Caminho3

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L.Butterfly

HipotéticoAmor Amor Hipotético poesias

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L.Butterfly

HipotéticoAmor Amor Hipotético poesias

projeto e desenhos Márcio Koprowski

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Há sete anos eu vivia com um homem. Ele foi embora. Para sempre. Pouco depois, minha amiga Cathy encontrou um desconhecido num bar. Ela achou que ele me agradaria. Pediu seu endereço e me deu de presente, proporcionando-me assim um dos episódios mais romanescos de minha vida. A esse estranho providencial.

Sophie Calle



Introdução Na brincadeira do pseudônimo, onde o som da letra L remete ao pronome femenino elle, que em francês quer dizer ELA, seria então... ela. borboleta… feminino, símbolo de transformação, metamorfose, ciclo de vida. L.Butterfly é o pseudônimo adotado por mim, Vera Briones, na minha escrita. De resto, o desejo de passar de um ponto ao outro, da forma à cor, da substância à insubstância, do duro ao macio, do sólido ao líquido, como se fosse um peito nutriente, redondo, túrgico, convexo e suculento, com curvas perfeitas e pele de seda, do qual podemos retirar o segredo de ver e sentir. Vera Briones 26 de janeiro de 1946 Rio de Janeiro L.Butterfly 26 de janeiro de 2014 Cunha



Sumário Poetisa

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Por que, hein?

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Primeiro Estado

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Puro Desejo

12

Reboot

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Rede

15

Redenção

16

Repetições

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Rio de Janeiro

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Rio e Cunha

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Run Baby Run

20

Salve Rainha

23

São Francisco

24

Sem Título

25

Simone

26

Sometimes

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Tapete de Estrelas

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Tô Aqui

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Transtorno

34

Tres Musas

35

Um Só Olho

36

Vão-se os Anéis

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Vaso e Flor

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Viúva

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Vixe

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X

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Zelo

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Zênite

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Poetisa sou uma poetisa tardia não pela poesia que vive em mim em estado permanente sou uma poetisa patética preciso de um amor conducente que me tire da tirania do dia a dia sou uma poetisa mentirosa torço palavras fazendo troça dos laços que prendem quem está a sós sou uma poetisa ardilosa peço que feche seus olhos ao beijar para não ver que não é quem queria ter entre seus braços cautelosos sou uma poetisa sem poesia repetindo ultrapassados ditos ninguém mais usa lenços bordados da Ilha da Madeira usamos lenços de papel jogados no cesto de lixo ao lado

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Por que, hein? como mentira pichada no muro a escolha inverte-se na desculpa de uma saida lógica que justifica o fato absurdo o olhar em tédio sem ter o que mirar abraça a morte em consolo o que sobra fica na pergunta por que hein, por que?

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Primeiro Estado sabão em pó amaciante coloquei os lençóis na máquina de lavar seu cheiro está lá e como você não voltou mais seu cheiro também se foi talvez se perca no Guandú no Tietê sei lá para onde vão os resíduos o amaciante, espero, faça um bom resultado ficou tudo tão amassado espargi gotas de limão espargi água de lavanda depois, secar ao vento próximo passo, passar à ferro esticar os bordados neles colocar um pouco de goma ficam quase encerados juntar as pontas do retângulo dobrar na metade em seguida fazendo as dobraduras necessárias para que caiba no armário colocar as fronhas ao meio pronto deste serviço esta é a finalidade volta tudo ao seu primeiro estado

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Puro Desejo quis a vida assim me oferecer um amor na madureza de minha vida de presente como dia de sol na praia quente um amor que de inocente não se reveste mas sim de estranha aproximação entre seres tão diferentes quis a vida me dar de graça aquilo que todos buscam em exaustão um amor simplesmente nas mãos carregadas de flores colhidas ao acaso mas já de antemão predestinadas a um caso amoroso um jardim um pomar uma horta para a alma de um corpo preparando-se ao descanso um amor assim alimento a vida quis em fado e destino transformar minha vida traçando em desalinho emoções compartilhadas em meio a um riso e uma gargalhada casos e casos contados em equilíbrio entre palavras significados e sentidos um amor sedutor um amor safado um amor conjugado unido com cuspe e sabão um amor que enche o peito sem deixar espaço um amor simplesmente desses que a gente espera alcançar e senta na beira da vida esperando que um dia possa acontecer olhando o outro na face sem medo de ver um semelhante igualzinho a voce

