Magazine imobiliário 07

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Construção Ambiente Turismo

07

SET/OUT 2014 €10

Mercados Internacionais

O Mundo não pára! International markets

The world keeps turning!

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07 SET/OUT 2014



3

07 SET/OUT 2014

Editorial

Podem continuar a acreditar

You can continue to believe

Joaquim Pereira de Almeida Director Director

Quando iniciámos esta caminhada, de fazer da Magazine Imobiliário uma revista de referência neste sector e também nas áreas da Construção, Ambiente e Turismo, dissemos que vínhamos para ficar. Quase toda a gente desaconselhava a altura, alguns chamaram-me mesmo aventureiro e louco. Vivíamos o auge da crise, sob o domínio da Troika e parecia, de facto, uma missão impossível. Ora, foi precisamente isso que nos estimulou. Se ultrapassarmos esta fase temos o caminho aberto – pensámos. Acreditem que não foi fácil. É preciso muito engenho e muito, muito trabalho para começar do zero, no sentido literal do termo. Já nessa altura o Governo enchia a boca com o apoio à criação de novas empresas, veio dinheiro do estrangeiro com essa finalidade mas, a verdade, podem crer, é que é tudo mentira. Nenhuma porta se abriu a este nível. Que caminho procurar então? Não hesitámos! Fomos bater à porta de empresas, que conhecíamos há muito, e apresentámos o nosso projecto. Sem esconder nada, com a frontalidade de sempre e o resultado está à vista. Continuaram a acreditar em nós e viabilizaram o nosso sonho. Não entraram na nossa Sociedade, patrocinaram com apoio publicitário, com conselhos, sem impor nada. E tudo se pôs em marcha. Fomos buscar os melhores jornalistas deste ramo, o melhor designer, o melhor tradutor e uma gráfica de confiança. Passo a passo, pusemos de pé uma publicação de cobertura nacional e expansão para o estrangeiro, com um Site visitado por milhares de pessoas e, para colocar a “cereja em cima do bolo”, lançámos os prémios “Personalidade do Ano”, numa bonita festa de aniversário que vai decorrer dentro de dias em Lisboa. Estamos realizados? O projecto está inteiramente consolidado? Não. Mas para quem viveu o último ano como nós, tudo parece agora mais fácil. Muito obrigado a todos quantos apostaram na Magazine Imobiliário. Podem continuar a acreditar em nós.

When we started out of this journey to make Magazine Imobiliário a benchmark magazine in this sector and also for the Construction, Environment and Tourism areas, we said that we were here to stay. Almost everyone advised against it at the time, and some even called me an adventurer and said I was crazy. We were at the peak of the crisis, under the domination of the Troika and it did seem, in fact, to be a mission impossible. But it was exactly that that spurred us on. If we could overcome this phase we’d have the open road ahead - we thought. And believe me it wasn’t easy. It requires a lot of ingenuity, faith and hard work to begin from scratch in the literal sense of the word. At the time the Government claimed it was bending over backwards to help new companies start up, that money was flowing in from abroad for this end, but, in truth, it was all a lie. Not a single door opened at this level. So what road to take then? We didn’t hesitate! We went knocking on the doors of companies that we’ve known for years and presented our project. Without having anything to hide and with all the cards on the table, and the result is for all to see. We continued to believe in ourselves and the viability of our dream. No one invested directly in our company, we received sponsorship through advertising support, with advice, without any strings attached. And everything went ahead. We brought in the best journalists in the sector, the best designer, translator and a printer with a sterling reputation. Step-by-step we got the publication up and running, one with national coverage and expansion abroad, with a site visited by thousands of people and, for the cherry on the cake, we’ve now launched the “Personality of the Year” awards at a lovely 1st anniversary party which will take place in Lisbon within days. Have we arrived and achieved our goals? Has the project achieved its consolidated potential? No. But for those who have gone through the last few years as we have, things so seem to be easing up. A huge thanks to everyone who had faith and supported Magazine Imobiliário. You can continue to believe in us.


Summary

Índice

16

Grande Tema Lead Story

Mercados Internacionais International markets

4

Prémio Personalidade Magazine Imobiliário 2014 6

Prémio Personalidade Imobiliário

8

Prémio Personalidade Construção

Ficha técnica

10

Propriedade Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Av. Duque D’Ávila, 28 – 2.º, Sala 207 1000–141 Lisboa Telf.: (+351) 21 134 10 06 Telm.: (+351) 91 061 61 62 geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario. com Director Joaquim Pereira de Almeida Editora Carla Celestino Colaboradora Permanente Elisabete Soares Fotografia Anabela Loureiro Tradução Chris Graeme

Prémio Personalidade Ambiente Grafismo Rodrigues Silva Contabilidade Nasceconta Periocidade Bimestral Tiragem 3.000 exemplares Impressão Valente Artes Gráficas R. José Maria da Costa, 14 2640-496 Mafra Depósito Legal 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397

12

Prémio Personalidade Turismo

14

Prémio Personalidade Mérito

24

Do Mundo

International Presidente do RICS RIC’S President

28

Mercado Ibérico Iberian market

34

30

Metro Quadrado

Square Meter Opinião Opinion Miguel Marques dos Santos

58

Bom gosto

Expo Real

Good Taste

36 SIL

64

40

Nuno Gomes

Broadway Malyan

44

Opinião Opinion Reino Unido

46

Postal de Luanda Postcard from Luanda

48

APEMIP

50

GEBEPA

Outsider



Prémio Personalidade Magazine Imobiliário 2014

Parabéns aos premiados Magazine Imobiliário Personality Award 2014

Congratulations to the award winners


7

07 SET/OUT 2014

Quisemos, acima de tudo, enaltecer o espírito empreendedor, enaltecer os que não baixaram os braços e que encararam os tempos difíceis como um desafio. We wanted, above all, to applaud the enterprising spirit, hold a candle to those who haven’t sat on their hands and who faced difficult times as a challenge. Texto Text: Joaquim Pereira de Almeida

Patrocínios:

Tudo se conjuga para que este 24 de Setembro seja uma data a recordar nas áreas do Imobiliário, Construção, Ambiente e Turismo. O Magazine Imobiliário celebra o seu primeiro aniversário e organiza uma comemoração onde serão distinguidas as personalidades que mais se destacaram, nestes anos de crise, em prol do desenvolvimento dos seus negócios e do País. Isto, além de um prémio de Mérito a entregar a uma figura de valor fora do comum no seu percurso profissional. Chegar a estes nomes não foi uma tarefa fácil. Levou alguns meses e envolveu centenas de consultas a peritos, organizações e entidades, embora a responsabilidade final das escolhas tenha sido da Direcção e da Administração da Revista. Quisemos, acima de tudo, enaltecer o espírito empreendedor, enaltecer os que não baixaram os braços e que encararam os tempos difíceis como um desafio. Pretendemos, também, contribuir para o aumento da auto-estima dos agentes destes mercados, alguns deles já habituados a receber troféus. Acreditamos que é sempre bom ver o nosso trabalho apreciado e estimado. É sinal de que a sociedade civil está viva e que os mercados estão activos, apesar das políticas destruidoras. A celebração será num restaurante lisboeta e todos os detalhes foram pensados. Será um cocktail restrito, num ambiente lindíssimo, onde os convidados certamente se sentirão bem. Simples mas com charme, tal como os troféus a entregar que ao invés dos clichés habituais foram feitos por um artesão da Malveira. Leia e veja a reportagem no nosso Site e na próxima edição.

Everything’s coming together so that this September 24th will be a date to remember in the Real Estate, Construction, Environment and Tourism. Magazine Real Estate is celebrating its first anniversary and is organising a commemoration in which the personalities that have most stood out during these years of crisis will be distinguished for the development of their businesses and the country. This, in addition to a Merit Award to be handed out to a personality who has been outstanding in their professional life. Picking these names has been no easy task. It took several months and involved canvassing hundreds of experts, organisations and bodies, although the final responsibility was down to the Magazine’s Board of Directors. We wanted, above all, to applaud the enterprising spirit, hold a candle to those who haven’t sat on their hands and who faced difficult times as a challenge. We also intend to contribute to raising the selfesteem of the players in these markets, some of them already used to picking up trophies. We believe that it’s always nice to see one’s work appreciated and held in high estimation. It’s a sign that civil society is alive and that the markets are active, despite destructive policies. The celebration will take place in a Lisbon restaurant with everything thought out down to the smallest details. There will be an exclusive cocktail party, in a lovely setting, where the guest will certainly feel good. Simple but charming, rather like the trophies that will be handed out, which unlike the usual clichés were made by a craftsman from Malveira. Read and see the report on our Site and in the next issue.


Premiados

PrĂŠmio Personalidade ImobiliĂĄrio Real Estate Personality Award

Guilherme Grossman


9

07 SET/OUT 2014

Este é um homem com o coração dividido entre dois países: Portugal e Brasil. Nasceu na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, em 14 de Dezembro de 1974, mas é em Portugal que cresce e onde decorre a maior parte da sua vida. Os laços familiares e os negócios fazem com que esteja sempre com “um pé cá e outro lá”. O “bichinho” da gestão, e em particular do imobiliário, é algo que se manifestou em si desde muito cedo. Da sua formação académica faz parte uma licenciatura em Gestão pela Universidade Lusíada, um MBA em Promoção Imobiliária pela ESAI, uma pós-graduação em Marketing na Universidade Lusíada e um Mestrado em Gestão pelo ISG. Das suas ambições pessoais, revela que acalenta o desejo de “estar mais tempo junto da minha família e continuar a viajar por Portugal e pelo Mundo, conhecer novos lugares e viver novas experiências”. Já a nível profissional, não esconde que a sua ambição é “poder contribuir para que Portugal passe a ser cada vez mais uma alternativa válida e desejável de investimento junto aos clientes internacionais, que Portugal ganhe notoriedade internacional e que passe a fazer parte de forma natural e permanente da rota de investimento mundial”. Actualmente é partner da Consultan - Sociedade de Mediação Imobiliária, empresa que, ao lado do seu pai, Arnaldo Grossman, ajudou a crescer, a dar forma e a alargar para novos horizontes. Desafios internacionais A Consultan desde que iniciou a sua actividade em Portugal há 25 anos tem tido uma postura inovadora, sempre introduzindo e acoplando ao mercado novas técnicas e novos métodos de venda, introduzindo produtos imobiliários diferenciados e formando profissionais, o que tem contribuindo para uma maior profissionalização do mercado. Nos últimos anos, a Consultan tem-se dedicado a abrir novos mercados, com o objectivo de atrair investidores estrangeiros para Portugal. Neste momento, estão focados em quatro principais mercados: Brasil, Rússia, China e França. Mas brevemente irão iniciar o mercado de Israel, que tem um enorme potencial de investimento para Portugal. Guilherme Grossman explica que a internacionalização da Consultan “tem vindo a decorrer muito bem, de forma gradual e constante, visto que iniciamos o processo num determinado mercado e tentamos consolidar a nossa actuação neste mercado antes de partir para outros desafios”. Em todos os mercados que têm vindo a actuar, priorizaram um parceiro local e a partir dessa aliança iniciaram uma série de actividades que passam por feiras, eventos de esclarecimento, seminários ou congressos para investidores específicos, que em alguns casos concretos são totalmente organizados e geridos pela Consultan em sintonia com o seu parceiro.

“Este desafio internacional tem sido bastante interessante e trabalhoso, e temos a consciência que o objectivo é sempre a médio-longo prazo, de forma constante e permanente, sem nunca abandonar os mercados em que actuamos”, esclarece. Por isso afirma que têm “excelentes perspectivas” para os próximos eventos que estão a organizar. Aliado a este trabalho de abertura de novos mercados, que é um caminho promissor mas bastante árduo e que começa a gerar frutos interessantes, estão a apostar de forma bastante intensa em novas tecnologias, principalmente no desenvolvimento de canais de contacto directo com clientes em diversos países, interligação de plataformas de base de dados internacionais e desenvolvimento de tecnologia mobile específica. This is a man with his heart divided between two countries: Portugal and Brazil. He was born in the marvellous city of Rio de Janeiro on December 14th, 1974, but he grew up in Portugal and has spent most of his life here. His family links and business dealings means that he always has “one foot in Portugal and the other in Brazil”. The management “bug”, in particular for real estate, is something that became apparent in him from a young age. His academic education included a degree in Management from the Universidade Lusíada, an MBA in real estate development from ESAI, an MA in Marketing from the Universidade Lusíada and a Masters in Management from ISG. Concerning his personal ambitions, he reveals that he wants to “spend more time with my family and continue to travel around Portugal and the world, discover new places and live new experiences.” At a professional level, he doesn’t hide his ambition which is to “contribute towards Portugal becoming an increasingly valid and desirable alternative for investment with international clients, that Portugal gains international notoriety and becomes a natural and permanent fixture on the world’s investment route.” He is currently a partner in Consultan - Sociedade de Mediação Imobilária (real estate agents), a company which together with his father, Arnaldo Grossman, he helped to grow, give shape to and expand onto new horizons. International challenges Ever since it began its activity in Portugal 25 years ago, Consultan has taken an innovative stance, always introducing and adding new techniques and sales methods to the market, introducing real estate products that make a difference and training up professionals, which has contributed towards making the market more professional. In recent years, Consultan has been dedicated to opening up new markets, with the aim of attracting

foreign investors to Portugal. At the moment they are focused on four key markets. Brazil, Russia, China and France. And shortly they will begin working the Israel market, which has a huge investment potential for Portugal. Guilherme Grossman explains that Consultan’s internationalisation “has gone really well, gradually and in a constant manner, given that we start off the process in a particular market and try and consolidate our activity in this market before embarking on other challenges”. In all the markets where it has been operating, it finds a local partner and from this alliance starts up a series of activities such as fairs, events, seminars or congresses for specific investors, which in some specific cases are wholly organised and run by Consultan along with its partner. “This international challenge has been fairly interesting and hard work, and we have the sensation that the goal is always medium to long term, constant and permanent, without ever abandoning the markets in which we’re operating”, he explains. Which is why he maintains that the company has “excellent prospects” for the upcoming events that they are organising. Allied to this work of opening up new markets, which is a promising road but a fairly arduous one which is starting to bear interesting fruits, they are investing in a fairly intensive way in new technologies, mainly in the development of direct client contact channels in various countries, interlinking international data base platforms and developing specific mobile technology.


Premiados 10 07 SET/OUT 2014

Prémio Personalidade Construção Construction Personality Award

Carlos Garcia Miguel Garcia


11 07 SET/OUT 2014

Existem estudos que defendem que é na sucessão que muitos problemas surgem, havendo um que indica que em cada 100 empresas que se aproximam da segunda geração apenas 30 sobrevivem e, destas, apenas 15 continuam activas na terceira geração. A Garcia, Garcia faz parte dessa minoria. Fundada por Manuel José Moreira Garcia e Bernardino Moreira Garcia, avô e tio-avô dos actuais administradores da empresa, a Garcia, Garcia especializou-se na construção de chaminés industriais. A primeira, na Fábrica dos Salgueiros, no Porto, construíram-na em 1909, com o pai. Manuel José trabalhou com o progenitor até 1914, com o objectivo de se aperfeiçoar na arte da construção das chaminés. Na gestão da Garcia, Garcia, sucedeu o filho de Manuel Garcia, Augusto Moreira Ferreira Garcia, que desenvolveu o legado do fundador. Focou a estratégia da empresa no ramo da indústria e, em Março de 2005, entregou a gestão da empresa aos filhos, os actuais sócios – Rui, Miguel e Carlos. A Garcia, Garcia S.A. é hoje uma empresa especializada no fornecimento de soluções do tipo “chave-na-mão”, integrando as diferentes dimensões que um projecto de construção compreende. A oferta deste tipo de solução, ajustada às necessidades de um mercado cada vez mais exigente, resulta da vasta experiência da empresa em projectos de grande complexidade e dimensão. Partindo da “ideia” dos seus clientes, asseguram todas as fases do projecto, garantindo um resultado final ajustado às necessidades efectivas dos seus clientes e assegurando o trinómio qualidade-custo-prazo. Saliente-se que esta é uma empresa que no período da crise destacou-se no panorama económico nacional por ter tido um crescimento acentuado, tendo realizado obras em todo o País e em sectores tecnologicamente muito avançados, pelo que optou por não apostar na internacionalização como aconteceu inevitavelmente com a esmagadora maioria das empresas portuguesas. Negócio de família Carlos Garcia começou a trabalhar na empresa com 24 anos, já Miguel Garcia com 25. Contudo, ambos os irmãos e actuais administradores, durante toda sua vida estiveram ligados à empresa, uma vez que desde jovens sempre passaram os tempos livres e as férias escolares a “trabalhar” na Garcia, Garcia. Ambos começaram como colaboradores e foram assumindo funções de diferentes naturezas. Carlos Garcia preferiu uma intervenção no “terreno”, território onde se sente como “peixe na água” e que lhe proporcionou um know-how e experiência prática que se revelaram fundamentais para um conhecimento abrangente de todas as dimensões operacionais da empresa e para a aquisição de uma visão integrada dos trabalhos de construção.

Miguel Garcia acompanhou a construção de uma fiação, chegando, mais tarde, a ser responsável por algumas das residências mais surpreendentes da região do Vale do Ave pertencentes, precisamente, aos industriais da área Têxtil. Esta experiência permitiu desenvolver conhecimentos sobre arquitectura e projecto, que posteriormente foram capitalizados e permitiram a dinamização da área de Projecto da Garcia, Garcia. Com a saída de Augusto Garcia da gestão da empresa, ambos passaram a pertencer à administração da empresa. Carlos Garcia é actualmente o administrador responsável pelos pelouros das áreas Comerciais, Financeiras e de Controlo de Gestão, enquanto Miguel Garcia passou a ser o administrador responsável pelos pelouros das áreas de Projecto, Recursos Humanos, Sistemas de Informação e Supply Chain (Compras, Aprovisionamento e Logística). Ambos os irmãos acompanharam sempre os projectos e obras da empresa, foram aprendendo os segredos da construção e do “negócio da família”. “Cresceram” na empresa e com a empresa, por isso, o seu percurso profissional é indissociável do próprio percurso da Garcia, Garcia. There are studies that argue that it is in the generation that follows that problems arise, there being one study that showed that in every 100 companies approaching the second generation, only 30 survive and, of these, only 15 continue on into the third generation. Garcia, Garcia is part of this minority. Founded by Manuel José Moreira Garcia and Bernadino Moreira Garcia, grandfather and great uncle to the company’s current directors, Garcia, Garcia specialises in building industrial chimneys. The first, at the Salgueiros Factory, in Porto, was built in 1909 with his father. Manuel José worked with his father until 1914, the aim being to perfect his art in chimney building. Manuel Garcia’s son succeeded to the management of Garcia, Garcia, Augusto Moreira Ferreira Garcia, who developed the legacy of the founder. He focused on the company’s strategy in the industrial area and, in March 2005, handed the management of the company to his sons, the current partners Rui, Miguel and Carlos. Today Garcia, Garcia S.A. is a company specialising in providing bespoke solutions, integrating the different dimensions that a building project embraces. The product range of this type of solution, tailored to meet the needs of an increasingly demanding market, is the result of the company’s vast experience in extremely large and complex projects. Starting off from their clients’ ideas, they take responsibility for all the phases of the project, ensuring that the final result is tailored to the actual needs of their clients and ensuring the quality-costdelivery ratio. It should be stressed that this is a

company which in a period of crisis has stood out on the national economic landscape for having enjoyed considerable growth, with projects executed all over the country and in highly advanced technological sectors, which is why it has opted for not going into internationalisation as has been the case with the overwhelming majority of Portuguese companies. A family business Carlos Garcia began working for the company at the age of 24 and Miguel at 25. However, both brothers and current directors, have been linked to the company throughout their entire life, since when they were boys they always spent their free time and school holidays “working” at Garcia, Garcia. Both started off as staff members and occupied different functions. Carlos Garcia preferred an on-site approach, territory which he took to like a duck to water and which gave him a know-how and practical experience which were fundamental for a wide knowledge of all the operational sides of the company and in acquiring an integrated view of the construction works. Miguel Garcia oversaw the construction of an establishment, later on being responsible for some rather surprising residences in the Vale do Ave region, belonging, to be more exact, to the textile industries area. This experience enabled him to develop know-how about architecture and project work, which he later drew upon and enabled him to boost Garcia, Garcia’s project area. With the exit of Augusto Garcia from the helm of the company, both both went on to join the company’s board of directors. Carlos Garcia is currently the director responsible for the Commercial, Financial and Management Control departments, while Miguel Garcia is the director responsible for the Project, Human Resources, Information Systems and Supply Chain departments (Purchasing, Supplies and Logistics). Both brothers have always overseen the company’s projects and works, picking up the construction secrets of the “family business”. They have grown in the company and with the company, which is why their professional path is intricately linked with that of Garcia, Garcia.


