Construção Ambiente Turismo
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MAI/JUN 2020 €10
O vírus que parou o mundo The virus that has stopped the world
1 Editorial
Não estamos sós We are not alone
Carla Celestino Directora Director
Na altura em que escrevo estas linhas alinhavadas em retalhos de tempo e clausura, Portugal quer acreditar que o pior cenário já passou. Mesmo em “tempos de guerra”, os portugueses conseguem mostrar que são “disciplinados” (há sempre excepções) e “encorajar” todos os outros nas palavras de David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu. Infelizmente a noção de solidariedade não é igual em toda a Europa. Mais uma vez a Holanda questiona os povos do Sul. António Costa esteve muito bem. Se os países do Norte mostraram maior abertura, há outros que teimam em impôr as suas vontades. Ainda não perceberam que desta crise global só se pode sair em conjunto. Caso contrário, receio por esta união e por uma potência cada vez mais isolada. Poderá ser mesmo um “um perigo mortal” como afirmou o antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors. Resta esperar para ver como vamos sair deste cenário. Uns mais fortes que outros, seguramente. A Magazine Imobiliário, micro-empresa, tal como tantas outras neste País, continua a batalhar, sem recorrer a lay-off ou linhas de crédito, para fazer chegar aos leitores a sua edição. Mas há esperança. O Papa Francisco, só, na Basílica de São Pedro, conforta-nos, dá-nos alento: “Quando nos sentimos entre uma rocha e um lugar difícil, quando nos encontramos num impasse, sem luz e sem escapatória, quando parece que nem mesmo Deus responde, lembremos que não estamos sozinhos”.
As I write these lines stitched together in patches of time and self-isolation, Portugal wants to believe the worst is now behind us. But, in these “times of war,” the Portuguese have managed to demonstrate that they are “disciplined” (of course, though, there are always exceptions) and “encourage” everyone else. Such were the words of David Sassoli, President of the European Parliament. Unfortunately, the idea of solidarity is not the same across Europe. Once again, Holland is questioning the people of the South. António Costa did well to ask what he did. If the countries of the North showed greater openness, there are others that insist on imposing their will. They still have not figured out that we can only come out on the other side of this global crisis together. Otherwise, I fear for this union and increasingly isolated power. In the words of former President of the European Commission Jacques Delors, it could very well be a “lethal threat.” We’ll just have to wait and see how we emerge from this. Some will be stronger than others, surely. Magazine Imobiliário, a small business, just like so many others in this country, continues to fight the good fight without resorting to lay-offs or using lines of credit in order to bring the latest in real estate to its readers. But there is hope. Pope Francis, alone in the Basilica of St. Peter, comforts us and gives us courage: “When we feel like we’re between a rock and a hard place, when we find ourselves at an impasse, without light or a way out, when it seems like not even God is responding, let us remember that we are not alone.”
Ficha técnica Datasheet
Propriedade Property
Índice
Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Av. Duque D’Ávila, 28 – 2.º, Sala 207
Summary
1000–141 Lisboa Telf. / Phone: (+351) 21 134 10 06 Telm. / Mobile: (+351) 91 061 61 62
30 Azimute
Coordinates Planeta em pausa A paused planet
64 Paparazzi
Joaquim Pereira de Almeida Cristo no Vaticano Christ in the Vatican
38 Ventos do Norte Foto de capa Cover photo: Anabela Loureiro
4 Grande Tema Lead Story Covid 19: Efeito dominó Domino effect
24 Belas Clube de Campo
Directora Director Carla Celestino Coordenação comercial Commercial co-ordination Joaquim Pereira de Almeida Colaboradora Permanente Permanent Contributor Elisabete Soares Fotografia Photography
North Winds Cidades do Futuro Cities of the Future
Anabela Loureiro Tradução Translation Frank Miller
42 Lá fora Abroad
Opinião Opinion
Roberto Varandas
46 18 Metro Quadrado Sol e Lua Square Meter Palácio da Anunciada
geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario.com
Tourism Estranha forma de viajar A strange way of travelling
52 Prémio
Nacional do Imobiliário 2020 National Real Estate Award 2020
Grafismo Graphics Rodrigues Silva Contabilidade Accounting
Errata Na edição n.º 41, na apresentação do empreendimento The Cordon (página 38), um dos finalistas ao Prémio Nacional do Imobiliário 2020, a ficha técnica não está correcta pelo que repomos os respectivos dados: Promotor AVENUE Real Estate, Construtor – TECNIARTE, Projectos e Construções e Arquitecto - Ana Costa. Do mesmo modo, os direitos de autor da fotografia da página 70, da secção Azimute, pertencem à Agência ZERO. Pelos lapsos lamentamos sinceramente. In the 41ˢᵗ edition of MI, the technical information given regarding The Cordon (p. 38), one of the National Real Estate Award finalists this year, is incorrect. We would like to correct it with the following: Developer – AVENUE Real Estate, Builder – TECNIARTE, Designs, Blueprint, and Architect – Ana Costa. Similarly, the copyright of the photo on page 70 in the Azimuth section belong to Agência ZERO. We sincerely apologise for these errors.
Nasceconta Periocidade Frequency Bimestral Tiragem Number printed 3.000 exemplares Impressão Printing Jorge Fernandes, Lda. Rua Qta. de Marcarenhas, 2820 Charneca da Caparica Depósito Legal Legal Deposit 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397 Estatuto editorial disponível em: Editorial policy available at: www.magazineimobiliario.com
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Grande Tema 4 Grande Tema
Lead Story
Lead Story
Efeito dominรณ Domino effect
Nova normalidade A new normal
Grande Tema Lead Story
Um vírus inteligente e persistente começou por contagiar pessoas. Depois contagiou empresas, empregos, transportes, espaços comerciais, de lazer e convívio… contagiou o mundo. O imobiliário foi apanhado nesta teia. Há quem vá desaparecer, há quem vá inovar. Mas seguramente nada será como antes. An intelligent, persistent virus started by infecting people. It then began to infect businesses, jobs, the transportation system, shopping spaces, leisure facilities, and social spaces too… It has infected the world. And real estate has been caught up in the onslaught. There are businesses that will disappear, but there are also businesses that will innovate. Without a doubt, though, nothing will be like it was before. Texto Text: Carla Celestino Fotoreportagem Photo-report: Anabela Loureiro
Foram várias as vozes a nível mundial que afirmaram que o Covid-19 ou novo coronavírus é um inimigo invisível, silencioso e mortal. Outros compararam estes momentos estranhos e de incerteza a uma nova Guerra Mundial. Pusemos trancas à porta. Mas bastou vir o sol para as praias e jardins ficarem cheios. Diziam que esta pandemia era para velhos e a curva dos infectados disparou. Já estamos na Primavera e tudo leva a crer que o confinamento não chega ao Verão, pois seria um cenário muito difícil de controlar, até mesmo para os disciplinados portugueses. Em tempos de cólera há sempre quem lucre. Nesta crise as receitas dispararam em empresas que se dedicam à produção e comercialização desde o gel desinfectante às máscaras de protecção, do papel higiénico aos bens não perecíveis e congelados, das aulas fitness online aos serviços de streaming, das entregas porta-a-porta, às agências funerárias… O modo como vemos o mercado do trabalho também mudou. Há os que apostam no lay off e beneficiam das medidas do Governo, como as linhas de crédito, há os que podem estar em regime de teletrabalho e participam em vídeo-conferências ou vídeo-calls a partir dos seus lares e há os que simplesmente pararam, perderam os seus negócios ou postos de trabalho. Tudo isto em apenas um mês. E o Imobiliário? Ainda é prematuro fazer quaisquer conjecturas mas os especialistas
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acreditam que o sector recuperará mais rápido que a última crise que trouxe a Troika ao nosso País. Talvez haja demasiado optimismo mas temos de perceber que todos têm a sua agenda e, neste meio, a palavra de ordem é vender. Em bom tempo as empresas imobiliárias apostaram nas proptech. A Comissão Europeia deu parecer positivo para o Governo português avançar com apoios no valor de três mil milhões de euros destinados às pequenas e médias empresas (PME) afectadas por este surto. O Estado anunciou também várias medidas de protecção que, na realidade, só vão chegar a alguns, são insuficientes. Todos os sectores estão abraços com estatísticas em queda, curvas perante as quais estão impotentes. É esperar para ver. Ainda há bem pouco tempo os governantes enchiam a boca para falar do imobiliário, para pôr e dispor de medidas, decretos e regulamentos sobre o sector. Agora, com a excepção do adiamento do pagamento das rendas, da impossibilidade dos despejos e da não mexida nos Vistos Gold até ao final do ano, parece que o imobiliário foi esquecido. Será assim?
Portugueses ansiosos
O ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na Assembleia da República, após a aprovação do decreto do Presidente da República, que prolongava o Estado de Emergência, afirmava que “este não é tempo das famílias estarem ansiosas
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à procura de uma nova casa” e assegurava-lhes “estabilidade durante este período” de crise pandémica. É que a habitação, segundo Pedro Nuno Santos, é “uma das áreas onde se sente mais instabilidade, mais insegurança, mais ansiedade e mais angústia” por parte das famílias portuguesas pelo que o Executivo tentou “encontrar um equilíbrio que defendesse e protegesse os inquilinos, as famílias portuguesas, que defendesse os direitos legítimos dos senhorios” e que também “preservasse a capacidade orçamental do Estado para prosseguir com os outros programas de habitação” já em curso. A não caducidade dos contratos de arrendamento até ao dia 30 de Junho e a não invocação dos atrasos no pagamento para denúncia dos mesmos destacam-se entre as medidas aprovadas, bem como a concessão de empréstimos sem juros por parte do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) às famílias e aos senhorios caso tenham “perdas comprovadas de rendimento motivadas por esses mesmos atrasos”. Estas medidas estenderam-se às administrações Central e Local que, na sua maioria, optaram por suspender, reduzir ou até mesmo
isentar “as rendas nos imóveis de habitação ou não habitacionais que são sua propriedade”. A decisão foi aplaudida e teve ecos lá fora. Todos os quadrantes reconheceram a sensibilização dos nossos governantes em implementar o verdadeiro sentido de solidariedade. Mas o balão de oxigénio temporário para uns poderá ser a asfixia de outros. Por isso, há quem vaticine que vai haver maior oferta de habitação no mercado nos próximos tempos. O director-geral da Porta da Frente Christie’s, Rafael Ascenso, avançou recentemente em webinar que ainda “não há pressão para vender” imóveis mas reconhece que poderão surgir pessoas que, “ou porque perderam os seus empregos” ou “porque perderam liquidez”, poderão fazer “vendas a pressa”. O imobiliário vive de e para as pessoas, pelo que a recuperação do mercado vai depender dos seus níveis de confiança e de como vão adaptar-se as novas realidades. Há, pois, neste momento, muitos portugueses “ansiosos” com e nas suas casas.
Mercado adormecido
No início deste ano os experts afiançavam que o mercado da habitação estava maduro
O mercado imobiliário nacional pode vir a ser dos primeiros sectores capazes de se superar, ressurgir das cinzas e reerguer-se novamente, trazendo depois a reboque todos os demais. Portugal’s real estate market could be one of the first sectors of the economy capable of surpassing what it once was, rising from the ashes, and re-establishing itself, then bringing all the rest in tow.”
