Construção Ambiente Turismo
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O primado da qualidade The primacy of quality
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Editorial
Arco-íris Rainbow
Joaquim Pereira de Almeida Director Director
A linguagem “politicamente correcta” é uma prática comum nos jornalistas de todo o mundo, salvo excepções que valem exactamente por isso mas que não têm a mesma amplitude mediática. Desde as faculdades, os jovens são “formatados” para assegurar a prevalência dos valores do regime em que vivem, nos moldes das opções de um Arco-íris que assegure a ascendência a outros patamares da sociedade. Dentro ou não da profissão. É por isso que vemos tantos e tantos jornalistas a continuar e a (terminar) em carreiras que não têm nada a ver com a “notícia” mas sim com a “notícia que convém”. E mais não dizemos… Perguntará o leitor. Onde querem chegar? É simples como a água: ao “Tema de Capa” desta edição. Tem um título sugestivo e uma longa passagem que trata de uma matéria geralmente escondida, sobretudo pela Comunicação Social desta área. A “perseguição” a pessoas, geralmente idosas, que não querem sair das casas onde habitaram uma vida e que os promotores querem transformar em projectos modernos e rentáveis. É uma discussão longa e actual. Os senhorios e os promotores não são a Segurança Social nem a Santa Casa. Há que ter isto bem presente. Pode um único inquilino tornar impossível uma obra com características bem mais úteis para a sociedade, mesmo que traga, consideráveis margens ao dono de obra? Julgamos que não. Este facto não pode, todavia, servir para utilizar “qualquer recurso”. Não andemos para trás e que impere o bom senso e o diálogo. “Politicamente correcto”? Classifique você.
“Politically correct” language is used by journalists the world over, but those who buck this trend are the one’s worth their salt, though they receive less media coverage.. Beginning in their school years, young people are “formatted” to ensure the values of the regime in which they live prevail, fitting into moulds that will purportedly elevate them to different levels of society, be it in or out of the profession. This is why we see so many journalists continuing (and ending) in careers that have little to do with “news” and much more with “convenient news.” We shall say no more… The reader will ask, “What are they getting at?” It’s as simple as this edition’s main feature. It has a suggestive title and a long text that deals with topic that generally goes undiscussed, especially by the industry’s communication departments: the “persecution” of (usually elderly) people who do not want to leave the homes that they’ve lived in their entire lives but which developers now want to transform into modern, profit-generating projects. It’s a long, relevant discussion. We have to keep in mind that landlords and developers are neither Social Security nor charities. Can a sole tenant make it impossible to move forward with a project that is much more useful for society (independent of the fact of whether it would be lucrative or not for the person in charge)? We don’t think so. This does not mean, however, that “any means necessary” should be used in such cases. Let’s not go backwards, and may common sense and dialogue prevail. “Politically correct?” Decide for yourself.
Summary
Índice
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Grande Tema Lead Story
Habitação: Quem engana quem? Housing: Who´s deceiving whom?
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Metro Quadrado
Square Meter Melhor Empreendimento do Ano Best Project of the Year
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Mercado de Escritórios Office market
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Ficha técnica
ERA Portugal
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Grafismo Rodrigues Silva Contabilidade Nasceconta Periocidade Bimestral Tiragem 3.000 exemplares Impressão Jorge Fernandes, Lda. Rua Qta. de Marcarenhas, 2820 Charneca da Caparica Depósito Legal 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397 Estatuto editorial disponível na página de internet www. magazineimobiliario.com
Opinião Opinion ABC Legal
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Opinião Opinion Millennium bcp
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Ventos do Norte
North winds UAUme! Porto
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Do Mundo
International MIPIM 2019
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Opinião Opinion Reino Unido United Kingdom
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Prémio Nacional do Imobiliário 2019
National Real Estate Awards 2019
Hรก muito para comemorar. 45 anos de mercado imobiliรกrio e 30 anos a viver em uma cidade que nรฃo para de inovar. Celebra connosco! Somos a Consultan. Apaixonados pelo imobiliรกrio e por Portugal.
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Capa 4 35 MAI/JUN 2019
Habitação
Quem engana quem? Housing
Who’s deceiving whom?
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O mercado da habitação continua ao rubro. Aumentou o número de profissionais, de imóveis transaccionados e dos valores praticados. Mas nem todos estão contentes. Já há casos registados de “bulling” imobiliário e muitos temem pela descaracterização dos bairros históricos. Será que as cidades estão a viver acima das suas possibilidades? The housing market is still red hot. The number of professionals working in this segment, properties traded, and the prices agreed upon have all gone up. But not everyone is happy about it. There have been cases of real estaterelated “bullying,” and many fear that historic neighbourhoods are loosing their character. Could it be that cities are living beyond their means?
Texto Text: Carla Celestino
Há cada vez mais promotores a lançar novos empreendimentos imobiliários. Há cada vez mais consultores a anunciar um número elevado de transacções e com volumes de negócio que fazem encher o olho. E há também cada vez mais redes e agentes de mediação imobiliária que crescem como cogumelos. Resta saber até quando esta realidade e os valores praticados vão ser sustentados quer para o sector, quer para o País. Os especialistas da RE/MAX confirmam que “o mercado imobiliário em Portugal tem atravessado, nos últimos anos, uma fase bastante positiva”. E, embora ainda não seja possível saber o número exacto de imóveis vendidos em 2018 (só após publicação do número oficial por parte do INE - Instituto Nacional de Estatística, no final de Setembro), já sabem que “no segmento habitacional o mercado cresceu cerca de 17% em número de vendas e de 24% em valor. Foram vendidas quase 180.000 habitações em 2018, algo verdadeiramente excepcional, até porque, para se ter uma ideia, em 2015 foram vendidas apenas 107 mil”. Se recuássemos até 2012 teríamos somente 76 mil vendas. Este enorme dinamismo não se ficou apenas pelo número de vendas, mas também pelos preços praticados: 24 mil milhões de euros, um valor nunca antes registado desde que este segmento é analisado. Em 2017, nesse ano também um recorde, não chegou aos 20 mil milhões, ficando pelos 19,3 mil milhões de euros. Se analisarmos
todo o conjunto de imóveis e na ausência dos números finais, é aceitável pensar em cerca de 280 mil vendas em 2018 (das quais quase 180 mil são, portanto, de habitações), com um volume de preços já superior a 30 mil milhões de euros. No novo paradigma do imobiliário, os especialistas salientam um outro cenário registado em 2018: “O surgimento de muitas milhares de empresas ligadas directa e indirectamente ao mercado imobiliário”. Com efeito, “actualmente existem já mais de 6.600 mediadoras licenciadas, a um ritmo médio de mais de cem por mês”. Estão mais profissionais que no passado e altamente motivados, até porque muitos destes agentes vieram de uma fracção que sofreu na pele o desemprego durante a crise da Troika, mas não será este já um crescimento demasiado elevado e que poderá ter consequências nefastas no futuro?
Nova dinâmica entre a oferta e a procura Olhando para o mercado imobiliário de 2018 verifica-se que o crescimento do mercado imobiliário não foi homogéneo. Os especialistas da RE/ MAX dizem que este cenário era já “esperado” e que “em algumas regiões o mercado revelou uma maior vitalidade, uma maior dinâmica, tanto ao nível do número transaccionado como do preço praticado”. Para se ter uma noção mais apropriada refira-se que o preço/m2 das habitações em Portugal, no
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final de 2018, situou-se nos 1.220 euros, havendo regiões com valores muito acima, como as dos concelhos de Lisboa (2.193 €/m2), Oeiras (2.092 €/m2) e Cascais (2.051 €/m2). Já na região Norte do País, apenas o concelho do Porto apresentou valores similares (1.849 €/m2), o que espelha fielmente o desnível existente entre os dois grandes centros urbanos e as regiões mais rurais. Estas disparidades têm vindo a ser atenuadas nos últimos meses, por via da relação entre a procura e a oferta. De facto, a escassez de imóveis à venda nos grandes centros urbanos, associada a preços muito elevados para a classe média nacional, têm forçado os clientes a procurar nas zonas periféricas, nas zonas limítrofes das grandes cidades. Por outras palavras, o mercado imobiliário é hoje caraterizado pela escassez na oferta e pela disparidade de preços entre o centro e a periferia, sendo pois necessário alguns mecanismos de equilíbrio, como um aumento da construção de novas habitações, um maior vigor do segmento de reabilitação e uma readaptação de muitas zonas urbanas, depauperadas e desaproveitadas. E sobre este último factor os especialistas relembram que “uma das zonas mais caras de Lisboa – o Parque das Nações, era, em meados da década de 90, uma zona industrial, poluída, completamente desvalorizada e desaproveitada”. Acrescentando que é “sabido que o dinamismo de um mercado não depende única e exclusivamente de alguns poucos factores, mas sim da confluência e interligação de muitos mais: exemplo disso
foi a elevada acessibilidade ao crédito registada em 2018, um forte estímulo a toda esta vitalidade que os diferentes intervenientes sentem”. O sector bancário é, pois, determinante nas economias modernas e, em 2018 em Portugal, foi também ele uma importante força motriz para o sucesso.
Ciclo de preços mais equilibrado Em Fevereiro a Comissão Europeia antecipou que “os preços das casas deverão registar uma maior moderação no período das previsões (20182020)”, os quais devem “reflectir uma recuperação gradual da oferta, juntamente com alguma desaceleração da procura externa”. Ainda assim, referiu que “a recente recuperação na construção residencial” contribuiu para “alguma moderação na inflacção dos preços das casa”, ou seja, na recuperação da oferta. Fala-se, pois, na estabilização dos preços, sobretudo em Lisboa, que pode tanto influenciar a oferta como a procura, contribuindo assim para um “ciclo de equilíbrio de preços”. Para se perceber melhor esta realidade é preciso observar o lado do proprietário, ressaltam os especialistas. Um proprietário que coloque o seu imóvel a um preço muito acima do praticado, inevitavelmente contribuirá para o desgaste publicitário do mesmo - é sempre expectável uma certa desconfiança de produtos que estão à venda há já algum tempo sem ninguém se interessar, pelo que tendencialmente esse proprietário ou será forçado a
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Soluções de Crédito Pessoal
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O mercado imobiliário em Portugal tem atravessado, nos últimos anos, uma fase bastante positiva. The real estate market in Portugal has been going through a very positive phase in recent years.
uma baixa de preço ou, eventualmente, aguardar por dias em que o mercado local esteja em crescimento. Por outro lado, um comprador que veja o mercado como estável sabe que o produto que adquire provavelmente não sofrerá qualquer aumento especulativo do preço, pelo que o investidor/especulador tenderá a sair do mercado e, por essa via, diminuir a procura. Essencialmente, este tipo de comportamento por parte de alguns proprietários é natural nos mercados, pelo que é a própria auto-regulação destes que estabilizará as várias situações. Mas há quem diga que no mercado habitacional já se anda a vender “gato por lebre”. A este propósito, esclarecem que “em qualquer mercado podem ocorrer situações menos claras, onde o que é adquirido não corresponde ao que é publicitado e vendido”. Mas para tal, “as sociedades modernas implementaram um conjunto de regras, políticas e leis que visam regular esse tipo de situações, para proteger tanto o comprador, como o próprio vendedor”. Neste sentido, em qualquer situação onde o comprador se sinta lesado, enganado, poderá ele próprio recorrer às entidades responsáveis pela aplicação da Lei.
