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Funcionalidade acima de qualquer tendência Em momentos como os que estamos passando, quando os desafios de mercado nos pressionam por inovação aliada à redução de custos e à otimização de processos produtivos, algumas empresas apostam em vertentes como o minimalismo, que tem como foco principal o “menos é mais” para achar solução frente a estes desafios. Não há dúvida de que na área do design esta tendência sempre nos trouxe ótimas surpresas, primando por um aspecto mais limpo, leve e agradável aos olhos. Com isso conseguimos inovação visual sem agregar custos ou dificultar processos produtivos, cumprindo plenamente assim as propostas. Porém, quando pensamos na composição efetiva de alguns produtos, como os calçados, alguns cuidados devem ser tomados. É sabido que a constituição de um calçado é algo bastante complexo, levando em conta a influência que o mesmo exerce sobre uma parte tão importante do nosso corpo: os pés. Um calçado deve oferecer em sua composição elementos que contribuam com a transpiração, não ocorrência de lesões, estabilidade, temperatura, entre diversos outros aspectos. Para isso uma enorme gama de componentes é empregada na composição da estrutura de um calçado, cada um com uma finalidade própria, garantindo assim a entrega real dos benefícios propostos ao consumidor final. Esta tendência da otimização de componentes para construção de um calçado ainda merece ser objeto de estudos mais aprofundados, em especial em produtos de performance ou com propostas claras de conforto diferenciado, pois o consumidor tem claro para si os benefícios que espera destes produtos, bem como exigirá o máximo de desempenho dos mesmos. Acreditar que um único componente na composição de calçados como estes irá atender a todas exigências técnicas e expectativas do consumidor merece cautela e estudos aprofundados. Nós, do IBTeC, acreditamos na inovação constante, otimização de custos e processos, mas levamos como bandeira principal a real entrega dos benefícios que cada produto se propõe, fortalecendo uma relação duradoura e forte entre empresas e consumidores, o que com certeza é a meta principal de todas as marcas.

Claudio Chies Presidente do Conselho Deliberativo

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MERCADO Produtos funcionais e sustentáveis

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EXPEDIENTE

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AGENDA

REPORTAGEM ESPECIAL Ensaio sobre calçados minimalistas

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NOTAS

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CB-11

INSTITUCIONAL Oportunidades para inovar

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OPINIÃO

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ARTIGOS

TECNOLOGIA Tração por cordões é alternativa

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GUIA

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CADERNO

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Conselho Deliberativo: Claudio Chies (Presidente) Conselheiros: Ernani Reuter, Jakson Fernando Wirth, João Altair dos Santos, Jorge Azeredo, Marcelo Fleck e Rosnei Alfredo da Silva Conselho Fiscal (Conselheiros): Eleno da Silva, Maria Gertrudes Hartmann, Renato Kunst e Ricardo Wirth Conselho Científico (Conselheiros): Dr. Alberto Carlos Amadio, Dr. Aluisio Otavio Vargas Avila, Dra. Deyse Borges Machado, Dr. Luiz Antônio Peroni, Dra. Mariliz Gutterres, Dr. Milton Zaro e Dra. Susana Cristina Domenech Presidente executivo: Paulo Griebeler Vice-presidente executivo: Dr. Valdir Soldi Institucional/Cursos/Eventos: Marcela Chaves da Silva (marcela@ibtec.org.br) Comercial - Gerente: Karin Becker (karin@ibtec.org.br) Consultorias - Consultor técnico: Paulo César Model (paulo@ibtec.org.br) Administrativo-Financeiro: Rogério Luiz Wathier (rogerio@ibtec.org.br) Projetos Especiais: Tetsuo Kakuta (projetos@ibtec.org.br) CB-11: Andriéli Soares (andrieli@ibtec.org.br) Laboratório de Biomecânica: Dr. Aluisio Avila (biomecanica@ibtec.org.br) e Dr. Milton Zaro (zaro@ibtec.org.br) Laboratório de Substâncias Restritivas: Janiela Gamarra (janiela@ibtec.org.br) Laboratórios Químico e Mecânico: Ademir de Vargas (laboratorio@ibtec.org.br) Laboratório de Microbiologia: Dr. Markus Wilimzig (markus@ibtec.org.br)

Jornalista Responsável e Editor: Luís Vieira - 8921-MTb/RS (luis@ibtec.org.br) Produtora Gráfica e Jornalista: Melissa Zambrano - 10186-MTb/RS (melissa@ibtec.org.br) Arte Final: Fábio Mentz Scherer (fabio@ibtec.org.br) Publicidade: Romeu Alencar de Mello (romeu@ibtec.org.br) Comercial: Daniela Tesser (daniela.tesser@ibtec.org.br) e Simoni Jaroszeski (simoni@ibtec.org.br) Conselho Editoral: Ênio Erni Klein, Wanderlei Gonsalez, Milton Antônio Zaro, Luís Vieira, Ernesto Plentz, Mauro Sarmento, Janete Maino, César Bündchen e Evandro Sommer A Tecnicouro não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados ou pelo conteúdo dos anúncios, os quais são de responsabilidade dos autores. A reprodução de textos e artigos é livre desde que citada a fonte. Fundada em 1979 | www.tecnicouro.com.br Rua Araxá, 750 - Cx. Postal 450 - Telefone 51 3553.1000 - fax 51 3553.1001 Cep 93334-000 - Novo Hamburgo/RS ibtec@ibtec.org.br | www.ibtec.org.br

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Outubro I Fórum de InovAção Tecnológica do Setor Calçadista 7 Novo Hamburgo/RS www.ibtec.org.br Novembro Zero Grau 16, 17 e 18 Gramado/RS www.feirazerograu.com.br

Janeiro Couromoda 10, 11, 12 e 13 São Paulo/SP www.couromoda.com Inspiramais 11 e 12 São Paulo/SP www.inspiramais.com.br Março 40 Graus 7, 8 e 9 Natal/RN www.feira40graus.com.br

Fimec 15, 16 e 17 Novo Hamburgo/RS www.fimec.com.br Abril Fiema 5, 6, 7 e 8 Bento Gonçalves/RS www.fiema.com.br IX Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado Novo Hamburgo/RS 27 e 28 www.ibtec.org.br

Errata Na Reportagem Especial da edição 289 (julho/agosto) foi divulgado que a marca de tênis Olympikus é desenvolvida pela Alpargatas. Porém, a grife pertence à Vulcabras Azaleia.

Obs.: o calendário de feiras é elaborado com informações obtidas através dos sites das organizadoras e pode sofrer alterações.

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FOTO LUÍS VIEIRA/DIVULGAÇÃO

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Reconhecimento

à competência C

O Studio também se destacou como parceiro no projeto Referências Brasileiras, coordenado pelo consultor Jefferson de Assis, na construção de uma bolsa envelope. Juliana conta que as claraboias do teto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) serviram como referência para a criação do porta-tablet, que foi montado a partir de diversas peças acrílicas e em ABS, unidas por elos em metal, sem qualquer acabamento em costura, seguindo a tendência minimalista. Foto Luís Vieira

riado pelas designers Daniela Fröhlich e Juliana Andretta e inaugurado em Novo Hamburgo/RS no dia 2 do último mês de julho, o Studio Coralli demonstra muita determinação e competência na sua especialidade - a consultoria de moda e design. O birô participou da mais recente edição do Salão de Inspiração Inspiramais, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), em São Paulo/SP, nos dias 8 e 9 de julho, tendo uma de suas criações conquistado um prêmio nacional apenas sete dias depois da estreia oficial da empresa ao mercado. A Coralli apresentou o Preview de Inverno 2016 para a Metalúrgica LLV, um dos seus principais clientes, expondo 70 modelos em ABS, zamac e estamparia em latão, com detalhes em cristais swarovski e pedras acrílicas. Uma de suas peças desenvolvidas para a empresa foi vencedora do prêmio Top 20 do evento. Daniela explica que o ornamento é um enfeite de cabedal desenvolvido através das pesquisas realizadas do Conceito 3 - norteado pela ostentação e simplicidade. “O artefato consiste da montagem de peças assimétricas em zamac, unidas por pespontos, com três tipos de banhos: ouro velho, rosado e acetinado.”

Bolsa envelope foi destacada no projeto Referências

Foto DIVULGAÇÃO

Brasileiras

Deslizadores atendem a norma de segurança Em maio de 2015, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), junto a outras entidades do setor de confecção, tais como o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e a ONG Criança Segura, publicaram a nova Norma ABNT NBR 16365/2015, que se refere à

segurança para roupas infantis. O objetivo é prevenir os acidentes que ocorrem devido à má confecção das peças de vestuário infantil e também servir como orientação para a indústria têxtil no momento de fabricação dessas peças. A nova norma de segurança foi elaborada levando em consideração as atividades cotidianas de cada faixa

etária das crianças e trata-se de um marco no setor têxtil e de confecção brasileiro, sendo prontamente acatada por indústrias conscientes de suas responsabilidades. A Sancris Linhas, Fios e Zíperes é uma dessas empresas, comprovando o compromisso com o lançamento de seus novos deslizadores, atendendo as especificações de segurança previstas na norma.

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Estampas

apim Puro, estúdio de design de superfícies, produz desenhos originais e exclusivos para o mercado de moda e decoração, papelaria e afins, com clientes no Brasil, e também no exterior. Da troca de know-how entre os processos manuais e digitais com foco na experimentação, fotografia e uso de cor, surgem novidades que se propõem a surpreender os clientes. Conforme a designer Veridiana Souza, os desenvolvimentos são elaborados pensando na aplicabilidade para diversos tipos de superfícies, como tecidos e couros. “As fontes de inspiração são amplas, compreendendo desde exposições de arte, moda de rua, arquitetura, até referências apontadas pelos próprios clientes, que algumas vezes já vêm com a ideia pronta”, conta Veridiana. Com a clientela abrangendo segmentos da indústria têxtil, de confecções e tecelagem, além de calçados e acessórios, a empresa foca na moda. Na atual coleção em desenvolvimento, muitas linhas geométricas, bem como referências étnicas e texturas com sensação de 3D.

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Máquina de corte automático de groupons

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Após um ano de seu lançamento no mercado mundial pela Comelz, a máquina de corte CT/M de um cabeçote foi complementada com uma versão especial (composta de um pacote de módulos opcionais). Direcionada ao mercado de solas de couro e de materiais semirrígidos, difíceis de serem cortados, conta com sistema exclusivo de deslocamento com braço suspenso em ponte T, que a torna rápida e versátil. Denominada CT/M-LB (devido à sigla em inglês LB: Leather Bend/Groupon), traz em seu cabeçote um oscilador pneumático reforçado capaz de cortar facilmente solas de couro. Também possui sistema Vision que reconhece os materiais, conta com uma caneta digital para demarcar as falhas do groupon, além de sistema de projeção de peças a laser.

Foto Luís Vieira

originais e exclusivas C

Em poucos segundos o sistema digitaliza o material e distribui as peças que imediatamente começam a ser cortadas na esteira de transporte com sucção setorizada, que mantém o Groupon fixo e plano para um corte perfeito . Durante o corte, o operador fica livre para recolher as peças de um groupon que é levado automaticamente até a área de recolhimento posterior, onde conta com um projetor colorido para facilitar a identificação das peças e suas numerações. O corte e recolhimento são simultâneos o que permite alcançar altos níveis de produção neste equipamento compacto com excelente área de corte.

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Matéria-prima nobre

e sem restrições A

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tuando no curtimento e acabamento de couro de animais de pequeno porte, como cabra, cordeiro, ovelha e bezerro, a Baby Leather desenvolve matéria-prima para produtos nobres de mercados como vestuário, calçados e bolsas. O gerente industrial André Sehnen salienta que comercialmente são dois os principais destaques: a camurça e o vestuário mestiço, que correspondem a 60% do total da produção, que gira em 600 metros ao dia. Outros destaques da empresa são o vestuário stretch, fornecido principalmente para as indústrias de calçados, e a linha cromo free, que além do setor calçadista também é utilizada para vestuário. “Esta linha já está bem consolidada no mercado e tem valor agregado justamente pela substituição de cromo por fenóico, isentando o produto final de uma das principais substâncias restritas”, sintetiza Sehnen.

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conforme a necessidade L

íder no fornecimento de componentes para calçados, principalmente palmilhas, entressolas e peças para dublagens, a Espugum faz os seus desenvolvimentos a partir das necessidades apontadas pelo mercado, especialmente percebidas junto aos clientes. O foco na resolução de demandas dos compradores pode, de acordo com a gerente comercial Ana Cláudia Morasi, ser exemplificado no caso do desenvolvimento de uma linha exclusiva para um cliente, cuja solicitação era a ausência de substâncias restritivas e também a incorporação de propriedades antibacterianas, evitando o mau cheiro e a proliferação de fungos. Dentre os principais artigos a empresa destaca as palmilhas moldadas, além das planas, que são oferecidas em forma de placa e bobina. Para o segmento esportivo, são confeccionadas opções em EVA, com diferentes tecidos e derivados, em variadas gramaturas. “Nossas linhas de espumas em várias densidades, viscoelásticas e também em látex são muito solicitadas para calçados femininos, mas também estão disponíveis para outros segmentos”, pontua Ana. No segmento de entressolas, o destaque é uma linha toda em EVA, que proporciona leveza, facilita o ajuste no pé durante o calce, presente nos calçados de nichos como os de artigos adventure, tênis e sapatênis.

Animal Print em alta

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Com produção própria de couros com pelo, que são exportados para mais de 10 países, a OCM Best Brasil também disponibiliza desenvolvimentos exclusivos para designers e marcas de calçados, bolsas e acessórios. Salientando que a alta qualidade e a satisfação do cliente são os principais objetivos da empresa, o representante comercial Rafael Lampert destaca que a produção é realizada em sistema de parceria, através da qual o processo de curtimento é realizado fora. A partir desta etapa concluída, a OCM recebe as peças e inicia o acabamento, sendo que as estampas animal print

Fotos Luís Vieira

Palmilhas e entressolas

são as mais evidenciadas. “A cada mês são finalizados em torno de cinco mil couros, dentre os quais o forte atualmente são as aparências de zebra, leopardo e onça, além de poá e chita”, conta Lampert. Os couros para tapetes e decoração são os mais solicitados no mercado externo, que recebe o maior volume da produção. Já no mercado interno, a serigrafia é a técnica mais procurada, abastecendo fabricantes de calçados e bolsas e artefatos, além de etiquetas. Na cartela de cores, se sobressaem as combinações de branco e preto, além de tons de cinza, castanhos e terrosos.

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com qualidade superior H

á mais de 60 anos no mercado, a Cifa Fios e Linhas desenvolve produtos diferenciados, visando a atender as necessidades do setor industrial em diversos ramos, tais como o de artigos em couro, as indústrias moveleira e têxtil, bem como a automobilística. Para o segmento coureiro-calçadista e também o técnico têxtil, oferece itens como fios de juta, poliéster reciclado de Pet, fios e linhas de alta tenacidade em náilon e poliéster para costura de alta resistência. A diversidade de produtos e a facilidade de relacionamento com clientes exigentes e de grandes marcas levou a empresa a conquistar expressiva participação no mercado nacional e uma posição de destaque na América Latina, sempre oferecendo produtos eficazes e de qualidade superior, a exemplo do Cifatrançado, FAR, Selo Marrom, Selo Prata, Selo Preto Fitinha, Selo Preto Especial, Selo Roxo, Tupimol, Trisma e Tupiplast.

Eficiência e segurança na aplicação de tachas

Fundada em 1977, com o objetivo de fornecer equipamentos para a indústria calçadista e moveleira com qualidade e tecnologia de ponta, a Máquinas Morbach busca o aprimoramento constante dos seus produtos. Para isso, investe em novas tecnologias voltadas ao desenvolvimento de soluções que facilitem o processo de fabricação das indústrias, garantindo mais agilidade e qualidade no produto final,

além de contribuir para a proteção dos operadores e a sustentabilidade ambiental. Um de seus destaques no portfólio de máquinas oferecidas para o sistema calçadista é o modelo M44, projetado para aplicar tachas de forma rápida e ergonômica. O equipamento possui carregador automático que permite o uso de tachas avulsas, reduzindo os custos tanto de material quanto operacional.

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Fios e linhas

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com fabricação no Brasil D

esde 2014, a Orisol do Brasil iniciou a fabricação nacional das máquinas de alta frequência e recorte. Atendendo as exigências da norma de segurança NR-12, o equipamento ao lado apresenta alguns diferenciais relacionados a inovação tecnológica, segurança, ergonomia e design, sendo exportado para os principais players calçadistas do mundo. As inovações tecnológicas são percebidas em itens como o ajuste eletrônico de potência para cada lado de mesa, o ajuste digital de pressões, a possibilidade de se operar com mais de um programa ao mesmo tempo, com pressões diferentes, além da memória para programas de ajuste por modelo de matriz. A segurança do operador e a ergonomia estão presentes no atendimento pleno aos requisitos da NR-12. O modelo apresenta acionamento com comando bimanual, tem portas de segurança na área do platô com filtros contra ruídos elétricos, oferece proteções laterais transparentes, que não prejudicam a visão do operador durante o abastecimento das matrizes, e funciona com sistema pneumático de baixo consumo. Quanto ao design, o equipamento conta com interface visual amigável para o operador, otimizado para transporte e/ou movimentação, e possui um painel elétrico modular acoplado fora do gabinete principal da máquina, facilitando a manutenção.

Foto Luís Vieira

Tecnologia voltada ao conforto e funcionalidade

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Quem olha a palmilha de um calçado talvez não perceba quanta tecnologia pode estar envolvida naquele componente. Mas já faz um bom tempo que a palmilha interna deixou de ser considerada um produto secundário, tornando-se uma grande aliada do calçado, principalmente no que se refere ao conforto e à saúde do pé. Atenta a essa realidade, a Palmiarte estabeleceu parceria com a Dublauto Gaúcha e D+Technology visando à transferência de tecnologia e se especializou na criação e desenvolvimento de

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Máquinas de alta frequência e recorte

Neste ano, a Orisol festeja seus 20 anos no Brasil, oferecendo máquinas e soluções para os fabricantes de calçados esportivos, femininos, masculinos, infantis e de segurança

palmilhas diferenciadas, auxiliando as indústrias calçadistas com a oferta de produtos especiais, que agregam valor junto ao consumidor final pelos benefícios oferecidos durante o calce. Um dos destaques é a palmilha hidratante, com tratamento natural a partir da semente de uma fruta. “A substância é impregnada no tecido e confere propriedades de hidratação do pé durante o uso, restaurando a elasticidade da pele e retardando o envelhecimento”, garante a coordenadora de vendas Cristina Gonçaves.

Outro produto em evidência é a palmilha Essence, que recebe uma blenda de óleos essenciais originários de plantas como lavanda, melaleuca, tomilho, capim-limão, cedro e cravo, cuja combinação resulta em propriedades antimicrobianas, antissépticas e cicatrizantes. “Além de todos esses benefícios, trata-se de um tratamento biodegradável, que não agride ao meio ambiente, ao contrário de acabamentos feitos com outras soluções originárias de substâncias sintéticas”, compara a profissional.