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e já se observava um equilíbrio dos preços. Assistia-se também a lançamentos, transacções e negócios, reservas e operações fechadas, quer fosse no segmento residencial, quer fosse nos escritórios, retalho ou hotelaria. Agora, parece que o País está em modo de “stand by”, será? O CEO da Keller Williams, Nuno Ascensão, é da opinião, que a mediação imobiliária “está meio adormecida” e que sente, “tal como todos neste mercado devem ter sentido, uma descida na procura, ou seja, existe um abrandamento natural do mercado”. João Nuno Magalhães, director-geral da Predibisa, adianta que têm “negócios parados, em stand by” isto porque os “clientes internacionais não podem visitar as instalações que as suas empresas pretendem arrendar no Porto, e estou a falar em grandes negócios de 4.000 ou 6.000 metros quadrados”, ou porque os “clientes querem comprar um terreno para construir habitação e aguardam que a câmara lhes dê a informação que lhes fundamenta o negócio” ou ainda porque há “clientes que nos pretendem entregar o andar para vender ou arrendar e por vezes a visita não é fácil”. Por isso, “Março e Abril vão seguramente representar uma quebra de negócios que se
poderá reflectir em algo como 40% da nossa produção”. A RE/MAX Portugal recorda que sendo este um negócio de contacto directo com as pessoas e estando o País em quarentena, está naturalmente a “sofrer as consequências deste momento”. Apesar de o sector pecar pela falta de números oficiais, no caso desta rede de mediação imobiliária, “tanto o número de angariações como o número de pedidos de informação sobre os imóveis, desceram drasticamente”, por isso, fecharam o mês de Março com uma “quebra grande nos resultados”. Nuno Ascensão vê este período de confinamento também como uma oportunidade e considera que os agentes têm de estar “focados na procura de novas soluções e abordagens a este “novo” mercado”. Por um lado o CEO da KW considera que será necessário um “reajustamento” porque “os locais de trabalho serão diferentes, as salas de formação serão diferentes” e tudo isto leva a que as “mediadoras vão ter de se adaptar e os consultores também”. Por outro, é da opinião que “todos teremos de ficar mais próximos digitalmente dos nossos clientes” e que “a tecnologia vai ser essencial para maxi-
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mizar a digitalização do serviço desde o primeiro contacto até à conclusão do negócio”. Aliás, se não fosse o digital, tudo estaria realmente parado e também mais isolado. Mas com o fim gradual do confinamento à vista e as empresas e agentes de mediação imobiliária a recomeçar a sua actividade “face to face”, João Nuno Magalhães acredita que “o mercado vai reagir como nas anteriores crises, mas aqui de uma forma mais rápida porque todos estávamos em crescimento, e vai ser ele a ajustar a oferta à procura”. Crê também que “o turismo e a restauração vão trazer novos negócios, que resultarão necessariamente da queda precipitada do short-rental, do fecho forçado de alguns restaurantes, pelo que novos negócios de retail e de arrendamento de longa duração surgirão”.
Renascer das cinzas
Do lado dos investidores e promotores imobiliários, regra geral, impera uma perspectiva de moderado a elevado optimismo. Hugo Santos Ferreira, vice-presidente executivo da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), confia que na “era pós-Covid19, o mercado imobiliário nacional pode vir a ser dos primeiros
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sectores capazes de se superar, ressurgir das cinzas e reerguer-se novamente, trazendo depois a reboque todos os demais”. Aliás, como ressalva, tendo em conta a “mensagem que nos têm passado os investidores pan-europeus e internacionais”, “não se prevê (à excepção da quebra do turismo) que os restantes “fundamentals” do mercado imobiliário nacional sofram uma mudança radical, uma quebra abrupta ou mesmo desapareçam”. Por isso acredita que, “no médio-longo prazo, o mercado imobiliário continue a ser atractivo”. A curto prazo, recorda, no entanto, que “esta pandemia está a paralisar muitas das empresas de promoção e investimento imobiliário, com cortes nas suas receitas, o que provocará um estrangulamento de tesouraria, colocando em risco toda uma fileira que depende quase a 100% destas mesmas empresas (sim a 100%, uma vez que quase não tínhamos investimento público, sendo a larga maioria
privado)”. Outras das áreas que preocupa José Velez, director da Prime Yield Portugal, é a avaliação imobiliária, uma vez que “a actividade praticamente parou por via do facto de um dos pilares essenciais da actividade ser a visita aos imóveis” e, como recorda, “nesta fase, tal situação está praticamente interdita ou impossibilitada por medidas restritivas de deslocação e contacto social”. Na sua perspectiva, “sendo o sector imobiliário caracterizado por segmentos tão diversificados, é muito natural que haja uma diferença nas estratégias de resposta e na velocidade de reacção e consequente recuperação”. E dá o exemplo do sector de construção civil que “deverá ter uma resposta e velocidade de reacção diferentes em relação ao mercado de ocupação de escritórios”. Com efeito, como José Velez diz, actualmente, “já se consegue prever uma retracção na actividade de ocupação de escritórios devido
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Temperatura Temperature
“Italexit” segue “Brexit”? Will “Italexit” follow “Brexit”?
ao teletrabalho que está a ser imposto agora e às previsíveis dificuldades económicas e de liquidez de algumas empresas”. Por outro lado, o “sector da construção ainda continua a sua actividade normal, muito embora já prejudicada pela dificuldade na disponibilização de materiais e de alguma mão-de-obra”.
Menina estás à janela
Os órgãos de comunicação internacionais The New York Times, El País, Forbes e The Guardian teceram rasgados elogios à forma como Portugal, desde o Governo e oposição, aos empresários e cidadãos portugueses, lidaram com esta crise. Se as empresas ou o imobiliário não estavam preparados para esta pandemia agora já sabem o que os espera. Não devem voltar a cruzar os braços. Devem tomar previdências, pois este cenário pode voltar a acontecer. Independentemente de quem se mudou de dossiês e computar do seu escritório para casa, de quem distribuiu livros, cadernos e lápis em cima das mesas como salas de aulas ou de quem passou a assistir a conferências e webinar via online, no pós-coronavírus a forma como vemos a “normalidade” será segu-
ramente diferente. Uma coisa é certa, nunca os portugueses deram tanto valor às suas casas, às suas janelas e varandas. Nunca desfrutaram tanto das suas quatro paredes e das novas tecnologias. Nunca o imobiliário fez tanta falta e serviu tantas pessoas. Só continua a fazer falta o café e dois dedos de conversa, frente a frente, na pastelaria do bairro ou ao pé do escritório, sem máscaras ou filtros. Countless people throughout the world have said that COVID-19 or the new coronavirus is an invisible, silent, lethal enemy. Others have compared these strange, uncertain times to a new World War. We’ve put locks on the door. But of course the sun has reached the beaches and the gardens are all abloom. It was originally said this pandemic would only affect the elderly, but, then, the curve shot up dramatically. We’re now in the middle of Spring, but everything points to confinement not lasting until the summer, as this would be a very difficult scenario to control – even for the disciplined Portuguese. In times of cholera, there are always those who profit. Throughout this crisis, revenues
Em declarações ao jornal alemão “Suddeutsche Zeitung”, o Primeiro-Ministro de Itália, Giuseppe Conte, coloca muitas reticências ao apoio de 500 milhões de euros, aprovado pelo Eurogrupo, que será disponibilizado através do Mecanismo Europeu de Estabilidade, lembrando os “sacrifícios inaceitáveis que foram pedidos aos gregos, na última crise financeira, para obterem créditos”. Critica também a posição dos países europeus que estão contra a emissão de “coronabonds”, nomeadamente a Holanda O impacto desta realidade em Itália é tal que um inquérito da empresa Tecnè revela que 50% dos italianos querem sair da União Europeia. O “Italexit” pode vir a ser uma realidade no pós-Covid-19. In statements made to German newspaper “Süddeutsche Zeitung,” Italy’s Prime Minister Giuseppe Conte voiced concerns about the €500 million EUR support line that has been approved by the Eurogroup and will be made available via the European Stability Mechanism, mentioning the “unacceptable sacrifices that were asked of the Greeks during the last financial crisis to obtain support.” He also criticise the position of certain European countries that have come out against the issuing of “coronabonds,” namely the Netherlands. The impact this has had on Italy is stark. A Tecnè inquiry has revealed that 50% of Italians want to leave the European Union. “Italexit” may very well become a reality in the post-COVID-19 world.
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have skyrocketed at companies that make such products as disinfectant gel, protective masks, toilet paper, other non-perishable items, and frozen goods, as well as for companies that provide services such as online streaming, virtual fitness classes, door-todoor deliveries. Funeral homes have also been kept busy… The way we look at the labour market has also changed. There are those who have laid people off and availed themselves of government benefit programmes and lines of credit. There are companies that have been able to make use of telework options and have their employees participate in videoconferences from their homes. And there are yet others that have simply just shut down, causing job losses as business has dried up. All this in the span of just one month. And as for real estate? It’s still a bit premature to make any conjectures about what effect this pandemic will have on this industry, but experts believe that it will recover more quickly than it did after the last crisis that brought the Troika to Portugal. Maybe this
is too optimistic, but we have to understand that everyone has their agenda. And, in this environment, the watchword is to sell. In good weather, real estate companies bet on proptech. The European Commission gave approved the Portuguese government to proceed with €3 billion EUR of support for small and medium-sized businesses (SMBs) affected by this outbreak. The State has also announced various protection measures that, in reality, will only help some and won’t be enough. Statistics for virtually every part of the economy are falling at an alarming rate, a trend they are powerless over. We’ll just have to wait and see. Not long ago at all was the government talking non-stop about real estate, enacting and rescinding measures, decrees, and regulations regarding the industry. Now, it seems that real estate has been all but forgotten, with notable exceptions being the postponement of rent payments, the suspension of evictions, and the deferral of any changes being made to the Golden Visa regime until
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the end of the year. Could this be so?
Anxious Portugal
Speaking at the Assembly of the Republic after the approval of the President of the Republic’s decree prolonging the State of Emergency, Minister of Housing and Infrastructure Pedro Nuno Santos stated that “this is not the time for families to be anxious about looking for a new home” and assured them they would have “stability during this time” of pandemic-induced crisis. According to Santos, housing is “one of the areas that causes the most instability, the most insecurity, the most anxiety, and the most anguish” for Portuguese families, so the Executive branch has tried to “strike a balance between defending and protecting tenants, Portuguese families and defending the legitimate rights of landlords” while also “preserving the State’s budgetary capacity to proceed with other housing programs” that are already being implemented. The most notable measures approved by the government include the non-expiration
Talk to us
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of lease agreements until 30 June and the prohibition of calling for termination of such contracts due to late payments, as well as the Institute of Housing and Urban Renewal (IHRU)’s granting of interest-free loans to families and landlords if they have “proven loss of income.” These measures have also been extended to central and local governments, most of which have opted to suspend, reduce, or even provide exemptions from “rents on housing or non-housing properties” that belong to them. These decisions have been applauded and well received. All parties have recognised our leaders’ good sense to act in the true sense of housing and social solidarity. But a temporary lifeline for some may spell trouble for others. Consequently, some predict that there will be a greater supply of housing on the market in the near future. The Rafael Ascenso, CEO of Porta da Frente Christie’s, recently stated in a webinar that, although “there is no pressure to sell [properties]” yet, people may appear who, “because they either lost their jobs or lost their liquidity,” will be “rushing to sell [their properties].” Real estate lives of and
for the people, so the market’s recovery will depend on confidence levels and the ways in which people adapt to these new realities. Thus, at the moment, there are a lot of “anxious” Portuguese with homes and at home.
A sleeping market
At the beginning of the year, experts were swearing up and down that the housing market was mature and that prices had been stabilising. Everyone was witness to project launches, transactions, business deals, reservations, and closed operations in the residential segment, the office segment, retail, and hospitality. Now, it seems the country is in “standby” mode. Is this right? Nuno Ascensão,CEO for Keller Williams,is of the opinion that real estate “is half asleep,” and he feels that, “just like everyone in this market must feel, there has been a drop-off in demand. In other words, the market has been experiencing a natural slowdown.” João Nuno Magalhães, General Manager at Predibisa, believes that there are “deals that have been put on standby” because “international customers can’t visit the facilities that their companies intend to lease in Porto. And
Tempos de “limpeza”
A RE/MAX PT dá uma ideia muito clara do que poderá suceder na mediação imobiliária no pós-Covid-19. À semelhança da crise de 2008, também a actual crise vai ser de “limpeza”, ou seja, muitas das agências de mediação que “abriram sem estrutura, sem ferramentas, sem formação e, muitas delas, sem know-how, acabam por fechar”. Ainda assim, cerca de 50.000 profissionais desenvolvem a sua actividade na mediação imobiliária, pelo que é necessário que “o Governo proteja este sector que tem sido nos últimos anos fundamental para a economia portuguesa”. É certo que já foram tomadas algumas medidas de apoio aos trabalhadores independentes e às empresas mas “é necessário fazer algo mais, pois o tempo de recuperação vai ser superior ao desejado”.
