Construção Ambiente Turismo
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JAN/FEV 2024 €10
Reprogramar a Habitação é preciso! We need a Housing programme reset!
1 Editorial
O País não pode parar Portugal can’t grind to a halt
O País não pode parar
Carla Celestino Directora Director
No rescaldo da surpreendente renúncia do Primeiro-Ministro António Costa e de um escândalo de corrupção e prevaricação sem precedentes, salvou-se o “convento” com o atraso da dissolução do Parlamento que permitiu aprovar um conjunto de medidas para fazer face à actual crise que assola o País, sobretudo do custo de vida e do custo da habitação. Permitiu também continuar a receber os fundos do PPR. Houve também discursos direccionados aos investidores internacionais em jeito de pedido de desculpas e preservar confianças, depois de se ter feito uma grande borrada. Apesar do cenário negro, desde que António Costa se afastou, os juros das obrigações portuguesas a 10 anos desceram, a Moody’s subiu o rating de Portugal e tudo indica que em 2024 o nosso País terá juros inferiores a países como a Finlândia e França. A questão que se coloca agora não é tanto quem vai vencer as eleições de 10 de Março, mas, antes, como vai governar. Ao imobiliário importa saber que novas janelas vão abrir-se, uma vez que algumas portas (como os Vistos Gold) fecharam-se. Importa igualmente saber como vai ser possível haver um telhado sobre a cabeça de cada cidadão a residir em Portugal, e é sobre isso, precisamente, que falamos nesta edição. Esperemos que os novos líderes ponham rapidamente a “mão na massa”. O País não pode parar… Quem não pára é a Magazine Imobiliário que se encontra a preparar novos e diferenciados eventos para 2024 e sobre os quais levanta um pouco o suspense nesta edição. As inscrições ao Prémio Nacional do Imobiliário 2024 terminam em Janeiro e muito em breve iremos divulgar os promotores que se destacaram em 2023 com os seus empreendimentos de excelência. Há outras novidades, mas não queremos ser spoliers e retirar o prazer de folhear a revista. Neste novo ano que se inicia fazemos votos de menos instabilidade, maior alívio da carga fiscal, mais segurança no nosso mercado e, se possível, bons negócios imobiliários. Acham que estamos a pedir muito?
In the aftermath of the surprising resignation of the Prime Minister António Costa, and a scandal involving corruption and influence peddling without precedents, the ship was saved by delaying the dissolution of parliament that allowed a number of measures to deal with the current crisis shaking the country, particularly the cost of living and housing crises to be approved. It also enabled EU RRP funds to continue to pour into the country. There were also speeches directed at international investors by way of apologies aimed at preserving confidences after making such a big mess. Despite the bleak outlook, since António Costa resigned, interest on Portuguese 10-year bonds has gone down, Moody’s upped Portugal’s rating, and everything seems to indicate that in 2024 Portugal will have lower interest rates than countries like France and Finland. The question on the table now is not so much who will win the elections on March 10, but rather how they will govern. As for real estate, it is important that new windows will open since some doors (such as the Golden Visa) have closed. It is equally important to know how each citizen living in Portugal will be able to have a roof over their heads, and it is precisely about this that we will be discussing in this issue. We hope that the new leaders ‘roll up their sleeves’ and get down to it. Portugal cannot grind to a halt… One entity that won’t be standing still is Magazine Imobiliário, which is already preparing new and differentiated events for 2024 about which we’ll be lifting the lid just a tiny bit to quell the suspense. The applications period for the Portuguese Real Estate Awards 2024 closes in January and we will shortly release the name of the developers who stood out in 2023 for the excellence of their developments. There’s other news, but we don’t want be spoilers and remove the pleasure of leafing through the magazine. As this new year begins, we call on less instability, a lesser tax burden, more security in our market and, if possible, good real estate deals. Are we asking too much?
Ficha técnica
Índice
Datasheet
Propriedade Property Palavras Aliadas Sociedade Unipessoal, Lda. NIPC – 510 653 901
Summary
20 Conferência Magazine Imobiliário
The Magazine Imobiliário Conference Green Real Estate & Construction Shapers
Capa Cover:Anabela Loureiro
4 Grande Tema Lead Story Habitação Housing
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Opinião Opinion
APPII
8
Opinião Opinion
SOLYD Property Developers
10
22 “Óscares” 2024 ‘Oscars’ 2024
24 Grande Entrevista The Big Interview Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal
32 Metro Quadrado
Square Meter Avila Spaces Parque das Nações
36
Azimute
Opinião
Coordinates Tiny Forests
Ordem dos Arquitectos
40
Opinion
12
Opinião
Opinião
Opinion
AICCOPN
42 Atelier
Opinion
Quercus
Atelier Something Imaginary Architects
48 Ventos do Norte North Winds Porto Sustentabilidade Sustainability
52 Sol & Lua
Gerência Anabela Loureiro Rua Paulo Reis Gil nº 39, 3º Esq. 2745-195 Queluz Telm. / Mobile: (+351) 96 237 00 08 geral@palavrasaliadas.pt www.magazineimobiliario.com Fundador da Magazine Imobiliário Founder of Magazine Imobiliário Joaquim Pereira de Almeida Directora Director Carla Celestino
Tourism Hitachi
Sede de Redacção / Editor Rua Paulo Reis Gil nº 39, 3º Esq. 2745-195 Queluz
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Colaboradora Permanente Permanent Contributor Elisabete Soares
Turismo de Sono Sleep Tourism
62 Lá fora
Abroad Reino Unido United Kingdom O imobiliário é competitivo? Is real estate competitive?
64 Paparazzi
Que número calça? What’s your shoe size?
ERRATA: Na edição nº 62, Novembro/ Dezembro 2023, na secção Históricos do Imobiliário dedicado a José Maria Gonçalves, por lapso, não foram mencionados os respectivos direitos de autor da fotografia utilizada que pertencem à Fundação Santa Maria da Silva e a qual foi retirada do respectivo site. Pelo sucedido a Magazine Imobiliário pede as mais sinceras desculpas.
Colaborador Contributor Fábio Lopes Fotografia Photography Anabela Loureiro Tradução Translation Chris Graeme Grafismo Graphics Luís Silva Contabilidade Accounting Nasceconta Periocidade Frequency Bimestral Tiragem Number printed 3.000 exemplares Impressão Printing Jorge Fernandes, Lda. Rua Qta. de Marcarenhas, 2820 Charneca da Caparica Depósito Legal Legal Deposit 363718/13 SSN – 2183-0517 ERC – 126397 Estatuto editorial disponível em: Editorial policy available at: www.magazineimobiliario.com
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Grande Tema 4 Grande Tema
Lead Story
Lead Story
Habitação Housing
Entre Deus e o Diabo Between God and the Devil
Grande Tema Lead Story
Há quem vá à Comissão Europeia pedir ajuda para a crise habitacional de Portugal, outros optam por ir à Web Summit lançar o desafio às tecnológicas para mudar este paradigma num simples clique. Isto só mostra o desespero em que se encontra o mercado residencial no País. A habitação está “entre a cruz e a espada”. Precisamos urgentemente de mudar o shift. Haja vontade… There are those who go to the European Commission to ask for help for the housing crisis in Portugal, and others who choose to go to Web Summit to throw down the gauntlet to the technology companies to change this paradigm with a simple click. This only shows the despair in which the residential market in Portugal finds itself. Housing is “between a rock and a hard place”. We urgently need to shift gear. If there is the will... Texto Text: Carla Celestino
Os ventos estão a mudar e, seguramente, vão mudar-se as vontades, mas os problemas, esses, vão continuam a ser os mesmos de sempre. Nas conferências em que participo na qualidade de jornalista todos os especialistas são unânimes na sua preocupação, que acredito ser genuína, com a escassez de casas para tanta procura, com os preços dos imóveis que em vez de serem realmente competitivos estão muito acima dos bolsos das famílias portuguesas. Mas não vejo nenhuma dessas pessoas a ficar com cabelos brancos de tanto desassossego com esta temática, ao ponto de tomarem as rédeas de oferecer ao mercado habitações a custos acessíveis ou até mesmo habitação social. Nem tão pouco vejo a reabilitação urbana, dado a sua complexidade, morosidade e encarecimento, a favorecer a acessibilidade à habitação a todos os estratos sociais. Continua-se a fazer luxo, porque tristezas não pagam dívidas nem geram milhões. Escudam-se na ideia de que não têm de substituir-se ao papel social do Estado e nos impostos brutais (porque o são e não é demagogia) que encarecem de A a Z a aquisição, concepção, construção e manutenção de um edifício a preços acessíveis. Mas tempos houve, e não foi há muito tempo, em que os privados, de que recordo as cooperativas que agora parecem estar de regresso, permitiram com as suas construções habitacionais acessíveis a erradicar as barracas e a dar forma, ainda que muito desorganizada, das cidades e vilas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto onde
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havia habitação para todos. Não se percebe como há empresas a promover o mercado de build to rent em Espanha, na Suíça ou em outro país europeu e não o conseguem fazer em grande escala em Portugal. É uma questão de investimento, incentivos ou rentabilidade? No mercado de arrendamento, os proprietários a partir de Janeiro de 2024 vão ter ordem de soltura e podem aumentar 6,94% o valor das rendas em arrendamentos habitacionais (e não habitacionais). Para os mais desprotegidos, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma que estabelece um reforço no apoio extraordinário às famílias no pagamento das rendas em 4,94%, para os casos em que exista uma taxa de esforço igual ou superior a 35% do seu rendimento para fazer face ao pagamento da renda. Mas vai ser inevitável, por necessidade ou por ganância, as rendas podem disparar. Há uma realidade que está de regresso e que deve preocupar todos, porque se trata de uma questão de humanidade: As comissões de protecção de crianças e jovens em perigo da Amadora, Sintra Oriental e Lisboa Centro já sinalizaram famílias, sobretudo monoparentais, que perderam a sua habitação, não conseguem arranjar um telhado para viver e são despejadas para as ruas das cidades. É este o país em que queremos viver democraticamente?
Crédito malparado vai aumentar
A Comissão Europeia revelou que os preços das casas mais do que duplicaram desde 2010
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Grande Tema
Lead Story
em Portugal, embora esteja lado a lado com outros oito Estados-membros da União Europeia (UE) nesta matéria. Em entrevista à agência Lusa em Bruxelas, o comissário europeu da Economia Paolo Gentiloni disse ter “plena consciência da importância do assunto (crise da habitação) em Portugal, e em Lisboa em particular” e que “as crises políticas afectam, em geral, os processos.” Apesar de ter consciência que as “iniciativas adoptadas pelos governos, especialmente sobre as hipotecas variáveis (no crédito à habitação) para fazer face aos custos de habitação”, a realidade é que a tendência (de subida de preços dos imóveis) ainda se mantém nalguns países” como é o caso de Portugal. Com efeito, nem o arrefecimento no imobiliário europeu que se tem vindo a sentir desde meados de 2022, a par do abrandamento significativo dos níveis de crédito imposto pelas medidas do Banco Central Europeu (BCE) ou do aumento consecutivo das taxas de juros (que deverão descer em 2024 segundo o BCE) conseguiram pôr um travão na tendência de aumento de preços no imobiliário do nosso País. Todos estes factores dificultam o acesso à habitação e afastam do mercado as famílias com menor poder de compra, gerando, assim, um ligeiro arrefecimento da procura que está a conduzir a uma estabilização dos preços. Ao que tudo indica, nos próximos tempos poderemos verificar um ajuste dos valores. Aliás, no final de 2023 já observámos campanhas de baixas de preços em alguns concelhos de Lisboa. No Reino Unido, uma reportagem da BBC intitulada “Britain’s Hidden Housing Crises” (“A crise habitacional oculta na Grã-Bretanha”) dá conta das inúmeras famílias que estão a entregar as suas casas (fruto do esforço do trabalho de uma vida inteira) aos bancos. Em Portugal há famílias portuguesas já com a “corda no pescoço”, a renegociar com as entidades bancárias os seus empréstimos e há quem faça contas à vida para esticar os ordenados para fazer face ao pagamento da mensalidade da sua casa ao banco. Francisco Virgolino, managing director da Prime Yield, em comentário ao estudo da consultora “Investing in NPL (non-performing loans na sigla inglesa) in Iberia” 2023, afirmava que “a médio prazo poderá ser expectável um aumento do crédito incumprido, especialmente entre as famílias e no segmento de crédito à habitação, em efeito da perda de poder de compra em contexto de elevadas taxas de
Hugo Santos Ferreira
Presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários President of the Portuguese Association of Real Estate Developers, and Investors
2024: Ano de “muita preocupação” 2024: A year “full of concern”
Olhando para o desfecho do ano, com uma crise política a acontecer, com condições da habitação ainda sem solução à vista no nosso País, devo dizer que a antevisão do novo ano é feita com bastante preocupação. A APPII está de facto apreensiva com o futuro. Prevemos um primeiro semestre de um algum abrandamento, que acredito, causará um efeito suspensivo, esperando pelas eleições de Março para vermos que Governo daí sairá. E qual a posição do novo governo face à crise habitacional que vivemos, e face ao investimento imobiliário. Diria que o resumo das perspectivas para 2024, se centra num primeiro trimestre de muita preocupação e com elevada expectativa quanto às eleições, mas prevejo um primeiro semestre duro, de abrandamento e de claramente um efeito suspensivo. Looking to the end of the year, with a political crisis taking place, and housing conditions that still have no viable solution in Portugal, I have to say that the forecast for the new year is laden with concern. The APPII is in fact apprehensive about the future. We forecast a first half with some slowdown, which I believe will cause some projects to be put on hold, awaiting the elections in March when we’ll see how things pan out. We will see what position the new government will take over the housing crisis that we are experiencing and the position of public investment. In a nutshell, I would say that the prospects for 2024 are centred around a first quarter of apprehension and high expectations as to the elections, and I forecast a tough first half with a slowdown that will result in projects being postponed or even suspended.
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Um especialista ao seu lado faz toda a diferença as cidades do futuro constroem-se agora
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Grande Tema
Lead Story
juro.” Apesar de o nosso País estar a fazer progressos na diminuição do crédito que está em incumprimento no sistema financeiro nacional, e que até está a contrariar a tendência agregada na Europa que evidencia um aumento do crédito em incumprimento, o cenário mais provável será o do agravamento do crédito malparado em 2024. Não podemos esquecer também uma outra realidade que está a acontecer: as casas que se encontram ainda no stock dos bancos e/ ou que vão a leilão estão a ser adquiridas por fundos que não estão a colocar essas mesmas casas no mercado imobiliário. Já há edifícios com quatro ou cinco apartamentos fechados, pertencentes a fundos, que não estão a ser colocados no mercado habitacional. Por que razão estão a inflacionar ainda mais um mercado já sob pressão? Não seremos nós a responder a esta questão e qualquer pessoa consegue tirar as respectivas conclusões.
À procura de um lugar ao sol
A maioria da população residente, ou que quer ser residente, no nosso País, historicamente, conflui para as zonas litorais e para os grandes centros urbanos à procura de um emprego, de melhores condições de vida. Isto é gritante em Lisboa e no Porto. É precisamente aqui que re-
Gonçalo Cadete
CEO at SOLYD Property Developers
Reforçar a oferta de construção nova Boosting new build supply
A SOLYD tem como ambição diária oferecer ao mercado projectos imobiliários distintivos e que vão ao encontro das necessidades e requisitos dos clientes. A nossa estratégia passa por desenvolver projectos residenciais, em particular para as famílias portuguesas dos segmentos médio e médio-alto, totalmente adaptados a um novo paradigma - assente num maior equilíbrio entre trabalho e lazer. Em 2024, a SOLYD vai continuar a contribuir para o reforço da oferta de construção nova nas três grandes localizações na Área Metropolitana de Lisboa, que tem em desenvolvimento e comercialização: o ALTEAR, na Alta de Lisboa; o MIREAR, em Miraflores; e o ÉLOU, localizado em Santo António dos Cavaleiros, em Loures, a poucos minutos da cidade de Lisboa. SOLYD’s day-to-day ambition is to offer the market distinctive real estate projects that meet the needs and requirements of clients. Our strategy is to develop residential projects, for Portuguese families in the middle and upper middle-class segments, totally adapted to the new paradigm - based on a greater balance between work and leisure. In 2024, SOLYD will continue to contribute to boosting new build supply in three main locations in the Lisbon Metropolitan Area, that it has in development and in commercialisation: ALTEAR, at Alta de Lisboa; MIREAR, in Miraflores; and ELOU, located in Santo António dos Cavalheiros in Loures, a few minutes drive from Lisbon.
