APRENDI Z Revista
Ano 5 Número 5 Junho/2019
ISSN 2526-8317
UMA DÉCADA DE FOGAP Resgatando as atividades desta bela trajetória EXPERIÊNCIAS Pedagógicas, Empresariais e Projetos
ENTREVISTA Do SENAI ao Senado O que se diz do Aprendiz!
ETERNO APRENDIZ ATUALIDADES E AVANÇOS Aprendizagem profissional como caminho para superação do trabalho infantil. Ontem, hoje e sempre: aprendizagem...
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Artigos
4 Denise Brambilla
24 Lei do Jovem
González
Em foco
5 Ações do FOGAP
movimentaram a aprendizagem profissional em 2018
Entrevista
7 Do SENAI ao Senado 8 O Tribunal Regional
do Trabalho da 4ª Região e o Projeto Pescar
9 O que se diz do aprendiz! FOGAP
10 Entidades integrantes
do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional
Atualidade e avanços
19 Ontem, hoje e
sempre: aprendizagem..
20 Selo Personalizado alusivo aos 10 anos do FOGAP
Aprendiz: um desafio para a sociedade
26 Educação profissional
39 Projeto de Vida muda
52 Terceiro Setor
27 Criança não deve
40 Aprendizes utilizam
como inclusão e perspectivas para os jovens trabalhar, infância é para sonhar
28 Departamento de Prevenção a Grupos Vulneráveis
29 Trabalhar para Aprender 30 Uma reflexão acerca do trabalho infantil e seus impactos na vida da criança negra
31 A experiência multimídia na qualificação profissional e no crescimento pessoal
32 Da aprendizagem
ao sucesso profissional e pessoal
33 Projeto auxilia
aprendiz do Espro Porto Alegre no Programa de Socioaprendizagem
22 Programa ARISE:
Profissional como caminho para a superação do Trabalho Infantil: uma trajetória possível?
Parceria que promove Aprendizagem Profissional
51 Os desafios de um
35 A aprendizagem
23 A Aprendizagem
50 ESPRO e BRDE,
Experiências pedagógicas
aprendizagem profissional
21 O Programa Senac
uma iniciativa inovadora no combate ao Trabalho Infantil no RS
Conhecimento: indicadores, aprendizagens e construções
Experiências Empresariais
25 Caminho técnico de
34 Instituto Crescer
de Gratuidade e a Aprendizagem: Uma relação de sucesso
38 Gestão do
Legal: uma "janela aberta" no combate ao trabalho infantil no meio rural profissional e o excesso de responsabilidade dos jovens na atualidade
36 Aprendizagem
profissional às pessoas com deficiência através de política pública
realidade de jovens no Mário Quintana
a pesquisa como ferramenta para conhecer e compreender o mundo do trabalho e suas constantes transformações
41 Escrevivências da
aprendizagem profissional no RS: transformação de realidades
42 Práticas Pedagógicas 43 A aplicação das
Metodologias Ativas no processo de aprendizagem
44 Muralismo Coletivo
Experiências de Projetos
45 DiversISBET
Diversificando ideias para um amanhã melhor
46 Uma experiência de
articulação de políticas públicas na Aprendizagem
47 Reinserção do Jovem em Conflito com a Lei
48 Ex-aprendizes e suas Trajetórias de Sucesso
49 A importância do
esporte no processo da Aprendizagem Profissional
Índice
Editorial
Aprendizado Transformador ajudando na formação do jovem aprendiz
Eterno Aprendiz
53 O jovem no
mercado de trabalho
54 “Experiência que vai ajudar no meu futuro profissional”
54 Oportunidade de
crescimento pessoal e profissional
55 Muito mais que um curso
55 Aprendizagem como orientação vocacional para o Rural!
56 Aprender a aprender 56 Aprendizagem e autonomia na deficiência intelectual
Registro
57 Atividades do FOGAP Expediente
58 Informações da publicação
37 Programa Aprendiz Cooperativo
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Editorial
Denise Brambilla González
C
ompletamos dez anos de implantação do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional – FOGAP e vinte e cinco anos do Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil – FEPETI. Conseguimos chegar ao número de 39.107 Aprendizes contratados, atualmente, no Estado do Rio Grande do Sul. Esforçamo-nos no combate do Trabalho Infantil e na inserção de mais e mais Aprendizes Profissionais, inclusive nas modalidades alternativas, possibilitando o ingresso de pessoas com deficiência, de jovens em medida sócio educativa, de jovens acolhidos, de jovens em regime fechado, de jovens penitenciários, de jovens do campo e da cidade, de jovens músicos, enfim, o encaminhamento de todos os jovens, vulneráveis ou não.
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São muitas as pessoas envolvidas nessa caminhada. Não há que se falar em Aprendizagem Profissional se não houver uma preparação em rede eficaz e pujante no combate
ao Trabalho Infantil que agregue família, escola, órgãos públicos e terceiro setor com o objetivo de proteção à criança para que, no momento oportuno, possa se inserir no mundo do trabalho. O envolvimento das pessoas permanece no momento em que o adolescente completa quatorze anos e ingressa na Aprendizagem Profissional. Principalmente das instituições formadoras: Serviços “Ss”, escolas técnicas e entidades sem fins lucrativos, adaptando seus cursos e instalações conforme a legislação que os regula. E, sem sombra de dúvida, a Aprendizagem Profissional não existiria se não houvesse as empresas para cumprir a cota de cinco por cento, no mínimo e quinze por cento, no máximo, do total de seus empregados que demandem formação profissional, contratando-os como Aprendizes. Trabalhamos todos os dias coordenando essas variáveis para cumprir a cota de aprendizes o máximo possível e juntamente com o desafio
Denise Brambilla González Auditora Fiscal do Trabalho Coordenadora da Aprendizagem no Rio Grande do Sul
de buscar, cada vez mais a qualidade ao processo de Aprendizagem. Para isso, contamos com a atividade constante dos Auditores Fiscais do Trabalho, bem como das parcerias realizadas, principalmente com o Ministério Público do Trabalho. Agradecemos a Deus a oportunidade de estar junto aos Fóruns: FEPETI, FOGAP e FAPSG (Fórum de Aprendizagem Profissional da Serra Gaúcha), compostos por pessoas apaixonadas nessa luta. Temos a certeza de que todos os gestores públicos e privados, teria a maior satisfação em contar com esses profissionais em seu quadro funcional.
A determinação e perseverança de quem faz parte desta história nos enche de orgulho, admiração e respeito, mas também nos inspira a continuarmos trabalhando para oportunizar o ingresso de um número cada vez maior de jovens nessa experiência como Aprendizes Profissionais. Agradecemos a construção da Revista APRENDIZ, com a participação e cooperação de cada um que doou um pouco de seu conhecimento, perspectivas, cultura, reflexões e esperanças.
Aí está a concretização de nossos sonhos!!!!
Em foco
Em 2018 o Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional ultrapassou as fronteiras do Brasil, na realização do VI Seminário de Aprendizagem Profissional no combate e erradicação do Trabalho Infantil no Mercosul, realizado em Santana do Livramento e na cidade de Rivera, no Uruguai, no dia 12 de junho. O evento teve o objetivo de socializar as experiências na abrangência dos países do MERCOSUL, com foco na formação e inclusão de jovens em programas de incentivo a Aprendizagem Profissional como forma de Erradicação do Trabalho Infantil e o Desenvolvimento Local, com Perspectivas e Desafios no âmbito do MERCOSUL quando foi feito o lançamento da Revista Aprendiz.
Em foco
Ações do FOGAP movimentaram a aprendizagem profissional em 2018
Em agosto e setembro, dentro da programação da Expointer, além das belas apresentações feitas por representantes de instituições que formam os Fóruns, a Unidade Móvel da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego/RS, esteve no local do evento para esclarecer e informar, o combate e erradicação ao trabalho infantil e apresentar as políticas de aprendizagem profissional.
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Em foco
Em setembro, dentro da programação do Acampamento Farroupilha, ocorreu a 3ª Ação Social no Combate e Erradicação do Trabalho Infantil com a inserção na Aprendizagem Profissional no Rio Grande do Sul, onde houve uma série de apresentações culturais por jovens de várias entidades formadoras, com objetivo de divulgar o importante trabalho da Aprendizagem e da Erradicação do Trabalho Infantil.
Em novembro, dentro da programação da Feira do Livro de Porto Alegre, foi realizado o lançamento do LIVRO Prosa, Verso, Imagens e Músicas, com a participação de centenas de jovens aprendizes que concorreram nesses concursos.
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"Este senador é um apaixonado pelo ensino técnico. Sou filho do SENAI!"
Paulo Paim
Entrevista
Do SENAI ao Senado
Foto Lutiana Mott
Senador pelo Rio Grande do Sul
Em depoimento para a revista Aprendiz, o senador Paulo Paim reafirma o seu compromisso com a aprendizagem profissional. Com 13 anos de idade, quando vendia frutas na feira em Porto Alegre, Paim foi aprovado em um teste e voltou a residir em Caxias do Sul com sua família e cursou o ensino profissionalizante durante o dia e estudou à noite no Ginásio para Trabalhadores à onde foi presidente do Grêmio Estudantil. Com o diploma de torneiro mecânico, Paim pode trabalhar na indústria em Caxias do Sul como a Metalúrgica Abramo Eberle e depois em Porto Alegre na Wallig e em Canoas, na Forjasul, que pertence ao Grupo Tramontina a qual faz parte até hoje. A partir daí, Paim iniciou a vida como líder sindical e depois Deputado Federal por quatro mandatos. Hoje, Paim está no terceiro mandato como Senador. "Por isso tudo o que aconteceu na minha vida, credito pelo fato de ter cursado o SENAI." "É inegável que a juventude de hoje, principalmente os que vivem nas regiões mais pobres das cidades, e de família simples, quando tem oportunidade de aprendizagem profissional, podem sonhar com outros vôos no campo da educação até no sentido de aprimorar a qualidade de vida, baseado nessa formação que o ensino técnico lhe dá". Paim apresentou no Congresso Nacional o projeto chamado de FUNDEP que institui o Fundo
de Desenvolvimento do Ensino Profissional e Qualificação do Trabalhador e que infelizmente não foi ainda concretizado e que iria garantir um acúmulo de depósito em uma reserva para ser aplicado somente na formação dos nossos adolescentes, o que oportunizaria à eles disputar o mercado de trabalho com mais equilíbrio. Este projeto será desarquivado em 2019 para voltar a tramitar, e quiçá ser aprovado pelo Senado.
balho escravo e de trabalho infantil. "Se essa moçada estivesse em escolas profissionais com certeza não seriam atraídos nem pelo trabalho escravo, nem pelo trabalho infantil e nem mesmo pelo narcotráfico, que praticamente sequestra nossas crianças, que sentindo-se totalmente desamparadas, acabam indo por essa linha tortuosa da vida, que ninguém pode concordar, pois a partir dali estão fadadas ao fracasso ou mortas".
Segundo dados do Censo Escola 2017 do INEP/Ministério da Educação, o Brasil conta com 1,8 milhão de alunos matriculados na educação profissional, sendo 58,8% em escolas públicas.
O investimento em educação no Brasil caiu 56% nos últimos quatro anos. Entre 2014 e 2018, diminuiu de R$ 11,3 bilhões para R$ 4,9 bilhões. A projeção da Lei Orçamentária deste ano é que o valor seja ainda menor e fique em R$ 4,2 bilhões. A informação consta em um informativo técnico da Câmara dos Deputados. O levantamento feito com base nos orçamentos efetivamente realizados entre 2014 e 2018 e corrigidos pelo IPCA, identificou que caiu o valor gasto nos três níveis de ensino: básico, técnico e superior.
Entre 2003 e 2014 foram criadas 18 novas universidades federais e 173 campus universitários, praticamente duplicando o número de alunos matriculados. Os institutos federais também tiveram uma grande expansão durante os governos dos presidentes Lula e Dilma. Foram implantados mais de 360 unidades por todo o país. De 1909 à 2003 foram criadas 140 escolas técnicas a partir de 2003 - com a Rede Federal de Educação Profissional Técnica chegamos à 562 unidades. Uma forma de combater o trabalho escravo e o trabalho infantil é a aprendizagem profissional. Infelizmente, o Brasil fica entre os países do mundo com maior incidência de casos de tra-
Paim acredita ser necessário que os governantes invistam cada vez mais na aprendizagem profissional. "É preciso que eles tenham nitidez sobre esse importante passo para a nossa juventude Deveriam estar investindo mais, pois este é o caminho para o equilíbrio social do país".
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Entrevista
O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região e o Projeto Pescar "Entendo que ao jovem é indispensável a preparação integral para que tenha possibilidade não só adquirir conhecimentos técnicos como exercer na prática atividade no âmbito dos seus interesses objetivando uma efetiva profissão a ser desempenhada no futuro."
Vania Cunha Mattos Não há como se conviver com os massivos exemplos de trabalho infantil, presente nos mais diferentes seguimentos da sociedade.
Presidente do TRT4ª Região
Não há como se conviver com os massivos exemplos de trabalho infantil, presente nos mais diferentes seguimentos da sociedade, uma grande maioria, invisível e que compromete a integridade física e projeta no mercado de trabalho crianças que a rigor, deveriam estar estudando e em atividades lúdicas e não integradas em atividades sem qualquer formalidade no mercado de trabalho.
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se constituísse em trabalho vedado pela Constituição Federal. E ainda, se for considerado que alguns destes jovens trabalhadores são emergentes da classe mais pobre torna-se indiscutível o nefasto e perverso mapa da desigualdade social que produz a tolerância do trabalho infantil, que impede qualquer desenvolvimento das crianças e adolescentes em suficiente risco social e econômico para não ser agravado pela impossibilidade da formação do estudo sistemático. O trabalho infantil atinge hoje no Brasil cerca de 2,7 milhões de crianças e adolescentes que exercem alguma atividade remunerada, com base no último levantamento do IBGE, que indica que, se todas as crianças e adolescentes de 5 a 17 nesta condição no país se reunissem, elas ocupariam uma cidade como Brasília e 32% dessa mão de obra está concentrada na atividade agrícola e 68% em atividade não agrícola.
Registro que há trabalho infantil visível no entanto tolerado e incentivado pelas famílias, corporificado no denominado trabalho artístico em teatros, televisões, circos e tantos outros. Há visível inversão de papéis em que os filhos passam a sustentar os pais, com distorção da responsabilização da família que tem o dever de preservar a saúde e a integridade dos seus componentes. A região sudeste lidera a concentração de crianças e adolescentes que O trabalho artístico é tão nocivo trabalham – 854 mil e duas em cada quanto qualquer outro e não paretrês crianças em situação de trabace ter o repúdio da sociedade, que lho infantil são do sexo masculino e ao invés o incentiva, como se não
94% do trabalho infantil doméstico é realizado por meninas. O TRT da 4ª Região estabeleceu junto com outras entidades – Ordem dos Advogados, Ministério Público do Trabalho -, convênio com a FUNDAÇÃO DO PROJETO PESCAR que possibilita a integral formação dos jovens para ingressar no mercado de trabalho, através de aulas teóricas e práticas com noções fundamentais, o que possibilitou que quase todos os integrantes das turmas que se formaram em 2017 e 2018 fossem imediatamente contratadas e de forma regular. Atualmente há duas turmas do Projeto PESCAR uma turma que se iniciou em setembro de 2018 e outra no início de 2019, o que indica o comprometimento da instituição com o futuro por propiciar a efetiva integração destes na sociedade e com a certeza que terão um trabalho decente para suprir as suas necessidades e da sua família. Tenho como fundamental este compromisso por não haver dúvida que a educação será fator primordial para o desenvolvimento econômico e cultural do país.
O que se diz do aprendiz! No decorrer dos quase 19 anos da publicação da Lei 10.097, de 19/12/2000, muito tem sido falado sobre a Aprendizagem Profissional.
Marli Costa Pereira A referida lei alterou os artigos da CLT para dispor sobre o cumprimento da cota mínima da aprendizagem, mas não criou a obrigação citada, posto que ela já existia pelo menos desde a publicação do Decreto-Lei 4.481/1942. Incluir a obrigação no texto consolidado das leis do trabalho foi a medida certa para enfatizar e fazer acontecer o direito constitucional à profissionalização para adolescentes e jovens brasileiros.
Auditora Fiscal do Trabalho Presidente do Fórum Baiano de Aprendizagem Profissional e Coordenadora da Atividade de Inserção de Aprendizes pela SRT/Ba no período de 2009 a 2017.
Muitos dos preceitos do esquecido Decreto-Lei foram reanimados pela enfática Lei da Aprendizagem que é tema de conversa entre jovens, entre empregadores, entre órgãos e instituições vinculadas à inserção da juventude no mercado de trabalho. Entre os jovens, o acesso à vaga de aprendiz é assunto constante e é preciso ficar atento, visto não haver banco de dados oficial exclusivo dos candidatos à aprendizagem. Possuir a Carteira de Trabalho e Previdência SocialCTPS, frequentar a escola regular se não concluiu o ensino médio, ter idade entre 14 e 24 anos, são requisitos para ser aprendiz. Entre os órgãos e instituições, a Apren-
dizagem Profissional é mencionada tanto entre as que desejam encaminhar os seus assistidos para uma oportunidade de emprego quanto entre as que ministram a capacitação profissional e que lidam não só com as novas demandas dos empregados-aprendizes, como também com as regras dos direitos trabalhistas. Já entre os empregadores, as discussões envolvem cálculos da cota, obrigatoriedade de contratar, dúvidas quanto os procedimentos para situações inusitadas, escolha dos cursos de formação, preenchimento da documentação, etc. Ora, se há tantos envolvidos nessa política pública, se fez necessário oferecer um espaço de discussão e de deliberação para as partes contratuais, bem como, órgãos, empresas, instituições e conselhos. Eis a razão de existir dos Fóruns de Aprendizagem Profissional. A Portaria Ministerial nº 983 de 26/11/2008, do Ministério do Trabalho criou o Fórum Nacional de Aprendizagem Profissional- FNA após diversas reuniões demandadas pela sociedade civil naquela época liderada pela organização sem fins lucrativos, Atletas pela Cidadania. A seguir, foram criados os Fóruns Estaduais.
As alterações legislativas e normativas foram, antecipadamente e exaustivamente, debatidas nos fóruns estaduais e no FNA para fazer a Aprendizagem Profissional democrática, inclusiva e efetiva. A presença de órgãos públicos, como a Secretaria de Inspeção do Trabalho, a Secretaria de Políticas Públicas de Emprego e Renda, o Ministério Público do Trabalho, o Tribunal Superior do Trabalho, a Organização Internacional do Trabalho, além de Conselhos representativos, como o CONANDA, as representações patronais, como a CNI, e as instituições formadoras de aprendizes torna o FNA o ambiente propício para tratar do trabalho decente para quem vai começar a vida laboral. Com a recente publicação do Decreto 9.759, de 11/04/2019, a continuidade das atividades dos fóruns de aprendizagem ficou prejudicada e demanda por ações urgentes para a sua manutenção. As inserções de aprendizes afetam outras políticas públicas, como o combate ao trabalho infantil ou a promoção de trabalho decente. Destaca-se, assim, a importância da Aprendizagem Profissional e o seu papel de modificar o futuro de toda a sociedade. Manter os Fóruns de Aprendizagem Profissional é manter viva a melhor Aprendizagem.
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FOGAP Entidades integrantes do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional
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Getúlio de Figueiredo Silva Júnior, advogado, Superintendente Regional do Trabalho do Ministério da Economia e membro dos Conselhos Regionais do SESI e do SENAI no Rio Grande do Sul, entende que a atividade de conscientização, exercida pela Fiscalização do Trabalho, acerca da importância de atendimento às diretrizes legais da aprendizagem, é condição sine qua non para o crescimento do País. Durante anos o trabalho infantil esteve arraigado na cultura familiar. Com a evolução do meios de produção, assim como o processo natural de revisão dos valores exercidos por diversas áreas das ciências, o Estado buscou positivar critérios que colaborassem com a formação sadia e humanitária do jovem, autorizando, observados determinados critérios, o exercício do trabalho por menores a partir de 14 anos. Neste sentido, estabelecendo diretrizes à contratação de aprendizes, a Lei 10.097/2000 tornou obrigatória a contratação de aprendizes pelas empresas de médio e grande porte, concedendo ao empregador a contrapartida de redução de alíquotas, e perfectibilizando a importância do trabalho na formação social dos cidadãos. Com efeito, o papel da Superintendência Regional do Trabalho, bem como sua Seção de Fiscalização, vai muito além de fiscalizar e autuar. Na verdade, avoca para si a responsabilidade de agente multiplicador de boas práticas, conscientizando as empresas da importância do corporativo na construção de uma sociedade melhor.
