Revista Tecnicouro - Edição nº 308

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PROJETO FÁBRICA MODELO CHEGA À FISP O IBTeC participa da 22ª edição da Feira Internacional de Segurança e Proteção (Fisp), que acontece de 3 a 5 de outubro. Trata-se da segunda maior feira do mundo em seu segmento, um evento que traz consigo a nova dinâmica de feira de negócios em sua forma mais prática. A riqueza de troca de informações e conhecimento, e a qualificação de profissionais estão presentes em palestras, workshops e apresentação das últimas tendências e tecnologias voltadas a um setor que projeta crescimento de 3% em 2018 em um mercado que movimenta mais de 4 bilhões de reais. E como tecnologia e inovação correm em nossas veias, nos sentimos muito à vontade e felizes de fazermos parte de um evento desta magnitude. O IBTeC, juntamente com a organização da feira, desenvolve o projeto Fábrica Modelo de Segurança, em parceria com a Bompel, para a fabricação durante o evento de diferentes modelos de botas de segurança. No espaço são apresentadas e aplicadas tecnologias que impactam nos equipamentos, processos produtivos e engenharia de produtos, tudo para atender um mercado que precisa cumprir normas reguladoras extremamente rigorosas e em constante processo de modernização. Os visitantes da feira têm uma excelente oportunidade para ver em um mesmo espaço novidades apresentadas pelo setor, interagir com os fornecedores, esclarecer dúvidas quanto a processos, materiais e tecnologias utilizadas. Mas, além de tecnologia e evolução dos produtos, estamos falando de um ativo extremamente precioso, que é a saúde e a segurança do trabalhador, que por mais que possa parecer óbvio, ainda carece de atenção e investimentos no Brasil; pois, além da preservação da integridade do ser humano, que é a principal meta, os acidentes de trabalho geram custos de dezenas de bilhões de reais. Este evento é, sem dúvida, uma das melhores demonstrações do desenvolvimento da indústria em prol da sociedade e do ser humano em si e nós do IBTeC nos enchemos de orgulho em poder dizer que fazemos parte dele e que com isso cumprimos nossa missão de também contribuir para o desenvolvimento e bem-estar da sociedade como um todo.

Claudio Chies Presidente do Conselho Deliberativo

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MERCADO Moda tecnológica e sustentável

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EXPEDIENTE AGENDA

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ESPECIAL Projeto fabrica EPIs na Fisp

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NOTAS

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OPINIÃO

INSTITUCIONAL Biodesign propõe novos materiais

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CB-11 ARTIGO

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GUIA

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CADERNO

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TECNOLOGIA Uso do celular para avaliar equilíbrio

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Novembro ZERO GRAU 19, 20 e 21 Gramado/RS www.feirazerograu.com.br

Fevereiro 40 GRAUS 4, 5 e 6 João Pessoa/PB www.feira40graus.com.br

Junho FRANCAL 3, 4 e 5 São Paulo/SP www.francal.com.br

2019 Janeiro COUROMODA 14, 15, 16 e 17 São Paulo/SP www.couromoda.com

FIMEC 26, 27 e 28 Novo Hamburgo/RS www.fimec.com.br

INSPIRAMAIS Data a confirmar São Paulo/SP www.inspiramais.com.br

Maio SICC 20, 21 e 22 Gramado/RS www.sicc.com.br

Setembro SEMANA DO CALÇADO Data a confirmar Novo Hamburo/RS www.semanacalcado.com.br

INSPIRAMAIS 15 e 16 São Paulo/SP www.inspiramais.com.br

Obs.: o calendário de feiras é elaborado com informações obtidas através dos sites das organizadoras e pode sofrer alterações.

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DESPERDÍCIO

uxiliando na sustentabilidade ambiental de seus fornecedores, em sua maioria do segmento calçadista, a Ambiente Verde reaproveita sobras geradas nas etapas de corte das indústrias e também parte dos resíduos sólidos de classe II oriundos da coleta seletiva, agregando valor a estes materiais através da fabricação de produtos. O sócio-diretor, Alberto Luiz Wanner, explica que a partir dos recursos coletados são desenvolvidas blendas para a produção de lâminas, que posteriormente serão utilizadas para a produção de palmilhas, contrafortes, enfeites, embalagens e muitos outros produtos. A lista de materiais base também é diversificada, abrangendo, por exemplo, laminados sintéticos, tecidos, EVA, espumas de PU e até mesmo couros livres de cromo. “Trabalhamos no conceito da política reversa, retornando mensalmente ao mercado em forma de novos produtos em torno de 500 toneladas de materiais que teriam o lixo como destino final”, pontua Alberto. Deste montante 200 toneladas vêm da indústria e 300 toneladas da coleta seletiva. De acordo com o industrial, esta quantidade é suficiente para a produção de cerca de 8,2 milhões de pares de palmi-

lhas. “A nossa empresa não apenas ajuda outros negócios a serem mais ambientalmente sustentáveis, como dá exemplo reprocessando até mesmo os resíduos que são gerados na nossa própria planta fabril”, conclui. FOTO LUÍS VIEIRA

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Empresa transforma em novos produtos materiais que iriam para o lixo

Tecnologia exclusiva para calçados o mês de julho a Amazonas lançou um novo produto para o mercado industrial, o Promo Premium, que possui tecnologia exclusiva de sistema de colagem One Face, eliminando dois processos na colagem convencional da sola com o cabedal. E com único procedimento prepara as superfícies de borrachas termoplásticas sem precisar colocar o adesivo após o tratamento. De acordo com Julia Siqueira, do setor de marketing, a utilização do produto é bastante

simples. “Basta aplicar no solado, e só. O processo tem duração de apenas cinco minutos. Além do tempo, reduz custo, ganho de layout e limpeza. Diminuiu emissão de VOC, oferece menos ricos de erros, elimina o retrabalho de limpeza nos solados e podem ser colados em até 15 dias após a aplicação”, salienta. O Grupo Amazonas há mais de 72 anos leva excelência ao mercado que busca o há de melhor de inovação e tecnologia.

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completa 30 anos F

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undada em agosto de 1988, com o intuito inicial de produzir matrizes para o mercado interno, a Matrizaria Polako chega no ano de 2018 à marca de 30 anos de atividade no mercado. Em 1994, teve seu primeiro contato com o mercado internacional, onde, segundo o diretor Roque Orlando Vieira Junior, obteve “ótimo reconhecimento sobre o trabalho desenvolvido”. Atualmente, a empresa exporta para mais de 15 países, além de produzir diversos tipos de matrizes. “Nosso corpo técnico é formado por engenheiros e técnicos altamente capacitados, responsáveis por desenvolver um trabalho de altíssima qualidade, que é marca registrada da Matrizaria Polako. Aos clientes, fornecedores, amigos e colaboradores, fica o agradecimento por fazerem parte desses 30 anos de sucesso”, salienta Roque.

Enfeites e acessórios para calçados

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specializada na produção de produtos feitos à mão, com fábricas de cooperação profissional integradas em um sistema de rede já consolidado no mercado chinês e europeu, a Good Cabedais agora se expande também no Brasil, onde projeta, desenvolve e vende aviamentos e acessórios que são tendência no segmento de calçados. Se comprometendo com a qualidade de suas criações a preços competitivos, oferece diversos itens para deixar o calçado mais bonito e estiloso. O diretor administrativo, Adionei Bispo, ressalta que a empresa busca também se adaptar para atender necessidades específicas dos seus clientes. “Se a indústria nos traz uma proposta para o desenvolvimento de peças diferenciadas e até mesmo exclusivas para serem aplicadas em seus calçados, podemos resolver estas demandas”, observa. Através da China, a empresa vende seus artigos para fa-

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MATRIZARIA

Criações mesclam criação e desenvolvimento nacional com produção asiática

bricantes instalados no mundo inteiro, e no Brasil o trabalho de distribuição é complementado com este sistema de criação exclusiva, contando com a expertise de estilista do nosso País. Uma das recentes criações a partir da unidade brasileira é este enfeite para cabedal feito em strass e missangas, sobre a base preta, que foi montado num sistema artesanal. Apesar de toda a criação e a produção da peça-piloto terem sido feitas aqui, a fabricação em escala será realizada a partir da China.

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INOVAÇÕES CRIATIVAS

que fazem diferença E

únicos, passamanarias exuberantes e listrados assimétricos, com um toque de bronze. Despertar remete à contemplação, simplicidade, serenidade e renovação em fitas de flores simples, xadrez vichy, fitas para jeanswear, pingente boneca e flores plissadas.

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ntre os lançamentos da Britânnia Têxtil - empresa posicionada como uma das maiores e mais conceituadas tecelagens do setor de aviamentos de moda - se destacam laços e aplicações plásticas, flores de pompons, frufrus, tranças multicoloridas, fitas étnicas, apliques franjados e o tressê, que se renovam a cada estação. Na cartela de cores, acai, scooter, duck green, poppy red, orange tiger, online lime, vibrant yellow, dazzling blue, orchid bloom e ultraviolet são os hits da coleção que é dividida em quatro temas. Cultura traz elementos étnicos, tradição tecnológica e fantasia traduzidos em tranças de cores variadas, fitas étnicas e franjadas, pingentes tribais, xadrezes escoceses e tressê com visual retrô. Doce-Doce apresenta textura fofa e volumosa representada por laços em plástico, flores de pompons, frufrus elásticos, laços volumosos e passamanarias de pompom. Sociedade representa o luxo, o underground, o glamour, a sofisticação e o surrealismo em forma de laços exagerados e

Aplicações buscam valorizar os produtos com vivacidade e riqueza de detalhes

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ADORNOS COM

design nacional C

redes sociais, por novidades mundo afora. Quando faz o seu pedido vem munido de informações bem pontuais, o que constantemente nos lança desafios para propormos componentes que, na percepção dos fabricantes, proporcionem a valorização dos produtos por eles desenvolvidos”, finaliza.

Peças são criadas no Brasil e validadas no exterior FOTO LUÍS VIEIRA

onforme informa a estilista Juliana Assunção, a Gil Strass se especializou no oferecimento de adornos para calçados, confecções e artefatos, com coleções que atendem a todos os públicos, do infantil ao adulto. Apesar de importar parte da matéria-prima, a empresa estruturou um núcleo próprio de design, onde vários profissionais desenvolvem novas peças com base nas principais tendências no Brasil e também no exterior, as quais são validadas através de escritórios de revisão da qualidade localizados na China e na Índia. “São em torno de quatro mil itens desenvolvidos anualmente, e um ponto forte da empresa, além da beleza e versatilidade de aplicação dos desenvolvimentos, é não ficar só na linha de pedras, mas misturar vários materiais nas peças, tais como cordas, jutas, palhas, valorizando elementos típicos do nosso Brasil, que possui uma riqueza de cores, matérias-primas e cultura diversificada”, contextualiza Juliana. Ela explica que as mudanças de coleção estão mais dinâmicas ante o comportamento do mercado, que exige dos fornecedores a realização de lançamentos a cada semana e, cada vez mais, o oferecimento de modelagens personalizadas. “O cliente quer se sentir único, procura, através das

Componentes antibacterianos em Biolatex

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iente de que os consumidores são muito exigentes na aquisição de calçados que preservam o bem-estar e a saúde dos pés, a Foamtech aprimora constantemente suas tecnologias e utiliza matérias-primas nobres para a fabricação de seus materiais para conforto e ortopedia, tendo, de acordo com o diretor Edson Slotty, comprovação total do poder antibacteriano de seus produtos. “A inovação nos processos se dá pela nanotecnologia de agentes vegetais transformadores que impe-

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dem seletivamente a proliferação de microrganismos, desodorizando e purificando líquidos ou gases que se transformam, através do suor, em bromidose e micose após a absorção digestiva por bactérias e fungos”, explica o empresário. Além das inovações tecnológicas, há a resiliência (memória) dos materiais Biolatex e a deformação permanente por compressão em temperatura de até 72ºC, revela-se através dos resultados em testes comparativos com outros materiais. Estes últimos, se-

gundo Edson, perdem até 35% de suas propriedades físicas após as mesmas provas biomecânicas, o que reduz em muito a vida útil das palmilhas. “Com Matrizaria, equipamentos e insumos 100% nacionais, buscamos prestigiar o crescimento econômico do País, gerando emprego e renda para a comunidade, além de contribuir para a consolidação das qualidades e conceito dos calçados brasileiros, mundialmente reconhecidos”, destaca o diretor.

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TECNOLOGIA PARA O

setor têxtil D

urante encontro realizado em 5 de julho no Centro de Inovação Brasil (CIB) da DuPont, em Paulínia/SP, com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a empresa compartilhou com representantes do sistema fabril, casos de sucesso a partir de tecnologias como Tyvek, Nomex e Kevlar com o objetivo de oferecer soluções inovadoras e sustentáveis para desafios desse mercado. Segundo dados da entidade, o setor é o segundo maior empregador da indústria de transformação do País e teve um faturamento na ordem de US$ 45 bilhões em 2017, apesar de a cadeia de produção enfrentar diversos desafios, entre os quais se destacam a crise econômica, a concorrência com países asiáticos e as mudanças tecnológicas que influenciam o sistema de produção e os mecanismos de venda de produtos. Durante a reunião, a DuPont mostrou como suas tecnologias podem ser aplicadas no setor têxtil e de confecção, de

equipamentos de proteção do trabalhador a soluções para a produção e para agregar valor ao produto final. Os representantes do sistema têxtil e de confecção conheceram as múltiplas possibilidades de aplicação de Tyvek e ainda tiveram contato com produtos variados feitos com o não tecido, como roupas de proteção química, embalagens, agasalhos, bolsas, tênis, livros, mapas e carteiras. “O Tyvek é superversátil”, afirmou a líder do CIB, Denise Pereira. “Como não há limites para esse material, ele ainda tem muito a crescer e a ser explorado, especialmente nesse segmento da indústria”, comentou. O encontro contou também com um teste de corte com luvas de proteção - que mostrou a maior resistência do Kevlar frente ao couro ou o algodão - e com uma apresentação do Thermo-Man, um manequim em tamanho real equipado com 122 sensores de calor e submetido a temperaturas de até 1.000º C, usado para testes com Nomex, não tecido usado em roupas de bombeiros, por exemplo.

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EPIS QUE SÃO TAMBÉM

experiências de uso A

Marluvas Calçados Profissionais tem em suas mais elementares bases investir em tecnologia e novos materiais para promover mais segurança, conforto e design. Diante das modernas propostas oferecidas no mercado, a empresa busca estar à frente e em sintonia com seus clientes. “São diversas opções em calçados e tecnologias, como forrações termorreguladoras, impermeáveis, couros repelentes, calçados sem matéria-prima de origem animal, com proteção contra impactos e perfurações, entre outros, destaca o gerente de Marketing, Danilo Oliveira, complementando que a companhia se propõe a oferecer mais que um produto, mas uma experiência em calçados profissionais.

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Precisão em dividir e igualizar couros

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empresa brasileira Marcomaq fez uma parceria com a empresa Italiana Camoga, fabricante exclusivamente de divisoras de couros com ampla gama de modelos, desde 420mm até 1520mm de área útil, sempre projetadas e construídas em alto padrão de qualidade. O diretor Comercial Marco Salgado conta que “tendo como ponto forte seu manuseio simples tanto para uso quanto manutenção oferece retorno excelente na qualidade do trabalho e na quantidade de horas improdutivas, em virtude de troca de navalhas ou manutenção, oferecendo ainda uma média de vida útil da navalha até três a quatro vezes superior às convencionais”.