“Bulling” imobiliário Se os trâmites legais protegem os compradores, já a protecção dos inquilinos tem sido a grande luta dos últimos anos na habitação nacional. Fala-se de malabarismos e pressões para fazer os
inquilinos saírem dos apartamentos arrendados, os quais, em muitos casos, foram ocupados há quase uma vida. O objectivo é reabilitar o edifício e colocá-lo no mercado imobiliário, seja para habitação, hotelaria, escritórios…, mas sempre a preços mais “competitivos” que aqueles que os actuais inquilinos podem pagar. Marvila é o melhor modelo para se perceber os novos desafios que o sector e as entidades públicas e privadas enfrentam no betão das cidades. Neste bairro histórico a estação do comboio divide duas realidades distintas: a Sul impera o luxo e a Norte os bairros sociais (empurrados dos bairros de lata para esta zona na década de 90). A autarquia e os privados querem potenciar a habitação na zona, seja de luxo, seja para os jovens, seja para a classe média. Mas a par deste mix habitacional há também já há um caso, pelo menos registado, a que se pode chamar de “bulling” imobiliário. Quando José António Videira assumiu as funções de presidente da Junta de Freguesia recorda que encontrou “uma zona em profunda remodelação do tecido urbano e económico e muito apetecível derivado da proximidade com o aeroporto e com as acessibilidades para o Norte de Portugal, através da A1, ou o Sul, através da ponte Vasco da Gama.” Nesta parte de Marvila que o autarca fala já se encontra em comercialização os empreendimentos de luxo Prateato e Prata Living Concept. Em carteira está o Quarteirão do Poço do Bispo com
projeto do atelier de Frederico Valsassina; também na rua Capitão Leitão nº 62-72 vai ser desenvolvida a Vila Marvila, pertencente ao promotor Cosmikanchor e com projecto do atelier ARX Portugal. No Hub Criativo o Beato, além dos muitos projectos equacionados, está previsto um edifício dedicado ao coliving. E muitos mais irão, por certo, ser conhecidos nos próximos dois anos. Mas também há, pelo menos, um caso de “bulling” imobiliário, onde se registou um assédio permanente e uma enorme pressão para que os inquilinos desocupassem o edifício dando aso a despejos forçados. Tal foi o caso do edifício Santos Lima, no Poço do Bispo, denunciado pela plataforma Stop Despejos, desenvolvido pelo O Corvo online e noticiado internacionalmente pelo jornal britânico The Guardian. O edifício possui 42 fracções mas só 17 estão ocupados e todos os inquilinos foram alvo de tensões quer ao nível da não renovação dos contratos, quer do recebimento de cartas de despejo, quer da notícia de que o edifício encontrava-se em mau estado e que ia ser demolido (o que a inspecção da autarquia veio a comprovar não ser verdade). Os actuais proprietários, Buy2Sale e a Preciousgravity, negam tais acusações, dizendo que não mandaram sair ninguém, que pagaram indeminizações e que o prédio está em perigo de derrocada causada pelas obras ilegais que os inquilinos foram realizando ao longo dos anos. Mas o que é certo é que, depois do imóvel ter sido inicialmente vendido, ainda estando ocupado, pouco tempo depois, estes dois proprietários, colocaram-no novamente à venda por 7,2 milhões de euros com o argumento de ter “potencial para condomínio privado habitacional, hotel ou escritórios”. Numa zona onde o imobiliário tornou-se apetecível para jovens, famílias e investidores, onde até a CML vai implementar mais habitação para a classe média no âmbito do programa Renda Acessível, este poderá ser apenas o primeiro caso
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registado de “bulling” imobiliário naquela zona. Esta realidade já se sente em outras zonas da cidade o que, aliás, levou a autarquia a criar a linha gratuita SOS Despejo para aconselhar as vítimas nas “guerras” entre proprietários e inquilinos.
“Atentados” ao edificado Há novas realidades, pouco positivas, que se instalaram nos bairros históricos de Lisboa mas que poderão espalhar-se por outras cidades com o tecido urbano em crescimento, nomeadamente no Porto onde a pressão imobiliária está a aumentar. Um desses cenários é a descaracterização de tudo o que torna mais singular os bairros. Tomemos para o efeito o exemplo do bairro da Lapa. De dia, se não fossem as obras de reabilitação ou construção nova de edifícios, seria o silêncio a reinar neste bairro, quebrado de 14 em 14 minutos, pelo eléctrico 25E que vai da Praça da Figueira a Campo de Ourique/Prazeres. Quase que se pode afirmar que este é um bairro dormitório. Mas o Alojamento Local também chegou a esta zona e, de noite, há já quem se queixe do barulho e também há quem tema a perda da identidade do bairro. Paulo Ferrero, representante do Forum Cidadania Lx, confessa que a descaracterização deste bairro “é uma dor de alma”. Isto porque está a “assistir-se à destruição dos edifícios antigos da Lapa e aqui todos eles têm vindo a sofrer terríveis atentados”. Afirma que “os primeiros atentados surgiram há
A escassez de imóveis à venda nos grandes centros urbanos, associada a preços muito elevados para a classe média nacional, têm forçado os clientes a procurar nas zonas periféricas. The scarcity of real estate for sale in large urban centres, coupled with prices that are extremely high for the Portugal’s middle class, have forced buyers to search in the outlying areas bordering the larger cities.
40-50 anos, mas a Lapa tem vindo a ser descaracterizada mais amiúde e com maior gravidade desde há uns 15/20 anos a esta parte, sobretudo desde o momento em que uma série de arquitectos-estrela da actualidade, cada um mais “autor” do que o outro, se terem tornado o expediente preferido para que determinada vontade de determinado promotor (imobiliário ou não) passe a projecto aprovado”. Salienta, no entanto, que “o arquitecto faz o seu papel, produz o que lhe encomendam. O problema está em quem permite e aprova, regra geral apavorado com o nome do autor, e, mais importante, na regulamentação que não existe, e na que existe que não é clara q.b. e na que o sendo não é cumprida”. Tece, pois, duras críticas à Câmara Municipal de Lisboa (CML), referindo que “se tivesse estado alguma vez interessada, teria produzido um Plano de Pormenor e Salvaguarda da Lapa, o que nunca fez”. E acrescenta que “o PDM é o que é e ficámos assim” e que “a Direcção-Geral do Património Cultural (IPPAR/IGESPAR) nunca acordou para o problema e tudo podia ter sido evitado (ou não) com uma classificação do todo”. Ainda assim, tem a esperança de que “pode ser que ainda acorde e resolva classificar o que resta, se ainda há o que reste: alguns quarteirões intactos, alguns prédios avulso, e pouco mais”. No que diz respeito aos “atentados”, Paulo Ferrero, explica que têm acontecido por diferentes formas. Uma delas tem ocorrido por via da “demolição integral”. O melhor (ou pior) exemplo é a moradia
da família Pereira Coutinho, na Rua da Lapa, nº 69. Em curso estão as obras de um edifício habitacional de construção nova com quatro pisos acima do solo e três abaixo do solo, a par de 10 lugares de estacionamento, que conta com projeto do atelier Aires Mateus Associados. Poderia ser mais um edifício no tecido urbano da Lapa se não fosse o caso de naquele espaço ter existido um edifício do século XVIII que, por não se encontrar abrangido por nenhum estatuto de proteção, foi totalmente demolido. Outra via são as “alterações profundíssimas” a nível dos seus interiores, tipologia, materiais, volumetria do exterior, alteração de perfis, etc. Paulo Ferrero foca o recente caso do “prédio feito pelo arquiteto Tertuliano de Lacerda Marques, com paredes deitadas abaixo, construção de marquise, etc.”. Outros há que, na sua opinião, “têm apenas sido “plastificados” e que viram os seus logradouros ocupados com construções novas, recordando a este propósito que “uma das características fundamentais, uma das “unidades centrais”, digamos assim, do Bairro da Lapa, é a casa-jardim”. E mais virá, com o hotel Holiday Inn, do arquitecto Saraiva, localizado mesmo em frente ao Museu Nacional de Arte Antiga. E lamenta que esta situação não se extinga nestes exemplos: “Outros virão, se o dinheiro vencer”. Tal é o caso do antigo Museu da Rádio e respectivo logradouro, para o qual a CML autorizou a sua transformação em habitação. Com projecto de autoria do arquitecto José Mateus, corresponde à construção de três edifícios com três caves para carros no quintal deste palacete situado na
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Rua do Quelhas 21-23. Neste momento encontra-se a decorrer uma petição pelo Fórum Cidadania Lx com o intuito de impedir esta construção que, ao que tudo indica, irá destruir também parte dos azulejos que cobrem o muro setecentista do logradouro. São apenas exemplos ilustrativos e é apenas uma opinião mas esta é já uma realidade sentida pelos residentes à escala de todos os bairros da capital.
Habitação continua a ser luta de Abril
Mas o que é certo é que as cidades estão mais atractivas, com mais e melhor habitação, com mais e novas lojas, com mais e diferentes populações. Dão-se apoios e incentivos para melhor a qualidade da eficiência energética dos nossos edifícios, da qualidade do ar e da qualidade de vida. Ainda assim, nestes 45 anos de Abril o pilar da Habitação não tem sabido cimentar as aspirações e necessidades de um povo que continua à procura de uma casa para habitar.
A habitação não é um tema pacífico e conciliar interesses de investidores, promotores, proprietários e inquilinos, com o modo de vida das cidades e dos cidadãos não é fácil. Mas é urgente. Falou-se tanto numa nova geração de políticas de habitação que as expectativas são altas por parte de todos os quadrantes da sociedade e de todas as geografias do País. Se por um lado, as pressões imobiliárias fazem nascer e renascer novas zonas habitacionais dentro e na periferia das cidades, por outro, pode estar a alimentar um animal que todos queriam ver extinto: os bairros de lata (este será seguramente o grande desafio da habitação nos próximos anos).
There are more and more developers launching new real estate projects. More and more consultants are announcing an ever larger number of transactions and with turnovers that will leave you in disbelief. And there are also more and more real estate networks and agents that grow like mushrooms. It remains to be seen how much either the industry or the country will be able to sustain this reality and these prices. The specialists at RE/MAX confirm that “the real estate market in Portugal has been going through a very positive phase in recent years.” And, although we do not yet know the exact
Não obstante os casos de bulling imobiliário ou de descaracterização dos bairros históricos, de uma maneira geral as cidades estão mais atractivas, com mais e melhor habitação, com mais e novas lojas, com mais e diferentes populações. Despite the real estate “bullying” cases or the loss of character and charm in historics neighbourhoods, cities are more attractive and have better housing, new stores and new population.
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number of properties sold in 2018 (only after the official number is published by the National Statistical Institute [INE] at the end of September will we know), they already know that, “in the housing segment, the market grew by around 17% in terms of the number of sales and 24% in value. Almost 180,000 homes were sold in 2018, something truly exceptional because, to give you an idea, only 107,000 were sold in 2015.” If we go back even further to 2012, only 76,000 homes were sold. This enormous amount of energy has been seen not only in the number of sales but also in terms of the prices agreed upon: €24 billion EUR, the largest amount ever recorded since this segment has been analysed. The total value of transactions executed in 2017, a record year in its time, did not even reach €20 billion EUR, staying around €19.3 billion EUR. If we look at the whole of real estate, and in the absence of the final figures, it is acceptable to think that around 280,000 sales were made in 2018 (al-
most 180,000 of which are therefore housing), with all transaction exceeding a total value of €30 billion EUR. In this new real estate paradigm, experts highlight another trend seen in 2018: “The emergence of many thousands of companies linked directly and indirectly to the real estate market.” In effect, “there are now more than 6,600 licensed real estate agents, with an average of more than 100 per month [becoming certified].” More professionals are working in this segment than in the past, and they are highly motivated, especially because many of these agents came from a part of the population that suffered through unemployment during the Troika crisis, but will this not already too much growth which could have dire consequences in the future?
A new dynamic between supply and demand Looking at 2018’s real estate market, it turns out that the real estate market’s growth was
not homogeneous. RE/MAX experts say that this was already “expected” and that, “in some regions, the market has shown greater vitality, greater momentum, both in the number of [properties] traded and the prices agreed upon.” To get a better idea of what this means, the average price per square metre of homes in Portugal at the end of 2018 stood at €1,220 EUR, with some regions seeing figures that were much higher than this. Such areas included Lisbon (€2,193 EUR/m²), Oeiras (€2,092 EUR/ m²), and Cascais (€2,051 EUR/m²). In northern Portugal, only the municipality of Porto saw a similar figure (€1,849 EUR/m²), which accurately reflects the gap that exists between the two major urban centres and the more rural regions. These disparities have been attenuated in the last few months due to the relationship between demand and supply. In fact, the scarcity of real estate for sale in large urban centres, coupled with prices that are extremely high for the Portugal’s middle class, have forced buyers to search in the outlying areas bordering the larger cities. In other words, the real estate market today is characterised by a lack of supply and a disparity in the prices seen in city centres and the surrounding areas. Some balancing mechanisms – such as an increase in the construction of new housing, a greater energy in the renovation segment, and a rehabilitation of a number of abandoned, unused urban areas – are thus in order. Speaking of abandoned, unused urban areas, experts remind the public that “one of Lisbon’s most expensive areas today – Parque das Nações – was, in the mid-1990s, a polluted industrial area that had been completely devalued and unused.” These experts at that it is “well known that a market’s momentum depends not only on a few factors but on the confluence and interaction of many. An example of this was how easily credit could be accessed in 2018, a strong stimulus to all this energy various stakeholders have experienced.” The banking sector, thus, plays a decisive role in modern economies, and, in 2018, it was also an important driving force for success in Portugal.
