satisfazer já em mãos”. Durante a Expo Real, Rui Coelho revelou-nos que existe o interesse por um terreno de 120m2, na zona do Parque das Nações, para se fazer um empreendimento misto que vai incluir uma pequena fábrica e comércio. No que concerne a esta feira internacional, é da
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opinião que “é sempre um bom cartão-de-visita dizer que estivemos na Expo Real”. Pura Imagem O director comercial Miguel Correia defende que “a presença neste tipo de feiras é sempre importante a nível internacional, quanto mais não seja para percebermos como está o mercado, ver como os promotores, os construtores e os arquitectos estão-se a movimentar e que tipo de projectos estão a apresentar neste momento nas feiras”. Deste modo, “a feira apresenta-se como um indicador da forma como devemos actuar e nos promover nos meses seguintes”, acrescenta. Tece, no entanto, algumas críticas à edição deste ano da Expo Real. Na sua opinião, “a feira esteve muito virada para o mercado alemão, existiram alguns stands que fizeram mesmo a questão de ignorar um bocadinho o resto do mundo e focaram-se no mercado interno, provavelmente por questões estratégicas”.
Ainda assim, considera que o “balanço é sempre positivo, quanto mais não seja para perceber o que se passa nos mercados não só alemão, mas da Polónica, República Checa, entre outros, e perceber como vai o imobiliário europeu e não só”. Carvalho e Ramilo Esta é uma empresa dedicada à consultoria de investimento e à consultoria fiscal, dando apoio ao investimento estrangeiro em Portugal. Mas é também uma empresa com vários outros negócios que passam, a título de exemplo, pelo “turismo rural e por uma ilha localizada na costa central de Portugal” onde, como a managing director Filomena Ramilo explica, “um homem muito rico pode chegar ao nosso País no seu jacto privado e depois deslocar-se a esta ilha de barco, onde vai encontrar desde moradias, escola, serviços… algo semelhante a uma pequena Miami”. Este é um projecto que já foi “aprovado”, afirma. Outro projecto que também já tem sinal verde é
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Todas as empresas portuguesas presentes no evento foram unânimes ao dizer que, durante os dias em que se realizou esta feira, fizeram excelentes contactos e negócios com grandes probabilidades de se concretizarem. All the Portuguese companies at the event were unanimous in saying that over the days of the event, they made excellent contacts and business deals with a good probability that these deals would come off.
o de uma “mini-cidade para construir dentro da cidade de Lisboa”. Esta empresa promove ainda “uma aldeia de 14 hectares, com 300 anos que vem da História de Pedro Álvares Cabral e que possui 92 moradias em pedra de xisto que está preparada para fazer turismo rural, turismo de saúde e relaxamento ou estágios de futebol”. Como Filomena Ramilo conclui: “Andamos pelo mundo fora a afirmar que Portugal é Premium Investment and Top Tax Choice”. Wondering 3D A CEO Raquel Fortes declarou que “no ano passado visitámos várias feiras na Europa e este ano optámos por estar presentes em algumas delas, como é o caso da Expo Real”. Participar nesta feira foi uma “experiência positiva” pelo que “poderá ser uma feira na qual iremos continuar a participar, até porque como a nossa empresa está muito virada para o exterior temos mesmo de fazer este investimento para que se conheça o nosso trabalho no estrangeiro”. Worx Encontrámos o CEO da Worx em Munique, o qual nos revelou que achou “óptimo o ambiente da Expo Real deste ano”, considerando mesmo que “é notório que o mercado está a voltar, basta ver a dinâmica das empresas presentes no evento, não só os internacionais, como os portugueses que
participam na feira”. Pedro Rutkowski visitou o expositor conjunto das empresas portuguesas e achou “importante esta presença”. Dynamism and optimism marked the atmosphere of the 17th edition of Expo Real. According to data advanced by the organisation, this fair had a total of 1,655 exhibitors (in 2013 there were 1,653) from 34 countries (2013: 34). There was therefore a slight increase in relation to the previous edition in 2013, by 2.5%, there having been 36,900 professionals (2013: 36,000) from 74 countries (2013: 65), which was to a large extent down to an increase in international participation. However, those who were at last year’s event and returned this year, as is the case of Magazine Imobiliário, only had to take a general look around the fair to easily see this growth and the sea of people booking meetings and doing business was notable. Portugal had a limited presence but it was enough to show that something is changing on the national landscape. All the Portuguese companies at the event were unanimous in saying that over the days of the event, they made excellent contacts and business deals with a good probability that these deals would come off. Even so, it did not go unnoticed that this fair seemed to have been more directed at the internal market,
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Portugal teve uma presença tímida mas que deu sinais de que algo está a mudar no panorama nacional. Portugal had a limited presence but it was enough to show that something is changing on the national landscape. where the Portuguese came up against at some stands a “No” to contacts that were not “made in Germany”. The strategy of companies or not, we couldn’t work out the reasons for this situation... The usual Sonae Sierra space deserves mentioning, as does the collective Invest Lisboa stand in conjunction with Lisbon City Council (CML), Baiá do Tejo, Pura Imagem, Carvalho & Ramilo, Living Stone, PLMJ, and Troiaresort, and the début of the company Wondering 3D. The CEO of Messe Munchen International, Eugene Egeenmeir, told our publication that “in recent years, the political and economic situation in Portugal has contributed towards a decline in exhibitors”, which is why he says that he is “very pleased that Lisbon is represented this year.” Let’s see what Portuguese companies were doing at the Munich fair. Invest Lisboa The CEO of Invest Lisboa, Rui Coelho declared that “we managed, this year, to be present with some partner Portuguese companies, we also managed to make lots of contacts for diverse reasons, even to book meetings in Lisbon with potential investors during October, and we even managed to get the go-ahead now for various project requests”. During EXPO Real, Rui Coelho told us that there is interest in a 120m2 plot of land in the Parque das Nações area, to build a mixed development that will include a small factory and trade. Regarding this international fair, he says that it is “always a good calling card to say we were at Expo Real.” Pura Imagem Its commercial director Miguel Correia argues that “being at this kind of fair is always important internationally, if only to take the temperature of
