Revista Aprendiz 3

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APRENDIZ Revista

Ano 3 Número 3 Junho/2017

ISSN 2526-8317

APRENDIZAGEM PROFISSIONAL Oportunidade que transforma

EXPERIÊNCIAS

Pedagógicas, Empresariais e Projetos

ETERNO APRENDIZ Atualidades e Avanços

Aprendizagem Profissional e Cotas Sociais Caxias do Sul abre novos horizontes na Aprendizagem Profissional A ascensão da Aprendizagem Profissional Inserção social pela Lei da Aprendizagem: Experiências Exitosas


Expediente

Ano 3 - Nº 3 - Junho de 2017 A Revista Aprendiz é um dos veículos oficiais de comunicação da Aprendizagem Profissional no Rio Grande do Sul, representada pelo Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional - FOGAP, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego. Tiragem de 1000 exemplares. Periodicidade anual ISSN 2526-8317 Superintendência Regional do Trabalho e Emprego Antônio Carlos Fontoura Coordenação da Aprendizagem no Rio Grande do Sul AFT Denise Natalina Brambilla González FOGAP Coordenação AFT Denise Natalina Brambilla González Secretaria João da Luz Livia Menna Barreto Comissão de Comunicação João da Luz Livia Menna Barreto Lucas Costa Roxo Silvia Ramirez Paulo Antonio Panno

Conselho Editorial Livia Menna Barreto Lucas Costa Roxo Paulo Antonio Panno Simone Ledesma de Quadros João da Luz

Jornalista Responsável Paula Martins Projeto gráfico e editoração Evandro Marcon - marcon.brasil Comunicação Direta contato@marconbrasil.com.br

Impressão Gráfica Calábria Publicação da

SUPERINTENDENCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO DO RS

Av. Mauá,1013 - 4 andar - sala 407 - Centro Histórico 90010-110 - Porto Alegre - RS

Contato FOGAP www.forumgauchoap.com.br

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Os artigos são de responsabilidade dos seus respetivos autores.


4 Denise B. González Em foco

5 Lançamento do

Artigos

23 O caráter formativo da

Aprendizagem Profissional como princípio educativo

24 Aprendizagem

Profissional sob a ótica da acessibilidade

livro Aprendizagem em Prosa e Verso apoiado por AuditoresFiscais do Trabalho

25 Aprendizagem

politica de oportunidades

profissionalização na socioeducação

5 Sócioaprendizagem uma 6 TRT-RS sediou

audiência coletiva para incentivar o cumprimento da Lei do Aprendiz

que transforma

26 O direito à

27 Programa Aprendiz

Qualificação

34 A aprendizagem e as

47 Duas gerações

estimula protagonismo, liderança e cidadania aos Jovens Aprendizes do Rio Grande do Sul e demais estados do Brasil

caminho possível!”

35 Programa Ryla

Experiências pedagógicas

da UCPel revela potencial dos Aprendizes

51 Aprendizagem

Jovem Aprendiz: melhorando o atendimento aos clientes da Farmácia Panvel

51 Jenifer Bitencourt

29 Formação e

10 Entidades integrantes

do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional

Atualidade e avanços

18 Aprendizagem Profissional e as Cotas Sociais

19 Aprendizagem

Profissional e a atuação da Fiscalização do Trabalho no RS

20 Aprendizagem

Profissional e o papel da Auditoria Fiscal do Trabalho

21 Aprendizagem Profissional e empregabilidade

22 Caxias do Sul abre

novos horizontes à Aprendizagem Profissional

para a vida!

Aprendiz: uma experiência inédita no Instituto Psiquiátrico Forense

9 Inserção social pela FOGAP

50 É uma conquista

50 Uma das experiências

28 A juventude e

Lei da Aprendizagem: experiências exitosas

Eterno Aprendiz

a pedagogia salesiana

8 A ascensão da

Aprendizagem Profissional

48 Projeto Pescar Marelli 49 “Aprendizagem, um

36 O jovem aprendiz e

38 Projeto Integrador

Entrevista

aprendendo nos Correios

Legal : uma oportunidade para os jovens

37 Mostra de Talentos

Guiana e Suriname

universo da aprendizagem para pessoas com deficiência

janelas de possibilidades: os jovens do CPCA e suas conquistas como inspiração para os colegas

28 Programa Jovem

7 Missão brasileira em

47 SLC Agrícola e o

a problemática do sistema prisional

mais incríveis que já tive em minha vida

Profissional como oportunidade para quem quer e precisa mudar trabalha como aprendiz na secretaria da Escola Novo Lar

aprendizagem no meio rural: vivências e oportunidades

39 Design gráfico

como ferramenta de comunicação visual

52 Ex-aprendizes e

Aprendizagem Profissional de Caxias do Sul: origem e caminhada rumo ao Fórum Regional de Aprendizagem Profissional

jovem rural?

52 Quando uma porta se

Aprendizagem Profissional

53 O aprender contínuo

Violência Não Combinam"

que Transforma

30 Grupo de Trabalho da

31 Programa de

Erradicação do Trabalho Infantil: sua efetivação frente à realidade do trabalho infantil na agricultura familiar

32 Trabalho infantil e

saúde, uma combinação nefasta: reflexões sobre crianças e adolescentes trabalhadores

33 Uma reflexão sobre

a importância dos elementos socioculturais na aprendizagem profissional

40 Qual o papel do

41 Um novo olhar sobre a

Índice

Editorial

trajetórias de sucesso

fecha, o Espro abre outra transformando vidas

42 Projeto Pescar participa 53 Oportunidade da Campanha "Namoro e Experiências de Projetos

43 Laboratório de

Práticas Administrativas

44 Do Programa Aprendiz Cooperativo do Campo à Cooperativa Escolar de Aprendizagem Teutônia

45 11 anos do Centro

Registro

54 Momentos da Audiência

Pública no Lançamento da 2a edição da Revista Aprendiz, Ação Social no Combate ao Trabalho Infantil e o Lançamento do Livro Prosa e Verso

de Recondicionamento de Computadores

46 Aprendizes do

povo, da cultura, do autoconhecimento e do profissionalismo

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Editorial

Denise Brambilla González

A

o longo de setenta e quatro anos a Aprendizagem Profissional se consolidou em todo o País como o caminho eficiente para nossos jovens. Ao lado das entidades formadoras, empresas e administração pública das três esferas asseguramos “oportunidade que transforma”, primeiramente a trajetória dos adolescentes e jovens de quatorze a vinte e quatro anos, depois refletindo logo adiante melhoria de vida individual e da população. Esta Revista APRENDIZ é mais uma parte do compromisso público que marca as reuniões de Coordenação e as Plenárias do Fórum Gaúcho da Aprendizagem Profissional – FOGAP. O material destina-se a todos os operadores do Direito do Trabalho, gestores públicos e privados e para os próprios adolescentes e jovens. Mas seu alcance vai além:

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busca subsidiar nossa sociedade de informações legais e experiências exitosas que poderão ser imitadas como “boas práticas”, tornando nossa convivência melhor. Nesta publicação, apresentamos informações relevantes sobre a exigência do Artigo 429 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. É possível conferir o nome dos Diretores e Coordenadores Nacionais de Combate ao Trabalho Infantil; de Inserção de Pessoas com Deficiência e Inserção de Aprendizes no mundo do trabalho. Como também aqueles que executam a orientação e concretização da norma no Rio Grande do Sul. Disponibilizamos a caracterização de todas as Entidades Formadoras de Aprendizagem Profissional deste Estado e o contato de seus representantes.

Denise Brambilla González Auditora Fiscal do Trabalho Coordenadora da Aprendizagem no Rio Grande do Sul

Não poderíamos deixar de dar um destaque especial aos protagonistas de todo este movimento – os próprios Aprendizes – com uma seção especial para seus depoimentos. Esperamos que a Revista APRENDIZ seja de grande proveito para sua consulta. Do acesso à informação através de ações como essa publicação.

Conte com o FOGAP para o fortalecimento e o prestígio saudável de nossos jovens. Temos certeza de que estamos no caminho certo de nossa caminhada, quando verificamos que a transformação para o bem ocorre, não somente para o jovem, mas também à sociedade e a todo aquele que oportuniza essa transformação. Uma boa leitura.


Em foco

Lançamento do livro Aprendizagem em Prosa e Verso apoiado por AuditoresFiscais do Trabalho

Em foco

Grande do Sul - Fogap. Na ocasião, durante a sessão de autógrafos, houve apresentação da Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul.

O livro Aprendizagem em Prosa e Verso foi lançado dia 13 de novembro, às 13 horas, durante a Feira do Livro de Porto Alegre, na capital gaúcha. A publicação foi apoiada pela Superintendência Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul - SRTE/ RS e pelo Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional do Rio

O livro fez parte de um projeto pioneiro desenvolvido pela SRTE/RS e pelo Fogap com a participação de entidades formadoras de aprendizagem profissional. O projeto visa o envolvimento da juventude na criação de uma literatura urbana, com histórias de reflexão, que trazem lições de vida inspiradas no seu cotidiano. w w w. s i n a i t . o rg . b r / s i t e / n o t i c i a View/13584/rs. Acessado em 11 de novembro de 2016.

Sócioaprendizagem uma politica de oportunidades

Relações Institucionais do Fórum Municipal de Aprendizagem Profissional de Porto Alegre A partir de 2013, a aprendizagem passa a ser a conexão entre as políticas dos dois Ministérios M.T.E e MDS, após intensas discussões em âmbito nacional na Conferência Nacional de Assistência Social que reconhece a importância da aprendizagem para o público da assistência, por meio da Lei 12.868, de 13 de outubro de 2013, regulamentada pelo Decreto 8.242, de 23 de maio de 2014, art.38 § 2º e inciso II, que altera a Lei 12.101, de 27 de março de 2009 e inclui a Aprendizagem Profissional dentro da Política de Assistência Social, conforme evidencia o art. 18 § 2º, II. Esforços por parte da sociedade civil, governo e as entidades de assistência social, bem como as entidades sem fins lucrativos, que atuam

na área da assistência social e que desenvolvem de forma planejada, permanente, continuada e gratuita, conjuntamente com outras áreas de atuação, visando ações socioassistenciais aos parâmetros no que tange o Programa de Aprendizagem Profissional.

Reunião do FORMAP com o Ministério Público para tratar a respeito do projeto que visa atender os adolescentes acolhidos de Porto Alegre

Programa de aprendizagem profissional para adolescentes acolhidos O Ministério Público da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Porto Alegre(MP), representado pela Promotora de Justiça da Infância e Juventude, Cinara Vianna Dutra Braga; Ministério Público do Trabalho da 4º Região(MPT), representado pela Procuradora do Trabalho, Patricia Sanfelice; Ministério do Trabalho (MTb), representado pela Auditora Fiscal do Trabalho, Denise Brambilla González; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA); Fórum Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente (FMDCA) e Fórum Municipal de Aprendizagem Profissional de Porto Alegre (FORMAP), estiveram reunidos no dia 18 de maio de 2017, no Ministério Público, para tratar do projeto piloto, que visa atender adolescentes do acolhimento institucional no Programa de Aprendizagem Profissional. A proposta deste projeto prevê atender 50 adolescentes acolhidos de Porto Alegre, por meio da inclusão social, possibilitando à eles subsídios para construírem à sua própria autonomia como sujeitos ativos da própria história.

