Construção Ambiente Turismo
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JAN/FEV 2020 €10
Digital muda tudo
Digital changes everything
À velocidade do planeta At the speed of the planet
1 Editorial
Nada substitui o Humano
Nothing replaces Humans
Carla Celestino Directora Director
Todos queremos entrar em 2020 com o pé direito. Mas quando se olha para o Orçamento de Estado de 2020 quer parecer que as linhas estão um pouco tortas. O Governo considera as eleições “favas contadas” e nem se dá ao trabalho de aliviar os portugueses, nomeadamente na carga fiscal. Felizmente o Natal e a Passagem de Ano já são passado, pois os açúcares iriam fazer subir ainda mais a bolsa dos portugueses que abriram os seus cordões em mais uma época festiva. Não sei se entrámos bem no novo ano mas, seguramente, o imobiliário deixou o ano transacto com um investimento na ordem dos três mil milhões de euros e a porta aberta para novas oportunidades de negócio e empresas. Isto, apesar das mexidas no IMI, IMT, entre outras. Mas também há boas-novas. Margrethe Vestager, comissária europeia da Concorrência e a mulher que será a próxima vice-presidente do executivo comunitário para a Era Digital, afirmou, aquando da realização da Web Summit, estar “muito impressionada” com o sector tecnológico em Portugal. Eu, confesso, que estou ainda mais admirada com a tecnologia que já existe à disposição do sector imobiliário. Neste edição propusemo-nos conhecer as plataformas, ferramentas e gadgets que já existem no mercado e qual o grau de aceitação por parte dos players e dos consumidores. Um mundo que poderia ser ficção mas que já é realidade. As edições da Magazine Imobiliário já se encontram à distância de um clique mas, por este caminho, não faltará muito para utilizarmos algoritmos inteligentes e assistentes virtuais para criar artigos e notícias que vão ao encontro dos interesses e preferências específicos de cada um dos nossos leitores. Mas, nós, humanos, jornalistas, cá estaremos para dar conta das mais recentes tendências de um sector que nos apaixona e nos motiva a fazer mais e melhor, sentimentos estes que as máquinas (ainda) não têm.
We all want to enter 2020 on the right foot. But, when you look at the 2020 State Budget, it looks like the lines are a little crooked. The Government believes the elections are in the bag and isn’t even bothering to give relief to the Portuguese people, particularly with regard to the tax burden. Thankfully, Christmas and New Year’s Eve have already passed, as sweets would stress Portuguese pocketbooks even more after their generosity during another festive season. I do not know if we’ve started this year off right, but real estate surely left its mark on last year: €3 billion EUR of investment took place in the industry. And, despite the changes to the Municipal Property Tax (IMI), the Property Transfer Tax (IMT), and others, the doors remain open for new companies and business opportunities. But there is also good news. Margrethe Vestager, European Commissioner for Competition and the woman who will be the next Executive Vice President of the European Commission for a Europe Fit for the Digital Age, said at the Web Summit that she was “very impressed” with the technology sector in Portugal. I confess that I am even more amazed at the technology already available to the real estate sector. In this edition of Magazine Imobiliário, we invite you to learn about the platforms, tools, and gadgets that are already being used in the market and what their reception has been like on behalf of consumers and players in the industry. A world that could seem like science fiction is already reality. Magazine Imobiliário is always available at the touch of a button, but it won’t be long before we start using smart algorithms and virtual assistants to craft articles and news items that will satisfy the specific interests and preferences of each of our readers. But we humans, journalists will always be here to help you keep up with the most recent trends of an industry that we’ve fallen in love with and which motivates us to do more and better – feelings which machines do not have (yet).
Ficha técnica Datasheet
Propriedade Property
Índice
Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Av. Duque D’Ávila, 28 – 2.º, Sala 207
Summary
1000–141 Lisboa Telf. / Phone: (+351) 21 134 10 06 Telm. / Mobile: (+351) 91 061 61 62
40 Atelier Bauhaus
48 Ventos do Norte North Winds Visabeira Foto de capa Cover photo: Metamorworks / istock
6 Grande Tema
Lead Story Imobiliário digital Digital real estate
18 Do mundo
International O que é o Proptech? What is Proptech?
26 Fio-de-Prumo Plumb Line Construção nova New construction
34 Azimute Oceanos Oceans
54 Lá fora Abroad Batimat
58 Sol e Lua
Tourism Altos Pirenéus Hautes-Pyrénées
80 Paparazzi
Voltar a acender o isqueiro? Start another fire?
geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario.com Directora Director Carla Celestino Coordenação comercial Commercial co-ordination Joaquim Pereira de Almeida Colaboradoras Permanentes Permanent Contributor Carolina Morgado Elisabete Soares Fotografia Photography Anabela Loureiro Tradução Translation Frank Miller Grafismo Graphics Rodrigues Silva Contabilidade Accounting Nasceconta Periocidade Frequency Bimestral Tiragem Number printed 3.000 exemplares Impressão Printing Jorge Fernandes, Lda. Rua Qta. de Marcarenhas, 2820 Charneca da Caparica Depósito Legal Legal Deposit 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397 Estatuto editorial disponível em:
Nota: Por lapso, na edição anterior, omitiu-se o nome do autor das fotografias do evento Prémio Personalidades do Ano 2019, que se devem a Joaquim Morgado.
Editorial policy available at: www.magazineimobiliario.com
Grande Tema 4 Grande Tema
Lead Story
Foto Photo: Devrimb / istock
Lead Story
Imobiliรกrio digital Digital real estate
Disruptivo, inteligente e muito artificial Disruptive, intelligent, and very artificial
Grande Tema
A rapidez com que as novas tecnologias estão a chegar ao imobiliário é vertiginosa. Quase da noite para o dia temos de nos mover de um novo dicionário para perceber o que é PropTech, Big data, CRM, Machine Learning, Blockchain, RV, RA… então, qual será o futuro do sector? The speed at which new technologies are entering the real estate industry could make anyone’s head spin. It’s almost as if we need a new dictionary published every day to be able to understand what people mean by PropTech, big data, CRM, Machine Learning, Blockchain, VR, AR, and more… So, what will the future of the sector look like?
Texto Text: Carla Celestino
5 Foto Photo: Andrey Popov / istock
Lead Story
Não, não temos uma bola de cristal mas, a atestar pelas mudanças que temos vindo a assistir no mercado imobiliário português, sobretudo desde 2015, é expectável que da próxima vez que queiramos comprar uma casa sejamos apoiados por uma assistente virtual, um robot de voz ou um chatbot e não por uma pessoa. As PropTech (Property Technology), empresas que fazem uso da tecnologia no imobiliário, estão a moldar a forma como vemos, utilizamos e negociamos neste mercado. Mas os consumidores, cada vez mais habituados às redes sociais, aos telemóveis, tablets e pc, às novas apps e gadgets, estão também a mudar os seus hábitos e gostos. De acordo com o “Real Estate in a Digital Age 2019 Report” (Relatório “Imobiliário na Era Digital” de 2019), da National Association of Realtors (Associação Nacional de Correctores de Imóveis), em 1981, 22% dos compradores de imóveis viam anúncios nos jornais para encontrar a sua casa e 8% usavam os amigos como fonte de informação; já em 2018, 44% procuraram primeiro os imóveis on-line. Do mesmo modo, também em 1981, a melhor maneira de encontrar um agente era através de amigos, parentes ou vizinhos mas, em 2018, 87% dos compradores passaram a trabalhar
directamente com um agente para encontrar a sua casa. Em 10 anos tudo mudou. Hoje, a mesma fonte adianta que 89% dos Boomers e 98% dos Millennials pesquisam a sua casa exclusivamente on-line.
À distância de um clique
Basta aceder a uma das muitas plataformas para saber que imóveis estão em venda, em que localizações, com que tipologias, áreas e preço. O CEO e fundador da Housfy, Albert Bosch, afirma que “dar a possibilidade de vender ou comprar uma casa a partir do sofá é algo que está a revolucionar o sector imobiliário”. Para Albert Bosch “a transacção de imóveis não é nada mais que uma fórmula matemática e quando a compreendes consegues jogar com todas as variáveis a teu favor”. Por outras palavras, “a optimização digital de todos os processos é o que nos permite, a nível logístico, vender 2.000 casas por ano, algo que nenhuma outra empresa é capaz no Sul da Europa”. Para se ter uma noção, “nas agências tradicionais/offline este quadro só é possível de atingir através dos franchisados, que operam de baixo da mesma marca”. Aqui, o Big data desempenha um papel fun-
Grande Tema
Lead Story
Foto Photo: Luke Chesser / Unsplash
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damental. Trata-se de uma quantidade volumosa de dados que tem por base hábitos e padrões dos consumidores que são avaliados e trabalhados com o intuito de produzir análises predictivas para melhor ir ao encontro dos gostos e aspirações do cliente final mas também para melhor o poder influenciar. O uso da ferramentas CRM (Customer Relationship Management) de vendas online já começa também a ser habitual. Quando um cliente visita uma página, as suas escolhas e procuras são monitorizadas, as informações recolhidas automaticamente são utilizadas para gerenciar contactos e relacionamentos e, com isso, prevê-se o seu próximo passo, se vai vender ou arrendar, comprar ou investidor, por exemplo. Mas como Mila Suharev, co-fundadora da CASAFARI, explica: “Os dados do imobiliário não são estruturados e são, muito frequentemente, bastante poluídos”. Com efeito, “a mesma propriedade pode ser anunciada por múltiplas agências com diferentes preços, diferen-
tes metros quadrados, diferentes localizações e números de quartos díspares de anúncio para anúncio”. Por isso, esta empresa aplica o Machine Learning (AI), “desde a colecção de data de milhares de fontes que actualizam milhões de pontos de data todos os dias, à limpeza de dados, detecção de outliers e, especialmente na eliminação dos duplicados”. O principal segredo das tecnologias que utilizam “é a capacidade de actualizar e monitorar o fluxo constante dos dados em grande escala no nível de produção, através de todos os pipelines da web para as aplicações voltadas para o cliente, como a Metasearch e o Market Analytics.” Com semelhante performance está o Infocasa que foi lançado no Salão Imobiliário de Portugal (SIL), em Outubro de 2019, pela RedeCasa, empresa do Grupo Janela Digital, assente também no inovador processo de Machine Learning. Para esta empresa a maior vantagem deste serviço é que “os seus utilizadores reduzem
Dar a possibilidade de vender ou comprar uma casa a partir do sofá é algo que está a revolucionar o sector imobiliário. Giving people the ability sell or purchase a house from their sofas is revolutionising the real estate industry.”
Grande Tema
Lead Story
Foto Photo: Metamorworks / istock
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exponencialmente o tempo dedicado à pesquisa de imóveis disponíveis”, isto é, “em poucos cliques o profissional imobiliário consegue obter uma caracterização pormenorizada da carteira de imóveis e da actividade do seu concorrente, bem como identificar quais dos seus imóveis são comercializados pelo mesmo, por valores mais baixos”. E acresce ainda “a possibilidade de definir alertas de imóveis de particulares, para efeitos de angariação e monitorização em tempo real dos imóveis que entram e saem do mercado” e, por outro lado, “apresenta relatórios de mercado que permitem ao mediador ajustar a sua estratégia de comercialização, fornecendo-lhes dados exclusivos e pertinentes para negociação”.
De olhos postos no futuro
Hoje, mais do que ver uma propriedade com imagens de alta definição ou com campo de visão de 360º, passou-se a ter uma visão pano-
râmica de toda a envolvente do edifício, desde a rua ao bairro, à freguesia e ao concelho em que se insere, os drones ou os 3D que fornecem estas imagens estão cada vez mais na moda. É possível também, entrar num edifício em obras, sem paredes ou tecto, e – fazendo download de um aplicativo e com o recurso a óculos de Realidade Virtual (RV) ou Realidade Aumentada (RA) – ficar a saber (ver) como vai ficar depois da obra concluída, com sofás e cortinas a condizer. A este propósito Rui Milagaia, co-fundador e CTO do IT People Group, faz a ressalva para o facto de que neste mercado “existem limitações nas visitas tradicionais que não nos permitem ter uma visão completa da casa que estamos prestes a comprar” e dá como exemplo o facto de “não a visitamos durante a noite, não sabemos como é o tráfego automóvel da envolvência ao longo do dia, e por aí em diante”. É aqui que entra a RV que “tem algumas
O Blockchain também é volátil, ou seja, se a casa for alugada através de coins e essas mesmas coins subirem de valor, também a casa vai subir de valor. Blockchain’s is also volatile: if a house is rented out using coins and the coins go up in value, the house will also go up in value.”
Grande Tema Lead Story
soluções para esta problemática, que nos permitem visualizar a casa 24h/dia de forma imersiva, sem sequer lá estar – como o streaming em RV”. Diz ainda que “analisando a qualidade preço, os Oculus Quest e os MatterPort VR são boas soluções”. A Oculus, um dos maiores players de RV do mundo, lançou os Oculus Quest e para que esta opção passe de ideia a solução só são necessárias fotografias 360º de dentro da casa ou vídeos 360º em pontos específicos. Já a MatterPort VR é um software que foi desenvolvido especificamente para uma solução imobiliária e com base em fotografias 360º, estes óculos RV criam um modelo tridimensional da casa e permitem ao utilizador caminhar dentro dela. Soluções mais complexas e mais dis-
pendiosas de RV necessitam de mapeamento tridimensional do espaço (fotogrametria) ou modelação, o que, neste mercado, pode não compensar o investimento. “A par do mercado imobiliário, a RA é uma das melhores soluções para o sector mobiliário e todo o design interior”, adianta Rui Milagaia. E explica como: “Através de um smartphone ou tablet qualquer consumidor pode, mesmo antes de decidir a compra de uma casa, personalizá-la a seu gosto e perceber como se sentirá na mesma. Basta apontar a câmara do dispositivo para qualquer divisão da casa para simular a mudança da cor de uma parede ou a presença de um móvel, de um sofá, ou qualquer outro produto”. E acrescenta que “as plataformas ARKit e ARCore permitem resultados
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muito interessantes neste sentido e já estão disponíveis nos telemóveis da maior parte dos utilizadores”. Apesar de, tecnologicamente, todas as soluções anteriormente referidas já estarem disponíveis em Portugal, ainda não estão a mudar verdadeiramente o imobiliário português. Porém, já há casos de uso a referir. Foi o que aconteceu na apresentação de um projecto do promotor Coporgest em que os visitantes munidos de capacete na cabeça, telemóvel e de óculos RA ficaram a conhecer o empreendimento Álvares Cabral Premium Apartments, cuja obra ainda estava longe de ser terminada. Ou no Salão Imobiliário de Portugal em que a Garvetur, recorrendo à mesma tecnologia, mostrou por “dentro” os seus vários empreendimentos ainda por construir. Mas o derradeiro objectivo desta ferramenta virtual é, claro, acelerar o processo de vendas de um imóvel.