the market, see how developers, builders and architects are acting and the kind of projects they are presenting at the moment at these fairs”. In this way, “the fair gives us an indication on how we should act and promote ourselves in the coming months”, he adds. However he has a few criticisms of this year’s Expo Real. In his opinion, “the fair was rather focused on the German market, there were some stands that actually made a point of ignoring the rest of the world and focused on the internal market, probably for strategic reasons”. Even so, he believes that the “balance was always positive, if only to understand what’s going on in other markets, not just the German, but also in Poland, the Czech Republic among others, and understand how the real estate market is doing in Europe and further afield.” Carvalho e Ramilo This is a company dedicated to investment and tax consultancy, supporting foreign investment in Portugal. But it is also a company with various other business areas such as, for example, “rural tourism on an island located on the coast of central Portugal” where, as Managing Director Filomena Ramilo explains, “a very rich man can arrive in our country in his private jet and then go to this island by boat, where detached houses, a school and services are to be found...a bit like a little Miami”. This project has “already been given planning permission” he says. Another project that has also been given the green light is that of a “mini-city to be built within Lisbon”.
This company is also developing “a 14 hectare village from a location with over 300 years of history from the times of Pedro Álvares Cabral (the Discoverer of Brazil) and which has 92 houses made from slate which is being prepared for rural, health and relaxation tourism or football training”. As Filomena Ramilho concludes: “We go out into the world advertising Portugal as a Premium Investment and Top Tax Choice destination”. Wondering 3D Its CEO Raquel Fortes stated that “last year we visited various fairs in Europe and this year we opted to be present at some of them, as is the case with Expo Real”. Taking part in this fair was a “positive experience” since this is a fair in which we can continue to take part, because since our firm is very focused on abroad we really have to make this investment so that out work becomes known overseas.” Worx We came across Worx’s CEO in Munich who revealed to us that he thought that the “atmosphere at Expo Real was excellent this year”, actually believing that “this market is bouncing back, and one only has to see the energy of the companies present at the event to understand this, not just the international ones but also the Portuguese companies taking part in the fair”. Pedro Rutkowski visited the fair with a number of Portuguese companies and thought “being present was important”.
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Do Mundo Reino Unido
Notícias de Los Angeles United Kingdom
Report from Los Angels
Roberto Varandas Director Global de Desenvolvimento de Negócios – Imóveis Global Head of Business Development – Property Aberdeen Asset Management
Durante os últimos anos tenho participado na conferência de Outono organizada pela Pension Real Estate Association – “PREA”. Fundada no final dos anos 70, a PREA reúne gestores de fundos imobiliários, investidores institucionais, REITs, promotores e fornecedores de serviços que visam debater o estado actual e as perspectivas futuras da indústria. Embora a organização conte com membros de todo o mundo, esta associação está concentrada em organizações norte-americanas. Neste âmbito, posso dizer que a Aberdeen Asset Management é um membro activo desta fantástica organização. O facto de estar fixado na Europa, deixa-me sempre curioso na forma como outros mercados, outros investidores e outros participantes no mercado vêem os mercados europeus e na forma como esses pontos de vista mudam com o tempo. Nos últimos três a quatro anos, com a vantagem de observar este grande fórum em determinados pontos específicos no tempo, tem sido particularmente interessante verificar como o sentimento para com os mercados imobiliários europeus mudou. Recordo-me da mesma conferência, em 2012, também em Los Angeles, quando o mercado residencial nos EUA estava a acabar de sair de uma profunda crise e quando os gestores de grandes e privados fundos de acções estavam a começar a adquirir moradias com grandes descontos obtidas principalmente por parte de vendedores em “distress”, um segmento pouco dado a investidores com a necessidade de investir grandes quantidades de capital e uma tarefa nada fácil quando se compra casas unifamiliares, uma a uma. Nessa altura, a visão era de que a Europa desintegrar-se-ia, a Grécia ia sair do Euro e os investidores deviam ficar longe da Europa ou corriam o risco de ver os seus investimentos serem, de repente, denominados numa nova moeda. Avançando em modo “fast forward”, um ano depois em 2013, subitamente a Europa era “o” lugar para estar. O capital estava a começar a inundar o mercado norte-americano e a recupe-
ração já tinha ocorrido, por isso os investidores tinham de procurar retornos mais elevados em pastos mais verdes. A Europa parecia ser a região destinatária deste capital e, embora ainda houvesse grandes dificuldades, o pior parecia ter passado tanto nas instituições como nas economias mais fracas da Europa. Os investidores e os gestores de fundos foram igualmente exaltados com os benefícios de investir em Espanha, Itália e Portugal. O cínico em mim questionou se alguns desses participantes realmente conhecia a realidade desses mercados localmente e se realmente iriam produzir os retornos que esperavam. Ou se estavam cientes de que, por exemplo, nenhuma transacção considerável tinha ocorrido no mercado de escritórios de Lisboa desde 2009, sequer com um investidor estrangeiro. Este ano parece que se deu dois passos à frente e um passo atrás. As oportunidades de “distress” são evasivas e a realidade é que os retornos nos mercados maiores e mais líquidos - Reino Unido, EUA, Japão - superaram os retornos dos mercados mais pequenos e periféricos (com excepção da Irlanda), que supostamente eram mais promissores. Martin Wolf, principal comentador de economia do Financial Times, explicou durante a conferência que, apesar da política monetária muito agressiva por parte do BCE, as economias europeias estavam ainda visivelmente estagnadas e a Europa tinha ainda de resolver os seus problemas estruturais. Os participantes ficaram com a sensação de que a “avalanche do capital” visando as grandes cidades mundiais como Nova Iorque, Londres ou Tóquio ia continuar num futuro próximo e que só uma alma corajosa iria olhar para um mercado como Portugal. A verdade está, provavelmente, algures no meio e, na minha humilde opinião, os investidores precisam de se concentrar nas especificidades de cada investimento individual e preocuparem-se menos com as diferentes forças macro-económicas em jogo, até porque não as podem mudar de qualquer das formas.