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Em foco

TRT-RS sediou audiência coletiva para incentivar o cumprimento da Lei do Aprendiz O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), o Ministério Público do Trabalho (MPT-RS), o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e o Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional promoveram no dia 6 de maio, às 14h, uma audiência coletiva sobre a Lei do Aprendiz. O evento aconteceu no Plenário do TRT-RS (Av. Praia de Belas, nº 1.100, Porto Alegre). Foram convocadas para a audiência 369 empresas que até fevereiro deste ano não cumpriam a cota mínima legal de aprendizes no Estado, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados e a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). O objetivo da iniciativa foi esclarecer os empregadores sobre o dever legal e social da contratação de aprendizes, de forma a incentivar a observância da legislação. Na ocasião foram apresentados, como exemplos positivos, os programas de aprendizagem das empresas Unesul e Marcopolo. A Lei da Aprendizagem (10.097/2000) determina que as empresas de médio e grande porte contratem um número de aprendizes equivalente a um mínimo de 5% e um máximo de 15% dos trabalhadores existentes, cujas funções demandam formação profissional. Esses jovens devem ser inscritos pela empresa em cursos de aprendizagem, oferecidos pelo Sistema S (Sesi/ Senai/Senar/Senat/Sescoop), escolas técnicas e entidades sem fins lucrativos cadastradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Apesar da obrigatoriedade para empresas maiores, toda organização pode ter aprendizes, desde que o faça com rigorosa observação à lei. A norma é uma garantia de que o jovem não deixará os estudos pelo trabalho, já que exige a manutenção da educação formal, além da técnico-profissional.

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De acordo com a legislação, a contratação tem um prazo determinado de, no máximo, dois anos. Para participar, os jovens devem ter mais de 14 anos e menos de 24, e precisam ter concluído ou estar cursando o ensino fundamental ou médio. Dessa forma, fica garantida a uma parcela significativa dos jovens brasileiros a necessária qualificação para acessar postos de trabalho que demandam profissionais cada vez mais habilitados. Para as empresas, além de aumentar a oferta de mão de obra capacitada, proporciona a formação de jovens trabalhadores mais comprometidos com a cultura empresarial de quem os contrata. Ao adotar a lei, os empresários também promovem a inclusão social, oferecendo aos jovens a oportunidade do primeiro emprego. No Brasil, o trabalho é totalmente proibido até os 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14. Assim, a aprendizagem é uma das maneiras de se enfrentar a precariedade do trabalho infantil e combinar educação e qualificação no trabalho, permitindo que os jovens tenham garantias trabalhistas, segurança e remuneração justa. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio - PNAD 2014 do IBGE, existem 3,3 milhões de crianças e adolescentes em situação irregular de trabalho no país. Deste número, 2,7 milhões são adolescentes entre 14 e 17 anos. Ou seja, 84% dos jovens estão trabalhando e 60% deles exercem atividades ilegais e perigosas, principalmente em indústrias e na agricultura. Secom/TRT4, com informações da Ascom/CSJT - www.trt4.jus.br


O Brasil esteve representado pela presença e participação da Coordenadora da Aprendizagem Profissional e Erradicação do Trabalho Infantil do Rio Grande do Sul e Auditora Fiscal do Trabalho, Denise Brambilla González, juntamente com a Coordenadora Nacional da Aprendizagem Profissional,Taís Arruti Lyrio Lisboa e o representante da OIT, na missão brasileira nos países de Guiana e Suriname realizado entre os dias 10 a 17 de maio de 2017. Denise e Tais foram recebidas pelos Ministros do Trabalho, da Educação e pela embaixada brasileira dos dois países, dentre eles Soewarto Moestadja, Marcelo Baumbachi, Gisele Stienstra e Miriam Leitão. A missão teve como objetivo, apresentar as “boas práticas” exercidas pelo Ministério do Trabalho por meio dos Auditores Fiscais do Trabalho do Brasil no

Combate e na Erradicação do Trabalho Infantil. Como estratégia principal a Aprendizagem Profissional, que se constitui atualmente um programa voltado para adolescentes e jovens brasileiros, na busca ao acesso e integração no mundo do trabalho, transitando da condição de vulnerável à condição de trabalhador, por meio de processos formativos que compõem o desenvolvimento da capacidade de agir cada vez mais e com maior autonomia, discernimento e responsabilidade na vida comunitária, social e econômica.

Em foco

Missão brasileira em Guiana e Suriname

Denise N.B. González, Coordenadora da Aprendizagem Profissional e Erradicação do Trabalho Infantil do Rio Grande do Sul

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Entrevista

A ascensão da Aprendizagem Profissional

Renato Barbedo Futuro Auditor Fiscal do Trabalho aposentado

Início da década de 90, embora a legislação especifica vigente, a aprendizagem não decolava. De um lado os quadros insuficientes de fiscais e a consequente priorização de outras demandas, de outro o evidente desinteresse do sistema S em incentivar os cursos de aprendizagem. Na maioria das vezes SENAI e SENAC (o SENAT ainda não havia sido constituído e, o SENAR, era diretamente vinculado ao Executivo). Diante das notificações da fiscalização, expediam as famosas “cartas de isenção”. Também constituíam entraves a lista restritiva dos ofícios que demandavam formação profissional, a distribuição geográfica das escolas do sistema S, os poucos cursos de aprendizagem oferecidos pelo sistema e o percentual variável (5 a 15%) de atenção ao dispositivo legal.

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Nossa estratégia foi: designar auditores fiscais comprometidos com o projeto para participar dos Conselhos

do SENAC (Roberto V.S. de Azevedo) e SENAI (Renato B. Futuro), o que necessitou da compreensão da direção da então Delegacia Regional do Trabalho e Emprego do RS (DRT/RS). Agir junto aos conselhos, e, especialmente, diretorias executivas daquelas entidades, infundindo a ideia do prestigio da aprendizagem formal e desenvolvendo o trabalho em sintonia com a fiscalização. A busca desse entrosamento resultou no compromisso tácito do SENAI/ SENAC em dois pontos fundamentais: limitar as cartas de isenção a situações específicas, e fixar o percentual(cota) de aprendizagem em 5% do total de empregados das empresas notificadas, independentemente dos cargos demandarem formação profissional, como disposto em regulamentação específica. De posse da listagem dos cursos de aprendizagem oferecidos pelas entidades, bem como o número de vagas e a cobertura de emprego dos aprendizes já matriculados em algum desses cursos, com base em cadastro de empresas extraídas do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho (Sfit), passamos a notificar as empresas para verificação do cumprimento da legislação. Detalhe: a notificação era enviada pelo correio e o atendimento das empresas era feito na sede da então DRT/RS.

Todo processo era realizado por apenas um colega fiscal. Os resultados, surpreendentes até para nós, possibilitaram alargar os horizontes, estendendo o trabalho para outros municípios, especialmente Caxias do Sul, onde a colega Denise N.B. Gonzalez “abraçou “ a causa com grande empenho e sucesso. Em 2 anos, 1991 e 1992, o trabalho resultou na cobertura formal (emprego e curso de aprendizagem) de mais de 12.000 jovens, um sucesso enorme. É de se ressaltar, ainda, que, com o refinamento do trabalho e entrosamento com as entidades do sistema S, corrigimos algumas distorções do processo, especialmente a aprendizagem no próprio emprego, que, em muitos casos, de aprendizagem não tinha nada. Conseguimos abranger o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que diz que o adolescente tem direito ao ensino formal, ao ensino profissional e ao lazer. Então, com até três turnos ocupados. É um breve relato do pontapé inicial de um trabalho que vem sendo aprimorado e muito bem conduzido pela colega Denise N. B. Gonzalez e sua equipe no Ministério do Trabalho. Sem esquecer, é claro de tantas outras entidades que têm dado sua colaboração nesse processo.


Inserção social pela Lei da Aprendizagem: experiências exitosas

Dulce Martini Torzecki Procuradora do Trabalho Gerente do Eixo Aprendizagem Coordinfância - MPT

A contratação de um empregado aprendiz tem parâmetros legais na Lei 10.097/2000,que alterou vários artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e foi regulamentada pelo Decreto 5598/2005. Vivenciamos ainda, contudo, dúvidas quanto à implantação da lei de aprendizagem, razão pela qual fóruns de debate e articulação de ações são fundamentais para a efetividade da legislação. Este artigo pretende contribuir com o debate no Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional, destacando aspectos recentes do tema.A obrigação de empregar e matricular aprendizes, estabelecida no art. 429 da CLT, é de caráter genérico, abrangendo todos os ramos de atividade econômica. A oferta especial, que hoje denominamos “cota social”, está prevista no § 2º, determinando que as empresas ofertarão vagas de aprendizes a adolescentes usuários do Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo (SINASE). O Decreto 8740, de 04/05/2016, estabeleceu o cumprimento alternativo da cota para aquelas empresas que não têm condições físicas ou estruturais de manter os aprendizes em seu estabelecimento, reforçando, portanto, a cota social prevista no artigo 429. Essa contratação especial poderá ocorrer a partir de convênios com órgãos públicos, organizações da sociedade civil e unidades do SINASE, para que os jovens contratados tenham a experiência prática da aprendizagem nesses locais. No Rio de Janeiro foi criada em novembro/2016 uma Comissão Interinstitucional do Estado do Rio de Janeiro para a Aprendizagem – CIERJA, integrada pelos seguintes órgãos: Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público do Estado, o Tribunal de Justiça do Estado, o Tribunal Regional do Trabalho, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, a Associação dos Magistrados do Trabalho da Primeira Região e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Esta comissão atua com o objetivo específico de proporcionar qualificação profissional por meio de contratos de aprendizagem a adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica, em situação de acolhimento institucional e em cumprimento de medida socioeducativa.

É um exemplo de atuação integrada que está resultando em oferta de diversos cursos aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas - sejam elas de internação, semiliberdade ou liberdade assistida -, cuja condição não deve seguir invisível para a sociedade. Além dos cursos de aprendizagem profissional ministrados há muitos anos, com adolescentes da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul (Fase-RS), outros projetos merecedores de destaque são desenvolvidos em Salvador, em Campo Mourão-PR, em Porto Velho (Se a vida ensina, eu sou aprendiz) e em Belo Horizonte (Trampolim). O Ministério Público do Trabalho, em conjunto com outros órgãos, vem atuando pela efetividade do direito à formação profissional, garantido ao adolescente pelo artigo 227 da Constituição. Dificuldades como baixa escolaridade e evasão ainda são desafios a serem vencidos pelo tripé família, sociedade e Estado. No contexto da doutrina da proteção integral e da prioridade absoluta estamos buscando manter nossos adolescentes longe da marginalidade e da precarização, com qualificação técnico-profissional e direitos trabalhistas reconhecidos.