Spring “cleaning”
RE/MAX PT gives us a clear idea of what could happen with real estate brokerage agencies in a post-COVID-19 world. Similar to the crisis of 2008, the current crisis will also “clean house.” In other words, a good number of real estate agencies that “opened without any kind of structure, tools, training, or know-how will end up closing.” Even so, around 50,000 professionals work as realtors, so it’ll be necessary for “the government to protectthis industry, which has been indispensible to the Portuguese economy over the last few years.” Some measures designed to support businesses and the self-employed have already been implemented, but “something else has to be done because the recovery time will be longer than desired.” The problem is that, “if we open the doors to the public tomorrow, sales won’t appear immediately,” since “everything works like a linked chain. [One thing will happen after the other.] In most cases, things may take three to six months.” Therefore, “the time has come for usto also be helped.”
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O turismo e a restauração vão trazer novos negócios (ao imobiliário), que resultarão necessariamente da queda precipitada do short-rental, do fecho forçado de alguns restaurantes, pelo que novos negócios de retail e de arrendamento de longa duração surgirão. Tourism and the restaurant business will bring new real estate opportunities to the table that will be the natural result of the precipitous fall of the short-rental business and the forced closures of some restaurants. So, new deals related to retail and longer-term leases will arise.”
I’m talking about big transactions for spaces that are 4,000, 6,000 m².” It could also be because “customers want to buy a plot of land where they’re thinking about building some housing but are waiting for the local government to give them information that they need in order to craft their proposal.” These deals could also be on hold because there are “customers who want to hand over the floor
to us to sell or let but visiting it isn’t always easy.”Because of all this, “we will surely see something like a 40% drop in business for the months of March and April due to these deals that have been stalled.” RE/MAX Portugalstates that, since it’s a business that conducts business in direct contact with people and since Portugal is in quarantine, it is naturally “suffering consequences at
the moment.” Although the industry lacks official figures, this network real estate agency explains that “both the number of additions of new properties to our network and the number of property information requests have gone down drastically.” Because of this, the company experienced a “large drop in results” during the month of March. Despite this situation, Ascensão also sees this period of confinement as an opportunity and believes that the industry ought to be “focused on finding new solutions and approaches for this ‘new’ market.” KW’s CEO believes a “readjustment” will be necessary because “workplaces will be different, training rooms will be different,” and all this will force “realtors and consultant to adapt.” He is also of the opinion that “we will all have to serve our customers digitally to a
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Snow
União faz a força Strength lies in unity
O antigo Primeiro-Ministro britânico Gordon Brown, sugeriu formar um “Governo Mundial”, na forma temporária de governo global, para enfrentar as crises de saúde e económicas causadas pela pandemia de Covid-19. Recorde-se que foi ele quem liderou o Reino Unido durante a crise económica de 2008. Na primeira reunião virtual do grupo dos G20 de países desenvolvidos e em desenvolvimento, presidida pela Arábia Saudita, defendeu que “estamos perante um problema que não pode ser tratado apenas por um país” e que “tem que haver uma resposta global coordenada”. Este grupo tem, no entanto, um problema, engloba países como os Estados Unidos da América e a China que têm líderes pouco dados a iniciativas conjuntas. Former UK Prime Minister Gordon Brown has suggested forming a temporary “World Government” that would help tackling the health and economic crises caused by the COVID-19 pandemic. Brown led the UK during the economic crisis of 2008. During the first virtual meeting of the G20 group of developed and developing countries, chaired by Saudi Arabia, Brown argued that “we are facing a problem that cannot be addressed by just one country” and that “there has to be a coordinated global response.” This group has a problem, though: some of its member countries, such as the U.S. and China, have leaders that are not always the friendliest to joint initiatives.
great extent than before” and that “technology will be essential in capitalising upon the digitalisation of our services, from first contact up until the end of the transaction.” In fact, if it weren’t for technology and this digital age, everything would really be stopped and even more isolated. But, with the gradual end of the confinement in sight and realtors and real estate agencies restarting their face-to-face activities, Magalhães believes that “the market will react as in previous crises, but, this time, it will react more quickly because we were all growing and it will be the one to adjust supply to the demand.”Magalhães also thinks that “tourism and the restaurant business will bring new real estate opportunities to the table that will be the natural result of the precipitous fall of the short-rental business and the forced closures of some restaurants. So, new deals related to retail and longer-term leases will arise.”
Rising from the ashes
Among most real estate investors and developers, a moderate to elevatedlevel of optimism prevails. Hugo Santos Ferreira, Executive Vice President of the Portuguese Association of Real Estate Investors and Developers (APPII),
trusts that, in the “post-COVID-19 era, Portugal’s real estate market could be one of the first sectors of the economy capable of surpassing what it once was, rising from the ashes, and re-establishingitself,then bringing all the rest in tow.” In fact, he says, keeping in mind the “message that pan-European and international investors have communicated to us, […] we do not expect the remaining “fundamentals” of Portugal’s real estate market (except for the tourism segment) to experience any radical changes, an abrupt drop-off, or even disappear.” Because of this, he believes that, “in the medium-long term, the real estate market will continue to be attractive.” In the short term, though, he says that “this pandemic is paralysing lots of real estate developers and investment companies with cuts in their revenue streams, which will cause their coffers to become strangled, putting an entire swath of businesses that depend almost 100% on those same developers and investors at risk (indeed, it really is actually 100%, since we’ve had almost no public investment; the majority of it is private).” Another area that concerns José Velez, Director of Prime Yield Portugal, is real estate appraisal. This kind of “activity has practically stopped in
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its tracks due to the fact that an essential part of [appraising properties] is visiting them. […] At this stage, performing such visits is practically forbidden or made impossible due to the measures in place restricting movement and social contact.” From his point of view, “given the fact that the real estate industry is composed of such a diverse range of segments, there will naturally be differences in response strategies and the speed at which things react and, consequently, recover.”As an example, Velez looks at civil construction, which “should have a different response and reaction speed in relation to the office market.” Indeed, Velez says that “we can already foresee a contraction in the office market thanks to telework, which is being imposed upon companies currently, and tothe predictable
economic and liquidity difficulties some companies will experience.”On the other hand, the “construction sector is still continuing along normally,even though it is being hampered by the difficulty in procuring materials and, to some extent, labour.”
Looking in through the window
International media outlets such as The New York Times, El País, Forbes, and The Guardian have given high praise to the way that Portugal has dealt with this crisis – from the Government and the opposition to Portuguese entrepreneurs and citizens themselves. Although businesses and real estate may not have been prepared for this pandemic, they now know what awaits them. They must not become complacent. They must take precau-
tions, as this could always happen again. Independently of whether you haves witched from working at an office to working from home or have started to attend web conferences, in the post-COVID-19 world, the way we view “normalcy” will surely be different. One thing is certain: the Portuguese have never valued their homes, their windows, or their balconies more. Never have they enjoyed their own four walls and new technologies so much. And never has real estate been so missed and served so many people. The only things that are missing now are some face-to-face conversation at the neighbourhood pastry shop or in front of the office – without masks or filters.
Na área metropolitana da Boavista, nasce o Icon, numa zona em fase de revitalização e consolidação junto à área empresarial histórica da cidade do Porto. No nó de Francos, entre as duas principais artérias da cidade, o Icon apresenta-se num lugar
atraente e seguro que oferece mobilidade junto ao metro do Porto, ambiente e tecnologia promovendo coesão entre as pessoas e gerando qualidade de vida onde as pessoas trabalham felizes.
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Palรกcio da Anunciada
Memorรกvel Memorable
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The One Palácio da Anunciada foi o grande vencedor do Prémio Nacional do Imobiliário 2020. Falámos com o director-geral do hotel e com os arquitectos envolvidos nesta obra emblemática para perceber o que o torna tão singular. The One Palácio da Anunciada was the big winner of the National Real Estate Award 2020. In order to better understand what makes this iconic project so unique, we spoke with the hotel’s general manager and with the architects involved in bringing it to life.
Texto Text: Carla Celestino
Após o crescimento das unidades em capitais europeias como Barcelona, Madrid, Roma, Londres ou Berlim, Lisboa surgiu como uma “excelente opção” para o Grupo H10 Hotels. O director-geral de Lisboa Leandro Muñoz considera que “a capital Lusa tem todos os ingredientes para ser um excelente destino: excelentes conexões aéreas, um destino seguro, excelente gastronomia, um clima fantástico e cultura”. Foi neste contexto que surgiu a oportunidade da abertura do H10 Duque de Loulé no ano de 2015, um hotel quatro estrelas “único, diferenciador, elegante, com os serviços e standards H10 Hotels, e numa localização privilegiada, junto ao Marquês de Pombal”. Leandro Muñoz recorda com brilho nos olhos que, em 2016, “após o sucesso da nossa primeira unidade, tivemos o privilégio de descobrir uma jóia no centro da cidade a 50 metros dos Restauradores”. Tratava-se de um antigo palácio abandonado, é certo, mas como defende com paixão, reunia “todos os ingredientes para ser sem dúvida um hotel único na cidade: uma localização premium, um prédio com séculos de história, e 2.500 m2 de jardins que iam ser a delícia dos nossos clientes”. A ânsia era tal que os trabalhos de recuperação e reconstrução do Palácio foram logo iniciados, tendo ficado concluídos em 2019. O hotel de cinco estrelas, a segunda unidade do grupo dentro da marca The One by H10 Hotels, abria, assim, portas com a designação de The One Palácio da Anunciada.
Uma grande aventura
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“Vimos desde o início o potencial que tinha no hotel” e “após meses de trabalho junto com os arquitectos e com o desenhador de interiores Jaime Beriestain, finalizamos o projecto com 83 quartos”, recorda com entusiasmo Leandro. O traço deste projecto coube ao Fragmentos de Arquitectura, atelier que nasceu em 1994 e é composto por um colectivo de quatro arquitectos que ao longo de mais de duas décadas têm vindo a desenvolver projectos “ambiciosos e desafiadores”. E desafio é precisamente a palavra-chave que define a reabilitação deste hotel. Os arquitectos reconhecem que a intervenção no Palácio da Anunciada “tem um significado especial” no seu portfólio, tendo em conta, sobretudo, a “dimensão e complexidade do projecto em questão”. Aliás, como afirmam, esta obra foi um teste às suas capacidades e um grande desafio, não só pelo “estado de conservação do edifício que era já à data muito mau”, como pelo “valor histórico e arquitectónico do edifício existente, aliado ao facto de lhe transmitir agora um novo uso, extremamente ambicioso do ponto de vista da área a ocupar e do programa a respeitar”. Acima de tudo, o projecto do Palácio da Anunciada é uma “homenagem à tradição portuguesa”, realça o director, “cada quarto inclui peças de cerâmica originais, pintadas à mão e criadas exclusivamente para o hotel, além
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de imagens únicas do edifício original que oferecem aos hóspedes uma viagem através do tempo da história do palácio”. O restaurante gastronómico Condes de Ericeira, situado num dos salões nobres do palácio e com acesso directo aos jardins é outro dos espaços que dão memória e nobreza a esta unidade hoteleira, tendo sido “reformado rigorosamente para recuperar toda a riqueza de detalhes da sua decoração original, incluindo um magnífico tecto artesoado com frescos pintados à mão”, ressalta Leandro. O mesmo se passou com o Jardim Wine Bar, que se encontra num outro salão nobre do palácio e que também foi “perfeitamente restaurado para recuperar o esplendor original do seu tecto artesoado e janelas”. Se, por um lado, os arquitectos destacam a “resiliência e empenho de uma fantástica equipa, desde o promotor, ao construtor, à fiscalização e a todos os projectistas nele envolvidos” graças à qual conseguiram “um trabalho final que é para todos um motivo de or-
gulho”; já o director diz que relativamente ao staff do hotel é “um luxo e um privilégio contar com uma equipa única e profissional para esta aventura”.