Premiados 12 07 SET/OUT 2014

PrĂŠmio Personalidade Ambiente Environment Personality Award

Marta Fonseca Gonçalo Alves


13 07 SET/OUT 2014

Marta Fonseca e Gonçalo Alves, naturais de Torres Vedras, são ambos formados em Gestão de Empresas, pelo Instituto Superior de Gestão. Quando terminou os estudos, em 1997, Gonçalo iniciou o seu percurso na área de hotelaria e restauração, na empresa Império, pertencente à sua família, em Torres Vedras. Após os estudos, também em 1997, Marta trabalhou durante três anos em auditoria, na Pricewaterhousecoopers, e, passado esse período, dedicou-se durante cerca de sete anos à empresa Fonsecas, ramo automóvel, pertencente à sua família. Juntos, Marta e Gonçalo, perseguiram afincadamente o seu sonho de construir e explorar um hotel de charme. Foi um longo percurso, com muitos obstáculos, onde a força de vontade e a persistência venceram as dificuldades que tropeçavam no meio do caminho. Até que o “sonho ganhou vida” e em 2010 abriram as portas de um “lugar mágico” chamado Areias do Seixo! Esta dupla é muito dinâmica, não é, pois, de estranhar que além da sua dedicação ao hotel ainda tenham tempo para desenvolverem outros projectos em paralelo, nomeadamente nas áreas da construção e decoração de interiores. Think Eco Este projecto é mais do que um sonho tornado realidade, é mais do que uma unidade hoteleira que emergiu num local edílico, é, sobretudo, um excelente exemplo a seguir a nível ambiental. É preciso referir que Areias do Seixo é uma unidade de charme com uma forte consciência ambiental e com um papel muito activo de intervenção e sensibilização junto da comunidade local, dos seus colaboradores e dos seus hóspedes. Essa tomada de consciência passa, desde logo, por interiorizar a ideia de que a actividade de hotelaria tem impactes ambientais associados, por isso mesmo, a sua política de sustentabilidade ambiental prolonga-se por todo o ciclo de vida da actividade do hotel com o intuito de reduzir a respectiva pegada ecológica. No próprio site é possível aceder a um sistema que permite monitorizar os consumos de água, gás e energia do hotel e medir as eficiências obtidas nos diversos recursos, deste modo, os próprios hóspedes podem acompanhar de perto os consumos dos seus quartos, só a título de exemplo. Com isto sensibilizam e envolvem os próprios hóspedes nesta “cruzada” pelo Ambiente. A sua política de gestão é, pois, assente no desenvolvimento sustentável mas o seu trabalho passa igualmente por investir em inovação. Só assim, acreditam, poderão efectivamente reduzir os custos operacionais e gerar benefícios económicos sem perder a qualidade e excelência dos seus serviços.

O seu relatório de sustentabilidade é claro nesta matéria: “O hotel Areias do Seixo nasceu de um sonho… era muito forte o desejo de criar um lugar único onde pudéssemos receber pessoas dos vários cantos do mundo num ambiente mágico, ao mesmo tempo familiar, e em total respeito e consonância com a Natureza”. Marta Fonseca and Gonçalo Alves, from Torres Vedras, are both graduates in Business Management from the Instituto Superior de Gestão (Higher Management Institute) On completing his studies, in 1997, Gonçalo began his career in the hotel and catering area, for the family company Império, in Torres Vedras. After her studies, also in 1997, Marta worked for three years in auditing, at Pricewaterhousecoopers, and, after this period, for around seven years concentrated on the company Fonsecas, in the car sector, which her family owned. Together, Marta and Gonçalo, went for their dream hell-for-leather to build and run a charm hotel. It was an uphill struggle, with many obstacles, where force of will and persistence won through all the difficulties that tripped them up along the way. Until the “dream came alive” and in 2010 they opened the doors to a “magical place” called Areias do Seixo! This duo is very dynamic and it’s not surprising that apart from their dedication to the hotel they still find the time to develop other projects at the same time, namely in the construction and interior decorating areas. Think Eco This project is more than a dream turned reality, it is more than a hotel unit that spring up in an idyllic location, it is, above all an excellent example to follow at an environmental level. It should be mentioned that Areias do Seixo is a charm hotel with a strong environmental conscience, one that has a very active role in intervention and awareness raising with the local community, its staff and its guests. This awareness immediately internalises the idea that the hotel industry has associated environmental impacts, which is why its environmental sustainability policy extends throughout the entire life cycle of hotel activity with the intention to cut back on the respective ecological footprint. On the site itself a system can be accessed that enables consumption of the hotel’s water, gas and energy to be monitored and gauge the efficiencies obtained in the various resources, thereby the guests themselves can closely see their room consumption, just to give an example. This involves and makes the guests themselves

aware of this crusade for the environment. Their management policy is therefore based on sustainable development but their work equally involves investing in innovation. Only in this way, they believe, can operational costs be effectively reduced and economic benefits generated without losing the quality and excellence of their services. Their sustainability report is clear in this respect: “The Areias do Seixo hotel was born out of a dream...with a very strong desire to create a unique place where we would be able to welcome people from the four corners of the world in a magical environment, which at the same time is a family environment, while showing total respect and being in tune with nature.”


Premiados

PrĂŠmio Personalidade Turismo Tourism Personality Award

Manuel Proença


15 07 SET/OUT 2014

Natural de Alpedrinha, no Fundão, Manuel Henrique Parente Caldeira Proença tem um percurso académico e profissional notável, onde facilmente se percebe a sua paixão pelo Turismo, e em particular pela Hotelaria. Licenciado pela Universidade Técnica de Lisboa, ao longo da sua vida foi sempre actualizando os seus conhecimentos tendo realizado um Curso de Especialização em Marketing pela Universidade Católica do Porto e um Curso de “Hotel Management” pela Universidade de CORNELL EUA. Os seus saberes acabariam por ser partilhados na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto e na Universidade Católica de Braga, onde leccionou na qualidade de professor convidado. As suas capacidades de liderança e de organização, bem como a sua experiência, conduziram-no sempre a elevados cargos. Foi presidente da Federação dos Skal Clubes Portugueses (Associações de Profissionais do Turismo), presidente da Associação de Hotéis do Norte, presidente da União das Associações de Hotelaria e Similares do Norte UNIHSNOR, vice-presidente e presidente da Assembleia Geral da Associação da Hotelaria de Portugal e vice-presidente da Confederação do Turismo Português. Foi ainda fundador e presidente do Grupo de Agências de Viagens INTERVISA. Conferencista, orador e autor de vários trabalhos nas áreas de Gestão, Turismo e Associativismo, participou em mais de uma centena de congressos, conferências e seminários. Cadeia hoteleira com 100% de capitais portugueses Com 50 anos de actividade profissional e empresarial no Turismo, já passou por diversas unidades hoteleiras de renome como é o caso do Hotel Dom Henrique, Grande Hotel do Porto, Grupo de Hotéis da Figueira Praia – Figueira da Foz, Hotéis Solverde, Aldeamento Quinta Nova – Alvor, Hotel Soleil Peniche, Hotéis Star inn, Hotel da Música e Hotel MozaStar, em Maputo (Moçambique). Fundador e presidente do Grupo Hoti Hoteis, liderou, em 1996, a “joint-venture” Sol Hoti em parceria com o Grupo Melia Hotels International (Sol Meliá) de Espanha. Desde então, administrou os hotéis Tryp e Meliá: Tryp Lisboa Oriente, Tryp Lisboa Aeroporto, Tryp Porto Centro, Tryp Porto Expo, Tryp Coimbra, Tryp Colina do Castelo, Tryp Montijo Parque, Meliá Ria Aveiro, Meliá Braga e Meliá Madeira. O Hotel Tryp Lisboa Aeroporto foi a mais recente inauguração que decorreu em Janeiro deste ano. Trata-se de uma unidade hoteleira que fazia falta para satisfazer a procura turística nacional e internacional que chega todos os dias à nossa capital. Situado a poucos metros do terminal de chegadas do Aeroporto Internacional de Lisboa, está bem servido por uma óptima rede de transportes pú-

blicos e fica a poucos minutos do centro da cidade. O Hotel Tryp Lisboa Aeroporto assume-se como a porta de embarque para uma viagem pelo melhor da capital portuguesa. O Grupo Hoti Hoteis internacionalizou-se em 1992, passando a deter duas unidades hoteleiras em África: Hotel Belo Horizonte, em Cabo Verde; e Hotel Hoti Bissau, na Guiné-Bissau. Refira-se ainda que a Hoti Hoteis é uma cadeia hoteleira com 100% de capitais portugueses, que se dedica à prestação de serviços hoteleiros sob a forma de propriedade, arrendamento, gestão ou franquia. Este leque de opções permite dar resposta da melhor forma aos interesses de proprietários sem vocação hoteleira, de parceiros de negócio que pretendem promover empreendimentos de sucesso e da própria cadeia, no desenvolvimento de unidades estratégicas. Neste âmbito, a cadeia hoteleira Hoti Hoteis criou um conjunto de empresas capazes de dar resposta às exigências dos diferentes modelos de negócio, empresas que estrategicamente privilegiam o funcionamento numa rede de empresas denominado Grupo Hoti Hoteis. From Alpedrinha, Fundão, Manuel Henrique Parente Caldeira Proença has enjoyed a notable academic and professional path from which one can easily grasp his passion for Tourism, and in particular the hotel sector. A graduate from the Universidade Técnica de Lisboa, he has constantly brushed up on his skills throughout his life, having taken a specialised marketing course - Curso de Especialização em Marketing - at the Universidade Católica, Porto and a course in Hotel Management at CORNELL University, USA. His expertise has been shared at the Porto school of Hotel and Tourism (Escola de Hotelaria e Turismo do Porto) and the Universidade Católica de Braga, where he has lectured as an invited professor. His leadership and organisational capacities, as well as his experience, has always channelled him to senior posts. He was the president of the Portuguese Skal Clubs Federation (Tourism Professionals Association) - part of the SKAL International Association of Travel and Tourism Professionals, president of the Hotels of the North Association, president of the Union of Hotel Associations of the North (UNIHSNOR), vice-president and president of the General Assembly of the Hotel Association of Portugal and vice-president of the Confederation of Portuguese Tourism. He was also the founder and president of the Travel Agencies Group INTERVISA. Conference participant, speaker and author of various works in the areas of Management, Tourism and Associations, he has taken part in more than a hundred congresses, conferences and seminars.

Hotel chain with 100% Portuguese capital With 50 years experience as a professional and businessman in Tourism, he has already worked for various famous hotels such as the Hotel Dom Henrique, Grande Hotel do Porto, Grupo de Hotéis da Figueira Praia - Figueira da Foz, Hotéis Solverde, Aldeamento Quinta Nova - Alvor, Hotel Soleil Peniche, Hotéis Star Inn, Hotel da Música and Hotel MozaStar, in Maputo (Mozambique). Founder and president of the Grupo Hoti Hoteis, in 1996 he led the joint-venture Sol Hoti in partnership with the Melia Hotels International Group (Sol Meliá), Spain. Since then he has run the Tryp and Meliá hotels: Tryp Lisboa Oriente, Tryp Lisboa Aeroporto, Tryp Porto Centro, Tryp Porto Expo, Tryp Coimbra, Tryp Colina do Castelo, Tryp Montijo Parque, Meliá Ria Aveiro, Meliá Braga and Meliá Madeira. The Hotel Tryp Lisboa Aeroporto was the latest to be in inaugurated in January of this year. This is a hotel that was badly needed to satisfy both national and international tourist demand that arrives in our capital. Located a few metres from the arrivals terminal at Lisbon International Airport, it is well served by an excellent public transport network and is a few minutes from the centre of the city. The Hotel Tryp Lisboa Aeroporto is a gateway to a trip around the best that the Portuguese capital has to offer. The Grupo Hoti Hoteis went international in 1992, owning two hotels in Africa. Hotel Belo Horizonte, in Cape Verde; and Hotel Hoti Bissau, in Guiné-Bissau. It should be stressed that Hoti Hoteis is a hotel chain with 100% Portuguese capital which is dedicated to hotel services provision in terms of property, rental, management and franchising. This range of options enables the interests of the owners without expertise in the hotel sector to be met in the best way possible as well as those business partners who want to develop successful developments including in their own chain, in the development of strategic units. With this in mind, the Hoti Hoteis chain created a group of companies capable of meeting the demands of different business models, companies that strategically prioritise the way things operate and work within a network of Grupo Hoti Hoteis.


Premiados 16 07 SET/OUT 2014

PrĂŠmio Personalidade MĂŠrito Personality of Merit Award

Almeida Guerra


17 07 SET/OUT 2014

Com 30 anos de experiência em grandes empresas de construção - nomeadamente na Teixeira Duarte, Construções Técnicas, EPOS, TOHC, entre muitas outras -, e de promoção imobiliária - INOGI (Grupo Amorim) e sobretudo na Rockbuilding, a aptidão profissional de Almeida Guerra centra-se essencialmente na gestão global imobiliária nos seus vários níveis, desde técnico, administrativo, financeiro e comercial. Com um percurso profissional ímpar, as várias funções que tem exercido e a gestão de grandes projectos - Torres de Lisboa, Nova Campolide, Eden, Sintra Business Park, Art’s, Central Office, RockOne, VerdeLago, Loures Business Park, Baía da Meia Praia, Rio Frio, etc. -, trouxeram-lhe uma visão globalizante do fenómeno imobiliário no nosso País e no estrangeiro. Almeida Guerra é licenciado em Organização e Gestão de Empresas, pelo ISCTE (Universidade de Lisboa), e possui um bacharelato em Organização e Gestão de Empresas, pelo Instituto de Novas Profissões. Participou em distintos cursos e seminários, em Portugal e no estrangeiro, abrangendo nomeadamente as áreas do imobiliário, gestão de empresas e marketing. Homem do Mundo fala fluentemente inglês, francês e espanhol. Em nome do Imobiliário No início da década de 70 foi integrado no ex-Grupo CUF (Império), onde desempenhou as funções de direcção em várias subsidiárias do grupo, nomeadamente na Marblarte, S.A. e na Eurodomus, S.A, cargo que ocupou até 1978. Nesse mesmo ano, e até 1988, passa a director do grupo Teixeira Duarte SA (TD) com funções de administrador e gerente de várias subsidiárias, nomeadamente internacionais (Macau, Venezuela, Angola e outras). No final dos anos 80 assume o cargo de administrador da Construções Técnicas SA, com o pelouro Administrativo e Financeiro. Nos próximos 10 anos funda e desempenha as funções de administrador-delegado do grupo Inogi e das suas subsidiárias. Participada pelo Grupo Amorim e pelo Grupo Suez, a Inogi tinha por vocação a promoção, investimento e gestão imobiliária, tendo introduzido no mercado português os conceitos do imobiliário profissional usuais na Europa e nos Estados Unidos da América. Os principais projectos executados por esta empresa foram a Torre da Cidade, Nova Campolide, Éden e Entrecampos. Desde Janeiro de 2000 é fundador, presidente e accionista da Rockbuilding, bem como fundador, administrador e accionista da PREA (empresa de gestão de imóveis). A preserverança da Rockbuilding A Rockbuilding, fundada no início deste século, ini-

ciou a sua actividade num período, tal como hoje, pouco próprio às actividades imobiliárias; por isso, teve necessidade de se afirmar no mercado baseada em conceitos diferenciadores. Para o efeito, criaram a ideia de “gestão integrada”, oferecendo serviços que vão desde o “procurement” da oportunidade até à “entrega da chave”, podendo a sua actuação abranger todas as vertentes de gestão: urbanísticas, administrativas, técnicas, financeiras e comerciais. Para esta empresa, o negócio imobiliário é uma actividade muito profissionalizada. Nas palavras de Almeida Guerra: “Somos poucos (actualmente onze colaboradores) e recorremos sistematicamente à subcontratação de outros especialistas para nos ajudarem, mas acreditamos que vamos ultrapassar esta crise. Fizemos sacrifícios para podermos estar vivos, cometemos erros, mas nunca desistimos... e sempre acreditámos que a seguir à “tempestade virá a bonança”. Por isso os ensinamentos retirados desta crise são enormes, mas há dois que nos norteiam cada vez mais: Ser profissionais (ética e tecnicamente) e nunca desistir!” With 30 years experience in large construction firms - namely in Teixeira Duarte, Construções Técnicas, EPOS, TOHC, among many others -, and in real estate development - INOGI (Amorim Group) and particularly in Rockbuilding, Almeida Guerra’s professional ability is essentially centred on global real estate management on its various levels, from technical, administrative, financial and commercial. With a professional career path that’s second to none, the various positions he has held and the projects he has managed - Torres de Lisboa, Nova Campolide, Eden, Sintra Business Park, Art’s, Central Office, RockOne, VerdeLago, Loures Business Park, Baía da Meia Praia, Rio Frio, etc. - have brought him a global vision of our country’s real estate phenomenon and made him famous in Portugal and abroad. Almeida Guerra has a degree in Company Management and Organisation from ISCTE (Lisbon University), and has a BA in Company Management and Organisation (Business Management) from the Institute of New Professions. He has taken part in specific courses and seminars, in Portugal and abroad, namely including the real estate areas, company management and marketing. A man of the world, he speaks English, French and Spanish fluently. In the name of real estate At the beginning of the 70s he formed part of the ex-CUF group (Império), where he fulfilled executive functions in various group subsidiaries, namely in Marblarte, S.A. and in Eurodomus, S.A. a post

which he occupied until 1978. In this same year, until 1988, he went on to be director of the group Teixeira Duarte S.A. (TD) in the post of CEO and manager of various subsidiaries, namely international ones (Macau, Venezuela, Angola and others). At the end of the 80s he took on the role of CEO of Construções Técnicas S.A., with directorship over the Administrative and Financial departments. Over the next 10 years he founded and carried out functions as Managing Director of the group Inogi and its subsidiaries. Under the umbrella of Grupo Amorim and Gupo Suez, Inogi developed, invested in and managed real estate, having introduced the Portuguese market to the concepts of professional real estate that were normal in Europe and the United States. The key projects executed by this company were Torre da Cidade, Nova Campolide, Éden and Entrecampos. Since January 2000 he is the founder, chairman and shareholder of Rockbuilding, as well as the founder, CEO and shareholder of PREA (real estate management company). The perseverance of Rockbuilding Rockbuilding, founded at the beginning of this century, began its activity in a period not unlike today’s, not particularly propitious for real estate activities; which is why it has had to compete and survive in a market by being different in its concepts. To this effect the idea of “integrated management” was created, offering services that ranged from opportunity procurement to turnkey services, it being able to operate in all areas of management: urban, administrative, technical, financial and commercial. For this company, the real estate business is a very professional activity. In Almeida Guerra’s words: “Our team is small (currently there are 11 of us) and we systematically use the subcontracting of other specialists to help us, but we believe that we’ll beat this crisis. We’ve made sacrifices in order to remain above water, we’ve made mistakes, but we’ve never thrown in the towel...and we’ve always believed that “sunshine always follows rain”. Which is why the lessons drawn from this crisis are huge, but there are two which guide us increasingly more: Be professional (ethical and technically) and never give up!”


