Revista Aprendiz 4

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APRENDIZ Revista

Ano 4 Número 4 Junho/2018

ISSN 2526-8317

APRENDIZAGEM PROFISSIONAL Desafios e perspectivas

EXPERIÊNCIAS

Pedagógicas, Empresariais e Projetos

ETERNO APRENDIZ ATUALIDADES E AVANÇOS

Aprendizagem e trabalho infantil CEDICA: Aprendizagem e desafios contemporâneos SRT/RS: Fiscalização Eletrônica da Aprendizagem


Expediente

Ano 4 - Nº 4 - Junho de 2018 A Revista Aprendiz é um dos veículos oficiais de comunicação da Aprendizagem Profissional no Rio Grande do Sul, representada pelo Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional - FOGAP, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego. Tiragem de 1000 exemplares. Periodicidade anual ISSN 2526-8317 Superintendência Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul Antônio Carlos Fontoura Coordenação da Aprendizagem no Rio Grande do Sul AFT Denise Natalina Brambilla González FOGAP Coordenação AFT Denise Natalina Brambilla González Secretaria João da Luz e Livia Menna Barreto Comissão de Comunicação João da Luz Livia Menna Barreto Lucas Costa Roxo Paulo Antonio Panno Franciele Biscarra Geraldo Antônio Both Janaina Santos Letícia Vargas Warner Floriano Corrêa

Conselho Editorial Livia Menna Barreto Lucas Costa Roxo Paulo Antonio Panno Simone Ledesma de Quadros João da Luz Letícia Vargas Warner Floriano Corrêa Janaina Santos

Jornalista Responsável Paula Martins Projeto gráfico e editoração Evandro Marcon - marcon.brasil Comunicação Direta contato@marconbrasil.com.br

Impressão Gráfica Calábria Publicação da

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO DO RS

Av. Mauá,1013 - 4 andar - sala 407 - Centro Histórico 90010-110 - Porto Alegre - RS

Contato FOGAP www.forumgauchoap.com.br

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Os artigos são de responsabilidade dos seus respetivos autores.


4 Denise Brambilla González

Em foco

5 Ações do FOGAP

movimentaram a aprendizagem profissional em 2017

7 Fórum de Aprendizagem Profissional é instituído na Serra Gaúcha

Entrevista

8 A ascensão da

Artigos

24 O Papel da Rede Socioassistencial no Combate ao Trabalho Infantil

25 Insegurança pública e um olhar para a origem do problema!

26 A Gamificação

como forma de inovação no Ensino

27 Aprendizagem

Profissional da Pessoa com Deficiência Intelectual: a importância do estágio e do apoio familiar

Aprendizagem Profissional

28 Lei da aprendizagem:

pode fazer toda a diferença

29 Aprendiz Hoje,

9 Uma oportunidade que 10 A importância do

Programa Jovem Aprendiz

FOGAP

11 Entidades integrantes

do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional

Atualidade e avanços

19 Aprendizagem

Profissional: educação que garante trabalho digno

20 Aprendizagem

Profissional X Fiscalização Eletrônica da Aprendizagem

21 A obrigatoriedade

constitucional da contratação de aprendizes entre 14 e 18 anos

22 Aprendizagem e trabalho infantil

23 Aprendizagem

Profissional, desafios contemporâneos

conhecer para crescer Profissional Amanhã, Ação eficaz!

30 Socioaprendizagem:

Experiências pedagógicas

33 Curso de qualificação profissional no Calábria prepara jovens para o mundo do trabalho

34 Adolescentes do

Programa de Aprendizagem Acompar no Beto Carrero

35 Sarau como

ferramenta pedagógica

36 Inclusão x

Profissionalização: Habilidades e Competências encobertas pelo capacitismo

47 Roda de conversa sobre direitos humanos e um mês do caso Marielle Franco

Experiências Empresariais

48 Aprendizagem aos

abrigados: uma iniciativa de múltiplos ganhos

49 Aprendizagem

você conhece?

Processo de Avaliação: Sistema de Avaliação Pescar do Jovem

Experiências de Projetos

41 A importância

sonhos e realidade

do conhecimento

38 Protagonismo no

protagonismo juvenil

Agravos à saúde e riscos

32 Um blog de

46 Construção cooperativa

37 Liderança e

39 O Outro Lado das Ruas 40 Parceria com

Qualificação

Aprendiz Nexteer - PJAN

profissional para os adolescentes acolhidos institucionalmente

ampliação de parcerias e de oportunidades para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social

31 Trabalho Infantil:

45 Programa Jovem

50 Papo de Responsa: Eterno Aprendiz

51 Mais próximo da realidade

51 Incentivo à permanência do jovem no campo

Multinacional

52 Aprendizagem

da aprendizagem na inserção dos surdos no mercado de trabalho

52 Vivência como

42 O processo de

aprendizagem com o Design Thinking

43 Inserção no mundo do trabalho na Feira de Oportunidades Projovem Adolescente

44 Os cursos técnicos

da Fundação Bradesco: a contribuição dos cursos e o desenvolvimento de projetos auxiliando na colocação profissional

Índice

Editorial

Setrem auxilia jovem no primeiro emprego Jovem Aprendiz

53 Constante

aprendizagem!

53 A oportunidade do outro lado da fronteira

54 Com a primeira

oportunidade, descobri minha profissão

54 Jovens Voluntários Registro

55 Atividades do FOGAP

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Editorial 4

Denise Brambilla González

Q

ueridos Amigos da Nesse sentido, é com muito entusiasmo que Aprendizagem, anuncio a sequência dessa concretude. Já Verificamos ao longo dos anos que a Apren- estamos na nossa IV Edição. Essa proposta dizagem Profissional começou com o Sr. Lutem sido um trabalho protegido. Tudo aquilo cas Costa Roxo, membro do Fórum Gaúcho em que investimos se da Aprendizagem Protorna bem-sucedido, fissional (FOGAP), que e mais, abre caminho a lançou numa reunião para outros desafios. plenária. A ideia inicial Necessitando cada era termos um docuvez mais de pessoas mento que informasse conectadas, parceiras, com mangas arregaça- os trabalhos e eventos do FOGAP, a fim de das para que o sonho que fosse lançado na inicial se concretize e Feira do Livro de Porto possibilite conexões Alegre. Ocorrida a ainda mais eficientes. Feira, com o lançamento da Primeira Edição, Tornou-se importano projeto foi tomando te a energia de cada corpo num crescente um nesse processo até se transformar na para mantermos vivo Revista Técnica que o compromisso de avaliar constantemente hoje se apresenta. novas oportunidaSeguimos aprimorando des que tragam mais benefícios. Estão repre- nossa missão de aprosentadas nesta Revista ximar pessoas. Pode-se APRENDIZ um pouco observar a cooperadas ideias e concretiza- ção que existe entre a Superintendência ções de cada entidade Regional do Ministério formadora, de cada do Trabalho, as empreempresa, bem como o protagonismo dos nos- sas que acreditam na Aprendizagem Profissos jovens, sendo que é para eles que dedica- sional, e as entidades mos toda a nossa luta e formadoras de Aprendizagem Profissional. conquistas.

Denise Brambilla González Auditora Fiscal do Trabalho Coordenadora da Aprendizagem no Rio Grande do Sul

Enfim, a sinergia de forças de toda sociedade civil e órgãos públicos envolvidos nessa caminhada. Esses são os resultados de um trabalho minucioso que fizemos, potencializando ao máximo nossa eficiência no que atine ao encaminhamento dos jovens, atendendo aos interesses e atividades das empresas, com vistas a tornar a sociedade mais completa nos assuntos e anseios de sua juventude. Esta edição é cheia de novidades e mos-

tra as boas mudanças pelas quais também passamos. Atualmente, a Aprendizagem Profissional ocupa um lugar fundamental na sociedade. Porém, precisamos trabalhar juntos - governos, autoridades, Serviços Nacionais de Aprendizagem, Escolas Técnicas, Entidades Formadoras, sindicatos, empresários e outros - visando difundi-la, tornando-a ao alcance de todos.

Um brinde e uma boa leitura.


Em foco

Ações do FOGAP movimentaram a aprendizagem profissional em 2017 O ano de 2017 foi um ano de intensa movimentação por parte do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional, com a realização das reuniões de Coordenação e Plenárias, atividades envolvendo visitas, concursos e eventos.

Em foco

- De 26 de agosto a 3 de setembro, a Unidade Móvel da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego/RS esteve na Expointer para esclarecer e informar sobre o combate e erradicação ao trabalho infantil e apresentar as políticas de aprendizagem profissional, com a participação das instituições que constituem os Fóruns.

- No dia 12 de junho, no Teatro Murialdo, em Caxias do Sul, ocorreu o 5º Seminário de Aprendizagem Profissional no Combate e Erradicação do Trabalho Infantil no RS. O objetivo foi o de ampliar o debate da aprendizagem profissional e a inserção dos jovens no mundo do trabalho. Com o lema, “Oportunidade que Transforma", o evento destacou a importância da aprendizagem profissional como política pública que aponta perspectivas de autonomia e de emancipação, na medida em que cria oportunidades para o público jovem desenvolver habilidades e integrar-se no mundo de trabalho e também no combate ao trabalho infantil, no qual a aprendizagem está inserida. - No dia 5 de julho ocorreu o lançamento do FOGAP da Canção em Parobé. Foram realizadas visitas nas empresas Calçados Bibi e Bottero, para conhecer os projetos de aprendizagem e, na fábrica da Bibi foi feito o plantio de uma árvore, para marcar a ida do FOGAP no local.

- No dia 29 de agosto, no Palco da Expointer, houve espaço para uma série de apresentações culturais realizadas pelos jovens de várias entidades formadoras, com objetivo de divulgar o importante trabalho da Aprendizagem e da Erradicação do Trabalho Infantil.

- No dia 18 de setembro, no Acampamento Farroupilha, ocorreu a 2ª Ação Social no Combate e Erradicação do Trabalho Infantil, com a inserção na Aprendizagem Profissional no Rio Grande do Sul. Uma rodada de apresentações culturais de jovens de várias entidades formadoras foi realizada no palco do evento, com o objetivo de divulgar o importante trabalho da Aprendizagem e da Erradicação do Trabalho Infantil.

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Em foco

- Nos dias 30 e 31 de outubro, no Shopping Bourbon Wallig, ocorreu a II Feira da Aprendizagem Profissional do Rio Grande do Sul, com o tema “Aprendizagem: aprimorando a profissionalização e combatendo o trabalho infantil”. O evento teve a participação das entidades formadoras da Aprendizagem Profissional e de empresas que estão cumprindo a Lei de Aprendizagem, convidadas pelo FOGAP. Ao final do evento, as empresas e entidades formadoras participantes tiveram o reconhecimento do Selo Gaúcho da Aprendizagem. A II Feira da Aprendizagem foi direcionada para jovens e adolescentes da rede pública de ensino municipal e estadual, aprendizes, empresas convidadas, instituições formadoras de aprendizagem profissional e público em geral.

- No dia 12 de novembro, dentro da programação da Feira do Livro de Porto Alegre, foi feito o Pré-Lançamento do Livro que contêm os trabalhos de Prosa, Verso, Imagem e as letras do Fogap da Canção, que garantiu destaque cultural de dezenas de trabalhos por jovens aprendizes do Estado. - De 19 a 24 de novembro, o Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional recebeu uma delegação estrangeira que veio conhecer a aprendizagem profissional e as campanhas de erradicação do trabalho infantil que vêm sendo realizadas no Rio Grande do Sul. A delegação coordenada pelo Ministério do Trabalho, Ministério das Relações Exteriores, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores contou com representantes de sete países: Paraguai, Peru, Jamaica, Mali, Tanzânia, Moçambique e Miamar. Acompanhou a Delegação Estrangeira, a Auditora Fiscal do Trabalho, coordenadora da Aprendizagem do RS e coordenadora geral do FOGAP e Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Dra. Denise Brambilla González. Na oportunidade, visitaram e conheceram vários projetos nos municípios de Porto Alegre, Parobé, Caxias do Sul e Santa Cruz do Sul. - No dia 20 de novembro, ocorreu em Parobé, o FOGAP da Canção, com uma grande manifestação cultural, que contou com a presença de sete delegações estrangeiras. Ao final do evento foram premiados os melhores do Festival.

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Fórum de Aprendizagem Profissional é instituído na Serra Gaúcha Iniciativa visa estimular o aumento na contratação de aprendizes em 43 municípios

Segundo maior polo metalmecânico do país, a região de Caxias do Sul conta com uma iniciativa para estimular a contratação formal de jovens pelas empresas. O Fórum de Aprendizagem Profissional da Serra Gaúcha foi instituído pela Portaria nº 79, publicada no Diário Oficial da União em 31 de janeiro. A medida vai beneficiar a juventude de 43 municípios da gerência regional do Ministério do Trabalho (MTb), e podem participar organizações não governamentais, entidades formadoras, empresas, sindicatos, conselhos municipais e estaduais e poder público. Na região, 10 mil vagas deveriam ser ocupadas por jovens de 14 a 24 anos, mas apenas metade está preenchida. Em Caxias do Sul, maior município do território, enquanto a exigência legal é de 4,5 mil jovens, há somente 2,8 mil contratados, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Desde 2016, um grupo de trabalho vinha se reunindo mensalmente para viabilizar a iniciativa do Fórum. Por meio dessa ação, foi possível realizar eventos de mobilização social. Em duas oportunidades, na Prefeitura de Caxias do Sul, ocorreram feiras focadas na aproximação entre instituições formadoras e empresas. O primeiro encontro, em agosto de 2017, mobilizou nove entidades formadoras e cerca de 100 participantes do município. Em abril de 2018, a segunda edição reuniu oito instituições e cerca de 60 representantes de em-

presas de Vacaria, Antônio Prado e São Marcos.

A equipe também atuou na organização local do 5º Seminário de Aprendizagem Profissional no Combate e Erradicação do Trabalho Infantil do RS, em junho de 2017. Além disso, a página da Prefeitura de Caxias no Facebook disponibiliza espaço para um Mural de Vagas. Editado pela Coordenadoria da Juventude do Município, a publicação divulga as informações de abertura de vagas em cursos ofertados pelas instituições participantes do Fórum. Aprendizes desenvolvem marca Os jovens Ana Carolina Zardin de Lima, Eduarda de Almeida, Gustavo Santos Cunha e Milena dos Santos Gomes, do curso de Aprendizagem Industrial Básico em Arte Finalista, do Centro de Formação Profissional SENAI Nilo Peçanha, foram desafiados à construir um logotipo para o Fórum. O grupo, orientado pelo prof. Rafael Rodrigo Cremonini, desenvolveu o trabalho a partir de pesquisas com informações sobre o produto, objetivos, público alvo e qual a mensagem que a imagem representa. Baseados nisso, os aprendizes esboçaram desenhos e as melhores ideias foram aplicadas com cores, tipografia e disposições diferentes. Por Lucas Guarnieri, Jornalista e titular da Coordenadoria da Juventude da Prefeitura de Caxias do Sul. Fotos Mateus Argenta

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Entrevista

A ascensão da Aprendizagem Profissional “A Fase é uma etapa na vida desse jovem, quando se busca mostrar para ele outras oportunidades de futuro.”

Maria Helena Sartori de aprendizagem gerando vagas, ofereceremos oportunidades de um novo futuro aos jovens.

Primeira Dama do Estado do Rio Grande do Sul.

A mobilização e o engajamento de diversos atores têm favorecido a socioaprendizagem na Fase. Quais os benefícios para os adolescentes em medidas socioeducativas de internação e de semiliberdade e para as suas famílias?

Quando um jovem chega a uma situação de medida socioeducativa, certamente já vem de várias vulnerabilidades. Muitos estão fora da escola, podem precisar de tratamento de saúde e ter rompido vínculos familiares. Assim, sua recuperação conta com os serviços dos técnicos, dentro da Fase, bem como a articulação dos serviços da assistência social, inclusive para a família, educação e saúde.

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A Fase é uma etapa na vida desse jovem, quando se busca mostrar para ele outras oportunidades de futuro. Enquanto estão na Fase, quase todos estão na escola e têm serviços de saúde além de atendimento psicológico. Estamos preparando os jovens para quando saem da Fase, inclusive oferecendo capacitação profissional ainda durante a internação, através de uma parceria com o CIEE. Capacitados são encaminhados para vagas de aprendiz, já remunerados. Aí entram outros atores fundamentais - as empresas. Se as empresas cumprirem suas cotas legais

A integração de adolescentes e jovens ao mercado de trabalho formal, na condição de aprendiz, precisa de avanços no Rio Grande do Sul para ampliar o atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social e com deficiência. O que está sendo pensado pela Secretaria?

Temos uma parceria importante com o CIEE RS voltada à reinserção dos jovens egressos da Fase por meio de vagas de aprendiz. Nossa previsão é de inserção de 1100 jovens em todo o RS. Também buscamos a inserção dos jovens atendidos nos Centros da Juventude, que são capacitados através de cursos profissionalizantes e inseridos em programas de microcrédito, e aqueles com deficiência. Além da essencial atuação da FGTAS e do Ministério do Trabalho na sensibilização e fiscalização, temos buscado que o próprio Governo do Estado dê o exemplo seja ofertando vagas de aprendiz seja oportunizando estágios práticos. Também temos buscado a parceria dos municípios e empresas locais. Qual a sua avaliação e como as Feiras de Aprendizagem e os Seminários de Aprendizagem Profissional têm contribuído para a projeção do tema?

As Feiras e seminários são fundamentais para a mobilização. Nesses eventos as empresas podem conhecer melhor as vantagens que têm em contratar jovens, as ofertas de capacitação profissional existentes, mobilizando para o cumprimento das cotas de aprendizagem. Também aos jovens são apresentadas

as oportunidades existentes, como funciona o programa e a sua chance de entrar no mercado de trabalho. Como o setor público pode favorecer a oferta de oportunidades de aprendizagem?

As empresas estatais, como todo o setor produtivo, têm obrigação legal de gerar vagas de aprendiz. São mais de 800 vagas ofertadas nas estatais. A humanização e a ressocialização são uma das suas bandeiras como Secretária. Quais as questões que os futuros candidatos precisam responder para dar conta dos desafios da aprendizagem profissional, com perspectivas e avanços?

Quem tem oportunidade constrói um novo futuro. E isso não é trabalho só do governo do Estado mas de todos. Um dos papéis indispensáveis sobre os quais os governos devem se debruçar é a articulação das redes, mobilizando a todos, prefeituras municipais com redes de assistência, saúde, esporte e cultura, entidades sociais, as empresas oferecendo vagas. As famílias também têm papel fundamental acolhendo e apoiando o jovem em sua nova chance. Veja o nosso programa POD (Programa de Oportunidade e Direitos)Socioeducativo. Aumentamos as vagas, que eram 180 somente em Porto Alegre e Santa Maria, para até 1100, atendendo jovens em todo o estado. O programa oferece apoio psicossocial para o jovem e sua família, capacitação profissional e encaminhamento para vagas de aprendizagem. Enquanto o jovem se prepara para a vaga recebe uma bolsa auxílio do estado, desde que esteja estudando e frequentando as atividades do programa.


O CIEE RS, que é a entidade parceira executora do POD, tem buscado fortalecer parcerias com os poderes municipais para que auxiliem a reinserção dos jovens retornando para suas famílias. Temos buscado as famílias com Dia das Mães, Cabide Solidário, atendimentos individuais. As redes de educação, garantindo vagas nas escolas, de assistência, apoiando o jovem e sua família, e de saúde, somadas certamente permitirão reinserção desses jovens. Cabe ao governo um papel de construir programas que somem esforços. Cada um fazendo a sua parte, vamos construir um novo futuro. Como o Estado e a sociedade em geral pode auxiliar para alavancar a socioaprendizagem e o desenvolvimento social da comunidade?

Os jovens são o nosso futuro. Subtrair oportunidades a eles é comprometer não somente o futuro deles mas o de toda a sociedade. Se uma comunidade quer pensar em seu futuro, deve pensar em como

está educando e cuidando dos seus jovens desde sua primeira infância, com o PIM e, mais recentemente, o Programa Criança Feliz. Crianças que participaram do PIM (Primeira Infância Melhor)/Criança Feliz têm melhor desenvolvimento e apresentam melhor desempenho escolar.

comunidade escolar, fazendo com que zele pelo ambiente escolar; e proporcionando que estas parcerias auxiliem no trabalho de combate e prevenção dos acidentes e violência na escola, mas especialmente atuem na formação de valores éticos e de solidariedade.