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deu-me então a vida um amor nada descrito nos contos de fadas mas um que lambe feridas unge e traz água-benta um amor sortido como saco de balas açucaradas que fazem o corpo estremecer e enchem a boca do coração de doçuras e ternuras sem fim esse amor amante prenda de rifa de um parque de diversões maçã caramelada algodão doce pipoca apimentada esse amor amante pisando devagar escondendo a eletricidade do primeiro olhar amor amante pressentido advinhado na carta da cartomante puro desejo de felicidade

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Reboot fiz um backup de você em caso de deserção reboot relanço nossa história só fica o melhor

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Rede I não quer pedir mais nada não sabe o que pedir medo de pedir e ser atendido imagina o céu se abrindo derramando uma enchurrada de coisas sem sentido a rede dos contos prende as fantasias que se retorcem como lagartixas aflitas II o escuro reflete um rosto sem dono aquilo que fora belo é tormento faíscas fazem um novo enredo irremediavelmente perdido no conto seguinte pobre homem barba crescida sem corte nada a ensinar de pé espera que a morte o arraste

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Redenção está chovendo os pingos no vidro da janela interna do apartamento criando rotas desabam nas folhas a casa se fecha o ruído da cidade é banido, retido na paisagem que corre lá fora pneus sobre o asfalto parecem carros de boi com roda enferrujada na cidade não há perfume de capim molhado de mata pronta para ser batizada o sino da igreja não se ouve nem toca a igreja deslocada em vez de ao centro está na esquina a cidade é grande corre lixo das encostas dos morros pelas ladeiras atravessando em enviesado somente a floresta emite cheiros que vem de longe então micos correndo outros bichos tudo se banha e se recolhe água que fez a volta completa trazendo novamente uma espécie de redenção

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Repetições toda arte encanta, toda arte seduz, toda arte escandaliza toda arte está em toda parte toda arte está onde não se vê está no ar, na corrente na manha, na astúcia, no ofício na cartola de coelhos e lenços coloridos toda arte em parte é parte de quem vê pelo, pau, espinho forma que amolda a linha toda arte é injúria, desordem, tumulto, alvoroço ofensa ao pudor, vergonha, erro, pecado finíssima navalha nos atola até ao pescoço toda arte é palavra no feminino

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Rio de Janeiro coloquei o rosto prá fora da janela busquei o Corcovado o Redentor (dei de cara com um avião sobrevoando minha cabeça) pensei que estava em Ipanema, correndo, me jogando no mar passo pela Niemeyer a alma se abre, se encharca o que é céu o que é mar confunde e se funde a tarde definha na lua redonda essa lua só existe aqui vago pela Lagoa, Santa Tereza debruça na baía, desce pelos Arcos, escorrega prá praça Mauá Rio Branco Buenos Aires Ouvidor sento num banco da Glória, do Leblon, do Jardim de Alá, da praça Paris, sento numa mesinha da Colombo essa paixão antiga, que toda noite vago em sonho perambulando pelo meu Rio de Janeiro

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Rio e Cunha aqui a bruma cria ondas suaves, claríssimas vagas lá, escuro o mar esconde a extensão feita de espuma aqui, alto rarefeito plano sol no declínio lá, cercado por cordões dunares sol a pino dois pedaços da mesma rocha armazenam cristal e mascavo

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Run Baby Run não abro mão de um final feliz, não abro mão mesmo do beijo que sela o the end na tela do cinema não estou nem aí se acham que isso é romantismo bobo se isto é coisa de mulher gosto mesmo de mocinha e mocinho naquele amasso é que sou antiga e li os poemas de Salomão azar o meu quem manda ler? mas olha aí a emoção é grande quando um amor se declara a gente fica sem fala, foi sempre assim, e assim será e o que é pior, não tem nada demais se alguém diz ao contrário, não tô nem aí minha cabeça é livre e solta isso não tem idade isso é banal, amar é genético passa de geração prá geração, vem de adão e eva imagina só, abrir mão de ser beijada com os beijos de sua boca só se estiver louca, de uma loucura insana não da loucura que é uma paixão macia que acalenta o peito, porque o final feliz é matriz do software do qual somos feitos isso, esse negócio de amor não abro mão e não me envergonho acho que esquecer é bobagem manter essa imagem de mulher tão auto-suficiente não tem nada a ver com a gente a mulher nova, nova de verdade que sabe o que quer faz do amado aquele ser especial faz dele o tal

