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Sonia Fernandez 53 a

A Boba - Anita Malfati - 1916 positiva, suponho. Apenas se tratava de ações de liberdade do outro e das outras (porque convenhamos, Pagu dormia na casa de Oswald e Tarsila, compartilhava da vida do casal, ainda que não tivesse sido a primeira, nem a última, como de fato a história revelou ao se repetir o feito com Anna Maria). Tarsila não se armou, não ficou de sobreaviso, ainda que não saibamos nada sobre suas emoções, naquelas circunstâncias. Conhecemos apenas sua sobriedade. A essas alturas, impossível não evocar os gritos a favor da “sororidade” (conceito contemporâneo que se opõe à fraternidade e que tem na cumplicidade entre as mulheres o trunfo para se contrapor ao machismo). O conceito, nascido no contexto das lutas feministas, exorta as mulheres a manifestarem solidariedade umas com as outras contra as posições masculinas em diferentes áreas da vida prática. Supõe que a traição masculina é um mal e a feminina um direito, porque o que está em jogo é a luta pela igualdade. No entanto, nesses círculos, não faltam palavras guerreiras, típicas do vocabulário masculino de sempre, como vingança ou revanche, o que dá uma boa noção de como Tarsila era superior, filosoficamente falando. Assim, em lugar de generosidade, sugiro propensão para a misericórdia e para a benevolência. Estas explicariam melhor as atitudes de Tarsila, porque, como considera Montaigne “a diversidade de opiniões acerca das coisas mostra claramente, que atuam sobre nós, segundo um dado estado de coisas.” E, justamente, esse estado de coisas em Tarsila é a liberdade. Só é possível ser misericordioso e benevolente quando se é livre. Desnecessário, portanto, sair para parlamentar diante da praça sitiada, não concordam? Let it be era imperioso para Tarsila, segundo mostram vários episódios de sua vida sentimental e de amizade. E que me fazem amá-la para além da obra.

Em todas as telas Sexualidade e estereótipos

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Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

O envelhecer ainda é para muitos uma fase em que a vida para, caminhando para o fim. E nada pode ser mais fantasioso e limitador, para uma vida repleta de potencialidades que depois dos 60 anos, pode ser uma etapa de mais 40 anos, se chegarmos aos 100. O universo de filmes e séries vem abrindo os olhos para o público 60+, seus desejos, mas ainda escorrega em falsos “padrões”. Destaco nesta coluna o filme “Book Club”, que recebeu o título em português “Do Jeito que Elas Querem”, exibido em setembro pela Globo. O longa traz grandes nomes do cinema como Jane Fonda, Andy Garcia, Diane Keaton, Don Johnson, Craig T. Nelson, e Richard Dreyfuss. São quatro amigas - Jane Fonda (Vivian), Diane Keaton (Diane), Candice Bergen (Sharon) e Mary Steenburgen (Carol) - com diferentes histórias de vida: a casada de uma vida inteira, a divorciada que vive centrada na carreira e foi trocada por uma mulher mais jovem, a viúva que vive pelas filhas e uma solteira convicta.

Amigas de longa data, elas se reúnem em um clube do livro, que esquenta com a sugestão da leitura de “Cinquenta Tons de Cinza”, que exalta a sexualidade e rendeu continuações e adaptações para o cinema. O livro é o ponto de partida para que elas redescubram o amor, cada uma a sua forma, com direito até o uso de aplicativos de encontro, por que não? O preconceito se mostra na família mas também nas personagens, que, entra uma

magazine 60+ #39 - Outubro/2022 - pág.57

A personagem de Diane Keaton tem uma difícil escolha entre a superproteção das filhas e o piloto de Andy Garcia

Do Jeito que Elas Gostam Filme conta a história de quatro amigas, vividas por super atrizes, que se reúnem para o Clube do Livro

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