Como empresa pública preocupada com sua função social, os Correios participam do Programa Jovem Aprendiz há mais de 10 anos. Já foram mais de 13 mil jovens atuando em diferentes setores e unidades dos Correios no País. Somente no Rio Grande do Sul, 220 estudantes foram contratados pela empresa através do Programa no ano passado. Para o período 2018/2019, está prevista a contratação de mais de 600 jovens. Inseridos em equipes responsáveis por diversas atividades na empresa, os jovens têm a chance de vivenciar os desafios do mercado de trabalho ao mesmo tempo em que contam com o apoio de profissionais experientes para orientá-los. Por outro lado, a empresa também é beneficiada com o auxílio dos aprendizes na execução de tarefas e a partir da troca de ideias entre seus empregados e os jovens. Superintendente estadual de Operações dos Correios no Rio Grande do Sul, Romeu Ribeiro de Barros
O Ministério Público do Trabalho (MPT), um dos ramos do Ministério Público da União, é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do estado. O MPT tem autonomia funcional e administrativa e, dessa forma, atua como órgão independente dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Os procuradores do Trabalho buscam dar proteção aos direitos fundamentais e sociais do cidadão diante de ilegalidades praticadas na seara trabalhista. O MPT atua em oito áreas prioritárias: 1ª) Promover a igualdade de oportunidades e combater a discriminação nas relações de trabalho; 2ª) Erradicar a exploração do trabalho da criança e proteger o trabalhador adolescente; 3ª) Erradicar o trabalho escravo e degradante; 4ª) Garantir o meio ambiente do trabalho seguro e saudável; 5ª) Eliminar as fraudes trabalhistas; 6ª) Combater as irregularidades na administração pública; 7ª) Proteger o trabalho portuário e aquaviário; 8ª) Garantir a liberdade sindical e buscar pacificar conflitos coletivos de trabalho. Procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS), Victor Hugo Laitano
"Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo é a missão do Senac-RS, que contribui, há mais de 70 anos, para o desenvolvimento do setor terciário gaúcho. Braço educacional do Sistema Fecomércio-RS, capacitamos mais de 20 mil pessoas por ano, através do Programa Senac de Gratuidade – PSG. O objetivo principal do PSG é promover a inserção profissional, através de cursos de qualificação gratuita. As turmas de Aprendizagem Comercial envolvem os alunos em 1.110 horas de atividades curriculares, das quais 480 horas se referem à capacitação teórica e outras 620 à prática profissional supervisionada, realizada nas dependências da empresa. Todas as capacitações estão alinhadas às demandas do mundo do trabalho." Diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa
Criado em 1942, com o objetivo de formar recursos humanos e promover o desenvolvimento e aprimoramento da indústria nacional, o SENAI é o maior complexo de Educação Profissional da América Latina. Atua na capacitação de profissionais e no aperfeiçoamento de produtos e processos industriais. Atua nas áreas de Alimentos e Bebidas, Automação, Automotiva, Celulose e Papel, Construção Civil, Couro e Calçados, Eletroeletrônica, Energia, Gemologia e Joalheria, Gestão, Gráfica e Editorial, Logística, Madeira e Mobiliário, Meio Ambiente, Metalmecânica, Metrologia, Mineração, Petróleo e Gás, Polímeros, Química, Refrigeração e Climatização, Segurança no Trabalho, Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Têxtil e Vestuário. Possui atualmente 25.000 matrículas na aprendizagem Industrial. O SENAI-RS capacita, anualmente, mais de 20 mil jovens.
O Sescoop/RS é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, constituído sob o estatuto do serviço nacional autônomo. É integrante do Sistema Cooperativista Nacional e suas responsabilidades sociais evidenciam-se na ênfase conferida as atividades capazes de produzir efeitos socioeconômicos condizentes com os objetivos do Sistema Cooperativista. Entre as funções do Sescoop/RS destacam-se organizar, administrar e executar o ensino de formação profissional para as cooperativas; fomentar o desenvolvimento e promoção dos trabalhadores e dos associados das cooperativas; operacionalizar o monitoramento, a supervisão, a auditoria e o controle das cooperativas; programas voltados à capacitação para gestão cooperativa e promover a cultura e a educação cooperativa.
Diretor Regional, Carlos Trein
Presidente, Vergilio Perius
O SENAR-RS atua com Aprendizagem Rural desde 2004, oferecendo, de maneira gratuita, o Programa Jovem Aprendiz, que varia de 400 a 1200 horas de ensinamentos focados na formação profissional rural. Nesses 13 anos de duração, o Programa Jovem Aprendiz formou mais de 1900 jovens cotistas, distribuídos em 19 municípios do RS, sendo o SENAR uma das Instituições pioneiras na Aprendizagem Rural no Brasil. Buscamos com a Aprendizagem garantir o futuro do agronegócio gaúcho, com a formação de uma mão de obra qualificada e preparada para atender às novas demandas do trabalho no meio rural. Sempre que o SENAR-RS se depara com jovens que tenham essa necessidade de capacitação, não poupamos esforços em prepará-los para um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Ademais, além dos conhecimentos profissionalizantes específicos, buscamos desenvolver nesses jovens, conceitos e comportamentos focados no comprometimento e na responsabilidade em produzir o alimento que chega à mesa dos brasileiros. www.senar-rs.com.br Superintendente, Gilmar Tieböhl
www.sescooprs.coop.br/programas/aprendiz-cooperativo/
A Escola Técnica Mesquita possui 55 anos de existência. Tem como instituição mantenedora o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Porto Alegre e Região Metropolitana. Portanto, uma instituição concebida e construída pelas mãos e sonhos de trabalhadores. Atua em três eixos: Educação Profissional (Cursos Técnicos em Eletrônica, Mecânica, Automação Industrial, Informática e Sistemas de Energia Renovável) e os cursos de Qualificação Profissional; Programas e Projetos de Inclusão Social e Economia Solidária. Atendemos jovens aprendizes nos cursos de Atendente de Nutrição, Assistente Administrativo, Atendimento ao Público, Auxiliar de Manutenção em Elétrica e Eletrônica, Auxiliar de Manutenção de Máquinas em Geral. Já concluíram os cursos de aprendizagem cerca de 2.000 jovens. Diretor, Jurandir Damin
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FOGAP Para o Colégio Sinodal Progresso, o ano de 2017 é um ano de importantes conquistas. Marca os 141 anos dedicados à educação e formação de milhares de pessoas da Educação Infantil aos Cursos Técnicos. São mais de 900 técnicos formados, contribuindo para o desenvolvimento cultural, econômico e social de Montenegro e região. Neste contexto, em 2017, cadastra-se ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para oferta de Cursos em Programas de Aprendizagem, através de parcerias com empresas públicas e privadas. A Educação é o único caminho para o desenvolvimento de um lugar. Assim, através dos Programas de Aprendizagem ampliamos a conexão do colégio com a comunidade e o mundo do trabalho. Acreditamos que a educação e o conhecimento são agentes de transformação e promoção de uma sociedade sustentável.
A Setrem é uma instituição acolhedora, organizada, empreendedora e busca a promoção dos valores humanos, da postura ética e do espírito cristão. Comprometida com a educação e a produção do conhecimento, atua da Educação Infantil à Pós-graduação. A educação de qualidade, conectada às transformações sociais, culturais, científicas e tecnológicas, mostra excelentes resultados, por meio de avaliações do INEP e MEC. O Ensino Médio está entre os melhores do RS e a Faculdade Três de Maio, pelo 5º ano consecutivo, é a melhor do Noroeste do Estado (IGC). No Ensino Profissionalizante, oferece atualmente os cursos de Agropecuária, Comunicação Visual, Enfermagem e Informática. A alta empregabilidade, as importantes parcerias com empresas e as oportunidades concedidas à comunidade pelo Programa de Aprendizagem Setrem mostram que estamos no caminho certo.
www.sinodal.com.br Diretor, Lorio José Schrammel
2017 traz a marca de 65 anos dedicados à educação e formação de crianças e jovens. Atuando na Educação Básica, Turno Integral, Cursos Técnicos em Agropecuária, Informática, Administração, Serviços Jurídicos, Eletrotécnica e Eletromecânica, com mais de 1750 técnicos formados, para além de atividades esportivas e culturais, no ano de 2012 a instituição passou a oferecer Programas de Aprendizagem com as cooperativas e empresas locais. Capacitaram-se, até o momento, 572 aprendizes. Mais do que números, o programa transforma realidades. A correlação entre Colégio, estudantes e mundo do trabalho considera a relevante importância do ser e conhecer para fazer. Determinados seguimos atuantes, como instituição formadora, na promoção da vida a partir da conhecimento.
Diretor-geral, Sandro Ergang
A Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul (ACM-RS) é uma organização global, sem fins lucrativos, com atuação em 119 países do mundo. No Brasil, atuam nas áreas de esporte, educação e desenvolvimento social. A ACM Vila Restinga Olímpica é uma unidade que integra a Área de Desenvolvimento Social da ACM-RS, que atua desde 2001 na Restinga. Tendo como missão institucional ser agente de transformação da sociedade, no ano de 2018, o Programa de Aprendizagem Profissional surge, como nova oportunidade de qualificação profissional. Cursos: Assistente Administrativo e Gastronomia. Interessados terão que atender os critérios de 14 anos completos até 23 anos e escolaridade mínima o 8º ano do Ensino Fundamental.
Diretor, Jonas Rückert
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Coordenadora Técnica- ACM VRO, Roberta Gomes Motta
A Ação Comunitária Paroquial - ACOMPAR é uma instituição de caráter filantrópico, situada na Vila Santa Rosa, na Zona Norte de Porto Alegre, fundada em 05/05/1967 pelo Pároco Luiz Conte. Nossa missão é desenvolver um trabalho com as famílias em situação de vulnerabilidade social através dos serviços e projetos oferecidos pela instituição. Atendemos um número aproximado de 914 crianças/adolescentes e jovens/adultos em seis núcleos de atendimento. O trabalho com adolescentes/jovens é realizado no Núcleo quatro, com 34 adolescentes no SCFV II: nas modalidades de Serigrafia e Embelezamento Pessoal; 78 adolescentes no Programa Adolescente Aprendiz, nos cursos de Serviços Administrativos e Bancários; 120 jovens/adultos, no curso de Mercado de Varejo, Logística e Empreendedorismo.
O Centro de Educação Profissional São João Calábria atua desde 1962 em Porto Alegre-RS na qualificação profissional de jovens, formação integral e acolhimento institucional de crianças, adolescentes e idosos. Em 2018, atendeu 22.133 beneficiários, dos quais 628 frequentaram os cursos profissionalizantes. Destes, 628 são aprendizes em 6 cursos reconhecidos pelo Ministério do Trabalho. A aprendizagem contribuiu eficazmente para que centenas de jovens acessassem os cursos e a formação integral por meio do 'Educar, semeando esperança', causa estratégica da instituição. A inclusão de jovens aprendizes em nosso projeto de formação profissional alavancou a busca pelos cursos de qualificação. Os aprendizes ganharam visibilidade e aproximação aos empregadores, fortalecendo o ingresso ao mundo do trabalho. Saiba mais em www.calabria.com.br. Diretor-geral, Pe. João Pilotti
O Centro de Integração Empresa Escola – CIEE RS é uma instituição de assistência social, privada, sem fins lucrativos, autossustentável, que promove através de iniciativas socioeducativas a integração do jovem ao mundo do trabalho. Entre outras ações o CIEE, juntamente com a Fundação Roberto Marinho, desenvolve o Aprendiz Legal, que é um programa de aprendizagem profissional voltado para a preparação e inserção de jovens no mundo do trabalho. Os cursos ofertados são: Ocupações Administrativas; Comércio e Varejo; Telesserviços; Logística; Práticas Bancárias; Telemática; Auxiliar em Alimentação; e Auxiliar de Produção. Atualmente cerca de 10.000 aprendizes estão sendo beneficiados com o Aprendiz Legal do RS. www.cieers.org.br Superintendente Executivo, Luiz Carlos Eymael
O Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis/CPCA, entidade de assistência social, mantida pelo Instituto Cultural São Francisco de Assis, promove a pessoa, através da garantia de acesso aos direitos e a proteção social. Atendendo as complexidades da assistência com centralidade na família, de maneira emancipatória, inovadora e de vivências da cultura da paz, destacando o Projeto Justiça Restaurativa. “A VIDA é Sagrada e está acima de qualquer opção” é um princípio que o colaborador incorpora na sua rotina diária. A aprendizagem profissional oferece os cursos de Cozinheiro Geral, apoio ao usuário de Informática e de Auxiliar Administrativo. Atende 230 adolescentes e jovens, sendo 19 deles, pessoas com deficiência.
Diretor-Geral, Frei Luciano Elias Bruxel
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FOGAP Fundado em 23 de abril de 2015, o Instituto Crescer Legal surgiu por iniciativa do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e suas empresas associadas e tomou forma com o apoio e adesão de pessoas e entidades envolvidas com a educação e com os direitos da criança e do adolescente. O Instituto tem o objetivo de combater o trabalho infantil tendo como ferramenta a oferta de oportunidades aos adolescentes para o desenvolvimento das suas habilidades e potencialidades, com geração de renda e subsídios para que o jovem vislumbre projetos de vida a partir do meio rural. A principal ação do Instituto é o Programa de Aprendizagem Profissional Rural, que proporciona formação teórica e prática em gestão rural, empreendedorismo e cidadania a adolescentes filhos de produtores e trabalhadores na agricultura.
A Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha – EFASERRA, é uma instituição de ensino que oferece à comunidade Curso Técnico em Agropecuária concomitante ao Ensino Médio. Desde 2017, apoiamos a formação de jovens aprendizes do campo. O principal objetivo da escola é contribuir na formação de filhos (as) de agricultores para que sigam no campo com melhores condições e mais qualidade de vida, contribuindo para o desenvolvimento do meio onde estão inseridos. Desde 2015, a EFASERRA funciona na 3ª Légua, em Caxias do Sul/RS. Suas origens, datam de 2013, em Garibaldi/RS. Atende média de 120 alunos de 21 municípios da região. O ensino e a aprendizagem da instituição têm como base a Pedagogia da Alternância, que alia a teoria à prática na agricultura. www.facebook.com/efaserra
www.crescerlegal.com.br Diretor, Israel Matté Diretor Presidente, Iro Schünke
Espro – Ensino Social Profissionalizante – uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, de assistência social, pioneira no país a realizar o Programa de Socioaprendizagem. Com 40 anos de atuação, trabalha com objetivo de promover inclusão social e inserir adolescentes e jovens, em situação de vulnerabilidade social, no mundo do trabalho. Oferece também, de forma gratuita, o curso de Formação para o Mundo do Trabalho e desenvolve projetos sociais, como as oficinas de geração de renda, nas comunidades onde atua. A instituição está presente em 16 estados e 54 municípios do Brasil. Contabiliza a marca de mais de 600 mil atendimentos sociais e inserção de cerca de 105 mil aprendizes no mundo do trabalho. Atualmente conta com mais de 2.700 empresas parceiras comprometidas com nosso lema de educar, transformar e incluir.
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A Fundação Bradesco, fundada em 1956 por Amador Aguiar, é uma instituição de ensino que tem como objetivo proporcionar educação e profissionalização às crianças, jovens e adultos. Atualmente, com 40 escolas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, oferece aos alunos Cursos Técnicos e de Qualificação Profissional, além da Educação Básica de nível Fundamental e Médio. O Colégio Fundação Bradesco de Gravataí conta com Cursos Técnicos de Administração e Eletrônica, ambos vinculados ao Programa Nacional de Jovem Aprendiz. Desde 2012, os Aprendizes atuam nas Agências do Banco Bradesco e em empresas parceiras da região, contribuindo com a economia local e facilitando sua inserção no mercado de trabalho.
www.espro.org.br
“Cremos na educação como fator decisivo do desenvolvimento e instrumento indispensável à realização pessoal do ser humano.” Amador Aguiar
Superintendente Executivo, Alessandro Saade
Diretora de Ensino, Adriana Mazzaferro Companhoni
A INTEGRAR/RS ASSOCIAÇÃO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA ESCOLA, é uma associação sem fins lucrativos, de caráter não governamental, autossustentável e apolítica que teve suas atividades iniciadas em 2006, hoje se situa na Rua dos Andradas, 1276 no 9º andar, Centro - Porto Alegre/RS. A INTEGRAR/RS empenhada na inserção de Jovens Aprendizes no mercado de trabalho, oferece o curso de Ocupações Administrativas. Acreditamos que a aprendizagem deve incentivar novos conhecimentos num processo contínuo, aprender a conhecer na crença de que através de práticas e vivências, promove-se à concretização do desenvolvimento das competências pessoais e sociais, entendendo a educação como única possibilidade efetiva de mudar o amanhã.
Presidente, Luciano da Silva Teixeira
A Legião Franciscana de Assistência aos Necessitados (LEFAN), projeto social da Associação Literária São Boaventura, dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul, existe há mais 50 anos e sempre atenta às demandas sociais, lançou o Programa de Aprendizagem Profissional denominado “Caia na Rede”. O programa tem como proposta, oportunizar aos jovens, em situação de vulnerabilidade social, formação e inserção profissional, aliando o conteúdo teórico com a vivência profissional, e tem como principal diferencial atender àqueles em cumprimento de medidas socioeducativas, devido ao acometimento de um ato infracional. Para estes jovens, participar deste programa é uma oportunidade de construir novos projetos de vida. Site: capuchinhos.org.br/lefan Vice Presidente, Frei José Lagni
Instituto Brasileiro PróEducação, Trabalho e Desenvolvimento - ISBET foi criado em 02 de agosto de 1971, por um grupo de educadores, preocupados em implantar a LDB 5692. Com o lema “Educação para o Trabalho” e a missão de promover o bem-estar social, o ISBET, ao longo destes 43 anos, já capacitou e inseriu no mercado de trabalho mais de cinco milhões de jovens em situação de vulnerabilidade social através de estágios e do programa Jovem Aprendiz. Hoje o ISBET encontra-se com mais de 20 unidades, em nove estados e no Distrito Federal. Sabemos que precisamos crescer muito, e contamos com a ajuda de nossos parceiros: Empresas e Entidades, que como nós, acreditam que plasmar a juventude dentro dos padrões de cidadania e autoestima elevada, é a forma para construir um país melhor e mais justo.
Superintendente Executivo, Luiz Guimarães Mesquita
O Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente - MDCA tem sede na Avenida Antonio Carvalho, 535, Porto Alegre/RS. A prioridade é dada para usuários em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social. Os programas vigentes são: Apoio Pedagógico, executado em parceria com escolas estaduais; Serviço Comunitário e Fortalecimento de Vínculos; Programa de Aprendizagem Profissional e Programa de Fortalecimento de Vínculos às Famílias da comunidade. O Programa Adolescente Aprendiz conta com 125 integrantes de 15 a 18 anos incompletos. Os cursos são de práticas bancárias e serviços administrativos que acontecem simultaneamente no MDCA e nas entidades parceiras. O MDCA realiza atendimento sócio-familiar, acompanhamento escolar, bem como visitas periódicas aos locais de prática dos aprendizes.
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FOGAP O Polo Marista de Formação Tecnológica compreende um espaço de desenvolvimento humano, crescimento econômico, justiça social e proteção ambiental. Com apoio de parceiros a unidade desenvolve diversos projetos de protagonismo e emancipação de jovens da comunidade do bairro Mario Quintana e arredores. Desde 2006, o Polo desperta habilidades por meio dos cursos de qualificação profissional ofertados, dando condições para a efetiva inclusão no mundo do trabalho. Hoje, o programa Jovem Aprendiz atende anualmente mais de 500 educandos e recondiciona cerca de sete toneladas de resíduos eletroeletrônicos no projeto Recondicionar. “A nossa instituição procura unir teoria à prática em busca da excelência na formação dos jovens, somado a formação humana de qualidade, para inseri-los no mercado de trabalho”, diz o diretor Ir. Odilmar Fachi. http://socialmarista.org.br/cesmar Diretor, Ir. Odilmar Fachi
Aos 51 anos, o Movimento Comunitário Cachoeirense é uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, filantrópica e de utilidade pública. Nossa finalidade é o desenvolvimento de atividades voltadas a Assistência Social, especialmente no que diz respeito à promoção da integração no mercado de trabalho. Visamos ainda o incentivo de atividades artísticas, culturais e esportivas, o desenvolvimento de ações de ensino visando o incentivo ao empreendedorismo, o desenvolvimento e igualdade social, especialmente voltado aos jovens e pessoas em vulnerabilidade social. O MOCOCA atua na qualificação profissional desde o ano de 2008 e atualmente conta com 185 adolescentes que participam do Programa Adolescente Aprendiz onde desenvolvem o curso de setor bancário. Já concluíram o curso de aprendizagem cerca de 1.000 adolescentes e jovens neste período. www.mococa-rs.org.br Presidente, Cláudio Sérgio Vidal Petrucci
O Centro Profissional para Cidadania, localizado à Rua Moreira Cesar, 1853, Bairro Pio X, Caxias do Sul, oferece cursos de Aprendizagem Profissional, na área da confecção, para adolescentes e jovens. Os cursos são oferecidos, gratuitamente, aos usuários, graças a parceria entre a Associação Murialdinas de São José, Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, através da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente. Tem como objetivo profissionalizar jovens e adolescentes, na área da confecção, além da profissionalização e inserção no mundo do trabalho, possibilitando o reconhecimento do trabalho e da educação como direito de cidadania. Diretora do Centro Profissional para a Cidadania, Irmã Maristela Galiotto
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O Instituto Leonardo Murialdo é uma sociedade civil, beneficente, educativa, cultural e de assistência social, com sede e foro em Caxias do Sul. Os cursos de aprendizagem oferecidos são: Auxiliar Administrativo Empresarial, Assistente Administrativo Bancário, Assistente Administrativo Hospitalar, Auxiliar de Alimentação Hospitalar e Auxiliar de Limpeza e Higienização Hospitalar. O número de aprendizes hoje na Instituição é de 214 em cursos de Aprendizagem. “O foco da Rede de Ação Social Murialdo é continuar inovando em nossos serviços de alta, média e pequena complexidade. Acredito que com o apoio e solidariedade de todos os parceiros, garantiremos o acesso de muitos adolescentes e jovens ao mundo do trabalho, através da ética e transparência profissional”, diz o Diretor. Site: www.murialdosocial.com.br Padre Joacir Della Giustina
Com a missão de educar, promover, amar e evangelizar, com competência, preferencialmente as crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, valorizando a família e vislumbrando o Sistema Preventivo de São João Bosco, surge, em 1957, a Associação de Recuperação do Menor, em Viamão/RS. O Novo Lar atua no combate das desigualdades sociais, auxiliando crianças, adolescentes, jovens e famílias na promoção humana e na qualificação profissional, em um ambiente educativo de formação integral e permanente, fundamentado nos ensinamentos de Dom Bosco. Com o Programa Jovem Aprendiz já forma e encaminha para o mercado de trabalho, desde 2010, mais de 400 jovens, capacitados a responder com responsabilidade e criatividade as exigências profissionais.
A Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio, criada em 1895, em Porto Alegre, atende mais de 1350 crianças, jovens e adolescentes em situação de pobreza absoluta e alto risco social. Entre eles, 550 jovens são aprendizes dos cursos do Centro de Educação Profissional (CEP). Cerca de 80% dos egressos dos cursos são direcionados para vagas no mercado de trabalho. A missão da instituição é potencializar o desenvolvimento integral, numa perspectiva solidária, construída por meio de práticas socioeducativas. Desde o seu início, a Fundação mantém seu trabalho com arrecadação financeira oriunda prioritariamente de empresas, convênios públicos e sociedade civil. Além do CEP, outros dois projetos são desenvolvidos na instituição: o Centro de Atendimento Integral (CATI) e o Acolhimento Institucional. www.paodospobres.org.br
Diretor, Padre Tarcízio Odelli Diretor Geral, Ir. Albano Thiele
A Pequena Casa da Criança, fundada há 62 anos, é uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, filantrópica, educacional e de assistência social, de utilidade pública. Atua com base na doutrina cristã e prioriza a ação preventiva dirigida a crianças, adolescentes, família e idosos. Tem a missão de oportunizar o desenvolvimento social à população, através da educação, profissionalização e inclusão socioeconômica para a geração dos resultados. Desenvolve programas de ensino e aprendizagem que favorecem a população mais necessitada do seu entorno, e além de oferecer oportunidades de trabalho preparando-os para o emprego, com capacitações de qualidade. Tem inúmeros casos de pessoas que passaram pelo Programa Jovem Aprendiz e que foram bem-sucedidas na vida, confirmando a importância do trabalho e da missão.
Entidade de assistência social, sem fins lucrativos, a Fundação Projeto Pescar promoveu o desenvolvimento e o acesso de mais de 31,5 mil jovens ao mundo do trabalho. Atendemos anualmente cerca de 2 mil jovens e nosso propósito traduzido no slogan “Atitudes que transformam vidas”, é resultado da participação ativa e qualificada de cada um dos parceiros da instituição. A maneira como preparamos e apoiamos os adolescentes para adotarem uma nova postura frente à vida e ao mercado de trabalho está fundamentada em uma metodologia que foca 60% dos conteúdos em desenvolvimento pessoal e cidadania para que o jovem seja protagonista na realização de seus projetos de vida pessoais e profissionais. O restante dos 40% do curso é destinada aos conhecimentos técnicos, com 15 cursos de Iniciação Profissional.
www.pequenacasa.org.br
www.projetopescar.org.br
Presidente, Ir. Pierina Lorenzoni
Presidente Voluntário, Afrânio Chueire
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FOGAP A Associação Pestalozzi de Canoas é uma instituição sem fins lucrativos, fundada em 26 de outubro de 1926. É a primeira organização no Brasil a trabalhar em prol da garantia e defesa dos direitos da pessoa com deficiência intelectual, na perspectiva da sua inclusão, participação, protagonismo, autonomia e qualidade de vida. Atua nas áreas de educação, saúde, assistência social, trabalho, esporte, lazer e cultura na cidade de Canoas, Rio Grande do Sul. Por meio de uma equipe técnica inter e multidisciplinar, oferece aos seus atendidos, familiares e cuidadores educação fundamental especial, atendimento educacional especializado, aprendizado profissionalizante, oficinas de culinária e padaria, dança inclusiva, horta, jardinagem, práticas culturais, artes e artesanato, futebol, atletismo de rendimento, consciência corporal, canto coral e mundo do trabalho.
A Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração - RENAPSI demonstra vocação no atendimento ao Jovem há mais de 20 anos. Iniciou atividades em Goiás e, atualmente, encontra-se representada em sete Estados brasileiros, com sede no Distrito Federal. A RENAPSI atua, historicamente, em três frentes relevantes para transformação social: a promoção do jovem por meio do trabalho, a prevenção e tratamento de usuários de drogas e o fortalecimento da Aprendizagem ‒ como ação de política pública nacional para a juventude ‒, por meio da Rede Pró-Aprendiz (RPA). Com parcerias públicas e privadas, a RENAPSI já executou projetos de qualificação profissional nas áreas de serviço, comércio e indústria, tendo atendido mais de 20 mil jovens e adultos, nos últimos cinco anos.
www.pestalozzi.com.br
Presidente, Edna Alegro
A Associação Reviver, localizada em Canoas, é uma instituição sem fins econômicos com objetivo de promover a inclusão social de jovens em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social através de cursos de aprendizagem profissional. Desenvolve o Programa Jovem Aprendiz desde 2005. Alguns dos cursos disponíveis: Assistente Administrativo, Auxiliar de Cozinha, Cobrador, Música, Operador de Caixa. Coordenadora Geral, Maria Helena Riquinho dos Santos
Conselheiro Presidente, Lucas Vieira da Silva Meira
A Fundação Universidade de Caxias do Sul (UCS), por intermédio do Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul (CETEC), desenvolve cursos de Aprendizagem para o comércio, indústria e serviços, elaborados para atender as expectativas empresariais por profissionais, com formação técnica e aprimoramento comportamental, adequados às particularidades do seu ramo de atividade econômica. Na UCS os cursos de Aprendizagem utilizam os mesmos recursos tecnológicos disponibilizados aos demais alunos da graduação e pós-graduação e são realizados nos Campus Universitários localizados nas cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Canela, Farroupilha, Guaporé, Nova Prata, São Sebastião do Caí e Vacaria e em outros municípios, mediante estudo de viabilidade. Site: www.ucs.br Reitor da UCS, Prof.Dr. Evaldo Antonio Kuiava
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A Lei n.10.097 de 19 de dezembro de 2000, alterou dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei n.5452, de 1 de maio de 1943. Chamada nova lei da aprendizagem, consolidou matéria já regulamentada pela Constituição de 1988 (art.227), pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, alterando o capitulo celetista que trata da aprendizagem e harmonizando-o com o ordenamento jurídico outrora esparso e com as necessidades prementes da história dos últimos dias do século XX. Objetivou potencializar e qualificar a educação como instrumento poderoso para que as crianças e adolescentes terem oportunidades melhores no futuro. Daí a importante na apresentação e discussão de projetos e programas que passaram a serem apresentados pela sociedade e Estados visando garantir a presença e frequência dos jovens nas escolas impedindo o retorno ao trabalho infantil. Alinhado a essa nova diretriz legal o Ministério Público do Trabalho renova o seu papel institucional de fiscal da lei com o
Silvana Ribeiro Martins Procuradora Regional PRT 4a.Região
crativos – terceirização da contratação de aprendizes. Naquele cenário a Procuradoria Regional do Trabalho do RS perseguiu “Capacitar para criar, criar o cumprimento daqueé se incluir” la lei, instaurando diversos procedimentos invespropósito de dar efetivida- ção, exploração, violência, tigatórios, primeiramente, para chamar as instituide a legislação, observando crueldade e opressão. atentamente as possibilida- Abandonou-se a visão me- ções do sistema “S” para adequá-los a posterior dedes legais a seu implemen- ramente assistencialismanda quanto a formato na sociedade capitalista ta que orientava os antição de cursos profissionadaquele momento. gos códigos de menores lizantes. Posteriormente A Constituição já previra para a política de proteção promovendo audiênvárias providências, entre integral. cias públicas em todo o elas, a garantia aos adoles- No contexto das diretriEstado em parcerias com a centes ao direito a educazes internacionais adotaSuperintendência Regional ção e a profissionalização, das pelo Brasil foi criada a do Trabalho do RS visanassumindo este, relevância nova Lei de Aprendizagem do garantir a profissionanas discussões, inclusive que trouxe para a CLT lização do jovem apreninternacionais, espelhadas os preceitos constituciodiz. Esse método instruem diversas Convenções e nais concernentes a doumental adotado efetivou-se Recomendações. trina da proteção integral e em atuação conjunta com No contexto brasileiro a as determinações do ECA. a equipe dos Auditores do Constituição absorveu a Destacou-se o art.429 da Trabalho, especificamendoutrina internacional da CLT que estabeleceu, de te com a Auditora Denise proteção integral das crian- forma uniforme, a obriN.B.Gonzáles, sendo que ças e adolescentes diante gação de contratar aprenaquela parceira tinha o indo art.227 que dispõe ser dizes para as empresas, tuito que as instituições dever da família, da socie- ou seja, de qualquer ramo atuantes resgatassem a dade e do Estado, assegurar da economia, não valenconsagração dos valores e a criança e ao adolescente, do mais a restrição havida compromisso da sociedacom absoluta prioridade, na antiga redação do artigo de, a fim de controlar a ero direito à vida, a saúde, a consolidado. radicação do trabalho inalimentação, a educação, fantil e a proteção ao traAinda na reformulação ao lazer, a profissionaliza- da Aprendizagem imposbalho do adolescente. ção, a cultura, a dignidade, ta pela Lei 10.097/00 desEssa atividade, dessas e ao respeito, a liberdade e a tacou-se a centralização da outras instituições, aqui convivência familiar e co- obrigatoriedade com a definominadas e inominadas, munitária, além de coloca- nição do percentual de conapresentou-se como pio-los a salvo de toda a forma tratação pela empresa ou neira no RS, em todo o de negligência, discrimina- pelas entidades sem fins luEstado, valendo-se de inú-
Atualidade e avanços
Atualidade e avanços
Ontem, hoje e sempre: aprendizagem...
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meros projetos, seminários, audiências públicas, reuniões e milhares de horas/dias/quilômetros rodados, de incansável trabalho que ora se mantem nessa atual corrente, de sorte que se concretizou na criação do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional – FOGAP, que agregou inúmeras pessoas, grupos, instituições, entidades públicas e privadas e, sem fins lucrativos. Estamos chegando a quase duas décadas de trabalho árduo desde a criação desta chamada nova Lei de Aprendizagem, é ora de se olhar para o passado não só para termos a certeza do acerto, mas também para o futuro; porque sabemos que o avanço formal não é suficiente para garantir no século XXI uma vida com dignidade a todas as crianças e adolescentes brasileiros. A conscientização dos atores é imprescindível, assim como outrora. Nosso farol deve ser o mesmo: “Assegurar ao jovem sua inclusão da sociedade, seu direito constitucional de aprendizagem, retirá-lo do ócio e seu veneno, elevar sua alta estima e sobretudo promover sua capacitação profissional como cidadão capaz de contribuir para o desenvolvimento da nação”.
Selo Personalizado alusivo aos 10 anos do FOGAP Ana Rita F. M. da Rocha Janssen Chefe da Seção de Filatelia e Produtos Correios - RS
Os Correios desenvolveram o selo personalizado em comemoração aos 10 Anos do FOGAP com o objetivo principal de homenagear a instituição e o evento do Fórum que tanto tem contribuído e trabalhado em benefício da aprendizagem no Rio Grande do Sul, bem como marcar os 10 anos de atuação. O selo personalizado é um produto filatélico exclusivo dos Correios. As principais atributos do selo personalizados são: exclusividade, comodidade, praticidade, economia, glamour, registro histórico, mídia circulante, promoção de mar-
cas e imagens. É um selo postal criado a partir de uma imagem fornecida pelo cliente que é aplicada diretamente sobre a folha base de selos, impressa pela Casa da Moeda do Brasil, com as legendas que caracterizam os selos postais emitidos pelos Correios. O selo personalizado pode ser utilizado nas correspondência por prazo indeterminado, pois o valor facial corresponde ao 1º porte de uma carta comercial. Se o valor da tarifa postal for reajustada, os selos adquiridos e de posse do cliente, terão seu valor corrigido automaticamente. Pode ser utilizado
em correspondências cujo porte implique em valores maiores, bastando para tanto complementar com outros selos. A imagem do selo dos 10 anos do FOGAP foi criada evidenciando a logomarca do fórum que é composta por uma cuia de chimarrão e a descrição Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional. A imagem numérica dos dez anos aparece ao fundo da logomarca. A folha base é em tons de amarelo, composta por doze selos e uma amostra, em tamanho maior da imagem.
Em 2009 o Senac implementou o Programa Senac de Gratuidade (PSG), resultado de um protocolo de compromisso firmado no ano anterior entre o Mistério do Trabalho e Emprego, o Mistério da Fazenda, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e o Senac. Ainda em 2008, o protocolo foi ratificado pelo Decreto Federal nº 6.633/2008, o qual consolidou a oferta de ações educacionais gratuitas às pessoas de baixa renda, possibilitando que ainda mais brasileiros pudessem ser inseridos no mercado de trabalho. O Programa Jovem Aprendiz que, no Senac, acontece através da oferta de Cursos de Aprendizagem Profissional Comercial, faz parte do PSG. No entanto, tem como diferencial o atendimento a uma série de documentos legais que normatizam o Programa e a interação entre os diversos agentes do processo educativo e produtivo – instituições, sociedade, empresas e jovens. Para que esta interação ocorra de modo satisfatório para todos os envol-
O Programa Senac de Gratuidade e a Aprendizagem: Uma relação de sucesso Ariel Fernando Berti Gerente do Núcleo de Educação Profissional e da Assessoria de Planejamento do Senac-RS e Mestre em Administração (UNISINOS) Cláudia Zank Coordenadora no Núcleo de Educação Profissional do SenacRS e Doutora em Educação (UFRGS)
vidos, as ações educativas são pensadas a partir da compreensão de educação profissional como instrumento de mudança de vida, tanto dos jovens quanto de seus familiares, mas também de desenvolvimento de cidadania e justiça social. No Rio Grande do Sul (RS), a maior parte das 42 escolas do Senac RS atuam na Aprendizagem, o que confere a este Departamento Regional a
expertise no atendimento das demandas da sociedade e das empresas contribuintes. Destacase, nesse sentido, a criação, em Porto Alegre, do Senac Comunidade, uma escola voltada exclusivamente para a oferta de cursos PSG. O Senac Comunidade foi pioneiro na oferta de turmas específicas para pessoas com deficiência, abrindo caminho para que outras escolas do Senac-RS também passassem a oferecer cur-
sos de Aprendizagem para este público. As ações educativas propostas pelo Senac-RS atendem as demandas das empresas que tornam-se parceiras na qualificação dos jovens para o mundo do trabalho. Destacamse, nesse sentido, as Lojas Colombo e o Grupo Zaffari, que possibilitam a experiência do primeiro emprego para um número significativo de jovens aprendizes; a Dimed e a Unidasul, parceiras consolidadas na Aprendizagem para pessoas com deficiência; e a Rede de Postos Sim, que busca alternativas criativas para que os jovens possam realizar a prática de acordo com a vocação da região da serra e a realidade de suas vidas. Os inúmeros casos de sucesso são registrados em momentos emocionantes como as formaturas, mas também nos momentos de assinatura na Carteira de Trabalho, quando muitos desses jovens são efetivados pelas empresas. Esses registros mostram que estamos no caminho certo, e que a relação que se estabeleceu entre PSG e Aprendizagem é, com certeza, uma relação de sucesso.
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Nas últimas décadas, o Brasil avançou muito no enfrentamento ao trabalho infantil. Esse avanço se deve a políticas públicas e ao trabalho de milhares de organizações, que diariamente defendem e garantem os direitos de crianças e adolescentes. Entretanto, o trabalho infantil, que persiste é mais difícil de ser erradicado: é o trabalho infantil no campo, nas propriedades rurais. Isso se deve, em parte, ao fato de o trabalho infantil ser visto como um valor, ou seja, ser culturalmente aceito e desejado como forma de afastar o ócio e a criminalidade. O programa Arise trouxe esta discussão a público, deu visibilidade ao problema e desencadeou ações de enfrentamento ao trabalho infantil no meio rural.
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Ampliar o acesso à educação de qualidade, aumentar a consciência social sobre a necessidade de eliminar o trabalho infantil, fortalecer o marco regulatório contra o trabalho infantil e colaborar para o fortalecimento econômico das famílias e comunidades envolvidas na lavoura do fumo são os pilares do programa ARISE
Programa ARISE: uma iniciativa inovadora no combate ao Trabalho Infantil no RS Flavio Goulart *Corporate Affairs and Communication Director JTI Brazil CA&C Luisa Helena Siqueira Diretora Winrock International Brasil
Oficina de Educação Ambiental - EMEF São Valentim - 10Ago2017
(Alcançando a Redução do Trabalho Infantil pelo Suporte à Educação). Seu objetivo central é prevenir e reduzir progressivamente o trabalho de crianças e adolescentes na lavoura do tabaco. O Programa ARISE é o resultado de uma das primeiras experiencias de parceria público-privada da Japan Tobacco International (JTI) com a ONG Winrock International e Organização Internacional do Trabalho (OIT). Está
presente em quatro países - Brasil, Malawi, Tanzania e Zâmbia, que são grandes produtores de tabaco e onde há reconhecidamente a presença de mão de obra infantil. No Brasil, em 2012, o programa foi implantado em Arroio do Tigre, município no Rio Grande do Sul, onde a JTI possui uma grande quantidade de fornecedores de tabaco. No final de 2013, o programa expandiu para os municípios de Sobradinho, Lagoa Bonita
do Sul e Ibarama. Como o trabalho infantil está vinculado às questões culturais, sociais e econômicas, o seu enfrentamento requer uma abordagem multidimensional, capaz de enfocar os fatores relacionados às práticas, que levam os produtores de tabaco a envolverem crianças e adolescentes em atividades de trabalho. Neste sentido, ao longo de seus sete anos de atuação, o ARISE desenvolveu um conjunto de ações voltadas para distintos públicos-alvo, ligados direta ou indiretamente à prevenção e ao enfrentamento do trabalho infantil no plantio do tabaco, bem como ao empoderamento econômico, tendo em vista a diversificação das possibilidades de renda dos agricultores. Sua atuação se fundamenta no Plano Nacional Tripartite de Ação contra o Trabalho Infantil no Brasil. Um dos entendimentos gerados dentro da parceria foi a necessidade de diferenciar a abordagem do problema de acordo com a faixa etária dos beneficiados, devido ao acesso diferenciado que possuem às políticas públicas ora existentes. Para as crian-
ças de 10 a 13 anos das famílias dos produtores são oferecidas oficinas e atividades extracurriculares no contraturno escolar, ampliando e qualificando sua permanência na escola. Para atender os adolescentes de 14 a 17 anos, foi criado um Centro de Formação Técnica do Jovem Rural, em Arroio do Tigre, voltado ao ensino de tecnologias agrícolas inovadoras, com ênfase na agricultura orgânica e na sustentabilidade. Para as mulheres das famílias que trabalham na fumicultura, são oferecidos cursos e treinamentos, com vistas a ampliação e a diversificação de suas possibilidades de renda. Além de atuar com estes públicos específicos, o programa ARISE realizou alianças estratégicas com o Governo, organizações sociais e instâncias locais do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, a fim de implementar abordagens complementares no campo da legislação e das políticas públicas, de modo a promover e proteger os direitos das crianças e adolescentes, buscando prevenir e reduzir o trabalho infantil na fumicultura.
A Aprendizagem Profissional como caminho para a superação do Trabalho Infantil: uma trajetória possível? Fernanda Nardi Proteção Social Especial – FASC/ Coordenação do Conselho Gestor de Medidas Socioeducativas Helena de la Rosa Proteção Social Especial – FASC/ Coordenação Comissão Municipal do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (COMPETI)
A partir da experiência como técnicas sociais – psicólogas - da Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), e como coordenadoras de Fóruns Intersetorias que buscam o fortalecimento da Rede para a proteção a Infância e Adolescência em Porto Alegre, temos acompanhado os desafios enfrentados por trabalhadores e jovens na inserção e vivências em Programas de Aprendizagem. Experiência que nos leva a interrogar os possíveis dessa trajetória na Aprendizagem Profissional para Jovens em situação de vulnerabilidade e risco social, e nos convoca a compartilhar reflexões que consideramos fundamentais para qualificarmos as políticas de garantia de direitos.
De acordo com o Decreto nº 9.579 de 22 de novembro de 2018, os Programas de Aprendizagem devem priorizar a inclusão de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou risco social. Contudo, é preciso considerar que justamente por se encontrarem em um contexto de vulnerabilidade social, esses jovens podem possuir diversos direitos violados, seja por situação de negligência e/ou violência, situação de rua e/ou trabalho infantil, dentre outras. Situações que contribuem para um significativo índice de evasão escolar e distorção idade/série, e acabam dificultando o ingresso na Aprendizagem. Cabe ressaltar que, embora a lei não exija uma escolaridade mínima, na prática torna-se uma exi-
gência da maioria das empresas e/ou entidades de formação. Dessa forma, cabe à interrogação, como seria possível garantirmos a inclusão dos jovens mais vulneráveis, a fim de minimizar o recrudescimento dos processos de exclusão? É indiscutível que o acesso à formação de qualidade ajuda na superação das dificuldades enfrentadas na vida escolar e contribui para a construção de novos projetos de vida que possibilitem a integração ao mundo do trabalho. Nessa direção, fazemos aqui uma escrita-aposta, escrita-convite, convite a novos encontros, convite a outros interlocutores, convite a novos caminhos, capazes de construírem trajetórias possíveis.