Foto Photo: Owen Beard / Unsplash
Zero intermediários, zero comissões
As vendas online e o marketing digital constituem novos desafios, sobretudo para os agentes da mediação. A RE/MAX Portugal partilha desta ideia: “O impacto é globalmente muito positivo pois permite aos agentes prestarem um serviço ainda mais profissional, rápido e eficiente aos seus clientes”. E acrescenta que “basta pensar em como todo o processo de aquisição de uma casa é mais rápido e seguro devido a essa transformação digital ou como o trabalho do agente na recolha da documentação e apoio na organização dos processos ou na promoção dos imóveis dos seus clientes foi potenciado pelos sites, ferramentas CRM, email e mais recentemente redes sociais”. Existem já vários modelos de marketing digital implementados no mercado português. Há empresas, de que é exemplo a Housefy, que seguem uma estratégia centrada e focada na captação, com uma estratégia SEM (Search Engine Marketing) e SEO (Search Engine Optimization). Albert Bosch esclarece que “tudo foi desenvolvido por nós, temos uma equipa interna que se encarrega de toda a estratégia e respectivas acções em todos os canais: SEM, SEO, Display, Facebook, Referral, etc.” e “sempre com o objectivo de angariar o maior número de casas”. No recente evento “Are You Brave” da APPII - Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, os oradores (promotores imobiliários) mostraram-se fatigados com os valores que as mediadoras cobram de
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Lead Story
comissão na venda dos seus projectos (5%), assim como as “co-exclusividades”, que acreditam vão ser, dentro de poucos anos, “algo do passado”. Há já quem tenha substituído as comissões por valores únicos. Na Housefy, por exemplo, substituíram as comissões por um fee fixo de 3.990 euros e este valor apenas será cobrado se o imóvel se vender. Em matéria de novas tecnologias, existe um novo campo ainda por explorar no nosso País: Blockchain. Embora já existam projectos na área do imobiliário, a sua utilização ainda não é massificada. Esta é talvez a ferramenta que poderá mais “revolucionar” o imobiliário pois permite que se realizem grandes transacções sem passar por intermediários. Os designados contratos inteligentes permitem que os compradores enviem as suas informações num bloco criptografado directamente para o vendedor, sem passar por empresas de cartão de crédito ou instituições bancárias. E permite também que as operações sejam seguras, eficientes e, acima de tudo, transparentes. Aqui o ponto interessante será a Tokenização, ou seja, o recurso à criptomoeda para dividir activos em tokens armazenados na blo-
ckchain, com isso, como o representante do IT People Group explica, “permite dividir o valor da casa por muitos utilizadores” e “se cada um destes utilizadores investir uma parte do valor da casa, juntos conseguem comprar a totalidade da mesma. Isto é vantajoso no objectivo posterior de arrendar a casa e repartir o lucro da renda”. Apesar de o cenário descrito se resumir ao que actualmente conhecemos e utilizamos como acções, tudo isto pode ser exequível através de coins. “Podemos realizar qualquer contrato imobiliário de compra, venda ou arrendamento tal como o fazemos actualmente, exceptuando o facto de a moeda de troca ser digital”. Mas à semelhança de qualquer outro mercado, o do Blockchain também é volátil, ou seja, “se a casa for alugada através de coins e essas mesmas coins subirem de valor, também a casa vai subir de valor”. Rui Milagaia refere ainda que tem como única limitação “a legitimidade das transacções das coins perante o Estado, por este ainda não reconhecer estes contratos digitais”.
I, robot
Voltemos ao ponto inicial deste artigo. Na era
Com a Realidade Aumentada, através de um smartphone ou tablet qualquer consumidor pode, mesmo antes de decidir a compra de uma casa, personalizá-la a seu gosto e perceber como se sentirá na mesma. With Augmented, any consumer can use a smartphone or tablet to personalise a home to their liking and get an idea of what it will feel like inside – before even deciding to purchase a house.”
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O que podemos fazer por si hoje?
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te”. Até marcas como a Panasonic encontram-se a trabalhar em soluções para a habitação que contarão com um assistente virtual para facilitar o dia-a-dia dos habitantes. Mas não esqueçamos que por detrás destes robots, está sempre uma equipa muito humana. No, we don’t happen to have a crystal ball, but, judging by the changes to the Portuguese real estate market that we’ve seen in recent years (especially since 2015), we could very well be helped by a virtual assistant, a voice robot, or a chat-bot the next time we want to buy a house. PropTech (Property Technology), companies that make use of technology in real estate, are shaping the way we see, negotiate in, and use this market. But consumers, who are increasingly adept at using social networks, cell phones, tablets, computers, new apps, and other gadgets, are also changing their habits and tastes. According to the Real Estate in a Digital Age 2019 Report published by the National Association of Realtors, 22% of property buyers in
1981 looked to newspaper advertisements to find their next home, and 8% used friends as a source of information; by 2018, things had changed drastically, with 44% of buyers going on-line as the first step in their search for their next home. Likewise, the best way to find a real estate agent in 1981 was through a friend, relative, or neighbour, but, in 2018, 87% of homebuyers worked directly with an agent to find a house. In 10 years, everything has changed. Today, the same source claims, 89% of Boomers and 98% of Millennials search for a house exclusively on-line.
Just a click away
Interested in buying a home? All you have to do is access any of a myriad of on-line platforms to find out what properties are for sale, where they are located, what their details and features are, and how much they cost. Albert Bosch, founder and CEO of Housfy, believes that “giving people the ability sell or purchase a house from their sofas is revolutionising the real estate industry.” Bosch explains that “a real estate transaction
Foto Photo: Patrick Schnneider
do imobiliário digital quem nos vai assistir: uma pessoa ou um robot? Para a RE/MAX Portugal, “o agente é acima de tudo alguém que traz a sua experiência no mercado, consegue entender as aspirações de cada cliente para o investimento que vai fazer e, este elemento humano de apoio no consumar de um grande investimento, é essencial pelas garantias que dá a todo o processo”. Mila Suharev da Casafari diz acreditar que “o imobiliário é um negócio de pessoas” e que com estas novas ferramentas “os profissionais obtêm clareza da situação em cada mercado e podem consultar melhor vendedores e compradores de imóveis com dados mais precisos disponíveis”. Desta forma, afirma, “todos ganham”. O que é certo é que a ERA Portugal apresentou, em Novembro de 2019, a sua nova assistente virtual no Messenger: a vERA. Trata-se de um “sistema de inteligência artificial, de diálogo inteligente humanizado, que tem como principal objectivo apoiar os utilizadores no processo de compra, venda ou arrendamento de casa num ambiente online/mobile, tendo em conta as preferências definidas por cada clien-
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Foto Photo: Andre François McKenzie / Unsplash
Lead Story
Com as novas ferramentas os profissionais obtêm clareza da situação em cada mercado e podem consultar melhor os vendedores e compradores de imóveis com dados mais precisos disponíveis. Desta forma todos ganham. With these new tools, professionals will be able to get clarity on the situation in each market and will be able to better advise those selling and buying properties with more accurate data available. This way everyone wins.”
is nothing more than a mathematical formula, and, when you understand it, you can play with all the variables in your favour.” In other words, “digitally optimising all [our] processes is what has allowed us to sell 2,000 houses a year, a feat that no other company in southern Europe is capable of. […] In traditional/offline agencies, this reach is only possible by way of franchisees that operate under the same brand.” This is where big data plays a key role. These massive amounts of data regarding consumers’ habits and other patterns are studied and processed in order to produce predictive analyses that work to help a client find exactly what they are looking for and also influence that same client. The use of Customer Relationship Management (CRM) online sales tools has already become commonplace. When a customer visits a page, their choices and searches are monitored, and these automatically gathered data points are used to manage contact strategies and relationships. This allows agencies to predict what someone’s next step will be, be that selling, renting, purchasing, or investing in a property. Mila Suharev, co-founder of CASAFARI, explains, “There is little structure to real estate data, and they are frequently quite polluted.”
In fact, “multiple agencies may advertise the same property with different prices, a different number of square metres, different locations, and a different number of rooms from ad to ad.” This is why CASAFARI has taken to using Machine Learning (AI) whenever they deal with data, from “collecting [it] from thousands of sources, which help to update millions of data points each day, to cleaning it up, detecting outliers, and especially eliminating duplicates.” The secret power in using the technologies they deploy is “the ability to update and monitor the constant flow of massive amounts of data at the production level across all web pipelines for customer-facing applications such as Metasearch and Market Analytics.” Another, similar venture would be Infocasa, which was launched by RedeCasa (a company from the Digital Window Group) during the Real Estate Exhibition of Portugal (SIL) in October 2019 and also uses Machine Learning in innovate ways. For Infocasa, the biggest advantage of this kind of service is that “users exponentially reduce the amount of time dedicated to searching for available properties.” In other words, “real estate professionals can obtain detailed information regarding their competitors’ activities and property portfolios and identify
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which of their own properties their competitors are marketing at lower price points in just a few clicks.” This technology is also exciting in that it give realtors “the ability to set up alerts for particular properties in order to collect and monitor in real time the properties that enter and leave the market [and] compose market reports that allow them to adjust their marketing strategies, providing them with exclusive data that is particularly relevant during negotiations.”
Eyes set on the future
Today, more than just looking at a property with high definition images or with a 360º field of view, real estate listings have come to feature panoramic views of the buildings’ surroundings, from the street to the neighbourhood, the parish, and the county where it is located; drones and 3D cameras provide these images are increasingly in vogue. It is also possible to enter a building that is under construction without walls or a ceiling and, by downloading an application and using Virtual Reality (VR) or Augmented Reality (AR) glasses, learn (see) how it will look when completed, with matching sofas and curtains. In this regard, Rui Milagaia, co-founder and CTO of IT People Group, notes that, in this market, “traditional visits have limitations that do not allow us to have a complete view of the house we are about to buy.” For example, Milagaia explains, “we don’t typically visit properties at night, we don’t know what the surrounding car traffic is like throughout the day, and so on.” This is where VR comes in: “There are a few [VR] solutions for this problem that allow users to visualise a house at any point during the day or night in an immersive experience without even being there, like streaming in VR.” He further stated, “Taking quality and price into account, Oculus Quest and MatterPort VR are good options.” Oculus, one of the world’s largest VR players, recently released Oculus Quest, and, for this option to go from idea to solution, all you need are 360º photos from inside the house and 360º videos at specific points. MatterPort VR is a piece of software that was developed specifically as a solution for the real estate industry and is based on 360º photographs. These VR goggles create a three-dimensional model of the house and allow the user to walk inside it. More complex and more expensive VR solutions require three-dimensional space mapping (photogrammetry) or modelling, which, in this market, may not be worth the investment.
“In addition to the real estate market, AR is one of the best solutions for the furniture industry and all of interior design,” Milagaia said. He also explained how, “with a smartphone or tablet, any consumer can, even before deciding to buy a home, customise it and personalise it to their liking and get an idea of how they will feel inside it. All they have to do is simply point their device’s camera at any part of a house to simulate a change in the colour of a particular wall or the presence of furniture, a sofa, or any other item. […] The ARKit and ARCore platforms produce some very interesting results in this regard and are already available for most users’ mobile phones.” Although, technologically speaking, all the solutions referred to above are already available in Portugal, they’re not truly changing Portuguese real estate – yet. However, there are some cases in which these technologies have been used that are worth mentioning. One such instance includes a project presentation that developer Coporgest organised. During this presentation, visitors were armed with helmets, cell phones, and AR goggles and got to see what the developer’s Álvares Cabral Premium Apartments would look like when completed; construction on the project was still long from being over. Another exemplary use of this technology was during SIL when Garvetur used the same technology to demonstrate what the interiors of various projects that are still to be constructed would look like. But the ultimate goal of these virtual tools is, of course, to speed up the process of selling a property.
Zero intermediaries, zero commissions
Online sales and digital marketing are new challenges, especially for real estate agents. RE/MAX Portugal shares this idea: “Globally, their impact is very positive because it allows agents to serve their clients even more quickly, more efficiently, and more professionally. […] Just think about how the entire process of buying a house is faster and more secure thanks to this digital transformation or how a realtor’s work collecting documentation and support in organising their processes or marketing their clients’ real estate has been enhanced by websites, CRM tools, e-mail, and, more recently, social networks.” Various digital marketing models exist, and several have already been used in the Portuguese market. Housefy, for example, follows a strategy that is centred around catchment
Com o Machine Learning, em poucos cliques, o profissional imobiliário consegue obter uma caracterização pormenorizada da carteira de imóveis e da actividade do seu concorrente, bem como identificar quais dos seus imóveis são comercializados pelo mesmo, por valores mais baixos With Machine Learning real estate professionals can obtain detailed information regarding their competitors’ activities and property portfolios and identify which of their own properties their competitors are marketing at lower price points in just a few clicks.”
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A RE/MAX Portugal anunciou que o seu objectivo, até 2023, passa por quatro em cada dez transacções imobiliárias em Portugal tenham a intervenção da rede. Revelou igualmente que atingiu o patamar dos 10 mil profissionais.