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FOGAP Entidades integrantes do Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional

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Ministério do Trabalho

Atual Superintendente Regional do Trabalho-Substituto, Antônio Carlos Fontoura, natural de São Caetano do Sul/SP, Administrador e Servidor Federal desde 2010. O Ministério do Trabalho possui como missão a promoção do trabalho, emprego e renda e a garantia das condições dignas do trabalhador, por meio de políticas públicas participativas e sustentáveis, para o bem individual e o desenvolvimento econômico e

O Ministério Público do Trabalho (MPT), um dos ramos do Ministério Público da União, é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do estado. O MPT tem autonomia funcional e administrativa e, dessa forma, atua como órgão independente dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Os procuradores do Trabalho buscam dar proteção aos direitos fundamentais e sociais do cidadão diante de ilegalidades praticadas na seara trabalhista. O MPT atua em oito áreas prioritárias: 1ª) Promover a igualdade de oportunidades e combater a discriminação nas relações de trabalho; 2ª) Erradicar a exploração do trabalho da criança e proteger o trabalhador adolescente; 3ª) Erradicar o trabalho escravo e degradante; 4ª) Garantir o meio ambiente do trabalho seguro e saudável; 5ª) Eliminar as fraudes trabalhistas; 6ª) Combater as irregularidades na administração pública; 7ª) Proteger o trabalho portuário e aquaviário; 8ª) Garantir a liberdade sindical e buscar pacificar conflitos coletivos de trabalho. Procurador-chefe do MPT no Rio Grande do Sul, Procurador do Trabalho, Rogério Uzun Fleischmann

Criado em 1942, com o objetivo de formar recursos humanos e promover o desenvolvimento e aprimoramento da indústria nacional, o SENAI é o maior complexo de Educação Profissional da América Latina. Atua na capacitação de profissionais e no aperfeiçoamento de produtos e processos industriais. Atua nas áreas de Alimentos e Bebidas, Automação, Automotiva, Celulose e Papel, Construção Civil, Couro e Calçados, Eletroeletrônica, Energia, Gemologia e Joalheria, Gestão, Gráfica e Editorial, Logística, Madeira e Mobiliário, Meio Ambiente, Metalmecânica, Metrologia, Mineração, Petróleo e Gás, Polímeros, Química, Refrigeração e Climatização, Segurança no Trabalho, Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Têxtil e Vestuário. Possui atualmente 25.000 matrículas na aprendizagem Industrial. O SENAI-RS capacita, anualmente, mais de 20 mil jovens. Diretor Regional, Carlos Trein

"Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo é a missão do Senac-RS, que contribui, há mais de 70 anos, para o desenvolvimento do setor terciário gaúcho. Braço educacional do Sistema Fecomércio-RS, capacitamos mais de 20 mil pessoas por ano, através do Programa Senac de Gratuidade – PSG. O objetivo principal do PSG é promover a inserção profissional, através de cursos de qualificação gratuita. As turmas de Aprendizagem Comercial envolvem os alunos em 1.110 horas de atividades curriculares, das quais 480 horas se referem à capacitação teórica e outras 620 à prática profissional supervisionada, realizada nas dependências da empresa. Todas as capacitações estão alinhadas às demandas do mundo do trabalho." Diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa

O Sescoop/RS é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, constituído sob o estatuto do serviço nacional autônomo. É integrante do Sistema Cooperativista Nacional e suas responsabilidades sociais evidenciam-se na ênfase conferida as atividades capazes de produzir efeitos socioeconômicos condizentes com os objetivos do Sistema Cooperativista. Entre as funções do Sescoop/RS destacam-se organizar, administrar e executar o ensino de formação profissional para as cooperativas; fomentar o desenvolvimento e promoção dos trabalhadores e dos associados das cooperativas; operacionalizar o monitoramento, a supervisão, a auditoria e o controle das cooperativas; programas voltados à capacitação para gestão cooperativa e promover a cultura e a educação cooperativas.

Presidente, Vergilio Perius


social do País. Busca o fortalecimento dos valores sociais, através da ampliação da inserção do trabalhador no mundo do trabalho, o fomento de oportunidades de trabalho decente, emprego e renda. Integrando-se ao FOGAP com as demais entidades e atores sociais, visa também a um ambiente de excelência para a inclusão produtiva, educativa, profissional e responsável dos nossos jovens.

O SENAR-RS atua com Aprendizagem Rural desde 2004, oferecendo, de maneira gratuita, o Programa Jovem Aprendiz, que varia de 400 a 1200 horas de ensinamentos focados na formação profissional rural. Nesses 13 anos de duração, o Programa JovemAprendiz formou mais de 1900 jovens cotistas, distribuídos em 19 municípios do RS, sendo o SENAR uma das Instituições pioneiras naAprendizagem Rural no Brasil. Buscamos com a Aprendizagem garantir o futuro do agronegócio gaúcho, com a formação de uma mão de obra qualificada e preparada para atender às novas demandas do trabalho no meio rural. Sempre que o SENAR-RS se depara com jovens que tenham essa necessidade de capacitação, não poupamos esforços em prepará-los para um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Ademais, além dos conhecimentos profissionalizantes específicos, buscamos desenvolver nesses jovens, conceitos e comportamentos focados no comprometimento e na responsabilidade em produzir o alimento que chega à mesa dos brasileiros. www.senar-rs.com.br

A Escola Técnica Mesquita possui 51 anos de existência. Tem como instituição mantenedora o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Porto Alegre e Região Metropolitana. Portanto, uma instituição concebida e construída pelas mãos e sonhos de trabalhadores. Atua em três Eixos: Educação Profissional (Cursos Técnicos em Eletrônica, Mecânica, Automação Industrial e Informática) e os cursos de Qualificação Profissional; Programas e Projetos de Inclusão Social e Economia Solidária. Atualmente, atendemos 200 jovens aprendizes nos cursos de Atendente de Nutrição, Assistente Administrativo, Atendimento ao Público, Auxiliar de Manutenção em Elétrica e Eletrônica, Auxiliar de Manutenção de Máquinas em Geral em Caldeiraria e Ajustagem. Já concluíram os cursos de aprendizagem cerca de 1.300 jovens.

Superintendente, Gilmar Tieböhl

Diretor, Jurandir Damin

Comprometida com o ensino e a educação, a SETREM busca a promoção dos valores humanos, da postura ética e do espírito cristão. No Ensino Profissionalizante, oferece os cursos de Agropecuária, Comunicação Visual, Design de Móveis, Enfermagem, Informática, Manutenção Automotiva e Vendas. “Comprometida com a produção do conhecimento, a SETREM é uma instituição acolhedora, organizada e empreendedora. A educação de qualidade, conectada às transformações sociais, culturais, científicas e tecnológicas, mostra excelentes resultados. Nosso Ensino Médio está, pelo 2º ano seguido, no TOP 20 do ENEM, no RS, e conquistamos o 1º lugar entre as Faculdades da região Noroeste, pelo 4º ano consecutivo (IGC – MEC). Alcançamos alta empregabilidade no Ensino Profissionalizante, constituímos importantes parcerias com empresas e geramos muitas oportunidades à comunidade, através do Programa de Aprendizagem SETREM.

2017 traz a marca de 65 anos dedicados à educação e formação de crianças e jovens. Atuando na Educação Básica, Turno Integral, Cursos Técnicos em Agropecuária, Informática, Administração, Serviços Jurídicos, Eletrotécnica e Eletromecânica, com mais de 1750 técnicos formados, para além de atividades esportivas e culturais, no ano de 2012 a instituição passou a oferecer Programas de Aprendizagem com as cooperativas e empresas locais. Capacitaram-se, até o momento, 572 aprendizes. Mais do que números, o programa transforma realidades. A correlação entre Colégio, estudantes e mundo do trabalho considera a relevante importância do ser e conhecer para fazer. Determinados seguimos atuantes, como instituição formadora, na promoção da vida a partir da conhecimento.

www.setrem.com.br

Diretor, Jonas Rückert

Diretor Geral, Sandro Ergang

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FOGAP A Ação Comunitária Paroquial - ACOMPAR é uma instituição de caráter filantrópico, situada na Vila Santa Rosa, na Zona Norte de Porto Alegre, fundada em 05/05/1967 pelo Pároco Luiz Conte. Nossa missão é desenvolver um trabalho com as famílias em situação de vulnerabilidade social através dos serviços e projetos oferecidos pela instituição. Atendemos um número aproximado de 914 crianças/adolescentes e jovens/adultos em seis núcleos de atendimento. O trabalho com adolescentes/jovens é realizado no Núcleo quatro, com 34 adolescentes no SCFV II: nas modalidades de Serigrafia e Embelezamento Pessoal; 78 adolescentes no Programa Adolescente Aprendiz, nos cursos de Serviços Administrativos e Bancários; 120 jovens/adultos, no curso de Mercado de Varejo, Logística e Empreendedorismo.

O Centro de Educação Profissional São João Calábria atua desde 1962 em Porto Alegre-RS na formação integral de crianças e adolescentes, na qualificação profissional de jovens e no acolhimento institucional de crianças e idosos. Em 2016, atendeu 2.561 beneficiários, destes 1.421 frequentaram dez modalidades de cursos profissionalizantes. A aprendizagem contribuiu eficazmente para que centenas de jovens acessassem os cursos e a formação integral por meio do 'Educar, semeando esperança', causa estratégica da instituição. Desde 2016, o Calábria assumiu também a gestão do Centro de Promoção da Infância e da Juventude , na Restinga, atendendo cerca de 1.400 beneficiários. Ofertados cursos de iniciação ao trabalho. É intenção do Calábria ampliar a oferta para a qualificação profissional. Diretor-geral, Pe. João Pilotti

O Polo Marista de Formação Tecnológica é um espaço de promoção do ser humano, atenção e preservação do meio ambiente. Por meio de parcerias com empresas, instituições e governo, a Unidade Marista proporciona cursos e atividades formativas, além de contribuir ao desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável. Tem como base os valores cristãos e a formação cidadã.

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O complexo teve início em 2006 com o Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC), que compreende o trabalho de coleta, manutenção e reaproveitamento de peças eletrônicas em desuso. Em 2016, a Unidade que iniciou “com meia dúzia de computadores”, segundo a líder comunitária Maria Deloí, hoje atende cerca de 250 jovens e recondiciona cerca de seis toneladas de descartes eletrônicos por ano. Segundo Irmão Odilmar José Civa Fachi, “o Programa Jovem Aprendiz é uma grande possibilidade de formação e aprendizagem de jovens. A Instituição procura unir teoria à prática em busca da excelência na formação dos jovens para inseri-los no mercado de trabalho, driblando a exclusão e a desigualdade social”. Diretor, Ir. Odilmar Fachi

O Centro de Integração Empresa Escola - CIEE-RS é uma instituição de assistência social, privada, sem fins lucrativos, autossustentável, que promove através de iniciativas socioeducativas a integração do jovem ao mundo do trabalho. Entre outras ações o CIEE, juntamente com a Fundação Roberto Marinho, desenvolve o Aprendiz Legal, que é um programa de aprendizagem profissional voltado para a preparação e inserção de jovens no mundo do trabalho. Os cursos ofertados são: Ocupações Administrativas; Comércio e Varejo; Telesserviços; Logística; Práticas Bancárias; Telemática; Auxiliar em Alimentação; Conservação, Limpeza e Sustentabilidade Ambiental; Auxiliar de Produção; Turismo e Hospitalidade. Atualmente cerca de 6.100 aprendizes estão sendo beneficiados com o Aprendiz Legal no RS.

