Construção Ambiente Turismo
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JAN/FEV 2022 €10
2022: Pressão ou descompressão? 2022: Boom or bust?
1 Editorial
Um passo além One step beyond
Carla Celestino Directora Director
Em vez de começarmos o ano com o “pé direito”, começamos com “um pé atrás”. Iniciamos 2022 com um Estado sem dono, nem governo, com uma seta ascendente no gráfico dos números pandémicos e uma inflação que pode vir a agitar a economia, sobretudo o imobiliário. Mas a esperança mora aqui neste nosso pedaço de terra à beira-mar plantado. Somos dos países a nível mundial que mais acreditamos na cura, nos médicos, nos laboratórios, já vamos na terceira dose da vacina contra Covid-19 e até as nossas crianças fazem fila, sem birras nem choros. É também com muita força e fé que os players do imobiliário seguem caminho. 2022 e 2023 continuarão a ser construtivos e, esperemos, lucrativos. Assim haja oferta e estabilidade legislativa e fiscal. É nesta senda de convicção e expectativa que a Magazine Imobiliário traz até ao leitor novidades. Ao longo deste ano iremos apresentar um conjunto de entrevistas - de autoria de Joaquim Pereira de Almeida - realizadas aos Históricos do Imobiliário Português. Álvaro Caneças é o primeiro da galeria de ilustres. Porque os números são factos e o excell continua a ditar as regras do jogo, elaborámos, em conjunto com o portal Super Casa, o Barómetro do Sector. Mas também porque acreditamos que podemos fazer mais pelo ambiente e que a sua preservação e conservação vai do nosso quintal até às estrelas no céu, estabelecemos igualmente uma parceria com a associação ambientalista Quercus. Em breve anunciaremos os tão esperados Finalistas ao Prémio Nacional do Imobiliário 2022 e temos na manga mais novidades, mas isso deixamos para outras edições, não podemos revelar já todo o nosso “ouro”. Pé ante pé, temos dado passadas largas na consolidação e inovação do projecto da Magazine Imobiliário. Por isso lançamos o repto aos leitores e aos sponsers: Têm a coragem de dar mais um grande passo em frente connosco?
Instead of starting the year on the right foot, we’re a step or two behind”. We’re kicking off 2022 with a State without a government, with a growing curve on the pandemic graph and inflation that could derail the economy, especially the real estate sector. But we live in hope in this little corner of southwestern Europe by the sea. We are the country which most in the world who believes in the cure, in doctors, laboratories, we’re already taking the third dose of the vaccine against Covid-19 and even our kids are standing patiently and quietly, without tantrums in the queue. And it is also with great strength and faith that real estate players continue their path. 2022 and 2023 will continue to be constructive and, we hope, lucrative. If, as we hope, there is tax and legal stability. And it is in this spirit of conviction and expectation that Magazine Imobiliário brings the latest news to its readers. Throughout this year we will present a number of interviews - by Joaquim Pereira de Almeida - taken from the archives of the History of Portuguese Real Estate. Álvaro Caneças is the first from the gallery of the illustrious. Because numbers are facts and excelling continues to dictate the rules of the game, we have produced with the site Super Casa (Super House), the Sector Barometer. But also, because we believe that we can do more for the environment and that its preservation and conservation cover our own back yard and even the stars in the sky, we’ve also established a partnership with the environmental group Quercus. We shortly announce the anxiously awaited Portugal Real Estate Awards 2022 Finalists, and we’ve news up our sleeve, but we’ll leave that for future editions, we can’t reveal all of our “golden” secrets. Step by step, we’ve made giant strides in terms of consolidating and innovating at our Magazine Imobiliário project. Which is why we’ve thrown down the gauntlet to our sponsors: Have the courage to take a big leap forward with us.
Ficha técnica Datasheet
Índice
Propriedade Property Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901 Rua Paulo Reis Gil nº 39, 3º Esq.
Summary
2745-195 Queluz Telm. / Mobile: (+351) 96 237 00 08
38 Fio-de-Prumo
Plumb line Engexpor: DCS - Digital Construction Services
44 Azimute Capa Cover: Vvoe Vale / Istockphoto
04 Grande Tema Lead Story Politiquices Political intrigues
20 Histórico do Imobiliário
Portuguese Property History Álvaro Caneças
26 Metro Quadrado Square Meter Kronos Homes
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Areas-Leiloeira
36
Barómetro do Imobiliário Real Estate Barometer Infocasa/Supercasa
Coordinates Impostos ambientais Environmental taxes
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Habitat Verde Green Habitat Quercus O futuro da construção tem de privilegiar a sustentabilidade Construction in the future must prioritise sustainability
48 Atelier
Atelier Ensino em tempos de pandemia Teaching in pandemic times
52 Ventos do Norte North winds O novo desafio do Porto Porto’s new challenge
56 Sol e Lua
Tourism Rota da Lã The Wool Route
62 Lá fora Abroad
Opinião Opinion
Reino Unido United Kingdom 2022: As boas previsões e as más 2022: Good and bad forecasts
64 Paparazzi
Assobia para o lado Whistling in the wind
geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario.com Fundador da Magazine Imobiliário Founder of Magazine Imobiliário Joaquim Pereira de Almeida Directora Director Carla Celestino Colaboradora Permanente Permanent Contributor Elisabete Soares Fotografia Photography Anabela Loureiro Tradução Translation Chris Graeme Grafismo Graphics Rodrigues Silva
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Contabilidade Accounting Nasceconta
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Periocidade Frequency Bimestral Tiragem Number printed 3.000 exemplares Impressão Printing Jorge Fernandes, Lda. Rua Qta. de Marcarenhas, 2820 Charneca da Caparica Depósito Legal Legal Deposit 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397 Estatuto editorial disponível em: Editorial policy available at: www.magazineimobiliario.com
Grande Tema 4 Grande Tema
Lead Story
Kynny / istockphoto
Lead Story
País à lupa Portugal up close
Politiquices Political intrigues
Grande Tema Lead Story
Texto Text: Carla Celestino
Chegámos a 2022. Menos receosos que em 2020 ou 2021 e seguramente mais esperançosos. Se a peste negra ou o sarampo foram controlados, em diferentes épocas, também o actual vírus o será, dado o avanço da ciência. Mas é preciso alguma contenção, algum bom senso e muita prevenção, pois as incógnitas e as interrogações continuam. Não há meio de vermos a luz ao fundo do túnel desta pandemia. As novas restrições impostas em Dezembro de 2021 originaram uma ruptura no stock de auto-testes, a quase impossibilidade de agendamento online e o recorde de 620 mil testes realizados nos dias 23 e 24 de Dezembro. Esta realidade espelha a ânsia, física e psicológica, de ir a um restaurante, a um estádio de futebol ou a uma discoteca. Faz igualmente perceber o gasto (e o lucro) que está a gerar cada vez que um familiar ou um amigo quer visitar um ente querido num lar ou num hospital. E faz também evidenciar as limitações do nosso pequeno Portugal à beira-mar plantado.
CDC / unsplash
Estamos sem governo e sem Orçamento de Estado para 2022. Estamos com uma nova subida de casos de Covid-19 mas também com uma elevada taxa de sucesso de vacinação. A economia está a recuperar a diferentes velocidades. O imobiliário também. Tudo está sempre a mudar. Estamos a aprender a viver num novo universo? Portugal has neither a government nor a State Budget for 2022. It is facing a spike in new Covid-19 cases, but also an extraordinarily successful vaccine takeup. The economy is recovering in different gears and Real estate too. Everything is always changing. Are we learning to live in a new world?
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Ainda assim, somos um país líder na vacinação de idosos, jovens e crianças. Queremos ser os primeiros a recuperar a todos os níveis, saúde, economia, educação... Somos, certamente, exemplo para o mundo. Resta saber como vai ser esta recuperação.
Inflação, portarias e previsões
Nesta edição questionamos se 2022 será um ano de pressão ou de descompressão. No sector imobiliário, os especialistas, em diferentes áreas, dão a sua opinião. Todos são unânimes que poderá ser um bom ano, assim os constrangimentos que têm perturbado a produção nas diferentes indústrias sejam levantados. Assim também a inflação o permita. Recorde-se que a inflação na zona Euro está galopante. Esta é, talvez, a maior preocupação e o maior desafio do momento do Banco Central Europeu, ainda não sabemos se a política será a do “deixar andar até ver” ou se será necessário colocar um “travão”. Mário
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Grande Tema
Lead Story
Centeno, governador do Banco de Portugal, é da opinião que é expectável que a inflação “abrande em 2022.” Este também poderá ser um bom ano assim se consiga recuperar a estabilidade política e legislativa. O Governo caiu. Mas antes de fechar a porta andou numa verdadeira corrida contra-relógio a passar do papel para a realidade portarias e decretos, alguns dos quais há muito ansiados pelo sector imobiliário. Falo, a título de exemplo, da portaria n.º 281/2021 que estabeleceu que o IVA a ser aplicado nas obras realizadas ao abrigo do regime de habitação a custos controlados passasse de 23% para 6%. Ainda não se sabe de que forma esta decisão vai mexer com o mercado habitacional mas, por certo, agora, será mais atractivo investir no mercado de arrendamento acessível. Nesta incógnita há, no entanto, que considerar os custos em todo o ciclo de investimento, bem como a escassez da oferta e de mão-de-obra. Recorde-se que, segundo o Eurostat/2019, apenas 26% dos portugueses residem em habitações arrendadas. Urge fazer uma alteração de mindset quer do lado da procura, quer da oferta para lá dos créditos bancários. Esta é a hora do built-to-rent (construir para arrendar). Não vamos entrar em politiquices mas vamos começar o ano a ir a votos. O que nos leva a questionar se a roda dos fundos comunitários vai parar ou tornar-se mais lenta. E quem diz fundos, diz tudo o resto. O Orçamento de Estado (OE) 2022 não foi
aprovado e as autarquias temem pelos seus municípios, pelos projectos que querem ver nascer na sua comunidade. No mês de Dezembro Luísa Salgueiro foi eleita presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) que, na altura, assegurou que o “envelope financeiro” estava fechado e ia ser atribuído independentemente do OE. No seu discurso afirmou também que irá fazer todos os possíveis para que “o processo da regionalização possa avançar.” E a avançar (embora já seja um tema bem antigo) é um tópico que poderá ter impacto no imobiliário. A Comissão Europeia apresentou recentemente as suas previsões económicas, afirmando que a “economia de Portugal está a recuperar fortemente”, graças ao “ressurgimento da procura e do emprego.” Adianta ainda que “a perspectiva de crescimento permanece favorável” mas sublinha que existem “desafios relacionados com as cadeias mundiais de abastecimento e incerteza no turismo estrangeiro.” Temos, então, razões para estar optimistas?
Do analógico ao digital
Portugal ora está no topo da segurança pandémica, ora faz disparar alarmes. Não obstante, continua a ser um destino valorizado, de confiança e no radar dos investidores. Nem a mudança das regras dos Vistos Gold parece demovê-los, a atestar pelas expectativas depositadas quer em destinos tradicionais, como o Douro ou a Madeira, quer no litoral alentejano, sobretudo as zonas de Tróia, Comporta ou Melides.
Portugal ora está no topo da segurança pandémica, ora faz disparar alarmes. Não obstante, continua a ser um destino valorizado, de confiança e no radar dos investidores. Portugal is rated top in terms of pandemic public health safety but is also setting off alarm bells as the omicron variant spreads”. “Nevertheless, it continues to be an attractive and reliable destination, and is on investors’ shopping lists.”
Investimento pode atingir níveis pré-pandémicos Investment could reach pre-pandemic levels
Previmos para 2022 que o mercado imobiliário português terá uma aceleração bastante positiva seguindo a tendência do que se verificou em 2021. À medida que os riscos da pandemia forem diminuindo no mundo e em especial em Portugal, a tendência será para que o investimento atinja os níveis da pré-pandemia, ainda que terminem brevemente os Vistos Gold em Lisboa e no Porto onde existe maior atractividade dos investidores. Contudo, o facto de a banca manter incentivos de concessão de crédito continuará a incrementar a procura de produto imobiliário também por parte dos pequenos investidores. Miguel Cabrita Matias
Board member Mexto Portugal
We forecast that in 2022 the Portuguese real estate market will pick up at a fairly positive rate following the trend seen in 2021. This depends on the risks from the pandemic reducing worldwide and especially in Portugal as the trend for investment achieves pre-pandemic levels, even through Golden Visas will shortly end in Lisbon and Porto which are more attractive for investor. Moreover, the fact that the banking system is maintaining credit incentives (mortgages) means that there will continue to be increased demand from small investors too for real estate product.
Cronislaw / istockphoto
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Grande Tema
Lead Story
Diferentes análises revelam o potencial imobiliário de Portugal ao nível das residências para estudantes, das residências para seniores, dos espaços para date centres ou para laboratórios científicos, da logística… Nas metrópoles, o trabalho remoto permitiu diminuir os efeitos pendulares, baixar os níveis de poluição, aumentar ou alterar a oferta de edifícios e espaços de escritórios. Mau grado, à data em que se escreve este artigo e a comprovar pelo “pára-arranque” das viaturas no IC19 ou na VCI na hora de ponta, se não fosse o Estado de Emergência imposto nas festividades, diríamos que voltámos a níveis muito próximos de antes da pandemia. Ainda assim, a localização, que sempre esteve no topo da lista na hora de procurar um escritório, adquire agora um novo olhar de maior proximidade de tudo e de todos. A reabilitação ou a construção nova do edificado já começa a estar focada em soluções mais sustentáveis e a actuar para obter certificações nacionais e internacionais. Os investidores perceberam que as suas estratégias de investimento têm de passar pelos critérios Environmental, Social e Governance (ESG). Aliás, um estudo da consultora CBRE revela que existe mesmo uma “pressão crescente sobre proprietários, operadores e ocupantes de edifícios para que reduzam a sua pegada de carbono.” A construção e o imobiliário sustentável estão, pois, cada vez, mais próximos.
Inflação vai influenciar imobiliário Inflation will influence real estate
Paulo Silva
Head of Country, Savills Portugal
2022 não irá ser, à partida, um ano disruptor em relação ao que nos tem sido dado a ver nos dois anos anteriores. A segurança sanitária irá determinar a alternância entre estados, com mais ou menos restrições, de convivência social, que expectavelmente não serão tão restritos quanto aqueles que nos foram dados a assistir nas situações extremas passadas. A variável que se afigura como podendo ser a principal novidade e condicionante, embora tenha feito sentir a sua presença tímida em 2021, sobretudo nos preços da construção, é a inflação, que poderá conduzir a aumentos de preços de comercialização do produto final, compressão de margens dos promotores e/ou diminuição dos preços de aquisição de terrenos para construção e edifícios para reabilitação. Esta poderá ser a responsável por alterações comportamentais importantes no imobiliário português. 2022 will not, from the outset, be a disruptor compared to what has been seen over the past two years. Health safety will determine alternating states in terms of restrictions, with more or less of them, affecting socialising, which one could expect not to be as restrictive as the ones experienced in more extreme situations in 2020 and early 2021. The variable which has proved to be the main new and conditioning factor, albeit felt timidly in 2021, but has had an impact on the cost of construction, is inflation which could drive price hikes on the cost of the final product, a squeezing on developers’ profit margins and/or a reduction in the purchase prices on land for construction and buildings for rehabilitation. This could be responsible for important behavioural changes in the Portuguese real estate market.