10 Grande Tema Lead Story
side a maior problemática habitacional. Os autarcas fazem ginástica mental para criar mais habitação, mas só libertar casas fechadas, requalificar bairros municipais ou reabilitar fracções não chega. É preciso libertar terrenos que sejam urbanizáveis. Tendo em mente esta necessidade urgente, surge uma Lei dos Solos que, muito provavelmente, só vai trazer complicações. Por um lado, a reclassificação de solo rústico para urbano só é possível em situações excepcionais e obedecendo a muitos critérios; por outro, a partir de Janeiro de 2024, a nova legislação refere que deixa de existir a figura dos solos urbanizáveis (que estavam vinculados nos Planos Directores Municipais). Por isso não podemos deixar de pensar que tal só vai conduzir a uma maior escassez de solos disponíveis e a um aumento dos preços da construção cujo timing de aplicação não poderia ser o mais inconveniente. Não deveriam os perímetros urbanos ser mais flexíveis de forma a conciliar-se interesses habitacionais públicos e privados? Numa recente apresentação bastante acutilante de Francisco Rocha Antunes, chair da ULI Portugal e presidente e fundador da MOME, considerei muito interessante a sua abordagem a esta temática. Na sua opinião, tem de se mudar o que estamos a fazer na habitação, ou corremos o risco de continuar sem soluções à vista e a criar buracos negros sociais entre a população. Uma das soluções que focou na sua oratória foi construir em altura. Bem sei que é o “bicho papão” da construção, ninguém quer deixar de ver o sol e tornar as suas cidades mais cinzentas ou deprimentes. Para um lisboeta ou portuense ter uma Nova Iorque ou um Tóquio à sua porta é impensável. Mas se calhar é tempo de se começar a pensar assim… Outra questão que Rocha Antunes levantou foi a da demografia e do perfil da procura. “As famílias portuguesas estão a mudar”, referia. A toque de comprimidos, boa alimentação e bem-estar, a longevidade das pessoas leva a que os imóveis estejam disponíveis no mercado cada vez mais tarde. Já para não falar que, em cada casa, vê-se a habitar, frequentemente, apenas uma pessoa - solteira, divorciada, viúva, idosa – ou famílias com apenas um filho…, para os quais um T0 ou um T1 com um simples cama-sofá, uma kitchenet, uma sanita e um duche são mais que suficientes. As casas têm de ser pequenas, como Rocha Antunes salientou e bem, “porque as famílias maioritariamente também o são.” Só os milionários que estão a colonizar o País
Avelino Oliveira
Presidente da Ordem dos Arquitectos President of the Architects Association
“Um ano desafiante” “A challenging year”
Quaisquer expectativas quanto à Habitação serão, infelizmente, constrangidas pelo facto de estarmos numa situação de impasse governativo, que provocará algum atraso. Só a meio do ano teremos um governo consolidado, que seja um bom interlocutor com todas as entidades. Este será, seguramente, um ano desafiante. Antevêem-se obstáculos para a execução rápida do PRR, é necessário concretizar todas as políticas de habitação, tem de se aumentar a oferta de habitação no mercado, quer na aquisição, quer no arrendamento – que é uma situação grave: sentimos que os arquitectos não estão a ser chamados para novos trabalhos cujo destino seja o arrendamento. A obtenção de consensos é obrigatória para a concretização de todos estes desafios. Any expectation on housing will unfortunately be constrained by the fact that we are in a situation of governmental deadlock that will cause some delays. Only by the middle of next year will we have a consolidated government that may act as a good broker between all parties. This will certainly be a challenging year. To anticipate obstacles for the swift execution of the RRP, all housing policies will have to be met, housing supply will have to be increased in the market both in the purchasing and rental markets - which are in a serious state: we feel that architects are not being called upon for new rental projects. Reaching a consensus is vital to meet all these challenges.
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é que precisam de espaços e varandas amplas com vista para o rio, grandes piscinas indoor e outdoor quando têm à porta praia. Mas até estas pessoas são também precisas no nosso País, pois geram receitas, lucros e efeitos multiplicadores económicos, ainda que com impactes no sistema, sobretudo na saúde e na educação. Falamos, claro, do fim do regime ARI - Autorização de Residência para Actividade de Investimento (vulgos Vistos Gold) e do fim de novas inscrições no Regime dos Residentes Não Habituais (RNH). Portugal perde milhões de euros é certo, mas, mais importante, e que ditou o seu sucesso, é a perspectiva de perder-se investimento estrangeiro, atracção de multinacionais, nomeadamente tecnológicas, e quadros altamente qualificados que tão bem soube atrair ao País à boleia destes programas. Há quem questione a forma “enviesada” deste regime e aponte o dedo como factor que inflaccionou o mercado de habitação e os “preços insustentáveis”. Sejamos realistas: o aumento dos preços na habitação não aconteceu só em Lisboa, espalhou-se por todo o País, e tal fica a deve-se, em grande parte, à morosidade nos processos de licenciamentos que atrasa a chegada de imóveis ao mercado e à falta de oferta nova para uma procura tão elevada. Até o próprio governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, confessou não estar “completamente convencido que (o fim da taxa
Manuel Reis Campos
Presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas The President of Association of Civil Construction and Public Works Industries Para 2024, as perspectivas para o sector da Construção e do Imobiliário são favoráveis, em face da evolução dos principais indicadores sectoriais e do facto de Portugal dispôr de dois programas comunitários a decorrer em simultâneo, o PRR, cujos investimentos têm que ser concretizados até ao final de 2026, e o Portugal 2030. No que concerne, especificamente, à habitação, apesar de ser o segmento mais afectado pelo abrandamento económico e pelo nível elevado das taxas de juro, que criam dificuldades, quer para o arranque de novos projectos imobiliários, quer para quem pretende adquirir ou arrendar uma habitação, as perspectivas são, igualmente, positivas. Este cenário explica-se pela elevada procura face aos níveis de oferta de habitação, pela existência de 269 municípios já com Estratégias Locais de Habitação em processo de arranque dos investimentos e pela expectativa de que, a partir do 2.º semestre de 2024, se inicie uma trajectória de redução das taxas de juro, aliviando os encargos financeiros associados, quer para as famílias, quer para as empresas. The outlook for the Construction and Real estate sectors in 2024 are favourable looking at the evolution of the main sector indicators, and the fact that Portugal has two European community programmes available at the same timer; the RRP whose investments must be applied by the end of 2026, and Portugal 2030. Specifically, regarding Housing, despite being the sector most affected by the economic slowdown, and by the high level of interest rates, which have created difficulties, whether for starting new real estate projects, or those intending to acquire or rent housing, the outlooks are equally positive. This scenario is explained by high demand compared to levels of housing offer, and the existence of 269 municipalities that already have Local Housing Strategies in the process of starting investments, and from the expectation that from the 2nd quarter of 2024 interest rates will start to come down, reducing associated financial pressures both for families and companies.
Grande Tema Lead Story
As casas têm de ser pequenas, porque as famílias maioritariamente também o são. Houses have to be small because families for the most part are also small.”
especial para novos residentes não habituais) seja esse o problema”, mas antes “uma questão política.” Recordando que este programa para captar investimento surgiu num cenário em que “o ciclo de investimento residencial em Portugal foi muito penalizado pelo programa de ajustamento, que fez contrair o sector da construção durante muitos anos.”
Soluções verdes para baixar preços
Num país ainda à procura de soluções habitacionais, de apenas um telhado e quatro paredes, ou seja, o básico para uma habitação condigna, será que estará à altura da Directiva Europeia sobre a Eficiência Energética dos Edifícios? O novo regulamento europeu, que tem por objectivo melhorar o desempenho energético das habitações, exige aos proprietários ter imóveis com o mínimo de classificação E até 2030 e classificação D até 2033. Se nessa altura os imóveis tiverem a classificação G ou F deve-
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rão ser renovados ou reabilitados. No entanto, esta directiva também não proíbe a venda ou o arrendamento de edifícios que tenham a classificação energética mais baixa. Ora, sabendo que em Portugal uma boa fatia do mercado possui certificados energéticos classe E e F, o cenário mais provável é: quem pode faz obras, quem não pode opera à margem. Já no que se refere às casas novas, o estudo do presidente e fundador da MOME defende que têm de ser híbridas, densas, pequenas, biológicas, digitais, comunitárias, pedonais e de usos mistos. Está tudo dito. Já está mais do que dito que a pegada carbónica da construção de um edifício, ao longo do seu ciclo de vida, representa uma factura muito elevada para o ambiente. Reduzir é a meta. E essa redução pode e deve passar por métodos de construção off-site, novos materiais e processos construtivos, bem como pela digitalização ou automação, que permitam, de uma vez por todas, conduzir a mais e me-
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Temperatura Temperature
lhores casas. E permitam, sobretudo, baixar o preço final de um imóvel tornando a habitação realmente acessível a todos. Para tal, é preciso, acima de tudo, que cada um dos intervenientes no mercado imobiliário deixe de remar apenas para o seu lado e passem todos a estar focados na mesma direcção, seja Estado, outras entidades públicas, privados, proprietários… só assim poderemos alterar o modo como pensamos e trabalhamos a Habitação! The winds are changing, and certainly intentions will change with them, but problems will continue to be the same they have always been. In the conferences I attend as a journalist, all of the specialists are in agreement over their concerns, which I believe to be genuine, over the lack of housing compared to so much demand, while the prices of properties, instead of being really competitive, are far beyond the reach of the pockets of average Portuguese families. But I don’t see any of these people growing grey over so much discomfort about the topic to the point of taking the lead in offering the market housing at affordable costs or even social housing. Neither do I see urban rehabilitation, given its complexity, sluggishness, and expense making it any more affordable for other social strata. Developers continue
to develop luxury developments because sad stories don’t pay debts or make millions. They shield behind the idea that it’s not their job to replace State’s social role and moan about the crippling taxes (because the taxes are high, and why should they cave in to populist and non-rational pressure) that they face from the A-Z of acquisition, design, construction and maintenance of a building at affordable prices. But there were times, and not so long ago, when private developers - as I recall cooperatives that now seem to be back - with their affordable housing developments enabled the eradication of shanty towns and gave form, albeit still in a rather chaotic way, to cities and towns in the Lisbon and Porto metropolitan areas where they provided housing for all. I don’t understand how there are companies developing the build-to-rent market in Spain, Switzerland, and in other European countries and yet can’t do it on a big scale in Portugal. Is it a question of investment, incentives, or profitability? In the rental market, landlords from January 2024 will have a release order enabling them to increase the value of rents in rental housing (and non-housing) by 6.94%. For the more vulnerable, the President of Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa signed a statute that establishes an extraordinary increase in families
Economia trava construção
Tanto oThe sector público economy puts como construction on hold privado estão à procura deExiste umauma solução para a resilacuna entre projectos denciais e comerciais, segundo a Crédihabitação. O problema é to y Caución. Os dados avançados por estatarda empresaaestimam que a construque resposta. ção residencial no mundo terá crescido Both private andlimitar-se publica 1,1%the em 2023, mas deverá um aumento de apenas 0,6% durante sector are trying to find a 2024. Isto deve-se como os elevasolution fora factores the Portuguese dos valores das taxas de juro e dos juros housing market. The com a hipotecários, que, juntamente situação de inflação que assola o paproblem is that the response norama internacional, estão a reduzir a procura e a is late.” sua capacidade de compra. A esta conjuntura, junta-se ainda o facto de, em muitas economias, se verificarem custos elevados dos materiais de construção e de mão-de-obra, o que conduz a uma diminuição do número de novos projectos de construção. Por outro lado, a construção comercial que terá crescido 5% em 2023, deverá ter uma subida de somente 1,7% em 2024. Estima-se ainda que a engenharia civil mostre algum dinamismo, muito embora com diferentes crescimentos de 5,6% em 2023 face a 3,6% em 2024.
There is a gap between residential and commercial residences according to Crédito y Caucíon. The data advanced by this company estimates that residential construction in the world will have grown by 1.1% in 2023 but is likely to be limited to an increase of only 0.6% in 2024. This was down to factors such as high mortgage interest rates, which together with inflation that has afflicted the international panorama, are reducing demand and purchasing power. This economic situation has also been combined with the fact that in many economies there were high construction materials and labour costs, which led to a fall in the number of new building projects. On the other hand, commercial construction, which will have grown by around 5% in 2023, is projected to increase by only 1.7% in 2024. It is also estimated that civil engineering activity will be more buoyant, although with rather different growth rates of 5.6% in 2023, compared to 3.6% estimated for 2024.
Grande Tema Lead Story
social support by paying 4.94% of their rents in cases in which there is a debt-to-income difference equal to or above 35% of their income, to help them pay their rents. But it will be inevitable, by need or greed, for rents to rise. There is a reality that’s back and should concern us all, because it’s a question of humanity: Child and youth protection commissions in Amadora, East Sintra and Central Lisbon have already listed families, particularly single parent families, who have lost their housing, can’t get a roof over their heads, and have been evicted onto the city streets. Is this the kind of democratic country we want to live in?
Loan defaults continue to rise
The European Commission has revealed that house prices have more than doubled since 2010 in Portugal, although it is side-by-side with eight other European Union (EU) MemberStates on the matter. In an interview with the Lusa agency in Brussels, the European Commissioner for the
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Economy, Paolo Gentiloni said that he was “fully aware of the importance of the matter (the housing crisis) in Portugal, and in Lisbon in particular” and that “political crises affect processes in general.” Despite being aware that the “initiatives adopted by governments, particularly on variable mortgages (mortgage lending) to meet the cost of housing,” the reality is that the trend (of rising house prices) continues in some countries” as is the case with Portugal. In effect, neither the slowdown in the European real estate market that has been felt since the mid-2022, together with a significant restriction on credit levels imposed by European Central Bank (ECB) measures or the consecutive increase in interest rates (which should begin to come down in 2024 according to the ECB) managed to put the brakes on an upward trend in property prices in Portugal. All of these factors have made getting access to housing difficult and have pushed families with a lower purchasing power out of the market, thereby causing a slight cooling in demand leading to
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Nevão Snow
price stabilisation. Everything seems to point to an adjustment in prices in the near future. Moreover, at the end of 2023 we were already seeing some house price ‘sales’ in Lisbon districts. In the United Kingdom, a BBC report ‘Britain’s Hidden Housing Crises revealed the countless families were handing over their houses (the fruit of an entire life’s work effort) to the banks, while renters were being thrown out on the streets by landlords. In Portugal here are Portuguese families that have their backs to the wall and are renegotiating their mortgages with the banks and are those who are stretching out their salaries to pay their monthly
mortgage payments to the bank. Francisco Virgolino, Managing Director of Prime Yield, commenting on the consultant’s sudy ‘Investing in NPL 2023 affirms that “in the medium term an increase in credit defaults is to be expected, especially among families in the mortgage segment, in effect a loss of purchasing power within the context of high interest rates”. Despite Portugal making progress in reducing credit defaults in its national financial system, and even bucking the overall European trend that is showing an increase in credit defaults, the most probable scenario will be a worsening of incidences involving credit defaults in 2024.
Desempenho ambiental aquém das expectativas Environmental performance beyond expectations
Portugal ocupou, em 2023, a 13.ª posição do Índice de Desempenho das Alterações Climáticas, subindo um lugar relativamente ao ano anterior e mostrando um bom desempenho em termos de políticas climática, energias renováveis e redução do uso de energia e emissões de gases de efeito de estufa (GEE). Mas ao contrário das melhores expectivativas ainda tem muito a fazer nesta matéria. Para atingir a neutralidade climática em 2045, o País deverá centralizar a sua produção de energia solar, eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis e reduzir as emissões de GEE do sector da agricultura, que mostram uma tendência de aumento do seu peso nas emissões nacionais. Precisa ainda de melhorar os seus esforços no sector dos transportes, uma vez que são poucas as cidades com planos de mobilidade urbana sustentável, verificando-se uma baixa utilização do transporte público e um aumento das emissões do transporte rodoviário. In 2023, Portugal occupied 13th place in the Climate Change Performance Index, rising one place on the previous year, and showing a good performance in terms of climate policy, renewable energy reduction in the use of energy and greenhouse gas emissions. (GGE) But contrary to best expectations there is still a lot to do in this respect. To achieve carbon neutrality in 2045, the country should centralise its solar energy production, eliminate fossil fuels subsidies, and reduce GGE in the agriculture sector that is showing a trend to increase its proportion of national emissions. It also needs to improve its efforts in the transport sector since only a few cities have sustainable urban mobility plans, displaying a low public transport use and an increase in road transport emissions.
