Construção Ambiente Turismo
46
MAR/ABR 2021 €10
Duelo Imobiliário A Real Estate Duel
JOAQUIM PEREIRA DE ALMEIDA
Último adeus Our last goodbye
1 Editorial
Por quem os sinos dobram For whom the bells toll
Carla Celestino Directora Director
Um ano depois do início da pandemia, algo tão simples como o uso de máscaras para fazer face à propagação do coronavírus só agora tornou-se obrigatória nos Estados Unidos da América. Estranho mundo este em que os senhores do topo se esquecem de proteger os debaixo, quem os elegeu. Por cá ninguém se entende com a vacinação, uns querem ser prioritários, sem o ser. Outros são-no e cedem a sua vez, dizem que é em nome da solidariedade dos que mais precisam, ou será em nome de pura demagogia ou propaganda política? Pelos vistos há punições, a culpa não vai morrer solteira. Ainda assim, confesso que fico sempre incrédula perante oportunismos. Todos sabem que perdemos recentemente o homem forte da Magazine Imobiliário, dedicamos-lhe em sua memória algumas páginas nesta edição. Merecidas! O Joaquim Pereira de Almeida era um homem histórico do imobiliário, sector a que sempre se dedicou de corpo e alma. Recebemos centenas de mensagens de conforto de Norte a Sul do País, da Europa e de África. Mas nas entrelinhas houve também quem tivesse um peso na consciência e chamou-lhe amigo sem o ser. E houve ministros em Angola a associarem-se a homenagens sem terem direito a isso. “Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade.” Apesar disso, esta revista está mais viva que nunca e, garanto-vos, continuará de pé. Os sinos vão continuar a dobrar por todos.
One year after the beginning of the pandemic, something as simple as the use of masks to help kerb the spread of COVID-19 has only now been made compulsory in the U.S. What a strange world it is wherein those at the top forget to protect those under them, the people who elected them to office. Here, nobody is getting along with the vaccination efforts. Some want to be a priority without being such. Others actually are, yet they let their turn pass them by. They say they’re doing so in solidarity with those who most need them. Or could it possibly be more in the name of pure demagogy or political propaganda? By the looks of it, there will be punishments; guilt will not die unmarried. Even so, I must confess that opportunists always leave me incredulous. Everyone knows that we recently lost Magazine Imobiliário’s strongman, so we are dedicating some pages in this edition to his memory. Joaquim Pereira de Almeida was a historic figure in the world of real estate, an industry that he had fully dedicated himself to body and soul. We have received hundreds of messages of comfort from throughout Portugal, Europe, and Africa. But, amongst these, there have also been those with guilty consciences who called him “friend” without actually being one. There have been ministers in Angola who have associated themselves with tributes to Joaquim without being entitled to do so. “When a man dies, we all die, for we are part of humanity.” Despite this, this magazine is more alive than ever, and it will move ever forward, we can promise you that. The bells will continue to toll for all.
Ficha técnica Datasheet
Propriedade Property
Índice
Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Rua Paulo Reis Gil nº 39, 3º Esq.
Summary
2745-195 Queluz Telm. / Mobile: (+351) 96 237 00 08
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Obstáculos à mediação imobiliária Obstacles for realtors
42 Opinião Opinion
Millennium bcp
44 Avila Spaces Ilustração de capa Cover illustration: José Laranjeira
4 Homenagem Tribute Joaquim Pereira de Almeida
12 Grande Tema Lead Story Lisboa v. Porto Duelo Imobiliário A Real Estate Duel
30 Metro Quadrado Square Meter Belas Clube de Campo
Flex office
48 Fio-de-Prumo
Plumb Line Mercado dos materiais de construção Construction materials market
54 Ventos do Norte North winds A visão a longo prazo dos profissionais The experts’ long-term vision
62 Paparazzi
Joaquim Pereira de Almeida Alma cheia With a full soul
64 Paparazzi
Anabela Loureiro Sempre juntos Always together
geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario.com Fundador da Magazine Imobiliário Founder of Magazine Imobiliário Joaquim Pereira de Almeida Directora Director Carla Celestino Colaboradora Permanente Permanent Contributor Elisabete Soares Fotografia Photography Anabela Loureiro Tradução Translation Frank Miller Grafismo Graphics Rodrigues Silva Contabilidade Accounting Nasceconta Periocidade Frequency Bimestral Tiragem Number printed 3.000 exemplares Impressão Printing Jorge Fernandes, Lda. Rua Qta. de Marcarenhas, 2820 Charneca da Caparica Depósito Legal Legal Deposit 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397
60 Lá fora Abroad
Opinião Opinion
Reino Unido United Kingdom
Estatuto editorial disponível em: Editorial policy available at: www.magazineimobiliario.com
OBRIGADO, JOAQUIM PEREIRA DE ALMEIDA.
Desapareceu um dos construtores do nosso mercado. O decano dos jornalistas imobiliários portugueses já não está connosco. Alejandro Martins em nome da AM|48 despede-se de Joaquim Pereira de Almeida, com uma palavra de reconhecimento por um trabalho de décadas em prol do imobiliário, das suas pessoas, dos seus valores. Obrigado e até sempre.
Homenagem 4 Grande Tema
Lead Story
Tribute
1957/2021 Dizem que eras o “guru” do Imobiliário em Portugal. Que deste ao sector mais que qualquer um, como jornalista, como pessoa amiga, directa e generosa. Isso ficou patente nos milhares de mensagens e comunicados deixados quando partiste. Mas eras sobretudo um Homem de causas, um homem além-mar e onde o denominador comum são as pessoas: sem raças, classes ou extractos sociais, como fica bem patente no texto que dedicamos ao teu último Paparazzi. Unimo-nos, tu na escrita e eu na imagem. O Paparazzi permanecerá com o meu olhar. Bem-hajas meu querido por fazeres parte de mim, dos nossos filhos e dos anos que contigo partilhámos. They say you were the “guru” of Real Estate in Portugal. You gave more to the industry than anyone else, as a journalist, as a friendly, direct, and generous person. This is clear from the thousands of messages and reports you left behind for us. But, above all else, you were a Man dedicated to causes you believed in, an exceptional man who always went above and beyond and always held people at the heart of what you did. You looked beyond race, class, and socio-economic background, as is very clear in the final Paparazzi text we have dedicated to you. There, we came together, you with your writing and me with my photography. Paparazzi will remain under my gaze. Thank you, my dear, for being part of me, our children, and the years we shared with you. Anabela Loureiro
Administradora e repórter fotográfica da Magazine Imobiliário Manager and photo reporter for Magazine Imobiliário
Homenagem Tribute
Cúmplices Accomplices Carla Celestino
Directora Magazine Imobiliário Director, Magazine Imobiliário
Há alguns anos, era eu jornalista da Revista Imobiliária, quando me foi apresentado um senhor do jornalismo, de outros tempos, de outras guerras, de outras sabedorias e influências. Eu, já de mim de pequena estatura, senti-me encolher perante tal gigante. Em cima da mesa da redacção estava a revista África, folheei-a rapidamente até que me deparei com uma crónica deste jornalista que decorria numa tarde, algures numa praia de Angola, com o cantor Zeca Afonso. Foi naquele preciso momento que a minha admiração por ele começou a crescer e nunca mais parou. Junto de sua esposa Anabela Loureiro sonharam a Magazine Imobiliário e eu sonhei com eles. Passámos juntos por muitos sacrifícios, muitas lutas. A bem da verdade, o que me vem à memória são sempre as brincadeiras, o seu sentido de humor em jeito de quem ri mas diz as verdades. Viu em mim o que mais ninguém viu, deu-me o que mais ninguém me deu. Volto a sentir-me pequena perante o pouco que consegui dar-lhe, mas foi de coração, com muito suor e alegria. Perdoem-me, os leitores, esta minha pequena homenagem ao grande homem que foi Joaquim Pereira de Almeida. Ele sabe que vou ter saudades suas, que me vai fazer falta a sua orientação, camaradagem, amizade e, acima de tudo, a nossa cumplicidade. Por isso, faço minha a voz de muitos, e apenas lhe posso dizer: “Muito obrigada!”
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A few years ago, I was a journalist at Revista Imobiliária when I was introduced to a master of journalism from other times, other wars, other wisdoms and influences. I, already of small stature, felt myself shrinking before such a giant. On the drafting table was the magazine África. I skimmed through it quickly until I came across a chronicle from this journalist which took place one afternoon on a beach somewhere in Angola with singer Zeca Afonso. It was precisely in that moment that my admiration for him began to grow. And it never stopped. Together with his wife Anabela Loureiro, they dreamed of Magazine Imobiliário, and I dreamt along with them. We sacrificed and fought through a great deal together.The truth is that what always comes to my mind when I think of him are the jokes, his sense of humour as someone who laughed but also always told the truth. He saw in me what no one else saw, gave me what no one else gave. I’m beginning to feel small again because of what little I managed to give him, but what I did give him came from the heart, with a lot of sweat and joy. Forgive me, dear readers. This is my little tribute to the great man that was Joaquim Pereira de Almeida. He knows that I will miss him and that he’s going to make me miss his direction, camaraderie, friendship, and, above all, our close partnership. And so I join my voice to those of so many others, and all I can tell him is “Thank you so very much!”
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Homenagem
Tribute
Joaquim com uma das irmãs
A paixão pela vela
Sara Ocidental, Bou Cra (1977)
Assembleia de Trabalhadores do Jornal de Angola
Reportagem em Angola
Reportagem em Angola
Homenagem Tribute
Comitiva oficial de Agostinho Neto
Início de vida a dois (Joaquim e Anabela)
Entrevista na Televisão Popular de Angola
Director-Adjunto e Director da revista Imobiliária, Joaquim e João Rosa
Presença no MIPIM, em Cannes
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Homenagem
Tribute
Joaquim e Polignac de Barros, presidente da APPII
Anabela, Joaquim e André Jordan, CEO do André Jordan Group
Prémios Personalidades 2017/ 4º Aniversário da Magazine Imobiliário
“Óscares” do Imobiliário 2020
Equipa da Magazine Imobiliário, amigos e família
Homenagem Tribute
Joaquim e os filhos Djaimilia e Francisco
Os seus eternos boxers
A contemplar a vida
Amanhecer num lugar tranquilo
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10 Homenagem Tribute
No silêncio de sentimentos mudos In the Silence of muted feelings
Amável Fernandes
Conferência Anti-Aparthid, Luanda (1981)
Na varanda alta no velho bairro dos Coqueiros na espúria cidade de Luanda, desdobro o mapa da baía cinzenta azulada, onde a água e tinta debotam para o horizonte de nuvens baixas que sopra o cheiro da chuva. Nas gravuras características do século XVII, aparecia no topo do desenho um anjo gordo que tocava uma trombeta e exibia, como um arauto, o nome da cidade que desdobrava como um pergaminho a legenda: S. Paulo de Assunção de Luanda. Como se a gente pudesse esquecer a vetusta fortaleza à esquerda com os seus canhões apontados contra os invasores flamengos, que protegiam casarões e porta-de-cavalo obscuras que davam para armazéns de permuta de pólvora, aguardente e escravos. Como se nós que pertencemos a esta comunidade de sonhos e pesadelos, de peitos-celeste e bicos-de-lacre, que ainda regressam ao entardecer para debicarem os grãozinhos de painço das nossas recordações, pudesse ter uma ataque de amnésia, abjurar, cortar a língua, arrancar os olhos, tapar os ouvidos, jurar, não te conheço, nunca te vi nem uma vez na vida, nem de perto nem de longe. Passam ao longe, muito longe, caravanas que choram a cantar, tropa de segunda linha, os pés coriáceos nas veredas do mato.
E mais tarde, muito mais tarde, é preciso abreviar que se faz noite sobre a baía com os seus barcos imóveis, guindastes hirtos, em fundo neblina e pandemia, veio a descolonização um termo que ainda hoje desperta insuspeitas ondas sísmicas de uma rara violência. Todos nós ouvimos a velha frase: A descolonização não é um convite para jantar, muito menos um jantar de cerimónia, e muito menos misturado com guerra-civil e exércitos estrangeiros no palco das operações. Mas, tu sabes disso, tu eras repórter, para quê repetir o que tu sabes e sentiste na pele? Foi por isso que foste embora, no princípio dos anos 90, elegeste Lisboa, onde reconstruístes a pulso muitos sonhos que te foram negados na tua própria terra. Sabes, fizeste bem, é a melhor a dignidade do exílio, do que uma vida de cócoras, no meio de gente sem princípios políticos e sem moral. Nós, meu caro Quim, nós temos um curso de sonhos e mestrado de desgraças. Tu, eu, nós, toda esta gente de etnias misturadas e novas tribos de línguas rurais, sanzalas e musseques. Somos assim, irremediavelmente, assim... Há coisas para as quais não existem palavras, falaremos eternamente no Silêncio de sentimentos mudos.