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Principais características técnicas - Painel touch screen em português com informação sobre ano de fabricação, número da máquina, quantidade de horas trabalhadas da navalha, bem como sobre erros ocorridos - Reversão automática - Sensor de aviso para troca de navalha - Sensor de aviso para caixa de retalho e pó cheia - Sistema ótico de visão para os cortes da navalha - Sistema de afiação centralizado - Sistema troca rápida de régua para rolo (sem ferramenta) - Sistema de ajuste rápido para pressão dos rolos - Troca rápida da navalha (sistema gabaritado) - Dispositivo de cega navalha para troca - Dispositivo de limpeza do esmeril - Vida útil da navalha quatro vezes maior

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KILLING PREMIA

vencedor de concurso L

Adesivos da Killing. “As três tecnologias Kisafix selecionadas para o desenvolvimento do protótipo foram as que mais se adequaram com a proposta do projeto. Os produtos da marca são os mais elevados nos quesitos qualidade e inovação no mercado. A exemplo disso está o Kisafix Nasa T, que elimina a necessidade de costuras e possibilitou a criação de uma peça com um corte bem trabalhado, que é o diferencial no cabedal”, afirma Gaudio. O ganhador teve seu projeto estampado na capa e detalhado na parte interna da Revista Lançamentos Trends de junho/julho, e também ganhou uma viagem de uma semana para Milão, na Itália, o berço mundial da produção de calçados, destino que visitará pela primeira vez. “Vencer o concurso significou muito para mim, pois foi a prova de que tenho talento. Iniciativas como essa são interessantes, porque estimulam os designers a pensarem além do óbvio e inovarem no setor calçadista”, salienta o designer. FOTO LUÍS VIEIRA

íder no fornecimento de adesivos para calçados na América Latina, a Killing premiou o vencedor do Acesso - 1º Desafio Kisafix de Design Calçadista no primeiro dia do Inspiramais 2019_II, em 17 de julho, em São Paulo/SP. Promovido para proporcionar aos profissionais criativos do setor acesso às novas tecnologias em sistemas de colagem a partir das inovações da linha Kisafix a fim de impulsionar o desenvolvimento do mercado calçadista brasileiro, o concurso elegeu o paulista Felipe Gaudio, de 29 anos, como ganhador com o protótipo Adventure Impermeável, pela originalidade de sua criação. “A cada etapa, selecionar os projetos de maior destaque e impacto para o setor foi uma tarefa mais árdua, e ao mesmo tempo inspiradora. Foram apresentadas ideias diversificadas, que propuseram soluções com os mais variados propósitos para a indústria calçadista, atestando assim a relevância do compromisso da Killing em propor iniciativas como essa para impulsionar o desenvolvimento do setor”, ressalta Milton Killing, diretor-presidente da Killing. O vencedor apostou no desenvolvimento de um protótipo de calçado inspirado no público aventureiro, trazendo características como a leveza para longas caminhadas e a impermeabilidade. Para isso, fez uso de três das seis tecnologias Kisafix propostas pelo concurso de maneira muito original, o que conquistou o corpo de jurados do concurso, formado por especialistas de diversos pontos do setor calçadista. “Reunir especialistas de diversos pontos do setor com a tecnologia desenvolvida pela Killing e a capacidade inventiva dos profissionais da criação é um movimento importante para o desenvolvimento do setor calçadista, que assim tem a oportunidade de se reinventar e apresentar novas soluções para o público”, declara Jean Pinheiro, gerente comercial de

O designer Felipe Gaudio conquistou a premiação com a aplicação de tecnologias Kisafix em calçado adventure

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ALTERNATIVAS PARA USO EM CALÇADOS, VESTUÁRIO

e linha promocional Q

uem produziu estas peças tridimensionais foi a empresa Vitrine, que fabrica componentes para calçados, vestuário e linha promocional utilizando como base, dentre outros, materiais emborrachados e em PVC livre de substâncias restritivas. “A reformulação do PVC é resultado de anos de pesquisa para encontrar alternativas a substâncias de uso controlado, principalmente em produtos destinados à exportação”, sintetiza o diretor Fernando Fameschi. Especificamente para o segmento de calçados oferece, por exemplo, etiquetas emborrachadas desenvolvidas em fullplastic que trazem impressões coloridas e divertidas e são oferecidas para todos os segmentos, do infantil até o adulto, tanto para coleções masculinas quanto femininas. Outros destaques são os enfeites manuais, como tops, que se apresentam com impressões em relevos tridimensionais. Já a linha Plastisol 3D com impressão traz detalhes para valorizar as laterais do calçado e também bolsas e confecções.

Elegância sustentável

Produtos têm como foco consumidores que percebem valor no artesanal, no singular e desejam artigos autorais

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endo como finalidade o desenvolvimento de produtos com menor impacto ambiental, Luciano Pinheiro, que é formado em farmácia, química e cinema, desenvolveu em seu portfólio produtos que transformam o seu fascínio por materiais naturais e técnicas artísticas manuais e artesanais em peças verdadeiras e autênticas para homes e mulheres descolados e conscientes. Incansável nessa pesquisa voltada ao desenvolvimento de produtos que valorizam o reuso, a sustentabilidade, técnicas têxteis e o engajamento social, ele cita como exemplo do seu trabalho a parceria estabelecida com um grupo de mulheres de Betió, no litoral paulista, que detém o conhecimento sobre a utilização de fibras naturais tingidas com materiais locais antes de servirem de matéria-prima para as criações. Nesse processo, são utilizadas especiarias como coloral, açafrão, aroeira, cascas de cebola e folhas e sementes diver-

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sas, oriundas diretamente da natureza ou adquiridas em comércio especializado. O uso de fixadores naturais e a utilização de água do mar ou de reaproveitamento para o preparo dos tecidos são outros cuidados para garantir a sustentabilidade ambiental. “Os tecidos são provenientes de nossas parcerias com ONGs e cooperativas que trabalham com materiais sustentáveis, sempre de origem vegetal ou animal, a exemplo do algodão orgânico e da seda, respectivamente, sendo usados posteriormente para a fabricação de uma série de acessórios, bolsas, calçados e até mesmo roupas”, detalha o criativo. Outra linha de produtos a se destacar é a feita a partir de couros reaproveitados de peixes como tilápia e linguado, obtidos através de parceria com colônias de pescadores do litoral de Curitiba. Esses couros também passam pelo processo de tingimento natural.

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FITAS E ELÁSTICOS

com termogravação D

Termocolantes ricos em detalhes

Empresa desenvolveu sistema próprio para colagem em materiais impermeáveis

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investir tempo, recursos financeiros e paciência, pois o resultado final foi conquistado somente após um longo exercício na base da tentativa e erro, pois cada material requer uma combinação diferente de tempo, pressão e temperatura e por isso precisamos desenvolver um equipamento especial”, descreve Hamilton.

Stamptron iniciou suas atividades voltada para a confecção de brindes corporativos, pouco tempo depois agregou um novo produto em suas atividades - enfeites em Hot Fix -, que podem ser aplicados em calçados e acessórios, confecções e decoração, atualmente incorporou mais um setor atendido, que é o de embalagens em TNT. Atuando em todo o território nacional e também no Mercosul, traz matérias-primas da Coreia, com as quais desenvolve componentes com pedrarias, metais e termocolantes para serem aplicados em diferentes materiais, a exemplo do couro, dos lamina-

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evido à versatilidade e às inovações em componentes lançadas para o universo calçadista, o Grupo Stickfran é hoje um dos maiores fornecedores de componentes para fabricação de calçados, bolsas, cintos e acessórios do Brasil. Esta posição é alcançada, principalmente, através da planta industrial montada na fábrica do Grupo que produz fitas, elásticos e gorgorões. Com uma produção e comercialização de mais de 20 mil itens para pronta-entrega, uma das novidades são as fitas e elásticos termogravados, que permitem a aplicação de logos, palavras, desenhos e outros elementos visuais. O gerente comercial, Hamilton Marquete, ressalta que essa é uma possibilidade também para os materiais em poliéster, o que aumenta a gama de possibilidades de uso. “A ideia de se pensar nessa tecnologia surgiu pela percepção de que estampas com escritas ganharam muita evidência na última coleção, surgindo em diferentes produtos, como bolsas, roupas e calçados, mas a dúvida era como gravar letras nas fitas e elásticos sem danificar os fios. Foi necessário

dos sintéticos e de tecidos em geral. Tendo como premissa atender as necessidades do mercado, lançou uma própria tecnologia para aplicar Hot Fix em materiais impermeáveis como verniz e vinil, que são reconhecidos pela dificuldade de adesão. “Toda a tecnologia de colagem foi desenvolvida nos laboratórios da empresa”, garante o diretor Marcelo Pires. Ele finaliza comentando que a Stamptron tem também como característica a construção de peças nas quais a proximidade entre as pedras usadas é muito pequena, deixando sempre umas muito rentes às outras, o que permite uma riqueza muito grande de detalhes.

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COLUNA EPIs O processo de internacionalização das normas Marcos Braga de Oliveira

Técnico Químico/EPI Luvas e Vestimentas IBTeC

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m 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) definiu quatro pilares básicos para caracterizar o processo de globalização vivido pelos países capitalistas. Um deles foi a disseminação de conhecimento que pode ser associada ao processo de internacionalização das normas que avaliam as características de proteção dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Desde 2009, o número de normas internacionais vem crescendo no País, substituindo as Normas Brasileiras (NBRs). A padronização nos ensaios trouxe uma linguagem mundial ao se falar de EPIs e os métodos de verificação da qualidade dos mesmos. Através de uma linguagem simplificada de simbologias é possível saber para quais riscos são destinados os EPIs de diferentes partes do mundo, sem que haja a necessidade de se entender o idioma local. As divergências que por ventura houverem nas marcações contidas nesses tipos de artigos têm relação com a legislação local de comercialização de produtos de cada país e não com os modos indicativos de proteção trazidos pelas normas. No Brasil, além do exigido pelas normas, o EPI deve ser marcado com o número do Certificado de Aprovação (CA) e com o lote de fabricação. Visto isso, hoje é possível que laudos técnicos (documentos que trazem os resultados laboratoriais dos ensaios) obtidos em um país possam ser aceitos por outro, conforme a legislação local, possibilitando que o EPI seja testado uma única vez.

Conforme a Portaria Nº 452 publicada em 2014 pelo Ministério do Trabalho, que elenca as normas técnicas aplicadas para cada tipo de EPI e de proteção pretendida, cerca de 74% das normas são internacionais (criadas em sua maioria na União Europeia), 22% nacionais e 4% internacionais com tradução oficial brasileira. Esse último ocorre porque as normas internacionais vêm sendo traduzidas para o português e estudadas por comitês especializados que ponderam sobre seus dizeres e até mesmo adicionam notas explicativas nestas, facilitando o entendimento e a aplicação das mesmas em território nacional. Hoje, por exemplo, quando citam-se luvas de proteção, apenas as destinadas para a proteção microbiológica e o uso hospitalar são avaliadas por normas genuinamente brasileiras, as demais luvas são submetidas a ensaios oriundos de normativas estrangeiras. Até mesmo normas e portarias nacionais, em alguns casos, trazem métodos descritos em diretrizes criadas fora do Brasil. Já na Argentina, ocorre um processo de nacionalização das normas, em que normas internacionais não só são traduzidas para o espanhol, como também apresentam algumas modificações e ganham um novo código numérico. Independente disso, o mundo está unificando a visão sobre o que são EPIs e quais devem ser seus requisitos mínimos para assegurar a proteção das pessoas em suas atividades laborais.

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INSPIRAMAIS LANÇA

900 materiais C

Tecnologia

O Espaço da Inovação aproximou os visitantes de criações inovadoras que apresentaram soluções em tecnologia e sustentabilidade, exaltando a ciência de materiais, de dados e a nanotecnologia. Por meio do Projeto Comprador, o Salão reuniu 30 compradores internacionais de países como México, Colômbia, Equador, Índia, Estados Unidos, Argentina e Peru que puderam conhecer o lançamento de mais de 900 materiais e participar de rodadas de negócios. A ação resultou em 700 rodadas que geraram a expectativa do valor de U$ 5.709.000 em negócios. Esta é uma ação de incentivo às exportações executadas em parceria pela Apex-Brasil, Assintecal e Abrameq, um benefício exclusivo para os participantes do projeto By Brasil Components, Machinery and Chemicals. Através do programa, também foi realizado o Projeto Imagem, trazendo jornalistas internacionais da América Latina, Estados Unidos e Alemanha.

Convênios e nova gestão Durante o Salão houve a assinatura de convênio entre a Apex-Brasil e a Assintecal, que terá duração de 2018 a 2020 (abril/2020) e pretende tornar o setor de componentes de moda, tecnologia, químicos e máquinas para calçados e curtumes conhecidos internacionalmente por meio do design, inovação e sustentabilidade. Outros dois acontecimentos importantes marcaram o primeiro dia do evento: assinatura da Apex-Brasil com o CICB, e a inclusão das empresas de máquinas, através da cooperação entre Assintecal e a Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas para Couros e Calçados (Abrameq), a qual o projeto agora responde como By Brasil Components, Machinery and Chemicals. O trabalho será integrado com quatro verticais: Químicos para Couro, Moda, Tecnologia e Máquinas para calçados e curtumes, e para cumprir com o objetivo do convênio, o projeto By Brasil deverá focar em estratégias como: agregar valor à venda dos produtos; potencializar negócios por meio de plataformas virtuais B2B, fortalecer estratégia de posicionamento do setor por meio do design, inovação e sustentabilidade, transformar o perfil das empresas para exportadoras contínuas, com ênfase no atendimento diferenciado para as micro e pequenas empresas. NOVA GESTÃO - Esta edição do Inspiramais foi marcada também pela posse da nova diretoria da Assintecal - mandato da nova gestão para o período 2018-2019. Milton Killing, presidente da Killing, permanece como presidente da entidade. Entre as novidades, a diretoria contará com a proximidade dos polos calçadistas e a chegada de integrantes locais de Nova Serrana/MG, Franca/SP, Paranhana/RS, Birigui/SP e São João Batista/SC- que assumem como vice-presidentes setoriais. FOTO LUÍS VIEIRA

om a próxima edição já definida para os dias 15 e 16 de Janeiro de 2019, o Salão de Inspirações Inspiramais aconteceu em São Paulo/SP nos dias 16 e 17 de julho. Consolidando a ideia da não-data para os lançamentos moda, o evento aposta cada vez mais na inovação e sustentabilidade para novas possibilidades criativas, e prova disso são os desenvolvimentos e os ambientes interativos apresentados ao longo da feira. Espaços onde os visitantes puderam experimentar a tecnologia de realidade aumentada ou ainda apreciar - com o uso de óculos especiais - estampas lúdicas em efeito 3D, conhecer soluções sustentáveis que visam à redução no consumo de água ou o reaproveitamento de materiais foram alguns conceitos a comporem o cenário da edição 2019_II, onde o design com identidade nacional e a moda engajada a questões sociais e a valorização das culturas locais ganharam destaque. O salão é promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil), Brazilian Leather, By Brasil Components, Machinery and Chemicals e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

Lideranças do setor prestigiaram a posse da nova gestão e a assinatura dos convênios firmados

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Espaço Conexão Inspiramais Por meio da exposição de diferentes projetos, o Inspiramais dialoga com empresas e visitantes, fomentando uma moda autoral, que busca inovação e sustentabilidade. O projeto Conexão Inspiramais é um dos mais celebrados. Tem início com o ciclo do estudo das inspirações e referências de moda, contando com a coordenação do estilista Walter Rodrigues, quando as empresas participantes do projeto recebem consultorias para a criação e desenvolvimento de seis materiais inovadores em design e tecnologia. Todos os produtos desenvolvidos, mais de 900 novidades em materiais, estiveram presentes no evento. Esta ação pretende promover as empresas, ressaltando o design brasileiro como diferencial no mercado nacional e internacional, além de incentivar as instituições participantes a se tornarem competitivas neste mercado através da oferta de artigos com alto padrão de produção e acabamento, todos baseados em uma ideia central, e numa metodologia onde há espaço para a experimentação, para a introdução dos produtos no mercado e para a consolidação destes em produção de escala.

Espaço Preview do Couro e + Estampa Já o projeto Conexão Criativa e Comercial pretende contribuir com o reconhecimento e valorização da moda brasileira exaltando a diversidade e a riqueza do design e do artesanato nacional, totalmente voltado ao desenvolvimento de componentes, conectando-os ao mercado para apresentar o seu aspecto exclusivo e original. Para exaltar as pesquisas em sustentabilidade e inovação, o Preview do Couro recebeu a participação de 12 curtumes, além da parceria com o projeto +Estampa, que levou trabalho de quatro estúdios que desenvolveram diversos protótipos entre calçados e acessórios. Apoiados pela palavra Play - que será responsável por nortear as criações a partir

do próximo ano - os trabalhos buscaram inspiração em colagens, reconstrução e expressionismo, criando uma relação entre Van Gogh e o mundo contemporâneo. “A ideia é de que Play seja o restart de todo o processo, saindo da inércia que vivemos entre reclamações e problemas, para que possamos ir em frente e de uma forma lúdica e alegre possamos modificar qualquer realidade”, conta o consultor Marnei Carminatti, coordenador do projeto que é promovido e realizado pelo CICB e Apex-Brasil. Sob a batuta do designer e consultor da Assintecal, Lucius Vilar, oito estúdios de design de todo o País exibiram suas criações durante o Projeto + Estampa, decodificando elementos da cultura brasileira para criação de novas estampas e aplicações. Realizado pela ABIT e AL-Invest 5.0, o projeto pretende incitar a inovação para inibir o movimento de cópias e reproduções similares, apresentando novas estampas. Van Gogh e Basquiat foram os grandes artistas inspiradores desta edição. “Trabalhamos com uma paleta de cores bem pequena, trazendo um olhar fresco e novo. Exaltamos também os traços manuais, que remetem ao expressionismo e aos artistas de rua como Basquiat”, conta Lucius, que aplicou a metodologia da pirâmide 10% na produção.

FOTOS LUÍS VIEIRA

Vários projetos compõem o Salão de Inovação

Espaço Referências Brasileiras Em Referências Brasileiras, a designer Julia Weber do Núcleo de Pesquisa da Assintecal propôs novos caminhos e linguagens para superfícies, formas e estética de materiais e produtos de moda. A cultura brasileira, através de pesquisa histórica e iconográfica, foi decodificada indicando inspirações alinhadas ao preview das próximas coleções. Em cima da temática Reconfiguração, o papel tornouse inspiração como matéria-prima e símbolo da identidade do imigrante italiano que se estabelece na região de Farroupilha, na Serra Gaúcha.