Capa 18 07 SET/OUT 2014

Mercado confiante

Investidores internacionais interessados em Portugal Market confident

International investors interested in Portugal


19 07 SET/OUT 2014

O mercado imobiliário internacional está a atravessar de novo um bom momento. Existe maior liquidez e o aumento do volume de investimento é visível em vários países da Europa, incluindo Portugal. Os investidores estão mais activos nos vários segmentos, desde o comercial, escritórios e na habitação e turismo. A APEMIP estima que, em 2014, o investimento imobiliário no País atinja mesmo os dois mil milhões de euros. The international real estate market is once again riding the crest of a wave. There’s more liquidity and an increase in the amount of investment turnover which is visible in various European countries, including Portugal. Investors are more active in various segments, from commercial, offices, residential and tourism. APEMIP (Portuguese Real Estate Professionals and Estate Agents Association) estimates that in 2014 real estate investment in Portugal will have reached the €2Bn mark. Texto Text: Elisabete Soares

“Estamos a atravessar novamente uma fase em que existe bastante liquidez para investir em imobiliário a nível global. Uma parte importante dessa liquidez está a ser alocada à Europa, e consequentemente a Portugal, com principal ênfase no imobiliário comercial e, dentro deste, no mercado de escritórios. Mas os investidores estão activos transversalmente aos vários sectores, incluindo a habitação e a hotelaria”. A opinião é de Francisco Horta e Costa, director geral da CBRE Portugal, consultora com forte presença nos mercados internacionais, mas é partilhada por outros profissionais que trabalham o sector. No caso do mercado nacional, o responsável da CBRE, considera que, “em resultado da boa evolução das finanças públicas e em geral da economia portuguesa e das boas notícias que têm circulado nos meios de comunicação internacionais, temos sentido um acréscimo muito significativo da confiança dos investidores, que já se está a confirmar com a concretização de transacções”. Luís Rocha Antunes, partner e director de investimento da C&W, partilha desta opinião. Tendo em conta o imobiliário no seu todo, considera que “a tendência no mercado de investimento é de crescimento dos volumes, numa economia inundada de liquidez”. Também Pedro Lancastre, director geral da JLL

Portugal, é da opinião que o mercado imobiliário global está a recuperar em praticamente todos os sectores. “O mercado de investimento é o que regista um crescimento mais notável, com os volumes globais de investimento directo em imobiliário terciário a alcançarem os 130 biliões de dólares, no 1º trimestre de 2014, um aumento homólogo de 23%”. Adianta, ainda, que o “dinamismo dos mercados de investimento imobiliário na Europa continuou no 2º trimestre de 2014 tendo sido registada uma compressão das yields prime em todos os segmentos de imobiliário comercial”. Pedro Lancastre acrescenta que “o crescimento dos outros mercados acaba por afectar positivamente o nosso, sempre e desde que a credibilidade do nosso País se mantenha em alta”. Por seu lado, Luís Lima, presidente da APEMIP (associação que agrega as empresas de mediação), salienta o facto de os mercados internacionais estarem a assistir “a dinâmicas muito diferentes entre si, e a sua evolução estar directamente relacionada com a situação conjuntural dos respectivos países”. No entanto, acrescenta, “podemos afirmar que os investidores estrangeiros estão de olho no nosso mercado imobiliário, tanto no segmento habitacional como em imóveis com rendimento, pelo que prevejo que este investimento represente, só em 2014, cerca de 1,5 a 2 mil milhões de euros para o País”.


20 07 SET/OUT 2014

Os investidores estrangeiros estão de olho no nosso mercado imobiliário, tanto no segmento habitacional como em imóveis com rendimento.

Foreign investors are looking at Portugal’s real estate market, both in the residential real estate segment and properties for rent.

Marta Dotti, responsável de marketing da RE/ MAX Portugal, considera que as principais tendências que se têm registado nos mercados internacionais “são a procura de imóveis essencialmente para habitação e/ou investimento”. No caso de Portugal, adianta, que o facto de serem boas oportunidades de negócio faz com que os clientes estrangeiros comprem no nosso País. Por seu lado, Miguel Poisson, director geral da ERA, destaca que a grande maioria dos imóveis, vendidos pela mediadora, são do segmento habitacional, sendo que os particulares são os melhores clientes, embora tenham também alguns casos de investidores. O impacto do golden visa, mas não só A criação do regime do golden visa - autorização de residência para actividade de investimento

– estimulou o investimento imobiliário em Portugal, especialmente no último ano. Isto porque Portugal recuperou a sua credibilidade lá fora e têm sido concluídas algumas grandes operações que põem de novo o País no radar de investimento imobiliário internacional. Luís Lima considera que “o mercado francês, o britânico e o chinês são os que mais têm investido em imobiliário no nosso País, alicerçados essencialmente nos vistos gold, no regime fiscal para residentes não habituais e no facto de o valor dos nossos activos imobiliários ser seguro, credível e ter uma tendência de valorização”. O responsável da APEMIP prevê que esta procura se mantenha, antevendo mesmo o seu aumento substancial por investidores dos países de língua portuguesa, especialmente por parte dos angolanos e dos brasileiros. Uma realidade



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O mercado francês, o britânico e o chinês são os que mais têm investido em imobiliário no nosso País, alicerçados essencialmente nos vistos gold, no regime fiscal para residentes não habituais e no facto de o valor dos nossos activos imobiliários ser seguro, credível e ter uma tendência de valorização. The French,

Chinese and British markets are the ones that have invested the most in real estate in Portugal, spurred essentially by the Golden Visas, the Non-Habitual Residents Tax Regime, and the fact that the value of our real estate assets are secure, credible and show a tendency to gain in value.

que conhece bem como presidente da CIMLOP, confederação internacional que congrega associações empresárias dos sectores da construção e do imobiliário dos países de língua oficial portuguesa, que é um meio privilegiado para chegar aos 250 milhões de pessoas que falam português. Miguel Poisson destaca que a procura de imóveis acontece tendencialmente na zona de Lisboa (no caso do golden visa) e na zona do Algarve (no caso dos casais reformados provenientes da União Europeia). Na sua opinião o golden visa atrai sobretudo compradores chineses (80%) e alguns compradores russos, mas também angolanos, brasileiros e árabes. Contudo, no contexto do novo regime fiscal para residentes não habituais (casais reformados da União Europeia que passam pelo menos seis meses por ano em Portugal e ficam isentos de pagamento de IRS nas suas reformas por um período de 10 anos), são os franceses quem têm comprado mais casas à ERA (76% procuram casa no Algarve e 24% em Lisboa). Aliás, no caso dos franceses, refere o responsável da ERA, o nível médio de investimento, em 80% dos casos, é de 310 euros, e procuram maioritariamente tipologias T3 e também moradias”. No caso da RE/MAX, Marta Dotti regista o “aumento de investimento estrangeiro nos últimos meses e a grande maioria destes clientes é de origem asiática”. No entanto, a consultora tem concretizado uma larga fatia de negócio com clientes franceses que procuram no nosso País uma melhor qualidade de vida, não só pelos benefícios fiscais que conseguem mas também pelo nosso clima, gastronomia e estilo de vida. Pedro Lancastre destaca o facto de actualmente a origem do investimento estrangeiro ser marcada pela diversidade. “Por um lado, temos os grandes fundos institucionais, normalmente alemães, suíços, britânicos e inclusive norte-americanos, que estão de regresso ao nosso mercado após alguns anos de afastamento”. Por outro lado, “temos os investidores emergentes, como os chineses e os brasileiros, que são habitualmente privados, os familly offices. Estes novos investidores procuram tanto activos de rendimento como edifícios para reabilitar”, destaca o responsável pela JLL. “We are once again enjoying a phase in which there is a fair amount of liquidity to invest in real estate at a global level. An important part of this liquidity is being earmarked for Europe and as a consequence Portugal, with the main emphasis on commercial real estate and, within this area, the offices market. But investors are active across the board in various sectors, includ-

ing residential and hotels. This is according to Francisco Horta e Costa, CEO of CBRE Portugal, the consultancy which has a strong presence in international markets, but is shared by other professionals working in the sector. In the case of the national market, the CBRE CEO says that this is “as a result of the good evolution of Portugal’s public finances, and the Portuguese economy in general and the good news that is circulating in the pages of the international press, we’ve been feeling a very significant growth in confidence from investors, which is already been seen in the number of concrete transactions. Luís Rocha Antunes, partner and director of investment at C&W, shares the same opinion. Taking an overall view of real estate, he believes that the “investment market trend is one of growth in turnover, in an economy awash with liquidity”. Pedro Lancastre too, CEO of JLL Portugal, believes that the global real estate market global is recovering in all sectors. “The investment market is the one that registered the most notable growth, with the global total direct investment turnover in tertiary real estate reaching $130Bn in the first quarter of 2014, a like-forlike increase of 23%.” He also adds that the “dynamism of the European real estate investment markets continued in the 2nd quarter of 2014 a compression on prime yields having been registered in all segments of commercial real estate”. Pedro Lancastre adds that the “growth of the other markets has positively affected ours, providing that Portugal’s credibility remains high”. In turn, Luís Lima, President of APEMIP stresses the fact that the international markets are witnessing “dynamics that are very different from one another, their evolution being directly linked with the overall situation of the respective countries.” However, he adds that “we can state that foreign investors are looking at our real estate market, both in the residential real estate segment and properties for rent, so that I forecast that this investment in 2014 alone will represent around €1.5Bn to €2Bn in 2014 alone in Portugal. Marta Dotti, Head of Marketing for RE/MAX Portugal, believes that the main trends that have been registered in the international markets “is for a demand for properties essentially for residence or investment. In the case of Portugal, she adds that the fact that there have been good business opportunities has meant that foreign clients have been buying in Portugal”. In turn, Miguel Poisson, CEO of ERA, points out that the lion’s share of property sold by this es-


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tate agents were for the residential segment, with private clients being the best clients, although there have also been some cases involving investors. The impact of the Golden Visa, but not just.... The creation of the Golden Visa regime - Authorisation of Residency for Investment Activity (ARI) - has stimulated real estate investment in Portugal, especially in the last year. This is because Portugal has recovered its credibility abroad and some large-scale operations have been completed that has once again put the country on the radar of international real estate investment. LuĂ­s Lima says that the “French, Chinese and British markets are the ones that have invested

the most in real estate in Portugal, spurred essentially by the Golden Visas, the Non-Habitual Residents Tax Regime, and the fact that the value of our real estate assets are secure, credible and show a tendency to gain in value.� The head of APEMIP predicts that this demand will maintain, and will include a substantial increase in investors from Portuguese speaking countries, especially Angolans and Brazilians. A reality that he knows well as does the president of CIMLOP, the international umbrella confederation for associations and companies from the construction and real estate sectors in Portuguese speaking countries, which is a privileged channel to reach the 250 million people who speak Portuguese. Miguel Poisson points out that the demand for


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property has been happening mainly in the Lisbon area (in the case of the Golden Visa) and in the Algarve region (in the case of retired couples from the European Union). In his opinion, the Golden Visa has attracted Chinese for the most part (80%) and some Russian buyers, but also some Angolans, Brazilians and Arabs. However, within the context of the new tax regime for Non-Habitual Residents (retired couples from the European Union) who spend at least six months of the year in Portugal and are exempt from the payment of IRS on their pensions for a period of 10 years, it is the French who have bought the most houses from ERA (76% seeking houses in the Algarve and 24% in Lisbon). Although, in the case of the French, the ERA CEO says that the average level of investment, in 80% of cases, is €310,000 and demand is mainly for three-bedroom properties and de-

tached houses. In the case of RE/MAX, Marta Dotti has noted an “increase in foreign investment in recent months with the vast majority of clients of Asian origin”. Meanwhile, the consultancy has closed a large slice of business deals with French clients who are seeking a “better quality of life in Portugal, not just from the tax breaks, but also because of the climate, cuisine, and lifestyle.” Pedro Lancastre points out the fact that currently the origin of foreign investment is conspicuous for its diversity. “On the one hand we’ve got the large institutional funds, normally German, Swiss, British and American, which are returning to our market after some years of absence.” On the other hand, “we’ve emerging investors, like the Chinese and Brazilians, which are usually private - family offices. These new investors are equally looking for assets to rent out as well as buildings to do up”, the head of JLL points out.



Do Mundo RICS – Royal Institution of Chartered Surveyors

Portugal é dos países com maiores expectativas de investimento da Europa Portugal boast the most elevated investment expectations in Europe


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Louise Brooke-Smith é a primeira mulher a assumir a presidência do RICS. Em entrevista, assume opiniões muito fortes sobre o “universo” do RICS e sobre o imobiliário europeu e português. Louise Brooke-Smith is RICS’ first woman President. In interview revels strong opinions about the RICS “world” and the European and Portuguese real estate markets.

Quebrou com a tradição de 146 anos de história ao assumir o cargo de presidente, como se sente em relação a este feito? Tenho a honra de ser a primeira mulher presidente do RICS, embora seja apenas uma dos muitos altos membros do sexo feminino que já lideram a profissão. Por exemplo, o nosso vice-presidente sénior, o presidente da nossa maior região mundial e o presidente do nosso grupo de jovens profissionais são igualmente mulheres. O RICS representa 180 mil profissionais de 140 países a nível mundial. Tendo esta realidade em conta, quais são as suas principais prioridades para 2014? A minha principal acção é ajudar a atingir o objectivo central do RICS que é ser reconhecido como um corpo profissional de liderança que promove e aplica as mais elevadas qualificações e normas profissionais no desenvolvimento e gestão de propriedades, imóveis, construção e infra-estruturas. No âmbito desta prioridade global, vou dar um particular ênfase a África, à diversidade e ao planeamento e economia do território. Em África iremos implementar a nossa estratégia na África Subsaariana em colaboração com instituições de ensino locais e organizações do sector público e privado no sentido de desenvolver padrões profissionais que possam ser aplicados em toda a África. Esta é uma área que me é muito querida e acredito que muitos dos nossos membros em Portugal também tenham laços pessoais com África. Ao nível da diversidade, apesar de a nossa indústria possuir uma enorme difusão de especialidades, a realidade é que deixa para trás a diversificação da força de trabalho. A nossa relevância depende da capacidade em atrair os mais brilhantes e mais entusiásticos talentos independentemente da sua origem, sexo ou qualquer outro factor. Durante todo o meu mandato, e mais além, irei dar especial atenção às temáticas da mobilidade social e do acesso justo à profissão. No âmbito do planeamento e economia territorial, refira-se que esta é a minha área de especialização a nível profissional e por isso vou promover o intercâmbio de boas práticas no planeamento do uso do território que considero ser um elemento essencial para determinar de que forma o crescimento da população deve ser feito em prol dos espaços onde e como vão viver e trabalhar. Vou também promover as boas práticas no planeamento de projectos como pré-requisito para o sucesso dos mesmos. Qual é a sua opinião sobre o estado actual dos mercados imobiliários e do desenvolvimento imobiliário na Europa? O panorama europeu é misto. O mais recente es-

tudo da RICS - Global Commercial Property Monitor -, revela que o retorno positivo mais significativo, sentido nos últimos seis-12 meses, surgiu no seio de alguns dos membros da zona do Euro nomeadamente dos que foram mais duramente atingidos pela crise financeira de 2008, ou seja, Espanha, Portugal e Irlanda. Por exemplo, a procura em Espanha parece estar a aumentar a um ritmo muito mais rápido do que na maioria das nações para as quais o RICS possui informação. Além disso, Portugal e Espanha são os países que detêm actualmente as mais elevadas expectativas de transacções e de investimento. Esta realidade está em sintonia com um cenário económico mais positivo, embora as recentes preocupações com o sector bancário em Portugal revelem a natureza frágil da recuperação do País. Em contrapartida, em outros Estados-membros da zona do Euro como é o caso dos Países Baixos, Itália e França -, as perspectivas de actividade do mercado imobiliário são, de um modo geral, fracas. Dito isto, as perspectivas de investimento destes mercados são, no entanto, um pouco mais optimistas. Para os próximos 12 meses, estima-se que os valores de capital cresçam, em maior ou menor grau, nestes três países. Como economista do território urbano e planeamento de cidades, considera que a política de ordenamento do território na Europa está no caminho certo ou precisa de uma nova abordagem? A Europa possui uma grande variedade de diferentes regimes de planeamento. A minha experiência profissional decorre principalmente do sistema britânico, que se baseia no princípio de que os planos de desenvolvimento destinam-se a espaços que podem ter diferentes usos do solo. Tem havido uma forte aposta no ‘local’ e encorajamento no planeamento de bairro como parte da abordagem do plano global de desenvolvimento, tornando possível às comunidades identificar e sugerir os possíveis usos que podem ser dados às terras nas suas respectivas áreas. Isso tem ajudado a resolver o problema de longa data de qualquer abordagem política ser capaz de atender às aspirações locais. Esta realidade torna-se notória quando se constata que existe uma extrema necessidade de uma maior oferta de casas em todo o país. O Reino Unido está a começar a ter mais desenvolvimento habitacional mas, na minha opinião, é irregular e necessita de soluções mais criativas para ser possível casar o sistema de planeamento com a procura do mercado. Conhece, de alguma forma, o mercado imobiliário português? Não tenho experiência pessoal do mercado portu-


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Portugal e Espanha são os países que detêm actualmente as mais elevadas expectativas de transacções e de investimento.