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Every year, for the last few years, I have participated in the Fall conference of the Pension Real Estate Association – “PREA”. Founded in the late 1970’s, PREA brings together real estate fund managers, institutional investors, REITs, developers and service providers to discuss the state and outlook of the industry. While the organisation counts with members from around the world, membership is concentrated with North American organizations. Aberdeen Asset Management is an active member of this fantastic organization. Being based in Europe, I am always curious to see how other markets, other investors, other market participants view the European markets and how those views change over time. Over the past three to four years, and with the benefit of observing such a large forum at specific points in time, it has been particularly inter-
esting to see how sentiment towards the European real estate markets has shifted. I recall the same conference in 2012, also in Los Angeles, when the US housing was just coming out of a deep crisis and when large, private equity fund managers were acquiring deeply discounted single family homes mostly from distressed sellers, not a very usual segment that these investors target given their need to deploy large amounts of capital. And not an easy task when buying single family homes, one by one. At that point, the view was that Europe was going to disintegrate, Greece was going to exit the Euro and investors should stay clear of Europe at the risk of having their investments suddenly denominated in a new currency. Fast forward one year later to 2013 and suddenly Europe was “the” place to be. Capital was starting to flood the US market and the recovery had already occurred so investors needed to seek higher returns in greener pastures. Europe looked ripe to be the recipient of this capital as, while there was still a great deal of distress, the worst seemed to be behind the weaker institutions and economies of Europe. Investors and fund managers alike were extolling the benefits of investing in Spain, Italy and Portugal. The cynic in me questioned whether some of these market participants truly knew the reality at the local level of these markets and whether they would produce the returns they were expecting. Or whether they were aware that, for example, no sizeable transaction in the Lisbon office market had occurred since 2009? Never mind with a foreign investor. This year, sentiment has seemed to have gone two steps forward and one step back. Distress has been somewhat elusive and the reality is that the deeper global markets – UK, US, Japan – have outperformed the smaller (with the exception of Ireland), most promising periphery markets. Martin Wolf, chief economics commentator at the Financial Times, explained during the conference that, despite the very aggressive monetary policy from the ECB, the economies were still remarkably stagnant and Europe has yet to work through its structural problems. The attendees were left with a feeling that the “wall of capital” targeting the gateway cities of New York, London, Tokyo was going to continue for the foreseeable future and that only a brave soul would look at a market like Portugal. The truth is probably somewhere in between and, in my humble opinion, investors need to focus on the specifics of each individual investment and worry less about the different macro-economic forces at play that they cannot change anyway.