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Uma outra análise elaborada pela consultora Savills Portugal, revela que as fintech, empresas que conjugam serviços financeiros com inovação tecnológica, estão em crescendo na Europa e em Portugal não é excepção. O seu poder está alavancado no comércio electrónico e no green financing (financiamento verde). As fintech que eventualmente estejam a ponderar a radicação em Portugal têm, desde logo, diversas vantagens, nomea-
damente os talentos em IT, ser um dos países com menor custo por metro quadrado de escritório e ter um custo de vida abaixo da média europeia. A tecnologia veio permitir que o mundo não parasse em tempos de pandemia, promoveu alterações e mudou modelos e padrões. No sossego de um lar foi possível visitar um apartamento numa plataforma de mediação imobiliária, por exemplo.
Diferentes análises revelam o potencial imobiliário de Portugal ao nível das residências para estudantes, das residências para seniores, dos espaços para date centres ou para laboratórios científicos, da logística… Different studies reveal the real estate potential in Portugal for student and senior residences, data centre and scientific laboratory premises, and logistics warehousing...”
Mediação vai continuar dinâmica Estate agencies will continue to do well
Temos uma perspectiva positiva para a mediação imobiliária no próximo ano. Antecipamos que, em 2022, o mercado imobiliário em Portugal continue bastante dinâmico, mantendo uma tendência de crescimento das transacções imobiliárias. À semelhança do que já se verifica, o mercado imobiliário continuará a viver um contexto onde a procura é superior ao produto existente no mercado. Nesse sentido, a nossa perspectiva é de que os preços dos imóveis mantenham um movimento de subida, diminuindo, no entanto, a velocidade dessa subida, por via de entrada de novo produto para o mercado. Patrícia Santos CEO da Zome
We have a positive outlook for estate agencies next year. We expect that the real estate market in Portugal in 2022 will continue to be fairly buoyant, maintaining the trend for growth seen in property transactions. As has already has been seen, the real estate market will continue to experience a context where demand is greater than the product existing in the market. In this sense, our view is that real estate prices will continue to climb, with the speed of this climb, however, slowing as new product comes onto the market.
Por si damos o nosso melhor Obrigado pela sua confiança. Nestes tempos desafiantes, adaptámos, criámos e inovámos. Com a sua confiança, acompanhamos a mudança e preparamos o futuro. Trabalhamos todos os dias para o melhor dos nossos Clientes.
Banco do Ano em Portugal 2021 Atribuído pela revista The Banker, no âmbito dos “The Bank of the Year Awards 2021”
Melhor Banco em Portugal 2021 Atribuído pela revista Euromoney, no âmbito dos “Euromoney’s Awards for Excellence 2021”
Melhor Banco em Portugal 2021 Atribuído pela revista Global Finance, no âmbito dos “World’s Best Banks 2021”
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Estes prémios são da exclusiva responsabilidade das entidades que os atribuíram.
santander.pt
12 Grande Tema Lead Story
Mas não podemos deixar de questionar que mundo novo é este que se avizinha quando pessoas como os criadores do Facebook ou Instagram falam de “multiverso” (abreviação de metauniverso) no qual o mundo real se funde com o virtual. Já se imaginou a criar um avatar e através de um holograma trabalhar no seu habitual worlplace ou visitar as ruas de Londres ou Paris sem sair de
sua casa? Por certo é um mundo novo cheio de oportunidades criativas e muito, provavelmente, económicas, mas serão também sociais? Quanto a nós, portugueses, para já, as interrogações não são tão virtuais: O que vem aí? Será mais do mesmo ou uma ruptura e o início de novas parceria e paradigmas? A pressão quer se queira, quer não, está no ar.
2022 has arrived. Less fears than in 2020 or 2021, and certainly more hopeful. If the Black Death or measles were controlled in past eras, then the current virus will too given advances in science. But some temperance, common sense and a lot of prevention are required since the unknowns and question marks continue. There’s no means of seeing the light at the end of the tunnel in this pandemic.
Arquitectura: Desafios e oportunidades Architecture: Challenges and opportunities
Para 2022 temos que desafiar a mentalidade de “mais-do-mesmo” e “se deu até agora dará para amanhã”. Temos que nos soltar dos velhos hábitos de fazer e de estar. As oportunidades para nós arquitectos estão lá, à espera de sairmos dos nossos casulos elitistas e perceber que podemos e temos que contribuir para o bem-estar da sociedade em que vivemos e que vai “sofrendo” as nossas preciosas criações. As oportunidades estão lá à nossa espera se nos transformarmos em “players” essenciais para um desenvolvimento sustentável dessa nossa sociedade. Mário Sua Kay
Sua Kay Architectos
For 2022 the “more of the same’ mentality” and “if it has sufficed until now, it will do for tomorrow”. We have to break free from old habits of “making do”. Opportunities for us architects are out there, waiting for us to leave our elitist ivory towers and realise that we can and should contribute towards the well-being of the society in which we live and which will “put up with” our precious creations. The opportunities are out there waiting for us if we become players who are essential for a sustainable development of our society.
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Mais do que nunca, os seus inves�mentos precisam da proteção adequada. Um especialista ao seu lado faz toda a diferença. Fale connosco.
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Temperatura Temperature
Pandemia afecta famílias mais jovens Pandemic affects younger families
Os resultados do inquérito “Qual o impacto da pandemia na situação financeira das famílias?”, realizado entre Outubro de 2020 e Fevereiro de 2021, revelaram que “69% das famílias em Portugal consideraram que a sua situação financeira era semelhante à anterior à pandemia, 28% consideraram que piorou e 3% consideraram que melhorou.” Os dados foram publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pelo Banco de Portugal (BdP) e os mesmos revelam também que “a pandemia afectou principalmente a situação financeira das famílias em que os indivíduos estavam em idade activa e, em especial, as famílias mais jovens.”
RODNAE Productions no Pexels
The results of the inquiry “What is the impact of the pandemic on the financial situations of families?” carried out between October 2020 and February 2021, reveal that 69% of families in Portugal consider that their financial situation was similar to before the pandemic, 28% said it was worse, and 3% thought it had got better”. The data was published by the National Institute of Statistics - INE, and the Bank of Portugal (BdP) which also revealed that the “pandemic mainly affected the financial situation of those families whose individuals were of a working age and, more specifically, younger families”.
Grande Tema Lead Story
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Apenas 26% dos portugueses residem em habitações arrendadas. Urge fazer uma alteração de mindset quer do lado da procura, quer da oferta para lá dos créditos bancários. Just 26% of Portuguese live in rented homes”. “There needs to be a change in mindset both on the demand and supply sides, other than bank loans.” The new restrictions imposed in December 2021 gave rise to a rupture in stocks of selftesting kits, the almost impossibility of online testing, and the record 620,000 covid tests performed on the 23rd and 24th of December. This is spreading anxiety, both physical and psychological, about simply going to a restaurant, football stadium, or disco. One can easily realise the expense (and profits) this is generating each time that a family member or friend wants to visit a loved one in a residential home, or the elderly or a hospital. And it has also shown up the limitations
of our little Portugal next to the sea. Nevertheless, we are a country in the forefront of vaccinating young people, the elderly, and children. We want to be the first to recover at all levels: health, economy, and education. We are certainly an example to the world. It remains to be seen how this recovery proceeds.
Inflation, directives, and forecasts
In this issue we ask if 2022 will be a year of pressure or relief? In the real estate sector, the specialists in different areas give their
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Nevão Snow
opinion. All agree that it could be a good year, as soon as the constraints and restrictions that have upset production in different markets are lifted,and inflation allowing. After all, the Euro Zone is suffering runaway inflation. This is the biggest headache right now for the European Central Bank, and we still don’t know if the policy will be one of “let alone and wait and see” or if the bank will have to “intervene by hiking interest rates”. Mário Centeno, the Governor of the Bank of Portugal, believes that inflation is expected to “slow in 2022”. This could also be a good year if we can manage to recover political and legislative stability. The Government fell. But before the door closed, there was a race against the clock to get decree laws and bills from paper into force, some of which have been eagerly awaited by the real estate sector for some time. I refer, for example, to Decree-Law Nº 281/2021 which set VAT at 6% from 23% on building works undertaken for new build affordable housing. It is still not known to how and what extent this decision will affect the housing market, but, certainly, it will be more attractive to invest in an affordable housing market. In this uncertainty here, however, costs at all stages of the investment cycle, as well as the scarcity of manual labour supplymust be taken into account. According to Eurostat/2019, just 26% of Portuguese live in rented housing. It requires a change in mindset both on the demand and supply sides beyond bank loans. This is the time of built-to-rent.
Forget the political intrigues, as we start the year at the voting booths. Which leads us to ask if the round of community funds will stop or slow. And whoever says funds, has said all the rest that there is to say. The State Budget (SB) 2022 was rejected and council officers fear they will lose their seats, and projects they want for their communities. In December, Luísa Salgueiro was elected president of the Portuguese Association of Municipal Councils (Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), which at the time assured that the “financial envelope” was sealed and would be paid out regardless of the State Budget. In her speech she also stated that she would do everything possible for the “regionalisation process to go forward”. And moving forward (although this is already an old issue) is a topic that could have an impact on real estate. The European Commission recently presented its economic forecasts, confirming that the “Portuguese economy is recovering robustly”, thanks to the “return in employment demand”. It also adds that the “prospect for growth remains favourable” but stresses that there are “challenges regarding international supply chains and uncertainty over tourism from overseas”. So, do we have grounds for optimism?
From analogue to digital
Portugal is rated top in terms of pandemic public health safety, but alarm bells are also being set off as the omicron variant spreads.
Pandemia não trava preços da habitação High environmental taxes in Portugal
O Índice Global dos Preços da Habitação, do Fundo Monetário Internacional (FMI), revelou dados que não são propriamente novos, nomeadamente no que se refere ao facto de que “as baixas taxas de juros contribuíram para o boom nos preços das casas”. Mas as informações avançadas tornam-se preocupantes quando se tem em conta que uma importante fatia dos países englobados neste índice viu aumentar os preços da habitação durante o ano de 2020, ou seja, em plena pandemia. Se nesses países o aumento foi de 5%, no caso de Portugal o acréscimo foi de 9%. Como o FMI diz: “O aumento nos preços das casas em relação aos rendimentos tornam a habitação inacessível para muitos segmentos da população.” According to the European Union’s statics unit Eurostat, European Union countries netted 299.9Bn euros in environmental taxes throughout 2020, of which 5.4% came from tax revenues and national insurance contributions. In Portugal, these revenues reached 6.3%, a percentage higher than the EU average, particularly when compared to countries like Luxembourg (3.5%), Slovakia (4%), or Germany (4.1%). Nevertheless, the Portuguese scenario is not as bad when compared to other Member-States such as Slovenia (12.3%) or Lithuania (10.1%).
Grande Tema
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Cappan / Istockphoto
Lead Story
A reabilitação ou a construção nova do edificado já começa a estar focada em soluções mais sustentáveis e a actuar para obter certificações nacionais e internacionais. Whether rehabilitation or new build, the focus is starting to be more on sustainable solutions, with a rush to get national and international certification.”
Nevertheless, it continues to be an attractive and reliable destination, and is on investors’ shopping lists. Not even the change in the Golden Visa rules seem to have dampened down enthusiasm, which is attested to by the expectations placed both in traditional destinations such as the Douro and Madeira, and the Alentejan coast, particularly in the areas of Tróia, Comporta and Melides. Different studies reveal the real estate potential in Portugal for student and senior residences, data centre and scientific laboratory premises, and logistics warehousing. In cities, remote working reduces the effects of commuting, lowers pollution levels, and increases or changes the supply of office buildings and spaces. Nevertheless, while drafting this article - and this is backed up by the startstop of cars at rush hour on the IC19 and VCI motorways - I would say that we’ve gone back to levels of traffic very close to those seen before the pandemic. Moreover, the location, which was always at the top of the list when the time came to search for an office, now
takes on a new and fresh perspective that is closer to everything and everyone. Rehabilitation or new build is starting to focus on more sustainable solutions and is stepping up to the mark to get national and international certification. Investors have realised that their investment strategies must meet the criteria Environmental, Social e Governance (ESG). Moreover, a study from the consultancy CBRE revealed a “growing pressure on building owners, managers and tenants to reduce their carbon footprint.” Sustainable construction and property are increasingly becoming a reality. Another study produced by the consultancy Savills Portugal, reveals that Fintech - companies that combine financial services with technological innovation -is growing in Europe and Portugal, and is no exception. Its power is leveraged in electronic commerce and green finance. Fintech companies which are pondering eventually branching out in Portugal, have several and immediate advantages, namely IT talent, Portugal being one of the countries with the lowest office costs per square metre, and a lower cost of living than the European
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Em que ficamos? Where we are now
Lítio versus PRR Não podemos deixar de questionar que mundo novo é este que se avizinha quando pessoas como os criadores do Facebook ou Instagram falam de multiverso We should question what new world is approaching when people such as the creators of Facebook or Instagram speak of the multiverse.”
average. Technology meant that the world did not grind to a halt during the pandemic, fostering adaptations and changes in models, patterns and frameworks. From the peace of one’s own home potential house hunters could take a virtual visit of an apartment from an estate agency’s site. But we should question what new world is approaching when people such as the creators of Facebook or Instagram speak of the “multiverse” (metauniverse) in which the real-world merges with the virtual. Have you
ever imagined creating an avatar from a hologram working in your usual workplace or visiting the streets of London or Paris without leaving your home? For certain it is a world full of creative, and very probably, economic opportunities, but will there be social ones? As to us Portuguese, for now the questions are not so virtual: What’s coming? Will it be more of the same, or a break with the past, and the start of new partnerships and paradigms? The pressure is on, whether we want it or not.
Lithium versus RRP
A Galp e a Northvolt anunciaram a criação da Aurora que vai desenvolver a instalação de conversão de lítio. Na conferência de imprensa foi revelado que esta joint-venture vai promover a maior e mais sustentável fábrica de conversão de lítio da Europa, a partir de Portugal, com uma capacidade de produção anual de até 35.000 toneladas de hidróxido de lítio e com o início das operações comerciais em 2026. Mau grado, o CEO da Galp, Andy Brown, recordou que “vamos concorrer com fornecedores de baixo custo do outro lado do mundo (China)” e que para este projecto ser viável precisa do “apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”. E se este apoio falhar? Andy Brown diz que “reduz a viabilidade” do projecto. Galp and Northvolt have announced the creation of Aurora which will develop a lithium refining plant. At a press conference it was revealed that this joint-venture will promote the largest and most sustainable lithium processing plant in Europe from Portugal, with an annual production capacity of up to 35,000 tonnes of lithium hydroxide, with commercial operations slated for 2026. Notwithstanding, the CEO of Galp, Andy Brown, recalled “we will be competing with low-cost suppliers on the other side of the world (China)” and for this project to be viable, funds will have to come from the Portugal Recovery and Resilience Plan (RRP)”. And if this funding fails? Andy Brown says it would “reduce the viability” of the project.