Espaço Iconografia Local Farroupilha também serviu como inspiração para o projeto Iconografia Local, que desembarcou na cidade sob o atento olhar da designer Paola Fabris exaltando as flores, folhas, frutos, esculturas, cores, texturas e objetos, decodificados por meio de uma pesquisa histórica e de imagens. Realizado pelo Sebrae, Abest e Assintecal, o projeto procurou retratar a riqueza de uma cultura que pode levar à inspiração para o desenvolvimento de produtos brasileiros - resultando na produção de um vídeopesquisa.

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FRANCAL ANUNCIA MUDANÇAS

para 2019 O

Painel de abertura

mercado da moda vive numa constante movimentação e as mudanças acontecem em velocidades cada vez mais rápidas. A Francal, uma das principais feiras do setor calçadista, referência na apresentação das propostas das indústrias para a temporada de maior exposição nas vitrinas do País - a primavera-verão - providenciou algumas novidades para a edição do próximo ano. Segundo a organização do evento, as alterações visam a atender solicitações que surgem tanto por parte de fabricantes quanto de lojistas, para que a data seja antecipada e tenha um dia a menos no calendário. Dessa forma, a Francal 2019 terá apenas três dias e vai acontecer mais cedo, no período de 3 a 5 de junho, no mesmo local da edição mais recente, o Expo Center Norte, em São Paulo/SP. De acordo com a organização, a diminuição de um dia proporciona economia para os expositores que passam a ter menos despesas com diárias de hotel, transporte e alimentação, por exemplo. Além disso, a feira anuncia que conseguiu manter para 2019 os mesmos valores de 2018, o que também é positivo. Outra proposta é que a 51ª Francal esteja ainda mais voltada para negócios e conteúdos que ajudem o lojista e o fabricante a encontrar soluções para os seus pontos de venda e indústrias. A edição que aconteceu de 16 a 19 do último mês de julho marcou 50 anos de história da mostra, que reuniu mais de 400 expositores fabricantes de calçados e artefatos, atraindo aproximadamente 30 mil visitantes, apresentou desfiles de tendências para a moda, palestras, painéis, fóruns para debates de interesse do sistema calçadista, além de premiações a quem se destacou em suas respectivas áreas de atuação. Estruturada em um conceito mais visual, com aspectos de shopping, esta edição não teve um corredor principal, agrupando as marcas mais tradicionais, como habitualmente acontecia. Dessa forma todos os corredores tiveram a mesma importância para os visitantes que que acabaram circulando por vários setores.

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urante o debate realizado na abertura da feira o assunto girou em torno do que fazer para o setor calçadista ser mais produtivo, e um dos entendimentos foi a necessidade de alinhamento entre todos os elos da cadeia produtiva na busca por soluções para acompanhar as transformações da economia. O presidente da Francal Feiras, Abdala Jamil Abdala, comentou que o desafio é trabalhar para que os próximos 50 anos da feira sejam também de credibilidade, trabalhando com muita dedicação para proporcionar aos visitantes e expositores novidades focadas na moda, na economia, na tecnologia e na geração de negócios. Sobre o fato do encolhimento na duração a partir do próximo ano, considerou que estando mais compacta, a feira se adequa a realidade do mercado que busca a excelência nas negociações. “Ao nos modernizarmos ganhamos mais foco no fechamento de negócios e geração de conteúdo”, resumiu. O presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, destacou que a válvula de escape hoje são as exportações, que dão um fôlego às indústrias nesse período de crise econômica e queda nas vendas internas. “Apesar dos problemas de competitividade e oscilação cambial, o setor mostra a sua força embarcando seus produtos para mais de 150 países. As condições para uma recuperação no segundo semestre estão presentes, e podem trazer resultados ainda melhores do que o mesmo período de 2017”, exaltou. O diretor da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), Imad Esper, reforçou que os hábitos de consumo mudaram e o setor precisa se adaptar rapidamente para não ficar de fora desse processo. “O varejo vive um momento de entendimento dos novos canais de venda, e que buscar o cliente passa por um esforço conjunto da indústria e do varejo. Muito do que imaginávamos que poderia acontecer no futuro já está acontecendo no presente e precisamos reagir para mantermos o foco dos clientes”, analisou. Também participaram do debate o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Milton Killing; o presidente da Associação Brasileira de Representantes de Calçados, Confecções, Bolsas e Acessórios (Abrecal), Paulinho Schemes, e o CEO da Usaflex, Sérgio Bocayuva.

A próxima edição terá três dias

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setor têxtil está otimista U

ma das principais feiras de tecnologias têxteis das Américas, a Febratex 2018, realizou a sua 16ª edição entre os dias 21 e 24 de agosto, no Parque Vila Germânica, em Blumenau/SC, movimentando o Vale do Itajaí e proximidades. O evento recebeu um público recorde, que conferiu as principais inovações tecnológicas para o setor têxtil e de confecções, apresentadas por mais de 2.400 marcas nacionais e internacionais, distribuídas pelos 400 estandes. O público visitante e comprador também teve a oportunidade de observar 35% a mais de máquinas em funcionamento durante o evento, em comparação com a edição de 2016 (a feira é bianual). Segundo os organizadores, este contexto demonstra o otimismo do setor para o último trimestre de 2018 e para o ano de 2019. De acordo com Hélvio Roberto Pompeo Madeira, diretor-presidente do Fcem|Febratex Group, empresa que organiza a feira de negócios, a Febratex 2018 superou todas as expectativas, sendo a maior de todas as edições já realizadas. “O saldo foi extremamente positivo para expositores e visitantes em busca de bons negócios e de informações atualizadas sobre o mercado. A rede hoteleira e de turismo de Blumenau teve 100% de ocupação no período, mostrando a importância da Febratex para a cadeia produtiva têxtil na América Latina e para a região do Vale do Itajaí, um dos principais polos têxteis do Brasil”, pontuou. Ao todo, foram distribuídos 51.786 crachás e, considerando que cada visitante costuma ir ao evento em pelo menos dois dos quatro dias de sua realização, a visitação total aumentou, batendo um novo recorde. O volume de negócios também deve superar o da edição realizada em 2016, que foi da ordem de R$ 1,6 bilhão. Segundo Hélvio, a grande maioria dos negócios iniciados na feira são finalizados durante o período de pós-evento, até a realização da próxima Febratex. Além da área de exposição de equipamentos, matérias-primas e serviços, a Febratex 2018 ofereceu uma programação simultânea diversificada que contou com a participação de mais de 60 profissionais e foi focada em informação e conteúdo de interesse para o setor no Fórum Febratex de Informações e durante o In Fashion Febratex - ação especial desenvolvida em parceria com a Lectra. Os temas foram os mais variados, porém a indústria 4.0 foi um dos destaques da programação, além da sustentabilidade e da inovação tecnológica voltada para a indústria têxtil e de confecção. O Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) participou desta edição. Segundo o presidente executivo, Paulo Griebeler, este é um setor que cada vez mais está presente na indústria calçadista. “Hoje os calçados incorporam muitas tecnologias do segmento têxtil para agregar valor e performance aos produtos, e o instituto tem muito a colaborar com a implantação de inovações a estes produtos”, pontua.

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FOTO KARIN BECKER

FEBRATEX 2018 COMPROVA QUE O

Vice-presidente executivo do IBTeC, Dr. Valdir Soldi (E); diretor da FCem, Hélvio Roberto Pompeo Madeira (C) e presidente executivo do IBTeC, Paulo Griebeler (D)

Expectativas para a Febratex 2020 A próxima Febratex está confirmada para ser realizada entre os dias 18 a 21 de agosto de 2020. Em relação aos expositores, a planta do evento já começa a ser desenhada com 96% de renovações para a próxima edição. Entre as expectativas no que diz respeito a melhorias no Parque Vila Germânica, destaque para uma ampliação que permitirá a realização de eventos de informação como, por exemplo, Congressos e Seminários, oferecendo, assim, um espaço mais adequado para este tipo de ação. O presidente do Parque Vila Germânica e secretário de Turismo e Lazer de Blumenau, Ricardo Stodieck, enalteceu o evento. “Entendemos que a edição de 2018 da Febratex foi um grande sucesso, tanto de público quanto de organização. Essa é a feira mais importante de Blumenau e do Vale do Itajaí, por isso esperamos que já em 2020 possamos entregar o Centro de Convenções, para que a Febratex, seus expositores e visitantes sejam cada vez melhor atendidos pelo Parque Vila Germânica”, declarou.

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NOTAS PUCCI NIGHT Com inspirações no sportswear, Emilio Pucci apresenta sua nova coleção cápsula de sneakers Pucci Night. De uma maneira nova e sofisticada, o sneaker é perfeito tanto para o dia como para a noite. A linha trabalha o glitter, veludo, cetim e couro laminado nas versões: preto, prata, azul branco, dourado e roxo.

DAYDREAM

ARTE DE BORDAR A Bléque, marca de acessórios slow-fashion que utiliza matérias-primas renováveis, apresenta para o Alto Verão uma parceria com o Atelier Natália Rios, especializado na arte de bordar. São peças bordadas à mão com a técnica francesa de crochet de Lunéville – inédita no mercado brasileiro e praticada pelas maiores maisons mundiais de altacostura – sobre a palha e a tela em peças-chave da coleção.

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A Petite Jolie lança para a temporada de Verão 19 sua nova coleção intitulada Daydream. Seguindo a identidade da marca, com tons vibrantes, intensos e que demonstram estilo, a coleção foi inspirada em uma festa urbana, onde as cores dominam o cenário de concreto e o glitter é também usado durante o dia. Uma explosão sideral de tonalidades intensas e mega coloridas se contrapõem com cores que trazem um toque fresh e divertido à coleção, que tem como objetivo trazer a liberdade e leveza à tona. Modelos que se identificam com diversos estilos - casual, fun, sporty e fashion - foram desenvolvidos com materiais que prezam pela praticidade.

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TESTES COMPARAM A PERFORMANCE

de tênis esportivos

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o mais recente comparativo de performance de tênis esportivos publicado pelo guia de equipamentos Go Outside, cujo lançamento aconteceu em novembro de 2017, o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) foi convidado para realizar as avaliações biomecânicas com a finalidade de medir o nível de performance oferecido por 32 modelos de diferentes marcas, tendo como base dois testes funcionais - um referente ao nível de absorção do impacto e outro para medir a distribuição da pressão plantar. O coordenador do Laboratório de Biomecânica do IBTeC, Ms. Eduardo Wüst, explica que este tipo de comparação é comum em publicações especializadas em práticas esportivas, porém é a primeira vez no Brasil que os resultados se baseiam em metodologia científica, com as medições realizadas por um laboratório independente. “Cada publicação usa uma metodologia própria, sendo que a prática comum é a realização de testes subjetivos, que levam em conta exclusivamente a percepção de calce de um único usuário, sem que se tenha qualquer embasamento científico nesse processo comparativo”, destaca o pesquisador. As revistas especializadas costumam manter em seus bancos de dados listagens com os nomes e contatos de praticantes de diversas modalidades esportivas. Para fazer seus guias comparativos, escolhem um dentre os que praticam o esporte para o qual os calçados a serem testados são oferecidos (corrida de longa distância, caminhada etc.). O atleta selecionado recebe da revista os pares enviados pelas empresas participantes e utiliza cada um dos calçados por um tempo pré-determinado. Após o uso preenche uma ficha de avaliação sobre cada modelo utilizado. De posse das respostas fornecidas pelo usuário, a realizadora da pesquisa classifica os calçados numa série de quesitos, mas sempre a partir de uma avaliação qualitativa, levando em conta exclusivamente a experiência pessoal de uso. “Uma característica desses testes é que os atletas também não passam por qualquer tipo de avaliação física, e muito menos sobre as características dos seus pés,

e isso pode interferir nos resultados”, contextualiza Wüst. Foi a partir desta realidade que o IBTeC, por iniciativa do próprio coordenador, entrou em contato com a Go Outside, e então se estabeleceu o convite para a realização do teste até então inédito no País neste formato.

Metodologia Todas as tratativas com as empresas que aceitaram participar deste teste comparativo foram feitas pela Go Outside. Foram definidas cinco categorias de tênis (Trilha, Amortecimento, Performance, Estabilidade e Minimalista) e cada empresa teve a liberdade de escolher em quais destas desejava participar, enviando um modelo a ser avaliado para cada categoria selecionada. A partir dessa definição os calçados foram enviados para o Laboratório de Biomecânica do IBTeC, onde foram realizados dois testes biomecânicos em cada um deles: Acelerometria Tibial e Distribuição de Pressão Plantar. Para cada categoria o tênis tem uma finalidade específica, e o resultado obtido pode ser melhor ou pior levandose em conta essa finalidade. Tomamos por exemplo um tênis cujos resultados apontam para um amortecimento de 50% do impacto durante a passada: se era um modelo de Amortecimento o desempenho foi ótimo, porém se era um tênis de Performance este amortecimento todo não vai ser funcional para a finalidade a que ele se destina. Pois, neste caso, é preciso ter pouco amortecimento para que o atleta e obtenha uma resposta rápida de impulsão. Este tipo de relação foi observado em todas as categorias. Os testes foram realizados no período de 17 de julho a 15 de agosto de 2017, com a participação de oito corredores cadastrados junto ao laboratório do IBTeC e todos eles usaram todos os calçados (três modelos foram testados na categoria Trilha, nove na Amortecimento, 10 na Performance, seis na Estabilidade e quatro na Minimalista). Após os testes os resultados foram tabulados e repassados para a revista, que criou um sistema próprio de apresentação dos resultados através de pontuações (Go Outside Guia de Equipamentos - Ed. 146 - novembro de 2017).

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Testes e resultados

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tados foram definidos conforme a finalidade e categoria na qual o tênis estava inserido. Na avaliação da pressão plantar para as categorias Amortecimento e Estabilidade, quanto menor os resultados mais eficaz o tênis será para a sua finalidade de absorção e segurança durante a corrida, já para os tênis das categorias Performance, Minimalismo e Trilha ocorre o inverso, quanto maior os valores, mais eficaz na resposta do calçado para estas finalidades. Para a análise da acelerometria tibial, quanto maior os valores (dados em porcentagem), maior o nível de absorção, com isto, para as categorias de Amortecimento e Estabilidade os calçados melhor classificados eram os com valores maiores, já para os tênis das outras categorias, quanto menor o valor desta análise, melhor a resposta/retorno durante a corrida. Como complemento, foi solici-

tada a percepção pessoal dos atletas quanto aos tênis testados e esta informação também foi levada em conta para o resultado final. Foi realizado um critério de avaliação, que foi da seguinte forma: conforme os resultados obtidos nas avaliações o tênis com o melhor desempenho em cada categoria recebeu três estrelas, o segundo recebeu duas estrelas e o terceiro recebeu uma estrela, os demais não receberam estrela alguma. Para cada citação da percepção dos atletas o tênis ganhava mais uma estrela. Sendo assim o tênis que obteve mais estrelas em cada categoria foi considerado o melhor e mais eficaz para a sua finalidade. No infográfico mostramos os resultados finais, considerando todas as variantes. Somente os modelos de calçados que tiveram uma pontuação mínima de acordo com os critérios de avaliação estão representados na ilustração.

FOTO LUÍS VIEIRA

aterial Ensaiado: foram testados 32 pares de tênis de corrida de numeração 41, de cinco categorias distintas (Amortecimento, Performance, Estabilidade, Minimalista e Trilha). Condições ambientais: as amostras foram armazenadas durante 24 horas em ambiente climatizado ensaiadas no mesmo ambiente, conforme norma NBR 10455/1988. Equipamentos rastreáveis utilizados nos ensaios: Manômetro Digital, Sistema Pedar, Tacômetro e Esteiras Ergométricas. Testes: foram realizados dois testes biomecânicos com cada um dos pares - Distribuição de Pressão Plantar (Baropodometria), que mostra como as cargas e as pressões se distribuem na região inferior dos pés e a Acelerometria Tibial, que analisa o quanto de vibração/impacto cada tênis absorve durante a corrida. Os critérios de análise dos resul-

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MODA CO DIVULGA

projetos vencedores A plataforma de co-criação digital Moda Co - www.modaco.cc, iniciativa da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), divulgou os vencedores dos desafios. No ar a partir de abril, o concurso recebeu centenas de propostas de designers de todo o País. Os trabalhos vencedores, na categoria Empresa foram: U-Pathfinders e Red Sun, por Maurício Fernandes (West Coast); Kildare Triangle, por Ana Carolina Fernandes (Kildare); e Endless, por Maicon Ricardo de Matos (Usaflex). Já na categoria de votação dos usuários da plataforma, os vencedores foram: Victor Barbieratto (West Coast), Mauricio Fernandes (West Coast), João Pedro Schmitt (Usaflex) e João Pedro Schmitt (Kildare). O gestor de Projetos da Abicalçados, Cristian Schlindwein, destaca o nível das propostas apresentadas. “Foram trabalhos muito bons, que mostram que o Brasil conta com um verdadeiro celeiro de bons designers. A questão é que as empresas de calçados precisam se abrir mais para a tendência da cocriação”, comenta. O Moda Co é um projeto realizado no âmbito do programa Future Footwear, que tem como objetivo criar condições estruturais e culturais para que a indústria de calçados se adapte a novos conceitos de modelos de negócios, processos produtivos (Indústria 4.0) e produtos diferenciados. Os vencedores na categoria Empresa, selecionados pelas desafiantes, receberam R$ 1,8 mil. Já os melhores trabalhos votados pelos próprios designers receberam R$ 700 cada.