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Artigos
Lei do Jovem Aprendiz: um desafio para a sociedade Valter Nagelstein* Dizem que enquanto estamos vivos sempre há algo novo a aprender. Essa é uma grande verdade, e ela se intensifica quando falamos dos jovens, momento da vida em que construímos e solidificamos nossos valores e caráter. Aos 16 anos conquistei meu primeiro emprego como estagiário no SESI. Na época, a Lei 10.097/2000 do Jovem Aprendiz não existia, mas baseado nessa experiência pessoal posso atestar o quanto é importante a oportunidade de trabalho para estudantes na faixa etária entre 14 e 24 anos. Como a própria legislação diz, esses colaboradores são aprendizes, têm energia e disposição para oxigenar as empresas e essa troca de experiências, quando bem executada gera um fluxo de possibilidades no cenário laboral. A lei federal diz que o contrato de trabalho com os jovens aprendizes pode durar até dois anos, momento em que o jovem é capacitado, combinando formação teórica e prática, e que a cota de contratação das empresas pode variar de 5% a 15% do quadro de trabalhadores. Segundo dados da fundação Roberto Marinho, a lei já beneficiou mais de 3,5 milhões de jovens com o acesso ao primeiro
“É necessário compreender o conceito de que educação não é uma despesa, e sim um investimento, atrelado ao fato de que a formação de adulto é uma responsabilidade não apenas dos pais, mas da sociedade como um todo.” emprego. No entanto, o número ainda é baixo, considerando que muitas empresas desconhecem a lei, deixando de fora do mercado de trabalho mais de 500 mil jovens. Estatísticas trazidas pela fundação, apontam que se todas os empregadores cumprissem a cota mínima, o Brasil teria 950 mil aprendizes, mas apenas metade desse total estão contratados. Dados do Ministério do Trabalho compreendendo os períodos de janeiro de 2017 a junho de 2018, informam que entre os problemas da aplicação da lei na prática está a falta de treinamento e o acompanhamento da frequência escolar do aprendiz, pois compete ao empregador oferecer cursos e buscar parceiros para treinamento do sistema “S”, qualificação nas escolas técnicas ou entida-
des sem fins lucrativos, além verificar o boletim, papel do profissional que supervisiona o jovem dentro da empresa. Em recente matéria publicada na revista VEJA consta um levantamento que indica São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná como os Estados com maior número de vagas disponíveis para os aprendizes. No entanto, a Rede Peteca, plataforma que visa a promoção dos direitos da criança e do adolescente e a erradicação do trabalho infantil no Brasil, afirma que essas regiões não geram postos que correspondam ao potencial das empresas que abrigam. Penso que as empresas grandes, que têm por obrigação cumprir essa lei, bem como as pequenas, que não necessariamente precisam contratar um jovem aprendiz, não deveriam ver o preenchimento desses postos como uma quitação legal para evitar multas, mas como uma ação efetiva de trabalho social. É necessário compreender o conceito de que educação não é uma despesa, e sim um investimento, atrelado ao fato de que a formação de adulto é uma responsabilidade não apenas dos pais, mas da sociedade como um todo. Ignorar essa realidade é subaproveitar uma lei benéfica para todo o país.
*Vereador de Porto Alegre.
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O período de aprendizagem na vida de um jovem que está na transição de estudante para profissional é muito importante e ao mesmo tempo um momento muito confuso pelo fato de ainda não saber associar seu aprendizado a carreira que pretende seguir. Como forma de instruir o jovem que está prestes a decidir seu futuro profissional, o Ensino Técnico Profissionalizante é um dos meios mais interessantes e eficazes para orientar um adolescente quanto a sua atuação no mercado de trabalho, sem atrapalhar o desempenho do aluno em sala de aula, fazendo-o conciliar os estudos com a profissionalização técnica. Aqueles que estão ingressando o Ensino Médio carregam consigo a grande preocupação do que vai ser quando sair daquele período escolar, em qual área vai se especializar, por que escolher tal profissão, e ainda se preocupar se a remuneração será proficiente. Ao concluir o Ensino Médio e ainda o Profissionalizante simultaneamente, este aluno terá mais certeza de qual curso se especializar na faculdade. Com as certificações do
“Como forma de instruir o jovem que está prestes a decidir seu futuro profissional, o Ensino Técnico Profissionalizante é um dos meios mais interessantes e eficazes para orientar um adolescente quanto a sua atuação no mercado de trabalho, sem atrapalhar o desempenho do aluno em sala de aula, fazendo-o conciliar os estudos com a profissionalização técnica.” Ensino Médio eTécnico o estudante também poderá se inserir no mercado e não terá preocupação em pagar a faculdade, pois já terá sua própria remuneração. Paralelo ao Ensino Técnico, o Programa Menor Aprendiz também oferece essa mesma autonomia ao estudante que almeja se inserir no mercado de trabalho cursando o Segundo Grau, oferecendo oportunidade do aluno obter experiência profissional, e a partir do seu bom desempenho, ser efetivado e garantir a graduação ou sua independência financeira. Para fortalecimento do Ensino Técnico, o líder da Bancada Gaúcha, Giovani Cherini (PR/RS), que também tem uma formação técnica em seu currículo, lançou a Frente
Giovani Cherini*
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Caminho técnico de aprendizagem profissional Parlamentar do Ensino Técnico Industrial e Ensino Técnico Agrícola na Câmara dos Deputados, na qual é presidente. O Deputado acredita que ao estimular este paradigma, estará construindo um país mais desenvolvido e menos dependente do estado. FRENTE PARLAMENTAR
Composta por 218 Deputados e 14 Senadores, a Frente tem como principais finalidades fortalecer o ensino técnico e profissionalizante; unir esforços no sentido de propor e aprovar as propostas que tramitam no Congresso Nacional que são de interesse dos profissionais técnicos e do ensino técnico e profissionalizante; articular e integrar as iniciativas e atividades da Frente Parlamentar com as ações de governo; além de apoiara criação de cursos nas áreas de agropecuária e industrial nessas modalidades de ensino. A Frente é aberta à participação de parlamentares de todos os partidos políticos e de todo cidadão ou entidade que aceite os seus princípios e tenha interesse de transformar em realidade os seus objetivos, além de atuar de forma coordenada e articulada com as Comissões Temáticas do Congresso Nacional, visando o intercâmbio de conhecimentos, experiências e estratégias para o cumprimento eficaz de sua finalidade.
*Deputado federal pelo Rio Grande do Sul desde 2011
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Educação profissional como inclusão e perspectivas para os jovens Maria do Rosário Nunes* Em 2018, segundo informações levadas à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, 350 mil jovens aprendizes foram admitidos no país, 11% destes na produção industrial, hoje o setor mais sensível da fragilizada economia brasileira e aquele que requer maior empenho na formação de trabalhadores. Diante do cálculo de que poderíamos ter quase dez vezes mais aprendizes, este tema merece um posicionamento. No Brasil, enquanto a taxa de desemprego volta a subir, alcançando 12,7% em maio de 2019 (IBGE), um em cada quatro jovens entre 18 e 24 anos está em busca de trabalho (Imagem 1). Paralelo a isso, a política de educação profissional está subutilizada, na esteira da reforma trabalhista que esvaziou as entidades de trabalhadores e impôs aos sindicatos regras duras para funcionamento e sustentabilidade. Estudiosos do tema afirmam que o país tem enorme potencial de candidatos a atividades que unam trabalho e educação profissional. Se o piso da cota de contratações de jovens fosse cumprido, teríamos 960 mil aprendizes em atividade, um número que poderia chegar a 3 milhões, caso se levasse em conta a possibilidade de atingir 15% do teto da cota (IBGE). O pico de contratação de aprendizes alcançado em 2014 e 2015 está em declínio,
conforme o Boletim da Aprendizagem do extinto Ministério do Trabalho (Imagem 2). Em contraste, mais de 4 milhões de jovens com até 24 anos, estão desocupados, ou seja, estão desempregados, mas em busca de trabalho. O Brasil, em contraste com outros países, não alcança 1% no aproveitamento da população jovem para a força de trabalho. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), Suíça, Austrália e Alemanha os jovens aprendizes são cerca de 4% do seu contingente profissional.
A aprendizagem profissional é uma política pública com impactos no combate ao trabalho infantil, à evasão escolar, à violência, à desigualdade social, ao desemprego. A depender de seus enfoques, os impactos são sentidos também no setor produtivo, pois a formação em uma perspectiva de educação profissionalizante possibilita o ingresso na vida laboral das juventudes como trabalhadoras e trabalhadores mais preparados e com autonomia intelectual e profissional. Entendo que a aprendizagem profissional também é uma dimensão da educação em direitos humanos, pois é capaz de fomentar processos formais e não formais na educação das pessoas, implicando no fortalecimento da cidadania via conhecimento dos direitos fundamentais, respeito às relações de gênero, à diversidade sexual, étnica, racial, cultural e religiosidade. Considerando a multiplicidade de virtudes deste tipo de abordagem, capaz de atacar problemas sociais relacionados à superação do estado de pobreza e ao desenvolvimento via qualificação humana do setor produtivo, é necessário que todos os integrantes do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional do Rio Grande do Sul estejam vigilantes às movimentações no âmbito do Congresso Nacional, para que não tenhamos reveses ainda mais graves do que a aprovação da Reforma Trabalhista e a destruição do Ministério do Trabalho. Precisamos somar esforços para mobilizar todos os instrumentos do parlamento para a defesa da aprendizagem como política pública de inclusão social e direitos humanos.
*Deputada Federal pelo Partido dos Trabalhadores/ RS, Professora, Mestre em Educação e Doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Criança não deve trabalhar, infância é para sonhar Isa Oliveira* O trabalho de crianças e adolescentes nas ruas, nas feiras, na coleta de lixo, em casas de famílias, na agricultura, é visto com naturalidade e descaso pela maioria das pessoas e, infelizmente, também por gestores de políticas públicas que deveriam garantir a eles proteção e todos os seus direitos fundamentais. Direitos definidos no art. 227 da Constituição de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os dados oficiais do IBGE registram que no Brasil havia 2,4 milhões de crianças e adolescentes, entre cinco e 17 anos, trabalhando em 2016. A maioria trabalhava em atividades perigosas que comprometem o seu pleno desenvolvimento e podem pôr em risco a sua própria vida. O alerta para a gravidade do trabalho infantil, que expõe meninos e meninas a gravíssimos riscos para sua saúde e sua vida, é do Ministério da Saúde. No período de 2007 a 2018, dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/ MS) apontaram 43.777 acidentes de trabalho que vitimaram crianças e adolescentes no Brasil. Foram mutilações, fraturas, traumatismos, intoxicações por agrotóxicos e, o que é ainda mais terrível, 261 casos de acidentes fatais. Somam-se a essas graves consequências o comprometimento do desenvolvimento cognitivo e do direito à educação, que deve ser obrigatoriamente garantido dos quatro aos 17 anos. Mais uma vez, o alerta vem dos dados do IBGE, analisados e apresentados em um estudo do UNICEF, que revelam: em 2015,
“O trabalho precoce e a negação do direito à formação profissional reproduzem a pobreza e a exclusão social histórica no Brasil. E, sem nenhuma dúvida, são obstáculos para que se alcance o desenvolvimento econômico sustentável e socialmente justo.”
havia 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola. A exclusão escolar é maior entre as crianças de quatro e cinco anos e os adolescentes de 15 a 17 anos. A garantia do acesso, da permanência e da conclusão do Ensino Básico, na idade certa, está muito longe de ser plenamente assegurada. O trabalho infantil, a cor, a deficiência, a moradia no campo e a pobreza são determinantes da exclusão escolar. Nesse cenário de violação dos direitos das crianças e adolescentes trabalhadores, o direito à formação profissional, que deveria ser assegurado aos adolescentes com a aprendizagem a partir de 14 anos, também está longe de se efetivar como política pública de proteção ao adolescente trabalhador e como estratégia de enfrentamento ao trabalho noturno, perigoso, degradante que é definido como trabalho infantil e proibido para todas as pessoas com menos de 18 anos. Em 2018, apenas 13% dos adolescentes com idade entre 14 e 17 anos eram aprendizes, o que mostra o baixo cumprimento da cota obrigatória, pelas grandes empresas no país. Excluída da aprendizagem, a maioria dos adolescentes tra-
balhava sem carteira assinada, na informalidade e sem a oportunidade de qualificação profissional, comprometendo assim o seu acesso a condições dignas de trabalho na vida adulta. O trabalho precoce e a negação do direito à formação profissional reproduzem a pobreza e a exclusão social histórica no Brasil. E, sem nenhuma dúvida, são obstáculos para que se alcance o desenvolvimento econômico sustentável e socialmente justo. Mobilizar, informar sobre os prejuízos causados pelo trabalho à vida das crianças e dos adolescentes, defender a aprendizagem como direito e atuar em rede continuam sendo importantes estratégias para eliminar todas as formas de trabalho infantil até 2025 — meta definida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e subscritos pelo Estado brasileiro.
*Secretária executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil
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Departamento de Prevenção a Grupos Vulneráveis Del. Shana Luft Hartz* Desde os tempos primórdios, havia situações sociais que expunham certa desigualdade de tratamento com determinados grupos de pessoas. Através dos anos, com a evolução da sociedade, foram sendo criados mecanismos para tentar igualar esses grupos sociais, buscando atingir um equilíbrio dentre todas as pessoas. Nesse contexto histórico, a Constituição Brasileira, em seu art. 3º, estabeleceu, dentre seus objetivos fundamentais, a noção de justiça social presente em nosso ordenamento jurídico. O direito à igualdade, demonstrado através da tentativa de redução das desigualdades sociais e regionais, constitui um dos pilares estruturais das normas jurídicas brasileiras. Há previsto, de modo explícito, a proteção de certos grupos, historicamente marginalizados e discriminados num contexto social, nas mais diversas formas de vulnerabilidade. Dentro desta conjuntura, dentro da Polícia Civil Gaúcha, deu-se a necessidade da criação de um Departamento que contemplasse todas essas especificidades, como a proteção àqueles que mais necessitam de cuidados,
“O DPGV – Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis da Polícia Civil foi criado a partir do Decreto nº 54.406/18 que passou a vigorar dia 1º de janeiro de 2019. A ideia era a reunião, em um mesmo Departamento, de todos aqueles que necessitam de uma proteção, uma atenção maior pelo Poder Público, buscando atingir a igualdade material descrita em nossa Constituição Federal.” quais sejam, aqueles que conhecemos como vulneráveis. Nesse cenário, estão compreendidas: as crianças e os adolescentes, as mulheres, os idosos e as pessoas que sofrem de discriminação ou de preconceito de raça, de cor, de etnia, de religião, de procedência nacional ou de orientação sexual. O DPGV – Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis da Polícia Civil foi criado a partir do Decreto nº 54.406/18 que passou a vigorar dia 1º de janeiro de 2019. A ideia era a reunião, em um mesmo Departamento, de todos aqueles que necessitam de uma proteção, uma atenção maior pelo Poder Público, buscando atingir a igualdade material descrita em nossa Constituição Federal. Dentre as competências do DPGV, estão em colaborar para a convivência harmônica
da sociedade, respeitando a dignidade da pessoa e protegendo os direitos coletivos e individuais, zelando pela ordem e segurança pública, participando de medidas de proteção à sociedade e ao indivíduo. Compete ainda, coordenar, fiscalizar e executar as atividades de polícia judiciária e de investigações criminais relacionadas aos atos infracionais em que as pessoas vulneráveis, antes descritas, figurem como vítimas de uma infração penal em virtude da sua condição de vulneráveis. Dentro do contexto do Sistema de Garantia dos Direitos da criança e do adolescente, o Departamento possui em sua estrutura organizacional, 16 Delegacias Especializadas no Atendimento a Criança e Adolescente, visando apuração de infrações penais em que o sujeito passivo seja criança e adolescente, apresentando um atendimento qualificado e exclusivo, principalmente em relação aos crimes que atentem contra a dignidade sexual, a assistência familiar, maus-tratos, violência doméstica, abandono de incapaz, exposição ou abandono de recém-nascido, tortura, e outros previstos na lei nº 8.069/90. Atua, também, na busca de crianças e adolescentes desaparecidos, desenvolvendo ações integradas ao DIPAC, órgão integrado à rede do Gabinete de Inteligência e Assuntos estratégicos da Polícia Civil. É oportuno destacar a estratégia deste Departamento na gestão participativa e de acesso à cidadania plena, buscando abrir janelas de diálogos com os seguimentos representativos da sociedade, sempre objetivando a garantia de todos os direitos respeitados.
*Diretora do Departamento de Prevenção a Grupos Vulneráveis
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Trabalhar para Aprender Ronaldo Nogueira* Neste ano, o nosso Fórum Gaúcho da Aprendizagem Profissional, instituído por meio da Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego n.º 1.409, completa uma década de existência. Ano que vem, esse poderoso instrumento de iniciação dos mais jovens no mercado de trabalho chamado Lei de Aprendizagem completará 20 anos de vigência. São datas importantes, que demarcam espaços temporais relevantes no âmbito do mundo da aprendizagem, e que nos levam a uma reflexão sobre os avanços e conquistas alcançados nesse período. De fato, a Lei n.º 10.097/2000, que instituiu uma série de progressos no mundo do trabalho no tocante à juventude, foi um marco histórico. Alterando uma série de dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, a referida norma regulou adequadamente a situação da capacitação profissional para milhões de jovens brasileiros, respeitando sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Com efeito, as disposições do Decreto n.º 31.546/1952 (que até então regulava a matéria), já se faziam insuficientes para dar a devida proteção aos jovens trabalhadores, visto o mesmo estar desconectado dos princípios norteadores do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/1990), que regulamentou o art. 227 da então novel Constituição
“Seguimos em frente promovendo e aperfeiçoando ações que possam multiplicar e fomentar a importância de que à aprendizagem profissional é fundamental no crescimento e desenvolvimento na vida de milhares adolescentes e jovens em todo Brasil.” da República, o qual determinou ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar aos adolescentes, com absoluta prioridade, o direito à profissionalização. Pois bem. Foi justamente na esteira desse novo mandamento constitucional que surgiram o ECA e a Lei da Aprendizagem, tendo ainda essa última sido regulamentada pelo advento do Decreto n.º 5.598/2005. Em sua época, tais instrumentos normativos foram efetivamente revolucionários, redesenhando positivamente a inserção dos jovens no mercado de trabalho e garantindo a efetiva capacitação profissional dos mesmos. Contudo, como é inerente a toda norma que visa regulamentar o mercado de trabalho (por natureza um dos setores da vida humana que mais rapidamente se transforma, visto estar intrinsicamente ligado à evolução da ciência e dos meios de produção), a mesma precisava ser aprimorada ante à nova realidade laboral, assim como pelo advento da Lei da Modernização Trabalhista, que entrou
em vigência em novembro de 2017. Nessa senda, veio o Decreto n.º 9.579/2018, que consolidou os atos normativos que tratavam sobre crianças e adolescentes, aí inclusa a questão da aprendizagem profissional. Muitas melhorias foram dadas à redação da norma, aperfeiçoando e clarificando conceitos, modo de garantir a formação técnico-profissional metódica compatível com o desenvolvimento físico, moral e psicológico dos adolescentes e jovens adultos. Entretanto, como se tratava de ato infralegal de consolidação normativa, mudanças mais profundas não foram possíveis. Mudanças essas que todos os que militam no mundo da aprendizagem sabem se fazerem necessárias, notadamente quanto a questões específicas de determinados nichos do mercado laboral que, por suas peculiaridades, enfrentam grandes dificuldades no cumprimento da Lei. De qualquer modo, muitos já foram os avanços, e tenho certeza que muitos outros ainda estão por vir. Trabalhando e aprendendo, aprendendo e trabalhando. Eis o círculo virtuoso propiciado pela Lei da Aprendizagem, o qual deve ser festejado por todos aqueles que pugnam por
*Deputado Federal
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Uma reflexão acerca do trabalho infantil e seus impactos na vida da criança negra Ivonete Carvalho* Ana Janete L. Silva** O racismo como construção das classes dominantes para facilitar seus projetos de exploração no Brasil, revela o pensamento da elite brasileira sempre negligenciou a infância das crianças negras, pois muitas meninas negras foram ceifadas da convivência com sua família, ainda cri-ança para trabalharem em casas de tais elites, e não tiveram a oportunidade de estudar e esco-lherem um caminho profissional para a vida adulta. O sonho de criança, “o que vou ser quando crescer, ” imaginário de qualquer criança que tem seus direitos respeitados. A desigualdade racial no Brasil, ainda retrata o pensamento perverso das elites dominantes que olham apenas a cor da pele para promoção da igualdade, logo, a erradicação do trabalho infan-til, o qual tem como vítimas, em sua maioria crianças negras, passa pelo crivo da escassez das políticas públicas, direcionada ao povo negro que reduz-se a invisibilidade, que não os projeta como protagonistas do futuro do país, permitindo que estas crianças e adolescentes fiquem a margem social, sujeitos do trabalho infantil até os dias de hoje. Atualmente se olharmos para as crianças negras e quilombolas, precisamos revisitar os princípios democrá-
“a erradicação do trabalho infantil, o qual tem como vítimas, em sua maioria crianças negras, passa pelo crivo da escassez das políticas públicas, direcionada ao povo negro que reduz-se a invisibilidade, que não os projeta como protagonistas do futuro do país, permitindo que estas crianças e adolescentes fiquem a margem social, sujeitos do trabalho infantil até os dias de hoje.” ticos de direitos, co-mo o princípio constitucional da igualdade perante a lei, que se não for flexibilizada e materia-lizada para igualar os iguais na medida em que se desigualam, não se faz justiça real, e assim, não teremos uma sociedade justa e igualitária. A educação para ascensão destas crianças aos bens produzidos pelo Estado, deve ter como base a sua cultura, suas especificidades no modo de vida, de forma a não desestimular seu potencial estudantil para que estas crianças sejam felizes e se auto reconheçam como parte de seu território, e que possam brincar no seu tempo e serem adultas na sua época, e
não corrompidas na sua dignidade para uma nova diáspora. Conforme deliberações da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, ocorrida em Durban África do sul em 2001, o qual tive o privilégio de ser Delegada: Art.69 Estamos convencidos de que o racismo, discrimina-ção racial, xenofobia e intolerância correlata revelam-se de maneira diferenciada para mulheres e meninas, e podem estar entre os fatores que levam a deterioração de sua condição de vida, à pobreza, à violência, às múltiplas formas de discriminação e à limitação ou negação de seus direitos humanos. Reconhecemos a necessidade de integrar uma perspectiva de gênero dentro das políticas pertinentes, das estratégias e dos programas de ação contra o racismo, discrimina-ção racial, xenofobia e intolerância correlata com intuito de fazer frente as múltiplas formas de discriminação. Defendemos o cumprimento do Art. 18 do ECA: é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterro-rizante, vexatório ou constrangedor.