Presente em Portugal desde o início do ano 2000, a RE/ MAX Portugal atingiu agora os 10 mil profissionais. O número reflecte a constante evolução no processo de recrutamento que acontece mensalmente, de Norte a Sul. No caso dos consultores imobiliários, tratam-se de empresários em nome individual e já no que diz respeito a agências, estes são franchisados de gestão autónoma. A formação é uma das apostas estratégicas da marca, obrigatória nos dois primeiros anos para os vários consultores imobiliários atingirem a profissionalização. “A RE/MAX elevou o paradigma do consultor imobiliário, que hoje acumula um know-how muito profundo sobre o sector e todas as variáveis da compra, venda e arrendamento de imóveis. Isso é cada vez mais reconhecido pelos novos consultores, que além de uma oportunidade de emprego, destacam também o investimento na sua carreira, através da formação que lhes é prestada. É a soma da excelência profissional de cada profissional RE/MAX Portugal que nos posicionou no mercado imobiliário português, tornando a rede na maior a operar no País e líder na mediação”, destaca Manuel Alvarez, presidente da RE/MAX Portugal. O gestor sublinha ainda que “a formação é indubitavelmente um dos pilares do imobiliário e um contributo claro para o sucesso da marca. O recrutamento aliado à formação tornaram a RE/MAX capaz de dar resposta a todas as necessidades do mercado e à satisfação dos nossos clientes.” Em comunicado, salienta que, sendo a formação um pilar essencial e parte do ADN RE/MAX, torna-se indispensável nos dois primeiros anos para os vários consultores recrutados, por forma a dotá-los de todas as ferramentas necessárias para progressão no mercado. Assim, é exigida aprovação em quatro cursos fundamentais: Iniciação, RE/MAX Technology, Sales Training e Estratégias Avançadas de Venda Imobiliária, que totalizam conjuntamente 81 horas de formação obrigatória. A formação dos profissionais RE/MAX não se esgota por aqui, abrangendo ainda outros temas como o mercado de luxo e as redes sociais, fundamentais neste sector. Só no mês de Novembro a RE/MAX Portugal prestou 602 horas de formação aos seus profissionais, o que demonstra a aposta e o dinamismo nesta área. Numa altura em que o imobiliário em Portugal bate todos os recordes, o que vem de encontro à estratégia actual da rede, ou
seja, reforçar a imagem da RE/MAX e da profissão de consultor imobiliário. “A credibilidade de uma marca e a confiança no consultor imobiliário são dos maiores contributos que a RE/MAX deu ao mercado português, que no início do milénio era regulado por muitas e pequenas agências imobiliárias, com uma atividade amadora, instável e pouco transparente”, realça Manuel Alvarez. Quanto a perspectivas, para 2020 a RE/MAX prevê manter o crescimento nos dois dígitos, sustentado no crescimento que tem obtido nos últimos anos. Independentemente da forte presença que detém actualmente em Portugal “há ainda uma grande margem de evolução e crescimento nos diferentes indicadores de negócio. Um dos objectivos da marca a médio prazo é que, no início de 2023, quatro em cada dez transacções imobiliárias que se realizem no País tenham a intervenção da rede RE/MAX”, afirma o presidente da RE/MAX Portugal.
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part of the value of the house, together they will be able to buy the whole thing. This is advantageous when the later goal will be to rent the house out and share the profits from the lease payments.” Although the scenario described above boils down to what we currently know and use as shares, all this is achievable by way of coins. “We will be able to execute any real estate contract – purchase, sale, or lease – the same way we have always done, except for the fact that the trading currency will be digital.” But, like any other market, Blockchain’s is also volatile: “if a house is rented out using coins and the coins go up in value, the house will also go up in value.” Milagaia further states that the only limitation is “the legitimacy of coin-based transactions in the eyes of the State, as it does not yet recognise these digital contracts.”
Foto Photo: Ansonmiao/ istock
I, robot
coupled with Search Engine Marketing (SEM) and Search Engine Optimization (SEO). Bosch says, “We have developed everything. We have an internal team that takes care of the whole strategy and its respective actions in all channels: SEM, SEO, Display, Facebook, Referral, etc. […] We always have the same goal of collecting the largest number of houses possible.” At the recent “Are You Brave” event organised by the Portuguese Association of Real Estate Investors and Developers (APPII), the speakers (real estate developers) revealed that they were tired of the commissions that realtors charge when selling their projects (5%), as well as “co-exclusive arrangements,” which they believe will be “something of the past” within in the next few years. There are already those who have swapped out commissions in favour of fixed fees. Housefy, for example, asks for a flat fee of €3,990 EUR but only charges it if the property gets sold.
In terms of new technologies, there is a new field yet to be explored in Portugal: Blockchain. Although projects related to this technology already exist in the real estate sector, their use is not yet widespread. The may be the tool that could “revolutionise” real estate the most, since it allows users to make large transactions without going through intermediaries. So-called smart contracts allow buyers to send their information directly to the seller in an encrypted block without going through credit card companies or banking institutions. It also makes for transactions that are more secure, more efficient, and, above all, more transparent. The interesting bit here will be tokenisation, that is, the use of crypto-currency to split assets into tokens stored in the blockchain. As Milagaia explains, “it allows the value of a house to be split up among a large number of users. […] If each of these users invests a
Let’s go back to the original point of this article. In the age of digital real estate, who will help us? A person or a robot? RE/MAX Portugal believes “realtors, above all, bring their experience to the table and can understand each client’s hopes and aspirations for the investment they are about to make. This human element is essential throughout the entire process of providing support during the consummation of such a large investment.” Mila Suharev says she believes that “real estate is a people business” and that, with these new tools, “professionals will be able to get clarity on the situation in each market and will be able to better advise those selling and buying properties with more accurate data available.” This way, she says, “everyone wins.” What is certain is that, in November 2019, ERA Portugal unveiled its new virtual assistant in Messenger: vERA. vERA is a based on an “artificial intelligence system that uses intelligent humanised dialogue whose main goal is to provide support to users during the purchase, sale, or lease of a house in an online/mobile environment that keeps the preferences of each client in mind.” Even companies like Panasonic find themselves working on solutions for the home that use a virtual assistant to make people’s day-to-day lives easier. But let us not forget that behind each of these robots are teams that are very much human.
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Um erro no projeto... detetado tarde de mais? Uma cota erroneamente indicada em projeto, resulta na incorreta implantação de um pilar. O encarregado da obra liga-lhe com esta notícia... e agora? Esta situação pode comprometer a estrutura do edifício e da própria construção. Está preparado para esta notícia? Ninguém está, pois não? Esta é apenas uma situação da vida real. Veja outras em www.victoria-seguros.pt e saiba o que podemos fazer pela continuidade do seu negócio.
VICTORIA - Seguros, S.A. Entidade legalmente autorizada para a exploração de seguros dos Ramos «Não Vida» em Portugal, registada junto da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões de Portugal, sob o código 1160 | matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa Portugal (NIPC 506 333 027) | Capital Social EUR 34.850.000 | Av. da Liberdade, 200 1250-147 Lisboa Portugal | Telf. 21 313 41 00 – Fax 21 313 47 00. Não dispensa a consulta da informação pré-contratual e contratual legalmente exigida.
Metro Quadrado Foto Photo: Anabela Loureiro
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Reino Unido United Kingdom
O que ĂŠ o Proptech? What is Proptech?
Metro Quadrado
Nos últimos 20 anos, em linha com o crescimento exponencial da tecnologia, surge um novo paradigma da inovação, e subsequente potencial de obsolescência, que levou investidores a explorar novas ferramentas para ajudar a proporcionar retornos mais altos ou, pelo menos, manter a rentabilidade existente. Over the past 20 years, in tandem with the exponential growth of all things technological, a further layer of innovation and subsequent, potential for obsolescence, has led investors to consider new tools to help deliver higher returns, or at least maintain existing profitability.
Texto Text: Roberto Varandas COS Capital Managing Director – Head of Europe
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Foto Photo: Jonas Leupe / Unsplash
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Uma das preocupações constantes de um investidor institucional é a questão da obsolescência. Um bom investidor deve sempre pensar se e como um local se tornará obsoleto, o que fazer com activos desactualizados e como torná-los atraentes para inquilinos e compradores nas próximas décadas. As várias ferramentas, tecnologias e sistemas, desenvolvidos para promover eficiências, compõem, no sentido lato, o conceito de “Proptech”. Obviamente, os muitos avanços em Proptech beneficiaram de uma área tecnológica de um campo relaccionado, o de finanças, onde a “Fintech” já começou a perturbar os grandes do sector financeiro, alterando a forma como consumidores, empresas e os mercados financeiros interagem e se relacionam. No Proptech, já podemos observar as principais áreas que empreendedores, start-ups, fundos capital de risco, proprietários, inquilinos e todos os tipos de agentes que participam no mercado imobiliário, procuraram eficiências, ao mesmo tempo em que criavam novos mercados. Essas áreas consistem basicamente em: 1. Agências; 2. Financiamento; 3. Arrendamentos. Há outros dois tópicos no mundo de Proptech – Medição e Big Data – mas limitarei aos três tópicos acima neste contexto. Outras áreas tecnológicas, como as “Fintech”, as “Cidades Inteligentes”, a mobilidade e a “Economia de partilha”, também se so-
brepõem em áreas relacionadas com o Proptech, mas, para os fins deste artigo, tentarei limitar o tema às tecnologias mais directamente relacionadas com o sector imobiliário.
Agências
A compra e venda de propriedades é um processo altamente ineficiente. Normalmente, uma propriedade precisa ser preparada, fotografada, medida, descrita e anunciada. Depois da parte interessada contactar o proprietário ou o seu agente, seguem-se visitas ao imóvel e, espera-se, uma oferta de compra que satisfaça as duas partes. E no entanto, o processo ainda vai no começo. O processo de venda, embora varie de país para país, pode levar meses até que esteja concluído. Ao longo de toda essa cadeia de valor, existem inúmeras áreas em que o Proptech trouxe as mais variadas eficiências e melhorias. No sector das agências imobiliárias, surgem vários modelos interessantes como a PurpleBricks no Reino Unido ou a Idealista no Sul da Europa. Uma recente startup em Portugal - Kazzify, levou esses modelos ainda mais longe com uma taxa fixa de agenciamento, reservas automatizadas e até a oferta de um modelo interactivo em 3D, que usa imagens reais, dando aos potenciais compradores uma ideia imediata da propriedade.
Financiamento
Como mencionado, algumas áreas da Finte-
Foto Photo: Mahdis Mousavi/unsplash
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ch sobrepõem-se com as de Proptech. Claramente, uma das áreas mais ruptura com os modelos tradicionais, tem sido a área de financiamento, tanto de capital próprio como de dívida. Os vários mercados de financiamento, seja crowdsourcing, P2P ou economia de partilha, surgiram um pouco em toda parte nos mercados desenvolvidos. Em alguns casos, os regulamentos sobre ofertas públicas limitam essas actividades, mas cada vez mais empresas iniciam o processo, disponibilizando novas soluções para investidores, consumidores, proprietários e promotores. Empresas como Crowdproperty ou Lendinvest cresceram significativamente nos últimos anos, preenchendo o espaço que os bancos abandonaram após a crise financeira. Passe a publicidade, a empresa onde trabalho, por exemplo, desenvolveu todo uma linha de financiamento para promotores, onde as facturas dos seus fornecedores são usadas com garantia numa típica operação de factoring. Todas as relações comerciais são concentradas num portal onde as contas são verificadas e registadas usando a tecnologia blockchain para rastrear pagamentos ou a falta dos mesmos.
Arrendamento
O ganho de eficiência no arrendamento de imóveis cresceu de forma significativa nos últimos anos. Beneficiando de modelos de ocupação mais flexíveis, incluindo o co-working, co-living e, de uma forma mais generalizada - a economia de partilha, surgiram várias plataformas cujo o objectivo é de oferecer esses espaços, melhorando a rentabilidade dos proprietários e/ou dos respectivos operadores. Uma plataforma como a Wework, possui um conhecimento profundo da procura de escritórios nos principais mercados em todo o mundo e tem como seu principal objetivo, aproveitar esse conhecimento para decidir onde e quando segurar novos espaços, para depois os dividir nos mais variados tipos de escritórios, desde pequenas empresas com contratos flexíveis à semana, até grandes empresas com contratos plurianuais. A Re:Store levantou USD 1700 milhões em 2018 para aplicar um conceito semelhante no sector comercial, promovendo marcas que estão na internet mas que desejam ter uma presença física. É a interpretação de 2019 do tradicional armazém ou “department store”, só que com marcas que nasceram e vivem no Instagram.
A “Fintech” já começou a perturbar os grandes do sector financeiro, alterando a forma como consumidores, empresas e os mercados. “Fintech” has already started to disrupt large, established financial services firms and has altered how consumers, businesses and the financial markets interact and relate to each other.”
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Com a Re:Store, a tecnologia é fortemente voltada para trazer comunidades online para um espaço físico. Um dos concorrentes da Re:Store, a Neighborhood Goods, por exemplo, investiu em tecnologia que, através de reconhecimento facial e tecnologia que acompanha os movimentos e interacções de clientes com cada uma das marcas dispara promoções directamente aos mesmos. Veremos se os consumidores consideram isso uma invasão de privacidade ou se acharão normal receber um desconto no email depois de visitar uma loja. Todos nós estamos conhecemos o modelo de negócios da Airbnb, que provocou profundas mudanças no uso de imóveis residenciais, principalmente nas grandes cidades. Noutros segmentos, talvez menos conhecidos do abrangente sector residencial, como quartos para estudantes há, na verdade,
uma empresa portuguesa que é a operadora mais conhecida - a Uniplaces. A ideia é muito simples - juntar estudantes universitários com proprietários de quartos de estudantes, perto das universidade. No entanto, existe toda uma cadeia de valor de operação da plataforma - desde a angariação de quartos até a regulamentação do relacionamento comercial entre estudantes e proprietários, após a assinatura de um contrato de locação. É claro que o Proptech deverá continuar o seu caminho de crescimento e alteração em relação à forma como usamos os nossos imóveis, mas, como em outros booms tecnológicos recentes, a história tende a repetir-se, trazendo excessos no investimento direccionado a estas tecnologias, muitas vezes não provadas e com modelos de negócios pouco ou nada rentáveis. Mas mesmo o mundo lento do sector imobiliário está a
passar por uma grande mudança e só agora começámos. As an institutional investor, an ongoing concern is the issue of obsolescence. A good investor should always be thinking about whether and how a location will become obsolete, what to do about outdated assets and how to make them attractive to tenants and buyers or if a particular asset type will be around and useful in the coming decades. The various tools, technologies and systems, developed to promote efficiencies, loosely compose the concept of “Proptech”. Of course, the many advances in Proptech have benefitted from a much larger area of technology applied to a related field, that of finance, where “Fintech” has already started to disrupt large, established financial services firms and has altered how consumers,
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Foto Photo: Ninoelnico / istock
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businesses and the financial markets interact and relate to each other. In Proptech, we can already observe the main areas that inventors, start-ups, venture capitalists, owners, occupiers and all sorts of agents who participate in the property markets have sought to deliver efficiencies, at the same time creating new markets. These areas largely consist of: Brokerage – buying and selling; Financing; Occupancy efficiencies. There are two other areas - Reporting-Measurement and Big Data - and so I will let other contributors cover these topics. Other areas of technology such as Fintech, “Smart Cities”, mobility and the “Sharing economy” also bleed into related areas of Proptech but for the purpose of this article, I will try to limit the scope to real estate related technologies.