A more balanced price cycle In February, the European Commission stated that “the prices of homes should be more moderate in the forecast period (2018-2020),” which should “reflect a gradual recovery in supply levels, along with some deceleration in external demand.” Despite this, it mentioned that “the recent recovery in residential construction” has contributed to “some moderation in the inflation
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of housing prices.” What is being talked about here is price stabilisation, especially in Lisbon, which could influence supply as well as demand, thus contributing to a “more balanced price cycle.” Experts point out that, in order to better understand this reality, we must examine the owner’s side of the equation. A property owner who places their property on the market at a price that is above the going price point, will inevitably contribute to the advertising thereof: products that stay on the market for some time with no one interested in them always garner a certain mistrust. So this owner will either eventually be forced to lower their price, or they could possibly wait until the local market is growing. On the other hand, a buyer who sees the market as stable knows that the product they will purchase will probably not suffer any speculative increase in its price, so the investor/speculator will tend to exit the market, thereby reduc-
ing demand. This type of behaviour by some property owners is natural in the markets, so it is their own self-regulation that will stabilise various situations. However, there are those who say that fraudulent misrepresentation is afoot in the housing market. In this regard, they say that, “grey situations can occur in any market, wherein what is purchased does not correspond to what is advertised and sold.” But to this end, “modern societies have implemented a set of rules, policies, and laws aimed at regulating such situations in order to protect both the buyer and the seller.” In this sense, in any situation where a buyer feels injured or deceived, he himself can make use of entities responsible applying the Law.
“Bullying” in the real estate world While legal procedures protect the buyers, the protection of tenants has been the national
housing market’s great struggle over the last few years. There is talk of legal gymnastics and pressure to make tenants leave apartments they rent. In many cases, these tenants have occupied such apartments for almost a lifetime. The goal is to renovate the building and put it on the real estate market, be it for housing, hotels, offices…but always at prices more “competitive” than those that the current tenants can afford. Marvila is the best example to understand the new challenges that the industry and public and private entities face in Portugal’s cities. In this historic district, a train station separates two distinct realities: to the South, luxury prevails, while public housing is found to the North (the inhabitants here were pushed from shantytowns into this area in the 1990s). The local government and the private sector want to boost housing in the area, be it luxury housing, be it aimed at young people, or be it for the middle class. But alongside this housing mix there is
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MELHOR EMPREENDIMENTO HABITAÇÃO 2019
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tive for young people, families, and investors, where even Lisbon City Hall (CML) will implement more housing projects for the middle class as part of the Affordable Rent programme, this may be only the first recorded case of real estate “bullying” in that area. Other areas of the city are also now witnessing this phenomenon. In fact, it has led the local government to create a free SOS Eviction hotline to advise victims in the “wars” between owners and tenants.
“Attacks” on the architectural landscape
also already at least one recorded case that can be classified as real estate “bullying.” José António Videira recalls that, when he became president of that civil parish’s council, he found “an area undergoing a deep remodelling of its urban and economic fabric that is very desirable thanks to its proximity to the airport and to roads leading to the North and South of Portugal via the A1 and the Vasco da Gama bridge, respectively.” In the part of Marvila that Videira speaks about, luxury projects Prateato and Prata Living Concept are already on the market. In the pipeline are also the Poço do Bispo Building, designed by Frederico Valsassina’s studio, and Vila Marvila at Rua Capitão Leitão #62-72, belonging to developer Cosmikanchor and whose architectural plans are the work of ARX Portugal. At the o Beato Creative Hub, a building dedicated to coliving is planned in addition to many other related projects. And we will certainly learn of many more in the next two years. But there is also at least one case of real estate “bullying” in which tenants have suffered ongoing harassment and enormous pressure to vacate the building by way of forced evictions.
Such was the case of the Santos Lima building in Poço do Bispo, reported by the Stop Evictions platform developed by O Corvo Online and reported internationally by British newspaper The Guardian. Although the building houses 42 units, only 17 are occupied, and all tenants have been subject to pressure, whether it be in the form of contracts not being renewed, eviction letters being served, or news that the building was in poor condition and was going to be demolished (something that the inspection conducted by the local government proved to be not true). The current owners – Buy2Sale and Preciousgravity – deny such allegations, saying they have not kicked anyone out, that they have paid compensation, and that the building is in danger of collapse caused by illegal ‘projects’ that tenants have carried out over the years. But what is certain is that, shortly after the property was initially sold (while still occupied), these two owners put it back on sale for €7.2 million EUR on the grounds that it had “potential for private housing as a condominium, as a hotel, or for offices.” In an area where real estate has become attrac-
There are new, unpopular realities that have taken root in Lisbon’s historic neighbourhoods but which may spread to other growing cities, particularly Porto where real estate pressure is increasing. Many lament the loss character and charm, of everything that makes certain neighbourhoods unique. Let’s examine the neighbourhood of Lapa as an example. By day, if it were not for the restoration projects or the construction of new buildings, silence would reign in this neighbourhood, broken every 14 minutes by tram 25E that runs from Praça da Figueira to Campo de Ourique/Prazeres. It can almost be said that this neighbourhood is simply a dormitory. But Local Accommodation has also reached this area, and there are those who complain about the noise at night – as well as those who fear the neighbourhood will lose its identity. Paulo Ferrero, a representative of the Citizenship Lx Forum, confesses that the fact that Lapa is loosing some of its character “pains [his] soul:” they are “witnessing the destruction of Lapa’s old buildings of Lapa, and, here, they have all been suffering terrible attacks.” Ferro says that “the first attacks happened 40-50 years ago, but Lapa has been losing its unique character a greater, more serious pace for some 15-20 years, especially since the time when some star architects of ‘today’ – each one more of a ‘visionary’ than the other – became the preferred tools for developers (real estate or otherwise) to turn their plans into approved projects.” He stresses, however, that “the architect just does his job and produces what he is asked to do. The problem lies more in who allows and approves […] and, more importantly, in the regulation that does not exist, and in that which exists that is not clear enough and/or which is not being complied with.” Ferro, thus, criticises CML harshly, stating that, “had it ever been interested in doing so, it would have developed a Detailed Plan to Safeguard Lapa, which it never did.” He added that “the
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riors, etc. Ferrero focuses on the recent case of a “building designed by architect Tertuliano de Lacerda Marques which had its walls knocked down, its exterior modified, etc.” There are also others buildings, which, in Ferrero’s opinion, “have been ‘plasticised’” and which have seen newly constructed edifices take their places. Ferrero recalls that “one of the fundamental characteristics, let’s say, one of Lapa’s ‘central units’ is the courtyard.” And, with the Holiday Inn (designed by architect Saraiva and located right in front of the National Museum of Ancient Art), more will come. Ferrero is saddened that he hasn’t run out of such examples: “Others will come, if money wins.” Such is the case of the former Radio Museum and its respective public place, which the CML authorised be transformed into housing. Three buildings with three cellars for cars are to be constructed in the backyard of this mansion located at Rua do Quelhas #21-23, using architectural plans designed by José Mateus. At the moment, the Citizenship Lx Forum has started a petition with the goal of preventing these new buildings from being constructed, which, it seems, would also destroy some of the traditional azulejo tiles covering one of the building’s the eighteenth-century walls. These are just a few illustrative examples, and this is only an opinion. But this is already happening throughout the capital, and residents are taking note.
Nestes 45 anos de Abril o pilar da Habitação não tem sabido cimentar as aspirações e necessidades de um povo que continua à procura de uma casa para habitar. On this 45th anniversary of 25 April, the Housing pillar has not been able to provide for the aspirations and needs of a people that is still searching for a house to live in.
Municipal Master Plan (PDM) is what it is…” and that “the General Directorate of Cultural Heritage (IPPAR/IGESPAR) never even agreed there was a problem […] everything could have been avoided (or not) with a classification…” Despite all this, he hopes that “they may still wake up and sort out what’s left, if there’s anything that remains: a few buildings intact, a few odd detached buildings, and little else.” As for the “attacks,” Ferrero explains that they have taken place in different ways. One such way is “complete demolition.” The best (or worst) example was the house at Rua da Lapa #69 that belonged to the Pereira Coutinho family. In progress now is the construction of a new housing building that will four floors above ground and three below, as well as 10 parking spaces, and has been designed by the Aires Mateus Associates studio. It could be just another building in Lapa’s urban fabric of Lapa if it weren’t for the fact that an eighteenthcentury building that, since it did not hold any protected status, was totally demolished used to stand in that spot. Another way the attacks have happened is by way of “profound changes” to buildings’ interiors, typology, materials, exte-
Fighting for housing since April 1974 Housing is not a peaceful issue, and reconciling investors’, developers’, landlords’, and tenants’ interests is not easy. But it is urgent. A new generation of housing policies has been talked about so much that expectations are high in all parts of society and throughout the country. If, on the one hand, real estate pressure gives rise to new housing developments inside cities and on their peripheries, on the other, it could be feeding an animal that everyone wants to see extinct: slums and shantytowns (this will surely be housing’s biggest challenge in the next few years). But what is certain is that cities are more attractive and have better housing and new stores (as well as more of both). More people live in them, and their inhabitants’ backgrounds are more diverse. Support and incentives are given out to improve air quality, the energy efficiency of our buildings – in short, our quality of life. Despite this, on this 45ᵗʰ anniversary of 25 April, the Housing pillar has not been able to provide for the aspirations and needs of a people that is still searching for a house to live in.
PORTUGAL GRI 2019
Portugal GRI 2019 an event designed exclusively for global and local real estate investors, lenders, developers, operators and their advisers active in Portuguese real estate. The event will take place on the 21st - 22nd May in Lisbon , Portugal. Senior and board-level executives will discuss investment appetite, development opportunities and partnership possibilities across all asset classes in Portugal. Unlike a typical event or conference, GRI has a unique format, with no speakers or presentations. Instead, discussions are held in an informal and collegial manner, enabling everyone to participate freely. The format enables you to interact and engage with others to quickly find the right partners for your business, to build high value relationships, and to continue the conversation afterwards.
FEATURED ATTENDEES
Brian Betel
Managing Partner IBERIA ADVISORS, SPAIN
ASG
Philippe Camus
Paul Bashir
Gregory Gilbert
Shamik Narotam
SHAFTESBURY ASSET MANAGEMENT GROUP, LUXEMBOURG
ROUND HILL CAPITAL, UK
BENSON ELLIOT CAPITAL MANAGEMENT, UK
MORGAN STANLEY, UK
CEO
President & COO
Principal, Head of Iberia
Head, UK & Ireland RE Investing
ABOUT GRI CLUB Club members have access to all club meetings around the world. From exclusive member activities to annual conferences that bring together members and non-members in an environment of highly interactive discussions with participants of global standing. CLUB MEMBERSHIP Club Members gain access to Club activities held across the world. From exclusive member-only meetings to annual conferences events that bring non-members and members together for high level debates with global participants. Membership is by invitation only and reserved exclusively for real estate investors, lenders and developers. Qualified individuals (C/ Director Level) that believe they could benefit from being part of such a global community are welcome to further details.
W W W. G R I C LU B . O R G
EUROPE GRI 2019
11 - 12 SEPTEMBER, PARIS CONNEC TING EUROPEAN & GLOBAL REAL ESTATE LEADERS Exclusively for senior level investors, lenders and developers, Europe GRI will bring club members together with attendees to discuss opportunities in European Real Estate. PARTICIPANTS INCLUDE:
Gavin Neilan
Joanne McNamara
Paulo Loureiro
Assem El Alami Head of Real Estate Finance
DEUTSCHE FINANCE INTERNATIONAL, UK
EUROPE, OXFORD PROPERTIES GROUP, UK
LOUVRE CAPITAL, PORTUGAL
BERLIN HYP, GERMANY
Jan Janssen
Paulo Barradas
Said Hejal
Michael Abel TPG, UK
NORFIN, PORTUGAL
KRONOS INVESTMENT GROUP, UK
Co Managing Partner
Co-Head of EMEA Real Estate Finance GOLDMAN SACHS INTERNATIONAL, UK
VP, Head of Investments
MD, Head of M&A and Investor Relations
Managing Partner
Founding Partner
Partner
FOR MORE INFORMATION
www.europegri.org
ir yna.lyulchuk@griclub.org
Since 1998, GRI meetings provide a forum for the world’s leading real estate players to develop valuable relationships, and new business partners, and strengthen their global networks.
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Melhor Empreendimento do Ano 2019
Aulas fora de aula Best Project of the Year 2019
Classes out of the classroom
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O novo campus da Nova School of Business & Economics (Nova SBE) foi o grande vencedor da noite dos “Óscares” do Imobiliário 2019 e serviu de palco à entrevista com Pedro Santa Clara, responsável pelo desenvolvimento do processo em nome do promotor, e com Vítor Carvalho Araújo, autor e coordenador do projecto de arquitectura. The Nova School of Business and Economics (Nova BSE)’s new campus in Carcavelos was the big winner of the evening during the Real Estate “Oscars” of 2019 and served as the stage for Magazine Imobiliário’s interview with Pedro Santa Clara, the developer’s head person working on the project, and Vítor Carvalho Araújo, who designed and coordinated the project’s architectural plans.