Superintendente Executivo, Luiz Carlos Eymael


O Centro Profissional para Cidadania, localizado à Rua Moreira Cesar, 1853, Bairro Pio X, Caxias do Sul, oferece cursos de Aprendizagem Profissional, na área da confecção, para adolescentes e jovens. Os cursos são oferecidos, gratuitamente, aos usuários, graças a parceria entre a Associação Murialdinas de São José, Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, através da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente. Tem como objetivo profissionalizar jovens e adolescentes, na área da confecção, além da profissionalização e inserção no mundo do trabalho, possibilitando o reconhecimento do trabalho e da educação como direito de cidadania. Diretora do Centro Profissional para a Cidadania, Irmã Maristela Galiotto

Para o Colégio Sinodal Progresso, o ano de 2017 é um ano de importantes conquistas. Marca os 141 anos dedicados à educação e formação de milhares de pessoas da Educação Infantil aos Cursos Técnicos. São mais de 900 técnicos formados, contribuindo para o desenvolvimento cultural, econômico e social de Montenegro e região. Neste contexto, em 2017, cadastra-se ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para oferta de Cursos em Programas de Aprendizagem, através de parcerias com empresas públicas e privadas. A Educação é o único caminho para o desenvolvimento de um lugar. Assim, através dos Programas de Aprendizagem ampliamos a conexão do colégio com a comunidade e o mundo do trabalho. Acreditamos que a educação e o conhecimento são agentes de transformação e promoção de uma sociedade sustentável. www.sinodal.com.br Diretor, Lorio José Schrammel

O Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis/CPCA, entidade de assistência social, mantida pelo Instituto Cultural São Francisco de Assis, promove a pessoa, através da garantia de acesso aos direitos e a proteção social. Atendendo as complexidades da assistência com centralidade na família, de maneira emancipatória, inovadora e de vivências da cultura da paz, destacando o Projeto Justiça Restaurativa. “A VIDA é Sagrada e está acima de qualquer opção” é um princípio que o colaborador incorpora na sua rotina diária. A aprendizagem profissional oferece os cursos de Cozinheiro Geral, apoio ao usuário de Informática e de Auxiliar Administrativo. Atende 230 adolescentes e jovens, sendo 19 deles, pessoas com deficiência.

Diretor-Geral, Frei Luciano Elias Bruxel

O Espro – Ensino Social Profissionalizante é uma instituição sem fins lucrativos que acredita que a educação e a assistência social são a base do desenvolvimento integral do ser humano e, por isso, seu trabalho é totalmente focado na transformação de vidas dos jovens, familiares e das comunidades onde vivem. Há quase 40 anos, atua com capacitação e inserção de jovens no mercado de trabalho por meio de programas como o curso gratuito Formação para o Mundo do Trabalho e o Programa de Socioaprendizagem que, juntos, contam com o apoio de 2.083 empresas parceiras. A instituição também desenvolve ações sociais voltadas às famílias e à comunidade, como as Oficinas de Geração de Renda. Em 2016, o Espro realizou mais de 83 mil atendimentos em todo o Brasil. Superintendente Executivo, Cláudio de Oliveira

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FOGAP Fundado em 23 de abril de 2015, o Instituto Crescer Legal tem o objetivo de oferecer subsídios para que o jovem permaneça e se desenvolva no meio rural, através de oportunidades de geração de renda e do desenvolvimento das habilidades e potencialidades. As alternativas de aprendizagem e profissionalização buscam fortalecer a capacidade de gestão sustentável da pequena propriedade rural, fundamental para milhares de famílias nos estados da Região Sul do Brasil. O Instituto surgiu por meio de uma iniciativa do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e suas empresas associadas e tomou forma com o apoio e adesão de pessoas e entidades envolvidas com a educação e com o combate ao trabalho infantil. Diretor Presidente, Iro Schünke

A INTEGRAR/RS ASSOCIAÇÃO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA ESCOLA, é uma associação sem fins lucrativos, de caráter não governamental, autossustentável e apolítica que teve suas atividades iniciadas em 2006, hoje se situa na Rua dos Andradas, 1276 no 9º andar, Centro - Porto Alegre/RS. A INTEGRAR/RS empenhada na inserção de Jovens Aprendizes no mercado de trabalho, oferece o curso de Ocupações Administrativas. Acreditamos que a aprendizagem deve incentivar novos conhecimentos num processo contínuo, aprender a conhecer na crença de que através de práticas e vivências, promove-se à concretização do desenvolvimento das competências pessoais e sociais, entendendo a educação como única possibilidade efetiva de mudar o amanhã.

Presidente, Luciano da Silva Teixeira

A Fundação Bradesco, fundada em 1956 por Amador Aguiar, é uma Instituição de Ensino que tem como objetivo proporcionar educação e profissionalização às crianças, jovens e adultos. Atualmente, com 40 escolas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, oferece aos alunos Cursos Técnicos e de Qualificação Profissional, além da Educação Básica de nível Fundamental e Médio. O Colégio Fundação Bradesco de Gravataí conta com Cursos Técnicos de Administração e Eletrônica, ambos vinculados ao Programa Nacional de Jovem Aprendiz. Desde 2012, os Aprendizes atuam nas Agências do Banco Bradesco e em empresas parceiras da região, contribuindo com a economia local e facilitando sua inserção no mercado de trabalho. “Cremos na educação como fator decisivo do desenvolvimento e instrumento indispensável à realização pessoal do ser humano.” Amador Aguiar. Diretora de Ensino, Adriana Mazzaferro Companhoni

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O Instituto Popular de Arte-Educação –IPDAE foi fundado em abril de 1998 na cidade de Porto Alegre. É uma associação sem fins lucrativos que acredita no acesso à leitura, à música, à arte e à cultura como instrumentos mediadores na formação, promoção e proteção do sujeito. Propõe atividades que possibilitam ao educando redimensionar e ampliar seus horizontes, bem como desenvolver suas potencialidades, promovendo a sociabilidade e proteção social, fomentando o protagonismo, autonomia e o acesso a direitos do público atendido. Fazem parte do IPDAE, a Biblioteca Leverdógil de Freitas e o Museu Comunitário da Lomba do Pinheiro, e a Escola de Música Sandberg, onde é ofertado os cursos: Flauta Transversal, Flauta Doce, Violino, Viola, Violoncelo, Contrabaixo, Piano, Oboé, Canto Coral e Teoria e Percepção Musica, visando a educação formativa e continuada. www.ipdae.com.br

Diretora Presidente, Fátima Flores Jardim


A Legião Franciscana de Assistência aos Necessitados (LEFAN), projeto social da Associação Literária São Boaventura, dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul, existe há mais 50 anos e sempre atenta às demandas sociais, lançou o Programa de Aprendizagem Profissional denominado “Caia na Rede”. O programa tem como proposta, oportunizar aos jovens, em situação de vulnerabilidade social, formação e inserção profissional, aliando o conteúdo teórico com a vivência profissional, e tem como principal diferencial atender àqueles em cumprimento de medidas socioeducativas, devido ao acometimento de um ato infracional. Para estes jovens, participar deste programa é uma oportunidade de construir novos projetos de vida. Site:http://capuchinhos.org.br/lefan Vice Presidente, Frei José Lagni

O Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente - MDCA tem sede na Avenida Antonio Carvalho, 535, Porto Alegre/RS. A prioridade é dada para usuários em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social. Os programas vigentes são: Apoio Pedagógico, executado em parceria com escolas estaduais; Serviço Comunitário e Fortalecimento de Vínculos; Programa de Aprendizagem Profissional e Programa de Fortalecimento de Vínculos às Famílias da comunidade. O Programa Adolescente Aprendiz conta com 125 integrantes de 15 a 18 anos incompletos. Os cursos são de práticas bancárias e serviços administrativos que acontecem simultaneamente no MDCA e nas entidades parceiras. O MDCA realiza atendimento sócio-familiar, acompanhamento escolar, bem como visitas periódicas aos locais de prática dos aprendizes.

Instituto Brasileiro PróEducação, Trabalho e Desenvolvimento - ISBET foi criado em 02 de agosto de 1971, por um grupo de educadores, preocupados em implantar a LDB 5692. Com o lema “Educação para o Trabalho” e a missão de promover o bem-estar social, o ISBET, ao longo destes 43 anos, já capacitou e inseriu no mercado de trabalho mais de cinco milhões de jovens em situação de vulnerabilidade social através de estágios e do programa Jovem Aprendiz. Hoje o ISBET encontra-se com mais de 20 unidades, em nove estados e no Distrito Federal. Sabemos que precisamos crescer muito, e contamos com a ajuda de nossos parceiros: Empresas e Entidades, que como nós, acreditam que plasmar a juventude dentro dos padrões de cidadania e autoestima elevada, é a forma para construir um país melhor e mais justo.

Superintendente Executivo, Luiz Guimarães Mesquita

O Instituto Leonardo Murialdo é uma sociedade civil, beneficente, educativa, cultural e de assistência social, com sede e foro em Caxias do Sul. Os cursos de aprendizagem oferecidos são: Auxiliar Administrativo Empresarial, Assistente Administrativo Bancário, Assistente Administrativo Hospitalar, Auxiliar de Alimentação Hospitalar e Auxiliar de Limpeza e Higienização Hospitalar. O número de aprendizes hoje na Instituição é de 214 em cursos de Aprendizagem. “O foco da Rede de Ação Social Murialdo é continuar inovando em nossos serviços de alta, média e pequena complexidade. Acredito que com o apoio e solidariedade de todos os parceiros, garantiremos o acesso de muitos adolescentes e jovens ao mundo do trabalho, através da ética e transparência profissional”, diz o Diretor.

Diretor, Irmão Alecson Marcon

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FOGAP

Com a missão de educar, promover, amar e evangelizar, com competência, preferencialmente as crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, valorizando a família e vislumbrando o Sistema Preventivo de São João Bosco, surge, em 1957, a Associação de Recuperação do Menor, em Viamão, RS. O Novo Lar atua no combate das desigualdades sociais, auxiliando crianças, adolescentes, jovens e famílias na promoção humana e na qualificação profissional, em um ambiente educativo de formação integral e permanente, fundamentando nos ensinamentos de Dom Bosco. Com o Programa Jovem Aprendiz já foram encaminhados para o mercado de trabalho, desde 2010, mais de 400 jovens, capacidades a responder com responsabilidade e criatividade as exigências do mercado de trabalho. Diretor, Padre. Tarcízio Odelli

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A Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio foi criada em 1895, para amparar as viúvas e os filhos das vítimas da Revolução Federalista. Com a morte do fundador, Cônego Marcelino Bittencourt, a arquidiocese passou a Fundação à Congregação Lassalista. Mais tarde, voltou o atendimento às crianças e adolescentes órfãos. Atualmente, atende em seus projetos 1,3 mil crianças, adolescentes e jovens em pobreza absoluta e alto risco social. Sua missão é potencializar o desenvolvimento integral dessas crianças e adolescentes numa perspectiva solidária, construída por meio de práticas socioeducativas. Desde o início, a Fundação mantém seu trabalho com arrecadação financeira oriunda prioritariamente de empresas e da sociedade civil. Alguns dos principais projetos são: Centro de Atendimento Integral (CATI), Centro de Educação Profissional Jovem Aprendiz (CEP), Acolhimento Institucional e Programa de Oportunidades e Direitos (POD).

Diretor-Geral, Ir. Albano Thiele

A Pequena Casa da Criança, fundada há 60 anos,na Vila Maria da Conceição em Porto Alegre, Bairro Partenon, desenvolve desde o seu início, programas de ensino e aprendizagem, que favorecem apopulação mais necessitada do seu entorno e das proximidades. Seus programas e projetos, visam atender a população que vive em vulnerabilidade social, de modo especial os mais carentes. Oferecer oportunidades de trabalho é um primeiro passo, mas preparar as pessoas para que estejam aptos ao emprego, é gratificante e isto sentimos quando as pessoas vem afirmar: “Foi nesta Instituição que me tornei gente”. “Foi nesta casa que iniciei meu primeiro emprego”. Crianças que foram atendidas pela Instituição e, hoje, são bem sucedidas na vida, confirmam isso. Portanto, vale investir na capacitação das pessoas e acreditar no seu potencial, favorecendo a elas,melhores oportunidades de sobrevivência.