*Comissária de Polícia, Ex Sec. Nacional de Políticas de Pov. e Comum. Tradicionais da SEPPIR/PR **Comissária de Polícia e Quilombola.
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A experiência multimídia na qualificação profissional e no crescimento pessoal Tiago Dias da Silva* No último ano, o Centro de Educação Profissional São João Calábria formou 35 jovens no curso Design de Multimídias. Além do aprendizado técnico também puderam compartilhar experiências e interação durante as aulas. Dinâmicas de grupo e jogos teatrais foram utilizados para trabalhar a comunicação interpessoal, a desinibição, o relacionamento com os colegas e a postura diante de possíveis clientes. Com isso, foi possível aumentar a liberdade criativa, componente fundamental para a área. O curso iniciou com a criação gráfica, onde os alunos puderam desenvolver logotipos, vetores e realizar a manipulação de imagens. Em seguida, foram para o universo do áudio e mexeram com efeitos, trilhas, fizeram programas de rádio e muito mais. A parte mais aguardada era o projeto audiovisual, onde foram feitos vídeos dos mais diversos formatos como uma novela mexicana, filmes de suspense, clipes musicais, entre outros. Um dos desafios foi a produção, gravação e apresentação de um telejornal. O ponto alto da atividade foi a simulação do programa ao vivo, o que foi feito sem cortes e sem possibilidade de regravação. Nesta etapa, já desenvolviam várias técnicas de edição de vídeo, entre elas a utilização do chroma key, um importante elemento visual do cinema e da televisão. Durante a atividade, o tempo correu como se estivesse sendo transmitido ao vivo. As matérias gravadas foram colocadas em ordem de chamada como os telejornais tradicionais e o improviso da equipe de produção e dos apresentadores foi testado durante a atividade. Este exercício de simular uma transmissão ao vivo ajuda a trabalhar a disciplina e a organização. É necessário todo um planejamento anterior, uma preparação
Muito mais do que fazer vídeos e mexer no Photoshop: o convívio desenvolve e traz liberdade criativa de produção, de agenda dos entrevistados e ainda um senso de trabalho em equipe muito grande para tudo dar certo na hora de colocar o programa no ar. É como uma engrenagem, que se tiver faltando uma peça, o equipamento não funciona. E isso foi repassado para os alunos como uma forma de ver o mundo e o trabalho coletivo. Estão formados jovens capazes de entrar em equipes de comunicação das empresas para que possam trabalhar seus talentos e suas ideias criativas. As agências de publi-
cidade podem apostar nos criativos e contar novos editores de áudio e de vídeo. Há aqueles que estão quase prontos para empreender e montar sua própria produtora ou trabalhar como autônomos na área. Mas o mais importante, em tempos de redes sociais, tecnologias, aplicativos e aparelhos, é a experiência e do convívio. Digamos que é a parte humana do aprendizado. O conhecer, conversar, jogar cartas, brincar e redescobrir a criatividade que andava ilhada dentro de cada um. Estes momentos lúdicos facilitam o processo de criação, trazendo mais leveza ao dia a dia e arejando as ideias para trazer novas soluções, novos conceitos e materiais carregados de criatividade. *Instrutor do curso de Design
Jovens realizaram a simulação de um telejornal ao vivo, sem cortes e sem possibilidade de regravação
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Da aprendizagem ao sucesso profissional e pessoal Débora Nunes Pedroso* Carla Zanett** Muitos jovens que residem em comunidades em situação de vulnerabilidade social encontram dificuldades para se inserir no mercado de trabalho, seja por conta da etnia, localidade ou pouca qualificação profissional. Referência na Zona Norte de Porto Alegre, a ACOMPAR-Ação Comunitária Participativa exerce há 52 anos um trabalho social nesta região voltado a crianças e adolescentes. No entanto, foi na década de 1990 que a instituição deu início ao Programa de Aprendizagem, Serviços Administrativos e Bancários. Os principais objetivos da Acompar são a permanência do adolescente no ambiente escolar e o desempenho profissional e pessoal no mercado de trabalho. O programa é desenvolvido com olhar atento as necessidades de cada um, buscando apoiar e resgatar esses jovens. “Não consigo relatar minha caminhada sem deixar uma lágrima cair dos meus olhos, nestes dois anos de ACOMPAR, pude ver o quão pequeno eu era antes e o quão grande sou hoje.”, declara Bruna Gomes, que terminou o programa em 2019, hoje estagiária. Entendemos a importância de se prestar um acompanhamento especial ao aprendiz
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Como resultado, obtém-se o ingresso do jovem no mercado de trabalho, o aumento na renda do adolescente e de sua família, a ampliação de horizontes culturais, pessoais e familiares e sua família, como diferencial, acompanhamos todo processo de seleção e contratação do adolescente, passando a eles confiança e que jamais desistam dos seus projetos de vida. Segundo pesquisa realizada no site vagas.profissões (2019)1, os jovens nesta faixa etária enfrentam 4 principais dificuldades: apresentar suas competências comportamentais, encontrar empresas que deem match com seu propósito, lidar com a ansiedade e conhecer seus pontos fortes e fracos. A partir do programa, abrem-se para um novo mundo, no qual existem oportunidades, sonhos e perspectivas de vida. “Na ACOMPAR aprendi muito mais do que mexer em planilhas e arquivar documentos, aprendi a trabalhar em equipe, ter empatia e compaixão, pensamentos mais amplos e a me desenvolver como ser humano”, enfatiza a Maria Aparecida Machado, que concluiu o programa em 2018. De acordo com Diogo Nunes, que completou sua passagem em 2017, os jovens são
tratados como profissionais na instituição. “Na ACOMPAR fiz muitas amizades, ganhei muito jogo de cintura, aprendi a ter responsabilidade e dedicação, atingi metas e completei sonhos. Hoje levo para o amplo mercado de trabalho tudo que aprendi”, ressalta. A instituição oferece aos adolescentes após conclusão do curso, auxilio na construção de currículos, cadastro em agência de empregos, banco de dados e indicação para vagas de emprego, deixando sempre as portas abertas para que encontrem um local de apoio e orientação. Como resultado, obtém-se o ingresso do jovem no mercado de trabalho, o aumento na renda do adolescente e de sua família, a ampliação de horizontes culturais, pessoais e familiares, além disso, os aprendizes saem do programa focados em seu sucesso profissional e pessoal, exemplos positivos na família e na comunidade. NOTA
1. https://www.vagas.com.br/profissoes/ acontece/no-mercado/5-competencias-profissionais-que-voce-nao-aprende-na-escola/ acesso em 25/04/2019.
*Pedagoga pela FAPA, Coordenadora Aprendizagem da Acompar **Jornalista pela ULBRA, Jornalista Voluntária.
Projeto auxilia aprendiz do Espro Porto Alegre no Programa de Socioaprendizagem Cristiane Tolfo*
A proposta é que o aprendiz O processo de preparação e capacitatação é possível identificar o quanto a expevivencie a rotina estabelecida ção de adolescentes e jovens com vistas ao riência é importante na vida dos adolescenmundo do trabalho é sempre um desafio cons- dentro de uma empresa parceira, tes e jovens e também todo aprendizado que tante. Dentro dessa ótica, o Espro – Ensino adquirem. No projeto, cada participante apliSocial Profissionalizante – tem se destacado Neste projeto, o instrutor tem o pa- ca o roteiro com etapas alinhadas aos conteúcom seu pioneiro Programa de Aprendizagem, pel de promover novos ensinamentos e pro- dos técnicos realizados nos treinamentos, tais de abrangência nacional, desenvolvido com cura fazer com que o jovem sinta na empre- como: estrutura organizacional, comunicao propósito de transformação de vidas, espe- sa o mesmo que a instituição pratica inter- ção, feedback, gestão do tempo, trabalho em cialmente dos jovens que estão em situação namente, a partir do lema do Espro: Educa, equipe, assertividade no trabalho, inteligência de vulnerabilidade social. Transforma, Inclui. emocional, criatividade e inovação. A instituição, que em março deste ano É evidente que as pessoas presentes na completou 40 anos de atuação, tem se desta- rotina dos jovens são de extrema importância, cado pelas ações desenvolvidas no Brasil, em tanto na empresa como nos encontros reali*Instrutora de Ensino Profissionalizante 16 estados, 54 municípios, contabilizando no zados no Espro. Desta período, a marca de mais de 105 mil aprendi- forma, é fundamental zes inseridos no mundo trabalho, além de mais que esta relação estede 600 mil atendimentos sociais. ja sempre integrada, Algumas ações desenvolvidas, no en- demostrando a efetiva tanto, são importantes e funcionam como capacitação, aprimocomplemento dentro da Socioaprendizagem. ramento e preparação O projeto "Ser empresa" faz esse papel e é um para a melhor e a mais bom exemplo do tipo de atividade desenvolvi- consciente atuação no da com os jovens na Filial Espro Porto Alegre. mundo do trabalho. A proposta é que o aprendiz vivencie A cada apresena rotina estabelecida dentro de uma empresa parceira, valorize e compartilhe sua experi“O projeto me fez sentir que estou inserida em minha empresa e que a represento com a imagem e o trabalho que realizo todos os dias”, Helen ência pessoal e profissional, bem como seu dos Santos, aprendiz Grupo A. aprendizado técnico, atitude, empenho e estudo desenvolvido nos treinamentos. As atividades, realizadas semanalmente, produzem debates e reflexões sobre temas de rotinas administrativas e comportamentais, de direitos sociais, cidadania, convivência, pensamento crítico e conhecimento sustentável global. Como o próprio nome diz, o “Ser Empresa” tem como foco proporcionar que o participante seja ele mesmo, aprenda com os erros e acertos na empresa e nos treinamentos, compartilhe ensinamentos, busque a evolução, “Adorei cada parte do desenvolvimento “Achei um ótimo projeto que ajuda o próprio consiga captar algo novo, reaprenda, do trabalho. Todo esse conhecimento aprendiz a descobrir mais sobre os colegas e a respeite, valorize e viva cada instante passado e recebido de outros jovens empresa”, Matheus da Silva Pereira, aprendiz é enriquecido nessa jornada”, William Pepsico. da oportunidade. Cândido Mengue, aprendiz da Ford Credit.
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Instituto Crescer Legal: uma "janela aberta" no combate ao trabalho infantil no meio rural Ana Paula Motta Costa* Um dos sustentáculos do trabalho infantil no campo é a cultura de que o trabalho dignifica, de que se aprende a trabalhar trabalhando, de que só será possível acontecer sucessão rural aprendendo a trabalhar na terra, que enquanto a criança ou o adolescente está trabalhando, está longe das drogas, ou da violência. Estas crenças fazem sentido para as famílias, muitas vezes com histórico de gerações de trabalho infantil. É preciso conscientizar as pessoas quanto aos problemas gerados pelo trabalho infantil, porém apenas conscientizar não é suficiente. Após os avanços já obtidos na redução do trabalho infantil, especialmente de crianças, o grande desafio está em propor alternativas para os adolescentes (IBGE, 2019). E
Mais do que números, os jovens são surpreendentes! Cada um(a) é uma pessoa que se desenvolve, muda a si mesmo e ao seu contexto. adolescência é uma fase da vida de muita potencialidade, mas de muito conflito. Para os jovens do campo também é difícil. Os atrativos da geração tecnológica estão no espaço urbano. Trabalhar na lavoura e/ou deixar a escola é um meio para se conseguir o que se deseja de imediato: celular, roupas, tênis… O Instituto Crescer Legal constituiu-se como uma alternativa para os adolescentes no meio rural do Vale do Rio Pardo, região caracterizada por pequenas propriedades rurais, em sua maioria produtoras de tabaco. Isso é feito por meio do Programa de Aprendizagem Profissional Rural, com curso na área de gestão rural e empreendedorismo. Uma alternativa construída em parceria
Nos espaços de formação as atividades são realizadas em círculo
neste terreno as dificuldades são maiores: a
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com o FOGAP, visto que é um dos mode-
Programa de Aprendizagem Rural do Instituto Crescer Legal já formou mais de 200 jovens.
los de aprendizagem de cunho social, regulamentado pelo Decreto 8.740/2016. Os jovens são contratados pelas empresas do tabaco, urbanas, mas que destinam suas cotas de aprendizagem para sua cadeia produtiva, no meio rural. Também diferencia-se porque as atividades práticas dos jovens são realizadas distantes da agricultura ou das empresas. Destaca-se no projeto Pedagógico do Programa a organização em cinco eixos, os quais partem do reconhecimento da identidade individual, familiar e da propriedade, o diagnóstico do arranjo produtivo municipal e regional, a busca de parcerias comunitárias, a produção de uma intervenção na comunidade e, finalmente, o planejamento de um projeto, individual e/ou coletivo. Tudo isso realizado por meio de muitas parcerias, nos espaço de escolas rurais, cedidos pela Coordenadoria Regional de Educação do Estado, ou pelas Prefeituras, além de visitas técnicas e viagens de estudo. Na caminhada que vem sendo construída, muitos avanços e conquistas são vividos todos os dias! Em 2017, 84 jovens formados, oriundos das primeiras turmas que se realizaram em 5 municípios da Região. Em 2018, mais 120 formados, de 7 turmas diferentes e, em 2019 conta-se com 136 jovens em outras 7 localidades. Mais do que números, os jovens são surpreendentes! Cada um(a) é uma pessoa que se desenvolve, muda a si mesmo e ao seu contexto. Todos que se aproximam deste trabalho, podem sentir a energia e a potencialidade, a capacidade de superação, a inteligência, o empoderamento, a apropriação do espaço. Por mais que nós adultos desejamos projetar melhores destinos, segundo nossos pontos de vista, quem escolhe o caminho e o modo de caminhar são eles. Do lugar de adultos, resta-nos oferecer oportunidades, alternativas, abrir janelas para o mundo. *Doutora em Direito, Professora da UFRGS, consultora do ICL
A aprendizagem profissional e o excesso de responsabilidade dos jovens na atualidade Evelise Kerkhowe* Atualmente percebemos que grandes responsabilidades são depositadas em alguns jovens, principalmente os que encontram-se em situação de vulnerabilidade social e por consequência as cobranças que lhe são impostas, mostram-se esmagadoras de personalidades, moldando-os a comportamentos e sentimentos que não estão habituados, todavia a oportunidade de formação profissional soma-se à busca de sucesso na escola e também à obrigatoriedade de auxiliar nas contas do mês na casa onde vive e na alimentação das famílias de que fazem parte e que por muitas vezes não tem uma estrutura de apoio em momentos de dúvidas e de buscas por modelos futuros que auxiliariam em sua autoestima e valorização enquanto seres humanos. Este fato tem aumentado significativamente o número de jovens com doenças mentais, (percebemos isso em nossa instituição) como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, entre outras que devastam famílias e futuros promissores, por diversas vezes estas doenças são escondidas, até o momento em que se acentuam e desencadeiam crises nos ambientes onde circulam, sejam de prática, teórica, escola regular. Essas crises por diversas vezes não são entendidas e por isso, mal administradas em todos os âmbitos, fazendo com que cada vez mais esses jovens afundem-se em um ema-
Qual o papel das Entidades Formadoras? ranhado de confusas emoções ou passem por períodos medicamentosos, que por preconceito da sociedade, são “mal vistos” e consequentemente excluídos e rotulados, tendo insucesso nos tratamentos. Pois o que vemos é uma sociedade despreparada tanto quanto as famílias e os locais em que os jovens deveriam sentir-se seguros e acolhidos. Neste contexto, as entidades que atuam como formadoras, tem um importantíssimo papel no acolhimento e encaminhamento desses jovens, trabalhando em suas possibilidades e direcionando-os de forma correta para suas responsabilidades para com a suas famílias, mas sobretudo, nas responsabilidades concernentes a si e ao seu futuro social, emocional e profissional, conscientizando-os de que não podem ultrapassar seus limites e que se atropelarmos nossos sentimentos, entraremos em abismos sem fim, trabalhando apenas com objetivo financeiro sem a busca por prazer e realização nos ambientes profissionais, construindo seres robóticos para uma sociedade desajustada e desumana.
Desta forma, as entidades formadoras, devem atuar diretamente como agentes de transformação, fazendo a diferença na vida dos jovens que por ela passam, auxiliando para que construam um futuro com diversas oportunidades, orientando a todos de forma assertiva e sensível, contextualizando-os em seu papel na família e na sociedade. O que pode ser realizado através dos encaminhamentos e de projetos organizados dentro da entidade em que o jovem possa criar consciência do seu eu e encaminhá-lo nas diversas situações cotidianas da melhor forma possível, respeitando suas limitações, seus desejos, trabalhando em conjunto com as famílias para o desenvolvimento global de cada jovem aprendiz.
*Pedagoga, Psicopedagoga, Coordenadora Pedagógica da INTEGRAR-RS, Especialista em Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho, Supervisora Educacional – E.M.E.F. Emília de Oliveira, Coordenadora de Voluntários – ONG Caminhadores-RS
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Aprendizagem profissional às pessoas com deficiência através de política pública Eloide Marconi* A Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades no RS é gestora das políticas públicas para pessoas com deficiência e pessoas com altas habilidades, e visa à participação da comunidade gaúcha na inserção e construção destas políticas, bem como o protagonismo da pessoa com deficiência. Esta possibilita aos municípios do Rio Grande do Sul, dentre outras atividades, o Fórum Permanente da Política Pública Estadual para Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades, que é distribuído em 10 edições ao ano em diferentes regiões do território gaúcho, e, dentre as ações realizadas ocorre a oficina relativa ao mundo do trabalho, espaço onde são traba-
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Promovendo inclusão através do Fórum Permanente da Política Pública Estadual para Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades. lhadas as legislações que garantem o ingresso das pessoas com deficiência nas diversas formas da política do trabalho, assim como experiências e relatos de instituições, empresas e das pessoas que estão inseridos nesta temática, na sua maioria através do Jovem Aprendiz. A oficina com a temática do trabalho tem o objetivo de proporcionar informações acerca das formas legais de ingresso no mundo do trabalho, às pessoas com deficiência.
Também é um espaço onde ocorre a troca de experiências entre aqueles que desenvolvem suas atividades na região, tanto quanto a quem tem interesse em fazê-lo. No que tange a Aprendizagem Profissional observa-se o grande interesse daqueles que, dentre suas atividades laborais, têm programas de encaminhamento de pessoas com deficiência aos espaços de trabalho. Assim como, com base nas falas dos participantes, percebe-se satisfação dos cidadãos que já estão inseridos em Programas de Jovem Aprendiz. Para muitos é um ato de grande significado para suas vidas. Para as pessoas com deficiência a dificuldade de inserção e permanência nas atividades de trabalho são maiores e isto se dá por inúmeras questões a considerar: ausência de qualificação, acessibilidade inexistente ou ínfima, Benefício de Prestação Continuada, questões familiares, e outras tantas situações que são peculiares ou particulares de cada indivíduo. A Aprendizagem Profissional é fundamental, tendo em vista que o conjunto entre teoria e prática oferece alternativas ao desenvolvimento social do cidadão com deficiência. Em muitas situações é momento de autoafirmação, mostrar a sua família e a sociedade o quanto têm a contribuir, romper com as barreiras que os deixavam limitados a um mundo restrito, e também a busca para seu crescimento pessoal e social. A FADERS tem um papel relevante perante a sociedade, e enquanto gestora das políticas, públicas aqui discorridas, possibilita, através de suas ações, mecanismos para a inclusão social. Muito já se alcançou e de forma bastante factual, contudo ainda são imprescindíveis ações conjuntas entre famílias, sociedade civil, órgãos públicos, e aqueles que são os principais agentes – Pessoas com Deficiência - para que a mudança ocorra. *Assistente Social Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades no RS - FADERS
Programa Aprendiz Cooperativo Clarissa Friedrich* Fernanda Hillesheim França** Thaise Castellani*** O Programa Aprendiz Cooperativo do Sescoop - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Rio Grande do Sul é o programa criado para atendimento da lei nº 10.097/2000 em 2007. Por ele já passaram mais de 14.500 aprendizes, em sete cursos: Auxiliar Administrativo, Aprendiz Cooperativo do Campo, Serviços de Supermercado, Processamento de Carnes, Assistente para Manufatura de Calçados, Eletrotécnica Básica e Processamento de Leite e Derivados. Atualmente há 88 turmas ativas, com 54 PCDs (pessoas com deficiência) em turmas mistas ou exclusivas, mais de 370 instrutores envolvidos com o programa e as cooperativas são atendidas em 84 cidades no Rio Grande do Sul, com índice de atendimento de 86%. Os cursos Auxiliar Administrativo, Serviços de Supermercado, Auxiliar de Manufatura de Calçados contém 400 horas de curso teórico e 600 de horas de aulas práticas, totalizando 1000 horas e os cursos Processamento de Carnes, Processamento de Leite e Derivados, Eletrotécnica Básica e Aprendiz Cooperativo do Campo possuem 552 horas de teoria e 552 horas de práticas, totalizando 1104 horas. As aulas teóricas estão divididas em unidades temáticas, havendo um módulo básico para todos os cursos, excetuando apenas o Aprendiz Cooperativo do Campo, no qual,
"Propõe formar jovens para atuarem como sócios das cooperativas, principalmente as do ramo agropecuário, estimulando-os a permanecer no campo e incentivando a sucessão familiar". por suas peculiaridades possui algumas diferenças dos demais. Além do módulo básico, há o módulo específico de cada um dos cursos. O PROGRAMA APRENDIZ COOPERATIVO DO CAMPO DO SESCOOP/RS
Os cursos do Programa Aprendiz Cooperativo do Sescoop são desenvolvidos com o objetivo de preparar os jovens para o mundo do trabalho, formando inclusive empregados para as cooperativas na qual foram aprendizes. Entretanto, as cooperativas também têm necessidade de desenvolver e perpetuar seu quadro social. O curso Aprendiz Cooperativo do Campo propõe formar jovens para atuarem como sócios das cooperativas, principalmente as do ramo agropecuário, estimulando-os a permanecer no campo e incentivando a sucessão familiar.