Depois as escolas recebem as crianças e devem se preocupar também com ações para reduzir a violência e ensinar a cultura da paz, fortalecendo vínculos e evitando evasão. Para isso as escolas têm como aliado as Cipaves (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar), que busca orientar a comunidade escolar sobre as mais diversas situações que podem ocorrer no ambiente escolar, para que juntos possam identificar situações de violência e acidentes para planejar e recomendar formas de prevenção; formar parcerias com entidades públicas para auxiliar no trabalho preventivo; estimular a fiscalização por parte da própria

A assistência social, assim como a rede de saúde, é essencial no apoio em situações de extrema vulnerabilidade muitas vezes identificadas pelos professores. Da mesma forma, a organização dos fundos municipais de apoio a criança e ao adolescente, com a campanha Escolha o Destino, pode viabilizar diversos projetos sociais voltados às mais variadas necessidades, fazendo suas campanhas de conscientização para a destinação do Imposto de Renda devido. E o setor produtivo que, dando uma oportunidade de aprendizagem vai se surpreender com a capacidade inovadora da juventude - essencial no mercado competitivo atual.

Uma oportunidade que pode fazer toda a diferença

Ministério do Trabalho mobiliza esforços para concepção e execução de iniciativas de Aprendizagem Profissional.

Helton Yomura

Ministro do Trabalho é natural do Rio de Janeiro e tem 37 anos. É graduado em Direito pela Universidade Veiga de Almeida e pós-graduado em Direito da Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense.

Uma oportunidade. Com frequência, isso é o bastante para que uma pessoa consiga desenvolver seu potencial e ocupar seu espaço no mundo do trabalho. Em muitos casos, é o que evita que uma vida se perca. A Aprendizagem Profissional, em essência, é isto: uma chance de trabalho e uma porta para o mercado, que proporcionam o descortinar de um caminho laboral e de vida, sobretudo para aqueles jovens mais vulneráveis. A Aprendizagem é um conceito e uma prática de que todos se beneficiam. O Brasil fechou 2017 com 387.167 jovens aprendizes contratados, confor-

me a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Destes, 203.654 eram homens e 183.137 mulheres. Já os setores que mais absorveram essa força de trabalho foram Serviços e Indústria. A Aprendizagem Profissional foi instituída pela Lei 10.097/2000 e entrou em vigor após ser regulamentada pelo Decreto 5.598/2005. O texto determina que sejam contratados jovens de 14 a 24 anos, matriculados em escola ou curso técnico. Não há limite de idade no caso das pessoas com deficiência. A remuneração é proporcional ao número de horas que o aprendiz trabalha, e a base é o salário mínimo.

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No Ministério do Trabalho, a Aprendizagem Profissional conta com o compromisso de todos. No dia 3 de abril, o Fórum Nacional de Aprendizagem Profissional (FNAP) aprovou, em reunião na sede do Ministério do Trabalho, em Brasília, o novo Plano Nacional de Aprendizagem Profissional (PNAP), que estabelece nove ações para que a Aprendizagem Profissional seja ampliada e fortalecida no Brasil. O novo PNAP terá vigência de 2018 a 2022, com a meta de alcançar um aumento de 10% anual no número de aprendizes admitidos em todo o país, utilizando para o cálculo a quantidade de aprendizes admitidos de acordo com os registros do Ministério do Trabalho – Relação Anual de Informações Sociais (Rais), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ou eSocial. Fazem parte do FNAP o Governo Federal, entidades formadoras, representantes dos empregados e empregadores, sociedade civil, conselhos e Ministério Público do Trabalho, com o apoio técnico da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Entre as ações previstas no PNAP estão a criação de lei que torna obrigatória a contratação de aprendizes na administração direta, promoção à integração ao mundo do trabalho para fortalecimento da aprendizagem profissional de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, estabelecimento de diretrizes para orientar as entidades qualificadoras na oferta de programas e o desenvolvimento de estratégias de benefícios fiscais para estimular a contratação de aprendizes pelas empresas.

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No Ministério do Trabalho, estamos dispostos a alavancar parcerias que resultem em mais benefícios para os jovens. A integração de novos profissionais, hoje, é o que garante a presença de profissionais qualificados no mercado, amanhã. Mais que isso, a contratação de jovens na condição de aprendizes contribui para aprimoramento da cidadania e, portanto, para a evolução da sociedade. O que se pede, em essência, é isto: uma oportunidade.

A importância do Programa Jovem Aprendiz "A sabedoria e o conhecimento, principalmente na área profissional, requerem estímulos, auxílio e uma mão amiga."

Diretor de Trabalho, Emprego e Renda Prefeitura de Porto Alegre. leandro.balardin@portoalegre.rs.gov.br

Leandro Tittelmaier Balardin A legislação que ampara o programa Jovem Aprendiz está em vigor há mais de 18 anos, já passou da maioridade, embora a Lei 10.097/2000 somente tenha sido regulamentada em 1º de dezembro de 2005. Assim, temos mais de 12 anos com uma das mais ricas normas que vieram para alicerçar, fortalecer, enriquecer e qualificar os jovens trabalhadores de hoje e do futuro. Os efeitos e a importância de um curso de aprendizagem profissional na vida de um jovem são imensuráveis. Podemos nascer com alguns dons, mas a sabedoria e o conhecimento, principalmente na área profissional, requerem estímulos, auxílio e uma mão amiga. É louvável e merecem reconhecimento todas as instituições executoras do programa, bem como as empresas que buscam informações e desenvolvem a Aprendizagem Profissional. Essas, geram milhares de oportunidades e empregos, qualificam e capacitam o futuro da mão de obra que toca um país. As empresas que ainda não aderiram ou não aplicam a legislação da Aprendizagem Profissional em seus estabelecimentos, fica o convite. Nunca é tarde para fazer cumprir e fazer valer o papel de responsabilidade social. Quando maior a adesão, maior o número da

oferta de cursos e de inserção de pessoas no mundo do trabalho. A riqueza de um país e o seu crescimento se dá pelo uso dos seus recursos de produção: capital, tecnologia, natureza, empreendedorismo e trabalho. Não há dúvidas quanto à importância de cada um deles, mas, o trabalho se destaca por fornecer o sustento do indivíduo e de sua família, a interação com o meio social e o desenvolvimento próprio como ser humano e produtivo. Vale lembrar Benjamin Franklin, quando diz “o trabalho dignifica o homem”, o que é uma verdade. Sentir-se útil, respeitado, valorizado e contribuir com uma causa maior contribui para a autoestima, realização pessoal e evolução do ser humano. Novas áreas de trabalho surgiram e vão continuar a surgir. Outras têm baixa demanda ou estão em extinção. As vagas de trabalhos em alta hoje poderão não ser as mesmas no amanhã. Portanto, é necessário sempre que seja incentivada a qualificação profissional, em especial da nossa juventude. Por fim, neste contexto de profundas transformações ocorridas nas formas de trabalho e da estrutura do emprego ocorridas nos últimos anos, cada vez mais é importante reconhecermos, divulgar e incentivar os programas de Proteção a Crianças e Adolescentes e o Jovem Aprendiz.


O Ministério Público do Trabalho (MPT), um dos ramos do Ministério Público da União, é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do estado. O MPT tem autonomia funcional e administrativa e, dessa forma, atua como órgão independente dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Os procuradores do Trabalho buscam dar proteção aos direitos fundamentais e sociais do cidadão diante de ilegalidades praticadas na seara trabalhista. O MPT atua em oito áreas prioritárias: 1ª) Promover a igualdade de oportunidades e combater a discriminação nas relações de trabalho; 2ª) Erradicar a exploração do trabalho da criança e proteger o trabalhador adolescente; 3ª) Erradicar o trabalho escravo e degradante; 4ª) Garantir o meio ambiente do trabalho seguro e saudável; 5ª) Eliminar as fraudes trabalhistas; 6ª) Combater as irregularidades na administração pública; 7ª) Proteger o trabalho portuário e aquaviário; 8ª) Garantir a liberdade sindical e buscar pacificar conflitos coletivos de trabalho. Procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS), Victor Hugo Laitano

"Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo é a missão do Senac-RS, que contribui, há mais de 70 anos, para o desenvolvimento do setor terciário gaúcho. Braço educacional do Sistema Fecomércio-RS, capacitamos mais de 20 mil pessoas por ano, através do Programa Senac de Gratuidade – PSG. O objetivo principal do PSG é promover a inserção profissional, através de cursos de qualificação gratuita. As turmas de Aprendizagem Comercial envolvem os alunos em 1.110 horas de atividades curriculares, das quais 480 horas se referem à capacitação teórica e outras 620 à prática profissional supervisionada, realizada nas dependências da empresa. Todas as capacitações estão alinhadas às demandas do mundo do trabalho." Diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa

Como empresa pública preocupada com sua função social, os Correios participam do Programa Jovem Aprendiz há mais de 10 anos. Já foram mais de 13 mil jovens atuando em diferentes setores e unidades dos Correios no País. Somente no Rio Grande do Sul, 220 estudantes foram contratados pela empresa através do Programa no ano passado. Para o período 2018/2019, está prevista a contratação de mais de 600 jovens. Inseridos em equipes responsáveis por diversas atividades na empresa, os jovens têm a chance de vivenciar os desafios do mercado de trabalho ao mesmo tempo em que contam com o apoio de profissionais experientes para orientá-los. Por outro lado, a empresa também é beneficiada com o auxílio dos aprendizes na execução de tarefas e a partir da troca de ideias entre seus empregados e os jovens. Superintendente estadual de Operações dos Correios no Rio Grande do Sul, Romeu Ribeiro de Barros

Criado em 1942, com o objetivo de formar recursos humanos e promover o desenvolvimento e aprimoramento da indústria nacional, o SENAI é o maior complexo de Educação Profissional da América Latina. Atua na capacitação de profissionais e no aperfeiçoamento de produtos e processos industriais. Atua nas áreas de Alimentos e Bebidas, Automação, Automotiva, Celulose e Papel, Construção Civil, Couro e Calçados, Eletroeletrônica, Energia, Gemologia e Joalheria, Gestão, Gráfica e Editorial, Logística, Madeira e Mobiliário, Meio Ambiente, Metalmecânica, Metrologia, Mineração, Petróleo e Gás, Polímeros, Química, Refrigeração e Climatização, Segurança no Trabalho, Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Têxtil e Vestuário. Possui atualmente 25.000 matrículas na aprendizagem Industrial. O SENAI-RS capacita, anualmente, mais de 20 mil jovens. Diretor Regional, Carlos Trein

FOGAP

Atual Superintendente Regional do Trabalho, Antonio Carlos Fontoura, natural de São Caetano do Sul/SP, Administrador e Servidor Federal desde 2010. O Ministério do Trabalho possui como missão a promoção do trabalho, emprego e renda e ainda a garantia das condições dignas ao trabalhador, por meio de políticas públicas participativas e sustentáveis, para o bem individual e o desenvolvimento econômico e social do país. Busca o fortalecimento dos valores sociais, através da ampliação da inserção do cidadão no mundo do trabalho, o fomento de oportunidades de trabalho decente, emprego e renda. Integrando-se ao FOGAP com as demais entidades e atores sociais, visa também um ambiente de excelência para a inclusão produtiva, educativa, profissional e responsável dos nossos jovens.

Entidades integrantes do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional

Ministério do Trabalho

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FOGAP O Sescoop/RS é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, constituído sob o estatuto do serviço nacional autônomo. É integrante do Sistema Cooperativista Nacional e suas responsabilidades sociais evidenciam-se na ênfase conferida as atividades capazes de produzir efeitos socioeconômicos condizentes com os objetivos do Sistema Cooperativista. Entre as funções do Sescoop/RS destacam-se organizar, administrar e executar o ensino de formação profissional para as cooperativas; fomentar o desenvolvimento e promoção dos trabalhadores e dos associados das cooperativas; operacionalizar o monitoramento, a supervisão, a auditoria e o controle das cooperativas; programas voltados à capacitação para gestão cooperativa e promover a cultura e a educação cooperativa. www.sescooprs.coop.br/programas/aprendiz-cooperativo/ Presidente, Vergilio Perius

A Escola Técnica Mesquita possui 55 anos de existência. Tem como instituição mantenedora o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Porto Alegre e Região Metropolitana. Portanto, uma instituição concebida e construída pelas mãos e sonhos de trabalhadores. Atua em três eixos: Educação Profissional (Cursos Técnicos em Eletrônica, Mecânica, Automação Industrial, Informática e Sistemas de Energia Renovável) e os cursos de Qualificação Profissional; Programas e Projetos de Inclusão Social e Economia Solidária. Atendemos jovens aprendizes nos cursos de Atendente de Nutrição, Assistente Administrativo, Atendimento ao Público, Auxiliar de Manutenção em Elétrica e Eletrônica, Auxiliar de Manutenção de Máquinas em Geral. Já concluíram os cursos de aprendizagem cerca de 2.000 jovens. Diretor, Jurandir Damin

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O SENAR-RS atua com Aprendizagem Rural desde 2004, oferecendo, de maneira gratuita, o Programa Jovem Aprendiz, que varia de 400 a 1200 horas de ensinamentos focados na formação profissional rural. Nesses 13 anos de duração, o Programa JovemAprendiz formou mais de 1900 jovens cotistas, distribuídos em 19 municípios do RS, sendo o SENAR uma das Instituições pioneiras naAprendizagem Rural no Brasil. Buscamos com a Aprendizagem garantir o futuro do agronegócio gaúcho, com a formação de uma mão de obra qualificada e preparada para atender às novas demandas do trabalho no meio rural. Sempre que o SENAR-RS se depara com jovens que tenham essa necessidade de capacitação, não poupamos esforços em prepará-los para um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Ademais, além dos conhecimentos profissionalizantes específicos, buscamos desenvolver nesses jovens, conceitos e comportamentos focados no comprometimento e na responsabilidade em produzir o alimento que chega à mesa dos brasileiros. www.senar-rs.com.br Superintendente, Gilmar Tieböhl

Para o Colégio Sinodal Progresso, o ano de 2017 é um ano de importantes conquistas. Marca os 141 anos dedicados à educação e formação de milhares de pessoas da Educação Infantil aos Cursos Técnicos. São mais de 900 técnicos formados, contribuindo para o desenvolvimento cultural, econômico e social de Montenegro e região. Neste contexto, em 2017, cadastra-se ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para oferta de Cursos em Programas de Aprendizagem, através de parcerias com empresas públicas e privadas. A Educação é o único caminho para o desenvolvimento de um lugar. Assim, através dos Programas de Aprendizagem ampliamos a conexão do colégio com a comunidade e o mundo do trabalho. Acreditamos que a educação e o conhecimento são agentes de transformação e promoção de uma sociedade sustentável. www.sinodal.com.br Diretor, Lorio José Schrammel


A Setrem é uma instituição acolhedora, organizada, empreendedora e busca a promoção dos valores humanos, da postura ética e do espírito cristão. Comprometida com a educação e a produção do conhecimento, atua da Educação Infantil à Pós-graduação. A educação de qualidade, conectada às transformações sociais, culturais, científicas e tecnológicas, mostra excelentes resultados, por meio de avaliações do INEP e MEC. O Ensino Médio está entre os melhores do RS e a Faculdade Três de Maio, pelo 5º ano consecutivo, é a melhor do Noroeste do Estado (IGC). No Ensino Profissionalizante, oferece atualmente os cursos de Agropecuária, Comunicação Visual, Enfermagem e Informática. A alta empregabilidade, as importantes parcerias com empresas e as oportunidades concedidas à comunidade pelo Programa de Aprendizagem Setrem mostram que estamos no caminho certo.

2017 traz a marca de 65 anos dedicados à educação e formação de crianças e jovens. Atuando na Educação Básica, Turno Integral, Cursos Técnicos em Agropecuária, Informática, Administração, Serviços Jurídicos, Eletrotécnica e Eletromecânica, com mais de 1750 técnicos formados, para além de atividades esportivas e culturais, no ano de 2012 a instituição passou a oferecer Programas de Aprendizagem com as cooperativas e empresas locais. Capacitaram-se, até o momento, 572 aprendizes. Mais do que números, o programa transforma realidades. A correlação entre Colégio, estudantes e mundo do trabalho considera a relevante importância do ser e conhecer para fazer. Determinados seguimos atuantes, como instituição formadora, na promoção da vida a partir da conhecimento.

Diretor-geral, Sandro Ergang

Diretor, Jonas Rückert

A Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul (ACM-RS) é uma organização global, sem fins lucrativos, com atuação em 119 países do mundo. No Brasil, atuam nas áreas de esporte, educação e desenvolvimento social. A ACM Vila Restinga Olímpica é uma unidade que integra a Área de Desenvolvimento Social da ACM-RS, que atua desde 2001 na Restinga. Tendo como missão institucional ser agente de transformação da sociedade, no ano de 2018, o Programa de Aprendizagem Profissional surge, como nova oportunidade de qualificação profissional. Cursos: Assistente Administrativo e Gastronomia. Interessados terão que atender os critérios de 14 anos completos até 23 anos e escolaridade mínima o 8º ano do Ensino Fundamental. Coordenadora Técnica- ACM VRO, Roberta Gomes Motta

A Ação Comunitária Paroquial - ACOMPAR é uma instituição de caráter filantrópico, situada na Vila Santa Rosa, na Zona Norte de Porto Alegre, fundada em 05/05/1967 pelo Pároco Luiz Conte. Nossa missão é desenvolver um trabalho com as famílias em situação de vulnerabilidade social através dos serviços e projetos oferecidos pela instituição. Atendemos um número aproximado de 914 crianças/adolescentes e jovens/adultos em seis núcleos de atendimento. O trabalho com adolescentes/jovens é realizado no Núcleo quatro, com 34 adolescentes no SCFV II: nas modalidades de Serigrafia e Embelezamento Pessoal; 78 adolescentes no Programa Adolescente Aprendiz, nos cursos de Serviços Administrativos e Bancários; 120 jovens/adultos, no curso de Mercado de Varejo, Logística e Empreendedorismo.

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FOGAP O Centro de Educação Profissional São João Calábria atua desde 1962, em Porto Alegre-RS, na qualificação profissional de jovens, formação integral e acolhimento institucional de crianças, adolescentes e idosos. Em 2017, atendeu 2.467 beneficiários, dos quais 1.098 frequentaram 11 modalidades de cursos profissionalizantes. Destes, 527 são aprendizes em seis cursos reconhecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A aprendizagem contribuiu eficazmente para que centenas de jovens acessassem os cursos e a formação integral por meio do 'Educar, semeando esperança', causa estratégica da instituição. A inclusão de jovens aprendizes em nosso projeto de formação profissional alavancou a busca pelos cursos de qualificação. Os aprendizes ganharam visibilidade e aproximação aos empregadores, fortalecendo o ingresso ao mundo do trabalho. Saiba mais em www.calabria.com.br.

O Centro de Integração Empresa Escola – CIEE RS é uma instituição de assistência social, privada, sem fins lucrativos, autossustentável, que promove através de iniciativas socioeducativas a integração do jovem ao mundo do trabalho. Entre outras ações o CIEE, juntamente com a Fundação Roberto Marinho, desenvolve o Aprendiz Legal, que é um programa de aprendizagem profissional voltado para a preparação e inserção de jovens no mundo do trabalho. Os cursos ofertados são: Ocupações Administrativas; Comércio e Varejo; Telesserviços; Logística; Práticas Bancárias; Telemática; Auxiliar em Alimentação; e Auxiliar de Produção. Atualmente cerca de 8.000 aprendizes estão sendo beneficiados com o Aprendiz Legal do RS. Superintendente Executivo, Luiz Carlos Eymael

Diretor-geral, Pe. João Pilotti

O Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis/CPCA, entidade de assistência social, mantida pelo Instituto Cultural São Francisco de Assis, promove a pessoa, através da garantia de acesso aos direitos e a proteção social. Atendendo as complexidades da assistência com centralidade na família, de maneira emancipatória, inovadora e de vivências da cultura da paz, destacando o Projeto Justiça Restaurativa. “A VIDA é Sagrada e está acima de qualquer opção” é um princípio que o colaborador incorpora na sua rotina diária. A aprendizagem profissional oferece os cursos de Cozinheiro Geral, apoio ao usuário de Informática e de Auxiliar Administrativo. Atende 230 adolescentes e jovens, sendo 19 deles, pessoas com deficiência.