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Plastécnica investe

em reaproveitamento A para utilização no mesmo processo, substituindo cerca de 20% da matéria-prima virgem. “Com essa inovação, estamos contribuindo para a competitividade da indústria de componentes para calçados, além de ampliar nosso mix de prestação de serviços”, destaca o empresário, ressaltando que investimentos em maquinário tecnológico para novos projetos direcionados ao setor também são constantemente realizados.

foto Bárbara Teixeira/Usina de Notícias

tenta ao desenvolvimento e à competitividade do setor calçadista, a Plastécnica, especializada em micronização, investe em um projeto de reaproveitamento de resíduos industriais pré-consumo, até então sem aproveitamento. Segundo o diretor da empresa, Júlio Cezar Roedel, com a novidade os resíduos industriais retornam em 100% em peso ao cliente de origem, na forma de composto micronizado,

Com o novo processo, os resíduos retornam ao cliente na forma de composto micronizado

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CALÇADOS SOB MEDIDA

para portadores de deficiência P

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Rech Informática, uma história de sucesso

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resistente a impactos e tecido com tratamento antibacteriano. Já a Volvo recebeu um modelo ocupacional cujo cano recebeu forro transpirável, com tratamento hidrofílico de rápida dispersão de umidade. Tem palmilha antibacteriana, fôrma alta e larga, contando ainda com suplemento de calce no comprimento. Modelos são desenvolvidos pela Arteflex com base em receituário

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ensando nos trabalhadores portadores de deficiência, e que por isso necessitam de calçados especiais para realizarem as suas atividades profissionais, a Arteflex iniciou o desenvolvimento de EPIs personalizados, que levam em consideração as especificidades de cada profissional e seguem as demandas previstas no receituário médico do colaborador. A partir das medidas repassadas pelo cliente e do receituário médico, o setor de Pesquisa & Desenvolvimento cria um modelo específico, sob medida, para a necessidade do usuário, garantindo a mesma proteção recebida pelos demais profissionais que utilizam os equipamentos de proteção individual da marca. “É um serviço agregado que nos diferencia no mercado e, ao mesmo tempo, gera um importante resultado social, trazendo mais qualidade de vida e auxiliando de forma significativa esse grupo de trabalhadores”, ressalta o diretor Evandro Kunst. Os modelos personalizados já estão nas plantas de grandes empresas. Para a Nestlé, por exemplo, foi produzido um modelo de calçado para eletricistas com fôrma larga e um suplemento no calce. Resistente a baixas temperaturas e com solado isolante, o calçado ainda conta com biqueira especial

médico

A Rech Informática iniciou as suas atividades em 1990, com o objetivo de oferecer ao mercado um serviço diferenciado e de qualidade no segmento de sistemas de gestão empresarial. Com sede em Novo Hamburgo/RS, a empresa se desenvolveu alicerçada na seriedade e comprometimento com a satisfação e tranquilidade total dos seus clientes, independentemente do setor de atuação. Hoje o sistema ERP SIGER® - Sistema Integrado de Gestão Empresarial Rech atende empresas dos segmentos industrial, de distribuição, comércio, serviços e escritórios de contabilidade. Segun-

do o diretor Rovani Marcelo Rech, a trajetória da empresa é marcada pela qualidade, comprometimento e seriedade. “A Rech sente-se orgulhosa de ter contribuído para o crescimento e desenvolvimento dos seus clientes. Podemos afirmar que o reconhecimento do nosso trabalho é fruto da confiança que estas empresas depositaram nos nossos serviços e no sistema integrado de gestão”, afirma Rech. Em 2015, ao completar 25 anos, é referência em sistemas de gestão ERP. Com sede própria instalada em uma área de 4.000 m2 e equipe composta por mais de 120 colaboradores, atende a mais de 900 empresas.

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ridas para o Inverno 2016. Capitaneados pelos estilistas Isabela Capeto, Jefferson de Assis e pelo Estúdio Rato Rói, os projetos Ecodesign, Mix by Brasil e Saberes Manuais demonstraram como fazer moda atual, moderna e também com valor agregado a partir do reaproveitamento de materiais, da cultura popular brasileira e dos elementos na natureza. Além de toda a mostra para o Inverno 2016, o Inspiramais adiantou as inspirações para o Verão 2017: o Projeto Referências Brasileiras segue alinhado às diretrizes do Preview do Couro e busca símbolos na cultura brasileira que tratem do minimalismo e do abstracionismo expressionista. Já o +Estampa cria propostas inovadoras incorporando a originalidade brasileira como forma de reduzir a cultura da cópia e também da compra de estampas internacionais. O Fórum de Inspirações apresentou tendências em matérias-primas para o Inverno 2016, dentre as quais o público pode eleger os 20 materiais que se sobressaíram por seu design - os Top 20. Buscando apresentar um serviço abrangente para o setor de componentes, o projeto Inovações Químicas para Couro detalhou os processos pelos quais cada pele passou para atingir determinados efeitos como cores, texturas, brilho e maciez; a partir do processo de aplicação de produtos de alta tecnologia e com apelo ecológico. Já o projeto Materioteca apresentou materiais inovadores, que são constantemente renovados e catalogados, de forma a auxiliar designers e pesquisadores de moda na montagem de suas coleções. A próxima edição do Inspiramais está confirmada para os dias 11 e 12 de janeiro de 2016.

FotoS Luís Vieira

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m tempos em que os desafios da crise batem à porta, nada melhor do que se inspirar pelo viés do empreendedorismo, inovação e cultura. Pois foi isso o que 5,5 mil visitantes vivenciaram no Inspiramais - Salão de Design e Inovação de Materiais que aconteceu entre os dias 8 e 9 de julho em São Paulo/SP. Cada um dos projetos expostos na mostra foi concebido para oferecer aos profissionais subsídios que façam a diferença na elaboração de produtos com diferenciais de design, sustentabilidade e inovação e levem as indústrias do segmento da moda - especialmente calçadista, têxtil, moveleiro e de artefatos - a serem mais competitivas e prospectarem negócios nos mercados nacional e externo. Na área internacional, o Footwear Components by Brasil - por meio de parceria com a Assintecal e a Apex-Brasil - realizou o Projeto Comprador, que recebeu fabricantes de calçados do México, Equador e Colômbia interessados em matérias-primas brasileiras para seus produtos. Através do Projeto Imagem, jornalistas e formadores de opinião de veículos da Inglaterra, Itália e Colômbia conferiram o processo de produção, a qualidade e o design da moda brasileira. Para o mercado interno, o Sebrae foi responsável pela viabilização da participação de alguns expositores. Reunindo mais de 350 compradores de 21 polos calçadistas e de confecção através de Rodadas de Negócios e Missões Empresariais, além de incentivar projetos de aperfeiçoamento profissional, como o The Walk Fashion. Quem procurou por inovação encontrou matérias-primas artesanais e sustentáveis suge-

Para assimilar

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Inovação com foco para os artigos esportivos

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ncentivar o desenvolvimento de produtos de alto desempenho e performance para ampliar a competitividade das empresas brasileiras de artigos esportivos foi a missão do Inovamais, que apresentou aos visitantes um ciclo de palestras proferidas por consultores, designers, empresários e pesquisadores.

solução neste sentido, pois serão oferecidas novas matérias-primas, pensadas de forma a valorizar as referências locais com relação ao design do produto”, exemplifica.

Tendências em calçados esportivos

Giancarlo Medeiros foi o convidado para falar sobre co-design. Ele comentou que os fabricantes anseiam por aumentar as vendas e conquistar novos mercados, porém, antes é preciso conhecer o perfil de compra e também como está estabelecida a rede de produtores locais nos mercados pretendidos. “Se competir pelo preço está difícil, e é caro desenvolver novas soluções, então é necessário saber quais são as demandas dos mercados em potencial e buscar parcerias para suprir tais necessidades. Mas antes de investir há ainda a necessidade de se estudar qual é o tamanho do mercado a ser explorado a partir da implantação dos diferenciais pretendidos”, defende. Na sua opinião, a produção de calçados pode ficar mais simples e barata, pois no sistema de co-design os fornecedores se unem para pensar a moda como um todo, oferecendo em conjunto soluções que agreguem valor ao produto final. Porém, lembrou que apesar do mercado ser global é preciso alinhar o design ao gosto local. “A criação de uma materioteca pode ser uma

Nelson Balker Junior falou sobre as vantagens do sistema de impressão digital, que acelera o desenvolvimento de design tanto em confecções quanto em calçados. “Além de melhorar a dinâmica do mercado oferecendo mais opções em estampas, brilhos, formatos diferenciados e intensidade da cor, reduz o tempo e facilita o processo agregando a tudo isso a qualidade fotográfica na estampagem”, relacionou Junior, lembrando ainda outros fatores como os custos reduzidos e o menor tempo de desenvolvimento de processos. A tendência é que o sistema ganhe cada vez mais espaço em setores como comunicação visual, decoração, calçado e têxtil, devido a maior liberdade na criação da arte gráfica, pois com a sublimação se utiliza uma fibra branca como base e sobre ela se pode aplicar qualquer cor. “A maioria das camisas das equipes desportivas são finalizadas em processo de sublimação, com exceção dos uniformes com uma cor só, como o da Seleção Brasileira, por exemplo, que é toda em amarelo. Basta comparar o avesso com a parte externa que se percebe a cor branca por dentro e o colorido por fora”, contextualiza.

Tendo como tema as tendências mundiais em calçados esportivos e o desdobramento no mercado brasileiro, o designer Victor Barbieratto lamentou o fato de que enquanto as grandes marcas mundiais pensam em soluções para cinco anos à frente, no Brasil se trabalha muito com o imediatismo. Segundo o palestrante, a economia mundial passa por um grande dilema: por um lado os consumidores querendo pagar cada vez menos pelos produtos e por outro, os insumos, principalmente importados, custando cada vez mais. Com isso a tendência é a intensificação da produção para mercados locais, reduzindo custos como o de transporte. “A Adidas, por exemplo, está reativando a sua produção na Alemanha, mesmo com custos de produção altos. Temos, portanto, que olhar mais atentamente para o mercado interno, fazendo calçados que os consumidores brasileiros desejam”, aponta. Apresentando vários modelos de tênis esportivos de diferentes épocas, ele salientou que as marcas usam hoje menos componentes que no passado recente, estão mais leves e baratos. O tênis Gel Nimbus 13, que foi produzido em 2011 pela Asics, tinha um cabedal com 22 peças, solado com oito componentes, além de apresentar diversas aplicações visuais. Enquanto isso, o Flyknit Racer da Nike foi lançado recentemente com apenas duas peças, tendo o cabedal tricotado costurado na sola.

Giancarlo Medeiros

Nelson Balker Junior

Victor Barbieratto

Co-design

Prototipagem por impressão digital

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O futuro do e-commerce O diretor executivo da NetShoes, Renato Mendes, considerou que há 15 anos a organização era uma loja física de rua no centro de São Paulo/SP, mas soube se reinventar priorizando o interesse do cliente e tornou-se um fenômeno de vendas pela internet, alicerçado sobre o tripé estratégico do varejo, serviço e tecnologia. “Para a empresa a inovação só faz sentido quando facilita a vida das pessoas. Por isso, em tudo o que fizemos colocamos o cliente como protagonista, para que a experiência de compra seja a melhor possível. Esta visão de ser uma empresa com vocação para servir não é restrita à administração, mas estendida a todos os mais de dois mil funcionários”, explicou. A empresa online é movida pelo permanente ajuste e aprimoramento. Se não dá para ser melhor em tudo, é preciso, pelo menos, entender no que se é bom e evoluir para melhorar sempre mais. “A venda virtual chegou a um nível de máxima personalização. Quando uma pessoa entra no site, em fração de segundos é montada uma loja própria exclusiva para ela, de acordo com o seu perfil de navegação e compra. Se contabilizarmos 300 milhões de acessos, teremos 300 milhões de configurações de lojas”, pontua.

Renato Mendes

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Tendências para o inverno 2016 O coordenador do Núcleo de Design da Assintecal, Walter Rodrigues, levou ao público o resultado da pesquisa de materiais e cores desenvolvida para os componentes do inverno 2016 e, assim como nas outras edições, foi configurada no formato de uma pirâmide. No topo está o Conceito 3, que abrangendo 10% das pesquisas está relacionado à experimentação, unindo ostentação com simplicidade. A ideia de desconstrução dos materiais valoriza a sensação de tato, com elementos em relevos e espaços vazios, por exemplo. O ouro não deve ser passado apenas como cor, mas como luz, reflexos, sombras, proporcionando beleza e impacto. A percepção de que tudo pode ser costurado resulta uma combinação de materiais muito mais rica e elaborada. O Conceito 2 está no meio da pirâmide, em um volume de 30%, englobando apostas a serem lançadas e tem como referência o rompimento de fronteiras. Os minerais, que podem remeter a escaladas, inspiram formas, texturas, cores, padronagens. O denim está associado à liberdade simbolizada pelo blue jeans. Já na base da pirâmide está o Conceito 1, que soma 60% dos desenvolvimentos, com produtos já consolidados para o mercado, circulando no território dos grandes volumes de vendas. A chuva, com seu brilho, translucidez e formas circulares é ponto de partida para muitas ideias, a exemplo do uso de franjas como se fossem raios.

Preview do couro O coordenador do Núcleo de Design da Assintecal, Walter Rodrigues, e os designers Ramon Soares e Marnei Camenatti anteciparam as tendências em couro para o verão 2017, mostrando as cores e texturas que mais serão procuradas pelas indústrias da moda em calçados, bolsas, acessórios e vestuário. Os tons de rosas, verdes e laranjas se mantém associados à estação contrapondo-se a colorações tradicionais como preto, branco e vermelho, que igualmente predominam. No couro vacum exploram-se acabamentos inspirados em aspectos frios, modernos e minimalistas, como o box fosco; ou clássicos, como a caseína e a anilina, em efeitos lisos, leves e de aspecto levemente perolado. Estruturas corrugadas, ou estampas e gravações de texturas e relevos abstratos se intensificam. O imaginário e o movimento pop são materializados a partir de acabamentos artesanais e coloridos. As peles de peixe, principalmente tilápia, ganham recortes e montagens diferenciados. As exóticas cobras python ora aparecem lisas e limpas, ora com efeitos de desenhos abstratos. Finalizações excêntricas, como pintura iridescente sobre pele de mestiço, ou perolados metálicos sobre pele de jacaré, compõem o mix de opções.

Walter Rodrigues

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A partir da Francal,

calçadistas estão mais otimistas “

Varejo O presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Calçados

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e Artefatos (Ablac), Imad Esper, concorda com Abdala. Na avaliação do dirigente, o volume de pedidos aos fornecedores foi equivalente à programação de venda para os meses seguintes e envolveu diferentes linhas de produtos, das tradicionais rasteiras aos esportivos de última geração. “Teremos, sem dúvida, uma recuperação do varejo no segundo semestre”, prevê. O otimismo é compartilhado também pelo presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein. “É digno de registro o resultado das negociações realizadas para o varejo brasileiro, especialmente de marcas caracterizadas pelo forte investimento em moda, conforto e valor agregado”, enfatiza. Exemplo desta constatação é o desempenho dos 34 pequenos e médios calçadistas que apresentaram suas coleções no estande coletivo do Rio Grande do Sul, patrocinado pelo Governo do Estado, Sebrae-RS e ACI-NH/ CB/ES. Nos quatro dias da feira, foram comercializados mais de 246 mil pares e peças, que resultaram

num faturamento superior a R$ 9,6 milhões. O valor é 27% maior do que o alcançado na edição do ano passado.

Mercado externo Klein avalia que a Francal confirmou a tendência de recuperação nas vendas também para o mercado externo, embaladas pela alta do dólar e pela recuperação de alguns dos principais mercados para o setor calçadista nacional, entre eles os Estados Unidos. Nesta edição, 1.205 importadores de 64 países vieram à feira para fazer negócios com os fabricantes brasileiros, muitos deles atraídos por uma série de ações promovidas pela Francal, como pagamento de estadia e massiva comunicação no mercado externo. “Nossa estratégia se mostrou acertada e trouxe bom resultado, com negócios realizados com expositores de todos os portes”, reforça Abdala. Para o presidente da feira, o legado da edição encerrada é que o trabalho e a confiança do setor foram fundamentais para superar este momento de instabilidade.

Foto DIVULGAÇÃO

Enfrentamos a crise e criamos as condições para vencê-la.” É desta forma que o presidente Abdala Jamil Abdala define o papel da Francal 2015, realizada de 6 a 9 de julho, após um primeiro semestre marcado pela retração das vendas de calçados nos mercados interno e externo. A feira foi palco para o lançamento da moda primavera-verão em calçados e acessórios de cerca de 800 empresas, que representam mais de 2.000 marcas. A estação é responsável por 60% da produção nacional do setor e por até nove meses de vendas no varejo. A feira foi visitada por mais de 43 mil profissionais, sendo 15.868 lojistas de todos os estados brasileiros. “Os lojistas compraram para abastecer suas vitrinas para a próxima temporada e, com isso, manifestaram a confiança de que o segundo semestre vai representar uma retomada dos negócios”, analisa Abdala.

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Imagem e negócios

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radicionais ações do calendário do Brazilian Footwear, os Projetos Imagem e Comprador VIP levaram convidados de diferentes países para acompanhar a Francal 2015. Para o Projeto Comprador VIP, foram convidados importadores da Colômbia, Estados Unidos e Rússia. Com demandas diferenciadas, cada mercado cumpriu uma agenda distinta, pensada para atender todas as particularidades. Através do Projeto Imagem, oito jornalistas internacionais aproveitaram a mostra para conhecer as coleções de primavera-verão, a fim de divulgar os lançamentos em seus países.

A reinvenção do ponto de venda Em sua palestra promovida na Francal pela Abicalçados, o professor da ESPM-Sul, Rubens Sant’Ana, enfatizou que 95% do cérebro humano é inconsciente e o cliente precisa ser encantado, pois a sua decisão de compra sempre será emocional. “É preciso que as marcas estejam atentas para a comunicação com vistas à mudança do hábito e, consequentemente, do comportamento de consumo“, frisou. Ele destacou ainda que o diferencial não está mais no produto, mas no ponto de venda, com a agregação de serviços.

Destaque e Garra

Foto Luís Vieira

Durante a feira, o Grupo Editorial Sinos realizou a 36ª edição da tradicional entrega do Troféu Destaque e Garra de Ouro, em reconhecimento a quem fez a diferença no setor calçadista no último ano. O presidente do IBTeC, Paulo Griebeler, prestigiou o evento, que homenageou entre tantos a Dakota, que foi agraciada na categoria indústria e calçados. Quem recebeu a homenagem foi o Presidente da Dakota, Romeu Lehnen. “É um grande prazer e alegria receber esse prêmio, é um sinal que estamos no caminho certo”, comentou.

Daniel Noschang (Grupo Sinos), Paulo Griebeler (IBTeC), Romeu Lehnen (Dakota) e Fernando Alberto Gusmão (Grupo Sinos)

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Relatório Brasil Calçados 2015*

Mercado externo domina pauta em coletiva Com o mercado interno desaquecido, as atenções do setor calçadista estão voltadas para além-fronteiras. Para o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, “existe uma conjunção de fatores que, tendo em vista a circunstância de queda na demanda interna, recomendam um esforço adicional para o mercado internacional”. O atual momento macroeconômico, somado ao empenho demonstrado pelo Governo Federal através do lançamento do Plano Nacional de Exportações (PNE) - que entre outras questões, garantiu a manutenção do Reintegra e o financiamento para as exportações - devem ser fundamentais para o incremento dos embarques.

Caminho da recuperação Durante o encontro com a imprensa também foi lançado o relatório Brasil Calçados 2015, do Instituto de Es-

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tudos e Marketing Industrial (IEMI). Conforme o relatório apresentado pelo diretor do IEMI, Marcelo Prado, o País ocupa a 16ª posição, com apenas 0,9% de participação no total de exportações de 2013. “Perdemos espaço para os asiáticos nos anos recentes. É preciso que a indústria brasileira passe a concorrer em design e valor agregado, não mais no preço”, disse. Além da concorrência asiática e da perda de competitividade da indústria nacional por questões de custos de produção, Prado destacou a formação dos grandes blocos econômicos, que permitem importações sem impostos dos países signatários, caso da Nafta e da União Europeia. “As exportações não cresceram apenas em países com baixos custos de produção”, frisou, citando que países como Itália, Bélgica, França, Alemanha e Portugal figuram na frente do Brasil no ranking de exportados mundiais. “Além de serem favorecidos pelo acordo do bloco europeu, esses países vendem design, valor agregado e originalidade”, ressaltou.