Entrevista Interview: Carla Celestino
A Nova SBE já há muito que goza de prestígio internacional, o campus de Carcavelos foi naturalmente o passo seguinte de consolidação na Europa? Pedro Santa Clara - A Nova SBE começou a internacionalizar-se, sobretudo, há 10 anos, mais ou menos aquando do processo de Bolonha, tendo começado a atrair um número muito elevado de alunos internacionais. Actualmente, metade dos candidatos aos nossos programas de mestrado são estrangeiros pelo que constatámos que havia a oportunidade para dar o salto e tornar-se numa das maiores escolas de economia e gestão da Europa. Para atingir esse objectivo a Nova SBE precisava de crescer, atrair mais alunos e mais professores e ter massa crítica nas diferentes áreas de conhecimento. Como o “velhinho” espaço de Campo de Ourique já não tinha capacidade para comportar esta nova ambição, em 2012 tomámos a decisão de construir um novo campus e iniciámos o processo de encontrar um novo espaço. Foi fácil chegar e optar por Carcavelos? PSC - A procura pelo espaço começou por Lisboa, passou depois por Oeiras e por Cascais. Desde a primeira hora que contámos com o apoio da Câmara Municipal de Cascais que acolheu muito bem esta ideia de ter uma grande escola no concelho, uma vez que permite rejuvenescer o concelho, fixar a população e criar uma nova centralidade. Seguiu-se o concurso internacional de arquitectura e todo o processo natural da empreitada e da obra. O que tornou inédito este projecto foi, no entanto,
o lançamento de uma campanha internacional de fundraising uma vez que, na altura, não tínhamos fundos para um projecto desta dimensão, nem havia por parte do Estado capacidade para apoiar a construção de um campus desta natureza. Durante cerca de seis anos falámos com mais de 600 empresas e conseguimos mobilizar a sociedade civil de uma forma pouco habitual em Portugal mas que abriu um novo caminho para este tipo de projectos de impacto social. O projecto de arquitectura soube atrair mais do que alunos, soube também cativar a sociedade de uma forma geral. Vítor Carvalho Araújo – É um facto. Quando, na fase inicial do concurso avaliámos este lugar, constatámos que existiam circunstâncias particulares – paisagísticas e urbanas -, com uma vida própria que não poderíamos perder. Por outro lado, e de acordo com o programa funcional, pretendia-se que o campus funcionasse como um espaço de encontro, em que as aulas pudessem acontecer também fora do tempo e do espaço das aulas, e que fosse aberto à cidade. Estas intenções do projecto acabaram por se concretizar: hoje é um espaço cheio de vida, quer estudantil, quer da comunidade. Qual foi a visão que pretenderam implementar neste projecto? VCA – O projeto tinha que dar resposta a um programa complexo - campus multifuncional -, pelo que a intenção da arquitetura foi simplificar. O campus foi organizado em função de estruturas
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duz quer no seu cruzamento físico, quer na partilha de conhecimentos, experiências e socialização, em todos os 75 mil metros quadrados de área construída.
espaciais facilmente reconhecíveis: um eixo principal que liga os extremos Norte e Sul do campus, alinhado com o Forte de S. Julião da Barra, um “vizinho” muito expressivo. A partir dessa linha, para Poente, estão os corpos que organizam as salas de aula, anfiteatros, espaços lectivos por excelência (licenciatura, mestrado e formação de executivos); para Nascente, edifícios com um funcionamento mais autónomo como o grande auditório, ginásio, restaurante e a biblioteca. A ligar todos estes elementos está o “claustro”, no átrio principal, para o qual convergem e a partir do qual divergem todos os outros espaços. A Norte, ligadas de forma menos directa com este eixo, estão as residências de estudantes. A ideia foi: desmontar um programa naturalmente complexo e desenhar lugares que fossem reconhecíveis e confortáveis na utilização do dia-a-dia. Em relação às residências de estudantes está previsto o aumento da oferta? PSC – Sabíamos desde o início que as residências de estudantes programadas para este espaço seriam insuficientes, mas não havia mais capacidade construtiva além das 122 unidades existentes. Precisamos de 1000 a 1500 quartos e no futuro muitos mais. A ideia sempre foi de que haveria de surgir iniciativa privada para suprir essa necessidade, o que já
está a acontecer. Na Quinta dos Lombos vai haver uma residência para estudantes promovida pelo Grupo Milestone; há um projecto de estúdios para estudantes de Ricardo Kendall aqui perto e muitos mais projectos que ainda não começaram. O campus é um espaço muito intuitivo e onde domina a transparência. VCA - A relação entre o espaço interior e exterior é feita através da transparência material, que depois se traduz na amplitude e na visibilidade que o campus oferece a partir de qualquer ângulo. É um espaço aberto e transparente, ao qual acrescentámos ainda uma abertura que ultrapassa o seu próprio território: a ligação directa com a praia, sob a Estrada Marginal. PSC - A transparência surge a diferentes níveis, na linha que falámos - que atravessa e liga o campus -, mas também nos gabinetes e nas salas de trabalho. A opção da arquitetura pela transparência teve um impacto profundo na forma de trabalhar das pessoas, mudou a forma como se trabalha nesta escola. Todos se vêem uns aos outros! Já na ligação com o exterior destaco a solução muito engenhosa do projeto de criar dois rés-do-chão, dois pisos térreos em cotas diferentes, para Nascente e para Poente, que maximizaram a relação do edifício com o exterior. Estes espaços provocam uma efectiva colisão entre as pessoas, que se tra-
Que actividades promovem para estimular essa “colisão”? PSC - Actividades não faltam no campus. Só para se ter uma ideia, desde Setembro de 2018 até Março de 2019, já fizemos mais de 250 eventos, quer nos espaços de aulas e anfiteatros, quer espaços exteriores. Não são apenas os eventos internos de professores e alunos, também temos actividades dos mais de 30 clubes de alunos que existem no campus (surf, economia, etc.) e eventos externos. Para dar alguns exemplos, posso dizer que promovemos conferências de todo o tipo, sendo que as próximas são as Conferências do Estoril; hackathons de 24 horas de desafios entre alunos e empresas; talks inspiradores todas as semanas, inclusivamente na praia; spot market; festas… E depois há casos espontâneos que trazem vida ao campus. A RTP ofereceu-nos dois pianos e a ideia foi que qualquer pessoa pudesse tocar. Descobrimos que há alunos nossos que tocam maravilhosamente, que até já há aulas de piano e que existe um vizinho, um senhor italiano reformado que mora no bairro de S. Gonçalo, que todas as manhãs vem tocar piano durante cerca de duas horas. Acho que isto diz rigorosamente tudo sobre o campus. VCA - Esta era a intenção do projecto do novo campus desde o início: fazer uma escola que fosse convidativa para os alunos e para a comunidade. E conseguimos! Nova SBE has long enjoyed prestige at an international level. Was the Carcavelos campus the next natural step in enhancing your visibility at the European level? Pedro Santa Clara: Nova SBE started setting its sights on becoming more and more international 10 years ago, more or less during the Bologna process, when it began to attract a very large number of international students. Today, a half of our master’s programme candidates hail from abroad, so we realized there was an opportunity to take a leap and become one of the largest schools for economics and management in Europe. To achieve this objective, Nova SBE needed to grow, attract more students and professors, and have a critical mass of knowledge in different fields. As the “quaint, old” space in Campo de Ourique simply did not have the capacity to support this new ambition, we made the decision in 2012 to construct a new campus and began the process of finding a new space.
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Was Carcavelos an easy choice? PSC: The search for a space started in Lisbon proper, and then we looked in Oeiras and Cascais. We have had the support of Cascais Town Hall since day one, which welcomed this idea of having a large school in the town, as it would help rejuvenate the area, grow its population, and create a new hub. The international architectural bidding process came next, followed by the natural signing of contracts and construction projects. This project was unprecedented, however, in that an international fundraising campaign was launched, since we didn’t have the funding at the time for such a large project nor did the State have the capacity to support the construction of a campus of this nature. Over the span of almost six years, we talked with more than 600 companies, and we managed to mobilise civil society in a way that is not commonly found in Portugal but which has opened up a new path for these kinds of social impact projects.
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The campus is a very intuitive space where transparency prevails. VCA: The interior relates to the exterior by way of this transparency, which then gets translated into the size and visibility that the campus offers from any angle. It is an open and transparent space, and we have even added an opening to it that goes beyond its own territory: a direct connection with the beach under the Riverside Avenue. PSC: Transparency can be found at different levels, along the line we talked about that runs through and connects the campus but also in the campus’ offices and work rooms. The architectural choice to use transparency has had a profound impact on how people work. It has changed how people work at this school. Everyone sees each other! I’d also like to highlight the ingenious solution to create two ground floors on different elevations – one on the East side and another on the West side – which have maximised the building’s relationship the exterior. These spaces provoke effective collisions between people, which translates into both physical intersections and the sharing of knowledge, experiences, and socialisation in each of the campus’ 75,000 square metres of constructed area.
The architecture has attracted more than just students. It has captivated society as a whole. Vítor Carvalho Araújo: This is true. When we evaluated this place at the initial stage of the competition, we realised it had some unique characteristics and a life of its own we could not afford to lose. Given its main purpose, we also intended for the campus to be open to the city and function as a meeting space where classes could be held in and out of the classroom at any time. These dreams we had for the project ended up coming to fruition: today, it is a space that is full of life – thanks to both students and the community. What was the vision you wanted to realise with this project? VCA: The project had a very complex end purpose (a multifunctional campus), so what we wanted to do with the architecture was simplify. The campus was organised into easily recognisable spatial structures: a main axis that connects the North and South ends of the campus, aligned with the S. Julião da Barra Fort, a very colourful ‘neighbour.’ To the West of this line are the buildings that house the campus’ classrooms, amphitheatres, lecture halls (undergraduate, masters, and execu-
tive training); to the East are buildings with more autonomous functions, such as the large auditorium, gymnasium, restaurant, and library. Connecting all these elements is the “cloister” in the main atrium at which they converge and from which all the other spaces diverge. To the North, connected less directly with this axis, are student dormitories. The idea was to disassemble a naturally complex space and design places that would be recognisable and comfortable in day-to-day use. With regard to the student dormitories, are there plans to expand them? PSC: We knew from the very beginning that the student residences planned for this space would be insufficient, but we did not have the capacity to build more than the existing 122 units. We need 1000 to 1500 rooms and, in the future, many more. The idea always was that a private initiative would come about to help satisfy this need, and this is already happening. In Quinta dos Lombos, the Milestone Group is developing its own student residence building. Ricardo Kendall is working on a project close to here that will provide studios for students. There are also many more projects that have not started yet.
What activities encourage such “collisions?” PSC: There is no lack of activities on the campus. Just to give you an idea, we have held 250 events on our campus from September 2018 to March 2019 using our classrooms, amphitheatres, and outdoor spaces. These events are not just internal ones that are held just for professors and students. More than 30 student-run clubs (e.g., surfing, economics, etc.) also run activities on campus, and we also host external events. To give you some examples, I can say that we have organised conferences of all kinds, the next ones being the Estoril Conferences; hackathons (24 hours of challenges between students and companies); inspirational talks every week (some of which are even held on the beach); spot market; parties… And then we get these spontaneous cases that bring life to campus. RTP offered us two pianos, and the idea was that anyone could play them. We’ve discovered that there are students of ours who play beautifully…piano lessons are already being taught! And a neighbour of ours, a retired Italian gentleman who lives in the neighbourhood of S. Gonçalo, comes to play piano for about two hours every morning. I think this says everything about the campus. VCA: Creating a school that is inviting for both students and the community has been the driving idea behind the new campus from the very beginning. And we did it!
Metro Quadrado 24 35 MAI/JUN 2019
Mercado
Procura-se escritรณrios! Market
Office spaces wanted!
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O mercado ocupacional de escritórios tem vindo a recuperar desde 2014 e a partir de 2017 a bater consecutivamente recordes. Em 2018 foram ocupados 206.428 m2 de espaços de escritórios. Mais oferta houvesse e atingir-se-iam novos máximos. The market for offices started recovering in 2014, and, since 2017, it has consecutively broken records year after year. In 2018, 206,428 m² of office space were occupied. If there were more supply on the market, new records would be reached.
