Mercado Vegano

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ANO 4 NÚMERO 39 JANEIRO 2010

ISSN 1980-0630

www.revistavegetarianos.com.br

Ferro

Piracanga

Dicas de alimentação para você suprir suas necessidades diárias

Um paraíso ecológico no litoral sul baiano

Medicina

integrativa Comida judaica

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receitas tradicionais em versão vegana

Médicos alopatas admitem os benefícios das terapias complementares. Entenda essa visão integral e a revolução que ela está fazendo nos tratamentos

Queijo, Amaranto sorvete, pizza... Tudo Tudo 100% vegetal. Conheça o mercado de produtos veganos nos EUA

sobre um dos cereais mais nutritivos do planeta


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Consumo

Mercado

Sucesso absoluto nos EUA e ascensão no Brasil

Por Fernanda Capobianco, de Nova York rasil: país conhecido por suas belezas e recursos naturais. Pela Amazônia, por ser uma terra rica com clima maravilhoso onde tudo que se planta se colhe. Um país conhecido também pelo culto ao corpo, à boa forma e à saúde. Não seria então esse o país perfeito para ser exemplo do veganismo no mundo? Infelizmente quando o assunto é alimentação vegana, o Brasil está em desvantagem se comparado ao mercado vegano dos EUA, por exemplo. Conheça aqui os mais

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Vegano

diversos produtos disponíveis na terra do Tio Sam, que vão desde marshmallow vegan à comida para cachorro. E saiba a opinião de especialistas do setor.

O VEGANISMO PARA OS IANQUES Em Nova York, encontra-se de tudo no Whole Foods Market. O supermercado é o paraíso de veganos e simpatizantes. Inaugurado no Texas,

em 1980, hoje possui uma cadeia nos EUA, na Inglaterra e no Canadá. Ele não é 100% vegano, mas quase todos os produtos são orgânicos, as embalagens são biodegradáveis, os caminhões de delivery são movidos a biodisel, 5% do faturamento é doado a entidades beneficentes, nas lojas há economia de água e utilização de materiais de limpeza ecológicos. Para se ter uma ideia, na seção de laticínios, são mais de 80 tipos diferentes de tofu. A Na soya, por exemplo, comercializa o famoso “queijo de soja” em oito variedades começando pelo


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StockXpert

extra firme chegando ao macio. Outros destaques também à base de tofu são os produtos da Tofutti, que comercializa cream cheese, queijo e sobremesas congeladas. Ela foi iniciada em 1970 pelo pioneiro David Mintz que, para agradar os clientes kosher em sua delicatessen, localizada em New Jersey (NY), começou a servir um estrogonofe em que o creme de leite foi substituído pelo tofu. “Percebi a necessidade porque os meus clientes não podiam misturar as duas proteínas animais”, contou Mintz. Atualmente a marca está avaliada em mais de US$ 20 milhões e exporta para diversos países, como Canadá, e seus produtos podem ser encontrados em mais de cem estabelecimentos diferentes. Ainda na seção dos laticínios do Whole Foods Market, estão os leites vegetais. Além do de soja (que também pode ser encontrado na versão achocolatado), estão à venda leite de amêndoas, de trigo, de aveia, de arroz e de coco de diversas marcas. A margarina vegetal da Hearth Balance é cremosa, macia e fonte de ômega-3. A marca também comercializa peanut butter (manteiga de amendoim) nos sabores de creme de amêndoas, amendoim cremoso e crocante. Já na seção de proteínas, a Tofurky é lider com seus produtos à base de tofu e perfeitos para festas tradicionais, como Natal, por exemplo. Entre as opções, “peito de peru” de tofu nas versões: assado para sanduíches, pastrami e defumado. Existe ainda a “salsicha” tipo italiana e, claro, o tradicional tempeh – vendido nos sabores picante, marinado com alho e gergelim, curry com coco ou ainda limão com pimenta. Um pouco mais adiante, na seção das guloseimas, as ofertas são tentadoras. Para o desespero dos veganos que querem manter a boa forma, elas são muitas e deliciosas. Entre elas, a Sweet and Sara é a marca de marshmallow criada por Sara Sohn em 2006, quando todos os especialistas no assunto diziam que era impossível fazer um marshmallow sem nada de origem animal. O “milagre” é vendido nos sabores baunilha, canela, coco tostado, amêndoas com chocolate e nozes. E pode ser encontrado nas estantes da maioria dos supermercados norte-americanos e ainda na Austrália e no Canadá. Outro campeão de venda é o egg replacer – produto que substitui os ovos em receitas de bolos e suflês. Feito à base de tapioca, a invenção da Ener–G está à venda

...é mais difícil tomar decisões quando se trata de produtos veganos, pois há poucos dados estatísticos a respeito desse mercado. Ryan Bennett, da empresa Daiya inclusive na América Latina. Mas somente no Peru e em Porto Rico. Além do substituto ao ovo, o site da Ener-G (www.pangea.com) também comercializa produtos prontos como cookies, pães e massas.