Grande Tema Lead Story
Os autarcas fazem ginástica mental para criar mais habitação, mas só libertar casas fechadas, requalificar bairros municipais ou reabilitar fracções não chega. É preciso libertar terrenos que sejam urbanizáveis. The municipal councillors are doing mental gymnastics to create more housing; but only to free up houses that are standing empty; refurbishing municipal council neighbourhoods, or renovating apartments isn’t enough. Land needs to be freed up for urban development.”
Also let’s not forget that houses are being ‘handed back to the banks’ or are going to auction and are being acquired by funds that are not putting these same houses onto the housing market. There are buildings with three or four closed apartments belonging to funds that are not being put on the housing market. Why are they inflating a market that is already under pressure even more? It’s not for us to answer this question and anyone can draw their own respective conclusions.
Looking for a place in the sun
Most of the resident population, or who wants to be resident, in Portugal, historically flowed towards the coastal areas and large urban centres in search of employment and better living conditions. This is particularly glaring in Lisbon and Porto. It is precisely here that the main housing crisis lies. The municipal councillors doing mental gymnastics to create more housing; yet only to free up houses that are standing empty; refurbishing municipal council neighbourhoods, or renovating apartments, isn’t enough. Land needs to be freed up for urban development. Bearing in mind this urgent necessity is the Soils Law which, very probably, will only add fuel to the fire. On the one hand, the reclassification of rural plots of land is only possible in exceptional circumstances and only then if it meets a lot of criteria; on the other hand, from 2024 the new legislation states that the status of urbanisable land ceases to exist (that had been associated to Municipal Director Plans). Which is why you cannot but think that this will only lead to a greater scarcity of available building land and an increase in construction costs whose timing for application couldn’t be worse. Shouldn’t urban perimeters be more flexible so as to find a middle ground between public and private housing interests? In a recent and fairly incisive presentation from Francisco Rocha Antunes, chair of ULI Portugal and president and founder of MOME, I found his approach very interesting on this subject. In his opinion we must change what we’re doing in housing or run the risk of continuing on without solutions in sight while creating social black holes among the population. One of the solutions his speech focused on was to build upwards. I know very well that this is the bête noire of construction; no-one wants to see the sun blotted out and their cities become even more greyer and more depressing. For a Lisboner or Portuense to have a New York or Tokyo on their doorstep is unthinkable. But
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perhaps it’s time to begin thinking like that... Another question that Rocha Antunes raised was demography and the demand profile. “Portuguese families are changing,” he said. The influence of tablets, good nourishment and well-being, and the longevity of people has led to properties being available on the market increasingly later. This is without mentioning that in every house one sees more examples of people living alone - either as a result of divorce, or the person is single, a widow or widower, a pensioner, - or one-child families…, for whom a studio flat or one-bedroom apartment with a simple sofa bed, a kitchenette, a toilet and a shower are more than sufficient. Houses have to be small, as Rocha Antunes has well illustrated, “because families for the most part are also small.” Only the millionaires who are colonising the country need ample spaces and verandas with a view over the river, large indoor and outdoor pools when they have a beach on their doorstep. But even these people our country needs too since they generate revenue, profits, and multiplier economic effects with other impacts on the system, particularly in health and education. We are obviously talking about the end of the ARI or Authorisation of Residency for Investment Activity (Golden Visa) and the end of fresh applications for the Non-Habitual Residents (NHR) schemes. Portugal is losing millions of euros, it is true, but more important - and these dictated Portugal’s attraction
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Em que ficamos? Where we are now
success - is the prospect of losing overseas investment, the ability to attract multinationals, namely technology companies, and the highly qualified staff that Portugal managed to attract on the back of these programmes. There are those who question the unbalanced nature of these regimes and point the finger at them as a factor that has inflated the housing market and the ‘unsustainable prices.’ Let’s be realistic: house price inflation didn’t just happen in Lisbon, it spread all over the country, and is partly down to the sluggishness of planning processes that delays the time it takes for new properties to come onto the market, and the lack of new supply to meet such high demand. Even the Governor of the Bank of Portugal, Mário Centeno, confessed to not being “totally convinced that the end of (the special tax rate for new non-habitual residents) would solve the problem,” but rather it was “a political question.” Recalling that this investment attraction programme arose against a backdrop in which “the residential housing investment cycle was hard hit by the adjustment programme (IMF/EC/ECB Troika intervention) that caused the construction sector to contract for many years.” Today we’re all paying the price for that.
Green solutions for greener prices
In a country that is still seeking housing solutions, just a roof and four walls, in other words the basic for decent housing, is Portugal capable of meeting the European Directive on the Energy Efficiency of Buildings? The new European regulation whose objective is to improve the energy performance
of housing, demands that proprietors have properties with the minimum classification E by 2030 and classification D by 2033. If at this time properties have a classification of G and F they should be renovated or rehabilitated. However, this directive also does not prohibit the sale or rental of buildings that have a lower energy classification. Now, knowing that in Portugal a large slice of the market has class E and F energy certificates, the more probable scenario is: those that can do adaptation works, and those who can’t operating on the sidelines. As to new build, the study from the president and founder of MOME argues that they must be hybrid, dense, small, biological, digital, community-focused, pedestrian-focused, and mixed use. And that’s that. It has already been more than said that the carbon footprint for a constructed building throughout its life cycle represents a very high burden for the environment. The goal is to reduce. And this reduction can and should involve methods of off-site construction, new materials, and construction processes, as well as by digitalisation and automation that once and for all leads us to more and better housing. And above all enable the retail price of a property to come down making it truly affordable for all. But for that to happen, it means most of all that each one of the players in the real estate market should stop rowing just their own boats and instead become more focused on going in the same direction, be that the State, other public entities, the private sector, and proprietors ... Only that way can we change the way we think about and work with housing!
Alojamento Local à lupa da autarquia do Porto Local Accommodation under Porto City Council scrutiny
Perda de competências, aumento dos encargos sobre os serviços municipais e inviabilização do “Regulamento Municipal para o Crescimento Sustentável do Alojamento Local” (AL) foram algumas das críticas que a Câmara Municipal do Porto (CMP) teceu em relação às medidas do pacote “Mais Habitação”. Vendo-se obrigada a revogar o Regulamento Municipal que estimulava um crescimento sustentável do sector de AL, criando áreas de contenção para novos registos e preservando a realidade social do município, a CMP acusou o Governo de lhe retirar o poder de determinar o cancelamento de um registo de AL e de forçar os seus serviços a suportar uma maior carga administrativa, decorrente da análise obrigatória das provas de rendimentos submetidas pelos titulares dos registos. Resta esperar, para perceber realmente como estas alterações se farão sentir no município. A loss of capabilities, an increase in responsibilities for municipal services and the unfeasibility of the Municipal Regulation for the Sustainable Growth of Local Accommodation (AL) were some of the criticisms that Porto City Council (CMP) had to face over the ‘More Housing’ package. It will now have to revoke the Municipal Regulation that stimulated the sustainable growth of the LA sector, creating bones of contention for new registrations and for preserving the municipality’s social reality, the council has accused of removing its power to decide on cancelling a LA registration and forcing its services to support a greater administrative load, as a result of a mandatory analysis of proof of incomes submitted by the licence holders. We’ll now have to wait to really understand how these changes will be felt in the municipality.
Grande Tema Lead Story
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Conferência Magazine Imobiliário 20 Fio-de-Prumo
Plumb Line
The Magazine Imobiliário Conference
Os temas quentes do momento The hot topics of the day
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Conferência Magazine Imobiliário The Magazine Imobiliário Conference
A revista Magazine Imobiliário vai promover no próximo dia 21 de Fevereiro, no Edifício Victoria Seguros, em Lisboa, a Conferência “MAGAZINE IMOBILIÁRIO GREEN REAL ESTATE & CONSTRUCTION SHAPERS 2024”. Reserve algum do seu tempo para este evento, vai valer bem a pena! Magazine Imobiliário will organise the conference event ‘MAGAZINE IMOBILIÁRIO GREEN REAL ESTATE & CONSTRUCTION SHAPERS 2024’ on 21 February in the Victoria Seguros Building in Lisbon. Set aside some of your time for this event because it really will be worthwhile!
Equipa Magazine Imobiliário The Magazine Imobiliário team
A Conferência “MAGAZINE IMOBILIÁRIO GREEN REAL ESTATE & CONSTRUCTION SHAPERS 2024” surge numa altura em que entra em vigor a Directiva de Reporte de Sustentabilidade Corporativa (CSRD), aprovada pela Comissão Europeia, segundo a qual as empresas dos Estados-membros que queiram ser responsáveis a nível ambiental terão de divulgar os seus dados sobre o impacto das suas actividades nas pessoas e no planeta, e os riscos de sustentabilidade a que estão expostas. Várias questões se impõem: Como está a ser implementada esta directiva em Portugal? Quais as dificuldades na sua implementação dentro das empresas a operar no nosso País? Para responder a estas questões o painel “CSRD Outlook” vai contar com uma conversa entre três dos maiores especialistas nesta matéria: Rui Fragoso, Head of Buildings and Efficiency of Resources na ADENE, Paulo Santos, Director de Sustentabilidade e Mobilidade na ADENE, e Sofia Santos, Sustainability Champion in Chief na Systemic. Segue-se o painel dedicado ao “Green Construction Outlook” cuja missão é tentar perceber se as empresas do sector da Construção estão mais transparentes e sustentáveis. Dando o seu testemunho na primeira pessoa vai estar António Carlos Rodrigues, CEO Casais; Bruno Borges, leader, Commercial Portugal, LIXIL EMENA (Grohe); João Paulo Ferreira, Country Manager Haier Portugal; e José Dias, Director Comercial, Hydro Building Systems Portugal (Technal). A moderação fica a cargo de Victor Ferreira, Presidente do Cluster Habitat Sustentável. No painel “Green Real Estate Outlook” questionamos se estamos perante o fim do greenwashing no imobiliário. Para o debate contamos com a participação de Adriana Oliveira, Directora de Dinamização de Negócio Imobiliário do Millennium bcp; Aniceto Viegas, CEO da Avenue; João Cristina, Country Head da MERLIN Properties; Francisco Campilho, CEO da Victoria Seguros; e Pedro Vicente, CEO da Overseas. A moderação será protagonizada por Maria Empis, Head of Work Dynamics JLL. A Conferência terá um Momento ADENE com o discurso do Presidente Nelson Lage, e onde se procederá à assinatura do Protocolo com o promotor imobiliário AVENUE no âmbito do programa AQUA+. O encerramento tem a intervenção de Hugo Santos Ferreira, presidente da APPII - Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários.
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The Magazine Imobiliário Conference ‘MAGAZINE IMOBILIÁRIO GREEN REAL ESTATE & CONSTRUCTION SHAPERS 2024’ has arisen at a time in which the Corporate Sustainability Report Directive (CSRD) approved by the European Commission comes into force, Member-States companies that aim to be more responsible at an environmental level will have to release data about the impact of their activities on people and the planet, and the sustainability risks to which they are exposed. Various questions are on the table: How will this directive be implemented in Portugal? What are the difficulties in implementing them in companies operating in Portugal? To answer these questions the ‘CSRD Outlook’ panel will feature a conversation between two of the major specialists on this matter: Rui Fragoso, Head of Buildings and Efficiency of Resources at ADENE, Paulo Santos, Director de Sustainability & Mobility at ADENE, and Sofia Santos, Sustainability Champion in Chief at Systemic. This will be followed by a panel dedicated to ‘Green Construction Outlook’ whose mission is to try and understand of companies in the Construction sector are more sustainable and transparent. Giving their first-hand experience will be António Carlos Rodrigues, CEO Casais; Bruno Borges, leader, Commercial Portugal, LIXIL EMENA (Grohe); João Paulo Ferreira, Country Manager of Haier Portugal; and José Dias, Commercial Director, Hydro Building Systems Portugal (Technal). The moderator will be Victor Ferreira, President of the Sustainable Habitat Cluster. On the panel “Green Real Estate Outlook” we ask if we are facing the end of greenwashing in real estate. Taking part in the debate will be Adriana Oliveira, Director of Revitalisation of Real Estate at Millennium bcp; Aniceto Viegas, CEO of Avenue; João Cristina, Country Head of MERLIN Properties; Francisco Campilho, CEO of Victoria Seguros; and Pedro Vicente, CEO of Overseas. The panel will be moderated by Maria Empis, Head of Work Dynamics JLL. The conference will feature an ADENE Moment with a presentation from its President Nelson Lage that will then be followed by the signing of a protocol with the real estate developer AVENUE as part of the AQUA+ programme. The closing speech of the conference will be delivered by Hugo Santos Ferreira, President of the Portuguese Association of Real Estate Developers, and Investors (APPII).
“Óscares” 2024 22 Históricos do Imobiliário
Portuguese Property History
‘Oscars’ 2024
Tudo muda mas a qualidade mantém-se!
Everything has changed but the quality remains the same!
Num País de bússola na mão, é bom saber que ainda existe algo verdadeiro, fiável e imutável como o Prémio Nacional do Imobiliário. As inscrições estão abertas até 12 de Janeiro. In a country of adventurers, it is good to know that something is authentic true, reliable, and constant like the Portuguese Real Estate Awards. Applications are open until January 12. Os mais antigos e prestigiados prémios do sector do imobiliário estão de regresso! Desde a primeira hora que estes galardões assumem uma visão global que selecciona, reconhece, promove e celebra os melhores empreendimentos construídos em Portugal. A edição de 2024 não deixa dúvidas: a qualidade é excepcional, o bom gosto, arquitectura e design também, e a sustentabilidade já faz parte do ADN do edificado. A nossa missão é conectar os players do sector desde o Imobiliário, à Construção/Reabilitação, Ambiente e Turismo.
Não é à toa que a cerimónia de entrega dos “Óscares” do Imobiliário se traduz em mais do que um espaço de reconhecimento, pois permite a abertura para networking entre empresas e marcas novas e consolidadas, e o reencontro de promotores, investidores, construtores, projectistas, arquitectos, designers, ambientalistas, hoteleiros…, de todos os que fazem do imobiliário um sector forte não obstante as mudanças de ventos políticos, económicos, sociais… Na edição de Março/Abril vamos revelar quem são os Finalistas do Prémio Nacional do Imobi-
liário 2024. Para já podemos adiantar que todos eles se destacam pela ambição de alcançar a perfeição, pelo desejo de oferecer aos seus ocupantes produtos e serviços diferenciadores e demonstram na prática que estão comprometidos com o futuro e que querem ter o impacto correcto no urbanismo e na natureza. Na edição de Março/Abril vamos revelar quem são os Finalistas do Prémio Nacional do Imobiliário. A grande festa está marcada para o dia 18 de Abril de 2024. The oldest and most prestigious real estate sector awards are back! From the outset, these awards have taken on a global vision that selects, recognises, promotes, and celebrates the best developments built in Portugal. There’s no room for doubts with the 2024 edition: the exceptional quality, good taste, architecture and design too, and sustainability are all part and parcel of the ‘house’ DNA. Our mission is to connect the sector’s players from Real Estate, to Construction/Renovation, Environment, and Tourism. It’s not by accident that the Real Estate ‘Oscars’ presentation ceremony means more that just an event to recognise the winners in each category, but is also an event where company professionals can network, a showcase for new and established brands, and a meeting place for developers, investors, builders, designers, architects, environmentalists, hoteliers ...., and for all those who make the real estate sector strong, despite changing political, economic, and social currents, to reconnect... In the March/April issue we will reveal who are the Portuguese Real Estate Awards 2024 Finalists. For now, we can reveal that all of the applicants stand out for their ambition to achieve perfection, the desire to offer the occupants of their buildings products and services that are different and in practice demonstrate that they are committed to the future and that they want to make a positive impact in terms of the urban landscape and natural environment. In the March/April issue we will reveal who are the Portuguese Real Estate Awards Finalists. The big show is scheduled for April 18, 2024.
Equipa Magazine Imobiliário The Magazine Imobiliário team
A sua agente imobiliária
A equipa Célia Aguiar deseja um 2024 cheio de boas oportunidades e concretizações!
w w w . c e l i a a g u i a r . p t | T. : 9 1 8 0 8 11 4 4 * | c e l i a . a g u i a r @ k w p o r t u g a l . p t www.kwpor tugal.pt/celia.aguiar
*Chamada para a rede móvel nacional
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Grande Entrevista 24 Grande Tema
Lead Story
The Big Interview
Paulo Silva
Head of Country da Savills Portugal
Portugal evoluiu muito nos negócios imobiliários Portugal has evolved a lot in the real estate business
Grande Entrevista The Big Interview
“Entro às 7h00 da manhã no escritório com a mesma alegria que entrei no meu primeiro dia de trabalho há 30 anos”, confessou-nos o Head of Country da Savills Portugal. Conhecer a carreira de Paulo Silva é descobrir as últimas três décadas do imobiliário nacional, onde há muitas histórias para contar. “I enter the office at 7am with the same joy that I felt on my first day at work 30 years ago”, reveals Paulo Silva, Head of Country, Savills Portugal. Find out about Paulo Silva’s career trajectory over the last three decades in Portugal’s real estate sector where he has lots of tales to tell.