Texto Text: Carla Celestino
Portugal está a saber atrair multinacionais, grandes ocupantes que aqui querem fixar as suas sedes. Basta dar o exemplo do gigante tecnológico Google ou da especialista omnichannel Teleperformance que lideraram as maiores operações no mercado de escritórios de Lisboa no ano transacto. Mas o País também está a saber cativar novas empresas, a saber captar e reter talentos e a reinventar espaços e conceitos. De acordo com o recente estudo da Savills Portugal, em 2018, as rendas deste segmento em Lisboa mantiveram a tendência de subida, com a renda prime a atingir os 21€/m2/mês. Esta realidade é deveras importante se compararmos a capital portuguesa a outras cidades europeias, já que se verifica que os valores de rendas são mais competitivos e que ainda existe ainda uma margem para crescimento nos próximos anos. A consultora acredita que a entrada de novos projectos de elevada qualidade nos próximos dois a três anos fará elevar as rendas prime em Lisboa, que poderão atingir os 25€/m2/mês. Mas se olharmos à lupa este mercado, verifica-se que existiu uma quebra na actividade no início de 2019. O Office Flashpoint da JLL refere que, em Janeiro, foram ocupados 9.383 m2 de escritórios em Lisboa, cerca de 22% e 32% abaixo da actividade do mês anterior e do período homólogo respectivamente. Para a consultora, esta desaceleração fica a dever-se, sobretudo, à incapacidade da oferta existente em dar res-
posta à procura que tem crescido em volume e diversidade. No que respeita a tendências, deverá assistir-se à renegociação de espaços, a transacções de pré-arrendamento, à ocupação de instalações obsoletas ou modernização das existentes de forma a receberem os novos “perfis” de inquilinos.
Porto com potencial de crescimento O Porto é a segunda cidade do País que melhor tem sabido atrair o mercado internacional de procura de escritórios e já são várias as empresas estrangeiras a elegerem esta cidade para aqui fixar a sua actividade. Para tal muito tem contribuído os valores de renda competitivos, a oferta de recursos humanos especializados, segurança e qualidade de vida, mais e melhores ligações aéreas e a divulgação da cidade como destino turístico. O mercado de escritórios tem ainda potencial de crescimento e os novos projectos já dão resposta às actuais necessidades das empresas. Os diversos estudos apontam para recordes em termos de ocupação de escritórios, assim como uma subida das rendas na Invicta. Graça Ribeiro da Cunha, responsável pela área dos escritórios da Predibisa, recorda que, no ano passado, “apesar do registo na procura por novas instalações e entrada de novas empresas na região, foram a mudança de instalações e a expansão de em-
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Portugal está a saber atrair multinacionais, grandes ocupantes que aqui querem fixar as suas sedes. Portugal is figuring out how to attract multinationals, large occupants who want to set up head offices here.
presas que dominaram mais de metade dos negócios concretizados”. Ao longo dos quatro trimestres, no Porto, mais especificamente na Boavista (zona 1) e considerada zona prime, foi onde se concentraram o maior número de negócios (19), num total de 14.618 m2 transaccionados. Constatou-se também que Matosinhos (zona 6) e Maia (zona 5) foram os concelhos da Área Metropolitana do Porto com grande dinâmica no segmento, no que respeita aos maiores negócios em termos de ocupação de área. Já as maiores transacções na região, com uma área superior a 15 mil m2, dizem respeito ao edifício Urbo Business Center, em Matosinhos, com a instalação do BNP Paribas, e ao novo centro tecnológico de I&D do Prozis Group, na Maia. À semelhança de Lisboa, a escassez de oferta de escritórios no Porto é um dos desafios que se vai manter em 2019, no entanto, o cenário deverá ser de crescimento. “Os projectos em desenvolvimento que se vão concluir este ano não serão suficientes para abranger a elevada procura por
parte de novas empresas sobretudo multinacionais”, afirma Graça Ribeiro da Cunha. Pelo que, seguramente, “no ano de 2019 continuaremos a assistir a um cenário de crescimento, concluídos que estejam os projectos em pipeline, havendo ainda potencial para novos projectos”. Segundo a Savills Portugal, existem cerca de 10 projectos novos previstos para os próximos anos no Porto que representam um acréscimo de mais de 150.000 m2 de espaços de escritórios e contribuindo para a capacidade de resposta do mercado face a uma procura que se prevê continuar a aumentar. É o caso do Edifício Porto Office Park (POP) com 31.000 m2 previsto para o final do ano 2019, do Edifício Porto Business Plaza na zona Porto Oriental – Campo 24 de Agosto, que irá acrescentar 15.500 m2 de oferta nova e do Palácio dos Correios nos Aliados com 16.800 m2, cuja conclusão também está prevista para 2019.
Aposta nos espaços partilhados O mercado de trabalho continua com uma legislação pouco flexível e ainda não está totalmente
acordado para as novas formas menos convencionais de trabalho mas a realidade é que em Portugal, como no resto do mundo, estão a surgir a este nível novos desafios. As áreas tecnológicas e os serviços partilhados, sobretudo os call-centers, trouxeram uma mutação ao mercado de trabalho português e com isso novos operadores de espaços mais flexíveis, novos conceitos - como o coworking, escritórios flexíveis ou centros partilhados -, novas ocupações dos edifícios e o repensar do design e fit-out dos espaços tradicionais. Há casos que demonstram bem que já existe interesse por parte dos investidores em apostar nesta nova geração de escritórios onde impera a tecnologia, a inovação e a criatividade. Tal é o caso do Grupo Endutex com a aquisição da Torre Oeiras ou do District Offices and Lifestyle, na Batalha (Porto); ou do LACS que depois dos espaços na rua Conde de Óbidos, em Lisboa, e Cascais, abriu recentemente o LACS Anjos. Mas outros há em pipeline. Os dados avançados revelam que a oferta de
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coworking ronda os 50.000 m2, representando menos de 1% da oferta total da cidade; ainda assim, o total da procura de escritórios fixou-se próximo dos 9%. Embora no ranking do “European Coworking Hotspot Index” da Cushman & Wakefield, Lisboa ocupe apenas o 37º lugar, a realidade é que tem todo o potencial para subir na tabela. Portugal is figuring out how to attract multinationals, large occupants who want to set up head offices here. Notable examples of this include tech giant Google and omnichannel specialist Teleperformance, which were among the largest operations in Lisbon’s office market last year. Portugal is also learning how to entice new companies, how to capture and retain talent, and how to reinvent spaces and concepts. According to a recent study from Savills Portugal, rents in this segment tended to trend upward throughout 2018, with the prime rent reaching €21 EUR/m²/month. This reality is truly striking if we compare the Portuguese capital
with other European cities, since rents are more competitive and there still exists a margin for growth in the coming years. The consulting firm believes that new, high-quality projects entering the market in the next two to three years will cause prime rents in Lisbon to rise – up to a possible €25 EUR/m²/month. But, if we look more closely, we will see that activity in this market tapered off at the beginning of 2019. JLL’s Office Flashpoint reports that, in January, 9,383 m² of office space were occupied in Lisbon, about 22% and 32% below the activity levels of the previous month and the same period of the previous year, respectively. For JLL, this slowdown is mainly due to the inability of the city’s existing supply to satisfy demand, which has grown in volume and diversified in type. As for trends, we may see spaces renegotiated, pre-lease transactions executed, out-dated facilities occupied, and/or existing buildings modernised in order to better suit today’s tenants and their new “profiles.”
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rently under development that will be finished this year will not be enough to satisfy the high amount of demand coming from new companies, especially from multinationals,” says Ribeiro da Cunha. As a result, “we will [surely] continue to see growth in 2019, with projects in the pipeline wrapping up and with potential for new projects.” According to Savills Portugal, there are about 10 new projects planned for the coming years in Porto, representing an increase of more than 150,000 m² of office space and contributing to the market’s capacity to respond to demand levels that are expected to continue to increase. Such projects include the Porto Office Park Building (POP), whose 31,000 m² of office space are scheduled to hit the market at the end of 2019; Porto Business Plaza Building in Eastern Porto – Campo 24 de Agosto, which will bring 15,500 m² to the city’s office market; and the Palácio dos Correios Building on Avenida dos Aliados, whose 16,800 m² will also be ready at some point this year (2019).
A focus on shared spaces
Porto has potential for growth Porto is another city in Portugal that has figured out how to attract international demand for office space, and several foreign companies have already chosen to open offices in the city. Much has contributed to this end: competitive rents; a wealth of specialised human resources; safety, security, and a high quality of life; improved flight schedules with more flights to and from the city; and the way in which the city has been marketed as a tourist destination. The office market still has potential for growth, and new projects in the city are already responding to companies’ current needs. Various studies talk about records broken in terms of office occupancy levels, as well as a rise in rents in Porto. Graça Ribeiro da Cunha, in charge of Predibisa’s Office Department, recalls that, last year, “despite the demand for new fa-
cilities and the arrival of new companies in the region, more than half of the deals struck dealt with companies’ expansions and facility moves.” Throughout the year, Porto’s Boavista neighbourhood (Zone 1), considered a prime area, was where the largest number of deals were concentrated (19), with a total of 14,618 m² traded. Out of all of the municipalities within the Metropolitan Area of Porto, Matosinhos (Zone 6) and Maia (Zone 5) were where the largest numbers of square metres were traded. In one of the largest transactions in the region, BNP Paribas came to occupy more than 15,000 m² at the Urbo Business Center in Matosinhos, while Prozis Group’s new tech centre for R&D opened in Maia. Like in Lisbon, the lack of supply in terms of office spaces in Porto is one of the biggest challenges that will remain throughout 2019, but, overall, growth is expected. “The projects cur-
The labour market continues to be governed by inflexible legislation which has not yet been fully adapted to suit new, less conventional forms of work, but the reality in Portugal, as in the rest of the world, is that new challenges are emerging at this level. Modern technology and shared services (especially call centres) have brought changes to the Portuguese labour market. Alongside these changes, new companies that operate more flexible spaces, new concepts (e.g., co-working, flexible offices, or shared centres), and new moves have all come to the foreground, with traditional spaces also having their designs and setups rethought. Investors are also demonstrating interest in focusing on the next generation of office spaces where technology, innovation, and creativity prevail. The Endutex Group, which purchased the District Offices and Lifestyle in Batalha (Porto) and the Oeiras Tower, is one such instance, and LACS, which recently opened LACS Anjos after opening spaces in Cascais and on Rua Conde de Óbidos in Lisbon, is yet another. Still more projects are also in the works. The data show that the amount of space dedicated to co-working sits at around 50,000 m², less than 1% of the city’s total supply of office space; even so, the total demand for offices was close to 9%. Although Lisbon occupies only 37ᵗʰ place in Cushman & Wakefield’s “European Coworking Hotspot Index,” it has substantial potential to climb in that ranking.
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Metro Quadrado 30 35 MAI/JUN 2019
ERA Portugal
Informação em primeira-mão Information first-hand
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A ERA Portugal lançou um programa de parceria com os promotores imobiliários: Obra Nova ERA. João Pedro Pereira, da Comissão Executiva desta rede de mediação imobiliária, afirma que é uma iniciativa com um enorme potencial de crescimento e esclarece como a informação que vai ser partilhada vai ajudar os profissionais do sector a encontrar as melhores oportunidades e os melhores negócios. Real estate agency ERA Portugal has launched a partnership programme with real estate developers: Obra Nova ERA. João Pedro Pereira, from ERA’s Board of Directors, says that this initiative has enormous potential for growth and explains how the information that will be shared as part of this initiative will help industry professionals find the best opportunities and the best deals.
O que vos levou a lançar o programa Obra Nova ERA para construtores e promotores imobiliários de todo o País e quais as metas que pretende alcançar? Obra Nova ERA é um programa de parceria entre a ERA e Promotores Imobiliários. O sector imobiliário sofreu uma enorme reestruturação nos últimos anos. As condições macro-económicas são hoje mais favoráveis, o mercado imobiliário internacionalizou-se, e a procura de imóveis aumentou. O mercado habitacional necessita de mais casas para responder ao aumento da procura, e a ERA quer contribuir nesse sentido. Sendo uma rede imobiliária com uma verdadeira implantação nacional, a ERA tem um conhe-
cimento muito detalhado do que é o mercado habitacional em cada região do País e quais sãos as oportunidades de construção em cada geografia. Por esta razão a ERA está numa boa posição para ajudar os promotores imobiliários a encontrar as melhores oportunidades de construção e as melhores oportunidades de negócio. Que tipo de informação vai ser partilhada no âmbito deste programa? Em primeiro lugar todos os Promotores Imobiliários Obra Nova ERA irão ser os primeiros a ter acesso às oportunidades de construção em cada região (terrenos ou imoveis de para reabilitar). Em segundo lugar terão acesso a infor-
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mação actualizada sobre os tipos de imóveis mais procurados, as características mais desejadas, os pricingpoints mais procurados. Toda esta informação tem por base as pesquisas de imóveis dos mais 280.000 compradores que estão actualmente no mercado à procura de imóveis para comprar através da ERA. Na prática, como é que os vossos agentes e agências vão fazer chegar a informação aos construtores e promotores? Hoje a ERA é uma rede de mediadores imobiliários totalmente conectada. Cada agência ERA e cada agente ERA está ligado ao nosso sistema central G.ERA através de uma App no smartphone (ou um computador) onde registam todas as informações do mercado. Este sistema envia alertas para os nossos agentes sobre novas oportunidades de negócio. Passaremos a enviar estes alertas também para os promotores imobiliários parceiros Obra Nova serem os primeiros a serem informados sobre oportunidades de construção.