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Portuguese Property History
Portuguese Property History
Álvaro Caneças
A riqueza da Amadora The richness of Amadora
Históricos do Imobiliário Portuguese Property History
Entrevista de Joaquim Pereira de Almeida Junho de 2011 By Joaquim Pereira de Almeida June 2011
Fotos Photos: Anabela Loureiro
Não nasceu humilde mas também não foi num berço de ouro. Os pais eram agricultores na região da Amadora mas ele já não plantou trigo. Plantou tijolos. Estamos a falar de Álvaro Carlos Pereira Caneças que veio ao mundo a 3 de Junho de 1933, justamente naquela terra. Nesse tempo havia a Federação de Trigo que tabelava os valores de venda: quando havia muito cereal dava um preço baixo, quando escasseava dava uma cotação alta. Logo o dinheiro não era muito. Daí que o pai de Álvaro Caneças se tenha começado a interessar mais por fazer loteamentos e urbanizações. As suas propriedades cobriam uma vasta área, da Damaia a Benfica, passando pela Amadora, Reboleira e Alfragide. As propriedades da família eram tantas que um seu tio-avô arrendou um terreno à Marconi por 99 anos. De repente, aparece-lhe o pessoal da companhia a querer comprar a terra, o que causou grande perplexidade na família. Já ninguém se lembrava do terreno situado no alto de Alfragide. Álvaro estudou até ao antigo sétimo ano liceal num colégio da Amadora. Como afirma, quando ia para entrar para a universidade optou por dedicar-se, por inteiro, aos negócios da fa-
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mília. Passou a ser responsável pelos processos que iam submetendo à Câmara de Oeiras que, à data, tutelava a freguesia da Amadora. Mas “sempre do lado de fora do balcão”. A juventude foi vivida muito intensamente, sendo que o último ano do liceu já foi feito à noite. Aos 17 anos ia para a autarquia de Oeiras. “Sempre me senti realizado, sempre gostei do que fiz”. O seu pai não tinha vocação nenhuma para tratar das questões burocráticas, pedindo-lhe que fosse em seu nome porque não tinha “paciência para os aturar”. A família delegou nele. Lidava com a Câmara, com os arquitectos e com as empresas a quem vendiam os loteamentos. Recorda-se de ter trabalhado muito com o arquitecto Soares Branco. Álvaro Caneças era muito jovem mas tinha uma visão nata para o negócio. Foi fundamental na tomada de decisão da família de se integrar no Plano de Urbanização da Freguesia da Amadora, feito pelo arquitecto João Aguiar. Abandonaram alguns dos direitos que tinham adquirido para se inserirem num macro-plano que “era mais correcto”. A actividade principal era o loteamento. Não construíam muito e quando o faziam era algo
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que ficava para eles, para rendimento. Só mais tarde fez alguns edifícios que vendeu. Álvaro Caneças reconhece que a sua principal actividade foi a de loteador e que a sua maior missão era aprovar os projectos que vendia. Chegou a financiar um grupo de construtores a quem vendiam os terrenos. Um dos herdeiros desse grupo de construtores foi o construtor/promotor José Guilherme. Em 1981 constituiu uma sociedade que comprou a Quinta da Bicuda, com 27 hectares, em Cascais, aos Ereiras. Desenvolveram e ficaram com o Aldeamento Turístico “Vila Bicuda” para exploração própria. Em Lisboa constrói finalmente um prédio na Gomes Freire e depois o “Sky Restelo” que chega a ganhar um “Óscar” do Imobiliário. Quer fazer um aparthotel na Tomás Ribeiro mas, como diz, está em “banho-maria”. A ideia é fazer um hotel de apartamentos para pessoas que querem fazer estadas mais prolongadas. E fazer melhor do que o pouco já existente na capital, neste capítulo. A Câmara aprovou mas a altura não é a melhor. Afirma estar à espera que o “sol desponte nesta terra porque a escuridão tem sido muito grande”. Caneças trabalhou grande parte da sua vida em sociedade com o seu pai que falece em 1989. Mas já antes disso, na Quinta da Bicuda tem novos sócios, Seabra Nascimento e An-
tónio Vicente, empreiteiros que lhe faziam as urbanizações. Álvaro considera que o seu êxito tem a ver com a sua capacidade de dialogar. Quando ainda era rapaz tinha uma grande facilidade de falar com o presidente da autarquia. Essas capacidades mantiveram-se mesmo depois do 25 de Abril, quando passou a conversar com o presidente da nova Câmara da Amadora, então, Orlando Gonçalves. “A burocracia ficou mais complicada, deixou de haver tantas facilidades de diálogo”. Hoje há uns donos da verdade e há os donos da realidade. Este homem trabalhou sempre com gosto. Considera que o período mais agradável para usufruir é quando se imagina. Sonha com o que vai desenvolver. Depois, o desenvolvimento em si é um pouco aborrecido. Bom comunicador a fazer negócios, Álvaro Caneças é parco em palavras quando fala de si. Reconhece, todavia, que o 25 de Abril causou uma paragem na sua vida profissional. “Desarrumaram completamente a economia deste País”. Isto numa altura em que Portugal estava a crescer, quando havia pleno emprego”. Às vezes as suas obras pareciam de terceira idade porque havia imensas pessoas idosas a trabalhar. O PREC vê-lo viajar até ao Brasil, nomeadamente para a região do Rio de Janeiro onde
Sempre me senti realizado, sempre gostei do que fiz. I always felt fulfilled and liked my job.”
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Álvaro considera que o seu êxito tem a ver com a sua capacidade de dialogar. Álvaro believes that his success lies with his capacity to negotiate.”
chega a desenvolver alguns bens sucedidos negócios imobiliários. Este é um homem que para além do trabalho gozou sempre bem a vida. Já deu duas voltas ao Mundo, uma pelo hemisfério Norte e outra pelo Sul. É indesmentível que gosta de viajar, embora reconheça que hoje viaja menos. Adora a música e o cinema. Chegava a esgotar os filmes que estreavam em Lisboa, apesar de actualmente raras vezes deixa o sofá caseiro para ver um bom filme. Nas viagens gosta de se integrar na vida das pessoas. Detesta andar nos corredores de turistas. Gosta de parar, de falar com as pessoas, de se sentar numa esplanada. Gosta muito de Nova Iorque e já gostou mais de Paris mas actualmente não tem dúvidas. Escolhe destinos sem lojas porque a esposa o “massacra” com compras. Aprecia Marbelha e o prestigiado Dom Pepe porque lhe permite descansar e ficar na piscina enquanto a sua mulher vai ver as últimas novidades das modas. (à data desta entrevista Jô Caneças ainda encontrava-se entre nós) Álvaro Caneças considera-se de uma geração muito apolitizada. Tinha tanto que fazer que não divagava pelas ideologias políticas. Mas não se esquece de uma viagem que fez, em 1966, à então União Soviética e que o chocou profundamente. Desde logo porque percebeu
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que lhes eram retirados os conhecimentos do mundo exterior e pelo tempo que teve de passar numa fila para comprar fruta. Narra, com piada, a história de uma Guia Turística Soviética que, em Paris, a caminho de Cuba, se espantou com a quantidade de “lojas bonitas que não tinham ninguém para comprar”. Voltando a Portugal, Caneças assegura que a vida tem de ser vivida com bom senso e não com fantasias. Uma delas foi os portugueses terem-se convencido de que eram ricos e terem gasto o que tinham e o que não tinham. Este homem que se reformou recentemente por iniciativa da secretária pessoal, que lhe recordou esse direito, não pára. Comprou uma Quinta na Charneca para desenvolver porque é o que “sabe fazer”. Gosta do que faz e de se sentir activo. Isto foi agravado pelas escolhas dos dois filhos, um formado em arquitectura nos Estados Unidos e outra em design, em Londres. A única “desvantagem” é que o filho lhe faz gastar mais dinheiro nos projectos porque está sempre cheio de ideias. A meter papéis à Câmara, desde os anos 40, Álvaro Caneças transformou-se numa respeitada personalidade do imobiliário. Pelas razões que ficaram patentes. Álvaro Caneças wasn’t born into poverty, but then neither was he born with a silver spoon in
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Este homem trabalhou sempre com gosto. Considera que o período mais agradável para usufruir é quando se imagina. Sonha com o que vai desenvolver. This man has always loved working, but thinks his best time is spent when imagining what he will develop.”
his mouth. His parents were farmers in the Amadora region but later, Álvaro was not planting wheat. He was laying bricks Álvaro Carlos Pereira Caneças was born on 3 June, 1933 in Amadora. At that time there was the Wheat Federation which posted the wholesale wheat prices: when there was a wheat surplus, the price was set low, when wheat was scarce, the price was listed higher. There wasn’t much money in it. So, Álvaro Caneças’ father began to concentrate more on plots of building land and urban development. His properties covered a vast area, from Damaia to Benfica, also taking in
Amadora, Reboleira and Alfragide. His family had so many properties that one of his great uncles leased a plot of land to Marconi for 99 years. All of a sudden, the company’s people wanted to buy the land which somewhat baffled the family. The land at Alfragide heights had been all but forgotten. Álvaro completed his secondary education at a college in Amadora. As he said, when it was time to go to university, he opted to work full time for the family business. He was in charge of all the planning permission processes that has to be submitted to Oeiras Council which, at that time, covered Amadora. But he always
did do “from the public counter side”. He lived his youth to the full and for his last year at college he attended night school. At 17 he want to work for Oeiras Council. “I always felt fulfilled and liked my job”. His father didn’t have a head for dealing with administrative issues, asking him to go in his name because he didn’t “have the patience to put up with them”. The family delegated the job to him. He dealt with the Council, the architects and the companies to which the plots of land were sold. He recalls working a lot with the architect Soares Branco. Álvaro Caneças was very young but had an innate gift for the business. He also had vision. He was vitally important in the family’s decision to be involved in the Amadora Parish Urbanisation Plan drawn up by architect João Aguiar. The family abdicated some of the rights that they hgad acquired to that the land could placed in the macro-plan which was “more sensible”. The main activity was the allotment. They didn’t build much and when they did it was something that was for them and rented out for income. It was only later that he did some buildings which were sold. Álvaro Caneças recognised that his main activity was that of appraiser and that his main mission was to get planning permission for the projects that were sold. He bankrolled a group of builders to whom he sold the plots of land. One of the heirs of this group of builders was the builder/developer José Guilherme.
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Este é um homem que para além do trabalho gozou sempre bem a vida. This is a man who outside of work always knew how to enjoy life.”
In 1981 he set up a company that bought Quinta da Bicuda covering 27 hectares in Cascasis from the Ereiras family. They developed, owned and managed the ‘Vila Bicuda’ Tourist Village. He went on to finally build a building in Gomes Freira in Lisbon and then the ‘Sky Restelo’ which won a ‘Portuguese Real Estate ‘Oscar’. He wants to build an aparthotel in Rua Tomás Ribeiro, but as he says, the project is “for now on ice”. The idea is to build an aparthotel for people who want to have longer stays in Lisbon. And to do it somewhat better than similar aparthotels in the capital. Lisbon City Council gave planning permission but it wasn’t the right time. He says that he is waiting for the sun to come out in Portugal because the country has been cloaked in darkness for too long (here he refers to the Great Recession of 20072015) For a large part of his life, Caneças worked with his father who died in 1989. But before this he had new partners at Quinta da Bicuda, Seabra Nascimento and António Vicente, developers who did urban developments. Álvaro believes that his success lies with his capacity to negotiate. When I was still a boy I found it easy to talk to the mayor of Oeiras. He retained this ability after 25 April (the Portuguese democratic revolution in 1974) when he began speaking to the mayor of the new Amadora Council who at the time was Orlando Gonçalves. “The red tape became more complicated, it wasn’t so easy to settle things over a conversation.” Today there are master of truth and masters of reality. This man always loved working. But he thinks his best time is spent when imagining what he will develop. . Then the actual development in itself is rather boring. A good communicator when doing business, Álvaro Caneças is spare with words when talking about himself. However he does recognise that 25 April brought his professional life to a standstill. “It completely wrecked the economy of this country”. This at a time when Portugal was growing, when there was full employment”. Sometimes his building sites looked like an old people’s colony because there were lots of elderly working for him. The period which marked the extreme leftwing governmental chaos between 1974-1976 known as the PREC (Ongoing Revolutionary Process) forced him to fly to Brazil, and the Rio de Janeiro region where he developed some successful real estate deals. This is a man who outside of work always knew
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how to enjoy life. He’s been round the world twice, once around the northern hemisphere and once around the south. That he loves to travel is undeniable, although these days he accepts that he travels less. He loves music and cinema. He used to see all of the films that opened in Lisbon, although now he rarely leaves the sofa at home to go to the cinema to see a good film. On his overseas travels he likes to blend in with the locals. Álvaro hates tagging along with tourists. He likes to stop, chat to people, to sit on an esplanade. He loves New York and used to love Paris even more, but now is in no doubt. It’s Paris. He chooses places without shops because otherwise his shopaholic wife drags him around them all. The developer likes Marbelha and the prestigious Dom Pepe because it allows him to rest and stay by the pool while his wife goes off on shopping sprees to see the latest fashions. (At the time of this interview Jô Caneças was still with us) Álvaro Caneças hailed from a generation that was very politicised. But he had so much to do that he didn’t have time for political ideologies. But he never forgot a trip that he did in 1966 to the then Soviet Union which shocked him profoundly. First of all because he realised that all knowledge of the outside world was off limits to its citizens, and because of the time he had to queue for fruit. He tells us an amusing story with a Soviet Tour Guide who in Paris, on route to Cuba, was amazed at the sheer number of “lovely shops without any queues whatsoever”. (he imagined that no one wanted to buy anything!) Returning to Portugal, Caneças is convinced that life has to be lived with common sense and not fantasies. One such fantasy was the idea that the Portuguese had to think they were rich and spend everything they had and everything they didn’t. This man who recently retired on his private secretary’s orders, who reminded him that he had the right to do so, never stops. Álvaro purchased an estate in Charneca to develop because “I know how to do that”. He likes doing that and being active. This was exacerbated by his two sons, one trained in architecture in the United States and the other in design in London. The only “disadvantage” is that his son gets him to spend even more money on projects because he is full of ideas. Submitting planning papers to the Council since the 1940s, Álvaro Caneças has become a respected character in the world of Portuguese real estate. For very obvious reasons.
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Kronos Homes
Exclusivos, premiados e excepcionais Exclusive, award-winning and exceptional
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Entrou em Portugal em 2018 e, desde então, está imparável. O Palmares Ocean Living & Golf é a “jóia da coroa” da promotora imobiliária espanhola Kronos Homes, mas o Distrikt e The One são outros bons exemplos da excelência dos seus projectos no nosso País. Mas há mais novidades… They entered the Portuguese market in 2018 and have been unstoppable ever since. Palmares Ocean Living & Golf is the “jewel in the crown” for Spanish real estate developer Kronos Homes, but Distrikt and The One are other good examples of the excellence of its projects in Portugal. But there’s more ...