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quem é que não gosta de ser o dono do pedaço? e aí, baby, run baby, run não tenha medo, seja você o que for seja você assim se faz um happy end muitoooo feliz ele só está esperando o seu sinal ... desde que você saiba o que quer ... e saiba pedir ... todo homem carrega dentro de si um rei Salomão ... run baby run o meio é a mensagem, se você é o pacote depois que se tira o barbante .. fica dependurada num fio, enforcada se minha fala parece antiga não creia, o oráculo é sábio a liberdade já está conquistada há muito mas e a essência ? alguém disse que isso é coisa ultrapassada teoria que não se sustenta até pode ser se encarada no relativo espaço de uma discussão teórica que não se contradiz, desde que não seja posta à prova essência há, é cheiro, é perfume, é o encanto, é molejo de um quadril, é seio redondo, é cintura apertada é um certo pudor que revela mais que esconde num jogo que só em essência se pode dar não é peso nem idade estipulado como um uniforme não é forma em aparência, é forma em expressão isto que ninguém ensina, é ser feminina uma mulher não é cópia nem representação muito menos alegoria não é réplica é criação independente não tem bula nem indicação porque não é pacote nem tarja preta não precisa ser parecida com ninguém

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não precisa muita montagem porque não é peça teatral talvez assim, de volta a esse si essencial, os felizes finais voltem à cena baby run baby

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Salve Rainha o dente de ouro é postiço mas brilha a pedra do anel é falsa mas brilha o olho de vidro parece cristal mas brilha a unha é postiça pintada de vermelho mas brilha a válvula mitral colocada na artéria principal é de plástico mas brilha a lua estendida na areia do quintal recebe a luz do sol mas brilha a conexão do tubo branco da privada é de pvc mas brilha tudo é improcedente infundado injusto em vão do botão da camisa ao duto do avião tudo é barato fictício falsificado o deus deu no pé o diabo azulou na igreja no centro da praça a imagem em mármore de gesso pintado tem o olhar perdido querubins sentados ladeiam a virgem que tem o menino na porta o cachorro lambe um pingo de sorvete caído no chão alguém passa vendendo um pano que não enxuga nem um prato meu coração bate ainda em sinal de luto por tudo meu coração bate ainda no fundo acredita em milagre salve rainha

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São Francisco a voz, saindo rouca quase nem diz olha pro lado flor de mentira presa no vaso grita esperneia olha a menina que corre no pasto em busca do cavalo da vaca do boi do bezerro dos carneiros o leite quente do úbere derramado na toalha de plástico a lenha queimando na boca do fogão mais um dia mais uma provação sei não, chuva boa pra molhar o feijão seco o rio, seco o açude seco de sede o bode é um esqueleto o cão lambe a ferida recente um pedaço de osso cozido a perder de repente um trovão valhame senhor o raio corta ao meio sobra um toco carbonizado no fim da noite quente chega o esperado a água inunda o chão do sertão num milagre anunciado fica verde o horizonte canoas partem pelo São Francisco levando carrancas contra os maus olhados dos espíritos

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Sem Título luzes apagadas salas vazias mobília coberta por brancos panos mornos dias mãos frias fotos amarelas sorrisos lágrimas nada dá certo tenda estendida no meio do deserto estrelas armadilhas comendo pés de lobos escombros – assombros - assoalhos corroídos – ratos - feridas a fogueira ardendo assando uma paca ossos lambidos de uma carcaça sobra do último banquete sem nota de despedida - um sinal - um adeus - um balbúcio sequer uma palavra para guardar em segredo no corpo nú um bilhete deixado na mão do morto talvez um dia talvez o mar engula a mata e tudo que estiver enterrado seja banhado