Portugal and Spain boast the most elevated investment transaction expectations. guês, mas os nossos membros em Portugal dizem-nos que, depois de alguns anos muito difíceis, estão claramente a sentir mais actividade desde o início deste ano. Isto é válido tanto para o capital imobiliário, com fundos de todo o mundo a querer agora investir em Portugal, como para os investidores, onde empresas e retalhistas parecem estar cada vez mais confiantes. Portugal teve, obviamente, de fazer algumas reformas estruturais dolorosas, mas necessárias, e para o sector imobiliário em particular, a alteração da tão esperada lei de arrendamento tem sido um verdadeiro condutor para a mudança - como é demonstrado pelo grande número de projectos de reabilitação actualmente em curso em cidades do interior. A crise também aumentou a consciência para a necessidade de existir um aconselhamento imobiliário transparente e objectivo, que é exactamente o que os membros do RICS podem proporcionar. You have broken the tradition of the Institution’s 146-year history to take up the presidential chains of office, how do you feel about it? I am honoured to be RICS’ first woman President, though I am just one of many senior female members already leading the profession. For example, our Senior Vice President, the chair of our largest World Region, and the chair of our young professionals group are also women. RICS represent 180,000 professionals across the world in 140 countries. Taking that into consideration, what are your main priorities for 2014? My main task is to help achieve RICS’ core aim of being recognized as the leading professional body that promotes and enforces the highest professional qualifications and standards in the development and management of land, real estate, construction and infrastructure. Within this overarching priority I am placing a particular emphasis on Africa, diversity and planning and land eco-

nomics. In Africa we will be implementing our Sub Saharan Africa Strategy in collaboration with local tertiary education institutions, and public and private sector organisations in order to develop professional standards across Africa. This is an area close to my own heart, and I am conscious that our many of our members in Portugal also have close personal ties with Africa. Regarding diversity, while our industry boasts a huge spread of specialisms, it lags behind others in making the most of a diverse workforce. Our relevance depends on attracting the brightest, most enthusiastic talent regardless of background, gender, or any other incidental factor. I will be making the case for social mobility and fair access into the profession throughout my term and beyond. Planning and land economics is my area of professional expertise, and I will be promoting the exchange of good practice in land use planning as an essential element in determining where and how a growing population will live and work. I shall also promote good practice in project planning as the pre-requisite for the success of any scheme. What is your opinion about the current state of the commercial property and property development markets in Europe? The European picture is mixed. RICS latest Global Commercial Property Monitor indicates that the most noticeable positive turnaround in sentiment over the past 6-12 months has emerged from some of the euro area members which were most severely affected by the 2008 financial crisis, namely Spain, Portugal and Ireland. For instance, demand for occupancy within Spain appears to be increasing at a faster rate than almost all nations for which RICS has data. Furthermore, Portugal and Spain boast the most elevated investment transaction expectations. This revival is in keeping with the more positive broader economic picture, although recent concerns about the banking sector in Portugal highlight the fragile nature of the recovery. By way of contrast, in other euro zone states such as the Netherlands, Italy and France, the outlook for occupier market activity is generally weak. That said, the prospects for the investment side of these markets offer a little more encouragement. Over the next twelve months, capital values are projected to rise to a greater or lesser extent in all three countries. As an urban land economist and town planner, do you consider the land use planning policy in Europe is on the right track or needs a new approach? Europe sees a wide variety of different planning regimes. My professional experience is primarily of the British system which is based on a devel-

Louise Brooke-Smith Presidente do RICS RIC´S President

opment plan approach which supports allocated sites for various land uses. There has been a strong push for ‘localism’ and encouragement for neighbourhood planning as part of the development plan approach where communities identify and pursue land use needs for their respective areas. This has helped address the long standing issue of any policy approach being able to meet local aspirations. This is never more acutely experienced than in terms of the dire need for more housing across the country. The UK is beginning to see more housing development but in my view it is irregular and more imaginative solutions are still needed that marry the planning system and market demand. Do you know the Portuguese property development market? I don’t have personal experience of the Portuguese market, but our members in Portugal tell us that after a couple of very difficult years, they are clearly seeing more activity since the beginning of this year. This is true for both the capital side of real estate, with funds from all over the world now looking to invest in Portugal, as well as for the occupier side, where corporates and retailers seem increasingly confident. Portugal has obviously had to make some painful but necessary structural reforms, and for the property sector in particular, the long-awaited amendment of the lease law has been a real driver for change – as is shown by the large number of inner city refurbishment projects currently underway. The crisis has also increased the awareness of the need for transparent and objective property advice, which is exactly what RICS members can provide.



Do Mundo

Mercado ibĂŠrico

Portugal com maior disponibilidade que Espanha Iberian market

Portugal has more availability than Spain


31 07 SET/OUT 2014

Alejandro Campoy, director do departamento de Investimento e membro do Conselho Directivo da Aguirre Newman em Madrid, e Paulo Silva, director geral da Aguirre Newman Portugal, comparam o mercado imobiliário português e espanhol. Alejandro Campoy, Director of the Department of Investment and member of the Advisory Board for Aguirre Newman in Madrid, and Paulo Silva, CEO Aguirre Newman Portugal, compares the Portuguese and Spanish real estate market. Podemos falar de um “mercado ibérico imobiliário” ou o mais correcto é distinguir o mercado de Espanha do mercado de Portugal? Alejandro Campoy (AC) - Do meu ponto de vista ambos os mercados tiveram um aumento significativo na primeira metade deste ano, embora o tipo de investidores seja distinto. Enquanto em Espanha o principal investidor continua a ser o investidor privado e o investidor institucional estrangeiro, atraído pelas primeiras compras realizadas pelos grandes fundos como sejam o Goldman Sachs, Morgan Stanley e Blackstone, em Portugal o investidor em destaque tem sido o asiático, atraído pelo famoso programa “Golden Visa”. Não obstante, existem investidores comuns como sejam os fundos de investimento alemães e, sobretudo, o motivo da compra é o mesmo. Os valores de capital de ambos os países são realmente baixos em comparação com os atingidos em anos anteriores. Em relação ao tipo de produto e aos parâmetros básicos do mercado, ambos os países são semelhantes, embora, talvez a maior diferença seja a falta de disponibilidade de produto de investimento no mercado espanhol, em relação ao mercado português. Paulo Silva (PS) - Do ponto de vista dos investidores estrangeiros não há um mercado ibérico mas dois mercados distintos uma vez que existem singularidades específicas que os caracterizam, enquadramento legal, dimensão dos mercados, liquidez dos activos, etc. Será mais correcto distinguir três mercados ibéricos: Madrid, Barcelona e Lisboa, sendo que os dois primeiros apresentam muitos aspectos em comum. Como descreve a actual situação do mercado espanhol? Quais os sectores que melhor estão a recuperar da crise?

AC - Espanha vive um importante crescimento em todos os segmentos do mercado imobiliário. Talvez o mais notável seja o segmento de centros comerciais, no qual, este ano, já se venderam mais de 25 centros comerciais num valor superior a 2.000M€. Outros segmentos como o de escritórios duplicaram, até ao momento, o volume transaccionado, estando previsto encerrar o ano com um valor muito mais elevado. Além disso, o tipo de transacções é muito díspar, encontrando-se operações como a compra da Castellana 200 (um edifício ‘core’) ou operações com um perfil mais oportunístico fora de Madrid e Barcelona. Como descreve a actual situação do mercado português? Quais os sectores que melhor estão a recuperar da crise? AC - Aparte da referência dos centros comerciais, relativamente aos quais não se têm verificado significativas transações em Portugal, tudo o que o Alejandro disse em relação a Espanha aplica-se a Portugal. Todos os segmentos do mercado imobiliário têm assistido a um acréscimo do número de transacções, áreas transacionadas e volumes de negócios. A melhor recuperação regista-se a nível do investimento imobiliário, fruto da disponibilidade de oportunidades que se apresentam muito boas em preço, como é evidenciado pelo facto de estarmos neste momento a negociar a transacção de 11 edifícios. Que tipo de investidores estão à procura destes mercados? AC - Além dos fundos institucionais (principalmente alemães), das seguradoras e dos family offices, centrados no produto de escritórios e em high street retail, aparece um novo tipo de investidor no mercado espanhol, as SOCIMIS. Estas empresas são veículos de investimento com


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Espanha vive um importante crescimento em todos os segmentos do mercado imobiliário.

Spain is enjoying an important growth in all real estate market segments.

uma fiscalização mais eficiente, pelo que podem ser mais agressivas em preço. Nas últimas operações de centros comerciais, escritórios e edifícios de logística, estes têm sido os principais investidores. Qual a diferença entre estes mercados e o resto da Europa? AC - Espanha deixou de ser um destino para fundos internacionais, devido às dificuldades da sua situação macro-económica. Quando tiver corrigido estes problemas, o país voltará a estar na mira desses grandes investidores. A principal motivação para os investimentos prende-se com o valor patrimonial dos produtos. Durante os anos de crise, as rendas caíram nos diferentes segmentos de mercado entre 2050%. As rentabilidades, por seu lado, mantiveram-se estáveis ou subiram ligeiramente, pelo que o preço €/m² dos imóveis caiu substancialmente. Espanha encontra-se a viver momentos de recuperação económica através da qual se antecipa um aumento das rendas nos diferentes sectores e este é o ângulo de aproximação dos investidores ao nosso mercado. Hoje em dia existe uma grande concorrência entre as consultoras internacionais. O que distingue a Aguirre Newman das demais concorrentes? AC - A chave do sucesso da Aguirre Newman foi sempre colocar a ênfase no cliente e colocar os seus interesses acima dos da própria consultora com o objectivo de se estabelecerem relações duradoras de confiança e competitivas. Nos últimos anos consolidou-se uma equipa e um sistema que funciona. Como consequência, a Aguirre Newman foi eleita, pelo terceiro ano consecutivo, como a melhor consultora imobiliária de Espanha, pela publicação financeira Euromoney. PS - Em complemento ao referido pelo Alejandro acrescentaria o facto de apresentarmos uma cobertura muito completa de oferta de serviços imobiliários, particamente a 360°, que sustentada numa excelente comunicação interna intra-escritórios e entre os escritórios da empresa oferece soluções globais aos seus clientes. O que está a ser feito no imobiliário no sentido de evitar os erros do passado recente? AC - A maioria dos problemas que surgiram no mercado imobiliário resultaram do excesso de liquidez no mercado e, principalmente, do facilitismo na hora de financiar o produto imobiliário. Nos últimos anos, quase 100% das operações no mercado espanhol foram concretizadas apenas com capital próprio.

Alejandro Campoy Director do departamento de Investimento e membro do Conselho Directivo da Aguirre Newman em Madrid Director of the Department of Investment and member of the Advisory Board for Aguirre Newman in Madrid

PS - O mercado espanhol neste aspecto distingue-se do português na medida em que encontra nos investidores familiares uma dinâmica e agressividade que é concorrente com a dos investidores estrangeiros. Em Portugal, por vezes a ideia que fica é a de que os investidores nacionais, salvo raras excepções, compram aquilo que não interessa aos estrangeiros. Indo de encontro à essência da questão colocada, sinto que os mercados têm memória curta e que mais cedo ou tarde os erros irão ser novamente cometidos, como são reveladores os fenómenos de “bolhas” resultantes da facilidade de acesso a financiamento que acontecem há centenas de anos e que não são um fenómeno específico do mercado imobiliário.

Can we refer to an “Iberian Real Estate Market” or is it more correct to distinguish between the Spanish and Portuguese markets? Alejandro Campoy (AC) - From my point of view both markets have enjoyed a significant increase in the first half of the year, although the type of investors are distinctly different. While in Spain the main investor continues to be the private investor and the foreign institutional investor, attracted by the first acquisitions made


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by the large funds such as Goldman Sachs, Morgan Stanley and Blackstone; in Portugal the investor has been Asian, attracted by the famous ‘Golden Visa’ programme. That said, there are investors in common such as German investment funds and, above all, the reason for buying is the same. The capital values for both countries are really low in comparison to those achieved in years gone by. In relation to this type of product and the basic parameters of the market, both countries are similar, although, perhaps the greatest difference is the lack of available investment product in the Spanish market in relation to the Portuguese market.

Paulo Silva (PS) - From the point of view of foreign investors there isn’t an Iberian market but two distinct markets since there are specific peculiarities that set them apart: the legal framework, the size of the markets, the liquidity of the assets, etc., the first two presenting many aspects in common. How would you describe the current situation in the Spanish market? Which sectors are recovering the best from the crisis? AC - Spain is enjoying an important growth in all real estate market segments. Perhaps the most notable is the shopping centres segment, which this year has already sold more than 25


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Nos últimos anos, quase 100% das operações no mercado espanhol foram concretizadas apenas com capital próprio.

In more recent years almost 100% of operations in the Spanish market were made only using own capital rather than bank loans.

shopping centres at a value of over €2Bn. Other segments such as offices have doubled, right now the transactional turnover is expected to round off the year with an even higher amount. Furthermore, the type of transactions are very different, ranging from operations such as the purchase of Castellana 200 (a core building) or operations with a more opportunistic profile outside Madrid and Barcelona. What type of investors are seeking out these markets? AC - Apart from institutional funds (mainly German), insurers and family offices, focusing on office products and high street retail, there’s a new type of investor in the Spanish market, SOCIMIS (REIT options). These companies are investment vehicles with more efficient supervision, meaning they can be more aggressive in terms of price. In recent shopping centre, offices and logistics buildings operations, they have been the main investors. What is the difference between these markets and the rest of Europe? AC - Spain has ceased to be a destination for international funds, due to the difficulties of its macro-economic situation. When these problems have been sorted out, the country will once again attract these big investors. The key motivation for these investment has to do with the heritage value of the products. During the crisis years, rents plummeted in the different market segments by between 20-25%. Returns, on the other hand, maintained stable or went up slightly, so that the price €/m2 of the properties fell substantially. Spain is recovering economically now so that an increase in rental income is expected in the different sectors and this is where investors are attracted to our market. Today there is huge competition between the international consultants. What makes Aguirre Newman different from its competitors? AC - The key to Aguirre Newman’s success has been to always place the emphasis on the client and put its interests above those of the actual consultants with the aim of establishing competitive long-lasting relationships based on trust. In recent years a team was formed with a system that works. As a consequence, Aguirre Newman was voted, for the third year running, as the best real estate consultants in Spain, by the financial publication Euromoney. PS - Apart from shopping centres, for which there haven’t been significant transactions in

Paulo SIlva Paulo Silva, Director Geral da Aguirre Newman Portugal CEO Aguirre Newman Portugal

Portugal, everything that Alejandro has said in relation to Spain can be applied to Portugal. All of the real estate market segments have seen an increase in the number of transactions, areas transacted and business turnover. The best recovery has been registered at the real estate investment level, owing to the availability of opportunities that have been very reasonable in terms of price, as is evident by the fact that we’re at present negotiating the transaction of 11 buildings. What is being done in real estate in the sense of avoiding the errors of the recent past? AC - The majority of problems that have arisen in the real estate market were the result of an excess of liquidity in the market and, mainly, easy credit made available at the time for the real estate product to be financed. In more recent years almost 100% of operations in the Spanish market were made only using own capital rather than bank loans. PS - To back up what Alejandro mentioned I would add the fact that we offer a very comprehensive coverage of real estate services offer, practically 360º, which is sustained by excellent internal communication between the company’s offices, offering a one-stop shop for all our clients.



Do 36 Mundo 07 SET/OUT 2014

Expo Real 2014

Portugal com uma “evolução muito positiva” Portugal with a “very positive development”


37 07 SET/OUT 2014

Eugene Egeenmeir Director Geral, Messe München International Managing Director, Messe München International

A situação política e económica em Portugal contribuiu para o declínio dos expositores nacionais na Expo Real. Ainda assim, segundo Eugen Egetenmeir, Director Geral da Messe München International, este ano, sete expositores portugueses vão estar patentes no certame. The political and economic situation in Portugal has contributed to a decline in exhibitor inquiries at Expo Real. But this year, according to Eugen Egetenmeir, Managing Director Messe München International, seven exhibitors have registered for Expo Real.

Qual é o tema central e quais as novidades da Expo Real 2014? O programa de conferências vai centrar-se novamente nos temas económicos, de financiamento e assuntos regulamentares. Estas são as principais áreas de interesse quer para os expositores quer para os visitantes. Mas iremos também focar outros segmentos do mercado imobiliário, tais como a hospitalidade e o imobiliário logístico, comercial, residencial e de saúde, assim como os vários mercados imobiliários na Europa e no exterior. A novidade deste ano decorre na quarta-feira com o evento “Kluge Köpfe, Kluge Gedanken” (“Cabeças Brilhantes, Ideias Brilhantes”) que conta com várias palestras que vão ser apresentadas no decorrer do Fórum Expo Real. O nosso objectivo com esta iniciativa é estabelecer elos com a indústria do imobiliário a partir de novas e diferentes abordagens, tal é o caso da presença de oradores da área da sociologia ou do marketing de media social, bem como de temas que focam as principais tendências e perspectivas futuras. A Europa, sobretudo os países que mais sofreram com a crise económica, estão a começar a falar de retoma. Esta realidade poderá reflectir-se, de alguma forma, na Expo Real 2014? Os mercados com menor liquidez, como é o caso da Irlanda e da Espanha, estão a recuperar lentamente. Mas o apetite dos investidores por operações de risco está também a aumentar, pelo que mercados como o de Espanha e de Itália estão de volta ao ‘radar’. Este é, pois, um tópico que vai ser abordado na feira, no programa da conferência e em outras actividades. Por isso mesmo, vamos olhar de perto para o mercado espanhol e italiano nos Fóruns de Investimento Local. No que toca à parte dos expositores, esta realidade está bem patente no caso de Portugal já que são sete os expositores que se registaram na Expo Real deste ano. Em comparação com os anos anteriores, é uma evolução muito positiva. Além da Sonae Sierra, contam-se pelos dedos as empresas imobiliárias portuguesas que têm participado nos últimos anos na Expo Real. Na sua opinião, o que falta para um investimento português mais forte nesta feira? A Sonae Sierra, promotora imobiliária global e gestora de centros comerciais, tem sido, desde há muitos anos, um expositor habitual na Expo Real porque tem encontrado nesta feira de imobiliário e investimento os contactos certos para os seus negócios internacionais. No entanto, regra geral, o foco em Portugal tem sido ao nível do imobiliário residencial e do desenvolvimento de projectos turísticos, pelo que os empresários portugueses que operam nestes sectores frequentemente encontram os seus parceiros europeus de negócio logo após uma única participação na feira. Refira-se que, nos últimos

anos, a situação política e económica em Portugal contribuiu para um declínio dos expositores, por isso estou muito satisfeito por, este ano, Lisboa estar representada com um stand próprio. What is the main focus of interest and what is new at Expo Real 2014? The conference program will again focus on economic, financing and regulatory topics. These are the main areas of interest for exhibitors and visitors alike. But we will also be taking a look at various real estate segments such as hospitality and logistic properties, commercial, residential and health properties as well as various property markets in Europe and overseas. New this year is Wednesday’s focus with the “Kluge Köpfe, Kluge Gedanken” (“Bright Heads, Bright Ideas”) lecture series in the Expo Real Forum. Our aim here is to get to grips with the property industry from new and different perspectives, for example with speakers from the sociology, social-media marketing as well as trend research and futurology fields. Europe, especially countries that suffered most from the economic crisis, are now beginning to talk about recovery. Is this reflected, somehow, at the Expo Real 2014? Formally less liquid markets, such as Ireland and Spain, are slowly recovering. But investors’ appetite for risk has also increased so that markets such as Spain and Italy are back on the radar screen. We are picking up on this development at the trade fair, in the conference program and elsewhere. For example, we will be taking a closer look at the Spanish and Italian market in the Investment Locations Forum. For the exhibitors’ part, this is reflected above all in the case of Portugal. Seven exhibitors have registered for Expo Real this year. Compared with previous years, a very positive development. Besides Sonae Sierra only a few other Portuguese real estate companies are participating in Expo Real. In your opinion, what is missing for a stronger Portuguese investment in this show? Sonae Sierra, a global developer and operator of shopping centers, has been an exhibitor at Expo Real for many years because it has found the right contacts for its international business deals here at the property and investment trade fair. Generally, however, the focus in Portugal is on residential property and tourism projects and Portuguese suppliers in these sectors frequently find the European sales partners they want after one attendance at the trade fair. In recent years the political and economic situation in Portugal has also contributed to a decline in exhibitor inquiries. That is why I am all the more gratified that Lisbon is represented with a stand this year.