Imagine. Um Signature Apartment ou Villa com vista panorâmica de 180 graus para a Baía de Lagos, a Ria de Alvor e a Meia-Praia, no Algarve, com pequenos apontamentos de barcos ou kite-surfers nas águas oceânicas e um imenso céu azul recortado por diferentes espécies de aves. Onde não falta um campo de golfe uníssono com a natureza. E os imóveis são acolhedores e sofisticados, com acabamentos modernos, design elegante, espaços práticos e terraços generosos. Já imaginou? Então saiba que esta é já a realidade para muitos compradores portugueses, americanos e britânicos, aos quais se juntam alemães, suíços, belgas, checos… Estamos a falar, claro, do projecto Palmares Ocean Living & Golf com o selo de garantia da Kronos Homes. Para se ter a noção do sucesso que está a ser este resort basta referir que a primeira fase dos 37 Signature Apartments, projectados
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pelo escritório de arquitectura espanhol RCR Arquitectes, tinha alcançado 100% das vendas no mês de Outubro de 2021, ou seja, antes do previsto e ainda em fase de construção. As primeiras unidades, com tipologias comum a três quartos, representaram um volume de vendas de cerca de 22 milhões de euros e deverão ser entregues na Primavera de 2022. No que respeita à segunda fase, a mesma, já em pré-venda, vai contar com 44 apartamentos e, mais uma vez, avizinha-se um êxito, pois como a promotora imobiliária avança: “A receptividade tem sido tal que há clientes da primeira fase que já investiram num segundo imóvel.”
Num bom rumo
A par dos Signature Apartments, o Palmares Ocean Living & Golf também tem em comercialização as Signature Villas, projectos chave-na-
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Proximidade e equilíbrio
-mão da RCR Arquitectes em que a primeira de oito villas já foi concluída (Villa 19), e lotes de terreno para construção de moradias à medida que “têm sido bastante procurados”. Com efeito, do total de 103 lotes, todos com áreas muito generosas e vistas de mar e golfe, mais de 50% estão já vendidos. Em 2020 foi inaugurado um imponente Clubhouse, galardoado na Categoria Turismo do Prémio Nacional do Imobiliário 2021, e no
ano passado abriu o restaurante de fine dining Al SUD, premiado com um estrela Michelin para 2022 e conduzido pelo Chef Louis Anjos, que está a ser um “sucesso”. No resort Palmares Ocean Living & Golf estão a ser desenvolvidas 460 unidades, das quais 103 moradias exclusivas e 357 apartamentos, o que leva a Kronos Homes a considerar que o desenvolvimento e consolidação do empreendimento encontra-se “num bom rumo”.
No resort de Palmares Ocean Living & Golf existe algo que merece ser destacado e que se prende, conforme a Kronos Homes salienta, com o facto de existir uma procura “por um novo tipo de luxo, mais associado à natureza e à baixa densidade de construção.” O planeamento, a construção e a génese do resort assentam no princípio primordial do equilíbrio ambiental. Por isso mesmo, do total dos cerca de 200 hectares, a densidade de construção não é mais do que 5,7%. A isto junta-se a proximidade com o mar, a preservação e valorização da envolvência natural e a cultura da região. Palmares Ocean Living & Golf é, pois, um local único para se viver ou passar férias, para uma estada curta ou mais demorada. Para experienciar e sentir um outro Algarve. Just imagine: A Signature Apartment or Villa with a 180º panoramic view over the Baía de Lagos, Ria de Alvor and Meia-Praia, in the Algarve, dotted with boats and kite-surfers on the ocean’s waters, and an immense blue sky where different bird species glide. A resort where a golf course, completely in tune with nature, is not lacking. One where the proper-
Kronos Homes em Portugal Kronos Homes in Portugal
Além de Palmares Ocean Living & Golf, a Kronos Homes tem outros empreendimentos e projectos em desenvolvimento ou em carteira. Saiba quais são.
Apart from Palmares Ocean Living & Golf, Kronos Homes has other developments and projects in development or in portfolio. These are.
Amendoeira Golf Resort O resort de turismo residencial de 270 hectares, localizado perto de Silves, no Algarve, possui moradias e apartamentos duplex, piscinas e jardins, a par do restaurante do Clubhouse, um bar lounge no Centro Desportivo, o Faldo Course, o campo O’Connor Jnr., um campo de futebol profissional, dois campos de futebol de cinco lados, seis campos de ténis de Savannah, um ginásio, uma pista de jogging e dois campos de paddle. “O resort tem registado resultados de vendas excepcionais, com a procura das famílias para residir ou para segunda casa”, refere a Kronos Homes.
Amendoeira Golf Resort This 270 hectare residential tourism resort close to Silves, in the Algarve, has detached houses and duplex apartments, swimming pools and gardens, not to mention a Clubhouse, a lounge bar in the Sports Centre, the Faldo Course, the O’Connor Jnr golf course., a professional football pitch, two five-aside football pitches, six Savannah tennis courts, a gym, a jogging track, and two padel courts. “The resort has seen exceptional results in sales, with demands from families as a first home or for a second home”, says Kronos Homes.
Distrikt Localizado no Parque das Nações, em Lisboa, o condomínio privado é composto por quatro edifícios residenciais de tipologias de T1 a T4 e espaço comercial, possuindo uma arquitectura distinta assinada por Morph Studio e Bak Gordon. Dispõe ainda de duas piscinas, uma zona de descanso e leitura, um circuito de running e um conjunto de equipamentos para exercício ao ar livre. Dos 81 apartamentos disponíveis já foram assinados os contratos de 50 e 80% das áreas comerciais já estão reservadas. Recentemente, a Kronos Homes lançou uma nova fase de vendas com mais 41 apartamentos e 25% já estão vendidos. The One Assinado pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura em colaboração técnica com o atelier Metrourbe, situa-se na Avenida João XXI, em Lisboa. O edifício possui 65 apartamentos, distribuídos por sete andares, de tipologias T1 a T3, e três andares de garagem com 75 lugares de estacionamento e arrecadações. Dos 65 apartamentos foram assinados os contratos dos primeiros 20 disponíveis que representam mais de 30% das receitas das vendas. Futuro No início de 2022, a Kronos Homes irá lançar um novo projecto residencial no Paço do Lumiar, em Lisboa. E, no curto prazo, a promotora pretende ainda apostar no mercado “built to rent”(construir para arrendar) em Portugal, trazendo para o País a marca Stayby Kronos que já opera em Espanha.
Distrikt At Parque das Naçoes in Lisbon, the private condominium comprises four residential buildings with one-four-bedroom apartments and a commercial area, all with a distinct architectural design by Morph Studio and Bak Gordon. It also boasts two swimming pools, relaxation and reading area, a running circuit, and a set of open-air exercise equipment. Of the 81 apartments available, 50 contracts have already been signed and 80% of the commercial areas have already been reserved. Recently, Kronos Homes launched a new sales phase with 41 more apartments of which 25% are already sold. The One Designed by architect Eduardo Souto de Moura in technical collaboration with the Metrourbe atelier on Avenida João XXI, in Lisbon. The building has 65 apartments, distributed over seven floors, one-three bedrooms, three floors of garage space with 75 parking spaces and storage. Of the 65 apartments, contracts were signed on the first 20 to become available, representing over 30% of the sales receipts. Future At the start of 2022, Kronos Homes will launch a new residential project in Paço do Lumiar, in Lisbon. And, in the short term, the developer also intends to invest in the ‘built-to-rent’ market in Portugal, bringing the brand Stay by Kronos which already operates in Spain.
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ties are cosy and sophisticated, with modern finishings, elegant design, practical spaces, and ample terraces. Can you imagine it now? Well, rest assured that is now the reality for many Portuguese, American and British buyers who join the Germans, Swiss, Belgians, Czechs... Of course, we’re referring to the Palmares Ocean Living & Golf project which has hallmark guarantee from Kronos Homes. To grasp some idea of the success that this resort is having, you only need to mention that the first phase of the 37 Signature Apartments designed by the Spanish architects’ studio RCR Arquitectes, achieved 100% sales in October 2021, which was earlier than had been expected, and when they were still under construction. The first units represent a total sales turnover of around 22 million euros and should be delivered in the Spring of 2022. As to the second phase which is also selling off plan, this features 44 apartments and, once again, success looks set. As the developer says: “The reaction has been such that there are first phase buyers who have already invested in a second property.”
On the right course
Along with the Signature Apartments, the Palmares Ocean Living & Golf also has its Signature Villas for sale; turnkey projects from RCR Arquitectes whereby the first of eight villas has now been completed (Villa 19), while “demand for building plots for customised detached houses has been con-
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siderable.” In effect, from the total of 103 plots, all with very ample areas, and with views of the sea and golf course, more than 50% have already been sold. An impressive Clubhouse opened in 2020 which won an award at the Portuguese Real Estate Awards 2021 in the Tourism Category. Last year the fine dining restaurant AL SUD which has recently been awarded a Michelin star, opened under the management of Chef Louis Anjos which is proving to be a great “success”. Four-hundred and sixty units are being developed at the Palmares Ocean Living & Golf, of which 103 are exclusive detached homes, and 357 are apartments, which leads Kronos Homes to believe that the development and consolidation of the development is “right on course”.
Close to the sea and in harmony with nature
At Palmares Ocean Living & Golf there is one aspect that deserves to be highlighted and is to do, as Kronos Homes stresses, with the fact that there is demand “for a new type of luxury, more associated with nature and low-density construction”. The planning, construction and genesis of the resort is based on the primordial principle of environmental balance. Which is why, from the total area of 200 hectares, the construction density is no more than 5.7%. To this add the resort’s proximity to the sea, the preservation of the natural surroundings and the culture of the region. Palmares Ocean Living & Golf after all is a unique place to live or spend holidays, either for a short stay or a longer, more leisurely spell. All ingredients to experience and feel another Algarve.
The most awarded workspace in Portugal.
Offices | Cowork | Meeting Rooms Edifício Atrium Saldanha, 2º andar - Lisboa
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Areas-Leiloeira
Leiloeiras promovem excelentes negócios no imobiliário Auctions provide excellent real estate business opportunities
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Com o aumento da crise e da pandemia de Covid-19, os leilões online massificaram-se. Neste cenário em mudança, há uma nova leiloeira no mercado que promete liderar: a Areas-Leiloeira. As the economic and Covid-19 health pandemic crisis took hold in Portugal, on-line auctions have become very much in vogue. In this changing landscape, there’s a new auction house in the market that promises to be a market leader: Areas-Leiloeira.
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Pexels / Brandon
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A venda de imóveis já não passa apenas pelos promotores ou mediadores, existe outro interveniente - as leiloeiras - que estão a conseguir excelentes negócios. Por isso, a Magazine Imobiliário foi conhecer António Gonçalves Pereira, o homem que está por detrás e representa a Areas-Leiloeira. Advogado de formação, está ligado ao sector imobiliário, como começou por nos dizer, ”já lá vão três décadas” e sempre “a prestar aconselhamento jurídico a investidores imobiliários”. Faz parte do movimento associativo na ASMIP - Associação dos Mediadores do Imobiliário em Portugal, sendo, como diz, “um dos sócios fundadores da ANP -Sociedade Mediação Imobiliária, Lda. com o AMI-558, iniciada em 5/9/1994, cuja designação foi alterada no final de 2020 para Areas ANP - Real Estate & Leiloeira Lda. para poder albergar a nova área de negócio.”. “Qual o objectivo da empresa com esta nova etapa?”, perguntamos. A resposta é peremptória: “Anseiam, a curto prazo, que a Areas-Leiloeira passe a ser reconhecida como uma das mais importantes empresas do sector de leilões em Portugal”. António Gonçalves Pereira esclarece que “a equipa de colaboradores da Areas-Leiloeira é formada por profissionais experientes, com um vasto know-how e conhecimento, ao longo de quase três décadas, na comercialização de imóveis.” Avança também que não vão “leiloar apenas imóveis, mas também veículos ligeiros e pesados, equipamentos e maquinaria industrial ou tecnológica, e ainda quinhões hereditários,
bens indivisos, quotas, acções, entre outros” e aos quais ele dará o seu “apoio jurídico uma vez que se tratam de negócios de alguma complexidade, pois a maioria do bens imóveis ou móveis tem origem em insolvências ou penhoras”. De acordo com este especialista, “a Areas - ANP Real Estate, possuí excelentes relações institucionais com entidades financeiras, organismos públicos, empresas privadas e particulares, bem como entidades prestadoras de serviços jurídicos e legais e que com esta nova abrangência de leiloeira, apenas vai complementar e servir mais e melhor os seus clientes.” Relativamente a este mercado, sublinha que “existem pouco mais de três leiloeiras que dominam os leilões de bens à venda na modalidade de leilão online e cuja maioria de processos são oriundos de insolvências e PER - Plano Especial de Recuperação, quer sejam pessoas singulares ou colectivas, que atravessem dificuldades económicas”, e que, na sua opinião “podem aumentar por causa do fim do prazo das Moratórias concedidas durante a calamidade que todos afecta, com Covid-19.” António Gonçalves Pereira remata dizendo que o mercado tem “agora mais uma leiloeira” e que, por isso, recomenda “aos investidores para estarem atentos e a licitarem os seus bens em leilão através da www.areas-leiloeira.com” onde, assegura, “irão obter excelentes negócios agora e nos próximos anos.” A Areas-Leiloeira acabou de ser lançada no mercado de leilões nacional e tem como mote: “Conseguir o melhor preço e fechar a venda de bens no menor espaço de tempo.”
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starting to trade on 5/9/1994.The name was changed at the end of 2020 to Areas ANP - Real Estate & Leiloeira Lda., to reflect its new area of business.” We asked him, “What’s the purpose of the company’s new stage?.” The answer was not long in coming: “In the short term we want AreasLeiloeira to become recognised as one of the most important companies in the auctions sector in Portugal.” António Gonçalves Pereira makes clear that the “staff team at Areas-Leiloeira is made up of experienced professionals, with a vast know-how and knowledge, formed over three decades selling properties.” He also says that it will not be “auctioning just properties,” but also light and heavy vehicles, Pexels / Ekaterina Bolovtsova
Selling properties is not just the realm of developers and estate agencies, there are another players - the auction houses - and they are doing a brisk business. Which is why Magazine Imobiliário interviewed António Gonçalves Pereira, the man who is behind and represents Areas-Leiloeira. A lawyer by training, he has links to the real estate sector.As he starts to tell us, “For 30 years now I’ve been offering legal advice to real estate investors”. António is part of the associative movement ASMIP - The Association of Estate Agents in Portugal (Associação dos Mediadores do Imobiliário em Portugal), and being, as he says, “one of the founding members of the company ANP - Sociedade Mediação Imobiliária, Lda., with AMI-558,
equipment and industrial and technological machinery, as well as inherited assets, indivisible commodities, shares, stakes, among other things” and for which he will offer his legal advice since these deal with business matters of some complexity. Indeed, most of the fixed asset property and moveable assets have come to them because of liquidations and bailiff seizures. According to this specialist, “Areas - ANP Real Estate, has excellent institutional relations with financial entities, public bodies, private and personally-owned companies, as well as judicial and legal services, and through this new auction valance, the company will complement and serve more clients and better.” Regarding this market, he points out that there are “only around three auction houses that dominate the auction of goods for sale through on-line auctions, and where the majority of cases come from bankruptcies and Special Recovery Plans (SRPs), be they individuals or companies which are going through financial and economic difficulties”, and which, in his opinion “could see cases increase as the grace periods on loans repayments - set up during the Covid-19 calamity which affected everyone - end”. António Gonçalves Pereira rounds off the interview by saying that the market now has “another auction house” which is why he recommends that “investors watch this space and bid on the goods at their auction house at www.areasleiloeira.com“ where, he assures “excellent deals can be picked up now and in the years to come”. Areas-Leiloeira has just launched on the Portuguese auctions market with its slogan: “Get a better deal quickly at a better price.”