Os objetivos do curso são: - estimular a permanência dos jovens no campo, ou na zona rural; - proporcionar às cooperativas agropecuárias o incremento do quadro social; - promover a sucessão familiar profissionalizada; - promover o empreendedorismo cooperativo; - profissionalizar a gestão de pequenas e médias propriedades rurais. O curso tem duração de 17 meses, com 552 horas de aulas teóricas e 552 de aulas práticas. Todas as aulas têm duração de 4 horas e ocorrem quatro vezes por semana. Ocorre a alternância entre os módulos, havendo duas semanas de aulas teóricas e duas semanas de aulas práticas e assim sucessivamente até o final do programa. As aulas práticas podem ocorrer em propriedades rurais modelo; na propriedade dos aprendizes com estudos dirigidos; em laboratório das cooperativas, dias de campo; em visitas técnicas. Desde o seu inicio em 2016, as turmas do Aprendiz Cooperativo do Campo estão em plena expansão. Já foram finalizadas seis turmas e oito novas já iniciaram em 2019, com 11 em andamento, em 10 cidades. Para maiores informações a respeito do Programa Aprendiz Cooperativo do Sescoop/ RS contate o e-mail: aprendiz@sescooprs.coop.br.
*Mestre em Planejamento Urbano e Regional, Administradora. Analista Técnica da Promoção Social do Sescoop/RS **Especialista em Cooperativismo, Administradora. Analista Técnica da Promoção Social do Sescoop/RS ***Administradora. Analista Técnica da Promoção Social do Sescoop/RS
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Gestão do Conhecimento: indicadores, aprendizagens e construções Miriam Buchert* Tatiana Hausen** A Fundação Projeto Pescar é responsável pelo Programa Social Pescar - PSP, formação socioprofissionalizante, desenvolvida em parceria com a sua rede colaborativa, para acesso de jovens em situação de vulnerabilidade social, entre 16 e 19 anos ao Mundo do Trabalho. De forma inovadora, o Projeto Pescar trouxe uma importante contribuição para a socioaprendizagem: o Sistema de Avaliação Pescar – SAP Jovem. A entidade vivencia, desde 2011, em suas Unidades a cultura da avaliação processual e acompanhamento do desenvolvimento individual do jovem, desde o ingresso até a conclusão do curso. Em constante processo de aprendizado e melhoria do seu fazer, a Fundação iniciou em 2017, uma revisão e reflexão dos processos de execução do PSP. Essa ação envolveu toda a equipe técnica (82 educadores sociais com formação superior, 8 supervisores, áreas de apoio, gestores e diretores) e a partir disso, foi possível definir ‘indicadores’ a serem monitorados para garantir a gestão da execução, bem como produzir conhecimento em rede colaborativa, a partir da prática do PSP nos dez estados, com todos os sujeitos envolvidos. Iniciamos em maio de 2018, o monitoramento dos Indicadores Mensais das Unidades Projeto Pescar. São eles: - Cronograma de Curso Executado - Planos de Atividades Executados - Central de Atendimento
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"Atuar de forma complementar, utilizando essas análises para perceberem se seus objetivos e metas com as práticas educativas planejadas, estão sendo alcançados". - Frequência no PSP - Jovens com Registros de Acompanhamento - Jovens com Ocorrências Nível 1 - Desligamentos - Desistências - Jovens Atendidos Além dos 9 indicadores mensais, ainda são acompanhados o Planejamento Anual da Unidade, Constituição de Turma, Frequência na Escola, SAP Jovem e Encontros com Responsáveis. Os Indicadores propiciam visibilidade, acompanhamento, avaliação e uma gestão mais eficiente do cotidiano nas Unidades, pelo educador social, com o apoio do supervisor, e o aprofundamento de demandas e situações específicas para uma ação preventiva e mais qualificada, fortalecendo a aprendizagem em rede. Nos primeiros 7 meses, já foi possível evidenciar resultados consistentes no comprometimento do educador social com os registros da execução. Neste período, tivemos um aumento de 40% no percentual de cronogramas lançados no sistema; e o registro
Atividades de formação realizadas com os Educadores Sociais têm o objetivo de instrumentalizá-los para acompanhar e promover o desenvolvimento dos jovens.
de acompanhamento dos jovens subiu 14%. Porém, para que os resultados e análises dos indicadores sirvam como instrumentos de reflexão e aprendizagem institucional, temos o desafio de sensibilizarmos todos os atores da Rede para a garantia da manutenção dos registros da execução do PSP, bem como sua análise, de maneira cuidadosa, qualificando o serviço prestado ao público beneficiado. O educador social e a supervisão devem atuar de forma complementar, utilizando essas análises para perceberem se seus objetivos e metas com as práticas educativas planejadas, estão sendo alcançados, gerando os resultados esperados no desenvolvimento do jovem. E com os envolvidos no Projeto Pescar, o compartilhar de desafios e aprendizados, demonstram cuidado e comprometimento de todos com a meta de “transformar vidas”. Neste sentido, o Projeto Pescar vem promovendo uma cultura institucional onde esse processo não seja visto como uma ameaça à ação fim, e sim como instrumento de gestão do cotidiano da Unidade, dando sentido e visibilidade à memória daquilo que é mais belo e essência para o PSP – a prática educativa desenvolvida pelo Educador Social com os jovens visando o protagonismo e transformação. *Designer **Psicopedagoga
Um dos temas abordados nas capacitações mensais de supervisores, foi a importância do acolhimento, instrumentalização e desenvolvimento contínuo do Educador Social.
Clair Rossetto* Tiago Brenner** A vida, por ser nosso bem maior, nos desafia a pensar o quão é inadmissível que uma pessoa possa pensar em ceifá-la. Por quê isto acontece? Quando deixamos de viver com plenitude, perdemos o sentido de existir e somente sobrevivemos. Em momentos de sofrimento é possível ter a percepção de que as coisas parecem não ter mais solução e, em casos mais extremos, pode-se pensar em dar um fim a sua existência, como forma de solucionar a angústia e acabar com este sofrimento. Atualmente no Brasil, situações como esta tornaram-se preocupantes e cada vez mais visíveis através do crescente índice de jovens com quadro de depressão e outras expressões de sofrimento, que se agravam com a situação de vulnerabilização das localidades periféricas do país. Dentro deste contexto, o mundo do trabalho tornou-se cada vez mais exigente e dinâmico, pois ser um bom técnico já não é mais suficiente e o indivíduo precisa ter sua vida emocional e afetiva saudável. Situado no Bairro Mário Quintana, região nordeste de Porto Alegre (que possui
o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano - IDH de Porto Alegre, segundo dados disponíveis em https://bit.ly/2Z0TWuG), o Polo Marista de Formação Tecnológica atende diariamente cerca de 300 jovens em sete cursos (Operador de computador, Programação de software, Suporte de T.I, Assistente administrativo, Assistente administrativo hospitalar, Turismo ecológico e Eletrônica) e busca fazer a diferença na vida dos seus educandos através da diretriz “Acreditando nos jovens acima de tudo”. Para auxiliar no enfrentamento desta realidade, além da qualificação profissional, os jovens são convidados a realizar o Projeto de Vida com a seguinte metodologia: todos reúnem-se em um encontro inicial em que ocorre uma sensibilização e apresentação do projeto. Em seguida, são organizados em grupos de 10 a 12 integrantes chamados de “Comunidades”. Essas comunidades realizarão 10 encontros durante o ano, refletindo sobre cinco dimensões: Dimensão Psicoafetiva, Dimensão Psicossocial, Dimensão Política, Dimensão Espiritual e Dimensão Técnica. Neste sentido, surge a necessidade de romper com o individualismo e resgatar o sentido do convívio comunitário, que é tecido de compromissos de longo prazo, de direitos inalienáveis e obrigações inabaláveis, que, graças à sua durabilidade prevista e garantida, pode ser tratada como variá-
Acreditando nos jovens acima de tudo vel dada no planejamento e nos projetos de futuro. Os compromissos éticos que sustentam a comunidade são do tipo do “compartilhamento fraterno”. A intenção não é apresentar receitas, nem métodos inovadores para o sucesso pessoal e sim oportunizar uma ferramenta que faça provocações, possibilite a reflexão e um alinhamento conceitual sobre áreas importantes no direcionamento e construção do projeto de vida pessoal e coletivo, resgatando a capacidade de sonhar o futuro e o sentido de viver.
Experiências pedagógicas
Experiências pedagógicas
Projeto de Vida muda realidade de jovens no Mário Quintana
REFERÊNCIAS:
BAUMAN, Zygmunt. (2003). Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Editora Zahar, Rio de Janeiro, 2003. 141pp. REVISTA GALILEU. (2016). 3 reflexões para entender o pensamento de Zygmunt Bauman. Editora Globo. Último acesso em: 08/04/2019. Disponível em: https://glo. bo/2OVTzNv.
*Licenciado em Filosofia e História – PUCRS, Coordenador de Pastoral do Centro Marista de Porto Alegre – Cesmar **Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica do RS – PUCRS, Psicólogo Social do Centro Social Marista de Porto Alegre
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Experiências pedagógicas
Aprendizes utilizam a pesquisa como ferramenta para conhecer e compreender o mundo do trabalho e suas constantes transformações "Os adolescentes promovem debates, elaboram seminários, dinâmicas, fazem apresentações individuais e em grupos para que o conhecimento adquirido seja socializado e compartilhado." O MDCA executa o Programa de Aprendizagem Profissional desde 2003. Nesses 16 anos, muitos adolescentes tiveram, na aprendizagem, a oportunidade do primeiro emprego, onde aprendem não só a desenvolver as atividades práticas do curso de Auxiliar de Escritório como direcionar o olhar para outros temas que permeiam a sua formação profissional, refletindo também na vida pessoal dos adolescentes, pois o exercício da atividade profissional para eles vai além de cumprir horários e executar com qualidade as tarefas recebidas. Outras questões envolvem o cotidiano desses jovens trabalhadores, como
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Janaina Bitencourt Arruda* conhecer o mundo do trabalho no qual estão se inserindo, como vem sendo historicamente construído e transformado. Para tanto, os aprendizes utilizam a pesquisa como uma ferramenta de aprendizagem sobre o mundo do trabalho e suas constantes transformações e em diferentes contextos. As pesquisas, acontecem de diferentes formas: In loco, visitando bibliotecas, museus e outros espaços de aprendizagem, entrevistas com colegas de prática, familiares ou membros da comunidade e por meio virtual, sempre com a preservação das fontes consultadas. As pesquisas têm como objetivo estruturar os jovens na compreensão das constantes mudanças pela qual o mundo do trabalho vem passando, tanto do ponto de vista social, cultural, mas principalmente econômico, bem como, compreender como essas mudanças podem auxiliá-los profissionalmente em futuras
contratações ou mesmo no planejamento de suas carreiras profissionais. Através das pesquisas, os aprendizes são capazes de compreender fatos históricos e ter um posicionamento crítico sobre o mundo do trabalho e como estão inseridos nele. O que contribui não só para a sua inserção, mas para a compreensão das constantes mudanças que vem sofrendo e como terão que se adaptar para participar dessas mudanças que ocorrem de forma cada vez mais dinâmica. De posse do material coletado nas pesquisas e sob a orientação da educadora, os adolescentes promovem debates, elaboram seminários, dinâmicas, fazem apresentações individuais e em grupos para que o conhecimento adquirido seja socializado e compartilhado com os colegas de turma, favorecendo assim o enriquecimento profissional e pessoal de todos e fortalecendo o senso de responsabilidade e cooperação entre eles. As atividades de pesquisa auxiliam os adolescentes também na formação prática da aprendizagem, pois tornam-se mais seguros e autônomos no ambiente profissional, melhoram significativamente a escrita, a postura corporal, a comunicação e a linguagem, apresentam bom desenvolvimento na escola quando passam a ter posicionamentos e argumentos contundentes nas intervenções com colegas e professores, e na compreensão de seus lugares no mundo, da necessidade de observar e compreender as constantes mudanças e, também no mercado de trabalho. Mais ainda, do quanto são capazes e aptos a fazer parte dessas transformações de maneira crítica e reflexiva. *Educadora social com graduação em Pedagogia- habilitação em multimeios e informática educativa pela PUCRS Pós-graduação em Arte e Educação IERGS- UNIASELVI
Escrevivências da aprendizagem profissional no RS: transformação de realidades Equipe da Aprendizagem* A entidade formadora Pequena Casa da Criança é pioneira no desenvolvimento da Aprendizagem Profissional no RS. Busca assegurar os adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, promover a inserção no mundo de trabalho, e o desenvolvimento da cidadania plena enquanto objetivo. Segundo a analista pedagógica Luciane Dartora, “a aprendizagem é um processo de construção, conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, possibilitando o crescimento dos aprendizes através da excelência de boas práticas pedagógicas”. Esta oportunidade reflete na qualidade de vida dos jovens, modificando sua realidade. Andriely Brum, 18 anos, ingressou no Programa Adolescente Aprendiz através da cotização da empresa SIKA. Após 1 ano
e 6 meses como aprendiz, conquistou a grande oportunidade de ser efetivada na Pequena Casa da Criança, onde trabalha atualmente no cargo de Assistente Administrativo Sênior. “Posso dizer que sem o Programa de Aprendizagem não estaria empregada, pois tenho consciência do desemprego e seus desafios. A qualificação e experiências a partir do Programa foi um diferencial na minha caminhada”. Para aprendiz Ana Rosane Sanches, de 15 anos, o programa inspira a cada dia jovens na busca de seus objetivos, através de pessoas que inspiram e ensinam experiências e aprendizados que são levados para toda vida, “nesse período inicial como aprendiz, notei que todo trabalho orientado é preciso ser realizado com atenção e dedicação. Aprendemos conviver com o próximo, ter empatia, trabalhar a criatividade e desafios no ambiente profissional”. Entre os destaques pedagógicos do programa, há um marco importante, o Seminário da Aprendizagem que ocorre anualmente no mês de junho na Instituição Pequena Casa da Criança, com o objetivo de proporcionar aos aprendizes o acesso a novos conhecimentos através de ciclos de palestras e debates referentes ao mercado de trabalho.
“A aprendizagem é um processo de construção, conhecimentos e desenvolvimento de habilidades". Em 2017, os aprendizes da Pequena Casa da Criança participaram em importante experiência pedagógica e social, o concurso “Canção Gaúcha da Aprendizagem” através FOGAP - Fórum Gaúcho da Aprendizagem Profissional, sediado no município Parobé, no RS. Os jovens foram desafiados a escrever, e apresentar uma música de autoria própria referente aos temas: “Aprendizagem” e “Erradicação ao Trabalho Infantil”. Diante disso, foi possível experenciar a importância dessa ação, e a influência na autonomia e motivação dos mesmos. O desejo da Pequena Casa da Criança é que todos os adolescentes e jovens tenham a oportunidade de ocupar o seu Lugar de Fala1 com suas escrevivências2 a partir da Aprendizagem Profissional do Rio Grande do Sul. NOTAS
1. Lugar de fala é um conceito com múltiplas origens e usado em diferentes contextos, neste sentido do artigo, lugar de onde vêm os jovens e as oportunidades de lugares que podem chegar-falar a partir deles (as) e seu protagonismo juvenil. 2. Escrevivências: A autora Conceição Evaristo cunhou o conceito de ESCREVIVÊNCIA em 1995, a partir das palavras “escrever” e “viver”. Fonte: http://www. memoriaesociedade.ibict.br/escrevivencias-na-c-i/
*Ana Rosane Sanches- Aprendiz Pequena Casa da Criança Andrielly Brum- Acadêmica de Administração de Empresas Bianca Machado – Pós- graduanda em Supervisão e Orientação Educacional Catarina Machado- Mestranda em Educação Luciane Dartora- Pós- Graduanda em Coordenação Pedagógica e Supervisão Educacional Sabrina Gomes – Acadêmica de Psicologia
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Experiências pedagógicas
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Práticas Pedagógicas Cristiane Menezes*
"Os educadores estão atentos a um olhar crítico sobre qual influência está exercendo sobre seus jovens." A Equipe interdisciplinar da Reviver trabalha a inserção do jovem no mundo do trabalho praticando uma escuta do jovem e a demanda da sociedade. Atuante no processo pedagógico, priorizamos situações de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento integral e progressivo contemplando os aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais de todos os sujeitos envolvidos, com ou sem deficiência. Pois o educando deve ser visto como uma pessoa de direitos, que possui inteligência múltiplas sendo o co-autor de sua própria aprendizagem
durante todo o processo de ensino, o que remete a outro princípio: o processo de aprendizagem de cada pessoa é singular, por isso, torna-se fundamental avaliar cada situação. Assim é possível elencar como uma estratégia, o planejamento de atividades teóricas motivadoras, atrativas e cativantes que possam ajudar sua aplicabilidade junto as Empresas parceiras. Para tanto, foi necessário além de levantar os interesses dos jovens, motivá-los a aprenderem novos conhecimentos, apresentando sentido e significado para essas aprendizagens com vistas a sua inserção e permanência no mundo do trabalho. Dentre os projetos pedagógicos desenvolvidos pela Equipe, destacamos as palestras, depoimentos e testes de aptidões, onde os Jovens sinalizaram suas inseguranças, anseios e expectativas com seu futuro profissional.
Procuramos trabalhar de forma explicativa, interativa e reflexiva para que todos tenham consciência de suas escolhas e decidam qual o melhor caminho por si mesmos, levando em conta suas descobertas, talentos e objetivos de vida. O Educador oportuniza uma síntese provisória do conteúdo por escrito. Oferece questões indicativas para um estudo individual dos conteúdos fundamentais da disciplina, quando necessário estabelecer o sistema de monitoria e acompanhamento para a aprendizagem. Contudo estas orientações não podem acontecer somente no âmbito profissional, pois esse é o momento em que o jovem está em pleno processo de formação da sua identidade e necessita de ajuda para entender a si mesmo, para tanto a equipe pedagógica atenta identifica quando existe a necessidade de um acompanhamento ou orientação psicológica e esta é oferecido de forma individual ou coletiva dentro da Instituição por uma das psicólogas da Equipe. O educador que antigamente já foi tido como o “ser absoluto”, que detinha todo o conhecimento e o repassava para o educando como a única fonte transmissora de conhecimentos, enquanto o educando mantinha uma postura estática, passiva, onde seu conhecimento prévio era desvalorizado pelo educador, visto como uma tábua rasa, desprovido de qualquer tipo de instrução, isso não cabe em nossa prática pedagógica diária, pois o educando é visto como alguém que está em constante aprendizado no ambiente de aprendizagem. Na Reviver, os educadores estão atentos a um olhar crítico sobre qual influência está exercendo sobre seus Jovens. Conectamse a eles, utilizando metodologias inovadoras, isto é, através de tecnologias interativas, dinâmicas de grupo, teatro, atividades com jogos pedagógicos ferramentas estas que promovem o uso pedagógico a favor da realização da aprendizagem teórico prática. *Educadora Social da Reviver e Pedagoga Empresarial
A aplicação das Metodologias Ativas no processo de aprendizagem Ana Maria Sipp Machado* As metodologias ativas, conhecidas também na educação como um movimento de “Escola Nova”, de modo geral, são consideradas tecnologias que possibilitam o engajamento dos estudantes no processo de aprendizagem, o que visa favorecer o desenvolvimento da sua capacidade crítica e reflexiva em relação a seu ensino. Estas metodologias promovem a pró-atividade dos estudantes através de um maior comprometimento no processo educacional, vinculando sua aprendizagem aos aspectos significativos a sua realidade, bem como o desenvolvimento do raciocínio lógico e de sua capacidade de intervenção na própria realidade, colaboração e cooperação entre os participantes. O perfil dos estudantes vem mudando constantemente nas últimas décadas, sendo assim, as escolas também devem aprimorar-se, possibilitando aos estudantes o acesso de ferramentas que tornem o contato com a sala de aula um momento prazeroso e, ao mesmo tempo, rico em aprendizado. Tecnologias estão cada vez mais presentes no dia a dia dos jovens, o que torna a inclusão das mesmas, nas metodologias de ensino, importante para a construção do conhecimento. Desta forma, o Programa Aprendizagem Profissional Setrem busca proporcionar aos seus alunos novas experiências de aprendizado. Pensando em práticas que possibilitem experiências inovadoras e a interdisciplinaridade dos conteúdos, ligando os conhecimentos da formação com as vivências práticas, apresentou-se como proposta junto ao programa, a implementação de dinâmicas de metodologias ativas e o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) como ferramentas de ensino, buscando analisar os benefícios que esta prática pode vir a proporcionar aos estudantes. Algumas das atividades proporcionadas aos aprendizes incluem realidade aumentada e robótica. Abordagens inovadoras como estas, inseridas no programa de aprendizagem, são muito bem aceitas pelos estudantes e demonstram um resultado positivo na assimilação dos conhecimentos por parte
dos aprendizes, bem como o claro entendimento do que são as metodologias ativas e sua finalidade dentro do processo de ensino. Desta forma, atividades realizadas envolvendo o uso das TICs são consideradas relevantes para formação técnica dos aprendizes, lembrando que, para as mesmas atingirem seus objetivos, é fundamental que o professor esteja qualificado para a condução das aulas, uma vez que existe a necessidade de interligar as TICs com os conteúdos estudados pelo programa. Uma das características do Programa Aprendizagem Setrem é o esforço para proporcionar aos aprendizes oportunidades de ensino que os preparem e modifiquem sua visão de mundo, na expectativa de que estratégias como essas façam a diferença na educação e na construção do conhecimento de cada um que passa pela instituição. Além disso, para muitos aprendizes, o programa é uma oportunidade de ingresso no mundo do trabalho. E a Setrem busca incentivar esse jovem a continuar aprendendo, buscando novos conhecimentos, formação técnica e, posteriormente, o ensino superior.