Diretor-Geral, Frei Luciano Elias Bruxel

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Fundado em 23 de abril de 2015, o Instituto Crescer Legal surgiu por iniciativa do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e suas empresas associadas e tomou forma com o apoio e a adesão de pessoas e entidades envolvidas com a educação e com os direitos da criança e do adolescente. O Instituto tem o objetivo de combater o trabalho infantil tendo como ferramenta a oferta de oportunidades aos adolescentes para o desenvolvimento das suas habilidades e potencialidades, com geração de renda e subsídios para que o jovem vislumbre projetos de vida a partir do meio rural. A principal ação do Instituto é o Programa de Aprendizagem Profissional Rural, que proporciona formação teórica e prática em gestão rural, empreendedorismo e cidadania a adolescentes filhos de produtores e trabalhadores na agricultura. www.crescerlegal.com.br Diretor Presidente, Iro Schünke


O Espro – Ensino Social Profissionalizante é uma instituição sem fins lucrativos que acredita que a educação e a assistência social são a base do desenvolvimento integral do ser humano e, por isso, seu trabalho é totalmente focado na transformação de vidas dos jovens, familiares e das comunidades onde vivem. Há quase 40 anos, atua com capacitação e inserção de jovens no mercado de trabalho por meio de programas como o curso gratuito Formação para o Mundo do Trabalho e o Programa de Socioaprendizagem que, juntos, contam com o apoio de 2.500 empresas parceiras. A instituição também desenvolve ações sociais voltadas às famílias e à comunidade, como as Oficinas de Geração de Renda. Em 2017, o Espro realizou mais de 126 mil atendimentos em todo o Brasil. www.espro.org.br Superintendente Executivo, Cláudio de Oliveira

A Fundação Bradesco, fundada em 1956 por Amador Aguiar, é uma instituição de ensino que tem como objetivo proporcionar educação e profissionalização às crianças, jovens e adultos. Atualmente, com 40 escolas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, oferece aos alunos Cursos Técnicos e de Qualificação Profissional, além da Educação Básica de nível Fundamental e Médio. O Colégio Fundação Bradesco de Gravataí conta com Cursos Técnicos de Administração e Eletrônica, ambos vinculados ao Programa Nacional de Jovem Aprendiz. Desde 2012, os Aprendizes atuam nas Agências do Banco Bradesco e em empresas parceiras da região, contribuindo com a economia local e facilitando sua inserção no mercado de trabalho. “Cremos na educação como fator decisivo do desenvolvimento e instrumento indispensável à realização pessoal do ser humano.” Amador Aguiar Diretora de Ensino, Adriana Mazzaferro Companhoni

A INTEGRAR/RS ASSOCIAÇÃO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA ESCOLA, é uma associação sem fins lucrativos, de caráter não governamental, autossustentável e apolítica que teve suas atividades iniciadas em 2006, hoje se situa na Rua dos Andradas, 1276 no 9º andar, Centro - Porto Alegre/RS. A INTEGRAR/RS empenhada na inserção de Jovens Aprendizes no mercado de trabalho, oferece o curso de Ocupações Administrativas. Acreditamos que a aprendizagem deve incentivar novos conhecimentos num processo contínuo, aprender a conhecer na crença de que através de práticas e vivências, promove-se à concretização do desenvolvimento das competências pessoais e sociais, entendendo a educação como única possibilidade efetiva de mudar o amanhã.

Instituto Brasileiro PróEducação, Trabalho e Desenvolvimento - ISBET foi criado em 02 de agosto de 1971, por um grupo de educadores, preocupados em implantar a LDB 5692. Com o lema “Educação para o Trabalho” e a missão de promover o bem-estar social, o ISBET, ao longo destes 43 anos, já capacitou e inseriu no mercado de trabalho mais de cinco milhões de jovens em situação de vulnerabilidade social através de estágios e do programa Jovem Aprendiz. Hoje o ISBET encontra-se com mais de 20 unidades, em nove estados e no Distrito Federal. Sabemos que precisamos crescer muito, e contamos com a ajuda de nossos parceiros: Empresas e Entidades, que como nós, acreditam que plasmar a juventude dentro dos padrões de cidadania e autoestima elevada, é a forma para construir um país melhor e mais justo.

Presidente, Luciano da Silva Teixeira Superintendente Executivo, Luiz Guimarães Mesquita

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FOGAP A Legião Franciscana de Assistência aos Necessitados (LEFAN), projeto social da Associação Literária São Boaventura, dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul, existe há mais 50 anos e sempre atenta às demandas sociais, lançou o Programa de Aprendizagem Profissional denominado “Caia na Rede”. O programa tem como proposta, oportunizar aos jovens, em situação de vulnerabilidade social, formação e inserção profissional, aliando o conteúdo teórico com a vivência profissional, e tem como principal diferencial atender àqueles em cumprimento de medidas socioeducativas, devido ao acometimento de um ato infracional. Para estes jovens, participar deste programa é uma oportunidade de construir novos projetos de vida. Site: capuchinhos.org.br/lefan

O Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente - MDCA tem sede na Avenida Antonio Carvalho, 535, Porto Alegre/RS. A prioridade é dada para usuários em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social. Os programas vigentes são: Apoio Pedagógico, executado em parceria com escolas estaduais; Serviço Comunitário e Fortalecimento de Vínculos; Programa de Aprendizagem Profissional e Programa de Fortalecimento de Vínculos às Famílias da comunidade. O Programa Adolescente Aprendiz conta com 125 integrantes de 15 a 18 anos incompletos. Os cursos são de práticas bancárias e serviços administrativos que acontecem simultaneamente no MDCA e nas entidades parceiras. O MDCA realiza atendimento sócio-familiar, acompanhamento escolar, bem como visitas periódicas aos locais de prática dos aprendizes.

Vice Presidente, Frei José Lagni

O Polo Marista de Formação Tecnológica compreende um espaço de desenvolvimento humano, crescimento econômico, justiça social e proteção ambiental. Com apoio de parceiros a unidade desenvolve diversos projetos de protagonismo e emancipação de jovens da comunidade do bairro Mario Quintana e arredores. Desde 2006, o Polo desperta habilidades por meio dos cursos de qualificação profissional ofertados, dando condições para a efetiva inclusão no mundo do trabalho. Hoje, o programa Jovem Aprendiz atende anualmente mais de 500 educandos e recondiciona cerca de sete toneladas de resíduos eletroeletrônicos no projeto Recondicionar. “A nossa instituição procura unir teoria à prática em busca da excelência na formação dos jovens, somado a formação humana de qualidade, para inseri-los no mercado de trabalho”, diz o diretor Ir. Odilmar Fachi. http://socialmarista.org.br/cesmar Diretor, Ir. Odilmar Fachi

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O Centro Profissional para Cidadania, localizado à Rua Moreira Cesar, 1853, Bairro Pio X, Caxias do Sul, oferece cursos de Aprendizagem Profissional, na área da confecção, para adolescentes e jovens. Os cursos são oferecidos, gratuitamente, aos usuários, graças a parceria entre a Associação Murialdinas de São José, Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, através da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente. Tem como objetivo profissionalizar jovens e adolescentes, na área da confecção, além da profissionalização e inserção no mundo do trabalho, possibilitando o reconhecimento do trabalho e da educação como direito de cidadania. Diretora do Centro Profissional para a Cidadania, Irmã Maristela Galiotto


O Instituto Leonardo Murialdo é uma sociedade civil, beneficente, educativa, cultural e de assistência social, com sede e foro em Caxias do Sul. Os cursos de aprendizagem oferecidos são: Auxiliar Administrativo Empresarial, Assistente Administrativo Bancário, Assistente Administrativo Hospitalar, Auxiliar de Alimentação Hospitalar e Auxiliar de Limpeza e Higienização Hospitalar. O número de aprendizes hoje na Instituição é de 214 em cursos de Aprendizagem. “O foco da Rede de Ação Social Murialdo é continuar inovando em nossos serviços de alta, média e pequena complexidade. Acredito que com o apoio e solidariedade de todos os parceiros, garantiremos o acesso de muitos adolescentes e jovens ao mundo do trabalho, através da ética e transparência profissional”, diz o Diretor. Site: www.murialdosocial.com.br

Com a missão de educar, promover, amar e evangelizar, com competência, preferencialmente as crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, valorizando a família e vislumbrando o Sistema Preventivo de São João Bosco, surge, em 1957, a Associação de Recuperação do Menor, em Viamão/RS. O Novo Lar atua no combate das desigualdades sociais, auxiliando crianças, adolescentes, jovens e famílias na promoção humana e na qualificação profissional, em um ambiente educativo de formação integral e permanente, fundamentado nos ensinamentos de Dom Bosco. Com o Programa Jovem Aprendiz já forma e encaminha para o mercado de trabalho, desde 2010, mais de 400 jovens, capacitados a responder com responsabilidade e criatividade as exigências profissionais.

Padre Joacir Della Giustina

Diretor, Padre Tarcízio Odelli

A Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio foi criada em 1895 para amparar as viúvas e os filhos das vítimas da Revolução Federalista. Com a morte do seu fundador em 1916, Cônego Marcelino Bittencourt, a instituição passou a ser regida pela Congregação Lassalista. Voltou seu atendimento a crianças e adolescentes órfãos. Hoje, atende em seus projetos cerca de 1.200 crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade. Sua missão é potencializar o desenvolvimento integral numa perspectiva solidária, construída por meio de práticas socioeducativas. Desde o seu início, a Fundação mantém seu trabalho com arrecadação financeira oriunda prioritariamente de empresas, convênios públicos e sociedade civil. Seus principais projetos são: Centro de Atendimento Turno Integral, Centro de Educação Profissional e Acolhimento Institucional. www.paodospobres.org.br Diretor Geral, Ir. Albano Thiele

A Pequena Casa da Criança, fundada há 62 anos, é uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, filantrópica, educacional e de assistência social, de utilidade pública. Atua com base na doutrina cristã e prioriza a ação preventiva dirigida a crianças, adolescentes, família e idosos. Tem a missão de oportunizar o desenvolvimento social à população, através da educação, profissionalização e inclusão socioeconômica para a geração dos resultados. Desenvolve programas de ensino e aprendizagem que favorecem a população mais necessitada do seu entorno, e além de oferecer oportunidades de trabalho preparando -os para o emprego, com capacitações de qualidade. Tem inúmeros casos de pessoas que passaram pelo Programa Jovem Aprendiz e que foram bem-sucedidas na vida, confirmando a importância do trabalho e da missão. www.pequenacasa.org.br

Presidente, Ir. Pierina Lorenzoni

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FOGAP Instituída em 1995, a Fundação Projeto Pescar é uma entidade de assistência social, sem fins lucrativos, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, que cumpre sua missão, com o investimento social privado e público. Através de programas socioprofissionalizantes gratuitos, desenvolve jovens em situação de vulnerabilidade social, para acessarem e se incluírem no mercado de trabalho. Atende cerca de dois mil adolescentes/ano, em dez estados do Brasil, e nos países: Argentina, Paraguai, Peru e Angola. A metodologia de sucesso foca 60% dos conteúdos em cidadania e autoconhecimento para que o jovem seja o protagonista na realização dos seus sonhos pessoais e profissionais. E, 40% da carga horária é destinada para os conhecimentos técnicos, com 16 cursos dispostos em seis eixos tecnológicos reconhecidos por centenas de empresas e organizações, há mais de 40 anos.

Presidente, Afranio Chueire

A Associação Reviver, localizada em Canoas, é uma instituição sem fins econômicos com objetivo de promover a inclusão social de jovens em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social através de cursos de aprendizagem profissional. Desenvolve o Programa Jovem Aprendiz desde 2005. Alguns dos cursos disponíveis: Assistente Administrativo, Auxiliar de Cozinha, Cobrador, Música, Operador de Caixa. Coordenadora Geral, Maria Helena Riquinho dos Santos

A Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração - RENAPSI demonstra vocação no atendimento ao Jovem há mais de 20 anos. Iniciou atividades em Goiás e, atualmente, encontra-se representada em sete Estados brasileiros, com sede no Distrito Federal. A RENAPSI atua, historicamente, em três frentes relevantes para transformação social: a promoção do jovem por meio do trabalho, a prevenção e tratamento de usuários de drogas e o fortalecimento da Aprendizagem ‒ como ação de política pública nacional para a juventude ‒, por meio da Rede Pró-Aprendiz (RPA). Com parcerias públicas e privadas, a RENAPSI já executou projetos de qualificação profissional nas áreas de serviço, comércio e indústria, tendo atendido mais de 20 mil jovens e adultos, nos últimos cinco anos. Conselheiro Presidente, Lucas Vieira da Silva Meira

A Fundação Universidade de Caxias do Sul (UCS), por intermédio do Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul (CETEC), desenvolve cursos de Aprendizagem para o comércio, indústria e serviços, elaborados para atender as expectativas empresariais por profissionais, com formação técnica e aprimoramento comportamental, adequados às particularidades do seu ramo de atividade econômica. Na UCS os cursos de Aprendizagem utilizam os mesmos recursos tecnológicos disponibilizados aos demais alunos da graduação e pósgraduação e são realizados nos Campus Universitários localizados nas cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Canela, Farroupilha, Guaporé, Nova Prata, São Sebastião do Caí e Vacaria e em outros municípios, mediante estudo de viabilidade. Site: www.ucs.br Reitor da UCS, Prof.Dr. Evaldo Antonio Kuiava

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Paulo Freire faleceu antes que pudesse conhecer a atual legislação de Aprendizagem Profissional no Brasil. Três anos depois de sua morte, publicouse a Lei nº 10.097/2000, com o objetivo de difundir os Programas de Aprendizagem. Tal objetivo se realizaria com mais vigor em 2005, após a regulamentação dessa lei, por meio do Decreto 5.598. O educador e pedagogo já havia falecido há oito anos, mas a sua lição se mostrava viva, concedendo à educação o papel de destaque que todas as nações repletas de bons propósitos devem conceder. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia, no Brasil, em 2015, 2.672.000 milhões de crianças e adolescentes, de 05 a 17 anos, em situação de trabalho infantil irregular. Desse total, 84,5% eram adolescentes entre 14 e 17 anos. Qualquer observador atento desses números percebe que a maior incidência de trabalho infantil irregular se dá na faixa etária priorizada para a contratação dos adolescentes como aprendizes.

Antônio Alves Mendonça Júnior Auditor-Fiscal do Trabalho Coordenador Nacional de Aprendizagem Secretaria de Inspeção do Trabalho

Por se consolidar por meio de um vínculo formal, com especificidades que não ignoram as características especiais dos adolescentes, a Aprendizagem garante não só um tratamento lícito e digno aos aprendizes em sua rotina de trabalho. Assegura também que outros direitos, como à frequência à escola regular, sejam respeitados, impedindo a mutilação do presente e do futuro de inúmeros jovens envolvidos. Sendo assim, muito mais do que qualificar adolescentes, o Programa de Aprendizagem brasileiro tem a função de prevenir que os aprendizes já inSendo assim, a dos, definitivamente, no seridos venham a ser lesaAprendizagem Profissional mercado. dos em situações de trabaadquire ainda mais impor- Ademais, o Programa de lho infantil irregular. Além tância, uma vez que se afi- Aprendizagem no Brasil disso, a Aprendizagem gura como instrumento de nem de longe se restrinProfissional tem o dever política pública que visa à ge à tarefa de qualificação de expandir-se, alcançanqualificação profissional do os 2.260.000 de adoprofissional, como ocorre e, a um só tempo, comba- em outros países do munlescentes ainda em situte o trabalho infantil. Nesse do, dentre eles a Alemanha. ação de trabalho infansentido, ser aprendiz exer- Diante dos alarmantes nú- til irregular. Por fim, cabe ce ao menos duas funções meros de trabalho infantambém ao Programa de importantes na vida dos Aprendizagem se autoapritil irregular brasileiros, e adolescentes. morar, para garantir, citandiante da constatação de do Freire, que uma eduA Aprendizagem que grande parte dos adocação libertadora impeça Profissional representa a lescentes nessa situação possibilidade de que adopoderiam ser aprendizes, a os oprimidos de sonharem lescentes se qualifiquem aprendizagem se apresenta com o dia em que serão os opressores. para uma função, aumencomo ferramenta contra a tando, assim, a probabiliexploração de adolescentes dade de que sejam inserino trabalho.

Atualidade e avanços

Atualidade e avanços

Aprendizagem Profissional: educação que garante trabalho digno

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Atualidade e avanços

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Aprendizagem Profissional X Fiscalização Eletrônica da Aprendizagem A Auditoria Fiscal do Trabalho no Rio Grande do Sul conta com mais uma valiosa ferramenta que, sem dúvida, trará um grande incremento nas inserções de aprendizes em nosso Estado. Trata-se da fiscalização eletrônica da aprendizagem. Nos últimos anos a defasagem de contratações de aprendizes pelas empresas tem sido superior a 50% do total de vagas existentes no RS. Pretendemos aumentar sensivelmente as contratações até o final de 2018, e é neste sentido que a fiscalização eletrônica passou a ser um instrumento fundamental, tendo sido implantada em nível experimental em meados de 2016 e consolidada em 2017. Além da ampliação das contratações, torna-se possível um maior alcance da fiscalização no RS e a redução do tempo utilizado pelos auditores na auditoria presencial, possibilitando a execução de outras atividades, inclusive a de fiscalização na sede das empresas. Na fiscalização eletrônica as empresas não necessitam comparecer em qual-

Armelindo Tocchetto Filho Auditor-Fiscal do Trabalho - Projeto Aprendizagem/RS

quer unidade do Ministério do Trabalho para comprovação da regularidade das contratações, pois a verificação é feita mediante acesso ao banco de dados e remessa de documentos por email. As notificações são remetidas via postal às empresas que estejam com suas cotas descumpridas ou incompletas, identificadas pelo Sistema MTE/ FGTS/IDEB, o qual verifica as declarações apresentadas pelas empresas à Relação Anual de

Constatada a regularização da cota resta afastada a lavratura de novo auto de infração. Microempresas, Empresas de Pequeno Porte e Optantes do Simples são dispensadas da contratação de aprendizes. Entretanto, como a aferição das cotas é feita eletronicamente, é necessário que a correspondente informação seja atualizada na RAIS para evitar que o sistema emita autuações indevidas. Cerca de 3.000 empresas de diversos municípios do RS já foram notificadas neste ano via Fiscalização Eletrônica, alcançando mais de 12 mil cotas de Informações Sociais aprendizes. (RAIS), ao Cadastro Geral de Empregados e Lembramos que na sede Desempregados (CAGED), da Superintendência assim como as informaRegional do Trabalho, ções prestadas à Receita em Porto Alegre, enconFederal. tra-se a Coordenação do Projeto de Aprendizes/ As notificações estabeleRS (coordenadora: Denise cem um prazo único para González; equipe na sede: que todas as empresas cumpram suas cotas, prazo Armelindo Tocchetto Fº, este improrrogável, sendo João Leiiria, Paulo Panno e Teo Borges). que as empresas autuadas nesta modalidade de fiscalização permanecem monitoradas e periodicamente passam por novas aferições de suas cotas.


A obrigatoriedade constitucional da contratação de aprendizes entre 14 e 18 anos A Lei da Aprendizagem institui que a aprendizagem é destinada a pessoas entre 14 a 24 anos. O empregador tem a obrigação de contratar aprendizes, em no mínimo 5%, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento. No entanto, a Constituição Federal de 1988 (CF/88) em seu artigo 227 e o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 4º estabelecem que a criança e o adolescente devem ser tratados com prioridade absoluta em todos os aspectos, inclusive quanto à profissionalização. O empregador possui o poder diretivo de estabelecer quem ele vai contratar ou não. Esse poder diretivo não é absoluto, pois deve seguir os princípios fundamentais esculpidos dentro da Carta Magna. Um dos objetivos fundamentais da República federativa do Brasil é a erradicação da pobreza e da marginalização (art. 3º, inc. III, CF/88). O programa de aprendizagem visa inserir jovens em situação de vulnerabilidade condicionados à sua capacidade de aproveitamento e

Daniel Arêa Leão Barreto Especialista em Direito e Processo do Trabalho (FTP); Graduação em Direito (UNIFOR) e em Ciências Atuariais (UFC); Auditor Fiscal do Trabalho, Coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Infantil, Chefe do Setor de Fiscalização do Trabalho na Superintendência Regional do Trabalho no Ceará (SRTb/CE); Presidente do Centro Interdisciplinar de Pesquisa e Estudos Trabalhistas (CINTRA); Professor de Cursos de Pós-Graduação em Direito e Processo do Trabalho

não de sua escolaridade, conforme Portaria nº 723 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os adolescentes entre 16 e 18 anos somente podem exercer atividades laborais em condições salubres e não perigosas. Já os entre 14 e 16 anos devem ainda ser na condição de aprendiz, conforme dita a CF/88. Desta maneira, a empresa deve direcionar suas vagas de

aprendizagem diretamente para essa faixa etária, visto que a faixa etária de 18 a 24 anos já pode se inserir dentro do mercado de trabalho por outros meios. Acrescenta-se ainda a função social da empresa que está inserida dentro do art. 5º, inc. XXIII; art. 182, §2º; e art. 186 da CF/88. Além do texto constitucional impondo a necessidade do cumprimento da função social por parte da

sociedade como um todo, inclusive as empresas, apresentam Comparato e Tomascevicius que as atividades das empresas devem ser compatíveis com as necessidades da sociedade. Diante desse espectro, observamos que o sentido de prioridade inscrito dentro da CF/88 deve ser entendido como obrigatoriedade, exceto quando as atividades dos aprendizes estejam em ambientes insalubres ou perigosos. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. BRASIL. Portaria nº 723, de 23 de abril de 2012 do Ministério do Trabalho e Emprego. COMPARATO, Fábio Konder. Estado, Empresa e Função Social. São Paulo: RT, p.38-46, 1996. TOMASCEVICIUS FILHO, Eduardo. A Função Social da Empresa. RT, São Paulo, n. 92, p. 33-50, abr. 2003.