Entrevista Interview: Carla Celestino Fotos Photos: Anabela Loureiro
Começou a trabalhar em 1993, tendo celebrado no ano passado 30 anos de carreira no imobiliário. Ainda se recorda dos primeiros passos que deu na sua vida profissional? Quando acabei o meu curso superior, em 1990, comecei logo a trabalhar numa empresa que, ao final de dois anos, entrou em insolvência. Por essa altura ainda estava instituído o serviço militar obrigatório pelo que pedi a antecipação da incorporação, mas após a recruta uma das coisas que não queria ter era um vazio curricular, pelo que me inscrevi numa pós-graduação em Gestão, Instituições e Operações Financeiras porque tenho uma paixão pela área financeira. Em Dezembro desse ano, um amigo que também estava nesse curso perguntou-me se queria ir trabalhar para o imobiliário. E eu não fazia a mínima ideia do que era o imobiliário. O imobiliário nessa altura ainda não era muito apetecível, ou já era? Na altura era conhecido entre famílias que já vinham da área do imobiliário ou que trabalhavam na construção civil, não era de todo uma das áreas em que se saía das universidades a dizer “eu quero ir trabalhar no imobiliário”. Ainda assim aceitei o repto, e numa sexta-feira fui a uma entrevista com o engenheiro João Polónia que no final me dizia, para espanto meu, “então, se estiver de acordo,
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começa a trabalhar na próxima segunda-feira.” Comecei a trabalhar no 245 da Avenida da Liberdade e logo com dois “monstros”: a Ferrovial, que na altura facturava um milhão de contos por dia, e a Vallehermoso, a maior imobiliária espanhola. Como era a consultoria imobiliária nesse período? Só para lhe dar uma ideia, na altura haviam apenas três consultoras de referência: CBRE, Healey & Baker e Donaldsons. Pouco tempo depois da Ferrovial Vallehermoso fui para a Healey & Baker (mais tarde deu origem à fusão com a Cushman & Wakefield) e a equipa era constituída por apenas 12 pessoas. Costumo gracejar dizendo que 25% das pessoas com que trabalhei na Healey & Baker ainda hoje estão na C&W, que são três (risos). Estávamos a dar os primeiros passos. A Quinta da Fonte começava a ser edificada. A Avenida Columbano Bordalo Pinheiro ainda era tida como main street retail, não haviam muitos edifícios de referência e não existia nada no corredor do Parque das Nações. Lisboa era assimétrica: ia da Avenida da Liberdade ao corredor Oeste, e no resto da cidade não se passava nada, tudo era muito insipiente. Em 92/93 inicia-se no imobiliário e sete anos depois ganha coragem e lança a sua própria empresa. Foi isso? Depois de várias experiências em empresas
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nacionais e internacionais, em 2000 tomei essa decisão. Até porque já antes, em 1996, a Patrícia (esposa e actual CEO da Savills Portugal) tinha também criado a sua empresa, a Melo e Liz Design. Quisemos em conjunto criar um espaço próprio, pois considerámos que havia algumas coisas ao nível de gestão que podiam ser melhoradas, queríamos ter um ambiente agradável para trabalhar e proporcionar um serviço de excelência aos nossos clientes. Foi assim que nasceu a Cosmopolita. O Paulo foi um dos pioneiros a desbravar muito do caminho imobiliário nacional, o que, calculo, não tenha sido nada fácil. Nada, nada fácil. Ainda mais porque em Portugal temos a tendência para sobrevalorizar o que vem de fora. Lembro-me, no tempo em que ainda se ligavam para as assistentes, se dissesse que era da Healey & Baker ou da Donaldsons, nomes estrangeiros e com estatuto, tudo era facilidades. Quando o nome era português tudo era mais difícil. Recordo-me também, antes de constituir a minha empresa, que tivemos um cliente que aconselhámos a fazer um rebranding e que nos disse categoricamente que não estava interessado nessa estratégia. Mas quando o seu director-geral, que era “inglês”, em reunião, afirmou que tinham de investir em novo branding, marketing e publicidade, o mesmo cliente disse logo que sim. E eu fiquei boquiaberto. Naquela altura tudo o que era dito em inglês parecia ter mais sensatez… Deve ter muitas histórias dessa altura… Tenho várias, mas posso contar um episódio curioso, acho que a pessoa não vai se importar, que se passou com o Miguel Santana quando ainda estava no Millennium bcp (actualmente é board member na Fidelidade Property). Disse-me abertamente que não conhecia a Cosmopolita, nem tão pouco a minha pessoa, e que por isso não me entregava um conjunto de lojas que tinha na Rua Augusta porque era um dos seus melhores activos. Nessa altura fui buscar uma multinacional para trabalharmos lado a lado e, pouco tempo depois, a multinacional, porque não estava alinhada com as ideias do Millennium bcp, acabou por se afastar e eu comecei a desenvolver relações em crescendo com o banco, ao ponto de sermos a empresa com mais activos vendidos num ano. Esta história revela como foi difícil desbravar este caminho.
Há outras…, a caminho de uma reunião com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) disseram-nos que nos iam fazer algumas perguntas, como por exemplo, qual o nosso capital social - era só cinco mil euros, quem eram os sócios - só o Paulo e a Patrícia, a que grupo pertencem não tínhamos nenhum grupo por trás… olhámos um para o outro e percebemos que estavam reunidas as condições para esta parceria não funcionar. No final do dia, para surpresa nossa, recebemos o primeiro mandato que a CGD deu para fazer procurement em nome do banco. Em 2007 fizeram a fusão com a espanhola Aguirre Newman, liderada por Carlos Moedas, e deram o salto ibérico. No início desse ano dissemos à nossa equipa que um dos nossos objectivos era estar em Madrid. No entanto, estávamos longe de imaginar que iriamos fazer uma fusão com a maior consultora imobiliária ibérica, a Aguirre Newman, o que veio a acontecer em Setembro. O Carlos Moedas veio ter comigo e disse-me que sentia que existia uma complementaridade muito grande entre as nossas empresas, que não chocávamos nos mesmos exclusivos, e que tinha um feedback muito positivo da nossa empresa em termos de capacidade de trabalho e valores.
Comecei a trabalhar no 245 da Avenida da Liberdade e logo com dois “monstros”: a Ferrovial, que na altura facturava um milhão de contos por dia, e a Vallehermoso, a maior imobiliária espanhola. I started working at 245 Avenida da Liberdade and straight off with two giants in the business: Ferrovial, which at the time was turning over a thousand million escudos per day, and Vallehermoso, the largest Spanish real estate operator”.
Grande Entrevista The Big Interview
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Que tem mais de 40 mil pessoas em todo o mundo, mas que tem um tratamento familiar e de uma proximidade inacreditável. Há três anos, estava a tomar o pequeno-almoço com o nosso CEO Savills UK & EMEA, James Sparrow, em Cannes, no contexto do MIPIM (feira de imobiliário em França), e perguntava-me quantos eramos em Portugal e respondi que a nossa equipa tinha 53 elementos. Ao que ele me disse que, dentro de pouco tempo, íamos ser 100. Eu pensei: “Ele está louco!”, mas em 2023 atingimos os 160 colaboradores. Na inauguração do nosso novo escritório, em 2021, o James voltou a dizer-nos que, dentro de pouco tempo íamos ser 200 pessoas e eu comecei logo a pensar num novo escritório. Eu passei uma vida inteira a perguntar às pessoas: “Como posso ajudá-lo?” e acabei numa empresa em que o mote é precisamente “Como posso ajudá-lo?”. É uma coincidência “levada da breca”.
Foi também muito sincero ao dizer-nos que ia ficar pouco tempo na empresa, e espero não estar a cometer nenhuma inconfidência, porque tinha como meta seguir o caminho da política. Já eu nunca defini a minha carreira como sendo um CEO, foi um caminho que foi acontecendo naturalmente. Nessa altura sentiu que o volume de negócios imobiliários tinha aumentado o seu peso quer na empresa, quer também no próprio País? Sim, aumentou consideravelmente. Os produtos que existiam em termos de natureza eram muito standards mas estavam em grande desenvolvimento, sobretudo os centros comerciais e também os edifícios de escritórios. Dá-se a conclusão da primeira das duas torres de Lisboa e concluem-se os primeiros edifícios da Quinta da Fonte. Destacavam-se o edifício OMNI do arquitecto Regino Cruz, o Café de Lisboa, o Heron Castilho e o Scandia. Não havia nada de operations de capital markets como temos hoje, nomeadamente residências para estudantes, e as estruturas de serviços eram muito pequenas. E já havia algum predomínio de promotores nacionais. Recorde-se que depois da grande crise financeira, à parte da Sonae, deixámos
de ter a figura dos grandes grupos como era o caso do Grupo Amorim; e passou a surgir a figura do asset management, do parceiro local, que se ficou a dever ao facto de 85% do investimento no nosso mercado ser feito por estrangeiros. Hoje está mais fácil fazer negócios? Portugal evoluiu muito nos negócios imobiliários. Não obstante os actuais cenários económicos ou políticos, cujo impacto é mais psicológico do que outra coisa, até porque passámos por uma crise duríssima e uma pandemia e fomos resilientes, o que é certo é que hoje o País já está no radar dos investidores, tem bons produtos e basta sentarmo-nos numa sala para darmos a conhecer um projecto através do Google Earth, ou reunimos através do Teams… Mas não está mais fácil fazer negócio porque somos mais empresas a trabalhar e bem neste sector, a informação (empresas, particulares e activos) está acessível a todos e torna-se mais difícil acrescentar valor. Voltaram a crescer com a transição para a britânica Savills. Desta vez foi mais fácil dar este salto? Foi facílimo! Constatei com a Savills que existia uma empresa que eu julgava não existir.
Acredita em coincidências ou o destino tem hora marcada? Quem me conhece sabe que um dos pilares da minha vida é a minha formação e o meu caminho cristão e uma das vantagens desta crença é que cada dia é um novo dia. Claro que não deixo de pecar, mas tento, no dia a seguir, fazer melhor e deixar-me guiar pelo Espírito Santo. Na Savills tentamos ser pró-activos e não estar parados. Jeff Bezos diz, com muita graça, que nós temos de ter sempre a atitude do primeiro dia na empresa e é isso que perseguimos quer na nossa comunidade de empresa, quer para os nossos clientes. Não tenho um ano de carreira e mais 29 anos de copy-paste. Entro às 7h00 da manhã no escritório com a mesma alegria que entrei no meu primeiro dia de trabalho há 30 anos. Quando perder esse prazer entro em end of the line. You began working in 1993 having celebrated a 30-year career in real estate in 2022. Do you still remember the first steps you took in your professional life? When I completed my higher education in 1990, I immediately began working for a company that after two years filed for bankruptcy. At that time there was still mandatory military service, so I applied for early entry, but after recruitment one of the things I didn’t want to have was a gap in my curriculum, so I signed up for a post-graduate masters degree
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in Management, Institutions and Financial Operations because I was passionate about the financial area. In December of that year a friend who was also on that course asked me if I fancied working in real estate. I had no idea about it at all. Was real estate particularly appealing at that time or not? At the time it was very much a family affair, involving families in real estate or civil construction, but it wasn’t an area in which after
university you’d say, “I want to go and work in real estate”. Nevertheless, I accepted the challenge, and had an interview on a Friday with an engineer João Polónia who at the end to my surprise said: “So, you can start on Monday if that’s O.K. with you.” I started working at 245 Avenida da Liberdade and straight off with two giants in the business: Ferrovial, which at the time was turning over a thousand million escudos per day, and Vallehermoso, the largest Spanish real estate operator.
What was real estate consultancy like at that time? Just to give an idea, there were only three benchmark consultants at the time: CBRE, Healey and Baker, and Donaldsons. Shortly after working for Ferrovial Vallehermoso I went to work for Healey & Baker (later it merged with Cushman & Wakefield), and the team comprised just 12 people. I usually quip that 25% of the people I worked with at Healey & Baker are still working today with C&W; that means three. (he laughs) We were taking our first steps. Work had just started on the Quinta da Fonte office park. Avenida Columbano Bordalo Pinheiro was still the main retail high street, and there weren’t many landmark buildings, and there was nothing along the Parque das Nações corridor. Lisbon was asymmetrical: it went from Avenida da Liberdade to the West corridor, and there was nothing else going on in terms of offices in the rest of the city; it was all rather lacklustre.
Eu passei uma vida inteira a perguntar às pessoas: “Como posso ajudá-lo?” e acabei numa empresa (Savills) em que o mote é precisamente “Como posso ajudá-lo?”. É uma coincidência “levada da breca” I’ve spent an entire life asking people: “How can I help you?” and ended up in a company where the motto is precisely “How can I help you?” It’s a strange and surprising coincidence”.
Grande Entrevista The Big Interview
You started off in real estate in 92/93, and seven years later you had the courage to start your own company. Was that it? After various stints in Portuguese and international companies I took that decision in 2000. In fact, my wife Patrícia Melo e Liz (currently CEO of Savills Portugal) had set up her own company, Melo e Liz Design. We wanted to set up our own office space together. Indeed, we thought that there were some things that could have improved on at a management level, and we wanted to have a pleasant environment in which to work and provide an excellent service for our clients. That’s how Cosmopolita started. Paulo, you were one of the pioneers who blazed a trail in Portuguese real estate. I imagine that can’t have been easy. It wasn’t at all easy. Even more so because in Portugal we tend to think that whatever comes from abroad must be better. I remember that at a time when business
deals were still linked to assistants, if you said that a deal was assisted by Healey and Baker or Donaldsons, both foreign names of renown, things went much smoother. If the company was Portuguese, it was more difficult. I also recall, before setting up my company, we had a client who we advised to rebrand, but told us categorically that they weren’t interested in that strategy. But when his managing director, who was ‘English’ told him in a meeting that they had to invest in rebranding, marketing and publicity, the same client immediately agreed. I was astounded! At that time everything that was said in English seemed wiser. You must have a lot of stories to tell about that time... I’ve several, but there’s one strange episode and I don’t think the person involved will mind. It’s about Miguel Santana when he was still at Millennium bcp. (He’s cur-
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rently a board member at Fidelidade Property) He openly told me that he didn’t know Cosmopolita, let alone me, which is why he wouldn’t do business with us over a number of shops that he had in Rua Augusta in Lisbon because they were among his best assets. At that time I brought in a multinational to work alongside us, and shortly afterwards, the multinational, because it was not aligned with the ideas of Millennium bcp, began pulling out, and I began to develop growing relations with the bank to the point that we were the company that had sold the most assets in a year. This story shows just how difficult it was to blaze a trail. There are others ..., on the way to a meeting with Caixa Geral de Depósitos (CGD) they told us that they were going to ask us some questions, like for example what our share capital was (it was only €5,000), who were our partners (just Patrícia Liz and I), what group we belonged to (we had no group behind us) ... We looked at each other and real-
30 Grande Entrevista The Big Interview
Quem me conhece sabe que um dos pilares da minha vida é a minha formação e o meu caminho cristão e uma das vantagens desta crença é que cada dia é um novo dia.” Those who know me know that one of the pillars of my life is my education and my path as a Christian and one of the advantages of this belief is that each day is a new day.” ised that we didn’t stand a ghost of a chance under those circumstances. At the end of the day, to our surprise, we were given our first procurement mandate on behalf of the bank. In 2007 you merged with the Spanish consultancy Aguirre Newman led by Carlos Moedas, and took a leap into the Iberian market. At the start of the year, we said to our team that one of our goals was to be in Madrid. Meanwhile, we were far from imagining that we would merge with the largest Iberian real estate consultancy, Aguirre Newman, which took place that September. Carlos Moedas met me and said that he felt that there was a very great complementarity between our companies, and that we did not clash in the same exclusive areas, and that he had got very good feedback in terms of working capacity and values. He was also very sincere in saying to us that he wouldn’t be staying long in the company, and I hope that I’m not breaking any confidence, because his goal was to follow a political path. Now, I never defined my career to become a CEO, it was a path that happened naturally. At that time did you feel that real estate
turnover had increased its importance both in the company and in the country? Yes, it increased considerably. The products that existed in terms of their nature were very standard, but were developing considerably, particularly with shopping centres and office buildings. It led to the first of the Lisbon twin towers being completed, as were the first buildings of Quinta da Fonte. The OMNI building by Regino Cruz, the Café de Lisboa, Heron Castilho, and Scandia all stand out as examples. There were no capital markets operations like we have today, meaning students’ residences, and services structures were very small. And there was already some predominance of national developers. It will be remembered that following the great financial crisis, apart from Sonae, we no longer had the stature of large groups such as Amorim; and saw the emergence of asset management, of the local partner, which was down to the fact that 85% of investment in our market was made by foreigners. Is it easier to do business today? Portugal has evolved a lot in the real estate business. Despite the current economic and political situations, whose impacts are more psychological and anything else, we’ve gone through a really tough crisis and a pandemic
in which we proved to be very resilient. What is certain is that today Portugal is on the investors’ map, has good products and these days you only have to sit in a room to discover a project through Google Earth, or set up a Teams meeting... But it isn’t easier to do business because there are more companies like us working this sector well (companies, private players and assets) and information is available to everyone, and makes it more difficult to add value. You grew again with the transition to the British consultancy Savills. Was it easier this time to take the leap? Super easy! I noted with Savills that here was a company that I had thought hadn’t existed. A company that employs 40,000 people worldwide but has a family atmosphere and an unbelievable reach on the ground. Three years ago, I was had breakfast with our CEO from Savills UK & EMEA, James Sparrow in Cannes in the context of MIPIM (a real estate fair in France), and he asked me how many we were in Portugal, and I replied that there were 35 of us. To which he told me that shortly we’d be 100. I thought: He must be crazy! but in 2023 we’d reached 160 staff. At the inauguration of our new office in 2021, James came back and told us that we’d soon have 200 and I immediately began thinking about a new office. I’ve spent an entire life asking people: “How can I help you?” and ended up in a company where the motto is precisely “How can I help you?” It’s a strange and surprising coincidence. Do you believe in coincidences or destiny? Those who know me know that one of the pillars of my life is my education and my path as a Christian and one of the advantages of this belief is that each day is a new day. That doesn’t mean that I’m not a sinner, but the following day I try to do better and allow myself to be guided by the Holy Ghost. At Savills we try to be proactive and not stand still. Jeff Bezos said, and this is quite interesting, that we should always have a ‘my first day at work’ attitude and this is what we pursue both in our company community and for our clients. I don’t have one year of career and 29 years of copy-paste. I enter the office at 7am with the same joy that I felt on my first day at work 30 years ago When I lose that pleasure, I know it’s the end of the line.