Brokerage
The buying and selling of properties is a highly inefficient process. Typically, a property needs to be staged, photographed, measured, described and listed. After interested parties communicate with the vendor and/or their agent, visits to the property follow and, hopefully, an offer on the property that satisfies buyer and seller. And yet, the work has almost just begun for the transaction. The conveyancing process, while it varies from jurisdiction to jurisdiction, can then take months until a sale is completed. Throughout this whole chain of activities there are numerous areas where Proptech has brought much needed efficiencies. On the brokerage side, a number of interesting agency models have developed such as PurpleBricks in the UK or Idealista in Southern Europe. A recent startup in Portugal – Ka-
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Occupancy
Mesmo o mundo lento do sector imobiliário está a passar por uma grande mudança e só agora começámos. Even the slowmoving world of real estate is undergoing a big change and we have only just begun.”
zzify, has taken these models even further with a fixed brokerage fee, automated bookings and even the offer of a 3d, interactive model and floor plan, that uses real pictures, giving potential buyers an immediate idea of the property.
Financing
As mentioned, some areas of Fintech have merged with those of Proptech. Clearly, one of the most disruptive areas has been the financing area, both of equity and debt. The various marketplaces for financing, be it crowdsourcing, P2P or shared ownership have popped up a bit everywhere across developed markets. In some cases, regulations on public offerings limit these activities but more and more startups are pushing the envelope, making new solutions available to investors, consumers, owners and developers. Firms like Crowdproperty or Lendinvest have grown significantly over the past years, filling the space that banks vacated after the financial crisis. My firm, for example, operates a supply chain financing business for developers where the developers’ receivables are used to finance their suppliers. All parties interact on a portal where all accounts are checked and registered using blockchain technology to track payments or lack thereof.
The space for improving occupancy of properties has grown incredibly over the past few years. Benefitting from more flexible occupancy models, including co-working, co-living and the more pervasive, overall evolution in the sharing economy, numerous platforms have been setup to offer these spaces, driving occupancy for owners and/or master leaseholders. A platform like Wework, has in-depth knowledge of the demand for desk space in the major office markets around the world and is meant to leverage that knowledge in deciding where and when to secure office space, to later piecemeal the space to both large and small organizations, for multi-year contracts to flexible, weekly memberships. Re:Store raised USd 1.7 bln last year to apply a similar concept to retail, favouring online brands who want to have a physical presence. It is the 2019 interpretation of the traditional department store, only with brands that were born and live through their Instagram accounts. With Re:Store, the technology is heavily geared towards bringing online communities to a physical retail space. One of Re:Store’s competitors – Neighbourhood Goods, for example, has invested in technology that tracks shoppers on camera, follows their movements and interactions with each of the brands and, through facial recognition, is able to push direct marketing to the shoppers. To be seen whether consumers will consider this an invasion of privacy or whether they will welcome a discount direct into their inbox. We are all familiar with the Airbnb business model, which has made profound changes on the use of residential properties, particularly in large cities, but other less known segments of the wider residential sector, like student accommodation. Here, it is actually a Portuguese firm that is the most well-known operator – Uniplaces. As simple as the idea is – putting students in contact with owners who have free rooms near universities, there is a whole value chain of operating the platform - from sourcing property owners to regulating the relationship between tenants and landlords, after a tenancy agreement is signed. It is clear that Proptech is set to continue its growth path and reshape how we use and benefit from our properties but, as with other recent technology booms, it is always the case that excessive capital is directed to mostly unproven technologies and unprofitable business models. But even the slow-moving world of real estate is undergoing a big change and we have only just begun.
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Lead Story
Plumb Line
Construção nova New construction
Bons sinais vitais Good vital signs
Fio-de-Prumo
A estabilização do imobiliário e o crescente interesse dos investidores neste mercado tem originado um aumento generalizado da produção do sector o qual inclui, naturalmente, o segmento da construção nova. Consultámos vários especialistas e todos são unânimes: este dinamismo é positivo e para continuar nos próximos anos. Real estate’s stabilisation and investors’ growing interest in this market has sparked a generalised increase in the sector’s production, which naturally includes the segment of new construction. We consulted a number of different specialists, and they were unanimous: this momentum is positive and will continue for years to come. Texto Text: Carla Celestino
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Foto Photo: Mariana Proença / unsplash
Plumb Line
O contexto económico favorável, as taxas de juro posicionadas a níveis historicamente baixos, o momento positivo que o turismo atravessa e o posicionamento competitivo de Portugal, tem permitido atrair investimento nacional e estrangeiro. Com isso, assistimos à retoma da construção nova. Os dados avançados pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) revelam que, em 2018, foram licenciadas 20.259 habitações novas, valor que reflecte um crescimento de 43,5%, face ao ano anterior. Em Setembro de 2019, o crescimento, em termos homólogos, situava-se nos 19,1%. Na opinião do presidente da Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS), Ricardo Pedrosa Gomes, a recuperação da construção nova “resultou da dinâmica do mercado, da escassez da oferta para satisfazer a procura”. Como esclarece: “Se num primeiro momento o aumento da procura foi absorvido pelo stock excedente e pela reabilitação dos imóveis, num segundo constatou-se que não existiam imóveis disponíveis para fazer face à procura efectiva, o que conduziu ao surgimento de um défice de oferta estrutural no mercado imobiliário, tanto na habitação como no “não residencial”, nomeadamente no segmento dos escritórios e do comércio”. Nessas circunstâncias, como resultado do
desajustamento entre a procura e a oferta, assistimos a um aumento generalizado dos preços, tanto de venda como do arrendamento, o que, naturalmente, estimulou o investimento imobiliário em construção nova. O presidente da AECOPS considera que o “relançamento da construção nova é essencial para reduzir os preços de venda e de arrendamento, sob pena de, no curto prazo, Portugal estar confrontado com uma crise de habitação de grandes proporções, que irá afectar particularmente os jovens e a classe média, e que pode comprometer a estabilidade social e o crescimento económico”.
Visão das construtoras
Para o dstgroup esta retoma no mercado da construção é encarada com “normalidade”. Pois como Miguel Moreira, director-geral da dstrealestate, esclarece, “as diversas empresas de construção do grupo não se ressentiram na referida “dura” recessão. Nas várias áreas de actividade do grupo, foram tomadas medidas e definidas estratégias, de forma atempada, para preparar a recessão cíclica verificada”. Ainda assim, avança que “no ramo imobiliário foi possível relançar diversos projectos de promoção no imobiliário comercial, edifícios de escritórios, unidades de retalho e unidades hoteleiras, com óptima receptividade por parte do mercado. No imobiliário residencial
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foram também retomados alguns projectos em Guimarães e em Barcelos, com uma expectativa igualmente muito positiva quanto à sua comercialização”. É com igual naturalidade que António Carlos Fernandes Rodrigues, CEO da Casais Engenharia e Construção, vê esta retoma “resultante de uma paragem profunda sentida durante os anos de crise” e que levou a que fosse “necessário repor stock, fazendo assim face às necessidades que se acumularam nos anos de crise”. No entanto, adverte, que “é importante estarmos conscientes que a capacidade de absorção imediata e as vendas realizadas após a melhoria do ciclo económico, podem não ter continuidade no futuro”. No seu parecer, “apenas um ciclo económico longo de cinco a sete anos é que permitiria que esse efeito perdurasse e se estendesse pelas restantes cidades (ainda que com o sério risco de sobre-aquecimento especulativo do mercado)”. Sem querer entrar em euforias, o CEO da
Casais prefere “manter os pés assentes na terra”. Mas avança que “temos uma forte capacidade instalada, mas não iremos dar resposta a todas as solicitações. Apostamos em relações de parceria, e por isso damos preferência a clientes que também privilegiam relações de colaboração e parceria. Temos uma forte responsabilidade de fazer bem, o que implica ter bons recursos. E bons recursos constroem-se na própria empresa, o que demora o seu tempo. Por isso, faremos obras dentro da nossa capacidade de fazer bem e com o objectivo de duração”.
Obras públicas versus privadas
Quando se compara obras públicas e obras privadas, o presidente da AICCOPN, Manuel Reis Campos, salienta, que “estamos perante andamentos muito diferenciados”. Como declara: “Se, ao nível do investimento privado, em especial no mercado residencial, o crescimento tem sido significativo, o mesmo não se pode dizer acerca do seg-
mento das obras públicas. É certo que, em matéria de promoção de concursos, está-se a verificar um aumento considerável, em resultado do lançamento de obras de grande dimensão, em domínios como a ferrovia, os portos, os metros de Lisboa e Porto, entre outros”. Em 2019, as promoções de concursos de empreitadas de obras públicas superaram, até Outubro de 2019, os 3,5 mil milhões de euros, valor que traduziu um crescimento de 71% face ao período homólogo de 2018. Porém, o montante total de contratos celebrados no mesmo período, também no âmbito de concursos públicos, foi de apenas 1,6 mil milhões de euros, ou seja, menos de metade da referida promoção de concursos. A efectiva aprovação e calendarização do Plano Nacional de Infraestruturas – PNI 2030, o adequado aproveitamento dos fundos comunitários, em especial do Portugal 2020, que está a entrar na sua fase final e a esperada concretização de algumas obras que
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estão já planeadas, são questões prioritárias para que se possa assistir a uma retoma do investimento público. E Reis Campos recorda que é a “Comissão Europeia quem alerta para o facto de Portugal, juntamente com Itália e Espanha, registar o nível de investimento público mais baixo da Europa. E, no seu primeiro discurso oficial, a nova presidente do Banco Central Europeu veio, precisamente, destacar que a Europa precisa de criar mais crescimento económico, através de mais investimento público”.
Cenário para continuar
António Rodrigues considera que “é um contrassenso executar construção nova, quando ainda existe tanto para reabilitar. E essencialmente quando se fala tanto em economia circular e em sustentabilidade. Mas a verdade, é que reabilitar está a tornar-se muito mais
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complicado e enquanto esses factores estiverem presentes, vamos ver mais construção nova, até ao dia em que o património edificado esteja tão degradado e devoluto, que fará com que surjam novamente incentivos para a reabilitação”. Há também já quem diga que esta é uma tendência de “curto prazo” e que a partir de 2021 este crescimento vai começar a cair. Mas o presidente da AICCOPN é peremptório na sua resposta: “Não posso concordar porque, quando falamos em construção nova, estamos a referir-nos a um mercado que é muito vasto e complexo e, por isso, é errado fazer generalizações, em especial associadas a previsões de longo prazo”. No entanto, Reis Campos faz a ressalva para o facto de, “ao introduzir incerteza, anunciando a intenção de alterações fiscais, com medidas incompreensíveis como eliminar a taxa liberatória sobre os rendimentos prediais ou ao manter distorções fiscais como o AIMI, o IMI que reverte para o Estado ou a tributação dos stocks de casas detidas para venda por parte das empresas do sector, é evidente que estamos a criar entraves no mercado”. Para Miguel Moreira esta evolução positiva da construção nova está para durar, ou pelo menos “os sinais persentidos apontam nesse sentido”. A retoma económica verificada no País, nos últimos anos, na sua opinião, “permitiu o crescimento da procura no mercado residencial no Porto e em Lisboa, que antevemos que se alastre às capitais de distrito e cidades de média dimensão portuguesas. Igualmente no imobiliário comercial, foram reforçados os sinais dados quanto à ocupação, no que diz respeito aos escritórios e retalho, que perspectivamos que se continuem a fazer sentir nos próximos anos”. Ricardo Pedrosa Gomes revela-se mais cauteloso e embora admita, “racionalmente, que a construção residencial pode e deve continuar a crescer de forma significativa e sustentada nos próximos anos”, a possibilidade de “crescimento não é uma inevitabilidade”. Convém, como diz, “não esquecer que, nos próximos anos, a incerteza continuará a marcar a evolução do mercado imobiliário. Uma eventual crise internacional pode comprometer o dinamismo internacional e a política económica interna pode desvalorizar a relevância da questão habitacional”. Questões como a sustentabilidade, cidades inteligentes e Construção 4.0 devem ser apostas do tecido empresarial português, pois só assim se poderão posicionar compe-
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titivamente num mercado onde a retoma da construção veio para ficar, pelo menos para já… A favourable economic environment, historically low interest rates, good momentum in the tourism industry, and Portugal’s competitive positioning have all allowed the country to attract domestic and foreign investors. Alongside all this, we’ve witnessed the segment of new construction bounce back. The data published by the Association of Civil Construction and Public Works Industrialists (AICCOPN) show that, in 2018, permits were issued for the construction of 20,259 new homes, a year-over-year increase of 43.5%. In September 2019, year-over-year growth stood at 19.1%. Ricardo Pedrosa Gomes, President of the Association of Construction Companies, Publics Works, and Services (AECOPS), is of the opinion that the recover of the new construction segment “has resulted from market dynamics and the shortage of supply to meet demand.” He explains, “While the increase in demand
was initially absorbed by surplus stock and renovation projects, it was eventually borne out that there was no real estate available to satisfy the demand, which led to the emergence of a structural supply deficit in the real estate market both in the housing segment and non-residential ones, particularly in the office and retail segment.” It is in this context that, as a result of that mismatch between supply and demand, prices for both selling and renting have gone up across the board, which has naturally stimulated real estate investment in new construction projects. Gomes believes that the “re-launch of new construction is essential to lowering prices. Otherwise, Portugal will face a major housing crisis in the short term, which will particularly affect young people and the middle class and could undermine social stability and economic growth.”