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Simone adoro adorável adorada não é a traição que é o fato que sequer é relevante posto recorrente em qualquer ligação o que aqui se trata são das palavras as malditas, as malsãs as que proferidas jamais voltam prá dentro da boca é a estas que me refiro as que à mim foram ditas e eu apoderando-me delas nelas me sustentei as palavras que nomeiam, dão expressão ao sentido que se não perfeito, nos remete ao objeto que em adorado sendo vira sujeito sujeito de uma história, agora não sua mas de uma dupla, sem dupla intenção que se assim me exprimo é que não rejeito ser adorada mas que por ser isso não aceito que a palavra que me nomeia aos vossos olhos a mesma me tenha tornado em nada de especial à vulgar isso é mal pior que esquecimento pois este por pior que seja nos deixa inteiras mas da forma banal, a que circunscreve faz-me tola, sem direito à ultima escolha de permanecer como algo algo este possível de recordação, mesmo que sem memória algo este possível de resgate, numa amizade

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que se não estreita, apenas sem animosidade de um momento de apuro extremo ou não saber-se contar com alguém que da nossa vida fez parte em absoluta intimidade esse descarte desta forma impresso este, em inesquecível se inscreve porque seria mais fácil receber uma carta pelo correio, um email dizendo como foi dito à Sophie: cuide de você é mais fácil digerir uma tomada de direção contrária que a popularização de uma palavra assim profanada, já que a adorada passa a ser a nomeação de qualquer uma que pinte na esquina deste gesto surge então uma nova mulher que não aceita e rejeita, não a perda, mas a brutalidade se o pensado é sobre ciúme, posse ou receio, também não trata-se aqui do desconhecimento da regra básica respeito que o direito de não amar ou menos amar é o mesmo que o de amar ou amar tanto e a contento e desta forma se mostra a qualidade afinal se escondida estava exposta se apresenta que em não sendo uma falha, nem grave nem aguda, de um caráter é marca sim de um estar masculino que se dá ao direito de jamais ter lido Simone ao término sem fim, repito o que ela escreveu terminando seu vasto texto empregando as palavras de Laforgue “ó moças, quando sereis nossos irmãos, nossos irmãos íntimos sem segunda intenção de exploração? quando nos daremos o verdadeiro aperto de mãos?”

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e eu respondo: “quando as vossas palavras, irmãos, forem verdadeiras”.... então seremos plenamente um ser humano e se mais não digo não é por esgotamento deste assunto mas por hora já basta se assim falo não de um, mas dos homens que à nossos femininos olhos... vós sois todos iguais em tamanho... e em defeito e se a vós não descartamos de todo ainda é porque, agora a palavra empregada em sincera verdade: vos adoramos demonstrando desta forma o quanto queremos construir um mundo seguramente verdadeiro

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Sometimes no matter falling or diving that’s life living loving letting go may be blind may be may be so many times we can’t see somethings we can’t say may be mad and again mad and again blind tell me why the highest voice does not reach the sky

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Tapete de Estrelas na varanda um homem sentado na cadeira balançava o corpo olhar atento contando seus pinheiros o tempo passara de sete em sete anos cortava os pinheiros novos cresciam os ciclos se revesam de sete em sete vez em quando encostava a cabeça no espaldar da cadeira fechava os olhos e a via primeiros dias de um verão sem chuvas estiagem nos campos encontraram-se pela primeira vez desse dia em diante a via sempre em seus devaneios radiante ela lhe sorrira e ele encantou-se nesse ar expontâneo que a recobria jurou que a acompanharia se não de perto ao longe como a seus pinheiros e ela assim se comoveu ser guardada por alguém regada, sem poda, crescendo com seiva suave lentamente, cada dia um ramo se estendia rejuvenesceu vez em quando encostava a cabeça no espaldar da cadeira fechava os olhos e a via sete anos de olhares, mãos dadas, encanto, magia sete anos de lençóis sendo secos ao vento mágoas passadas escorridas pelo riacho que corria ao largo corações consertados aprendiam a reamar em pedaços se refaziam ao sol de março aprendiam e ensinavam, se trocavam