Do Mundo SIL – Salão Imobiliário de Portugal

Aposta no investimento e internacionalização SIL – Portugal Real Estate Fair

Focus on investment and the internationalisation O SIL regressa a Lisboa de 8 a 12 de Outubro colocando em destaque os mercados da China e de França. Sandra Bértolo Fragoso, gestora do SIL, revela que este evento “não se esgota em Portugal”. Saiba por quê… SIL returns to Lisbon from October 8th12th, placing the markets of China and France in focus. Sandra Bértolo Fragoso, manager of SIL, reveals that this event is “not confined to Portugal”. Find out why.... Quais as expectativas em termos de expositores e visitantes para a edição deste ano? O SIL é o salão líder do sector imobiliário em Portugal e regressa a Lisboa de 8 a 12 de Outubro. A adesão das empresas expositoras é superior à registada na mesma data em 2013, perspectivando-se um crescimento na ordem 30%. Para as empresas que ainda não se inscreveram, poderão fazê-lo até ao início de Setembro. Assim as perspectivas são de um salão mais rico quer na exposição, quer nas actividades que os expositores e parceiros se propõem desenvolver. A reabilitação e o arrendamento têm sido os

pilares do SIL. É uma aposta para continuar? A reabilitação urbana e o arrendamento fazem parte da evolução natural do sector imobiliário e com tal terão a sua reflexão no SIL. O SIL não é um evento à parte do mercado, é o momento em que as empresas, as entidades sectoriais e até governamentais têm a oportunidade de analisar o estado do sector, trocar experiências de sucesso, mostrar os projectos e delinear estratégias evolutivas da reabilitação urbana e do arrendamento. A internacionalização do sector tem sido outra das apostas da organização. Qual o feedback

que têm obtido quer das empresas nacionais quer dos investidores estrangeiros? O SIL não se esgota em Portugal, é feito ao longo do ano um trabalho de acompanhamento das empresas portuguesas a mercados estratégicos para o sector imobiliário. Assim, em 2014 estivemos em Moçambique, França, China, Macau e Hong Kong e teremos a presença destes mercados no SIL em Lisboa. Além destes mercados, o SIL recebe anualmente profissionais do sector oriundos da CPLP, a saber Angola, Cabo Verde, Moçambique e Brasil, contando com o forte empenho da CIMLOP. As empresas nacionais reconhecem a oportunidade que o SIL lhes dá de contactar directamente com



40 07 SET/OUT 2014

Sandra Fragoso Gestora do SIL Manager of SIL

este universo aliciante de investidores, empresários e representantes de organismos oficiais, acrescida da vantagem dos mesmos poderem visitar os projectos e as próprias empresas. Por seu lado, os investidores estrangeiros ficam satisfeitos com o País, o clima, a hospitalidade e o profissionalismo dos nossos empresários, e principalmente com a rentabilidade e segurança do investimento. O que levou a organização a destacar este ano os mercados da China e da França? Estivemos em França pela terceira vez no Salão Imobiliário de Paris e as empresas expositores são unânimes no interesse do mercado que tem um potencial de investidores, maioritariamente séniores e luso-descendentes, muito aliciante. De salientar os benefícios fiscais criados para os reformados que pretendam estabelecer a residência habitual em Portugal – uma isenção fiscal pelo prazo de 10 anos. O SIL tem estimulado as sinergias entre França e Portugal, permitindo o contacto com um universo ‘premium’ de investidores.Relativamente ao mercado chinês, e como é do conhecimento geral, estes continuam interessados no mercado português, pela rentabilidade e segurança do investimento em Portugal e não esquecendo os benefícios do Golden Visa. Pela primeira vez o SIL marcou presença no 10th Shangai Overseas Property & Investment Immigration Show e os contactos efectuados foram bastante satisfatórios para todos os participantes.

What are the expectations in terms of exhibitors and visitors for this year’s edition? SIL is the leading real estate fair in Portugal and returns to Lisbon from October 8th-12th. The number of exhibiting companies that have signed up is greater than in 2013, with an expected growth of 30%. For those companies that have yet to sign up, they can do so at the beginning of September. Therefore the perspectives are for a fair that is richer both in terms of the exhibition and the activities that exhibitors and their partners are planning to put on. Rehabilitation and rental markets have been the pillars of SIL. Is this likely to continue? Urban rehabilitation and the rental market are part of the natural evolution of the real estate sector and as such will be reflected at SIL. SIL is not an event that is disassociated from the market, it is the moment in which companies, sector bodies and even government entities have the opportunity to analyse the state of the sector, exchange success stories, showcase projects and outline developing strategies for the urban rehabilitation and the rental sectors. The internationalisation of the sector has been another of the organisation’s focuses. What is the feedback that you’ve got from national companies and foreign investors? SIL is not confined to Portugal, work is undertaken throughout the year accompanying Portuguese companies and strategic markets for the real estate sector. In 2014 we’ve been in Mozambique, France, China, Macau and Hong Kong and we’ve got the presence of these markets at SIL in Lisbon. Apart from these markets, SIL annually receives

professionals from the CPLP (Portuguese-speaking countries), Angola, Cape Verde, Mozambique and Brazil, with a strong showing from the association of real estate professionals and constructors from Portuguese-speaking countries - CIMLOP.National companies recognise the opportunity that SIL offers them to get into direct contact with this attractive universe of investors, business leaders and representatives of official organisations, with the added advantage of the same being able to visit the projects and actual companies. In turn, foreign investors are satisfied with the country, climate, hospitality and the professionalism of our business leaders and mainly with the profitability and security of investment. What has led to the organisation focusing this year on China and France? We were in France for the third time at the Paris Real Estate Fair and exhibiting companies are unanimous in their interest in the market which has an investor potential, mostly the retired and Portuguese descendants having the most appeal. To be highlighted are the tax benefits created for the retired who intent to set up their habitual residence in Portugal - a 10-year tax exemption. SIL has also fostered synergies between France and Portugal, permitting contact with a world of premium investors. As to the Chinese market, as is widely known, these continue to be interested in the Portuguese market, for the profitability and security of the investment in Portugal and not forgetting the benefits of the Golden Visa. For the first time SIL was present at the 10th Shanghai Overseas Property & Investment Immigration Show and the contacts made were fairly satisfactory for all participants.



Do Mundo 42 07 SET/OUT 2014

The Tower

Atelier internacional

O ethos da Broadway Malyan International studio

The ethos of Broadway Malyan


43 07 SET/OUT 2014

Margarida de Ordaz Caldeira, Main Board Director da Broadway Malyan, revela como é operar num mundo global, onde excedem as expectativas dos seus clientes e onde conseguem ser líderes na inovação e na sustentabilidade. Margarida de Ordaz Caldeira, Main Board Director of Broadway Malyan, reveals what it is to operate in a global world, where they exceed their clients’ expectations and where they can be leaders in innovation and sustainability.

Margarida de Ordaz Caldeira Main Board Director, Broadway Malyan Main Board Director of Broadway Malyan

A Broadway Malyan possui actualmente uma grande notoriedade a nível mundial. Como salienta Margarida de Ordaz Caldeira, Main Board Director, trata-se de “uma diversidade inigualável com mais de 500 especialistas em design e uma distinta orientação para o cliente, e mais de 75% da sua receita obtida através de clientes regulares ”. Este atelier cria, assim, cidades, locais e edifícios de categoria internacional e totalmente integradas que agregam valor a longo prazo e oferecem o “retorno do investimento no design”. Desde que foi estabelecida em 1958, o seu percurso evoluiu de um pequeno nicho de operação no Reino Unido a um negócio global com 16 ateliers. Hoje oferecem uma grande variedade de serviços desde arquitectura, urbanismo e design. “A nossa prática comum consite em valorizar a interacção e a confiança. Muitos clientes dizem-nos que a nossa atitude e energia fazem uma substancial diferença. É por isso que todas as nossas equipas querem ser bem-sucedidas e que os seus projectos atinjam o seu pleno potencial”, acrescenta. A visão, o ethos da Broadway Malyan é, pois, exceder as expectativas dos seus clientes através de uma focalização na qualidade, colaboração e concretização, criando, pelo caminho, lugares e edifícios, comunidades sustentáveis com um propósito social e económico, apoiando uma urbanização global responsável. De Abu Dhabi a Singapura Neste momento a Broadway Malyan opera no Reino Unido, na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), na Ásia Pacífico e nas Américas. Os 16 ateliers que possuem distribuem-se por vários centros mundiais, incluindo Abu Dhabi (UAE), Baku (Azerbeijão), Lisboa (Portugal), Londres (Reino Unido), Madrid (Espanha), Mumbai (Índia), Xangai (China), Santiago (Chile), São Paulo (Brasil), Singapura e Varsóvia (Polónia). Margarida de Ordaz Caldeira explica que os seus especialistas em design “trabalham numa gama completa de sectores: desde o urbanismo ao residencial, retail, escritórios, uso misto, saúde, desporto, lazer e cultura, educação, arquitetura paisagista e espaço público, bem como design de interiores, criação de imagem de marca e design gráfico ”. A este propósito, destaca que “os ateliers estabelecidos na Europa, junto com a nossa sensibilidade e compreensão para com diferentes culturas, proporcionaram-nos uma plataforma para o crescimento em África e em diferentes continentes. Não foi por acaso que,

à medida que a nossa operação foi crescendo em locais como África, fomos embarcando em projectos maiores e mais exigentes”. Não é pois de estranhar que, neste momento, estejam a aplicar as suas capacidades arquitectónicas e de planeamento em países em desenvolvimento, encontrando-se a liderar alguns dos projectos de planeamento urbano mais dinâmicos e empolgantes de África, onde, a título de exemplo, destacamos o desenvolvimento do projecto para o PDGML Luanda, um concurso internacional ganho, e que visa criar uma visão transformadora para Luanda, a capital de Angola e uma das cidades africanas mais dinâmicas. “Estamos agora a concretizar uma estratégia de crescimento para a cidade e a sua área metropolitana que alberga cerca de seis milhões de habitantes, preparando-a para acomodar 13 milhões de pessoas por volta do ano de 2030. A nossa equipa multi-disciplinar está a desenvolver uma análise dos contextos geográfico, sócio-económico, morfológico, infraestrutural e ambiental, de modo a preparar uma renovação urbana e um plano de crescimento com sensibilidade e de forma sustentável. Este plano será usado para a criação de políticas que definem os usos do solo e planear controlos através dos municípios da cidade nos próximos 20 anos”, esclarece. Entre os projectos mais recentes da Broadway Malyan, o destaque vai para a nomeação do atelier para criar a projecção em “blueprint” da transformação de Luanda, em Angola (África); para a aprovação do projecto para o icónico Hefei ID, centro comercial, em Hefei (China); para o lançamento do Pólo de Saúde Novena, de 17 hectares, em Singapura; e para o início da construção do R&D europeu para a Petronas, em Turim (Itália). Margarida de Ordaz Caldeira revela ainda que recentemente celebraram “a conclusão da última fase de um projecto de cinco anos, para a requalificação do “Lado Ar” do Aeroporto Internacional de Lisboa (Portugal), o Huelva Center, um dos primeiros centros comerciais abertos pela multinacional Carrefour, em Huelva (Espanha), a mais alta torre residencial de Londres, a Tower 1 St. George Wharf (Reino Unido) e um nosso marco, o Centro Nacional do Coração em Singapura mais dois estádios no Estádio Hassa Bin Zayed em Al Ain (UAE), este com 25.000 lugares, e a Arena Nacional de Ginástica em Baku (Azerbeijão)”, que inaugurou este ano. Aliás o Centro Nacional do Coração em Singapura recebeu o mais alto galardão que um projecto na área da Saúde pode ambiocionar, recebendo uma Menção Honrosa na categoria


44 07 SET/OUT 2014

National Heart Centre

Lisbon International Airport Melhor Projecto Internacional de Saúde em 2014, pelo Design & Health World Congress.

Este atelier cria cidades, locais e edifícios de categoria internacional e totalmente integradas que agregam valor a longo prazo e oferecem o retorno do investimento no design.

This studio creates international standard cities, places and buildings which are totally integrated and bring value in the long-term and offer a return on investment in design.

Futuros negócios Quanto à estratégia traçada para os anos vindouros e as próximas décadas a Broadway Malyan, esclarece que “continuamos a investir no crescimento futuro através da nossa estratégia internacional e do alargamento do alcance da nossa rede global de 16 ateliers, operando activamente em 43 países ao longo do ano passado”. “Estamos a investir também em mais nomeações estratégicas para melhorar ainda mais a diversidade inigualável da nossa forte equipa de 500 especialistas. A nossa distinta orientação para o cliente continua a posicionar-nos como um parceiro de longo prazo, com mais de 75% da nossa receita obtida através de clientes regulares, prova do nosso compromisso em proporcionar um retorno do investimento no design”, conclui Margarida de Ordaz Caldeira. Broadway Malyan is currently distinguished by its global reach. As Margarida de Ordaz Caldeira, Main Board Director stresses, “it enjoys an unrivalled diversity with 500+ design experts and distinctive client focus, and over 75% income from repeat business”. Broadway Malyan therefore creates world-class and fullyintegrated cities, places and buildings to unlock lasting value and deliver the long-term “return on investment in design”. Since being established in 1958, our journey

has taken us from a small niche UK practice to a international business with 16 studios. Today we offer a wide range of services, from architecture, masterplanning and design through to landscaping and branding. “Our practice is a people business that will always value relationships and trust. Many clients tell us that our energy and drive makes a real difference. That’s because all our teams want to be successful and for their projects achieve their full potential”, she adds. The vision and ethos of Broadway Malyan is, indeed, about exceeding the expectations of its clients by focusing on quality, collaboration and completion, creating on the way, places and buildings, sustainable communities with a social and economic purpose, supporting responsible global masterplanning. From Abu Dhabi to Singapore At the moment Broadway Malyan operates in the UK, in the EMEA region (Europe, Middle East and Africa), in the Asia Pacific and the Americas. We have 16 studios across world centres, including Abu Dhabi (UAE), Baku (Azerbaijan), Lisbon (Portugal), London (UK), Madrid (Spain), Mumbai (India), Shanghai (China), Santiago (Chile), São Paulo (Brazil), Singapore and Warsaw (Poland). Margarida de Ordaz Caldeira explains that their design experts “work across a full range of sectors: from masterplanning, residential, retail, workplace, mixed-use, healthcare, sports leisure and culture, education, landscaping and public


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National Gymnastics Arena realm, as well as interior design, branding and graphics. To this end, she points out that “their studios established in Europe, coupled with our sensitivity and understanding of different cultures and heritages, has provided us with a platform for growth in Africa and in different continents. It was not by chance that as our operation has grown in places like Africa, we taken on larger and more demanding projects”. It comes as no surprise that now they are applying their architectural and masterplanning capabilities in developing countries, leading some of the most dynamic and exciting urban planning commissions in Africa where, for example, we would highlight the development of the PDGML Project for Luanda, an international tendering competition which we won, and which aims to deliver a vision to transform Luanda, the capital of Angola and one of the most dynamic African cities. “We are now delivering a growth strategy for the city and its wider metropolitan district which is home to around six million inhabitants and set to accommodate 13 million people by around 2030. Our multi-disciplinary team is analysing

the city’s geography, socio-economic conditions, morphology, infrastructure and environmental context to prepare a sensitive and sustainable urban renewal and growth plan. This plan will be used to create policies for governing land use allocations and planning controls across the city’s municipalities over the next 20 years”, she said. From among Broadway Malyan’s most recent projects, worth highlighting are the studio’s appointment to create a blueprint vision to transform Luanda, in Africa (Angola); the planning approval for the landmark Hefei ID Shopping Mall in Hefei (China); for the launch of its 17-hectare Novena Health City in Singapore and the start of construction of our European R&D for Petronas Lubricants, in Turin (Italy). Margarida de Ordaz Caldeira also reveals that they recently celebrated “the completion of the five-year air side repositioning of Lisbon International Airport (Portugal), the Huelva Center, one of the first commercial centres opened by the multinational Carrefour, in Huelva (Spain), the tallest residential tower in London, Tower One St. George Wharf (UK) and the landmark National Heart Centre in Singapore, plus two stadiums in the 25,000 seat Hassa Bin

Zayed Stadium in Al Ain (UAE), and the National Gymnastics Arena in Baku (Azerbaijan)”, which was inaugurated this year. In fact the National Heart Centre in Singapore won the highest award that a health area project can achieve, being Highly Commended at the Design & Health World Congress 2014 in the International Health Project category. Future business strategy As to the strategy outlined for the coming years and next decades, Broadway Malyan makes it clear that “we will continue to invest in future growth via our national strategy and extending the reach of our global network of 16 studios, which was active in 43 countries over the last year.” “We are also investing in further strategic appointments to further enhance the unrivalled diversity of our 500-strong team of design experts and our distinctive client-focus continues to position us as a long-term partner, with over 75% of our income from repeat business last year, testament to our commitment to deliver a return on design”, concludes Margarida de Ordaz Caldeira.


Do Mundo Reino Unido

Porque algumas cidades vencem United Kingdom

Why some cities win

Roberto Varandas Director Global de Desenvolvimento de Negócios – Imóveis da Aberdeen Asset Management Global Head of Business Development – Property of Aberdeen Asset Management

Recentemente, na Aberdeen Asset Management, fizemos uma sessão de “brainstorming” para tentar compreender por que razão algumas cidades atraem sempre mais e mais pessoas, recursos e interesse, e por que razão outras cidades permanecem estagnadas ou entram mesmo em declínio ao longo dos anos. Quer parecer que algumas cidades entram num ciclo virtuoso conseguindo atrair os melhores profissionais e as indústrias mais interessantes, bem como um maior crescimento, enquanto em outras cidades dá-se o oposto, especialmente no caso de cidades que dependem de uma indústria em particular e que, de repente, se torna obsoleta ou é deslocada para outra região. As diferentes economias a nível mundial parecem não deixar este fenómeno desacelerar e vemos cidades nos mercados emergentes a crescer a ritmos impressionantes, enquanto a urbanização nesses mercados aumenta de dia para dia. Do mesmo modo vemos cidades maduras e consolidadas a revitalizar os seus centros urbanos, em que a palavra “gentrificação” é apresentada como a nova solução abrangente para resolver todo o tipo de questões sociais. Quando os investidores olham para os mercados e cidades em que pretendem investir, as questões esperadas surgem e os investidores vêem-se obrigados a escolher entre as cidades que geralmente apresentam oportunidades de investimento de elevado valor mas associados a baixas yields e cidades que são menos atractivas mas que apresentam níveis de valor mais baixo e, regra geral, têm yields mais elevadas. Então, como se determina, exactamente, quais são os factores que contribuem para uma “Cidade Vencedora”? Achamos que é um mix de vários factores que incluem população, qualidade de vida, infra-estrutura, PIB local, taxas de crescimento, transparência, potencial de investimento e duma oferta controlada.