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Cintura oriental do Porto pujante
Porto’s western belt thriving Infocasa / SUPERCASA
O mercado de apartamentos no distrito do Porto continua globalmente dinâmico, apesar de algumas correcções evidentes. O preço médio por metro quadrado (m2) dos apartamentos à venda no distrito do Porto atingiu os 2.529 euros em Novembro, um aumento de cerca de 9% face a igual período em 2020, de acordo com um relatório produzido pela Janela Digital com base nos dados do Infocasa. Verificou-se também que, nos últimos três meses, cerca de 11% dos apartamentos à venda viram o seu preço de oferta revisto em alta, a mesma percentagem verificada no sentido da descida, sinais que, ao contrário dos verificados no distrito da capital, indicam a continuação de algum dinamismo no mercado. Ao analisarmos o comportamento concelho a concelho, notamos uma variedade de comportamentos, quase tão grande como a própria heterogeneidade da região. Nos concelhos mais rurais e interiores do distrito, tais como Baião, Amarante e Felgueiras, os preços por m2 nos apartamentos apresentaram variações anuais negativas de respectivamente, 6%, 31% e 2%, ainda que seja de referir que a amostra desta tipologia no pequeno concelho de Baião é pouco significativa pois trata-se de um concelho onde as tipologias dominantes no mercado são os terrenos e algumas moradias. Esta tendência é reforçada se atentarmos na evolução recente dos preços de cotação que, apesar de alguma estabilização
recente - quase 90% não mostraram alteração -, foram mais vincados na descida (7-9%) do que na subida (3-5%). Foi também visível alguma homogeneidade nos concelhos de cintura oriental tais como Gondomar, Maia, Trofa e Valongo os quais, transaccionando no intervalo de 1300 a 1800 euros por metro quadrado (€/m2), apresentaram um forte dinamismo em todos os indicadores, com destaque para aumentos anuais entre os 10% e os 14%, percentagens altas de imóveis com revisão recente em alta dos seus preços (Maia e Valongo) e tempos de exposição todos inferiores a 130 dias, bastante abaixo da média de 152 dias verificada no distrito. Trata-se de um fenómeno que já tinha sido observado nos concelhos limítrofes que constituem a cintura Norte-Noroeste de Lisboa, composta por Amadora, Loures, Sintra e Odivelas e que mostraram muito mais dinamismo que Lisboa quer na amplitude da subida de preços quer nos tempos de exposição muito mais curtos. Os concelhos do litoral como Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Vila Nova de Gaia, à semelhança do que verificámos em Lisboa, estão a transaccionar a algum desconto face aos concelhos premium, perto dos 2.000 €/m2 com variações anuais médias acima dos 11% apesar de já se notarem tempos de exposição maiores (164, 167 e 154 dias, respectivamente), claramente indiciando uma maior ponderação de decisão por parte dos consumidores, situação confirmada por uma percentagem de 80% dos
imóveis em exposição sem qualquer alteração nos valores de cotação nos últimos 90 dias. The apartments market in the Porto district continues to be buoyant across the map, despite some evident corrections. The average price for apartments for sale per square metre (m2) in the Porto district reached 2,529 euros in November, an increase of around 9% on the same period in 2020, according to a report by produced by Janela Digital based on data from Infocasa. Over the last three months it was also seen that around 11% of apartments for sale saw their sale price revised upwards, the same percentage seen in the downwards direction, signs that contrary to those seen in the capital district show some buoyancy in the market. On studying market behaviour district to district, we have noted a range of behaviour, almost as wide as the actual disparity in the region. In the more rural districts and within those districts, such as Baião, Amarante and Felgueiras, prices per m2 for apartments saw negative annual variations of 6%, 31% and 2% respectively, Indeed, this is a district in which the dominant typologies in the market, even though the sample of this typology in the small district of Baião is not that significant since this is a district where the dominant typologies in the market are tracts of land and some detached houses. This trend is reinforced if we look at the recent evolution in asking prices which,
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despite some recent stability - showed almost no change in 90% of cases - and were more pronounced when falling (-7.9%) than when rising (3.5%). Some homogeneity was also visible in the western district belt, like Gondomar, Maia, Trofa and Valongo which were transacting within the 1300 to 1800 bracket per square metre (€/m2), revealing strong enthusiasm across all indicators, with an emphasis on the annual increases between 10% and 14%, high percentages on properties with a recent upwards review in prices (Maia and Valongo) with properties selling after under 130 days, fairly below the average of 152 days seen in the district. This is a phenomenon that has already been witnessed in the outskirts districts that make up the North-Northwest Lisbon belt,
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comprising Amadora, Loures, Sintra and Odivelas and which show much more movement than Lisbon, both in the amount prices have risen and in terms of the periods spent on the market which are much shorter. In coastal district boroughs such as Vila do Conde, Póvoa de Varzim and Vila Nova de Gaia, in similar pattern to Lisbon, properties are transacting at some discount compared to premium districts, at close to 2,000 €/m2 with average annual variations above 11% despite spending longer on the market (164, 167 and 154 days, respectively) clearly indicating clearly showing that property buying consumers are taking their time, a situation confirmed by a percentage of 80% in properties on the market and without any change in the asking prices over the last 90 days.
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Grupo Engexpor Engexpor Group
Na vanguarda da construção In the forefront of construction
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Bruno Matos, managing director da DCS - Digital Construction Services, empresa que pertence ao grupo Engexpor, confirma: “A actividade desta nova unidade de negócio está a crescer.” Saiba como. Bruno Matos, Managing Director of DCS Digital Construction Services, which belongs to the Engexpor Group, confirms: “This new business unit is doing well.” Know how.
Entrevista Interview: Carla Celestino
A DCS - Digital Construction Services foi lançada em Abril de 2021. Como está a decorrer a actividade desta nova unidade de negócio? Apesar do conceito de digitalização da construção, em particular o tema BIM (Building Information Modeling), existir há mais de 50 anos, tendo evoluído de um carácter mais tecnológico para um maior foco na informação, verifica-se ainda uma elevada fragmentação e falta de maturidade na cadeia de valor. Constatámos que grande parte das empresas que prestam estes serviços não detêm o necessário conhecimento e experiência na indústria, sobretudo nas fases em que isso é determinante: obra e operação. A DCS surge assim como uma oportunidade dentro do grupo Engexpor, que há mais de 35 anos se dedica à gestão de projectos e obras, capitalizando as suas sinergias para promover o desenvolvimento e a integração da cadeia de valor - imobiliário, arquitectura, engenharia, construção e operação - com recurso a serviços digitais, aplicáveis ao nível do activo construído e da própria organização. Para tal, entendemos que é nossa missão entregar aos nossos clientes serviços de excelência em inovação e desenvolvimento, incrementando a sua proposta de valor através de estratégias diferenciadoras, eficientes, eficazes e sustentáveis, usando métodos e técnicas suportados em novas tecnologias de informação. Desde o seu lançamento, a actividade des-
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ta nova unidade de negócio está a crescer, abrangendo de forma integrada o ciclo de vida de vários projectos e sob várias dimensões - desenvolvimento, planeamento, orçamentação, segurança, operação e manutenção - principalmente em representação do dono de obra. Qual tem sido a receptividade por parte dos players do mercado em relação à DCS? A receptividade do mercado tem estado em linha com a crescente necessidade e qualidade de serviços exigidos para a implementação BIM ao nível dos projectos e das organizações. Os donos de obra com investimentos que exigem um maior foco na fase de operação, como hospitais, hotéis e escritórios de grande dimensão, têm sido os mais pro-activos, pois reconhecem que os ganhos mais relevantes no ciclo de vida dos edifícios podem ser conseguidos exactamente no período de manutenção e renovação. Uma questão frequentemente colocada, principalmente pelas PMEs e donos de obra, é o retorno do investimento, ao nível do projecto e da organização. Enquanto os custos de investimento são facilmente mensuráveis, com base em recursos humanos e tecnológicos, já os proveitos resultantes de custos de oportunidade e que consistem em ganhos de eficiência são apenas estimáveis a partir de experiências equiparáveis. Como tal, por falta de disponibilidade ou compreensão, a implementação fica por vezes comprometida, total ou parcialmente.
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Instalações técnicas de um corredor - BIM coordination by DCS Technical installations of a corridor - BIM coordination by DCS
Em que projectos encontram-se envolvidos neste momento? A DCS encontra-se envolvida em vários projectos, como o Hotel Meliã Lisboa e o Multiusos Oriente, em que a gestão e coordenação BIM tem sido uma das áreas mais fortes e de maior responsabilidade. Adicionalmente, temos prestado serviços de levantamento, conversão e modelação, destacando ainda os nossos serviços de consultoria e formação para profissionais e empresas. Qual a estratégia traçada para a DCS em 2022? Em 2022 os planos da DCS passarão pelo reforço das equipas e dos serviços oferecidos, contribuindo para aumentar a maturidade digital nas suas várias dimensões, ao nível dos projectos e da indústria. É nosso objectivo garantir a satisfação dos actuais clientes, conquistando novos e desafiantes projectos, bem como captar o interesse de outras empresas para os nossos serviços. Queremos ainda aumentar a produti-
vidade e o trabalho colaborativo, ao abrigo da estratégia de transformação digital do grupo Engexpor, onde a DCS se enquadra. A área de maior foco será o BIM, pois o crescente investimento em projectos complexos e de larga escala tem obrigado a uma maior exigência de requisitos a cumprir, para os quais a inovação constitui uma vantagem competitiva. O sucesso da transição digital na indústria dependerá intimamente da iniciativa dos donos de obra, quer públicos quer privados, pois são quem decide os modelos de contratação, as entidades a contratar e as especificações contratuais a adoptar. DCS - Digital Construction Services launched in April 2021. What is demand for this new business unit like now? Although the concept of digitalisation in construction, in particular BIM ((Building Information Modelling), has been in existence for 50 years and has developed in terms of technology, with a greater focus on informa-
Desde o seu lançamento, a actividade desta nova unidade de negócio está a crescer, abrangendo de forma integrada o ciclo de vida de vários projectos e sob várias dimensões. Since its launch, the number of activities covered by this new business unit has been growing, covering the life cycle of various projects of assorted sizes and in an integrated way.”
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Arquitectura e interiores de um corredor - BIM coordination by DCS Architecture and interiors of a corridor - BIM coordination by DCG
Queremos aumentar a produtividade e o trabalho colaborativo, ao abrigo da estratégia de transformação digital. We want to increase productivity and collaborative work as part of the Engexpor Group’s digital transformation strategy.”
tion, there is still a high level of fragmentation and a lack of maturity in the value chain. However, most companies in the industry that provide these services do not have the necessary knowledge and experience, particularly in the phases where this is all important: construction work and operations. DCG has therefore provided an opportunity within the Engexpor Group, a group which for over 35 years has focused on building works and project management, capitalising on its synergies to foster development and integrate the various links in the value chain - real estate, architecture, engineering, construction and operation - using digital services which are applied during the actual construction phase and at an organisational level. To that end, we understand that it is our mission to deliver excellent services to our clients in innovation and development, enhancing value proposal through strategies that are differentiating, efficient, effective, and sustainable; using methods and tech-
niques that are supported by thelatest information technology. Since its launch, the range of services provided by this new business unit has been growing, covering the life cycle of various projects of diverse sizes in an integrated way - development, planning, budgeting, safety, operation, and maintenance - particularly with regards to the owner of the works. How has DCS been received by market players? Market uptake has been in line with the growing need of quality services required to implement BIM at a projects and organisations level. Construction project owners with investments that require a greater focus on the operational phase, as is the case with hospitals, hotels, and large offices, have been more proactive, and recognise the more relevant gains in the life cycle of buildings that can be made, to be more precise, during the maintenance and renovation period. A question that is frequently asked, mainly
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by SMEs and owners of the building works, concerns the return on investment, at both project and organisation levels. While investment costs are easily measurable, based on human and technological resources, savings resulting from opportunity costs, and which can result from gains in efficiency are just estimates based on comparable experiences. As such, because of lack of availability or understanding, implementation is sometimes either partially, or totally compromised. What projects is DCS involved with at present? DCS isworking on several projects, such as the Hotel Meliã Lisboa and Multiusos Oriente, whereby the management and coordination of BIM has been one of the stronger areas,requiring greater responsibility. In addition, we have provided services for surveying, conversion, and modelling, emphasising too our consultancy and training services for professionals and companies.
What strategy has been outlined for DCS in 2022? In 2022, DCS’s plans range from bolstering the teams and services offered, contributing towards enhancing digital technology at various levels and valances,both project and industry. It is our aim to satisfy our current clients, secure new and challenging projects, as well as attracting the interest of other companies to our services. We also want to increase productivity and collaborative work on the back of the Engexpor Group’s digital transformation strategy which also involves DCS. The focus area is on BIM, and the growing investment in large scale complex projects demands greater rigor in meeting requirements, and it is here that innovation provides a competitive advantage. The success of digital transition in the industry will really depend on the initiative of the owners of the works, both public and private, because it is they who decide the contract models, the entities to hire, and the contractual specifications to adopt.
A receptividade do mercado tem estado em linha com a crescente necessidade e qualidade de serviços exigidos para a implementação BIM ao nível dos projectos e das organizações. Market uptake has mirrored the growing demandfor the quality service required to implement BIM at both project and organisation levels.”
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Impostos ambientais Environmental taxes
O peso na balança The weight on the scales
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A filosofia é simples: Quem prejudica o ambiente é punido. Mas isso não impede países, empresas e populações de prevaricar, ou não estaríamos numa corrida contra o tempo em matéria de alterações climáticas. Os impostos ambientais têm um efeito persuasor mas são precisos mais incentivos para alterar mentalidades. The philosophy is simple: If you harm the environment, you get punished. But this doesn’t stop countries, companies and populations from stalling, or we wouldn’t be in a race against the clock on climate change. Environmental taxes persuade companies that it is better to be green, but more incentives are required to change mentalities.
Texto Text: Carla Celestino
A fiscalidade ambiental tem de deixar de ser encarada como mais um peso na economia das empresas para ser encarada como um meio para atingir uma economia descarbonizada. Há neles algo de psicológico. Por um lado, desencorajam a agir contra a saúde e o ambiente global, por outro, como o ditado diz “água mole em pedra dura tanto dá até que fura” e os conceitos lá vão ficando registados no cérebro. São também utilizados como factor de incentivo em prol da aposta em fontes de energia mais limpas e alternativas, na eficiência energética, na inovação e na sustentabilidade. Não se pode deixar de referir ainda que são uma fonte de receita para os governos, através das quais pode-se apoiar e dar vida a diferentes projectos de preservação, manutenção e conservação do ambiente. Para já, e segundo os dados mais recentes do gabinete de estatística europeu Eurostat, os países da União Europeia arrecadaram 299,9 mil milhões de euros em impostos relacionados com o ambiente, ao longo de 2020, dos quais 5,4% foram provenientes de receitas com impostos e contribuições sociais. Em Portugal essas receitas atingiram os 6,3%, um valor superior à média europeia, sobretudo quando comparado com países como o Luxemburgo (3,5%), a Eslováquia (4%) ou a Alemanha (4,1%). Ainda assim, o cenário português não é tão gravoso quando comparado com outros Estados-membros como a Eslovénia (12,3%) ou a Letónia (10,1%). Recorde-se que o FMI sugeriu a criação do imposto sobre as emissões de CO2 de 68 euros por tonelada em 2030. Será suficiente para desencorajar os transgressores ambientais?