How construction companies view it
For dstgroup, this recovery in the construction market is viewed with “normalcy.” As
O relançamento da construção nova é essencial para reduzir os preços de venda e de arrendamento, sob pena de, no curto prazo, Portugal estar confrontado com uma crise de habitação. The re-launch of new construction is essential to lowering prices. Otherwise, Portugal will face a major housing crisis.”
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É importante estarmos conscientes que a capacidade de absorção imediata e as vendas realizadas após a melhoria do ciclo económico, podem não ter continuidade no futuro. It is important that we be aware that the immediate absorption capacity and sales made after the economy has improved may not continue in the future.”
Miguel Moreira, dstrealestate’s CEO, explains, “the group’s various construction companies did not resent this “hard” recession. Timely measures were taken and strategies outlined in each of the group’s various areas of activity to prepare for the cyclical recession.” Even so, he adds that, “in the real estate business, it was possible to re-launch several development projects in the commercial real estate segment, as well as office building projects, retail units, and hotels, and the market has received them well. In residential real estate, work on some projects in Guimarães and Barcelos has also been resumed, with an equally positive expectation regarding their marketing and sales.” António Carlos Fernandes Rodrigues, CEO of Casais Engineering and Construction, equally as naturally sees this resumption as “resulting from a large amount of downtime experienced during the crisis years” and has led to “stock needing to be replenished, thus satisfying the needs of the market that accumulated during the crisis years.” However, he warns that “it is important that we be aware that the immediate absorption
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capacity and sales made after the economy has improved may not continue in the future.” In his opinion, “only a five to seven year long economic cycle would allow this effect to last and extend to Portugal’s remaining cities (albeit with the serious risk of speculative overheating in the market).” Rodrigues says that he prefers to “keep [his] feet on the ground” but also adds that “we have a great deal of capacity, but we will not respond to all requests. We are focusing on building partnerships, so we prefer customers who also favour collaborative partnerships. We have a strong responsibility to do well, which means having good resources. And good resources are built in-house, which takes time. Therefore, we will work on projects within our ability to do well and with the goal of lasting well into the future.”
Public versus private
When comparing public and private construction projects, AICCOPN President Manuel Reis Campos points out that “we are dealing with very different animals.” Campos explains, “Although growth has been
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significant in terms of private investment (especially in the residential market), the same cannot be said about the public works segment. Admittedly, there has been a considerable increase in tendering as a result of the launch of major projects in areas such as railways, ports, the Lisbon and Porto subways, and others.” In 2019, tenders for public works contracts exceeded €3.5 billion EUR by October, a 71% increase over the same period in 2018. However, the total amount of contracts awarded during the same period (also in the framework of public procurement) was only €1.6 billion EUR – less than half of the tenders published. The effective approval and timing of the National Infrastructure Plan (PNI 2030), the proper use of EU funds (especially from Por-
tugal 2020, which is entering its final phase), and the expected completion of some projects that have already been planned are priority issues for resuming public investment. Campos recalls that it is the “European Commission that has brought attention to the fact that Portugal, along with Italy and Spain, has the lowest level of public investment in Europe. In her first official speech, the new President of the European Central Bank highlighted the very fact that Europe needs to create more economic growth by way of more public investment.”
Set to continue
Rodrigues believes that “it is nonsense to work on new construction projects where there is still so much to renovate. And especially when we consider the circular economy
and sustainability. But the truth of the matter is that rehabilitation is becoming much more complicated, and, so long as this is true, we will see more new construction, until the day in which our architectural heritage is so neglected and degraded that it will give rise (again) to incentives for rehabilitation.” There are also those who say that this is a ‘short-term’ tendency and that, starting in 2021, this growth will start to collapse. But AICCOPN’s president is a bit more peremptory in his response: “I cannot agree because, when we talk about new construction, we are talking about an extremely vast and complex market. This is why it is wrong to generalise, especially with regard to long-term predictions.” However, Campos does make the caveat that, “by introducing uncertainty, announcing intentions to change the tax code with incomprehensible measures such as eliminating the tax on property income or maintaining fiscal distortions such as the Addition to the Municipal Property Tax (AIMI), the IMI that goes to the state, or the taxation of the houses held for sale by the companies in the sector, it is clear that we are creating barriers in the market.” For Moreira, new construction’s rebound is set to continue – or, at least, “everything points predominantly in that direction.” Portugal’s economic recovery over the last few years, in his opinion, “has allowed demand to grow in Porto’s and Lisbon’s residential markets, which we anticipate will spread Portugal’s district capitals and medium-sized cities. Likewise, in the arena of commercial real estate, office- and retail-related occupancy rates have strengthened, which we expect to continue in the coming years.” Gomes is more cautious, and, although he admits that, “rationally, residential construction can and should continue to grow significantly and sustainably over the next few years,” the possibility of growth is “not inevitable.” We ought not forget, he says, that, “in the coming years, uncertainty will continue to mark the evolution of the real estate market. A possible international crisis may compromise international momentum, and domestic economic policy may devalue the relevance of the housing issue.” Issues such as sustainability, smart cities, and Construction 4.0 must be foci within Portugal’s entrepreneurial fabric because that is the only this country will be able to position itself competitively in a market where construction is back for good – at least for now…
Azimute 34 Atelier
Atelier
Azimute
Por รกguas conturbadas Through troubled waters
Vertigem azul Blue vertigo
Azimute Azimute
Os Governos de Portugal e Quénia vão ser os coanfitriões da Conferência Mundial das Nações Unidas sobre os Oceanos que vai ser realizada de 2 a 6 de Junho de 2020, em Lisboa. A meta é apoiar a conservação e o uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos que têm vindo a ser alvo de uma drástica detioração originada pela actividade humana. The Governments of Portugal and Kenya will be co-hosting the UN Ocean Conference this year, which will be held 2-6 June 2020 in Lisbon. The goal of the conference is to support the conservation and sustainable use of oceans, seas, and marine resources, which have suffered drastic damage at the hands of human activity. Texto Text: Carla Celestino Fotos Photos: Greenpeace
Consegue imaginar o planeta azul de outra cor? Nós também não… Porque são os seres humanos que, acima de todas as espécies, podem fazer a diferença vamos colocar a tónica desta questão num simples e dramático ponto: os oceanos são um dos maiores recursos da nossa subsistência. O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, na sessão de abertura do Simpósio Internacional para a Pesca Sustentável, organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e Agricultura, em Roma, salientou precisamente “a importância dos oceanos como fonte de alimentação rica em micro-nutrientes, lipídios e proteínas”. E como encarou “o oceano como futuro para a alimentação” alertou para o facto de que “precisamos de um oceano produtivo sustentável”. Mas os oceanos não fornecem apenas alimento ou são fonte energética. A realidade é que sem eles não viveríamos pois fornecem metade do oxigénio que respiramos. Ainda assim, persistimos com práticas insustentáveis de pesca e deixamos que se alastre todo o tipo de poluição marinha, como é o caso dos plásticos ou da poluição por nutrientes. Quando é que vamos parar para pensar e reflectir sobre os nossos actos? É isso precisamente que a conferência mundial de Lisboa pretende. Que o mundo pare para pensar no que pode fazer mais e melhor
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pelo bem-estar dos oceanos. E Portugal quer mostrar que é um bom aluno e um bom exemplo a seguir.
Greenpeace faz exigências
aos governos da ONU Recorde-se o oceano em termos globais cobre 71% da superfície e contém cerca de 97% da água da Terra. Mas não são só os oceanos, há que ter em consideração igualmente a crioesfera, as regiões da superfície terrestre cobertas permanentemente por gelo e neve ou cujo solo contém gelo, que correspondem a cerca de 10% do planeta. Com a subida dos níveis do mar e com a diminuição da crioesfera estas áreas ficam mais fragilizadas e tudo e todos ficam mais vulneráveis, sendo que os primeiros a sofrer são os habitats das zonas costeiras, de pequenas ilhas, montanhas ou áreas polares. Mas em última instância, sobretudo com o aquecimento global, todos os seres vivos sofrem com as mudanças climáticas. E isso não é só não haver as quatro estações no ano, passa também pela escassez dos recursos hídricos, qualidade da água, segurança alimentar, escassez de alimentos… Esta não é uma preocupação para as próximas décadas, é já hoje! Por isso os cientistas desenvolveram um novo plano de “resgate” para oceanos através da criação de uma rede
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global de santuários oceânicos que colocaria milhões de quilómetros de metros quadrados fora dos limites das indústrias destrutivas. Trocámos ideias com a Greenpeace sobre esta matéria que nos explicou que encontram-se “a pedir junto dos governos da ONU para que criem um forte Tratado Global dos Oceanos que possa abrir caminho para a protecção de pelo menos 30% dos oceanos do mundo até 2030 (até à Convenção sobre Diversidade Biológica) por meio de uma rede de santuários oceânicos, livres de actividades humanas prejudiciais” uma vez que “esse é um objectivo que os cientistas dizem ser crucial para evitar os piores impactos da emergência climática”. O mais recente relatório desta organização “In Hot Water: The Climate Crisis And The Urgent Need For Ocean Protection” (Em águas quentes: A crise climática e a necessidade urgente de protecção do Oceano), afirma que os oceanos são o maior tanque de carbono da Terra, concentrando 50 vezes mais do que a atmosfera e 10 vezes mais do que a vegetação terrestre. Mas como a Greenpeace lembra, já “no nosso relatório publicado anteriormente, “30 × 30:
Um plano para a protecção do oceano”, que é um dos maiores estudos de todos os tempos, os biólogos marinhos líderes do mercado mapearam como podemos proteger pelo menos um terço dos oceanos do mundo até 2030. Eles traçaram centenas de cenários para chegar a uma rede mundial de santuários oceânicos. A ciência é clara, tudo o que precisamos agora é de vontade política para fazê-lo e precisamos tomar medidas concretas em 2020”. Como defende: “É uma oportunidade única de proteger os nossos oceanos, a vida e os ecossistemas que eles sustentam - e é algo que não podemos perder”.
“2020 é um ano extremamente relevante”
Nem tudo são más notícias. O ministro do Mar, salientou que “após décadas de exploração excessiva e declínio dos stocks de peixes, temos observado alguma recuperação de muitas espécies comerciais para níveis de sustentabilidade e bom estado ambiental. Isso aconteceu porque com base na ciência foram seguidas políticas de controlo”. Ainda assim, segundo a associação ambien-
talista portuguesa ZERO, é urgente, no nosso País, proceder-se à “aceleração da criação de mais Áreas Marinhas Protegidas e alocação de meios financeiros para a vigilância e fiscalização das actividades interditas e/o condicionadas”. Em Bilbau, no dia 1 de Dezembro, o Primeiro-Ministro António Costa, em declarações aos jornalistas sobre a COP25, afirmou que “uma das grandes prioridades da política externa portuguesa para o próximo ano é organizar a conferência mundial sobre os oceanos no quadro das Nações Unidas”, questão que considerou “crítica para enfrentarmos as alterações climáticas”. Serrão Santos acrescentou que “2020 é um ano extremamente relevante para os oceanos e para o meio ambiente e será passada a tocha que ligará a Conferência das Nações Unidas, em Lisboa, ao Congresso Mundial da União Internacional para a Conservação da Natureza, em Marselha, assim como à Conferência da Biodiversidade da Nações Unidas, em Kunming, e à Conferência do Clima (COP 26), em Glasgow”. Desde meados dos anos 90 que os gases que
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destroem o ozono estão a diminuir graças ao Acordo de Montereal. Aliás, segundo a Organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente a camada de ozono irá recuperar-se completamente até 2060 e no hemisfério Norte poderá acontecer antes, em 2040. Se isto foi possível, estamos em crer que o actual cenário dos oceanos poderá também ser revertido. A Greepeace acredita que “o nosso destino e o destino dos nossos oceanos estão intimamente ligados”. A Humanidade deveria acreditar também! Can you imagine our blue planet being any other colour? We can’t either… Because human beings, more than any other species, can make a difference, we’re going to set the tone here with a simple, dramatic point: the world’s oceans are one of our largest resources for our livelihood. During the opening session of the International Symposium on Sustainable Fishing organised by the United Nations Food and Agriculture Organization in Rome, Ricardo Serrão Santos, Minister of the Sea, highlighted “the
importance oceans have as a source of food rich in micronutrients, lipids, and proteins.” As he explained, “the ocean is the future for food,” and, as such, he called attention to the need for a “sustainable, productive ocean.” But oceans do not just provide us with food or energy. The reality is that, without them, we would not be able to survive because they supply half of the oxygen we breathe. Still, we carry on with unsustainable fishing practices and let all kinds of marine pollution (e.g., plastics) spread all over the place. When will we stop to think about and reflect on actions? This is precisely what the world conference in Lisbon intends to do: have the world stop and think about what it could do to improve the well-being of our oceans. And Portugal wants to show that it is a good student and a good example to follow.
Greenpeace makes demands of UN governments
The oceans cover 71% of Earth’s surface area and contain 97% of all its water. But we can’t think about just the oceans; we must also
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think about the cryosphere, the regions of the Earth’s surface that are permanently covered by ice and snow or whose soil contains ice (about 10% of the planet’s surface area). As sea levels rise and the cryosphere shrinks, these areas become more fragile, and everything and everyone becomes more vulnerable. The first to suffer are the habitats of coastal zones, small islands, mountains, and polar areas. But ultimately, especially with global warming, all living things suffer with climate change. Climate change is not only just about not having the four seasons of the year; it is also concerning because it can cause water resources to become scarce, water quality to decrease, food insecurity, food shortages… This is not a concern we can put off for the next few decades; we need to worry about this now! This is why scientists have developed a new “rescue” plan for the world’s oceans which includes the creation of a global network of ocean sanctuaries that would put millions of square kilometres off limits for destructive industries and practices. We exchanged ideas with Greenpeace on this issue, and they explained to us that they are
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currently “urging governments at the UN to create a strong Global Ocean Treaty, which could pave the way for the protection of at least 30% of the world’s oceans by 2030 (up to the Convention on Biological Diversity) via a network of ocean sanctuaries, free from harmful human activities. This is a target that scientists say is crucial to avoid the worst impacts of the climate emergency.” In this organisation’s most recent report “In Hot Water: The Climate Crisis And The Urgent Need For Ocean Protection,” it affirms that the oceans are the Earth’s largest carbon sink, trapping 50 times more than is in the atmosphere and 10 times more than that held by land-based vegetation. Greenpeace also reminds us that, “in [their] previously published report “30×30: A Blueprint For Ocean Protection”, which is one of the largest ever studies of its kind, leading marine biologists have mapped out how we might protect at least a third of the world’s oceans by 2030. They generated hundreds of scenarios for what a planet-wide network of ocean sanctuaries could look like. The science is clear, all
we need now is the political will to do so and we must see concrete action in 2020”. It argues, “It’s a unique opportunity to protect our oceans and the life and the ecosystems they support – and it’s one we can’t afford to miss.”