Programa para o desenvolvimento tecnológico

Foto Luís Vieira

- Valor da produção (vendas): R$ 27,8 bilhões em 2014 (+4,6%); - Unidades produtivas: 7,9 mil indústrias (-2,6%); - Produção: 877 milhões de pares (-2,5%); - Investimentos: R$ 594 milhões (-11%); - Exportações: US$ 1,06 bilhão (-2,6%); - Importações: US$ 561,3 milhões (-1,9%); - Saldo da balança comercial: US$ 506 milhões (-3,2%). *dados referentes a 2014 e comparativo com o ano anterior

Logo após a coletiva, o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, revelou em exclusividade para a Tecnicouro que a associação vai retomar programa para o desenvolvimento tecnológico da indústria. O projeto tem o apoio e participação de outras entidades setoriais e centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e visa a apoiar as empresas, que enfrentam grandes dificuldades para competir tanto no mercado doméstico quanto no cenário internacional - especialmente as micro e pequenas. “Algumas empresas avançaram nesta questão, mas são essencialmente de grande porte. As médias e as pequenas não chegaram lá e sentem de forma ainda mais contundente as consequências da concorrência desleal praticada especialmente pelos fabricantes asiáticos, que embarcam seus produtos com preços muito abaixo dos custos de produção. Por isso a urgência na retomada das tratativas iniciadas no ano passado”, pontuou.

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Após 20 anos,

congresso da IULTCS volta ao Brasil M

ais de duas décadas depois, a 33ª edição do Congresso da IULTCS (International Union of Leather Technologists and Chemists Societies) será realizada no Brasil, de 24 a 27 de novembro próximo, sob organização da Associação Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro (ABQTIC). Para fazer do evento uma oportunidade de atualização para empresas e profissionais, foram organizadas palestras especiais com temas relacionados à rotina operacional do processo de fabricação de couros. O presidente do congresso, Roberto Kamelman, ressalta que o mundo do couro virá ao nosso país e isso significa uma excelente oportunidade para os brasileiros mostrarem seu potencial e se informarem sobre o que a comunidade científica mundial está pesquisando e desenvolvendo nesta área e sobre tecnologias aplicadas com sucesso nos diversos processos da produção de couros. “O intercam-

bio de ideias e o desenvolvimento de contatos entre os participantes que este tipo de evento oportuniza, certamente terá importante influência na vida profissional de cada um e na evolução da nossa indústria”, destaca. O presidente-executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), José Fernando Bello, assegura que o congresso da IULTCS é um dos eventos mais importantes realizados no País nos últimos anos, e a oportunidade de sediá-lo após duas décadas é uma oportunidade ímpar de mostrar ao mundo o profissionalismo e conhecimento, além de posicionar a imagem do setor coureiro brasileiro no mercado global. “Temos boas expectativas e também a certeza de que o congresso será exitoso, afinal está sendo preparado com extrema dedicação pela nossa parceira ABQTIC”, comentou Bello. Ele ainda lembrou que técnicos, pesquisadores, empresários e estudantes de diversos países devem prestigiar o evento, o

Apoiadores O Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e a Revista Tecnicouro são apoiadores do congresso. O presidente-executivo do instituto, Paulo Griebeler, salienta a importância de a cadeia coureiro-calçadista demonstrar a sua união através de uma maciça participação dos seus técnicos. “As pessoas são o maior patrimônio de qualquer organização e, em momentos de desafios, é ainda mais importante buscar a qualificação através da participação de um evento de nível internacional como este, que proporciona a troca de ex-

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que é muito bom para a cadeia à medida que eles vêm em busca de conhecimento, de atualização. A vinda da comunidade técnico-científica internacional ao Brasil para discutir temas como produção mais enxuta, sustentabilidade, design e mercado é considerada pelo presidente da ABQTIC, Cezar Müller, como o momento olímpico do setor do couro. “Será a grande oportunidade para o setor coureiro brasileiro mostrar a sua força como um dos principais fornecedores mundiais, com alto valor tecnológico e principalmente colocando-se como protagonista no que diz respeito a novas tecnologias”, contextualiza. A estimativa é que mais de mil profissionais participem dessa discussão sobre as novas tendências e o futuro da tecnologia no setor. “Você é nosso convidado a participar deste evento, que além das palestras técnicas e apresentações científicas, contará também com diversas atividades paralelas”, convida Müller.

periência”, considera. Ele lembra ainda que o IBTeC, atua como o braço tecnológico do setor, e busca cada vez mais oferecer produtos e serviços para qualificar as empresas que buscam inovar para obter melhores resultados no mercado. O trigésimo terceiro congresso da IULTCS (International Union of Leather Technologists and Chemists Societies) será realizado na Universidade Feevale. Paralelamente ao evento acontecerão a 19ª edição do Flaqtic Congress, realizado pela Federação Latino-Americana das Associações dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro (Flaqtic) e o 21º ABQTIC National Meeting, realizado pela Associação Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do (ABQTIC).

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Uma semana

só para as mulheres D urante uma semana de novembro, acontecerá no Brasil o Ella Trend 2015. Um evento inédito, virtual, em ambiente 3D, totalmente interativo, destinado exclusivamente às mulheres. As participantes assumem um avatar e literalmente passeiam para fazer compras, conhecer tendências da moda e beleza, assistem palestras, entre outras interações. Os principais setores são moda, beleza, noivas, saúde, negócios e outros serviços. E o que é melhor, as internautas podem chamar suas amigas para ir junto e não precisam sair de casa ou trabalho, mesmo que estejam no exterior do país. A plataforma foi desenvolvida na Italo Americana Hyperfair e trazida ao Brasil pela Maio Produções. Desde 2009 a empresa realiza eventos no exterior nos setores de RH, construção sustentável, decoração, tubos e cabos, medicina, franquias, componentes eletrônicos entre outros. A ExpoConstruction 21 ocorrida no ano passado, por exemplo, contou com um recorde de público de quase 1 milhão de visitantes no mundo todo. Nenhum evento físico teria a capacidade de atender a tantos visitantes. Segundo Rogério Ribeiro,

um dos organizadores do Ella Trend, a grande vantagem em eventos virtuais é a quebra da barreira física que existe entre o consumidor e o lojista. “Além da redução de custos e a flexibilidade da agenda do lojista, é possível a interação de um público incalculável, o que um evento físico não permite. Para o lojista expositor, é uma grande oportunidade de conquistar novos clientes, exibir a marca, a tendência, as novidades, e conquistar parceiros no mercado com baixo investimento. Em linguagem digital, é o melhor custo/benefício do opt-in na internet. Para a visitante, é muito prático aproveitar os descontos de lojas de todo o Brasil em um só lugar, caminhando virtualmente com suas amigas como em um shopping center em 3D, sendo atendida por lojistas, guardando na sacola o que interessa, comprando, trocando cartão de visita, fazendo networking, tirando selfies, compartilhando as novidades e encontrando celebridades”, explica. Os organizadores do Ella Trend acreditam que este será o maior evento virtual já ocorrido no Brasil. Para tal, estão reunindo expositores das maiores feiras regionais do País, para apresentar moda íntima,

vestuário, calçados, joias, produtos de beleza, de noivas e também oportunidades de negócios como franquias, cursos e treinamentos. Convites exclusivos serão entregues a fabricantes e lojistas, estilistas e profissionais formadores de opinião, empresários e grandes players do mercado, mídia e blogueiras. A expectativa de público em seis dias de evento é de 130.000 participantes.

Consumo Segundo dados da Consultoria Forrest Research/ Mercado Livre, as mulheres já são maioria dos compradores virtuais. Pelo menos 67% do total de mulheres brasileiras já fizeram alguma compra online, contra 65% dos homens. Os produtos que lideram a lista dos mais comprados no mercado virtual, segundo o ebit empresa, são moda e acessórios com 17%, e cosméticos, perfumaria, cuidados pessoais e saúde com 15% do mercado. As mulheres lideram com larga vantagem. No ranking ainda estão os eletrodomésticos (12%), e telefonia e celulares (8%). A empresa prevê um faturamento com e-commerce 20% maior que o ano de 2014.

Em novembro acontecerá o maior evento virtual no Brasil destinado exclusivamente ao público feminino 32

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Segmentar

para expandir O

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momento não é de retração, mas de ousar e inovar para mostrar-se mais ao mercado. Com este pensamento, o empresário João Angelo Aguila Diniz realizou a primeira edição da feira Fashion Shoes, que expôs 65 marcas de calçados e acessórios com valor agregado na cidade de Ribeirão Preto/SP entre 24 e 26 de agosto. Criada para oferecer tanto aos visitantes quanto aos expositores oportunidades de negócios com comodidade, a mostra teve um formato moderno com estandes minimalistas onde o destaque eram os produtos e as respectivas marcas. Durante a solenidade de abertura, o secretário de turismo de Ribeirão Preto, Tanielson Campos, considerou que a iniciativa vai ao encontro da tendência de interiorização das feiras. “Nada mais inteligente do que estar expondo em uma cidade que é referência em turismo de negócios e está situada em uma região muito rica onde existem 83 cidades localizadas a menos de uma hora de distância, somando uma população de 3 milhões de habitantes”, considerou. O presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão do Couto, lembrou que

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há muitos anos o setor sonha com um canal de vendas que atenda as necessidades da região. “A feira veio para complementar o calendário de eventos do setor com vantagens adicionais como a estrutura do Ribeirão Shopping e o conceito de feira enxuta e moderna”, afirmou. Diretor regional da Fiesp, Vagner Machado, disse: “não vejo outra modalidade de negócio que não seja na forma de apresentar o que de melhor se faz, no lugar certo. Acertaram em cheio e acredito que a ideia dará muito certo, pois este momento adverso é passageiro”, previu. O presidente-executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, afirmou que o empresariado está fazendo a sua parte para que o País passe logo por este momento desafiador. Também apontou dados que ilustram a grandeza do setor e lembrou que o instituto é parceiro das empresas na busca pela inovação. “Quando o momento é de desafio, o setor sabe responder com efetividade, e a realização desta primeira edição da Fashion Shoes exemplifica esta vontade de fazer as coisas acontecerem”, considerou. O vereador de Franca, Adermis Marine, destacou a união das empresas com

as entidades de classe. “É fundamental que as empresas busquem cada vez mais alternativas para criarem oportunidades de melhoria”, pontuou. “Mostramos que podemos fazer a diferença”, disse o empresário Renato Raimundo - um dos idealizadores da feira. Ele lembrou que a realização da feira foi o primeiro passo de uma caminhada em busca de novas oportunidades.

Avaliação A lojista Regina Celia da Silva, da Nove Irmãos Calçados, de Ituverava/ SP, procurou por calçados masculinos e femininos. “Não vim com a intenção de fazer compras, mas encontrei diferenciais em texturas e cores que vão agregar no ponto de venda, então fiz alguns pedidos”. afirmou. Fabiana Sanches, da Fabiana Sanches Calçados, de Jaboticabal/ SP, trabalha apenas com calçados femininos. “Visitei fornecedores tradicionais e contatei outras empresas, gostei do que vi, tanto na organização e infraestrutura do espaço quanto nos produtos, que estão bastante diversificados, contemplando as necessidades de vários estilos de mulheres”, assegurou. De acordo com Joaquim Sampaio, do Grupo Beira Rio, o formato e o local estão perfeitos, mas ele acredita que talvez o período precise ser ajustado para que mais lojistas se entusiasmem a adquirir produtos para as vitrinas do final de ano. “Acho que devemos insistir, pois a ideia é boa e tem tudo para dar certo”, ponderou. Já Paulo Cesar Silva, da Calçados Viccini, acha que o período da feira está certo, pelo menos para o fabricante de calçados masculinos. “Já fizemos as vendas do Dia dos Pais e agora é hora de pensarmos no final do ano”, disse ele, acrescentando que a proposta de ser uma feira regional abre o leque para as vendas.

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NOTAS Louboutinize

ARTESANAL Christian Louboutin anuncia o lançamento do Louboutinize , um filtro para aplicação em fotos do iPhone e iPad, que permite fãs e seguidores adicionarem um toque único de Louboutin às suas fotos. O aplicativo tem três filtros exclusivos, com a intenção de inspirar a criatividade e diversão.

cores monocromáticas A Converse Inc., que busca inspiração na convergência de quatro elementos-chave da street culture (arte, música, fashion e skate), apresenta a nova coleção do modelo Chuck Taylor All Star Rubber. Feita de borracha, a coleção traz as silhuetas do clássico atualizadas em cores monocromáticas que são tendências da estação.

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A marca cearense Catarina Mina, especializada em acessórios feitos à mão, abre os segredos de suas bolsas femininas e lança a campanha #umaconversasincera, que carrega como base os princípios da economia criativa e sustentabilidade. Nesta campanha, a grife expõe os custos envolvidos na produção de cada uma de suas peças e processo. Criada em 2005, sob o comando da designer Celina Hissa, iniciou o trabalho com algumas artesãs do Ceará e, aos poucos, com diversas trocas de experiências foram tecendo juntas a vontade de valorizar o artesanato, buscando maneiras de o tornar atrativo e econômico, e projetando o artesanato no mercado para que a atual e novas gerações de crocheteiras sintam orgulho da atividade que fazem e produzem. E o ineditismo não fica apenas nas formas do produto, está também na cultura de sustentabilidade da marca, evitando desperdício em cada atividade.

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COLUNA Moda Inspiração conservadora

Mellow Yellow Ixos

Gabriella Laino Foto Shoe Group

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Gianna Meliani

Pas de Rouge

Violavinca

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austeridade contamina a moda? À primeira vista, parece que sim, tendo como base a paleta cromática dominada pelo preto, presente nas coleções femininas do outono-inverno 2016 expostas na Micam, as quais revelam uma inspiração conservadora e formal, com tendência para o novo minimalismo, típico do guarda-roupa masculino. Porém, sob um olhar mais atento, a criatividade toma voo através de detalhes estilísticos que redefinem linhas e formas, caracterizando o design para a temporada fria do próximo ano. Solas em ziguezague e salto alto, elementos 3D, ilusões de ótica e bloco de cores, efeitos de cheio/vazio, novas alturas que ultrapassam a linha do joelho e o retorno do bico pontiagudo são delineados com precisão.

Mario Valentino

Sandro Vicari

Baldinini

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IMAGEM ALPODIATRYLONDON.CO

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O paradoxo P de fazer calçados para quem busca a sensação de estar descalço

Foto pitsallaboutfeet.com

Menos é mais? • Luis Vieira

ara os adeptos do minimalismo - princípio que se refere a uma série de movimentos artísticos, culturais e tecnológicos que percorreram diversos momentos do século XX e perduram até os dias de hoje, e busca reduzir ao mínimo o uso de elementos ou recursos como base de expressão - provavelmente a resposta mais óbvia para a perguntatítulo desta reportagem talvez fosse um contundente SIM. Mas quando se pensa em aplicar este conceito ao design de calçados de performance, a conclusão não é tão simples. O design minimalista ganhou força a partir da década de 1980, contrapondo-se ao design pósmoderno que é caracterizado pela grande variação cromática, formal e simbólica nos objetos. No entanto, nessa antítese ao design pós-moderno em prol do despojamento visual do produto, acabou-se por abrir mão também de aspectos relacionados com a funcionalidade, e é exatamente aí que habita a maior controvérsia quando se trata de calçados para a prática de esportes. O conceito chegou ao mercado de calçados em meados da década de 1990, mas foi a partir do artigo científico Foot strike patterns and collision forces in habitually barefoot versus shod runners publicado por Daniel Lieberman e colaboradores na revista Nature, em 2010, que aconteceu a ascensão nas vendas de calçados minimalistas.

Em seu artigo artigo Selling the sole: media, mysticism, and the marketingof barefoot-inspired athletic footwear, publicado no site tandfonline.com, John Haman & David Dowling citam uma pesquisa realizada por David Bernstein em 2013, na qual afirma que houve um crescimento de 303% na venda de calçados minimalistas entre novembro de 2010 e novembro de 2012. Os pesquisadores sustentam que o estudo de Lieberman contestando a efetividade dos cada vez mais complexos e caros sistemas desenvolvidos pelas marcas de calçados de corrida sob a alcunha de aumentar a segurança e o desempenho contribuiu significativamente para este súbito aumento nas vendas. As principais argumentações do estudo de Lieberman são no sentido de que a evolução natural do homem levou ao aperfeiçoamento da biomecânica do pé, adaptando o membro para correr sem a necessidade de tênis e toda a sua tecnologia. Ele foi mais longe ao sugerir que o uso de tênis tradicionais pode causar lesões, enquanto os calçados minimalistas, elaborados com pouco material e nenhuma tecnologia para diminuir o impacto com o solo, ajudam a proteger os atletas, além de melhorar o desempenho durante as corridas. Os argumentos ganharam ampla divulgação, atraindo a atenção dos usuários e também da indústria calçadista.

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Uma nova oportunidade para negócios

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entindo-se desafiadas e entendendo que esta discussão abriu uma nova oportunidade para os negócios, os fabricantes de calçados esportivos decidiram investir ainda mais no desenvolvimento de modelos com características minimalistas, para atender as necessidades das pessoas que optam por correr descalço. Com isso, o mercado passou a receber uma quantidade cada vez maior dos novos calçados que são mais leves, flexíveis e deixam o pé rente ao chão, proporcionando aos usuários uma sensação muito próxima à proporcionada pela corrida natural. Isso é possível pela aplicação de solados mais finos, que oferecem pouco ou nenhum drop - diferença de altura entre a região do calcanhar e a frente do tênis -, fôrma larga e a diminuição ou ausência dos sistemas de amortecimento e estabilidade. A proposta mais radical dentre os

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calçados minimalistas difundidos em larga escala é o Five Fingers (cinco dedos), onde o conceito é levado ao extremo. O resultado é um revestimento de poucos milímetros, que parece uma espécie de luva para o pé suavizando o contato do membro com o solo, sendo que o impacto é todo absorvido pelo corpo. O fato deste calçado - e também de outros modelos minimalistas - ser construído de forma a não apresentar diferença alguma entre a altura da parte traseira e a dianteira do solado faz com que o usuário mude não só a sua maneira de pisar no solo, mas também o alinhamento corporal. Pois, de acordo com especialistas, somos habituados a usar calçados com solado mais alto na parte traseira, o que nos induz a iniciar a pisada pelo calcanhar, porém, ao utilizar um calçado minimalista, passamos a tocar o solo primeiramente com a parte frontal - antepé (Veja a ilustração abaixo).

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specialistas na biomecânica do pé asseguram que essa migração de um tipo de calçado para o outro, caso aconteça de forma repentina e venha a se tornar habitual, pode oferecer perigo à saúde. “Como não estamos acostumados a esta postura mais ereta e nem a realizar a pisada a partir do antepé, nosso corpo sobrecarrega o sistema musculoesquelético, principalmente a musculatura da panturrilha, e isso pode prejudicar o sistema locomotor e possivelmente ocasionar lesões”, alerta o pesquisador do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Dr. Milton Zaro. Outra pesquisadora do instituto, Dra. Aline Faquin, complementa que antes de optar pela substituição dos tênis comuns por algum modelo minimalista o correto é procurar instrução junto a um profissional da saúde no esporte. “Não estamos desestimulando o uso de calçados minimalistas, mas alertando para o fato de que a troca deve ser realizada aos poucos e sempre sob orientação e acompanhamento, para que o corpo possa se adequar ao novo sistema”, previne Aline. Os pesquisadores lembram que, embora já existam pesquisas científicas que apontam tanto benefícios quanto desvantagens causados por tais calçados, os estudos ainda não são conclusivos, pois faz pouco tempo que os calçados minimalistas começaram a ser distribuídos no mercado e, por isso, a necessidade de cautela.