RECEITA PARA O SUCESSO Falando sobre todos esses produtos, parece que basta o produto ser vegano para ele se tornar resultado de sucesso. No caso da Daiya, que confecciona queijo vegano à base de mandioca e que está há oito meses no mercado, o crescimento no capital da empresa veio com o tempo de dedicação.“Tivemos um enorme investimento de esforço e capital. O nosso produto requer equipamentos muito especializados e foi difícil encontrar o local ideal para montarmos a nossa operação”, contou Ryan Bennett, um dos representantes da marca. “Também é mais difícil tomar decisões quando se trata de produtos veganos, pois há poucos dados estatísticos a respeito desse mercado”, completa. As dicas de Ryan para novos empreendedores? “É fundamental um bom produto, disposição para correr riscos e estar cercado das pessoas certas”, aconselha. “A comunidade vegana tem nos dado extremo apoio, retorno e coragem”, disse o representante da marca que está presente em todos os Estados norte-americanos e no Canadá.

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Negócio certo: pizza da marca Daiya, que buscou apoio na comunidade vegetariana para lançar o queijo vegano


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Consumo

Se o negócio não tiver uma alma, ele não se sustenta, desaparece, pois os clientes não compram. Thina Izidoro, chef vegana

Divulgação

Stogo: sorveteria nova-iorquina faz sucesso com seus mais de 30 sabores da sobremesa em versão vegana

Mas coragem para lançar um produto vegano não é tudo. A qualidade também faz toda a diferença. Gene Stone, dono da marca de sorvetes e sorveteria Stogo, concordou com a prioridade no quesito sabor. “O produto tem de ser delicioso independentemente de quão politicamente correto e quantas vidas de animais foram salvas”, comenta Gene. Pensando assim, ele contratou o especialista, consultor da famosa marca de sorvetes Haagen Dazs para a sua empreitada. O resultado são mais de trinta sabores a base de soja, leite de coco e cânhamo que fazem sucesso na 2nd Avenue, em Nova York. Tanto Gene quanto Ryan, da marca de queijos Daya, destacaram ainda que além de veganos, seus clientes são, na maioria das vezes, alérgicos ou intolerantes aos derivados de leite. E todos eles sabem bem o que querem. Opinião dividida por proprietários de restaurantes brasileiros, como Thina Izidoro, do Vegan Vegan e Veganachacara, ambos no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Há 30 anos no mercado, Thina afirma que é preciso também criatividade para manter clientes tão exigentes. “Os nossos clientes são bem informados e isso nos obriga a ser mais criativos do que os restaurantes tradicionais, além de priorizarmos os orgânicos”, afirmou. “Se o negócio não tiver uma alma, ele não se sustenta, desaparece, pois os clientes não compram”. Para Guilherme

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Benathar, que inaugurou seu primeiro restaurante vegetariano em 1975, também no Rio de Janeiro, quem pretende investir tempo e dinheiro em um negócio vegetariano precisa ter certeza absoluta da decisão tomada. “Não basta ser um comerciante vegetariano, você deve acreditar no negócio”, comenta Guilherme. “É como uma escolha de vida”, reitera Thina. Em relação aos produtos veganos encontrados no mercado brasileiro, Thina lembra que esse nicho vem crescendo cada vez mais: “Encontramos mortadela de soja, creme de leite e leite de aveia importado. Na Ecobras é possível encontrar tofu nas formas de cottage, defumado e pastas”. Outra marca que também só comercializa produtos sem nada de origem animal é a Superbom. São proteínas de soja ao molho madeira, salsicha e almondega vegetal. “Há bastante variedade de soja, cogumelos, algas marinhas, quinua e feijões, os dois itens mais procurados pelos clientes”, completa Thina. Além do crescente, porém ainda tímido, número de marcas vegetarianas no Brasil, é também evidente uma busca por selos de certificação que garantem a origem do produto. Guilherme Benathar, que hoje comanda o Refeitório Orgânico e a Luz do Sol, lanchonete inaugurada recentemente em Copacabana, lembra que na década de 70 a produção era artesanal. “Alguns hippies produziam artesanalmente e vendiam seus produtos sem registro. Hoje a demanda é enorme e há vários produtos nos supermercados com selo da ABIO – Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro –, por exemplo.”Outros selos procurados nas mercadorias são os “gluten free”, ou seja, aqueles que não contêm glúten (proteína do trigo).“Muitas pessoas chegam aqui com intolerância ao glúten”, conta a chef Thina Izidoro. O que resultou em um número maior, principalmente, nos EUA, de mercadorias como pães, massas e bolos com esse tipo de selo. Outro certificado, o fair trade (comércio justo), surgiu há três anos nos EUA e vem crescendo rapidamente. Representando atualmente 1% do mercado e garantindo que não haja trabalho escravo nas empresas fabricantes de produtos como cacau, chocolate, açúcar e café. Está mais do que comprovado que atualmente para abrir um negócio vegano no Brasil ou no exterior, não basta haver consciência ecológica, sustentável e ética animal. É essencial ter profissionalismo e informação. Os consumidores de hoje, sejam eles veganos, vegetarianos ou não, querem encontrar produtos saudáveis e de qualidade confeccionados por empresas conscientes. E não se restringem aos hippies de antigamente. É um mercado promissor e emergente. Ryan Bennett, da marca Daya, dá sua receita de sucesso: “Se o produto for bom e consistente, não somente vegetarianos e veganos, todos irão amar”.


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