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Atualidade e avanços

Aprendizagem e trabalho infantil

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Desde meados da década de 1990, o Governo brasileiro juntamente com organizações de trabalhadores, de empregadores e sociedade civil vêm implementando uma série de medidas para a prevenção e erradicação do trabalho infantil. Como resultado desse amplo esforço nacional, o número de meninos e meninas entre 5 e 17 anos que trabalham reduziu-se em 66%, nos últimos 23 anos no país. Isso significa que em 2015 havia 5,2 milhões de crianças a menos ocupadas no mercado de trabalho do que em 1992. No entanto, o número dos que permanecem nesta situação de violação de direitos ainda é expressivo. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, em 2015, ainda existiam 2,6 milhões crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos ocupados no mercado de trabalho. Desse total, 88% (2,3 milhões) concentram-se no grupo de adolescentes entre 14 e 17 anos. Nesse sentido, deve-se avançar no sentido do aperfeiçoamento dos processos de aprendizagem profissional, facilitando os processos de transição escolatrabalho e concretizando oportunidades de formação profissional em condições protegidas a adoles-

Maria Cláudia Mello Falcão Formada em engenharia de produção e especialista em gerenciamento de projetos. Integrante da equipe da Organização Internacional do Trabalho - OIT desde 2004, atuando em projetos de prevenção e eliminação do trabalho infantil e de promoção do trabalho decente. Atualmente coordena o Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil da OIT no Brasil.

centes que estão acima da idade mínima para a admissão ao trabalho. A aprendizagem no Brasil é um acordo de trabalho especial oferecido aos jovens entre 14 e 24 anos, com prazo não superior a 2 anos. A aprendizagem é uma forma segura de inclusão no mercado de trabalho, tendo a oportunidade de desenvolver competências para o mundo do trabalho. Apesar da lei de aprendizagem completar 18 anos em dezembro de 2018 e ter sido regulamentada pelo Decreto 5.598 de dezembro de 2005, um grande número de empresas ainda não cumpre com a

cota mínima de contratação estabelecida por lei. De acordo com estimativas do Ministério do Trabalho, o potencial mínimo de contratação de aprendizes no Brasil em 2017 seriam de, aproximadamente, 939 mil vagas. Porém, apenas 386 mil aprendizes foram admitidos até dezembro de 2017. Assim, conseguir uma vaga, que poderia ser o primeiro contato com o trabalho protegido, se torna um grande desafio. Ações imediatas devem ser tomadas pelo Governo brasileiro e empresas para tornar a aprendizagem mais atraente tanto para as empresas como

para os jovens. É necessário que as empresas não vejam a aprendizagem como um custo adicional, mas sim como um investimento que pode dar frutos com a formação de futuros profissionais. Além disso, as empresas devem contribuir para o desenvolvimento local das comunidades por onde atuam e oferecer oportunidades de emprego gerando desenvolvimento. Por outro lado, o Governo brasileiro deve melhorar os mecanismos de controle para garantir que as empresas cumpram com a cota mínima de contratação estabelecida por lei. Além disso, devem pensar em alternativas para garantir a oportunidade de aprendizagem profissional para os jovens, independentemente de sua classe social. Por fim, vale lembrar que uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável proposta pelas Nações Unidas (ONU) para os países é a eliminação do trabalho infantil até 2025. A inclusão dessa meta deixa claro que o desenvolvimento sustentável não pode ser alcançado com a persistência do trabalho infantil. Sendo assim, o aprimoramento da aprendizagem profissional pode apoiar o Brasil a alcançar essa importante meta.


A criatividade humana não tem limites ao ainda enxergar a criança e o adolescente como “menores”. Enxergam eles como menores em direitos, oportunidades, respeito, dignidade, em tudo. Comprometem assim o seu desenvolvimento e os privam de um futuro melhor do que aquele em que vivem, perpetuando o ciclo da violência. Muito do que se coloca sobre o trabalho para o segmento social mais hipossuficiente vem repleto de doutrina e discursos sobre proteção integral, entretanto não mantém qualquer relação ou parâmetro com as várias práticas sociais nada garantistas de direitos que ocorrem no dia a dia. A desorganização das famílias na nobre função de educar, que muitas vezes acaba por abdicar de seu papel “terceirizando” aquilo que é sua responsabilidade para creches, escolas, dentre outros, reescreve em boa parte a criação destas crianças e adolescentes, e, por sua vez, a forma e modelo das políticas públicas, exigindo um olhar mais atento e crítico. Os modelos antigos, desta forma, não têm mais espaço, precisam ser revistos frente a esta nova realidade.

Aprendizagem Profissional, desafios contemporâneos Irany Bernardes de Souza Advogado, Diretor do Departamento Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas do RS e Conselheiro do Conselho Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente do RS

Os conceitos de “educação” e “ensino” nos auxiliam a entender este dilema. A primeira como de responsabilidade da família e a segunda como da escola. Enquanto a família é a responsável por transmitir valores, princípios, boa educação, a escola precisa ensinar matemática, física, história, enfim, dar acesso ao conhecimento. Isso tudo com a finalidade de preparar o indivíduo para o mundo do trabalho e para o convívio cidadão. Qual a solução encontrada para gerar desenvolvimento humano e social no Brasil, a partir dos valores do trabalho? Para mui-

tos estudiosos do assunto, opinião a qual o autor deste artigo compactua, seria por meio da aprendizagem profissional. A questão é como desenvolver políticas de aprendizagem profissional com a imensa defasagem no ensino verificada na educação pública brasileira atual. É necessário que se quebrem as barreiras estabelecidas no desenvolvimento social da nossa juventude. Hoje, há jovens que chegam ao ensino superior e não possuem, muitas vezes, condições de acompanhar sua turma na faculdade. Outros, que mesmo formados, não conseguem uma coloca-

ção profissional, não necessariamente por falta de vagas, mas por insuficiência técnica. O Estado precisa fortalecer a ideia de promoção do desenvolvimento humano e social, na estratégia de redução das violências sociais e da profissionalização de jovens para o mercado formal de trabalho, por meio desta ferramenta que é a aprendizagem profissional. Precisase superar a ideia de que o trabalho destes jovens aprendizes seja mero “aproveitamento de mão de obra barata”. É evidente que a aprendizagem profissional deveria ser muito mais incentivada, muito mais forte, muito maior do que o que é hoje. Ao buscar essa meta, suprir-se-ia as deficiências verificadas no processo de ensino, promovendo estímulos claros de crescimento e potencializando virtudes que proporcionariam um futuro melhor ao enorme contingente de jovens que tiveram problemas em seu processo de desenvolvimento, acompanhados por uma rede de serviços comprometida com o bem maior idealizado quando da construção desta política pública.

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O Papel da Rede Socioassistencial no Combate ao Trabalho Infantil Vitória Raskin* A Rede Socioassistencial é uma política social constituída por um conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios que compõem o Sistema Único de Assistência Social e são prestados diretamente ao cidadão ou por meio de convênios com organizações sem fins lucrativos. Busca assegurar garantias sociais, podendo ser amplamente descritas como: segurança de acolhida, sobrevivência, renda e convivência. Destina-se ao atendimento de todos: pessoas de qualquer idade ou famílias que se encontrem em situação de privação, vitimização, exploração, vulnerabilidade, exclusão pela pobreza, risco pessoal e social. No Brasil, o princípio da proteção integral da criança e do adolescente tem como marco de origem legal a Constituição Federal de 1988: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à con-

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"Em tempos de cortes de recursos federais, estaduais e municipais, perdas significativas de direitos trabalhistas e previdenciários, há que se ter em mente que o combate ao trabalho infantil e o fomento da aprendizagem não terão eco se não estiverem atrelados à luta pelo fortalecimento das redes socioassistenciais." vivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” O papel da rede socioassistencial na garantia desses direitos é fundamental, pois é a partir dela que se abrem os espaços para resguardo de crianças e adolescentes que tenham tido seus direitos violados, proteção daqueles que estão correndo risco de violação e, principalmente, oferece possibilidades para desenvolvimento de novas perspectivas individuais e coletivas para um futuro com possibilidade de rompimento de um ciclo de pobreza, subemprego e marginalização. Sua eficiente organização e funcionamento satisfatório nos municípios são requisitos básicos para a garantia dos direitos de seus cidadãos e sua proteção frente às mais variadas vulnerabilidades. No que se refere ao trabalho infantil e adolescente irregular, é de extrema importância que Conselho Tutelar,

Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Secretarias de Assistência Social, Educação e Saúde estabeleçam um fluxo continuado de formação e troca de informações para identificação, encaminhamento, acompanhamento e enfrentamento da vulnerabilidade. Desta forma, torna-se viável o encaminhamento de famílias, crianças e adolescentes para programas de transferência de renda, atividades de turno inverso, destinação de benefícios sociais devidos e, quando aplicável, inclusão em vagas regulares e protegidas de Aprendizagem. Se não pela articulação da rede, a quem poderá um cidadão, um professor ou agente de saúde noticiar uma situação suspeita de trabalho infantil, possibilitando uma adequada investigação por parte do Conselho Tutelar e devido encaminhamento para CRAS, CREAS, e demais órgãos integrantes do Sistema de Garantia de Direitos? Em tempos de cortes de recursos federais, estaduais e municipais, perdas significativas de direitos trabalhistas e previdenciários, há que se ter em mente que o combate ao trabalho infantil e o fomento da aprendizagem não terão eco se não estiverem atrelados à luta pelo fortalecimento das redes socioassistenciais em cada pequeno município de nosso país. BIBLIOGRAFIA

CURY, Munir; PAULA, Paulo Afonso Garrido de; MARÇURA, Jurandir Norberto. Estatuto da criança e do adolescente anotado. 3ª ed., rev. E atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. CURY, Munir (coord.). Estatuto da criança e do adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 9ª ed., atual. São Paulo: Malheiros, 2008.

*Assistente Social, Chefe da Assessoria de Planejamento, Gestão Estratégica e Serviço Social do Ministério Público do Trabalho da 4ª Região


Filipe Rodenbusch Tisbierek* Segurança é a pauta que todos mais clamam! Numa sociedade adoecida, violenta e cada vez mais insegura, é natural desejarmos mais policiamento nas ruas e punição dos crimes cometidos, o que de fato é imprescindível. Mas também é necessário compreender, que a sociedade precisa urgentemente voltar seus olhares para onde na maioria das vezes a violência se origina, ou seja, para aquelas juventudes que cada vez mais, sem expectativas e oportunidades, inseridas em núcleos familiares desestruturados, sem referencias positivas, muitas vezes vivendo em situações de alta vulnerabilidade, se tornam “presas” fáceis para as colunas criminosas que promovem a insegurança. Atualmente, 67% dos encarcerados no Presídio Central de Porto Alegre possuem idade entre 18 e 24 anos. Isso significa que nos últimos e recentes cinco anos (praticamente “ontem”) eram garotos de 13, 14, 15 anos... E onde estavam os olhares e oportunidades para aquela geração? E para a garotada de hoje? Nossos medos e “sede” de punir aqueles que cometem crimes nos cegam para a origem dos problemas. Devemos punir de acordo com as leis sim, mas somente isso e a repressão policial nunca evitaram o aumento da

"Devemos punir de acordo com as leis sim, mas somente isso e a repressão policial nunca evitaram o aumento da violência e criminalidade no Brasil[...]. As atitudes precisam ser intensificadas na formação dos adolescentes e jovens para que não sejam seduzidos aos descaminhos, evitando que o delito seja a opção mais latente para estes indivíduos." violência e criminalidade no Brasil, que inclusive tem a terceira maior população carcerária do mundo. As atitudes precisam ser intensificadas na formação dos adolescentes e jovens para que não sejam seduzidos aos descaminhos, evitando que o delito seja a opção mais latente para estes indivíduos. Dentre tantas formas, uma das ferramentas de capacitação mais transformadora dos jovens é aprendizagem profissional que os prepara para a vida, não somente para o mercado de trabalho, mas também para sua inclusão na sociedade, através do desenvolvimento de responsabilidades, do amadure-

Artigos

Insegurança pública e um olhar para a origem do problema! cimento e da capacidade de superar desafios, fornecendo-lhes novas perspectivas. No entanto, precisamos que a comunidade empresarial crie uma consciência coletiva sobre a necessidade do cumprimento da Lei Federal 10097/2000 e do Decreto 5598/2005 (que tem como finalidade viabilizar a igualdade de condições para o acesso e integração ao mundo do trabalho, transitando da condição de vulnerável à condição de trabalhador. Por meio de processos formativos que compõem atividades teóricas e praticas, desenvolvem o senso crítico nos aprendizes, favorecendo o desenvolvimento, autonomia, empreendedorismo e responsabilidade na vida comunitária e social) e que os gestores públicos somem esforços através de medidas estratégicas para este cumprimento, potencializando assim a criação de mais oportunidades. Assim, fomentando a aprendizagem profissional, focando a atenção em medidas preventivas, inclusivas e qualificando as gerações de adolescentes para que estejam aptas a oportunidades, minimizaremos os alistamentos, que de forma exponencial por falta de expectativas, se sucedem nos exércitos do crime.

*Coordenador Municipal da Juventude da Prefeitura de Porto Alegre (Gestão 2017/2020). Graduado em Comunicação Social e habilitado em Relações Públicas pela PUCRS.

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A Gamificação como forma de inovação no Ensino A evolução tecnológica e o uso de dispositivos e formas de apresentação dos conteúdos de forma inovadora podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, pois essa geração precisa sentir-se satisfeita e pronta para participar e transformar uma aula ou treinamento em um ambiente colaborativo assim como acontece no mundo digital. Os modos como se trabalha, estuda e comunica mudaram. E cabe ao educador acompanhar as tendências em educação sem julgamentos de que gamificar é melhor ou pior do que uma aula tradicional, mas sim ter a consciência de que a utilização de apenas uma técnica de aprendizagem nem sempre apresenta o melhor resultado. A gamificação desenvolve o engajamento, a participação, o comprometimento e estimula a competição de forma saudável. Pode ser utilizada como forma de ampliar o interesse e inibir a dispersão dos alunos durante a aula ou treinamento. Já o conteúdo se dá por meio da experimentação de jogos, competições ou gincanas que abrangem esse conteúdo técnico, porém de forma inovadora e mais conectada com a realidade das novas gerações que, cada vez mais cedo, têm acesso à internet e diversos gadgets que estão de alguma forma ligados à gamificação. É uma modalidade preciosa no processo de aprendizagem, mas só terá eficiência se

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“Cabe ao educador acompanhar as tendências em educação sem julgamentos de que gamificar é melhor ou pior do que uma aula de treinamento tradicional.”

aquilo que estiver sendo ensinado tiver relevância para quem aprende. No caso da sala de aula, entender melhor o conteúdo e até mesmo armazenar esse conhecimento de forma lúdica criando mapas mentais para posterior

Matheus Hugo Levandowski* resgate e estudo do que foi abordado no conteúdo técnico. Mesmo se o professor não entende de tecnologia, não tem o hábito de jogar, é possível utilizar a gamificação no dia a dia da sala de aula. O gamification não é aplicável apenas com o uso da tecnologia, muito pelo contrário. Ele existe nas formas mais primitivas e onde menos imaginamos que ele possa estar. (ALVES, 2014, pág. 5). Ao inserir um jogo para o ambiente da sala de aula, utilizam-se os elementos de um game. Mas, na essência, não é puramente um jogo, pois na maioria das vezes será inserido em um contexto de estudo e não um ato voluntário. Para conseguir mobilizar os alunos na execução das tarefas, solução dos problemas, e mudanças de comportamento tornam-se necessários que os desafios criados tenham certo grau de dificuldade ajustados de tal forma que não provoquem um efeito contrário. Salientase que os elementos dos jogos são baseados em psicologia educacional e os professores já têm feito, por exemplo, feedbacks com correções dos exercícios. "Acredito que os jogos didáticos aplicados em treinamentos sejam de grande valia no desenvolvimento profissional do indivíduo e do grupo. É um ótimo método a se aplicar para pessoas que tenham dificuldades de trabalhar em grupo, pois gera a união e engajamento das pessoas perante a resolução do desafio proposto”, apontou a jovem Camila Flores.

*Instrutor Ensino Profissionalizante. Especialista em psicologia organizacional e graduado em Gestão de Recursos Humanos


Aprendizagem Profissional da Pessoa com Deficiência Intelectual: a importância do estágio e do apoio familiar Alane Nerbass Souza* Aline Monteiro Correia** Ana Flávia Beckel Rigueira*** Eva Loreni de Castilhos**** A aprendizagem profissional da pessoa com deficiência envolve questões diferenciadas no que diz respeito à Lei e também à vivência social do aprendiz. É por meio do trabalho que o homem constrói a natureza da qual faz parte. Dessa maneira também se transforma, e não se pode pensar no trabalho e na aprendizagem sem relacioná-los à qualidade de vida. Conforme a Lei 10.097/2000 regulamentada pelo Decreto 5.598/2005 o aprendiz com deficiência, para exercer o estágio profissional, não necessita estar alfabetizado, nem possuir comprovação de escolaridade. A idade máxima prevista, de 24 anos, para celebrar o contrato de aprendizagem não se aplica as pessoas com deficiência, respeitando sua vivência. As habilidades e competências relacionadas à profissionalização garantem seu espaço no mercado de trabalho. O trabalho é um marcador da vida adulta e constitui independência. Oportuniza o reconhecimento social do sujeito no mundo e do seu próprio reconhecimento como ser produtivo na sociedade. Por vezes, a inserção da pes-

"O trabalho é um marcador da vida adulta e constitui independência. Oportuniza o reconhecimento social do sujeito no mundo e do seu próprio reconhecimento como ser produtivo na sociedade. Por vezes, a inserção da pessoa com deficiência intelectual na vida adulta não se dá por meio do trabalho em função da insegurança familiar." soa com deficiência intelectual na vida adulta não se dá por meio do trabalho em função da insegurança familiar. A insegurança familiar se justifica pelo mito da incapacidade laborativa da pessoa com deficiência intelectual. Receosas a essa realidade, as famílias superprotegem cerceando a pessoa com deficiência intelectual de desenvolver-se. Cria-se dessa forma uma codependência emocional na qual a família se vê as

voltas com aquele indivíduo que não cresceu. Ao permitir que a pessoa com deficiência intelectual possa realizar um estágio profissional valida-se a relação de confiança com a sociedade e vislumbra-se a capacidade desse aprendiz de estar inserido no mercado de trabalho. Com isso a família ressignifica esse sujeito e passa a enxergá-lo como capaz oferecendo o apoio necessário para a sua autonomia. Para o seu pleno desenvolvimento, o aprendiz irá atingindo competências necessárias no mundo do trabalho. O horário, a postura, questões de vestimenta e de higiene pessoal também farão parte dessa vivência. O comportamento esperado em diferentes situações sociais será desenvolvido na prática e precisará do suporte da família em situações complexas e subjetivas. Por sua vez, a empresa precisará oferecer condições para que tais competências sejam adquiridas. O estágio profissional para a pessoa com deficiência intelectual além de beneficiar o aprendiz, sua família e a empresa, oportuniza a sociedade a viver a inclusão na prática.

*Fonoaudióloga, Jornalista, pós-graduada em Fonoaudiologia Hospitalar, atua como Analista Fonoaudióloga na FADERS. **Graduanda de Psicologia atua como Auxiliar Técnica na FADERS. ***Pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Pós-graduada em Atendimento Psicanalítico na Clínica da Criança e do Adolescente, Terapeuta em Estimulação Precoce, atua como Analista Pedagoga na FADERS. ****Psicóloga, Especialista Clínica em Terapia de Família e Casal, atua como Analista Psicóloga na FADERS.