At the lookout point high in the old Coqueiros neighbourhood in the spurious city of Luanda, I unfold a map of the bluish grey bay where water and ink fade into a horizon whose low clouds fill the air with the smell of rain. In the 17ᵗʰ-century etchings, a portly angel playing a trumpet appears at the top and, like a herald, holds an unfurled scroll bearing the name of the city: S. Paulo de Assunção de Luanda. As if people could forget the dilapidated fort to the left with its cannons pointed at Flemish invaders, protecting mansions and dark backdoors that led to warehouses where gunpowder, liquor, and slaves were exchanged. As if we who belong to this community of dreams and nightmares, of blue and common waxbills which still return at dusk to peck at the tiny grains of millet that are our memories could suffer an attack of amnesia, renounce our realities, cut our tongues off, pluck our eyes out, cover our ears, and swear and shout, “I don’t know you! I’ve never seen you in my life neither near nor far!” Caravans of auxiliary troops pass by far, far away, weeping as they sing, their leathery feet trudging along paths in the bush. And later, much later, night has fallen over the bay with its stationary boats and rigid cranes. Fog and a pandemic fill out the background. Decolonisation has come, a term that still today awakens spontaneous, traumatic waves of a rare violence. We have all heard the old refrain: Decolonisation is not an invitation to dinner, much less a formal dinner, let alone mixed with civil war and foreign armies involved in the fighting. But you already know that. You were a reporter, after all. What good would it serve to repeat what you know and what you experienced in the flesh? This is why you left at the beginning of the 1990s. You chose Lisbon, a place where you wasted no time rebuilding lots of dreams that you were denied in your own land. You know, you chose well. Much better is the dignity of exile than a life squatting among people who have no political principles or morals. We, my dear Quim, are still learning how to dream, hindered by our history of tragedies and disgrace. You, me, us, all these people from a mixture of different ethnicities. Tribes with rural languages. People from both the tiny sanzalas of the countryside and the crowded musseques of the cities. This is what we are like. And hopelessly so… There are things that there are no words for. We will speak forever in the Silence of muted feelings. Amável Fernandes Jornalista Reporter
Em mais de duas décadas de atividade da Rockbuilding, o Joaquim Pereira de Almeida foi um companheiro sempre presente e que nos acompanhou em vários sucessos imobiliários. Pioneiro a conceber a Magazine Imobiliário, deixou forte marca no sector ao criar um dos mais prestigiados eventos do mercado: Os “Óscares” do Imobiliário. Guardamos com saudade as memórias deste excelente profissional e especialmente do bom Homem que nos acompanhou em tantos e bons momentos vividos. Obrigado Joaquim... A equipa Rockbuilding
Grande Tema 12 Grande Tema
Lead Story
Lead Story
Lisboa v. Porto
Clássicos do imobiliário Competition in the real estate world
14 Grande Tema Lead Story
Sempre houve e haverá rivalidades entre Lisboa e Porto. Juntas mostram o melhor de Portugal. Com bairrismo revelam que podem ir muito, muito longe. O imobiliário reflecte o novo brilho destas duas cidades: estão mais sexys, repletas de talentos e a captar a cobiça nacional e estrangeira. “Espelho, espelho meu, haverá lugar mais interessante para investir que o meu?” There has always been – and will always be – a rivalry between Lisbon and Porto. Together, they show off the best of what Portugal has to offer. They show that, with parochialism, they can go very, very far. Real estate reflects the new brightness of these two cities: they’re sexier, full of talent, and capture foreign and domestic interest. “Mirror, mirror on the wall, isn’t my place for investing the most interesting of all?”
Texto Text: Carla Celestino
Numa altura em que o País atravessou os piores números de sempre da pandemia de coronavírus, onde quase tudo voltou a parar com a grande excepção do campeonato nacional de futebol vem-nos à memória os derbies entre Lisboa (SLBenfica e SportingCP) e Porto (FCPorto). Por muito que digamos que a capital tem uma luz única e a Invicta está mais bonita do que nunca, a realidade é que basta soar o apito do árbitro a dar início a mais uma partida futebolística para cada um defender com toda a garra as suas cores. Qual “Leão da Estrela”, um clássico, é sempre um clássico. E sempre foi assim, durante muitos anos. Cada um puxava a “brasa à sua sardinha”. Foi preciso visão, estratégia e reinventar o turismo para se perceber que era possível “vender” Lisboa e Porto com o mesmo grau de qualidade, beleza e lucro. Com isso veio a reabilitação e a construção nova em duas cidades há muito estagnadas pela pasmaceira do investimento. Dos alojamentos turísticos saíam para as ruas turistas de diferentes nacionalidades, de sacos de compras na mão e cheios de conforto nas suas barrigas e coração. As ruas de comércio, antes visitadas por fantasmas do passado, enchiam-se de antigos e novos conceitos. Procuravam-se escritórios para os talentos que saíam das universidades ou
eram despejados nos principais aeroportos do País. Era preciso mais habitação, mais escolas… com isso, a construção e o imobiliário renasceram. Mas em Março de 2020 a pandemia de Covid-19 instalou-se no nosso País. Um ano depois, fomos saber como está o imobiliário nas duas principais cidades de Portugal. Fomos saber se há cartões vermelhos ou amarelos, ou se será preciso tempo de compensação. E, claro, quem será o grande vencedor desta batalha de titãs.
Lisboa a diferentes velocidades
A cada nova jornada da pandemia, “equilíbrio” parece ter sido a palavra de ordem dos profissionais do imobiliário a operar em Lisboa em 2020. Equilíbrio entre os principais players, entre vendedores e compradores, proprietários e inquilinos. Mas os sectores do retalho e do turismo não foram à prova de bala e sofreram uma forte investidura de um adversário impiedoso. A dupla da consultora imobiliária Savills - Filipe Santos, associate director, e Alexandra Gomes, associate, consultancy & market research – comprovam este cenário dizendo que “serão muitos aqueles que saíram lesionados”. Mas ambos já estão de olhos postos no final da partida e mostram-se optimistas ao consideram que estes segmentos “terão um caminho em comum: reinventarem-se
16 Grande Tema Lead Story
no novo normal para garantir a sua sobrevivência.” O primeiro trimestre de 2021 está aí e continua a atrair o interesse dos investidores estrangeiros, as obras não pararam e até já há quem olhe para novas oportunidades como é o caso dos segmentos alternativos do multifamily e do coliving. Então, questionamos nós, como será a performance do mercado da capital em 2021/2022? “Mais animadoras, com toda a certeza” dizem categoricamente Filipe Santos e Alexandra Gomes, para quem “cada sector vai apresentar recuperações diferentes, em velocidades distintas.” Olhemos, então, a que velocidade vai correr o mercado de escritórios de Lisboa. Segundo estes especialistas, o volume de take-up deste mercado deverá manter-se abaixo dos níveis alcançados em 2018 e 2019, com uma performance ainda muito dependente de como as empresas vão gerir os efeitos da pandemia e a influência que o teletrabalho
irá deixar nas organizações. Mas defendem que tal “nunca vai comprometer os espaços de escritórios.” Quando se muda a conversa para o retalho, é visível nos seus rostos a dureza da situação. Como dizem, “nem todos conseguirão sobreviver a esta dura prova” e o “fecho de lojas será inevitável, uns por falta de encaixe financeiro, outros por mudança de estratégia nos seus canais de venda.” Mas como dizia Winston Churchill, “um optimista vê uma oportunidade em cada calamidade” e seguramente vai surgir a reformulação ou a ocupação de novos de espaços de lojas. O positivismo sob de tom quando se aborda o sector de investimento que “deverá permanecer forte”. Para tal, segundo Filipe e Alexandra, muito contribuirá o “excesso de liquidez que caracteriza o mercado, uma enorme vontade de diversificação das carteiras de risco e a contínua atractividade do mercado imobiliário comparativamente a outros produtos financeiros.”
Serão muitos aqueles que saíram lesionados (…). Mas terão um caminho em comum: reinventarem-se no novo normal para garantir a sua sobrevivência. There are many who have been injured (…) But these segments will walk a common path: they will reinvent themselves in accordance with the new normal in order to guarantee their survival.”
Esta é a nossa marca na sua vida A marca bancária mais reputada Portugal 2021
Distinção que engloba os atributos de admiração, , preferência e recomendação. relevância, O estudo de 2020, realizado pela Global RepScoreTM Pulse da OnStrategy em parceria com o Corporate Excellence Foundation, distinguiu o Santander como a marca bancária mais relevante, num cenário de pandemia. Para nós é muito importante saber que somos uma marca na sua vida.
Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidade que o atribuiu
18 Grande Tema Lead Story
Para 2021, vaticinam que o mercado de escritórios continue a ser a “jóia da coroa”, assim como se irá assistir à “venda de activos hoteleiros e de portfolios.” Já o mercado residencial vai continuar a “gozar do facto de ter fundamentais de mercado fortíssimos, a começar pelo facto de que todos nós precisamos de uma casa para viver.” Mas há outros segmentos que durante muito tempo pareciam adormecidos e que, graças à digitalização e ao e-commerce, não só despertaram como fizeram fortes remates no mercado, o melhor exemplo é o industrial & logístico. Os especialistas da Savills acreditam que estes “são tempos de oportunidade”.
Porto cada vez mais forte
Na sua leitura do jogo imobiliário, o director-geral da JLL tem fé que “o Porto vai consolidar-se cada vez mais como primeira opção para promoção, ocupação e investimento no contexto nacional e também, cada vez mais, como uma cidade de eleição no mercado europeu, não sendo olhado como um mercado alternativo face à escassez de oportunida-
des em Lisboa.” Pedro Lancastre defende com muita garra a Invicta por se tratar de “um mercado com forte procura nacional onde continuam a existir muitas oportunidades para o desenvolvimento de habitação, com um leque interessante de terrenos para promoção em boas localizações, incluindo em sítios com acessos privilegiados a transportes públicos.” E também porque é um destino para instalação de empresas: “A cidade está no topo da lista das melhores cidades europeias para muitas multinacionais que já entraram ou estão a entrar em Portugal.” Tudo isto, como salienta, é “potenciado pela abordagem da autarquia aos investidores, pois a Câmara do Porto tem uma capacidade de resposta muito célere, a exemplo dos processos de licenciamento, o que permite uma maior fluidez do investimento.” Nota ainda para o segmento industrial e de logística que é actualmente “um dos mais apetecíveis”, tendo em conta a forte apetência industrial da região, bem como a escassez de logística de proximidade. E também o segmento de escritórios continua a ser alvo
A cidade (Porto) está no topo da lista das melhores cidades europeias para muitas multinacionais que já entraram ou estão a entrar em Portugal. The city is at the top of the list of the best European cities for many multinationals that have already entered or are entering Portugal.”
www.coporgest.com
18 ANOS DE EXPERIÊNCIA no mercado Imobiliário
Casa do Arco
Condes de Murça
by COPORGEST
Avenida da Liberdade, 245 – 9º C 1250-143 Lisboa | Portugal Tel +351 213 108 900 Fax +351 213 108 909 geral@coporgest.com
20 Grande Tema Lead Story
Em que ficamos? Where we are now
Barragens & impostos Dams &taxes
de interesse, embora sejam um “produto escasso dada a falta de construção especulativa”. Já os sectores do retalho e de hotéis são os “mais impactados pela pandemia.”
Rotunda do Marquês ou Aliados?
A pergunta é provocatória. No derby entre Lisboa e Porto, qual das duas cidades tem mais pontos na tabela classificativa do imobiliário? Há quem tenha “fair Play” e há quem seja treinador de bancada. Filipe Santos e Alexandra Gomes podiam ser embaixadores da Federação Portuguesa de Futebol Imobiliário, se isso existisse. São justos nas suas declarações: “O campeonato do imobiliário não tem vencedores nem vencidos, pautando-se por uma cooperação que a todos beneficia e que eleva o nome de Portugal, tornando-se num factor de diferenciação, diga-se, apreciado pelos investidores.” Quase conseguimos imaginar o público nas bancadas a fazer uma “onda” e a aplaudir estas palavras. A comitiva da Savills defende que agora, “mais que nunca, não podemos falar em rivalidades nem divisões, num País tão pequeno como o nosso, devemos manter-nos
unidos e encontrar nas cidades europeias com quem realmente competimos, o adversário.” Neste campeonato, sustentam, “partilhamos as vitórias e olhamos para Portugal como um todo de enorme potencial, com imensos factores de atractividade, reconhecidos interna e externamente.” Como disse Rúben Amorim: “Onde vai um, vão todos”. Rematam, dizendo que “as oportunidades estão ao virar da esquina e em função do perfil do investidor, ou do segmento de mercado, uma entidade pode perfeitamente iniciar o seu “campeonato”, começando com um investimento em Lisboa num edifício de escritórios ou se a aposta for nas residências de estudantes olhar para a cidade Invicta”. E recordam que “Lisboa e Porto são ambas portas de entrada importantíssimas na Europa.” Mas isso é outra liga. O director-geral da JLL apresenta-se como um verdadeiro árbitro no “mano a mano” entre Lisboa e Porto e, de apito em riste, afirma: “Lisboa lidera em dimensão, consolidação e em massa crítica para investidores e para empresas. O Porto lidera em dinâmica, rapidez e agilidade junto do município.” Olhando para as glórias passadas, diz que “Lisboa liderou sempre a tabela, mas hoje
Seis barragens localizadas na bacia do Douro - Miranda, Bemposta, Picote, Foz Tua, Baixo Sabor e Feiticeiro - foram vendidas pela EDP a um consórcio liderado pela francesa Engie. O valor da operação ascendeu aos 2,2 mil milhões de euros mas o negócio ficou isento de imposto de selo ao abrigo das directivas da União Europeia. Algo que foi duramente criticado pelo movimento Terras de Miranda e pelo partido político Bloco de Esquerda. Porquê? Pela simples razão de que, a ser cobrado, seriam 110 milhões de euros que poderiam beneficiar as regiões onde se encontram instaladas as barragens. A este propósito a deputada bloquista, Mariana Mortágua, levantou duas questões pertinentes: Terá a EDP utilizado abusivamente um benefício fiscal? Terá o Governo abdicados dos seus direitos? Six dams located in the Douro basin– Miranda, Bemposta, Picote, Foz Tua, Baixo Sabor, and Feiticeiro – have been sold by the National Energy Agency of Portugal (EDP) to a consortium led by French utilities company Engie. The transaction was worth €2.2 billion EUR, but the deal was exempt from stamp taxes under European Union directives. This was heavily criticised by the Terras de Miranda movement and the Left Bloc political party. Why? For the simple reason that, if they were to be imposed, these taxes would send €110 million EUR to the benefit of the regions where the dams are located. To this end, Left Bloc assemblywoman Mariana Mortágua raised two pertinent questions: Did EDP abuse a tax break? Did the Government give up something it was due?
Grande Tema Lead Story
Lisboa liderou sempre a tabela, mas hoje o Porto está a muitos poucos pontos de distância. Lisbon has always led on the scoreboard, but, today, Porto is only a few points behind.”
o Porto está a muitos poucos pontos de distância.” Além disso, hoje, o “Porto tem também mais margem de crescimento, em cada subsector do imobiliário. Mesmo que Lisboa apresente segmentos mais desenvolvidos e profissionalizados, a cidade do Porto apresenta ainda muitas oportunidades de investimento e está longe de estar saturada.” Como os portistas costumam dizer: “O Porto é uma nação!” Antes do apito final, Pedro Lancastre dá direito a uns minutos de compensação e sublinha que, “para além de preços competitivos e inferiores aos de Lisboa, a Invicta distingue-se pelas oportunidades de renovação em várias zonas, com activos ou terrenos ainda disponíveis para reabilitar ou mesmo para construir, um aspecto que tem atraído à cidade investidores, promotores e empresas” e, por outro lado, “a nível internacional, o Porto é cada vez mais visto como uma cidade ibérica e não como uma cidade secundária, comparativamente a Lisboa.” No campeonato do imobiliário não há taças, nem vencedores. Ao ritmo que o esférico evolui diríamos que neste clássico estamos perante um empate com grandes goleadas. Lisboa e Porto não desperdiçam oportunidades e estão taco a taco em termos de dimensão, qualidade e prestígio. Por isso, numa altura em que os “olheiros” estão agora com os holofotes apontados para o interior, há quem já comece a fazer prognósticos sobre quais serão as revelações e contratações nas restantes cidades de Portugal.