Cidades como Londres, Nova York, Paris, Tóquio, Hong Kong, Singapura e Sydney são todas altamente cotadas em qualquer ranking desta natureza, enquanto outras cidades quando consideradas em termos de qualidade de vida, transparência ou em que não há controlo da oferta, vão ser pouco cotadas nessa classificação. Posso dar o exemplo de cidades como São Paulo, Dubai, Xangai e Cidade do México que estão todas a caminho de aumentar o seu stock de escritórios entre 20% e 30%, entre 2013 e 2014. Apesar do forte crescimento na maioria desses mercados, não podemos deixar de questionar sobre qual será o impacto nos valores e nas rendas com esse incremento de oferta de escritórios? Então, o que é que um investidor tem de fazer no âmbito deste cenário que, ao mesmo tempo que capta o crescimento destas tendências, evita também algumas das armadilhas como a construção sem restrições? Residencial Excepto em mercados muito específicos, como os EUA e a Alemanha, e tradicionalmente com os investidores individuais, o imobiliário residencial não tem sido um verdadeiro sector em que os investidores institucionais consideram investir. Há uma série de razões para isso, incluindo: falta de escala, intensidade da gestão, desequilíbrio entre os direitos dos proprietários e os direitos dos inquilinos e até mesmo por razões sociais. Mas existem também inúmeras razões para investir no sector residencial como: forte crescimento de capital; baixas taxas de ocupação; o rejuvenescimento dos centros das cidades que normalmente significa um baixo custo de entrada; e aumento da mobilidade que leva a mais inquilinos e menos proprietários individuais. Obviamente estou a generalizar e, como vimos no caso de Portugal e Espanha, o sector residencial


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consumiu uma grande parte do capital disponível no mercado e, em seguida, tornou-se na maior ‘dor de cabeça’ não só dos investidores, mas também dos bancos, promotores e governos, e com isso criaram-se verdadeiras cidades e subúrbios “fantasma”. A diferença, obviamente, para uma estratégia de sucesso, é olhar para áreas consolidadas e com restrições da oferta que tendem a estar localizadas próximo dos centros urbanos, de uma forma ou de outra. Os mesmos argumentos podem ser feitos relativamente a outros segmentos. Com o residencial, surge a necessidade do retalho e o retalho requer logística. A abordagem tradicional dos investidores institucionais de focar em edifícios de escritórios nas principais cidades, expondo-se a maior volatilidade e frequente obrigatoriedade de melhorias no fim dos arrendamentos, no nosso ponto de vista, produzem um resultado inferior a longo prazo. Para finalizar os pensamentos sobre este assunto, gostaria de deixar apenas alguns conselhos resultantes do último relatório da Aberdeen* sobre este tema, para qualquer investidor que procure captar essas tendências: Cidades com taxas de crescimento altas proporcionam oportunidades interessantes mas procure antes aquelas cidades que são particularmente bem-sucedidas, que atraem mão-de-obra especializada e capital internacional, crescimento e um alargado aumento da base de riqueza. As cidades vencedoras normalmente têm excelentes infra-estruturas, qualidade de vida, potencial de investimento e transparência. As melhores têm também o elemento do controlo da oferta. O rápido crescimento populacional e o aumento do poder de compra cria grandes oportunidades nos sectores de retalho, residencial e logística, e têm apresentado um desempenho mais forte e com menor volatilidade que o sector de escritórios. * “How to invest in property in global ‘winning cities’” – Aberdeen Asset Management, Julho 2014 Recently, at Aberdeen, we went through a “pie in the sky” exercise of thinking of why some cities always attract more and more people, resources and attention and why some cities remain stagnant or even decline over the years. It seems some cities enter into a virtuous cycle of attracting the best professionals, the most exciting industries and the highest growth while some cities the opposite is true, especially in the case of cities reliant one particular industry that suddenly becomes obsolete or relocates to another region. The different world economies do not seem to let this phenomenon slow down and we see cities in the emerging markets grow at impressive rates as urbanization in these markets increase day to day. Equally, we see mature, established cities revive

their urban centers and the word “gentrification” is touted as the new sweeping solution to resolve all sorts of social issues. When investors look at which markets and cities to invest in, the expected questions come up and investors are required to choose between cities that usually present investment opportunities with high capital values associated with low yields or cities that are less attractive but present better value opportunities and usually higher yields. But how is it exactly that determine what factors contribute to a “Winning City”? We think it is a mix of a number factors including population, quality of life, infrastructure, local GDP, growth rates, transparency, investibility and supply constraint. Cities like London, New York, Paris, Tokyo, Hong Kong, Singapore and Sydney all score highly on any ranking of this nature while other cities you can think of where quality of life, transparency or lack of supply constraint are poor will figure lower. As an example, São Paulo, Dubai, Shanghai and Mexico City are all on track to increase the stock of offices by between 20% and 30% during last year and 2014. Despite strong growth in most of these markets, what do we think the impact will be on capital values and rents for existing office stock? So what is an investor to do within this framework that, at the same time captures the growth from these trends, but also avoids some of the pitfalls from factors like unconstrained supply? Residential Except in very specific markets like the US and Germany, and, traditionally with individual investors, residential real estate has not been a true sector that investors consider as investable. There are a number of reasons for that including: lack of scale, intensity of management, unbalance between landlord and tenant rights and even for social reasons, but there are numerous reasons to invest in the residential sector like strong capital growth,

low vacancy rates, rejuvenation of city centers usually means a low cost base and increase of mobility leads to more renters, less owners. Obviously these are generalizations and, as we have seen in Portugal and Spain, the residential sector took up a great proportion of the capital in the market and then become its biggest headache not only for investors but also for banks, developers and governments as true ghost towns and suburbs were created. The difference obviously to a successful strategy, is to look at consolidated, supply-constrained areas that tend to be around city centers in one form or another. The same arguments can be made for other segments. With residential, comes the need for retail and retail requires logistics. The traditional approach from institutional investors to target office buildings in the gateway cities, exposing themselves to higher degrees of volatility and high, back loaded depreciation events, in our view, produces an inferior result in the long term. To finalise thoughts on this matter, I would give just a few words of wisdom from the latest report from Aberdeen* on this topic, to any investor looking at capturing these trends: Fast growing cities provide exciting opportunities but look for those cities that are particularly successful, attracting international labour and capital and experiencing strong growth and rapidly rising affluence. Winning cities typically have excellent infrastructure, quality of life, investibility and transparency. The very best also have an element of supply constraint. Rapid population growth and increasing affluence create strong opportunities in the retail, residential and logistics sectors, which have delivered stronger performance and lower volatility than the office sector. * “How to invest in property in global ‘winning cities’” – Aberdeen Asset Management, July 2014


Do Mundo

Postal de Luanda Postcard from Luanda

Rodrigo Januário Director do MACE Group MACE Group Managing Director

A variação do preço do petróleo, que neste momento está a baixar, e as implicações que essa variação tem na economia angolana, ainda muito dependente das receitas daquela que é a sua principal exportação, faz-me voltar àquilo que deve ser um dos motores da economia deste enorme país, o investimento estrangeiro. Basta estar atento ao que diz o presidente Eduardo dos Santos, quando vai dando o alerta lembrando que o petróleo não dura para sempre, para se perceber que há, nos dirigentes políticos mais responsáveis, a perfeita noção de que o país não pode continuar dependente, quase exclusivamente, da sua principal exportação. Há que diversificar, e o investimento em sectores alternativos da economia, sejam eles exportadores ou que substituam importações, deve ser uma prioridade. Este investimento deve ser visto não exclusivamente como um factor criador de receitas mas, principalmente, como um factor de enorme importância, por originar a criação de postos de trabalho, tão necessários para a manutenção da coesão e paz social que todos desejam. Em Angola o dinheiro disponível para investimento tem sido canalizado, na sua grande maioria, para o sector financeiro e imobiliário, com resultados que um futuro próximo mostrará se foram os que seriam de esperar. E o investimento na indústria, na mineração, na agricultura, nas pescas? Aqui o investidor estrangeiro é fundamental, não só por trazer capital, que esse até pode existir em Angola, mas principalmente porque traz o “know-how” que aqui não existe.

Peço-vos desculpa mas voltando à área que melhor conheço, percebe-se mal que, num país que nos últimos anos tem construído edifícios e infra-estruturas a uma velocidade enorme, quase tudo seja importado, desde o tijolo, as telhas, os ladrilhos e outros materiais de acabamento, torneiras, loiças sanitárias, tintas, tubos, para não falar de equipamentos mais sofisticados tecnologicamente como equipamento eléctrico, bombas, um sem fim de coisas que podiam ser fabricadas, no todo ou em parte, em Angola. No caso da construção de edifícios, nem o argumento da qualidade é aceitável, pois o enorme esforço que se está a fazer na construção de habitação social, permitiria, ou deveria mesmo obrigar, a substituir com facilidade e sem perda de qualidade, importações por produtos nacionais. Percebe-se mal que, o governo não obrigue à incorporação de uma percentagem, maior ou menor, conforme os casos, de materiais fabricados em Angola, quando se trata de projectos sociais por ele financiados. Só esta atitude obrigaria à criação de indústrias e evitaria o que vemos acontecer na maioria dos casos, onde quase tudo o que é incorporado na construção é importado. Mesmo que pudesse existir, numa fase inicial, um sobrecusto no valor final da construção, os ganhos socias e de desenvolvimento mais que compensariam. O que digo para a construção, que é o sector que melhor conheço, aplica-se com certeza aos outros sectores onde a substituição de importações é absolutamente fundamental. Para que tal aconteça, como disse acima, é ab-


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Luanda Waterfront, Broadway Malyan

solutamente necessário o conhecimento que só investidores estrangeiros podem trazer. A nova pauta aduaneira foi com certeza pensada para ser um incentivo ao investimento, mas só por si não chegará. Em meu entender, Angola tem de acarinhar os investidores estrangeiros e criar condições para que estes se sintam bem-vindos e não como invasores indesejados que vêm para ocupar um espaço que não lhes pertence. Conheço alguns investidores já instalados em Angola e o sentimento geral que consigo perceber, e devo dizer foi esse também o meu caso, é de que a maioria teve sucesso e gosta de trabalhar aqui, quer pelo ambiente profissional quer pelo modo como a sociedade os acolheu, mas todos sentiram alguma dificuldade na entrada que não foi facilitada pelas entidades oficiais. A burocracia e o modo distante e pouco acolhedor como os investidores são recebidos, como se lhes estivessem a fazer um enorme favor, e não o contrário, não incentiva a sua vinda. A enorme burocracia e morosidade na obtenção de vistos, o facto de estes não permitirem múlti-

plas entradas, também não ajuda. A um investidor só se pede que traga dinheiro, condição fundamental para se ser considerado e aceite como tal, o que até nem é o mais importante em Angola. Alguém que traga um conhecimento muito importante, mesmo fundamental que seja, que se associe a um parceiro angolano e se queira financiar localmente não é considerado investidor estrangeiro. O formato não parece estar pensado para atrair inteligência e conhecimento. Não se pense que até agora nada se fez. Conheço algumas instalações industriais de enorme qualidade já a laborar e algumas a serem instaladas, mas tudo isso é muito pouco comparado com as necessidades do país. Acarinhar o investimento estrangeiro é uma necessidade e obrigação dos angolanos. Oportunidades não faltam e parceiros disponíveis para trabalhar também existem. Que o país recebe quem vem de fora com hospitalidade e enorme abertura é uma certeza, assim as entidades oficiais saibam ajudar a dar o primeiro empurrão a quem pensar vir investir em

Angola e a convencer outros que não conhecem a enorme qualidade e as oportunidades que este país oferece. The fluctuation in the price of oil, which at the moment is falling, and the implication that this variation has on the Angolan economy, which is still very dependent on revenues from this it’s main export, makes me return to what should be one of the main economic drivers of this enormous economy - foreign investment. One only has to listen to what Angolan President Eduardo dos Santos said, when he warned that oil wouldn’t last forever, to realise that there is, among the more responsible political leaders, the perfect awareness that the country cannot continue to be almost exclusively dependent on its principal export. Diversification is needed with investment in all the alternative sectors of the economy, whether sectors that export or those that substitute imports, and this should be a priority. This investment should be seen not exclusively as a factor for generating revenues, but prin-


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Há que diversificar, e o investimento em sectores alternativos da economia, sejam eles exportadores ou que substituam importações, deve ser uma prioridade. Diversification is needed with investment in all the alternative sectors of the economy, whether sectors that export or those that substitute imports, and this should be a priority.

cipally as a factor of huge importance in being behind the job creation which is so necessary for the social cohesion and peace all desire. In Angola the money available for investment has been channelled, for the most part, to the financial and real estate sectors, with results that in the near future will show if it has been worth it. And what about investment in industry, mining, agriculture and fisheries? Here the foreign investor in fundamental, not just because they bring in capital, since this is available in Angola, but mainly because it brings the know-how that doesn’t exist here. I apologise for harping on again about the area that I know the best, but it’s not logical in a country which in the last few years has built buildings and infrastructure at a galloping speed, why everything has to be imported, from bricks, roof tiles, tiles and other fixtures, fittings and finishing materials, taps, toilets, paint, piping, not to mention the most technologically sophisticated equipment such as electrical installations and pumps, an endless stream of things that could be manufactured wholly or partly in Angola. In the case of building construction, not even the argument of quality is acceptable, indeed the enormous effort which is being made in social housing construction, should permit, or even make, the easy substitution - and without loss of quality - of exports by national products. I am at a loss as to why the Government does not oblige companies to produce a greater or lesser percentage, depending on the cases, of materials manufactured in Angola, when involving social projects financed by the state. Only this attitude will oblige the creation of industries and avoid what we’re seeing in the vast majority of cases, where almost everything used in construction is imported. Even if this could result, initially, in a surcharge on the final construction bill, the social gains and development would more than compensate. What I’m saying about construction, which is the sector I know best, certainly applies to other sectors where the replacement of imports is absolutely vital. For that to happen, as I said above, the knowhow that only foreign investors can bring is absolutely vital. The new customs measure was certainly thought out to give an incentive to investment, but in itself it’s not enough. As I see it, Angola has to woo foreign investors and create the conditions for them to feel welcome and not like undesired invaders that have come to occupy an area that doesn’t belong to them.

I know some investors who have already set up in Angola and the general feeling that I’m getting, and I have to say this was also my case, and that the majority have been successful and like working here, whether because of the professional environment or the way in which society makes them feel at home, but all of them feel some difficulty when entering the market which is not made easier by official entities. The bureaucracy seems to be another country and isn’t welcoming when it comes to how investors are welcomed, it’s as if they are doing them a huge favour and not the other way around, they don’t make it easy for them. The huge amount of red tape and the time it takes to get visas, the fact that multiple entry visas are not allowed, also doesn’t help. An investor is only asked to bring money, a fundamental condition for the investor to be considered and accepted as such, which isn’t even the most important thing in Angola. Someone who brings very important know-how, no matter how vital it may be, and is associated to an Angola partner and wants to get finance locally is not even considered a foreign investor. The format doesn’t seem to have been thought out to attract intelligence and know-how. Do not think that so far nothing has been done. I know some industrial plants of enormous quality which are already up and running and some others that are being set up, but all this isn’t much compared with the needs of the country. Welcoming foreign investment is a vital obligation for Angolans. There’s no lack of opportunities and available partners to work with are there too. That the country welcomes foreigners with hospitality and enormous openness isn’t in doubt, so official entities know how to help and give the first nudge to whoever is thinking of coming to invest in Angola and convince others that are not familiar with the great quality and huge opportunities that this country has to offer.


Do Mundo

51 07 SET/OUT 2014

APEMIP

Portugal está na moda Portugal’s in fashion

Luís Lima Presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal President of The Portuguese Association of Real Estate Professionals and Estate Agents

O mercado imobiliário português tem algo que muitos outros não têm: o valor dos nossos activos é credível, seguro e revela uma crescente tendência de valorização.

The Portuguese real estate market has something that many others don’t have: the value of Portugal’s property assets is credible, secure and shows a growing trend to increase in value.

Nos últimos tempos, têm sido mais do que muitas as notícias sobre as distintivas características de Portugal: temos as praias mais bonitas, a melhor gastronomia, um clima muito atractivo, a maior onda, as melhores cidades para visitar e o melhor destino europeu, entre outras. O nosso País está nas bocas do mundo - desta vez por bons motivos - e o sector imobiliário não foge ao olho dos estrangeiros, que têm vindo a demonstrar cada vez mais interesse em investir por cá. No último ano e meio, Portugal assistiu a um forte aumento da procura por parte de estrangeiros e os números que a APEMIP tem vindo a divulgar confirmam este fenómeno. Franceses, chineses, britânicos, angolanos, brasileiros entre muitos outros, foram já conquistados pelo optimismo e confiança que o nosso sector transmite além-fronteiras. Os grandes impulsos terão sido a criação do programa de autorização de residência para investimentos, os designados “Vistos Gold” e do Regime Fiscal para Residentes Não Habituais, que despertaram os potenciais investidores para as vantagens deste mercado. No entanto, a par de Portugal, existem outros países que oferecem programas semelhantes, e alguns até mais atractivos que o nosso. Assim sendo, o que nos distingue? Porque estamos nós no topo das preferências de quem procura a garantia de investir com segurança? A resposta é simples. O mercado imobiliário português tem algo que muitos outros não têm: o valor dos nossos activos é credível, seguro e revela uma crescente tendência de valorização. Este factor aliado ao facto de não termos passado por uma bolha imobiliária, da qualidade inquestionável da nossa construção e das potencialidades que se abrem com os projectos de reabilitação urbana das principais cidades, quase sempre associados a projectos de Turismo Residencial, fazem do nosso imobiliário um bom refúgio para os investimentos. Daquilo que tenho auscultado além-fronteiras, as condições estão reunidas e o interesse existe. Resta-nos então acautelar que mantemos esta imagem positiva que estamos aos poucos a alcançar, através da garantia de negócios feitos com transparência e com a transmissão da informação mais fidedigna possível.