Do Mundo
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Rodrigo Januário Director do MACE Group MACE Group Managing Director
É tão evidente para todos que nem vale a pena chamar a atenção para o enorme volume de novas habitações que estão a ser construídas em Angola, com especial relevo para Luanda. Este esforço é partilhado tanto pelo Estado que está a fazer um esforço enorme para conseguir colocar à disposição das populações habitação condigna, como por promotores privados. Se, no caso das habitações promovidas pelo Estado, o mercado alvo são as camadas populacionais menos favorecidas, o mesmo não se passa, normalmente, com as habitações promovidas por privados. Existe, no entanto, um factor que é comum a todos estes projectos, a necessidade de que seja feita uma manutenção cuidada destes activos ou corre-se o risco de os desvalorizar e degradar a qualidade de uso. Não me vou sequer ater ao que se está a passar com os edifícios mais antigos dos cascos velhos das cidades, com especial relevo para Luanda, onde a falta de manutenção de edifícios, a maioria com mais de 45 a 50 anos, poderá vir a originar acidentes que, nalguns casos poderão ter consequências graves, para não falar da enorme perda de valor para os proprietários que daí poderá advir. Estes casos têm origem em factores que diferem em muito do que acontece com os edifícios novos e a eles poderemos voltar noutra ocasião. Vou aqui falar, exclusivamente, do que se passa com as habitações construídas nos últimos anos. Dado que o crescimento do parque habitacional aconteceu muito rapidamente e só nos últimos anos, a tomada de consciência de que a manu-
tenção da propriedade é não só uma obrigação mas uma necessidade, não é um dado adquirido por todos. Este sentimento de que os custos de condomínio, porque no fundo é disso que se trata, ou o pagamento dos custos dos serviços, electricidade e água, fundamentalmente, têm de ser pagos, não é percebido muitas vezas mesmo por aqueles que julgaríamos terem nisso maiores responsabilidades. Muitos anos sem quaisquer cuidados na preservação do património construído e enormes deficiências na cobrança dos serviços de fornecimento de água e electricidade que só agora começam a ser debeladas deram às pessoas o sentimento errado de que tudo lhes é devido e sem custos. Deixem-me contar-vos o que vi acontecer num projecto de gama média-alta, onde colegas meus estão a trabalhar. Um dos clientes, pessoa importante, veio queixar-se que não tinha energia eléctrica. O dono de obra, preocupado em responder ao seu cliente, ainda por cima sendo quem era, pediu-nos imediatamente que tratássemos de ver o que se passava. Não foi possível obter resultados imediatos dado não se ter conseguido encontrar qualquer deficiência. O senhor voltou no dia seguinte muito exaltado com o facto de continuar sem energia e tecendo alguns comentários menos abonatórios sobre os meus colegas, por estes não conseguirem resolver o problema. Por acaso visitei a obra nesse dia e quando me contaram o que se passava fiz uma pergunta que, apesar de vos poder parecer um pouco tola, sabia que devia fazer: não teria a EDEL corta-
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do a energia? Foram verificar e a verdade é que a electricidade tinha sido cortada por falta de pagamento. Informada a pessoa em questão, a resposta foi de espanto perguntando ao meu colaborador se era preciso pagar a electricidade. É este tipo de mentalidade que é preciso mudar com a mesma rapidez com que estão a ser construídas habitações. Não falo só dos complexos habitacionais enormes com prédios de vários andares onde é necessário que as pessoas que aí compram os seus apartamentos, apreendam a necessidade não só de os pagar mas também de manter os espaços comuns, falo também dos condomínios caríssimos dirigidos à classe alta. Existem já em Luanda condomínios onde, por falta de pagamento dos custos de manutenção por parte de vários dos seus condóminos, a manutenção dos mesmos deixou de ser feita ou está a ser feita de modo muito deficiente. Embora estes casos, que eu conheça, ainda sejam poucos, não deixam de ser preocupantes por originarem não só uma desvalorização enorme dos activos como uma degradação da qualidade de vida das pessoas, não só das faltosas como das que, mesmo cumprindo, vêem as suas habitações perderem valor e qualidade. A profissionalização da gestão de activos imobiliários é uma necessidade premente em Angola, principalmente em Luanda. Estão a ser encontradas soluções que previnam os casos de falta de pagamento dos custos de condomínio, como o pré-pagamento, mas nem sempre esta solução se pode aplicar em todos os casos. É fundamental promover uma cultura de responsabilidade no que toca à manutenção do edificado. E este esforço é urgente e tem de ser feito à mesma velocidade com que se constrói o que, temos de convir, não é tarefa fácil. It’s plainly obvious to all that’s there’s no point drawing attention to the huge amount of new housing that is being built in Angola, especially Luanda. This reason for this activity is down as much to the State which is making a huge effort to provide the population with decent housing as it is down to private developers. If, in the case of housing developed by the State, the target market are the poorer strata of the population, the same isn’t normally true when it comes to housing developed by private entities. There is, however, a factor which is common to all these projects, the need for these assets to be carefully maintained if not to run the risk of losing value or suffering from a loss of quality through dilapidation.
I’m not even going to pronounce on what is happening to the oldest buildings in the old parts of the Angola’s cities, with special emphasis on Luanda, where a lack of buildings maintenance, the majority over 45-50 years old, can cause accidents which can have serious consequences in some cases, not to mention the huge resulting loss in value for the owners. There are different factors and cases between problems with these and newer buildings which we can return to at a later occasion. I’m only going to discuss here the situations concerning housing built in recent years. Given that the growth of the housing stock took place very quickly and only in recent years, an awareness that the maintenance of property is not just an obligation but a necessity does not seem to be obvious to all. This sense that condominium management /maintenance costs - because at the end of the day that’s what we’re talking about - or the payment of service costs, electricity and water, basically have to be paid for, is not always understood by those who think they have the greatest responsibilities for this. Many years without any care in the preservation of built patrimony and huge deficiencies in covering service charges for water and electricity supply which are only now beginning to be tackled, have left people with the wrong idea that they are owed the lot without having to pay for it. Let me tell you what happened on a middle to upper-middle class project on which my colleagues are working. One of the clients, an important person, came and complained that they didn’t have electricity. The owner of the works, worried about replying to his client, even worse because he knew him, immediately asked us to find out what was going on. We weren’t able to get immediate results given that we couldn’t find any fault. The landlord returned on the following day really indignant of the fact that he still didn’t have energy and hurled a few less than pleasant comments about my colleagues for having failed to sort out the problem. As it happens, I visited the site that day and when they told me what had happened I asked a question which, despite seeming a bit dumb to you, I knew I had to ask: had EDEL cut off the electricity supply? It turned out to be true that the electric company had indeed cut them off for not paying the bill. Informing the person in question, the reply made to my colleague beggared belief when they asked if they had to pay the electric bill. This kind of mentality has to be changed quickly when it comes to those building housing.