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Lei da aprendizagem: conhecer para crescer Nilton Limas Duarte Júnior* O ser humano, em sua convivência com outras pessoas, assume distintos papéis durante a sua vida, seja como membro de uma família, uma escola ou uma empresa. Nessa interação, os indivíduos presenciam diversas situações que os levam a tomar decisões e a praticar ações que surtirão reflexos na organização social ao qual pertencem. Henri Wallon (1995) elucida que a sociedade oportuniza à criança, ao jovem e ao adulto a interação de novas composições sociais, e assim, o desejo de outras necessidades. Por conseguinte, a busca por novos recursos resulta na sua evolução e diferenciação individual dentro da conjuntura social. Em vista disso, o educador, ao pensar na sua ação docente, deve estar atento aos aspectos comportamentais dos alunos, sendo esses, orientados por valores

"Identificado o contexto social em que os alunos se encontram, e embasados nas informações que regulam a Aprendizagem, o docente poderá elaborar metodologias eficazes que promovam o ensino e o desenvolvimento profissional dos aprendizes, bem como a sua inclusão no mercado de trabalho." familiares sociais, realidade que oportuniza ao docente a busca por capacitações a fim de suprir a carência de conhecimentos para o tratamento de futuros acontecimentos na comunidade escolar. No que tange o ensino de jovens aprendizes, o professor deve atentar à qualificação continuada referente às leis e aos decretos que orientam os programas de qualificação profissional, os quais estão compilados no Manual da Aprendizagem. Conhecer a Lei 10.097/00, o Decreto nº 5.598/05, bem como o Estatuto da Criança e do Adolescente, permitirá ao

docente compreender as diretrizes que regulamentam a contratação de jovens aprendizes, além de distinguir as responsabilidades e as atribuições de cada integrante dos programas de aprendizagem: órgãos reguladores e fiscalizadores, instituições formadoras, empresas contratantes e o jovem aprendiz (BRASIL, 2014). Ciente dessas informações, o educador poderá atender as questões abordadas pelos educandos e orientá-los, além de esclarecer e situar os aprendizes nos aspectos legais da Lei da Aprendizagem acerca de suas atribuições na instituição de ensino e na empresa contratante. Identificado o contexto social em que os alunos se encontram, e embasados nas informações que regulam a Aprendizagem, o docente poderá elaborar metodologias eficazes que promovam o ensino e o desenvolvimento profissional dos aprendizes, bem como a sua inclusão no mercado de trabalho. Por fim, diante dos desafios e das oportunidades de qualificação que a aprendizagem proporciona aos alunos e professores, tornase relevante entender e compreender a importância da educação na mesma perspectiva que Karl Marx (1991) ao elucidar esta como “o único caminho capaz para transformação humana social dos indivíduos, conduzindo -os para uma visão crítica, conscientizando e preparando-os para viverem em sociedade e assumindo a sua cidadania”. REFERÊNCIAS

MARX, Karl. Formações Econômicas Précapitalistas. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. 27. WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições, 1995. 165. Disponível em: http://acesso.mte.gov. br/data/files/8A7C816A454D74C101459564521D7BED/manual_aprendizagem_miolo.pdf. Acesso em: 14 abr. 2018.

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*Licenciado em História / Faculdade Porto-Alegrense. Orientador de Educação Profissional Senac Comunidade. nljunior@senacrs.com.br


Aprendiz Hoje, Profissional Amanhã, Ação eficaz! "A permanência dos aprendizes só confirma o comprometimento e desejo da juventude, mesmo vindo de realidades de alta vulnerabilidade e risco social em contribuir no seguimento da saúde do município." O Instituto Leonardo Murialdo – Associação Protetora da Infância em Porto Alegre/RS oferece cursos de aprendizagem profissional conforme a Lei 10.097/2000 e o Decreto 5598/2005 por meio do Projeto Carla Consuelo Lima Barbosa, Clínica São José Aprendiz Hoje, Profissional Amanhã atendendo aproximadamente 160 adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos que recebem formação teórica e prática para ingressarem no mundo do trabalho através dos cursos de Assistente Administrativo Bancário e Hospitalar, Auxiliar Administrativo Empresarial Auxiliar de Alimentação Hospitalar, Auxiliar de Higienização Hospitalar, Operador de Telemarketing Ativo Receptivo e Vendedor de Comércio Varejista. Muito além do primeiro emprego, o Programa Jovem Aprendiz proporciona uma inclusão social quando possibilita aos jovens uma oportunidade de inserção no mundo do trabalho. A Instituição tem a tarefa de incentivar as iniciativas que consolidem e proporcionem cada vez mais a inclusão da populaKleber Scarpetti, Centro Médico Praia do Guaíba ção vulnerável economicamente e que está à margem de oportunidades de trabalho equacionando o conhecimento ao crescimento profissional, promovendo desta forma a inserção social oportunizando o desenvolvendo das potencialidades de cada jovem e discutindo assuntos como Jessica Alves da Silva, Clínica São José

Edilene Souza Santos* Pedro Leivas** valores éticos, cidadania, respeito e solidariedade, contribuindo para uma nova visão de mundo para este público. Para ilustrar o exposto acima o presente artigo apresenta o case de sucesso na área hospitalar que em um montante de 95 jovens matriculados nos cursos hospitalares aponta que em 2016 cerca de dez jovens foram efetivados, já em 2017 o número quase triplicou e foram vinte e nove empregados e por fim, somente no primeiro trimestre de 2018 já somam oito contratações. A permanência dos aprendizes só confirma o comprometimento e desejo da juventude, mesmo vindo de realidades de alta vulnerabilidade e risco social em contribuir no seguimento da saúde do município. Estamos convictos de que na atualidade é preciso despertar os aprendizes para o aprimoramento e cultivo de um perfil mais sensível, aberto, acolhedor, comprometido e que respeite a diversidade e individualidade de cada envolvido nos processos de trabalho nos quais serão inseridos. E por fim, ressaltamos parte da missão do Instituto Leonardo Murialdo destacando que é preciso estar atento às mudanças de nossa sociedade e na atuação na comunidade, ajudar a despertar e valorizar as potencialidades individuais e coletivas das crianças, adolescentes, jovens e suas famílias, promovendo o desenvolvimento social para que todos sejam incluídos no processo para formar cidadãos de bem na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. REFERENCIAS

BRUDER, Fundação Isis ; Disponível em:<http://www.fiepr.org.br/nospodemosparana/uploadAddress/programa_aprendizagem[29478].pdf>. Acesso em 23/04/2018. MURIALDO, Ação Social: Disponível em:<http://www.murialdosocial.com.br/ jovem-aprendiz.> Acesso em 23/04/2018.

*Coordenação Geral de Projetos **Coordenação Jovem Aprendiz

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Socioaprendizagem: ampliação de parcerias e de oportunidades para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social Simone Ledesma de Quadros* É irrefutável que a legislação que permeia a Aprendizagem Profissional vem obtendo avanços significativos, tanto no âmbito da profissionalização quanto da assistência social, áreas as quais a mesma converge. No último dia 04 de maio, o Decreto 8.740/2016¹ que dispõe sobre a experiência prática do aprendiz, completou dois anos de sua publicação e com ele os Programas de Aprendizagem obtiveram dois grandes ganhos: a ampliação dos espaços das práticas dos aprendizes – quando da impossibilidade de desenvolvimento no empregador – e a prioridade no atendimento de adolescentes e jovens em situação de extrema vulnerabilidade e/ou risco social: egressos do sistema socioeducativo ou em cumprimento de medidas socioeducativas, em cumprimento de pena no sistema prisional, aqueles cujas famílias sejam beneficiárias de programas de transferência de renda, em situação de acolhimento institucional, egressos do trabalho infantil, jovens e adolescentes com deficiência, ma-

"Todas unindo esforços para que possamos reduzir as desigualdades, aumentar a escolarização e/ou viabilizar o retorno para a escola, potencializar vínculos familiares e de rede, promover a garantia e a defesa dos direitos, combater o trabalho infantil, acesso gratuito à profissionalização e, com a ela, a inserção e a permanência ao mundo do trabalho, ou seja, inclusão social." triculados na rede pública de ensino, inclusive na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, desempregados e com ensino fundamental ou médio concluído na rede pública. Muitas parcerias vem sendo fortalecidas neste sentido, articulações entre instituições formadoras, empresas, órgãos públicos municipais, estaduais e federais, conselhos da criança e do adolescente, conselhos da assistência social, escolas e demais instituições que compõem a rede de atendimento. Todas unindo esforços para que possamos reduzir as desigualdades, aumentar a escolarização e/ou viabilizar o retorno para a escola, potencializar vínculos familiares e de rede, promover a garantia e a defesa dos direitos, combater

o trabalho infantil, acesso gratuito à profissionalização e, com a ela, a inserção e a permanência ao mundo do trabalho, ou seja, inclusão social. Nos últimos anos, observamos que diversos projetos envolvendo parcerias foram viabilizados priorizando adolescentes em acolhimento institucional (casas-lares, famílias acolhedoras e repúblicas), jovens em cumprimento de medidas socioeducativas e pessoas com deficiência (beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada - BPC). Essas ações contribuíram muito para que os riscos/vulnerabilidades não fossem agravados, mas principalmente, para que os mesmos fossem superados. A Aprendizagem Profissional representa para a sociedade, uma das melhores e principais formas de inserção e inclusão de adolescentes e jovens no mundo do trabalho. Nela, identificamos inúmeros aspectos favoráveis, pois além da geração de renda e possibilidade de superação da condição de vulnerabilidade, viabiliza experiências laborais protegidas e, o mais importante, ressignifica projetos de milhares de vidas. ¹Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8740.htm. Acesso em: 27 abr 2018.

*Pedagoga, especialista em Gestão de Pessoas com ênfase em Coaching, Coordenadora Educacional na Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio e conselheira do CMAS de Porto Alegre/RS.

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Trabalho Infantil: Agravos à saúde e riscos Iasmini Bellaver Dambros* No Brasil, a atuação laboral é lícita a partir dos 16 anos, permite-se ainda o trabalho, exclusivamente na condição de aprendiz, a indivíduos com idade superior a 14 anos. Cabe destacar que qualquer trabalho caracterizado como noturno, perigoso ou insalubre é proibido a jovens com idade inferior a 18 anos. O trabalho infantil diz respeito a qualquer atividade laborativa, remunerada ou não, praticada por indivíduos com idade inferior a estipulada pela legislação. Ressalta-se que o trabalho infantil apresenta consequências multifacetadas. O Decreto nº 6.481 de 12 de junho de 2008, aprova a lista das piores formas de trabalho infantil, apontando os relacionados à: práticas análogas ao trabalho escravo; exploração sexual comercial ou pornográfica; tráfico de drogas; e atuação em conflitos armados. Ainda, tal decreto apresenta uma extensa lista das atividades prejudiciais à saúde e à segurança dos jovens, salientam-se as que envolvem mutilações, amputações, queimaduras, perda da visão e audição, transtornos de personalidade e comportamento, comprometimento psicomotor e doenças sexualmente transmissíveis (BRASIL, 2008). As atividades de trabalho infantil são percebidas nos mais diversos setores, em con-

"Compreende-se que crianças e adolescentes, por se encontrarem em uma fase de desenvolvimento biopsicossocial, não possuem as mesmas condições de autopreservação e de resistência física e emocional que adultos[...]. Entre os anos de 2007 a 2016, foram registradas 22.721 lesões graves e 204 óbitos de jovens com idade entre 5 a 17 anos durante atividade laboral." dições que envolvem exploração e riscos à saúde e à segurança dos jovens. Tais trabalhos em geral demandam a operação de máquinas, trabalho braçal, manuseio de ferramentas cortantes e produtos químicos. Compreende-se que crianças e adolescentes, por se encontrarem em uma fase de desenvolvimento biopsicossocial, não possuem as mesmas condições de autopreservação e de resistência física e emocional que adultos. Atualmente milhões de crianças e adolescentes encontram-se em atividades de trabalho no Brasil, muitas em atividades perigosas. Destaca-se que entre os anos de 2007 a 2016, foram registradas

22.721 lesões graves e 204 óbitos de jovens com idade entre 5 a 17 anos durante atividade laboral (BRASIL, 2017). Em geral o trabalho infantil é uma atividade exaustiva para o jovem e em decorrência da sobreposição de atividades e exigências, minimiza as possibilidades de lazer, causando ainda infrequência e evasão escolar. Desse modo, compreende-se a importância da fiscalização do trabalho infantil, visando a erradicação do mesmo. Salienta-se a relevância dos programas de aprendizagem profissional os quais destinam-se à formação de jovens por meio de atividades teóricas e práticas, sendo a complexidade das tarefas aplicadas de forma progressiva e monitorada. REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 6.481, de 12 de Julho de 2008. Disponível em: <www.planalto.gov. br/ccivil_03/ato2007-2010/2008/decreto/ d6481.htm>. Acesso em: 20 Abr. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Notificação de violências interpessoais e autoprovocadas. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/notificacao_violencias_ interpessoais_autoprovocadas.pdf>. Acesso em: 15 Abr. 2018.

*Psicóloga na Fundação de Assistência Social de Caxias do Sul, Especialista em Gestão Social: Políticas Públicas, Redes e Defesa de Direitos e Mestranda no PPG de Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade Feevale.

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Qualificação 32

Um blog de sonhos e realidade Instituto Crescer Legal Divulgar experiências e mostrar a reali- para que o jovem permaneça e se desenvolva Atualmente, cerca de 140 jovens dade de vida de aprendizes é o principal obje- no meio rural e, ao mesmo tempo, combater participam das atividades Programa de tivo do novo canal do Instituto Crescer Legal, o trabalho infantil no campo. Aprendizagem Profissional Rural, que em uma iniciativa do SindiTabaco e suas 2018 foi ampliado de cinco para empresas associadas, que tomou forsete municípios gaúchos. Com ma com o apoio e adesão de pessoas idades entre 14 e 17 anos, os joenvolvidas com a educação e com o vens foram selecionados entre as combate ao trabalho infantil, em esfamílias de produtores e trabapecial em áreas com plantio de tabalhadores rurais com o auxílio dos co, na Região Sul do País. orientadores das empresas assoPara marcar o sucesso das aticiadas ao Instituto, além das esvidades, a entidade, que acaba de colas e rede de assistência social. completar três anos, lançou um blog Os adolescentes são contratados que retrata a relação entre a juventucomo aprendizes por indústrias asde e o campo, denominador comum sociadas ao Instituto e recebem redos jovens aprendizes envolvidos. “O muneração e certificação de acorblog foi criado com o intuito de apre- Edilaine Scherer (quarta da esquerda para a direita) conta no blog sua do com a Lei de Aprendizagem. Empreendedorismo em Agricultura Polivalente – sentar singularidades e peculiaridades experiência no curso Toda a carga horária é cumprida Gestão Rural (Foto: Junio Nunes) dentro do contexto de cada realidano âmbito do curso de formade e proporcionar uma maior interação, na instituição parceira, junto ção dos jovens com o mundo”, afirà família, na comunidade, como ma o diretor presidente do Instituto, em viagens pedagógicas e visiIro Schünke. tas técnicas. Dar voz aos jovens é uma forPromover a igualdade de ma de valorizar suas experiências e gênero também está entre os obtambém ouvir as demandas da jujetivos do Instituto. Em 2017, um ventude, que cada vez mais procugrupo de 13 egressas do Programa ra e precisa de espaços que atendam de Aprendizagem de Vera Cruz necessidades muito específicas e que e Candelária (RS) participaainda não estão contempladas pelas ram do projeto Nós por Elas – A políticas públicas. “Nos últimos temvoz feminina do campo, realizapos eu pude ver que o meio rural, que do em parceria com o curso de é onde estou inserida, é muito valioComunicação da Universidade Em 2018 o Instituto completa três anos e celebra junto com os 134 jovens so. Comecei a refletir mais sobre o aprendizes que utilizam o contraturno escolar para aprender mais sobre de Santa Cruz do Sul (Unisc) e gestão rural (Foto: Divulgação) presente e o futuro e acho que posso o Sindicato dos Trabalhadores investir mais em algo relacionado ao Rurais de Vera Cruz. Após prepacampo”, disse Edilaine Scherer, 19 rarem conteúdos e entrevistas soanos, egressa de Candelária (RS), em bre temas como o papel da mulher seu relato. Os depoimentos estão disna sociedade, trabalho infantil e poníveis em www.crescerlegal.com. violência contra mulher, o matebr/historias rial foi compilado e transformado em programas de rádio e conTRÊS ANOS E MUITAS teúdo para a internet, disponíveis REALIZAÇÕES em: www.crescerlegal.com.br/boA fórmula do sucesso do letins. Uma nova edição do projeInstituto se deve, em muito, à expeto deve acontecer no segundo seriência adquirida pelo setor do tabamestre de 2018. co que em 2018 completa 20 anos de ações voltadas à proteção da criança e Treze gurias participaram da primeira edição do projeto Nós Por Elas, as mulheres do campo. (Foto: Rodrigo do adolescente, oferecendo subsídios discutindo temas importantes para Assmann)


Sarita Albuquerque dos Santos* O Centro de Educação Profissional São João Calábria conta com seis modalidades de cursos de qualificação profissional, como Marcenaria, Mecânica Automotiva, Design Gráfico, Design Multimídia, Padaria e Confeitaria e Assistente Administrativo. As atividades são voltadas para a promoção dos jovens no mundo do trabalho, através do projeto de aprendizagem profissional que, somente no último ano, inseriu mais de 500 beneficiários aos sistemas de cotas a partir das empresas parceiras. Neste sentido, uma experiência exitosa foi registrada especialmente em atividade do curso de Assistente Administrativo, módulo II, onde educandos aprenderam sobre marketing e foram desafiados a construir apresentações sobre os conteúdos vistos nas aulas.

A proposta da educadora Sarita Albuquerque foi colocada com o objetivo de fomentar o protagonismo juvenil, dicção e oratória, organização pessoal e explanação dos conteúdos. Os 35 educandos se debruçaram diariamente para elaborar a pesquisa e se prepararem para partilhar os conhecimentos aprendidos com outros cursos da instituição calabriana, compreendendo educandos, educadores e convidados especiais. A educanda Jéssica Sponchiado disse que a atividade agregou importantes pontos para a turma, desde fixar os assuntos vistos durante os encontros até a qualificação das relações pessoais com os demais colegas: “Foi uma prática importante para que estejamos todos prontos para o mercado de trabalho, fazendo com que cada aluno busque seus ideais, objetivos e preparo para ser um bom futuro profissional, tanto quanto na vida pessoal”, enfatiza a aprendiz. No traba-

"Com mais de 500 aprendizes encaminhados para cotas da aprendizagem, o Calábria investe em seis modalidades de cursos de qualificação." lho, foram abordados os 4 P's (Preço, Praça, Produto e Promoção), a segmentação de clientes, o ciclo de vida dos produtos e as dez lições de Philip Kotler, que é professor universitário, conhecido como “Pai do Marketing”. “A construção dos 4 Ps de Marketing, ou Mix de Marketing, é relativamente simples, mas deve ser apoiada em um conhecimento profundo do mercado em que se está atuando”, salienta a educadora da turma. O exemplo de atividade relatada ilustra apenas uma pequena parte das diversas oportunidades e momentos de aprendizagem e promoção da infância que são disponibilizadas no Calábria. Cujo objetivo é ser um espaço de acolhida, proteção e inter-relações humanas, em prol da inclusão social, voltada ao atendimento de crianças, adolescentes, jovens e idosos em situação de vulnerabilidade.

Experiências pedagógicas

Experiências pedagógicas

Curso de qualificação profissional no Calábria prepara jovens para o mundo do trabalho

*Graduação em Administração pela UniRitter e Pósgraduação em Controladoria e Finanças. Dicção e oratória, apresentação pessoal e organização de projetos são recursos indispensáveis no curso Assistente Administrativo

Educandos do curso Assistente Administrativo participaram da redação do relato da própria atividade sobre marketing

Educandos apresentaram para colaboradores e colegas de curso seus trabalhos sobre marketing

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Experiências pedagógicas

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Adolescentes do Programa de Aprendizagem Acompar no Beto Carrero Ação Comunitária Paroquial ACOMPAR

"O passeio foi a oportunidade de conhecer o mar pela primeira vez, estarem hospedados em um hotel, vivenciar uma saída em grupo, dormir fora de casa e, principalmente, a responsabilidade, pois teriam que ser responsáveis sem os pais estarem por perto."

O Programa de Aprendizagem ACOMPAR realizou um passeio para o Beto Carrero World, no mês de abril de 2018, o objetivo era trabalhar com os adolescentes a organização financeira para tal atividade, uma vez que o passeio foi todo pago um ano antes, lembrando que o pacote foi planejado e escolhido pelos adolescentes. Neste passeio, nós educadores pudemos observar um pouco do trabalho realizado com relação à postura, afinal estávamos em

ACOMPAR- Ação Comunitária Participativa

um lugar totalmente diferente da realidade vivida. Para os adolescentes, segundo relatos, o passeio foi a oportunidade de conhecer o mar pela primeira vez, estarem hospedados em um hotel, vivenciar uma saída em grupo, dormir fora de casa e, principalmente, a responsabilidade, pois teriam que ser responsáveis sem os pais estarem por perto. A saída foi extremamente gratificante, saímos por três dias com 46 adolescentes, ficamos dois dias em Balneário Camboriú e um dia no parque. Para eles, um sonho realizado, para nós, uma satisfação.