Um lugar muito especial
Além da beleza do interior e exterior do hotel, a par dos espaços de restauração onde impera a gastronomia de produtos naturais e de alta qualidade, os demais serviços disponibilizados cativam igualmente a uma estada mais demorada. No Despacio SPA at The One é possível desfrutar de uma “experience pool” aquecida e com luz natural, sauna finlandesa e duche sensorial com cromoterapia, ginásio 24h00 com equipamento de última geração para exercícios cardiovasculares e de tonificação, serviço de massagens, tratamentos faciais e corporais, zona de relaxamento com espreguiçadeiras, além da piscina exterior que preside os jardins, junto com o Pool Bar. Acresce mais dois espaços únicos onde se pode ce-
lebrar qualquer tipo de eventos: o Boémio Lounge e a Antiga Cozinha. É com brio que Leandro Muñoz refere que o The One Palácio da Anunciada foi desde o início um caso de “sucesso”, quer ao nível da “taxa de ocupação”, que “superou sempre as nossas expectativas no primeiro ano de operação”, quer de “aceitação dos nossos clientes”. Mais do que ser premiado, o que o torna tão singular é que “desde que o cliente entra no hotel, sente que está num lugar especial onde a sua estada será memorável”. After opening units in top European cities such as Barcelona, Madrid, Rome, London, and Berlin, Lisbon emerged as an “excellent option” for the H10 Hotels Group. Leandro Muñoz, the group’s general manager in Lisbon, believes that “the Portuguese capital has all the ingredients necessary to be an exquisite destination: wonderful connectivity via air, safety and security, excellent cui-
Unir esforços pela prevenção. Com os canais digitais Santander, passa bem com o seu Banco em casa.
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sine, a fantastic climate, and lots of culture.” All this set the foundation for the opening of the H10 Duque de Loulé in 2015, a four-star hotel that is “unique, distinctive, and elegant and features all the services and meets all the standards of a typical H10 Hotel. Its location next to Marquês de Pombal is also rather spectacular.” Muñoz recalls with a twinkly in his eyes that, in 2016, “after the success of our first unit, we had the good fortune of discovering a jewel in the centre of the city located just 50 metres from Restauradores.” The building was, indeed, an old, abandoned palace, but, as he passionately explains, it had “all the right ingredients to be an undoubtedly unique hotel in the city: a prime location, a building with centuries of history, and 2,500 m² of gardens that were to become the delight of our guests.” The ensuing eagerness to work on the project was so great that the restoration and reconstruction work began right away and was completed in 2019. The five-star hotel, the group’s second unit opened under the “The One by H10 Hotels” brand, thus opened its doors with the name “The One Palácio da Anunciada.”
A great adventure
“We saw the potential the hotel had from the very beginning,” and, “after months of work with our architects and interior designer
Jaime Beriestain, we the finalised the project with 83 rooms,” Muñoz recalls with enthusiasm. Responsibility for how the project was to be designed was handed to Fragmentos de Arquitectura (“Fragments of Architecture” in English), a studio that opened its doors in 1994 and whose four architects have spent the last 2.5 decades working on “ambitious and challenging” projects. And challenging is precisely the word to describe what renovating this hotel was like. The architects explain that the Palácio da Anunciada renovation project “has a special place” in their portfolio thanks especially to the “size and complexity of the project in question.”In fact, this project tested their abilities and was a great challenge not only because of the “extremely poor condition of the building” but also because of the “historical and architectural value of the existing building, combined with the fact that we had to adapt it to a new function. [This project was] extremely ambitious in terms of the way we had to (re-)craft the building and the blueprint we had to follow.” Above all, the Palácio da Anunciada project is an “homage to Portuguese tradition,” Muñoz emphasises.“Each room features original, hand-painted ceramic pieces that have been created exclusively for the hotel as well as unique photographs that take guests on a voyage that spans the history of the palace.”
The Condes de Ericeira fine dining restaurant, located in one of the palace’s ballrooms with direct access to its gardens, is another of many spaces that evoke a sense of nobility in this unique hotel. The room was “painstakingly renovated so as to fully recover the beauty of all its original, opulent details and especially its magnificent, hand-painted coffered ceiling with frescos that were painted by hand,” Muñoz explains. The Wine Bar Garden, found in another ballroom at the palace, was given a similar treatment: “[It was also] perfectly restored in a way that salvabed the original splendour of its windows and coffered ceiling.” While the architects highlight the “resilience and commitment of a fantastic team, from the developer, to the construction company, the inspection teams, and all the designers involved” (thanks to whom they managed to hand over “a final product that is a source of pride for all”), Muñoz says that, with regard to the staff of the hotel, it is “a honour and a privilege to have such a remarkable and professional team for this adventure.”
A very special place
In addition to the hotel’s beauty inside and out and its restaurant spaces where haute cuisine made with natural, high quality products prevails, the other services available also invite all those who enter to linger. The Despacio SPA at The One features a heated “experience pool” with natural light, a Finnish sauna, a sensory shower with chromotherapy, a 24h gym with state-of-the-art equipment designed for cardiovascular and toning exercises, massage services, facial and body treatments, a relaxation area with lounge chairs, and an outdoor pool that overlooks the palace’s gardens and the Pool Bar. Guests can also avail themselves of two more unique spaces where they can celebrate any type of event: the Bohemian Lounge and the Olde Kitchen. Muñoz proudly stated that The One Palácio da Anunciada has been a “success” since the beginning, whether that be in terms of its “occupancy rate” (which “consistently exceeded our expectations during our first year in operation”) or “how well it has been received by guests.” Winning this year’s National Real Estate Award isn’t the only thing to make this hotel so unique: “From the moment anyone enters the hotel, they immediately feel that they’re in a special place where their stay will be undeniably memorable.”
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Lisbon Green Valley
Um refĂşgio muito especial
A very special refuge
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A maioria dos profissionais quando descreve o Belas Clube de Campo destaca a qualidade do projecto arquitectónico ou da construção, depois refere a envolvente na qual está inserida - a Serra da Carregueira ou a localização a 10 minutos de Lisboa -, mas também salienta os bons acessos às praias ou ao aeroporto e as modernas infra-estruturas e exemplar paisagismo. Poucos podem invocar tantos argumentos como os que existem neste empreendimento. When most industry professionals talk about the Belas Country Club, they rave about the quality of the project’s architecture or construction. They praise its setting adorning Serra da Carregueira, just a 10-minute car drive from Lisbon. And they also talk about its modern infrastructure, impeccable landscaping, and how easily accessible it is from the airport and the area’s beaches. Few places can boast of all the amenities and features this development has. E porquê? Já se sabe quase tudo sobre este destino. A sua envolvente com a natureza, o cuidado com a urbanização, os espaços verdes e o golfe, a beleza e o requinte de cada detalhe. O que é menos habitual é realçar o que ele “esconde” em termos de sustentabilidade e resiliência. Após o sucesso do lançamento e comercialização das primeiras unidades no Lisbon Green Valley, o André Jordan Group coloca agora no mercado 51 novos apartamentos e um conjunto de 15 townhouses, representando um investimento de 25 milhões de euros. Da autoria do arquitecto Eduardo Capinha Lopes, os edifícios destacam-se por uma arquitetura moderna e sofisticada, integrados com a natureza envolvente, onde foram incorporadas as mais recentes inovações de sustentabilidade tanto ao nível da construção como dos materiais e das tecnologias. Distribuídos por três prédios de quatros pisos, os 51 apartamentos apresentam tipologias de T1 a T3, com uma área útil entre os 89 m2 e os 169 m2 e com amplas varandas e estão disponíveis a partir dos 420 mil euros. Os apartamentos de R/C, designados por “garden”, incluem ainda um jardim e piscina privativa e apresentam áreas entre os 40 m2 e os 120 m2. Os acabamentos interiores são contemporâneos e obedecem aos mais elevados patrões de estítica e conforto. Quanto às townhouses, têm uma área de 265 m2 e tipologia T4, variando a área ajardinada, entre os 56 m2 e os 753 m2, e a existência de piscina privativa nos lotes de maior dimensão. Para Gilberto Jordan, CEO do André Jordan
Group, “a nova oferta do Lisbon Green Valley vem dar resposta a uma crescente procura por projetos inovadores. São produtos de grande qualidade arquitetónica e construção sustentável, com um enquadramento e localização únicos. Para além disto, incorporámos algumas soluções muito procuradas por clientes internacionais, como é o caso de todos os quartos serem “suites”. A par de todas estas características, onde a qualidade e sofisticação são uma constante, há um profundo compromisso com o meio ambiente, com iniciativas concretas para tornar todo o empreendimento e as soluções residenciais sustentáveis e eficientes e procurando uma vivência “saudável” contribuindo para uma melhor qualidade de vida das famílias e para um mundo melhor.
Excelente desempenho hídrico
Antecipar o futuro
Paralelamente, o Belas Clube de Campo foi certificado pela norma de Resiliência às alterações climáticas e outros, pelo Sistema LiderA, atribuídas ao Lisbon Green Valley, obtendo um elevadíssimo grau de resiliência (Classe A). Trata-se de uma certificação inovadora que atesta a capacidade dos ambientes construídos e comunidades, se ajustar, reagir e dar resposta, face a riscos naturais (como inundações, tempestades, vagas de calor) e humanos quer sociais, quer económicos (como criminalidade, ataques terroristas, falhas das infra-estruturas, entre outros). Manuel Duarte Pinheiro, responsável pelo Sistema LiderA, sublinha que “o Belas Clube de Campo é uma referência internacional na área
O Belas alcançou níveis inéditos de eficiência energética na construção das novas casas, antecipando o cumprimento da Diretiva Europeia sobre o Desempenho Energético dos edifícios com necessidades quase nulas de energia (NZEB), exigido a partir de 2021. São disso exemplo as novas townhouses que assumem um muito elevado nível de eficiência energética, quer pelo reduzido consumo de energia, quer pela existência de sistemas de produção fotovoltaica de energia local que fornecem as necessidades energéticas permitindo acumular em baterias Ampere e que cumprem e até superam os requisitos estabelecidos para a certificação NZEB.
Este empreendimento é o primeiro a ser distinguido pela ADENE – Agência para a Energia, com o AQUA+, o inovador índice de desempenho hídrico dos edifícios. Trata-se do primeiro instrumento de classificação de eficiência hídrica nos edifícios, que utiliza uma nova metodologia pioneira na Europa, e pretende identificar e distinguir as boas práticas no uso eficiente dos recursos hídricos nos edifícios e urbanizações. O empreendimento materializa assim as primeiras certificações deste índice, em todas as tipologias dos novos edifícios do Lisbon Green Valley – apartamentos e townhouses. Todas alcançaram a classe hídrica A, a mais alta disponível.
LiderA na resiliência
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da sustentabilidade e apresenta já um conjunto de medidas distintivas em relação à prática comum, sendo por isso um empreendimento com uma elevada procura de sustentabilidade e resiliência”. But why? Everyone knows almost all there is to know about this destination. Its natural surroundings, the care put into its planning, its green spaces and golf course, the beauty and refinement found in every detail… What people often don’t do is discuss what it “hides” in terms of sustainability and resilience. After the successful launch and sales of Lisbon Green Valley’s first units, the André Jordan Group is now bringing 51 new apartments and a set of 15 townhouses, representing a total investment of €25 million EUR. Designed by architect Eduardo Capinha Lopes, the buildings’ architecture is modern and sophisticated and blend in with their natural surroundings. These structures also incorporated the most recent innovations in sustainability into their construction, materials, and technology. Distributed over three four-storey buildings, the project’s 51 apartments have one to three bedrooms and are between 89 m² and 169 m² large with spacious balconies; prices start at €420,000 EUR. The apartments on the ground
floor, also known as the “garden” units, also feature a private garden and pool and have between 40 m² and 120 m² of space. The interior trims and finishings are contemporary and conform to the highest standards of aesthetics and comfort. The townhouses, meanwhile, are 265 m² large and feature four bedrooms; garden areas that have between 56 m² and 753 m² of space; and private pools on the larger lots. Gilberto Jordan, CEO of the André Jordan Group, says, “Lisbon Green Valley’s new offer-
ings are a response to the growing demand for innovative projectos. The quality of the architecture of these products is phenomenal, and they’ve been built sustainably too, with a unique location and surroundings. In addition to this, we incorporated a number of features that are highly sought after by international customers into these units. For example, all the bedrooms are “suites.”” In addition to all these amenities which place a premium on quality and sophistication, a deep commitment has been made to the environ-
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mance index that measures buildings’ water efficiency. It’s the first instrument of its kind and uses a new, pioneering methodology not seen before in Europe. It aims to identify and recognise best practices in the efficient use of water resources in buildings and urban developments. This project is the first to follow the certification requirements for this index in all the kinds of new buildings found at Lisbon Green Valley – apartments and townhouses. All were given water class A, the highest available.