I’m not just referring to huge housing projects with multi-storey buildings where it is necessary for people buying their apartments to learn not only how to upkeep them and maintain public spaces in good order, but I’m also talking about expensive condominiums aimed at the upper classes. There are condos in Luanda where because of a failure to keep up maintenance payments by various tenants, the maintenance isn’t being carried out at all or is being done haphazardly. Whilst these cases, which I know of, are still few, that doesn’t make them any the less worrying for not only causing a huge devaluation in the assets but a degradation in the quality of people’s lives, not just affecting the people who didn’t keep up their payments but also those who did as their properties lose value and quality. Professional real estate assets management is a constant necessity in Angola, mainly in Luanda. Solutions are being found that can detect cases of condominium maintenance payment arrears, such as pre-payment, but even this solution cannot always be applied in every case. It is vital to foster a culture of responsibility regarding building maintenance. And this effort is urgent and has to be done at the same speed in which they are built, which, one has to agree, is no easy task.
52 e Lua Sol 08 NOV/DEZ 2014
Hoteis Heritage Lisboa Lisbon Heritage Hotels
Charme e conforto no centro da capital Charm and confort in the centre of the capital
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Tradição e modernidade unem-se numa aliança marcada por ambientes intimistas. Propriedade e gestão de famílias portuguesas, os Hoteis Heritage Lisboa abrem as portas das antigas casas e edifícios históricos onde estão instalados. É Lisboa e as suas gentes que se desvendam em cada recanto, em cada detalhe. Tradition and modernity come together in a fusion marked by cosy environments. Owned and managed by Portuguese families, the Lisbon Heritage Hotels open the doors of old houses and historic mansions which they have adapted. Lisbon and its citizens are shown in every corner and detail.
Tudo foi pensado para vincar a ligação à cidade. A localização dos hotéis no centro histórico transporta o viajante a outros tempos. Épocas onde acolher se traduzia em gestos de amizade. Nos Hoteis Heritage Lisboa chega-se, assim, a casa de amigos. Amigos portugueses cujos esforços se conjugam para proporcionar ao hóspede uma experiência única da capital, das suas gentes e dos seus aprazíveis locais e monumentos. Nada é deixado ao acaso: locais e edifícios são seleccionados pelo seu significado urbano e histórico. Projectos de recuperação imobiliária e decoração contribuem para o engrandecimento do património na capital. Detenhamo-nos na passagem obrigatória no roteiro queiroziano que é a Casa d’As Janelas Verdes. Presença discreta na rua com o mesmo nome surpreende em espaços como o terraço da biblioteca onde se avista o Tejo ou o jardim interior. Ali se perde o rasto do tempo. Objectos de arte e fotografias antigas contribuem para (re)criar uma atmosfera que recorda o charme discreto da alta burguesia portuguesa em 1900. Inaugurada em 2007 a mais recente unidade da colecção Heritage é assinada por Miguel Cân-
cio Martins cujas intervenções em várias capitais mundiais abriram horizontes na decoração de interiores. No coração da cidade, o Heritage Avenida Liberdade Hotel recuperou um edifício do século XVIII numa feliz união entre a traça original e linhas contemporâneas. Por trás da sua fachada azul descobre-se uma decoração em tons chocolate e açafrão quebrada pelo luminoso cião do céu lisboeta. É a cidade a fazer-se presente numa atmosfera ímpar onde a poesia e as gentes têm lugar. Obrigatório realçar o charme art-deco do Hotel Britania instalado num projecto de Cassiano Branco, ilustre arquitecto português modernista. Único a chegar intacto até aos nossos dias este hotel recorda o glamour dos anos 40. Tudo no seu projecto mostra o cuidado em reavivar o espírito da unidade sem lhe perder a alma original. Os quartos conservam dimensões generosas assim como o chão em cortiça. Cores quentes constrastam com as linhas depuradas dos móveis e lustres. Exemplar a recuperação de todo o edifício, como é o caso das pinturas do bar alusivas ao Império Ultramarino português. Lucínio Cruz desenhou o edifício onde está instalado o Hotel Lisboa Plaza. Projectado como
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A localização dos hotéis no centro histórico transporta o viajante a outros tempos. Épocas onde acolher se traduzia em gestos de amizade. Nos Hoteis Heritage Lisboa chega-se, assim, a casa de amigos. The location of the hotels in the historic centre takes the traveller back to other times. Eras when hosting visitors meant gestures of friendship. At Lisbon Heritage Hotels you are welcomed as friends.