Sarau como ferramenta pedagógica Equipe Pedagógica da Escola Mesquita* Este texto constitui-se no relato de experiências pedagógicas desenvolvidas nos Saraus Culturais, realizados nos últimos sete anos no Programa de formação de Jovens Aprendizes na Escola Técnica José César de Mesquita. Estes eventos ocorrem durante o período teórico e compreendem as mais diversas expressões artísticas como poesia, dança, música, teatro, fotografia, a partir das escolhas dos jovens. Saraus são ferramentas potentes de reflexão e se constituem como um processo de integração destes jovens acerca de suas visões de mundo, incluindo os temas trabalhados pelos Educadores. Tem como objetivo motivá-los a expressar e trabalhar suas subjetividades de diferentes modos, bem como desenvolve um processo de construção de sínteses sobre vivências expressas em forma de arte, que possibilitam visibilidade a variados “discursos”, dando vazão às angústias advindas do cotidiano e anseios de ser sujeito em primeira pessoa, sendo “discursos” compreendidos na perspectiva que sugere uma noção mais ampliada de comunicação através da arte. Percebemos o Sarau como referência ar-

tística e política orientada para a contestação dos marcos de exclusão impostos às periferias e aos processos de violência interpessoal que são manifestadas, muitas vezes, dentro de casa a partir daqueles que, supostamente, deveriam ser o “porto seguro” e representar proteção. Os saraus realizados na Escola proporcionam um espaço democrático de aprendizado, socialização e descoberta de talentos, sendo um ato de resistência frente ao mundo cada vez mais tecnológico. Os saraus são oportunidades de mostrar habilidades que, em outras circunstâncias, provavelmente, tais jovens não ousariam por timidez. O resultado destes encontros é percebido através do aumento da autoestima, do respeito próprio, da confiança, da solidariedade quando estes jovens demonstram outras formas de resistência e muitas vezes se descobrem artistas que não pensavam ser, além disso permitindo democraticamente inclusão e aceitação coletiva de diferentes manifestações artísticas. O Sarau provoca união, é um lugar de encontros entre o velho e o novo, o moderno e o antigo, compartilhados através das vivências coletivas. Isto faz com que a prática do Sarau abra suas portas para o pro-

Sarau 2016 a 2018

"Os saraus realizados na Escola proporcionam um espaço democrático de aprendizado, socialização e descoberta de talentos, sendo um ato de resistência frente ao mundo cada vez mais tecnológico. Os saraus são oportunidades de mostrar habilidades que, em outras circunstâncias, provavelmente, tais jovens não ousariam por timidez." tagonismo de todos os educandos, tanto dos envolvidos nas demonstrações, quanto aos que se propõem a apenas “apreciar o espetáculo”. E é nas apreciações e no “botar a mão na massa” que a arte deixa de ser abstrata e intangível para se tornar palpável e adquire a culturalidade dos envolvidos no seu processo de criação e compartilhamento. Assim, a arte, enquanto narrativa e processo de reflexão do cotidiano, proporciona rupturas com os modos tradicionais de comunicação, uma vez que provoca a juventude a imprimir “sua marca”. Através da socialização do que é arte para cada um que se percebe o processo de criação coletiva e ao mesmo tempo pessoal. É se reconhecer fazendo parte de algo que proporciona um ato de pertencimento ao coletivo, ao resultado final obtido. *Angelita Martins (Licenciatura em Letras), Bárbara Farias (Bacharel em Administração), Claudete Souza (Mestra em Educação), Elen Tavares (Doutora em Educação), Janaína Kleinkauf (Bacharel em Administração), Joacir Pezente (Engenheiro Eletrônico), Marcelo Cavasotto (Mestre em Educação, Ciências e Matemática), Marina Andrade (Licenciatura em Matemática), Paulo Thomassim (Bacharel em Administração), Rochele Boneti (Mestra em Nutrição e Dietética), Vitor Brasil (Mestre em Educação Ambiental), Wagner Moura (Psicólogo).

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Experiências pedagógicas

Inclusão x Profissionalização: Habilidades e Competências encobertas pelo capacitismo "Engana-se quem pensa que as pessoas com deficiência têm que viver sob as asas da família, enlaçando-se em um processo retrógrado e contínuo de discriminação e capacitismo. Sim, porque esse pensamento é devido à incredulidade nas capacidades e habilidades das pessoas com deficiência." Na atualidade, percebe-se que ainda falta muito para que as pessoas com deficiência tenham plena inserção no mercado de trabalho, apesar de vermos avanços que são inegáveis, ainda há um mercado de trabalho excludente e tradicional. Engana-se quem pensa que as pessoas com deficiência têm que viver sob as asas da família, enlaçando-se em um processo retrógrado e contínuo de discriminação e capacitismo. Sim, porque esse pensamento é devido à incredulidade nas capacidades e habilidades das pessoas com deficiência. Temos

Evelise Kerkhowe* hoje no Brasil cerca de 24% da população com alguma deficiência, de acordo com último censo demográfico brasileiro, e essas contam com plenas capacidades de participarem dos programas de aprendizagem ofertados pelas diversas instituições que dele dispõem. Contudo, o preconceito e o medo do diferente impossibilitam que histórias de iniciação profissional de sucesso e enfrentamento de barreiras sejam construídas. Existem ainda, apesar das leis e seus avanços, empresas que se negam a experimentar, a enfrentar as barreiras existentes, construindo histórias de sucesso e inclusão verdadeiras. Tenho experienciado algumas dessas histórias, que quando bem direcionadas, proporcionam o crescimento profissional e pessoal de todos os envolvidos, levando as pessoas com deficiência a ingressarem no mercado de trabalho de forma produtiva e assertiva, assumindo suas vidas financeiras, contribuindo para a renda familiar e participando da sociedade ativamente. Hoje a Integrar-rs, tem investido na sensibilização das instituições, levando in-

formações acerca do tema e apoiando durante todo o período de prática do jovem aprendiz com deficiência. Isto se dá através de uma pedagogia humana e interacionista, onde os aprendizes são protagonistas e recebem todo o suporte para praticarem o que constroem na teoria dentro das salas de aula. Contudo, ainda temos um logo caminho a percorrer, pois as empresas em geral não estão preparadas para a recepção plena das pessoas com deficiência, por muitas vezes deixando que o capacitismo sobreponha-se às competências, não aproveitando o profissional em sua totalidade. Outra barreira iminente é a aceitação integral das deficiências, sem escolher uma determinada, acreditando no potencial humano e verdadeiro existente, devido ao despreparo de toda a sociedade. Precisamos de uma rigidez quanto à estas solicitações, trabalhando na conscientização da sociedade como um todo, a fim de que possamos em um futuro próximo, trabalhar dentro de uma inclusão verdadeira, justa e igualitária, aproveitando todo o potencial que o ser humano tem, independente de ter ou não deficiência. REFERÊNCIAS

http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/09/cresce-numero-de-pessoascom-deficiencia-no-mercado-de-trabalhoformal. Acesso em 25/04/2018, 14h.

*Pedagoga, Psicopedagoga, Coordenadora Pedagógica da Integrar-rs, Especialista em Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho.

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Liderança e protagonismo juvenil Vanessa da Silva Mulet* O Polo Marista de Formação Tecnológica é uma das 3 unidades que compõem o Centro Social Marista. Temos como lema a frase “Acreditando nos jovens acima de tudo” que reforça todas as nossas ações e fortalece nosso principal projeto: A formação de jovens aprendizes para o mundo do trabalho e para a vida. Em fevereiro de 2016 foram criados os primeiros grupos de líderes com o objetivo de estimular o protagonismo e a democracia nos jovens, aprimorar o relacionamento, melhorar a comunicação e oportunizar o exercício da cidadania por meio de atitudes de cooperação, reflexão, participação, responsabilidade e comprometimento. Organizados com dois representantes por turma, sendo um líder e o outro vice-líder, escolhidos pela turma. Esses grupos assumem ações para fortalecer os grupos de trabalho, as relações de convivência e para aprimorar processos frente à gestão de pessoas e projetos. Nesses 2 anos, já formamos em torno de 60 lideranças juvenis, pois esses grupos também realizam ações para a comunidade e participam de fóruns, seminários e demais eventos. Também oportunizamos no mínimo 2 formações por ano para o desenvolvimen-

to de competências, habilidades e atitudes no âmbito técnico, humano e nos eixos pedagógicos que norteiam nossas práticas. Esses grupos estão em constante contato com nossa equipe multidisciplinar, possuem voz em decisões e planejamentos, atuando como portavozes dos demais educandos e propondo todo o tipo de mudanças e melhorias. Um dos diferenciais dos nossos grupos de líderes é a convivência e a inclusão de pessoas com deficiências, o que permite uma vivência enriquecedora e um desenvolvimento integral de nossos educandos. Nossas experiências com esses grupos são de aprendizado mútuo, evidenciando a cada dia a importância de escutar os jovens e conhecer suas necessidades para construir projetos e ações adequados para o melhor convívio, para uma comunicação assertiva e para resultados mais positivos. Observamos o quanto os jovens amadurecem, descobrem novas competências e assumem a responsabilidade de ser exemplo, sendo mais comprometidos e motivados para o trabalho. Consciente do nosso papel na formação cidadã, entendemos que nossa sociedade precisa de pessoas comprometidas, críticas,

"Observamos o quanto os jovens amadurecem, descobrem novas competências e assumem a responsabilidade de ser exemplo, sendo mais comprometidos e motivados para o trabalho." engajadas, capazes de assumir responsabilidades e que se proponham a ser a mudança que precisamos para um mundo melhor. Preparamos nossos jovens para serem mais do que influenciadores, que sejam protagonistas, principalmente da sua própria vida. Vemos nossos jovens como violetas, símbolo Marista que representa a perseverança e a história do Instituto: as 3 virtudes marianas: humildade, simplicidade e modéstia. São flores pequeninas que possuem uma vitalidade forte e que conseguem alterar, com discrição, o local onde se encontram. Elas retratam a humildade, a simplicidade e a modéstia, “síntese” do carisma marista e sinal de compromisso com a causa de Marcelino Champagnat, nosso fundador.

*Coordenadora Pedagógica do Polo Marista de Formação Tecnológica. Graduada em Pedagogia Empresarial. MBA - Gestão Empresarial e especialização em Educação a Distância: Planejamento, Implantação e Gestão.

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Experiências pedagógicas

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Protagonismo no Processo de Avaliação: Sistema de Avaliação Pescar do Jovem Equipe Técnica, Comitê de Avaliação e Supervisores de Unidades do RS, SC e SP da Fundação Projeto Pescar O jovem protagonista do seu desenvolvimento pessoal e profissional, tem participação ativa no processo de avaliação, dialogando com o educador social a forma como se percebe. Ao mesmo tempo, é importante estar aberto a ouvir as percepções sobre ele, a fim de tomar consciência sobre seu comportamento. É somente com este pano de fundo que o Sistema de Avaliação Pescar do Jovem – SAP Jovem adquire sentido, pois seu objetivo é contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional do jovem através da viabilização de um momento individual e de consenso da reunião colaborativa, avaliando seu desempenho e indicando pontos fortes, oportunidades de melhorias e o Plano de Desenvolvimento Individual – PDI. O PDI é um plano de ação, com o objetivo de estimular cada jovem a se desenvolver nas competências propostas pelo Programa Social Pescar. Ele pode aproveitar seus registros dos pontos fortes e pontos a desenvolver para a construção do seu PDI, sendo uma iniciativa do próprio jovem (de dentro para fora) e não uma expectativa do educador social (de fora para dentro). Com o objetivo de “dar vida” ao PDI, a orientação é que o educador social planeje, semanalmente, uma atividade para que o jovem possa relacionar os conteúdos desenvolvidos com as competências, assim como com seu PDI. Portanto, é preciso conhecer quem são os jovens para quem pensamos uma dada metodologia: O quê eles já trazem como bagagem de conhecimentos? O quê podemos aprender com eles? O quê precisamos desenvolver com eles? Quais os interesses de aprendizado deles? Qual a melhor forma de estabelecer essa relação necessária de ensino-aprendizagem?

Qual metodologia funcionará melhor com um dado grupo específico? As respostas a estas questões não são sempre iguais, pelo contrário, variam de acordo com os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Por isso, torna-se essencial conhecê-los em profundidade. Somente assim a metodologia proposta poderá ser eficiente e eficaz. Celso Antunes (2002) sugere que nenhum educador inicie qualquer conteúdo novo sem antes mostrar o que se vai estudar, por que esse tema é importante, qual encadeamento entre ele e os temas anteriores, quais atividades serão propostas e que tipos de habilidades operatórias são para esse caminhar requeridas. Esta visão deve estar presente no cotidiano do educador social, explicitando

aos jovens as competências presentes em cada atividade/vivência da Unidade, reorganizando suas experiências e seus conhecimentos em novos significados. Ao compreender a importância das competências no Projeto Pescar, no seu desenvolvimento pessoal e profissional e no mundo do trabalho, o jovem se torna protagonista no processo de avaliação. REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Vygotsky, quem diria?! Em minha sala de aula. Coleção Na Sala de Aula. Fascículo 12. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

As 7 Competências


“Aprendi com o projeto a conviver e compartilhar. Conheci lugares novos e descobri um esporte radical e suas manobras, como dropar e ollie. Sou muito agradecido pelos ensinamentos que levarei por toda a vida.” (Kevin Gabriel Adamy do Amaral, 14 anos, participante do projeto 'O outro lado das ruas', skatista, jovem e sonhador, 08 de maio de 2018).

O projeto “O outro lado das ruas”, desenvolvido pelo Calábria através da equipe do Programa Ação Rua - (FASC), visa aprimorar o pressuposto de fortalecimento dos vínculos bem como o crescimento de habilidades sociais, capazes de criar condições favoráveis e novas perspectivas culturais, sociais e individuais dos jovens beneficiados pelos projetos sociais da instituição. “O outro lado das ruas” tem apresentado resultados e êxitos que podem ser amplificados de maneira

a ser multiplicado na rede de atendimento de fortalecimento de vínculos do município. Na prática, realizou-se um trabalho piloto envolvendo diretamente jovens em situação de rua moradia/sobrevivência (trabalho infantil), que apresentaram desejo de participar deste projeto. Cada beneficiário ganhou equipamentos para prática de Skateboard e doados pela comunidade e loja Skate Place, o instrutor voluntário Eduardo Clavelin, e os educadores sociais da equipe. Acreditamos que a estra-

Kevin Gabriel Adamy do Amaral.

tégia institucional “educar, semeando esperança” pode ser realizada através de atitudes, criatividade e aliança com a sociedade na busca de uma vida com qualidade, para que esses jovens acreditem no seu potencial e que tentam oportunidades para enxergar o mundo com todos os sentidos. Ainda há muito por fazer, no outro lado da rua.

Experiências de Projetos

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O Outro Lado das Ruas

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Parceria com Multinacional O Colégio Teutônia, cadastrado no Ministério do Trabalho e Emprego como entidade formadora e certificadora para programas de aprendizagem, tem em sua história “fazer Educação há 65 anos.” Desde 2005, a instituição possui um Centro de Eletricidade, utilizado para treinamento e capacitação de equipes que atuam diretamente na atividade e também como laboratório didático para os cursos técnicos em Eletrotécnica e Eletromecânica. Buscase contribuir para a formação de profissionais para o desenvolvimento científico e tecnológico, buscando experiências inovadoras para atuar com tecnologia de ponta, interagindo com outras instituições. A vivência no eixo educacional aliada à experiência, como também à condição de possuir uma unidade didática no setor da eletricidade, move a instituição para a oferta e realização do Curso de Aprendizagem Eletrotécnica Básica. Com a realização dos Módulos o Colégio já atua na oferta desse curso desde 2012, mas a primeira oportunidade de atuar nessa modalidade em tempo integral se tornou possível a partir de uma parceria entre a escola e a empresa Lactalis do Brasil, em 2016. O programa pratica a aprendizagem baseado na metodologia da alternância com presença em tempo integral de um profissional habilitado para a condução das atividades práticas. Junto ao desenvolvimento das atividades práticas do Curso de Eletrotécnica Básica vários projetos inovadores surgiram, inclusive parcerias com outros cursos oferecidos pela instituição, como por exemplo com o Aprendiz Cooperativo do Campo. Nessa parceria, desenvolveram um projeto de irrigação e controle de umidade para as estufas de morangos, colocando em prática conhecimentos sobre arduinos, eletrônica e programação. Projeto de irrigação Teutonia Projetos

Muitos outros foram os projetos desenvolvidos, entre eles a robótica, maquetes de enerEnergia eólica Teutonia Projetos gia solar e eólica e, reciclagem do lixo eletrônico. O aprendiz Jonata Rafael Lagemann Nesse sentido, o processo de ensino destaca que antes de fazer o curso não posaprendizagem está fundamentado na relação suía nenhum interesse na área elétrica, tanto do ensinar e do aprender com os entes envol- que exitou ingressar no programa, mas assim vidos através de metodologias desenvolvidas o fez por insistência de seu pai. O que mais na individualidade e especialmente no traba- chamou sua atenção foram os projetos de rolho com grupos e equipes. O professor Anildo bótica, o que o motivou a atualmente estar curBorges destaca que “estar frente a uma tur- sando um técnico em Automação Industrial. ma de jovens com sonhos e curiosidades difeA aprendiz Eduarda Keil destaca tamrentes é muito gratificante, são momentos de bém que estar tempo integral realizando o curtroca de conhecimento e experiências muito so na unidade formadora os afasta um pourico, no qual o objetivo é o desenvolvimen- co das rotinas de um ambiente de trabalho, to de atividades práticas com tecnologias de mas instiga-os a novos conhecimentos, sem inovação, além de pesquisa, diálogos, cons- ficarem engessados pelos processos burocrátrução do conhecimento técnico profissiona- ticos e rotineiros de um setor administrativo lizante e principalmente o desenvolvimento de uma empresa. do espírito de trabalho coletivo”.


A importância da aprendizagem na inserção dos surdos no mercado de trabalho Equipe Técnica da Associação Reviver É de conhecimento de todos, que mesmo com tantas evoluções e conquistas no mercado de trabalho, a inclusão de surdos ainda deixa lacunas e enfrenta desafios. Dentre as principais dificuldades encontradas, a falta de preparo e ausência de conhecimento das empresas torna preocupante a inclusão de pessoas com deficiência auditiva. É preciso estabelecer mais ações efetivas para que de fato, haja mais oportunidades e reconhecimento profissional. A inclusão da pessoa surda no mercado formal de trabalho é uma preocupação que vem ganhando espaço. Apesar de existir legislação que garanta a inclusão da pessoa com deficiência, poucas empresas tem a sensibilização para fazer esta desmistificação. Através da compreensão e valorização da importância da inserção do jovem no mercado de trabalho, a Associação Reviver desenvolve programas de aprendizagem profissional desde 2007. Abrangendo também a comunidade surda, em 2013 iniciou o projeto

de aprendizagem profissional inclusiva, sendo este um modelo inovador e desafiador que conta com auxílio de empresas parceiras na cotização de surdos para que tivessem a oportunidade de inserção no mercado. Com o objetivo de capacitar e qualificar os jovens para os desafios, a integração no programa de aprendizagem profissional proporciona conhecimentos, independência financeira, autonomia, transformando comportamento e atitudes, aprimorando habilidades e elevando a autoestima. Aspectos esses, que destacam qualquer indivíduo no meio organizacional. A experiência com deficientes auditivos na Associação Reviver, vem obtendo um sucesso além do esperado que se expande cada vez mais, sendo esta uma troca constante de conhecimentos e superação de obstáculos para todos os envolvidos. O maior ganho do trabalho executado pela Reviver é citar com satisfação exemplos de superação de jovens surdos que após par-

“O maior ganho do trabalho executado são os exemplos de superação de jovens surdos, que após participação no programa ingressam no mercado de trabalho.” ticipação no programa ingressam no mercado de trabalho, como é o caso de uma das jovens formadas pela instituição que perdeu a audição aos dois anos de idade, foi efetivada como colaboradora de um hospital na cidade de Canoas e cursa Análise de Sistema. Outro jovem aprendiz, que nasceu surdo, e hoje é colaborador administrativo em uma empresa de atendimentos hospitalares em Porto Alegre e cursará Designer Gráfico. Como último exemplo, temos uma jovem de 20 anos, que vem de uma família de surdos. Realizou aprendizagem por uma empresa da área bancária. Atualmente está cursando Pedagogia e está contratada como efetiva de uma multinacional. Contudo, a inclusão da pessoa com deficiência auditiva no mercado de trabalho, não se dá somente pela existência e cobrança da legislação. Acontece através de oportunidades e ações que visam à capacitação dos surdos para atuar de forma eficaz e competente no ambiente empresarial. A Associação Reviver auxilia na busca por uma mudança de mentalidade na sociedade. Fazendo com que a comunidade surda possa desenvolver seus conhecimentos, almejando novas metas, conquistando seus objetivos e eliminando qualquer tipo de preconceito ou exclusão gerado por parte de sua deficiência.