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Environmental taxation must no longer be seen as a mill stone around companies’ necks in order to be seen as a way of achieving a carbon-free economy. There’s an element of psychology here. On the one hand, they dissuade going against global health and the environment, on the other, as the saying goes, ‘Water dropping day by day wears the hardest rock away” and the concepts will eventually sink into the heads of company’ managers. They are also used as an sweetener to encourage investment in alternative and cleaner sources of energy, energy efficiency, innovation and sustainability. One should also mention that they are a source of revenues for governments which can then support and bring to life different projects aimed at preserving, maintaining and conserving the environment. For now, and sccording to the European Union’s statics unit Eurostat, European Union countries netted 299.9Bn euros in environmental taxes throughout 2020, of which 5.4% came from tax revenues and national insurance contributions. In Portugal these revenues reached 6.3%, a percentage higher than the EU average, particularly when compared to countries like Luxembourg (3.5%), Slovakia (4%), or Germany (4.1%). Nevertheless, the Portuguese scenario is not as serious when compared to other Member-States such as Slovenia (12.3%) or Lithuania (10.1%). It should be remembered that the IMF suggested the creation of a tax on CO2 emissions of 68 euros per tonne in 2030. Will that be enough to dissuade environmental polluters?
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Habitat Verde Green Habitat
O futuro da construção tem de privilegiar a sustentabilidade
Construction in the future must prioritise sustainability
Carmen Lima Centro de informação de Resíduos da Quercus Quercus Waste Information Centre
O desenho inicial de um arquitecto define o destino do edifício. É necessário compreender este processo como um ciclo e não como um processo linear. O edifício é pensado, projectado, construído, utilizado, reabilitado e, anos mais tarde, desconstruído. As matérias-primas escolhidas e ali colocadas tornar-se-ão, inevitavelmente, resíduos. Se este processo for pensado a longo prazo, equilibrando as questões económicas com as características dos materiais, equacionando as necessidades energéticas e de conforto, considerando o seu fim de vida, bem como o destino final quando estes materiais se transformarem em resíduo, teremos com certeza edifícios mais eficientes do ponto de vista de sustentabilidade. Para além dos efeitos económicos e sociais, a construção tem impactes ambientais, quer associados à ocupação e uso do solo, quer associados aos consumos de recursos naturais, de energia e água, como à produção de resíduos e efluentes líquidos. De acordo com a Agenda 21 para a Construção Sustentável, durante a fase de construção são consumidos cerca de 50% dos recursos naturais, produzidos mais de 50% dos resíduos, consumida mais de 40% de energia (nos países industrializados, sendo em Portugal cerca de 20% da energia total do país) e produzidas cerca de 30% das emissões de CO2. Neste sentido, é fundamental dar preferência por matérias-primas reutilizadas, recicladas e passíveis de reciclar, em detrimento de materiais não renováveis e cujo destino final apenas possa ser a deposição em aterro. Nas diversas fases do ciclo de vida do edifício é impossível não considerar como base a susten-
tabilidade, nem assumir este aspecto como um constrangimento, mas sim como uma oportunidade de ajustar o sector da construção à era que enfrentamos, onde as questões ambientais são cada vez mais urgentes e transversais, e onde as políticas ambientais apontam para que todos os sectores se ajustem às necessidades de combate às alterações climáticas, à transição energética e redução das emissões de gases com efeito de estufa. A circularidade faz cada vez mais sentido quando percebemos que tudo é mais equilibrado se funcionar em ciclo, e é aqui que as operações de desconstrução selectiva, em detrimento da demolição, fazem mais sentido nos dias de hoje, dado que permitem a recuperação e reutilização de resíduos para que seja reintroduzido em novos processos produtivos. Se queremos que o sector da construção caminhe num sentido mais sustentável, é sem dúvida necessário (entre outras questões) a reutilização de materiais na obra. Isto pode ser feito através da colocação de materiais que podem/ devem ser reutilizados ou através da utilização de materiais que já são reciclados e apropriados para utilização. Existem lacunas na gestão dos Resíduos provenientes de actividades de Construção e Demolição (RCD) que num somatório tornam a situação preocupante, não pela falta de legislação, mas o facto da mesma não ser cumprida, ou não se fazer cumprir, o que pouco contribui para a observância das metas de reciclagem estabelecidas de 70% até 2020. A gestão dos RCD passa pela adopção de uma estratégia transversal, que articule os princí-
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pios da Hierarquia de Gestão dos Resíduos com as necessidades do sector da construção e da conservação da natureza, privilegiando o uso de recursos não renováveis. O ser humano passa em média, 80 a 90% do seu tempo diário dentro de edifícios, sendo o sector da construção aquele que tem maior impacte na economia, correspondendo a cerca de 9,7% do PIB da União Europeia. É nesse sentido que a Quercus tem reforçado a importância de quantificar a produção e o encaminhamento dos resíduos, alertando para a necessidade de controlar a obrigatoriedade de utilizar pelo menos 15% de materiais reciclados, relativamente à quantidade total de matérias-primas usadas, em empreitadas públicas, considerando que este valor deverá atingir num horizonte breve, os 25%, tentando aproximar Portugal dos países vizinhos. Analisar cada uma das empreitadas, ajustar os requisitos ambientais às limitações financeiras, não esquecendo as necessidades de conforto são procedimentos que apenas poderão ser eficientes se o fizermos no âmbito da sustentabilidade. A União Europeia pretende atingir a neutralidade carbónica em 2050 e para isso vai investir três mil milhões de euros em investimentos sustentáveis. O sector do imobiliário tem aqui uma grande oportunidade de se renovar e inovar nesse sentido. A construção é um dos sectores mais importantes nesta transição, segundo o novo roteiro para uma economia sustentável, o European Green Deal. A renovação dos edifícios de forma eficiente no uso dos recursos (energia, materiais, água, etc.), aproximando-os cada vez mais dos NZEB1, um conceito fundamental, constitui já vantagens competitivas para o sector. Chegou a hora de sermos verdadeiramente ambiciosos, ter em conta todo o ciclo de vida e as cadeias de valor, os aspectos sociais e de protecção da saúde como a acessibilidade, a inclusão, o conforto térmico e qualidade do ar interior. NZEB são edifícios com necessidades quase nulas de energia. Neste conceito inscreve-se o objectivo de minimizar o consumo energético e garantir que a pequena parte de consumo restante seja suprimida pela produção de energias renováveis local ou nas proximidades do edifício. The initial architect’s design defines the buildings destiny. This process must be seen as a cycle and not as a linear process. The building
is conceived, designed, built, used, refurbished and, years later, torn down. The raw materials chosen and incorporated in the structure inevitably become waste. If this process is throughout out for the long term, balancing economic questions with the characteristics of the materials, factoring in energy and comfort needs, taking into consideration the buildings end of life, as well as the destination of these materials that become waste, we will certainly have more efficient buildings from a sustainability point of view. Apart from economic and social effects, construction has environmental impacts both associated to occupation and use of site and consumption of natural resources, energy and water, and waste and liquid effluent. According to Agenda 21 for Sustainable Construction, around 50% of natural resources are consumed, 50% of the waste is produced, 40% of the energy is produced (in industrial countries that is, while in Portugal it is around 20% of the country’s total energy), and around 20% of CO2 emissions in the construction phase. Therefore it is vital to give preference to recycled, reused and reusable raw materials, instead of non-renewable materials that can only end up in landfill. In the various phases of the building’s life cycle, it is impossible to consider, let alone fail to accept this aspect as a constraint taking into consideration sustainability. It should be seen as an opportunity of adjusting the construction sector to the era that we are faced with, where environmental issues are increasingly more urgent and cut across the board, and where environmental policies call for all sectors to adjust to the need to fight climate change, effect energy transition and reduce greenhouse emissions. A circular economy increasingly makes more sense when we realise that everything is more balanced if it works in function of a cycle, and it is here that selective deconstruction operations rather than wholesale demolition make more sense today, given that it enables the refurbishment and reuse of waste materials to that they can be reintroduced in the new productive processes. If we want the construction sector to go in a sustainable direction, then without a doubt the reuse of materials in the project (among other questions) is necessary. This could be done by using materials that can/should be reused or using materials that have already been recycled and are ready for use. There are gaps and shortcomings in the man-
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agement of Residuals from Construction and Demolition (RCD) which, in a nutshell, make the situation worrying, not because of a lack of legislation, but the fact that it is not complied with, which contributes little to meeting the 70% recycling targets set for 2020 (and which have not been met). RCD management involves the adoption of an across-the-board strategy that meets the principles of Residual Management Hierarchy while balancing the needs of the construction sector with nature conservation, prioritising the use of non-renewable materials. People spend on average 80-90% of their time each day in buildings, with the construction sector corresponding to around 9.7% of the European Union’s GDP. It is in this sense that Quercus has stressed the importance of quantifying the production, redirecting and allocation of residuals, raising awareness for the need to control the mandatory use of at least 15% of recycled materials relative to the total quantity of raw materials used in public works, being of the opinion that this amount should increase to 25% in the short to medium terms, bringing Portugal in line with neighbouring countries. Analysing each of these building projects, adjusting environmental requirements to financial limitations, not forgetting the needs for comfort, are all procedures that can only be efficient if we do it sustainably. The European Union intends to achieve carbon neutrality in 2050 and to do so it will invest 3 billion euros in sustainable investments. The real estate sector has here a great opportunity for renewal and to innovate. Construction is one of the most important sectors in this transition according to the EU’s new roadmap towards a sustainable economy, the European Green Deal. The renovation of buildings in the most efficient way in the use of resources (energy, materials, water, etc.), bringing them more in line with NZEB1, a fundamental concept, would bring competitive advantages to the sector. The time to be truly ambitious has arrived, considering the entire life cycle and value chains, social aspects, health protection, accsessibility, inclusion, thermal comfort, and interior air quality. 1NZEB are buildings with virtual zero energy needs. The goal of this concept is to minimise energy consumption and ensure that the small part of the remaining energy consumption will be offset by the production of local renewable energy or energy produced near the building.
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Crise Crisis
Ensino em tempos de pandemia Teaching in pandemic times
Changbok Ko / unsplash
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Entre 2020 e 2021 os efeitos da pandemia derivada de Covid-19 fizeram correr muita tinta nos jornais e dividiram a opinião dos especialistas. Foi um mundo novo que se abriu. Uma caixa de Pandora que veio alterar hábitos e repensar a nossa forma de estar, de viver, de agir e de sentir o mundo. Até na simples forma de olhar. A arte de arquitectar e projectar não ficou alheia a esta realidade. O que aconteceu durante o confinamento e depois na reabertura das universidades veio provocar uma crise no ensino da Arquitectura. A instabilidade ainda está no horizonte pelo que é cedo para perceber como vai ser o ensino no pós-pandemia. Mas já é possível tirar algumas elações.
Universidades Zoom
A pandemia trouxe, pois, uma nova forma de ensinar e de aprender, a questão é que tudo foi feito à velocidade de dias, não houve tempo para preparação, nem tão pouco para reflexão ou debate. Da noite para o dia as universidades fecharam e novas e velhas gerações tiveram de se adaptar. Perdeu-se o contacto entre professor e aluno, e entre alunos. Fazer uma maqueta via zoom não deve ter sido algo nada fácil… Perdeu-se também o conceito de ver in loco. Deixou-se de poder ir aos locais e ver e sentir a arquitectura, fosse um edifício modernista, fosse um museu. Como foi para docentes e alunos ter acesso ao ensino à distância? Esta foi, talvez, a questão mais debatida. Interrogando como é possível ensinar e apren-
der disciplinas técnicas que necessitam de contacto físico, de actividades colaborativas e em equipa, de partilha de ideias e ideais, da observação, olhos nos olhos, da análise das linguagens corporais que mostram se estão no caminho certo ou se revelam antes trilhos disruptivos. Quem se queixava de que os alunos passavam demasiado tempo em frente aos computadores mal sabia o que estava para vir. Foram as novas tecnologias precisamente que permitiram às universidades não parar. Mas a que preço? Parece ser corrente comum mundial a existência de sofrimento, físico e psicológico, quer de docentes, quer de alunos. Estão todos “burnout”. Foram muitas horas a assistir a aulas e palestras, a inserir projectos e trabalhos em plataformas… Por outro lado, existiu também alguma “batota”, quantas vezes os ecrãs estavam ligados em aulas virtuais mas na realidade os alunos estavam a fazer outras tarefas, a jogar vídeo games, a ver netflix ou até mesmo em outras áreas da casa… Foi também exposto o perigo da exclusão digital, das aulas insensíveis ao pedagógico e ao prático, ou da universidade sem autoridade. Todos estes efeitos negativos levaram a duvidar do ensino à distância. Mas será que foi tudo mau nas designadas “universidades zooms”?
Recordes de audiência
Contra todas as expectativas houve aulas de carácter de equipa em que cerca de 20 a 30 alunos conseguiram acompanhar em directo Lucas Law / unsplash
O ABC da Arquitectura mudou. Fechar docentes e alunos, universidades e politécnicos, teve, inevitavelmente, repercussões. Nem tudo foi bom, nem tudo foi mau mas tudo mudou. The ABC of Architecture has changed Closing universities and polytechnics and sending lecturers and students home inevitably had repercussions. Not all was bad or good, but everything has changed.
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Texto Text: Carla Celestino
50 Atelier Nirmal Rajendharkumar / unsplash
Atelier
os trabalhos de projectos, quando, em tempos de aula física esse acompanhamento limitava-se a, talvez, três ou quatro alunos. Aliás, houve até espaço e tempo para desenhar e debater projectos. As próprias aulas tiveram recordes de audiência. Imagine (pura ficção mas que espelha a realidade): São 10h00 da manhã e o sinal abre online para a cadeira de Cultura da Arquitectura e da Cidade à qual devem assistir apenas os alunos de Mestrado Integrado em Arquitectura mas que acabam por assistir também alunos curiosos do 2º e 3º ano. Ou aquelas aulas que, geralmente, e por motivos diversos, acabam por ter baixas taxas de assiduidade a nível presencial mas que no online funcionaram e acabaram por ter igualmente elevadas taxas de participação. Já para não falar das palestras de arquitectos e outros especialistas convidados que estiveram ao rubro. Este foi o lado positivo do ensino limitado às quatro linhas de um ecrã.
Ensino é um ser vivo
No regresso gradual, docentes e alunos voltaram aos espaços de ensino ao “vivo” mas agora com regras e restrições de distanciamento,
afastamento, higienização e protecção. O “normal” está longe de voltar a ser “normal”. Os alicerces da Arquitectura e os modelos de ensino são, desde que há memória, constantemente abalados, ora pelas sociedades em mutação, ora por novas correntes, e até mesmo por pandemias. Num futuro próximo, a resposta à actual crise no ensino na Arquitectura poderá passar, quiçá, por um sistema misto de presencial e virtual. Será seguramente diferente do que existia antes da pandemia. O ensino é algo maleável que está sempre a evoluir. Como Noam Chomsky, considerado o “pai da linguística moderna”, disse um dia: “Se você ensinar hoje o mesmo que ensinava há cinco anos, ou a sua matéria está morta ou está você.” Between 2020 and 2021 the effects of the Covid-19 pandemic were reported widely in the newspapers and divided opinion among specialists. A new world opened up. A Pandora’s box which changed habits and made us rethink our way of being, living, behaving and feeling in the world. Even the simple way we look at things. The art
of architecture and project design did not escape this reality. What happened during the lock-down and after higher educational institutions reopened caused a crisis in teaching Architecture? There is still instability on the horizon, and it is therefore too early to tell what teaching will be like postpandemic. But one can draw some conclusions.