ORGANIZAÇÃO
PARCEIRO ESTRATÉGICO
CO-ORGANIZAÇÃO
PARCEIRO OFICIAL
PORTAL OFICIAL
EM SIMULTÂNEO
SEMANÁRIO OFICIAL
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Avila Spaces
Há um novo e inovador flexoffice a Oriente Oriente - the new and innovative flexoffice
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No edifício que outrora albergou a sede da Expo 98, na Avenida D. João II, e apenas a um pulinho da estação de comboios da Gare do Oriente, encontra-se o novo “flexoffice” do Avila Spaces. Além das áreas de trabalho, tem como grande novidade o Cowork Café. Se está à procura de um sítio para trabalhar de forma flexível saiba que vai ser inaugurado em Janeiro de 2024. In the building that formerly housed the headquarters of Expo 98 on Lisbon’s Avenida D. João II, and just a stone throw from the Gare do Oriente train station, is the new flexoffice from Avila Spaces. Apart from work areas, its great new feature is the Cowork Café. If you are looking for a place to work in a more sustainable way, know that it will open in January 2024. Fotos Photos: Joaquim Morgado
Carlos Gonçalves, CEO do Avila Spaces, começa por nos dizer que em termos estratégicos era importante ir além dos actuais flexoffices nas Avenidas Novas e marcar presença na zona Oriental de Lisboa. Por isso, após dois espaços de sucesso localizados na Avenida da República e no Centro Comercial Atrium Saldanha, abre um terceiro no Parque da Nações. “As empresas com modelo híbrido procuram dar aos seus colaboradores a oportunidade de trabalhar onde lhes é mais conveniente, tal é o caso das grandes empresas como a Nielsen, nosso cliente, que preferem este modelo aos escritórios tradicionais. Isto porque o período de arrendamento é mais curto e renovável, não é necessário investimento inicial e dá a possibilidade de beneficiar de um office e community manager”, explica-nos. A localização não poderia ser melhor. Insere-se numa zona da cidade considerada um hub tecnológico e encontra-se a cinco minutos da Gare do Oriente, beneficiando igualmente de uma boa rede de transportes rodoviários, a par do Metropolitano e da proximidade com o aeroporto. Sendo um plus o facto de o edifício oferecer estacionamento. Com um investimento na ordem de um milhão de euros, possui 1000 metros quadrados distribuídos por dois pisos. Ao todo oferece 130 postos de trabalho em cowork e 12 escritórios com 168 postos de trabalho. A grande novidade surge ao nível do piso térreo com o Cowork Café que vai muito além de oferecer café, chá ou limonada. “Esta é
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uma área muito versátil que tem uma cafetaria que inicialmente estará aberta apenas às empresas - quer as que vão operar neste cowork, quer as que se encontram no edifício -, mas no futuro queremos que sirva o público em geral.” Este é um conceito que já existe a nível internacional, mas que o Avila Spaces está a testar em Portugal. Faz ainda parte do piso térreo locais de trabalho partilhado, escritórios privativos, phone booths e área de eventos. Segundo Carlos Gonçalves, esta última vertente “tem capacidade até 100 pessoas, com a possibilidade de ser fechado e separado da área de trabalho para eventos privados dos nossos parceiros, estando equipado com um palco, videowall e sistema profissional de som e imagem, que acredito ser uma mais-valia para os clientes.” Ocupando o rés-do-chão e o 5º andar, oferecem, em termos globais, nove salas de reunião todas equipadas com videowall numa parceria com as empresas Logitech e Jabra. E porque este não é um flexoffice rígido, mas vivo, maleável, encontram-se também a testar o conceito de “Innovation Room”, especialmente dedicado para equipas envolvidas em processos de co-criação, inovação e “brainstorm”. Ficamos a saber que já têm alguns escritórios ocupados e que estão a ser muito procurados por multinacionais e empresas tecnológicas, em transição para espaços com áreas mais reduzidas e em formato “flexoffice”. Grandes janelas, muita luz natural, áreas de trabalho modernas, tecnológicas e propícias
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quer à atracção e retenção de talento, quer ao trabalho em grupo ou individual, tem o seu ponto alto numa decoração muito original que nos faz sentir confortáveis, como se estivéssemos em casa e, ao mesmo tempo, produtivos e criativos como se quer em ambiente de trabalho. “Em 2024 o Avila Spaces comemora 20 anos e acredito que vamos começar bem o ano ao proporcionar uma experiência única de trabalho no Parque das Nações”, remata o CEO Carlos Gonçalves. Carlos Gonçalves, CEO of Avila Spaces, starts by telling us that in strategic terms it was important to go beyond the current flexoffices on Avenidas Novas and have a presence East Lisbon area, which is why after two successful spaces on Avenida da República and in the Centro Comercial Atrium Saldanha shopping mall, they are opening a third in Parque da Nações.
“Companies with a hybrid model aim to offer their staff the opportunity of working where it is most convenient for them, a case in point are large companies like Nielsen, our client, which prefers this model to traditional offices. This is because the rental period is shorter and renewable, you don’t need to stump up an initial investment and it offers the possibility of benefitting from an office and community manager”, he tells us. The location couldn’t be better. It is set within an area of the city considered to be a technology hub and is just five minutes from Gare do Oriente train station, benefitting equally from a good road transport network, as well as the Metropolitan, and proximity to the airport. The parking in the building is also a plus. With an investment of around one million euros, it has 1000 square metres of space spread over two floors. All told, it offers 130 co-workspaces and 12 offices for 168 employees. The big novelty is the Cowork Café on the
As empresas com modelo híbrido procuram dar aos seus colaboradores a oportunidade de trabalhar onde lhes é mais conveniente. Companies with a hybrid model aim to offer their staff the opportunity of working where it is most convenient for them.”
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A grande novidade surge ao nível do piso térreo com o Cowork Café que vai muito além de oferecer café, chá ou limonada. The big novelty is the Cowork Café on the ground floor that goes far beyond offering coffee, tea, or lemonade.”
ground floor that goes far beyond offering coffee, tea, or lemonade. “This is a very versatile area that has a cafeteria that was initially open for companies - whether those operating in this cowork, or those looking for a building-, but in the future we want to serve the public in general.” This is a concept that already exists at an international level, but which Avila Spaces is testing out in Portugal. They also offer shared working places and private offices, phone booths and an events area on the ground floor. According to Carlos Gonçalves, this latter aspect “has the capacity for up to 100 people, with the possibility of part of the ground floor being closed off and separated from the work area for events since it is equipped with a stage, videowall and professional sound and image system, which I think will be an asset for clients”. Occupying the ground floor and the 5th floor, all together they offer nine meeting rooms equipped with videowall in a partnership with the company Logitech and Jabra. And because
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this is not a rigid but an alive and malleable flexoffice, they are also testing the concept of the ‘Innovation Room’ especially dedicated to teams involved in co-creation and innovation processes and brainstorming sessions. We learn that some offices are already occupied, and they are highly sought after by multinationals and technology companies, looking to downsize, and rent a flexoffice format. Large windows, plenty of natural light, and modern and technological work areas which are work conducive, both in terms of attracting and retaining talent, and working both individually or in groups, its high point is the very individual décor that makes us feel at home, while at the same time productive and creative, which is what you want in a working environment. “In 2024 Avila Spaces celebrates 20 years and I believe we’ll start the year off on the right foot by providing a unique work experience at Parque das Naçoes”, concludes the CEO, Carlos Gonçalves.
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Tiny Forests
Renaturalizar o espaço urbano Re-greening the urban area
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Um pouco por todo o mundo, emerge a tendência de trazer a Natureza de volta às cidades e pequenas florestas estão a enraizar-se nos corações das urbanizações. O objectivo é ajudar o Planeta a respirar. All over the world a trend to reintroduce nature to the cities is emerging and small forests are taking root in the heart of urban areas. The objective is to help the planet breathe.
Texto Text: Fábio Lopes
A História do Homem tem sido acompanhada pelo erguer e constante evoluir das suas cidades, cujos prédios e pavimentos preencheram territórios outrora povoados por fauna e flora. Uma perda de biodiversidade que se ressente na saúde do Planeta. Nos últimos anos, contudo, tem-se assistido a uma tentativa de voltar a trazer a Natureza para o centro da vida citadina. Países como o Brasil, o Japão e o Reino Unido têm sido palco do nascimento de Tiny Forests (mini-florestas) nos corações das suas cidades. O que são as Tiny Forests e qual a sua utilidade pública? As mini-florestas urbanas foram conceptualizadas nos anos 70 pelo botânico japonês Akira Miyaki e, implementadas em apenas alguns metros quadrados, visam restaurar a biodiversidade e auxiliar no combate às alterações climáticas. Amadurecendo em apenas 20 anos, têm mostrado benefícios como o facto de reterem 30 vezes mais carbono que as áreas convencionalmente arborizadas, de abrigarem 18 vezes mais biodiversidade e de, a longo prazo, terem a capacidade de, com apenas 100 metros quadrados de floresta, compensar as emissões de carbono que um cidadão europeu produz num ano.
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Renaturalização do espaço urbano português
Em Julho de 2022, a Organização Não Governamental de Ambiente Quercus reuniu um conjunto de propostas que visam implementar algo semelhante ao conceito de Miyaki na gestão dos espaços verdes urbanos nacionais, para que sejam aproveitados os benefícios ambientais desta renaturalização do espaço citadino. Vendo o nosso País como um exemplo de excesso de área impermeabilizada e de relvados, sugere remover o pavimento e converter os relvados em prados naturais e floridos. Estes prados devem ser biodiversos e multifuncionais, de modo a tornarem-se verdadeiros mini-ecossistemas auto-suficientes que não exigem grande manutenção. Importa que sejam refúgios e locais de alimentação para polinizadores como abelhas, borboletas e escaravelhos, visto que 85% das plantas selvagens dependem dos seus serviços de polinização. Para tal, deverão ser adoptadas práticas como verdejar as áreas pavimentadas, aceitar as ervas espontâneas, cobrir os espaços verdes de vegetação autóctone e instalar hotéis para insectos e refúgios para outros animais.
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Fora da caixa Out of the box
A instalação destes espaços ajardinados contribuirá para a melhoria da qualidade do ar, reforço do sistema imunológico da população envolvente, prevenindo ainda cheias e inundações e regulando a temperatura do ar (um coberto arbóreo superior a 40% pode reduzi-la em até 3.5 graus). Para o sucesso deste modelo, é fundamental promover o espírito de participação da comunidade e de reconexão com a natureza na proximidade, valores que se sustentam mutuamente e facilitam a manutenção e usufruto destes espaços. The history of humankind has been accompanied by the rise and constant development of cities whose buildings and pavements and filled in what used to be areas populated by flora and fauna. It has resulted in a loss of biodiversity that impacts on the health of the planet. In recent years, however, there has been an attempt to bring nature back to the centre of citizen life. Countries like Brazil, Japan, and the United Kingdom have been the stages for
the birth of tiny forests in the heart of its cities. What are these tiny forests and what is their public use? Tiny urban forests were conceptualised in the 70s by the Japanese botanist Akira Miyaki and put into practice only in a few square metres with the aim of restoring biodiversity and help fight climate change. Maturing in just 20 years, it has shown benefits like the fact of taking up 30 more times carbon than conventionally planed areas, attracting 18 times more biodiversity and, in the long term, having the capacity to offset carbon emissions that a European city produces in a year from just a 100 square metre forest.
Re-greening Portuguese urban spaces
In July 2022, the Non-Governmental Organisation Quercus collected several proposals that aimed to implement something similar to the Miyaki concept in the management of Portuguese urban green spaces so that citi-
Sabe o que é a Pi-Pop?
Do you know what Pi.-Pop is? As bicicletas eléctricas surgem, nas cidades, como uma alternativa sustentável para quem quer fugir ao trânsito e aos preços do combustível. No entanto, a produção das suas baterias consome recursos naturais que exigem processos de extracção com um forte impacto ambiental, como o lítio. Criada pelo empresário francês Adrien Lelièvre, a bicicleta eléctrica Pi-Pop vem revolucionar o paradigma do ciclismo sustentável, abandonando as baterias de lítio e recorrendo à energia electrostática para propulsionar o seu funcionamento. Equipada com supercapacitores recicláveis, produz e armazena energia enquanto é pedalada e, graças ao seu travão-motor, liberta-a para auxiliar acções difíceis, como o arranque ou uma subida. A bicicleta Pi-pop inova ainda no facto de não necessitar de ser carregada, tendo uma vida útil que varia entre os 10 e os 15 anos. Electric bicycles have appeared in cities as a sustainable alternative for those who want to escape the traffic and the price of fuel. However, the production of its batteries consumes natural resources like lithium that require extraction processes with a strong impact on the environment. Created by the French entrepreneur Adrien Lelièvre, the electric Pi-Pop bicycle has revolutionised the paradigm of sustainable cycling, removing the need to use lithium batteries and using instead electrostatic energy to power them. Fitted with recyclable super capacitors, they produce and store energy while being peddled and thanks to its engine-brake, releases it to facilitate difficult manoeuvres like starting or climbing a gradient. The Pi-pop bicycle is also innovative because it doesn’t need to be charged and has a useful life of between 10 and 15 years.
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Com apenas 100 metros quadrados de floresta, compensamos as emissões de carbono que um cidadão europeu produz num ano. Just 100 square metres of forest offsets the carbon emissions that a European city produces in a year.”
zens could make the most of the environmental benefits of re-greening these areas. Seeing our country as an example of an excess of tarmacked, paved and grassed over areas, it suggests removing some paved and grassed areas, and convert them into natural floral meadows. These meadows should be biodeverse and multifunctional, so as to become genuine self-supporting mini ecosys-
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tems that don’t need much maintenance. It is important that they become sanctuaries and feeding stations for pollinators such as bees, butterflies, and beetles given that 85% of wild plants depend on the services of these inspects to be pollinated. For that, practices such as planting paved areas, accepting weeds, covering green spaces with local vegetation, and installing bug hotels and refuges for other animals. The installation of the gardened areas would contribute towards improving air quality, strengthen the immune systems of the surrounding population, whilst also preventing floods and regulating the air temperature. (A tree canopy of over 40% can reduce air temperatures by up to 3.5%. For this model to be successful, it is vital to foster a spirit of community involvement and of reconnecting with nature on the ground, with mutually sustainable values that make it easy to maintain and enjoy these areas.