Propostas viáveis As empresas participantes destacaram o potencial das ideias recebidas e a viabilidade de produção em um futuro próximo. O gerente de produto da Kildare, Fábio Saul, conta que a iniciativa é uma oxigenação para a indústria. “Ideias, quando vindas de fora da empresa, muitas vezes nos mostram novos caminhos de conceitos e produtos”, comenta, acrescentando que o projeto possibilitou buscar alternativas para demandas internas, as quais os profissionais do setor de criação não têm tempo para se dedicar. “Boas ideias vieram dentro do briefing proposto (calçados fáceis de calçar) e são passíveis de aproveitamento posterior na nossa linha de produtos”, conclui Saul. O gerente de criação da West Coast, Ismael Souza, diz que as propostas surpreenderam positivamente. “Tivemos uma média muito elevada. As ideias vencedoras são bastante viáveis para a produção”, avalia. A West Coast havia lançado dois desafios, um para calçado fechado e outro para sandálias. A Usaflex também ficou satisfeita com os resultados do desafio. O diretor de P&D da empresa, Fernando Eduardo Muller, destaca que o conceito

de co-criação é parte da estratégia da empresa, pois alinha a percepção de profissionais do setor com as demandas da empresa. “A co-criação é uma ferramenta que traz a visão dos profissionais de design sobre a nossa marca e nos permite descobrir novos talentos, com um olhar externo e, portanto, diferenciado”, aponta, ressaltando que a Usaflex recebeu um volume considerável de propostas. “Num futuro próximo aproveitaremos essas propostas de alguma forma. A ideia é lançar uma coleção cápsula aproveitando o conceito do designer vencedor”, conta Muller. Patrocinadora da iniciativa, a multinacional portuguesa Endutex é entusiasta da co-criação. “Acreditamos no Moda Co porque está perfeitamente enquadrado nos novos conceitos de negócio - criatividade colaborativa entre empresas, instituições e pessoas. A Endutex está em total sintonia com esse projeto”, comenta o diretor da empresa, José Ricardo de Abreu Pinto, ressaltando que os novos designers revelados pela plataformae representam o “futuro da moda”. A Endutex fabrica componentes para calçados com destaque para produtos como forrações e cabedais.

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TODAS AS EMPRESAS

serão digitais “

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A gente não precisa de uma estratégia digital; a gente precisa de uma estratégia de negócio”. Com esta frase, o publicitário Paulo Kendzerski, presidente do Instituto da Transformação Digital, abriu sua fala na palestra A transformação digital na indústria de calçados: desafios e oportunidades, no Happy Hour com Tecnologia realizado pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) no dia 15 do último mês de agosto. Direcionando a palestra para o setor industrial, o gestor de comunicação abordou pontos como oportunidades que a transformação digital oferece; desafios e necessidades que estão sendo enfrentados; como os processos de negócios e a cultura da empresa estão sendo impactados; como implantar a transformação digital na empresa e como agregar valor a seus negócios de maneira econômica e eficiente. Lamentando o fato de que, passados quase 30 anos do surgimento da internet como a conhecemos nos dias de hoje, muitos gestores continuam a reclamar e resistir aos desa-

fios advindos dessa transformação da forma de se fazer negócios, ele salientou a importância de as empresas ficarem atentas para a mudança da forma de relacionamento com o consumidor final, que coloca a indústria não apenas na condição de fabricante. Segundo o palestrante, hoje, a indústria é responsável pela fabricação, distribuição e relacionamento com seus consumidores. “Antes o fabricante só se preocupava em garantir a produção, deixando que a sua carteira de representantes se encarregasse da venda ao varejo, que por sua vez fazia a distribuição ao consumidor final, mas hoje a realidade é outra. A indústria trata diretamente com o usuário, e para isso tem que estar preparada para ser ágil e assertiva neste diálogo”, contextualizou. Comentando que o Brasil deve criar até um milhão de vagas formais em 2018 e mesmo assim a taxa de desemprego se manterá em torno de 12%, ele explica que o motivo para esta realidade é porque as vagas perdidas não voltarão a ser abertas e as novas oportunidades que surgem demandam inteligência e preparo que os demitidos, na sua maioria, não adquiriram. “No Brasil faltam doutores, mestres, técnicos com inteligência e capacitação para atender as novas necessidades do mercado, onde cada vez mais os profissionais vão disputar com robôs as vagas oferecidas”, alertou.

Um dado interessante passado na palestra diz respeito às buscas pela internet. De acordo com Paulo, “90% das buscas na internet hoje são por coisas locais, próximas da pessoa que faz a procura”. Este dado é importe para a definição de estratégias de comunicação e de direcionamento de verbas das marcas para chegarem aos consumidores. “Já somos mais de 2 bilhões de pessoas conectadas e em muito breve seremos 8 bilhões, estamos o tempo todo sendo rastreados pelo nosso uso dos mobiles, mas os usamos muito pouco para realizarmos negócios”, apontou o palestrante, que é defensor da instituição de canais de e-commerce pelas marcas. Ele também salientou que os fabricantes de calçados precisam vender para 5.500 cidades do Brasil, e não apenas para as cidades nas quais tem lojistas como distribuidores. No entendimento de Paulo, a indústria calçadista trabalha em um modelo de negócios que está se extinguindo. “No futuro, todas as empresas serão digitais, atuando em vários segmentos e em todos os estágios - produção, distribuição, vendas e atendimento”, afirmou o palestrante, complementando que até 2020, cerca de 80% dos consumidores vão se relacionar com as marcas que consomem sem que aconteça qualquer interferência de humanos durante todo o processo.

Paulo Kendzerski presidente do Instituto da Transformação Digital

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BIODESIGN:

solução sustentável para quem pensa a longo prazo B ioesign foi o assunto do Happy Hour com Tecnologia realizado pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) no dia 29 de agosto. O evento aconteceu na sede da instituição, que fica em Novo Hamburgo/RS, e quem abordou o tema foi a designer e pesquisadora Irene Flesh. Ela é criadora do ateliê de biodesign, criação e inovação Antimatéria, através do qual um dos projetos em destaque é a produção do Bio-cel, um material produzido a partir da biotecnologia fermentativa, num processo em que micro-organismos cultivados sintetizam biocelucose. Ela contou que durante as suas incursões iniciais nesse campo de pesquisa não tinha certeza sobre onde queria chegar e nem como trabalhar com o material elaborado por bactérias, que são impossíveis de se enxergar a olho nu, mas isso não gerou qualquer sentimento de desânimo. Para vencer os desafios, tratou de buscar conhecimento com outros pesquisadores que já tinham histórico de estudos sobre produção e aplicabilidades de biofilmes e partiu para uma pesquisa em nível de mestrado em biotecnologia na USP, onde pode se dedicar a estudar esse universo que se desvendava diante dos seus olhos. Antes de se aprofundar sobre os materiais que expôs durante a sua apresentação, a pesquisadora fez algumas reflexões sobre o que está acontecendo no mercado. Apontando que devido ao faturamento anual o mercado têxtil seria a sétima economia do mundo, caso fosse um país, ela lamentou que tal desenvolvimento esteja ainda associa-

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do ao desperdício de tecidos e a altas emissões de carbono. “A cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de sobras de tecidos é queimado ou descartado em aterros sanitários”, contextualizou para logo em seguida acrescentar que isso se torna ainda mais grave diante do atual comportamento de consumo que vem encurtando paulatinamente o tempo de uso das roupas, enquanto aumenta o volume a ser descartado. Diante dessa realidade, considerou que o biodesign pode ser pensado como uma solução inteligente para este tipo de problema. Citando alguns conceitos como Economia B, Biotecnologia, Biofabricação, Bioeconomia e Economia Circular, ela falou da necessidade de se eliminar a geração de resíduos promovendo a reintegração dos materiais na cadeia produtiva ou usando matérias-primas apropriadas para a compostagem. O biodesign, apontou, se preocupa com o contexto, o meio e o método, e não apenas com o produto e a estética. “Nesse sentido a ideia de cultivar a matéria-prima como em uma fazenda e não a produzir em um sistema fabril tradicional me parece mais atrativo”, comentou. Dentre as principais aplicações de biomateriais se destacam os segmentos de fármacos, medicina e cosméticos, que têm tradição em pesquisar novas matérias-primas. Ainda é muito caro investir nesta área e o retorno não é tão imediato ante os custos para a pesquisa e desenvolvimento, mesmo assim, Irene relacionou algumas iniciativas no mercado da moda, como a estilista Stela Mc Cartney ou a pesquisadora

londrina Jean Jane, que foi a primeira pessoa a produzir um fio a partir de bactérias e leveduras e desenvolveu a técnica para tecer o material em tear. A própria palestrante fabricou, em caráter experimental, uma bolsa na qual foi aplicado um detalhe de biofilme por ela produzido. O resultado pôde ser visto pelos participantes do evento. Quando questionada sobre quem usaria um produto com um alto valor agregado devido ao uso deste tipo de material, ela respondeu que seria aquele consumidor consciente, que não pensa apenas em seu próprio beneficio, nas tendências da moda ou na exclusividade da peça, e interessa em ele próprio diminuir o impacto ambiental. Lembrando que a biocelolose já é usada em escala na produção de curativos, máscaras hidratantes, na indústria alimentícia e até mesmo já foi testada na produção de gravatas e jaquetas, ela aponta que cada vez mais empresas e profissionais da área de pesquisa e desenvolvimento percebem valor e aplicabilidade ao material que é de origem orgânica, leve, resistente, translúcido e compostável, cuja produção gera baixo impacto ambiental e pode, inclusive, ser impresso em 3D. “Há muito interesse no material, mas ainda não para larga escala. Estamos em uma fase de transição, com respostas a serem solucionadas, mas na medida em que se avança em questões como a estabilidade e a padronização fica mais fácil se pensar em produção de grandes lotes. Temos potencial, porém ainda são poucos os interessados em investir recursos para que as pesquisas avancem com maior rapidez”, explicou.

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ATENDIMENTO É O CAMINHO

para varejo multimarcas

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atendimento é o que pode diferenciar e ajudar o varejo multimarcas a voltar a ter um desempenho positivo de vendas. Esta foi a tônica da palestra de Edmour Saiani, professor da FGV-SP, UFRJ e ESPM, durante o Retail Now Fórum Desafios e Soluções para Multimarcas no Brasil, realizado no dia 17 de julho, em São Paulo/SP, numa promoção conjunta da Associação Brasileira dos Lojista de Artefatos e Calçados (Ablac), Francal Feiras e indústria de calçados Usaflex. O evento reuniu cerca de 200 convidados, entre lojistas, dirigentes de entidades e jornalistas, que tiveram a oportunidade de conhecer o ponto de vista e interagir com o especialista no mais importante canal de distribuição de calçados no País. Conforme Saiani, a qualificação do atendimento passa pela qualificação da equipe de vendas das lojas, um processo que deve ser contínuo e ter como foco a satisfação do consumidor. Com bom humor e interagindo com o público, Saiani disse que é preciso também fazer uma seleção criteriosa dos forne-

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cedores, comprar os produtos certos e reduzir o número de modelos nas vitrinas, para que ele efetivamente chamem a atenção dos clientes. “Da forma como as vitrinas são feitas atualmente pela maioria das lojas, nada chama a atenção”, enfatizou. Antes da palestra de Edmour Saiani, o diretor-executivo da Ablac, Wesley Barbosa, apresentou os resultados da pesquisa sobre o consumo de calçados no Brasil, entre julho de 2017 e maio de 2018, realizada pela Kantar Worldpanel a pedido da entidade. O estudo mostra uma redução de 8,4% no faturamento e de 1,0% no volume de vendas das lojas físicas. No período, tanto o preço médio quanto o tíquete médio de compras tiveram redução. Em contrapartida, a frequência de compras aumentou 13,8%, o que indica que o consumidor vai mais às lojas para pesquisar e adquirir produtos. Outro atrativo do fórum foi o debate de Edmour Saiani, Wesley Barbosa, Marcone Tavares (presidente da Ablac), o lojista Manoel Kherlakian (Lojas Pontal) e o CEO da Usaflex, Sér-

gio Bocayuva. Juntos, eles mostraram exemplos de como o bom atendimento produz resultados positivos nas lojas. A Pontal Calçados é referência em bom atendimento em São Paulo e outras cidades. “Somos criteriosos na seleção de vendedores e proporcionamos treinamento constante aos profissionais de vendas da nossa equipe”, afirmou. Marcone Tavares também destacou a seleção de fornecedores realizada pela rede de lojas que dirige, a Aby´s, com unidades em Maceió/AL e Aracaju/ SE. Hoje são cerca de 50 marcas nas vitrinas das lojas e há um plano de negócios com boa parte delas. A empresa também investe no sentido de treinar seus vendedores para que possam gerar melhores níveis de vendas. Já o CEO da Usaflex disse ter visitado mais de 700 lojas, entre franquias multimarcas de todo o Brasil, para conhecer seu método de trabalho e propor soluções. A interação com os clientes, segundo ele, é uma das práticas habituais da empresa e, juntamente com outros fatores, responsável pelo crescimento da marca nos últimos anos.

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CAIXA E USP ASSINAM CONVÊNIO

para inovação A

Caixa assinou um convênio de cooperação para inovação no âmbito do Programa Parceiros Tecnológicos da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é aliar o ambiente de pesquisa, desenvolvimento e inovação da universidade à missão da Caixa de promover o desenvolvimento sustentável do Brasil. O investimento do banco será de R$ 1 milhão por ano, em projetos vinculados à consecução dos objetivos do seu plano estratégico. Os termos da parceria aproximam a instituição financeira da comunidade científica USP (com preferência de chamadas e grupos para desenvolvimento de projetos), tendências e oportunidades emergentes, pesquisas científicas, experimentação de novas soluções e caminhos e desenvolvimento de competências corporativas. O presidente da Caixa, Nelson de Souza, classificou a assinatura do convênio como um momento histórico, que “une um gigante da produção científica com o maior banco público

da América Latina. Tenho certeza de que esta parceria pioneira será vitoriosa e benéfica não somente para as duas instituições, mas para a sociedade brasileira”, afirmou. O banco ocupará um espaço exclusivo na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade e terá acesso a todas as faculdades da USP. Além disso, será a única instituição financeira participante do Programa Parceiros Tecnológicos, como apoiadora e participante da frente de finanças. O convênio terá duração de cinco anos. São Paulo é o maior cubo de inovação do País e a USP se destaca na região, além de ser porta de entrada para as principais universidades e centros de pesquisa e inovação como MIT, Harvard, Stanford e Cambridge. “O convênio é o pontapé que abrirá nossas fronteiras para desbravar o novo e ousar, quebrando as barreiras e criando o primeiro movimento de conexão com o mundo”, disse o gerente nacional de Inovação da Caixa, Luis Felipe Bismarchi.

Empresas precisam de profissionais com perfil empreendedor

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o dia 13 de setembro os colaboradores do IBTeC tiveram a oportunidade de assistir a palestra Intraempreendedorismo, contribuindo para a construção de um mundo melhor. realizada pelo coordenador da Qualidade e Sustentabilidade da Arezzo, Patrick Lima. Observando que se pode também empreender na empresa em que se trabalha, sem a necessidade de abrir negócio próprio, ele contou a história da Arezzo que iniciou, na década de 1970, produ-

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zindo calçados masculinos. Passados 46 anos, se trata de um grupo sólido, de capital aberto, que faz a gestão de seis marcas - todas também com vendas online -, contando ainda com uma sólida rede de lojas próprias. “O crescimento não é resultado de iniciativas apenas dos gestores. Muitas ideias surgem de nossos intraempreendedores”, salientou. De acordo com Patrick, o empreendedor e o intraempreendedor têm em comum a força de vontade,

a motivação e o entusiasmo. A diferença é que enquanto o primeiro assume riscos, despende capital e tem visão a longo prazo, o segundo busca reconhecimento e possui cultura organizacional que lhe permite identificar oportunidades de melhorias na empresa. Ele salientou que é possível pensar em ações para diferentes situações, como na execução do trabalho, na abordagem a clientes e também ao se lidar com adversidades, inclusive no âmbito ambiental. “Podemos aprimorar nosso próprio comportamento tomando por base o que fazemos no dia a dia, não nos satisfazendo com os bons resultados obtidos, mas pensando como poderíamos evoluir através da melhoria contínua; pois, a qualidade precisa de padrão, mas também de aprimoramento”, ensinou.