A Fundação Projeto Pescar promove o desenvolvimento e a inclusão de 2 mil jovens/ano no mundo do trabalho. Isso só é possível em parceria com empresas e organizações empenhadas em dar a sua contribuição para incorporar à sociedade os milhões de adolescentes que chegam à idade produtiva sem uma ocupação ou perspectiva de emprego formal.

www.pequenacasa.org.br

Presidente, Edgar Bortolini

Presidente, Ir. Pierina Lorenzoni

Além de melhorar a comunidade em que estão inseridos, os integrantes da Rede Pescar têm a certeza de oferecer caminhos para o desenvolvimento das pessoas. Isso porque os participantes dos cursos socioprofissionalizantes gratuitos constroem novas relações nas empresas em que é oferecida essa primeira oportunidade, e o Programa Social Pescar os deixa mais qualificados para enfrentarem os desafios pessoais e profissionais de seus projetos de vida. www.projetopescar.org.br


A Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração - RENAPSI demonstra vocação no atendimento ao Jovem há mais de 20 anos. Iniciou atividades em Goiás e, atualmente, encontra-se representada em sete Estados brasileiros, com sede no Distrito Federal. A RENAPSI atua, historicamente, em três frentes relevantes para transformação social: a promoção do jovem por meio do trabalho, a prevenção e tratamento de usuários de drogas e o fortalecimento da Aprendizagem ‒ como ação de política pública nacional para a juventude ‒, por meio da Rede Pró-Aprendiz (RPA). Com parcerias públicas e privadas, a RENAPSI já executou projetos de qualificação profissional nas áreas de serviço, comércio e indústria, tendo atendido mais de 20 mil jovens e adultos, nos últimos cinco anos. Conselheiro Presidente, Lucas Vieira da Silva Meira

A Associação Reviver, localizada em Canoas, é uma instituição sem fins econômicos que tem por objetivo promover a inclusão social de jovens em situação de vulnerabilidade pessoal e/ou social através de cursos de aprendizagem profissional validados pelo Ministério do Trabalho e Emprego - M.T.E. Desenvolve o Programa Jovem Aprendiz desde o ano de 2005 em todo o estado do Rio Grande do Sul. Atualmente possuí mais de 200 aprendizes em parceria com diversas empresas. Cursos Disponíveis: Aprendizagem Básica em Gestão Hospitalar; Aprendizagem em Higienização de Serviços de Saúde; Aprendizagem em Manicure e Pedicure; Aprendizagem em Telemarketing; Assistente Administrativo II; Auxiliar de Cozinha; Cobrador de Transporte Coletivo; Garçom; Guia Turístico; Operador de Computador; Organizador de Eventos; Porteiro.

Presidente, Maria Helena Riquinho dos Santos

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Atualidade e avanços 18

Falar sobre aprendizagem profissional é para mim muito prazeroso, pois em 1998, ainda com 16 anos, fui menor aprendiz na COAMO, uma cooperativa agropecuária da minha cidade natal, Campo Mourão, no Paraná. Depois fui contratado como funcionário efetivo e ainda trabalhando na cooperativa iniciei minha primeira faculdade. Desde a Lei 10.097 e o Decreto 5598 já foram inseridos no mercado de trabalho, pela aprendizagem, 2.250.693 adolescentes e jovens. De 57.231 inserções anuais em 2005, o Brasil chegou a 2015 com 401.747 contratações no ano, conforme dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Podem ser citados como exemplos de sucesso dois projetos desenvolvidos no Rio de Janeiro, sob a coordenação do Auditor Fiscal do Trabalho Ramon Faria Santos, que levaram dignidade a muitos jovens e facilitaram o cumprimento da cota pelas empresas obrigadas. O primeiro projeto, chamado de Jovem Aprendiz do Desporto – JADE, formou 455 aprendizes, que tiveram contratos firmados com sete empresas obrigadas a contratar aprendizes e desenvolveram suas atividades práticas durante o período de preparação e realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Já o segundo projeto, que ainda está em andamento, teve como

Aprendizagem Profissional e as Cotas Sociais João Paulo Ferreira Machado Auditor Fiscal do Trabalho, Diretor do Departamento de Fiscalização do Trabalho da Secretaria de Inspeção do Trabalho, Ministério do Trabalho

foco os menores que cumprem medidas socioeducativas no Rio de Janeiro. 330 jovens foram contratados por quatro empresas dos ramos de asseio e conservação e alimentação e desenvolvem suas atividades teóricas, com foco no empreendedorismo, e práticas dentro do Departamento Geral de Ações Socioeducativas – Degase. Com esse viés de inclusão, especialmente de vulneráveis, foi editado o Decreto 8740/2016, em maio de 2016. Por ele foi incluído o artigo 23-A no Decreto 5598/2005:“O estabelecimento contratante cujas peculiaridades da atividade ou dos locais de trabalho constituam embaraço à realização das aulas práticas, além de poderem ministrá-las exclusivamente nas entidades qualificadas em formação técnico profissional, poderão requerer junto à respectiva unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Previdência Social a assinatura de termo de compromisso para

o cumprimento da cota em entidade concedente da experiência prática do aprendiz”. Essa nova opção de contratação foi nominada de “cota social”, pois o novo regramento traz como prioridade a contratação de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou risco social (§ 5º do artigo 23-A), tais como egressos do sistema socioeducativo ou em cumprimento de medidas socioeducativas; jovens em cumprimento de pena em sistema prisional; jovens e adolescentes de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda; em situação de acolhimento institucional; egressos do trabalho infantil; com deficiência, entre outros vulneráveis. Vale aqui deixar muito claro que o Decreto 8740 não veio criar nova obrigação, pois desde a edição da Lei 10.097/2000 que o artigo 429 da Consolidação das Leis do Trabalho já prevê a obrigatoriedade de contratação de aprendizes pelos estabelecimentos de qualquer natureza. As cotas so-

ciais, na verdade, são uma nova opção de contratação para as empresas que, dentro de atividades previamente estabelecidas pelo poder público e por peculiaridades dos locais de trabalho, tenham algum tipo de embaraço para a realização das aulas práticas dos aprendizes dentro do ambiente empresarial. Assim, além das opções tradicionais da aprendizagem, pelo sistema “dual” (atividades teóricas na entidade de formação e práticas no estabelecimento contratante) ou sistema “não dual” (atividades teóricas e práticas na entidade de formação) agora as empresas das atividades determinadas em regulamento – a ser expedido pelo Ministério do Trabalho – têm como alternativa e faculdade se utilizar das “cotas sociais”. Por meio dessa nova opção a empresa poderá, por exemplo, contratar o aprendiz para realizar as atividades práticas em um órgão da administração pública e as atividades teóricas em uma unidade do Sistema “S” ou outra entidade formadora, sem necessidade de que a atividade prática seja efetuada dentro da contratante. De modo que todos saem ganhando, a empresa, por estar regular com sua obrigação; o aprendiz, por ter a oportunidade de emprego; e a sociedade, por ter o trabalho do aprendiz e o investimento na profissionalização do futuro do país.


Conforme determina a atual redação do art. 429 da CLT, os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a 5%, no mínimo, e 15%, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional. Além do serviço “S”, também ministram cursos de aprendizagem profissional escolas técnicas, entidades sem fins lucrativos e entidades de prática desportiva filiadas aos Sistemas de Desportos. Por outro lado, é de competência da inspeção federal, através dos auditores-fiscais do trabalho, a verificação da existência dos contratos de aprendizagem quando devidos, sua compatibilidade com os ditames legais, a orientação e a repressão administrativa às irregularidades atinentes a esta matéria através de lavratura de auto de infração, entre outras atividades que lhes são cominadas. Aqui cabe registrar o valioso papel que é desempenhado, em sua área de competência, pelo Ministério Público do Trabalho como instituição permanente essencial às funções jurisdicionais, e cujas atribuições não colidem com aquelas afetas

Aprendizagem Profissional e a atuação da Fiscalização do Trabalho no RS Paulo Antônio Panno Auditor-Fiscal do Trabalho/Projeto Aprendizagem/SRTE/RS

à fiscalização laboral. No RS a inspeção do trabalho está a cargo de auditores-fiscais espalhados pelo Estado, lotados na superintendência e em gerências e agências regionais. Na sede da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, em Porto Alegre, encontra-se a Coordenação do Projeto Inserção de Aprendizes/ RS (coordenadora: Denise González; equipe na sede: Armelindo Tocchetto Fº, João Leiria e Paulo

Panno). A rotina do trabalho da equipe consiste, em apertada síntese, fiscalização e atendimento diário a empresas previamente notificadas, exame dos documentos solicitados, cálculo da cota devida, esclarecimentos e orientação quanto à Aprendizagem Profissional e sua obrigatoriedade, prazo para regularização com anotação no Livro de Inspeção do Trabalho e, quando necessário, lavratura de auto de infração. Assinale-se que o traba-

lho desenvolvido prioriza sempre o esclarecimento e a orientação, dandose oportunidade para que as empresas procedam os necessários ajustes. No ano de 2016, a fiscalização desta matéria no RS alcançou 4.460 empresas, com a comprovação da inserção de 10.133 adolescentes e jovens aprendizes, números que dão destaque a este foco da inspeção do trabalho em nosso Estado. Ao final, registre-se que a coordenação do projeto, também coordenando o Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional, em trabalho de articulação com todos os parceiros sociais (governamentais, empresariais, instituições e comunidade), organiza ou participa de reuniões técnicas, seminários, projetos, certames literários, publicações, etc. Para 2017 está prevista a realização pelo Fórum, dentre outras atividades, do lançamento da terceira edição da revista APRENDIZ, do II Concurso Literário e de Imagem para Aprendizes, do V Seminário de Aprendizagem Profissional do RS em Caxias do Sul e do concurso musical FOGAP DA CANÇÃO GAÚCHA, na cidade de Parobé.

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Atualidade e avanços

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O direito à profissionalização assume absoluta prioridade em face dos adolescentes e jovens, que por força do art. 227 da Constituição Federal de 1988, devem tê-lo assegurado por meio de esforços simultâneos do Estado, da família e da sociedade. A formação técnico-profissional de adolescentes e jovens amplia as possibilidades de inserção no mundo de trabalho e torna mais promissor o futuro da nova geração. O empresário, por sua vez, além de cumprir sua função social, contribui para a formação de um profissional mais capacitado para as atuais exigências do mercado de trabalho e com visão mais ampla da própria sociedade. Mais que uma obrigação legal, portanto, a aprendizagem é uma ação de responsabilidade social e um importante fator de promoção da cidadania, trazendo uma transformação no futuro de toda a sociedade. Instituída pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943, e depois atualizada pela Lei 10.097/2000, essa política proporciona aos maiores 14 e menores de 24 anos, e às pessoas com deficiência, sem limite de idade, a conexão entre a formação profissional e a formalização de contrato de trabalho de nature-

Aprendizagem Profissional e o papel da Auditoria Fiscal do Trabalho Taís Arruti Lyrio Lisboa Auditora-Fiscal do trabalho, Coordenadora Nacional do Projeto de Inserção de Aprendizes, Secretaria de Inspeção do Trabalho, Ministério do Trabalho.