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At a time when Portugal has gotten through its worst numbers of the entire coronavirus pandemic, when everything stopped again (except the national football championship), the matches between Lisbon (SLBenfica and SportingCP) and Porto (FCPorto) come to mind. Although we often talk about how Lisbon has a unique light and Porto is more beautiful than ever, the reality is that all you have to do is sound the referee’s whistle to start yet another football match, and each one will defend their colours with all their might. And it’s always been this way for many years. Each one would bring their “sardine closer to the charcoal.” It took vision, strategy and reinventing tourism to realise that it was possible to “sell” Lisbon and Porto with the same degree of quality, beauty, and profit. With this came renovation and new construction projects in two cities that had stagnated for a long time due to lethargic investing. Tourists from all over the world took to the streets from accommodation designed and built specifically for them with shopping bags in hand and fullness and comfort in their bellies and hearts. Shopping streets, which used to be visited by ghosts of the past, filled with old and new concepts. Offices were sought after fortalented young people graduating from the country’s universities or coming out of the country’s main airports. More housing, more schools were needed… And, with that, construction and real estate were reborn.
22 Grande Tema Lead Story
O campeonato do imobiliário não tem vencedores nem vencidos, pautando-se por uma cooperação que a todos beneficia e que eleva o nome de Portugal. The real estate championship has neither winners nor losers but is rather guided by a cooperation that benefits everyone and elevates Portugal’s name.”
But, in March 2020, the COVID-19 pandemic came to Portugal. One year later, we went to find out how real estate is doing in Portugal’s two main cities. We wondered if there have been red or yellow cards pulled or if it will just take time to clear. And, of course, we wanted to find out who the big winner will be in this battle of the titans.
Lisbon to recover at different speeds
As we turned each new corner in this journey through the pandemic, “balance” seems to have been the watchword of real estate professionals working in Lisbon in 2020. Balance between the main players, between sellers and buyers, owners and tenants. But the retail and tourism sectors have not been
bulletproof and suffered a strong investiture from a merciless opponent. The pair from real estate consultancy Savills – Filipe Santos, Associate Director, Porto, and Alexandra Gomes, Associate, Consultancy & Market Research – prove this saying that “there are many who have been injured.” But both already have their eyes fixed on the end of the match and are optimistic. They believe these segments “will walk a common path: they will reinvent themselves in accordance with the new normal in order to guarantee their survival.” The first quarter of 2021 is here and continues to attract the interest of foreign investors, construction has not stopped, and there are even those who are already looking for new opportunities in suchalternative
segments as multifamily units and co-living. So, we wondered, what will the capital market’s performance be like in 2021-2022? “More exciting, for sure,” say Santos and Gomes. For them, “each industry will recover differently and at different speeds.” Let’s look, then, at the speed at which Lisbon’s office market is recovering. According to these experts, the take-up volume in this market will mostly remain below the levels reached in 2018 and 2019, with its performance still very dependent on how companies manage the effects of the pandemic and the influence that telework will have on organisations. But they argue that these things “will never compromise office space.” When the conversation shifts to retail, you can tell how grave the situation is just by looking at their faces. They say that “not everyone will be able to survive this difficult ordeal” and that “stores will inevitably close, some due to a lack of cash inflow, others due to a change of strategy in how they sell [their products and services].” But, as Winston Churchill said, “an optimist sees the opportunity in every difficulty.” Surely, new stores will eventually come to occupy these spaces. Positiveness rises when it comes to investment sector, which “should remain strong”. According to Filipe and Alexandra, “the market’s excess of liquidity, an enormous desire
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Nevão Snow
Hotelaria vive momentos dramáticos Dramatic times for hospitality
Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), declarou que “2020 foi um péssimo ano, recuámos a valores de dormidas de não residentes de 1984! Mas 2021 não será melhor.” De acordo com a associação, a situação do sector hoteleiro é “muito grave” e os “apoios são insuficientes”, uma vez que as empresas hoteleiras estão há um ano com quebras enormes e, actualmente, já não conseguem cumprir com o pagamento de ordenados, fornecedores e impostos. O presidente da AHP deixou o alerta: “Se não existirem apoios urgentes, não será “apenas” o sector hoteleiro, empresas, trabalhadores e famílias que sofrerão, mas toda a economia.” Raul Martins, President of the Hospitality Association of Portugal (AHP), declared that “2020 was a terrible year. Overnight stays of non-residents fell to levels not seen since 1984! But 2021 will be no better.” According to the association, the hotel industry’s situation i “very serious,” and “support is insufficient.” Hotel companies have suffered enormous losses over the last year, and, today, they are no longer able to pay wages, suppliers, or taxes. The president of the AHP left this alert: “If urgently needed support doesn’t come soon, it won’t be “just” the hospitality industry and its businesses, workers, and families who will suffer. The entire economy will.”
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to diversify risk portfolios, and the continued attractiveness of the real estate market compared to other financial products” will contribute a great deal to this. For 2021, they predict that the office market will continue to be the “crown jewel” and that “hotel assets and portfolios will be sold off.” The residential market will continue to “enjoy very strong market fundamentals, starting with the fact that we all need somewhere to live.” There are other segments, though, that seemed to be dormant for a long time but which, thanks to digitalisation and e-commerce, have not only woken up but made great strides in the market. The best example of this is the industrial & logistics segment. Savills’ experts believe that these “are times of opportunity.”
Porto is growing ever stronger
In his reading of the real estate game, JLL’s General Manager has faith that “Porto will
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become an increasingly attractive first option for development, occupation, and investment in Portugal; it is a city of choice – and increasingly so – in the European market and has not being looked upon as an alternative market due to the scarcity of opportunities in Lisbon.” Pedro Lancastre defends Porto with great zeal because it is “a market with strong domestic demand where opportunities continue to abound for residential developments. It has an interesting range of plots land available for development in good locations, including sites with easy access to public transport.” Porto is also a great destination for a company to set up shop: “The city is at the top of the list of the best European cities for many multinationals that have already entered or are entering Portugal.” Lancastre says all this has been due to “the approach the local government has taken re-
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Lisboa e Porto são ambas portas de entrada importantíssimas na Europa. Lisbon and Porto are both very important entry points for Europe.”
garding investors, as Porto’s City Council is able to respond very quickly to licensing and permit requests, for example, which allows investments to flow more fluidly.” He also makes note of the industrial and logistics segment, which is currently “one of the most desirable,” given the region’s strong appetite for industry, as well as the scarcity of logistics facilities that are close by. The office segment remains another point of interest, although they are a “scarce product due to the lack of speculative construction.” The retail and hotel segments have been the “most impacted by the pandemic.”
The Marquês Roundabout or Aliados Avenue?
The question is controversial. In the match between Lisbon and Porto, which of the two cities has the most points on the real estate scoreboard? There are those who promote fair play and those who are bench coaches.
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Santos and Gomes could be ambassadors for the Portuguese Federation of Real Estate Football, if it existed. They are fair in their statements: “The real estate championship has neither winners nor losers but is rather guided by a cooperation that benefits everyone and elevates Portugal’s name, distinguishing the country from others (i.e., appreciated by investors).” We can almost imagine the audience in the stands making a “wave” and applauding these words. Savills’ duo argues that, now “more than ever, we cannot afford to talk about rivalries or divisions in a country as small as ours. We have to remain united and look at the European cities we really compete against as our opponents.” In this championship, they say that “we should share our victories and ought to look at Portugal as an immensely attractive whole with enormous potential that is recognised internally and externally.”
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As Rúben Amorim said, “Where one goes, all go.” They conclude by saying that “opportunities are just around the corner, and, depending on the investor’s profile or the market segment, an entity can perfectly begin its“championship” by starting with an investment in an office building in Lisbon or a student residence building in Porto should they choose to focus on that segment.” And they remind us that “Lisbon and Porto are
both very important entry points for Europe.” But that’s another story. JLL’s General Manager presents himself as a true arbiter in the “head-to-head” between Lisbon and Porto and, with his whistle at the ready, says, “Lisbon leads in size, strength, and critical mass for investors and companies. Porto leads in dynamics, speed and bureaucratic agility. ” Looking back at past glories, he says that “Lisbon has always led on the scoreboard,
but, today, Porto is only a few points behind.” In addition, “Porto also has more growth margin in each real estate sub-sector. Even though Lisbon’s segments are more developed and more professional, the city of Porto still has lots of investment opportunities and is far from saturated. ” As those from Porto usually say, “Porto is a nation!” Before the final whistle, Lancastre is entitled to a few extra minutes and stresses that, “in addition to competitive prices that are lower than those in Lisbon, Porto is distinguished by the opportunities for renovation in several parts of the city, with both constructed assets and even plots of landstill available for renovation and new projects, respectively. This is something that has attracted investors, developers, and companies to the city.” Internationally, “Porto is increasingly being seen as an Iberian city and not as a city that is second to Lisbon.” In the real estate championship, there are no big cups or winners. As time passes, we can say that, for this game, the two have ended up in a draw, both having scored some great goals. Lisbon and Porto aren’t wasting any opportunities and are neck and neck in terms of size, quality, and prestige. Because of this, at a time when the “recruiters” are now pointing the spotlight inwards, there are those who have already begun to make predictions about what is to come for Portugal’s remaining cities.
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Belas Clube de Campo Belas Country Club
Um lugar encantado An enchanting place
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Foi com estas palavras que Ricardo Pereira, actor, embaixador e morador do Belas Clube de Campo quando está em Portugal, definiu o Belas Clube de Campo, um resort residencial único em Portugal e na Europa. Quem lá vive, oriundo de diferentes geografias, nestes tempos de pandemia, diz que é “seguro”, um “cantinho do céu”. E quem lá quer investir ou morar dirá que é um local onde “existe tudo e está perto de tudo”. These were the words that Ricardo Pereira – actor and Belas Country Club ambassador and resident when he’s in Portugal – used to describe Belas Country Club one of Portugal’s and Europe’s most unique residential resorts. Those who live there come from a number of different places, and they all say that it is “safe” and a “slice of heaven.” And whoever wants to invest or live in this development will say that it “has everything and is close to everything.”
Quando o mundo fecha portas devido à pandemia de Covid-19 e fica confinado a quatro paredes, os metros quadrados não chegam para o teletrabalho, para a telescola, para o teleginásio... Faltam os caminhos no meio da Natureza. Faltam os espaços para brincar ao ar livre. É quando se começa a olhar para lá dos novos horizontes que se descobre que, mesmo ali ao lado, existe um resort residencial único e feito à medida de cada um. Foi precisamente isso que moveu o casal Maitê e Guilherme Vilhena, ela brasileira, ele português, com dois filhos, a quererem mudar-se da Avenida de Roma, em Lisboa, para “outras paragens”.
“All in one”
Guilherme avança que durante o confinamento viu vários projectos imobiliários em modo virtual mas nenhum “correspondeu às minhas expectativas”. Foi, então, que se cruzou com o site do Belas Clube de Campo e sentiu o seu “coração vacilar”. “É impressionante como a poucos minutos de Lisboa e muito perto da serra de Sintra, que adoramos visitar, e das praias de Cascais existe um empreendimento assim”, confessa. E prossegue dizendo: “O que mais me impressionou foi a imensidão de espaço verde, quase nem se percebe que existem ali casas.” Na vanguarda da construção sustentável, o
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Belas Clube de Campo está inserido num parque florestal de 1000 hectares, é um dos projectos residências de mais baixa densidade de construção e que foi pensado para promover as melhores práticas ambientais. Aliás, foi aqui que nasceu o primeiro “Bairro Solar”, 100% renovável, e foi também o primeiro a receber a nível internacional a classificação ambiental ISO 9001 e ISO 14001. Maitê, mais prática, diz que o que a impressionou foi perceber que “está tudo à mão, desde supermercado, parafarmácia, restaurantes, healthclub, piscina, vigilância 24horas por dia, ou seja, tem “all in one” (tudo no mesmo local)”. Mas a cereja no topo do bolo para ela foi saber que ali existe o Jardim-Escola João de Deus de Belas, dentro do empreendimento, aberto há cerca de um ano, o mesmo que a sua filha frequenta actualmente em Lisboa. A preocupação com os ocupantes deste espaço é uma constante e em tempos de confinamento os esforços foram redobrados para apoiar os moradores. Não faltou o apoio ao estudo online, a prática desportiva através de sessões virtuais, envio de sms com alertas e até fazer chegar os medicamentos a quem mais precisava. Devido à pandemia, as actividades desportivas ao ar livre ganharam relevância e com isso aumentou a procura pelo campo de golfe, um dos melhores de Portugal. O crescimento foi tal,
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que a Planbelas decidiu investir em tecnologias sustentáveis para manutenção do campo de golfe e espaços verdes. Além disso, investiu também em quatro novos campos de padel cobertos de última geração.
Investimento com retorno garantido
Para surpresa do casal Vilhena, descobriram que o Belas Clube de Campo não é um segredo para muitos dos seus amigos quer do Brasil, quer de Inglaterra. A sua amiga britânica Liz é uma das conhecedoras do Belas Clube de Campo e uma das que está a ponderar investir na aquisição de uma moradia. “A Liz adora arquitectura e o facto de as casas poderem ser idealizadas por arquitectos de renome foi algo que a atraiu. Mas como a conheço bem, e adora fazer bons investimen-
tos, provavelmente só ocupará a casa durante alguns meses e o resto será para investir, é que antes da pandemia andava sempre cá e lá (entre Portugal e Inglaterra)”. Neste momento existe uma comunidade constituída por 30 nacionalidades distintas no Belas Clube de Campo o que demonstra a crescente procura internacional por este empreendimento e atesta também que Portugal continua no radar dos investidores. Para o aumento do interesse muito contribuiu a nova fase do Lisbon Green Valley que possui uma grande diversidade e qualidade da sua oferta imobiliária que passa por modernos apartamentos, townhouses e lotes para construção de moradias.