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ALUNOS DO CURSO DE MODA DA FACULDADE SANTA MARCELINA VENCEM O

Prêmio Francal Top de Estilismo A

dade, representatividade de gênero e igualdade entre os sexos, valorizando os consumidores de todas as gerações e incentivando os cuidados com o meio ambiente. Os jurados avaliaram os trabalhos apresentados, considerando critérios como inovação, criatividade, sistema de construção, materiais utilizados e a adequação ao tema central proposto. De acordo com o professor do curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina, Guto Marinho, o reconhecimento dos discentes em uma premiação tão conceituada comprova a qualificação e a tradição da instituição neste segmento. “Incentivamos os alunos a participem de concursos desse tipo, pois acreditamos que essa atividade mostra que eles têm totais condições de se destacarem tanto no cenário acadêmico quanto no profissional, reforçando o foco do curso

que sempre foi voltado para a criação e o desenvolvimento profissional do aluno”, conclui. Dada a importância do mercado de calçados e bolsas no Brasil, o curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina tem se consolidado na área de Acessórios, capacitando os alunos para o mercado de trabalho, além de incentivar a criação e reforçar a responsabilidade com o meio ambiente. Além desta atividade, as outras áreas abordadas no curso de Moda são: Estilismo, Joalheria, Fotografia, Estamparia, Modelagem, Ilustração e Figurino. Durante a festa de premiação, que ocorreu em julho, na feira Couromoda, em São Paulo/SP, os ganhadores receberam troféus e prêmios em dinheiro: R$ 2 mil para o primeiro colocado de cada categoria, R$ 1.500 para o segundo e R$ 1 mil para o terceiro. FOTO LEONARDO GALI

lunos do curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina se destacaram na 23ª edição do Prêmio Francal Top de Estilismo. Para a composição das peças, Ingrid, que conquistou o 1º lugar na categoria Calçado Feminino, e Carlos, que ficou com a 3a colocação no quesito Bolsa, utilizaram materiais convencionais e reciclados de uma forma inusitada e criativa, o que chamou a atenção dos jurados. Para a criação do calçado, a aluna fez uso de peças da indústria têxtil, atendendo à premissa do prêmio de oferecer conforto e conveniência da tecnologia de vestir. Já para o desenvolvimento da mochila, o aluno utilizou resíduos de embalagens, como saco de cimento. Denominado Conecte, o tema central do concurso propôs aos participantes explorarem as demandas contemporâneas relacionadas à liberdade, diversi-

Ingrid Ferreira dos Santos conquistou o 1º lugar na categoria Calçado Feminino e Carlos de Castro Cruz ficou com a 3a colocação no quesito Bolsa

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OPINIÃO Colunista Eleições e reforma tributária:

é preciso mudar para que nada mude

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presariais, seria ingênuo imaginar que Brasil é o país dos consensos nesse processo eleitoral não haverá a paradoxais. Todos são contra utilização de recursos de origem não dea corrupção, mas ela permaclarada (para não dizer ilícita) a financiar nece arraigada na cultura e no modo de campanhas políticas. Caro leitor, se você agir de parte importante da população, souber dizer quem detém “dinheiro frio” especialmente naqueles que detém o no Brasil, saberá a quem representarão poder. Todos são favoráveis a “saúde, a maioria dos “novos” políticos” eleitos! segurança e educação”, de tal sorte que, Evidentemente, também saberá quais se na propaganda eleitoral os candidaserão os interesses a serem defendidos... tos fossem substituídos por um boneco Neste contexto, não importará quem ventríloquo, não se perceberia muita for eleito Presidente da República em diferença, pois a ladainha é repetida à 2018. A certeza é que a atual base inexaustão, não obstante estarmos a viver, tegrará o novo governo, ocupando os cada vez mais, inseguros e com menos Dr. Marciano Buffon cargos que, ao longo do tempo, vêm recursos para financiar a tríade básica doutor em Direito, advogado tributarista, da Unisinos ocupando, não obstante a eventual aldos mais legítimos desejos republicanos. professor marciano@buffonefurlan.com.br ternância de partidos na Presidência da Outro inequívoco consenso diz República. Além disso, com o fundado respeito à necessidade de uma reforma tributária. É muito difícil encontrar alguém que se risco de termos um acréscimo de “novos políticos” comprooponha a ideia da imprescindibilidade de se mudar estru- missados com interesses de seus financiadores não declaturalmente o sistema tributário brasileiro. Nenhum país rados, tem-se a “tempestade perfeita” para a imobilidade. Isso ocorrerá, porque, diante do crescente e incontrolável “logrou êxito” tão extraordinário na construção de um modelo de tributação tão injusto, complexo, oneroso e refra- déficit fiscal será impossível para o futuro presidente govertário aos investimentos produtivos como o Brasil. Há in- nar sem que tenha que alterar a Emenda Constitucional que clusive três projetos de reforma tributária que vêm sendo criou o denominado “teto do gasto público” (EC 95/2016). publicamente debatidos, dentro do próprio Congresso Na- Ou altera-se isso, ou o “novo/velho” Congresso terá motivos/ cional. Porém, tudo indica, nada vai mudar... pelo menos para pretextos para, menos de um ano depois, cassar o mandato melhor! Vamos aos fatores que nos permitem especular... do presidente que for eleito, pois esse não escaparia de praDia 1º de janeiro de 2019, quando o(a) novo(a) Presiden- ticar as consagradas “pedaladas fiscais”, as quais - segundo te(a) da República tomar posse, encontrará um déficit pú- a “jurisprudência” consistiriam razão suficiente para novo blico primário de valores aproximados a incríveis duzentos impeachment. Uma vez que a aprovação de uma Emenda bilhões de reais! Diante deste crescente déficit, restarão as exige a concordância de 3/5 do Congresso, em duas votaclássicas medidas a serem adotadas: a) aumentar a arreca- ções, torna-se óbvio prever que, o novo presidente, ou repardação; b) moratória da dívida pública; ou c) políticas de estí- te o poder com quem hoje já o exerce; ou seu mandato dumulo inflacionário. Obviamente, três medidas indesejáveis e, rará menos do que os quatro anos para os quais será eleito. Por tudo isso, não haverá espaço para uma desejável reportanto, radicalmente negadas durante o processo eleitoral. Conforme já alertado anteriormente, a reforma política forma tributária. Ao contrário, se houver alterações no campo “mandrake” de 2017, foi apenas uma maneira para “que tudo da tributação, estas serão no sentido da majoração da carga continue como está”, fazendo-se de conta que se está a mu- fiscal (novo PIS/COFINS, por exemplo). Dessa forma, não há dar, lembrando a famosa frase, contida na obra de Tomasi di razões para se ter esperanças de que as históricas iniquidaLampedusa, Il Gattopardo. Tudo indica que haverá a manuten- des e complexidades da tributação venham a ser corrigidas, ção da maioria dos atuais mandatos legislativos, em face aos pelo menos enquanto aqueles que tão bem aprenderam a licritérios de divisão do bilionário fundo eleitoral. Não bastasse ção de Lampedusa se perpetuarem no poder e continuarem isso, há fundadas razões para prever-se que se corre o risco de a contemplar seus obscuros e ilícitos interesses. Será precirealizar-se verdadeira façanha política: renovar para pior. Isso so mudar para que nada mude e o governo continue a serocorre porque, diante da impossibilidade legal de doações em- vir aqueles que, historicamente, serviram-se de todos nós.

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Inovação como tendência estratégica na indústria

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ma pesquisa feita recentemente pela Desenvolve SP mostrou que mais da metade dos empresários paulistas pretendem investir em algum tipo de inovação entre 2018 e 2020. O principal desejo desses empresários é inovar para conquistar novos mercados. No entanto, apesar do crescente interesse das empresas brasileiras no tema, ainda há muitas dúvidas sobre o que, de fato, é inovação. E separar quem realmente é inovador de quem está apenas se apropriando indevidamente do discurso, era uma tarefa quase impossível. Digo “era” porque está chegando uma certificação ISO capaz de separar o “joio do trigo”. A ISO 50.501 é uma certificação internacional que pretende garantir que a inovação não seja apenas um discurso bonito e sim uma cultura inerente ao cotidiano da empresa. A proposta da certificação é criar uma política capaz de suportar a organização no desenvolvimento de novos processos. A intenção é unificar as boas práticas já adotadas em todos os 163 países membros da ISO - International Organization for Standardization, que fica sediada em Genebra, na Suíça. O comitê técnico de inovação foi criado pela Organização em 2008, dando início aos estudos para elaboração de uma norma específica para o assunto. Em 2013, o comitê já havia levantado todas as normas de inovação dos países associados. A partir de 2015, começaram as reuniões para elaboração da norma. Depois de várias revisões e alterações, o texto finalmente foi aprovado no último dia 05 de junho. A publicação acontece no segundo semestre de 2018, para dar início ao processo de certificação. No Brasil, ela ainda será traduzida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A expectativa é que, no máximo no primeiro trimestre de 2019, ela comece e ser certificável em nosso país. E, certamente, representará um grande ganho a quem for realmente inovador. Em linhas gerais, o texto diz que inovação é a introdução no mercado de produtos, processos, métodos ou sistemas que não existiam anteriormente, ou que contenham alguma característica nova e diferente da até então em vigor. A norma avalia, basicamente, sete pilares de inovação: liderança visionária, gestão de novos insigths, gestão da incerteza, cultura de adaptação, espírito de cultura aberta, adoção de valores de criação e direção intencional. Com base nesse novo modelo, a norma vai criar uma ferramenta de gestão baseada em uma política para inovação, estabelecer objetivos e decidir métricas para quantificar e qualificar os resultados. Ao contrário do que parece, a implantação é bastante simples. A empresa passa por uma fase de diagnóstico, que pode ser feito tanto por uma equipe interna de gestão quanto por uma consultoria terceirizada, desde que se detenha conhecimento específico sobre essa nova norma. Essa etapa pretende identificar se a cultura de inovação já existe e precisa apenas de adaptações, ou se a certificação servirá como uma ferramenta para implantação desse novo mindset. Depois de estabelecidos esses parâmetros, a próxima fase estabelece um cronograma, que varia caso a caso, uma vez que é completamente personalizado para cada empresa. Quando os ajustes estiverem prontos, uma acreditadora ligada ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) faz a avaliação para certificar. Todos os tipos de empresa podem - e devem - buscar a ISO 50.501 para garantir que seus processos de gestão da inovação sigam as melhores práticas do mundo. Essa será uma grande oportunidade de transformar as empresas brasileiras, disseminando condutas inovadoras ideais para enfrentarmos os desafios que estão sendo impostos todos os dias pela modernidade. As empresas já perceberam que o mundo mudou e elas precisam mudar junto para continuarem ativas.

ganho a quem for realmente inovador Alexandre Pierro

engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da Palas Consultoria em gestão da qualidade

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CB-11 NOVA NORMA ABNT PARA

Etiqueta de Composição de Calçados Avanço importante na relação entre quem vende, compra e consome calçados no Brasil

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m julho deste ano foi publicada a nova norma técnica para etiqueta de composição de calçados. A ABNT NBR 16679:2018 é um passo importante para o setor calçadista, por trazer padronização para a escala industrial e assume o compromisso de respeito e cumprimento da lei ao levar informações claras e corretas ao consumidor, além de promover a concorrência leal ao garantir as informações de origem do produto. Há anos o setor convivia com divergências pela falta de regras na aplicação da etiqueta de composição. De um lado, os compradores (clientes) definiam e solicitavam diferentes modelos a serem implantados pelos fornecedores, de acordo com o seu entendimento para cumprir uma legislação bastante subjetiva. De outro, esses procedimentos variados dificultavam a aplicação em escala na indústria, o que significa mais custos para atender separadamente cada pedido, sem economia global dentro da organização. Com a padronização, uniformizando as linhas de produtos, a indústria introduz a etiqueta com produtividade. Na ponta, os consumidores serão atendidos com as informações que necessitam, lembrando que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) define que a oferta e apresentação de produtos deve assegurar informações claras e corretas de composição, entre

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outras. A lei também veda que produtos sejam colocados no mercado de consumo em desacordo com as normas expedidas, neste caso, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Atender ao mercado com a norma traz esclarecimento e transparência na relação comercial, sendo um aliado no combate de práticas fraudulentas e abusivas que tentam ludibriar o consumidor. Acrescentando, a norma exige a identificação permanente no produto sobre a sua origem, marca registrada (ou CNPJ e firma) e país de fabricação, o que dá maior segurança ao mercado na promoção da concorrência leal, já que o consumidor terá a garantia de um produto fabricado por um estabelecimento legalmente constituído e terá o poder de escolha entre um produto nacional ou importado. O segmento de couro também comemora a normatização, pois o consumidor terá garantia quando um produto for composto, predominantemente, deste material, que é nobre e tem alto valor agregado. Outro fator crítico é a fiscalização. Muitas empresas, por entenderem que a ausência de regulamentação ou norma não exige a etiqueta de composição, acabavam por não aplicar esta identificação. Assim, tanto a falta da informação afixada quanto a falta de regras bem definidas sobre o que e como devem constar as marcações no

produto abriam uma brecha sobre a fiscalização. No estado de São Paulo, ocorreram, com certa frequência, investigações de infrações contra o consumidor, pela suspeita de que produtos estivessem sendo comercializados sem as informações e especificações exigidas por lei. Mais um motivo para as empresas se adequarem à normalização para evitar esse tipo de ocorrência! Por fim, haverá um ganho de economia global na cadeia, desde a indústria de produto acabado, passando pelo varejo, até o consumidor final. É segurança para todas as partes envolvidas na relação comercial e para quem consome o produto, desenvolvendo a concorrência leal e, consequentemente, aspectos da sustentabilidade econômica. O processo de construção da norma técnica liderado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) através do Comitê Brasileiro de Couro, Calçados e Artefatos de Couro (CB-11) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), contou com a parceria do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Associação pela Indústria e Comércio Esportivo (Ápice) e Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal). A norma pode ser adquirida no Catálogo da ABNT.

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A NOVA FÁBRICA DE CALÇADOS:

A FÁBRICA COMPLEXA CAPÍTULO 3/6: A CIÊNCIA DA COMPLEXIDADE E OS SISTEMAS PRODUTIVOS MS Eng. Fernando Oscar Geib

1 - Um necessário aprofundamento nos sistemas de produção simultânea: quando a complexidade mostra o seu poder Criar questionamentos sobre as “coisas organizacionais” continuamente, de modo claro e objetivo, abre portas na mente dos gestores e dos operadores para a geração de avanços da competitividade, em todas as suas dimensões que lhe são inerentes. É, portanto, necessário e vital entender a Complexidade como algo do nosso viver cotidiano e que, mesmo trazendo algumas dificuldades para a sua compreensão, as organizações não devem dar as costas para ela, ignorando-a, como o fazem as organizações produtoras de bens ao adotarem cegamente a sequencialidade linear das operações como fundamento de suas estruturas produtivas. O destino destas organizações que assim agem é no mínimo incerto. Henri Ford mostrou que a sequencialidade linear de operações era a solução mágica para os sistemas produtivos. O tempo e a realidade da competitividade demonstraram que esta verdade não era tão verdade como parecia ser, ou seja, a simplificação pela sequencialidade linear das operações esconde significativos desperdícios de toda a natureza, não percebidos pelos gestores e pelos operadores, tornando invisíveis também as perdas de efetividade competitiva das organizações usuárias destes sistemas produtivos. É importante lembrar que as perdas têm uma irmã gêmea: os custos que se somam disfarçadamente ao preço que o consumidor tem que arcar. A indústria automotiva americana, por exemplo, aderiu sem questionamento à sequencialidade linear de operações em seus processos produtivos. O resultado é que ela praticamente desapareceu do cenário automotivo. A simplificação dos sistemas produtivos como tentativa de fuga da complexidade, propostos pela linearidade sequencial de operações, gera e esconde perdas que afetam significativamente a efetividade dos processos pro-

dutivos, seja pelo custo, seja pela qualidade dos produtos gerados. Insistir, portanto, em sistemas produtivos baseados na sequencialidade linear das operações para fugir da complexidade operacional de sistemas produtivos de elevada efetividade, como a produção simultânea, é no mínimo, fechar os olhos para uma realidade comprovadamente desfavorável para as indústrias sapateiras. É como negar uma doença que lentamente leva o paciente para o seu desaparecimento irreversível. A simplificação dos sistemas produtivos de calçados hoje utilizados são o prenúncio de grandes dificuldades - tanto de sustentabilidade quanto de continuidade organizacional.