“2020 is an extremely important year”
Not everything is bad news. Sea Minister Santos says, “After decades of overfishing and declines in the number of fish, we have seen a number of commercial species rebound to sustainable levels and regain a good environmental bill of health. This has happened because of the adoption of control policies that were based on science.” Still, Portuguese environmental association ZERO warns it is of utmost urgency to “accelerate the establishment of more Protected Marine Areas and allocate financial means to monitor prohibited and/or restricted activities.” In Bilbao on 1 December 2019, Prime Minister António Costa told reporters when talking about COP25 that “one of the top priorities
for Portugal’s foreign policy [in 2020] is organising the UN Ocean Conference,” something he believes is “critical for us to tackle climate change.” Santos added that “2020 is an extremely important year for the oceans and the environment, and the conversation will continue after the UN Conference in Lisbon at the International Union for the Conservation of Nature’s World Conference in Marseille, the UN Biodiversity Conference in Kunming, and the Climate Conference (COP 26) in Glasgow.” Since the mid-1990s, hazardous gases that destroy the ozone layer have been going down thanks to the Montreal Protocol. In fact, the World Meteorological Organization and the UN Environment Programme say that the ozone layer will completely recover by 2060, and, in the Northern Hemisphere, this could happen even earlier (by 2040). If this was possible, we’re ready to believe that the oceans’ current situation can also be turned around. Greepeace believes that “Our fate and the fate of our oceans are intimately connected.” All of humanity ought to believe this too!
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Bauhaus
Da almofada do sofĂĄ atĂŠ ao urbanismo From sofa cushions to city planning
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A Alemanha viveu um 2019 cheio de memórias que para sempre devem ser lembradas: o 30º aniversário da queda do Muro de Berlim e os 100 anos da revolucionária Bauhaus. Auscultámos dois especialistas e percebemos que a criação e a produção artística desta escola alemã continua a ser um sucesso. 2019 has been an exciting year for Germany, full of memories that will last forever: the 30ᵗʰ anniversary of the fall of the Berlin Wall and 100 years of the revolutionary Bauhaus. We sat down with two specialists and discovered that the artistic creations and talent that this German school produces continue to be among the best in the world.
Texto Text: Carla Celestino
Berlim assinalou, em Novembro de 2019, os 30 anos da queda do Muro de Berlim, que dividiu a cidade alemã durante a Guerra Fria. Alguns dos locais associados à “Revolução Pacífica”, como a Alexanderplatz, a Schlossplatz ou Kurfürstendamm, estiveram iluminados e as Portas de Bradenburgo tiveram uma instalação suspensa com 30.000 mensagens escritas de pessoas de todo o mundo recordando os cartazes de 1989. Também foi motivo de celebração os 100 anos da mais importante escola de Arquitectura, Arte e Design do século XX: Bauhaus. Comemorações que se estenderam a vários países europeus, incluindo Portugal. Para o presidente da Ordem dos Arquitectos (OA), José Manuel Pedreirinho, “a extraordinária importância da Bauhaus deve-se sobretudo àquilo que ela representa como herdeira próxima do Deutscher Werkbund mas, no fundo, herdeira também de uma longa tradição que remonta à segunda metade do século XIX e se prolongará mesmo para além da sua extinção oficial em 1933”. Uma tradição que, como diz, “podemos resumir a uma ligação entre a forte estrutura industrial alemã e os artistas que se interessaram pelas novas possibilidades de expressão que abriam aos seus trabalhos”. Já para o arquitecto Lutz Brückelmann, natural de Schwelm, na Alemanha, mas a viver
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no nosso País desde 1994, a importância da Bauhaus “foi e é enorme”. Embora reconheça que tenham existido “outros artistas, designers e arquitectos que na mesma altura promoveram ideias semelhantes, o Construtivismo Russo nos primeiros anos da União Soviética, o movimento De Stijl na Holanda, personagens individuais de grande influência como Le Corbusier ou Frank Lloyd Wright”, a realidade é que “a Bauhaus era mais do que um movimento, ou nem sequer um movimento, era uma escola. Tinha como professores grandes artistas, arquitectos, designers com estilos inconfundíveis. Mas não promovia um estilo, promovia um método de criar, e este método ainda hoje é aplicado”.
Absoluto ou total
Esta escola nasceu (1919) e “morreu” (1933) entre duas Grandes Guerras Mundiais. A sua arte foi considerada por Hermann Göering, líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, “degenerada” mas acabou por ser utilizada pelo próprio regime. Muitos apontam que, na sua essência, a Bauhaus também quis alcançar o absoluto como o nazismo. Mas esta é uma ideia contrariada por Lutz Brückelmann. “Não vejo nenhum significado da palavra “absoluto” que possa ser atribuído ao mesmo tempo ao
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nazismo e ao Bauhaus. Hitler reclamava para si o poder absoluto, à semelhança de reis absolutistas como Luís XIV da França. Não há nenhuma ambição o reclamação do “absoluto” semelhante na Bauhaus. Talvez haverá num ou noutro dos seus artistas, mas não na escola, não no projecto”. Na sua opinião, seria mais interessante estudar o significado de uma outra palavra: “total”. Como afirma, “o nazismo era, como é sabido, uma ideologia totalitária. Isto significa que procurava o domínio total sobre as pessoas, sobre todas as esferas da sua vida, não parando perante a esfera privada, nem as esferas mais íntimas. Para formar o “novo homem” nietzscheano na acepção nazi, nenhuma parte podia ficar de fora. Não podia haver referencias fora do seu controlo, nem escolas, nem associações, nem igrejas. As instituições da sociedade civil, mas também o urbanismo, as casas, o modo de vida na família, até o sexo e a reprodução estavam ao serviço do seu projecto. Até havia casas de encontro do projecto “Lebensborn” (“fonte da vida”), que eram uma espécie de bordéis em que acasalaram membros da raça pura ariana, jovens mulheres loiras e soldados da
SS com o fim de criarem a próxima geração da raça ariana ainda mais pura”. Se nos esforçamos muito, diz o arquitecto, “podemos tentar ver aqui um paralelo com a ambição “total” do Werkbund que a Bauhaus adoptou e se expressou no lema “da almofada do sofá até ao urbanismo. Mas, pensando bem, não, não há paralelo nenhum”. Quanto ao aproveitamento que o regime nazi fez do design e também dos serviços de alguns membros da Bauhaus, este era antes de mais “oportunista”. “Durante algum tempo, convinha à Alemanha nazi parecer moderado e moderno, como durante os Jogos Olímpicos de 1936 e também na Exposição Mundial de Paris, 1937, onde de facto foram expostos, entre outro, peças de design oriundos de autores da Bauhaus. O regime também tinha uso pelas capacidades técnicas dos membros da Bauhaus que para isso se disponibilizaram, na arquitectura industrial e, é verdade, até nos campos de concentração. E é sabido que quer o primeiro director da Bauhaus, Gropius, quer o último, Mies van der Rohe, tentaram arranjar-se com o regime para poder continuar a Bauhaus de algum forma na Alemanha, mas não conse-
guiram. Os regimes totalitários do fascismo alemão e italiano e, já agora, também o estalinista na URSS, viam-se mais bem representados por um classicismo monumental”.
Portugal à margem
E em Portugal? Qual o impacto que aquela época e aquela escola teve no nosso País? Poderá ter sido menor do que aquele que imaginamos. Conforme o presidente da OA faz a ressalva: “Para percebermos o modo como muitas destas preocupações nos passaram ao lado basta vermos que da exposição de Paris de 1925, onde muitos arquitectos portugueses estiveram, não há, nas muitas notícias então publicadas, qualquer referência àquilo que foram as obras modernas, e aquando da exposição de Barcelona, de 1929, nenhuma referência ao emblemático pavilhão aí feito por Mies van der Rohe”. E acrescenta: “Sabendo que era muito escassa a informação do que se passava além-fronteiras e a que chegava era sobretudo originária de Paris, que é a relação entre indústria e arte que está em causa, e sabendo também que a indústria portuguesa nas pri-
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Bauhaus resume-se a uma ligação entre a forte estrutura industrial alemã e os artistas que se interessaram pelas novas possibilidades de expressão que abriam aos seus trabalhos. Bauhaus can be summed up as a link between Germany’s strong industrial framework and artists who were interested in the new ways of expressing themselves that were suddenly open to them.”
meiras décadas do século era praticamente inexistente, percebe-se bem que a influência da Bauhaus nessa época e neste aspecto é quase nula”. Segundo José Manuel Pedreirinho, alguns artistas, mais atentos, interessaram-se e conheciam alguns dos aspectos, sobretudo estéticos, explorados pela Bauhaus. Aspectos que se notam nalguma da produção gráfica e até nalgum do mobiliário que anos mais tarde, já na década de 30, vai ser produzido em Portugal, copiando modelos estrangeiros, sobretudo a algum mobiliário de estrutura metálica que irá ser usado em equipamentos hospitalares e assistenciais. Na arquitectura, pela sua necessária articulação com a estrutura sócio-económica e tecnológica, as influências são ainda menores. “Apesar de uma ou outra obra moderna feita depois de 1925, como o Capitólio ou a Casa da Avenida do México (recentemente alterada), ambas de Cristino da Silva, um dos arquitectos que melhor conhecia a cultura alemã, e de algumas viagens de Carlos Ramos para estudar edifícios hospitalares, de algum modo reflectidos no pavilhão de rádio do IPO, apenas na década de 40 encontramos alguma arquitectura que se relaciona com os princípios expressos pela Bauhaus, onde valerá a pena, entre outras, destacar a obra de Viana de Lima”, enumera o presidente.
Bauhaus ainda vive?
“A influência da Bauhaus está, quanto a mim, muito para além daquilo que são os aspectos formais, por vezes excessivamente sobrevalorizados, está, quanto a mim, numa visão global e inter-relacionada da totalidade dos aspectos da criação e da produção artística, e nesse aspecto, continua a ser claramente actual”, afirma José Manuel Pedreirinho. Há quem diga que Bauhaus está em tudo e que passados 100 anos ainda continua em tudo. Lutz Brückelmann começa por dizer que “em tudo é certamente exagerado”. Mas concorda que os “objectos cujo design obedece aos princípios da Bauhaus são omnipresentes no nosso quotidiano”. Como explica: “A Bauhaus não criou em primeiro lugar formas, mas ensinou um método de fazer design, e este ainda hoje é válido e é aplicado com grande sucesso. O método é uma procura racional de conciliar, por um lado, as condições de produção, a tecnologia actual, os materiais, com as necessidades do uso, por outro. E procurar fazê-lo da forma mais simples possível”.
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Há uma linha que vem da Bauhaus original via a Escola de Design de Ulm, cujo primeiro director foi em 1953 o ex-aluno da Bauhaus Max Bill, ao design da empresa de electrodomésticos Braun que teve uma influência inigualável ao nível mundial. Até que foi igualada recentemente pelo design da Apple, cujos autores se assumem como discípulos - reais ou no espírito - da Escola de Ulm e da sua figura maior, do designer Dieter Rams. Bauhaus mostrou que arte, indústria e tecnologia podem fazer parte de um todo. Vivemos na era da tecnologia, da digitalização e da robótica. Por isso questionámos o arquitecto Lutz Brückelmann se considera que esta arte está mais viva do que nunca? Ao que responde que “o sucesso da Apple e do seu design – todos os telemóveis, todos os tablets, quase todos os computadores portáteis hoje imitam a Apple – leva a tentação de dizer que sim. Mas também há mau design. Acho, por exemplo, que a qualidade do design dos automóveis retrocedeu desde os anos 2000. Nem tudo é bom. E não sei o que o futuro nos reserva”. In November 2019, Berlin marked the 30ᵗʰ anniversary of the fall of the Berlin Wall, which divided the German city during the Cold War. Some of the places associated with the “Peaceful Revolution,” such as Alexanderplatz, Schlossplatz, and Kurfürstendamm, were illuminated, and a suspended installation was installed on the Brandenburg Gate with 30,000 messages on it from people throughout the world recalling the events of 1989. It was also the 100ᵗʰ anniversary of the founding of the most important school of architecture, art, and design of the 20ᵗʰ century: Bauhaus. Celebrations extended to several European countries, including Portugal. José Manuel Pedreirinho, President of Portugal’s Association of Architects (OA), says, “The extraordinary importance of Bauhaus is owed primarily to the fact that it is essentially the next heir of the Deutscher Werkbund. More deeply, though, it is also the heir of a long tradition that dates back to the second half of the nineteenth century and has survived even beyond its official extinction in 1933.” This tradition, he explains, “can be summed up as a link between Germany’s strong industrial framework and artists who were interested in the new ways of expressing themselves that were suddenly open to them.” Architect Lutz Brückelmann, who is originally from Schwelm, Germany, but has lived in Portu-
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gal since 1994, the importance Bauhaus holds “was and still is enormous.” He explains that, although there were “other artists, designers, and architects who promoted similar ideas at the same point in history (e.g., Russian Constructivism in the early years of the Soviet Union, the De Stijl movement in the Netherlands, and individuals who were highly influential, such as Le Corbusier and Frank Lloyd Wright),” the reality is that “Bauhaus was more than a movement. In fact, it wasn’t even a movement. It was a school. Its professors were great artists, architects, and designers with unmistakable styles. But it didn’t promote just one style. It promoted a method of creating, and this method is still used today.”
