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Katia Brito 57 e

A personagem de Diane Keaton tem uma difícil escolha entre a superproteção das filhas e o piloto de Andy Garcia

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Do Jeito que Elas Gostam Filme conta a história de quatro amigas, vividas por super atrizes, que se reúnem para o Clube do Livro cena e outra, repetem que estão velhas de mais para isso ou aquilo. São escolhas difíceis como decidir ficar com as filhas que estão quase te colocando em uma instituição, embora você tenha sua autonomia e independência preservada, ou recomeçar a vida ao lado de um charmoso piloto, interpretado pelo Andy Garcia. Mil vezes o Andy Garcia!!!

O filme realmente é muito bom e divertido, e deve ganhar em breve um sequência tendo como cenário a Itália. Recomendo! Mas é preciso também um olhar crítico, dos estereótipos de mulheres e homens brancos com uma vida estável financeiramente, redescobrindo a vida. É um caminho fácil, longe da realidade da grande maioria, acredito que mesmo dos americanos. E que não inclui também ninguém da comunidade LGBTQIA+.

Trazendo para a realidade brasileira como seria interessante uma versão com mulheres e pessoas LGBTQIA+ com 60 anos ou mais, que equilibram a vida romântica com problemas do dia a dia, contas a pagar, divididas entre os cuidados com os filhos e com os pais, empregos informais, lutando para retomar os estudos, realizar sonhos. São as pessoas idosas e mulheres em geral as grandes mantenedoras das famílias. É preciso enxergar essas pessoas que estão à margem dos “padrões”, invisíveis para boa parte, pessoas idosas, negros, periféricos, todos devem ser incluídos e representados.

https://novamaturidade.com.br/

Viva Cultura O terno

Marcelo Conti

Escritor, Gestor Cultural Sócio da SOLUÇÃO Gestão de Negócios e Cultura Ltda. www.solucao-gnc.com.br

Desceu do carro no estacionamento contíguo ao Banco. Eram aproximadamente 15 horas, e sua pressa não combinava com a espera lá de dentro.

Entrou no ambiente refrigerado, passou pelos seguranças e pela área dos Caixas eletrônicos, foi célere com o dedo apontado para o display que emitia as senhas. Apertou o indicador contra o ícone “Prioritário”...

Homem de uns 65 anos, trabalhava como consultor, vivia na rua no meio do trânsito caótico de São Paulo, acumulando poeira no rosto, pisando em buracos de calçadas mal cuidadas, e comendo onde e quando podia. Trabalhava muito.

Não era tido como rico, mas gostava de se cuidar. Sua educação e aparência, com barba feita e cabelos bem cortados, sapatos engraxados, unhas limpas, eram mais que um cartão de visita, aparecia no rol dos homens “procurados”, raros.

O que sempre chamou a atenção, no entanto, era o esmero com o qual cuidava de suas roupas: além de serem de boa qualidade estavam sempre impecáveis, bem passadas.

Naquele dia, em especial, trajava um belíssimo terno azul marinho - calça com barra italiana e vinco – camisa branca com o colarinho na moda, parecia que havia sido passada há pouco, e uma bela gravata italiana. Sapatos pretos brilhantes. Gotas de “Night Blue”, de Dolce & Gabbana tratavam de dar efeitos aromáticos ao conjunto.

Os que estavam à sua frente, na espera, sentados em cadeiras de plástico enfileiradas como uma plateia, esses admiraram a “pinta” do homem. Mulheres não exclamaram, nem suspiraram, mas seus olhos

Foto: wayhomestudio - freepik Acostumado a olhares, ele se postou quieto ao lado do display que acabava de usar, aguardando sua vez. A chamada eletrônica apontava para o número 3040; seu número era 3058. Fazer o que, a não ser esperar...

Sentiu alguém próximo de si, virou o corpo e percebeu que uma senhora não conseguia fazer com que a senha fosse emitida. Ela enchia a tela de dedadas, e a máquina não a atendia. O homem foi ali, e com jeitinho emitiu a senha para a senhorinha. De repente, foi a vez de uma moça bem nervosa; quanto mais batia na tela menos conseguia. E, novamente, o homem foi lá e fez a gentileza de tirar o papelzinho para a moça.

Alguém gritou para um dos Caixas: “Adolfo, Adolfo, você tem mil Reais em notas de cem?” Era o colega do Caixa ao lado. Veio a resposta: “Não tenho, Renan, só de cinquenta. Melhor falar com o Rui.” Descobriu-se depois que Rui era o Gerente Geral.

O telão iluminava o número 3045, e o homem vestido de terno estava ficando familiar ali na Recepção. Tirava senhas para todos, distribuía sorrisos e simpatia, e já era requisitado para também auxiliar no acesso aos caixas eletrônicos. O que começou fazendo por gentileza, agora era uma rotina. No fundo, não se importava porque com isso, além de ajudar ao próximo, a espera não se tornava tão maçante.

Veio um cego, e sua bengala encostou no pé do homem. “Qual é seu nome mesmo?”. “Nicanor”, disse o homem”, ao que o ceguinho acrescentou; “Por favor, Nicanor, me leve lá com a Sílvia no primeiro andar. A Silvia, você sabe quem é...” Bem, mesmo que não soubesse, lá foi o homem de braços dados com o cego, até a Silvia. Voltou imaginando que sua vez estivesse próxima: 3049. Meu Deus, que demora!

O tempo voava, e se aproximava o horário do encerramento das atividades. Com isso, mais gente, os atrasadinhos de plantão, se somava àquele povaréu todo, como se estivessem aguardando comida, o Papa, sei lá o que...

Nicanor teve um princípio de irritação. Mas, isso não condizia com ele. Passou a orientar as pessoas a se sentarem, ou seja, indicava o local para que ficassem sentadinhos. Organizou a fila da senha, e até chamou a atenção de Adolfo – um dos caixas – por

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