A leader in resiliency
ment, with concrete initiatives being implemented to make the entire development and all the residential units sustainable and efficient – all for a better world. Indeed, this project seeks to ensure “healthy” lives and improve the quality of life for its residents.
Anticipating the future
Belas reached unprecedented levels of energy efficiency in these new homes, anticipating the need to comply with the European Directive regarding the Energy Performance of Nearly zeroenergy buildings (NZEB); this requirement will enter into force in 2021.
Examples of this are the new townhouses, which have a very high level of energy efficiency thanks to their reduced energy consumption and due to photovoltaic systems that produce energy locally, satisfying the buildings’ energy needs. These systems also allow the energy to be stored in Ampere batteries and meet – and even exceed – NZEB certification requirements.
Excellent water efficiency
This development is the first to be recognised by Portugal’s Energy Agency (ADENE) with the AQUA+ distinction, an innovative perfor-
Belas Clube de Campo and Lisbon Green Valley have also been certified with the standard of Resilience to climate change and others by the LiderA System, obtaining a very high grade for climate change resilience (Class A). This innovative certification attests to buildings’ and communities’ ability to adjust, react, and respond to both natural hazards (e.g., floods, storms, heat waves) and hazards created by humans, be they social or economic (e.g., crime, terrorist attacks, infrastructure failures, and more). Manuel Duarte Pinheiro, the head of the LiderA System, highlights that “Belas Country Club is an international point of reference in the area of sustainability and has already put into place a set of unique measures relating to common practice, which is why it is a development with such high demands for sustainability and resilience.”
Hospital CUF Descobertas (em funcionamento)
Hospital CUF Tejo (em construção)
Thank you to everyone who safely keeps it running
www.engexpor.com
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O planeta azul está mais azul? Conseguimos ver melhor as estrelas? Respiramos melhor? Não há tanto barulho? Provavelmente sim! Mais pessoas em casa significa menos tráfego terrestre, aéreo e marítimo. A curto prazo já se vêem os resultados: menos poluição, melhor ambiente. Is this planet of ours becoming bluer? Can we see the stars better? Are we able to breathe more easily? Is there less noise? Probably yes! More people staying at home means less street, air, and maritime traffic. In the short term, we’ve already been seeing results: less pollution, a better environment.
Texto Text: Carla Celestino
Visto do espaço, Portugal é um ponto muito pequenino mas através das imagens de satélite foi visível o grande impacto que, em Março, existiu nas emissões de dióxido de nitrogénio que desvaneceram da superfície do nosso mapa, sobretudo em Lisboa e Porto. O mesmo se verificou no Norte da Itália, em Espanha, França ou Reino Unido. Bem sabemos que esta é uma realidade, muito provavelmente, de curto prazo. Demos apenas uma pausa ao planeta pois é preciso mais do que uma pandemia para “limpar” o ambiente do globo. Mas a redução drástica dos movimentos de pessoas e meios de transporte terrestre, aéreo e marítimo durante o Estado de Emergência decretado para fazer frente ao Covid-19 foi o suficiente para melhorar consideravelmente a qualidade do ar que respiramos ou para diminuir o ruído que diariamente entra por um ouvido e não sai por outro. O CENSE – Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa revelou que são imediatos e visíveis os impactes dessa medida na capital. O estudo da sua responsabilidade avança que os níveis de poluição da Avenida da Liberdade, em Lisboa, estiveram 60% abaixo da média anual na semana de 16 e 27 de Março, traduzindo-se na concentração mais baixa dos últimos sete anos. Mas há mais. De acordo com a Redes Ener-
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géticas Nacionais (REN), comparando Março de 2019 com Março de 2020, constata-se que houve uma diminuição ao nível das emissões de dióxido de carbono na ordem das 373 mil toneladas e um aumento da produção renovável de 64,2% para 73,5%, bem como um recuo nas emissões da produção de electricidade em 45%. A estas informações junte-se ainda os dados avançados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia que, para o período em foco, revela que observou-se um decréscimo nas emissões associadas ao transporte rodoviário de 56%, ou seja, passou de uma média de 48,3 mil toneladas de CO2 por dia para 21,2 mil toneladas de CO2 por dia, e verificou-se uma redução nas emissões associadas ao transporte aéreo de cerca de 12,7 mil toneladas de dióxido de carbono por dia, isto é, passou de 13,3 para 0,6. Recorde-se que o sector do transporte é responsável por 23% das emissões globais de carbono, sendo que os terrestres e a aviação contribuem com 72% e 11% das emissões de gases de efeito estufa respectivamente. Quando essa movimentação diminui drasticamente, aumenta a nossa qualidade ambiental e de vida.
Para o bem e para o mal
Mas nem tudo são boas notícias. A pandemia trouxe o consumo à escala global quer de materiais em plástico descartável, nomeada-
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mente luvas e máscaras que acabam no lixo indiferenciado, quer de bens perecíveis que se não forem realmente consumidos poderão originar desperdício alimentar. Como a associação ambientalista Quercus advertiu, em comunicado, “esta pandemia, que está a parar o mundo, servirá com toda a certeza para repensarmos os nossos comportamentos e até que ponto conseguimos mudar alguns hábitos na nossa vida, além de contribuir para promover a discussão das políticas ambientais e governamentais adoptadas por cada um dos países em matéria ambiental”. E lembra: “O facto das pessoas estarem em isolamento em suas casas não é desculpa para separarem menos lixo e o encaminhar para reciclagem”. No dia 6 de Março o ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes, solicitou a duas dezenas de personalidades portuguesas que dessem a sua opinião e contributo sobre o modo como podemos valorizar as questões da sustentabili-
dade ambiental na saída da crise provocada pelo Covid-19. No documento enviado aos especialistas das áreas dos resíduos, abastecimento de água e saneamento, energia, biodiversidade e mobilidade, e dos quais fazem parte gestores, professores universitários, economistas, investigadores e activistas ambientais, o ministro salienta que, “apesar dos constrangimentos imediatos, em que a acção do nosso e de outros países é proteger a vida dos seus concidadãos, há oportunidades na saída da crise. Oportunidades para mudarmos o nosso modo de vida e construirmos uma sociedade mais justa, mais equilibrada e mais sustentável”. Resta esperar para saber quais são esses contributos e em que medida serão aproveitados, realmente, na estratégia ambiental do Governo.
Activismo virtual
A crise do Covid-19 e as crises do clima e da
Demos apenas uma pausa ao planeta pois é preciso mais do que uma pandemia para “limpar” o ambiente do globo. Let’s just give the planet a breather for a second, since it will take more than a pandemic to really “clean” the planet’s environment.”
O LG Multi V S é redesenhado com uma dimensão menor e inclui o Compressor R1 e o fluído frigorigéneo R32. Com apenas um ventilador, o MULTI V S inclui a tecnologia e a eficiência do modelo composto por dois ventiladores. Com a sua dimensão reduzida permite uma melhor harmonia visual do exterior dos edifícios sem diminuir a sua potência e eficiência. O modelo Multi V S de um ventilador está disponível com potencias de 4HP a 6HP.
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Fora da caixa Out of the box
biodiversidade estão profundamente ligadas. Tudo está ligado. Basta recordar que muitas das novas doenças infecciosas que se verificam nos humanos têm origem animal, seja selvagem ou doméstico. Se há algo que temos de aprender à escala planetária é que a saúde pública também passa pela saúde do meio ambiente e por ecossistemas saudáveis. O crescimento das cidades e a pressão urbana sobre os espaços verdes e sobre toda a biodiversidade que nela habita, bem como a comercialização de todo o tipo de animais, incluindo as espécies protegidas, acaba por aproximar não só as diferentes espécies de fauna num mesmo espaço onde habitualmente não se cruzariam, como aproxima também o homem e o animal em toda a sua complexidade. A transmissão de doenças e vírus está, pois, à distância de uma respiração ou de uma picada. Basta recordar o contágio do HIV, Ébola, Zika, SARS ou gripe das aves. Urge olhar para esta questão. Urge chamar a atenção para esta problemática. Por enquanto mantém-se na agenda a COP26 em Novembro. Mas a activista ambiental Greta Thunberg tem vindo a apelar através das redes sociais ao activismo digital de forma a substituir os protestos físicos em locais públicos. Sim, porque a batalha das alterações climáticas nem de longe nem de perto foi travada. A directora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen, em declarações ao jornal The Guardian, afirmou: “A natureza está a enviar-nos uma mensagem”. Depois do SARS e da Gripe das Aves, será que é desta, com o Covid-19, que vamos ouvir esse alerta?
improve the quality of the air we breathe and decrease the amount of noise we have to suffer through daily. The Centre for Environmental and Sustainability Research (CENSE), which is part of the New University of Lisbon’s Faculty of Sciences and Technology (FCT), has published a study that says that the impacts this measure has had have been immediately visible. Its study states that pollution levels on Avenida da Liberdade in Lisboa were 60% lower than the annual average during the week of 16-27 March, which translates to the lowest concentration of the last seven years. And there’s more. According to the Portuguese Energy Distribution Network (REN), there has been a decrease in carbon dioxide emission levels in the order of 373,000 tonnes when comparing March 2019with March 2020. Production from renewables also increased from 64.2% to 73.5%, and there was even a 45% drop in emissions from the production of electricity when comparing the same periods. The General Directorate for Energy and Geology has further interesting data. For the period in question, it found that ground transportation emissions decreased 56%, falling from an average of 48,300 tonnes of CO₂ per day to 21,200tonnes of CO₂ per day. It also found that airplanes emitted 12,700 fewer tonnes of CO₂ per day, tumbling from 13,300 tonnes per day to 600. The transportation sector is responsible for 23% of global carbon emissions, and ground transportation and aviation contribute 72% and 11% of greenhouse gas emissions respectively. When this kind of movement is reduced drastically, it increases the quality of our environment – and our quality of life.
Seen from space, Portugal is a very tiny spot, but satellite imagery has shown just how much nitrogen dioxide emissions in our country subsided during the month of March, especially in Lisbon and Porto. The same was seen in northern Italy, Spain, France, and the United Kingdom. We know well that this is most likely bound to be a short-lived reality. Let’s just give the planet a breather for a second, since it will take more than a pandemic to really “clean” the planet’s environment. But the drastic reductions in the movements of people, cars, busses, trains, airplanes, and ships during the State of Emergency issued to combat COVID-19 has been enough to considerably
For better and for worse
But not all the news is good. The pandemic has cause people across the world to consume more disposable plastic, namely gloves and masks that end up in rubbish bins, as well as perishable goods that, if not consumed right away, can create a great deal of waste. Environmentalist association Quercus said in a press release that “this pandemic that is bringing the world to a halt will certainly prompt us to rethink our behaviours and the extent to which we can change some of the habits in our lives. It will also promote the discussion of policies adopted by each of country’s government in environmental matters. […] The fact that people are in isolation in
Sabe o que compra? Do you know what you’re buying?
Foi criada a app Scan4Chem que pretendeu dar resposta a esta questão e que tem como princípio o direito dos cidadãos saberem se os produtos que compram - sejam brinquedos, mobiliário, roupas, entre outros -, contêm substâncias químicas perigosas quer para o ser humano, quer para o meio ambiente. Esta app para telemóvel resultou de uma parceria entre 22 entidades em 13 países da União Europeia e está disponível no Google store: https://play.google.com/store/apps/ details?id=ong.zero.askreach.scan4chem; e na Apple store: https:// apps.apple.com/pt/app/scan4chem/ id1487667456 The Scan4Chem app was developed to help answer this question, and its guiding principle is based on the premise that people have the right to know if the products they’re purchasing – be they toys, furniture, clothes, etc. –contain chemical substances that could be dangerous to humans or to the environment. This smartphone app is the result of a partnership between 22 institutionsin 13 EU countries and is available on both Google’s(https://play.google. com/store/apps/details?id=ong.zero. askreach.scan4chem) and Apple’s (ht tps://apps.apple.com/pt/app/ scan4chem/id1487667456) respective mobile app stores.