za especial ajustado por escrito e por prazo determinado não superior a dois anos. A fiscalização trabalhista desenvolve um trabalho permanente na inserção de aprendizes. O direito à profissionalização é constitucionalmente assegurado aos jovens e adolescentes, sendo a Aprendizagem Profissional um dos instrumentos concretizadores desse direito. Nesse sentido, o art. 429 da CLT impõe aos empregadores a obrigação de contratar aprendizes no percentual de cinco a quinze por cento, em função do número de empregados que possui, sendo atribuição da Auditoria-Fiscal do Trabalho a verificação do cumprimento das normas de proteção ao trabalho. Decorrente dessa atri-

buição, na Secretaria de Inspeção do Trabalho, existe o Projeto de Inserção de Aprendizes no Mundo do Trabalho, que possui responsável nacional e coordenador local em todas as 27 Unidades da Federação. A atividade de fiscalização das cotas de aprendizagem é obrigatória e exercida diariamente pelo corpo de auditores fiscais, tendo metas mensais e anuais a serem cumpridas. Conscientes da responsabilidade social e do papel transformador que a Aprendizagem Profissional possui, a equipe de AuditoresFiscais do Trabalho, responsáveis pelo tema, desenvolveu uma série de projetos que trouxeram inovação na maneira como se compreende

a aprendizagem e como consequência ampliou o acesso a Aprendizagem Profissional. De forma inédita dentro da qualificação profissional, houve um aumento na inclusão de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. O sucesso dessas iniciativas não seria possível sem o comprometimento e o desejo de mudança social de todos os atores envolvidos na Aprendizagem. É necessário um trabalho de articulação e sensibilização, construindo-se soluções inovadoras com vistas a atender parcelas dos jovens e adolescentes que não conseguiriam acessar a Aprendizagem pelas vias normais. Por todas essas ações verifica-se a importância da Auditoria Fiscal do Trabalho para a inserção de jovens aprendizes no mundo do trabalho. Os resultados nas inserções de aprendizes nos estados afetam outros projetos e outras políticas públicas de âmbito federal, como é o caso do combate ao trabalho infantil ou da promoção de trabalho decente. Destacandose assim a importância da Aprendizagem Profissional e o seu papel de modificar o futuro de toda a sociedade.


Desde a publicação do Decreto nº 5.598, no ano de 2005 até 2016, tivemos a contratação de 2.847.309 (dados da Relação Anual de Informações Sociais RAIS) jovens, que ingressaram no mercado e trabalho mediante a aprendizagem profissional. É um número expressivo e ao analisar a linha histórica de contratos de aprendizagem verificamos uma ascensão nos números de admitidos até o ano 2015. Atualmente, como ocupante do cargo de coordenador geral de aprendizagem e estágio, desde meados de 2016, mantive o compromisso de dar prosseguimento as políticas que já vinham sido executadas na aprendizagem profissional, como também estudar os dados que a linha histórica da aprendizagem nos dá, sempre com a incumbência de fazer a aprendizagem se desenvolver mais e que esse instituto realmente contribuísse na trajetória profissional do jovem. O primeiro passo foi verificar em quais ocupações estão nossos aprendizes. Analisando os dados de 2005 até 2015 verificamos que 55% dos admitidos nos contratos de aprendizagem foram na ocupação de assistente administrativo. Diante desse

Aprendizagem Profissional e empregabilidade Lucas Honorato Coordenador geral de aprendizagem e estágio do Ministério do Trabalho - MTB

cenário buscamos difundir uma alteração na concepção da aprendizagem profissional, pois este instituto não deve ser apenas para cumprimento de cota, mas um investimento das empresas nos jovens do nosso país, dessa forma se garante a empregabilidade a longo prazo, não só momentaneamente. Como também, temos buscado difundir a aprendizagem em ocupações diferentes, a citar na área da Tecnologia da Informação. Segundo a pesquisa de Educação e Qualificação

Profissional, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a qualificação profissional é a modalidade mais acessível à população, uma vez que muitos desses cursos não dependem de uma escolaridade prévia para a sua realização. A pesquisa ressalta que mais de 40 milhões de pessoas tinham interesse em fazer cursos de qualificação profissional, porém somente 2,2% tiveram acesso a tais cursos. A pesquisa destaca que do universo de interessados, mais de 45%,

pertenciam a faixa etária de 15 a 29 anos de idade, ou seja, pertencem a parcela jovem da população brasileira. Ressaltamos também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNADC,a juventude do nosso país, que carece de qualificação profissional, e também é a parcela da população que mais sofre com a crise econômica que estamos vivendo. De outro lado, vemos o instituto da aprendizagem profissional, unindo o jovem ao contrato de trabalho, com direitos trabalhistas e previdenciários garantidos e a qualificação profissional. Dessa forma não há como negar que a aprendizagem profissional é uma das melhores ferramentas para a inserção digna do jovem no mercado de trabalho, muitas vezes, concedendo o primeiro emprego. Dessa forma a missão dessa gestão é complexa, mas não impossível, devemos fomentar o avanço da aprendizagem profissional, com novos cursos, sempre garantindo a qualidade das instituições qualificadoras, atingindo preferencialmente o jovem vulnerável para que ele possa ter chances de quebrar o ciclo vicioso da pobreza e envolver cada vez mais as empresas na aprendizagem.

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Além de ser a primeira cidade do interior gaúcho a ter um Fórum Regional na área, empenha-se na construção de um programa municipal. Daniel Guerra Prefeito Municipal de Caxias do Sul

Fotos – Crédito: Daniel Bianchi

Atualidade e avanços

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As relações de aprendizagem percorrem os diferentes espaços em nossa sociedade e envolvem distintas faixas etárias. Quando nos referimos ao início da capacitação profissional e ao ingresso no mundo do trabalho, aparecem muitas possibilidades e dúvidas, especialmente para nossos jovens de 14 a 24 anos incompletos. A juventude, por característica dessa fase da vida, está em formação e não dispõe de experiência profissional ou de estudo suficiente para exercer determinadas funções. Assim, a aprendizagem profissional surge não apenas como alternativa para vencer obstáculos como esse, mas também para valorizar a autoestima e abrir caminhos a quem ainda tem tanto a viver e a obter em termos de conhecimento. A atuação como aprendiz a contar dos 14 anos é amparada por lei federal e merece ser estimulada cada vez mais pelas empresas e pelos órgãos públicos. Vale considerar, entretanto, que esse estímulo não se deve somente pela exigência do cumprimento de cotas, mas pelo fato de os jovens terem a chance de conhecer a realidade de um ambiente de trabalho, adquirirem novos saberes e aprenderem a conviver com distintos profissionais. Eu mesmo fui jovem aprendiz e, re-

Caxias do Sul abre novos horizontes à Aprendizagem Profissional

cordando minha vivência, tenho a dizer que foi bastante positivo. Em Caxias do Sul, existem várias empresas e instituições que recebem aprendizes. No entanto, há potencial para uma acolhida maior. Nesse sentido, é que chamamos os empresários e empresárias a se engajarem nessa proposta, que tende a

trazer benefícios para atuais e futuras gerações. No âmbito das políticas públicas, a administração atua em parceria com entidades que promovem a capacitação dos jovens, oportunizando a eles novos ensinamentos e a possibilidade de um rumo profissional. O município caxien-

se, por meio de distintas entidades e órgãos públicos, já integra o Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional (Fogap). E, num forte engajamento, a cidade tem orgulho de tornar-se a primeira do interior do Rio Grande do Sul a sediar um Fórum Regional de Aprendizagem Profissional fora do eixo das capitais estaduais. A iniciativa, que conta com o apoio do poder público municipal, vem para fortalecer as ações atualmente executadas e para criar mais condições de ampliar o número de adolescentes e jovens a serem contemplados com “formação técnico-profissional metódica compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico”. Paralelamente, em março de 2017, trabalhadores da Fundação de Assistência Social (FAS) e da Fundação de Atendimento Socioeducativo do RS (FASE), diante das dificuldades de inserir adolescentes em medidas socioeducativas em programas de aprendizagem profissional, deram os primeiros passos para a construção de um grupo de trabalho que ficou conhecido como “GT da Aprendizagem Profissional". Com ajuda de várias mãos e parceiros, conseguiram lançar as bases do Fórum Regional de Aprendizagem Profissional


“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.” (Paulo Freire) O trabalho envolvendo o jovem aprendiz legal é um tema de relevância social, que abrange aspectos econômicos, culturais e psicológicos, entre outros. Cada vez mais, o trabalho dos adolescentes continua a ser visto, em diversas instâncias, como algo naturalizado e necessário para as famílias de nível socioeconômico baixo. Essa visão desconsidera as implicações do trabalho na saúde, na constituição da identidade e na vida acadêmica dos jovens. A aprendizagem é reconhecida como um mecanismo de promoção do trabalho decente e base de trajetórias mais promissoras para a juventude, em razão de sua própria configuração de contrato de trabalho especial. Assim, a experiência de ser adolescente aprendiz faz parte da construção da identidade de ser trabalhador. Uma das motivações do jovem para o trabalho é a valorização social desta atividade, percebida como uma situação privilegiada para a formação profissional e para o desenvolvimento pessoal. Nesse sentido, é pertinente que os adolescentes em contrato de aprendizagem sejam reconhecidos como aprendizes e trabalhadores. Os programas de acompanhamento psicossocial junto a adolescentes na fase da aprendizagem profissional podem promover um espaço de

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da Serra Gaúcha. Hoje, esse grupo empenhase na construção de um Programa Municipal de Aprendizagem Profissional, ideia abraçada por esta administração municipal. A intenção é que secretarias, unidades e Centro Administrativo possam receber aprendizes nas diversas áreas de prestação de serviço público, seguindo o que a lei propõe e aconselha, ou seja, priorizando a inclusão de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou risco social, tais como adolescentes egressos do sistema socioeducativo ou em cumprimento de medidas socioeducativas; e jovens e adolescentes em situação de acolhimento institucional, egressos do trabalho infantil ou com deficiência, entre outros. Embora as oportunidades tenham que ser dadas a todos, é fundamental que os programas de aprendizagem contemplem os que mais precisam. A aprendizagem pode ser a janela que se abre para novas oportunidades. Temos convicção de que o poder público e a iniciativa privada podem somar forças nesse percurso, possibilitando novos horizontes para a juventude que não se cansa de ousar e está disposta a conquistar conhecimento e realização profissional.

O caráter formativo da Aprendizagem Profissional como princípio educativo Profª. Ma. Magda De Toni¹ Profº. Me. Pedro Paulo da Silva² reflexão que desenvolva o posicionamento crítico destes jovens e sua posição no mundo do trabalho. Ao se inserirem no mundo do trabalho, a postura questionadora permitirá que não perpetuem práticas de desrespeito às leis trabalhistas e tomem sua atividade como formadora constante de sua própria identidade, como sujeito e cidadão. O trabalho é construtor da subjetividade do ser humano, e, portanto, deve ser tomado como tema de relevância social. Desse modo, a preparação dos jovens para o trabalho não está vinculada somente na lógica do emprego, mas numa perspectiva de formação integral, e isso passa por uma compreensão crítica do mundo do trabalho, que contribua para inserir o aprendiz de forma crítica na sociedade, significando também desse modo as atividades produtivas e a lógica do mercado de tendência neoliberal, em um mundo globalizado em rápida transformação científica e tecnológica. REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, A. L. de A. Aprendizagem profissional: trabalho e desenvolvimento social e econômico. Estudos Avançados, 28 (81), 2014. NORONHA, M. Educação e comportamento, 1985, encontrado em: http://abgailfreitas.wordpress.com/2010/05/03/os-desafios-da-aprendizagem-carmem-lucia/ ZABALA, M. A. A prática educativa: com ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

¹Graduação em Administração com ênfase em Recursos Humanos, MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Pesquisadora CNPQ do Grupo de Pesquisa sobre Formação de Professores, Gestores e Práticas Pedagógicas pela UNISINOS. ²Graduação em História, Pós-graduação em História Social, Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica e Mestrado Profissional em Gestão Educacional. Atualmente é vice-diretor, Diretor Acadêmico.