Este sistema também analisa todos os dias o perfil dos compradores para fazer o encontro entre a procura e a oferta. Estes dados são anonimizados e tratados estatisticamente freguesia a freguesia, concelho a concelho, região a região. Esta informação passa a estar disponível também para os nossos parceiros Promotores Imobiliários Obra Nova. Com estes dados os construtores poderão tomar as suas decisões de construção e de arquitetura com base em dados actualizados e especializados em cada geografia. Para terem acesso a toda esta informação, os promotores imobiliários necessitam apenas de contactar uma agência ERA e solicitar a adesão a este programa de parceria. No âmbito desta iniciativa, a ERA vai promover os novos imóveis com a insígnia Casa Nova ERA. Por que razão criaram esta chancela e como vai ser difundida? Existe um segmento de mercado que procura apena casas novas. A comercialização de imó-
A ERA está numa boa posição para ajudar os promotores imobiliários a encontrar as melhores oportunidades de construção e as melhores oportunidades de negócio. ERA is in a good position to help real estate developers find the best construction opportunities and the best business opportunities
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veis novos tem desafios diferentes dos imóveis usados. Para podermos comunicar melhor com estes clientes lançamos a sub-marca Casa Nova ERA. Debaixo desta marca colocaremos apenas as casas novas e em construção com toda a informação relevante para este tipo de habitação. As Casas Novas ERA serão divulgadas em todos os meios de comunicação, com especial destaque para os meios digitais. Dado o actual panorama da construção e do imobiliário, considera que o programa Obra Nova ERA poderá contribuir para a dinamização destes sectores? Acreditamos que existe uma enorme oportunidade para as diferentes empresas do sector imobiliário se associarem em parceiras e combinar as suas diferentes experiências e conhecimentos para oferecer um melhor produto aos clientes. Podemos criar valor em conjunto, fazer crescer o mercado de forma sustentável, responder melhor às necessidades dos clientes e melhorar a qualidade da habitação em Portugal. Embora ainda seja cedo para fazer previsões, qual será o impacto deste programa na performance da ERA Portugal? Na ERA procuramos estar sempre focados nos nossos clientes e em satisfazer as suas necessidades. Acreditamos que o sucesso ocorre naturalmente quando os nossos clientes estão satisfeitos. Este programa de parcerias Obra
Nova tem um enorme potencial de crescimento porque sabemos que os nossos clientes procuram mais casas e que é necessário aumentar esta oferta. Ao contribuirmos para melhorar as condições para a construção de mais casas estamos a contribuir para o crescimento do mercado e para o crescimento da ERA. Como sabe, no sector imobiliário o ciclo de vida de um produto é muito longo. Por isso os resultados demoram tempo a aparecer. Quem está neste mercado sabe que tem de ter paciência para semear hoje e só colher os frutos no amanhã. Este programa de Obra Nova terá impacto nos resultados da ERA durante muitos anos e será um contributo importante para o crescimento futuro de toda a rede ERA. What led you to develop the Obra Nova ERA programme for real estate developers and construction companies throughout Portugal, and what are the goals you intend to achieve? Obra Nova ERA is a partnership programme between ERA and real estate developers. The real estate industry has undergone an enormous restructuring over the last few years. Today, macroeconomic conditions are more favourable, the real estate market has become internationalised, and demand for real estate has increased. The housing market needs more houses in order to respond to rising demand, and ERA wants to help in this regard. Since we are a real estate network with a reach
that truly extends to every corner of Portugal, ERA has a very detailed understanding of the housing market in each region of the country and knows where the best construction project opportunities are. Because of this, ERA is in a good position to help real estate developers find the best construction opportunities and the best business opportunities. What kind of information will be shared as part of this programme? Firstly, all Obra Nova Real Estate Developers will be the first to have access to construction project opportunities in each region, be they plots of land or buildings to renovate. Secondly, they will have access to updated information about the types of real estate that clients seek the most, the most sought after characteristics, the most popular pricing points, etc. All this information is based on surveys of the more than 280,000 buyers who are currently looking for real estate to buy through ERA. In practice, how will your agents and agencies get information to construction companies and developers? Today, ERA is a network of real estate agents that is fully (inter-)connected. Each ERA agency and each ERA agent can access our central G.ERA system through a smartphone app or on a computer. All information on a particular market is recorded in G.ERA (whose name is a portmanteau of the Portuguese word for “man-
Desde 1985 no imobiliário A garantia de um nome Compra, venda, arrendamento e gestão de rendas Av. Bombeiros Voluntários, 3-B | 2775-168 Parede Cascais | Portugal Tel.: 214 561 387 | Email: futurama@futurama.pt
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Este programa de Obra Nova terá impacto nos resultados da ERA durante muitos anos e será um contributo importante para o crescimento futuro de toda a rede ERA. This Obra Nova programme will impact ERA’s results for many years to come and will be an important contribution to the future growth of the entire ERA network.
age” and ERA), and it sends alerts to our agents regarding new business opportunities. We will also begin sending these alerts to Obra Nova Real Estate Developers so that they can be the first to know about construction project opportunities. This system also analyses buyers’ profiles every day in order to properly balance supply and demand. These data are anonymous and examined statistically parish by parish, county by county, region by region. This information will also be available to our Obra Nova Real Estate Developers. With this data, construction companies will be able to make constructionand architecture-related decisions based on updated data from each region. In order to gain access to all this information, real estate developers simply need to contact an ERA agency and apply to join this partnership programme. As part of this initiative, ERA will promote new properties using your new insignia “Casa Nova ERA.” Why was this designation created, and how will people know about it?
There is a segment of the market that is looking for new homes only. New properties have marketing challenges that are different from used real estate. In order to better communicate with these customers, we are launching the Casa Nova ERA sub-brand. Only houses that are new or under construction houses will be marketed with this label. Houses marketed as a Casa Nova ERA will be publicised in all means of communication, with a special emphasis on digital media. Given the current construction and real estate landscape, do you believe that the Obra Nova ERA programme will help make these industries even more dynamic? We believe that there is a huge opportunity for different real estate companies to partner with each other and combine their different experiences and expertise to offer customers a better product. We can create value together, grow the market in a sustainable manner, better respond to customer needs, and improve the quality of housing in Portugal.
Although it may still be early to make predictions, what impact will this programme have on ERA Portugal’s performance? At ERA, we endeavour to always remain focused on our clients and satisfying their needs. We believe that our success lies in our clients’ satisfaction. This Obra Nova partnership programme has enormous potential for growth because we know that our clients are looking for more houses and that it is necessary to increase what is on offer. By helping improve the conditions for building more houses, we are helping the market – and ERA – grow. As you know, the life cycle of a product is very long in the real estate industry, so results take time to appear. Whoever is in this market knows that they must have the patience to sow today and wait to reap the rewards in the future. This Obra Nova programme will impact ERA’s results for many years to come and will be an important contribution to the future growth of the entire ERA network.
Opinião Catarina Barros Fernandes
Catarina Barros Fernandes ABC Legal - Alexandra Bessone Cardoso & Associados
As Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária: Um Novo Futuro para o Mercado da Habitação Real Estate Management and Investment Companies: A New Future for the Housing Market
Os resultados atingidos no mercado imobiliário da habitação, nos últimos anos, em Portugal, têm sido muito positivos, mas ainda há oportunidades a explorar. Um conjunto de factores indissociáveis, que passam por circunstâncias geopolíticas, climatéricas, a excelente imagem internacional do País e o baixo custo de vida formaram a conjuntura perfeita para a captação do investimento estrangeiro. Por outro lado, o legislador promoveu a Reforma da Lei do Arrendamento Urbano, criou a Autorização de Residência para Atividade de Investimento – ARI (Visa Gold), estabeleceu o Regime Fiscal para o Residente Não Habitual e criou o Regime de Autorização de Exploração dos Estabelecimentos de Alojamento Local, que, em muito, contribuíram para esta dinâmica. O mercado da habitação tem sido sustentado pelo investimento estrangeiro em imóveis para exploração turística e para habitação própria permanente. Em 2019, Lisboa é considerada a cidade mais atractiva para o investimento imobiliário na Europa, liderando o top 10 do estudo anual “Emerging Trends In Real Estate Europe 2019”, sendo assim considerada a “risking star” da Europa. Também o Porto está no radar do investimento e já existem outras cidades que não fazem
parte dos grandes centros urbanos na mira dos investidores estrangeiros. Hoje, o mercado imobiliário nacional merece uma abordagem estratégica por parte dos operadores internacionais, não sendo visto apenas como um alvo oportunístico e circunstancial. O País provou ter capacidade, não só de atrair, mas também de reter o capital estrangeiro. Este contexto próspero trouxe, no entanto, um problema que se prende, não só com a excessiva procura de imóveis para uma escassa oferta, mas também com a subida dos preços dos imóveis destinados à habitação, os quais são incompatíveis com os rendimentos dos agregados familiares portugueses. Ora, neste âmbito, as Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI), aprovadas pelo Decreto-Lei n.º 19/2019 de 28 de Janeiro, poderão desempenhar um papel inovador na resposta a este problema. Porventura, as SIGI favorecerão o ajustamento entre a oferta e a procura, dada a capacidade de sustentar a construção de novos edifícios, a ser utilizados para habitação própria, co-living, residências universitárias, residências sénior ou arrendamento, e contribuirão para o equilíbrio entre o rendimento da população e o preço das habitações, dado o menor risco a
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que expõem os investidores, quando comparadas com outras propostas do mercado. Sendo reconhecidas internacionalmente, pelos investidores, como veículos transparentes e confiáveis, espera-se que as SIGI permitam a diversificação das fontes de financiamento das empresas e fomentem a captação de investimento estrangeiro, aumentando, assim, a oferta do mercado de arrendamento de longa duração e melhorando a oferta da habitação a custos acessíveis. Espera-se deste modo, que as recentemente chegadas, Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária, e há tanto reclamadas pelos investidores imobiliários em Portugal, tenham assim surgido no momento certo e que venham a rasgar novas perspectivas num mercado dinâmico e em constante evolução. The results achieved in Portugal’s housing market in recent years have been very positive, but there are still opportunities to explore. A number of inseparable factors – ranging from the country’s geopolitical situation and its climate to how it is perceived abroad and its low cost of living – have created the perfect environment for attracting foreign investment. On the other hand, the legislature has reformed the Law on Urban Leasing, created the Residence Permit for Investment Activity - (ARI; Golden Visa), established the NonHabitual Resident Tax Regime, and crafted the Authorisation Scheme for the Exploration of Local Accommodation Establishments, which have all contributed greatly to this dynamism. Activity in the housing market has been sustained by foreign investment in pieces of real estate that will be used for tourism purposes and for permanent private housing. In 2019, Lisbon is considered the most attractive city for real estate investment in Europe. It leads the top 10 of the study entitled “Emerging Trends In Real Estate Europe 2019” and is thus considered to be Europe’s “rising star.” Porto is also on investors’ radars, while certain other urban centres are no longer a priority for foreign investors. Today, Portugal’s real estate market requires a strategic approach from international operators, no longer regarded simply as an opportune, circumstantial target. Portugal has proven itself capable of not only attracting but also retaining foreign capital. This prosperity has, however, brought about a problem connected to excessive demand for real estate in an area with scarce supply:
spikes in housing prices, which have become incompatible with the incomes of most Portuguese households. In this context, the Real Estate Management and Investment Companies (SIGI), approved by Decree-Law #19/2019 (dated 28 January), could play an innovative role in responding to this problem. SIGIs could perhaps favour adjustments between supply and demand, given their ability to support the construction of new buildings to be used for private housing, co-living, university dormitories, senior residences, or leasing, and could also help strike a better balance between the population’s income and housing prices, given the lower risk that investors are exposed to in comparison with other market proposals. Recognised internationally by investors as transparent and reliable, SIGIs are expected to help diversify companies’ financing sources and foster foreign investment, thereby increasing supply levels in the long-term rental market and improving the availability of affordable housing. It is hoped that the newly arrived Real Estate Management and Investment Companies, which real estate investors in Portugal have demanded for years, have come about at the right moment and that they will bring new prospects to a dynamic, constantly evolving market.