Zoom Universities
The pandemic brought us a new way of teaching and learning. The issue is that everything was set up at lightning speed and there was no time to prep, let alone have a discussion or take stock. Overnight, universities closed and both new and old generations had to adapt. Contact was lost between professor and student, and between students. Producing a blueprints and models via zoom can hardly have been easy. You couldn’t go to places and see and feel the architecture, whether a modernist building or a museum. Just what was it like for lecturers and students to have access to distance learning? This was, perhaps, the most debated question.
Atelier
Asking how you can teach and learn technical disciplines that require physical contact, group and team activities, the sharing of ideas and observations, eye to eye and face to face, analysing signs from body language that reveal if you are on the right path or going up blind alleys to dead ends. Little did those who complained that students were spending too much time in front of computers know what was coming. It was precisely new technology which enable universities to keep going. But at what cost? Physical and psychological suffering for both lecturers and students seem to be the current common world trend. Everyone is suffering from burnout. There were many hours spent in virtual lectures and workshops, loading projects and work onto platforms... On the other hand, there has also been some truanting. How many times were screen linked to virtual lectures when the students were, in fact, doing other things, playing video games, watching Netflix, or even in other parts of the house...there was also the threat of digital exclusion, of classes blind to teaching methods and practice, or even rudderless universities. All these negative effects led people to doubt distance learning. But what everything about the so-called ‘Zoom universities’ that bad?
Record audiences
O que aconteceu durante o confinamento e depois na reabertura das universidades veio provocar uma crise no ensino da Arquitectura. What happened during the lock-down and after higher educational institutions reopened caused a crisis in teaching Architecture.”
Against all the odds, there were successful classes with a strong team spirit in which 20 or 30 students managed to follow project work in real time when in the past in physical lessons perhaps only three or four students got involved. Moreover, there was even space and time to create and discuss projects.
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The students themselves took notes or recorded the on-line lectures, workshops and debates. It seems like pure fiction but mirrors reality! It is 10am and the on-line room opens to a lecture from the course The Culture of Architecture and the City at which only Masters in Integrated Architecture students need join, but is also followed by curious 2nd and 3rd year pre-graduate students. Or those classes which, and for various reasons, have a low take-up in terms of turnout, yet online end up by enjoying equally high attendance rates. And this is without even mentioning architect workshops and events with other exalted and enthusiastic invited specialists. This was the positive side of teaching limited to four lines on a screen.
Teaching is a living being
In a gradual return, lecturers and students are trickling back to actual ‘live’ rather than virtual lecture halls and classrooms but now with social distancing restrictions and health and hygiene and protection rules. The return to ‘normality’ is far from returning to ‘normal’. The foundations of Architecture and models of teaching have always been constantly torn down since time immemorial, by changing societies and trends, and even by pandemics. In the near future, the response to the current crisis in the teaching of Architecture the future could, who knows, be a mixed in-person and virtual system. It will certainly be different from what it had been before the pandemic. Teaching is malleable and always evolving. As Noam Chomsky, the father of modern linguistics, once said: “If you are teaching today the same thing you were teaching five years ago, then either your material is dead, or you are”. Linkedin Sales Solutions / unsplash
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Atelier
Ventos do Norte 52 Fio-de-Prumo
Plumb Line
North Winds
Investimento Investment
Construir habitação é o novo desafio do Porto Building housing Porto’s new challenge
Ventos do Norte
North Winds
Os últimos anos foram de crescimento na construção e no imobiliário na cidade do Porto. Uma revolução que aconteceu no centro da cidade, visível no Centro Histórico, na Avenida dos Aliados, mas que aos poucos chegou às freguesias de Bonfim, Campanhã, Paranhos, mas também à Boavista e a Ramalde. Recent years saw a growth in construction and property investment in Porto A revolution that occurred in the city centre, visible in the historic centre, on Avenida dos Aliados, but gradually also spread to the neighbourhoods of Bomfim, Campanhã, Paranhos, but also to Boavista and Ramalde.
Texto Text: Elisabete Soares
São diversas as razões que estão na origem do aumento da construção. No centro da cidade, a reabilitação foi impulsionada pelo turismo; no Bonfim e Campanhã devido à procura turística, mas também ao crescimento dos serviços; em Paranhos, ao aumento dos empreendimentos para residências por causa do crescimento exponencial de alunos estrangeiros; na Boavista, devido à oferta de qualidade de escritórios; em Ramalde pelo aumento dos serviços, mas, sobretudo, devido ao crescimento da promoção residencial de gama média e média alta. Os anos de 2020 e 2021, apesar dos efeitos da pandemia de Covid-19, foram assim de crescimento da construção, mas também de consolidação do que estava em desenvolvimento. Por isso, no Porto, em 2022, a expectativa é que continue a aumentar a construção e a promoção imobiliária, mas agora concentrada sobretudo num dos segmentos onde a escassez é preocupante, como é o caso da habitação. Pedro Baganha, vereador do Urbanismo, Espaço Público e Habitação, da Câmara Municipal do Porto, destaca o “impacto da habitação na cidade, a reboque da agenda da descarbonização”, mas também dos apoios para o efeito previstos no PRR - Plano de Recuperação e Resiliência e no Portugal 2030, referindo-se à “contratualização, pelo município, de um conjunto de investimentos de 56 milhões de euros, ao abrigo do programa 1º Direito”. Contudo, o responsável mostra-se preocupado com a concretização dos programas de
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financiamento destinados à habitação. “Até à data temos estado sozinhos” na promoção de habitação, destacando que os financiamentos têm sido feitos recorrendo apenas ao Orçamento Municipal.
Novo PDM estimula a construção
Nuno Baganha alerta para o facto de o actual PDM - Plano Director Municipal do Porto, que entrou em vigor no dia 9 de Julho de 2021, ter identificado “um conjunto de projectos mobilizadores de captação do investimento privado, prevendo novas zonas de expansão e construção, mas sempre numa perspectiva de crescimento económico sustentável”. Assim, o documento estimula a promoção de habitação para uma gama média de clientes, em algumas zonas da cidade do Porto, onde ainda existem grandes áreas, permitindo índices de construção que atingem o 1,8. Basta referir o caso da freguesia de Ramalde, as zonas do Viso e Requesende, para onde estão previstos alguns dos grandes empreendimentos residenciais de gama média de clientes. O responsável do urbanismo destaca também a importância do investimento público na ampliação do Metro do Porto. Nesta altura já se encontra em construção a Linha Rosa, que liga a Boavista à Baixa da cidade e corresponde a um quarto da futura linha Circular do Porto. Esta linha vai revolucionar a mobilidade das zonas da Galiza e do Hospital de Santo António, servindo pólos de saúde como o
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Centro Materno Infantil – CMIN e o Hospital de Santo António, mas, também, o Palácio de Cristal, a Rua Miguel Bombarda e as faculdades do Campo Alegre.
Habitação é o tema do dia
Ilse Stokking / unsplash
O tema da habitação está definitivamente na ordem do dia e na agenda de decisores políticos, autarcas, projectistas, empresários e demais agentes do sector da construção e imobiliário, considera Álvaro Santos, fundador e CEO da Agenda Urbana – Estudos e Consultadoria. “Actualmente, vivemos uma situação de grande escassez de habitação, quer para venda, quer para o arrendamento, o que faz com que os preços que se praticam no mercado sejam inacessíveis para a maioria das fa-
mílias da classe média”, alerta o profissional que tem um vasto percurso ligado ao imobiliário e sobretudo à reabilitação urbana. Na sua opinião, as políticas públicas têm procurado responder aos principais constrangimentos que se sentem no sector da habitação. Mas a verdade, frisa Álvaro Santos, “é que se perspectiva que nem os milhões do PRR e do Portugal 2030 vão conseguir resolver os actuais problemas de escassez de oferta habitacional, e a preços acessíveis, se não foram desencadeadas profundas reformas no sector que contribuam para reduzir a imprevisibilidade legislativa e seja criado um quadro fiscal estável e amigo do investimento, ou ainda, agilizem procedimentos legais através da simplificação de processos e eliminação de muita burocracia”.
Também para Francisco Rocha Antunes, consultor e chair da ULI Portugal, os principais desafios do mercado imobiliário do Porto são a “capacidade de continuar a desenvolver projectos apesar da incerteza que a quinta vaga europeia trouxe de novo e a incerteza que a presença da inflação trás aos planos de investimento”. Já como principais obstáculos alerta para as dificuldades existentes na construção civil e a enorme pressão que o PRR vai causar sobre esse mercado. There are reasons that have precipitated a boom in construction in Porto. In the city centre, rehabilitation was driven by tourism; in Bonfim and Campanhã it was due to tourist demand, but also by a growth in services; in Paranhos, it was caused by an exponential growth in overseas tourists; in Boavista, the quality of the office supply; in Ramalde due to the increase in services, but above all due to an increase in middle and upper-middle class residential development. 2020 and 2021, despite the effects of the Covid-19 pandemic were years of growth in construction, but also consolidation in terms of what was already in development. Which is why in Porto the expectation is that there will continue to be an increase in construction and real estate development, but now concentrated in one of the segments where there is a worrying lack of product, as is the case with housing. Pedro Baganha, council officer for Urban Planning, Public Spaces, and Housing highlights the “impact of housing in the city, on the back of the decarbonisation agenda”, but also the financial grants foreseen in Portugal’s Recovery and Resilience Plan (RRP) and Portugal 2030, referring to the “contracting by the municipal council of a raft of investments worth 56 million euros on the back of the 1º Direito programme”. However, Baganha is concerned about the materialisation of financing programmes earmarked for housing. He says “to date we have been on own” in housing development, pointing out that financing has been done solely from the Municipal Budget.
Now Porto Development Plan boosts construction
Nuno Baganha points out that that the current PMDP (Porto Master Development Plan) which came into force on 9 July 2021, identified a “number of projects capable of attract-
Amit Lahav / unsplash
O actual PDM tem identificado um conjunto de projectos mobilizadores de captação do investimento privado, prevendo novas zonas de expansão e construção. The current PDP has identified a raft of private investment projects, foreseeing new areas of expansion and construction.”
ing private investment, foreseeing new areas of expansion and construction, but always from a perspective of sustainable economic growth”. As such the plan stimulates the development of housing for the middle classes in parts of Porto where there are still large tracts of land available, permitting construction indices of 1.8. One only needs to refer to the Ramalde neighbourhood, the parishes of Viso and Requesende, where large middle class residential developments are planned. The man who heads the Department of Urban Planning at the Council also highlights the importance of public investment in the Porto Metro extensions. At the time, the construction of the Rose Line (Linha Rosa) was already underway, and which links Boavista to downtown Porto, corresponding to a quarter of the future Porto Circle Line. This line will revolutionise mobility in the Galiza and Santo António Hospital areas, serving health hubs such as the mother and baby unit Centro Materno Infantil – CMIN and the Santo António Hospital, but also the Palácio de Cristal (Crystal Palace), and the Campo Alegre university faculties.
Housing - the topic of the day
The theme of housing is the topic of the day and on the agenda of political movers and shakers, councillors, architects and urban planners, entrepreneurs, and other players in the construction and real estate sectors, says
Álvaro Santos, founder and CEO of consultancy Urban Agenda - Estudos e Consultadoria. “We currently live in a situation in which there is a great lack of housing, both to sell and to rent, which means that the market prices are unaffordable for the majority of middle-class families”, says Santos who has had a lot of experience in real estate, particularly urban rehabilitation. Public policies have, he says, sought to meet current constraints that are felt in the housing sector. But Álvaro Santos says that the truth is “neither the Portugal RRP nor Portugal 2030 will solve the current dearth of housing stock at affordable prices if profound reforms in the sector are not rolled out which will help reduce legislative unpredictability or if an investorfriendly tax regime is not created, or indeed if legal procedures are not streamlined and sped up by simplifying planning processes and cutting red tape”. Francisco Rocha Antunes, consultant and chair of ULI Portugal, the main challenges of the Porto real estate market are to “continue to have the capacity to develop projects despite the uncertainty that the fifth European wave is again bringing and the concerns that the impact of inflation will have on investment plans”. On the main obstacles, he warns of the existing difficulties in civil construction and the enormous pressure that the RRP will place on the market.
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Tourism
Tourism
Rota da lã The Wool Route
Fios de tempo The threads of time
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Seguimos o fio da meada pelos caminhos nortenhos e fomos descobrir de que fibra são feitos os homens e mulheres das zonas altas da Serra da Estrela. Desenrolamos os novelos produzidos nas fábricas de têxteis ancestrais e damos vida e cor a estes espaços que são verdadeiros pólos de memórias. We followed the trails that weave through Portugal’s hilly northern landscape like threads and discover that fibres are spun by the people who live in the highlands of the Serra da Estrela. We unravelled the balls of wool produced in the ancestral textile mills which lend colour and life to these buildings, and which are an authentic weave of memories worthwhile discovering. Texto Text: Carla Celestino
Madrugamos e o dia apresenta-se muito frio na Serra da Estrela, daqueles que faz sair o ar branco das nossas bocas. Daqueles em que não apetece sair do quentinho da cama, em que somos embalados pelas mantas de burel. Mas é precisamente o toque suave e acolhedor destes tecidos que nos dá o pontapé para sair para a rua. Tudo à volta é rocha e verde. Até perder de vista. No meio avista-se uma manta de retalhos agrícolas e rebanhos de ovelhas agrupadas por dois cães serras da estrela e dois jovens pastores. A sua juventude, sob o olhar atento de um terceiro pastor de idade bem avançada e cujas linhas do rosto já viram muitos rebanhos e mudanças de tempos, atestam que esta arte vai continuar, pelo menos, por mais uma geração. Os animais, de cor branca, bege e castanha, têm um ar quentinho e fofo, pois ainda não chegámos à Primavera, altura em que são tosquiadas. Cruzam a estrada de um lado ao outro fazendo o trânsito parar. É a natureza a ditar que ali é preciso contemplar, ir mais de vagar. Em pouco tempo encontramo-nos à porta de uma das fábricas de têxteis que soube resistir ao passar dos tempos e das vontades. A nós juntam-se outros curiosos. É entre a lã, as fibras naturais, que se inicia a nossa viagem. Na visita guiada ficamos a conhecer a história desta matéria-prima cuja produção inicia-se no penteado e no cardado, nomes que nos remetem para algo quase hipnotizante mas que dá muito trabalho.
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Na fiação as máquinas gigantes revelam a produção de fios finos como um cabelo, infinitos, outros mais grossos, mas todos a dar forma e volume a grandes canelas que as mulheres vão apoiando com um olhar profundamente focado na sua arte e quase alheio aos visitantes. Segue-se a fase da tecelagem que nos remete para a alegoria de uma enorme teia de fios tecida por uma azafamada aranha artesã. É no tingimento que os olhares se perdem e redescobrem. O fio vai ganhando cor, tonalidades, diferentes pigmentações. A especialista explica-nos que primeiro vem a produção de rama, depois segue-se o penteado, o fio, a malha (tecido) ou o produto que vai ser tingido. O processo repete-se até o tingimento do produto ser dado como concluído. A estamparia é outra das fases que visivelmente atraem os visitantes. Aqui faz-se a produção de tecido ou malha estampado. Passamos à sala dos acabamentos químicos dos tecidos e das malhas e à sala dos acabamentos mecânicos para determinados produtos com características mais singulares. A última fase, a da confecção, revela-nos onde culmina todo este processo, todo este trabalho: os produtos de Burel.