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O processo de aprendizagem com o Design Thinking Simone Chollet Saraiva* O Design Thinking traz a inovação à tona. É uma ferramenta que busca a solução de problemas de forma coletiva, estratégica e adaptável. Com dinâmica, criatividade e colaboração, a aprendizagem teórica vem “moldando” o educador a fim de facilitar o aprendizado dos jovens, e não apenas transmitir o conhecimento. Os treinamentos acabam tornando-se um processo em ciclo: ouvir, criar e entregar. O instrutor é o responsável por apresentar os problemas aos jovens, já envolvendo o conteúdo programado com a realidade dos Aprendizes. Em seguida, são sugeridas soluções ao problema, um Brainstorming, no qual todas as indicações são apresentadas e discutidas, analisando a real possibilidade de colocá-las em prática. De forma colaborativa, o estudo de viabilidade é feito a cada apresentação e escolhida a construção da ideia única a ser implementada. Aqui, pode-se utilizar a matriz SWOT, uma ferramenta que analisa forças e fraquezas, para chegarmos às possíveis melhorias a serem utilizadas. No entanto, cada instrutor tem a liberdade para utilizar o método Thinking da forma que preferir, já que esse é adaptável e flexível. O importante neste processo é o acompanhamento da evolução de cada jovem, tanto no desenvolvimento pessoal quanto na competência prática, que deve ser percebido pelo instrutor. Cabe aqui, uma outra ação super válida, o Feedback. Considerando o Design Thinking no processo de aprendizagem, voltamos na abordagem da educação infantil, que se baseia no espiral de Friedrich Froebel, no qual: imaginar, criar, dividir, refletir e imaginar novamente, nos projeta a criar, experimentar e explorar. Se esse sistema funciona de

“O assunto ainda é um tabu para alguns instrutores. Desta forma, é necessário um olhar atento para a formação desse profissional, pois é ele uma figura importante para a preparação do jovem e, consequentemente, para o futuro de uma sociedade cada vez mais tecnológica e colaborativa.” forma eficaz na base da educação, por que não adaptá-lo à educação de jovens? Pensar de forma criativa, aguçar a curiosidade e dar oportunidade para colocar as habilidades (principalmente de compartilhar e dividir) em prática é a melhor forma de aprendizado. A abordagem inovadora é elemento fundamental nas formas de comunicação. Não se trata de atividades desenvolvidas somente no laboratório de informática, mas sim, dos recursos também utilizados em salas de treinamento. Aliar a prática do currículo com as tecnologias parte do entendimento de que o jovem já está imerso em um mundo tecnológico. Precisamos aproveitar este ambiente, esta experiência dos aprendizes com recursos de tecnologia e levar isso para o planejamento das atividades. O currículo integrante de tecnologia tem potencial de promover um cidadão mais ativo, criativo e participativo, além de conseguir tornar as atividades mais interessantes. Trazer esses recursos para aprendizagem teórica, trata-se de um desafio. Mas também de uma bela oportunidade para o desenvolvimento de uma cidadania mais colaborativa.

Pensar na abordagem tecnológica e na integração dessas tecnologias ao currículo como elemento na construção social e no processo da Socioaprendizagem levam à necessidade de um Design Thinking no qual as dimensões pedagógicas, cognitivas e afetivas relacionam-se de forma significante aos conhecimentos e processos sociais. Contudo, o Design Thinking ainda é um tabu para alguns instrutores. Desta forma, é necessário um olhar atento para a formação deste profissional, pois ele é uma figura importante na preparação do jovem para o futuro de uma sociedade cada vez mais tecnológica e colaborativa.

*Instrutora Ensino Profissionalizante do Espro. Bacharel em Administração


Inserção no mundo do trabalho na Feira de Oportunidades Projovem Adolescente O Projovem Adolescente é um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos para jovens de 15 a 18 anos em situação de vulnerabilidade social, desenvolvido pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), órgão gestor da política de assistência social no município de Porto Alegre, através da Proteção Social Básica, em parceria com organizações da sociedade civil. Tem como principal objetivo fortalecer os vínculos familiares e sociais, bem como incentivar a permanência/reinserção do jovem no sistema escolar, o protagonismo juvenil e a inserção no mundo do trabalho. O Projovem Adolescente estrutura-se em dois Ciclos de Atividades complementares – Ciclo I e Ciclo II, com duração de 6 meses cada, desenvolvidos através de encontros e oficinas. O Ciclo I estabelece o coletivo de jovens como espaço de convívio cooperativo, afetivo, lúdico e

Roberta Monteiro* Márcia Thomassim Dreyer** Cassiê Adriana Pereira ***

solidário, gerando oportunidades para o desenvolvimento de criatividades, novos interesses, e reflexão sobre valores éticos, a formação para o mundo do trabalho e a cidadania. O Ciclo II, estabelece o coletivo como espaço de referência formativa, possibilitando o contato com oportunidades de inclusão ao mundo do trabalho, orientação para qualificação profissional e valorização de experiências práticas. Nesta perspectiva justifica-se, portanto, a necessidade de oportunizar um espaço de acesso e inserção ao mercado de trabalho, a cursos de qualificação e formação profissional como um instrumento de combate à exclusão social. O articulador de inserção tem a função de promover estratégias que visem o aumento da oferta de oportunidades formais e informais para os jovens inseridos no Projovem Adolescente, desencadear parcerias com o intuito de criar oportunidades de ocupação para os jovens, incluindo emprego formal via subvenção econômica ou responsabilidade social, jovem aprendiz, estágio social de ensino médio, lei de pesso-

“Busca ser um espaço de integração, e possibilita o contato, o acesso e a inclusão no mercado de trabalho e na qualificação profissional.”

as com deficiências e empreendendorismo juvenil, articular convênios e alianças estratégicas com o setor produtivo local, esferas de governo e sociedade civil. Ao considerar a inclusão dos jovens no mercado de trabalho, em programas de aprendizagem, estágios, qualificação profissional e vagas efetivas, o Projovem Adolescente, através da Articulação de Inclusão, concretiza essa diretriz, formando uma parceria entre as entidades formadoras, agentes de integração e empresas parceiras, na promoção da sua Feira de Oportunidades. A Feira de Oportunidades é o momento onde muitos jovens terão o seu primeiro contato com atividades do mundo do trabalho e qualificação profissional através de ações específicas, buscando ser um espaço de integração, e possibilitando o contato, o acesso e a inclusão no mercado de trabalho e na qualificação profissional. Nos últimos anos o evento foi realizado na Escola Estadual Júlio de Castilhos e é organizado de forma a proporcionar a cada parceiro um espaço para que possa apresentar aos jovens as suas áreas de atuação e vagas disponíveis, bem como possibilitar o preenchimento de fichas de inscrições para as diversas oportunidades oferecidas. Em torno de 400 jovens atendidos pelo Projovem Adolescente em toda a cidade de Porto Alegre, têm acesso a este espaço de oportunidades. * Relações Públicas, Articuladora de Inserção Projovem Adolescente. ** Pedagoga, Técnica de Referência dos Serviços de Convivência de Infância e Juventude – FASC *** Arte-Terapeuta, Técnica de Referência dos Serviços de Convivência de Infância e Juventude – FASC

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Experiências de Projetos

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Os cursos técnicos da Fundação Bradesco: a contribuição dos cursos e o desenvolvimento de projetos auxiliando na colocação profissional

Naira Regina Machado* Henrique Ricardo Rocha Lasevitch**

A Fundação Bradesco foi criada a partir da ideia visionária de Amador Aguiar, Presidente Emérito da Organização Bradesco que, de maneira inovadora, entendia a necessidade de disseminar o acesso à educação de qualidade entre jovens em condição de vulnerabilidade social no Brasil. A instituição possui hoje uma rede de 40 escolas, atendendo anualmente cerca de 100 mil alunos. No estado do Rio Grande do Sul, a Unidade Escolar de Gravataí contribui com o desenvolvimento da comunidade ao seu entorno há quase 40 anos. A instituição oferece as modalidades Educação Básica e Educação Profissional, com dois cursos técnicos que fazem parte do Programa Nacional Jovem Aprendiz: eletrônica e administração. Esses cursos se destacam por auxiliarem os jovens a ingressarem no mercado de trabalho de forma mais qualificada, através das oportunidades oferecidas por empresas da região. O curso técnico em eletrônica, por exemplo, permite aos educandos unir a teoria

trabalhada na instituição com a prática desenvolvida nas empresas, fortalecendo o conhecimento adquirido nas aulas. Os alunos aprendem desde conceitos básicos de eletrônica até o domínio de sistemas eletrônicos e equipamentos de automação. A prática permite estabelecer uma relação de proximidade e respeito com empresas parceiras que valorizam o trabalho desenvolvido na Fundação, reconhecendo a competência e o profissionalismo dos alunos. Além das atividades presentes na grade curricular, os alunos desenvolvem no curso um Projeto de Conclusão, oportunidade para aplicar os conhecimentos adquiridos até o momento em uma criação própria. Dentre as propostas já concebidas, destaca-se um projeto apresentado por dois estudantes que visa o desenvolvimento de um drone. A construção do projeto teve como objetivo estudar, avaliar e selecionar os componentes individualmente, aprofundando o conhecimento dos sistemas de maneira isolada para então, posteriormente, avaliar a interação das partes.

“É através da correlação constante entre Educação Básica e Educação Profissional que a Fundação Bradesco, ano a ano, constrói um trabalho cada vez mais sólido e transformador.” Atualmente, com grande visibilidade nos meios de comunicação, os drones são empregados em filmagens e fotografias aéreas, conquistando aos poucos espaços em áreas como agricultura, mapeamento de terrenos, inspeção de construções civis, entre outros. A construção de um quadcóptero – tipo comum de drone – longe de se caracterizar um projeto trivial, exige grande apropriação da eletrônica. O projeto colaborou de maneira essencial no aprendizado da dupla, elevando seus conhecimentos sobre sistemas elétricos e auxiliando-os a extrapolar as tarefas curriculares para diversas outras atividades. Dessa forma, os cursos técnicos ofertados pela Fundação Bradesco aproximam os alunos ao máximo de situações reais presentes no mercado de trabalho. As noções adquiridas na construção de um drone, por exemplo, análogas as situações que poderão ser encontradas no ambiente de trabalho de uma indústria, permitem aos estudantes adquirirem uma experiência sólida e diferenciada, destacando-os frente a outros candidatos na busca por uma colocação profissional. E é através da correlação constante entre Educação Básica e Educação Profissional que a Fundação Bradesco, ano a ano, constrói um trabalho cada vez mais sólido e transformador ao redor do Brasil.

* Graduação em Educação Física, Pós-Graduação em Supervisão Escolar/ Orientadora Profissional ** Graduação em Engenharia de Controle e Automação, Mestrado em Engenharia Elétrica/ Coordenador Técnico


Programa Jovem Aprendiz Nexteer - PJAN A Nexteer tem o comprometimento de conscientizar a sociedade sobre o cuidado com o aprendizado dos adolescentes, exercendo um papel importante na formação dos jovens, através da qualificação profissional adequada e postura cidadã, abrindo caminho para um mercado competitivo e globalizado, proporcionando a conquista de oportunidades de trabalho e realizando os sonhos desses adolescentes e seus familiares. Temos também como objetivo promover o trabalho voluntário dos nossos colaboradores, alinhado com a cultura organizacional da empresa, por meio de atividades de desenvolvimento profissional e socioeducativas. O programa pretende contribuir para o desenvolvimento dos jovens em vulnerabilidade social e econômica, com a parceria da instituição Pequena Casa da Criança.

"A parceria da Pequena Casa da Criança irá contribuir para o desenvolvimento dos jovens em vulnerabilidade social e econômica."

Valéria Pereira*

*HR Specialist na Empresa Nexteer

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Experiências de Projetos

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Construção cooperativa do conhecimento Francine Schutz Mentiacca* O Projeto Pescar iniciou em 1976, com Geraldo Tollens Linck (1927-1998). Hoje, a Fundação consolidou o trabalho, executa o programa em 82 unidades no Brasil (10 estados), 27 unidades no exterior (Argentina, Paraguai, Angola e Peru), e atende cerca de 1.731 jovens. Para a execução das atividades com os jovens em cada unidade, há um educador social, profissional que acompanha a evolução dos jovens e todos os fatores de desenvolvimento, e voluntários. A experiência relatada aqui iniciou em 2015 e surgiu da necessidade de atualização da base didático-pedagógica do programa. O conteúdo desenvolvido nas unidades foi sistematizado em 2007 e desde então não havia recebido nenhuma melhoria. A mudança é resultado de um amplo processo de diálogo com os educadores sociais, pois acreditávamos que assim teríamos mais chances deles se sentirem apropriados do material construído, facilitando sua aplicação com os jovens. Refletindo sobre as distâncias geográficas das unidades, e com a parceria da empresa E-core, desenvolvemos esta experiência em uma plataforma colaborativa virtual. A construção passou por dois momentos: um primeiro quando os profissionais foram agrupados conforme o curso que ministravam em suas unidades, para a atualização da formação profissional (40% da carga horária); em um segundo momento, como não podíamos envolver todos os educadores, formamos um grupo de trabalho com os interessados em contribuir, para atualizar os conteúdos de desenvolvimento pessoal e cidadania (60% da carga horária do programa). Em ambos os momentos, eles revisaram o material existente, compartilharam todos os conteúdos que podiam ser

"O uso de uma plataforma colaborativa virtual possibilitou a troca de informações, percepções e discussões entre os envolvidos neste processo." subsídio para desenvolver o material de formação dos jovens, propuseram novos conteúdos a serem incluídos, assim como atividades práticas para o desenvolvimento de cada tema. Os demais educadores sociais foram incluídos com a possibilidade de visualizar, comentar e contribuir, na plataforma colaborativa virtual, sobre a construção desenvolvida e compartilhada pelos colegas em todas as etapas. Cabia a sede, a gestão geral do processo e delineamento da metodologia de trabalho. Desde o início do processo foi contratada uma consultoria externa para a consolidação do material enviado pelos educadores, esclarecimento de dúvidas, alinhamento da linguagem e estrutura do guia e revisão ortográfica. Além das tarefas explicitadas acima, a plataforma colaborativa virtual possibilitou a troca de informações, percepções e discussões entre os envolvidos neste processo. O novo guia retrata a realidade do Projeto Pescar, aliando assim teoria e práti-

ca. Com essa metodologia conseguimos inserir 100% dos educadores sociais na atualização da base didático-pedagógica. Acreditamos que o maior benefício tenha sido a apropriação do material pelo educador social e o sentimento de pertencimento a uma rede colaborativa. A primeira versão foi utilizada por um grupo piloto; a segunda versão, foi disponibilizada no início de 2018 para 100% da rede. Optamos por não imprimir o material, para que ele possa ser constantemente atualizado com vistas à sustentabilidade.

*Psicóloga, Analista de desenvolvimento da Fundação Projeto Pescar

O Projeto Pescar oferece 16 cursos em seis eixos tecnológicos.


Roda de conversa sobre direitos humanos e um mês do caso Marielle Franco Andrey da Costa Moser* Ao longo da segunda semana do mês de abril os jovens aprendizes do ISBET- Porto Alegre participaram do projeto “Roda de conversa sobre Direitos Humanos e um mês do caso Marielle Franco”, que envolveu as seis turmas da entidade, bem como colaboradores e a equipe de coordenação. O projeto consistiu-se em uma roda de diálogo entre os jovens, onde, no primeiro momento, foram abordados temas diversos relacionados aos Direitos Humanos. O debate foi embasado em uma apresentação de slides contendo diversas notícias de grandes veículos da mídia brasileira e proporcionaram aos jovens momentos de reflexão. Evidentemente alguns casos de discordância de opiniões ocorreram, porém é fato que o objeto central das discussões, em sua maioria, foram os argumentos e não a violência. Foi apresentada a Carta da Declaração Universal dos Direitos Humanos e explicada a relação da ONU com esta e com as leis. O contexto e história da Declaração também

foram abordados, visto que é preciso visitar o passado para compreender o que acontece no presente. No segundo momento os aprendizes foram convidados a se reunir em grupos, onde cada um recebeu um jornal de grande circulação da região de Porto Alegre. A atividade proposta era que os jovens buscassem alguma notícia que pudesse ser relacionada com a Carta, bem como com seu cotidiano. As mais diversas relações foram feitas mostrando como esses direitos estabelecidos a tanto tempo, ainda hoje são ignorados ou violados. O que chamou a atenção foi o olhar crítico dos jovens ao estipular tais relações e perceber a variedade de pessoas e situações que são contempladas pelos 30 artigos da Declaração. Finalizando as atividades, foi abordada a temática das “fake news” , assunto em relevância no contexto mundial quando se fala em informação. O assunto foi relacionado ao caso da execução da vereadora carioca Marielle Franco, que completou um mês no

"Cidadão de fato é aquele que está ciente dos acontecimentos ao seu redor e que conhece seus direitos e deveres para agir na transformação por uma sociedade mais justa e igualitária." dia 14 de Abril. Diversas dessas notícias falsas vazaram por toda a rede e os jovens puderam perceber a importância de verificar as fontes de notícias atualmente. Perceber o viés político que houve na execução de Marielle, também fez parte do debate. Cidadão de fato é aquele que está ciente dos acontecimentos ao seu redor e que conhece seus direitos e deveres para agir na transformação por uma sociedade mais justa e igualitária, esse foi o norte que orientou essa semana de projeto no ISBET-Porto Alegre. *Instrutor Teórico De Aprendizagem –ISBET Porto Alegre.

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Experiências Empresariais 48

Aprendizagem aos abrigados: uma iniciativa de múltiplos ganhos Thiago Deiro* Uma parceria entre a Marcopolo, a Fundação de Assistência Social (FAS) e o SENAI, com o apoio do Ministério do Trabalho, Emprego e Previdência Social de Caxias do Sul, formalizada em 2017, tem oportunizado a dezenas de jovens da cidade, moradores de abrigos de acolhimento, novos rumos na vida pessoal e profissional. Por meio do projeto de aprendizagem da Marcopolo, eles têm a possibilidade de conquistar uma formação profissional como preparação para o ingresso no mercado de trabalho. A iniciativa também gera oportunidade de inserção social a adolescentes que, ao completarem 18 anos, são legalmente obrigados a deixarem seus abrigos. COMO O PROJETO TEVE INÍCIO

A iniciativa foi criada a partir de solicitação do Ministério do Trabalho, Emprego e Previdência Social de Caxias do Sul à Marcopolo, considerando o histórico da empresa no investimento em educação profissionalizante de adolescentes da comunidade, por meio da Escola de Formação Profissional Marcopolo, que completou 28 anos em fevereiro de 2018. O primeiro desafio das organizações parceiras, após definirem o escopo do projeto, foi a identificação de um curso que pudesse ser realizado apesar dos diferentes níveis de escolaridade dos jovens identificados como potenciais participantes. A escolha pelo curso de Auxiliar de Logística se deu em função do grau de complexidade compatível com o perfil dos estudantes A segunda etapa foi a sensibilização dos jovens sobre os ganhos pessoais e profissionais que o projeto proporcionaria. Ministério do Trabalho, Marcopolo, SENAI e FAS realizaram palestras sobre a lei de aprendizagem para os jovens, o que é ser cotista, sobre o conteúdo do curso e sobre profissionalização. A Marcopolo abriu as portas da empresa com uma visita ao seu Centro Logístico, apresentando as possibilidades de carreira que a formação oferecida possibilitaria e aprofundando informações sobre a área de Logística, além de descrever as funções dos profissionais do ramo. Os interessados foram matriculados e iniciaram o curso em fevereiro de 2018. Ao longo do ano, também estão previstas palestras de sensibilização sobre a importância da educação e da profissionalização. Com esta iniciativa, 28 adolescentes, entre 14 e 17 anos, iniciaram a formação no curso de Auxiliar de Operações Logísticas do SENAI passando a ser cotistas da Marcopolo. Trata-se de uma iniciativa com duração de 1 ano, com acompanhamento da FAS e da Justiça Restaurativa. É uma forma de gerar renda aos estudantes e de contribuir com o resgate da autoestima. A expectativa da Marcopolo é poder proporcionar a esses jovens uma formação profissionalizante de qualidade que lhes abra oportunidades no mercado de trabalho. Trata-se de uma experiência nova para

*Diretor de Recursos Humanos da Marcopolo. Economista com MBA em Gestão Financeira.