Sustentabilidade sempre no topo
Para Gilberto Jordan, CEO da Planbelas, “as
pessoas começaram a olhar para o mundo de uma forma diferente e a sustentabilidade e o meio ambiente passaram a ser critérios determinantes no momento de comprar casa”. O casal Vilhena corrobora esta afirmação: “Mais do que a natureza e a tranquilidade envolvente o que nos fascinou foi ver que a sustentabilidade vem em primeiro lugar, quer seja do meio ambiente, quer seja do conforto dos ocupantes das casas”. Guilherme e Maitê, antes do segundo confinamento, visitaram o Belas Clube de Campo. “O que acharam?”, perguntamos nós. Foi com um sorriso estampado nos seus rostos que responderam que vieram “encantados”. As the world closes its doors due to the COVID-19 pandemic and everyone is confined behind their own four walls at home, these small
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spaces begin to not be enough for telework, distance learning, home workouts… People miss being in nature. They miss being able to play outdoors. It is when one begins to look beyond new horizons that one discovers that there’s a unique residential resort tailored to fit each resident’s desires right next door. This was precisely why Maitê and Guilherme Vilhena, a Brazilian-Portuguese couple with two children, wanted to leave Lisbon’s Avenida da Roma behind for greener pastures.
“All in one”
Guilherme says that, although he looked at several real estate developments virtually during confinement, none of them “lived up to [his] expectations.” He then stumbled upon Belas Country Club and felt his “heart skip a beat.”
“It’s impressive that such a development exists so close to Lisbon, the mountains of Sintra which we love to visit, and the beaches of Cascais,” he says. “What’s most impressed me has been just how much green space there is. You almost can’t tell there are houses there.” At the forefront of sustainable construction, Belas Country Club is located in a 1,000-hectare forest park, is one of the lowest-density residential construction projects, and was designed to promote best practices for the environment. In fact, it was here that the first “Solar Neighbourhood” was born, using 100% renewable energy. It was also the first to receive the ISO 9001 and ISO 14001 environmental classification at the international level. A bit more practical, Maitê says that what’s impressed her most has been the realisation
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that “everything is within arm’s reach. It has a supermarket, a para-chemist, restaurants, a health club, a pool, 24-hour security… In other words, it’s an “all-in-one.”” But the icing on the cake for her has been the João de Deus Kindergarten located right inside the development. The school has been open for about a year and is the same as the one their daughter currently attends in Lisbon. Care for the development’s occupants is always at the forefront, and efforts to support residents have been redoubled during these times of confinement. Support for online learning has been strong, virtual workout sessions have been offered, sms alerts sent, and even medication brought to those who’ve needed them most. Due to the pandemic, outdoor sporting activities have become more popular than ever,
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which has led to an increase in traffic at the project’s golf course, one of the best in the world. Usage has grown to such an extent that Planbelas has decided to invest in sustainable technologies for maintaining the golf course and other green spaces. Planbelas has also invested in four brand-new, latest-generation covered paddle ball courts.
Guaranteed returns on investments
To the Vilhenas’ surprise, they have discovered that Belas Country Club is no secret to either of their Brazilian or British friends. Their British friend Liz is one of those familiar with Belas Country Club and is also considering investing in it by purchasing a home there. “Liz loves architecture, and the fact that the houses here can be designed by renowned architects has been something that has attracted her. But, knowing her as well as we do, she loves to make good investments, so she’ll probably stay in the house only for a few months out of the year, while trying to capitalise on it the rest of the year. Before the pandemic, she was constantly travelling back and forth between Portugal and the UK.” At the moment, the community at Belas Country Club counts over 30 nationalities among its ranks, which is clear evidence of the growing international demand for this development and is also proof that Portugal remains on investors’ radars. The development’s new Lisbon Green Valley phase has generated a lot of this interest due to the large variety and high quality of its real estate offerings, which range from modern apartments, townhouses, and vacant lots where homes can be built.
Sustainability always top of mind
Gilberto Jordan, Planbelas’ CEO, says, “People have begins to look at the world differently, and sustainability and the environment have become increasingly important considerations when buying a home.” The Vilhenas corroborate this: “In addition to the nature and tranquility that envelope this community, we’ve also been fascinated by how sustainability always comes first, whether it be with regard to the environment or the comfort of the houses’ occupants.” Before the second confinement period, Guilherme and Maitê visited Belas Country Club. “What did you think?” we asked. They answered with smiles on their faces that they became “enchanted.”
Segurança leva brasileiros a procurar Portugal Safety prompts Brazilians to seek out Portugal
No relatório do Institute for Economics & Peace, de 2020, Portugal surge como o terceiro país mais seguro do mundo. Esta tem sido uma das principais motivações que tem levado o nosso País a ser procurado por quem quer comprar casa ou investir em imobiliário. A liderar o ranking dos interessados internacionais está o Brasil. Portugal apresenta-se, cada vez mais, como uma alternativa a Miami. E em tempos de pandemia revela-se uma opção segura em todos os sentidos. Chegar a Portugal é relativamente fácil e rápido através das várias ligações aéreas directas. Uma vez em solo português a língua também não é barreira e facilita negócios, estudos e até um novo modo de vida com qualidade. Os programas do Governo - Programa Golden Visa e o Regime de Residentes Não Habituais – foram determinantes para cativar os brasileiros ao nosso País mas uma vez cá facilmente se rendem, pois sentem-se seguros, com acesso a um sistema de saúde protector e confiança num mercado estável. São igualmente factores determinantes na hora de escolher o seu destino de investimento ou residência: o baixo custo de vida quando comparado com outras cidades europeias e até brasileiras; uma moeda forte (Euro); taxas de juro muito atractivas; e um mercado onde os preços sobem de forma sustentável. Mas há mais. A cultura, arquitectura e o design portugueses somam prestígio e prémios, a inovação e a digitalização estão a transformar de forma galopante a face de Portugal e a sustentabilidade é uma das bandeiras do País. Tudo isto sem perder a sua identidade, os seus brandos costumes e a arte de bem receber. Estes são, segundo a comunidade brasileira residente no Belas Clube de Campo (a segunda maior a seguir aos portugueses), as novas tendências de investir, habitar, trabalhar e estudar em Portugal e que fazem todo o sentido na hora de mudar de malas e bagagens para outro país. Como dizem: “Em Portugal não há insegurança, só confiança!” In its 2020 report, the Institute for Economics & Peace has noted that Portugal has emerged as the third safest country in the world. This has been one of the main reasons why Portugal has been sought after by those wanting to buy a house or invest in real estate. Those most interested in moving to Portugal from abroad are Brazilians. Portugal presents itself more and more as an alternative to Miami. And, during this pandemic, it has proven itself to be a safe option in every way. Reaching Portugal is relatively fast and easy thanks to the myriad of non-stop flights to the country. Once on Portuguese soil, speaking the same language means that fewer barriers exist and that business, studies, and even a new, higher quality way of life are that much easier. Government programmes such as the Golden Visa Programme and the Non-Habitual Resident Regime have been instrumental in attracting Brazilians to Portugal, and, once here, they easily surrender, for they feel safe and have access to a wonderful health system and confidence in a stable market. The following are also determining factors when choosing where to direct investments or where to live: low cost of living when compared to other European and even Brazilian cities; a strong currency (Euro); very attractive interest rates; and a market where prices are rising in a sustainable fashion. But wait! There’s more. Portuguese culture, architecture, and design add prestige; innovation and digitisation are rapidly transforming the face of Portugal; and sustainability is one of the country’s hallmarks. Portugal manages to combine all this without losing its identity, its customs, and its unique art of making people feel welcome. According to the community of Brazilian residents at Belas Country Club (the second largest at the development after the Portuguese), these are the new trends in investing, living, working, and studying in Portugal; all of these advantages help make moving everything to a new country make perfect sense. As they say, “In Portugal, there is no insecurity, only confidence!”
Porto Office Park, Portugal | Best Office Building - Construir Awards 2020 | Best Office Building - Expresso Real Estate Awards 2020
Broadway Malyan is a global architecture, urbanism and design practice dedicated to creating cities, buildings and places that provide a lasting legacy. www.broadwaymalyan.com
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A união faz a força Strength in unity
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No final do primeiro confinamento a mediação imobiliária encontrava-se em terreno sólido. Mostrou ser resistente e não parou. Este cenário alterou-se no segundo lockdown, quando o Governo deixou cair uma verdadeira “bomba” no colo dos agentes. Os profissionais estão abalados mas também mais firmes do que nunca. At the end of the first lockdown, real estate brokerage was on solid ground. It proved to be resistant and did not stop. This changed during the second lockdown, when the Government dropped a real “bomb” in agents’ laps. Professionals have been shaken but are also stronger than ever.
Entrevista Interview: Carla Celestino
O novo confinamento, que se iniciou no dia 15 de Janeiro, provocou uma “implosão” no sector ao ser decretado o impedimento à manutenção da actividade de mediação imobiliária. A Magazine Imobiliário auscultou os representantes máximos de duas das maiores redes de mediação imobiliária a operar no nosso País – ERA Portugal e RE/MAX – e ambos são unânimes numa opinião que reúne o consenso nacional: não existe conhecimento de algum caso de Covid-19 que tenha tido transmissão e derivado da realização do trabalho dos mediadores. Até porque nas visitas a casas, que é disso que estamos a falar, os agentes movem-se sempre de todos os meios para evitar qualquer propagação de Covid-19, desde máscaras cirúrgicas, gel desinfectante, luvas e protectores de sapatos descartáveis, conforme as directrizes da Direcção-Geral de Saúde (DGS). Refira-se também que o número de pessoas envolvidas nestas visitas é muito reduzido, em média são duas ou três pessoas, o agente e o comprador que pode ser individual ou em grupo muito pequeno. E após a visita, há o cuidado em desinfectar todas as superfícies tocadas pelos clientes visitantes. Então, por que razão o Governo proibiu a actividade de mediação? Acima de tudo porque se trata de uma actividade maioritariamente de rua e de contacto com pessoas.
Convite à ilegalidade
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A consternação do sector foi tal que as quatro maiores redes de mediação imobiliária a operar no nosso País – ERA Portugal, RE/MAX, Sotheby’s e Century21 -, e uma associação – APEMIP – dirigiram uma carta aberta ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro e ao ministro-Adjunto e da Economia a solicitar a revogação desta decisão. Ainda mais quando se sabe que os peritos continuam a fazer avaliações, os bancos continuam a fazer crédito à habitação e os notários continuam a fazer escrituras. Mas há mais, os proprietários podem a título particular vender casas e os construtores podem continuar a trabalhar e até a vender. Neste ponto, Beatriz Rubio, CEO da RE/MAX Portugal, defende que “as regras decretadas pelo Governo são de aplicação geral, pelo que devem ser iguais para todos”. E, “naturalmente”, como diz, “não podemos deixar de mostrar o nosso descontentamento, se efectivamente existem transacções a serem realizadas por particulares, com a impossibilidade de as pessoas se deslocarem”. Já Rui Torgal, director-geral da ERA Portugal, vai mais longe e acredita que esta situação vai “desencadear um convite à mediação ilegal e à concretização de negócios em paralelo, representando até um risco no que toca à acu-
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Não existe conhecimento de algum caso de Covid-19 que tenha tido transmissão e derivado da realização do trabalho dos mediadores. There is no knowledge of any case of COVID-19 whose transmission can be traced to the work of realtors.
nem sempre são suficientes para ultrapassar este obstáculo da impossibilidade do contacto presencial com o mediador e com as casas.” Aqui, a grande questão, como destaca Beatriz Rubio, é: “Como vão então sobreviver, se estão impedidos de continuar a realizar o seu trabalho?”. Como declara: “O que pretendemos é apenas que nos permitam continuar a realizar o nosso trabalho de dia-a-dia, como profissionais zelosos que somos e cumpridores de todas as regras da DGS.”
Impactes incalculáveis
mulação de activos no mercado imobiliário, o que não é, de todo, uma situação ideal”. Como sublinha, “mesmo com a pandemia, as alterações familiares, como divórcios, nascimentos, atribuição de heranças ou mobilidade profissional não deixaram de existir”, pelo que considera “importante manter as visitas presenciais aos imóveis para facilitar a decisão do cliente no momento da compra, pois conhecer as características da casa, sentir o espaço e imaginar-se a viver nele é essencial.”
Como sobreviver?
No universo da mediação 40 mil pessoas dependem directamente do imobiliário. A Magazine Imobiliário falou off record com alguns agentes que avançaram que estão a trabalhar à margem da lei, ainda que de uma forma mais reduzida e discreta, porque, como dizem, “precisam de pagar as suas contas”, “porque
precisam de comer e dar de comer às suas famílias” e “porque há outras pessoas que dependem deles a nível profissional”. Beatriz Rubio corrobora este último facto: “Muitas famílias dependem das agências RE/ MAX, não apenas os agentes, mas também coordenadores, directores de agência, directores de marketing, gestores processuais, directores financeiros, entre outros, e os donos do negócio têm de garantir que todas estas pessoas recebem a sua remuneração”. E, apesar de reconhecer que “existem apoios”, afirma que “claramente são escassos”. Além de que o CAE (Classificação de Actividades Económicas) destas empresas não está integrado em medidas como os programas APOIAR de ajuda à tesouraria. Rui Torgal salienta que “as ferramentas tecnológicas são uma grande ajuda nesta fase e permitem desenvolver o negócio à distância, mas
Questionámos ambas as redes de mediação se é possível terem já uma noção dos prejuízos que esta decisão do Governo vai causar na mediação imobiliária. Rui Torgal refere que “é difícil fazermos este tipo de previsões, especialmente numa altura marcada pela incerteza e pela insegurança”. Já Beatriz Rubio avança que a “continuarmos neste confinamento, os prejuízos serão incalculáveis”. A pandemia derivada de Covid-19 trouxe, em 2020, um decréscimo da actividade de mediação. Ainda assim, o sector conseguiu fechar o ano em recuperação, muito graças às ferramentas virtuais e à possibilidade das visitas presenciais. O início de 2021, que previa ser de franca revitalização, fechou portas à mediação. O confinamento está para durar. Será que todas as empresas vão conseguir aguentar? The new lockdown which began on 15 January has caused an “implosion” in the industry when it was decreed that real estate brokerage activities were to be halted.