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Aprendizagem Profissional sob a ótica da acessibilidade Eloide Marconi* Ana Flávia Beckel Rigueira**

Assegurar a inclusão às pessoas com deficiência está diretamente relacionada à acessibilidade. No entanto, essas enfrentam, comumente, limitações em suas vidas que acarretam prejuízos à participação social e laboral, tanto quanto ao cognitivo e psicológico. Acessibilidade é condição para igualdade de acesso aos bens sociais e públicos. Ao trabalhar com aprendizagem profissional é de extrema importância que se observe as premissas que garantirão o desenvolvimento das ações. A partir do momento do ingresso é necessário que a entidade formadora, bem como a empresa na qual o aprendiz com deficiência desenvolverá as atividades sejam efetivamente inclusivas. Para tanto é imprescindível um olhar atento ao que segue: acessibilidade arquitetônica adequada para que o ir/vir/permanecer nos ambientes de estudo e trabalho sejam possíveis em todos os aspectos - desde a porta de entrada e entorno, tanto quanto para o deslocamento interno. A forma adequada para a comunicação com o cidadão que está inserido nas vagas de aprendiz deve ocorrer através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), impressão de material em Braille ou ampliado, acessos virtuais, que também são garantias para que a acessibilidade de comunicação ocorra plenamente.

“Possibilidades de reflexão acerca da plena inclusão às pessoas com deficiência, através das várias faces da acessibilidade.”

Os caminhos para a realização dos processos, quer sejam de estudos ou trabalho, precisam ser proporcionados de maneira adequada às especificidades das deficiências, permitindo o protagonismo. No tocante ao instrumental deve-se observar ao longo da

aprendizagem profissional, as adaptações necessárias, tendo em vista que essas, não raras vezes, são possíveis de serem realizadas, com nenhum ou baixíssimo custo. E, no tocante às questões programáticas, as pessoas com deficiência necessitam condições para que suas produções de conhecimento sejam desenvolvidas, bem como possibilidades de acesso às legislações vigentes oportunizando o conhecimento dos direitos e deveres. Contudo, não terão eficácia as situações elencadas acima se a principal forma de acessibilidade, a atitudinal, não estiver presente. É de extrema relevância que o potencial, a capacidade, o desprendimento, a vontade, que aprendizes com deficiência trazem consigo sejam considerados, assim como propiciar igualdade de condições e respeito as suas diferenças. A partir das lutas e conquistas das pessoas com deficiência destacamos que o papel da FADERS-Acessibilidade e Inclusão, na qualidade de gestora pública, é promover articulação da política pública, pontuando aspectos fundamentais para garantia destes direitos. Neste contexto vem dissiminando conceitos fundamentais no Estado do Rio Grande do Sul, os quais estão amparados na Lei Brasileira de Inclusão n° 13.146, de 06 de julho de 2015, que passou a vigorar em janeiro de 2016.

*Assistente Social **Pedagoga Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades no RS (FADERS) - Acessibilidade e Inclusão

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Aprendizagem que transforma Dr. Veloir Dirceu Fürst* No final do ano de 2007, quando resisti encarregado de tratar da questão envolvendo trabalho infantil no setor de tabaco, no Rio Grande do Sul, jamais poderia imaginar, naquela época, as maravilhosas experiências que o tempo iria me proporcionar. De fato, após firmado um termo de cooperação entre Ministério Público do Trabalho e todo o setor produtivo de tabaco, buscouse, de forma incessante, evitar a utilização de crianças e adolescentes no setor primário, o que se fez mediante ações de conscientização dos produtores de tabaco, tais como campanhas publicitárias e seminários regionalizados, a cada ano. Os resultados foram fantásticos, com sensível redução do trabalho infantil em todos os municípios gaúchos produtores de tabaco, tudo estatisticamente apurado e demonstrado. No entanto, uma questão complexa ainda preocupava as partes envolvidas no termo de compromisso: como resolver o problema dos adolescentes que não poderiam ser utilizados como mão de obra nas propriedades rurais? A solução encontrada foi a criação do Instituto Crescer Legal, tendo como missão o combate ao trabalho de crianças e adoles-

A solução encontrada foi a criação do Instituto Crescer Legal, tendo como missão o combate ao trabalho de crianças e adolescentes no meio rural, em especial na cadeia produtiva do tabaco, sendo um dos objetivos principais o oferecimento de condições e conhecimentos para fazer com que o adolescente e o jovem permaneçam no meio rural. Esse desenvolveu um programa de aprendizagem fantástico, direcionado à gestão rural, tendo por principal enfoque a conscientização dos adolescentes sobre sua importância como “colonos” e a necessidade de aperfeiçoamento gerencial da propriedade familiar. centes no meio rural, em especial na cadeia produtiva do tabaco, sendo um dos objetivos principais o oferecimento de condições e conhecimentos para fazer com que o adolescente e o jovem permaneçam no meio rural. Esse desenvolveu um programa de aprendizagem fantástico, direcionado à gestão rural, tendo por principal enfoque a conscientização dos adolescentes sobre sua importância como “colonos” e a necessidade de aperfeiçoamento gerencial da propriedade familiar. A viabilização da implementação

desse curso de aprendizagem se operacionalizou mediante convênios com as indústrias de tabaco que, dessa forma, viabilizaram a implementação das cotas de aprendizagem a que são obrigadas por força de lei. Fundado em 23 de abril de 2015, o Instituto Crescer Legal iniciou o curso de aprendizagem em gestão rural no mês de maio de 2016, com a primeira turma sendo instalada no município de Candelária/RS. Seguiram-se turmas em Vera Cruz, Vale do Sol, Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, perfazendo hoje um total de 100 aprendizes. No dia 17 de março de 2017, em Santa Cruz do Sul, num dia memorável, foi realizado seminário do Instituto Crescer Legal, para apresentação das realizações da entidade nesses dois anos de existência e planejamento a partir dos novos desafios. Vamos nos fixar apenas nos aspectos operacionais e de resultados do evento, podendo afirmar, sem qualquer receio, ter sido esse um evento que impressionou, comoveu e emocionou a todo o público presente, associados fundadores e contribuintes do Instituto, ao assistir os trabalhos desenvolvidos pelos educadores, pelos aprendizes e por todo o corpo coordenador da entidade. A comoção foi geral. A conclusão do acima exposto nos mostra, inequivocamente, que a entidade Instituto Crescer Legal cumpre plenamente seus objetivos, principalmente ao acreditar que questões culturais possam ser modificadas, e para tanto promover iniciativas que façam repensar o presente, em garantia de um futuro melhor para crianças e adolescentes, sem o estigma do trabalho infantil no meio rural, tudo sempre com o envolvimento de toda a sociedade ligada ao meio rural.

*Procurador do Trabalho aposentado pela PRT4ªR, exCoordenador do Combate ao Trabalho Infantil no Rio Grande do Sul no período de 2007 a 2013. Membro fundador do Instituto Crescer Legal.

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O direito à profissionalização na socioeducação Todo adolescente, dos 12 aos 18 anos incompletos, que se envolve com atos infracionais, e este é registrado através de um Boletim de Ocorrência, recebe uma medida socioeducativa (MSE) pelo Ministério Público ou pelo Juizado. Esta medida pode ser uma advertência, reparação de dano, prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internação. O socioeducando pode estar envolvido com o cumprimento destas até completar 21 anos. Os serviços que atendem socioeducandos são regrados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal 8.069/1990, pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), instituído pela Lei Federal 12.594/2012, por normativas específicas da Assistência Social, dos conselhos de direitos da criança e do

Fabiana Vidor Pioner Moschen A partir dessas legislações, Viviane Maria Folchini Rodrigues da Costa2 os serviços direcionam seu Daniela Andrade da Anunciação3 atendimento para a responsaTanisa Fernanda Benati4 bilização e a proteção social Tamara Aparecida Maciel5 dos socioeducandos, de modo a possibilitar um processo coincide com o período de cumprimento da MSE, pois comprometem diretamente o acesde caráter educativo, (re) so à Aprendizagem Profissional. instituir direitos, interromper Conforme o Gráfico 1, o levantaa trajetória de conflito com mento realizado nos Serviços de Medidas a lei e promover a inserção Socioeducativas em Meio Aberto, entre ousocial, educacional, cultural e tubro/2015 e junho/2016, em Caxias do Sul, profissional.

adolescente, da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (FASE) e pelo Plano Nacional, Estadual e Municipal de Atendimento Socioeducativo. A partir dessas legislações, os serviços direcionam seu atendimento para a responsabilização e a proteção social dos socioeducandos, de modo a possibilitar um processo de caráter educativo, (re)instituir direitos, interromper a trajetória de conflito com a lei e promover a inserção social, Gráfico 1: Inserções e efetivações de socioeducandos nas educacional, cultural medidas socioeducativas em meio aberto: e profissional. A partir deste direcionamento, uma questão importante é como garantir o direito à inserção profissional, percebendo-se o impacto e a transformação positiva que os socioeducandos vivenciam Fonte: elaborado pelas autoras. diante da possibilidade da profissionaliGráfico 2: Inserções e efetivações de socioeducandos da semiliberdade: zação. Alguns aspectos, porém, precisam ser melhor analisados, dentre eles, a defasagem idade/escolaridade, a evasão escolar, o período dos processos seletivos, que não

mostra que dos 336 jovens que cumpriam MSE, 52 enquadravam-se nos critérios de inscrição e, destes, somente 13 foram efetivados nos cursos de Aprendizagem Profissional, ou seja, 3,8% do total de adolescentes. Já na Semiliberdade, o período analisado foi de junho/2015 a junho/2016 e os números apontam para 71 inserções na MSE, destas, 21 socioeducandos participaram em processos seletivos e somente 5 foram efetivados, ou seja, 7,04% do total acessaram a aprendizagem profissional, conforme disposto no Gráfico 2. Diante desta realidade, questiona-se como oportunizar a vivência do direito à profissionalização quando: - o socioeducando quer e precisa trabalhar; - está motivado a aprender e entrar no mercado de trabalho; - precisa trabalhar para ajudar no sustento da família; ou - já sustenta sua própria família. A realidade trouxe significativas mudanças nas rotinas dos socioeducandos, o acesso à profissionalização é um direito, portanto, os critérios para garantir este acesso precisam ser revistos. É responsabilidade da sociedade repensar a inclusão dos adolescentes e jovens que cumprem medida socioeducativa, principalmente no que se refere à aprendizagem profissional, porque, além de outros direitos, é através do trabalho que estes conseguem minimizar necessidades e sentirem-se cidadãos do mundo.

Assistente Social. 2Assistente Social. 3 Assistente Social. 4Pedagoga. 5Psicóloga. 1

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Fonte: elaborado pelas autoras.