Recently there has been a plethora of articles about Portugal’s distinctive characteristics: we’ve lovely beaches, the best cuisine, an attractive climate, the largest wave, the best cities to visit and the best European destination, among others. Portugal is on everyone’s lips worldwide - this time for all the right reasons - and the real estate sector is under the eyes of foreigners, who have shown an increasing interest in investing here. In the last year and a half, Portugal has seen a strong increase in demand on the part of foreigners and the numbers that APEMIP has published has confirmed this phenomena. French, Chinese, British, Angolans, Brazilians among many others, have been charmed by the optimism and confidence that the real estate sector conveys abroad. The main impulse has been the creation of the Authorisation for Residency through Investments, called the “Golden Visa” and the tax regime for Non-Habitual Residents, which have awakened the interest of potential investors in this market. However, on a par with Portugal, there are other countries offering similar programmes and some are even more attractive than ours. That being the case, what sets Portugal’s programme apart? Why is Portugal leading the list of preferences for those seeking to make a secure investment? The answer is simple. The Portuguese real estate market has something that many others don’t have: the value of Portugal’s property assets is credible, secure and shows a growing trend to increase in value. This factor, allied to the fact that Portugal didn’t suffer a property bubble, the unquestionable quality of Portuguese building standards, and the potential that is opening up through urban rehabilitation projects in the main cities, almost always associated with Residential Tourism projects, means that Portugal’s real estate market is a safe haven for investments. So for investors abroad Portugal has all the right conditions and there is interest. It therefore remains for Portugal to maintain the positive image that has been won bit by bit, through business transactions undertaken with transparency and by broadcasting information that is as trustworthy as possible.


Do Mundo

Edifício Sede do Ministério da Geologia e Minas

GEBEPA

Afirmação no mercado angolano Making its mark in the Angolan market


53 07 SET/OUT 2014

Academia BAI

A GEBEPA, com sede em Luanda e Gabinete de Projectos em Lisboa, conta no seu portefólio com obras emblemáticas de Angola. Em entrevista, o Director Geral, Victor Bettencourt, revela quais são essas obras e o “segredo” do seu sucesso. GEBEPA, with headquarters in Luanda and a Projects Office in Lisbon, boasts flagship projects in Angola in its portfolio. In an interview, its CEO, Victor Bettencourt, talks about these projects and the “secret” of his success.

Complexo Matiota - Monte Cara Bahia View As operações que desenvolvem nas áreas da Engenharia Civil e da Arquitectura têm tido um forte e sustentado crescimento ao longo dos anos. Como descreve a evolução da empresa e que novas ambições traçaram para a GEBEPA? A GEBEPA é uma empresa fundada em 2006, estando desde essa data a evidenciar um processo crescente de afirmação no mercado angolano, tendo recentemente iniciado a sua implementação internacional com o objectivo de ultrapassar as fronteiras económicas do mercado angolano e abrir outras potencialidades. A evolução tem sido contínua, no sentido da incorporação crescente de criação de valor acrescentado para os projectos e, acima de tudo, para os nossos clientes. Esse processo caracteriza-se por uma especialização e multidisciplinariedade na actuação, com início na Gestão e Coordenação de empreendimentos em nome do cliente, passando pela Fiscalização em defesa do cliente no que se refere a custos optimizados, cumprimento de prazos e qualidade esperada. Desenvolvemos também a Assistência Técnica e Consultoria a Organismos públicos e privados, a Gestão Técnica e Administrativa de condomínios e brevemente abriremos o departamento de Energia para acompanhar os grandes desafios que o país vai enfrentar neste sector. O nosso objectivo é dotar os clientes de capacidade estratégica, analítica e técnica na decisão de todos os processos relativos a obras em curso, por concluir ou a iniciar, em todas as suas fases.

mos desde 2006, tendo a GEBEPA em 2013 atingido um volume de negócios de 5.364.198 USD, prevendo-se que este ano de 2014 ultrapasse os 10.000.000 USD.

Qual o volume de negócio que a empresa aufere anualmente e quais as perspectivas para 2014-2015? O volume de negócios da GEBEPA tem tido uma evolução constante desde a sua criação. Cresce-

A gestão integrada dos Pavilhões Multidesportivos de Luanda, Malanje e Namibe são considerados casos de sucesso. Tratando-se de projectos de grande escala o que ditou o seu êxito?

Quais os principais projectos que a GEBEPA tem actualmente em curso e em carteira? Têm sido, felizmente, muitos os desafios que se afirmam como particularmente relevantes no âmbito da dimensão, singularidade e visibilidade técnica e/ou institucional que comportam. Sem descorar nunca o total empenho com que a GEBEPA abraça a totalidade dos desafios aceites, existem quatro projectos. Pela sua complexidade técnica e programática, assim como elevado cariz institucional e claro elemento de valorização do espaço urbano da capital, destaco o projecto de Reabilitação do Edifício Sede do Ministério da Geologia e Minas, em Luanda. Também o Estádio Nacional de Saurimo por ser um elemento chave na rede de equipamentos desportivos de hierarquia superior do país, assumindo como tal um papel de insubstituível elevação da qualidade de vida, bem-estar individual e social e felicidade para as populações daquela província. Pelo impacto social e político, o Plano Urbano que estamos a desenvolver na província que se afirma cada vez mais como uma província de futuro, a Província do Cuando Cubango. E pela internacionalização e pelas suas características arquitectónicas, morfologias e de implantação únicas, um empreendimento exclusivo de villas de luxo denominado Monte Cara Bahia View em Mindelo, Cabo Verde.


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Estádio Nacional de Saurino Coube à GEBEPA a Coordenação Geral e Fiscalização da construção de três modernos pavilhões multidesportivos, num prazo recorde e inadiável, assim como o Projecto de Execução de todas as infra-estruturas integradas que contribuíram para a consolidação do tecido urbano envolvente nos municípios onde os pavilhões foram construídos. Foi um ambicioso desafio que posso considerar cumprido em pleno. Tal apenas foi possível com o empenho e solidariedade incondicional de uma equipa forte e coesa de coordenação, de forma a assegurar o correcto desenvolvimento das diversas componentes do processo, integrando as necessidades, expectativas e imposições técnicas, funcionais e regulamentares do diverso e vasto número de intervenientes. A aplicação de uma metodologia de trabalho definida e focada nos objectivos traçados foi certamente um dos principais factores responsáveis pelo êxito obtido, apoiada num forte empenhamento de todos os interlocutores com especial destaque para a Comissão Executiva Técnica e Comissão Interministerial, na pessoa dos altos titulares das pastas ministeriais, sob o alto contributo único e sumativo de Sua Excelência, o Presidente da República. Abriram novas instalações numa das principais artérias de Lisboa. Qual a importância estratégica que representa este escritório para os vossos negócios? O ano de 2010 marcou um importante passo no desenvolvimento da actividade da empresa. A oportunidade de expansão para novos mercados, aliada à necessidade de reforço dos quadros nas áreas de engenharia e arquitectura, nos quais

Estádio Nacional de Saurino mercado angolano denota ainda grande carência, decidimos abrir em Lisboa um departamento vocacionado para o Projecto, a GEBEPA - Arquitectura e Engenharia, fazendo naturalmente que tivéssemos um aumento das competências nucleares oferecidas e um melhor acompanhamento do mercado alvo. Garantem aos vossos clientes que os empreendimentos são concluídos com qualidade, a baixo custo e dentro dos prazos estabelecidos. É esta a chave do vosso sucesso? A chave do sucesso da GEBEPA encontra-se no empenho total do cumprimento pleno das expectativas dos nossos clientes, com rapidez, eficácia e sustentabilidade, garantindo o seu cumprimento e satisfação, através de um padrão de qualidade reconhecido em todos os aspectos, na área da Engenharia Civil, Arquitectura e Urbanismo. The operations that you have developed in the areas of Civil Engineering and Architecture have enjoyed a strong and sustained growth over the years. How would you describe the company’s development and what new ambitions have you outlined for GEBEPA? GEBEPA is a company that was founded in 2006, which since that date has been growing and making its mark in the Angolan market, having recently begun its internationalisation with the aim of spreading beyond the economic borders of the Angolan market and opening up fresh potential possibilities. Its development has been continuous, in the sense of the growing incorporation of added value creation for projects and, above all, creating value for our clients. This process is characterised by a specialisation

Victor Bettencourt Director Geral CEO


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Plano de Desenvolvimento Industrial do Soyo

“A GEBEPA é uma empresa fundada em 2006, estando desde essa data a evidenciar um processo crescente de afirmação no mercado angolano, tendo recentemente iniciado a sua implementação internacional.

GEBEPA is a company that was founded in 2006, which since that date has been growing and making its mark in the Angolan market, having recently begun its internationalisation.

and multi-disciplinary approach in the way we operate, starting with the Management and Coordination of developments in the name of the client, including Supervision in defence of the client regarding optimised costs, meeting deadlines and quality expectations. We’ve also developed Technical Assistance and Consultancy for Public and Private Bodies, and Administrative and Technical Management for Condominiums and shortly we’ll open the Department of Energy to accompany the big challenges that the country will face in this sector. Our goal is to provide clients with the strategic, analytical and technical capacity in the decision making processes relating to projects under way, to be concluded or begun, at all phases. What is the company’s annual turnover and what are the perspectives for 2014-2015? GEBEPA’s business turnover has enjoyed a constant evolution since it was set up. We’ve been growing since 2006, and in 2013 GEBEPA achieved a business turnover of US$5,364,198, predicting that in 2014 it will exceed US$10,000,000. What are the key projects that GEBEPA currently has in its portfolio at the moment? Happily there have been many challenging projects which have been particularly relevant in terms of their size, uniqueness and technical and/or institutional visibility. Without ever taking our eyes off the total commitment GEBEPA has for all the projects and challenges it accepts, there are four projects. Because of its technical and pragmatic complexity, as well as its important institutional nature and its importance in adding value to the capital’s urban

space, I would highlight the project for the Rehabilitation of the Headquarters of the Ministry of Geology and Mines, in Luanda. Also the Saurimo National Stadium for being a key element in the country’s hierarchy network of sports facilities, as such assuming an extremely important role in the lifestyle quality, individual and social well-being and happiness of the population of that province. For its social and political impact, the Urban Plan that we’re developing in a province that is increasingly being seen as a province of the future - the Province of Cuando Cubango. And for its internationalisation, architectural, morphological and the unique characteristics of its setting, an exclusive development of luxury villas called Monte Cara Bahia View in Mindelo, Cape Verde. The integrated management of the Multisport Pavilions in Luanda, Malanje and Namibe are considered success stories. Since these are large-scale projects why have they been so successful? GEBEPA in charge of the General Coordination and Supervision for the construction of three modern multi-sports pavilions, within a record time frame which has to be complied with, as well as the Project for the Execution of all the integrated infrastructure that contributes to the consolidation of the surrounding urban fabric in the municipalities where the pavilions have been built. It was an ambitious challenge which I can say was fully complied with. That was only possible with the efforts and unconditional teamwork of a strong and cohesive coordination team, in order to ensure the correct development of the various parts of the process, integrating the needs, expectations and


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A GEBEPA em 2013 atingiu um volume de negócios de 5.364.198 USD, prevendo-se que este ano de 2014 ultrapasse os 10.000.000 USD.

In 2013 GEBEPA achieved a business turnover of US$5,364,198, predicting that in 2014 it will exceed US$10,000,000.

Infra-estruturas Integradas do Pavilhão Multiusos de Luanda

Arranjos Exteriores do Pavilhão Multiusos do Namibe

Plano Urbano para Zona Habitacional no Eywa technical, functional and regulatory impositions of a vast and diverse number of players. The application of a defined working methodology focused on the goals outlined was certainly one of the key factors responsible for the success obtained, supported by the strong efforts of all those involved with special emphasis on the Technical Executive Commission and the Inter-Ministerial Commission, in the persons of the ministers and high-ranking ministerial aides, and the unique contribution of His Excellency, the President of the Republic. You’ve opened new premises in one of Lisbon’s main streets. What is the strategic importance of this office for your business? 2010 was an important step in the company’s development. The opportunity for expansion into new markets, allied to the need to strengthen our

staff in the areas of engineering and architecture, which the Angolan market particularly needs, we decided to open a department for the project in Lisbon, GEBEPA - Architecture and Engineering, naturally ensuring that we have an increased skills base available and can better keep pace with the target market. You guarantee your clients that the developments are completed with quality, at a competitive cost and within the deadlines established. Is this the key to your success? GEBEPA’s success is down to the total efforts made in fully meeting our clients’ expectations, swiftly, effectively, sustainably, ensuring their fulfilment and satisfaction through recognised standards of quality in all aspects, in the area of Civil Engineering, Architecture and Urbanism.



Metro Quadrado Opinião Miguel Marques dos Santos

Reformas Estruturais Structural Reforms

Advogado, Sócio da Garrigues Responsável pelo Departamento de Imobiliário e Urbanismo da Garrigues Portugal Lawyer, Garrigues Partner Head of the Department of Garrigues Portugal Real Estate and Urbanism

O sector imobiliário enfrentou, durante décadas, um conjunto de questões estruturais que contribuíram de forma evidente para limitar o seu desenvolvimento. De entre essas questões estruturais destacavam-se, sem prejuízo de outras também importantes, a questão do mercado do arrendamento (um mercado que durante quase cem anos foi totalmente distorcido por um regime legal anacrónico e desajustado), a questão do licenciamento urbanístico, em particular na vertente da reabilitação urbana (com um regime jurídico baseado num conjunto de normas cuja complexidade e burocracia afastavam qualquer investidor competente), e a questão da justiça (que por ser morosa, cara e incerta era também, e continua a ser, um factor de afastamento de investidores, especialmente de investidores estrangeiros). Como é sabido, tanto o arrendamento urbano, como o licenciamento urbanístico e a reabilitação urbana, foram objecto de reformas profundas nos últimos anos, sem dúvida verdadeiras reformas estruturais, as quais, embora estejam ainda a dar os primeiros passos, são já reconhecidas como capazes de alterar o panorama do arrendamento e da reabilitação urbana. É já claramente visível, em cidades como Lisboa e Porto, que os investidores, tanto nacionais como estrangeiros, mas particularmente estes últimos, estão a voltar a investir em força em projectos de reabilitação, em parte para arrendamento. As zonas históricas destas cidades, transformadas em verdadeiros estaleiros, vão testemunhando o (re) aparecimento de velhos-novos edifícios, que tornam realidade a tão apregoada máxima das últimas décadas (mas nunca antes levada à prática) da reabilitação urbana versus construção nova. E é hoje claro para todos que estes velhos edifícios reabilitados transportam consigo verdadeiras alterações estruturais, de vivência, materializadas no regresso da vida aos centros das cidades, na reocupação de edifícios abandonados há dezenas de anos e na reafirmação e rejuvenescimento do comércio de rua. É evidente que haverá sempre aqueles que, mais por militância do que por convicção, estão contra estas reformas (como estão contra todas as reformas), mas a verdade é que os resultados estão aí e já não há como escondê-los. A reforma da justiça, próximo passo essencial para reforçar o ambiente de confiança dos investidores

(não só no sector imobiliário, mas de uma forma geral), está também finalmente em marcha. E, ao que tudo indica, vai igualmente no bom sentido. Pelo que se sabe, a reforma passará pela profissionalização (ainda que parcial) da gestão dos tribunais, por uma clara aposta na especialização, por um reforço de meios nos sectores mais relevantes para o funcionamento da economia, por um crescimento do investimento na investigação criminal, pela fixação de objectivos e metas de cumprimento e pelo (inevitável) fecho de cerca de vinte tribunais (aqueles que têm um histórico de menos de duzentos e cinquenta processos por ano). Também aqui o coro de críticas não se fez esperar. A demagogia e o populismo têm destas coisas: basta que se preveja o encerramento de um serviço público em qualquer localidade do interior (e neste caso, infelizmente, mas sem alternativa, são vinte) para virem logo os interesseiros do costume, tentar tirar dividendos políticos, corporativos ou de qualquer outra natureza. E o triste da questão é que, como sempre, também aqui a batalha se centrou nisso mesmo, na questão dos encerramentos, sem uma palavra (salvo raras e honrosas excepções) sobre as questões de fundo da reforma. Seria importante que estes defensores do interior percebessem que, nas últimas décadas, nem as juntas de freguesia, nem os postos dos correios, nem as repartições de finanças, nem os tribunais evitaram a desertificação do interior, porque a desertificação não se evita pela manutenção artificial de organismos públicos obsoletos, mas sim com a criação de incentivos ao investimento e discriminações positivas, que levem os investidores e os trabalhadores a optar pelo interior (mas para isso é necessário uma economia e um Estado fortes, com recursos escrupulosamente direccionados para aquilo que interessa e não para a satisfação de corporações instaladas - tudo coisas que por cá não abundam). O facto é que a reforma da justiça vai avante e trará certamente para todos uma justiça tendencialmente melhor e mais rápida (também para aqueles que agora tão acaloradamente a criticam). Assim o queiram os juízes, magistrados do ministério público, advogados, solicitadores e funcionários judiciais e a reforma certamente produzirá os seus frutos. A faltar fica apenas a mãe de todas as reformas: a reforma do Estado. A reforma que por ter uma


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Tanto o arrendamento urbano, como o licenciamento urbanístico e a reabilitação urbana, foram objecto de reformas profundas nos últimos anos, sem dúvida verdadeiras reformas estruturais, as quais, embora estejam ainda a dar os primeiros passos, são já reconhecidas como capazes de alterar o panorama do arrendamento e da reabilitação urbana.