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their homes is no excuse to separate out less rubbish and send it to the recycling plant.” On 6 March, Environmental and Climate Change Minister João Pedro Matos Fernandes asked two dozen Portuguese personalities to voice their opinions regarding how we can better tackle environmental sustainability issues in the wake of the COVID-19 crisis. In the document the ministry sent to specialists in the areas of waste management, water supply and sanitation, energy, biodiversity, and mobility, as well as managers, university professors, economists, researchers, and environmental activists, Fernandes highlighted the fact that, “despite immediate constraints that require Portugal and other countries to protect the lives of their respective citizens, there will be opportunities in the wake of this crisis, opportunities for us to change our way of life and build a more just, more balanced, more sustainable society.”
All that’s left to do now is wait and see what those contributions may turn out to be and the extent to which the Government’s environmental strategy will actually use them.
Virtual activism
The COVID-19 crisis and the biodiversity and climate crises are deeply linked. Everything is connected. Many of the new infectious diseases that are being seen in humans are of animal origin, be they wild or domestic. If there is one thing we have to learn on a global scale, it is that public health also involves the health of the environment and healthy ecosystems. Urban growth, the pressure cities have put on green spaces and the diverse ecosystems they occupy, and the commercialisation of all kinds of animals (including protected species) have wound up putting not only different species of fauna in places where they would not typically cross paths but humans and animals in all
their respective complexity as well. Transmitting a disease or a virus is just a breath, sting, or bite away. We must also remember the likes of HIV, Ebola, Zika, SARS, and the avian flu and how they spread. It is incumbent upon us to examine this issue thoroughly. We must draw attention to this problem as matter of urgency. For the time being, COP26 is still scheduled for November. But environmental activist Greta Thunberg has been using social media to make appeals digitally in hopes of replacing physical protests in public places. Indeed, the battle against climate change has not been halted. Not by a long shot. Inger Andersen, Executive Director of the United Nations Environment Programme, said in a statement to The Guardian, “Nature is sending us a message.” After the SARS and avian influenza epidemics, will COVID-19 be what finally make us listen to that message?
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Ventos do Norte 38 Ventos do Norte
North Winds
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Cidades do Futuro Cities of the Future
Novo equilĂbrio New balance
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Como devem ser as cidades do futuro. A visão do arquitecto Henrique Granja com forte presença no segmento da habitação residencial no Porto. What will the cities of the future be like? To answer this, let’s explore the vision of architect Henrique Granja, who has a strong presence in Porto’s residential housing segment.
Texto Text: Elisabete Soares
A construção das cidades do futuro terá que dar respostas a temas como a sustentabilidade ambiental, eficiência energética e inovação tecnológica, que são preponderantes no ideal das sociedades actuais. A primeira resposta a estas exigências deve estar na concepção base das cidades. É esta a visão da cidade de Henrique Granja, sócio da Granja Arquitectos Associados, uma empresa com cerca de 25 anos, dedicada ao desenvolvimento de projectos de arquitectura e que actua sobretudo no Porto e região Norte. Numa altura em que o mundo, devido à pandemia (Covid-19), acordou para uma nova realidade que está a mudar de forma profunda a nossa visão sobre o espaço que nos rodeia, Henrique Granja destaca: “Deve existir uma política de ordenamento do território que promova um desenho urbano que crie condições para uma mobilidade pedonal fácil e acessível, espaços destinados para ciclovias, rede de transportes públicos que motivem a sua utilização e equilíbrio entre zonas habitacionais e espaços verdes, complementado por zonas destinadas para serviços, comércio, cultura e desporto na proporção e localização certa”. Uma concepção correcta, diz, que “reduza o impacto de circulações e movimentações, aliada a uma relação pensada entre edificado e espaços verdes, são contributos fundamentais para os desafios de redução energética nas novas cidades”. Henrique Granja elenca as áreas importantes para um desenvolvimento urbanístico
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equilibrado e consistente das cidades. Assim, destaca, em primeiro lugar, a necessidade de “promover uma política de construção que privilegie a reabilitação do edificado existente”. Ao mesmo tempo que se deve “garantir o equilíbrio urbanístico nos novos empreendimentos, através de uma proporção certa entre edificado e espaços exteriores”. Assim, na sua opinião, é necessário o “reforço de espaços verdes, através da criação de novos parques urbanos e de criação de arruamentos que partilhem zonas de circulação com espaços verdes”. Mas, também, se deve “evitar zonas habitacionais demarcadas socialmente”. Para isso não acontecer, diz, “deve reforçar-se a aposta na optimização da mobilidade, através da criação de uma rede de ciclovias abrangente, reorganização da rede viária, racionalização e reforço dos transportes públicos e melhoria de percursos pedonais no sentido de motivar a deslocação pedonal”. E, por fim, reforçar o “investimento no desporto, através de reabilitação dos equipamentos existentes e construção de espaços novos, como elementos aglutinadores de fixação das populações”, destaca Henrique Granja.
Assinatura de projectos residenciais de referência
Os projectos da Granja Arquitectos são predominantemente na área habitacional, embora tenha também experiências na área de edifícios escolares, da saúde, de serviços, de comércio e da indústria.
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Do conjunto de projectos concretizados nos últimos tempos, Henrique Granja realça alguns localizados na cidade do Porto. Destinados para habitação colectiva, destaca-se, entre outros, o conjunto habitacional do Fluvial junto à marginal do rio Douro, um edifício localizado na Avenida da Boavista perto da rotunda do Castelo do Queijo, o prédio Monte da Ervilha, localizado na Foz. Actualmente tem em desenvolvimento alguns projectos, em fases de execução distintas. Assim, de acordo com o arquitecto, em fase de loteamento, “um empreendimento destinado para habitação, comércio e serviços num terreno localizado no lugar de Requesende, perto da Estrada Interior da Circunvalação, que incorpora obras de urbanização e paisagismo com alguma expressão”. Em fase de execução, “o edifício habitacional localizado no gaveto entre as ruas do Molhe e de Marechal Saldanha, constituído por fracções que variam entre tipologias T2 a T4”. Em fase de projecto de licenciamento, “edifícios habitacionais, um localizado na zona ocidental da cidade, na rua Padre Alexandre e outro na zona oriental, na rua Professor Antó-
nio Cruz, ambos de dimensão média e destinados para habitação de carácter residencial de longa duração”. Na área de reabilitação, acrescenta, “está em curso um projecto localizado na Foz Velha, na rua Miguel Sousa Guedes, que apresenta tipologias T1 e T2”. When the cities of the future are being built, topics like environmental sustainability, energy efficiency, and technological innovation, which are critical in the societies of today, will have to be addressed. The first response to these needs must shape the basic design of these cities. This is the urban vision of Henrique Granja who is a partner at Granja Associated Architects, a 25-year-old company that works on architecture projects and does business primarily in Porto and northern Portugal. At a time when the world is waking up to a new reality that is changing the way we see and interact with our surroundings thanks to the COVID-19 pandemic, Henrique Granja says, “There ought to be a planning policy in place that promotes designing cities in ways that make things easier and more accessible for pedestrians,
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He also says that we must “avoid [creating] socially demarcated residential areas,” and, to keep this from happening, “we must increase our focus on optimising mobility by creating an extensive network of bicycle paths, reorganising the road network, strengthening public transport, and improving pedestrian paths in an effort to encourage pedestrian traffic.” Finally, Granja explains that “investments in sports that will renovate existing facilities and build new spaces,” must also be bolstered, “as these amenities bring people together.”
Designing top housing projects
The projects that Granja Architects have worked on have been predominantly residential ones, although they also have experience working on schools, health clinics, and buildings meant for services, commerce, and industry. Of the projects they have finished recently, Granja highlights a few that are located in the city of Porto. Designed to be collective housing, the Monte da Ervilha building located on Avenida da Boavista near the Castelo do Queijo roundabout in Foz and the Fluvial housing
including creating spaces dedicated to bicycle paths and public transport (which will encourage people to use them and provide a balance between housing areas and green spaces). These will be complemented by areas designated for services, commerce, culture, and sports in the right proportion and location.” Granja says that good designs that “reduce the impact of traffic and movement, which will be linked to maintaining a well planned relationship between buildings and green spaces, will make important contributions to reducing energy usage in new cities.” Granja lists the areas that are important for developing a city in a balanced and consistent way. He first highlights the need to “promote a construction policy that favours renovating existing buildings. […] Balancing new urban developments must come about by way of maintaining a certain proportion between buildings and outdoor spaces.” Thus, in Granja’s opinion, we have to “emphasise [the need for] green spaces, creating new city parks and designing streets whose traffic interacts elegantly with those green spaces.”
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complex located next to the banks of the Douro River stand out. Presently, Granja says, they are working on a few projects, all of which are at different stages of execution. One particular project – “a building that is to be built in Requesende near Porto’s Inner Beltway and which will be intended for housing, stores, and services and will incorporate expressive landscaping and city planning” – is still in the planning/plot allocation stage. In the execution phase is a “residential building located at the corner of Rua do Molhe and Rua do Marechal Saldanha that consists of apartments that range in size from two- to four-bedroom units.” For yet another project, they are working on getting the correct permits for two “residential buildings, one located in the western part of the city on Rua Padre Alexandre and the other in the east on Rua Professor António Cruz. Both are of medium size and intended to be permanent, long-term homes for people.” In the arena of restoration, Granja mentions they are working on “a project […] located on Rua Miguel Sousa Guedes in Foz Velha which will have one- and two-bedroom units.”