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José Araújo
“A prática é o que leva à perfeição” “Practice makes perfect”
José Araújo Director da Direcção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp Director of the Department of Real Estate at Millennium bcp
Se é assim como a expressão ou ditado dizem, então é importante ter um plano bem definido para se obter um resultado produtivo. Mas estamos a falar de quê? Do mercado imobiliário português. E “quando”? Hoje e para o amanhã! E “quem”? Os agentes do mercado. E “Porquê”? Porque é um tema presente! E “onde”? Em Portugal e no mundo. E “Como”? Definindo um plano de acção e executando-o. E “Quanto custa”? Quando falamos de mercado imobiliário, a nossa atenção orienta-se, de imediato para o segmento habitacional em Lisboa e Porto. Será uma tendência natural ou forçada pelas solicitações dos investidores estrangeiros que, no ano anterior e apenas em Lisboa aumentaram a sua quota de investimento de 21% para 28%, com a aplicação de 2,39 mil milhões de euros na aquisição de habitação (transacções realizadas por particulares; dados da Confidencial Imobiliário)? Em número, compraram 1.592 imóveis residenciais em 2018, mais 67% do que no ano anterior. E as perspectivas de incremento desta actividade imobiliária estão nos planos e nas estratégias dos promotores, dos construtores e intermediários, quer agora, quer a médio prazo. Esta é a realidade que observamos e à qual se acrescentam as preocupações do presente, que são do conhecimento de todos os operadores, como também dos reguladores europeus que têm o mercado imobiliário português sob recomendação. Falar do que aconteceu e está a acontecer… já se sabe. Mas no futuro próximo, os preços das casas irão continuar a crescer, pelo que a Comissão Europeia recomendou uma maior moderação, reflectindo, por um lado a recuperação gradual da oferta e por outro o abrandamento da procura externa. E para tal há que acompanhar de perto todas os conceitos, movimentações, leis, regras e interesses no domínio do imobiliário, em especial habitacional, porque o crescimento não controlável dos preços das casas causa,
sem dúvida efeitos nefastos em termos sociais. Há então que definir um plano, que consiga o equilíbrio entre a actividade turística (pois esta tem tendência a abrandar) e o interesse dos estrangeiros que atribuem a Portugal, e às suas muitas e variadas características, argumentos extraordinários para decidirem sair dos seus países e fixarem-se aqui para viver e trabalhar. E a estabilidade da economia portuguesa precisa desse equilíbrio. Surgem então questões como: “Quais os formatos habitacionais que melhor poderão responder às exigências de uma sociedade mais evoluída, diferente e com outras necessidades”? Será que só Lisboa e Porto podem continuar a ser o foco destes planos? Claro que não, porque Portugal é muito mais! Quanto custará aos operadores construir os espaços do futuro? Serão as Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI), a resposta capaz? Qual a responsabilidade do Estado e qual o papel dos privados? E como será incluído o arrendamento nesta matriz, enquanto as taxas de juro estiverem baixas e o mercado tiver liquidez? Não se pode responder conforme a necessidade do momento, mas de forma estruturada e consolidada, pensando também no futuro e na forma sustentável para se manter o que de bom se criou, porque apesar de um território pequeno, com cerca de 92 mil km2, as oportunidades continuam a ser muitas e em vários segmentos. If this expression is to be believed, then it is extremely important to have a well defined plan in order to achieve a positive result. But what are we talking about? Portugal’s real estate market. And “when?” That of today and of tomorrow! And “who?” The market’s players. And “why?” Because it’s a pertinent topic! And “where?” In Portugal and throughout the world. And “how?” Defining a plan of action and executing it. And “how much will it cost?” When we speak of the real estate market, our attention immediately turns to the housing segment in Lisbon and Porto. Is this tendency natural or is it forced thanks to foreign investors? In Lisbon alone, such investors increased their investment share last year from 21% to 28%, having spent €2.39 billion EUR on housing-related purchases (transactions
carried out by private individuals; data from Confidencial Imobiliário). In numbers, they bought 1,592 residential properties in 2018, 67% more than the previous year. And real estate developers, builders, and intermediaries are all keeping increases in this kind of real estate activity in their strategies and plans both for the short- and medium-term. This is the reality we are now faced with in addition to other concerns of the day, which all operators and the European regulators are aware of. Talking about what happened and what is happening…you know. But, in the near future, house prices will continue to increase, which has prompted the European Commission to therefore recommend greater moderation, reflecting both the gradual recovery of supply levels and the slowdown in external demand. In order to do so, one must keep close track of all the concepts, movements, laws, rules, and interests in the field of real estate, especially in the housing segment, because uncontrollable rises in housing prices undoubtedly have nefarious social effects. So we must devise a plan that manages to strike a balance between tourism (as it begins to slow down) and the interest of foreigners who find enticing reasons to leave their countries and settle in Portugal to live and work. The stability of Portugal’s economy is at stake. Then, such questions get asked: “Which housing formats will best meet the demands of a different, more evolved society with new needs?” Will only Lisbon and Porto remain the focus of these plans? Of course not because there is so much more to Portugal than just these two cities! How much will it cost the operators to build these spaces of the future? Will the Real Estate Management and Investment Companies (SIGI) be an efficient answer? What is the responsibility of the State, and what is the role of the private sector? And how will leases and rentals be included in this matrix while interest rates are low and the market has liquidity? We cannot respond by just looking at the needs of today. We must respond in a structured, forward-looking manner that also provides sustainable ways to maintain what has been created. Because, despite being a relatively small country with only around 92,000 km², opportunities here still abound.
Ventos do Norte 40 35 MAI/JUN 2019
Cidade do Porto tem o chamado UAUme! Porto’s got that UAUme factor!
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Nos últimos anos, quem chega ao Porto fica maravilhado com o que vê. Com os seus edifícios, com o movimento nas ruas, com as actividades culturais e, não esquecer, com a sua movida. Over the last few years, anyone who’s visited Porto has been amazed by what they see, what with its buildings, the activity on its streets, its cultural activities, and, of course, its changes.
Texto Text: Elisabete Soares
A cidade do Porto tem agora - na opinião de Ana Teresa Penim - o chamado UAUme! Um conceito criado pela própria, em conjunto com o marido, João Alberto Catalão, autores do livro “Atitude UAUme!”. A ‘executive coach’, mas também conhecida pela organização de viagens por cidades e lugares exóticos, considera que “o Porto tem todas as características para surpreender o visitante”, frisando que é uma “cidade que não se deixa cair na rotina, tem património, tem diversidade, é genuína”. É, por isso, que mesmo para quem cá vive há várias décadas, não deixa de surpreender-se que esta cidade caracterizada pelo granito escurecido dos seus monumentos e pelas ruas estreitas e tortuosas, seja agora do agrado de tanto turista e mesmo de visitantes nacionais, que não perdem uma oportunidade para passar dois, três ou mais dias. Com o sugestivo tema, “Ainda encontrámos portuenses na Baixa?”, a Câmara Municipal do Porto (CMP) deu início, recentemente, ao conjunto de tertúlias, Conversar a Cidade – que tudo indica vão ser momentos únicos para pensar a cidade. Ana Penin protagonizou alguns dos momentos mais descontraídos da última tertúlia. Para a viajante, um dos aspectos em que assenta a sua descoberta, foi porque o Porto, nos últimos anos, “renovou-se, ganhou vida”. Um facto que, na sua opinião, se deve relacionar também com “renovação do comércio”, que “dá vida às cidades”, e que “é uma expressão da nossa cultura”.
Um facto que levou a que “viessem pessoas novas, que trouxeram marcas e outros conceitos”, mas, ao mesmo tempo, “conseguiram manter-se as lojas centenárias”.
Há portuenses a menos na Baixa? Há portuenses a menos na Baixa, apesar de haver mais turistas? “Sim, é uma realidade”, responde Ricardo Valente, vereador com o pelouro da Economia, Turismo e Comércio, da CMP - um dos impulsionadores desta iniciativa -, já a tertúlia se encaminhava para o final. É uma “realidade inegável que o Porto e a Baixa perderam pessoas, porque não tinham condições de viver nestas zonas”, destacou. A cidade do Porto perdeu 100 mil habitantes nos últimos 30 anos, que se deslocalizaram para outros concelhos como a Maia, Gaia, Valongo e Gondomar, especialmente, onde havia habitação a preços mais acessíveis. Por isso, agora, o grande desafio é fazer com que continue a haver portuenses na Baixa, mantendo os que conseguiram aguentar e atraindo novos residentes. Ricardo valente garante que esse é agora “o nosso desafio”. E a autarquia, garante, “está a atacar esse problema, trazendo economia e criando condições para atrair as pessoas”. For Ana Teresa Penim, Porto has a particular “UAUme!” factor, a concept she developed together with her husband, João Alberto Catalão (both are the authors of the book “UAUme! Attitude”).
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ed to the city’s discover is that, over the last few years, Porto “has renewed itself…it has sprung to life.” This is something that, in her opinion, is inextricably linked with “the renewal of trade [in the city],” which “gives cities life” and “is an expression of our culture.” For Penim, this has led to “new people coming in, bringing with them new brands and concepts,” while also helping “centuries-old stores keep their doors open.”
Are there fewer residents in downtown Porto?
Penim, an ‘executive coach’ who is also known for organising trips to exotic destinations, believes that “Porto has everything needed to surprise visitors,” stressing that it is a “city that doesn’t let itself get classified as ‘ordinary.’ It boasts history and heritage sites and is fascinatingly diverse and completely genuine.” This is why, even for those who have lived there for decades, it isn’t surprising that Porto now attracts both so many foreign tourists and Portuguese visitors who can’t resist an opportunity to spend two or
three days (or more) among the city’s dark granite monuments and narrow, tortuously steep streets. Porto’s City Hall (CMP) recently started some discussions entitled “Talk with the City,” which are designed to examine the theme “Can we still find original residents downtown?” and provide unique opportunities for people to think about the city and its future. Penim was the star during some of the more interesting moments at the latest talk. For her, one of the most important factors that has contribut-
Are there fewer residents in downtown Porto, despite there being more tourists? “Yes, that is the reality,” says Ricardo Valente, a city councillor with the CMP’s Bureau of Economy, Tourism, and Commerce and one of the initiative’s main supporters. It is an “undeniable reality that Porto and its Downtown have lost people because they were unable to live in these areas,” Valente explained. The city of Porto has lost 100,000 inhabitants over the last 30 years, the majority of whom have moved to other areas such as Maia, Gaia, Valongo, and Gondomar where affordable housing is more readily found. Because of this, the big challenge now is to ensure that some of downtown Porto’s original residents remain in the neighbourhood, keeping those who have managed to hold on and attracting new residents. Valente asserts that this is “our challenge,” while Porto’s City Hall states that it is “attacking this problem by encouraging trade and creating an environment that will attract people.”
Com décadas de experiência, conjugamos a sabedoria e a modernidade na comercialização e na captação de investimentos, com méritos reconhecidos. With decades of experience, we are widely and deservedly recognised for bringing together know-how and contemporaneity in commercialising real estate and attracting real estate investment.
Do Mundo 44 35 MAI/JUN 2019
MIPIM 2019
Ninguém está assustado
Nobody is frightened
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O que falta ao MIPIM para ser, todos os anos, um ponto de encontro obrigatório para os profissionais de imobiliário dos cinco continentes? Nada! What else does MIPIM need in order to be a mandatory event for real estate professionals from every corner of the world year after year? Nothing!