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Tecnicouro entrevistou dois especialistas - ambos com conhecimento em biomecânica do pé - para expressarem a sua opinião sobre os calçados minimalistas: Victor Barbieratto, graduado em Design de Produto, com trabalhos de desenvolvimento de solados e cabedais para tênis running, e atualmente à frente do Barbieratto Design Estratégico, e Gustavo Balbinot, com formação em Educação Física, mestrado e doutorando em Neurociências e há cinco anos adepto ao uso de calçados minimalistas. O resultado resume bem toda a controvérsia que existe em torno desses calçados, indicando que o aprofundamento sobre o tema é necessário. Defina o que é, na sua visão, um calçado minimalista. Gustavo Balbinot - Os calçados minimalistas são desenvolvidos com o objetivo de mimetizar os estímulos e sensações da marcha ou corrida descalço. A diferença é que o uso de calçados minimalistas oferece maior proteção ao impacto e a eventuais traumas e lesões na superfície do pé em contato com o solo. Victor Barbieratto - Com atual recessão mundial, os calçados estão perdendo peças, volume e peso. Esta é uma redução de custos disfarçada de tendência minimalista. Este tipo de calçado é realmente uma tendência na indústria calçadista? Em quais nichos ele tende a obter sucesso? Gustavo Balbinot - Com certeza. Em um primeiro momento ocorreram diversas críticas deferidas por grandes pesquisadores da biomecânica do calçado. Porém, com o passar dos anos, o que vemos é a incorporação destes conceitos de calçados minimalistas pelas grandes empresas do calçado mundial, com o lançamento de diversos modelos e aquisição de patentes específicas de calçados minimalistas. Victor Barbieratto - Sim, é uma tendência por pressões de custos. Este tipo de produto é altamente aceito nos mercados de moda e tendências, porém deixa a desejar em questões de performance, como por exemplo na estabilidade, onde os calçados de gerações anteriores eram mais eficazes. Como você avalia o uso do calçado minimalista sob os seguintes aspectos: - é para todos? Gustavo Balbinot - Com certeza, basta procurar a indicação de tipo de calçado minimalista para a sua característica e aptidão física. Começar pelos calçados que oferecem uma experiência minimalista intermediária, e adicionar o uso destes calçados no dia a dia, aos poucos. Por exemplo, se você pratica caminhada quatro vezes por semana, em duas destas ocasiões utilize um calçado minimalista intermediário.

Faça a progressão de treino, quando estiver adaptado troque por um calçado minimalista tipo Five Fingers. Se você pretende praticar a corrida com calçados minimalistas procure um educador físico, pois você precisará readaptar a sua biomecânica de corrida. Victor Barbieratto - Não. Os novos calçados minimalistas não suportam pisadas tortas (pronadas ou supinada), pois não estão compostos com estabilizadores. O mesmo ocorre para o amortecimento, muitas vezes sem estrutura suficiente para suportar todo o peso do usuário. - é indicado para todas as ocasiões? Gustavo Balbinot - Sim. Você pode escolher o calçado minimalista adequado para qualquer ocasião, baseado no tipo de terreno, na sua adaptação aos calçados minimalistas e na distância a ser percorrida. Victor Barbieratto - Também não. O uso dos calçados minimalistas é indicado para atividades casuais. Para corrida é indicado um produto de performance, com estrutura condizente com as necessidades do corredor, como estabilizadores, amortecimento regulado e cabedal com estrutura anti-torsão. Com relação á saúde/integridade do usuário, quais são as suas principais preocupações quanto ao uso deste tipo de calçado? Gustavo Balbinot - Observe os sinais do seu corpo. Ao sinal de qualquer desconforto na musculatura ou ossos dos pés diminua a sua carga de uso do calçado minimalista, para permitir a adaptação de suas estruturas musculares e osteoarticulares a este novo estímulo. Victor Barbieratto - Os problemas ocorrem quando o usuário faz um uso não correto, ou então utiliza o calçado por muito tempo sem trocas. Isso pode acarretar em problemas de articulação de tornozelos, joelhos ou até problemas na coluna. Quais as suas dicas para quem pretende desenvolver um modelo de calçado com

a característica minimalista? Gustavo Balbinot - Os fabricantes devem ficar atentos às diferentes possibilidades de calçados minimalistas, tanto na anatomia do calçado quando nos materiais utilizados. São muitas possibilidades e sugiro que a criatividade dos designers de calçados em conjunto com o conhecimento científico de médicos, fisioterapeutas e educadores físicos seja a receita para o sucesso nesta área. Oferecer o máximo de proteção aos impactos com o mínimo de material seria a maior dica. Para isto os fabricantes devem investir em novos materiais e em inovação. Victor Barbieratto - Primeiramente, desenvolver um produto que tenha o mínimo de conforto e segurança ao usuário, depois o que manda é o custo. A aplicação da marca será o diferencial neste produto, e isso precisa ser estudado à exaustão. E para quem pretende adquirir este tipo de calçado? Gustavo Balbinot - Faça a progressão adequada durante a transição entre calçados convencionais e calçados minimalistas e fique atento aos sinais do seu corpo. Como todo exercício físico, haverá dor muscular tardia e você deve respeitar estes sinais. Mas, a minha principal dica é: use calçados minimalistas, você vai exercitar a musculatura do seu pé como nunca antes. Os benefícios para a saúde são inúmeros. Ao fortalecer a musculatura da perna e do pé você irá melhorar em diversos aspectos da aptidão física. Um exemplo simples é o aumento do retorno venoso resultado do fortalecimento destas musculaturas, este único efeito pode representar uma melhoria incrível nas capacidades circulatórias e cardiorrespiratórias. Victor Barbieratto - O usuário precisa ter em mente que nem sempre o mais caro é melhor. Analise o produto, calce e ande com ele na loja. Se necessário, corra! O importante é se assegurar que não terá uma surpresa desagradável quando chegar ao fim do primeiro treino com problemas físicos.

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Calçados com características minimalistas Nike Free Flyknit O destaque fica por conta de um solado com ranhuras hexagonais e uma entressola anatomicamente arredondada, que permitem melhor direcionamento da pisada. Peso: 221g Drop: 6mm Pisada: todas

Reebok Zquick O solado do Reebok Zquick 2.0 tem bordas cortadas a laser. Essa tecnologia foi inspirada nos pneus de alta performance. Peso: 230g Tipo de pisada: neutra

Puma Faas 100R Com a tecnologia FaasFoam+, a entressola fica até 25% mais leve que o FaasFoam anterior. O modelo contém atualizações no cabedal que aumentam a respirabilidade. Peso: 160g Drop: 0mm Tipo de pisada: neutra

New Balance Minimus Zero Tem a parte dianteira mais larga, permitindo ao pé expandir-se naturalmente ao impacto. Outro diferencial é a ausência de entressolas, o que o torna 50% mais leve que os demais tênis da categoria. A sola é de borracha com tração e resistente à abrasão. Peso: 181g Tipo de pisada: todas

Saucony Hattori A entressola é bem fina, com 4mm, permitindo que o pé se movimente. O solado conta com a tecnologia XT 900, que associa borracha e carbono, deixando-a mais resistente. Peso: 125g (masculino) e 108g (feminino) Drop: 0mm

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Fonte: guiadeprodutos.ativo.com Fotos: reprodução

Vibram Five Fingers Modelo mais popular da marca por sua versatilidade, vai da água para a ginástica e ainda volta para o lazer em viagens. Em poliamida resistente a abrasão, mais toda a parte frontal em malha, para ventilação. Solado com 3,5mm de borracha flexível e aderente.

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Analista do Governo do RS e diretor da Fapergs CONHECEM

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LABORATÓRIOS

Após a apresentação, foi realizada uma visita guiada pelos laboratórios

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IBTeC recebeu no final de julho o diretor do Departamento Técnico da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT), Prof. Renato de Oliveira, o analista de Inteligência Comercial do RS, Marcelo Zepka Baumgarten, e o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), Érico Marlon de Moraes Flores. O objetivo do encontro foi o estreitamento das relações entre o instituto e o Governo Estadual, dando início a tratativas para a elaboração de um plano de ações conjuntas, a partir das principais demandas sinalizadas pelo mercado, em especial o sistema coureiro-calçadista. O presidente-executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, salientou que o clima é de otimismo devido à visita. “O instituto tem tradição no esta-

belecimento de parcerias com o poder público, através dos órgãos de fomento, e tanto o diretor da Fapergs quanto o analista de inteligência têm muito a colaborar na construção de uma agenda positiva para o fortalecimento do sistema coureiro-calçadista, que é um setor estratégico para o RS”, destacou. Além de se inteirar sobre os serviços ofertados, os visitantes conheceram novos projetos em andamento, como o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), que foi criado para promover a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, envolvendo os setores público e privado, bem como centros de pesquisa e universidades, tendo como foco o lançamento de produtos inovadores no mercado e o projeto para a criação de um novo Laboratório de Biomecânica de Alta Performance, através do qual serão desenvolvidos calçados com foco no conforto

e performance. “No espaço haverá ambientes preparados para avaliar cientificamente o uso do calçado em condições reais de uso”, salientou o vice-presidente-executivo do IBTeC, Dr. Valdir Soldi. O diretor Renato comentou “estou impressionado com o nível de maturidade da estratégia operacional do instituto e também com o volume de serviços oferecidos e de projetos realizados”. Ele considerou que o calçado é um produto carregado de simbolismos próprios, e instigou ao estabelecimento também de critérios culturais na cadeia produtiva. Já o diretor Érico Flores lembrou que o conforto, a sustentabilidade e a ausência de substâncias restritivas são quesitos cada vez mais buscados no calçado. “São diferenciais a serem trabalhados, alinhando as marcas com as demandas do mercado”, comentou.

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Transformando ideias

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o dia 22 de julho, o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) apresentou ao mercado o seu Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), criado para apoiar as empresas na geração de ideias e na transformação destas em soluções inovadoras. Além da infraestrutura de laboratórios, as empresas têm acesso a uma equipe de profissionais formada por doutores, mestres e técnicos especializados para auxiliar no planejamento e execução de projetos, focados na geração de ideias que levem a produtos, serviços e processos inovadores. “As empresas podem ainda acompanhar os editais de fomento à inovação, consolidar parcerias estratégicas para a viabilização de seus projetos, bem como receber auxílio no processo de desenvolvimento de projetos para buscar recursos (reembolsáveis ou não) junto aos órgãos de fomento e auxílio no processo de prestação de contas”, destacou o vice-presidente-executivo do instituto, Dr. Valdir Soldi.

Agregando valor O presidente-executivo do instituto, Paulo Griebeler, salientou que o setor investe hoje somente 2% do faturamento em pesquisa e inovação e este índice precisa ser melhorado. “O mercado internacional exige diferenciação, e nós temos uma grande oportunidade, através da tecnologia voltada ao conforto e à saúde do pé, para colocar nossas marcas em vantagem competitiva agregando valor ao produto final”, destacou. Griebeler considerou ainda que, ao embarcar tecnologia no calçado, a indústria

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NIT do IBTeC foi elaborado com apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI), através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Governo do Estado do RS; Secretaria de Desenvolvimento Econômico Ciência e Tecnologia; Sebrae e Badesul, e amparado pela Lei 10.973 (Lei de Inovação), o projeto beneficia indústrias de cinco setores (calçados, materiais, couros, têxtil/confecções e equipamentos de proteção individual), que envolvem um universo de 47,8 mil empresas que geram 1,9 milhão de empregos e somam um faturamento anual de US$ 100 bilhões, trazendo para o País divisas da ordem de US$ 6,4 bilhões com exportações.

Eventos O Núcleo de Inovação Tecnológica já nasce com vários eventos ligados à sua estrutura. São algumas ações que o IBTeC já vinha desenvolvendo, e que agora ficam atrelados ao NIT, e outras que estão sendo criadas. - Happy Hour com Tecnologia, todas as terceiras quartas-feiras de

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em soluções

nacional deixa de competir preço com os calçados asiáticos e mira em nichos de mercado mais seletivos quanto ao padrão dos produtos. O diretor técnico do Departamento de Ciência e Tecnologia, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Renato de Oliveira, considerou que “com esta iniciativa, o setor calçadista nos ensina que, se juntarmos os talentos na força de trabalho e na pesquisa com o empreendedorismo dos empresários, vamos encontrar um novo caminho”.

cada mês. - I Fórum de Inovação Tecnológica do Setor Calçadista, agendado para o dia 7 de outubro. - 1º Road Show de Inovação do Setor Calçadista vai percorrer cinco estados, no período de setembro de 2015 a julho de 2016. Nestes encontros, que serão realizados sempre em parceria com as instituições que representam as indústrias de cada localidade, serão abordados os temas como: agregar valor aos produtos, novos materiais e suas propriedades, certificação e produtos e inovação. - IX Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado, nos dias 27 e 28 de abril de 2016, em parceria com a Feevale. - Missão Tecnológica 2016: Atualização e mapeamento de tecnologias e tendências voltadas à inovação, visando às antecipações dos cenários estratégicos e o apoio ao processo decisório durante a difusão de novas tecnologias, bem como a resolução do gap tecnológico atual através de parcerias estratégicas juntamente a outros institutos de tecnologia.

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Diretor do Badesul visitou o instituto

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isando a suprir as necessidades das empresas que buscam apoio para agregar valor nos seus produtos, serviços e processos através da inovação, conquistando dessa forma vantagens competitivas no mercado, o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), lançou o Edital de Pesquisa - IBTeC Nº 01/2015. As propostas deverão ser encaminhadas através de formulário online, disponível em www.ibtec.org.br/nit até o dia 15 de outubro de 2015. Os projetos serão avaliados de acordo com aspectos científicos, mercadológicos, tecnológicos e de inovação, e a divulgação dos resultados será no dia 30 de novembro 2015, sendo que o início da implantação das propostas aprovadas acontecerá a partir de janeiro de 2016. O presidente-executivo do instituto, Paulo Griebeler, considera que a iniciativa vai apoiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, mediante a seleção de propostas para apoio financeiro parcial ou total a projetos que visem a contribuir para o desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira, em áreas de conhecimento como: biomecânica, locomoção humana, antropometria, calçados, novos materiais, microbiologia, nanotecnologia, instrumentação e sensores, meio ambiente e educação. “Este edital é uma oportunidade para as empresa avançarem na implantação da inovação, embarcando tecnologia no calçado, para deixarem de competir preço e mirarem em nichos de mercado mais seletivos através do valor agregado”, pontua Griebeler. Informações adicionais podem ser obtidas pelos e-mails camilablos@ibtec.org. br ou projetos@ibtec.org.br.

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Mano Changes conheceu os laboratórios e ressaltou a importância do IBTeC para a implantação da cultura da inovação no setor

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IBTeC recebeu no mês de agosto o diretor do Badesul Diogo Paz Bier, o Mano Changes, que visitou os laboratórios e conheceu detalhes sobre as pesquisas e trabalhos realizados pelo instituto em benefício da cadeia do couro e calçado. A partir dessa aproximação, a ideia é ampliar a relação de parceria na busca de soluções para fomentar a cultura da inovação nas empresas. “O setor calçadista tem uma importância muito grande para o RS, mas notamos que faltam projetos com a consistência necessária para receber apoio dos órgãos de fomento. Neste sentido, considero

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IBTeC lança edital de pesquisa

que o IBTeC, devido ao seu trabalho e expertise, tem muito a contribuir na construção de uma agenda positiva voltada a esta questão que é central para o desenvolvimento do Rio Grande”, considerou. O presidente-executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, explicou que o instituto vem alinhando ações políticas com estratégias de gestão e atualização tecnológica e operacional para a disseminação da inovação no setor. “Esta aproximação com o Badesul tem muito a somar, principalmente em um momento como este em que a inovação é um diferencial cada vez mais urgente”, destacou Griebeler.

Diretor do Badesul

visitou o instituto

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m mais um importante passo na sua consolidação como o braço tecnológico do setor, o IBTeC realizou no dia 11 de agosto, em parceria com o Sindifranca, uma palestra técnica em Franca/ SP, onde divulgou o escopo de produtos e serviços disponibilizados. A gerente comercial do instituto, Karin Becker, reforçou as opções de atendimento visando à prospecção de novos negócios e mercados a partir da inovação em produtos e processos. Em seguida, o pesquisador e coordenador do laboratório de ensaios em biomecânica, Dr. Rudnei Palhano, apresentou as tecnologias disponíveis para agregar valor ao calçado através do conforto ao usuário. O pesquisador salientou que foi uma excelente oportunidade para o setor interagir sobre as tecnologias disponíveis para tornar os calçados mais competitivos com a aplicação de diferencias de conforto e saúde dos pés. Lembrou ainda que o ponto de partida para melhorias significativas é conhecer profundamente toda a engenharia que envolve a construção de calçados que proporcionem um bom calce, como a absorção do impacto, a estabilidade do pé durante a marcha ou o controle do microclima. “É fundamen-

tal o conhecimento biomecânico do pé para a construção de um calçado que ofereça conforto e evite qualquer tipo de lesão durante o seu uso”, concluiu. Destacando que o polo calçadista de Franca tem apostado muito nos últimos anos em modelos com diferenciais no conforto, e com isso viu crescer a preocupação com materiais, modelagem e tecnologia, o presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão do Couto, comentou que eventos como este ajudam a orientar os empresários que acharam neste nicho a condição para melhorar os resultados nas vendas. Ele contou que o polo está trabalhando para a implantação da Indicação de Procedência do calçado, para associar a marca à origem (Franca), como sinônimo de qualidade. “Temos de cultivar e incentivar o uso das tecnologias voltadas ao conforto como fator decisivo para agregar valor ao calçado. Neste sentido, palestras como a do IBTeC têm, principalmente, essa função”, considerou. A proprietária da indústria de calçados femininos Montelli, Paula Albano Moscardini, afirmou que a apresentação foi muito esclarecedora e de extrema importância para as empresas. “O IBTeC é mais acessível do que imaginávamos e oferece soluções

que agregam valor. Podemos avançar pelo diferencial do conforto e o instituto é o meio para alcançarmos este objetivo”, destacou. Ela comentou ainda que unidas, e com o apoio do sindicato e do IBTeC, as indústrias de Franca podem alcançar seus objetivos. “Esperamos que outros eventos como este aconteçam com mais frequência. Os francanos precisam e merecem”, finalizou. O designer de produtos da Jotape, Samuel de Oliveira, considerou que eventos com esta qualidade, com a apresentação clara e objetiva dos conhecimentos, ajudam os empresários e profissionais da área a atingirem resultados de excelência. “Há mais de cinco anos a Jotape implanta a tecnologia do conforto e da inovação. O evento veio confirmar que estamos no caminho certo. A parceria com o IBTeC nos dará a credibilidade perante o lojista e o consumidor final, agregando valor ao produto”, assegurou. Cassio Alberto, da Calvest, também destacou a clareza na transmissão dos conhecimentos e a segurança nas explicações sobre os assuntos apresentados. “O evento veio a somar para as indústrias de Franca que buscam elaborar produtos com tecnologia e conforto”, resumiu.

palestra técnica

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é realizada em Franca

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para o setor de artefatos D

e 5 a 10 de julho, dois varejistas da Colômbia e um do Paraguai estiveram no Brasil para participar do Projeto Comprador, convidados pelo projeto Brasil by Bags, realizado em parceria pela Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Durante o período, conheceram empresas e participaram de rodadas de negócios nas feiras Francal e TM Fashion. Antes de retornarem aos seus países,

participaram de 66 rodadas de negócios com 22 empresas brasileiras, realizaram US$ 40 mil em pedidos imediatos e deixaram expectativas de novas compras nos próximos 12 meses, a um valor estimado em US$ 120 mil. “O resultado foi muito positivo. Nesta edição, registramos o maior volume de negócios imediatos de todas edições anteriores do Projeto Comprador, o que reforça o potencial do produto brasileiro em diferentes mercados e demonstra que estamos no caminho certo”, considera o gerente do Projeto Brasil by Bags, Diogo Serafim.