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Magazine Imobiliário listened to the top representatives of two of the largest real estate brokerage networks operating in Portugal – ERA Portugal and RE/MAX. Both were in agreement that with the national consensus that there is no knowledge of any case of COVID-19 whose transmission can be traced to the work of realtors. Especially during home visits (which is what we are talking about), agents always use all means possible to avoid any spread of COVID-19, from surgical masks and disinfectant gel to gloves and disposable shoe protectors – all in accordance with the guidelines of the General Health Directorate (DGS). It should also be noted that
the number of people involved in these visits is very small, about two or three people on average (i.e., the agent and the buyer who can be an individual or a very small group). After these visits, great care is taken to disinfect all surfaces touched by visiting customers. So, why on Earth did the Government halt real estate brokerage activities? It was mostly because the activity is mostly a street activity and involves direct contact with people.
An invitation to illegal activity
The industry has been so perturbed that the four largest real estate brokerage networks
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operating in Portugal– ERA Portugal, RE/MAX, Sotheby’s, and Century21 – and an association – APEMIP – wrote an open letter to the President of the Republic, the Prime Minister, and the Deputy Minister of the Economy to request this decision be reversed. Their argument becomes even more compelling when taking into account the fact that experts continue to conduct appraisals, banks continue to offer mortgage loans, and notaries continue to issue deeds. But there’s even more to this. Owners can sell their houses privately, and builders can continue to work and even put their projects on the market. Because of this, Beatriz Rubio, CEO of RE/MAX Portugal, argues that “the rules put into place by the Government are general in nature, so they should be applied equally to everyone. […] Of course, we have to make our discontent known if private individuals are conducting transactions while people can’t move about.” Rui Torgal, General Manager of ERA Portugal, goes even further and says he believes that this situation will “trigger an invitation to illegal brokerage activity and to deals being conducted in parallel. This presents a huge risk for every single asset on the real estate market, which is not an ideal situation at all.” Torgal stresses that, “even with the pandemic going on, family changes such as divorces, births, inheritance allocations, and work-related relocations are still happening,” so he believes that it is “important to maintain the ability to conduct in-person visits to properties in order to help clients make purchase-related decisions
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As ferramentas tecnológicas são uma grande ajuda nesta fase e permitem desenvolver o negócio à distância, mas nem sempre são suficientes para ultrapassar este obstáculo da impossibilidade do contacto presencial com o mediador e com as casas. Technological tools are a great help during this time and allow us to conduct business at a distance, but they aren’t always enough to overcome the obstacle of not being able to conduct inperson visits with the realtor and their properties.”
more easily. Becoming familiar with a home’s characteristics, feeling what a space is like, and imagining oneself living in it is irreplaceable.”
How will they survive?
In the realm of real estate brokerage, 40,000 people depend directly on real estate. Magazine Imobiliário spoke off the record with a few realtors who said that they are working outside the law, albeit in a reduced and discreet way, because, as they say, “they need to pay their bills,” “because they need to eat and feed their families,” and “because there are other people who depend on them professionally.” Beatriz Rubio corroborates this last fact: “Many families depend on RE/MAX agencies, and it’s not just agents. Co-ordinators, agency and branch directors, marketing directors, procedural managers, financial directors, and more are all affected, and the business’s owners have
to ensure that all these people receive their pay.” And, despite recognising that “support exists,” Rubio says, “Of course, they are scarce.” In addition, these companies’ Economic ActivityClassification(CAE) is not integrated into measures such as the APOIAR treasury support programmes. Torgal explains that “technological tools are a great help during this time and allow us to conduct business at a distance, but they aren’t always enough to overcome the obstacle of not being able to conduct in-person visits with the realtor and their properties.” Here, the big question, Rubio says, is this: “How will these companies survive, if they are not allowed to continue conducting their work? […] What we’d like to happen is for them to just allow us to continue to do our day-to-day work just like the zealous professionals that we are while complying with all DGS’ rules.”
Incalculable damage
We asked both brokerage networks if they have an idea of what the damages caused by the Government’s decision will be to the real estate brokerage industry. Torgal says that “it is difficult for us to make these types of predictions, especially at a time marked by such uncertainty and insecurity.” Rubio says that, “if we continue being locked down like this, the losses will be incalculable.” In 2020, the COVID-19 pandemic brought a decrease in brokerage activity. Even so, the industry managed to close the year in recovery, largely thanks to virtual tools and the possibility of face-to-face visits. The beginning of 2021, which was expected to be one of vibrant revitalisation, literally closed doors for brokerage. This lockdown is going to last a while. Will every company be able to hold on?
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Opinião Opinion
José Araújo
Lisboa e Porto serão mesmo cidades rivais? Could Lisbon and Porto really be rival cities?
José Araújo Director da Direcção de Crédito Especializado e Imobiliário Millennium bcp Director of the Department of Real Estate and Specialised Credit, Millennium bcp
Comparar as duas cidades no contexto de rivalidade não fará sentido algum porque, vendo bem, evoluíram de formas diferentes e a vários níveis. Historicamente, o Porto mais comercial foi perdendo essa característica e Lisboa também deixou de ser a única que atraía pessoas, empresas e investimentos. Mas foi ao nível do imobiliário que parece ter-se dado a grande mudança, basta reparar na lista de investidores e negócios fechados para se perceber isso. Os mercados habitacionais nos bairros centrais de Lisboa mantêm-se activos, mas enquanto nos últimos anos gravitava em torno do investimento estrangeiro, tem agora evoluído para uma maior dinâmica, essencialmente de portugueses. Quanto a arredores os mesmos nunca perderam este impulso. É um segmento que merecerá atenção, com alterações previsíveis ao nível do emprego e do posicionamento das pessoas, cada vez mais a pretenderem espaços afastados dos centros urbanos. Destaca-se a Norte, por força do aumento do turismo até 2019, a valorização do seu parque habitacional em que, mesmo com a primeira onda pandémica em 2020, o valor/m2 da habitação cresceu imenso, mostrando forte resiliência que se espera manter. O comércio de rua tem vindo a (re)afirmar-se e com maior procura, desde logo pelo efeito do afastamento dos espaços comerciais de grande dimensão, com acesso limitado, situação transversal ao País. O mercado de escritórios atravessa também um período de alteração. Haverá uma redefinição dos seus layouts, com maior espaço
por pessoa, e acredita-se que, tanto em Lisboa, como no Porto, manter-se-á actividade proveniente do interesse de empresas internacionais. Alguns projectos foram já iniciados e irão, certamente, consolidar a procura futura, talvez com maior expansão na cidade do Porto que, no ranking da Forbes se posicionava como uma das seis melhores cidades europeias para investir em 2020. Sobre terrenos para construção, mantém-se um largo interesse, mesmo de investidores internacionais, face à liquidez existente e ao crédito bancário, tanto para habitação para o mercado médio nacional, como para o build-to-rent. Mais dinâmico ainda parece estar o segmento da logística que, com o crescimento do comércio electrónico, mostra espaço para projectos novos, nomeadamente na procura de estar mais perto dos clientes finais. Apesar das ligeiras quebras comprovadas no sector imobiliário, face ao momento que se vive no país, com fronteiras fechadas e confinamento, prevê-se que, com o controlo sanitário premente, os indivíduos, as empresas e os investidores em geral sintam segurança no futuro e na retoma até final deste ano. Comparing the two cities in the context of rivalry won’t make any sense at all because, upon close examination, one will see that they evolved in different ways and at different levels. Historically, the more commercial city of Porto has lost this attribute, and Lisbon has also ceased to be the only place attracting people, businesses, and investment. But it has been at the level of real estate that the
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largest change seems to have taken place. All one has to do to understand the scale of the change is look at the list of investors and deals struck. The housing markets in Lisbon’s central neighbourhoods remain active, but, while things have gravitated toward foreign investment in recent years, they have since changed, with investments coming largely from Portuguese sources. As for the suburbs and peripheral areas, they never lost their momentum. This segment will surely warrant some attention, with predictable changes in terms of the employment and positioning of people who are increasingly interested in finding spaces away from urban centres. The North of Portugal stands out. Thanks largely to the increase in tourism up through 2019, the price per square metre in its housing market has grown immensely – even with the first wave of the pandemic in 2020. This is clear evidence of the strong resilience this market is expected to maintain. Street retail has also been making a comeback and with greater demand too. This is first and foremost due to the poor location of large commercial spaces outside central urban areas in places that are difficult to access, a situation that is widespread throughout Portugal. The office market is also going through
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a period of change. Layouts will be redefined, with more space per person, and it is believed that, in both Lisbon and Porto, activity originating from international companies will remain. Some projects are already underway, and they will certainly strengthen future demand. They may possibly even expand even further in the city of Porto, which, according to Forbes’ ranking, was one of the six best cities to invest in in Europe in 2020. A large amount of interest in plots of land will remain, even from international investors, thanks to existing liquidity and the bank credit available for both housing for the average domestic market and build-to-rent projects. Even more active seems to be logistics, which, due to the growth of e-commerce, has embarked upon a number of new projects; many of these projects have come about thank to companies needing to be closer to end clients. Despite the slight slumps that have been seen in the real estate industry during the crisis currently bearing down on Portugal (with closed borders and self-isolation restricting movement), it is expected that, with strict health measures, individuals, businesses, and investors in general will be able to feel secure in the future and in the recovery by the end of the year.
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Avila Spaces
Novo modelo híbrido de trabalho New hybrid work model
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Carlo Gonçalves, CEO do Avila Spaces, um dos espaços mais premiados de cowork de Portugal, explica em que consiste o novo modelo de escritório que acaba de lançar - o Flex Office – que já conta com empresas de prestígio. Carlo Gonçalves, CEO of Avila Spaces (one of Portugal’s most awarded cowork spaces), explains what the Flex Office – the new office model his company just launched and which already has prestigious companies on its client list – consists of.
Entrevista Interview: Carla Celestino
A pandemia acelerou novas tendências de trabalho, como é o caso dos novos modelos híbridos. Partilha desta visão? Claro, e nós, no Avila Spaces, sentimos isso mesmo. Na realidade, muitas empresas já adoptavam um modelo híbrido de trabalho, como forma de proporcionar um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional aos seus colaboradores. Mas esta pandemia veio acelerar esta tendência e o Avila decidiu apresentar um novo modelo híbrido, que consiste na oferta de um terceiro espaço, que funciona como ‘escritório satélite’. Na prática, os funcionários poderão optar por trabalhar a partir da sede da empresa, da sua residência ou, pontualmente, de um centro de escritórios e cowork como o Avila Spaces. Com esta crise, muitas empresas optaram por prescindir do seu escritório tradicional, optando por contratar uma solução de escritório flexível, permitindo que os seus colaboradores combinem o teletrabalho com a utilização pontual dos nossos espaços: quer seja um escritório arrendado ao dia ou ao mês, uma sala de reuniões para sessões de trabalho, ou espaços de cowork. Os trabalhadores enfrentam vários desafios nestes tempos de pandemia, nomeadamente o isolamento e a falta de condi-
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ções em casa para exercer as suas funções, mas as empresas enfrentam também o desperdício do espaço arrendado. O conceito Flex Office, que se encontram a lançar, é uma alternativa a este cenário? Ao haver um equilíbrio entre a presença física na sede da empresa e num centro de escritórios/cowork ou em casa, os colaboradores ganham qualidade de vida e perdem menos tempo em deslocações. Este novo modelo híbrido, traduzido no arrendamento de um escritório ousubscrição depostosde trabalho no nosso cowork, permite oportunidades denetworking e socialização, com todas as regras de segurança, neste momento, o que apenas em teletrabalho não é possível. Quais são as maiores vantagens desta solução, além de permitir conectar novamente as pessoas/colaboradores? As pessoas têm de ter esta flexibilidade para escolher como querem trabalhar, sem que isso signifique sacrificar a produtividade. A principal vantagem tem que ver com o facto de os espaços de trabalho poderem ser subscritos de acordo com as necessidades dos utilizadores, inclusive com o arrendamento de escritórios por um dia, ou a compra de um passe pré-pago de acesso ao Business Lounge do Avila que, por 15 euros/dia, permite usar este espaço durante
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dez dias, em regime de hostdesking. A alternativa a este passe é uma subscrição mensal de 150 euros que dá acesso ao espaço durante todos os dias úteis da semana, das 8 às 20 horas. Para se ter uma noção do que estamos a falar, é possível mostrar, na prática, as diferenças entre um escritório “tradicional” e um Flex Office, nomeadamente em termos de custos? Num escritório tradicional, desde logo, os custos com com água, electricidade, internet, limpeza e manutenção são cobrados à parte, o que significa que logo aí há uma despesa que não existem com a nossa oferta de Flex Office, com as características que descrevi. Não é possível ter um escritório tradicional por 150 euros/ mês que dá acesso ao espaço durante todos os dias úteis da semana, já que este custo é de, em média, 750 euros - logo, temos aqui uma poupança de 75% em custos associados Já contam com empresas de prestígio nacionais e internacionais a adoptar este
serviço, qual o feedback que obtiveram em relação ao Flex Office? A Melair Cruises, que representa a Royal Caribbean em Portugal, e a empresa de recursos humanos QSR mudaram recentemente para este modelo de trabalho flexível que temos no Avila.O Flex Office está a despertar o interesse de várias outras empresas: estamos neste momento a ser abordados por várias que querem adoptar este novo modelo de trabalho, por uma questão de racionalização de custos, mas também por questões de eficiência e produtividade das equipas. Do you share the view that the pandemic has accelerated the adoption of new ways of working, such as the new hybrid models? Of course, and we at Avila Spaces really feel this is true. In reality, lots of companies had already begun adopting hybrid work models as a way of allowing their employees to strike a better balance between their personal and professional lives. But the pandemic has accelerated this
trend, and Avila decided to come up with a new hybrid model which consists of a third space that acts as a ‘satellite office.’ In practice, employees will be able to choose to work from either the company’s headquarters, from their home, or, occasionally, from an office and co-work centre such as Avila Spaces. During this crisis, many companies have chosen to do without their traditional office, opting instead for a flexible office solution which allows their employees to combine telecommuting with the occasional use of our spaces. Such a space could be an office rented by the day or month, a meeting room for work sessions, or cowork spaces. Workers are facing several challenges during this pandemic, including isolation and a lack of acceptable conditions at home to perform their duties. Companies, on the other hand, are also dealing with wasting leased space. Is the Flex Office concept you’re launching an alternative to this? When employees achieve a balance between
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being physically present at a company’s headquarters and at an office/cowork centre or at home, they improve their quality of life and spend less time commuting. This new hybrid model, translated into the leasing of an office or subscribing to a workspace at our cowork centre, allows for opportunities to network and socialise, all while doing so safely and securely. At this moment, this is not possible with just telework.