Lá fora Reino Unido Abroad United Kingdom
Roberto Varandas
Os movimentos dos mercados em tempos de crise Market dislocations in times of crisis
Roberto Varandas COS Capital Managing Director – Head of Europe
Em Janeiro deste ano, participei no habitual offsite anual da empresa, nesta ocasião, em Beijing. Normalmente, este evento de uma semana, precede a semana dourada do ano novo chinês. Já estaria atento à epidemia de que se falava nos media, pois, viajar para a China implica sempre confirmar todos os detalhes do destino. Na altura, recordo-me de consultar a BBC News e ler sobre umas tantas dúzias de pessoas em Wuhan apanharem um vírus, parecido com o SARS, que provocava pneumonia, conforme era descrito na altura. As nossas discussões internas, planos e perspectivas prosseguiram como de costume e os meus colegas preparavam a sua semana de férias passada com a família, nas suas cidades natal, com a troca de envelopes vermelhos, agora mais virtuais do que em papel. E, de repente, as viagens ficaram restringidas dentro do país e muitos dos meus colegas ficaram impedidos de voltar aos vários escritórios que operamos pela China. O que se seguiu, passado uma semana, foi o início de uma interrupção, a nível mundial, da normalidade em sociedade. Os voos pararam, os negócios fecharam, os hospitais a rebentar pelas costuras e uma sensação generalizado de insegurança e incerteza. Sempre que os mercados enfrentam períodos incertos há uma corrida para ouvir o maior número de “especialistas”. É uma reacção natural e os investidores querem absorver toda a informação possível, mesmo de fontes menos comuns, de modo a nortear o caminho a seguir. A crise do coronavírus não é excepção e não estranhamos ouvir desde epidemiologistas a CEOs de companhias aéreas a decisores políticos. Ao mesmo tempo que os políticos procuram, desenfreadamente, perceber que medidas a tomar no domínio da saúde pública e na economia, investidores, empresários, funcionários, senhorios e inquilinos tentam navegar as consequências da interrupção generalizada da actividade económica, mas também, as subsequentes po-
líticas desenhadas para mitigar os efeitos desta calamidade. Nas passadas semanas, tem me sido pedido comentar sobre a situação e tenho que confessar que tenho aprendido muito. Alguns episódios de como a crise tem atingido os mercados imobiliários: • Blackstone Mortgage Trust – um REIT cotado nos EUA que investe em créditos hipotecários nos EUA e na Europa Ocidental, vê a cotação cair 68% de Fevereiro até um mínimo no dia 24 de Março. A 31 de Dezembro, o crédito que este REIT proporciona representava uma média de 64% dos respectivos activos, ou seja, os imóveis teriam que desvalorizar 36% e os proprietários deixarem de pagar as suas prestações para o REIT começar a sofrer perdas, tal o sentimento negativo em relação ao futuro deste veículo de investimento. • Fundos imobiliários abertos suspendem os resgates de unidades. O fundo UBS Trumbull, já sobe pressão antes da crise, e a AEW suspendem os seus fundos americanos. A M&G suspende o seu fundo britânico e a Invesco o seu fundo aberto asiático. • Os spreads de financiamento em Hong Kong de promotores chineses “explodem” e vão de 700800 pontos base para, em alguns casos, 1500 pontos base. As emissões de dívida em dólares desaparecem a partir de meados de Março. Num mercado mais virado para promotores residenciais, como irão estas empresas vender apartamentos quando as famílias nem se quer podem visitar um apartamento modelo? • Comércio, primeiro na China, depois no resto do mundo, sofre uma perturbação generalizada. As tendências instaladas do comércio online e entregas em casa aceleram e o comércio de rua é obrigado a fechar ou a adoptar medidas de
Lá Fora
Abroad
higiene rígidas. Imagens de filas de centenas de pessoas à porta dos supermercados, espaçadas a cada dois metros, dominam as imagens nas televisões e nos jornais. A pergunta que persiste obviamente é se algum dia voltaremos ao normal ou se os nossos trabalhos, as nossas compras e movimentos mudarão para sempre? Na minha opinião, para cada novo aplicativo de vídeo-conferência e para cada guru do trabalho a partir de casa, há um empregado que não acha muito saudável passar 24 horas por dia, todos os dias, com a família e que almeja as rotinas simples no escritório, a visita ao ginásio e a bebida depois do trabalho com os amigos e colegas. In January of this year, I attended my company’s habitual corporate offsite, on this occasion, in Beijing. This week-long event, normally precedes the golden week of Chinese New Year. I was already aware of the outbreak as travel to China is always a laborious process. At the time, I recall consulting the BBC News website, and reading about a few dozen people infected with a pneumonia-like virus, similar to SARS, but localized in Wuhan. Our internal discussions, plans and outlooks took place as usual, while my China based colleagues prepared for their week off, visiting their hometowns and distributing, now virtual, red packets to friends and family. And then, suddenly, all travel was severely restricted within the country and most of my colleagues were impeded from travelling back to the various offices we operate around China.What happened the following week kicked-off what was to become a complete, global shutdown. Flights stopped, businesses closed, hospitals bursting at the seems and a general sense of insecurity and uncertainty. Whenever markets face periods of great uncertainty, there is a generally a rush to listen to as many “specialists” that can point the way forward. This is a natural reaction as investors seek to gather as much information, even from unlikely sources, to guide their decisions. The coronavirus crisis is no exception and we find ourselves listening to an eclectic mix of experts, ranging from epidemiologists to airline CEOs to policy makers. As politicians scramble to understand how to address the public health effects and economic effects, investors, business owners, employees, landlords and tenants all try to navigate the re-
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sulting consequences of a widespread shutdown of the global economy but also the public policies designed to mitigate the calamity. In the past few weeks, I have been asked to comment on several occasions and, I must say, it has been quite the learning experience. A few snippets of how the crisis has affected the real estate markets: • Blackstone Mortgage Trust – US listed REIT that invests in property loans in the US and western Europe, falls 68% from late February to the low point of 24th of March. The average loan-tovalue of the vehicle as 64% at the end of 2019, meaning, on average, the properties would have to loose 36% of their value and the owners would have to default on their payments before the trust suffered losses, such was the negative sentiment towards this portfolio. • Open ended funds close due to redemption requests. The UBS Trumbull fund, already under pressure before the crisis, and AEW close their US funds, M&G closes their UK fund and Invesco closes their Pan-Asian core fund to redemptions. • Financing spreads to Chinese property companies in HK blow out from 700-800 bps spread to over 1500 in some cases. Dollar issuances dried up from mid-March. With a market heavily weighted towards residential developers, how are these companiesmeant to sell apartments when families cannot visit model apartments? • Retail, first in China, and then everywhere else, undergoes a monumental disruption. Secular trends of online and home delivery accelerate and high street food shops close or are forced to adopt stringent hygiene controls. Queues of hundreds of people outside supermarkets, spaced two metres apart, dominate the images on television and in print. The lingering question obviously is will we ever go back to normal or will the way we work, shop and travel change forever? I think for every fancy, new videoconferencing app and for every ‘work-from-home’ guru, there is an employee who does not think it is healthy to be with your family 24-7 and craves the simple routines at the office, the lunchtime trip to the gym and the after-work drink with friends and colleagues.
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Some eMeetings we had about Portugal Portugal Real estate: Managing the impacts of Coronavirus
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PORTUGAL _
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GRI Global Hospitality 2020
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What scenarios to bet on?
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Sol e Lua Tourism
Estranha forma de viajar
A strange way of travelling
Do sofå para o mundo From one’s sofa to the world
Sol e Lua Tourism
Quem vai viajar sabe que tem de tomar algumas precauções dependendo do destino. O que nunca se viu antes é ter de saber como se prevenir quando as companhias aéreas não voam, quando os hotéis estão de porta fechada e só há alguns restaurantes take-away. Those who travel know that you have to take certain precautions depending on the destination. What we’ve never experienced before, though, is learning how to cope when airline aren’t flying, hotels are closed, and restaurants are takeaway only.
A pandemia do Covid-19 trouxe uma nova realidade ao turismo e nunca o mote “vá para fora cá dentro” esteve tão em voga. Só que agora é mesmo dentro de casa. A partir de uma janela ou de uma varanda consegue-se chegar aos vizinhos: a cantar, a declamar poemas ou simplesmente a bater palmas a quem por direito as merece. E de um telemóvel, tablet ou pc consegue-se chegar aos mais recônditos cantos do mundo. À distância de um clique abrem-se as portas de um museu, visita-se uma cidade, vila ou aldeia, aprende-se a fazer um prato típico e prová-lo à nossa mesa, ouve-se aquele concerto inesquecível nas ruas de uma praça agora deserta… Não é a mesma coisa que ver ao vivo mas alimenta o espírito enquanto dura a quarentena. Para lá do umbigo dos turistas, há, no entanto, toda uma indústria cuja queda assistimos em câmara lenta e, apesar dos esforços de muitos governos, o turismo e o mundo do entretenimento têm muitas mortes anunciadas. O momento é de pesar mas também de acção. E de muitas incertezas e interrogações: Como será o futuro? Como será a recuperação da crise? Quem sobreviverá para nos levar mais além?
Cair a pique Texto Text: Carla Celestino
O sector da aviação aérea foi um dos primeiros a dar sinais de desespero. Muito embora saiba-
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mos que esta não é uma realidade de hoje. Nos últimos anos desapareceram 36 companhias aéreas, basta lembrar as últimas a “caírem a pique dos céus”: as francesas Aigle Azur e XL Airways. A subida dos preços dos combustíveis, a forte concorrência das low cost e os regulamentos impostos pela União Europeia, como a directiva EU261 que estipula direitos e compensações em nome dos passageiros nos atrasos e cancelamentos de voos, trouxeram custos acrescidos e agudizaram as dores deste sector. Mas nada fazia antever a dimensão do drama que se viria a assistir à escala global fruto da pandemia do coronavírus. No dia 24 de Março, na vídeo-conferência de imprensa, Alexandre de Juniac, director-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), era claro: “O sector de transporte aéreo encontra-se na crise mais profunda de todos os tempos”. As restrições implementadas pelos vários governos à escala global no espaço aéreo que impedem os fluxos turísticos, o fecho das fronteiras, e a utilização das companhias aéreas somente para repatriar pessoas para os seus países de origem, vai fazer com que “as receitas caiam a pique”. Aliás, à data em que se escreve este artigo, 98% do tráfego de passageiros já está afectado em todo o mundo. E a manter-se o actual cenário
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Em que ficamos? Where we are now
Sob o mesmo céu Under the same sky
de restrições de viagens por mais dois ou três meses, iremos assistir a “uma queda de 38% na procura global e uma perda de 252 bilhões de dólares americanos na receita de passageiros”, segundo Alexandre de Juniac. Estamos também a falar de uma indústria que emprega 2,7 milhões de pessoas, acrescidos de 65 milhões de outros empregos na cadeia de valor. Todos colocados em causa. Por isso o director-geral da IATA lançou o aviso: “Nenhuma redução de custos pode salvar o dia se não houver dinheiro a entrar pela porta. Sem ajuda financeira, as companhias aéreas vão à falência. E isso poderá acontecer em massa”. O sector, alerta, precisa com “urgência de um pacote de ajuda” e “desesperadamente de dinheiro”. Este pedido de “socorro” já foi ouvido por vários países, desde a China, Hong Kong, Singapura, Austrália, Nova Zelândia, Qatar, Brasil, Colômbia, Dinamarca, Noruega e Finlândia, só para citar alguns. No nosso País, 90% dos trabalhadores da TAP Air Portugal estão em lay-off , sendo que o ministro Adjunto, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, avançou já com a possibilidade de nacionalizar a companhia aérea portuguesa.
Fechados e até breve
Não são só as ruas desertas de pessoas que causam arrepios nos dias que passam. Tam-
bém não ficamos indiferentes ao número de lojas e restaurantes com tabuletas a dizer “fechados” ou “esperamos reabrir em breve”. As poucas abertas são as padarias, pastelarias e supermercados que, entre um café que se bebe fora de portas e um pão quente que se leva para casa, sempre ajudam a confortar o corpo e a alma. No sector da restauração, bares e outros estabelecimentos afins a esmagadora maioria encerrou. A nossa economia está mais pobre e mais fraca. Mas houve os que encontraram no take-away, no drive-thru e nos ubbers a solução temporária para as suas preces financeiras. Isto sem falar nas grandes superfícies que, a atestar pelas filas e pelos carrinhos de compras, deverão, muito provavelmente, ter lucros acima do esperado para os meses de Março, Abril e Maio. De acordo com a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), no início de Abril, 75% das empresas do sector estavam encerradas, das quais 70% eram de Alojamento Local e 33% de Restauração. Deste universo, 49% vai avançar para o regime de lay-off. O Governo implementou um pacote de medidas para apoiar estas empresas mas mesmo as medidas em curso, segundo a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, só vão “aliviar a curto tempo” e as “empresas não vão conseguir saldar” uma vez que “a retoma leva o seu tempo”.
A actual crise do transporte aéreo motivada pelo novo coronavírus é um elemento fundamental de reflexão. As emissões da aviação mais que duplicaram nos últimos vinte anos e o sector é responsável por cerca de 4,9% do aquecimento global causado pela actividade humana. Na Europa, as emissões cresceram 26% nos últimos cinco anos. Não deixa de ser questionável que a aviação que não paga impostos como os restantes modos de transporte, solicite agora aos governos avultadas somas de compensação em tempos de crise. De um modo geral, na Europa, a isenção de impostos sobre o combustível de aviação é avaliada em 27 mil milhões de euros por ano. Os auxílios estatais às companhias aéreas só vitais mas só devem ser aprovados se os países garantirem que mais tarde a aviação começará a pagar impostos e reduzirá as suas emissões. in ZERO The current aviation crisis sparked by the novel coronavirus isa cause for reflection. Airplane emissions more than doubled in the last twenty years, and the industry is responsible for about 4.9% of the global warming caused by human activity. In Europe, emissions have grown 26% over the last five years. It is problematic that the airline industry, which does not pay taxes like other modes of transport, is now asking governments eye-watering sums of money for compensation during a time of crisis. In general, Europe’stax exemptionsfor jet fuel are valued at €27 billion EUR per year. Providing state aid to airlines is vital, but it should only be approved if the countries involved can guarantee that aviation will start to pay taxes and reduce its emissions later on. in ZERO
Sol e Lua Tourism
Como diz: “Se não morremos da doença, morremos da cura”. A hotelaria também está fortemente condicionada. E muitos dos que têm portas abertas estão a acolher o staff médico para um merecido descanso dos guerreiros ou estão disponíveis para receber as vítimas desta nova doença. Os números partilhados pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) são igualmente preocupantes: 80% dos hotéis encontram-se encerrados, mais de 90% dos empresários vai recorrer ao regime de lay-off e 90% vão ter quebras nas receitas no primeiro semestre. A retoma deste sector poderá passar, na opinião da directora executiva Cristina Siza Vieira, pelo “turismo interno”.