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Projeto Comprador gera negócios

Iniciativa da Abiacav, em parceria com a Apex-Brasil, visa à ampliação das exportações brasileiras de fabricantes de bolsas, artigos de viagem e artefatos de couro

Road Show para estimular debates sobre inovação

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endo como objetivo disponibilizar informações e promover o debate sobre inovação junto aos principais polos coureiro-calçadistas do País, proporcionando desta forma o aumento da competência na área de desenvolvimento de calçados, componentes, artefatos, confecções, têxtil e EPIs, o Instituto Brasileiro de Tecnologia (IBTeC) realiza o I Road Show IBTeC de Inovação. A apresentação tem como público-alvo líderes, gestores e responsáveis por marketing, pesquisa e desenvolvimento de produtos, e durante a abertura, será feita uma breve apresentação do IBTeC, ressaltando a estrutura disponibilizada ao mercado. Posteriormente será realizada a palestra Inovação Como Estratégia de Crescimento e Sustentabilidade da Empresa, com o consultor Paulo Warken, que abordará tópicos como: - Contexto da inovação no Brasil - Cases de empresas mais inovadoras no Brasil e no mundo

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- Como realizar estudos de consumidores, mercados e tecnologias para inovação - Por que usar ferramentas indutoras de inovação - Como identificar oportunidades e implementar inovações em produtos e serviços - Como estruturar a empresa para inovações contínuas - Como desenvolver inovações para crescimento e sustentabilidade da empresa O calendáruio ainda não estava definido até o fechamento da edição, mas os polos contemplados são os seguintes: • Rio Grande do Sul - Três Coroas, Igrejinha e Novo Hamburgo; • Santa Catarina - São João Batista e Meio-Oeste • Minas Gerais - Nova Serrana • São Paulo - Franca, Jaú, Birigui • Paraíba - Campina Grande Outros polos podem ser acrescentados conforme andamento do projeto.

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Intercâmbio para conter importações

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ideranças dos países economicamente mais representativos da América Latina discutiram em julho, durante a Francal 2015 realizada em São Paulo/ SP, a criação de um sistema de intercâmbio de informações do comércio exterior de calçados dos países representados. Entre apresentações, debateram sobre a necessidade de uma padronização das informações divulgadas. Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, “nem sempre os dados apresentados pelo país exportador coincidem com os dados divulgados pelo país destino”. A necessidade foi reforçada pelos dados mostrados pelo presidente da associação de calçadistas da Colômbia (Acicam), Luiz Gustavo Flórez. O representante colombiano ressaltou, por exemplo, que o México, atrás somente da China, é o maior exportador de calçados do país, com 10,1 milhões de pares enviados à Colômbia no ano passado. Desses, 7 milhões tinham preço menor de US$ 1. Alejandro Gómez, da Câmara de calçadistas do México (Ciceg), por sua vez, rebateu. Conforme registros oficiais do México, foram exportados para

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a Colômbia 736 mil pares a um preço médio de US$ 11 por par em 2014. Para Klein, as fraudes nas importações estão presentes em todos os países com polos calçadistas relevantes e têm efeitos funestos para as produtoras nacionais. O diretor da Câmara calçadista do Chile (Fedecall), Pedro Bosco, acrescentou que o país sul-americano também vem sofrendo com as importações, ainda mais porque o Chile possui uma política de abertura comercial, obediente à Organização Mundial do Comércio (OMC), mesmo “sem reciprocidade”. O resultado foi uma invasão de produtos asiáticos que afetou de forma severa a atividade em anos recentes. Em 1991, eram produzidos 35,7 milhões de pares, mas o número caiu a 7,7 milhões no ano passado. Já as importações em 1991 foram equivalentes a US$ 2,2 milhões, passando para US$ 100 milhões em 2014. Mesmo com uma produção insignificante de calçados, o Panamá foi apontado como o segundo maior exportador de calçados para a Colômbia, com 19 milhões de pares vendidos em 2014, mais de 5 milhões deles com preço menor de U$ 1. Para o Flórez, são claros os indícios

de ilegalidades. “Para amainar o problema do contrabando e das importações fraudulentas, o governo colombiano lançou uma lei específica, o que trouxe um pouco de esperança”, disse.

Tamanhos A padronização do tamanho dos calçados também foi assunto. “É importante obter um mesmo padrão de tamanhos na América Latina. No Brasil, Argentina, Chile e Uruguai temos ponto francês, no México é centimetrado”, justificou Bosco. Para Klein, a ideia de unificação é fundamental e deve ser discutida com mais longo prazo e o Chile ficou responsável pelo estudo das medidas de calçados.

Responsabilidade social A Câmara da Argentina destacou a importância de condutas de responsabilidade social e sustentabilidade e a possibilidade de criação de uma certificação para as empresas. O representante argentino, Sérgio Panossian também frisou que a indústria buscar melhores condições de competitividade não deve ser confundido com precarização do trabalho.

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Pesquisa apontará perfil Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) promovem uma pesquisa sobre o consumo de calçados no Brasil, tendo como objetivo auxiliar a indústria e o varejo na adoção de estratégias comerciais mais efetivas. O estudo será realizado pela empresa Kantar Worldpanel que, desde 2014, monitora semanalmente o comportamento de compra de 11,2 mil lares brasileiros cadastrados, distribuídos por todas as regiões do País. O lançamento aconteceu durante a Francal 2015, realizada em julho, e os resultados da pesquisa serão divulgados em janeiro de 2016, durante o Congresso Brasileiro do Calçado, quando serão disponibilizados, para aquisição, a associados da Ablac e da Abicalçados, lojistas em geral, fabricantes de calçados e outros interessados. A gerente de novos negócios da Kantar Worldpanel, Rita Navarro, explica que o universo de entrevistados representa 90% do potencial de consumo de calçados no mercado brasileiro. Semanalmente, em dia e hora marcados, entrevistadoras da empresa visitam os lares monitorados para coletar informações sobre os produtos adquiridos, tendo como

base, por exemplo, as embalagens e notas fiscais disponibilizadas. O cruzamento das informações permite identificar movimentos do mercado, como crescimento ou decréscimo, segmentos que se destacam em volume e receita, a representatividade disso em relação ao total de consumo, classes sociais, faixas etárias que aumentaram as compras, a frequência das mesmas e outras variáveis importantes. O presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, salienta que o conhecimento destas informações estratégicas contribuem na percepção sobre como o mercado está se desenvolvendo antes da tomada de decisões, que devem estar em sintonia com o desejo do consumidor. Já o presidente da Ablac, Imad Esper, ressalta que a pesquisa permitirá um olhar mais apurado na identificação de eventuais mudanças nos hábitos de consumo das famílias e como isso impacta as vendas de calçados, facilitando na adoção de medidas necessárias no ponto de venda. Os segmentos calçadistas pesquisados são chinelos, tênis, sapatos femininos fechados, tamancos, sandálias e sapatos masculinos, sendo que cada segmento possui divisões, conforme o tipo de construção.

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do consumidor de calçados A

Informações visam a ajudar na tomada de decisões da indústria e dos canais de distribuição

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m 2014, os brasileiros gastaram pouco mais de R$ 22 bilhões com calçados, sendo as mulheres responsáveis por R$ 12 bilhões, enquanto os homens desembolsaram R$ 10 bi. Os dados fazem parte do estudo realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio/SP) e foram estimados com base em informações da Pesquisa de Orçamento Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a assessoria econômica da Federação, o estudo revela uma quebra de paradigma em relação ao valor gasto pelas mulheres. Elas, de fato, consomem mais que os homens, mas a diferença é de apenas 20%. Adicionalmente, as diferenças se concentram no tipo de calçado e na classe de renda mais elevada.

Quando dividido por renda, o estudo aponta que é na classe A que há a maior discrepância: apesar de representar apenas 4% da população, essa parcela de famílias responde por 19% do consumo de calçados femininos, sendo que as mulheres gastam 107% a mais com calçados do que os homens, de modo que o estereótipo de gastos com sapatos pelas mulheres provavelmente deriva do comportamento identificado no grupo de renda mais elevada. No sentido oposto, a classe E é a única faixa de renda cujo cenário contrapõe o senso comum. As mulheres gastam 4% a menos com calçados do que os homens, que despendem 50% de tudo o que gastam com calçados em tênis. Com base no gasto de todas as classes, os homens compram R$ 6 bilhões em tênis e apenas R$ 4 bilhões em outros calçados. Já as

mulheres despendem apenas R$ 2,5 bilhões com tênis e quase R$ 10 bilhões em outros calçados. A Fecomércio/SP afirma que essa tendência de consumo pode ser um termômetro para o comércio varejista adaptar e direcionar melhor seus produtos para homens e mulheres.

Mais que essenciais À frente de bens essenciais, os brasileiros gastam com calçados femininos o correspondente a 157% do que gastam com feijão, 149% dos gastos com pão francês, 128% no caso de legumes e verduras, 109% do que gastam com leite de vaca, 91% do total gasto em arroz e 78% das despesas em frango. Esses dados, no entanto, são diretamente influenciados pelo forte consumo de calçados das classes A, B e C.

Brasileiros gastam mais de

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R$ 22 bilhões em calçados

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CB-11 ABNT/CB-11 destaca-se na atualização

de acervo de normas D

esde 2010, a diretoria técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), responsável pela área de desenvolvimento e publicação de normas, tem somado esforços com o objetivo de atualizar seu acervo normativo. De forma similar ao que ocorre em nível internacional, a cada cinco anos um processo de análise sistemática de Normas Técnicas é realizado para verificar se o conteúdo ainda está de acordo com os avanços tecnológicos, atendendo às necessidades da sociedade. Neste processo, o ABNT/ CB-11, Comitê Brasileiro que atua no campo da normatização do calçado, do couro e de seus artefatos, destaca-se por sua primorosa execução na atualização do acervo de normas técnicas. Os números nos gráficos abaixo deixam claros os resultados alcançados pelo ABNT/CB-11 nestes últimos anos.

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OPINIÃO Colunista Todos podem ser juízes!

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om ampla divulgação da Isso é tudo, menos estudar DIREITO! mídia nacional, ocorreu Segundo, bem ao sabor da mídia um verdadeiro “feito”. Um nativa, exalta-se o fato de que qualex-lavador de carros tornou-se juiz Dr. Marciano Buffon quer cidadão pode “chegar lá”. Basta federal. Isso foi possível, segundo o doutor em Direito, o esforço individual que qualquer pesprofessor da Unisinos informado, porque ele dedicou-se ao marciano@buffonefurlan.com.br soa poderá romper com o ciclo de poestudo de resumos e manuais de dibreza material que o prende ao meio reito emprestados por uma ex-colega. no qual surgiu. Tese bela e perfeita, Segundo a notícia “O novo juiz federal acumulou, durante porém contraditória com a realidade. Ora, só o fato de o o tempo que levou para se tornar magistrado, aproxima- brilhante gaúcho tornar-se manchete nacional, é suficiendamente 200 kg de folhas de estudo, xerox e resumos. Um te para desmontar tal tese, pois o ocorrido é justamente material impressionante. Ele afirma que a disciplina rígida a exceção, que só confirma a regra. Neste país, o destino para estudar veio justamente da condição difícil de sua de cada qual é muito mais determinado pela resposta a família. Ao se juntarem rumo ao mesmo objetivo, os cin- duas perguntas: Onde você nasceu? Quem são seus pais? co irmãos conseguiram ingressar em uma faculdade de Invariavelmente, é isso que determina o sucesso ou o Direito distante 250 km da casa deles. As mensalidades fracasso de cada qual. Nesse processo, alguns conseguem eram pagas com o trabalho de fazer bordados e costurar superar esta perversa sentença que lhes é aplicada ao nascortinas e edredons” (Diário de Pernambuco 06/05/2015). cer. São pessoas excepcionais e todos nós conhecemos Realmente, uma história que impressiona. Resta louváveis exemplos. Porém, não correspondem à regra. aplaudir alguém com tamanha tenacidade, coragem e Ao se exaltar às exceções, esquece-se a regra. Quantas capacidade. Uma história impressionante que foi nacio- crianças nascidas na periferia deste país conseguirão um nalmente reproduzida e que poderá torna-se um livro. dia “chegar lá”? Em cada dez crianças, quantas alcançaNo entanto, há uma subliminar armadilha, contida nes- rão tal feito? Com isso, comodamente, o Estado/Sociedate feito. Primeiro, comprova algo que vem sendo denuncia- de desincumbe-se da sua tarefa de assegurar a todos algo do no meio jurídico (por todos, Prof. Lenio Streck). Quem é básico em qualquer país (mesmo nos liberais): a igualdaaprovado em nossos concursos públicos? Quem é aprovado de de oportunidades. Sem acesso ao conhecimento básico na seleção para integrar a Ordem dos Advogados? Resposta de qualidade, vivendo em locais esquecidos/violentos e única é óbvia: aquele que conseguir, a exemplo do juiz em- desprovidos de afeto, como dizer que o sucesso ou o frapossado, ler/decorar resumos, manuais etc. Aquele, cujo cé- casso desta criança dependerá só de seu próprio esforço? rebro for capaz de armazenar a maior quantidade de inforPobre país este que, quando alguém “de baixo” é mações, em especial texto de normas jurídicas. Para tanto, aprovado em um concurso para juiz, torna-se mancheas Faculdades de Direito são impelidas a tornarem-se me- te nacional! Triste país, que nega a singela igualdaros “cursinhos preparatórios” para futuras seleções. Salvo de de oportunidade para os deserdados de expectatihonrosas exceções, tornam-se verdadeiros “cursos técnicos vas e os culpa pelo insucesso de suas vidas! Afinal de de legislação”, com professores empenhados em estimular contas, quem mandou não se esforçarem!!! O discura memória fotográfica e auditiva, mediante algumas técni- so, pois, serve apenas para legitimar a chaga da desicas teatrais que chegam ao ponto de infantilizar os alunos. gualdade, com a qual se vive como se ela não existisse.

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Um novo velho jeito

de montar calçado O Ederson Rorato. “O equipamento é pneumático, não necessita de energia elétrica para funcionar, só ar comprimido, e pode ser usado tanto para a montagem de EPIs, quanto de calçados infantis ou sapatos para adultos, sem alteração de ferramental”, destaca Rorato. Para comprovar as vantagens, ele apresenta um estudo comparativo de custos para a produção de uma sapatilha sintética, que garante a redução de 8,10% nos custos finais. “Em uma empresa que produz 1.200 pares/dia o impacto em um ano chega a R$ 712.000,00, com um produto que custa em torno de R$ 33,00, explica. Para quem é cético quanto à eficiência, ele lança um desafio. “Disponibilize um par de fôrmas, cabedais, palmilhas, solados, nós adaptamos o seu modelo à tecnologia 200-ISA, gratuitamente.”

Outras vantagens - Não precisa de operador especializado - Isenta insalubridade - Está em concordância com a norma NR12 - Prolonga a vida útil das fôrmas - Proporciona regularidade na selagem do cabedal na fôrma - Dá maior conforto ao calçado - Em alguns casos pode eliminar a altura das fôrmas - Amplia a variedade dos materiais, montando dos mais rústicos aos mais delicados. - Permite a montagem de cabedais já com enfeites - O índice de rompimento de cabedais é próximo de zero - Monta botas sem danificar o cano

Foto Luís Vieira

sistema 200-ISA, que utiliza o processo de tração por cordões para a montagem de cabedal, é apresentado como uma alternativa inovadora para a indústria calçadista. O processo já é conhecido pela grande maioria das indústrias do setor, porém, seu aperfeiçoamento reuniu técnica de modelagem e ferramentas direcionadas, originando a inovação tecnológica, patenteada mundialmente pela ISA Indústria de Tecnologia e Automação, que a lançou em novembro de 2014. Por sua simplicidade, é considerada hoje a mais barata solução, quando comparada com os demais sistemas que utilizam máquinas para montar separadamente cada parte do calçado. Um dos principais fatores que resultam em redução de custo é o processo produtivo, já que a 200-ISA permite a retirada das máquinas de apontar bico, calceira, lixa e montadora de enfranque da linha de montagem, contribuindo com a d i m i nuição dos custos de mão de obra, manutenção e energia elétrica. Outro fator de peso que influencia fortemente essa economia é a diminuição da matéria-prima, que se dá na adaptação da modelagem à tecnologia, além da diminuição dos resíduos, e o fato de necessitar menos espaço para a produção do calçado. Quem garante os benefícios é o representante da empresa,

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A inovação contínua das estratégias de

competitividade

Capítulo 3/6: Modelos de negócio inéditos e inovadores nem sempre são paradigma para fábricas pouco criativas MS Eng. Fernando Oscar Geib

1 - Modelos organizacionais e operacionais perseguidores do sucesso servem como fundamento para a definição e estruturação das nossas estratégias competitivas? Há um ditado integrante da cultura de condução dos negócios que nos diz: Se não tens um caminho, segue algum já praticado por outra organização, pois por pior que este seja, ele é um caminho! O problema desta recomendação é o termo “pior”. Frente ao fundamento da simultaneidade operacional, a organização adotadora deste “caminho”, que é um ímpar princípio operacional e estratégico, certamente dá um salto competitivo sem igual. Quando se define a simultaneidade como fundamento essencial para a caminhada organizacional, a organização que toma esta decisão dificilmente viverá uma condição de ser qualificada de baixa efetividade no seu negócio. A Nova Fábrica de Calçados (NFC) segue o seu caminho, identificado como inédito e não convencional, ou seja, ela pratica de modo integral, intensivo e sistêmico o fundamento da simultaneidade aplicado à estruturação dos seus processos organizacionais, como fonte essencial de sua capacidade competitiva. Focando agora as considerações sobre os seus sistemas produtivos voltados à geração de calçados, as características físico-estruturais destes não serão aplicáveis a outras fábricas, em função de suas peculiaridades que são próprias e inerentes a esta fábrica. O uso da simultaneidade é a fonte do ineditismo de sistemas de produção que são dificilmente replicáveis a outras fábricas. Esta prática ou forma de buscar e desenvolver em elevados níveis a competitividade desta fábrica é algo novo e inédito, e exige um modo do pensar organizacional absolutamente diferente e não usual do que vem sendo a cultura industrial dos tempos atuais.

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A utilização da simultaneidade como fundamento operacional é, sem dúvida, uma forma altamente econômica, efetiva, rápida e não cansativa de definição de caminhos seguramente competitivos para esta fábricatema. Este modo de implantar sua ação operacional representa também um sinal e uma manifestação da negação em aceitar uma realidade de inconveniências organizacionais hoje praticadas, que se antepõem à geração e ao avanço na capacidade competitiva das organizações, no nosso caso das fábricas de calçados. Copiar sistemas e estruturas produtivas baseadas na simultaneidade operacional, ou “colar”, como fazíamos nos tempos de colégio, um caminho estratégico baseado na simultaneidade representa um desaprender competitivo, o qual, se continuar sendo praticado, levará certamente esta organização copiadora ao desaparecimento. Estruturas produtivas de produção simultânea são exclusivas e inéditas para cada fábrica e não aplicáveis às outras. Avançando um pouco mais nestas considerações, surge a pergunta: Como esta organização em descrição responderá aos seguintes questionamentos: - Permitimos que os nossos concorrentes definam as expectativas dos clientes, dos consumidores e dos mercados? - Como os nossos concorrentes nos veem? Para eles, somos submissos às ações e regras dos mercados ou somos proativos neles? - As nossas estratégias organizacionais, e principalmente as operacionais, junto aos mercados têm mudado significativa e positivamente nos últimos anos? - Temos tido crescimento ou corrosão dos preços de nossos calçados disponibilizados aos compradores e aos mercados? - Temos tido dificuldades crescentes em trazer talentos e pessoas de competências diferenciadas para a nossa fábrica, nos últimos anos?