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Habitat Verde Green Habitat
Um mundo às avessas, ou talvez não?
A world upside down, or perhaps not?
Alexandra Azevedo Presidente da Direcção Nacional da Quercus President of the Quercus National Board
Ao ritmo a que as notícias nos chegam diariamente, cada dia acontece algo que vai marcando a história. Crises políticas, crises humanitárias, crise climática…dominam as notícias. Então, como alimentar a nossa vida com emoções positivas e contornar a ansiedade e outras emoções negativas? É um exercício desafiante, mas possível. Encarar a realidade, em que muitas mudanças positivas podem passar despercebidas, pois muitas nem sequer chegam ao plano mediático, mas estão a acontecer, e procurar e/ou manter o nosso foco nas soluções, estimulando a nossa criatividade construtiva e positiva. Destruição e regeneração coexistem. Uma e outra vão ganhando espaço e impacto em função, em primeiro lugar, pelas nossas ideias e intenções. Depois, com foco e persistência, vêm os resultados queremos. Estamos efectivamente num momento de mudanças em que muitas decisões, por pequenas que sejam, estão nas nossas mãos, para aproveitar as ocasiões a nosso favor, no plano individual, familiar e colectivo em vários níveis. Numa percepção de que tudo está interligado, o processo de regeneração, acontece em vários planos ou níveis que se entrecruzam. Por exemplo, a regeneração do nosso corpo também produz efeitos na regeneração do território! Como? O estado da nossa saúde, pode levar-nos a tomar grandes resoluções transformadoras para alcançar a regeneração do nosso corpo que desejamos, ultrapassando o que não queremos, o estado de doença. Neste processo, com a escolha de alimentos mais
saudáveis, biológicos e locais, com ementas simples e económicas, advêm impactos positivos na regeneração à nossa volta. O conhecimento é a chave do sucesso. Por outro lado, a regeneração do nosso corpo, empodera-nos para fazer muito mais, e potenciar a nossa acção noutros planos ou níveis. Com a celebração de mais um Novo Ano, é um momento renovado para olharmos com “olhos de ver” para cada hábito, cada tarefa, cada pensamento e desejo, e questionar-nos: o que podemos fazer mais e melhor, gerando influência positiva na nossa vida e à nossa volta? Pedir e procurar ajuda na construção desse propósito, torna o caminho mais fácil, e reforça o espírito comunitário pelo Bem Comum. The rate at which the news arrives daily something happens every day that will leave its mark on history. Political crises, humanitarian crises, and climate crisis ... Dominate the news. So, how can we nourish our life with positive emotions, and get over anxiety and other negative emotions? It’s a challenging exercise, but possible in facing a reality in which many positive changes can pass us by; indeed, many not even making it to the news, but are happening, and see and/or keeping our focus on solutions, stimulating our constructive and positive creativity. Destruction and regeneration co-exist. One or other gain space and impact firstly according to our ideas and intentions. Then, with focus and persistence, we get the results that we want.
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41 DR Foto: Shane Rounce na Unsplash
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We are affectively in a time of changes, in which many decisions, as small as they may be, are in our hands, and it is up to us to make the most of occasions in our favour, on an individual, family and collective plan on various levels. With a perception that everything is interlinked, the process of regeneration happens on various planes and levels that interweave. For example, the regeneration of our body also produces effects on the regeneration of the territory. How? The state of our health may lead us to make great transformational resolutions to achieve the regeneration of our body; a body that we want to have, overcoming what we don’t want, the state of illness. In this process, with
the choice of healthier, biological and local foods, with meals that are simple and economical, come positive impacts on the regeneration of the world around us. Knowledge is the key to success. On the other hand, the regeneration of our body empowers us to do much more, and boosts our action on other plains and levels. With the celebration of another new year, it provides a moment of renewal to open our eyes to each habit, task, thought and desire, and ask ourselves: what can we do more and better, to create a positive influence in our life and around us? Asking and seeking help in building this purpose makes the road easier and strengthens the community spirit for the common good.
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Something Group
Ir além da imaginação Going beyond imagination
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O nome deste atelier de arquitectura remetenos, desde logo, para algo que vai muito além do nosso ser, acutilanos os sentidos, deixanos curiosos. Quisemos ser intrometidos e, por isso, fomos, com um pé no imaginário e outro na realidade, conhecer a esfera que rodeia o atelier Something Imaginary Architects liderado por João Resende e Sara Afonso. The name of this architects’ studio immediately seems to refer to something that is way beyond our ken; pricks our senses, and makes us curious. We felt like being nosy and so we went, with one foot in the imaginary, and the other in reality, to find out what makes Something Imaginary Architects, managed by João Resende and Sara Afonso, tick. Texto Text: Carla Celestino
Desde o primeiro contacto que a conversa fluiu como cerejas num moderno e muito acolhedor atelier em Lisboa, embora também tenham escritório em Grândola. Sentimo-nos em casa e somos recebidos por dois anfitriões que nos abrem a porta do seu mundo sonhado e materializado. Sem rodeios, João Resende diz-nos que, “apesar de estarmos sempre muito focados na prestação de um serviço de excelência ao cliente, somos teoricamente pessoas criativas e apontámos o nosso foco ao intangível. E o que nos pode diferenciar é a imaginação!” Daí o nome: Something Imaginary Architects. Sara Afonso coloca a tónica na sua equipa criativa: “É o todo da empresa que faz algo diferente, não queremos ser um gabinete de assinatura mas um colectivo e uma confluência de energias, pensamentos, acções, imaginários.” Ambos já trabalhavam há algum tempo no mercado, mas em 2017 decidiram criar a sua própria empresa. Como nos dizem: “O nosso primeiro grande projecto foi criado na mesa da sala de jantar lá de casa”. São arquitectos diferenciados com pontos em comum, que passaram por diferentes empresas privadas, da administração pública, gestão e concepção de projecto… têm, pois, uma visão de 360º do património, sobretudo imobiliário e turístico. Começaram por traçar projectos de arquitectura mas rapidamente perceberam que toda a cadeia de valor solicitava o seu apoio, desde encontrar um terreno, passando pelos docu-
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mentos e burocracias, projecto e execução em obra, decoração até ao entregar da chave ao cliente ou a festa de inauguração. João Resende conta-nos que em conversa com um amigo seu advogado, sobre um cliente que têm em comum, dizia-lhe que as profissões de “advogado, arquitecto e psicólogo têm tudo a ver, nomeadamente porque tentam perceber como o cliente, sente, pensa e reage para tentar antecipar e ir ao encontro do que ele quer e precisa, e isso faz-se com conversa frente a frente e empatia.” Foi nesta linha de pensamento que surgiu o Something Group que reúne as empresas Something PERFECT (ligada ao imobiliário) Something 3XY (serviços, fiscalização e apoio pós-venda), Something real e SARA AFONSO Architecture & Interior Design, oferece ainda soluções de realidade virtual e 3D. “Estabelecemos com os nossos clientes uma relação de confiança que acaba por perdurar ao longo do tempo e esta constante necessidade de dar resposta ao cliente levou-nos a criar as diferentes empresas dentro do grupo que têm know-how dentro da sua área e podem acompanhar o cliente step-by-step”, explica-nos Sara Afonso. Mas é mais que isso, dizem que o “rosto é o espelho da alma” e quando ambos falam dos seus clientes e dos seus empreendimentos uma luz assoma-se às suas faces irradiando o quanto emocionalmente se envolvem em todo o processo.
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imobiliários em que, quer no conceito, quer no business plan, em conjunto, tentamos criar um produto apetecível para o mercado alvo. Com orçamentos mais apertados conseguimos sempre encontrar a vertente da imaginação e voar”, diz-nos João Resende. Neste momento estão envolvidos na unidade turística de luxo La Réserve, em Comporta, pertencente ao grupo francês Terrésens. Ao todo são 183 unidades de alojamento nas quais, apesar de partirem de uma modularidade, conseguiram criar “casas da aldeia” (villas) únicas, singulares, que não se repetem entre si. Estão agora a lançar-se a nível internacional e entre os seus projectos têm uma finca com 1900 metros quadrados em Toledo, Espanha, e um museu já na calha para o mesmo local. Mas criar um projecto de grandes dimensões como este ou individuais tem o mesmo forte impacte nos arquitectos, apenas aguça o seu engenho de formas diferentes. É com um brilhozinho nos olhos que Sara nos conta que na Comporta “tivemos de aplicar técnicas e materiais artesanais, rústicas, opções fora da nossa zona de conforto como conceber quartos separados do resto da casa porque antigamente era assim que se fazia, tudo isto obrigou-nos a estudar, a falar com os locais, a buscar os artesãos certos...”
Entre a técnica e a criatividade
Dois anos depois de iniciarem o seu percurso a solo, surge a pandemia de Covid-19. Como recordam “tivemos clientes que se meteram no seu jacto privado para virem viver este período pandémico na sua casa que projectámos no Alentejo e outros que só conheceram as suas casas no descofinamento.” Actualmente estão focados no mercado residencial premium no Alentejo litoral, no-
meadamente em Comporta, Melides e Tróia, e também em Lisboa. Entre os seus clientes há pessoas provenientes de França, Reino Unido, Holanda, Suécia, Estados Unidos da América, Hong-Kong…. são de diferentes geografias, mas, sobretudo, de culturas e sonhos díspares. A autenticidade, desaparecer da rede e ter uma vida mais calma é o que todos procuram no nosso País. “Aqui trabalhamos muito com os promotores
Estabelecemos com os nossos clientes uma relação de confiança que acaba por perdurar ao longo do tempo. With our clients we establish a relationship of trust that ends up by enduring over time.”
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Trabalhamos muito com os promotores imobiliários em que, quer no conceito, quer no business plan, em conjunto, tentamos criar um produto apetecível para o mercado alvo. We work a lot with real estate developers whereby both in concept and business plan, together we try to create an attractive product for the target market.”
Já em Lisboa, na zona de Oeiras, tiveram um outro cliente que queria projectar uma casa tão ‘fora da caixa’ que tiveram de imaginar e concretizar soluções que “nunca na vida pensaríamos fazer, como paredes interiores em cristais líquidos, luzes de presença nos rodapés, o acesso ao spa ou à garrafeira através de impressão digital, videowall e luzes flash tipo ‘paparazzi’ no espaço do Ferrari e paredes exteriores com um material à prova de bolas de golfe dado a proximidade com um campo.” Ambos se dedicam-se à Arquitectura de corpo e alma. Não são poetas de letras mas de desenhos, esboços, traçados. João parece mais sério, mas tem um sentido de humor refinado; Sara transborda vida e emoção. Embora seja ela quem nos diz que afinal é ela que é “mais técnica” e ele “mais criativo”. Fazem, sem sombra de dúvida, uma boa ‘parelha’ e isso revê-se nos seus projectos, onde o imaginário não lhes impõe quaisquer limites.
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From the first contact the conversation flowed like wine at the modern and very cosy studio in Lisbon. They also have an office in Grândola in the Alentejo. We feel at home, and we are welcomed by two hosts who open the door to their world of dreams materialised. Without beating around the bush, João Resende tells us that “despite being very focused on providing an excellent service to the client, we are theoretically creative people and direct our focus on the intangible. And what can make us stand out is imagination!” Hence the name: Something Imaginary Architects. Sara Afonso gives a toast to her creative team. “It is that the whole company does something different. We don’t want to be a signature studio, but a collective with a mingling of energies, thoughts, actions, and imaginings.” Both have already worked for some time in the market, but in 2017 decided to set up their own company. As they tell us: “Our first big pro-
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ject was created on the dining room table at home.” They are quite different architects with points in common, who have worked for different private companies, from public administration, project management and design...and indeed have a 360º vision of property, particularly residential real estate, and tourist. They began by designing architecture projects, but quickly realised that the entire value chain needed their help, from finding a parcel of land to dealing with documentation and red tape, designing, and executing the work, the décor and even delivering the key to the customer and organising an inauguration party. João Resende tells us that chatting with his lawyer friend about a client they had in common, he told him that the professions of “lawyer, architect, and psychologist had something in common, particularly because they try to understand how the client feels, thinks, and reacts to try and anticipate and find what they need and want, and this is done with an understanding face-to-face chat.” It was from this line of thought that the Something Group arose, which joins the companies Something PERFECT (linked to real estate), Something 3XY (services, supervision, and after-sale support), Something real and SARA AFONSO Architecture & Interior Design, and the group also offers virtual reality 3 D solutions. “With our clients we establish a relationship of trust that ends up by enduring over time, and this constant need to provide the client with solutions led us to create different companies within the group that have know-how within their field and could support the client stepby-step,” Sara Afonso explains to us. But more than this, they say that the “face is the mirror of the soul” and when both speak about their clients and developments their faces light up and show how emotionally involved, they get in the entire process.
Between technique and creativity
Two years after starting their solo journey came the Covid-19 pandemic. As they recall, “we had clients who boarded their private planes and spent the pandemic in their house that we had designed in the Alentejo and others who only got to know their homes after confinement had ended.” They are currently focused on the premium residential market on the Alentejo coast, namely at Comporta, Melides, and Tróia, and Lisbon too. Among its clients there are people from France, United Kingdom, Netherlands,
Sweden, the United States of America, and Hong Kong... From different countries, but above all, different cultures and with different dreams. Authenticity, disappearing from networks, and having a calmer life is what they all are looking for in our country. “Here we work a lot with real estate developers whereby both in concept and business plan, together we try to create an attractive product for the target market. With tighter budgets we have always managed to find an aspect of the imagination and fly,” João Resende tells us. At present they are involved in the luxury tourist unit La Réserve, in Comporta, belonging to the French Group Terrésens. All told, there are 183 housing units of which, despite using a modular construction system, they have been able to create unique and singular village houses (villas) that are always individual. The architecture studio is now launching on an international level and among its projects are a 1900 square meter finca in Toledo, Spain, and a museum already in the pipeline for the same location. But creating a project of large dimensions as this one is, or individual projects, only sharpens their ingenuity in different forms. With shining eyes Sara tells us that at Comporta “we had to apply artisanal and rustic techniques and materials, and options outside of our comfort zone like designing rooms that are separate from the rest of the house since in former times that’s how they did things, and all of this made us study, talk to the locals, and bring in the right artisans. Then in Lisbon, in the Cascais area, they had another client that wanted a house designed that was so ‘out of the box’ that they had to imagine and design solutions that “we never in our lives imagined doing”, with interior walls in liquid crystals, in-built skirting board illumination, spa or wine cellar with digital finger print access, videowall and paparazzitype flash lights in the Ferrari space, and golf ball proof given its proximity to a golf course. Both are dedicated to architecture body and soul. They are not literary poets or word smiths but artisans of drawn designs, sketches, and layouts. João seems more serious but has a refined sense of humour; Sara overflows with life and emotion. However, she that tells us that he is “more creative,” and she is “more technical.” Without a doubt they make a great ‘double act,’ and this is revealed in their projects, where there are not limits to their combined imagination.
Somos teoricamente pessoas criativas e apontámos o nosso foco ao intangível. E o que nos pode diferenciar é a imaginação! We are theoretically creative people and direct our focus on the intangible. And what can make us stand out is imagination!”
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Foto Photo Reiseuhu na Unsplash
North Winds
Sustentabilidade Sustainability
Porto desafia empresas com criação de Índice Ambiental Porto challenges companies by creating an Environmental Index
Ventos do Norte
O grande objectivo do Porto é atingir a neutralidade carbónica até 2030. A meta está definida e a aposta passa por mobilizar as empresas e stakeholders. Porto’s main goal is to reach carbon neutrality by 2030. The target has been defined and the focus is to mobilise companies and stakeholders.
Texto Text: Elisabete Soares
49 Foto Photo Miguel Caria na Unsplash
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A cidade Invicta, de forma pioneira, está a desafiar directamente as empresas e organizações ligadas ao sector imobiliário para a criação do Índice Ambiental do Porto. Em entrevista à Magazine Imobiliário, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, e com o pelouro do Ambiente e Transição Climática e pelouro da Inovação e Transição Digital, refere que “esta figura, prevista no regulamento do PDM, é um sistema voluntário de avaliação do desempenho ambiental de edifícios em determinados quarteirões”. De referir que esta medida vai proporcionar “isenção de taxas e aumento da capacidade construtiva mediante a execução voluntária de medidas energéticas e ambientais que contribuam para aumentar a eficiência energética e a produção renovável, diminuir a drenagem das águas pluviais para as infra-estruturas aumentando a infiltração no solo, promover as soluções de base natural e optimizar os serviços de ecossistemas, bem como estimular a construção sustentável”, acrescenta o responsável. Filipe Araújo acredita que este índice constituirá um forte estímulo e um sinal institucional ao mercado imobiliário, da disponibilidade e abertura do município para promover soluções disruptivas que contribuam para diminuir a pegada carbónica do edificado. Com o objectivo de atingir a neutralidade carbónica do Porto até 2030, o município tem “procurado assim mobilizar as empresas e os seus stakeholders, entidades públicas, priva-
das e os cidadãos em torno de compromissos ambientais transversais, para lá dos ciclos políticos”, destaca o vice-presidente.
