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Katia Brito 57 e

Funcionários aceitaram a viagem, inicialmente, pelo pagamento que a mulher idosa faria - divulgação

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Geraldine Chaplin é a protagonista do episódio “Planeta Impossível”, da série “Eletric Dreams” - Divulgação A protagonista do episódio, inspirado no conto de Philip K. Dick de 1953, é vivida pela atriz Geraldine Chaplin, hoje com 77 anos. A filha de Charles Chaplin é Irma, uma mulher idosa, com mais de 300 anos, que deseja voltar para a Terra para reviver o amor de seus antepassados. Surda, ela é a acompanhada de um robô, que lembra “O Homem Bicentenário” (1999), filme protagonizado pelo saudoso Robin Willians. Irma contrata os serviços de uma empresa de turismo espacial, em que os funcionários mesmo sabendo que era impossível levá-la para a Terra, que já não existia mais, aceitam o serviço. O destino, que pode ser uma última viagem para a contratante, é um planeta qualquer. O objetivo dos funcionários, inicialmente, é meramente financeiro. E quantas pessoas, infelizmente, não se aproveitam financeiramente de pessoas idosas? Outros caminhos

O desenrolar do episódio é interessante, mas o que fiquei pensando foi que a visão de um futuro, não é tão futurista assim. Pensando que o texto é dos anos 1950, não deveria causar estranheza. Mas será que só resta a uma mulher idosa ter como meta realizar o sonho de reviver experiências? Neste caso, memórias que nem são dela? De repente não caberia uma abordagem diferente, propondo a ela novas vivências? Acho que pensar em reescrever a história do episódio e dar mais opções a Irma é consequência do contínuo aprendizado na gerontologia. Na certeza de que #lugardepessoaidosaéondeelaquiser, sim, reviver lembranças pode ser o desejo de uma mulher idosa, mas também pode ser dada a ela a oportunidade de novas experiências, novos aprendizados. A surdez e a idade não a impediram de realizar uma viagem perigosa, por que seriam impeditivos para uma nova vivência? O mundo avança, as artes refletem as mudanças, mas ainda é longo o caminho pela frente. Como sempre digo é preciso estimular o protagonismo da pessoa idosa, que ela tenha autonomia e a certeza que há muitos caminhos.

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um livro é sempre um bom presente

‘Causos’ do Nordeste

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Tony de Sousa Cineasta

( resumo do resumo e rearranjo no texto original )

Vivia, no sertão de outros tempos, um casal que se dava tão bem, que nem pareciam humanos, mas anjos de Deus. Causavam inveja a todo mundo. Aí apareceu na casa deles um monte de ratos. Parecia castigo. Tinha rato de todo tamanho. E faziam uma barulheira danada correndo pelo telhado da casa parecendo assombração. O casal tentou dar fim aos bichos armando várias ratoeiras. Não adiantou nada. Eles não mordiam as iscas da ratoeira. O casal estava desesperado quando apareceu na casa um gatinho preto. Para alegria deles o gatinho preto começou uma perseguição sem trégua aos ratos. Fosse de dia ou de noite, ele estava sempre no encalço de algum. Em pouco tempo os ratos sumiram e a casa voltou a ser um lugar tranquilo. E o gatinho preto reinava na casa. Tanto o marido quanto a esposa tinham adoração pelo gatinho. Um dia o marido precisou viajar. Antes de sair chamou a esposa e fez uma recomendação: “Mulher sei que nem precisa falar, mas cuide do nosso gatinho com cuidado! Esse gato caiu do céu! ”. “Pode deixar! Eu cuidarei dele, sim! Pode ficar sossegado! ”, disse a mulher. Mas no mesmo dia que o homem viajou o gatinho sumiu. A mulher saiu atrás dele em volta da casa, andou pelo quintal, foi até um matagal próximo chamando e nada. E foi assim todos os dias. Até que o marido voltou. A primeira coisa que perguntou foi como estava o gato. A mulher contou o que aconteceu. O marido ficou muito nervoso. E enquanto a mulher ainda falava o gato apareceu vindo lá dos fundos do quarto do casal. Miando bem fraquinho. O marido pegou o gato e viu que ele estava bem magrinho. Cuidou dele que logo se recuperou, cresceu e engordou. Aí o marido teve que fazer outra viagem. E voltou a fazer recomendações à mulher. Ela prometeu que ficaria mais atenta para não deixa-lo sumir de casa. E aconteceu igual a primeira vez. Assim que o marido saiu o gato voltou a desaparecer. A mulher fez a mesma peregrinação atrás dele e nada de encontra-lo. Quando o marido voltou a mulher veio com a mesma história. O gato desaparecera, ela o procurou em todo lugar todos os dias e não o achou. O marido ficou tão nervoso que falou um monte impropérios e até ameaçou bater na mulher. De novo o gato apareceu como se nunca tivesse saído de casa, só que bem magrinho como se não tivesse comido há muito tempo. O marido cuidou dele e o gato logo se recuperou. De novo o marido teve que viajar. Antes de sair fez ameaças à mulher dizendo que se acontecesse mais vez o descuido com o gato ele se separaria dela. Agora

magazine 60+ #32 - Fevereiro/2022 - pág.61

Foto: Caterina Pia Naclerio -unsplash.com

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