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- A nossa rentabilidade é crescente nos últimos anos? - Temos mantido o fundamento da simultaneidade nos níveis desejados, ou seja, este fundamento organizacional assegura elevados níveis de competitividade ao nosso negócio? As respostas apresentadas a estes questionamentos devem ser de significativa credibilidade, bem como de elevada precisão e, mais ainda, gerar oportunidades para desenhar um cenário de avanço organizacional e de acentuados ganhos de capacidade inventiva, proporcionando uma adequada visão do comportamento competitivo desta organização em descrição. Estas considerações nos levam também a desenvolver uma avaliação do comportamento organizacional “utilizador” e praticante intensivo de sistemas operacionais/produtivos, impulsionados pela linearidade sequencial. A comparação de ganhos no cotejo sequencialidade X simultaneidade é essencial e deve ser continuada, pois ela certamente dará aos gestores da fábrica uma exata avaliação do desenvolvimento da sua capacidade competitiva. Não nos devemos esquecer de que por traz da continuidade e crescimento da sustentabilidade econômica de um negócio está o aumento da sua capacidade competitiva. Avançando nas propostas de definição de caminhos competitivos, e por consequência plenamente sustentáveis a partir das dimensões política, econômica, social, tecnológica e ambiental para a Nova Fábrica de Calçados (NFC), valemo-nos das colocações e diretrizes essenciais propostas por Gary Hamel na sua obra Liderando a Revolução - 4ª Edição, recomendada como obrigatória ao uso para os gestores de organizações calçadistas, para colocar as suas observações de profundo valor estratégico-competitivo. Coloca este autor em seu livro Honestidade acima de tudo: Quem quiser escapar do beco sem saída dos retornos - resultados decrescentes, deve admitir, em primeiro lugar, que a estratégia vigente e o tão idolatrado modelo de negócio praticado talvez tenham perdido a força. Mais cedo ou mais tarde, todo o modelo de negócio atinge o ponto de retornos decrescentes. Empenhar-se cada vez mais para melhorar a eficiência de uma estratégia desgastada é, em última análise, uma futilidade inconsequente. Pense em todos aqueles gestores organizacionais liderando empresas de uma mediocridade deprimente. Quantos estarão dispostos a se postar defronte aos acionistas e empregados e reconhecer o óbvio: “Nosso modelo de negócio está falido?”. Conforme ensina a sabedoria organizacional, que é o resultado de anos e anos de vivência no campo competitivo, quando se descobre que se está montando em um cavalo morto, a melhor estratégia é desmontar.

Complementando estas produtivas colocações e diretrizes, é oportuno lembrar que as estruturas produtivas no mundo inteiro, entre as quais estão também as nossas fábricas de calçados, seguem rigidamente o modelo fordista - de Henry Ford - baseadas nos fundamentos da linearidade das estruturas produtivas e no desenvolvimento das suas operações seguindo o fundamento/princípio da Sequencialidade. As estruturas produtivas hoje existentes não seguidoras do modelo fordista - linear e sequencial - são em pequeno número e muito localizadas, de modo a não serem elas, ainda, classificadas como exceções ao sequencialismo linear. Uma observação de profundo conteúdo organizacional colocado pelo autor da obra já referida anteriormente, voltada aos fundamentos apresentados, diz o seguinte: Nunca se esqueça de que as boas empresas que se deram mal são apenas empresas que negaram por muito tempo a realidade da decadência estratégica. Esta orientação é de extrema validade, pois um número significativo de líderes e gestores organizacionais acredita piamente serem as suas estratégias competitivas, sejam elas de gestão ou de operação, permanentemente jovens e atuais, e que o tempo que avança não lhes tira a efetividade. A negação das dificuldades e da inadequação dos sistemas de produção adotados atualmente pelas fábricas de calçados - lineares e sequenciais - estão trazendo sérias, efetivas e perceptíveis dificuldades à sua capacidade competitiva e, por consequência, à sua sustentabilidade econômico-organizacional. A estratégia de produção baseada nos fundamentos da sequencialidade linear está esgotada e se torna, a cada dia que passa, menos viável competitivamente e, por consequência, de menor aceitação sob o ponto de vista econômico. As expectativas crescentes de bons resultados, mesmo que a gestão organizacional da fábrica seja de alta efetividade, a cada ciclo ou temporada de negócios configura-se cada vez mais uma percepção da necessidade de mudanças estruturais e operacionais significativas, para aperfeiçoar e manter em altos níveis a capacidade competitiva da fábrica.

2 - O papel da convergência estratégica: levando aos limites a competitividade pelas práticas e as aplicações do fundamento da simultaneidade operacional I - Sistemas de Produção Sequencial: Uma visão sobre a sua capacidade competitiva Gestores, técnicos e operadores que atuam e desenvolvem suas habilidades pessoais, técnicas e gerenciais

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em organizações geradoras de bens tangíveis, como calçados por exemplo, devem ter em mente a presença da Física, sim, desta ciência, em suas organizações. Estruturas produtivas devem se aproximar da Física para aumentar a sua efetividade. A simultaneidade é uma dimensão explicada e configurada totalmente por esta ciência. Henry Ford, ao conceber, adotar e consolidar o fundamento da linearidade sequencial e operacional de sistemas de produção denominados de Linhas de Montagem, gerou o destaque para o termo Linhas. Este termo permite algumas análises e observações fundamentais, as quais possibilitam e geram conclusões absolutamente necessárias para a compreensão da importância do fundamento da Simultaneidade. 1 - A linearidade pressupõe a retilineidade - qualidade que indica o comportamento retilíneo. A linearidade para ser executada pressupõe a sequencialidade linear de operações produtivas para gerar um bem, um objeto, no espaço de uma fábrica. Na representação da linearidade sequencial de um sistema de produção (Figura 1), se destacam imediatamente:

A) O distanciamento entre as operações: A Operação 1 está distante da Operação 3 e ainda mais distante da Operação 4. 2- As operações são como ilhas em um oceano, ou seja, isoladas operacionalmente entre si, de forma que a duração do ciclo de produção é o somatório dos tempos operacionais de cada operação. Tempo Total do Ciclo= Tempo-Op1+Tempo-Op2+Tempo-Op3+Tempo-Op4 Fatores e observações relevantes sobre a capacidade competitiva dos sistemas de produção sequenciais: - O tempo/duração do ciclo de produção é o somatório dos tempos operacionais de cada operação, como foi colocado anteriormente. Resultam desta condição respostas mais lentas aos mercados. A denominada Resposta Já!, que é um dos fatores essenciais para a com-

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- A flexibilidade dos sistemas de produção em descrição, fator essencial para atender a dinâmica das mudanças dos comportamentos dos mercado, é baixa, tornando a fábrica pouco capaz, pela sua inflexibilidade, de gerar e levar satisfação aos consumidores pelos calçados ofertados por ela. Este fator demonstra a menor capacidade competitiva dos sistemas lineares e sequenciais de produção. O fundamento para a estruturação de sistemas produtivos efetivos e vitoriosos impõe a regra: Quanto menor a maleabilidade da produção da fábrica, menos flexíveis serão as fábricas e, por consequência, menos competitivas elas serão. Linearidade operacional e flexibilidade de atendimento de necessidades mutantes dos mercados são totalmente antagônicos. - Os sistemas de produção sequencial têm dificuldades em se alinhar com o fundamento das chamadas Fábricas/Indústrias 4.0, cujas ofertas de calçados aos mercados estão “depositadas” na nuvem da internet. As Fábricas 4.0 são rápidas nas respostas aos mercados. Se assim não forem, os “congestionamentos” de pedidos na nuvem crescerão continuamente.

Figura 1

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petitividade das fábricas de calçados, em sistemas de produção sequencial, é extremamente prejudicada pelo fundamento da sequencialidade operacional. Sistemas de produção competitivos são aqueles promotores de resposta rápida e no tempo certo das necessidades e exigências dos compradores e dos mercados. São promotores da Entrega Já!. Os sistemas operacionais sequenciais são altamente inibidores deste fundamento básico.

- A sequencialidade operacional é como um “deserto tecnológico”, pois são poucas e pequenas as chamadas convergências tecnológicas com estes sistemas de produção, ou seja, estas convergências são praticamente impossíveis de serem realizadas, pela unicidade de cada operação de fabricação. A transdisciplinaridade das operações, ou isto é, a integração destas como um sistema mais harmônico, é dificílima nos sistemas sequenciais pela desintegração intrínseca destes sistemas produtivos. Não há um relacionamento sistêmico entre as operações, fator impeditivo dos avanços da competitividade das fábricas. A pseudosimplificação proporcionada pela sequencialidade é um fator mortal para a competitividade desta organização. Tais inconveniências competitivas dos sistemas lineares-sequenciais de produção inviabilizaram econômica e financeiramente as gigantes produtoras de automóveis americanas. Sequencialidade operacional e competitividade são como água e azeite: não combinam nem interagem ou se misturam.

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II - Sistemas de Produção Simultânea: uma visão sobre sua capacidade competitiva O espaço em que vivemos, e igualmente onde as organizações se situam como entidades competidoras, e entre elas está a Nova Fábrica de Calçados (NFC), não tem a característica ou a propriedade de se comportar linearmente. O espaço em que vivemos é curvo! Este é um fundamento da física, aceito universalmente, e é perfeitamente aplicável aos processos de produção de calçados, pois estes são processos de transformações físicas. Todas as ações/operações desenvolvidas, linear e sequencialmente, fazem com que os tempos de duração das ações/operações se somem, alongando o tempo total do sistema de operações. Esta condição exerce uma influência essencial e fundamental sobre a competitividade da fábrica, ou seja, a competitividade é afetada negativamente pela sequencialidade. A propriedade da curvatura do espaço aplica-se aos espaços organizacionais em que se situam os sistemas de produção. Se o espaço é curvo, podemos gerar Redes de Operações, que são o fundamento da simultaneidade operacional de sistemas produtivos. A curvatura do espaço não é um fundamento recentemente descoberto. Ele foi identificado por Albert Einstein. O identificador da Simultaneidade e das estruturas em rede foram desenvolvidas pelo físico/filósofo Henri Bérgson. A Figura 2 mostra os espaços organizacionais baseados no fundamento da curvatura.

capítulo. - A simultaneidade gerada pelas estruturas em redes de operações de produção gera o que denominamos de Produção Simultânea, onde os tempos totais dos ciclos produtivos são reduzidos em função deste paralelismo operacional. O fundamento da Entrega Já! é a manifestação extrínseca da capacidade competitiva da Nova Fábrica de Calçados (NFC). Ao assumir o fundamento da simultaneidade, imediatamente desenhou-se o alto poder competitivo desta organização em descrição. - A produção simultânea de calçados representa uma convergência estratégico-competitiva de fatores essenciais para o aumento da capacidade de competir desta fábrica. Esta competitividade é uma “capacidade competitividade intrínseca”. - O fundamento de sequencialidade operacional pode ser desenvolvido facilmente e, de igual modo, pode ser copiada. A sequencialidade operacional é uma estratégia classificada como “não competitiva”. - A competitividade de um sistema simultâneo de produção é chamada também de “capacidade aberta de competir”, pois os seus elevados níveis de competitividade desenvolvidos são o resultado de ações internas e exclusivas dos gestores das fábricas, que atuam com uma “mente aberta” para perseguir elevados níveis de competitividade. A Nova Fábrica de Calçados (NFC) destaca-se pelo aprendizado competitivo contínuo em desenvolver elevados níveis de competitividade. Esta abertura organizacional é também resultado da necessidade dos seus gestores e operadores pensarem de modo aberto e sistêmico para desenvolver a sua competitividade em elevados níveis de efetividade. - A capacidade competitiva desta fábrica é também simultaneamente fechada, pois as estruturas produtivas planejadas são inerentes e intrínsecas a esta organização. Elas dificilmente podem ser repetidas em outra fábrica porque a visão da simultaneidade operacional é própria do momento e das condições e desejos que sendo colocados pelos consumidores e os mercados.

Figura 2

Observação Importante Esta representação do espaço curvo não é uma novidade científica e tecnológica. Ela está presente neste texto como um facilitador dos conteúdos e conceitos de competitividade que estão sendo desenvolvidos neste

Por todos estes fundamentos e considerações de natureza tecnológica e competitiva que dão fundamento à produção simultânea e à Entrega Já!, fica explícito e visível a ímpar capacidade competitiva da Nova Fábrica de Calçados (NFC). Ela é uma organização estruturada para ter comportamentos competitivos inigualáveis, não copiáveis e não alcançáveis pelos concorrentes.

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artigo Científico Metodologia de medição de ângulo de pronação a partir da acelerometria: comparação entre acelerômetro industrial e giroscópio FAQUIN, Aline2; ZARO, Milton Antonio1 e 2; BERTOLUCI, Lorenzo2 e PALHANO, Rudnei2. 1 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 2 - Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos IBTeC/Laboratório de Biomecânica Resumo O movimento de pronação, de um modo geral, é medido somente em 2D, deixando de lado o aspecto da rotação da tíbia. Os sistemas que medem a pronação em 3D são baseados em imagens, e constituem um sistema caro e demorado de medida. O principal objetivo deste trabalho foi descrever uma nova metodologia para medição de ângulo de pronação, tanto no plano sagital 2D quanto a rotação da tíbia, separadamente. Para tal, foi escolhido um sensor do tipo giroscópio 3D da Microstrain. Entretanto, esse tipo de sensor tem uma taxa máxima de aquisição de 100Hz. Como esse sensor, além de ângulos, mede também aceleração, foi comparado a um acelerômetro de uso industrial (mas que não mede ângulos), para verificar se a taxa de amostragem é um parâmetro limitante de seu uso. O acelerômetro utilizado é da marca B&K e tem taxa de aquisição de dados de 10kHz. Os dois sensores foram colocados em série na parte medial da tíbia, de modo que as

Palavras-chave:

vibrações que passam pelos sensores são praticamente as mesmas. O giroscópio envia sinais via wi-fi e o acelerômetro estava conectado por cabos a um condicionador de sinais, acoplado a um computador com conversor A/D de 12 bits, fundo de escala ±4,096V. O software escolhido para o acelerômetro foi o SAD32 2.0 desenvolvido na UFRGS e para o giroscópio o próprio software (Inertia, da Microstrain) que acompanha o sensor. Um indivíduo do sexo feminino caminhou em esteira a uma velocidade de 4 km/h com os sensores adaptados à tíbia, inicialmente descalço e posteriormente usando vários tipos de chinelos. Os resultados mostraram que, devido à baixa taxa de amostragem, o giroscópio corta uma pequena parte do pico de aceleração no momento do impacto (transientes muito rápidos), mas que os ângulos, por não possuírem transientes rápidos, possuem incerteza compatível para ensaios de conforto.

índice de amortecimento, conforto, biomecânica, calçado, distribuição de pressão plantar, salto alto

Abstract The main objective of this work was to describe a new methodology for the measurement of pronation angle/rotation of the tybia. Usually, pronation is measured by a 3D cinemetry system, which is very expensive and spend a considerable time. A new methodology used employs a 3D gyroscope. Since gyroscopes used for biomechanical applications have low sampling rates (in our case, 100Hz), it was used together an industrial accelerometer with sampling rate up to 10kHz. These two sensors were positioned at the medial part of the tybia; in such way, that vibrations crossing both sensors are practically the same. The gyroscope used sends signal by a wi-fi systems and the accelerometer uses cables connected to a signal conditioner coupled to a microcomputer with

an A/D converter (12 bits, 38kHz of maximum sampling rate, 4.096 V full scale). The software used for acquiring signals from the accelerometer was SAD 3.2, developed at UFRGS University. For the gyroscope it was used the software Inertia, from Microstrain. An individual (female, 35 years old, 66kg) walked at 4.0 km/h at a treadmill, with both sensors, initially barefoot ant lately with various types of flip-flops. Results showed that, regarding to the low sampling rate of the gyroscope, there is a small “filtering” of peaks and small events in the experimental data when the model is walking barefoot. Regarding the fact that the peaks of acceleration (fast transients) are measured with smaller values, the angle values are considered acceptable for a comfort norm.

Keywords: absorption index, comfort, biomechanics, footwear, plantar pressure distribution, high heel shoes

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1. Introdução Erros metodológicos e experimentais, incluindo a não correta parametrização de diversas variáveis nos softwares de aquisição e processamento de dados, podem resultar em interpretações errôneas graves. Assim, um pico de força, aceleração ou temperatura, por exemplo, pode ser medido de maneira incorreta se a taxa de aquisição de dados escolhida via software não for suficientemente maior do que o fenômeno que está acontecendo e que deve ser analisado. A Figura 1 mostra um sinal de aceleração versus tempo, correspondente a uma passada de indivíduo normal caminhando a uma velocidade de 4km/h, com acelerômetro adaptado à região medial da tíbia. A curva (a) mostra a situação na qual foi escolhida a taxa de amostragem de 100Hz e a curva (b) mostra uma amostragem de 333Hz. A figura (c) mostra as mesmas curvas superpostas, com maior amplitude, para uma melhor compreensão.

Figura 1 – Gráfico de aceleração versus tempo obtida com acelerômetro colocado na região da tíbia, com indivíduo caminhando a 4km/h. (a) taxa de aquisição 100Hz, (b) 333Hz e (c) gráficos em conjunto para comparação direta

Caso o acelerômetro somente conseguisse atingir uma taxa de aquisição de 100Hz, teria que ser descartado - os picos de aceleração estariam sendo medidos de maneira errada. Acelerômetros são sensores que fornecem uma saída proporcional à aceleração a que está submetido; podem ser construídos de diversas formas, geometria e princípio físico de funcionamento. Assim, existem os acelerômetros do tipo capacitivos, piezelétricos e piezoresistivos. Modernamente, podem ser fabricados segundo tecnologia de microeletrônica (MEMES) e já existem trabalhos citando pesquisas com sensores a partir da nanotecnologia. Normalmente a parte mecânica do acelerômetro consiste em uma massa inercial, submetida à força (vibração/aceleração); essa força produz uma deformação mecânica, que por sua vez produz uma variação da resistência elétrica em um sensor do tipo strain gage, por exemplo. Essa variação é convertida em tensão elétrica através de um condicionador de sinais/ponte de Wheaststone. O sinal de saída é amplificado de modo a obter uma relação favorável de aceleração versus voltagem. É comum, por exemplo, encontrar acelerômetros que possuem uma sensibilidade de 500mV/g (aceleração da gravidade medida em “g”. 1g = 9,816 m/s2). As chamadas IMU (Inertial Measurement Unit), ou Unidade de Medição Inercial, geralmente possuem um ou mais dos seguintes sensores. a) Acelerômetro 3D, que detecta a aceleração que atua sobre ele e o dispositivo ou sistema que se pretende avaliar, mais a aceleração da gravidade. Assim, suas medições normalmente começam de + 1g ou menos – 1g, dependendo da orientação do acelerômetro no eixo vertical. Este tipo de acelerômetro permite determinar a orientação do sensor em relação aos planos, quando o objeto em estudo não está sujeito a alguma aceleração. b) Giroscópio: mede a velocidade angular do dispositivo ao qual está acoplado. A partir das medidas do giroscópio é possível obter as orientações deste sensor em relação aos planos, quando o sensor não estiver sofrendo qualquer tipo de aceleração. c) Magnetômetro: geralmente faz parte do conjunto (mesmo não sendo um sensor inercial propriamente dito), permitindo obter a orientação do sensor em relação ao campo magnético terrestre (norte magnético). Muitos IMUs possuem GPS no lugar do magnetômetro, dependo do propósito de uso.

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artigo Os acelerômetros são sensores utilizados nas mais variadas áreas de interesse: componentes de máquinas, vibrações em estruturas estáticas (de prédios convencionais a estádios de futebol), biomecânica (monitoramento de atletas, doenças degenerativas, polissonografia, boneco - dummy para crash-tests de automóveis, holters para medição da pressão sanguínea, próteses...), celulares e laptops, dentre outras aplicações. Giroscópios são utilizados em drones, tanto nos quadcópteros de entretenimento civil quanto nos de uso bélico, são também utilizados em carros em rallys, e muito utilizados em celulares e controles de videogames para aumentar a interação do usuário com os jogos. IMUs são popularmente chamados de giroscópios por essa ser uma de suas principais funções. Os magnetômetros, também chamados de magnetímetros, são sensores sensíveis a qualquer campo magnético e são utilizados em pesquisas geofísicas, para ajudar a determinar locais com depósitos de minerais magnéticos como o ferro, também são utilizados em satélites para o mapeamento dos campos magnéticos da terra, e o monitoramento de ventos solares. E um de seus usos mais comuns é como uma bússola determinando a direção e sentido do sensor. Os dados obtidos com esse tipo de sensor/transdutor são analisados por um software dedicado ao tipo de aplicação (biomecânica, drones, controle de processos industriais, robótica etc.). Em princípio, o giroscópio é um sensor de velocidade angular, uma vez que o sistema micromecânico interno é afetado pela força de Coriolis, força esta que é proporcional à taxa angular de rotação, quando gira num sistema de referência. Uma vez medida a velocidade linear a partir da força de Coriolis e procedendo o cálculo matemático adequado (integração), pode-se obter a taxa angular. Giroscópios podem ser usados para medir parâmetros associados à postura humana e ao movimento.