Absolute or total
This school was born (1919) and “died” (1933) between the two World Wars. Although Hermann Göring, one of the Nazi Party’s most powerful leaders, deemed its art to be “degenerate,” that very regime actually ended up using it. Many may say that, at its core, Bauhaus also wanted to achieve the absolute like Nazism did, but this is an idea that Brückelmann does not agree with. “I see no meaning that the word “absolute” may have that could be attributed to Bauhaus and Nazism at the same time. Hitler claimed absolute power for himself, similar to what absolutist kings like Louis XIV of France did, but there is no similar ambition toward or claiming of the “absolute” at Bauhaus. This may occur in the work of one or another of the school’s artists but not with the school itself.” In his opinion, it would be more interesting to study the meaning of another word: “total.” He explains, “As we know, Nazism was a totalitarian ideology. This means that it sought to have total domain over people and all spheres of their lives, invading the private and even the most intimate aspects of one’s life. To create a Nietzschean “Übermensch” in the Nazi conception of the idea, no part could be left untouched. Nothing could be out of its control – not schools, not organisations, not churches. Civil society institutions, city planning, houses, family life, and even sex and reproduction were within the scope of the project. There were even meeting houses set up as part of the “Lebensborn” (“Fount of Life”) project, which were brothel-like places where members of the pure Aryan race – young blond women and SS soldiers – could pair up with the goal of bringing the next, even purer
generation of the Aryan race into the world.” The architect says, “there may be a vague parallel here with the Werkbund’s “total” ambition that Bauhaus adopted and expressed with the slogan “from the sofa cushion to city planning.” But, thinking more about it, no, there’s really no parallel at all.” As for how the Nazi regime made use of the designs and services of some of Bauhaus’ members, this was more “opportunistic” than anything else. “For a certain period of time, Nazi Germany found it best to appear moderate and modern, such as during the Olympic Games of 1936 and the 1937 World’s Fair in Paris, where design pieces created by some of Bauhaus’ disciples were on display. The regime also made use of the technical abilities of Bauhaus’ members who made themselves available for such work, especially in the field of industrial architecture and even, sadly, in the concentration camps. It is also known that Bauhaus’ directors – from its first, Gropius, to its last, Mies van der Rohe – attempted to align themselves with the regime in order to ensure some kind of a future for Bauhaus in Germany, but they were unsuccessful. Italy’s and Germany’s totalitarian fascist regimes and also the USSR’s Stalinist regime have found themselves best represented by a monumental classicism.”
Portugal on the side-lines
But what impact did that era and school have on Portugal? It may have been smaller than we imagined. The OA President explains, “To understand how many of these concerns passed us by, all we have to do is look at the 1925 Paris exhibition. A large number of Portuguese architects were there, but there was absolutely no mention of the modern works in the many news pieces published at the time. Again, during the 1929 Barcelona exposition, there was no reference to Mies van der Rohe’s iconic pavilion.” He adds, “Since there was very little information about what was going on abroad and what did reach Portugal came mainly from Paris and given that Portuguese industry in the first decades of that century was practically non-existent, one can easily see that Bauhaus’ influence at that time would have been virtually nil.” According to Pedreirinho, some more attentive artists took note and learned about some of the concepts – especially aesthetic ones – explored at Bauhaus. Some of these can be seen in some graphic productions and even some
A Bauhaus não criou em primeiro lugar formas, mas ensinou um método de fazer design, e este ainda hoje é válido e é aplicado com grande sucesso. Bauhaus did not create shapes in the first place, but it did teach a method of how to design. And this is still valid and used with great success today.”
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furniture that would be produced years later in Portugal in the 1930s. Such items would be copied models from abroad, especially furniture with metal structures that would be used in hospital and healthcare equipment. In architecture, the influence was even less, thanks to its inextricable link to the country’s socio-economic and technological structure. “Despite there being some modern work that was done right after 1925, such as Cristino da Silva’s Capitólio Cinema-Theatre or his recently redone house on Avenida do México (one of the architects who knew German culture best), and some of Carlos Ramos’ travels to study hospital buildings (which are somewhat reflected in the Portuguese Institute of Oncology [IPO]’s Pavilhão de Rádio), only in the 1940s do we begin to find architecture that has some sort of relationship with the principles of Bauhaus. One example worth mentioning, among others, is the work of Viana de Lima,” Pedreirinho explains.
Does Bauhaus live on?
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“For me, Bauhaus’ influence is much more than just its formal aspects, which are, at times, excessively overvalued. For me, it is a world view that is interrelated with all aspects of artistic creation and production. In this respect, it remains clearly relevant,” says Pedreirinho. There are those who say Bauhaus is in everything and that, after 100 years, it remains in everything. Brückelmann starts by saying that “‘in everything’ is certainly exaggerated,” but he does agree that the “objects whose design obeys Bauhaus’ principles are omnipresent in our daily lives.” He explains, “Bauhaus did not create shapes in the first place, but it did teach a method of how to design. And this is still valid and used with great success today. This method is a rational search to reconcile production conditions, technological capabilities, and materials with usage needs in the most simple way possible.”
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Objectos cujo design obedece aos princípios da Bauhaus são omnipresentes no nosso quotidiano. Objects whose design obeys Bauhaus’ principles are omnipresent in our daily lives.” There is a line that extends from the original Bauhaus via the Ulm School of Design, whose first director in 1953 was Bauhaus alumnus Max Bill, to the Braun appliance company’s designs that had an unparalleled influence worldwide. It has only recently been matched by Apple’s design team, whose authors think of themselves as disciples – real or in spirit – of the Ulm School and its greatest figure, designer Dieter Rams. Bauhaus showed that art, industry, and technology can all be part of a whole. We live in
an age of technology, digitalisation, and robotics, which is why we asked Brückelmann whether he believes this way of doing art is more alive than ever. He responded, “The success of Apple and its designs have had – all cell phones, tablets, and almost all laptops try to imitate Apple today – tempts me to say yes. But bad design also exists. I think, for example, that the quality of automotive design has gone down since the 2000s. Not everything is good. And I’m not sure what the future holds in store for us.”
Ventos do Norte 48 Ventos do Norte
North Winds
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Grupo Visabeira Visabeira Group
94 países à velocidade de um ‘click’ 94 countries at the speed of a ‘click’
Ventos do Norte North Winds
É um dos maiores grupos empresarias do País, com uma dimensão internacional significativa e com uma forte vertente tecnológica, que próximo de comemorar quatro décadas de existência - continua apegado às suas origens, Viseu, a cidade do herói Lusitano Viriato. This is one of Portugal’s largest business groups and boasts an impressive international footprint with a strong focus on technology. The Visabeira Group is close to celebrating its 40ᵗʰ anniversary and remains linked to its origins in the city of Viseu, the city of the hero Lusitano Viriato.
Texto Text: Elisabete Soares
Falamos do Grupo Visabeira, criado no início da década de 80 pelo então jovem empresário Fernando Campos Nunes, presidente do conselho de administração, em parceria com o seu irmão. Em entrevista à Magazine Imobiliário, João Castro, administrador Grupo Visabeira, reconhece que manter o centro de decisões na cidade de Viriato, de um grupo, actualmente com operações em 16 países, comercializando produtos e serviços em 94 nações, empregando cerca de 12.000 colaboradores, “talvez esse seja um dos nossos segredos. Estamos sediados onde a Visabeira nasceu”. É que sendo o Grupo Visabeira “uma empresa iminentemente das tecnologias, através das mesmas estamos em todo o mundo em rede com os nossos colaboradores à velocidade de um ‘click’”. E, precisa: é que, “apesar de ainda faltar uma ligação rodoviária de excelência para Sul via IP3, estamos servidos por uma rede de estradas que rapidamente nos colocam em Lisboa ou no Porto, dois importantes centros de decisão interna. Temos ligação aérea para Lisboa, e isso facilita”. Sendo Viseu uma cidade com uma qualidade de vida bem acima da média nacional, onde as pessoas que aqui trabalham gostam de viver, a Visabeira consegue recrutar parte dos seus quadros na região, tendo em conta “os
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profissionais com excelente grau de formação, em particular na gestão de empresas, e nas áreas de engenharia, tecnologias de informação, telecomunicações, turismo e hotelaria”, que saem das escolas de ensino superior de Viseu e da Região Centro, destaca João Castro.
O sucesso mais recente: aumento do capital na Vista Alegre
O Grupo Visabeira é constituído actualmente por áreas de negócio que vão da indústria às comunicações, passando pela construção, turismo e pelo imobiliário. Contudo, o destaque mais recente é a concretização, com sucesso, de um aumento de capital em 10%, por entrada de novos investidores institucionais, 72% dos quais internacionais e 28% portugueses, no capital da Vista Alegre. “Este passo era essencial na prossecução da estratégia que temos para a Vista Alegre do aumento do free float e tem como objectivo a diversificação da base acionista da sociedade, bem como a optimização de fontes de financiamento e o reforço do balanço e dos capitais próprios da empresa”, destaca João Castro. O responsável acrescenta, “este importante sucesso no mercado de capitais demonstra a atractividade que a empresa detém actualmente, sendo no seu sector o 6º maior grupo
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cerâmico do mundo em termos de dimensão”. Recorde-se que, em 2009, a Vista Alegre Atlantis e a Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro passaram a integrar o portefólio de marcas e empresas do Grupo Visabeira.
Objectivo 2020: volume de mil milhões de euros
O Grupo Visabeira quer continuar a crescer e a expandir as suas áreas de negócios pelos vários continentes onde está presente. “Nas principais perspectivas para 2020, começamos por sublinhar o objectivo, em termos de volume de negócios, de atingir os mil milhões de euros, uma meta que estamos perfeitamente conscientes que é possível alcançar se mantivermos o ritmo de crescimento que temos vindo a consolidar desde há alguns anos a esta parte”, frisa João Castro. E, destaca, a “confiança neste crescimento, solido e sustentado, está suportada nos contratos que temos hoje em carteira no somatório de todo o nosso portefólio de negócios”. No sector dos serviços de engenharia de infra-estruturas de redes de Telecomunicações e Energia, o Grupo Visabeira tem negócios em carteira com os principais operadores na Eu-
ropa. Em Portugal (MEO, NOS, EDP, REN), em França (France Telecom/ Orange, Eletricité de France, Gaz de France,), na Bélgica (Belgacom/Proximus e Voo), no Reino Unido (British Telecom), na Alemanha, (Deutsche Telekom), na Dinamarca, (TDC) e em Itália (Enel). Na área da Indústria, o volume de negócios contratado é assente nas unidades do Grupo Vista Alegre que têm contratos já garantidos com os clientes como a Hennessy do mesmo grupo Louis Vuitton e Remy Martin, no cristal; Zara Home e Cervera, na faiança; Clube Med, na porcelana e IKEA no grés de mesa. “É, portanto, nos mercados europeus que assenta o grande crescimento da nossa actividade. Em termos percentuais a Europa garante 88% do total de volume de negócios”, frisa. A estratégia de expansão da Visabeira continuará a centrar-se na Europa acompanhando o massivo investimento que os países da Zona Euro estão a realizar nas redes de telecomunicações, designadamente, no desenvolvimento das redes de fibra óptica, sector de actividade onde - através da Constructel – “é hoje um dos maiores e mais reconhecidos players Europeus, com fortes capacidades distintivas, por via da sua experiência e know how”.
O Grupo Visabeira conta, actualmente, com operações em 16 países, comercializando produtos e serviços em 94 nações, empregando cerca de 12.000 colaboradores. Visabeira Group currently maintains operations in 16 countries, markets products and services in 94, and employs around 12,000 people.”
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Nas principais perspectivas para 2020, começamos por sublinhar o objectivo, em termos de volume de negócios, de atingir os mil milhões de euros. In our prospects for 2020, we will begin by focusing on our turnover target of €1 billion EUR.”
Por isso, para João Castro, a estratégia da Visabeira passa, desde logo, por consolidar o negócio e a actividade nos 16 países onde tem empresas. “Somos parceiros dos principais operadores de telecomunicações e energia desses países, incluindo Portugal e é por essa via que também vamos procurar o crescimento”. E finaliza, “o Grupo Visabeira mantém em contínuo, a porta aberta para estudar a viabilidade de novos projectos e investimentos quer no País quer, sobretudo, no estrangeiro”. Visabeira was established at the beginning of the 1980s by Fernando Campos Nunes, a young entrepreneur at the time but today the Chairman of Visabeira’s Board of Directors, in partnership with his brother. In an interview with Magazine Imobiliário, João Castro, Member of the Group’s Board of Directors & Executive Committee, acknowledges that keeping the decision making centre of the business group, which currently maintains operations in 16 countries, markets products and services in 94, and employs around 12,000 people, in Viseu “may be one of our secrets. We are headquartered
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in the place where Visabeira was born.” Visabeira is “inextricably linked with technology, which we use to connect with our network of colleagues throughout the world at the speed of a ‘click.’” Castro goes on to say that, “although a good motorway link to the south is still lacking in the IP3, we are served by a road network that can get us quickly to either Lisbon or Porto, two important internal decision centres. We also have a flight to Lisbon, which helps.” Given that Viseu is a city with a quality of life that is well above the national average and a place whose inhabitants enjoy living in it, Visabeira has recruited part of its staff from the region. Castro describes the profile of candidates it likes to hire as “highly educated professionals, particularly in business management, engineering, information technology, telecommunications, tourism, and hospitality” coming out of Viseu’s and the greater Central Region’s institutions of higher education.
The most recent success story: growth in Vista Alegre’s capital
The Visabeira Group is currently composed of such business areas as industry, communications, construction, tourism, and real estate.
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É nos mercados europeus que assenta o grande crescimento da nossa actividade. Em termos percentuais a Europa garante 88% do total de volume de negócios. It is in the European markets where most of our activity growth is based. In terms of percentages, Europe provides 88% of our total business.”
However, the group’s most recent highlight is its successful completion of a 10% increase in the capital of Vista Alegre with the entry of new institutional investors, 28% of whom are Portuguese and 72% of whom hail from abroad. “This step was essential in pursuing the strategy we have developed for Vista Alegre, which consists of increasing free float and is aimed at diversifying the company’s shareholder base, optimising funding sources, and strengthening its balance sheet and equity,” Castro explains. He adds that “this success story in the capital market demonstrates the company’s attractiveness today. It is the 6ᵗʰ largest ceramics business in the world in terms of size.” Vista Alegre Atlantis and the Bordallo Pinheiro Artistic Earthenware Factory joined the Visabeira Group’s portfolio of brands and companies in 2009.