Entrelaçar de produtos e memórias
Desde tempos medievais que o tecido Burel, todo feito à base de lã de ovelha, era utilizado pelos pastores e pelas pessoas que viviam nas montanhas. As suas capas eram o melhor refúgio dos Invernos rigorosos, dado a sua re-
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Fora da caixa Out of the box
Portugal tem “conceitos gastronómicos com personalidade” Portugal’s cuisine concepts with attitude”
sistência e impermeabilidade. Mas nas fábricas desta região do País há mais do que capas: há malas, pastas e mochilas, casacos, blazers e ponchos, mantas, cobertores, luvas, écharpes e cachecóis, gorros e boinas…, o problema é mesmo escolher, divide corações. Refira-se que, desde 2007, que se encontra em desenvolvimento o projecto transfronteiriço, coordenado pelo Museu de Lanifícios da Beira Interior (localizado no espaço da antiga Real Fábrica Veiga), para estudar e interpretar as rotas laneiras da região da Beira Interior e que contempla, do lado português, os distritos de Castelo Branco e Guarda, e do lado espanhol, parte da Extremadura, onde está inserida a Comarca de Tajo-Salor-Almonte. No site da Região de Turismo Centro ou no Museu de Lanifícios, da Covilhã, o visitante pode obter todas as informações sobre a Tanslana, sobre as tradições e saberes ancestrais da Rota da Lã. De regresso a Lisboa levamos na bagagem mais conhecimento sobre a história do nosso País, o estômago bem forrado pelas refeições que tão bem as gentes beirãs sabem preparar e algumas lembranças que nos vão aquecer e fazer sonhar à lareira ou no sofá. Lançamos, assim, o repto: Atreva-se a deixar o ar glaciar da Serra da Estrela arrefecer o seu corpo e siga o fio de um produto local que aquece não só o físico como o espírito. It’s dawn, and the early morning is cold in Serra da Estrela, the kind of cold that turns
your breath into white steam. It’s a morning in which you don’t want to get out of your warm bed in which we are snuggled up in woollen blankets. But it is exactly the soft and cosy feel of these fabrics that inspire us to kick back the bedclothes and venture outside. As far as the eye can see the surrounding landscape is one of harsh grey rock and a mantle of green. The valleys between are a patchwork of fields dotted with sheep that are being rounded up by young shepherds with the help of the local Serra da Estrela sheepdog breed. The two youngsters are under the watchful eye of a third shepherd whose wrinkled face betrays his age, and whose eyes have no doubt seen many flocks and changes over time, but show that this art will continue, at least to the next generation. The white, beige, and brown Bordaleira sheep look warm and fluffy since winter is still upon us, and Spring’s sheep shearing season is still some months off. They cross the road from one side to the other and the traffic must stop. Nature sets the pace here and calls for a more contemplative and slower approach to life. In no time at all we’re at the door of one of the textile mills that has managed to resist the passage and demands of time. Other curious travellers join us. And we begin our adventure to discover wool and natural fibres. On our guided visit we learn the history of this raw material whose production begins with combing and carding, terms that conjure up arduous work, but
As palavras são do director mundial do Guia Michelin, Gwendal Poullennec, que afirmou que “em Portugal e Espanha, apesar da complexa situação de 2021, surgiram muitos jovens talentos” e “uma tendência básica impõe-se em muitos estabelecimentos: a de valorizar ao máximo os produtos locais e as tradições.” Na edição Ibérica para 2022, o nosso País manteve os sete restaurantes de duas estrelas que constavam da lista de 2021 e aos 37 restaurantes na categoria Bib Gourmands (relação qualidade/preço até 35 euros) junta agora mais dois. Cinco restaurantes receberam a sua primeira estrela Michelin, assim como foram atribuídas as duas primeiras estrelas verdes no âmbito do compromisso com uma restauração sustentada e integrada. So says the world director of the Michelin Guide, Gwendal Poullennec, who said that “many young talents” had appeared in Portugal and Spain despite the complex situation in 2021, and “a basic trend was set in many establishments: to value local products and traditions as much as possible”. At the Iberian edition for 2022, Portugal retained its six two-star restaurants that were on the 2021 list and the 37 restaurants in the Bib Gourmands category (quality/price ratio to 35 euros) and has now gained two more. Five restaurants won their first Michelin star, while the first two green stars were awarded on the back of a commitment to sustainable and integrated catering.
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Em pouco tempo encontramo-nos à porta de uma das fábricas de têxteis que soube resistir ao passar dos tempos e das vontades. In no time at all we’re at the door of one of the textile mills that has managed to resist the passage and demands of time.”
is somehow hypnotising to watch. After being carded the wool becomes a wick, which is then twisted and turned into wire. This goes through the warmer and becomes a thin web. Then it goes to the loom and becomes ‘xerga’ after being spun in the massive machines which reveal the production of infinite threads as fine as a hair, others thicker, but all giving shape and bulk to the large carts which the women lean against with eyes fixed on their art, completely unaware of the presence of us visitors. This weaving or yarn-making phase takes us back to the childhood joy of seeing a huge web of threads woven by a busy spider. The dyeing phase brings us back from our faraway gazes. The thread takes on colour and tones from the different pigments. The specialist tells us that first comes the treatment of the raw fibres, they are washed, combed and then the thread and resulting knit (the fabric) is prepared for dyeing. The process is repeated until the dyeing process is considered complete.
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Textile printing is another phase that visibly attracts the visitors. Here fabric production and printed wool is done. We then pass on to the room where they chemically treat the fabrics and wools in baths for specific products with more singular characteristics. The last phase reveals the culmination of the entire process and work: Burel products. Burel is a very resistant and versatile fabric that can be made into shepherd capes to modern woollen garments in a range of textures and colours.
Entwining products and memories
Since medieval times Burel fabric, all made from sheep wool, was used by shepherds and the folk who lived in the mountains. Their capes were the best refuge to keep out the cold from the bitter winters because they are hard-wearing and waterproof. But there are more than just capes from the array of fabric products produced in this region: there are jumpers, document and laptop wallets, backpacks, coats, blazers, and
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ponchos, cloaks, throws and bed covers, gloves, scarves, caps, and bonnets. The problem is that there is so much to choose from, and you love them all. Here a cross-border development project should be mentioned which was started in 2007. It is coordinated by the Inner Beira Woollen Products Museum (the museum is in the former Real Fabrica Veiga). The aims of the project are to study and explain the Inner Beira Region wool routes. On the Portuguese
side of the border these include the districts of Castelo Branco and Guarda; on the Spanish side of the border, Extremadura where the project is part of the District of Tajo-Salor-Almonte. On the website of the regional tourism office (Região de Turismo Centro) and that of the museum (Museu de Lanifícios) in Covilhã, the visitor can get information on Tanslana (Wool Route), and the traditions and ancestral knowledge of the Wool Route handed down
through the generations. Returning to Lisbon we have brought in our bags more knowledge about our country’s history, our bellies satisfied by the meals that the Beirãs locals know how to prepare so well, and souvenirs that will keep us warm while dozing by the fireplace or on the sofa. So, we throw down a challenge: Be bold and let the glacial Serra da Estrela air chill you and follow the thread of a local product that will not only warm your body, but spirit too.
Lá fora Abroad
Reino Unido United Kingdom
2022: As boas previsões e as más
2022: Good and bad forecasts
Roberto Varandas COS Capital Managing Director – Head of Europe
Sempre que se prepara uma nova edição, a nossa fantástica editora avisa-me do tema, trocamos umas ideias e depois larga-me à minha inspiração seja no exacto tema da edição, seja de um tema diferente mas relevante aos mercados internacionais do imobiliário. Lamento informar os leitores de que chegamos ao fim de mais um ano, pelo que se impõe a habitual previsão para 2022. Mas irei poupar-vos de enunciar todas as previsões que acertei há 12 meses, até porque normalmente faço os meus vaticínios de forma suficientemente ambígua a sempre acertar em alguma coisa. Devo dizer que o tema desta edição é dos mais difíceis que tenho tentado abordar, precisamente pela situação em que nos encontramos. Continuamos com políticas monetárias historicamente facilitadas, com taxas de juro próximos de zero que têm o efeito de distorcer a razoabilidade dos retornos exigidos aos demais investimentos. A resposta dos governos ao Covid, continua, por um lado, a pôr pressão sobre a exploração dos imóveis de retalho, por outro, a levar à cada vez maior procura por espaço no sector da logística. E são precisamente as decisões dos governos que são mais difíceis de prever. Podemos, no entanto, assegurar-nos de alguns factores que vão condicionar até as medidas mais extremas: Inflação e taxas de juro – a inflação começa a sentir-se por todo o mundo. Os custos da energia, as cadeias logísticas quebradas e o aumento do custo da mão-de-obra são apenas alguns dos factores a obrigar os bancos centrais a começar, embora timidamente, a aumentar as taxas de juro de referência. O aumento das taxas de juro trará uma desva-
lorização dos activos e um aumento do custo de financiamento dos mesmos. Os governos, muitos sem qualquer folga orçamental, não poderão continuar a suportar a economia assim como os programas sociais, se o custo de financiamento continuar subir. Já se nota uma grande relutância em continuar ou recomeçar medidas como o layoff ou a atribuição de subsídios aos sectores afectados. Retalho, restauração e lazer – muitos operadores, em particular os mais pequenos, não vão conseguir suportar o continuar de confinamentos e outras limitações à sua actividade. Não bastasse a hesitação natural do público em se expor a ambientes com muitas pessoas, restringir ainda mais o tráfego com passaportes sanitários, limites ao número de pessoas ou do horário de funcionamento, sem nenhuma prova de que qualquer destas medidas tenha um impacto positivo, é o golpe de morte para muitos destes empregadores. Menos emprego e menos actividade económica trará ainda mais pressão às contas dos países. Trabalho híbrido – ao contrário de algumas previsões que tenha feito em edições anteriores, parece que o trabalho, ora a partir de casa, ora executado no escritório, veio para ficar. Para algumas pessoas, tornou-se menos importante viver perto do trabalho e muitos já se desabituaram do corre-corre das horas de ponta. Quem detém edifícios de escritórios terá que se adaptar a esta nova realidade e pensar que os inquilinos quererão alguma flexibilidade. O tema conforme equacionado – 2022 ano de Pressão ou Descompressão – faz sentido.
Lá Fora Abroad
A minha análise amplamente científica é de que dá a sensação que estamos perante um qualquer ponto de viragem. Não sabemos se estamos a enfrentar um ciclo de inflação, deflação ou “estagflação”. Ora temos a certeza de que tudo estará de volta ao normal daqui a x meses, ora lamentamos o facto de que a Covid estará connosco para sempre. Um dia declaramos que estamos numa bolha especulativa, no dia seguinte executamos investimentos de milhões. E o nível de transacções de fim de ano confirmo-o. É verdadeiramente estonteante. Deixo-vos com uma conclusão igualmente científica – vamos ver. Independente do comportamento dos mercado, desejo a todos os leitores um excelente 2022. Whenever a new edition is being prepared, our fantastic editor lets me know the topic, we exchange some ideas and she then leaves me to my own inspiration, on the exact topic or on something different, but always relevant to the international real estate markets. I regret to inform readers that we have reached the end of another year, so the usual forecast for 2022 is in order. I will spare you from enumerating all the forecasts I got right 12 months ago as I usually make my predictions sufficiently ambiguous to always get something right. I must say that the theme of this edition is one of the most difficult that I have tried to address, precisely because of the situation in which we find ourselves. We continue with historically easy monetary policies, with interest rates close to zero, the reasonableness of the returns required from investments in general is amply distorted. The governments’ response to covid continues, to put pressure on retail properties and, at the same time, an ever-increasing demand for space in the logistics sector. And it is precisely the decisions of governments that are most difficult to predict. We can, however, be assured of some factors that will condition even the most extreme measures: Inflation and interest rates – inflation is starting to pinch. Energy costs, broken logistics chains and rising labour costs are just some of the factors forcing central banks to start, albeit timidly, to raise key interest
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rates. Higher interest rates means lower asset values and an increase in the cost of financing costs. If the cost of debt continues to climb, governments without any slack in their budgets will be unable to continue supporting the economy and specific social programs. There is already a noticeable reluctance to continue or restart measures like furloughs or the attribution of subsidies to the affected sectors. Retail, F&B and Leisure – many operators, particularly the smaller ones, cannot bear any more lockdowns and other restrictions to their trade. If the public’s natural hesitancy to expose themselves to crowds were not enough, further restricting traffic with vaccine passports, patron limits and opening hours, without any proof that any of these measures has any impact, will be the death blow for many of these employers. Less employment and less economic activity will put even more pressure on countries’ accounts. Hybrid work – contrary to some predictions I have made in previous editions, it seems that work, some days from home, some days at the office, is here to stay. For some, living close to work has become less important and many have grown weary of the rush hour haste. Those who own office buildings will have to adapt to this new reality and realise that tenants will want some flexibility. The theme as equated – 2022 year of Pressure or Decompression – makes sense. My very scientific analysis is that it feels like we are at some turning point. We don’t know if we are facing a cycle of inflation, deflation or stagflation. Sometimes we are sure that everything will be back to normal x months from now, sometimes we regret the fact that covid will be with us forever. One day we declare that we are in a speculative bubble, the next day we execute substantial investments. And the level of truly remarkable end-of-year transactions confirms it. I leave you with an equally scientific conclusion – let’s see. Regardless of how the markets end up, my sincere wishes to all our readers of an excellent 2022!
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Anabela Loureiro
Assobia para o lado Whistling in the wind Um país não é uma folha de excell mas os números podem espelhar uma dura realidade. O Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentou os resultados provisórios do Censos 2021. A natalidade está, há muito, em queda, e o envelhecimento a disparar, nem os imigrantes conseguiram equilibrar o fiel da balança. Por outro lado, 5% da população são já estrangeiros residentes em Portugal. As campanhas de que o nosso País é seguro, confortável e bonito para se viver estão a surtir efeito, pena é que não abranjam também a população portuguesa. Basta olhar para o mercado residencial. Segundo o INE, um quinto das rendas com habitação superaram os mil euros. Ora como todos sabemos, este é um valor que não é compatível com o ordenado médio dos portugueses. Há quem prefira assobiar para o lado. Nós, preferimos denunciar esta realidade, porque a ignorância não é uma bênção e cenários como estes têm de ser mudados. A country is not an Excel spreadsheet, but there are numbers that can mirror a tough reality. The INE (National Institute of Statistics) presented the provisional results of the 2021 Census. Portugal’s birth rate has, for some time, been falling and the population of the elderly rising. Neither have immigrants managed to restore the balance. On the other hand, 5% of the population are foreigners living in Portugal. The publicity campaigns that Portugal is a safe, comfortable and beautiful place to live has been having an effect, it’s just a shame that it doesn’t include the whole Portuguese population. You only have to take a look at the residential market. According to the INE, one-fifth of hous-
ing rents exceeded one-thousand euros. And as everyone knows, this amount is not compatible with the average Portuguese salary. But there are those who prefer to shut their eyes and whistle in the wind. We prefer to call this out, because ignorance is not bliss, and situations such as these must be changed.
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