De facto, as expectativas confirmaram-se plenamente em Março de 2019. Dezenas de milhar de visitantes encheram o Palácio dos Festivais, e arredores, em Cannes, cidade que está cada vez mais acolhedora e charmosa. Desta feita era a sustentabilidade o grande tema de debate do certame. Foi largamente debatido nas múltiplas conferências dedicadas ao assunto. Mas falou-se, negociou-se, debateu-se muito mais do que isso. Os “gurus” ainda não estão assustados com o arrefecimento da economia mundial e “chutam para o canto” as perspectivas de uma nova crise. Percebe-se que interiorizaram as lições do passado e são, na maioria dos casos, mais prudentes. Portugal não escapou à curiosidade dos agentes do sector. Modestamente (comparado com outras capitais europeias) Lisboa e Porto fizeram-se representar mas torna-se evidente que é preciso “subir a parada”. Nunca é demais dizer que é neste tipo de acções que se percebe a falta de apoios estatais ao imobiliário nacional, tão importante para a economia nacional. Se fosse para vender enchidos, queijos ou vinhos já havia dinheiro. Aqui, arrisque quem quiser e puder. Nunca é demais marcar na agenda uma deslocação à Cote Azur nesta altura do ano. Aproveite para trabalhar e fique mais uns dias para relaxar na zona turística mais procurada de França. Visite o Mónaco. Talvez encontre a família real…
Expectations were fulfilled in March 2019 when thousands upon thousands of visitors filled the Palais des Festivals and surrounding areas in Cannes, a city that is as welcoming and charming as ever. This time around, sustainability was the hot topic of the hour, and several workshops and lectures dedicated to the subject discussed it at length. But a great deal else was also talked about, negotiated, and debated. The industry’s top ‘gurus’ are not intimidated by the slow-down seen in the world economy and are leery of viewpoints that point to a new crisis to the kerb. The industry has internalised the lessons of the past and, for the most part, is much more prudent. Players in the industry were also curious about Portugal. Lisbon and Porto were, in comparison with other major European cities, modestly represented, and it is precisely in this context that it became evident that Portugal needs to “step up its game.” We can never overstate how noticeable the lack of state support for Portugal’s real estate industry – a major contributor to the country’s economy – is at such events. If it were an opportunity to sell the country’s sausages, cheeses, or wines, the money would be there. In this sector, however, those who risk everything are left to their own devices. It’s always a good idea to schedule a visit to the Côte d’Azur at this time of the year. Take advantage of the opportunity to work, and then stay a few days more to relax in France’s most sought after tourist region. Visit Monaco too. You might even meet the royal family…
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Do Mundo Reino Unido
Confia em mim, sou especialista na matéria United Kingdom
Trust me, I am an expert Como profissional nos mercados imobiliários institucionais, sou muitas vezes sondado sobre o que penso acerca de mercados muito particulares como os dos Caraíbas ou da Croácia. Geralmente as pessoas que perguntam não são, obviamente, do meio e, depois de explicar o que faço e demonstrar o mais ínfimo sinal de competência, sou apelidado de especialista. A conversa tende a evoluir deste modo:
Roberto Varandas COS Capital Managing Director – Head of Europe
• “Portanto, trabalha no imobiliário, é isso? O que faz no imobiliário?” • “Trabalho com investidores institucionais que decidem estabelecer uma exposição regional ou mundial aos mercados imobiliários, crio fundos e ajudo investidores a estruturar os seus investimentos, para oferecer essa exposição aos investidores, apoiado por equipas locais que gerem os imóveis.” • “Interessante. E o que pensa dos mercados?” • “Bom, isso é uma pergunta bastante abstracta. Todos os mercados são diferentes e estão em diferentes pontos dos seus respectivos ciclos…” Nesta altura, geralmente salto para a minha percepção macro do estado das taxas de juro e com estas estão a afectar os mercados imobiliários, as perspectivas de construção em diferentes mercados, etc. É aí que a conversa se torna mais específica: • “E o que pensa sobre o mercado nas Bahamas?” • “Bem, isso é um mercado muito específico. É dominado praticamente por investidores estrangeiros, com alguns investimentos públicos. Para mais, é um mercado mínimo. Nem sei se existem sequer investimentos institucionais
nas Bahamas, à excepção talvez de um resort, e provavelmente apenas no contexto de um portfolio mais alargado de investimentos em hotéis.” • “Ah, portanto não segue as Bahamas como um mercado?” • “Não. Não tem dimensão institucional. Nenhum mercado imobiliário nas Caraíbas atrai investimento de instituições como fundos de pensões ou fundos soberanos.” • “Ah. Percebi. É que eu comprei uma casa de férias nas Bahamas o ano passado. O que acha que vai acontecer ao mercado?”. • “Bom. Não sei. Como referi, é um mercado muito pequeno. Comprou a casa para seu uso pessoal ou vai arrendar a turistas?” • “Não, é apenas para uso da família.” • “E calculo que não tem um empréstimo grande sobre o imóvel?” • “Não. Vendi o meu negócio há um par de anos e decidimos que seria bom ter uma casa onde poderíamos viver alguns meses no ano quando nos reformarmos.” • “E portanto porque é que está preocupado? Não tem hipoteca e tem a intenção de manter o imóvel durante muitos anos. Aproveite!” A discussão normalmente muda para o último resultado desportivo relevante. Quando a mesma sequência de perguntas sucede em relação aos mercados em Portugal, felizmente, há bastante mais a dizer. De uma perspectiva internacional, Portugal não é somente apartamentos de férias no Algarve. Na verdade, os mercados residenciais tornaram-se muito atractivos tanto para os enormes fundos de private equity como para investidores
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individuais. O âmbito dos investimentos também evoluiu à medida que novos sub-sectores emergem, seja nas residências de estudantes, co-living ou residencial para arrendamento. E o que dizer dos mercados residenciais tradicionais? Neste caso, como quase todos sabem, há dois mundos diferentes – Lisboa/Porto e o resto do país. Nos últimos 20 anos, os preços médios da habitação em Portugal não conseguiram sequer acompanhar a inflacção. Por outro lado, no centro de Lisboa, os preços duplicaram desde 2015! Portanto, a próxima vez que decidir investir numa casa de férias ou num pied-à-terre, consultem com um especialista, que poderá vos indicar quais os locais que têm o maior crescimento de preços esperado nos próximos anos. Ou então, não. Talvez comprar onde o coração vos leve. Um lugar bonito, com gente simpática, onde poderão aproveitar o vosso imóvel até aos anos mais longínquos. Nesse caso, continuo a recomendar Portugal. As a professional in the institutional real estate markets, I am many times asked my opinion of some particular real estate market like the Caribbeans or Croatia. Usually these questions come, of course, from acquaintances from other walks of life, after I explain what it I do, and am able convey that modicum of competence as to be labelled an “expert”. The conversation tends to evolve as follows: • “So, you work in real estate, what do you do in real estate?” • “I work with institutional investors who want to establish global and regional exposure to the real estate markets. I setup funds and help them structure their investments, to gain access to particular markets and sectors, supported by local teams who manage the properties.” • “Interesting. So what do you think of the markets?” • “Well that’s quite a broad question. Every market is different and are at different points in the cycle…” I usually then jump into a broad, macro story about how interest rates are affecting the real estate markets and what the development pipeline looks like in different places. Then the conversation gets more specific. • “And what do you think about the market in the Bahamas?” • “Well, that is quite a specific market. It is practically only driven by foreigners and some public projects. Plus, it is a tiny market. I am
not sure there are even any institutional investments there, except maybe for a resort, and most likely in the context of a larger hotel portfolio.” • “Oh, so you don’t follow the Bahamas as a market?” • “No. It is just not institutional. No market in the Caribbean really attracts capital from the likes of pension funds or sovereign wealth funds.” • “Ahh. Understood. I bought a holiday home in the Bahamas last year. What do you think is going to happen to the market?” • “Well, again, I am not sure. It is a tiny market. Did you buy the house for yourself or are you renting it out for tourists?” • “No, only the family uses it.” • “And I am guessing you did not have to get a huge loan to buy the property?” • “No. I sold my business a couple of years ago and we decided it would be nice to have a property we can live a few months out of the year when we retire.” • “So why are you worried? You have no mortgage, you plan to keep the property well into your retirement years. Enjoy the property!” The discussion then usually moves onto the latest relevant sports result.
When the same question is asked in relation to the markets in Portugal, fortunately, there is a lot more to be said. From an international perspective, Portugal is not just holiday apartments in the Algarve. In fact, the residential markets themselves have become the attraction of both the large private equity funds and individual investors. The scope of these investors has also widened as different, new sectors emerge in the residential space, be it student accommodation, co-living and even traditional residential for rent. And what to say about the traditional residential markets in Portugal? Here, as most know, we have the tale of two worlds Lisbon/Porto and the rest of the country. Over the past 20 years, house prices in Portugal have not even kept up with inflation. Central Lisbon, on the other hand, has increased 100% since 2015! So the next time you decide to invest in a holiday home or a pied-à-terre, make sure you consult an expert, who can identify the places that have the highest growth potential over the coming years. Or not. Maybe you can just buy wherever your heart leads you. A place of beauty, with friendly people, good food, where you can enjoy your property into your later years. I still recommend Portugal in that case.
NATIONAL REAL ESTATE AWARDS 2019
Prémio Nacional do Imobiliário 2019
Para que não haja dúvidas National Real Estate Award 2019
The sector’s largest party
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O Prémio Nacional do Imobiliário é o mais antigo galardão do sector, encontrando-se há 21 anos a premiar a excelência de profissionais e empreendimentos nacionais. Em 2019 o Melhor Empreendimento do Ano foi o Novo Campus da Nova BSE.. The National Real Estate Award is the industry’s oldest award, recognising professionals and projects in Portugal for their excellence over the last 21 years. In 2019, Nova BSE’s New Campus was named the Best Project of the Year. Numa cerimónia que decorreu no passado dia 4 de Abril, hotel Vila Galé Cascais, onde reinou a boa disposição e o encontro e reencontro de personalidades dos mais diferentes quadrantes, todas as atenções estiveram viradas para os empreendimentos finalistas ao concurso do Prémio Nacional do Imobiliário. O grande vencedor da noite foi o Novo Campus da Nova BSE que arrebatou o prémio na Categoria de Equipamentos Colectivos e ainda triunfou como o “Melhor Empreendimento do Ano de 2019”. Uma obra que revela uma arquitectura notável e que eleva o sistema educacional português à escala europeia. Na Categoria de Escritórios, sector onde escasseia cada vez mais a disponibilidade de novos espaços, dominou o FPM41. Enquanto na Categoria de Habitação o laureado foram as Sottomayor Residências. O Monumental Palace Hotel (Porto) conquistou a Categoria de Turismo e o Hotel Vila Galé Collection Braga a Melhor Reabilitação. O empreendimento Edifício Alferes Malheiro foi agraciado com uma Menção Honrosa. Estas foram as escolhas do Júri composto por Paulo Silva, Head of Country
da Savills; Almeida Guerra, administrador da Rockbuilding; Eduardo Abreu, partner da neoturis; Juan Antequera, director-geral de Imobiliário do Vilamoura World; engenheiro Fernando Santo; e arquitectos João Paciência e Regino Cruz. De salientar ainda a atribuição do prémio Eficiência Energética numa parceria entre a Magazine Imobiliário e a ADENE – Agência para a Energia que coube ao empreendimento Edifício Alferes Malheiro. A 21ª edição dos “Óscares” do Imobiliário contou com o patrocínio da Savills (Patrocinador Principal); Banco Santander; ERA Portugal; Construtora Paviana; Gabinete de Arquitectura Broadway Malyan; Vilamoura World; e Technal. Conta com a cooperação institucional exclusiva da APPII. E possui também o apoio da ADENE. O portal oficial é a Casa Sapo. O suporte técnico pertence à Tecnovisão. A Green Media assegura a ligação à Comunicação Social e o Media Partner é o Diário Imobiliário. On 4 April, a ceremony was held at the Vila Galé Cascais where people from all parts of the real estate industry met in a convivial atmosphere and were all focused on the National Real Estate Award finalists. The evening’s biggest award went to Nova BSE’s New Campus, which snatched the top award in the Public Amenities category and triumphed as the “Best Project of the Year 2019.” This project boasts some truly noteworthy architecture and has made the Portuguese educational system notable at the European level. FPM41 dominated the Office
category, a segment in which new spaces are increasingly scarce. Meanwhile, the Sottomayor Residences won the top award in the Housing category. Porto’s Monumental Palace Hotel conquered the Tourism category, and the Vila Galé Collection Braga was recognised as the Best Restoration Project. The Alferes Malheiro Building was awarded an Honourable Mention. Such were the Jury’s choices, which was composed of Paulo Silva, Savills’ Head of Country for Portugal; Almeida Guerra, President of Rockbuilding; Eduardo Abreu, Partner at neoturis; Juan Antequera, Director of Real Estate at Vilamoura World; engineer Fernando Santo; and architects João Paciência and Regino Cruz. Also noteworthy was the presentation of the Energy Efficiency Award, which is given out as part of Magazine Imobiliário’s partnership with Portugal’s Energy Agency (ADENE). This year, the Alferes Malheiro Building took home this illustrious award. The 21st annual “Oscars” of Real Estate graciously relied on the sponsorship of Savills (Main Sponsor); Santander Bank; ERA Portugal; Paviana Construction; the Broadway Malyan Architecture Studio; Vilamoura World; and Technal. APPII has also been the event’s exclusive institutional partner, and ADENE has lent their support as well. The event’s official portal is Casa Sapo, and technical support has come from Tecnovisão. Green Media assisted with Communications, and the event’s Media Partner has been Diário Imobiliário.
NATIONAL REAL ESTATE AWARDS 2019
Joaquim Pereira de Almeida
Patrícia Liz, Savills
Prémio Habitação
Prémio Escritórios
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Prémio Equipamentos Colectivos
Prémio Turismo
Prémio Reabilitação
Excelência em Certificação Energética
Menção Honrosa do Júri
Melhor Empreendimento do Ano
NATIONAL REAL ESTATE AWARDS 2019
Prémio Equipamento do Ano e Melhor Empreendimento do Ano 2019
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NATIONAL REAL ESTATE AWARDS 2019
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