Royal Caribbean reinventa-se em Portugal com o Flex Office
Royal Caribbean reinvents itself in Portugal with the Flex Office O sector do turismo foi dos que mais sofreu com o impacto da pandemia: as viagens em lazer acabaram por ter grandes restrições ao longo de 2020 e muitos países acabaram mesmo por proibir este tipo de deslocações. Esta foi também uma oportunidade para a Melair Cruzeiros, representante do Grupo Royal Caribbean em Portugal, mudar a sua estratégia e organização. A empresa liderada por Francisco Teixeira adoptou o conceito de Flex Office do Avila: “A principal razão que levou à mudança foi ir para um local que tinha outras ramificações em comparação com um escritório tradicional - coworking, salas de reunião, serviço de recepção e outras pessoas com que é possível fazer networking e conviver”, diz o CEO. Esta alternativa ao escritório da empresa e à casa dos colaboradores acaba por ser “mais económica, mais confortável e mais produtiva” para Francisco Teixeira, que aponta ainda os espaços que o Avila tem à disposição como factores que contribuem para o bem-estar: “Copa, terraço, lounge e salas de reunião com um sistema de vídeo-conferência plugand play.”
The tourism sector has been one of the industries that has suffered the most from the pandemic: leisure travel ended up being severely restricted throughout 2020, and many countries even ended up banning this type of travel. This has also been an opportunity for Melair Cruises, the Royal Caribbean Group’s representative in Portugal, to change its strategy and organisation. Led by Francisco Teixeira, the company adopted Avila’s Flex Office concept. “The main motivation behind the move was that we wanted to move to a location that had other amenities compared to a traditional office – coworking, meeting rooms, reception service, and other people you can network with and pass time with,” CEO Teixeira says. This alternative to the company’s office and to employees’ homes has turned out to be “more economical, more comfortable, and more productive” for Teixeira, who also points out that the spaces that Avila has available have features that contribute to the well-being of its occupants: “Cups, a terrace, a lounge, and meeting rooms with a plug-and-play video conference system.”
Besides allowing people/employees to reconnect, what are this solution’s greatest advantages? People have to have the flexibility to choose how they want to work without having to sacrifice productivity. The main advantage has to do with the fact that users can subscribe to workspaces according to their needs, rent an office for a day, or purchase a prepaid pass for access to Avila’s Business Lounge, which allows our customers to use this space for ten days as a hot-desk area for 15 Euros per day. The alternative to this pass is a 150-Euro monthly subscription that gives access to the space during all working days of the week from 8 A.M. to 8 P.M. For people to get an idea of what we’re talking about, is it possible to demonstrate what the practical differences are between a “traditional” office and a Flex Office, namely in terms of costs? In a traditional office, water, electricity, internet, cleaning, and maintenance costs are charged separately, and right there are expenses that do not exist with our Flex Office option with the features I’ve described. No traditional office costs 150 EUR/month with access to the space during the entire work week; such a space costs about 750 EUR/month on average. So, there’s an immediate savings of 75% in associated costs. Prestigious companies from both Portugal and abroad are already using your service. What has their feedback been like regarding the Flex Office so far? Melair Cruises, which represents Royal Caribbean in Portugal, and human resources company QSR recently switched to this flexible labour model that we have at Avila. The Flex Office is arousing the interest of several other companies as well. We are currently being approached by several companies that want to adopt this new work model, mainly to cut costs but also to help boost team efficiency and productivity.
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Mercado robusto A robust market
“Nunca faltaram produtos”
Foto Photo: Mikita yo OLaa on unsplash
“Products have never been unavailable”
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Ao contrário do que se possa pensar, 2020 e 2021 estão a ser anos bons para o comércio de materiais de construção. Embora tenham existido alguns “constrangimentos”, não foi nada que afectasse verdadeiramente o mercado da construção, defende Carlos Rosa, presidente da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC). Contrary to what one may think, 2020 and 2021 have been good years for trading building materials. Although there have been some “constraints,” they haven’t been anything that has really affected the construction market, argues Carlos Rosa, President of the Portuguese Association of Traders of Building Material (APCMC).
49 Foto Photo: Bill Oxford on unsplash
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Desde Março do ano passado, aquando do início da pandemia derivada de Covid-19, que algumas empresas reportaram dificuldades na recepção e entrega de materiais de construção. O presidente da APCMC confirma este cenário mas esclarece que foi uma questão que “estava sobretudo relacionada com produtos importados da China, nomeadamente equipamentos de ar-condicionado.” Antecipando-se à nossa questão diz, desde logo, que “obviamente, existiam alternativas, embora os preços não fossem os mesmos.” “Também se observaram algumas dificuldades com produtos de origem europeia, sobretudo de Itália e Espanha, resultado do encerramento temporário de fábricas ou de perturbação na actividade logística, que apanharam desprevenidos alguns importadores e distribuidores nacionais que não se precaveram a tempo, mas os produtos nunca faltaram noutros distribuidores mais prevenidos”, acrescenta. De acordo com a associação, entre Abril e Maio registaram-se, efectivamente, alguns atrasos nas entregas à construção de alguns produtos da produção nacional, nomeadamente dos “maiores fabricantes nacionais, em especial nos ramos da cerâmica plana, sanitários, torneiras, etc., que são também exportadores, sobretudo para o mercado europeu de uma parte muito significativa da
sua produção, que em muitos casos é superior a 50%.” A paragem da actividade de distribuição e da construção que ocorreu na maioria dos países europeus muito afectados pela pandemia, ao contrário do que aconteceu entre nós (o famoso” milagre” português), conduziu à suspensão das encomendas pelos clientes desses países e obrigou à paragem da produção das fábricas nacionais que, a partir de dada altura, já não tinham onde guardar stocks. E quando a actividade retomou, a obrigação de honrar os compromissos com o exterior prejudicou o nível de resposta ao mercado interno que, habitualmente, realiza as suas encomendas de forma mais atomizada e com menos antecedência. Não podemos deixar de questionar, no entanto, se não terão existido atrasos nas obras de construção em curso ou até mesmo uma paragem forçada por falta de alguns materiais… Carlos Rosa afirma categoricamente que “nunca faltaram produtos no mercado e não é crível que essas perturbações tenham causado atrasos nas obras.” Mas afirma que houve outros factores que “poderão ter causado perturbações e constrangimentos no planeamento dos trabalhos, prejudicando alguma eficiência e fazendo acrescer custos, que mesmo assim não terão sido tão graves como os causados
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pelas outras restrições à mobilidade e constituição das equipas e organização do trabalho dos profissionais da construção civil.” Como diz, “situações semelhantes de atraso pontuais têm vindo a verificar-se ultimamente, devido à perturbação que as quarentenas e o encerramento das escolas colocaram na organização da produção, mas sem nunca ameaçar roturas de stocks.”
Um ano depois
A APCMC tinha previsto, logo no final de Abril de 2020, mesmo no pior dos cenários (quebra do PIB de 10%), desde que não fosse decretada a paragem da actividade da construção, que a actividade não cairia mais do que 0,6%. Se, pelo contrário, a quebra do PIB se situasse próximo dos 6%, a construção poderia crescer, em 2020, até 2% em termos reais. Embora não haja ainda números finais, o PIB terá caído 7,6% e o crescimento nomi-
nal da construção terá atingido os 2,5%, o que para o presidente da APCMC “é francamente bom.” Já para 2021, embora a previsão da associação seja de continuação do crescimento, deverá ser um pouco inferior ao que ocorreu em 2020, isto é, cerca de 1,6%. Na verdade, apesar de se manter uma situação de escassez de oferta, em especial no segmento da habitação, e de haver muitos projectos de construção em curso, com um horizonte de trabalhos que vai bem mais para lá do final deste ano, não podemos esquecer que a terceira vaga e o novo e longo confinamento está a afectar a economia e os rendimentos, ao mesmo tempo que prejudica as actividades de venda e promoção, quer junto dos investidores estrangeiros, quer dos compradores nacionais. Acrescem os atrasos burocráticos (principalmente nos municípios) com a aprovação dos projectos, que já vêm
Nunca faltaram produtos no mercado e não é crível que essas perturbações tenham causado atrasos nas obras. Products were never unavailable on the market, and it is not credible that these disturbances caused delays in construction projects.”
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Renovar o edificado a longo prazo Renovating buildings in the long term
No âmbito do Pacote Energia Limpa, foi determinada a obrigação de cada Estado-Membro estabelecer uma Estratégia de Longo Prazo para apoiar a Renovação (ELPRE), até 2050, do parque nacional de edifícios residenciais e não residenciais, públicos e privados, para o converter num parque imobiliário descarbonizado e de elevada eficiência energética, facilitando a transformação dos edifícios existentes em edifícios Net Zero Buildings. Em 2030, a área de edifícios renovada será de 363 milhões de metros quadrados (m2) e a poupança de energia primária de 11%; em 2040 será 635 milhões de m2 e 27% respectivamente; e em 2050 será de 747 milhões de m2 e 34% respectivamente. Ao todo o investimento estimado até 2050 será de cerca de 143 mil milhões de euros. As part of the Clean Energy Package, it has been decided that each Member State will be obliged to establish a Long-Term Renovation Support Strategy. This strategy will seek to convert public and private residential and non-residential buildings throughout the country into de-carbonised and energy-efficient housing stock by 2050, thereby facilitating the transformation of existing buildings into Net Zero Buildings. By the end of 2030, 363 million square metres (m²) of building space will have been renovated, and primary energy savings will be around 11%; in 2040, these numbers will climb to 635 million m²and 27%, respectively; and, by 2050,they will have reached 747 million m²and 34%, respectively. In all, investments will total around €143 billion EUR by the end of 2050.
desde o primeiro trimestre do ano passado, a que se juntam os atrasos nas marcações e realização das escrituras. Mantêm-se, por enquanto, muitos factores que favorecem o investimento imobiliário em Portugal e o crescimento da construção no futuro. Mas Carlos Rosa admite que a pandemia “provocará uma certa interrupção neste processo e constrangimentos financeiros que ameaçam perturbar a dinâmica que se vinha a sentir e que só deverá retomar lá mais para o fim do ano, com resultados no terreno e uma nova aceleração que não ocorrerá antes do segundo semestre de 2022.” Ainda assim, como salienta, “o sector tem uma carteira de encomendas robusta e que, devido ao longo ciclo da construção, assegura trabalho por um período de um ano.” O presidente da APCMC sublinha ainda que, “se não houver algo inesperado ou mais dramático, este deverá até ser um ano especialmente bom para o comércio de materiais de construção, na área dos produtos de acabamento, aqueles que têm maior valor acrescentado, uma vez que chegarão este ano à última fase de obra um elevado número de prédios de construção nova de habitação que arrancaram ainda em 2019, que foi o ano em que o licenciamento deste tipo de obras bateu o recorde do período pós-crise.” Ever since March of last year when the COVID-19 pandemic began, some companies have reported difficulties in obtaining construction materials. APCMC’s president confirms this but explains that it was an issue that “was mainly related to products being imported from China, namely air conditioning equipment.” Anticipating our question, he says at the outset that, “obviously, there were alternatives, but the prices were not the same.” “There were also some difficulties with products coming from elsewhere in Europe, especially Italy and Spain, as a result of the temporary closure of factories or the disruption of logistics networks. This caught some national importers and distributors who did not take precautions in time by surprise, but the products were never unavailable from other distributors that had been more prepared,” he adds. According to the association, there were, in fact, some delays in deliveries of certain products made in Portugal to construction projects between April and May last year, namely from the “larger national manufac-
turers, especially in the fields of flat ceramics, toilets, faucets, etc. [These manufacturers] also export a significant part of their production, especially to the European market. In many cases, they export more than 50% of their production.” The halt in distribution and construction activity that occurred in most European countries that were heavily affected by the pandemic, unlike what happened to us (the famous Portuguese “miracle”), led to orders being suspended by customers in those countries and forced Portuguese factories to stop production, which, after a certain point, had nowhere to store their products. When activity did resume, the obligation to honour commitments made with parties abroad affected the factories’ ability to respond to demand in the domestic market, which usually places its orders in smaller batches with less advance notice. We cannot help but ask, though, whether construction projects underway did not suffer delays or even a forced stop due to the lack of some materials... Rosa states categorically that “products were never unavailable on the market, and it is not credible that these disturbances caused delays in construction projects.” But he does say that that there were other factors that “may have caused disturbances and constraints while planning projects, hindering efficiency to some extent and adding costs, which, even so, were not as serious as those caused by other mobility-related restrictions and restrictions on the formation of teams and the organisation of the work of civil construction professionals.” Rosa explains, “similar situations of occasional delays have been happening lately due to the disruptions that self-isolation and quarantine periods and school closures have had on organising production, but this has never come with the threat of supplies running out.”
A year later
Right at the end of April 2020, APCMC had predicted that, even in the worst case scenario (with a 10% drop in GDP), activity would not fall by more than 0.6 % so long as construction activity did not stop. If, on the contrary, the drop in GDP was close to 6%, construction could grow up to 2% in real terms in 2020. Although there are still no final numbers, GDP fell by 7.6%, and nominal construction growth reached 2.5%, which, according to APCMC’s president,“is, frankly, good.”
Foto Photo: Sven Brandsma Ker on unsplash
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For 2021, although the association forecasts continued growth, it will be slightly lower than what the sector saw in 2020 (about 1.6% growth). In fact, despite the fact that there is a supply shortage (especially in the housing segment) and there are lots construction projects underway with projects scheduled for well beyond the end of this year, we cannot forget that the third wave and the new, long lockdown are affecting the economy and income, while also negatively impacting sales and development activities both with foreign investors and domestic buyers. Added to this are bureaucratic delays (mainly in the municipalities) in approving projects, which have been affecting the industry since the first quarter of last year, and delays in making appointments and drawing up deeds. For the time being, many factors remain that favour real estate investment in Portugal and the growth of construction in the future. But Rosa admits that the pandemic “will cause
interruptions in this process and financial constraints that threaten to disturb the industry’s dynamics. Things may only start to recover later in the year, with results on the ground and new acceleration in the market not taking place before the second half of 2022.” Despite this, Rosa says, “the industry has a robust order book, and, due to the long construction cycle, this ensures work for a period of one year.” APCMC’s president further notes that, “barring something completely unexpected or dramatic, this may even be an especially good year for the trade in construction materials. This is particularly true for finishings with a higher added value, since a large number of new housing projects that started in 2019 – a record year in the post-crisis period in terms of the number of licences issued for these kinds of projects–will reach the last phase of constructionthis year.”