“Haverá tempo”
Típico dos portugueses, a mensagem que corre actualmente é de que “há tempo para tudo na vida”. O Turismo Centro de Portugal lançou a campanha “Haverá tempo” com o objectivo de lembrar aos portugueses que depois de ultrapassarmos conjuntamente a pandemia do coronavírus poderemos visitar a região do Centro de Portugal. O Algarve também está a fazer uma campanha semelhante. Este repto é, pois,
válido para as demais regiões do País e para o resto do mundo. O Turismo de Portugal foi mais longe e contrariou os habituais cenários apelativos defendendo que “é tempo de parar”, que “esta é a altura certa para não visitar nada” e que “as paisagens, as praias e os monumentos não vão a lado nenhum”. Agora não é tempo para viajar, é tempo de ficar em casa mas com a esperança de que melhores tempos e viagens virão. The COVID-19 pandemic has ushered in a new reality for the tourism industry, and never has the motto “get out there but stay in here” been so popular. It’s just that, now, “in here” means really inside – inside one’s home. People can connect with their neighbours from a window or a balcony by singing, reciting poems, or simply clapping for those who rightfully deserve it. And, with just a cell phone, tablet, or computer, people can even reach the most far-flung corners of the world. With just a click or a tap, museum doors can open; people can visit a city, town, or village; you can learn how to make traditional dishes and try them from your own table; you can watch and listen to that unforgettable concert
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being in a now deserted square… It’s not quite the same thing as doing these things live and in person, but they do nourish the soul during this time of self-isolation. Beyond the tourists themselves, though, there is an entire industry whose crash we are witnessing in slow-motion. Despite several governments’ efforts, tourism and the world of entertainment have announced a number of deaths. We must think long and hard about our future and our actions, but we must also act swiftly at the same time. And these countless uncertainties beg countless questions: What will the future be like? What will recovery from this crisis look like? Who will survive to take us further?
Plummeting dramatically
The commercial airline industry was one of the first to show signs of desperation. Although, we know well that this may have been coming. Over the past few years, 36 airlines have disappeared. The most recent airlines whose wings were clipped were Aigle Azur and XL Airways (both of which were French). Increases in fuel prices, strong competition from low-cost carriers, and EU-imposed regulations (e.g., EU regulation 261/2004, which defines the rights
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of passengers when their flight is either excessively delayed or cancelled and how they must be compensated in such circumstances) have increased costs and sharpened the pain the industry has felt. But no one could have predicted the scale of the global drama that was to come to pass at the hands of the coronavirus pandemic. During a video conference with the press on 24 March, Alexandre de Juniac, Director General and CEO of the International Air Transport Association (IATA), was clear in his words: “The air transport industry is in its deepest crisis ever.” The airspace restrictions that governments all over the world have implemented have impeded the flow of tourists and closed borders. Cross-border flights are currently only being operated to repatriate people to their respective countries of origin. All of this has caused revenues in the industry to plummet dramatically. In fact, at the time this article was being written, 98% of all passenger traffic throughout the world has been affected. And, if the situation stays the way it is currently and travel restrictions remain in place for another two or three months, “we [will] see a 38% fall in global demand and a $252 billion USD loss of passenger revenue,” according to de Juniac. We are also talking about an industry that employs 2.7 million people, with another 65 million other jobs also in the value chain that depend on aviation as well. All of them have uncertain futures.
Because of this, de Juniac warned, “No amount of cost cutting can save the day if no cash is coming in the door. Without financial relief, airlines will go bust. And that could happen en masse.” The industry, he warns, is in urgent and desperate need of a relief package and liquidity. A number of countries have already received requests for help from their airlines, including China, Hong Kong, Singapore, Australia, New Zealand, Qatar, Brazil, Colombia, Denmark, Norway, and Finland (just to name a few). In Portugal, 90% of TAP Air Portugal’s staff have been furloughed, and Deputy Minister of the Economy and Digital Transition Pedro Siza Vieira has stated the idea of possibly nationalising Portugal’s national airline has been floated around.
Closed for now; see you soon
It’s not only deserted streets that are giving people goosebumps these days. The number of stores and restaurants that have had to hang signs in their windows saying “closed” or “we hope to reopen soon” is also staggering. The few that are open include bakeries, pastry shops, and supermarkets, and their coffee that you have to drink outside and warm bread that you have to take home always help to comfort the body and soul. The overwhelming majority of restaurants, bars, and other such establishments have had to close down. Our economy is poorer and weaker. But there have also been those who have found temporary salvation in the form of
take-away orders, drive-thrus, and home delivery services – not to mention the larger supermarkets, which, judging by the queues and shopping carts, are very likely to have higher than expected profits for March, April, and May. According to the Hospitality and Restaurant Association of Portugal (AHRESP), 75% of businesses in the sector were closed at the beginning of April, of which 70% were Local Accommodation establishments and 33% were restaurants. Of these, 49% will furlough or lay off their workers. The Government has implemented a set of measures designed to support these businesses, but, according to AHRESP’s Secretary General Ana Jacinto, the measures currently being implemented will only “give reprieve in the short-term.” Jacinto added that “businesses will not be able to return to profitability” anytime soon, since “the recovery will take time. […] If we don’t die from the disease, we’ll die from the cure.” Hotels’ futures are also bleak. Many of those whose doors are open are welcoming medical personnel for a well deserved rest from the frontlines or are being used to house victims of this new illness. The numbers that the Hospitality Association of Portugal (AHP) have shared are equally as worrisome: 80% of hotels are closed, more than 90% of entrepreneurs will have to furlough or lay off their staff, and 90% will report revenue losses for Q1 and Q2 2020. In the opinion of AHP’s Executive Director Cristina Siza Vieira, this industry’s recovery may involve “internal tourism.” “We will have time” Typical of the Portuguese, the current message is that “there is time for everything in life.” Central Portugal’s Tourism Agency recently launched a campaign entitled “We will have time” whose aim is to remind Portugal that, after we overcome the COVID-19 pandemic together, we will be able to visit Central Portugal once again. The Algarve is also running a similar campaign. This is something that all the other regions in Portugal and, indeed, even the rest of the world should be able to get on board with. Portugal’s National Tourism Agency went even further, going against the usual appealing scenarios and arguing that “it’s time to stop,” that “this is the right time to not visit anything,” and that “the scenery, beaches, and monuments are not going anywhere.” Now is not the time to travel; it is time to stay put at home with the hope that better times and trips are ahead.
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PrĂŠmio Nacional do ImobiliĂĄrio 2020 National Real Estate Award 2020
Tinha de acontecer It had to happen
Prémio Nacional do Imobiliário 2020 National Real Estate Award 2020
As 240 ilustres personalidades presentes na edição do Prémio Nacional do Ano 2020 foram unânimes e consideraram esta a melhor edição de sempre. O evento decorreu no advento da pandemia do Covid-19 mas estava destinado a acontecer e a ser um sucesso. The 240 illustrious individuals who attended the 2020 National Real Estate Award Gala were unanimous in their verdict of this year’s event: it was best of all time. The gala was held during the advent of the COVID-19 pandemic, but it was destined to go forward – and destined to be a success.
Fotos Photos: Joaquim Morgado
2020 vai ser um marco na história dos “Óscares” do Imobiliário ao bater recordes de participantes, sponsers e convidados. No Vila Galé Sintra Resort Hotel Conference & Spa as surpresas durante a noite de 10 de Março foram várias e ficaram a dever-se sobretudo à originalidade dos patrocinadores que imprimiram o ADN das suas empresas neste acontecimento. Ninguém esquecerá tão cedo o “Passeio da Fama” com as estrelas à Hollywood dos finalistas ao Prémio Nacional do Imobiliário. O Júri composto por Paulo Silva, Head of Country da Savills, Hugo Santos Ferreira, vice-presidente Executivo da APPII, Carlos Mineiro Aires, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Alberto Henriques, analista sénior de Investimentos da Savills, João Pereira da ERA Portugal, e arquitecto Mário Sua Kay atribuíram o troféu mais elevado da noite - o “Melhor Empreendimento do Ano 2020” - ao Palácio da Anunciada. Este empreendimento venceu igualmente o Prémio na Categoria de Turismo. Na categoria Escritórios o premiado foi o SONAE Tech Hub; na Categoria Habitação o laureado foi o empreendimento Orpheu XI; e na categoria Equipamentos Colectivos foi distinguido o Super Bock Arena / Pavilhão Rosa Mota. O Prémio Reabilitação, uma distinção que existe desde a primeira edição do concurso, foi atribuído ao Duque de Bragança Premiun Apartments. Deixamos uma última palavra de agradecimento a todos os que se juntaram a nós para tornar possível esta grande festa.
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2020 will go down in history as one of the best years for the “Oscars” of Real Estate, as participants, sponsors, and guests continue to break records. At the Vila Galé Sintra Resort Hotel Conference & Spa, the surprises continued non-stop throughout the evening of 10 March, thanks in large part to the originality of our sponsors who printed the DNA of their companies during this event. No one will soon forget the “Walk of Fame” – complete with Hollywood-style stars – of the National Real Estate Award finalists. The Jury, whose members included Paulo Silva, Head of Country for Savills; Hugo Santos Ferreira, Executive Vice President of the APPII; Carlos Mineiro Aires, Chairman of the Order of Engineers; Alberto Henriques, Senior Investment Analyst at Savills; ERA Portugal’s João Pereira; and architect Mário Sua Kay, awarded the competition’s highest honour– the “Best Project of the Year” Award – to Palácio da Anunciada. This same project also came out on top in the Tourism category. The top award in the Offices category went to SONAE Tech Hub; in Housing, the top award went to the Orpheu XI project; and the Super Bock Arena/Rosa Mota Pavilion was chosen as the winner of the Public Amenities category. The Rehabilitation Award, a distinction that has been around ever since the competition was first held, was given to Duque de Bragança Premium Apartments. We’d like to say “thank you” one last time to all those who helped us make this wonderful event possible.
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Prémio Nacional do Imobiliário 2020 National Real Estate Award 2020
Carla Celestino
Joaquim Pereira de Almeida
Paulo Silva
Vencedor na Categoria Escritórios
Vencedor na Categoria Habitação
Vencedor na Categoria de Equipamentos Colectivos
Prémio Nacional do Imobiliário 2020 National Real Estate Award 2020
Vencedor na Categoria Turismo
Vencedor Prémio Reabilitação
Vencedor Melhor Empreendimento do Ano
Vencedor Melhor Empreendimento do Ano e Categoria Turismo
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Cristo no Vaticano Christ in the Vatican Não compartilho da afirmação, mil vezes repetida, de que nada vai ficar como antes, quando o Covid-19 for neutralizado. Partilho sim da certeza de que, nas nossas cabeças, vai mudar muita coisa. Desde logo é saudável que todos entendamos como somos frágeis e iguais ao próximo. De tudo o que estamos a viver, guardo na minha memória de sessenta anos a imagem do Papa Francisco com o Vaticano vazio. Só mesmo ele podia fazer reviver Cristo daquele jeito.
Ilustração Illustration: José Laranjeira
Foto Photo: ©Vatican Media
I don’t share the incessantly repeated belief that, whenever Covid-19 is neutralised, nothing will be the same as it was before. What I do know is that a lot will change in our heads. It will be healthy for us to finally understand how fragile and equal to each other we all are. Out of everything we are going through right now, I keep fresh in my memory of sixty years the image of Pope Francis in an empty Vatican. Only he could bring Christ back to life like that.
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