hotel a unidade abriu portas em 1954 tendo sido sempre propriedade da mesma família. O cosmopolitismo que define a capital traduz-se no carácter marcante do espaço. A decoração de Graça Viterbo recria a alegria das requintadas casas portuguesas jogando com a ilusão dos “frescos” em várias áreas. Atenção e detalhe levam o hóspede a sentir-se acolhido como em casa de amigos. Junto à Avenida da Liberdade este hotel é o prelúdio de uma Lisboa sedutora. Veja-se o Solar do Castelo. Único hotel de charme a estar dentro, e a partilhar as muralhas do Castelo de São Jorge na sua edificação. Perto do casario típico e do bulício das gentes as portas do pequeno “solar” abrem-se para o pátio onde repousam os pavões. Irrepreensível recuperação do antigo Palacete das Cozinhas o seu projecto decorativo assinado pelo atelier Graça Viterbo cruza referências medievais e objectos contemporâneos. De realçar a preservação da antiga cisterna assim como de uma colecção de objectos encontrados aquando a revitalização do palacete. Os Hoteis Heritage Lisboa são o ponto de partida ideal para descobrir a capital portuguesa. A rendição incondicional ao encanto da urbe adivinha-se desde logo nos espaços marcantes de cada unidade onde a cidade é sempre a protagonista. Carácter e História unem-se em narrativas decorativas que só poderiam ter lugar à beira do Tejo. Cada projecto da colecção Heritage é pensado para ser um capítulo deste romance que é Lisboa. Daqui se parte para abraçar a cidade. Aqui se regressa. Saboreia-se a Vida em hotéis de charme com ambientes exclusivos pensados
por criadores portugueses. Os Hoteis Heritage Lisboa são a aliança entre o saber e a tradição de ‘bem-receber”’ das famílias portuguesas e o génio dos criadores nacionais na recuperação do património. Everything was thought out to emphasise the links to the city. The location of the hotels in the historic centre takes the traveller back to other times. Eras when putting up visitors meant gestures of friendship. At Lisbon Heritage Hotels you are welcomed as friends. Portuguese friends whose efforts join forces to give the guest a unique experience in the capital, its people and its priceless places and monuments. Nothing is left to chance: places and buildings are selected for their urban and historic significance. Real estate rehabilitation and décor restoration projects have contributed towards embellishing Lisbon’s architectural heritage. A must-see stop-off in a tour of the Lisbon of Eça de Queiroz’s time (a realist mid-19th century author) is the Casa d’As Janelas Verdes. Its discreet presence in the street of the same name surprises in terms of the spaces with the library balcony from where one sees the River Tejo or the indoor garden. Here you’re lost in the mists of time. Objects of art and old photographs contribute to recreating an atmosphere that recalls the discreet charm of Portuguese upper-middle class in 1900. Opened in 2007, the most recent hotel unit in the Heritage collection has been designed by Miguel Câncio Martins whose projects in various
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capitals of the world have opened up horizons in interior decoration. In the heart of the city, the Heritage Avenida Liberdade Hotel is the result of the restoration of an XVIIIth century building in a happy union between the original outline and along contemporary lines. Behind its blue façade one discovers an interior décor in chocolate and saffron tones broken by the luminous cyan blue of the Lisbon sky. And the city being made has a unique atmosphere where poetry and people have their place. And one must describe the charm of the ArtDeco Hotel Britania which inside is a project by Cassiano Branco, the illustrious Portuguese modernist architect. The only one to survive intact to date, this hotel recalls the glamour of the 1940s. Everything in this project shows the care in reliving the spirit of the hotel without losing its original soul. The rooms retain generous dimensions as do the floors in cork. Warm colours contrast with the clean lines of the furniture and light fittings. A good example of how well the entire building has been restored is the case of the mural paintings in the bar reflecting Portugal’s African colonial empire. Lucínio Cruz designed the building in which the Hotel Lisboa Plaza now stands. Designed as a hotel, it opened its doors in 1954 having always been owned by the same family. The cosmopolitan feeling that defines the capital is translated in the bold character of the space. The décor by Graça Viterbo recreates the cheerfulness of stylish Portuguese houses interplaying with the illusion of frescoes in various areas. Attention
to detail leads the guest to feel at home with friends. Next to Avenida da Liberdade this hotel is the prelude to a seductive Lisbon. This is the Solar do Castelo. The only charm hotel which is within and shares the walls of the Castle of São Jorge. Close to the traditional and bustling homes of local folk, the doors of the small “solar” (manor house) open out onto a patio with peacocks. Irreproachable restoration of the former mansion Palacete das Cozinhas in which its décor designed by the atelier Graça Viterbo blends medieval references with contemporary objects. Worth mentioning is the preservation of an old cistern as well as a collection of objects found when the mansion was being restored. The Lisbon Heritage Hotels are the perfect departure point from which to discover the Portuguese capital. One immediately surrenders unconditionally to the charm of the city which is conjured in the striking rooms of each hotel where the city is always in forefront. Character and History unite in narrative motifs that could only be found on the banks of the Tejo. Each project in the Heritage collection has been thought out to be a chapter in the historical novel that is Lisbon. From here you set forth to embrace the city. To here you return. You savour Life in these charm hotels with exclusive environments designed by Portuguese designers. The Lisbon Heritage Hotels are an alliance between know-how and the tradition of hospitality shown by Portuguese families and the genius of national designers in heritage restoration.
56 Anivers谩rio 08 NOV/DEZ 2014
24 de Setembro fica na Hist贸ria September 24th goes down in history
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Carlos Garcia, Miguel Garcia, Almeida Guerra, Manuel Proença, Gonçalo Alves, Marta Fonseca e Guilherme Grossman
A Magazine Imobiliário celebrou, a 24 de Setembro, o seu primeiro aniversário. Para o efeito organizou uma comemoração onde foram distinguidas as personalidades que mais se destacaram, nestes anos de crise, em prol do desenvolvimento dos seus negócios e do País. A celebração decorreu num restaurante lisboeta e todos os detalhes foram pensados. Foi um cocktail restrito, num ambiente lindíssimo, no qual foram entregues prémios nas categorias de Imobiliário, Construção, Ambiente, Turismo e de Mérito. O Prémio Personalidade Imobiliário foi entregue a Guilherme Grossman, da Consultan. O troféu Personalidade Construção coube a Carlos e Miguel Garcia, administradores da empresa Garcia e Garcia. O Prémio Personalidade Ambiente foi para Marta Fonseca e Gonçalo Alves, do Hotel Areias do Seixo. A distinção de Turismo coube a Manuel Proença, presidente do Grupo Hoti Hoteis. Finalmente, a distinção Personalidade de Mérito ficou na posse de Almeida Guerra, presidente da Rockbuilding.