Bom desempenho ambiental
No cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, a cidade do Porto está acima da média nacional no seu cumprimento. “Os resultados de ambas as análises mostram que o Porto tem um bom desempenho geral relativamente aos ODS, contribuindo para a qualidade de vida dos portuenses”, refere Filipe Araújo. O município avalia o cumprimento dos ODS da cidade de duas formas complementares. Recorrendo ao Índice de Sustentabilidade do CESOP – que vem integrando anualmente o Relatório de Desenvolvimento Sustentável do município, que faz uma análise comparativa anual de indicadores gerais entre vários municípios nacionais. E através da elaboração do Relatório Voluntário Local dos ODS com base na metodologia do Joint Research Centre da Comissão Europeia, que faz uma análise da evolução de indicadores ao longo de 10 anos, usando indicadores adaptados à realidade da cidade.
Liderar pelo exemplo e inspirar
O Porto tem desempenhado um papel pró-activo considerando a multiplicidade de actores envolvidos, procurando “liderar pelo exemplo, motivar e inspirar, dando visibilida-
50 Ventos do Norte Foto Photo Weronika Janas na Unsplash
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A maioria das emissões de GEE (Emissões de Gases com Efeito de Estufa), na cidade, provém dos transportes (40%) e dos edifícios (50%). The majority of GGEs (Greenhouse Gas Emissions) in the city come from transport (40%), and buildings (50%).
de a boas práticas”, afirma o responsável do Ambiente do executivo municipal. A maioria das emissões de GEE (Emissões de Gases com Efeito de Estufa), na cidade, provém dos transportes (40%) e dos edifícios (50%). Por isso, uma parte substancial e decisiva das políticas municipais têm sido orientadas no sentido de implementar medidas capazes de facilitar e acelerar a redução do impacto das emissões de forma prioritária nestes dois sectores. “São exemplo, a promoção da mobilidade activa e suave, a prioridade e gratuitidade do transporte público, a construção do Terminal Intermodal de Campanhã e reorganização de terminais e interface que veio permitir expandir a oferta dos sistemas de transporte público, a renovação das frotas municipais e da STCP, a expansão da rede de Metro, a renovação da iluminação pública, a aquisição de 100% da energia eléctrica de origem renovável certificada; a promoção do auto-consumo energético; o aumento da capacidade de sequestro da estrutura verde e adaptação aos extremos climáticos e a utilização regular de soluções inspiradas na natureza para melhorar a resiliência da cidade a eventos extremos”, explica o responsável.
Assim, a implementação destas medidas tem sido fundamental e revela o compromisso do município do Porto em liderar esforços sustentáveis e inovadores no alcance dos ODS, demonstrando a importância de uma abordagem holística e colaborativa, onde cada um contribui significativamente para a construção de um futuro mais sustentável e resiliente da nossa cidade. Embora a Câmara do Porto esteja empenhada na prossecução dos ODS, reconhece que a protecção da vida marinha surge como a principal área a melhorar. “O desafio é notório, especialmente pela ausência de indicadores úteis que permitam uma avaliação detalhada da saúde dos ecossistemas marinhos”, frisa o vice-presidente. Actualmente, o único indicador disponível diz respeito à qualidade das águas balneares, o que se revela insuficiente para caracterizar a complexidade e diversidade da vida marinha. “Fica claro que a cidade deve abrir-se a este recurso, conhecê-lo melhor e potenciá-lo”, termina Filipe Araújo. In a pioneering way Porto is directly challenging companies and organisations linked to the real estate sector to create an Environmental Index in Porto.
In an interview with Magazine Imobiliário, Filipe Araújo, Deputy Mayor of Porto City Council, heading its department of the Environment and Climate Change, as well as Innovation and Digital Transition, says that “this index, which is foreseen in the Municipal Director Plan (MDP), is a “voluntary environmental performance evaluation system for buildings in specific districts”. It should be mentioned that this measure will provide an “tax exemption and increase the building’s capacity by voluntarily undertaking energy and environmental measures that contribute towards increasing energy efficiency and renewable production, reducing infrastructure rainwater runoff drainage, increasing groundwater seepage, fostering natural based solutions, and enhancing ecosystem services, as well as stimulating sustainable construction”, he adds. Filipe Araújo believes that this index will provide a strong impetus and sends out institutional message to the real estate market of the municipality’s availability and openness to promote disruptive solutions that contribute to reducing the carbon footprint of builtup areas. With the aim of Porto becoming carbon neutral by 2030, the municipality “has sought to mobilise companies and their stakeholders, public and private bodies, and citizens around transversal environmental commitments, beyond political cycles”, the deputy mayor highlights.
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Leading and inspiring by example
Good environmental performance
In meeting Agenda 2030 Sustainable Development Objectives (SDO), Porto is above the national average in fulfilling them. “The results of both analyses show that Porto has a good overall performance relative to the SDO, contributing to the quality of the lives of Porto residents”, says Filipe Araúio. The municipality evaluates SDO fulfilment in two complementary ways. Using the CESOP
Porto has taken a proactive role considering the multiplicity of actors involved, seeking to “lead by example, and motivate and inspire, giving visibility to good practices”, says the council officer for the Environment. The majority of GGEs (Greenhouse Gas Emissions) in the city come from transport (40%), and buildings (50%). Which is why a substantial and decisive part of municipal policies have been geared towards implementing measures capable of facilitating and accelerating the reduction from the impact of emissions as a priority in these two sectors. “Examples include the development of soft and active mobility, free public transport, the construction of the Campanhã Intermodal Terminal and the reorganisation of termini and interfaces that will allow public transport systems offer to expand, the renewal of
municipal vehicle fleets and STPC (Porto Collective Transport Company), the expansion of the metro network, the renovation of public lighting, the acquisition of certified 100% renewable electrical energy, the development of auto-consumption energy systems, increasing green structure capture capacity, adaptations for extreme climate events and the regular use of solutions inspired by nature to improve the resilience of the city to extreme events”, he explains. Therefore, the implementation of these measures has been fundamental and shows Porto City Council’s commitment to lead the way in sustainable and innovative solutions to achieve SDO, showing the importance of a holistic approach where each one makes a significant contribution to building a more sustainable and resilient future for our city. Whilst Porto City Council is committed to pursuing the SDO, it recognises that the protection of marine life is the main area that needs improvement. “The challenge is monumental, especially because of the lack of useful indicators that permit a detailed evaluation of the health of marine ecosystems”, adds the deputy mayor. Currently, the only indicator available concerns the quality of beach waters, which is insufficient to characterise the complexity and diversity of marine life. “It is clear that the city should be open to this resource, find out more about it, and enhance it”, concludes Filipe Araújo. Foto Photo Matt Roskovec na Unsplash
Sustainability Index - which annually is integrated in the municipality’s Sustainable Development Report, which makes a comparative study of the overall annual indicators between the various national municipalities. And by producing the SDO Local Voluntary Report based on the methodology of the European Commission Joint Research Centre which analyses the evolution of the indicators over 10 years, using indicators adapted to the city’s reality.
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Tourism
Hitachi
Alice, diz-me qual é o meu destino Alice, tells me what my future is
Foto Photo Alex Perez na Unsplash
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Seja um bot ou um chatbot chamado Alice ou Magnus, domótica, automação ou IA, todos podem ser bons aliados do Turismo Residencial e Resorts, defende Jorge Antunes, head of Digital Solutions for the Middle East and Africa da Hitachi. Whether a bot or a chatbot called Alice or Magnus, domotics, automated and AI solutions, can all be good allies for Residential Tourism and Resorts, argues Jorge Antunes, Head of Digital Solutions for the Middle East and Africa at Hitachi.
Todos os projectos turísticos já incorporam tecnologia, especialmente de domótica. Podem gerir desde os níveis de água e energia, passando pelos pequenos electrodomésticos e luminosidade, segurança, etc. Mas a transformação digital está a remodelar a indústria e as soluções podem ser variadas consoante o objectivo do espaço turístico. Como nos explica o head of Digital Solutions for the Middle East and Africa da Hitachi, “se o objectivo for proporcionar ao visitante só uma boa praia, boa restauração, um serviço de qualidade e um ambiente muito confortável, então o nível básico de sistemas e de tecnologia referido anteriormente é suficiente.” Aliás, é o tipo de oferta que existe actualmente pelo mundo fora e Portugal não é excepção. Mas se a meta for a satisfação máxima do turista ou residente turístico, e a gestão mais eficiente e eficaz do destino ou empreendimento turístico, então a resposta só pode ser tecnológica.
Diversão, saúde e felicidade à distância de um touch
Texto Text: Carla Celestino
53 Foto Photo Chris Cordes na Unsplash
Tourism
No que diz respeito à tecnologia ao serviço do turismo, Jorge Antunes diz-nos que a questão “é ir mais além deste modelo de negócio cuja diferenciação faz-se através do branding, do número de estrelas, etc.” e passar para a “criação e gestão de propriedades ou operações de turismo que tragam valor acrescentado à vida das pessoas e que não seja o simples passar um bom fim-de-semana ou uma boa semana de férias num determinado local.”
Como é possível essa transição? Oferecendo às pessoas experiências vivenciais que elas possam inserir nas suas vidas, e aqui, sublinha, “a tecnologia vai fazer toda a diferença.” Jorge Antunes dá o exemplo de uma solução high tech que permite construir o perfil do visitante e adaptar os seus hábitos, gostos e necessidades à oferta da propriedade turística que visita ao nível dos serviços e dos produtos locais. Como salienta, com esta oferta tecnológica “estamos a aumentar, provavelmente, o índice de satisfação do visitante quando vai àquela propriedade.” Há outra questão também importante nesta tecnologia que se prende com o facto de ir ajudar a amplificar a experiência consoante o nível etário do visitante, adaptando os seus interesses e actividades às diferentes fases da vida. Através de uma aplicação, sejam jovens ou séniores, sabem onde ir e o que fazer. Adapta-se também ao estilo de vida e de saúde. “A diabetes é um excelente exemplo, em que podemos montar um programa tecnológico que ajuda as pessoas a educarem a forma como comem para fazerem face às restrições da diabetes que, como sabemos, excepto nos níveis mais avançados, é gerida através da alimentação.” Estas são algumas das soluções da perspectiva do visitante, mas podem ser levadas mais longe e cativar a estadas mais prolongadas ou até mesmo a adquirir uma propriedade e mudar de local de residência. Por outras palavras, são soluções ideais para o Turismo Residencial e os Resorts. “Quando estamos a vender uma propriedade para habitação podemos utilizar tecnologias
54 Sol e Lua Foto Photo Andy Kelly na Unsplash
Tourism
para que as pessoas se sintam completamente inseridas na propriedade e na comunidade local, se isso acontecer aumenta o índice de relação que as pessoas têm entre si e aumenta também o índice de felicidade.” A inteligência artificial generativa cria, assim, conteúdos (como texto, imagens, música, áudio e/ou vídeos) e permite seleccionar as pessoas com gostos em comum, resultando “num perfeito match de partilha de experiências que fazem a diferença entre ser visitante e residente.” A tecnologia torna também tudo mais sustentável. A gestão de uma propriedade turística, passa, como já referimos, pela gestão eficiente da água, da energia, etc.; e os resultados dessa gestão são avaliados pelo visitante que, cada vez mais, dá importância a estes valores. Como Jorge Antunes refere: “O visitante desloca-se de avião para um destino turístico, mas se no local o visitante tiver ferramentas para anular o efeito de carbono que consumiu durante o voo, nomeadamente incluin-
do-o na plantação de árvores, na poupança de água, etc., mais do que ajudar o ambiente, envolve o visitante na política de sustentabilidade local.”
Faltam prioridades globais nos investimentos turísticos
Dedicando-se aos mercados do Médio Oriente e África, não podemos deixar de questionar Jorge Antunes se, comparativamente, Portugal já aderiu a estas novas tecnologias ou se ainda existe um longo caminho a percorrer. Ao que nos responde categoricamente que “ainda estamos longe dessa realidade tecnológica.” Na sua opinião esta realidade tem a ver com a “dimensão das propriedades que são grandes para Portugal, mas pequenas na escala mundial, e que, por isso, algumas das soluções são apenas possíveis em propriedades de grande escala a nível internacional.” Além disso, apesar de considerar que no nosso País existe uma “sensibilização adequada”, considera que “há falta de prioridades” nesta ma-
téria, nomeadamente em relação aos investimentos que são realizados. Para se ter noção desta diferença de escala basta dizer que a Hitachi está envolvida no maior projecto do mundo - o NEOM – onde foi implementada tecnologia de ponta a diversos níveis, nomeadamente de sustentabilidade. Localizado no Noroeste da Arábia Saudita, é composto por uma série de regiões que incluem a cidade The Line, o centro de indústrias avançadas e limpas Oxagon, o destino montanhoso Trojena e a luxuosa estância na ilha Sindalah. O objectivo é proporcionar aos residentes, conforme refere no seu site, uma habitabilidade melhorada, protegendo ao mesmo tempo 95% da paisagem natural circundante. Segundo Jorge Antunes “alguns destes países têm a sua visão a 2030 e 2050 e têm a coragem de dizer este é o caminho que queremos seguir em termos de sustentabilidade. É esta visão integrada que falta em muitas regiões turísticas pelo mundo fora, pois dependem
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Foto Photo Yotel Porto
A transformação digital está a remodelar a indústria e as soluções podem ser variadas consoante o objectivo do espaço turístico. Digital transformation is reshaping industry and solutions can be varied according to the goal of the tourist venue”.
da vontade de cada um dos operadores.” Seja um robôt a lembrar o visitante que são horas de tomar o seu comprimido, seja uma app que informa onde está a decorrer uma sunset party, seja o check-in num hotel através dos vasos sanguíneos de um dedo, a automação e a inteligência artificial estão a reestruturar a indústria turística mundial. All tourism projects now feature technology, especially domotics. They can manage energy and water levels, small household appliances, lighting levels, and security, etc. But digital transformation is reshaping the industry, and the solutions may vary depending on the aim of the tourist space. As Jorge Antunes, Hitachi’s head of Digital Solutions for the Middle East and Africa, explains, “if the goal were to simply provide the visitor with a good beach, good restaurants and bars, a quality service, and a comfortable environment, then the aforementioned basic level of systems and technology would be sufficient.” Moreover, the type of offer that cur-
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rently exists outside Portugal is no exception. But if the target is to achieve maximum satisfaction for the tourist resident, and the most efficient and effective management of the tourism destination or development, then the solution can only lie in technology.
Fun, health, happiness at the distance of a touch
As for tourism service technology, Jorge Antunes tells us that the question is about “going above and beyond this business model whose distinguishing feature is doing it through branding, or the number of stars, etc.,” but also involves the “creation and management of tourism properties or management that brings added value to people’s lives, and not just simply spending a good weekend or week of holidays in a specific place.” How is this transition possible? By offering people experiences that they can slot into their lives, and here he emphasises “technology making all the difference.”
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Jorge Antunes gives the example of a hightech solution that enables a profile of the visitor to be created and adapted to suit their habits, likes, and needs to the tourism property offer visited in terms of services and local products. As he stresses, with this technology offer “we’re probably increasing the satisfaction index of the visitor when they check into that property.” There is another equally important question with this technology that has to do with the fact that it helps to enhance the experience according to the age of the visitor, adapting their interests and activities to different phases of their lives. Through an application, both young and old alike will know where to go and what to do. It can also be adapted to lifestyle and health. “Diabetes is an excellent example whereby we can set up a technology programme that helps people and educates them on how to eat given their diabetes restrictions, which as we know, except at more advanced levels, is managed through diet.” These are some of the solutions from the perspective of the visitor, but can be taken much further and attract more longer stays or even the visitor to acquire a property and change their place of residence. In other words, they are ideal solutions for Residential tourism and Resorts. “When we are selling a property for housing, we can use technology so that people feel completely immersed in the property and local community, if this happens it increases
the interpersonal and happiness indices.” Generative artificial intelligence therefore creates content (like text, images, music, audio and/or videos) and enables the selection of people who have likes in common, resulting “in a perfect match of sharing experiences that make the difference between being a visitor and resident.” Technology also makes everything more sustainable. The management of a tourist property, as has been mentioned, also involves efficient energy and water management, etc.; and the results of this management are evaluated by the visitor who increasingly places more importance on these values. As Jorge Antunes says: “The visitor disembarks from the plane for a tourism destination, but if at the place there are tools to cancel out the effect of the carbon that they consume, particularly including the planting of trees, and saving water etc., more than helping the environment, it would involve the visitor in the local sustainability policy.”