2. Materiais e métodos 2.1 - Materiais Foram utilizados nos experimentos: - 1 acelerômetro triaxial, marca Bruehl & Kjaer, modelo 4506 B 003, sensibilidade de 477,5 mV/g, frequência de ressonância de 4,99KHz, pico máximo de 140.m.s-2. - 1 conversor A/D de 12 bits, 38KHz de taxa de amostragem máxima e ± 4,096V de fundo de escala. - Software de aquisição e processamento de dados SAD3.2, desenvolvido na UFRGS. - Computador tipo desktop. - 1 giroscópio 3D, marca MicroStrain, modelo 3DM-GX2, ±0,5° de incerteza na medida e ±360° o ângulo de varredura, taxa de amostragem máxima de 100Hz, com eletrônica embarcada e software Inertia, da Microstrain. - Computador tipo notebook. 2.2 - Metodologia O giroscópio foi posicionado com cinta adesiva no terço médio da tíbia, como mostra a Figura 2, e o acelerômetro na região logo abaixo (diversos experimentos foram realizados e a ordem não afeta a leitura – ao longo da tíbia a aceleração é praticamente a mesma).

Figura 2 - Colocação do giroscópio na região da tíbia, com cinta adesiva para fixação

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A amostragem foi realizada com o indivíduo caminhando a 4km/h em esteira; a seguir os dados foram processados através de rotinas do Programa Matlab, sendo avaliado o ângulo entre os eixos y-z e o ângulo de rotação interna da tíbia (x-y) durante a fase de apoio, tendo como base a posição em que o pé se encontra totalmente em contato com a esteira. Para análise dos dados utilizou-se estatística descritiva e percentual na comparação entre as condições do teste.

3. Resultados A Figura 3 mostra detalhes da aceleração no eixo vertical em relação ao solo; a curva verde representa a aceleração em função do tempo para o giroscópio (100 Hz) e a curva em azul a do acelerômetro (2.000 Hz). Pode-se notar que a curva obtida com o acelerômetro é mais rica em detalhes e a curva correspondente ao giroscópio sofreu um processo de “filtragem”, perdendo alguns detalhes e produzindo uma pequena defasagem, além de cortar os picos maiores. A Figura 4 mostra as curvas em função do tempo de (a) aceleração vertical, (b) rotação em relação ao eixo vertical, (c) inclinação lateral e (d) inclinação frontal (convenções de eixos mostradas na Figura 5).

Figura 3 - Aceleração no eixo vertical (em relação do solo) versus o tempo; a curva em verde foi obtida com o giroscópio e a curva em azul foi obtida com o acelerômetro (modelo usando chinelo com solado de borracha)

Figura 4 - Curvas em função do tempo obtidas com o giroscópio. (a) aceleração vertical, (b) rotação em torno do eixo vertical, (c) ângulo de inclinação lateral e (d) ângulo de inclinação frontal

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A tabela 1 mostra os valores de ângulo (inclinação lateral e rotação, para 7 tipos de calçados e descalço, obtidos com o giroscópio, modelo feminina, andando em esteira a 4km/h e 9km/h, para verificar se o sistema responde corretamente durante a corrida.

Tabela 1 - Valores de ângulo e desvio padrão para 7 tipos de calçado e descalço, a 4km/h e correndo a 9km/h

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A Figura 6 mostra os resultados obtidos para um dos calçados em questão, durante corrida a 9km/h, e podese notar que os gráficos de ângulos não apresentam transientes rápidos, o que justifica o uso dos sensores em questão, porque não ocorre “corte” (filtragem) automático do sinal na faixa de interesse, ou seja, se 0 a 80ms após o contato do calcâneo com o solo - uma perda que poderia comprometer os resultados.

Figura 6 - Gráficos obtidos para corrida a 9km/h, com calçado

Conclusões A partir dos resultados obtidos é possível concluir que o giroscópio é um instrumento muito útil para medir ângulos (pronação e rotação da tíbia); um limitante deste tipo de sensor é sua frequência natural, que limita a taxa de amostragem a 100Hz para a maioria dos fabricantes. A estatística mostra que o sensor pode medir os ângulos em questão com 0,5 de desvio padrão, o que o torna satisfatório no caso de norma que teste calçado convencional. Mais estudos, entretanto, devem ser realizados para poder afirmar se a taxa de amostragem é conveniente para análise de calçados esportivos.

Bibliografia BM Nigg, - Running shoes and running injuries: mythbusting and a proposal for two new paradigms: ‘preferred movement path’ and ‘comfort filter’. ROSE Jéssica - Marcha humana. PERRY Jaqcquelin - Análise de Marcha. CORREA Daniel, Realidade Virtual e sensores Inerciais no Desenvolvimento da Tecnologia Assistiva: Um sistema para estudo da marcha humana baseada em fusão de sensores inerciais.

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Ecotelha: telha de materiais recicláveis a partir de ligas de polímeros Gustavo Soares do Carmo1; José Carlos Carrasco1; Marcos Vinícius Oliveira da Silva1; Prof. Merci Therezinha Kunzler (Orientador)1 e Prof. Ms. Ademir Paulo D. de Varga (Coorientador)1,2 1 Colégio Estadual Senador Alberto Pasqualini, Novo Hamburgo/RS 2 Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Novo Hamburgo/RS

Resumo Tendo em vista o crescente problema da produção de lixo na sociedade atual, e sabendo que uma considerável quantidade do lixo doméstico é composta por caixas, garrafas plásticas, isopor, embalagens diversas, geralmente feitas com materiais de difícil decomposição quando jogados na natureza, torna-se evidente que alguma atitude se faz urgente, para proteger o meio ambiente da degradação. Pelo presente projeto, com a intenção de buscar soluções para o descarte de materiais, através de uma pesquisa aplicada, trazemos a proposta de fabricar telhas com alguns desses resíduos - caixas de leite e de suco de frutas e embalagens de isopor. O objetivo é desenvolver um processo para fabricar telhas a partir de resíduos, que tenham baixo custo e que sejam úteis, tarefa a ser realizada por um grupo de alunos, com os materiais recolhidos e tratados por eles mesmos. Para desenvolver este trabalho e chegar ao resultado almejado, foram feitos testes, misturando-se isopor diluído em solvente, caixas de leite e de suco de frutas trituradas e, na base do erro e acerto, acabamos encontrando uma maneira de fabricar telhas ecológicas, assim chamadas, devido aos materiais utilizados na sua composição, que agora deixam de ser depositados na natureza e se transformam em produtos a serem usados na cobertura de casas, em um processo totalmente manual, feito a frio e sem utilização de máquinas ou equipamentos, o que o torna acessível a qualquer pessoa. A relevância social desse projeto está no fato de ter-se desenvolvido um produto novo, de baixo custo e fácil acesso, e no fator ambiental, pois, da forma como foi desenvolvido, um grande volume de resíduos deixa de ser depositado em aterros e passa a ser reutilizado como matéria-prima praticamente sem custos, gerando economia e proteção ambiental.

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Introdução Este projeto de pesquisa tem por finalidade demonstrar que é possível reutilizar grande parte dos materiais descartados como lixo, direcionando-os para outras tantas finalidades, como fabricar telhas ou outros objetos. O que consideramos ecológico neste trabalho é a utilização de dois materiais altamente poluentes, como o isopor e as embalagens cartonadas, e que ainda carecem de estudos para um melhor reaproveitamento, principalmente o isopor, por ser um produto de grande volume e difícil reciclagem. A parte prática desse projeto trata da fabricação de telhas ecológicas com materiais recolhidos do lixo. A escolha da telha deve-se ao fato de que, por um lado, existe grande carência de moradias em nossa sociedade e, por outro, há lixo sobrando por toda parte. Estas telhas podem ser usadas na construção de casas, não só para a população mais carente, mas podem se tornar um produto a ser comercializado. Elas têm um custo muito reduzido para a sua fabricação e estão ao alcance de qualquer pessoa, porque os materiais que utilizamos estão disponíveis em grandes quantidades. Os coletores de lixo doméstico de nossas cidades estão sempre abarrotados de caixas de leite, de suco de frutas, isopor e tantos outros, cujo acesso não tem custo algum, muito pelo contrário, há satisfação quando aparece alguém para dar destino adequado ou quando se descobre alguma utilidade para estes resíduos. A iniciativa deste trabalho de pesquisa surgiu a partir da preocupação dos alunos do Colégio Estadual Senador Alberto Pasqualini, de Novo Hamburgo/RS, com o descarte inapropriado do lixo doméstico, muitas vezes jogado em áreas abandonadas ou terrenos baldios pela periferia das cidades, onde se coloca fogo quando os montes ficam muito altos. Mesmo que o poder público faça a coleta do lixo diariamente, nota-se, ainda, uma falta de consciência ecológica por parte da população de certas áreas. Com a fabricação de telhas com materiais recolhidos do lixo, pretendemos dar o exemplo de que somos todos responsáveis pelo planeta e que a iniciativa tem que partir de cada um de nós. O Laboratório de Substâncias Restritivas do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), de Novo Hamburgo/ RS, foi o apoiador para a caracterização química dos produtos utilizados, com aplicação de técnicas como a do infravermelho na unidade do material.

Objetivo e questão problema O objetivo desse trabalho é demonstrar que é possível fabricar telhas e outros objetos com materiais como o isopor e as embalagens cartonadas, atualmente descartadas como lixo, que, quando jogados nos aterros, são resíduos altamente poluentes e de difícil degradação. Destacamos a retirada desses materiais da natureza como um grande benefício para a sociedade. Vale ainda salientar que é urgente dar-se um destino adequado a esses resíduos, assim como fabricar produtos com eles reduzindo custos empresariais que podem ser redirecionados para melhorias em outros setores. O descarte inapropriado de materiais é um dos grandes agentes causadores de poluição ambiental. Em nossa sociedade, o lixo é encaminhado para aterros sanitários onde ocupa espaço e degrada o meio ambiente, exala mau cheiro e oferece riscos à saúde, como na presença de ratos, baratas e moscas, além de gerar um custo elevado para o poder público que paga pelo recolhimento e descarte do mesmo. Diante desse problema surge o questionamento a respeito da reutilização desses resíduos que, com alguma criatividade, podem se transformar em novos produtos, aplicando-se o princípio do reaproveitamento e da reciclagem, gerando mais economia, mais saúde e menos poluição.

Descrição de materiais e métodos Partindo da ideia de pesquisar soluções para os problemas ambientais, buscando conhecer experiências de sucesso, teorias, programas ambientais, lendo e conversando com pessoas experientes para, assim, formar uma opinião do que poderia ser feito, de como poderia ser feito, onde se poderia fazer, chegou-se ao consenso de desenvolver uma pesquisa aplicada a fim de buscar soluções para o problema do descarte de materiais que poderiam ser reaproveitados na fabricação de novos produtos. Já com a ideia de trabalhar com resíduos sólidos, os alunos pesquisadores buscaram, nas dependências de sua escola, os materiais que apareciam em maior quantidade nas caixas coletoras de lixo. Constatou-se a pre-

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artigo sença das embalagens cartonadas em grandes quantidades, usadas na merenda escolar. Também apareceram muitas garrafas Pet, papéis, papelão, isopor e outros. O recolhimento de amostras já deu uma indicação segura de que se havia encontrado os materiais que iriam conduzir as pesquisas. A escolha recaiu sobre as embalagens cartonadas, as garrafas Pet, o isopor e o papelão. Pela grande quantidade de resíduos que foram coletados nas dependências da escola, decidiu-se construir uma casa ecológica, a ser feita com as garrafas plásticas (figura 1), resultantes do consumo na cantina da escola. A ideia de fazer telhas veio da necessidade de cobrir a casa feita de garrafas.

Figura 1. Fonte: fotografia tirada pelos alunos pesquisadores

A necessidade de confecção de telhas levou os alunos pesquisadores a fazerem testes com os materiais coletados, utilizando isopor diluído com solvente, papelão desmanchado em água, caixas de leite e de suco de frutas trituradas, fazendo misturas em diferentes proporções, algumas dando resultados positivos e outras nem tanto. Aproveitando os acertos e descartando os erros, conseguiu-se, aos poucos, encontrar uma maneira eficiente de fabricar estas telhas. Sempre tomando os devidos cuidados com as normas de segurança para o manuseio das substâncias, durante o processo foram seguidas as regras de segurança prescritos na Norma Regulamentadora número 20 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que versa sobre o manuseio e acondicionamento de hidrocarbonetos (Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – Legislação. Portal.mte.gov. br/legislacao/norma-regulamentadora-n-20.htm).

Materiais utilizados A opção por utilizar caixinhas de leite e de suco de frutas, papelão, isopor e solvente foi pelo fato de serem encontrados em nossa escola, assim como em nossas cidades, cujos lixões estão abarrotados com esses resíduos. As embalagens de sucos e leite são descartadas em grandes quantidades porque são produtos de uso diário da maioria da população. O leite é um produto importante na alimentação das pessoas, principalmente nas famílias onde há crianças, e os sucos são igualmente consumidos em larga escala. Hoje não é mais privilégio do leite ser acondicionado em embalagens longa vida, os fabricantes dos mais diversos produtos também adotam esse modelo e já temos uma gama enorme de alimentos sendo acondicionados nestas embalagens, e isto é apenas o começo. O mercado é crescente devido à praticidade e garantia de conservação por mais tempo. Com isso, o que já é um problema tende a se agravar ainda mais. A embalagem cartonada, também chamada de embalagem longa vida, possui múltiplas camadas e varia de acordo com o tipo de alimento que vai acondicionar. A caixa de leite, por exemplo, precisa de seis camadas. Essas camadas passam por um processo de compressão sobre todas as folhas dos diferentes constituintes. A composição da embalagem de longa vida se dá, basicamente, em: 75% de papel cartão, 20% de filmes de polietileno, 5% de alumínio. É difícil reciclar a embalagem cartonada porque ela apresenta diversos componentes unidos que possuem características físicas e químicas diferentes, o que facilitou a separação dos mesmos, para a fabricação das referidas telhas. O poliestireno expandido, mais conhecido como isopor, é uma espuma formada a partir de derivados de petróleo. Trata-se de um material sintético, feito de um polímero - conjunto de sucessivas aglomerações de moléculas - do composto químico estireno, expandido em pequenas bolhas ocas de 0,4 a 2,5 milímetros de diâmetro.

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Sua expansão é provocada pela ação de um agente químico chamado pentano, que aumenta em até 50 vezes o tamanho inicial pela liberação de vapores (http://mundoestranho.abril.com.br. Acesso em: 16 mai. 2014). Mais de 97% do volume do isopor é constituído de ar e o restante é plástico. Isso quer dizer que, quando derretido, o volume final do isopor cai para 10% do que foi coletado, razão pela qual a maioria das cooperativas e empresas do setor de reciclagem sequer aceita doações, nem ao menos de pequenas quantidades do produto. E muito menos se dispõem a coletá-lo, já que, devido à sua baixa densidade, ele ocupa muito volume, o que encarece seu transporte e, consequentemente, a sua reciclagem, exigindo quantidades muito grandes para se viabilizar economicamente o processo como um todo. O resultado é que o isopor acaba sendo depositado na natureza, fazendo montes nos aterros sanitários e frequentemente podemos encontrá-lo jogado em terrenos baldios ou beira das estradas. Quando descartado na natureza, demora muito para se decompor.

Diluição do Isopor Ao buscar as substâncias para fabricarmos as telhas, descobrimos que o isopor poderia ser dissolvido com hidrocarbonetos, como por exemplo, a gasolina. A fórmula molecular do isopor é C8H8, enquanto a fórmula molecular da gasolina é C8H18. Portanto, as moléculas da gasolina e do isopor são do mesmo tipo, ou seja, a gasolina e o isopor são apolares, pois só haverá mudança em seu estado físico quando semelhante se mistura com semelhante. Ao colocarmos o isopor na gasolina, surgem bolhas. Isso acontece porque a gasolina enfraquece as interações entre as cadeias do poliestireno, amolecendo o isopor e permitindo que o ar preso escape. Após isso, o isopor volta a endurecer em contato com o ar. O solvente, necessário para dissolver o isopor, pode ser a acetona, o tinner, limpadores à base de benzina como o limpador de couro, gasolina ou outro hidrocarboneto que tenha efeito similar. No processo desenvolvido para a fabricação da Ecotelha, foi utilizada a gasolina pelo seu baixo custo, em comparação aos outros, que são todos mais caros. Sua utilização é feita em quantidades mínimas pelo seu alto poder em quebrar as moléculas do isopor, liberando o ar que ele contém. O solvente também não é ecológico, mas este fato se torna menor quando levamos em consideração o grande benefício que é o seu potencial para proporcionar a reciclagem de materiais, reconhecidos como agentes poluidores. A quantidade de solvente utilizada é muito pequena. Para levarmos à frente o nosso estudo, buscando compreender como ocorre o processo de transformação da telha, constatamos a existência de uma reação química que envolve um esquema de polaridades. Ambas as substâncias são apolares: gasolina (C8H18) e poliestireno expandido (C8H8) (http://molecular-models.com/styrene-molecule-model-kit. Acessado em 23 jun. 2014). Portanto, quando estes dois materiais entram em contato, uma certa mudança de aspecto físico acontece - neste caso é o poliestireno quem sofre a mudança transformando-se em uma massa consistente e pegajosa, a qual utilizamos como resina para dar a liga, como mostra a figura 2.

Figura 2. Misturando isopor diluído com papelão moído.

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artigo Fluxograma explicativo da metodologia de confecção da Ecotelha O fluxograma (figura 3) mostra as etapas do processo de fabricação desenvolvido pelos alunos pesquisadores, ou seja, a partir da obtenção da matéria-prima no ambiente escolar, pela coleta do isopor e das embalagens cartonadas, inicia-se o processo de separação e limpeza desses materiais para, em seguida, serem triturados, moídos ou dissolvidos em solvente e água. Feita esta preparação, processa-se a mistura dos ingredientes que formam a massa básica. Obtendo-se a massa, inicia o processo de prensagem, modelagem e secagem. O processo todo leva algumas horas, dependendo do tamanho da telha que se quer fazer. A etapa mais demorada é a secagem, que em geral leva uma semana em temperatura ambiente (figura 4). Não são usados processos mecânicos, a não ser para moer as embalagens cartonadas, o que é feito com um liquidificador. O restante do processo é manual e feito a frio. Não sendo necessárias instalações especiais para a fabricação dessa telha, o que barateia o produto final.