Magazine Imobiliário celebrated its first anniversary on September 24th. To this effect it organised a commemoration in which the personalities that have most stood out during these years of crisis were distinguished for the development of their businesses and the country. The celebration took place in a Lisbon restaurant with everything thought out down to the smallest details. It included an exclusive cocktail party with a select number of invited guests in a lovely environment in which awards were handed out in the Real Estate, Construction, Environment, Tourism and Merit categories. The Real Estate Personality Award was handed out to Guilherme Grossman, of Consultan. The Construction Personality trophy went to Carlos and Miguel Garcia, CEOs of company Garcia e Garcia. The Environment Personality Award was given to Marta Fonseca and Gonçalo Alves, of the Hotel Areias do Seixo. The distinction for Tourism fell to Manuel Proença, President of the Hoti Hotels Group. Last but not least, the Personality of Merit Award was taken by Almeida Guerra, President of Rockbuilding.
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Arquitecto João Paciência e Victor Bettencourt (Gebepa)
Eduardo Abreu (Neoturis) e Pedro Fernandes (Hoteis Heritage Lisboa)
Cristina Cândido (ADENE), Elisabete Soares (Magazine Imobiliário) e Joaquim Pereira de Almeida
Fernando Oliveira Silva (InCI), Manuel Boia e Rui Fragoso (Adene)
Guilherme Grossman (Consultan), Joaquim Pereira de Almeida e Arnaldo Grossman (Consultan)
Almeida Guerra (Rockbuilding), António Ribeiro de Freitas (Preditur), Reinaldo Teixeira (Garvetur) e Jorge Oliveira (FIL)
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Patrícia Liz (Aguirre Newman) e Anabela Loureiro (Magazine Imobiliário)
Chris Graeme e Carla Celestino (Magazine Imobiliário)
Rui Coelho (Invest Lisboa) e Miguel Correia (Pura Imagem)
Hugo Santos Ferreira (APPII) e Almeida Guerra
Anabela Loureiro, Dinis Fraga e Esposa (Frontal)
Arquitectos Mário Sua Kay, Regino Cruz e João Paciência
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Arquitecto João Paciência, Arquitecto Mário Sua Kay, Almeida Guerra e Arquitecto Regino Cruz
Miguel Poisson Alves (ERA) e Luís Lima (CIMLOP)
Carla Celestino e José Manuel Velez (Prime Yield)
Patrícia Liz, Jaime Lopes e Paula Sequeira (Aguirre Newman)
Arquitecto Regino Cruz, Anabela Loureiro e Almeida Guerra
Carlos Garcia, Miguel Garcia e esposa
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Hildeberto Vicente e Fernando Barão (Renascimóvel)
Arnaldo Grossman e Guilherme Grossman e César Neto (Renascimóvel)
Patrícia Liz e Paulo Silva (Aguirre Newman), Anabela Loureiro, César Neto e Joaquim Pereira de Almeida
Gonçalo Alves (Areias do Seixo), Madalena Martins (Quercus) e Marta Fonseca (Areias do Seixo)
Anabela Loureiro e César Neto
César Neto, Carlos Garcia e Miguel Garcia
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Panorâmica da Sala
Anabela Loureiro, Luís Lima (CIMLOP), Almeida Guerra e Joaquim Pereira de Almeida
Almeida Guerra e Esposa
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Luís Lima e Almeida Guerra
Paulo Silva e Guilherme Grossman
José Almeida Guerra, Manuel Viseu, Elisabete Marques, Almeida Guerra, Anabela Alexandre e Francisco Ribeiro
Bom Gosto
Art Gallery + in A empresa Inpact vai lançar, dentro em breve, a sua Galeria de Arte. Nas obras de sua autoria ou nas solicitadas por clientes, a criatividade foi colocada ao serviço da tecnologia e da inovação e o resultado foi muito além da nossa imaginação. Selene é, até ao momento, a peça mais fantástica (ver foto). E o que a torna tão especial? O facto de ter sido criada a partir da exploração das tecnologias 3D Print (pelo processo de adição por deposição). Esta verdadeira “revolução artística” vai permitir aos designers a oportunidade de realizar o sonho de puder criar objectos únicos quase sem limites. The company Inpact will shortly launch its Art Gallery. In the works it commissioned itself or commissioned by clients, creativity was placed at the service of technology and innovation and the result was far beyond our imagination. Selene is, to date, the most fantastic piece (see photo). And what makes it so special? The fact that it had been created by using 3D print technology (by the process of adding by depositing). This truly “artistic revolution” will enable designers to have the opportunity of realising their dream to be able to create unique objects almost limitlessly.