Urban rental, urban planning permission and urban rehabilitation were the subject of extensive reforms in recent years, without a doubt real structural reforms which, while still in their infancy, are already recognised as being able to change the rental and urban rehabilitation landscape.

natureza horizontal potenciará todas as outras reformas. Há quem diga que o actual Governo perdeu a oportunidade de a fazer. A verdade é que com a actual orientação política do Tribunal Constitucional essa oportunidade era uma falsa oportunidade: qualquer reforma profunda, fosse ela qual fosse, esbarraria sempre no conservadorismo militante dos juízes do Tribunal Constitucional. Pode ser que na próxima legislatura o Tribunal Constitucional tenha uma (com)posição mais amiga da mudança. Era importante, porque sem a reforma do Estado as restantes reformas estruturais dificilmente atingirão o seu pleno. The real estate sector has for decades faced a number of structural issues that have evidently contributed towards limiting its development. From among these structural issues, without playing down the others which are equally important, the issue of the rental market stands out (a market which for almost 100 years was completely distorted by an anachronistic and maladjusted legal regime); the issue of urban planning permission, particularly regarding urban rehabilitation (with a legal regime based on a number of regulations whose complexity and red tape scared away any seasoned investor), and the justice issue (which because of its slowness, expense and uncertainty was also and continues to be a factor that scares off investors, especially foreign ones). As is known, urban rental, urban planning permission and urban rehabilitation were the subject of extensive reforms in recent years, without a doubt real structural reforms which, while still in their infancy, are already recognised as being able to change the rental and urban rehabilitation landscape. This is already clearly visible in cities such as Lisbon and Porto, where investors, national and international, but particularly the latter, are returning to invest in force on rehabilitation projects, partly for rental. The historic areas of these cities, transformed into veritable building sites, will bear testament to the renaissance of new-old buildings, which are trumpeting the much vaunted maxim of the last decades (but never before put into practice) of urban rehabilitation versus new construction. And of course all of these old buildings which have been done up bring with them extensive structural alterations and new life, in the form of people returning to city centres, in the reoccupation of buildings left empty decades ago, and the rejuvenation of high street shopping, putting it firmly back on the map. It is evident that there will always be those who, more for militancy than from conviction, are against these reforms (as they are against all reforms), but the truth is that the positive results are there and there’s no way of hiding them. The reform of Portugal’s justice system, the next

essential step to strengthen the climate of investor confidence (not just in the real estate sector, but generally), is also finally under way. And everything seems to show it’s going in the right direction. As is known the reform will also include the professionalisation (albeit partial) of the management of the courts, a clear focus on specialisation, a boosting of resources in the sectors that are the most relevant for the running of the economy, for a growth of investment in criminal research, for setting and meeting targets and goals and the (inevitable) closure of around 20 courts (those which handle less than 250 cases a year). Here too a chorus of criticisms is to be expected. Demagogy and populism results in this type of complaints: it’s enough to announce the closure of a public service in any location in the interior (and in this case, sadly, there are 20, but there’s no other way) for the usual critics to start screaming, trying to make capital out of a political, business or some other nature. The sad thing about it is that like always the battle is centred on the same issue of closures without a word (except in rare and honourable exceptions) about the issues behind the reform. It is important that these defenders of the interior understand that in recent decades, neither the parish councils nor the post offices, or the tax offices and court houses have escaped depopulation of the interior, since depopulation can not be avoided by artificially maintaining obsolete public offices open, but rather by the creation of investment incentives and positive discrimination, attracting investors and employees to choose to live in the interior (but for this to happen a strong State with a strong economy is required, with resources carefully channelled to what is necessary and not just to satisfy corporation lobbies - all of which is sorely lacking). The fact is that the reform of the justice system is going ahead and will certainly bring an improved and swifter justice for all (including those who are heartily criticising it). That’s what the judges, public ministry magistrates, lawyers, solicitors and legal staff all want and the reform will certainly bear fruit. All that’s missing now is the mother of all reforms: the reform of the State. A reform, because it will go right across the board, will support all the other reforms. There are those who say that the Government has lost the opportunity of making these reforms. The truth is that because of the current political complexion of the Constitutional Court this opportunity proved a false opportunity: any sweeping reform, whatever its nature, has always come up against the brick wall of the militant conservatism of the Constitutional Court judges. Perhaps in the next Government the Constitutional Court will be made up of judges that are more sympathetic to change. It’s important, because without reforming the State it will be difficult to fully achieve the other structural reforms.


Metro Quadrado 60 07 SET/OUT 2014

Renovação dos centros comerciais

“Na Sonae Sierra estamos focados nas expectativas dos clientes” Revamping shopping centres

“At Sonae Sierra we’re focused on our customers”


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O que mudou em 25 anos na indústria dos centros comerciais em Portugal. Perguntamos a Jorge Morgadinho, responsável global de arquitectura da Sonae Sierra, o que é necessário fazer para acompanhar as tendências e, mais importante, estar em linha com os gostos e exigências dos clientes que os visitam. What’s changed in 25 years in Portugal’s shopping centre industry. We asked Jorge Morgadinho, the overall head of architecture at Sonae Sierra, what needs to be done to keep up with trends and, more importantly, staying in line with the tastes and demands of the customers who visit them. Texto Text: Elisabete Soares

Que evolução sofreram os projectos de arquitectura dos centros comerciais nos últimos 25 anos de forma a adaptarem-se às novas exigências de conforto, modernidade e sustentabilidade? Se o mundo muda, as pessoas mudam, o retalho evolui e os centros comerciais acompanham essas mudanças. Por isso, na Sonae Sierra, estamos constantemente focados em trabalhar a melhoria da experiência de visita para dar resposta às novas tendências, necessidades e gostos dos consumidores, com o objectivo de construir espaços diferenciadores e surpreendentes. Uma das maiores evoluções foi a transformação do centro comercial num local mais vocacionado para a fruição e convívio social, evoluindo de um mero destino de compras para um local também de lazer, com espaços confortáveis, propícios à socialização e ao bem-estar. O que é que mudou? As diferenças mais visíveis encontram-se ao nível da iluminação, do tratamento acústico, das praças de restauração, das zonas de estar, dos WC’s, das zonas de lazer, da sinalética em geral, da arquitectura de interiores, da exploração das zonas comuns, da tematização e da introdução de meios digitais enquanto factor de melhoria da experiência de visita. Estas intervenções espelham também o nosso compromisso com a sustentabilidade, por isso, aproveitamo-las para passar a utilizar novas soluções, tecnologicamente mais avançadas e materiais que contribuam para tornar os centros mais eficientes do ponto de vista ambiental e da segurança e saúde. Algumas novidades têm que ver com o desenvolvimento de programas de activação de vendas online, a criação de clubes de fidelização, a introdução de novas eco marcas mas, também, o reforço de serviços ao cliente que combinem conveniência, qualidade e comodidade. O acesso gratuito à rede Wi-Fi, as estações de carregamento de telemóveis e os directórios digitais são outras comodidades que contribuíram para melhorar a experiência de visita nos nossos centros comerciais, que é complementada com uma aposta nos sites, na criação de “apps” e nas redes sociais. A modernização dos primeiros centros comerciais tem sido uma aposta. Quais são os principais desafios e como tem sido possível resolvê-los? Para a Sonae Sierra a renovação é uma forma de manter a vitalidade dos centros comerciais, na medida em que os encaramos como organismos vivos que têm de estar sempre actuais, confortáveis e atractivos para quem os visita. Este tipo de acções enquadra-se na nossa política de gestão activa e de longo prazo, que passa por uma contínua inovação e evolução porque é necessário estar permanente-

mente a melhorar o portefólio de centros existentes, procurando ir sempre de encontro às necessidades e exigências dos nossos clientes (lojistas e visitantes), ao mesmo tempo que acompanhamos as novas tendências. Este é o primeiro desafio, a adaptação. O segundo prende-se com a inovação e a criatividade: ambas no nosso ADN. Em termos de adaptação às novas exigências, os desafios têm sido vários: temos renovado as praças da restauração dotando-as de mais conforto e adaptando-as mais às necessidades dos consumidores actuais, incluindo a criação de espaços destinados às famílias; temos criado mais zonas de estar dentro dos padrões actuais de conforto e, ainda, esplanadas, espaços abertos e playgrounds. Há uma grande aposta na renovação de marcas? A entrada e saída de novas marcas constitui mais um desafio para a nossa actividade, mas é esta rotatividade comercial que permite que haja sempre novidade para oferecemos aos nossos clientes. Também a própria evolução do retalho contribui para inovarmos, na medida em que hoje integramos lojas e serviços que eram impensáveis há uns anos, como por exemplo clínicas, lojas do cidadão, ginásios, jardins, centros de estética, clínicas veterinárias e até mesmo universidades. Que centros representaram grandes desafios na renovação do espaço e os que foram melhor conseguidos? Encaramos as renovações como oportunidades, mais do que desafios. Cada renovação é sempre bem conseguida e resulta do know-how acumulado da Sonae Sierra ao longo da sua experiência nacional e internacional de 25 anos. Alguns projectos são desafiantes pela sua dimensão, outros pela abrangência da renovação ou pelas especificidades inerentes ao projecto. O verdadeiro desafio é fazer as renovações sempre com os centros abertos ao público e no menor espaço de tempo, minimizando o impacto nos nossos lojistas e visitantes. A título de exemplo, a renovação do Centro Colombo (concluída em 2010) e a renovação em curso do NorteShopping (a concluir no início do próximo ano) ambas pela sua dimensão e pela complexidade; a do ArrábidaShopping (em 2007) por se tratar de um centro que foi adquirido a terceiros e que foi todo redesenhado e adaptado de acordo com os nossos padrões, a expansão recente do AlgarveShopping (2013) e os casos do AlbufeiraShopping e do Centro Comercial Continente de Portimão por terem sofrido renovações totais ao nível da imagem. Quais os desafios futuros na indústria dos centros comerciais? As pessoas vão sempre sentir necessidade de con-


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viver, fazer compras, de sair ou de comer fora e os centros comerciais proporcionam tudo isso. Mas têm de evoluir permanentemente, acompanhando as tendências de retalho, a evolução tecnológica e os gostos dos consumidores, mantendo a qualidade e diversidade da oferta, sempre ajustada ao perfil dos seus visitantes. Acreditamos que continuará a existir espaço para uma oferta integrada de retalho e lazer e é com esse focus que trabalhamos para continuar a proporcionar uma experiência de visita única. É na capacidade de evoluírem, a par dos seus visitantes e lojistas, e de manterem a sua atractividade que está o segredo de um centro de sucesso. What developmental changes have shopping centre architectural projects undergone over the past 25 years so as to adapt to meet new demands for comfort, modernity and sustainability? If the world changes, people change, retail has evolved and shopping centres have kept pace with these changes. Which is why at Sonae Sierra we’re constantly focused on working to improve the visitor experience by keeping pace with new trends, the needs and the likes of shoppers, with the aim of creating spaces which are different and surprising. One of the biggest developments was the transformation of the shopping centre into a place that is more given to socialising and meeting up with friends, changing from a mere place for shopping into a place for leisure, with comfortable spaces, which encourage socialising and well-being. What has changed? The more visible differences are in terms of lighting, acoustics, the restaurant areas, the relaxation areas, the WCs, the leisure areas, the signage in general, the interior décor, use of public areas, creating themes and the introduction of digital means as a factor to improve the visitor experience. These changes also mirror our commitment to sustainability, which is why we’ve introduced new, technologically advanced solutions and materials which contribute to making centres more efficient from an environmental, safety and health point of view. Some new trends have to do with the development of online sales programmes, the creation of loyalty clubs, the introduction of new eco brands but also strengthening client services that combine convenience, quality and comfort. Free access to the Wi-Fi network, mobile phone recharging stations and digital directories are other conveniences that contribute towards improving the experience of the visit to our shopping centres, which is complemented with investment in sites, in the creation of “apps” and in social networks. The modernisation of the first shopping cen-

tres has been one area of investment. What are the main challenges and how has it been possible to solve them? For Sonae Sierra renovation is a way of maintaining the vitality of shopping centres, in as far as we view them a living organisms that have to be always up to date, comfortable and attractive for those who visit them. This type of actions fits in with our asset management policy in the long term, which involves continuous innovation and evolution because you have to constantly improve the portfolio of existing centres, always seeking to meet the needs and demands of our customers (shop keepers and visitors), while at the same time keeping up with the latest trends. Adaptation is the first challenge. The second challenge involves innovation and creativity: both in our DNA. In terms of adapting to new demands, the challenges have varied: we’ve renewed the food courts, making them more comfortable and adapting them to the needs of today’s consumers, including the creation of spaces set aside for families; we’ve created more areas for rest and relaxation within the current comfort standards of today and, furthermore, esplanades, open areas and playgrounds. Do you invest heavily in revamping brands? The arrival and departure of brands is another challenge for our activity, but it is this commercial rotation which ensures that there’s always something new to offer our customers. Also the development of retail itself helps us to innovate whereby today we integrate shops and services that would have been unthinkable some years back, like for example clinics, one-stop official document offices (citizen shops), gyms, gardens, beauty treatment clinics, vets and even universities. Which centres have represented big challenges in renewing the space and which achieved the best results? We see renovations as opportunities, rather than challenges. Each renovation is always successful and is the result of Sonae Sierra’s accumulated know-how throughout its long national and international experience over 25 years. Some projects are challenging because of their size, others because of the scale of the renovation or the specificities that are inherent in the project. The real challenge is to undertake renovations while keeping the shopping centres open to the public and in the shortest period of time possible, minimizing the impact on our shop keepers and visitors. Good examples being the renovation of the Colombo Shopping Centre (completed in 2010) and the renovation under way at Norteshopping (to be completed next year) both because of their size and complexity; ArrábidaShopping (in 2007) because it was a shop-

Jorge Morgadinho Responsável global de arquitectura da Sonae Sierra Overall head of architecture at Sonae Sierra

ping centre acquired from third parties and which was completely redesigned and adapted according to our standards, the recent expansion of AlgarveShopping (2013) and the cases of AlbufeiraShopping and Continente Shopping Centre in Portimão because they underwent total renovations in terms of image. What are the future challenges for the shopping centre industry? People are always going to feel the need to socialise, go shopping, go out or eat out and shopping centres provide all of this. But it must evolve constantly, keeping up with the retail trends, technological developments and consumer tastes, maintaining the the quality and diversity supply, always adjusted to the profile of visitors. We believe that there will continue to be room for an integrated retail and leisure offer and it’s with this focus that we’re working to continue to provide a unique visitor experience. It is in our capacity to evolve, on a par with our visitors and shop keepers that we can maintain their attractiveness a which is the secret of a successful shopping centre.



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Nini Andrade e Silva

Thema Hotels O convite dos Thema Hotels não pode ser mais aliciante: “Em Setembro, dê uma escapada à zona Centro e aproveite para provar os menus que os nossos Chefes prepararam. Onde o Vinho é Rei”. Na Invicta, o restaurante Book destaca no seu menu o lombinho de porco com batata gratinada, alperces e molho de vinho do Porto. No cinco estrelas Bussaco Palace, a não perder está a pêra tépida cozida em Buçaco Branco Reservado 2011, crumble e gelado de chocolate preto, e creme de baunilha. Já em Viseu, o Curia Palace, convida a uma salada outonal de gambas e figos e aspic de Bairrada bruto. E na Quinta das Lágrimas Palace, em Coimbra, o Chef apresenta para sobremesa chocolate com canela, açafrão, frutos vermelhos e espuma de vinho do Porto. No Hotel Praia Mar, no Estoril, pode saborear-se um bom bife à mercador de vinhos, batata frita às rodelas com salsa, e cebola glaciada com passas. Enquanto no Hotel da Estrela, em Lisboa, a escolha poderá recair sobre a trouxa de videira com requeijão e amêndoas e sabayon de espumante. The invitation of Thema Hotels couldn’t be more appealing: “In September, enjoy a getaway in Portugal’s central area and take the opportunity of sampling the menus that our chefs are preparing. Where Wine is King”. At Invicta, the Book restaurant’s menu is famous for its pork fillet with potato au gratin, apricots and port wine sauce. At the five-star Bussaco Palace, don’t miss out on trying its cooked pear in Buçaco Branco Reserve 2011 wine, crumble and dark chocolate ice-cream and custard. In Viseu, the Curia Palace invites you to try an autumn salad with prawns and figs and aspic of Bairrada brut. And in Quinta das Lágrimas Palace, in Coimbra, the chef presents a chocolate dessert with cinnamon, saffron, fruits of the forest and port wine foam. At the Hotel Praia Mar, in Estoril, you can enjoy a good steak in wine sauce, French fry rings with parsley, and onion glazed with raisins. Meanwhile at the Hotel da Estrela in Lisbon, the choice could fall on the vine leaves stuffed with cottage cheese and almonds and sparkling wine sabayon.

A designer internacional Nini Andrade Silva celebrou uma parceria com o Instituto do Vinho e Bordado da Madeira com vista a dar uma nova vida aos típicos bordados da região. Neste âmbito a designer vai levar à feira de decoração de Paris - Maison & Objet -, o Bordado da Madeira embelezado por cristais da Swarovski, numa colecção de sua assinatura. Nini Andrade e Silva pretende mostra que a tradição pode facilmente aliar-se à modernidade e ao luxo. The international designer Nini Andrade Silva has celebrated a partnership with the Madeira Wine and Embroidery Institute with a view to giving impetus to the typical embroidered lace work from the region. As part of this the designer is taking to the Paris décor fair Paris - Maison & Object -, Madeira Embroidery sewn with Swarovski crystals, in a collection designed by the designer. Nini Andrade e Silva intends to show that tradition can easily be combined with contemporary styles and luxury. Foto: Nick Bayntun para/for Bordado Madeira, Maison & Objet (FB Nini Andrade e Silva)

Antiga Barbearia do Bairro A Antiga Barbearia do Bairro convidou Marco Sousa para desenhar uma peça exclusiva para o homem contemporâneo. O resultado final foi uma peça inovadora e um marco na beleza masculina. “Marco” foi inspirada no bairro do Príncipe Real, em Lisboa, e deu origem a uma gama com distinção de produtos de cuidado pessoal. The gentlemen’s hair and grooming salon Antiga Barbearia do Bairro has invited Marco Sousa to design an exclusive piece for the contemporary man. The end result was an innovative piece and a beacon for masculine beauty. “Marco” was inspired by the Principe Real neighbourhood in Lisbon and sparked a whole range of distinctive personal grooming products.


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Outsider Nuno Gomes

A felicidade do primeiro duplex The happiness of my first duplex Quando vivia em Amarante, ainda pequeno, devia de ter uns 11, 12 anos, juntamente com os meus pais e irmão, um dos imóveis que nunca esqueci foi o apartamento duplex onde vivíamos. Recordo que já tinha tido a experiência de viver num apartamento mas quando nos mudámos para um duplex foi uma sensação que me ficou na memória... Foi como se surgisse um mundo novo perante os meus olhos de menino, os meus horizontes alargaram-se e a partilha com os outros também. Ficou-me particularmente na memória, não só pelo facto de ser um espaço maior em relação ao apartamento anterior mas também porque dava a sensação de serem dois apartamentos distintos. Se queria ter mais privacidade para as minhas brincadeiras bastava subir ao andar de cima e imaginar que tinha um apartamento só meu. Se tinha a visita de amigos era também sempre na parte de cima que ficávamos a brincar ou a ver televisão. O que via da janela, o sentir de cada passo no chão, o saltar para cima da cama, as gargalhadas entre amigos, a música que ouvia entre aquelas quatro paredes, os desenhos animados, as séries e os jogos de futebol que via na televisão, o “boa-noite, dorme bem, até amanhã”… tudo passou a ser maior e melhor. Já em adulto, e a viver em Lisboa, voltei a viver num apartamento duplex que me fez recordar precisamente todos aqueles felizes momentos de infância. Mas no que toca a casas, seja em Portugal ou no estrangeiro, o duplex de Amarante vai ter sempre um lugar especial no meu coração.

When I used to live in Amarante with my parents and brother, when still a small boy, I must have been around 11 or 12, one of the properties that I’ll never forget was the duplex apartment where we lived. I remember that I already had the experience of living in an apartment but when we moved to a duplex it was a sensation that stayed in my memory... It was as if a new world had arisen before my eyes as a boy, my horizons had widened and those of others too. It particularly stuck in my memory not just because it was a larger space in relation to the apartment before but also because it gave the sensation of being two distinct apartments. If I wanted to have more privacy to play all I had to do was go to the next floor up and imagine that I had my own apartment. If I had friends over it was always in the part upstairs too where we would play or watch TV. What I used to see from the window, feel from every step on the floor, jumping up and down on the bed, the laugher between friends, the music I used to hear within those four walls, the cartoons, the series and football games that I used to watch on TV, the “good night, sleep tight, until tomorrow”... everything went to being bigger and better. Already an adult and living in Lisbon, I once again went to live in a duplex apartment which reminded me of exactly all those happy childhood times. But when it comes to houses, whether in Portugal or abroad, the Amarante duplex will always have a special place in my heart.


67 07 SET/OUT 2014



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