Mantêm-se, por enquanto, muitos factores que favorecem o investimento imobiliário em Portugal e o crescimento da construção no futuro. For the time being, many factors remain that favour real estate investment in Portugal and the growth of construction in the future.”
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Imobiliário no Porto Real estate in Porto
A visão a longo prazo dos profissionais The experts’ long-term vision
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No Grande Porto é visível que os promotores e investidores preparam o lançamento de novos projectos para breve. One can see that developers and investors are preparing to start working on new projects soon throughout Greater Porto.
Numa altura em que se aguarda que a vacinação da população permita o regresso à normalidade, o mercado imobiliário na região do Porto mostra-se resiliente e pode mesmo afirmar-se que há alguns sinais positivos que levam os profissionais a antever a “luz ao fundo do túnel”. Contudo, é diferente a situação de cada um dos vários segmentos de mercado, já o impacto da pandemia não está a ser tão forte na habitação e nos escritórios, que continuam a apresentar alguma dinâmica, em detrimento do retalho e da hotelaria, onde o panorama é mais negativo. Apesar das limitações impostas pelo confinamento constata-se que a maioria das obras continua a decorrer e é visível também que outras se encontram em fase de lançamento. Isto porque, apesar da actual situação de abrandamento da procura, as empresas encaram o futuro com optimismo. É esta a mensagem que deixam os responsáveis de três dos maiores grupos a investir no Grande Porto: Nelson Quintas, Omega e Ferreira.
Uma visão optimista do futuro Texto Text: Elisabete Soares
A “holding do grupo Nelson Quintas possui um portfólio diversificado e encara este novo obstáculo (e o risco associado) como não sis-
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témico, não afectando a visão de longo prazo de investimento sustentado”, destaca Daniel Oliveira, gestor de projectos imobiliários. Isto porque, “desde o início do seu percurso no mundo empresarial (1925) as várias gerações da família Quintas passaram por períodos conturbados da história, com visão optimista do futuro e assertividade nas decisões”, frisa o gestor. Numa altura em que está a concluir duas obras, num valor de 12,5 milhões de euros, na Zona Empresarial do Porto, constituído por uma torre de escritórios e parque estacionamento público subterrâneo 175 lugares, com conclusão estimada para Abril de 2021, o grupo Nelson Quintas tem em ‘pipeline’, um conjunto de outros projectos, destinado a reforçar turismo – no Porto e na Póvoa de Varzim - bem como investimento na habitação (Matosinhos e Vila Nova de Gaia) e em parques logísticos (em forte crescimento devido à procura de armazenagem de stock “lastmile”). Um conjunto de investimentos que ascendem a mais de 200 milhões de euros. “Acreditamos que as características essenciais de atractividade e potencial da área do Grande Porto permanecem intactas e como tal serão rapidamente reactivadas assim que os cons-
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Fora da caixa Out of the box
CEO por um mês CEO for a month
O programa internacional do Grupo Adecco “CEO for One Month” proporciona uma experiência enriquecedora aos jovens recém-licenciados que procuram o primeiro contacto com o mercado de trabalho. A iniciativa pretende munir os recém-licenciados de valências cruciais para a formação profissional e insights importantes para a compreensão da componente operacional e organizacional da empresa. Na sua essência, o objectivo é proporcionar aos jovens a possibilidade de desenvolver e experienciar o seu potencial de liderança, de aprender o que é preciso fazer para ser bem-sucedido como líder de negócios e de adquirir competências e experiências necessárias para iniciar uma carreira de liderança. As candidaturas estão abertas até 19 de Março em www.ceoforonemonth. com
trangimentos actuais se atenuarem”, resume Daniel Oliveira.
vacinação, da Primavera e da descida acentuada do nível de contágios que se está a verificar.
Investimentos são sempre de longo prazo
A concretização dos negócios está a acontecer
“Temos investimentos em diferentes fases do processo, uns na fase de projecto, outros em planeamento urbanístico e outros em execução de obras. Não paramos nenhum por causa da pandemia e continuamos a analisar oportunidades”, conta Rui d’ Ávila, administrador da Ferreira Construção. Na sua opinião, os investimentos imobiliários são sempre de longo prazo, portanto devemos pensar que os próximos meses não condicionam o seu desempenho. Mas, frisa, “é claro que se a economia continuar a enfraquecer ao ritmo actual, o desemprego e a falta de crédito vão causar muito dano”. A nossa expectativa, alerta Rui d’ Ávila, contudo, é que nos próximos meses haja uma reviravolta na pandemia, devido à simultaneidade da
“O ano de 2020 terminou com a crise pandémica no seu auge e com o arranque do programa de vacinação, o que constitui um sucesso notável da ciência. O ano de 2021 dá, pois, os primeiros passos com duas dinâmicas de sinais opostos, de que todos esperamos que saia como vencedor a segunda”, conta José Carvalho, CEO do grupo Omega. Neste momento, o grupo de engenharia e imobiliário, está a desenvolver quatro projectos imobiliários habitacionais em simultâneo, embora com graus de desenvolvimento diferentes e públicos-alvo também distintos, nomeadamente nos segmentos alto, médio alto e médio, respectivamente. “No que à capacidade de execução das obras
The Adecco Group’s international “CEO for a Month” programme provides an enriching experience to young graduates who are looking to make their foray into the labour market. The initiative aims to equip recent graduates with skills that are crucial for their professional development and important insights into how a companyoperates and is organised. In essence, the goal is to provide young people with the opportunity to develop and experience their leadership potential, to learn what it takes to be a successful business leader, and to acquire the skills and experiences needed to start a career in leadership. The candidacy period is open until 19 March, and applications can be submitted at www.ceoforonemonth.com
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diz respeito, constatamos que a pandemia afectou ligeiramente o ritmo das mesmas, uma vez que se tornou frequente a ausência intermitente de equipas de trabalho, originada pela obrigatoriedade pontual de um ou outro elemento ficar em quarentena imposta pelas autoridades sanitárias”,explica José Carvalho, frisando que “o fornecimento de materiais, não tem sido um problema nos tempos que correm”. Contudo, explica que “mais irregular está o desempenho da área comercial, pese embora haver muita dinâmica no trabalho de comunicação dando resposta a uma procura constante que se tem verificado no sector habitacional. É, porém, notório que a concretização dos negócios está a acontecer, mas a um ritmo mais lento do que o desejado”. At a time when the world waits with bated breath for everyone to get vaccinated so that things can start to return to normal, the real estate market in the Porto region is showing itself to be resilient. It can even be said that there are some positive signs that lead professionals to believe they can see “light at the end of the tunnel.” However, the individual situation for each of the various segments of the market is very different, since the pandemic has affected the relatively active residential and office segments substantially less than the decimated retail and hospitality segments whose outlooks remain bleak. Despite the limitations imposed by self-isolation and quarantine, it appears that most projects are still moving forward, and other projects are visibly about to be in the launching phase. This is because, despite the current slump in demand, companies are looking at the future with optimism. Such is the message of the leaders of Nelson Quintas, Omega, and Ferreira, the three largest groups investing in the Greater Porto area.
An optimistic view of the future
The “Nelson Quintasholding group has a diverse portfolio and sees this new obstacle (and the risk associated with it) as non-systemic, leaving our long-term vision of sustained investment unaffected,” explains Daniel Oliveira, real estate project manager. “Since the beginning of their journey in the business world in 1925, various generations of the Quintas family have experienced troubled times throughout their company’s history, but they have held fast to an optimistic view of the future and assertiveness in their decisions,” Oliveira says. The company is finishing up two
projects worth €12.5 million EUR in Porto’s Business District and are scheduled to be completed in April 2021. One is an office tower, and the other is an underground public car park with room for 175 vehicles. The Nelson Quintas also has a set of other projects in their ‘pipeline’ that are aimed at strengthening the tourism industry in Porto and Póvoa de Varzim. The company will soon be investing in residential and logistics projects as well; the former will be in Matosinhos and Vila Nova de Gaia, and the latter will be in response to the strong demand for “last mile” warehouses. These new investments will be worth more than €200 million EUR. “We believe that the factors that make Greater Porto attractive and give the area potential remain intact, and, as such, these will be called upon again quickly as soon as the current restrictions ease,” Oliveira concludes.
Investments are always long term
“We’ve got investments in different phases of the process. Some are in the design phase, some are in the urban planning phase, and others are under construction. The pandemic hasn’t stopped us at all, and we continue to examine new opportunities,” says Rui D’Ávila, Manager of Ferreira Construction. In his opinion, investments in real estate are always long term, so we have to keep in mind that the next few months won’t necessarily affect a project’s performance. He does point out, however, that “it is obvious that unemployment and lack of credit will cause a lot of damage if the economy continues to weaken at the current pace.” D’Ávila says, though, that we should expect a
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turnaround in the pandemic in the next few months, thanks to vaccination campaigns, Spring, and a sharp drop in the level of contagion all happening at the same time.
Deals are coming to fruition
“The pandemic reached its peak at the end of 2020 – just as the world’s vaccination programmes started to ramp up, a remarkable success for science. 2021 is, thus, off to an interesting start, and we all hope the vaccines come out victorious,” says José Carvalho, CEO of the Omega Group. At the moment, this engineering and real estate group is working on four residential projects simultaneously. Each project is at a different stage of development and also has a distinct target audience, which include the high-end, upper middle, and mid-market segments. “As far as our capacity to execute these projects is concerned, we have found that the pandemic slightly affected the pace of construction, since work teams have been absent intermittently due to a worker or two occasionally needing to be placed in quarantine at the request of the health authorities,” explains Carvalho, stressing that “the supply of materials has not been a problem these days.” However, he goes on to say that “what’s more irregular has been the performance of the commercial area, although there is a lot of activity in the work of communicating and responding to constant demand that we have seen in the residential segment. One ought to note that, while deals are going through, they are doing so at a slower pace than desired.”
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lendário de eventos do sector e onde é possível encontrar a “fina flor” deste mercado. Neste momento é difícil imaginar como vai ser o nosso futuro e, por isso, resta-nos apenas o presente. Por isso, o nosso desafio agora é garantir que o legado do Joaquim Pereira de Almeida e o seu contributo para um jornalismo imobiliário de qualidade e verdade vão continuar. Descansa em paz, amigo Joaquim.
Homenagem Tribute
Sem nunca esquecer os amigos Without ever forgetting our friends
Texto Text: Elisabete Soares
Conheci o Joaquim, já lá vão mais de duas décadas, quando iniciava o meu percurso no jornalismo imobiliário. Dessa altura, recordo as suas palavras de incentivo, de quem já tinha um longo percurso no jornalismo e a sabedoria que só é conseguida pelos anos de experiência. Embora durante anos estivéssemos ligados a diferentes projectos, muitas vezes recorri ao Joaquim para conseguir a informação ou o contacto que não conseguia de outra forma. Foi sempre inexcedível e muito solicito. Foi assim que se consolidou a nossa amizade, mas também o meu reconhecimento do seu percurso como profissional que muito contribuiu para elevar o jornalismo imobiliário. Fui acompanhando os projectos do Joaquim e quando, em Setembro de 2013, lançou a Magazine Imobiliário, respondi ao repto de ser colaboradora permanente. Neste percurso de oito anos tive oportunidade de acompanhar o crescimento de uma revista, cujos conteúdos primam pela qualidade e pela verdade, aliás qualidades que, desde a sua génese, estiverem associadas ao projecto da Magazine Imobiliário. Para a qualidade da revista contribuiu a exigência e o rigor que o Joaquim colocava na preparação e no plano de cada edição, criticando sempre que considerava que não se atingiu o objectivo pretendido, mas elogiando quando gostava do que estava a ler. Mas a Magazine Imobiliário é muito mais que a revista, já que tanto o Prémio Nacional do Imobiliário, mais conhecido pelos “Óscares” do Imobiliário, como os Prémios Personalidades, são realizações que anualmente marcam o ca-
I met Joaquim more than two decades ago when first starting my career in real estate journalism. I remember the words of encouragement he used at the time. They were the thoughts of someone who had already had a long journey in the world of journalism and gained knowledge that could be achieved only through years of experience. Although we had our own projects over the years, I often went to Joaquim to get information or a contact that I wouldn’t have been able to have gotten otherwise. He was always exemplary and willing to help. This is how we strengthened our friendship and also how I fortified my understanding of his career as a professional whose life’s mission it was to elevate real estate journalism to ever higher standards. I always kept an eye on Joaquim’s projects, and, when he founded Magazine Imobiliário in September 2013, I accepted the challenge of being a permanent contributor. Over the past eight years, I’ve had the honour of following the growth of a magazine whose contents are second to none thanks to their quality and their veracity, qualities, in fact, that have characterised the Magazine Imobiliário project since its inception. To ensure the magazine was always high quality, Joaquim was meticulous and rigorous when preparing and planning each edition. He would always make critiques when he believed intended goals hadn’t been met but sung praises when he liked what he was reading. But Magazine Imobiliário is much more than just a magazine, since both the National Real Estate Awards (also known as the “Oscars” of Real Estate) and the Personality Awards are events that consistently appear every year on the calendars of industry professionals and are places where this market’s “cream of the crop” can be found. At this moment, it is difficult to imagine what our future will be like; all we have left is the present. So, our challenge now to ensure that the legacy of Joaquim Pereira de Almeida and his contributions to high-quality, frank real estate journalism lives on. Rest in peace, my friend Joaquim.