*Engenheira de Produção (Setrem), com especialização em Formação Pedagógica para Docentes da Educação Profissional Técnica e Tecnológica (Setrem), mestranda no curso de Ensino Científico e Tecnológico (URI Santo Ângelo) e professora no Programa Aprendizagem Profissional Setrem
"Esforço para proporcionar aos aprendizes oportunidades de ensino que os preparem e modifiquem sua visão de mundo."
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Experiências pedagógicas
Muralismo Coletivo Franciele Biscarra dos Santos* Patrick Vicente**
O projeto Muralismo Coletivo, desenvolvido pela equipe de Ação Rua da região Sul/ Centro-Sul, através do Centro de Educação Profissional São João Calábria, visa aprimorar o fortalecimento de vínculos dos adolescentes com a equipe e o pertencimento à comunidade. A prática do Muralismo Coletivo, desempenha um papel importante por ter como objetivo central a coletividade, horizontalidade, autonomia e crítica social de acordo com a realidade de cada espaço, através da arte ligada à arquitetura urbana e periférica, que propicia uma relação de proximidade com o público. O Muralismo Coletivo tem apresentado um progresso e uma grande aderência dos adolescentes com a rede de atendimento da região Sul/Centro-Sul do município de Porto Alegre. Em sua prática foi desenvolvido um experiência plástica, sensorial e visual, a partir do entendimento em relação ao espaço e o contexto social, na qual estão inseridos e com a técnica aplicada através do manejo com pincéis, tintas e sprays.
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A realização do Muralismo Coletivo ocorreu no Centro Comunitário SER ASSIS, com 4 encontros semanais, onde os adolescentes puderam se expressar artisticamente. Os adolescentes
que participaram são atendidos e acompanhados pela equipe de Ação Rua, que estiveram em situação de rua moradia e/ou rua sobrevivência, com diferentes histórias e trajetórias que se cruzam e se comunicam. “Nunca havia feito um mural coletivo, foi divertido, consegui colaborar com ideias, fazer novas amizades e fica próxima da equipe de Ação Rua e do CREAS Sul/ Centro-Sul.” (Marcia Daniela da Luz Santos, 17 anos, participante do projeto Muralismo Coletivo, realizado no mês de janeiro de 2019, no Centro Comunitário Ser Assis.) *Educadora Social. Cursando Psicologia pelo IPA. Atua desde 2011 com políticas públicas. ** Formado em artes visuais (desenho e plastica) licenciatura UFSM. Atua com políticas públicas desde 2016.
Experiências de Projetos
Andrey da Costa Moser* O projeto “DiversISBET” foi idealizado com o intuito de valorizar a diversidade religiosa presente no Brasil, assim como combater toda e qualquer manifestação de intolerância. Todas as turmas tiveram a oportunidade de vivenciar debates e palestras que visaram, como questão central, o diálogo para o entendimento entre diferentes formas de enxergar e entender o mundo. Na semana inicial, a turma de segunda-feira à tarde, fez parte da “XI Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa do RS”, cujo tema do ano foi “Espiritualidade Política, Estado Laico E Justiça Social”. A data (21/01) foi mais que pertinente por se tratar do Dia Nacional De Combate À Intolerância Religiosa. Os jovens vivenciaram um pouco da história e dos preceitos ligados às religiões de matriz africana através de uma das lideranças, presente no local, que se ofereceu para dialogar com a turma e responder alguns questionamentos. Além dos esclarecimentos trazidos pela fala do Pai de Santo conhecido como Baba Diba, foi possível identificar e conhecer um pouco mais sobre alguns cultos menos expressivos na sociedade gaúcha, como os ciganos e os de cunho pagão, que marcaram sua presença principalmente pela caracterização e bom humor. A preparação para a tradiconal festa de Navegantes em Porto Alegre também contou com a participação dos aprendizes ISBET. O teólogo Gustavo Pacheco recebeu as turmas no Largo Glênio Perez para explicar as origens dessa festa tão diversa, no que diz respeito aos cultos que a frequentam todos os anos. Gustavo relatou as mais variadas situações de superação que envolvem a difícil caminhada da área central da cidade até a igreja de Navegantes, localizada na zona norte da capital gaúcha, da qual muitos dos alunos presentes já haviam feito parte na infância.
“O branco só compreende, parcialmente, o racismo quando joga capoeira ou quando veste uma guia no pescoço” Baba Diba (Liderança do Movimento Negro no Rio Grande do Sul)
Já no dia 24, recebemos a ilustre visita de Dairson Gonçalves, estudioso do espiritismo e pertencente ao Centro Espírtita Allan Kardec. Os jovens puderam compreender os preceitos que fundamentam e orientam a doutrina, bem como refletir sobre questões íntimas do ser. Os relatos, em sua grande maioria, foram positivos e dialogam com a proposta do projeto de respeito ao próximo. A sexta-feira, dia 25, marcou a presença da teóloga Sônia, que faz parte do Centro Universitário UNINTER . Sônia abordou o tema por um viés científico, justamente por se tratar de alguém que estuda a religião - e os assuntos que dizem respeito a essa - do ponto de vista acadêmico. As palestras aconteceram após os intervalos das aulas e contaram com o en-
gajamento dos jovens em prol do debate saudável e da tolerância, encerrando de maneira brilhante o primeiro projeto do ISBET Porto Alegre no ano de 2019. *Instrutor teórico do ISBET Porto Alegre.
Experiências de Projetos
DiversISBET Diversificando ideias para um amanhã melhor
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Experiências de Projetos
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Uma experiência de articulação de políticas públicas na Aprendizagem Através do relato da experiência de execução e desenvolvimento do Programa Jovem Aprendiz, envolvendo três municípios do RS, Candiota, Hulha Negra e Bagé, resultado da parceria entre a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica - CGTEE1, Escola Técnica José César de Mesquita e as Prefeituras locais, pretende-se mostrar como esta legislação pode ser estratégia eficaz para potencializar os objetivos das políticas públicas -PP2- voltadas às juventudes3. Entre 2012 e 2016 foram atendidos(as) 240 jovens cotistas pela Escola Técnica Mesquita, CGTEE e Prefeituras, visando potencializar a execução do Programa Jovem Aprendiz, enquanto construção de PP. A partir disso e assumidos os papéis específicos para as instituições, definiu-se estratégias e metodologias a serem adotadas no proces-
so tendo como eixo estruturador das ações a “Articulação do trabalho e saberes das respectivas instituições e equipes, visando o fortalecimento de mecanismos de inclusão social”. Os espaços de prática supervisionada ocorriam na Unidade Termelétrica em Candiota - UTE/CGTEE. O processo de inscrição, seleção e acompanhamento técnico pedagógico dos jovens foi desenvolvido em parceria com o setor social da CGTEE, com operadores das PP do trabalho, educação e assistência social das prefeituras e Coordenadoria Regional de Educação. A seleção ocorreu a partir de cadastros nos Centros de Referência de Assistência Social dos respectivos municípios (CRAS e CREAS), as entrevistas foram feitas conjuntamente e as vagas destinadas aos que se encontravam vinculados (as) as Políticas de Assistência Social dos municípios. Especial atenção foi dada à presença equilibrada entre os gêneros, afrodescendentes, mães ou pais. Ocorreram visitas domiciliares, feitas pelas equipes das três instituições envolvidas, objetivando fortalecer o vínculo dos jovens com o Programa, bem como Acolhimento aos jovens pelo Diretor da UTE, em Candiota e Aulas Prática reuniões com jovens e de Manutenção Mecânica II. familiares, como parte do processo avaliativo, onde devolutivas e correção de rumos eram pactuadas. O processo pedagógico e de articulação com as políticas sociais dos municípios, somado ao envolvimento institucional dos trabalhadores da UTE, resultou numa evasão inferior a 3% do Jovens Aprendizes do Curso de Manutenção Mecânica de Máquinas em Geral, turma de 2015, em frente a UTE em Candiota.
Claudete Souza* Cristiane Leivas** Marcelo Nalério*** Rodimar Acosta**** Wagner Moura***** Graça Santos****** Stéfanie Galante*******
“O Programa de Aprendizagem torna-se mais potente à medida que são fortalecidas as relações intra e interinstitucionais, tendo melhores e maiores resultados, além de despertar nos jovens a importância de construir suas próprias redes sociais.” total de jovens atendidos (as). O diferencial desta experiência foi a intensidade com que todas as instituições envolvidas se moveram em busca de um trabalho articulado em todas as fases do processo, a partir da convicção conceitual dos gestores em construir uma política pública, do empoderamento construído pelas equipes de trabalho e capacidade de compreensão e “apaixonamento” de cada pessoa envolvida no processo. O Programa de Aprendizagem torna-se mais potente à medida que são fortalecidas as relações intra e interinstitucionais, tendo melhores e maiores resultados, além de despertar nos jovens a importância de construir suas próprias redes sociais como uma estratégia necessária. NOTAS
1. Empresa pública vinculada ao sistema Eletrobrás 2. Políticas públicas é associada a um conjunto de ações articuladas com recursos próprios e capacidade de impacto 3. Juventudes, no plural, considera os recortes de diferenças sociais - classe, gênero, orientação sexual e etnia, etc.
*Mestra em Educação **Bióloga ***Gestor Público ****Técnico em Mecânica *****Psicólogo ******Assistente Social *******Técnica em Administração
Reinserção do Jovem em Conflito com a Lei Lucas Meira*
“Com programas específicos, como o POD, jovens de 12 a 21 anos recebem tratamento humanizado, pautado na justiça restaurativa que possibilita que eles sejam inseridos no mercado de trabalho e na sociedade.” Jovens do Pod Socioeducativo no curso de gastronomia.
Em todo o país, a realidade dos centros de internação para menores em conflito com a lei é a mesma. Diante do aumento da criminalidade e da reincidência, parece impossível acompanhar a criação de estrutura para atendê-los. Está provado que a política de encarceramento não tem trazido os resultados que a sociedade espera. Agir na raiz do problema é fundamental. Do contrário, esses jovens irão engrossar as estatísticas em um sistema que prepara mais para o crime organizado do que para a reinserção. Nesse sentido, o Programa de Oportunidade e Direitos Socioeducativo foi pensado e realizado com sucesso. O objetivo do programa - executado pela Renapsi, em 2017 e 2018 - foi de mudar a realidade desses jovens a partir de programas de aprendizagem, formação profissional, um trabalho que busca apoiar-se no vinculo familiar, escola e rede socioassintencial, que abranja não só o jovem em reclusão, mas o que está em liberdade assistida, e o que tem saído e reincidido. O desafio foi realizar o acolhimento do jovem e sua família com as áreas da psicologia, pedagogia, tecnologia e serviço so-
cial no intuito de conhecer o jovem, sua história, a família e realizar os encaminhamentos necessários. Com isso foi feito um trabalho de preparação com os colaboradores da Renapsi, voltado para o planejamento e para a capacitação. Durante a execução do programa, os jovens adquiriam o direito ao acolhimento psicossocial e pedagógico. Os ingressos construíram o Plano Individual de Atendimento, ou seja, foi feito a construção de projeto de vida de cada jovem. Com acompanhamento integral ao longo do programa, os colaboradores da Renapsi tinham como tarefa acompanhar o desempenho e entregar relatórios ao Juizado da Infância e Juventude do Rio Grande do Sul. Os dados do projeto comprovam que o modelo socioeducativo pautado na aprendizagem, formação profissional e valorização do jovem é o caminho para que os adolescentes com problemas com a lei sejam ressocializados. Segundo a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo, de cada 100 menores que deixam a instituição após passar pelo POD somente 9 retornam ao sistema. A instituição destacou, também, o baixo custo do investimento, o valor gasto em 2 anos com um jovem em atendimento na Fase possibilita o custeio de sete vagas no POD Socioeducativo.
Jovens do Pod Socioeducativo desenvolvendo atividades esportivas.
A Renapsi executou o programa nas cidades de Porto Alegre e Santa Maria, onde 496 jovens foram assistidos pelo programa. Desses, 160 jovens foram desligados por motivo de inclusão no mercado de trabalho. Os cursos de formação oferecidos pelo POD, foram de assistente administrativo, informática, gastronomia e mecânica. É necessário discutir sobre políticas públicas para a juventude e promover educação, cultura e qualificação para o mercado de trabalho. Com programas específicos, como o POD, jovens de 12 a 21 anos recebem tratamento humanizado, pautado na justiça restaurativa que possibilita que eles sejam inseridos no mercado de trabalho e na sociedade. Precisamos estar dispostos para dar continuidade na qualificação da socioeducação no Rio Grande do Sul, e no Brasil, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), contribuindo assim para redução da reincidência infracional e prevenção da violência. *Presidente da Renapsi. Graduado em Agronomia e empreendedor nas áreas social, esportes, comunicação, tecnologia e agricultura.
Jovens do Pod Socioeducativo no curso de assistente administrativo.
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Experiências de Projetos
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Ex-aprendizes e suas Trajetórias de Sucesso
“Dar oportunidade a um jovem é oferecer-lhe condições de um futuro melhor, é tornar-se presença significativa na vida dele”.
P. Tarcizio Paulo Odelli* Desde a sua fundação o Novo Lar de Viamão, dirigido pelos Salesianos de Dom Bosco segue a sua missão de promover a educação integral das crianças, adolescentes e jovens que o frequentam, formando “honestos cidadãos e bons cristãos”. Por isso o Novo Lar, desde 2010 iniciou o Programa de Aprendizagem em Serviços Administrativos, visando dar esta educação integral aos jovens que frequentam a Obra Social do Novo Lar. Nosso objetivo neste artigo é mostrar o sucesso que estamos tendo ao adotarmos o Programa Jovem Aprendiz. Muitos jovens passaram por aqui e muitos deles deixaram marcas na Obra e agora, como ex-aprendizes, começam a ter sucesso no mundo do trabalho, para o qual buscaram formação e capacitação. Jéssica Eberhardt foi da primeira turma do Programa de Aprendizagem no Novo Lar. Atual-mente está num emprego fixo e conseguindo bons resultados para a sua vida. No Programa Jovem aprendiz, diz ela, “tive o meu primeiro contato com o mercado de trabalho e através do preparo fornecido pela instituição, pude atuar na área administrativa onde os horizontes profis-sionais foram ampliados, me fornecendo fundamento para a escolha profissional da minha vida. Sou grata a toda a equipe do Novo Lar que sempre atuou em prol da juventude e seu futuro, fornecendo bases teóricas e espirituais para a formação do nosso caráter profissional." “Se hoje sou uma pessoa melhor é graças ao Novo Lar. Minha experiência de dois anos dentro da Instituição foi uma das melhores da minha vida, se não a melhor”, afirma Gabriel de Melo Tobias, 20 anos, que entrou em março de 2015 no Programa. Ele pensou: “não vou durar um mês aqui dentro. Com o decorrer dos meses e anos fui gostando cada vez mais. Conheci pes-soas incríveis e fiz amizades que pretendo levar para o resto da vida. Tenho orgulho de dizer que fui um Jovem Aprendiz do Novo Lar, e hoje
tudo que eu conquistei na vida foi graças a esta Instituição a qual só tenho a agradecer. Obrigado por tudo. ” De aprendiz a educador de Informática foi o que aconteceu com Vitor Saldanha, que atualmente é Educador da Obra no Programa Jovem Aprendiz. O Sistema Salesiano de Educação prevê o protagonismo dos jovens e os acompanha na sua educação para que isso aconteça. Vi-tor diz que “uma das melhores experiências da minha vida foi ter passado pela Obra social Novo Lar, onde fiz o curso de Jovem Aprendiz e tive a oportunidade de conseguir meu pri-meiro emprego. Foi aqui que me desenvolvi como pessoa, onde adquiri muitas habilidades, onde aprendi a ser protagonista da minha vida. Poucos Jovens são valorizados pelas empresas hoje em dia, pois muitas vezes ser jovem é sinônimo de inexperiência.” Ao relatar as experiências dos nossos ex-aprendizes queremos reafirmar o valor do Programa de Aprendizagem na vida deles. Eles vêm em busca de algo que os possa ajudar na sua forma-ção como pessoas humanas. E a Obra do Novo Lar não somente oferece esta oportunidade, mas também oferece muito mais, através do Sistema Preventivo de Dom Bosco.
Jéssica
Vitor
Gabriel
*Diretor Salesiano, Licenciado em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena - SP
A importância do esporte no processo da Aprendizagem Profissional Patrícia Faleiro*
A prática de esportes é um instrumento que universaliza e propicia a inclusão, possibilitando desta forma a socialização, o desenvolvimento pessoal, a autonomia dos jovens na sociedade, além do desenvolvimento motor. O esporte também é parte importante no processo de crescimento profissional. Em razão disso, incentivamos a participação dos nossos jovens no atletismo. A prática, com o acompanhamento de profissionais especializados, foi uma das formas que encontramos para difundir valores e habilidades. Para a Associação Pestalozzi de Canoas o projeto tem como objetivo proporcionar a
“Aprendi com o projeto a participar, conviver e compartilhar.
participação do atleta em diferentes espaços esportivos, promovendo a socialização, estimulando e potencializando a autonomia dos jovens aprendizes. Os atendidos que participam do curso de Aprendizagem Profissional praticam o atletismo duas vezes por semana. Observamos que, após o início dos treinos, eles mostraram um bom desenvolvimento na parte teórica e prática do curso. Sob orientação da professora de educação física, Lidi Pagliarini, participaram de diversas competições como: PARAJAC, PARAJIRGS, Circuito Loterias da Caixa, Jogos Abertos de Caxias RS, eventos promo-
vidos pela Faculdade LA SALLE e Prefeitura Municipal de Canoas RS. “Aprendi com o projeto a participar, conviver e compartilhar. Conheci muitos lugares e pessoas que são muito importantes para mim, adquiri novas experiências e por isso posso dizer que competir mudou a minha vida.” – Relato do atleta Bruno Fernando, 23 anos, que participa do projeto há 5 anos.
* Educadora social, pós-graduada em Educação Especial Inclusiva.
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ESPRO e BRDE, Parceria que promove Aprendizagem Profissional Guilherme Pegorini* A Política de Responsabilidade Socioambiental do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE orienta as atividades da instituição em seu relacionamento com públicos estratégicos. Entre as principais diretrizes, está a adoção de práticas que valorizem funcionários e colaboradores, e contribuam para seu desenvolvimento pessoal e profissional, com ênfase no respeito aos direitos humanos e no compromisso socioambiental de todos. Nesse cenário, a parceria do BRDE com a ESPRO amplia oportunidades oferecidas aos estudantes no ambiente de trabalho. O Programa Jovem Aprendiz foi implantado no BRDE em 2014, com a finalidade de cumprir a política pública de profissionalização juvenil. Com o Programa, e contando com a mediação da ESPRO, o Banco facilita o processo de aprendizagem profissional e a integração social dos adolescentes que realizam atividades teóricas no ESPRO e práticas no BRDE, em sua primeira experiência formal no mercado de trabalho. Em 2014, iniciamos com um grupo de 17 jovens. A repercussão positiva da primeira turma foi tamanha que a ampliação das vagas ocorreu como um passo natural na consolidação da iniciativa. Ao longo de 2017, o BRDE chegou a contar, simultaneamente, com 26 jovens aprendizes contratados por meio da
ESPRO. Dessa forma, atingimos o limite de vagas definido em normativo, ou seja, 15% do quadro de referência. O Programa foi rapidamente incorporado à cultura do Banco. Os números são expressivos e reforçam a crença no potencial de inserção e de crescimento dos estudantes no mundo do trabalho. Diversos jovens que ingressaram no BRDE por meio do Programa Jovem Aprendiz foram selecionados para comporem o grupo de estagiários ao final do período. É o caso de Franciele Ramos, 22 anos. “Eu entrei no BRDE como aprendiz da Superintendência de Planejamento e Sustentabilidade. Lá a gente trabalhava muito com produtores de cinema, por exemplo. Eu aprendi muita coisa sobre o cinema nacional e me tornei estagiária, e então comecei a aprender o que era a Superintendência mesmo”, conta. Quando as operações do Fundo Setorial do Audiovisual foram transferidas da agência do Rio Grande do Sul para a do Paraná, o superintendente pediu que Franciele ensinasse as rotinas para a equipe de Curitiba. “Me senti importante com isso. Foi uma experiência muito grande mesmo”, diz com orgulho. Hoje Franciele é estagiária do Departamento de Controle Financeiro e cursa a universidade. Rubia Camargo Lopes, 21 anos, tam-
Implantado em 2014, o Programa Jovem Aprendiz foi logo incorporado à cultura do Banco bém começou como aprendiz e seguiu como estagiária do Departamento Administrativo. “Gostei muito do trabalho como aprendiz e me deram bastante oportunidade de aprender outras coisas. Fiquei afastada dois meses, na troca de aprendiz para estagiária, e voltei há seis meses. Continuo gostando de tudo o que faço, que é a contabilidade no setor administrativo”, relata Rubia. Desde 2014, 86 aprendizes da ESPRO passaram pelo BRDE. Atualmente, há 15 jovens com contrato vigente, sendo 10 no Rio Grande do Sul, dois em Santa Catarina e três no Paraná. Dentre os que já encerraram o contrato de aprendizagem, 15 se tornaram estagiários, o que reforça a certeza quanto ao êxito da parceria.