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em princípio muito medo, peitos fechados, em estado de pânico muito sofrimento adicionado no passado aos poucos ia sendo filtrado em pleno céu de agosto setembro foi um mes sagrado primavera e seu perfume que voltava exalado do corpo dela enchia a casa de flores tudo marcado nos dois corpos brancos iluminados pela lua crescente invadindo o quarto sentado na cadeira balançava mais devagar olhar sereno contando seus pinheiros o cheiro de jasmim do cabo percorria a varanda envolvia seu corpo fechava os olhos e a via como quando sorria, cabeça encostada em seu colo sabiam que seria assim ela partiria antes do fim iria primeiro abrindo o caminho entre as nuvens preparando-lhe um tapete de estrelas

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Tô Aqui tô aqui queria você deitado no sofá esperando um bife quentinho mais tarde quem sabe um samba uma canção um pé no chão lua negra lá de baixo sem medo de errar o feijão nosso de cada dia eu tô aqui ainda ouço umas canções danço na sala espio a janela cheiro o mar de dia corro lá embaixo espero o sol baixar chegar a hora, a madrugada, o barulho no corredor te peço desculpa não posso mais chorar gastou a água toda o rio sumiu só ficou a poeira do ônibus barulhento até meia noite depois é silencio o cara maluco berra, às vezes, lá embaixo eu fico quieta, ouço, não falo nada depois a mulher grita eu fico quieta não falo nada olha eu ainda vou a áfrica quero ver de onde veio o baobá quem sabe vestígios, tambores, zumbidos quem sabe um samba, uma canção, um pé no chão vai ver que por lá há lua negra, lá de baixo, sem medo de errar eu tô aqui ainda ouço umas canções danço na sala espio a janela cheiro o mar de dia corro lá embaixo espero o sol baixar chegar a hora a madrugada o barulho no corredor depois é silêncio

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é caso de amor foi paixão puro tesão ou o inverso é do fim pro início, dizem, que o sentido faz sentido é, não sei é do fim pro começo que se vai inscrevendo, ponto a ponto, o ponto se desvirtua, vira sinal, é o final é caso de amor, foi de paixão, puro tesão ou o inverso não sei ou o inverso puro tesão, foi de paixão, é caso de amor, não sei cingir com os braços cercar e circundar, aceitar, conter, dar abraços entrelaços, enlaços, quem sabe

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Transtorno desculpe o transtorno estamos trabalhando na pista em busca do pelo na casca do ovo em busca de algo novo em busca do elo perdido em busca da mania em busca de maria em busca da ira do vento em busca de um tormento em busca do sono profundo em em em em

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busca busca busca busca

de de de de

um um um um

candieiro curandeiro esconderijo refĂşgio


Tres Musas eu nunca estive como eu estou agora conto nos dedos de uma única mão com quem falo três neste momento estudo produzo e durmo estou sozinha mas não estou só o caminho é largo mas neste momento caibo apenas eu e minhas três musas e Chopin também mas ele é som vibra no espaço

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Um Só Olho se você tivesse um só olho o que você veria? veria meio mundo ou o mundo ao meio? você veria o seu lado preferido ou o lado do avesso o que você veria? veria o que está partido seria você partido ao meio seu mundo seria meio ou o meio de ver o mundo? Ébano, gato preto que teve o olho furado por um doido

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Vão-se os Anéis não há medo na perda o que não se quer sofrer é o tempo da dissolução da imagem do outro impressa em nós até que somente o tempo a desfaça em recordação recursos há e muitos para abreviar o sofrimento recolocar no lugar novo selo estampado fundindo-se aí um novo achado o mal exorcizado do selo anterior dá brilho e realce no selo recente daí ... a expressão ... a fila anda ... e não pára nunca mais de andar como carretéis que se desenrolam nesse processo de acúmulo em vão vão-se as mãos e sequer ficam os anéis

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Vaso e Flor I ele tinha qualidades tão apuradas que o que de mim nele se refletia era a pura poesia surpresa, eu me detinha nessa extraordinária situação que chamo justo acolhimento tanto se desdobra em paixão ou profundo amor nada impede que o reverso se disponha posto que as qualidades inatas e inauditas qualificam e promovem um encontro de um copo de leite e um vaso o que se pode esperar senão um estar desabrochado em alimento e em alimentar esta sutil não mais troca senão comunicação de dois líquidos miscíveis e imiscíveis dispostos em equilíbrio , contido e sustentado, no ambiente acolhedor quanto à experiência, se não científica, já que nada prova a não ser a possibilidade do evento assinala que o sonho, se não perdido, fica aflora e alimenta, por uma vida inteira desencaminha a tristeza de origem desconhecida nessa simbiose, em estado latente, da memória desfeita faz-se poesia novamente vê-se então que os frutos adormecidos, às vezes esquecidos, guardados com cuidado no momento que não digo oportuno, nem adequado mas momento sagrado, separado pelo inesperado de uma emoção em bruto delicadamente transformada em sentimento se traduz em consciência das palavras não proferidas que todo bem em bem colocado é bem amado