2 - A ciência da complexidade: quando a vemos e a entendemos como um sistema de conhecimentos aplicados ao dia a dia organizacional A complexidade é uma ciência que não pode ser negada e colocada de lado, e o gestores e operadores dessa fábrica não podem fechar o olhos para esta realidade. Devem entender que tal complexidade estabelece condição essencial para conduzirem esta sapateira pelos caminhos de sua sustentabilidade plena e contínua. Mais ainda: entender a complexidade como uma ciência com a qual se deve conviver amistosa e construtivamente. Estar aberto e atento aos sinais externos emitidos pelos mercados e pelos compradores é o que impulsiona o desejo de crescer e de evoluir em termos de competitividade organizacional desta sapateira. A fábrica em descrição assume um comportamento propositivo ao demonstrar que ela é a geradora de sua ciência da complexidade. Mesmo parecendo estranho, a complexidade é efetivamente uma ciência de fábrica que necessita ser dominada de modo total pelas pessoas, independentemente de suas atividades pessoais e profissionais, e suas obrigações sociais, pois este fator nos envolve contínua

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e diariamente. Vale, portanto a afirmação: ninguém está livre dela, nem Henry Ford, reconhecido mundialmente por sua competência em empreender. A ciência da complexidade e a Nova Fábrica de Calçados (NFC) A ciência da complexidade é o fator que muda a essência do que de fato interessa para a fábrica em descrição, ou seja, atuar fortemente e com presença reconhecida nos mercados atuais e potenciais. Os truques do marketing acabaram, morreram. O que vale é a presença material da fábrica em descrição nos mercados. A presença tangível e material da fábrica pelos calçados disponibilizados e o uso destes pelos consumidores deve ser simultânea, ou seja, o consumidor deve perceber claramente a presença do fornecedor nos seus calçados. Fornecedor e consumidor devem estar presentes no uso dos calçados. Esta condição é a base da ciência da complexidade na geração e disposição dos produtos no mercado. Avançando mais nestas considerações sobre a complexidade de modo a torná-la uma ciência construtiva, colocamos: - A mudança essencial que passa a dirigir e sustentar a fábrica em descrição é que as decisões tomadas devem sempre ser estruturadas e pensadas com base na percepção do valor que os clientes e os mercados têm e terão dos calçados disponibilizados; - A fábrica em descrição deve reagir como sistema que se auto-organiza, ou seja, como um sistema inteligente capaz de processar e interpretar as informações que chegam dos mercados. Estas informações devem ser de domínio de todos os membros da fábrica; - A fábrica deve permanecer fiel a si mesma em todas as suas decisões, mesmo que uma delas não seja a melhor. Dissidências sobre decisões tomadas não são toleradas; - A fábrica atua e se interessa para descobrir padrões comuns em processos que muitas vezes são considerados diferentes entre si. A aproximação dos processos auxilia o desenvolvimento da simultaneidade operacional da fábrica em descrição; - A fábrica é proativa nos processos de evolução e de aprendizado, tratando estes temas, com especial cuidado. A efetividade do aprendizado é sistemática; - A fábrica deve tratar com máxima prioridade os processos de evolução e de aprendizado dos seus membros; - Os membros da fábrica sabem que a complexidade é o jogo essencial da competitividade da fábrica, em elevados níveis; - A fábrica não nega a Teoria do Caos, onde mínimas mudanças podem gerar grandes resultados. Esta condi-

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ção só é possível pela presença da simultaneidade aliada à complexidade nos processos organizacionais/produtivos; - A lógica da complexidade muda a essência do que de fato interessa à fábrica. Os mercados e consumidores não são vistos como “compradores”. Estes passam a fazer parte da fábrica. A rede de fornecimentos de calçados estruturado pela fábrica se integra com a rede de consumidores, formando uma grande fábrica de produção e de consumo dos calçados.

3 - A lógica da complexidade muda a essência do que interessa para a Nova Fábrica de Calçados (NFC) O marketing e a inovação. Uma outra característica essencial da complexidade é que ela muda a essência do que de fato interessa para a empresa: o marketing e a inovação. Pode-se afirmar que estes dois processos essenciais e tão importantes hoje, e conhecidos por serem influenciados e conduzidos por processos organizacionais, nem sempre adequados, acabam sufocando estes procedimentos inadequados. A lógica da complexidade tem a capacidade e a força de mudar o que é essencial para a fábrica de calçados em descrição: o marketing e a inovação. Estes dois processos essenciais, por fugirem da complexidade crescente dos ambientes de negócios, passaram à condição de serem crescentemente ultrapassados e dificultando as ações das sapateiras em seus mercados. A linearidade sequencial e a baixa flexibilidade dos sistemas/processos produtivos ao qual se somam ciclos de produção excessivamente longos afastam as entregas dos calçados no tempo/momento real da necessidade dos consumidores e dos mercados. Os calçados disponibilizados nas lojas e pontos de vendas são apresentados aos consumidores e compradores com curtos ciclos de entrega, como resultado da simultaneidade. O que é prioritário para a fábrica de calçados em descrição é manter a simultaneidade não somente nos processos produtivos, mas também desenvolver a simultaneidade da disponibilização dos calçados com características de atualidade de moda simultaneamente aos desejos dos consumidores e do mercado. Toda uma estrutura de logística para a disponibilização dos calçados passa a fazer parte do processo produtivo. A Nova Fábrica de Calçados (NFC) considera as operações de entregas dos calçados ao mercado como uma operação de produção dos calçados. A finalização do processo produtivo na fábrica não finda com os calçados prontos na fábrica. O processo/ciclo de produção só é encerrado com os calçados disponibilizados para os consumidores, nos pontos de venda.

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NOVOS TEMPOS

PARA O CALÇADO Fernando Brandão - químico da Cipatex

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stamos cada vez mais dinamizando o uso de informações de maneira mais rápida, mais abrangente, muitas vezes por meio das redes sociais ou deixando pegadas nelas. A sociedade sempre foi e hoje é, cada vez mais, sedenta de informações sobre todos os campos de atuação, e o risco à saúde é uma das maiores preocupações hoje, como, por exemplo, os efeitos que determinadas substâncias químicas utilizadas nas mais diversas áreas como alimentação, vestuário, entre muitas outras, podem apresentar. Além da preocupação com relação ao uso, também coexiste a preocupação com o impacto que determinadas substâncias presentes em artigos causarão ao meio ambiente ao serem descartados. Uma contradição, porém, é que, ao mesmo tempo em que a sociedade como um todo se preocupa com estes aspectos, esta mesma sociedade promove uma poluição desordenada pelo descarte indevido de seu lixo produzido. Para reverter ou pelo menos começar a mudar este quadro, um caminho é o trabalho e esforço coordenado das cadeias produtivas com objetivos a serem atingidos. Por fazer parte da cadeia produtiva do PVC, cito o exemplo da mesma na Europa, que conseguiu mudar a imagem deste polímero por meio de um esforço e trabalho coordenado. O trabalho inclui um movimento coordenado pela cadeia, inicialmente chamado Vinyl 2010 e, posteriormente, renomeado de Vinyl Plus. Este movimento trata do desenvolvimento do controle das emissões de gases, implantando uma reciclagem significativa do polímero nos últimos 15 anos (de quase zero no final dos anos 90 para 600.000 toneladas em 2017); uso sustentável de aditivos, energia e matéria-prima; além de difusão de uma consciência sustentável ao longo da cadeia. Também faz parte deste novo cenário o importante papel da atividade regulatória (no caso da Europa, o Regulamento Reach), que ajudou a esclarecer dúvidas que a população

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tinha sobre substâncias utilizadas nesta cadeia. De material maldito no final da década de 1990, pronto a ser banido da indústria automotiva e evitado nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, passou hoje a material premium, utilizado pelas grandes marcas automotivas no interior de seus carros e amplamente utilizado nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012. Como citado anteriormente, a atividade regulatória do Reach listou e lista substâncias a serem proibidas ou candidatas à proibição/restrição no uso nos mais diversos artigos. Na Europa, certos ftalatos (substâncias que tornam PVC mais flexível) foram classificados como tóxicos para a reprodução, identificados como substâncias que suscitam grande preocupação (lista SVHC) risco 1 e estão sujeitos a autorização. Estes ftalatos são de baixo peso molecular com 3-6 átomos de carbono na espinha dorsal dos álcoois utilizados para os produzir. Porém, os ftalatos de peso molecular mais elevado (≥7 átomos de carbono na sua espinha dorsal do álcool) como o DINP e o DIDP não são listados como substâncias de alta preocupação. Isso permitiu que eles fossem usados em vários artigos de consumo, como assentos de carro, roupas e calçados, entre outros. Mais recentemente, a Agência Europeia dos Produtos Químicos (Echa), após uma revisão de quatro anos do DINP, concluiu que não há necessidade de uma classificação de risco 2, apoiando a sua utilização segura e contínua nas aplicações atuais. Essa decisão foi baseada em uma revisão completa dos estudos de toxicidade existentes no DINP e está de acordo com as determinações anteriores de segurança na Europa para DINP e DIDP que concluíram que os compostos são seguros para uso em aplicações atuais risco 3. Devo observar que o mesmo relatório avaliou o potencial de exposição da pele em adultos que podem estar expostos ao DINP e ao DIDP usando luvas,

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sapatos ou roupas de PVC. O relatório concluiu que o contato da pele com roupas de PVC é seguro. Essas conclusões continuam a apoiar o uso de dois ftalatos (DINP e DIDP), comprovadamente seguros, em mercados muito exigentes, como a indústria automotiva e suas principais marcas. Esta é uma notícia muito boa para conversores de PVC que podem continuar a usar plastificantes que combinam maior compatibilidade com PVC do que a maioria dos plastificantes alternativos apresentando desempenho de envelhecimento superior, ajudando na competitividade da cadeia. A cadeia também tem desenvolvido opções de plastificantes não ftálicos para aplicações específicas, em seu produto final. O caso da cadeia do PVC na Europa exemplifica como podemos avançar aqui no Brasil em um setor tão pressionado como o calçadista, utilizando ferramentas como a lista de substâncias que está sendo criada pelo setor, com o apoio do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e aberta à parti-

cipação de todos os agentes envolvidos e interessados. Claro que a cadeia europeia é muito mais madura, rica e estável, mas para tudo existe um começo! Este trabalho poderá nos preparar para selecionar o que será permitido entrar no País, para exportar mais e melhor, preparando nossa cadeia para desafios que já existem e para outros que virão. Também é um exercício para trabalhos em conjunto, buscando outros objetivos, pois a crise tem que nos fazer abrir novos caminhos.

Referências 1 Commission implementing decision (EU) 2017/1210 – https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/ HTML/?uri=CELEX:32017D1210&from=EN 2 Final RAC opinion on DINP – https://echa.europa. eu/documents/10162/56980740-fcb6-6755-d7bb-bfe797c36ee7 3 ECHA 2013 evaluation of new scientific evidence concerning DINP and DIDP – https://echa.europa. eu/documents/10162/31b4067e-de40-4044-93e8-

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ARTIGO Científico

O USO DO TELEFONE CELULAR COMO UM ACELERÔMETRO: MEDIÇÃO DE ACELERAÇÃO 3D PARA AVALIAÇÃO DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO LORENZ, Alex1; SILVEIRA, Vanessa Albino da1; PALHANO, Rudnei1; ZARO, Milton A.1,2 e PINHO, Alexandre3 1 Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 3 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) Resumo Os aparelhos de telefone celular modernos carregam diversos sensores com as mais variadas finalidades: sensor de luz, pressão barométrica, proximidade, acelerômetro, sensor magnético e giroscópio, dentre outras. O presente trabalho apresenta resultados preliminares de uma pesquisa envolvendo o giroscópio de um celular e um acelerômetro de aplicação industrial, para veri-

Palavras-chave:

ficar a potencialidade dos aparelhos celulares para avaliação de equilíbrio estático. Um acelerômetro 3D foi adaptado a um celular para leitura conjunta e comparativa. Os resultados mostraram que é necessário realizar mais testes, com taxas de amostragem diferentes, para verificar se as diferenças entre as curvas encontradas persistem.

celular, sensores, acelerômetro, equilíbrio estático

Abstract Inside modern cellular phones there is a great number of sensors for the measurement of several variables such as: light intensity, atmospheric pressure, distance, direction of magnetic field and acceleration, among others. The present work presents some preliminary results comparing readings of an industrial accelerometer

Keywords:

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and an accelerometer from a cellular phone, in order to evaluate if cellular phones/accelerometers can used for the analysis of static equilibrium. Results showed that it´s necessary a greater number of experiments, changing sampling rate and analyzing the differences that appear at the curves.

cellular, sensors, accelerometer, static equilibrium

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Introdução Os telefones celulares modernos são multitarefas. Podem ser utilizados para uma gama de aplicações que vão desde o uso como simples telefone, para enviar e receber mensagens, relógio despertador, sismógrafo, medidor de tremores de terra em países onde terremotos são frequentes, localizador de carro, localizador de objetos astronômicos, bússola, sensor de intensidade luminosa, sensor de proximidade e giroscópio (componentes de aceleração em relação ao campo gravitacional terrestre e também funciona como altímetro), dentre outros. Acelerômetros industriais são utilizados em manutenção preventiva e preditiva, para monitorar máquinas e componentes; normalmente, são confeccionados segundo dois princípios básicos: (a) sensor à base de strain gages e (b) sensor piezolétrico. Os acelerômetros piezoelétricos são mais comuns e atuam numa faixa de frequência maior. Diversos fatores podem alterar a postura corporal: desequilíbrios musculares, sobrepeso, anomalias genéticas e adquiridas por mau hábito, atividades físicas sem auxilio de profissional da área, dentre outros aspectos. Como resultado, pode-se esperar o surgimento de dor, doenças agudas e lesões orteoarticulares que afetam sobremaneira as atividades diárias. Uma forma de diminuir esses efeitos ou até evitá-los é a prática de exercícios regulares, que melhoram a qualidade de vida, aspectos emocionais, motivação, bem-estar mental e melhora no desempenho cardiovascular, por exemplo. Quando os fisioterapeutas realizam a avaliação postural de um indivíduo, com a finalidade de medir possíveis desvios posturais de cada segmento corporal ou nas estruturas globais, fazem a inspeção através de técnicas de medição variadas. Uma vez realizada a avaliação, o fisioterapeuta poderá realizar o planejamento de um tratamento corretivo que permita uma melhora na condição funcional e postural desse indivíduo. As técnicas de avaliação de desvios de postura podem ser: (a) cinemetria/fotografias ou filmes digitais, que com o auxílio de software adequado permitem uma gama de dados úteis à identificação destes desvios posturais, (b) acelerômetros/giroscópios e (c) baropodometria. Acelerômetros e giroscópios 3D medem as três componentes da aceleração. Por se tratar de uma grandeza vetorial, a aceleração permite, através de suas três componentes, calcular ângulos e, consequentemente, identificar parâmetros posturais. A cinemetria geralmente envolve mais de uma câmera e é um sistema de preço elevado, se comparado ao celular, de um modo geral; assim, o presente trabalho visa a comparar o acelerômetro 3D que vem embutido nos celulares modernos com um acelerômetro industrial 3D de grande sensibilidade e de baixa incerteza. Através desse procedimento pode-se ter uma ideia da qualidade da medida realizada pelo celular, que pode ser muito útil, uma vez que os acelerômetros industriais, pela sua qualidade e faixa de utilização, são muito caros se comparados ao telefone celular.

Fundamentação teórica Diferentes definições podem ser encontradas para o que se entende por “vibração mecânica”; entretanto, a maioria dos autores concorda que: Vibração está associada ao movimento oscilatório em relação a um ponto de referência. - Podem ser classificadas como periódica (cíclica) ou não periódica (transitória), conforme mostra a Figura 1. - É medida através de diversas variáveis: deslocamento, velocidade e aceleração.