Figura 3. Etapas do processo de fabricação

Figura 4. Telhas em processo de secagem

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Resultados Produzida a partir da reciclagem de embalagens, a telha ecológica é um produto com diversas vantagens técnicas, além dos benefícios ecológicos. A reutilização de material reciclável está trazendo nova alternativa para a construção civil, sendo que há vários exemplos bem-sucedidos. No nosso projeto de reciclagem com as embalagens do leite de caixinha aproveita-se 100% do material, não havendo necessidade de separar as camadas, como muitos fazem. Em termos de comparação elas são melhores na qualidade do que muitas das telhas similares e seu grande diferencial estão na resistência agregada à leveza. Para falar em quantidades e medidas, os cálculos realizados nos dão conta de que para fabricar uma telha de 1m² são necessárias 46 caixas de leite de 1 litro, que somadas pesam 1,156kg. A quantidade de isopor é de 4,0kg, a quantidade de gasolina é de 1360ml ao custo aproximado de R$ 4,00. O peso total da telha de 1m² por 8mm de espessura é de 5,250kg, sendo que uma telha de fibrocimento da marca Brasilit, de 1,22m por 0,92m com 6mm de espessura, pesa 13,8kg. O custo total é estimado em R$ 4,00 que é o valor gasto com gasolina (conforme site www.brasilit.com.br/pdf.>. Acesso em 10 ago. 2014.). A mão de obra não foi estimada porque é um trabalho feito pelos alunos, em equipe e em fase experimental, por isso não se tem ainda uma ideia de quantas horas de trabalho ela demanda. Uma telha similar de fibrocimento, quando comprada no mercado, tem seu custo estimado em R$ 18,00. Descrição do teste de absorção de umidade feito pela equipe de pesquisadores: usando um pedaço de telha cujo peso inicial era de 0,325kg e mergulhando-o na água por 8 dias, sendo que foi feito o acompanhamento diário, retirando-o da água e pesando-o. No primeiro dia, ela estava com um acréscimo de 0,040kg; no segundo, acrescentou mais 0,015kg; no terceiro dia, aumentou 0,010kg; no quarto dia, acrescentou 0,008kg; no quinto dia, aumentou 0,005kg; no sexto dia, acresceu 0,002kg e no sétimo dia, a telha chegou ao peso de 0,405kg, aumentando 0,080kg em comparação ao peso inicial. A partir desse ponto ela estabilizou, sendo que no oitavo dia ela não aumentou mais seu peso. O resultado desse teste nos revelou que, depois de oito dias mergulhada na água, ela teve uma absorção que aumentou seu peso em 24%. A telha similar de fibrocimento absorve 25% em média, segundo informações de revendedores desse produto. Pelo teste conclui-se que, mesmo que chova oito dias sem parar, ela absorve uma pequena quantidade de água e depois estabiliza, mantendo sua impermeabilidade. Durante esse processo, não houve alteração do estado físico da telha, ou seja, ela não se deformou e nem perdeu a sua firmeza. Após a secagem, ela voltou ao peso normal. Ainda para confirmar os testes de permeabilidade, foi feito um copo com a mesma massa da telha, o qual foi enchido com água. Durante 15 dias houve um acompanhamento do processo e pela análise constatou-se que o material estava do mesmo jeito, com a água da forma como foi colocada, considerando-se uma pequena porcentagem da água que evaporou, o restante do volume estava intacto e o copo completamente seco por fora. Não ocorre permeação pelas paredes do copo. Os testes de resistência ainda não são conclusivos, mas os resultados preliminares nos mostraram que uma telha de 20cm por 42cm, cujo peso é de 500g, resiste à pressão de 58kg. O projeto ainda carece de testes de laboratório, os quais estão sendo providenciados, em parceria com os laboratórios da Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Já existem quatro protótipos dessa telha prontos, a partir de composições diferentes, todas elas testadas e duas delas foram aprovadas pela sua resistência, permeabilidade e flexibilidade. As telhas estão disponíveis para serem vistas e analisadas pelos interessados.

Conclusões O grupo tem lido muito sobre a fabricação de telhas com caixas de leite. A literatura sobre o tema nos dá conta da fabricação de telhas com caixas de leite, trabalho que já vem sendo feito pela Tetrapak, em processos feitos com prensas que funcionam com calor. O nosso experimento foi feito a frio, dispensando, assim, o uso de máquinas e equipamentos caros, permitindo que qualquer pessoa possa utilizar este processo sem gastar nada com equipamentos e, além disso, pode ser feito na própria casa da pessoa, pois não necessita de lugar e instalações apropriados. O que consideramos ecológico neste trabalho é a utilização de dois materiais altamente poluentes, e que

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artigo ainda carecem de estudos para um melhor reaproveitamento, principalmente o isopor, por ser um produto de difícil reciclagem. Alguém pode vir questionar o uso de solventes, para processar o isopor, não é ecológico, o que de fato não é. Mas isso perde importância quando levamos em conta o grande benefício que é a utilização de matérias reconhecidos por todos, como poluidores. Além disso, a quantidade de solvente utilizada é muito pequena para inviabilizar a validade do projeto. Os objetivos aos quais nos propusemos foram alcançados. Conseguimos provar que é possível fazer telhas com caixinhas de leite e isopor, juntos na mesma mistura. Diferentemente de outros processos, conseguimos reciclar isopor e fomos além, fabricando telhas utilizando isopor na massa. Igualmente conseguimos comprovar que grande parte dos materiais descartados como lixo doméstico podem ser reaproveitados na confecção de diversos objetos úteis e de baixo custo, e que é possível reutilizá-los com criatividade, transformando-os em artigos de grande valor. Foi feito um trabalho de retirada desses materiais poluentes da natureza, comprovadamente danosos ao meio ambiente. Conseguimos dar destino adequado a resíduos poluentes e de difícil degradação como isopor, caixas de suco e de leite, utilizando-os na fabricação de uma telha de baixo custo e que proporciona uma economia para a sociedade, podendo reduzir custos empresariais que podem ser redirecionados para melhorias em outros setores. Como uma grande quantidade de lixo é composta por caixas, garrafas plásticas, isopor, embalagens diversas, geralmente feitas com materiais de difícil decomposição, esses materiais em desuso, passando por um processo de separação, limpeza e classificação, foram utilizados como matéria-prima na fabricação de um novo produto: as telhas, que tomamos a liberdade de chamar Ecotelhas. Dessa forma, além de contribuir para o benefício da sociedade, gerando uma fórmula para fabricar telhas a baixo custo e baratear a construção de casas para a população carente de nossa cidade, ainda estamos sugerindo soluções para aliviar um pouco mais os aterros sanitários e gerando menos carbono para a atmosfera. Ao todo foram feitos testes com quatro formas distintas de misturar os materiais, sempre acreditando nos dois componentes principais como sendo o caminho correto. Mesmo fazendo a mistura de maneiras diferentes, procuramos ficar fiéis à ideia inicial, isto é, de que seria possível desenvolver esse processo e que o resultado poderia ser promissor. A meta de encontrar um jeito viável, uma forma correta de fazer o processo de fabricação das telhas ecológicas, foi o que norteou as experiências feitas. Após vários meses de pesquisas em que foram testadas diversas formas de composição da massa básica, além de várias maneiras diferentes de fazê-las, temos hoje quatro protótipos prontos. Este trabalho ainda está em processo de execução e tem a sua continuação prevista para o decorrer deste ano de 2015, porém terá que sofrer, ainda, alguns ajustes. Mas, os resultados iniciais não deixam de ser animadores.

Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 06 de jun. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE POLIESTIRENO EXPANDIDO (ABRAPEX): Reciclagem e reaproveitamento de EPS. Disponível em: <http://www.abrapex.com.br/01OqueeEPS.html>. Acesso em: 21 mar. 2014. ALVES, Líria. Moléculas orgânicas polares apolares. Brasil Escola. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimica/moleculas-organicas-polares-apolares.htm>. Acesso em: 04 ago. 2014. COELHO, José Ricardo Roriz. Sociedade e educação evitariam fracasso de acordos ambientais. Meio Ambiente Industrial. Disponível em: <http://rmai.com.br/v4/Read/1927/sociedade-e-educacao-evitariam-fracasso-de-acordos-ambientais.aspx>. Acesso em: 13 ago. 2014. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA 357/05. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/>. Acesso em: 13 ago. 2014. Conselho Nacional de Saúde - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html>. Acesso em: 14 ago. 2014. GERHARDT, Tatiana Engel e TOLFO, Denise [organizado por]. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. <http://www.ufrgs.br/cursopgdr>. Acesso em: 04 ago. 2014. JAMES, Bárbara. Lixo e reciclagem. Tradução Dirce Carvalho de Campos. Coleção preserve o mundo. São Paulo: Scipione, 1997. MATEUS, Alfredo Luís. Química na cabeça. 4 ed.- Belo Horizonte: UFMG, 2008. METODOLOGIA CIENTÍFICA: TIPOS DE PESQUISA. Disponível em: <www.portaleducacao.com.br> Acesso em 16 jun. 2013. PERUZZO, Francisco M. e CANTO, Eduardo L. do. Química na abordagem do cotidiano. 4. Ed. – São Paulo: Moderna, 2006. REUSCH, William. Química orgânica. Trad. Eugênia Deheinzelin. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1979. SCARPELLINI, Carminella e ANDREATTA, Vinícius Barbosa. Manual compacto de química: ensino Médio. 1. Ed. - São Paulo: Rideel, 2011.

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A ABNT 11 3017.3638 www.abnt.org.br pág. 45 Acreditação CPSC 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 85 Associados 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 86 B Baxmann 11 2818.6959 www.baxmann.com.br pág. 05 Benefícios Associados 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 99 C Cebec 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 64 Colorgraf 51 3587.3700 www.colorgraf.com.br pág. 37 Couromoda 11 3897.6100 www.couromoda.com pág. 35

L Lab. Microbiologia 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 93 Lab. Sub. Restritivas 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 96 Laser 51 3525.2139 www.lasernh.com.br pág. 19 Linhasita 11 4487.6600 www.linhasita.com.br pág. 02 M máquinas Morbach 51 3066.5666 www.morbach.com.br pág. 09 Metal Coat 54 3215.1849 www.metalcoat.com.br pág. 21 P PrevenSUL 51 2131.0400 www.prevensul.com.br pág. 55 Proamb 54 3085.8700 www.proamb.com.br pág. 17

D Dürkopp Adler 11 3042.4508 www.durkoppadler.com pág. 07

R Road Show 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 53

F Feevale 51 3586.8800 www.feevale.br pág. 97 Fimec 51 3584.7200 www.fimec.com.br pág. 38 Fisp 11 5585.4355 www.fispvirtual.com.br pág. 57 Foamtech 19 3869.4127 www.foamtech.com.br pág. 100 Fórum de Inovação 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 49

S Stickfran 16 3712.0450 www.stickfran.com.br pág. 10

I InOVAMUNDI 51 3586.8800 www.feevale.br pág. 61 INSPIRAMAIS 51 3584.5200 www.inspiramais.com.br pág. 63 Isa Tecnologia 51 3595.4586 www.isatecnologia.com pág. 29 IULTCS 51 3561.2761 www.iultcs2015.org pág. 31

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U Undercorp 51 3036.6080 www.undercorp.com.br pág. 15 Usaflex 51 3549.8100 www.usaflex.com.br pág. 25 Z Zero Grau 51 3593.7889 www.feirazerograu.com.br pág. 33

Entidades do setor ABECCA (51) 3587.4889 ABEST (11) 3256.1655 ABIACAV (11) 3739.3608 ABICALÇADOS (51) 3594.7011 ABINT (11) 3032.3015 ABLAC (11) 4702.7336 ABQTIC (51) 3561.2761 ABRAMEQ (51) 3594.2232 ABRAVEST (11) 2901.4333 AICSUL (51) 3273.9100 ANIMASEG (11) 5058.5556 ASSINTECAL (51) 3584.5200 CICB (61) 3224.1867 IBTeC (51) 3553.1000 Feiras do setor BRASEG (11) 5585.4355 COUROMODA (11) 3897.6100 EXPO EMERGÊNCIA (11) 3129.4580 EXPO PROTEÇÃO (11) 3129.4580 FASHION SHOES (16) 3712.0422 FEBRAC (37) 3226.2625 FEIPLAR (11) 3779.0270 FEMICC (85) 3181.6002 FENOVA (37) 3228.8500 FICANN (11) 3897.6100 FIMEC (51) 3584.7200 FISP (11) 5585.4355 FRANCAL (11) 2226.3100 GIRA CALÇADOS (83) 2101.5476 HOSPITALAR (11) 3897.6199 INSPIRAMAIS (51) 3584.5200 PREVENSUL (51) 2131.0400 40 GRAUS (51) 3593.7889 QUÍMICA (11) 3060.5000 SEINCC (48) 3265.0393 SICC (51) 3593.7889 ZERO GRAU (51) 3593.7889

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OPINIÃO Colunista Ser sustentável em tempos de crise

Rogério da Cruz Carvalho

Habitus Consultoria contato@habitusconsulting.com.br

E

m plena crise econômica, situação que não vivíamos há mais de 20 anos, somos forçados a reaprender a poupar, coisa que para muitos é uma novidade. Na explosão de encargos, impostos e aumentos nos valores de água, energia e combustível, temos de buscar soluções para cortar nossos custos e tentar nos adequarmos a esta nova realidade. Na busca de redução dos custos com consumo de água, uma das opções possíveis é a coleta de água de chuva e sua utilização para não apenas regar jardins ou lavagem de carros, mas também para as caixas de descarga dos vasos sanitários dos banheiros. Neste caso é possível se obter uma redução no consumo de cerca de até 80% no volume de água consumida. Outra ação para a redução de consumo de água consiste na verificação dos vazamentos ou muitas vezes simples gotejamentos das torneiras, que podem parecer insignificantes, mas ao final de um mês chegam a causar um consumo adicional de mais de 45 litros de água. Já para o consumo de energia, podemos começar com pequenas ações como desligar das tomadas todos aqueles eletrodomésticos que permaneçam na situação de stand by, como por exemplo aparelhos de som, TVs, DVDs, micro-ondas, entre outros, indo a seguir para a substituição de lâmpadas comuns (as antigas in-

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candescentes) por outras mais econômicas, como as de Led. Devemos ainda otimizar o processo de lavagem de roupas, procurando concentrar a atividade e acumulando maiores volumes de roupas para podermos lavar e mesmo passar as roupas menos dias da semana. Na hora de passarmos as roupas, quebrarmos alguns paradigmas como não passarmos roupas de cama ou toalhas de banho e rosto ou ainda pijamas e roupas intimas. Para o gás, temos alguns complicadores no processo de redução do consumo. Se vivemos em regiões frias nas quais utilizamos aquecedores a gás, a solução para redução seria a instalação de placas solares para, desta forma, utilizarmos o gás apenas como reforço. Outra situação é na preparação de alimentos, a solução mais tradicional, mas não disponível a todos é o uso de fogões a lenha. Finalmente chegamos ao transporte. Vivemos em uma sociedade que desvalorizou o uso alternativo de transportes, a exemplo de bicicletas e caminhadas. Em ambos os casos o sedentarismo é deixado de lado e desta forma ainda estamos economizando o combustível cujos valores ultrapassaram a coerência e a decência. Em um momento de crise econômica, cuja luz ao final do túnel não nos dá sinais de aparecer, qualquer tipo de economia e redução é extremamente bem-vinda.

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A percepção do brasileiro

sobre o consumo consciente O

consumidor brasileiro assume o protagonismo no consumo consciente. Para 97% dos entrevistados, as práticas associadas ao tema - nos âmbitos social, econômico e ambiental - são de inteira responsabilidade dos clientes de empresas e marcas, segundo a pesquisa O Consumo Consciente no Brasil, realizada pela Shopper Experience com a participação de 80 mil clientes secretos da empresa, que residem nas principais capitais do País. O estudo mapeou não apenas a percepção que o consumidor tem sobre o seu papel nesse contexto, como o envolvimento de empresas e do Governo no tema. As crises econômica e hídrica são apontadas pelos pesquisadores como responsáveis por essa nova reflexão sobre o consumo. A pesquisa contou com 1.285 entrevistas de clientes secretos, que responderam um questionário estruturado - composto por questões múltiplas e únicas. Na base da pesquisa, homens e mulheres com idades entre 21 anos e 65 anos; classes A, B e C, moradores das cidades de São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Belo Horizonte/

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MG, Salvador/BA, Recife/ PE, Fortaleza/CE, Curitiba/PR, Florianópolis/SC e Porto Alegre/RS. Entre os entrevistados, 58% são casados/moram com outras pessoas; 33% solteiros; e 9% não declararam. A pesquisa traz, também, um ranking com as empresas que mais representam o consumo consciente em várias categorias do consumo. Segundo a coordenadora Stella Kochen Susskind, nos últimos dois anos, relatos de clientes secretos demonstram o peso do consumo consciente na decisão de compra. “No comparativo da edição 2014 e 2015 vemos claramente esse aumento na percepção de que o consumidor pode e deve ser o protagonista do consumo consciente”, analisa Stella, acrescentando que questões como economia de energia elétrica e de água aparecem no topo do ranking das práticas associadas ao consumo consciente. Na avaliação dos entrevistados, 97% apontam o próprio consumidor como o principal responsável por práticas que envolvem o consumo consciente - no que tange os âmbitos ambientais, econômicos e sociais. Segundo a coordenadora da

pesquisa, em 2014, esse protagonismo do consumidor foi apontado por 64% dos entrevistados. “Temos aqui uma clara evolução da percepção de que o brasileiro se coloca, hoje, em condição de ditar novas regras no consumo; assume para si a responsabilidade de mudar o comportamento. Estamos diante de um protagonismo que não existia há 10 anos”, afirma Stella. Entre os demais responsáveis pelo consumo consciente: 92% apontaram o Governo; 91% as empresas multinacionais; 88% as empresas brasileiras; 87% as organizações internacionais; 87% as ONGs; 84% os países ricos; e 71% os países pobres. A especialista chama a atenção para esse crédito aos países pobres. “Em 2014, 28% dos entrevistados apontaram que os países pobres eram os principais responsáveis por promover a bandeira do consumo consciente; este ano, essa percepção é compartilhada por 71% dos entrevistados. A tradução desse número está nesse nível de protagonismo alcançado pelo brasileiro; essa percepção de que é parte da solução dos problemas”, analisa.

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Tênis Whoop com tecido de garrafa pet

Foto whoop

e borracha reciclada P

ara que os fashionistas possam estar conectados com o movimento de preservação do meio ambiente, a marca de tênis casuais Whoop aposta em sua coleção primavera-verão na linha Eco Whopp, um tênis vulcanizado c o n feccionado c o m tecido macio e confortável, feito de garrafas Pet, e sem uso de corantes.

O processo de produção do tecido tem ainda como ponto positivo o fato de que usa cinco vezes menos água na sua produção, e reduz a emissão de CO2. O solado utilizado neste modelo é produzido em borracha reaproveitada, que deixa de ser descartada no meio ambiente. A linha tem ainda um design despojado e inovador, com palmilha e forro estampado e cadarços coloridos nas versões rosa, verde, preto e cinza. Completando looks desde os mais básicos aos descolados.

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PROAMB Colunista A importância do Plano de Gerenciamento de Resíduos Kellen Santos

Técnica em Meio Ambiente e consultora técnica da Proamb

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Plano de gerenciamento de resíduos sólidos é um processo de extrema importância e que traz inúmeros benefícios aos que o praticam, tanto na indústria quanto no meio familiar dos colaboradores. Portanto, uma boa gestão deve ser obrigatoriamente de interesse de gestores, coordenadores e empresários. A cobrança nos municípios e nos setores industriais passou a ser maior e os órgãos ambientais tiveram o apoio da legislação, porém, a importância da gestão de resíduos sólidos não se torna importante somente para cumprimento da legislação. O Plano de Gerenciamento de Resíduo Sólidos (PGRS) oportuniza a minimização dos impactos ambientais gerados, diminui o uso dos recursos naturais, energia, entre outros diversos benefícios em prol de toda uma comunidade, contribuindo para o crescimento da economia. Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada em 2010, o PGRS segue uma linha de redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final adequada. Um gerenciamento eficaz se inicia através de conhecimento dos materiais, ciência do funcionamento das linhas de produção, geração de resíduos, segregação, acondicionamento, separação e treinamento adequado dos colaboradores. O Plano deve ser aplicado em todas as atividades e origens de resíduos, como os resíduos sólidos urbanos, domiciliares, de estabelecimentos comerciais, industriais, de serviços de saúde, de construção civil, do transporte e inclusive mineração. O PGRS exige consciência e comprometimento de todos os setores dentro da empresa para que se consiga um resultado satisfatório e deve ser pensado desde a compra da matéria-prima, para que se evite desperdícios. É indicado que o plano de gerenciamento seja realizado por assessoria ambiental capacitada, e este deve ter metas de redução, reutilização dentro de processos, visando a meios para aproveitamento energético, programas e ações das metas previstas e sua periodicidade de revisão de no mínimo quatro anos. No setor industrial fica claro o benefício da implantação e operacionalização adequada de seus resíduos: evita notificações, multas e custos não previstos no orçamento anual, pois visa sempre à responsabilidade ambiental, social e econômica.

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