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II puro estado fenômeno ímpar, que me obriga a curvar acolhimento que posso voltar a qualquer momento posto que é lugar onde minha alma e meu corpo como vaso e flor compõem-se na réplica dessa profunda experiência de um encantamento

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Viúva custei custei muito custei muito a escrever a palavra que me custava tanto a crer custei a crer nessa palavra se verdadeira ou falsa que me colocava em outro estado mais puro .. mais duro não saberei dizer que estado é este que amarga como figo verde na boca enxuta viúva

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Vixe tô gostando de um cabra neguinho safado que nem a pêga do diabo tem uns olho cheio de malicia um riso dobrado da mão só vem carícia só que ficar abraçado homi danado me deixa lôca se beija minha boca e dança comigo sei não isso acaba em confusão isso acaba em afeição dá medo nó na barriga a cabeça gira que nem pião sei não se esse confiado se mete a besta acaba algemado preso no meu coração que não sô mulher que não presta num levo desaforo prá casa comigo é tudo ou nada tá entendo cabra? num vem querendo chamego comigo é desassossego enquanto num tem aliança no dedo sei não qual é sua intenção não sou donzela mas olhe bem não vou lhe dar trela sem saber ao que vem

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se fica tirando sarro da minha cara tome cuidado isso aqui é jóia rara tem outro que já tá antenado num faço barganha nem conto façanha mas olhe quem cedo madruga deus ajuda se for preciso peça à buda e se não bastar tome banho de arruda use de toda artimanha até me endoidar que aí eu vou lhe aceitar

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X uma passagem uma trilha, uma estrada voltas sem volta uma encruzilhada onde desagua sua vida na minha

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Zelo os cacos colados do vidro espatifado sĂŁo a perĂ­cia de uma cola bem feita com zelo reunidos num lindo brocado ficou bonito nĂŁo ĂŠ? cada linha partida se transforma num vaso capilar por onde nova seiva percorre um novo significado

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Zênite sou uma coisa viva em construção permanentemente como um sonho

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L. Butterfly Vera Briones, carioca de Santa Tereza, 1946, com formação acadêmica em Artes Plásticas, durante vinte anos atuou na área de design de objetos. Participou de várias exposições no Brasil e Estados Unidos e a partir de 2007 se dedica á fotografia. Após vários livros de fotografia publicados, surgiu a oportunidade de compilar as poesias que vem escrevendo nos últimos dez anos. O resultado é Hipotético Amor, oitenta e sete poesias sob o pseudônimo de L. Butterfly.

Márcio Koprowski Conheço esse ser mutante há 25 anos. E, entre acertos e conflitos, de lagarta para borboleta, nós dois já tecemos muitos casulos e cada um o seu. Este talvez seja o primeiro trabalho em parceria (digo trabalho e não casulo, porque o casulo é dela/d’Elle). L., estava procurando onde colocar seu casulo e me pediu para que eu arrumasse uma boa árvore com folhas verdes, ou coloridas. E, foi o que fiz. Achei uma com raízes profundas, como as de uma longa amizade. Em suas folhas, que a L. comeu quase todas, escolhi algumas onde coloquei desenhos. Prefiro chamar de desenhos, pois quando se fala em ilustração, suas origens vem das iluminuras de escritos sagrados e eu não pensei em ilustrar, em iluminar, em trazer luz às poesias de L., porque isto já está lá! Quis colorir com preto, trazer sombras, proteger a crisálida do sol e chuva... allow her to get lost instead, get nowhere, but... fly. Entre múltiplas coisas, sou paulistano de 1970, pai, artista visual, plástico e metálico, designer, desenhista e sonhador em horas plenas.




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