Fig. 1 - Vibração cíclica (a) e transiente (b)

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ARTIGO O equilíbrio pode ser visualizado de duas formas: (a) estático e (b) dinâmico. Mesmo no equilíbrio estático a pessoa se movimenta em relação aos três eixos e muitas vezes esse movimento é imperceptível ao observador. Sensores mecânico/eletrônicos são mais adequados que o sistema sensorial humano; além disso, pode-se registrar e processar matematicamente os resultados obtidos. A origem das vibrações pode ocorrer de várias formas; porém, um fator significativo parece ser o acoplamento de energia cinética das massas e a energia potencial armazenada na forma de rigidez mecânica dos componentes do elemento em estudo. Mesmo quando estamos parados, executamos movimentos de pequenas amplitudes. A análise das compnentes desses pequenos deslocamentos permite tirar uma série de informações, como por exemplo, o COP (centro de pressão) e o centro de gravidade. “O centro de pressão, também conhecido como COP - do inglês Center of Pressure muitas vezes é confundido com o centro de gravidade, ou COG - também do inglês, Center of Gravity. Apesar da semelhança das siglas, tratam-se de conceitos diferentes: COP é um ponto no espaço plano que representa a origem do vetor da força de reação do solo em um corpo, enquanto o COG é um ponto do espaço tridimensional que representa o local onde a força da gravidade é exercida sobre esse corpo. O COG é um valor estimado, enquanto o COP pode ser medido, de diferentes formas, como por palmilhas, plataforma de pressão e plataforma de força. A utilização prática deles é igualmente distinta, enquanto o COG é usado quando se pretende avaliar o efeito resultante das forças que atuam sobre um corpo, ou parte dele, o COP pode ser utilizado para avaliar o equilíbrio do corpo” (http://kinetec.com.br/blog-detalhe-tecnologia-biomecanica/o-que-e-cop-o-mesmo-que-cog-qual-suautilidade/). Ainda, segundo o mesmo site, no caso do corpo humano, o termo “completamente imóvel” (posição hortostática) significa qe o COG fica próximo à cicatriz do cordão umbilical, COP fica no solo, na projeção vertical do COG. Quando se decide ficar parado em pé são geradas pequenas oscilações/deslocamentos; ou seja, o termo “semi-estática” seria mais adequado para a posição ereta de pé, pois não se consegue ficar de pé completamente imóvel. Essas oscilações são involuntárias e quando quantificadas nos fornecem informações importantes, quer seja na avaliação de desportistas, portadores de doenças neurológicas, pessoas sedentárias ou mesmo pessoas com problemas decorrentes de problemas ortopédicos, por exemplo. Quando a avalliação é feita com plataformas de força, o protocolo mais utilizado é o de 30s; neste procedimento o indivíduo a ser avaliado fica parado sobre a plataforma de força; as componentes 3D de força são medidas, mas o parâmetro de maior interesse é o COP e seu comportamento ao longo desses 30s. As informações adicionais que podem ser calculadas incluem: (a) a trajetória (oscilação do corpo no plano do solo), área da elipse gerada (a curva no plano do solo normalmente gera uma curva em forma de elilpse), velocidade de deslocamento, componentes do deslocamento e velocidade média, dentre outros. Segundo Furlanetto [1], a visão desempenha um papel importante no controle da postura, segundo Furlaneto; o feedback visual permite menor variabilidade de deslocamentos do COM e do COP na menutenção da postura ortostática de longa duração, ou seja, uma maior estabilidade postural. Com a visão um indivíduo consegue manter razoavelmente o equilíbrio, mesmo após a destruição do aparelho vestibular ou perda de informação proprioceptivas. O sistema vestibular informa ao Sistema Nervoso Central sobre a orientação espacial em relação à gravidade, posição e movimento da cabeça, percebendo qualquer variação de aceleração linear e rotacional, bem como auxilia a coordenação dos movimentos da cabeça e olhos, promovendo ajustes da postura corporal e de equilibrio.

Materiais e métodos O acelerômetro industrial 3D utilizado é da marca Bruel and Kjaer, modelo 4506 B 003, sensibilidade 477 mV/g, amplitude máxima de 14g e frequência máxima de aquisição 9,49 KHz. O acelerômetro/giroscópio do telefone celular é do tipo LSM6 DS 3D, 16g de fundo de escala, taxa máxima de aquisição 204 p/s.O telefone celular usado foi um Motorola Moto G 5S Plus. O condicionador de sinais é um Bruel & Kjaer 2694, 16 canais, 5V fundo de escala. O celular e o acelerômetro foram atachados a uma régua, conforme a Figura 2, e, girando a régua, varia-se o ângulo em duas dimensões. Não são descritos aqui os diversos movimentos realizados, uma vez que este é um trabalho de natureza exploratória, de natureza comparativa, para avaliar o desempenho do acelerômetro de um telefone comercial.

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Figura 2

Resultados e discussão A Figura 3 mostra o resultado de alguns movimentos realizados e a respectiva comparação entre o acelerômetro interno ao celular e o acelerômetro industrial.

Fig. 3 (a) - Resultado comparativo para aceleração no eixo x: acelerômetro industrial (a) e acelerômetro de telefone celular. (b) Eixo de x, tempo em segundos, eixo de y em “g” (1g= 9,8 m.s2)

Devido ao tipo de movimento, sem componente em y, mas com conponentes em x e z, esperava-se um resultado similar para os dois equipamentos; o que se vê, no entanto, é que o acelerômetro industrial detecta muito detalhes que não aparecem no acelerômetro do celular; nota-se um smoothing maior no caso do celular. Isto pode estar acontecendo porque a taxa de aquisição permitida é da ordem de 200 Hz, ao passo que o acelerômetro industrial permite coleta com 2 KHz.

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Fig. 3 (b) - Resultado para o eixo y da comparação entre acelerômetro industrial (a) e acelerômetro do fone celular (b); mesmo eixo de x, tempo em segundos e eixo de y em g, sendo 1g = 9,81 m.s2

Como praticamente não houve movimento realizado neste eixo, esperava-se um sinal constante próximo de zero, o que realmente aconteceu.

Fig. 3 (c) - Resultado de aceleração x tempo para o eixo z, comparação entre acelerômetro industrial e acelerômetro de telefone celular. Eixo de tempo em segundos e eixo de y em g, sendo 1g=9,81 m.s2

Claramente pode ser obrservado que o acelerômetro do celular perde informações quando os eventos são rápidos. Isso significa que devem ser realizados mais ensaios, com análise estatística e comparação com outras taxas de aquisição de dados.

Bibliografia 1. Furlanetto, R. S., Dissertação de Mestrado, Avalilação sensório motora de individuos com reconstrução de Ligamento Cruzado Anterior, UFRGS, 2012. 2. Álgebra Linear, Takahashi; Inoue, I. , Ed. Novatec, 2012. 3. Balbinot, A. E Brusamarello, V.J., Instrumentação e Fundamentos de Medidas, vol. 1, Ed. LTC, 2006. 4. Holman, J.P., Experimental Methods for Engineers, Ed. McGraw-Hill, 1994. 5. Dalazen, R., Dissertação de Mestrado, Desenvolvimento de uma rede de sensores inerciais, UFRGS, Engenharia Elétrica, 2017.

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K KEMI BRASIL 51 2108.1111 www.kemibrasil.com pág. 43 L LAB. BIOMECÂNICA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 88 LAB. FÍSICO-MECÂNICO 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 53 LAB. SUBST. RESTRITIVAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 87 LCS SOLADOS 51 3524.5318 www.lcsimportexport.com.br pág. 50 LIKO 51 2108.4100 www.liko.com.br pág. 43 M MÁQUINAS MORBACH 51 3066.5666 www.morbach.com.br pág. 29 MÁQUINAS SAZI 54 3261.2652 www.sazi.com.br pág. 15 MARLUVAS 32 3693.4000 www.marluvas.com.br pág. 23 MATRIZ MINAS 11 4534.0947 www.matrizminas.com.br pág. 47 MATRIZARIA POLAKO 51 3587.2511 www.polako.com.br pág. 50 METAL COAT 54 3215.1849 www.metalcoat.com.br pág. 27 O ORISOL 51 3036.4774 www.orisol.com.br pág. 57 P PROAMB 54 3085.8700 www.proamb.com.br pág. 19 S SINBI 18 3649.8000 www.sindicato.org.br pág. 79 STICK FRAN 16 3712.0450 www.stickfran.com.br pág. 10 SULPOL 51 3075.6565 www.sulpol.com.br pág. 47 SUSTENT. E INOVAÇÃO 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 43 T TECHPUR 51 3541.5287 www.techpur.com.br pág. 43 TRANSDUARTE 51 3584.3500 www.tdtransduarte.com.br pág. 81 Z ZAHONERO 51 3579.7573 www.zahonero.com.br pág. 43 ZERO GRAU 51 3593.7889 www.feirazerograu.com.br pág. 61

ENTIDADES DO SETOR ABEST (11) 3256.1655 ABIACAV (11) 3739.3608 ABICALÇADOS (51) 3594.7011 ABINT (11) 3032.3015 ABLAC (11) 4702.7336 ABQTIC (51) 3561.2761 ABRAMEQ (51) 3594.2232 ABRAVEST (11) 2901.4333 AICSUL (51) 3273.9100 ANIMASEG (11) 5058.5556 ASSINTECAL (51) 3584.5200 CICB (61) 3224.1867 IBTeC (51) 3553.1000 FEIRAS DO SETOR BRASEG (11) 5585.4355 COUROMODA (11) 3897.6100 EXPO EMERGÊNCIA (11) 3129.4580 EXPO PROTEÇÃO (11) 3129.4580 FEBRAC (37) 3226.2625 FEIPLAR (11) 3779.0270 FEMICC (85) 3181.6002 FENOVA (37) 3228.8500 FIMEC (51) 3584.7200 FISP (11) 5585.4355 FRANCAL (11) 2226.3100 GIRA CALÇADOS (83) 2101.5476 HOSPITALAR (11) 3897.6199 INSPIRAMAIS (51) 3584.5200 PREVENSUL (51) 2131.0400 40 GRAUS (51) 3593.7889 QUÍMICA (11) 3060.5000 SEINCC (48) 3265.0393 SICC (51) 3593.7889 ZERO GRAU (51) 3593.7889

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SEMINÁRIO DEBATE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

em Novo Hamburgo D urante dois dias, a Câmara de Novo Hamburgo/RS lotou Plenário e Plenarinho para debater sobre o desenvolvimento econômico do município. Autoridades, especialistas e empreendedores se revezaram em painéis que abordaram políticas públicas voltadas para a área, o Brasil no cenário econômico mundial, a realidade enfrentada por empreendedores na cidade e as perspectivas para os próximos anos. O Seminário de

Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo foi realizado pela Câmara, por meio da Escola do Legislativo e da Comissão de Competitividade, Economia, Finanças, Orçamento e Planejamento (Cofin), nos dias 4 e 5 de julho. O evento teve entre os objetivos discutir o cenário econômico internacional e sua relação com o Brasil, identificando riscos e oportunidades para o município e para a região do Vale dos Sinos.

Apresentação de políticas públicas abre o evento

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pós a cerimônia de abertura realizada na noite de 4 de julho, aconteceu o primeiro painel, que tratou das Políticas Públicas de Promoção do Desenvolvimento Econômico. O gerente da Regional Sinos, Caí e Paranhana do Sebrae, Marco Copetti, mediou o painel e destacou a importância da pauta para o desenvolvimento econômico da região. “É necessário pensar e desenvolver estratégias para enfrentar os desafios de uma agenda cada vez mais competitiva. Precisamos de novas diretrizes, de um desenvolvimento que remeta a sustentabilidade econômica. O certo é que o que nos trouxe até aqui não será o que vai nos levar para o futuro. Precisamos de novos caminhos”, alertou. Segundo o vereador Enio Brizola, que também preside a Cofin na Câmara, existe uma preocupação coletiva a partir de uma cidade que passa por um processo de desindustrialização. Nesse contexto, o seminário torna-se uma ferramenta para o descobrimento de novas cadeias produtivas e possíveis perspectivas para a indústria do calçado na cidade. “Sofremos um processo de desindustrialização muito violento. Nós, enquanto município, dependemos durante muito tempo de uma única cadeia produtiva, a coureiro-calçadista. Com todos os impactos

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da globalização que esse setor sofreu, é importante discutirmos perspectivas da área para a cidade, o Estado e o País, na medida que várias partes do mundo passaram a produzir sapatos, inclusive com valor e design agregado”, relatou. Ele também sugeriu a criação de um consórcio municipal de desenvolvimento, prática experimentada em todo mundo e uma agência municipal de desenvolvimento econômico, formando redes de parcerias com interesses comuns. A secretária do Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo, Paraskevi Bessa-Rodrigues, que representou a prefeita Fátima Daudt no evento, destacou a reestruturação da Rede Simples e a importância da Sala do Empreendedor para pequeno e microempresário de Novo Hamburgo. O espaço atingiu a marca de mais de mil atendimentos/ mês. “A Sala do Empreendedor é a concretização de que uma mudança de mentalidade na gestão pública resulta em propostas efetivas de crescimento. É o resultado para uma cidade que merece o melhor, que tem o empreendedorismo em seu DNA”, definiu. O secretário do Estado, Evandro Fontana, salientou que o ambiente de inovação no Rio Grande do Sul tem recebido impulso a cada ano através

de um modelo que tem dado certo em diversos países: o da tríplice hélice. Estado, universidades e empresas se unem para promover o desenvolvimento através de ações coordenadas entre o poder público, a academia e o setor privado. Através de convênios financiados em boa parte com recursos públicos, o RS possui atualmente 27 polos tecnológicos, dezenas de incubadoras empresariais e 15 parques tecnológicos. São exemplos de estímulo ao empreendedorismo e à inovação através da criação de centenas de startups de base tecnológica nos últimos anos. De acordo com o secretário, um ecossistema favorável aos negócios depende de uma estrutura pública eficaz. “A Junta Comercial, Industrial e de Serviços, por exemplo, se modernizou, liberando a documentação para novos negócios num prazo de cinco dias. Até pouco tempo, a demora era de semanas ou meses. E para fomentar as vocações regionais, os Arranjos Produtivos Locais e Núcleos de Extensão Produtiva, os Parques e Polos Tecnológicos e as Incubadoras, em parceria com universidades, recebem recursos do Estado oriundos do Banco Mundial. Estes programas contribuem para que sejamos referência nacional em inovação”, destacou.

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A influência da economia mundial na crise industrial brasileira

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o segundo dia, o seminário seguiu com o painel O Brasil no Cenário Econômico Mundial, durante o qual pesquisadores falaram sobre as transformações econômicas registradas no mundo ao longo das últimas décadas e explicaram como essa variação impactou a realidade produtiva nacional. O painel, mediado por Flávio Stein, vice-presidente de economia da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha (ACI-NH/CB/ EV), teve início com o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Ele fez um recorte da relação entre China e Estados Unidos desde a década de 1980, destacando o contraste entre a rápida industrialização do país asiático e processo inverso a que se submeteu a economia americana, a partir da dominância dos movimentos de capitais sobre o comércio. Segundo ele, isso se deve à alteração do destino de capital dos EUA, como ocorria nos anos 1980, para a China, em um movimento iniciado no final dos anos 1990. Professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Belluzzo defendeu o fortalecimento da indústria para o crescimento econômico do País e atribuiu a diminuição da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano e de países da União Europeia também à concentração da especialização em serviços,

em detrimento do setor secundário. “Nos Estados Unidos, grande parte das pessoas perdeu seus empregos. O próprio Donald Trump mantém sua base eleitoral porque exprime um evento que permanece, não é baseado em manifestações sociais”, apontou. No Brasil, o salto das commodities, puxado pelo consumo americano e o investimento global no mercado chinês durante a segunda metade da década passada, proporcionou, na sua visão, um ambiente favorável para o crescimento do PIB. “O País chegou a se aproximar dos países mais industrializados, mas perdeu muita participação e competitividade no cenário internacional, e a queda foi bastante pronunciada”, analisou. Belluzzo lembrou que, na década de 1980, o Brasil chegou a ser uma potência industrial superior a China e Coreia do Sul. Entre 1994 e 1999, contudo, recorrentes choques sofridos pela economia devido a crises internacionais ocasionaram elevações na taxa de juros, com alteração cambial que impedisse a desvalorização da moeda, em plena implantação do Plano Real. “Valorização cambial é muito agradável quando está ocorrendo, mas desfavorece a produção industrial nacional. A indústria brasileira acabou fortemente penalizada, justamente no período de industrialização chinesa. Quando houve a benesse das commodities, o investimento estran-

geiro direto explodiu”, explicou. Com isso e devido ao choque de demanda, ele apontou que o Brasil conseguiu manter a balança comercial de produtos manufaturados superavitária mesmo durante a crise, com exportação para diversos países. “Hoje, temos um déficit muito importante na balança, que tem a ver com a perda de competitividade”, completou. Belluzzo concluiu sua fala indicando o que chamou de “terremoto” na economia internacional, o que alterou o cenário brasileiro. “O espaço para os países realizarem suas políticas nacionais de desenvolvimento foi transformado devido à globalização. A China se ajustou a esse processo e conseguiu implementar suas políticas. Os Estados Unidos tiveram papel importante em fornecer à China a possibilidade de desenvolver sua indústria. Hoje, os chineses lideram todos os setores de exportação de manufaturados. Não à toa os Estados Unidos agora estão com uma política de reação, embora o desejável fosse redefinir as relações internacionais e financeiras”, diagnosticou. Questionado sobre o baixo crescimento do PIB brasileiro nos últimos anos, ele descreveu como um fenômeno natural. “A economia veio desacelerando. O preço das commodities saiu do pico, mas, na verdade, se ajeitou. Trata-se de uma desaceleração cíclica causada pelo aumento do consumo e do endividamento das famílias”, finalizou.

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Quem também abordou a temática foi o coordenador-adjunto do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Faccat, Carlos Paiva. “O mundo vive a crise da hegemonia americana no plano produtivo. Produtivamente, o motor do mundo hoje é a China, e isso tem um impacto muito grande para nós”, destacou. O professor lembrou que a economia brasileira é historicamente baseada na agricultura. “Só nos industrializamos quando o café não conseguia mais comprar os produtos de que precisávamos. O Brasil é o único país do mundo que consegue ter três safras de verão no ano. No que somos mais competitivos é na agroindústria. Somos vistos como o ‘fazendão’ do mundo”, ilustrou.