Lá fora Reino Unido Abroad United Kingdom
Roberto Varandas
Reflexões sobre os mercados e os investidores Reflections on markets and investors
Roberto Varandas COS Capital Managing Director – Head of Europe
Recentemente participei numa conferência que agregou alguns dos maiores investidores e gestores com investimentos imobiliários nos diferentes mercados da Europa. Incluem-se fundos soberanos, fundos de pensões, seguradoras, gestoras de fundos e family-offices, onde os montantes sob gestão ascendem a muitos milhares de milhões de euros. Tive pena de que a conferência não ocorresse na prevista pacata cidade Suíça mas o calendário deste tipo de eventos está obviamente limitado. Foi o primeiro em que participei este ano, virtualmente está claro. Com o fim dos confinamentos à vista, a esperada abertura da maior parte das economias europeias e o desagravar da crise de saúde, os participantes propunham as diferentes visões de mercado, os seus objectivos mais imediatos para 2021 e uma previsão de como as economias e mercados se comportarão durante o corrente ano e seguintes. Vou tentar resumir algumas das ideias transmitidas e o que os grandes investidores institucionais europeus esperam do imobiliário.
Inflação
A inflação foi claramente o grande tema em discussão durante a semana. As políticas monetárias dos principais bancos centrais estão a provocar alguma ansiedade a investidores. A ameaça de subida repentina das taxas de juro, em contraponto a uma eventual subida acelerada dos preços, terá um efeito negativo na avaliação dos activos e do seu financiamento. A progressiva subida quase ininterrupta do valor dos activos em geral, desde da crise financeira em 2008, associado a uma política fiscal mais liberal em resposta à crise sanitária, poderá criar o ambiente perfeito para uma ainda mais liquidez no mercado e uma necessidade de corrigir o rumo ainda maior. Há a ideia de que o imobiliário, como classe de activos, proporciona uma boa protecção contra os efeitos da inflação, mas está longe da realida-
de. Algumas rendas poderão ter uma certa indexação à inflação mas não significa que os preços dos mesmos activos reajam em conformidade. Os meus colegas europeus, responsáveis pelo imobiliário nas suas respectivas organizações, têm esse claro entendimento mas suspeito que nem todos os investidores o terão.
Comportamento dos mercados em 2020
O comportamento em 2020, da generalidade das carteiras de investimentos foi sofrível. Os investidores com uma percentagem grande de activos de retalho continuaram a sofrer percas de valor e, nalguns casos, percas substanciais na ordem dos 20% a 30%. Investidores com maiores posições em activos de logística, por exemplo, tiveram mais um ano positivo, mas todos têm a clara noção de que as avaliações têm um desfasamento temporal já que olham para informação de preços no passado. Muitos avaliadores incluíram provisões qualitativas nas suas avaliações, ressalvando a condição dos mercados, a falta de pontos de comparação e o estado de incerteza na economia. Os edifícios de escritórios estão algures no meio destes dois extremos. Com contratos mais longos, inquilinos com uma necessidade de maior estabilidade, estes investidores acabam por sofrer menos, especialmente se a crise não se prolongar por muito tempo. Mesmo assim, os investidores esperam uma diminuição da procura na ordem dos 10% a 20% e clusters densos como Canary Wharf em Londres ou La Défense em Paris a sofrer mais.
O sector residencial
Por toda a Europa, os investidores continuam a tendência de constituição de grandes carteiras de activos residências de arrendamento. Tradicionalmente apenas na Alemanha, Países Baixos e países Nórdicos tinham alguma tradição de investimento institucional no sector
Lá Fora
Abroad
residencial, agora essa tendência estende-se para outros mercados. Claramente, mesmo nos mercados mais maduros, os activos não existem para acompanhar a procura e têm que ser construídos. Os investidores começam a a comparar os activos residenciais com outra classe de activos – infra-estrutura dado satisfazerem necessidades básicas das populações, a indexação das rendas com a inflação e a diversificação das rendas.
Novos investimentos
Conversámos também sobre as expectativas de novos investimentos, tanto em activos directamente, como em fundos. A maioria dos investidores confessou a dificuldade em assumir investimentos com novos gestores e parceiros dada a necessidade de due dilligence em pessoa, tanto das operações do gestor como dos activos em si. Ainda mais se torna difícil quando tratamos de investimentos além fronteiras. A consequência desta limitação é de que os gestores e parceiros já próximos dos investidores tenderão a acumular mais capital no curto prazo. Espero que este relato de um fórum alargado de investidores internacionais vos seja útil à formulação das vossas estratégias! I recently participated in a conference that brought together some of the largest real estate investors and managers in Europe. This includes sovereign wealth funds, pension funds, insurance companies, fund managers and family offices, where the amounts under management amount to many billions of Euros. I was disappointed that the conference did not take place in the planned quiet Swiss city, but the calendar for these types of events is obviously limited. It was the first one I participated in this year. With the end of the constraints in sight, the expected opening of most European economies and the relief from the health crisis, participants proposed different market views, their most immediate objectives for 2021 and a forecast of how economies and markets will behave during this year and beyond. I will try to summarize some of the ideas shared and what the big European institutional investors expect from real estate.
Inflation
Inflation was clearly the big topic under discus-
sion during the week. The monetary policies of the main central banks are causing a good deal of anxiety to investors. The threat of a sudden rise in interest rates in response to a possible acceleration in prices will have a negative effect on the valuation of assets and their financing. The progressive and almost uninterrupted rise in the value of assets in general, since the financial crisis in 2008, coupled with a more liberal fiscal policy in response to the health crisis, can create the perfect environment for even more liquidity in the market and a need to correct even further. There is the idea that real estate, as an asset class, provides decent protection against the effects of inflation, but this is far from reality. Some rents may be indexed to inflation, but that does not mean that the prices of these assets will react accordingly. My European colleagues, who are responsible for real estate in their respective organizations, have this clear understanding but I suspect that not all investors will have it.
Market behavior in 2020
Most investment portfolios’ performance in 2020 was lackluster. Investors with a large percentage of retail assets continued to suffer impairments, and in some cases, substantial losses in the range of 20% to 30%. Investors with larger positions in logistics assets, for example, had another positive year, but everyone has the clear notion that valuations have a time lag as they look at past price information. Many appraisers have included qualitative caveats in their assessments, noting the condition of the markets, the lack of comparison points and the state of uncertainty in the economy. Office buildings are somewhere in between
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these two extremes of retail and logistics, given the longer leases and more stable tenants. Nonetheless, investors expect tenant demand to drop by 10% to 20% and dense clusters like Canary Wharf in London or La Défense in Paris to suffer even more.
The residential sector
Across Europe, investors continue the trend of building large portfolios of rental residential assets. Traditionally only in Germany, the Netherlands and the Nordic countries had some tradition of institutional investment in the residential sector, now this trend extends to other markets. Clearly, even in the most mature markets, assets do not exist to keep up with demand and have to be built. Investors begin to compare residential assets with another asset class – infrastructure, as they satisfy basic needs of the population, the indexation of incomes with inflation and the diversification of incomes.
New investments
We also talked about expectations for new investments, both in assets directly and in funds. Most investors confessed the difficulty in taking on investments with new managers and partners given the need for due diligence in person, both on manager’s operations and on the assets themselves. It becomes even more difficult when it comes to cross-border investments. The consequence of this limitation is that managers and partners already close to investors will tend to accumulate more capital in the short term. I hope that this report from a broad forum of international investors will be useful to you in formulating your strategies!
Ilustração Illustration: José Laranjeira
Foto Photo: Anabela Loureiro
62 Revelação Revelation
Joaquim Pereira de Almeida
Alma cheia With a full soul
Moro na periferia de Lisboa. Em frente ao apartamento há uma creche, uma igreja e uma casa mortuária. Um pouco mais ao lado, diante do local que acolhe velórios, um centro de saúde inaugurado a tempo das últimas eleições autárquicas. Diria que não me falta nada e que nem preciso muito para estar realizado, seja qual for o meu estado. E, ao contrário destas obras perfeitas, tenho, desde sempre, o defeito de acordar antes das galinhas, noite ainda. A maioria dos dias saio pouco depois à descoberta do nada. Tenho particular simpatia pelo Sol quando ele nasce. Já pensei arranjar-lhe uma vaga no infantário mas ele é demasiado luminoso, acordava logo o repouso das outras crianças. E ilumina toda a gente. Percorro Queluz de cima a baixo, começo por encontrar empregadas de limpeza africanas que vão apanhar o primeiro comboio para Lisboa. Quando não vou à boleia da CP, encontro as pessoas do costume, drogados, alcoólicos, velhos com insónias e os primeiros almeidas da Câmara. Um, particularmente, tem a minha simpatia. Tinha o hábito de assobiar, como ninguém, enquanto fazia o seu trabalho. Era delicioso, confundia-se com os pássaros que, também eles, são preguiçosos ao amanhecer. Até um dia em que começou a levar com objectos atirados dos prédios. É o senhor Zé, desde então mais sorumbático. Estas pessoas adoram conversar e mesmo nos casos em que não estão em condições de saber o que dizem, paro, dou atenção. Repetem histórias mas entre a repetição há quase sempre algo de novo. Só perto das oito, no Café, encontro pessoas “normais”. Idosos (as) na maioria, são extremamente carinhosos (as), querem saber de mim, da família, do cão, uma companhia a que nunca volto costas. Todos estes amigos, incluindo dois loucos que interrompem as conversas. Um diz que o banco lhe rouba dinheiro. Deposita moedas quase todos os dias e as más-línguas asseguram
que está “rico”. O outro pede dinheiro a troco de cafés, acto que repete vezes sem conta, ao longo do dia. Este universo tem um denominador comum: Seres que precisam de conversar, de atenção. Ninguém tem telemóvel e, muito menos, estão no Facebook. São os filhos da sociedade, só lembrados em períodos eleitorais. E são pessoas fantásticas, tesouros de sabedoria. Quando os deixo, para ser politicamente correcto, como estou a ser agora, deparo-me com a nojice dos noticiários e dos interesses que encobrem. Não uso fato mas é como se o fizesse, ao enfrentar outras multidões, igualmente motivadoras. O trabalho chama por mim e aí há argumentos diferentes. Vou por esse caminho, como um actor de alma cheia que só representa o que é. I live on the outskirts of Lisbon. In front of my apartment are a day care, a church, and a mortuary. A little more off to the side in front of the place that hosts funerals is a health centre that opened around our last municipal elections. I would say that I lack nothing and that I also don’t need much to feel fulfilled, whatever my state may be. And, unlike these perfect projects, I have always had the defect of waking up before the chickens when it was still night. Most days, I leave shortly after and go looking for nothing. I’m particularly sympathetic to the Sun when he comes up. I have thought of finding him a place in the nursery, but he’s too bright; he would wake up the rest of the children right away. And he illuminates everyone. I walk through Queluz from top to bottom. The first people I encounter are the African cleaning ladies who are headed to catch the first train into Lisbon. When I don’t catch a ride on the train, I come upon the usual people: drug addicts, alcoholics, old people with
insomnia, and the first street-sweepers of the day. One in particular has my sympathy. He had this habit of whistling, like no one else could, while doing his job, and his whistling was absolutely delightful. One could’ve confused it for the birds for they, too, are lazy at dawn. One day, however, people began throwing things at him from the buildings. Mr. Zé has been much more glum ever since. These people love to talk, even when they’re not aware of what they’re saying. I stop and pay attention to them. They repeat the same stories, but, among the repetition, there’s almost always something new. Only around 8 o’clock at the Café do I begin to find “normal” people. The majority of them are elderly and oh-so kind and affectionate. They want to learn about me, my family, my dog. I never give up the chance to be in their company. They are all friends, including two crazy ones who interrupt people’s conversations. One says the bank steals money from him. He deposits coins almost every day, and rumour has it that he is “rich.” The other asks for money in exchange for coffees, an act he repeats over and over throughout the day. This universe has a common denominator: Human beings who need to talk, who need attention. No one has a cell phone, much less on Facebook. They are the children of society, only remembered during election seasons. But they are fantastic people, treasure troves of knowledge and wisdom. When I leave them, to be politically correct, as I am being now, I find myself disgusted with the news and the interests they cover up. I don’t wear a suit, but it’s as if I did when facing other, equally motivating crowds. Work calls my name, and different arguments await me there. And I head that way, like an actor with a full soul who only represents what he is.
64 Anabela Loureiro
Sempre juntos Always together “Voltei a ver-te a subir as escadas velhas, bonitas, de costas, apressada como sempre, a caminho do jornal. No mesmo dia apresentaram-nos, encantei-me com o rosto, o jeito, os olhos curiosos, um olhar sem medo e inteligente. Foi em 1988, há trinta e três anos.” Joaquim Pereira de Almeida Nunca mais nos largámos. Como tu próprio costumas dizer, quase metade da minha vida foi já passada juntos. Estiveste sempre ao meu lado com a tua generosidade, sensibilidade e humor inteligente, de gargalhada fácil, malandra, olhar doce e cúmplice, fazendo do difícil fácil. Com a tua calma de mar chão, alcançavas longe e dizias sempre “calma Anabela, o óptimo é inimigo do bom”! Eras dotado de uma inteligência ímpar, tinhas o dom da palavra e uma vida cheia. Consideravas-te um Homem do Mundo, mundo sem fronteiras e enfrentava-lo com dignidade e verticalidade. Trilhámos um caminho especial, em estradas paralelas, pois cada Ser tem a sua estrada, mas sempre de mãos dadas. Temos e tivemos muitas lutas, tristezas, alegrias, vitórias, tudo o que dizem fazer parte da vida a dois. Sempre juntos. Assim, aqui estou despojada de mim deixando-te o beijo que afinal sempre nos acalentou. Até sempre meu querido e tosco Quim. A tua Anabela “I came back and saw you climbing those beautiful, old stairs, your back turned, in a rush as usual, on your way to get the paper. On the same day, they
introduced us. I was enchanted by your face, your air, your curious eyes which had a fearless, intelligent gaze. This was in 1988 – thirty-three years ago.” Joaquim Pereira de Almeida Never again did we let each other go. As you used to say yourself, we spent almost half of my life together. You were always at my side with your generosity and intelligent humour, your rascally, easy laugh, your sweet, affectionate gaze, making the difficult easy. Your calmness knew no bounds. You reached for the stars and would always say, “Be calm, Anabela! What is great is the enemy of what is simply good!” You were gifted with an unmatched intelli-
gence. You were a master of the pen and had a full life. You considered yourself a Man of the World – a world without borders – and would always face it with dignity and honesty. We trod a special path down parallel roads – for each Being has their own road – but always hand in hand. We’ve had plenty of fights, sadness, happiness, and victories in our days, everything they say is part of a life together as a couple. Always together. So, here I am, stripped of myself, leaving you the kiss that, in the end, always made us cherish one another. Farewell, my dear, rugged Quim. Your Anabela
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