Goal 2020: €1 billion EUR in revenue
The Visabeira Group wants to continue to grow and expand its business areas throughout the continents where it is present. “In our prospects for 2020, we will begin by focusing on our turnover target of €1 billion EUR, a goal that we are well aware is possible for us to achieve by maintaining the pace at which we have grown for some years now,” stresses
Castro. He also explains that “confidence in this solid, sustained growth is supported by the contracts we have in our entire business portfolio today.” In the sector of engineering services for telecommunications and energy network infrastructure, the Visabeira Group has struck deals with Europe’s top operators. In Portugal, these operators include MEO, NOS, EDP, and REN; in France, France Telecom/ Orange, Eletricité de France, and Gaz de France; in Belgium, Belgacom/Proximus and Voo; in the United Kingdom, British Telecom; in Germany, Deutsche Telekom; in Denmark, TDC; and in Italy, Enel. In the area of Industry, the group’s activity is focused on contracts that units from the Vista Alegre Group have already signed with customers like Hennessy, Louis Vuitton, and Remy Martin for glassware; Zara Home and Cervera for earthenware; Clube Med for porcelain; and IKEA for dining room china. “It is, therefore, in the European markets where most of our activity growth is based. In terms of percentages, Europe provides 88% of our total business,” Castro states. Visabeira’s expansion strategy will continue to focus on Europe following the massive investments that Eurozone countries are making in telecommunications networks, specifically in the development of fibre op-
tic networks. Thanks to its involvement with Constructel, this is a sector of activity where Visabeira “is now one of the largest and most well known players in Europe, with strong, distinctive capabilities that have come about through its experience and know-how.” This why Castro believes Visabeira’s strategy ought to first focus on its activities in the 16 countries where it has companies. “We are partners with the top telecommunications and energy operators in those countries (including Portugal), and that is where we will be looking for growth.” Castro concludes, “The Visabeira Group keeps going. We are always open to studying the viability of new projects and investments, whether they are based in Portugal or abroad.”
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Lรก fora Abroad
Batimat
Longe dos coletes amarelos Far from the yellow vests
Lá fora Abroad
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Paris acolheu, mais uma vez, como sucede de dois em dois anos, a Batimat. O Parque de Exposições encheu-se de gente de todo o Planeta para ver tudo o que sucede, de actual, na Construção e afins. As happens every two years, Paris recently hosted Batimat once again. The Parc des Expositions was filled with people from all over the world who came to learn about everything that is happening today in Construction and the like. Para quem trabalha nestas áreas é quase um ritual. A capital francesa proporciona a possibilidade dos profissionais conhecem, de perto, as novidades de múltiplas disciplinas. Há promoção dos materiais clássicos e dos inovadores, com enfase, cada vez mais, nos aspectos sustentáveis. Pode ser até uma técnica de marketing mas a referência ao ambiente é, hoje em dia, quase obrigatória. Portugal fez-se representar com alguns bons exemplos de produtos nacionais mas é incontornável aceitar que a dominante, em relação ao nosso País, são as marcas e os produtos estrangeiros representados e vendidos cá. Há vários anos que a Magazine Imobiliário marca presença neste evento e é, sem dúvida, possível constactar a sua crescente globalização. O Mundo fala quase todo a mesma linguagem.
For those who work in these areas, it’s virtually a ritual. During this event, the French capital gives professionals the chance to learn about everything new that’s happening in a number of different disciplines first-hand. Both triedand-true and innovative materials are marketed here, with an increasingly heavy focus on sustainability. This could very well be a marketing technique, but references to the environment are almost obligatory nowadays. Some good examples of national products represented Portugal, but the unavoidable truth is that, in relation to our country, the foreign brands and products represented and sold here predominate. Magazine Imobiliário has been going to this event for several years now, and, without a shadow of a doubt, it has become increasingly global. Almost everyone speaks the same language.
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As tecnologias da actualidade reflectem muito as tendências sustentáveis. Today’s technologies strongly reflect sustainable trends.”
Sol 58 e Lua Sol e Lua
Tourism
Tourism
Voar para Lourdes
Flights to Lourdes
Os skis que faltavam
The ski resorts we’ve dreamed of
Sol e Lua Tourism
Uma boa notícia para os amantes dos desportos de neve. Agora, desde Lisboa, é possível chegar aos Altos Pirenéus em voos directos para Lourdes, operada duas vezes por semana (terças-feiras e sábados) e durante todo o ano pela companhia aérea Ryanair. As oito estâncias de ski localizam-se numa zona de 100 km à volta do aeroporto da cidadesantuário francesa. Some good news is on the way for those who love frolicking in the snow! Ryanair now operates non-stop flights every Tuesday and Saturday year round to Lourdes, Hautes-Pyrénées, France, which will help Portuguese holidaymakers get to eight ski resorts located within 100 km of this French citysanctuary’s airport. Texto Text: Carolina Morgado
Nesta altura do ano, os desportos de neve atraem cada vez mais portugueses, e as estâncias de proximidade são as que ganham maior fama. A estas juntam-se agora os oito domínios esquiáveis situados no coração dos Pirenéus acessíveis desde Lisboa num voo de cerca de 1h50. De facto, tudo foi pensado para facilitar o acesso dos esquiadores portugueses às belas estâncias de N’PY, designadamente, Peyragudes, Piau, Grand Tourmalet (Barèges La Mongie), Pic du Midi, Luz Ardiden, Cauterets (Pont d’Espagne), Gourette e La Pierre St Martin, localizadas a cerca de 1.400 metros de altitude e que somam perto de 100 km de pista, rodeadas de equipamentos de alta qualidade e paisagens preservadas. Os horários destes voos foram adaptados à prática do ski, com chegadas e partidas a meio do dia, os preços, garantem os responsáveis do Grupo N’PY, que gera as estâncias, desafiam a concorrência, e são disponibilizados autocarros que conectam o aeroporto até às portas da brancura da neve. Cada domínio propõe pistas de ski para todos os níveis, actividades para todos os gostos, desde balneoterapia, passeios com cães de trenó, com raquetes de neve ou com niveladora de neve, patinagem e cinema, entre outras, bem como uma oferta de alojamento adaptada a todos os orçamentos, e ainda um conjunto de eventos que decorrem durante
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toda a temporada. As zonas para principiantes acolhem as famílias para uma aprendizagem suave, com áreas lúdicas para que possam progredir ao mesmo tempo que aproveitam plenamente. Os amantes de sensações fortes encontrarão os espaços Freestyle ou freeride, e os excelentes esquiadores poderão deliciar-se numa área que faz toda a reputação das estâncias dos Pirenéus: as pistas mais difíceis e com desnível.
Experiências diferenciadoras
Os Altos Pirenéus oferecem uma variedade de grandes sítios conhecidos internacionalmente, num ambiente excepcional e preservados, entre os quais o Teleférico do Pico do Midi, para uma viagem espectacular ao topo, situado a 2.877 metros de altitude, onde os 600 m2 de terraços proporcionam um panorama de 360º sobre a cadeia dos Pirenéus, as grandes planícies do Sudoeste e os contrafortes do Maciço Central. Este pico acolhe também um observatório e um espaço museológico mais alto da Europa, que retrata a epopeia humana da construção deste sítio. Não esquecer também o Circo de Gavarnie, classificado como património mundial da UNESCO. Este gigante da natureza, rodeado por 16 picos de mais de três mil metros, alberga a mais alta cascata da Europa. Há 50 milhões de anos, erosões fluviais e glaciárias
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escavaram nos Pirenéus uma série de circos naturais dotados de uma rara perfeição. A não perder também o considerado jardim natural Cauterets-Ponte de Espanha, atravessado por inúmeros caminhos agradáveis em plena natureza, que oferecem aos visitantes a possibilidade de admirarem paisagens esplêndidas, onde as florestas verdes e densas coabitam com cascatas e lagos, bem como a Reserva Natural do Néouvielle, caracterizada por uma grande originalidade bioclimatológica. A sua fauna e flora ricas, os seus lagos e a sua paisagem são alvo de uma atenção especial. São inúmeras as opções de caminhada e acessíveis a todos. Para tratar do corpo e da alma, os Altos Pirenéus são conhecidos como o destino número um de Spas em França. Visitar esta região é sinónimo de descobrir uma das terras mais ricas em rios, cascatas e lagos, onde o ar é puro e a atmosfera branda. Os diversos centros de balneoterapia estão situados nas estâncias de montanha e permitem, tanto no Verão como no Inverno, relaxar e reabastecer as energias com o tratamento das montanhas. Cada centro oferece espaços de relaxamento com água termal quente, banho turco e jacuzzi, mas também uma grande variedade de tratamentos personalizados e massagens.
Há ainda a chamada Região Occitânia Pirenéis-Mediterrâneo, de natureza preservada e grandes espaços, aldeias autênticas e sítios históricos, rios e canais, vinhas e cidades, atravessada e pontuada pelos seus três principais itinerários do Caminho de Santiago de Compostela. É nesta região que, para além das aventuras de ski e do snowboard, impera o turismo religioso concentrado na inspiradora cidade de Lourdes que, para além do seu santuário conhecido mundialmente, propõe belas descobertas. São oito estâncias de neve numa mesma região, mas cada uma com a sua particularidade própria. O que as une são os grandes domínios, os meios mecânicos mais modernos e uma diversidade grande em que todos encontrarão um programa à sua medida. At this time of year, snow sports are enticing an ever larger number of Portuguese, and the resorts that are the closest are also the most famous. These include eight ski areas located in the heart of the Pyrenees that are now accessible from Lisbon thanks to a short, 1h50m flight. In fact, everything has been set up to make it easy for Portuguese skiers to access N’PY’s gorgeous resorts, namely Peyragudes, Piau, Grand Tourmalet (Barèges - La Mongie), Pic du Midi,
Sol e Lua Tourism
Os Altos Pirenéus oferecem uma variedade de grandes sítios conhecidos internacionalmente, num ambiente excepcional e preservados. The Hautes-Pyrénées offer a large variety of spaces that are recognised the world over for their exceptional, natural environment.”
Luz Ardiden, Cauterets (Pont d’Espagne), Gourette, and La Pierre St Martin, all of which are located at about 1,400 metre above sea level. These resorts boast a combined 100 km of ski trails, features high quality equipment, and are surrounded by natural, preserved landscapes. Arriving and departing mid-day, these flights have been scheduled so that holiday-makers can make the most of their ski adventures. The N’PY Group, which manages the resorts, guarantees that their prices defy those of the competition and also states that busses are available to transfer holiday-makers from the airport to the powder. Each resort features slopes of all difficulties; interesting activities including spa treatments, dogsledding, snowshoe walks, snowcat rides, ice skating, movies, and more; and a range of lodging options that are sure to fit any budget. The resorts even have their own schedule of special events that are held throughout the season. Beginner zones welcome families for easy learning and feature play areas so they can make progress while fully enjoying themselves. Adrenaline junkies will enjoy the freestyle or freeride spaces, and strong skiers will be delighted with spots that make the Pyrenees resorts all the rage: the most difficult and uneven slopes.
Experiências diferenciadoras
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The Hautes-Pyrénées offer a large variety of spaces that are recognised the world over for their exceptional, natural environment. One area attraction – the Midi Peak Cable Car – will whisk you to a height of 2,877 m above sea level where a 600 m² terrace provides spectacular 360º views of the Pyrenees, the plains to the southwest, and the rolling foothills of France’s Massif Central region. An observatory and Europe’s highest museum space, which depicts the story of the site’s construction, can also be found atop this mountain. The Cirque of Gavarnie, a UNESCO World Heritage Site, is also not to be missed. This giant natural valley is surrounded by 16 peaks that are over 3,000 metres and is home to the highest waterfall in Europe. Fifty million years ago, river and glacial erosion dug a series of natural valleys (locally called “cirques”) in the Pyrenees that have been gifted with extraordinary beauty. Yet other area attractions include the highly esteemed Cauterets-Ponte de España natural garden, crisscrossed by countless enjoyable nature paths that offer visitors the chance to admire splendid landscapes where dense green forests are the backdrop for waterfalls
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and lakes, and the Néouvielle National Nature Reserve. This bio-climatologically unique area boasts rich fauna and flora, lakes, and breath-taking landscapes that all merit special attention, as well as numerous walking paths that are accessible to all. Taking care of the soul and body are also easy to do in the Hautes-Pyrénées, known as France’s best spa destination. Visiting this region is synonymous with discovering one of the world’s richest in terms of rivers, waterfalls, and lakes, where the air is pure and the atmosphere mellow. The area’s various spa treatment centres are situated in the mountain resorts and allow guests to relax and recharge – both in the summer and the winter. Each spa features relaxation spaces with hot thermal water, Turkish baths, and jacuzzis, as well as a wide range of personalised
treatments and massages. There’s even the so-called Pyrenees–Mediterranean Region of Occitania, whose natural environment has been well preserved. Visitors can visit any of a number of authentic villages, historic sites, rivers, canals, vineyards, and cities in the area. Three Camino de Santiago routes even pass through the region. In addition to its ski and snowboard offerings, this region is also known for religious tourism and pilgrimages, which focus on the inspiring city of Lourdes. Visitors will find the city has a lot to be discovered in addition to its worldrenowned shrine. All in all, each of the region’s eight snow resorts has something unique to offer. What unites them are large, open spaces, the most modern equipment, and diverse offerings that ensure all will find something they will love.
São oito estâncias de neve numa mesma região, mas cada uma com a sua particularidade própria. All in all, each of the region’s eight snow resorts has something unique to offer.”
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Voltar a acender o isqueiro?
Start another fire? O Fogo destrói, a Natureza renasce, o Homem volta a pecar. Arredores de Coimbra, há dias, depois dos incêndios de há dois anos. As feridas ainda não estão saradas, mas os eucaliptos voltaram, por mais que se fale de valores ambientais. Perdoem se estamos em época festiva…
Ilustração Illustration: José Laranjeira
Foto Photo: Anabela Loureiro
Fire destroys. Nature is reborn. Man goes back to sinning again. On the outskirts of Coimbra, a few days ago, more than two years after the fires there. The wounds have still not healed, but the eucalyptus has returned, no matter how much environmental values are talked about. Forgive us if it’s supposed to be a festive season…
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