*Chefe do Departamento de Recursos Humanos do BRDE, é administrador pela UFRGS e possui MBA Executivo em Marketing e Complementação em Gestão de Pessoas pela Escola Superior de Propaganda/RS.
Os desafios de um Aprendizado Transformador O Instituto Leonardo Murialdo – Associação Protetora da Infância em Porto Alegre/RS. Atende atualmente cerca de 250 adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos que recebem formação teórica e prática através dos cursos de Assistente Administrativo Bancário e Hospitalar, Auxiliar Administrativo Empresarial e Auxiliar de Alimentação Hospitalar. Um dos grandes desafios é qualificar os jovens para a inserção no mundo do trabalho que tem se tornado cada vez mais exigente em relação às qualificações para a ocupação de seus postos de trabalho. A exemplo disso não chega a ser incomum o pedido de experiência ou certo grau de escolaridade para trabalhos que antes eram considerados simples. Enquanto OSC formadora entende que a apropriação do conhecimento não se baseia simplesmente em obter informações, mas em reelaborá-la possibilitando novos aprendizados e práticas transformadoras oportunizando para que o jovem destaque tanto pelo seu aspecto social interagindo com os demais colaboradores, quanto pelo seu bom desempenho nas atividades no cotidiano na empresa. O preparo do aprendiz implica em elaborar, produzir, reproduzir, resolver problemas, trabalhar em equipe e assim, formar sujeitos atuantes e participativos.
o Instituto Leonardo Murialdo busca adaptar as transformações do mundo do trabalho em uma aprendizagem de interpretação, análises e reflexões que rompem as barreiras e desafios no processo do aprender Os resultados obtidos e o desempenho oportunizam a efetivação do Jovem nas empresas em que realizam a pratica e em alguns casos mesmo antes de completar a vigência do Contrato, como foi o caso do jovem Brain Cavalheiro da Silva efetivado na empesa SIDI – Medicina Por Imagem. Brain destaca “aprendi diversas coisas no Murialdo e uma delas, a mais importante, foi ser cooperativo respeitado as diferenças e tirar o máximo de conhecimento delas”. A Lei de Aprendizagem oferece garantias para ambos os lados, tanto para o jovem interessado em iniciar a sua vida profissional, quanto para a empresa que irá contratá-lo oferecendo formação técnica, profissional e uma remuneração mensal. Em contrapartida, o jovem se compromete com a empresa podendo se desenvolver como um profissional responsável que cumpre com suas tarefas tanto no curso profissionalizante que é oferecido, quanto nas atividades diárias da empresa. Desta forma o Instituto Leonardo Murialdo busca adaptar
Brain Cavalheiro da Silva Jovem Aprendiz Efetivado na empresa SIDI
Edilene Souza Santos* Pedro Leivas**
as transformações do mundo do trabalho em uma aprendizagem de interpretação, análises e reflexões que rompem as barreiras e desafios no processo do aprender, orientando os jovens para uma percepção critica capaz de transformar seus parâmetros e conhecimentos tornando-os protagonista de sua carreira profissional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Brasil Escola: Disponível em:< https:// monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/avaliacao-aprendizagem-compreensao-analise-reflexao-critica-pratica-docente. htm> Acesso em 10 de março 2019. Portal da Educação: Disponível em: https:// www.portaleducacao.com.br/conteudo/ artigos/educacao/a-funcao-social-da-escola-a-partir-da-formacaode-sujeitos-historicos/45629?> Acesso em 23 de março 2019. Revista Exame: Disponível em https:// exame.abril.com.br/negocios/dino/a-importancia-do-jovem-aprendiz-para-o-mercado-de-trabalho-dino89091934131/ >Acesso em 18 de abril 2019.
*Coordenação Geral de Projetos **Coordenação Programa Jovem Aprendiz
Coordenadora Geral, Coordenacao J Aprendiz
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Experiências Empresariais
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Terceiro Setor ajudando na formação do jovem aprendiz Caroline Martins Borges* Há mais de 27 anos, uma história que transformaria a realidade de crianças e adolescentes com câncer era iniciada. Dr. Algemir Lunardi Brunetto, um dos fundadores do Instituto do Câncer Infantil e hoje presidente da instituição, retornou da Inglaterra em 1990 após um período de especialização e, ao se deparar com o sistema de saúde brasileiro, percebeu que algo precisava ser feito. Foi assim que, junto ao jornalista Lauro Quadros e a outros parceiros, o projeto da construção de um centro de referência começou a ser idealizado. Desde o princípio, o objetivo foi oferecer a crianças e adolescentes com câncer a melhor oportunidade de vencer a doença. Foi assim que, em 1991, nasceu o Instituto do Câncer Infantil (ICI), organização sem fins lucrativos que atua para aumentar as chances de cura do câncer infantojuvenil. Referência na assistência de crianças e adolescentes com câncer, proporciona todo o auxílio necessário para a continuidade do tratamento. Com a atuação do ICI, os pacientes contam com o apoio de uma equipe multidisciplinar, além de medicamentos e exames especiais. Suas famílias ainda recebem apoio assistencial com auxílios de vestuário,
Coragem para aprender mais calçados e alimentos. O ICI também desenvolve projetos de pesquisas científicas dedicados ao avanço de novos tratamentos para o câncer infantojuvenil. O Instituto do Câncer Infantil é parceiro do Pão dos Pobres há quase 10 anos. Desde que inseriu o programa Jovem Aprendiz, muitos jovens tiveram a oportunidade de trabalhar na instituição. A maioria deles em áreas administrativas, como, por exemplo, nos setores Administrativo, Financeiro, Recursos Humanos e Voluntariado. Sem dúvida, temos muitas histórias boas para contar e temos certeza de que estamos contribuindo para o aprendizado desses jovens. Na verdade, é uma troca, pois não só o jovem aprende, mas nós todos do ICI aprendemos muito com eles também. Um belo exemplo é a Rayssa Cabreira, que está conosco desde setembro de 2018 e foi encaminhada pelo Pão dos Pobres. Ela trabalha no setor Administrativo
Rayssa Cabreira e Caroline Martins
e Financeiro e tem contribuído muito não só com o setor, mas com o Instituto como um todo. Ela é proativa, dedicada e possui as quatro competências essenciais do ICI: coragem para ir além, se envolver, cuidar e servir, e coragem para realizar, que são os pilares principais de desenvolvimento dos profissionais que se dedicam a causa. Segundo a Rayssa, “o curso no Pão dos Pobres deu um norte de como começar no ICI, mas sem dúvida foi com a prática do dia a dia, que pude aprender. Desde o início, tive todo o apoio da minha gestora, Andréia Severo, e dos colegas, que sempre tiveram paciência para me explicar tudo. Aqui no ICI, não há diferença, todos somos tratados da mesma forma, independentemente de ser jovem aprendiz, voluntário ou coordenador de área. Sinto-me acolhida, o afeto e o amor fazem parte do ICI”. *Coordenadora de RH, Voluntariado do ICI, Graduada em Secretariado Executivo, pós-graduada em Gestão de Pessoas, Analista comportamental, trabalha há 18 anos no Instituto do Câncer Infantil.
Eterno Aprendiz Eterno Aprendiz
O jovem no mercado de trabalho
Ana Carolina de Paula Bueno - 16 anos (Jovem Aprendiz)
Esse curso nos acolhe com tanto amor e união, nós jovens estamos entrando para um ramo profissional, na busca de conhecimentos e habilidades necessárias a um bom profissional. Dentro desse processo de aprendizagem nos tornamos mais capazes e aprimoramos melhor nossas qualidades profissionais. Crescer no profissionalismo, mesmo sendo jovem sei que posso contribuir para o desenvolvimento das empresas. A parceria que temos dentro do Centro Profissional é tão positiva, aqui damos nosso melhor e cada dia visualizamos um futuro promissor. Nós jovens estamos nessa rotina para termos uma boa oportunidade quando adultos. Somos ainda adolescentes, mas com um diferencial: Temos responsabilidade e estamos aprendendo que o trabalho dignifica o homem. No entanto nós não deixamos de viver nossa juventude, sonhamos, brincamos, nos divertimos, mas sempre com um olho no futuro. Ser jovem é estar sempre planejando e sonhando, mas todo sonho precisa de alguém que acredite nele. Ser
jovem aprendiz é ter autonomia de mostrar o quão forte e capaz nós somos, é saber que ali, naquele lugar as pessoas acreditam em você! Como aprendizes temos o dever de absorver tudo aquilo que nos acrescenta, e podemos garantir que nos tornamos pessoas melhores a cada dia. O programa jovem aprendiz tira jovens da rua, dá oportunidade e mostra a importância que temos na sociedade, é a garantia de um futuro melhor para cada um de nós.
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Eterno Aprendiz
“Experiência que vai ajudar no meu futuro profissional”
Estudante do 3º ano do Ensino Médio Técnico em Agropecuária na EFASERRA, Janifer Lemos da Silva, 18 anos, trilha sua vida com a bagagem de jovem aprendiz do campo, programa no qual se formou em 2018
“A passagem pelo Programa Jovem Aprendiz Cooperativo do Campo, na Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (EFASERRA), foi muito boa porque tive a oportunidade de aprender coisas que não havia na minha realidade de moradora do município de São Francisco de Paula/RS. Foram aprendizados que aperfeiçoaram o meu conhecimento e pude aplicar na propriedade. Monitores apresentaram atividades, por exemplo, na parte de administração, de contas, de elaboração de uma tabela para controlar a renda no final do mês. Fui também estimulada a diversificar as culturas lá em casa. Acrescentei opções de hortaliças para subsistência. Deu certo e incluímos no nosso consumo. Tudo o que vi e estudei como jovem aprendiz fez bastante diferença e me incentivou a ficar no ramo agrícola. Mostrou uma outra visão sobre essa área. Além do conteúdo, vivenciamos diversas práticas da agricultura e da pecuária. Foi possível chegar na família e revelar para os pais algumas novidades, explicando como aplicar no nosso dia a dia. Essa experiência de jovem aprendiz certamente vai ajudar no meu futuro profissional. Em São Francisco de Paula, existe muita pecuária e o que se aprendeu foi muito bom nessa parte e vai contribuir para minha vida. Acredito que vou conseguir entrar em um negócio, em um serviço que eu gosto, que estou estudando e vou ter mais oportunidades.
Foto Vania Marta Espeiorin
Oportunidade de crescimento pessoal e profissional
Andreza Vilela Pereira, 20 anos, iniciou como aprendiz do Banco do Brasil e foi efetivada como Assistente Administrativo pela Instituição Formadora
Aos 15 anos de idade comecei minha jornada como aprendiz, era agosto de 2013. Fui escolhida pelo Movimento Comunitário Cachoeirense – MOCOCA para iniciar uma aprendizagem profissional junto ao Banco do Brasil S/A através do Programa Adolescente Aprendiz na agência centro da cidade de Cachoeira do Sul/RS.
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Desempenhei meu aprendizado no setor de arquivo de documentos e administrativo, onde tive um ótimo relacionamento com meus colegas, me ensinaram muitas coisas que acrescentaram para meu crescimento pessoal e profissional.
Na prática eu aprendi, compreendi e evoluí muito, a oportunidade que me foi dada serviu para minha maturidade, responsabilidade e oportunidade de mostrar minhas habilidades. Busquei sonhar alto e alcançar meus objetivos com garra e determinação. Conquistei novos conhecimentos e aprendizagem todos os dias. Cada dia foi uma lição de vida. Desenvolvi os meus talentos para alcançar meus objetivos, sem deixar de olhar para o mundo ao meu redor. Em janeiro de 2015, meses antes do término do meu contrato fui procurada pelo pessoal do MOCOCA que me ofereceu uma oportunidade de trabalho na instituição. Quando do término do prazo fui efetivada como Assistente Administrativo. Hoje, curso Direito na UNISC, Universidade de Santa Cruz do Sul. Obrigado ao MOCOCA e equipe pela oportunidade que me foi dada e aos funcionários do Banco do Brasil que me ensinaram os valores da vida.
Muito mais que um curso
Chamo-me James Almeida, tenho 21 anos e participei da turma 2017/1 do curso de Manutenção de Computadores no Pão dos Pobres
Procurei o curso com o intuito de me desenvolver profissionalmente, mas ao longo do processo consegui evoluir em diversos aspectos além dos profissionais, principalmente meu lado humano.
experiência profissional e de mercado. Conhecer o Eduardo Devo isso a todos os profissionais que lá trabalham e se (meu mentor) esforçam todos os dias para melhorar a vida dos jovens. me ajudou Durante o percurso, conheci pessoas incríveis com as muito a dequais mantenho amizade e contato até hoje. Além disso, criei um carinho enorme pela instituição e sempre que pos- cidir qual caminho seguir, sível faço algumas visitas para conversar com os jovens. em todos os Participar do curso encontros ele ministrado pelo me ajudava professor Paulo, a descobrir foi muito mais do meus pontos que aprender a fortes e como os aprimorar. consertar compuNo fim do processo, ele me convidou para trabalhar em sua tadores, foi uma escola para a vida. empresa. Iniciei como analista administrativo e, um ano e três meses depois, trabalho na área estratégica, como Ao longo do curso, gestor de projetos. participei do “Mais Na sociedade, os jovens são expostos a “maus exemplos”, Caminhos”, uma que muitas vezes os faz traçar caminhos perigosos e, às parceria entre o vezes, sem volta. Pão dos Pobres e a Amcham que O Pão dos Pobres faz justamente o contrário, trazendo conecta jovens a bons exemplos para esses jovens se espelharem e terem diversos menuma vida melhor. tores com vasta
Aprendizagem como orientação vocacional para o Rural!
Gustavo Finger foi Jovem Aprendiz. Em 2009, no Município de Caxias do Sul, realizou o Programa de Aprendizagem Profissional Rural pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR-RS.
Os ensinamentos ofertados na teoria do Programa, durante seis meses, com o conhecimento adquirido ao longo do mesmo período na Prática Profissional, formaram a base vocacional para sua profissão. Atualmente Gustavo Finger está concluindo os estudos em Medicina Veterinária, e nas horas vagas se dedica a criação, manejo e doma de equinas da Raça Crioula. Área essa que estima se aprofundar ainda mais após a conclusão da Graduação. De que maneira o Programa Jovem Aprendiz vem contribuindo na sua formação? O Programa Jovem Aprendiz, contribuiu nas mais variadas formas, como no conhecimento, em primeiro lugar, que nessa idade, não há curso ou treinamento direcionado ao meio rural. Outra forma foi nas responsabilidades, tanto
como horários, quanto em trabalhos à serem feitos dentro do programa. Tenho certeza que este Programa contribuiu muito em minha formação profissional e pessoal! Qual a maior recordação da qualificação? As maiores recordações são as aulas práticas, os trabalhos, as amizades e principalmente meu estágio prático, que foi na Fazenda Clarice em Vacaria. Duas dicas para os atuais aprendizes? As dicas para os atuais aprendizes são: "Leve a sério e aproveite ao máximo este programa, pois ele realmente te qualifica!" O meio rural carece de mão de obra, e o Jovem Aprendiz propicia uma inserção neste meio.
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Eterno Aprendiz
Aprender a aprender
Diego Rodrigues de Oliveira, 19 anos, foi Jovem Aprendiz do Projeto Pescar em 2018
Diego estava havia mais de três anos fora da escola antes do ingresso no Projeto Pescar. Quando a educadora social da Unidade Unicred Porto Alegre, Nara Cecília Lopes, perguntou se o jovem estava disposto a retornar aos estudos para ingressar no curso de Serviços Administrativos, ele aceitou sem pestanejar. Diego já tinha percebido a dificuldade de encontrar emprego com a sua escolaridade: “Eu só vi o quanto o estudo era importante quando resolvi buscar um trabalho e me dei conta de que, com a minha idade, as pessoas esperavam um certificado de conclusão do Ensino Médio.”
não prestava atenção nas aulas e ficava de brincadeira. Acabei reprovando três anos e depois parei de estudar por A oportunidade de participar do curso foi um estímulo. Com não acreditar mais o decorrer das atividades e a autoconfiança conquistada, ele buscou formas de aprender a aprender, uma das com- em mim. Achava que mesmo frequentando a escola eu não petências do Sistema de Avaliação Pescar: “Fui fazendo as aprenderia nada e acabaria repetindo o ano novamente. Então acabei desistindo.” provas do MEC e concluí o Ensino Fundamental. E nesta mesma prova, na edição de 2018, eu me inscrevi para o Essa vitória pessoal foi uma grande satisfação para a Ensino Médio.” família, os colegas, a educadora e a equipe da Unicred que Consciente da sua superação, ele recorda do descaso com festejaram a grande conquista na sua vida. os estudos: “No Ensino Fundamental, eu faltava demais,
Na foto, Diego no dia da Certificação da turma.
Aprendizagem e autonomia na deficiência intelectual
O jovem aprendiz da Associação Pestalozzi de Canoas, Lucas de Oliveira Suarez, encontrou no Programa Aprendizagem Profissional muitos conhecimentos específicos sobre o mundo do trabalho
Entrevista realizada pela educadora social da Pestalozzi, Patrícia Faleiro. Lucas tem 23 anos, é ex-aluno do Ensino Fundamental da entidade. Os relatos a seguir mostram os desafios e conquistas enfrentadas pelo jovem na aprendizagem. Como você conheceu o Programa da Aprendizagem Profissional? Sou ex-estudante da Pestalozzi de Canoas, frequentei o Ensino Fundamental da Associação. Em 2017 iniciei a Oficina de Preparação para o Mundo do Trabalho e em 2018 decidi iniciar a Aprendizagem Profissional e ser um aprendiz. O que te motivou a ingressar no mercado de trabalho?
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Eu quis ter autonomia, poder comprar minhas coisas, pagar minhas contas e ajudar minha família.
Na Aprendizagem, qual foi seu momento mais difícil? Eu tinha medo de como seria recebido na empresa que me contratasse, se eu conseguiria desempenhar as minhas funções de aprendiz e também tinha medo de andar de ônibus. O que mais gosta dentro da Aprendizagem Profissional? Gosto dos amigos que fiz, de ter um compromisso todos os dias e de ter meu salário todos os meses. O que você aprendeu nesses 10 meses como aprendiz? Hoje eu não tenho medo de andar de ônibus, de ir ao shopping sozinho, de ir ao cinema, hoje posso comprar todos os livros que gosto e também ajudo nas despesas de casa. Patrícia Faleiro – Educadora Social, pós-graduada em Educação Especial e Inclusiva.
O Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional - FOGAP realizou diversas atividades ao longo do ano de 2018. Isto só foi possível graças a dedicação e o profissionalismo de seus parceiros e apoiadores, que estiveram em harmonia, interação e reciprocidade na realização das ações em prol da Aprendizagem Profissional no Estado do Rio Grande do Sul. Queremos agradecer a participação e o protagonismo dos Aprendizes das Instituições Formadoras de Aprendizagem Profissional que atuaram à frente na execução destes projetos: VI Seminário de Aprendizagem Profissional em Santana do
Livramento, EXPOINTER 2018, Acampamento Farroupilha, Feira de oportunidades em Porto Alegre, o lançamento do livro de Prosa, Verso e Imagem. Além de nossas plenárias e reuniões realizadas ao longo do ano. Seguimos em frente promovendo e aperfeiçoando ações que possam multiplicar e fomentar a importância de que a aprendizagem profissional é fundamental no crescimento e desenvolvimento na vida de milhares adolescentes e jovens em todo Brasil.
Registro
Registro
Atividades do FOGAP
Coordenação do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional João da Luz
VI Seminario de Aprendizagem Profissional no Combate ao Trabalho Infantil em Santana do Livramento
Preparativos para a III Feira da Aprendizagem Profissional
Participação do FOGAP na Feira de Oportunidades de Porto Alegre
Participação do FOGAP na Feira do Livro: lançamento do livro Prosa, Verso, Imagem & Musica
FOGAP e FEPETI na Expointer 2018 FOGAP e FEPETI no Acampamento Farroupilha
Dra. Denise em audiência em Brasília na defesa pela aprendizagem profissional
Reuniões de coordenação e plenárias de 2018
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Expediente
Ano 5 - Nº 5 - Junho de 2019 A Revista Aprendiz é um dos veículos oficiais de comunicação da Aprendizagem Profissional no Rio Grande do Sul, representada pelo Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional - FOGAP, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego. Tiragem de 1000 exemplares. Periodicidade anual ISSN 2526-8317 Superintendência Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul Getúlio de Figueiredo Silva Júnior Coordenação da Aprendizagem no Rio Grande do Sul AFT Denise Natalina Brambilla González FOGAP Coordenação AFT Denise Natalina Brambilla González Secretaria João da Luz e Livia Menna Barreto Comissão de Comunicação João da Luz Livia Menna Barreto Lucas Costa Roxo Paulo Antonio Panno Franciele Biscarra Geraldo Antônio Both Janaina Santos Warner Floriano Corrêa
Conselho Editorial Livia Menna Barreto Lucas Costa Roxo Paulo Antonio Panno Simone Ledesma de Quadros João da Luz Warner Floriano Corrêa Janaina Santos Eloide Marconi
Jornalista Responsável Leonardo Cardoso Mayer - Jornalista MTB/RS n°18.494 Projeto gráfico e editoração Evandro Marcon - marcon.brasil Comunicação Direta contato@marconbrasil.com.br
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Os artigos são de responsabilidade dos seus respetivos autores.
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