Liliana Alves A prata e a técnica de filigrana são elementos característicos do seu trabalho mas a sua obra não se fica nunca por aí, Liliana Alves conjuga-as com o trabalho de materiais diversos, como esmaltes, madeiras, pedras ou cerâmicas. A sua originalidade já lhe valeu prémios. É que as formas ergonómicas e a versatilidade de muitas das suas peças permitem que sejam usadas consoante a disposição de alma de quem a usa. Silver and the filigree technique are characteristic elements of her work but her creativity doesn’t stop here. Liliania Alves mixes them by working various materials such as enamels, woods, stones or ceramics. Her originality has already won her awards. It’s that the ergonomic forms and versatility of many of her pieces mean that they can be worn depending on the mood and whim of the wearer.
Cuna Esta marca de mobiliário faz peças que resultam da fusão entre o digital e a revelação analógica. A superfície do móvel que recebe a composição fotográfica passa por um processo de foto-sensibilização tornando-se uma tela que, ao receber a quantidade certa de luz, revela a composição desejada. Uma fotografia revelada num móvel é algo completamente inspirador… This brand of furniture makes pieces that result in the fusion between the digital and analogical development. The surface of the furniture which receives the photographic composition goes through a photo-sensitive process turning it into a canvas which on receiving the right amount of light, reveals the desired composition. A photograph that is developed on a piece of furniture is something that is completely inspiring...
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Outsider Joana Vasconcelos
Glasshouse: a brincar se diz a verdade Glasshouse: many a truth was said in jest
Foto: Alfredo Cunha
Quando recebi o convite para criar uma obra em vidro de Murano para incluir na exposição Genius Loci (Spirit of Place) - apresentada em paralelo com a 14ª Bienal Internacional de Arquitectura em Veneza, sob o tema “Fundamentals”, sugerido pelo arquitecto e curador da Bienal, Rem Koolhaas –, pensei sempre num trabalho muito sério para estar à altura do evento mais importante do mundo dedicado à arquitectura. Fiz os primeiros esboços – uma estrutura arquitectónica clássica em vidro – e viajei até Murano para falar com os mestres do vidro do Berengo Studio, com quem já trabalhara. Estes homens enormes e com mãos de gigante, que moldam a partir do fogo, adoraram os meus projectos anteriores, pois constituíam, invariavelmente, um grande desafio. Os meus desenhos sempre foram recebidos com entusiasmo por estes mestres do vidro, mas desta vez, o meu projecto tão sério para responder aos “fundamentos” da arquitectura foi recebido com indiferença. Ainda assim, expliquei exactamente o que queria. Curiosamente, aquela indiferença fez-me questionar o projecto e, quando já regressava a Lisboa, acabei por chegar a uma proposta muito mais interessante: uma casa em vidro que mostrasse e, ao mesmo tempo, questionasse os fundamentos da arquitectura. Nada melhor do que a casa em plástico da minha filha para servir de modelo. E assim nasceu a “Glasshouse”. Enviei a casa de brincar para Murano e pedi que fizessem uma réplica exacta, mas em vidro de Murano colorido. A ideia foi recebida com enorme entusiasmo e a obra foi executada em tempo recorde. Ao contrário do que se exige, a “Glasshouse” é frágil, transparente e, apesar de ter sido criada a partir de um modelo para as crianças brincarem, resume na perfeição os elementos essenciais de uma casa. A transparência da “Glasshouse” lembra a fragilidade da nossa intimidade, hoje ameaçada pela multiplicação de redes sociais e reality-shows, pela omnipresença de câmaras de vigilância ou pela espionagem informática. Mostra-nos a instável fronteira entre o público e o privado, interrogando, com ironia, os fundamentos da arquitectura. A minha “Glasshouse” provou, mais uma vez, que a brincar se diz a verdade.
When I received an invitation to create a work in Murano glass to be included in the exhibition Genius Loco (Spirit of Place) - presented in parallel with the 14th Venice Architecture Exhibition on the theme “Fundamentals”, suggested by the exhibition’s architect and curator Rem Koolhaas -, I always thought about a very serious work to be at the height of the most important event dedicated to architecture in the world. I did the first outlines - a classical architectural structure in glass - and went to Murano to speak to the glass masters at the Berengo Studio with whom I had already worked. These huge men with enormous hands, who fashion the glass using fire, loved my previous projects since they invariably represented a great challenge. My deigns were always enthusiastically received by these glass masters, but this time, my project which was so serious in order to meet the “fundamentals” of architecture was received with indifference. Even so, I explained exactly what I wanted. Curiously, that indifference forced me to question the project and, when I had already returned back to Lisbon, I ended up by arriving at a far more interesting proposal: a glass house that would show, and at the same time, question the fundamentals of architecture. And there was nothing better than my daughter’s the plastic house to serve as a model. And that’s how the “Glasshouse” was born. I sent the playhouse to Murano and asked them to make an exact replica, but in coloured Murano glass. The idea was received with huge enthusiasm and the work was carried out in record time. Contrary to what is demanded, the “Glasshouse” is fragile, transparent, and despite having been created from a model used for children to play in, it brings together perfectly all the essential elements of a house. The transparency of the “Glasshouse” reminds us of the fragility of our privacy, today threatened by the increasing number of social networks and reality shows, by the ever-present all-seeing CCTV cameras and IT espionage. It shows us the unstable frontier between the public and the private, questioning the fundamentals of architecture with irony. My “Glasshouse” has proved, once again, that many a truth was said in jest.
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