"A expectativa da Marcopolo é poder proporcionar a esses jovens uma formação profissionalizante de qualidade que lhes abra oportunidades no mercado de trabalho. Trata-se de uma experiência nova para a empresa, muito enriquecedora para todos os participantes, pois gera um importante impacto social e é uma prática de apoio à cidadania que pode ser replicada por outras organizações com apoio do poder público e do 'Sistema S' ."

a empresa, muito enriquecedora para todos os participantes, pois gera um importante impacto social e é uma prática de apoio à cidadania que pode ser replicada por outras organizações com apoio do poder público e do 'Sistema S'.


Aprendizagem profissional para os adolescentes acolhidos institucionalmente Cinara Vianna Dutra Braga*

"Ouso afirmar que os adolescentes acolhidos estão realizando o sonho da inserção no mundo do trabalho, participando dos cursos de formação com muita alegria, superando dificuldades, desenvolvendo suas potencialidades e, com resiliência, alcançando a dignidade do cidadão que produz."

O Ministério Público Estadual estabeleceu parceria muito importante com a Secretaria Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), o Fórum Gaúcho e o Fórum Municipal da Aprendizagem Profissional (FOGAP e o FORMAP), que importou na significativa adesão de adolescentes acolhidos na aprendizagem profissional, direcionando suas trajetórias de vida para a cidadania. Verificou-se que a defasagem escolar é a regra entre os cerca de um mil institucionalizados, que, ao completarem a maioridade civil, devem sair do abrigo e se manterem financeiramente, na maioria das vezes sem o preparo necessário para o ingresso no mercado de trabalho. Foram identificados aproximadamente 400 adolescentes institucionalizados com idade entre 14 e 18 anos, cuja metade não estava inserida na aprendizagem profissional. A SRTE e o MPT buscaram empresas que descumpriam a cota legal da aprendizagem e foi feita uma conscientização coletiva quanto a sua responsabilidade social, incentivando-as à contratação do adolescente acolhido para a aprendizagem profissional, pagando a taxa administrativa das Entidades sem Fins Lucrativos que compõem o FOGAP para a formação, uma vez que os Serviços Nacionais de Aprendizagem não estavam absorvendo a de-

manda do acolhimento institucional, ante a sua baixa escolaridade. Na mesma época, foi oficiado ao Ministro do Trabalho sugerindo-se a alteração do Dec. 5598/05, a fim de que as Entidades sem Fins Lucrativos que promovem a aprendizagem profissional também pudessem se beneficiar de recursos financeiros. Foi realizado o levantamento junto ao FORMAP dos cursos possíveis de serem ofertados aos acolhidos pelas Entidades Formadoras, considerando a sua baixa escolaridade, e consultados os adolescentes quanto ao seu interesse nos cursos disponibilizados. O MPT, por sua vez, contemplou 77 adolescentes, com valores decorrentes de multas de termos de ajuste de conduta ou de condenações em ações civis públicas, com o pagamento das taxas administrativas das Entidades Formadoras e a SRTE buscou empresas que firmaram o contrato de aprendizagem. Após, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial informou a sua intenção de contemplar os adolescentes acolhidos com duas turmas de aprendizagem, tendo sido abertas 40 vagas, 20 no turno da manhã e 20 no da tarde. Ajustou-se um novo fluxo com o FOGAP, FORMAP, SRTE, MPT e Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPRS), que importou nos encaminhamentos das entidades de acolhimento institucional para os dois Fóruns, os quais informam as entidades com vagas disponíveis para a formação. A SRTE e o MPT buscam empresas parceiras para a inclusão social dos adolescentes mediante a contratação para a aprendizagem. Toda esta movimentação e integração entre as instituições está sendo muito produtiva. Ouso afirmar que os adolescentes acolhidos estão realizando o sonho da inserção no mundo do trabalho, participando dos cursos de formação com muita alegria, superando dificuldades, desenvolvendo suas potencialidades e, com resiliência, alcançando a dignidade do cidadão que produz.

*Promotora de Justiça da Infância e da Juventude de Porto Alegre/RS

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Experiências Empresariais

"Os encontros reúnem crianças, jovens e Policiais Civis especializados, criando um elo de afetividade, tornando o diálogo mais fácil e produtivo. Nesses encontros são identificados jovens líderes naturais, que, aos serem capacitados pelo Programa, retroalimentarão a cultura da paz."

Papo de Responsa: você conhece? DECA / DENARC O Papo de Responsa é um programa da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul que tem como público alvo crianças e adolescentes, com a finalidade de estabelecer diálogo franco e amigável. São realizados encontros nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e privadas, para uma conversa sobre escolhas para o futuro, violência, drogas, consequências do tráfico e consumo, proximidade da Polícia Civil com a comunidade. Os encontros reúnem crianças, jovens e Policiais Civis especializados, criando um elo de afetividade, tornando o diálogo mais fácil e produtivo. Nesses encontros são identificados jovens líderes naturais, que, aos serem capacitados pelo Programa, retroalimentarão a cultura da paz, através da continuidade dos eventos preventivos. OBJETIVO GERAL

Orientar grupos de crianças e jovens, nas escolas que aderiram ao Programa, oportunizando um livre diálogo, abordando temas de interesse de cada grupo, especialmente a geração de violência, de maneira a criar formas de aproximação, e ao mesmo tempo incentivando o protagonismo juvenil, preparando-os para se tornarem multiplicadores do Papo de Responsa, levando os alunos a desenvolverem os sentidos de pertencimento e corresponsabilidade, trabalhando a comunidade escolar e social com o fim maior de proporcionar escolhas melhores para sua vida futura. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Sensibilizar crianças e adolescentes sobre a importância de uma convivência pacífica, preparando-os para o tema a ser desenvolvido; - Desenvolver a espontaneidade e a autoestima para facilitar a comunicação com os colegas, com os professores e com os pais, instruindo-os a exercitarem o diálogo e o protagonismo social. - Mobilizar a opinião pública escolar, mediante incentivo a campanhas, a serem protagonizados pelos próprios jovens. - Conscientizar as crianças e jovens que é possível conversar sobre seus problemas, colocando-os com voz ativa, para um diálogo amigável; - Motivar mudança comportamental, apontando alternativas para um futuro melhor, fortalecendo laços de amizade e empatia, contribuindo para a redução da violência no meio social; - Criar e incentivar o protagonismo nos jovens, capacitando-os para exerDébora Prestes, Escrivã do DECA, palestrante. cer a liderança do movimento pacífico, tornando-os multiplicadores da essência do Papo de Responsa, preparando-os para a continuidade dos eventos. METODOLOGIA

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Viviane Nery Viegas no Papo de Responsa.

O programa Papo de Responsa tem uma metodologia baseada no princípio do diálogo e na produção de uma rede sustentada pelas bases sólidas de respeito às diferenças, da produção da cidadania e da cultura de paz, preparando o jovem para inclusão no mercado de trabalho, inclusive, através das regras de convivência que desenvolverá a partir das orientações que o Programa repassa. O Programa não é uma palestra ou fala seguida de debate. É um encontro, pois não se segue uma cartilha e não possui um roteiro pré-definido. Mas os princípios de convivência pacífica trabalham no jovem inclusive seu futuro profissional. O diálogo aberto, em formato flexível, permite a quebra de preconceitos, tendo em vista a produção de uma ambiência de maior proximidade entre polícia e juventude, e por consequência com a própria sociedade.


Eterno Aprendiz Eterno Aprendiz

Mais próximo da realidade

Diogo Tonieto: Jovem Aprendiz Cooperativo do Campo – Cooperativa Sicredi Pioneira, Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha - EFASERRA

Estou cursando a 2º Série do Ensino Médio na EFASERRA (Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha), onde participo do Programa Jovem Aprendiz Cooperativo. Sou Jovem Aprendiz da Cooperativa Sicredi Pioneira e acho que esse projeto é um grande incentivo para nós jovens, pois além de proporcionar uma renda, também nos possibilita estudar, ter uma profissão e aperfeiçoamento. Podemos ainda contar com aulas teóricas e práticas como forma de nos aproximarmos cada vez mais da realidade. No meu ponto de vista, ao entrar para o Programa Jovem Aprendiz Cooperativo, se mostrarmos dedicação, interesse, empenho e responsabilidade, podemos estar preparados para o mercado de trabalho. Eu pretendo aproveitar ao máximo o Programa Jovem Aprendiz Cooperativo, buscar mais conhecimento, integração, aprendizado, aprender a evoluir e buscar mais informações, pois esse conhecimento será um componente a mais que terei para acrescentar no meu currículo e à minha vida profissional.

Incentivo à permanência do jovem no campo

Alan Antônio Pagliosa: Jovem Aprendiz Cooperativo do Campo – Cooperativa Agroindustrial Nova Aliança, Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha – EFASERRA

Graças ao programa jovem aprendiz, disponibilizado pelo SESCOOP/RS, juntamente com a Cooperativa Nova Aliança e EFASERRA, tenho a carteira de trabalho assinada, desde março de 2017 até julho de 2018. Com isso, recebo uma quantia suficiente para a mensalidade da escola e ainda para me auxiliar em despesas extras. Além dessa mensalidade, somos presenteados com cursos que ajudam em nossa profissionalização, como matemática financeira, contabilidade, cooperativismo (para sabermos a história de como surgiu e nossos direitos quanto associados), auxiliar administrativo, informática (para sabermos formular e emitir notas fiscais eletrônicas), linguagem e comunicação, empreendedorismo (para sabermos planejar os meios de alcançar nossos objetivos), ... Além da

parte teórica que recebemos, também participamos de diversas saídas de campo, para que possamos concretizar e aplicar o que vimos em aula. Esse curso (jovem aprendiz) é de grande importância na EFASERRA, pois além do mencionado acima, é um grande incentivo à permanência do jovem no campo, valorizando sempre a agricultura familiar.

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Eterno Aprendiz

Aprendizagem Setrem auxilia jovem no primeiro emprego Douglas Ludwig iniciou como aprendiz e após concluir o programa foi efetivado como auxiliar de almoxarifado

O primeiro emprego, assim como o primeiro beijo, a gente nunca esquece. Não foi diferente com o jovem Douglas Willers Ludwig. “Quando eu comecei eu tinha medo de falhar ou não conseguir me adaptar”, lembra o garoto, quando aos 16 anos iniciou na São José Industrial, empresa do ramo metalmecânico, localizada na sua cidade natal, São José do Inhacorá, na região Noroeste do Rio Grande do Sul.

com tudo e, principalmente, ser mais responsável”, diz com orgulho.

Ao concluir o programa de aprendizagem, a São José Industrial efetivou Douglas para a função de auxiliar de almoxarifado. A oportunidade surgiu depois que ele soube por uma “Fiquei muito feliz ao amiga da escola que estava participando do Programa saber que seria contrataJovem Aprendiz na mesma empresa. “Como meu pai do e que esses dois anos trabalhava lá, pedi para ele se informar de como eu como aprendiz valeram poderia participar do programa. Enviei meu currículo e muito para a contratação”. logo fui chamado”. A partir daquele momento, ao lado Por isso, a oportunidade de outros jovens, Douglas estava inserido no Programa como Jovem Aprendiz Aprendizagem Setrem. tem um significado importante na sua vida. “Aprendi tantas coisas valiosas para As dificuldades logo ficaram para trás. “Através da a vida que, com certeza, vou guardar com um carinho Aprendizagem consegui superar esses obstáculos. especial na memória”. Agora, aos 18 anos, Douglas As aulas na Setrem e os dias de trabalho na São José Industrial estavam sempre me complementando. planeja buscar qualificação e crescer como profissional Aprendi a trabalhar melhor em equipe, a ouvir os cole- dentro da empresa. gas de trabalho, que você deve ter comprometimento

Vivência como Jovem Aprendiz

Marvin Andrade – jovem aprendiz egresso

Lembro-me do meu primeiro dia como aluno no curso de Manutenção e Suporte Técnico em Informática na Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio.

e descobrir meu verdadeiro significado existencial, pois até então estava sem rumo, sem saber o que queria e sem motivação, desanimado é a palavra certa.

Havia muitos colegas, o processo seletivo para entrar era, para mim, um grande desafio, me dediquei e alcancei a grande sonhada aprovação.

No curso técnico aprendi desde a parte técnica e desenvolvimento pessoal, abrindo-me minha mente e me tornando um idealista.

A Fundação me proporcionou o melhor aprendizado que já recebi em minha vida, tais como: disciplina, respeito ao próximo, espiritualidade, motivação, escolarização e humanização.

Depois de concluído o curso técnico procurei um estágio, onde aprendi muito colocando em prática as teorias e aprendizados obtidos. Foram 2 anos, desde então as portas abriram-se. Fui convidado para dar aula na mesma instituição em que me formei, foram 4 anos de dedicação.

Foi o ponto de partida para a minha missão ser descoberta

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Não há palavras para descrever o quanto estou orgulhoso, feliz, agradecido e satisfeito por ter sido jovem aprendiz, não há como retribuir, tudo que fiz penso ainda ser pouco. Depois de 5 anos de convivências e aprendizados (aprendiz e funcionário) consegui uma ótima oportunidade em outra instituição, uma renomada escola privada, saí de cabeça erguida e com sentimento de missão cumprida, espero, um dia, caso eu tenha um filho, poder contar minha história.


Constante aprendizagem! Gabriel Paz Freire - Aprendiz CIEE-RS

caminharam para entrevistas, onde falei meus objetivos e sobre a importância de uma oportunidade para mim, para dar os primeiros passos na carreira profissional. Ao receber minha primeira oportunidade, tive contato com outros jovens que estavam na mesma situação que eu, fui preparado e ensinado sobre diversos assuntos relacionados ao mundo do trabalho, durante a aprendizagem teórica. Na prática adquiri maturidade, responsabilidade, confiança e tive a oportunidade de mostrar o meu valor dentro de uma empresa, acordar cedo e enfrentar as tarefas do dia se torna fácil quando fazemos o que gostamos, ao restante do meu contrato Ao concluirmos o ensino médio, sofremos muitos questiona- espero aprender e adquirir mais experiências. Atualmente, mentos sobre qual será nossa carreira e como iniciaremos, sou jovem aprendiz, estudante de Direito e muito agradesem saber se é possível conciliar o trabalho e continuar cido pela oportunidade que recebi, posso continuar estuestudando, então, nós, jovens saídos do ensino médio, dando e aprendendo para concluir meus objetivos. Afinal, não vemos outra opção a não ser procurar emprego, sem percebi que a aprendizagem é eterna, pois independente da o menor preparo de como será essa nova jornada. Com profissão, carreira e quem a pessoa for, a única certeza que muitas cobranças, necessidades e muita vontade de seguir tenho, é de que sempre teremos mais a aprender. estudando, descobri o significado do temido desemprego, então procurei pelo CIEE e de forma rápida e prática me en-

A oportunidade do outro lado da fronteira Mariano Sainz – 21 anos

Sou natural de Córdoba, na Argentina, e mudei-me para o Brasil no ano de 2009 junto com minha família, que decidiu buscar novas oportunidades. Morei em Cidreira por dois anos antes de nos estabelecermos em Porto Alegre, onde moro atualmente.

com as informações sobre a empresa e que um dos requisitos da vaga era para participantes que fossem PCD (Pessoas com Deficiência). E esta oportunidade surgiu somente porque há vagas no mundo do trabalho que são reservadas para que sejamos incluídos na sociedade, fato que na No período, precisei frequentar o ensino fundamental e concluir o ensino Argentina não aconteceria. médio, pois o tempo de formação é O período de contratação foi de grande distinto nos dois países. Paralelamente expectativa, pois o processo foi longo. a isso, passados anos sem nenhuma Depois de finalizado, fui encaminhado experiência, comecei a ficar cansado para o que seria o meu setor: a área de ficar em casa e queria ter maior financeira, na qual realizo diversas independência. Foi quando me aprefunções. sentaram ao Espro. O Programa Jovem Aprendiz me proApós a indicação de um amigo, recebi uma ligação depois de uma semana com um convite para uma vaga. Foi assim que minha vida de Jovem Aprendiz deu início.

Após fazer a inscrição no site, participei de uma entrevista e me retornaram

porcionou novos conhecimentos, acesso ao mundo do trabalho e melhorou até meu convívio social. Já o Espro, pelo qual sou muito grato, me oportunizou a inclusão. Oportunidades que tive somente do outro lado da fronteira.

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Eterno Aprendiz

Com a primeira oportunidade, descobri minha profissão

Juliana Pacheco da Silva, 19 anos. Trabalhou como jovem aprendiz de abril de 2016 a março de 2018.

Comecei no curso do Jovem Aprendiz em agosto de 2015. Fui aprendendo muitas coisas que iriam me ajudar a exercer meu trabalho como jovem aprendiz. Em abril de 2016 fui contratada pela empresa Iso Indústria de Confecções para exercer a prática da aprendizagem dentro da Instituição Novo Lar, onde comecei a desenvolver minhas atividades como aprendiz.

Comecei trabalhando no setor de arquivo morto da Instituição e no ano seguinte já estava trabalhando como auxiliar na coordenação do jovem aprendiz. Foi neste setor que descobri a carreira profissional a qual eu quero seguir. Nos 23 meses de contrato aprendi muitas coisas que acrescentaram para o meu crescimento pessoal e profissional, fiz muitas amizades, conheci muita gente, passei muitos momentos bons que irão sempre ficar guardados na memória e no coração. Hoje faço técnico em administração na Escola Protásio Alves em Porto Alegre e fui efetivada como funcionária para trabalhar como auxiliar na coordenação administrativa da Instituição Novo Lar. Posso dizer que foi muito bom ser aprendiz nesta Instituição que hoje só tenho a agradecer, como ex-aprendiz e atual funcionária.

Jovens Voluntários

Egressos do Projeto Pescar veem no voluntariado uma forma de retribuir as suas conquistas O contato com outras pessoas, que já passaram pelo mesmo caminho, facilita o processo de aprendizagem, de construção e elaboração da sua própria trajetória inspirada e motivada por aqueles que um dia ocuparam a posição de aprendiz e hoje estão atuando como profissionais. A Unidade Projeto Pescar WEG, em Gravataí/RS, incentiva o voluntariado dos egressos e promove diversos encontros com os jovens da turma em andamento. Eles retornam com o desejo de compartilhar o conhecimento e as experiências vivenciadas durante a sua passagem pelo programa. apadrinhá-los durante as observações, vivências e aulas práticas. A turma é recebida com muito carinho por todos Katrin Niquele Neves de Souza fez parte da Unidade os egressos, que são gratos pela transformação proporcioProjeto Pescar WEG, no ano de 2012, e é voluntária da nada a partir do ingresso no curso. A recíproca é evidente, Unidade desde 2016: “Cheguei ao curso querendo aprene a turma também acolhe muito bem e sabe valorizar os der, me tornar uma profissional e buscar uma chance de egressos em suas interações. trabalhar na empresa. Consegui a oportunidade em um processo seletivo e, desde então atuo na área que eu gosto, com uma equipe muito profissional e amparada por ótimos gestores que me incentivam a buscar cada vez mais conhecimento. Cursar a faculdade de engenharia de produção proporcionou mais uma experiência incrível, que é a oportunidade de ser voluntária, e é gratificante poder fazer parte de algo que mudou muito a minha vida. Fico feliz em contribuir com outros jovens, sempre quis retribuir tudo que fizeram por mim e ser voluntária faz parte disto.”

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A empresa tem no seu quadro de colaboradores vários egressos e eles também têm a possibilidade de


Registro

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O Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional- FOGAP realizou diversas atividades ao longo do ano de 2017. Isto só foi possível graças ao empenho, dedicação e profissionalismo de seus colaboradores, parceiros e apoiadores, que estiveram em harmonia, interação e reciprocidade na realização das ações em prol da Aprendizagem Profissional no Estado do Rio Grande do Sul. Queremos agradecer a participação e o protagonismo dos Aprendizes das Instituições Formadoras de Aprendizagem Profissional que estiveram à frente na execução destes projetos: V Seminário de Aprendizagem Profissional em Caxias do Sul, EXPOINTER 2017, Acampamento Farroupilha, II Feira da Aprendizagem Profissional do RS, Concurso Literário de Prosa, Verso Imagem e da Canção Gaúcha, como também a visita na cidade de Parobé, ao qual fomos recebidos pelas autoridades locais e representantes da Aprendizagem Profissional. Seguimos em frente promovendo e aperfeiçoando ações que possam multiplicar e fomentar a importância de que à aprendizagem profissional é fundamental no crescimento e desenvolvimento na vida de milhares adolescentes e jovens em todo Brasil. Coordenação do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional João da Luz

Participação do FOGAP na EXPOINTER 2017

FOGAP da Canção Gaúcha

V Semináro de Aprendizagem Profissional em Caxias Do Sul

Livro Prosa e Verso

Delegação de Moçambique

Visita a Parobé

Acampamento Farroupilha

II Feira da Aprendizagem Profissional do RS

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Integrantes do FĂłrum GaĂşcho de Aprendizagem


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