A lack of global priorities in tourism investments
A specialist in the Middle Eastern and African markets, we could hardly not ask Jorge Antunes if, in comparison, Portugal has now adopted these innovative technologies or if there was still a long way to go. To which he categorically replies that “we’re still far from this technological reality.” In his opinion, this reality has to do with the “size of properties that are so large in Portugal, but small on the world scale, which is why some of the solutions are only possible for large-scale properties at an international level.” Moreover, despite considering that there is an adequate awareness in our country,” he thinks there is a “lack of priorities” on this matter, namely in relation to the investments that are made. Just to have an idea of this difference in scale, suffice to say that Hitachi is involved in the largest project in the world - NEOM - in which innovative technology was implemented at various levels, namely sustainability. Located in north-west Saudi Arabia, it comprises a series of regions that include the city The Line, the advanced clean industrial centre Oxagon, the mountainous destination Trojena, and a luxury resort on Sindalah island. The goal is to provide residents, as it is stated on the website, improved living conditions, while protecting at the same time 95% of the surrounding natural landscape.
A inteligência artificial generativa cria conteúdos (como texto, imagens, música, áudio e/ou vídeos) e permite seleccionar as pessoas com gostos em comum, resultando num perfeito match de partilha de experiências que fazem a diferença entre ser visitante e residente. Generative artificial intelligence therefore creates content (like text music, audio and/or videos) and enables the selection for people who have likes in common, resulting in a perfect match of sharing experiences that make the difference between being a visitor and resident.”
According to Jorge Antunes “some of these countries have a vision for 2030 and 2050 and have the courage to say that this is the road that we want to take in terms of sustainability. It is this integrated vision that is lacking in many tourism regions around the world; indeed, it depends on the willingness of each of the operators.” Whether that is a robot to remind visitors that it’s time to take their medicine, or an app to inform them where a sunset party is taking place, or the check-in in a hotel using the capillaries on a finger, automation and artificial intelligence are restructuring the world tourism industry.
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Adeus à contagem de ovelhas Goodbye to sheep counting
Foto Photo Dmitry Ganin na Unsplash
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59 Foto Photo Patrick Robert Doyle na Unsplash
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Como começar o ano cheio de energia? Fácil, basta descansar e repor energias. E é isso que propomos nesta primeira edição de 2024: Dormir! How do you start the year full of energy? That’s easy. Simply relax and recharge your batteries. And this is exactly what we’re suggesting in this first issue of 2024: Sleep!
Texto Text: Carla Celestino
Já muitos ouviram falar do designado Turismo de Bem-Estar ou Turismo de Retiro, agora a nova tendência é o Turismo de Sono e, segundo os especialistas do sector, encontra-se em crescimento a nível mundial. No pós-Covid verificou-se um aumento dos níveis de stress, de trabalho, problemas de saúde mental… Não é à toa que as empresas estão focadas, cada vez mais, na saúde e felicidade dos seus colaboradores. E o sono assume-se como uma das chaves do equilíbrio humano. A missão do Turismo de Sono é, pois, promover um sono de qualidade ou em quantidade suficiente de forma a que, quando o turista regressa a sua casa, se sinta muito bem descansado, com as baterias recarregadas e cheio de energia para enfrentar os desafios que a vida coloca no seu caminho. Poderá dizer que se pode dormir em qualquer lado, numa rede debaixo de um chaparro no Alentejo, ou num hotel em Óbidos com o som dos passarinhos à janela. Mas é mais do que isso. Entrar em sono profundo não é fácil. Ter uma cama com um colchão confortável, um travesseiro fofo e um edredão quentinho é “meio caminho andado” para um descanso tranquilo. Depois, existem técnicas e terapias que induzem o sono do turista, pode ser o recurso a meditação e yoga, a terapias de luz ou de ausência de luz, ao isolamento do resto do mundo sem acesso a tecnologias, massagens e sauna, leitura, música…
Em Coimbra existe um hotel que é um verdadeiro refúgio para os turistas de sono e que oferece algo muito valioso: Tempo, privacidade, tranquilidade, conforto e bem-estar. Chama-se Hästens Sleep Spa – CBR Boutique Hotel, pertencente a uma marca sueca e é operado pelo Grupo Valor do Tempo que leva a sonolência dos seus hóspedes muito a sério. Só para se ter uma noção, as camas Hästens são fabricadas com materiais naturais, como a crina de cavalo que elimina o excesso de calor e a humidade produzidos pelo corpo durante o sono profundo e a cama é feita totalmente à mão, sendo necessárias 200 horas para produzir cada uma. Em Lavre, perto de Montemor-o-Novo, também existe uma unidade hoteleira na qual se prescrevem terapias aos hóspedes com o poder enriquecedor da natureza para os fazer adormecer. O Sleep & Nature Hotel Rural foi idealizado pela professora Teresa Paiva, especialista em Neurologia e Neurofisiologia, que convida a desligar e a entrar em conexão com o interior de cada um. Contar carneirinhos já não funciona. É precisão saber parar, escutar-se e deixar-se levar. O sono mais do que reparar o corpo, conserta a alma. We’ve been hearing about so-called Wellness Tourism and Retreat Tourism. Now the latest trend is Sleep Tourism and, according to specialists in the sector, it is growing worldwide.
60 Sol e Lua Foto Photo Claudia Manas na Unsplash
Tourism
After Covid an increase in levels of stress and mental health problems in the workplace was noticed...It it’s not by accident that companies are increasingly focused on the happiness of its staff. And sleep is one of the keys to human balance. The mission of Sleep Tourism is to indeed promote quality sleep and in sufficient quantity so that when the tourist returns home, he feels well refreshed with batteries fully charged and full of energy to face the challenges that life puts in their way. You could say that you can sleep anywhere, on a hammock swung below a cork oak in the Alentejo, or in a hotel in Óbidos with the chirp of the birds outside the window. But it’s more than this. Going into a deep sleep isn’t easy. To have a comfortable mattress, a soft pillow, and a warm eiderdown is half the battle for a restful night. Then, there are techniques and therapies that induce tourist sleep, it could be through meditation and light therapy or an absence of light, and isolation from the rest of the world without access to technologies, massages, and sauna, reading, and music.
There is a hotel in Coimbra that is a veritable refuge for sleep tourists that offers something very valuable: Time, privacy, Tranquillity, Comfort and Wellness. It is called Hästens Sleep Spa – CBR Boutique Hotel belongs to a Swedish brand and is operated by the Grupo Valor do Tempo that takes the slumber of its guests very seriously. Just to have an idea, Hastens beds are manufactured with natural materials, like horsehair that eliminates the excess heat and moisture produced by the body during deep sleep, plus the bed is totally handmade, it taking 200 hours to make each one. In Lavre, close to Montemor-o-Novo there is also a hotel where therapies are prescribed for the guests, which have the enriching power of nature to make us fall asleep. The Sleep & Nature Hotel Rural was conceived by Professor Tersea Paiva, a specialist in Neurology and Neurophysiology who invited you to switch off and get in contact with the inner self of each of us. Counting sheep no longer works. You need to know how to stop, listen and let yourself go. Sleep more than repairs the body, it mends the soul.
Contar carneirinhos já não funciona. É precisão saber parar, escutar-se e deixar-se levar. O sono mais do que reparar o corpo, conserta a alma. Counting sheep no longer works. You need to know how to stop, listen and let yourself go. Sleep more than repairs the body, it mends the soul.”
Sol e Lua
Tourism
Um produto
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Lá fora Abroad
Reino Unido United Kingdom
O imobiliário é competitivo? Is real estate competitive?
Roberto Varandas Managing Director Europa Capital Partners / Mitsubishi Estate Co.
Já aqui pude escrever sobre as dificuldades que se sentem nos mercados imobiliários. 2023 foi um ano especialmente difícil na maior parte dos mercados, sobretudo devido à falta de liquidez. Mas será que outra razão é o facto do imobiliário não ser particularmente competitivo nas rentabilidades que oferece? E será que é apenas um fenómeno de curto prazo, dado o enquadramento macro-económico? Olhando por exemplo ao mercado britânico, as yields observadas nos diferentes sectores situam-se largamente nos seguintes valores: - Escritórios: 5.5% a 7%; - Logística: 5%; - Retail: de 5.5% para supermercados até 11% a 12% para centros comerciais em cidades secundárias; - Residencial: 4.5% a 5%. Todos estas yields observadas são brutas, subtraem-se depois os custos inerentes à exploração do imóvel. No Reino Unido, a yield da obrigação do tesouro a 10 anos, à data que escrevo, situa-se em 3.5%. Há poucos meses estava acima de 5%. E o financiamento destes imóveis, quando se consegue, custa entre 6% e 7%, isto para activos estáveis com um bom perfil de inquilinos. São muitos poucos os sectores que têm um saldo positivo entre o yield e o custo de financiamento. Na zona Euro, o enquadramento descrito não é muito diferente do mercado britânico. Ora, isto significa que os investidores esperam um enorme crescimento das rendas ou que estão dispostos a ter uma rentabilidade baixa numa classe de activos que, para mais, tem toda a complexidade operacional, inerente a qualquer imóvel. Olhando para a minha indústria, a dos fundos imobiliários, de acordo com os dados
fornecidos pela mais representativa organização do sector na Europa – INREV, os fundos core desde o começo do respectivo índice em 2000, nos últimos 22 anos proporcionou uma rentabilidade anual de 5.4% liquídos. Um valor respeitável, não fosse o facto de que um investidor que tivesse comprado uma obrigação alemã, um bund de 20 anos, em 1 de Janeiro de 2000, teria tido uma rentabilidade de 5.63%. E aqueles que correram maiores riscos para aproveitar as boas oportunidades em momentos de baixa nos mercados europeus? Esses corajosos levaram um retorno líquido de 4.46%, apesar do maior risco e complexidade dos investimentos, de acordo com o índice value-add da mesma organização. A promoção, conversão, expansão e todas as outras actividades que levamos a cabo para gerar rentabilidade de um imóvel teve um retorno ainda pior do que o retorno dos imóveis já estabilizados. No mercado americano, os resultados foram semelhantes, ainda assim, as estratégias mais arriscadas tiveram um resultado ligeiramente melhor, mas não por muito. De acordo com um estudo da organização - NAREIT, que olhou para os retornos que os fundos de pensões americanos obtiveram nos últimos 24 anos, os investimentos em fundos core geraram uma rentabilidade annual de 8.74% e dos fundos value-add, no mesmo período, uma rentabilidade anual de 9.25%. “Maior risco não se traduziu necessariamente em maior retorno, mas nota-se uma diferença substancial entre as rentabilidades nos EUA e na Europa.” E o que fazer neste contexto de rentabilidades comprimidas, numa classe de activos com um enorme efeito do ciclo e que se confronta durante largos períodos com falta de liquidez? Basta guardar o capi-
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tal para quando os outros não o têm e não assumir demasiado risco. Simples, não é? A todos os leitores, desejo um 2024 cheio de sucessos! [Nota: Perdoem-me algumas generalizações das rentabilidades em cada mercado mas é necessário para equiparar as diferentes classes de activos a que os investidores podem aceder.] I have previously written about the difficulties experienced in real estate markets. 2023 was a particularly challenging year in most markets, mainly due to a lack of liquidity. But could there be another reason why real estate is not a particularly competitive asset class? Is this just a short-term phenomenon, given the macroeconomic environment? If we look at the British market, the observed yields in different sectors largely fall within the following ranges: - Offices: 5.5% to 7%; - Logistics: 5%; - Retail: from 5.5% for supermarkets to 11% to 12% for shopping centres in secondary cities; - Residential: 4.5% to 5%. All these observed yields are gross so operating costs so operating costs should be taken off. In the UK, the yield of the 10-year treasury bond, as of my writing, is 3.5% but just a few months ago, it was above 5%. And financing these properties, when available,
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costs between 6% and 7%, for stable assets with a good tenancy profile. Very few sectors have a positive balance between yield and financing costs. In the Eurozone, the environment is not very different from the UK. And this means that investors expect significant rent growth or are willing to accept low returns in an asset class that, moreover, has all the operational complexity inherent to any property. Looking at my industry, the real estate funds sector, according to data provided by INREV, the most representative organization in Europe, since the start of their index in 2000, core funds have provided an annual net return of 5.4% over the last 22 years. A respectable figure was it not for the fact that an investor who had bought a German a 20-year bond, on January 1, 2000, would have had a return of 5.63%. And what about those who took more risk to seize good opportunities during low moments in European markets? These brave individuals achieved a net return of 4.46%, despite the higher risk and complexity of investments, this according to the value-add index of the same organization. Development, conversion, expansion and all other activities we undertake to generate property returns had an even worse return than simple stabilized property returns. In the US market, the results were similar, yet riskier strategies had a slightly better outcome, but not by much. According to a study by the organization NAREIT, which looked at the returns that American pension funds obtained over the last 24 years, investments in core funds generated an annual return of 8.74%, and value-add funds, in the same period, had an annual return of 9.25%. More risk did not necessarily translate into more return but note the substantial difference in returns between the US and Europe. And what to do in this context of compressed returns, in an asset class with a significant cyclical effect and that faces a lack of liquidity for extended periods? Preserve capital for when others do not have it and do not take on too much risk. Simple, isn’t it? To all readers, I wish a 2024 full of successes! [Note: Forgive some generalizations of returns in each market, but it is necessary to equate the different asset classes that investors can access.]
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Anabela Loureiro
Que número calça? Há quem ande de pezinhos de lã, quando outros se dedicaram toda a vida a fazer sapatos. Sapatos para andar em autocarros, comboios ou aviões. Tempos houve também em que a oposição entrava em sapatarias e lhes ofereciam “um par de sapatos por ano” se ganhasse as eleições. Diga-me que número calça e dir-lhe-ei quem vai usar o par certo na Assembleia da República. Na generalidade, Portugal anda com solas gastas, capas velhas e a precisar de algumas palmilhas para suavizar os caminhos políticos que vêm aí. Mas enquanto houver dinheiro para comprar sapatos, já não é mau! There are those who walk footsteps of wool, while others spend their whole lives making shoes. Shoes for buses, trains, or planes. There were also times when the opposition were in shoe shops that offered them “a pair of shoes per year” if they won the elections. Tell me your shoe size and I’ll tell you who is going to use the right pair at the Portuguese parliament (Assembleia da República). In general, Portugal is walking on worn soles, shabby uppers, and needs some insoles to ease the political paths that are coming our way. But while there’s money to buy shoes then it’s not so bad after all.
DR Foto: Anabela Loureiro
What’s your shoe size?
GREEN
REAL ESTATE & CONSTRUCTION SHAPERS
21.02.2024 EDIFÍCIO VICTORIA SEGUROS, AV. DA LIBERDADE 200, LISBOA
AGENDA MAGAZINE IMOBILIÁRIO MEETING SHAPERS 2024 08h40 | Recepção dos convidados 09h00 | Sessão de Boas-Vindas Magazine Imobiliário 09h10 | Momento ADENE 09h30 | CSRD Outlook 09h50 | Green Construction Outlook 10h45/11h15 | Tea & Coffee 11h20 | Green Real Estate Outlook 12h50 | Encerramento
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A inscrição é gratuita, mas os lugares são limitados Agradecemos confirmação de presença até ao dia 01.02.2024 Para mais informações, entre em contacto com: Anabela Loureiro anabelaloureiro@magazineimobiliario.pt Carla Celestino carlacelestino@magazineimobiliario.pt
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DE LÍDER LOCAL A PLAYER GLOBAL A Predibisa é agora Savills - a mesma equipa agora com maior alcance e expertise. Durante mais de 30 anos, a Predibisa foi líder incontestável de serviços de mediação imobiliária residencial e comercial no mercado do Porto, proporcionando aos seus clientes o profissionalismo e a excelência intrínsecos à sua equipa. A partir de agora, serviremos os nossos clientes através da rede global Savills, oferecendo a mesma excelência e rigor, aliados a novas oportunidades de negócio numa escala global, assim como a uma maior expertise. A aposta nas equipas e serviços na região do Porto continuará a sua trajetória ascendente. Somos as mesmas pessoas, defensoras da mesma ética e, como sempre, do mesmo compromisso para com os nossos clientes.
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