Ele explicou que, como a China carece de alimentos, o Brasil passou a ser demandado pela maior economia industrial do mundo. “O País apresenta um superavit monstruoso com a China, ganhando caixa para que nos tornemos confiáveis novamente no mercado internacional”, acrescentou. Paiva também falou sobre como a flutuação do câmbio e a variação inflacionária influenciam na rentabilidade da indústria exportadora. “Quando o governo sobe a taxa de juros para conter a inflação, os fundos internacionais passam a aplicar no Brasil, invadindo o país de dólares. Com mais oferta do que demanda, o preço cai”, pontuou. O pesquisador contou que essa

sequência de eventos acabou acarretando o fechamento de diversas empresas exportadoras, uma vez que a queda do dólar representava a diminuição do lucro obtido com a comercialização do produto fora do Brasil, o que é difícil contornar em indústrias com muitos empregados. “Quanto maior mão de obra, mais difícil é concorrer com China e Vietnã. E qual indústria é mais intensiva em mão de obra? A de calçados. A política que sustenta o agronegócio penaliza a indústria calçadista. Em Novo Hamburgo, verificamos a diminuição da população empregada na indústria calçadista, mas o aumento da mão de obra em indústrias de base. E é nisso que acredito que a cidade deva focar”, sinalizou.

Inserção em cadeias de valor

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á a superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Ilse Guimarães, apontou na inserção das empresas hamburguenses nas cadeias globais de valor como o melhor caminho. De acordo com Ilse, estudos mostram que empresas manufatureiras recebem hoje apenas 2% do total do valor do produto. “A cadeia de valor é uma linha que vai desde a criação de um produto até a entrega ao consumidor, realizada por uma rede global de empresas. A diferença pra cadeira de suplementos é que agora se inserem serviços intangíveis, que agregam valor, como branding, design, marketing e distribuição. Esse é o mais importante movimento dos últimos 20 anos em comércio internacional. E, em Novo Hamburgo, existe uma concentração de recursos que pode agregar valor ao produto final”, afirmou. As vantagens, segundo ela, incluem desde o acesso

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a outros mercados até a oportunidade de melhoria dos processos produtivos a partir do contato com novas tecnologias. O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, Marcus Coester, destacou que, historicamente, essa sempre foi uma relação bem-sucedida, e apontou os aspectos nos quais o Brasil pode se inspirar na Alemanha para um processo de industrialização semelhante. “O desenvolvimento econômico, o conhecimento e a qualidade de vida são indissociáveis. Temos que pensar sempre que educar nas áreas técnicas é importante. A sociedade tem que entender essa situação e criar mecanismos para isso. Temos que ter olhos para a tecnologia e para o empreendedorismo. Outra questão importante do poder público é a burocracia, que é um grande empecilho para o empreendedorismo. A simplificação dos processos é fundamental”, concluiu.

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Realidade e perspectivas econômicas

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temática O Desenvolvimento de Novo Hamburgo: realidade e perspectivas da cidade foi o segundo painel realizado. O professor da Fundação Liberato, Pedro Roque Giehl, mediou os painelistas Carolina Strack Rostirolla, gestora de projetos da Regional Sinos, Caí e Paranhana do Sebrae; Heitor Klein, presidente da Abicalçados, e Dr. Felipe Menezes, professor e pesquisador da Universidade Feevale. Ao abrir o painel, Pedro destacou que Novo Hamburgo tem grandes potencialidades, mas também grandes desafios. Carolina Strack Rostirolla falou sobre o perfil econômico de Novo Hamburgo e região. Ela comentou que o Sebrae possui um comitê com o intuito de desenvolver a cidade. Segundo a gestora de projetos, o PIB (Produto Interno Bruto) do Município corresponde a 2,42% do Estado. “Temos 28 mil empresas aqui, na maioria micro e pequenas, com faturamento de até R$ 4,8 milhões. Outras 461 empresas são classificadas como médias e grandes. É importante que entidades privadas junto ao município trabalhem ações de governo, políticas públicas para desenvolver as primeiras, porque elas representam 98% do núme-

ro total de empresas em Novo Hamburgo”. Desmembrando o perfil por setor, ressaltou que 79% são empresas de comércio e de serviços, o que comprovaria a desindustrialização. Em relação à potencialidade de consumo, os hamburguenses estão na 79ª colocação no ranking nacional e 5º lugar no estadual.

Compras do Poder Público O Sebrae informa que 21% das compras públicas de Novo Hamburgo são adquiridas de empresa do município, sendo 8,1% de micro e pequeno porte. “Aqui percebemos um potencial de fomento muito grande”, afirmou. Ela disse ainda que, indagada sobre o assunto, a prefeitura ressaltou que poucas empresas, apenas 20% do porte mencionado, estão cadastradas para poder fornecer a eles. E que já há um edital específico para essas empresas. Sobre o perfil demográfico, Carolina apresentou que, em 2010, a população era estimada em 234 mil habitantes. E, em 2016, em cerca de 243 mil. “A pirâmide está se invertendo, porque a população está envelhecendo.” Ela explicou, ainda,

que o município tem um bônus demográfico, ou seja, há um maior número de pessoas aptas para trabalhar, com idade entre 15 e 64 anos. A gestora informou que o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese) calcula como está o desenvolvimento do município em relação aos critérios de renda, saúde e educação, levando em consideração 12 indicadores para a obtenção deste índice. “Novo Hamburgo está com um desenvolvimento médio. Segundo os dados apresentados, a nota da cidade é 0,74 (dados de 2015). Para ser considerado nível alto de desenvolvimento, deveria ter acima de 0,8. Comparando com o Estado, estamos abaixo da média. No Rio grande do Sul, a nota é 0,75 no mesmo período. Em relação aos outros municípios no Estado, a nossa posição é 242 no Idese”, detalhou. Ela comentou ainda sobre as várias ações que o Sebrae vem desenvolvendo em parceria com diversas instituições. “Precisamos unir esforços para conseguir avançar. Temos um movimento em prol do Vale, a governança corporativa para trabalhar o desenvolvimento com foco em empreendedorismo. Convido a todos a participarem”, terminou.

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Setor coureiro-calçadista

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eitor Klein, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), fez uma análise sobre a cadeira produtiva do couro e do calçado. Ele apresentou como se estrutura o sistema coureiro-calçadista brasileiro, com enfoque no Rio Grande do Sul. Segundo ele, não são dados isolados de Novo Hamburgo, mas representativos, já que a região englobada pelo Município apresenta uma produção que corresponderia a cerca de 60% do que é realizado no Estado e 30% no Brasil, desde os curtumes, componentes e máquinas, produção de insumos decorrentes destas atividades e a fabricação de calçados em último lugar. “Aqui é o coração da produção coureiro-calçadista do Brasil. Toda a inteligência do setor está assentada aqui, por conta das instituições e da tecnologia que temos. No RS, essa cadeia gera a exportação de 1,3 bilhão de dólares. A fabricação de calçados no Estado representa 81 mil empregos diretos, 13% dos empregos do total”, disse Klein. O presidente ressaltou que, em termos de RS, a cadeia está com 11% do PIB industrial e 17% do emprego. Já no cenário nacional, representa 2% do PIB e 4,2%

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do emprego. “Somos um grupo respeitável. É inegável a vocação industrial instalada nesta região. Qualquer movimentação que se refira ao desenvolvimento econômico necessariamente tem de levar em conta o referido setor”, falou. Heitor falou também sobre a séria crise econômica que afeta o País. “Um dos efeitos mais maléficos é o número de desempregados: 13 ou 14 milhões de pessoas. Mas, de fato, podemos dobrar os números, se considerarmos os desesperançosos, os que já desistiram de procurar emprego e as pessoas sub-empregadas. Para encontrar desenvolvimento que gere uma condição social aceitável, temos de levar em conta aqueles setores com alta capacidade de geração de empregos, porque isso significa geração de renda e uma rotação virtuosa da economia. É claro que a demanda não se cria por decreto. É preciso competitividade, esforço continuado das empresas no sentido de aperfeiçoar processos, gerar mais eficiência no processo de gestão das empresas e inserção internacional. Essa vocação se encontra nesta região. Não estamos alheios ao processo nacional. Isso implica esforço local, estadual e nacional”, reforçou.

A indústria 4.0

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pesquisador e professor da Universidade Feevale, Dr. Felipe Menezes, falou sobre Indústria Criativa: desafios e oportunidades - como as empresas de calçado podem se reinventar a partir da indústria 4.0. Felipe iniciou a apresentação explicando os processos pelos quais a indústria passou até agora, destacando os produtos manufaturados e os artesãos, a 1ª e a 2ª revolução industrial (novo jeito de fazer as coisas - padronização, linhas de produção), falou sobre a 3ª revolução industrial - automação e disse que, atualmente, vive-se a 4ª revolução, caracterizada pelos sistemas cyber-físicos-digital e que isso se comunica e acontece por meio de uma tecnologia, a internet. “Tudo é muito rápido. Estamos em uma mudança de era. Nascemos na era industrial (linear, segmentada, repetitivo e previsível). Replicamos este modelo industrial a toda nossa vida. Mas já estamos vivendo o oposto - a era digital: não-linear, conectados, imprevisível. Criam-se ideias, que são mais que produtos. Vivemos uma economia digital: reprodução perfeita, custo zero, entrega instantânea”, falou ao destacar a importância, por exemplo, das impressoras 3D. “As tecnologias evoluem em forma combinatória. Utilizando as impressoras 3D é possível fazer, por exemplo, casas, brinquedos, óculos, celular. As máquinas fazem exatamente o que está no projeto”, disse. Ele contou que essa tecnologia já está sendo empregada inclusive na impressão de solados de calçado, de forma experimental, pela empresa Adidas. “Estão estudando impressão em 4D, material com memória. As tecnologias evoluem. E muita coisa evolui em forma exponencial.”

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Perspectivas para o desenvolvimento econômico

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epresentante do Instituto Liberato, um dos apoiadores da iniciativa, Pedro Giehl agradeceu a participação de estudantes, empresários e cidadãos que esgotaram as inscrições para o seminário, bem com das associações que se uniram à Câmara como promotoras da atividade. Paulo Griebeler, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), uma das entidades parceiras, destacou que, embora more em Novo Hamburgo há quase quatro décadas, não havia visto um debate sobre o tema alcançar tamanha magnitude. “Isso enaltece o protagonismo do Legislativo hamburguense. Precisamos rediscutir recursos dentro do orçamento municipal, e para isso a Câmara será importante. Queremos construir um projeto coletivo. Agradecemos a oportunidade e colocamos o instituto à disposição de todos. Não queremos parar aqui. Queremos continuar o debate sobre o CIT (Centro de Inovação e Tecnologia) e o distrito industrial. Temos que ter em mente que não podemos criar uma sobreposição, mas, sim, complementar as iniciativas tecnológicas já imple-

mentadas”, salientou. O presidente da Câmara, Felipe Kuhn Braun, encerrou o seminário agradecendo às entidades pela adesão e aos painelistas por compartilharem seu conhecimento. “Concluímos um momento de grandes debates, a partir dos quais poderemos gerar os próximos passos. Novo Hamburgo é uma das cidades mais importantes do nosso estado. Cabe muito a nós, vereadores e cidadãos, realizarmos o debate e cobrarmos uma aliança para o desenvolvimento da região e, especialmente, da nossa cidade. Ontem e hoje nós construímos juntos. Agora, por melhor que tenha sido o debate, precisamos agir para que possamos evoluir”, ressaltou. O presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, Professor Issur Koch, pediu que o seminário sirva também para que as entidades participem ativamente da construção de mudanças no cenário econômico hamburguense, a fim de que sejam criadas políticas de estado. “Vocês podem ajudar a perpetuar ideias que morrem de quatro em quatro anos devido a ideais político-partidários.

Entendemos que o importante é o poder público não atrapalhar. A desburocratização é o melhor processo que podemos encontrar”, sinalizou. A vereadora Patricia Beck sugeriu a sistematização do debate a partir da criação de quatro fóruns permanentes organizados pela Câmara, abordando turismo, inteligência do calçado, inovação tecnológica e diversificação industrial. “Quero encaminhar isso para que possamos dar continuidade à discussão”, apontou. O presidente da Cofin, Enio Brizola, enfatizou a necessidade de dar conhecimento a todos os cidadãos sobre o processo da Indústria 4.0, que deve revolucionar o setor a partir da automação. “Sugiro incluir na nossa agenda esse debate, porque isso trará forte impacto na vida dos trabalhadores”, encerrou. A Câmara se debruçará sobre o conteúdo apresentado ao longo dos dois dias de seminário e aglutinará as informações coletadas em uma publicação, que deve ser divulgada em breve. O documento também apontará horizontes e caminhos de desenvolvimento para Novo Hamburgo.

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Casos de sucesso encerram o seminário O painel Os caminhos do desenvolvimento local: casos de sucesso foi a última exposição do seminário. Mediado por Pedro Roque Giehl, professor da Fundação Liberato; a gestora de Projetos e Inovação da Killing SA, Cenira Verona; o diretor

Presidente da empresa Orisol do Brasil SA, André da Rocha e o diretor da empresa Tente da Feevale Techpark, Vinícius Prado, demonstraram a um plenário lotado as práticas que levaram suas empresas e instituições ao sucesso.

Educação para a pesquisa O diretor da Fundação Liberato, Ramon Hanz Ramon Hanz, falou sobre a importância de se educar para a pesquisa e a inovação. “Nós introduzimos no ensino da Liberato a pesquisa por meio do método científico. Por ano, são cerca de 300 projetos desenvolvidos utilizando esta metodologia. Isso desperta no aluno a forma mais lógica e correta de buscar as respostas para suas dúvidas”, explicou. Cada curso da Fundação cria a sua própria metodologia e isso culmina com uma feira interna. “Apresentamos 120 projetos porque já há uma seleção. Alguns são escolhidos para participar da Mostratec, que somos nós que organizamos, mas que é uma feira internacional. Apenas 40 vagas são ocupadas pelos nossos projetos”, contou. Segundo o diretor Hanz, 36 mil pessoas fizeram pesquisas pelo mundo que resultaram em 470 projetos apresentados na última edição da Mostratec.

A trajetória da Killing A gestora de Projetos e Inovação da Killing SA, Cenira Verona, falou durante o painel sobre a trajetória e a experiência nacional e internacional da empresa. A Killing é uma indústria química com 55 anos de história em colagem e pintura. “O criador da empresa foi um empreender, justamente o que estamos buscando atualmente para nossa cidade”, comentou. Ela ex-

plicou que a Killing é diferenciada e que eles buscam reconhecimento por isso. “Temos 2.500 itens de portfólio, somos líder na fabricação de adesivos de sapato, estamos entre os dez maiores fabricadores de tintas do Brasil e também atuamos com tintas industriais”, ressaltou. Cenira destacou que uma das principais preocupações da empresa, há mais de 16 anos, é trabalhar com produtos ecologicamente adequados.

Experiência nacional e internacional da Orisol O diretor-presidente, Andre da Rocha, falou sobre a trajetória e experiência nacional e internacional da empresa Orisol no Brasil. Segundo ele, o hábito de questionar como as coisas são feitas sempre fez parte no dia a dia da Original Solutions. Ele enfatiza que a cultura brasileira é pela zona de conforto, e inovação não se faz assim. “Inovação é meio, não é fim. É um meio para melhorar a vida das pessoas. Precisamos entender como elas entenderão e se beneficiarão dos equipamentos que produzimos. Precisamos aprender pelo erro e pela rápida correção. Quando experimentamos, erramos mais do que acertamos, mas é nesse erro que aprenderemos. Temos muito para melhorar na educação no Brasil, mas nós temos evoluído nos últimos 30 anos”, disse.

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A experiência de reorganização produtiva e tecnológica O designer de produto, Vinícius Prado, diretor da empresa Tente, da Feevale Techpark, falou sobre a experiência de reorganização produtiva e tecnológica da empresa. Ele explicou que a Tente é uma start-up, iniciativa que surgiu a partir de uma experiência que teve com o filho, quando o desafiou a montar um calçado. “Nunca quis desenhar calçado. Resolvi focar em outras áreas, trabalhando branding, consultoria, design de serviço. Patenteei um calçado modular que a própria criança monta. Em 2016, incubamos o projeto no Feevale Techpark, onde temos os equipamentos que precisamos”, contou. Ele descreveu o processo de adesão de usuários ao projeto, que levou cerca de três meses. “Fomos simplificando o projeto para conseguir que uma criança pudesse montá-la. Depois disso, trabalhamos a questão do conforto do calçado, porque elas deixam de usar a partir do momento em que ele começa a apertar alguma parte do pé. Usamos parte do lucro para ensinar as crianças a fazer o bem, de forma que comprar um produto represente dar um passo na direção de um futuro melhor. Você compra o produto online, recebe em um envelope e monta o calçado, utilizando os ornamentos que preferir. Daí, um percentual da venda é revertido para instituições de caridade, o que ilustramos com o envio da foto de uma das crianças que são ajudadas nesse processo”, detalhou. Ele disse ainda que a pré-venda do calçado deve se iniciar em breve.

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