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Programa Aprendiz Legal : uma oportunidade para os jovens Fabiane Theobald Lorenzini* Desenvolvido pela Fundação Roberto Marinho, o Aprendiz Legal é um programa educacional que tem como objetivo preparar os adolescentes e jovens de 14 a 24 anos para a iniciação profissional, auxiliando as empresas brasileiras no cumprimento da Lei 10.097/2000. O programa consiste em um curso de preparação para o mundo do trabalho, a ser desenvolvido por uma instituição formadora, voltada para a educação técnico-profissional. Conforme estabelecido pela legislação vigente, a aprendizagem ocorre de forma simultânea em dois espaços: na entidade formadora o aprendiz participa do curso de formação teórica e, no ambiente de trabalho da empresa, desenvolve a aprendizagem prática. O Aprendiz Legal propõe uma maneira compartilhada de gestão para que seja garantida a qualidade do programa e a formação do jovem, as competências e conhecimentos adquiridos na entidade formadora, que devem estar em sintonia com a aprendizagem prática. Para melhor compreensão do significado de competências buscouse alguns autores para entendimento do assunto. Berger (1999) considera competências como esquemas mentais de caráter cognitivo, socioafetivo ou psicomotor que, mobilizados e associados a saberes teóricos ou a experiências, geram um saber fazer. São operações e ações mentais utilizados para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que se quer conhecer. A capacidade de mobilizar os recursos cognitivos estão relacionados as ações mentais que cada individuo realiza na relação com o mundo externo. Ao construir conhecimento o sujeito promove ações mentais que têm por base constantes movimentos e trocas entre o que já se conhecia e o novo, a nova informação. O currículo do Programa Aprendiz Legal atende ao disposto na Portaria nº 723/2012 que estabeleceu as Diretrizes Gerais e Curriculares para o desenvolvimento dos Cursos de Aprendizagem: qualificação social e profissional adequada, tanto às demandas e diversidades dos adolescentes, dos jovens, do mundo do tra-

"ao ingressar no mundo do trabalho, o jovem necessita saber planejar, organizar seu tempo e elaborar projetos"

balho e da sociedade, quanto às dimensões ética, cognitiva, social e cultural do aprendiz; b) a promoção da mobilidade no mundo do trabalho pela aquisição de formação técnica geral e de conhecimentos e habilidades específicas como parte do itinerário formativo ao longo da vida do jovem; c) a contribuição para a elevação do nível de escolaridade do aprendiz (Brasil, 2007). Além desses itens das diretrizes da Portaria, o Aprendiz Legal procurou selecionar saberes que são sintonizados com os diferentes contextos socioculturais e com o mundo do trabalho. Sobre o currículo do Programa, observa-se que o mesmo está voltado para o desenvolvimento de competências, fundamenta-se em saberes que mobilizam o conhecimento já construído, de forma que – por meio de diversificadas situações de aprendizagem – novos recursos cognitivos sejam criados e ampliados. Os processos de construção, reconstrução e apropriação do conhecimento pelos jovens irão instrumentalizá -los para uma aprendizagem ao longo da vida. Para atender este currículo, os materiais do programa Aprendiz Legal se fundamentam e se integram através dos conceitos que os constituem e das competências selecionadas, entre elas: Trabalhar em equipe, demonstrando atitudes de respeito ao outro e de valorização da cooperação e parceria; Identificar elementos cognitivos, afetivos, sociais e culturais, que constituem a identidade própria e a dos outros; Identificar e sistematizar infor-

mações relevantes para a compreensão de situação-problema; Participar adequadamente de discussão em grupo, demonstrando habilidade verbal e capacidade de argumentação, considerando as vivências do aprendiz. Diante da especificidade criada pela Lei da Aprendizagem e a diversidade de contextos passíveis ao seu cumprimento, foi necessário para o programa que a flexibilidade estivesse como condição para ser desenvolvido. Está estruturado em encontros presenciais que poderão ser reorganizados em função de demandas específicas, que não precisam, necessariamente, serem realizados de forma sequencial. O trabalho com projetos é um princípio metodológico utilizado pelo programa, pois se considera que, especialmente ao ingressar no mundo do trabalho, o jovem necessita saber planejar, organizar seu tempo e elaborar projetos. Para Cruz (2006) a realização de projetos contribui para que os aprendizes se tornem mais autônomos. A partir da orientação minuciosa sobre as etapas dos projetos, desde o planejamento até a apresentação dos mesmos, os aprendizes estarão desenvolvendo competências, conhecendo melhor o contexto local e propondo intervenção na realidade. A avaliação proposta no programa é formativa e processual, com foco no desenvolvimento de competências. Avaliação por competências está a serviço do desenvolvimento pessoal, portanto, das formas diferenciadas de aprender, respeitando ritmos diferenciados do aprender, observando o desempenho de cada jovem ao longo do programa. Referências

Berger Filho, Ruy Leite. (1999). Currículo e Competências. 199, mimeo. Brasil (2007). Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº723, de 24 de abr. Cruz, A. (2006). Aprendiz Legal: abordagem metodológica – Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho. (Aprendiz Legal) Melo, Guiomar Namo (2003) – in Caderno de Formação Inicial – Encontro de Educadores do Aprendiz Legal – fevereiro de 2010.

*Formada em Pedagogia (UNISINOS), pós graduada em Orientação e Supervisão Escolar (FACVEST), Mestre em Políticas Públicas e Administração da Educação (UNTREF - Argentina) e atua como Especialista em Desenvolvimento Educacional e Aprendizagem no CIEE-RS.

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Programa Jovem A juventude e a Aprendiz: uma experiência problemática do inédita no Instituto sistema prisional Valdinei Valerio da Silva* Psiquiátrico Forense Rosane Lazzarotto Garcêz*

Passarinhos soltos a voar dispostos a achar um ninho. Este artigo objetiva apresentar questões relacionadas à aprendizagem, com o Programa Jovem Aprendiz, realizado no Instituto Psiquiátrico Forense Dr. Mauricio Cardoso (IPF), mostrar como se desenvolveu a apropriação do conhecimento pelos pacientes e como a iniciativa pode ajudar no processo de ressignificação da identidade social e pessoal dos sujeitos que cumprem medida de segurança. O Programa Jovem Aprendiz foi instituído para acontecer na comunidade, então o primeiro desafio foi o de utilizá-lo no sistema prisional, ressaltando-se que este programa, nos moldes em que está sendo realizado, é inédito no Brasil. No caso dos pacientes do IPF, esse tema se agrava em relação às questões de trabalho e educação, pois envolve a doença mental. Além disso, concomitante com o aprisionamento, esses sujeitos encontram maiores dificuldades ao retornarem a sua vida após o encarceramento. Pode-se perceber em alguns pacientes as dificuldades recorrentes de sua doença, considerando-se que as formas de aprender diferem, e, no caso de pacientes psiquiátricos, com graus variáveis de transtorno, este aprendizado se torna mais difícil, sendo fundamental o olhar atento do professor para que os participantes do programa possam apreender dentro das suas limitações. É importante que este público-alvo não seja estigmatizado para que a aprendizagem possa se dar em todos os níveis. As empresas parceiras também ressaltam a importância de terem participado: “É gratificante vermos o crescimento pessoal e profissional desses pacientes, pessoas com um grande potencial, que muitas vezes são discriminados pela sociedade.” A didática, também foi diferenciada, sendo organizada de uma maneira bem dinâmica e levando em conta as experiências pessoais dos participantes, para que os conteúdos pudessem ser desenvolvidos de uma maneira em que todos tivessem condições de participação. É importante pensar que este sujeito, que hoje está em tratamento, têm possibilidades de uma desinstitucionalização. Portanto, são necessárias ações que possam prepará-lo para este momento. Através do Programa Jovem Aprendiz, ofereceu-se para estas pessoas uma educação profissionalizante de qualidade, para oportunizar sua inclusão e permanência no mercado de trabalho, através da conquista de direitos, autonomia e emancipação deste sujeito. Cada vez mais é necessário pensar em uma preparação que garanta direitos, além de cidadania, para que as pessoas com doença mental possam estar preparadas para se inserir no mercado, dentro de suas possibilidades. Percebeu-se que estes pacientes têm, sim, a possibilidade de uma educação formal e profissionalizante que os prepare para que, no momento em que estiverem retornando para a família e a sociedade, possam ter oportunidades de se inserir no mercado de trabalho, exercendo nestes espaços tudo o que aprenderam. É imprescindível que a sociedade entenda que estes pacientes, hoje segregados, estão em tratamento para que tenham condições de ter uma vida saudável e, portanto, ter um olhar sem preconceitos, tornando-os protagonistas da sua história.

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*Assistente Social, Departamento de Tratamento Penal, Divisão de Educação Prisional.

A crise no sistema penitenciário brasileiro, enfrentada atualmente, tem gerado inúmeras discussões envolvendo suas causas e consequências. Guerras entre facções, superlotações e o tratamento desumano, são alguns motivos da desordem que acomete todo o País. O Brasil é o quarto lugar no ranking de maior população penitenciária no mundo. Segundo dados do Infopen, realizado em dezembro de 2014, o número de detentos chegava a mais de 622 mil, ficando atrás apenas dos EUA, China e Rússia. A análise do perfil socioeconômico aponta que 55% têm entre 18 e 29 anos, 61,6% são negros e 75,08% têm até o ensino fundamental completo. O poder público ensaia ações imediatistas para amenizar o caos tomado pelas rebeliões e mortes ocorridas em diferentes presídios do Brasil, mas as reais questões estruturantes dessa crise estão ligadas diretamente à juventude e à carência em não ter se tratado de políticas públicas para esta há dez anos atrás. E se não forem abordadas as questões da evasão escolar e da falta de oportunidade para essa faixa etária, a população do sistema prisional tende a aumentar e a situação piorar. Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE), há cerca de 1,7 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola. Os principais fatores apontados são violência familiar, gravidez precoce e o trabalho, 63% desses jovens, evadidos da escola, vivem em situação de vulnerabilidade social, com dificuldade de se manter na escola saem em busca de emprego. O boletim Mercado de Trabalho, divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), traz a taxa de desemprego, para quem tem entre 14 e 24 anos, que passou de 19,3% no primeiro semestre de 2015 para 26,5% no mesmo período de 2016. É necessário discutir sobre políticas públicas para a juventude, promover educação, cultura, qualificação para o mercado de trabalho e proporcionar a inclusão laboral juvenil. É preciso garantir cidadania e os direitos humanos, por meio da criação de oportunidades de aprendizagem, de estágio e outros, para que esses jovens não busquem o caminho da criminalidade, mas sim, que se tornem adultos protagonistas de suas histórias. *Mestre em Ciências Sociais. Superintendente da Rede Pró-Aprendiz


Formação e aprendizagem no meio rural: vivências e oportunidades O trabalho infantil ainda é uma lamentável realidade presente em todo o nosso país. Os fatores deste agravante se dão por influências culturais, econômicos e pela ausência de políticas públicas efetivas para o campo. Para tanto, o Instituto Crescer Legal, vem desenvolvendo ações com o enfoque na redução dos índices de trabalho infantil na cadeia produtiva do tabaco, auxiliando aos jovens inseridos no meio rural a se desenvolverem enquanto sujeitos, visando ampliar as oportunidades de vida e trabalho no campo, principalmente com o foco na sucessão dos estabelecimentos rurais. Nesta perspectiva em 2016, o Instituto implementou um projeto piloto de Aprendizagem Profissional Rural, ofertando a jovens do meio rural um cur-

De forma reflexiva e sustentável, o empoderamento destes jovens instiga o protagonismo na busca pela garantia dos seus direitos, em conformidade com a legislação vigente. Para tanto, o Curso de Empreendedorismo em Agricultura Polivalente: Gestão Rural possibilita aos jovens aprendizes rurais repensar o presente na perspectiva de garantir um futuro melhor no meio rural. so de Empreendedorismo em Agricultura Polivalente: gestão rural. A proposta da formação está voltada para o desenvolvimento de um empreendedor em agricultura polivalente, que planeja e administra a unidade de produção familiar. O curso oferece oficinas teóricas e práticas, sendo que as oficinas práticas são realizadas a partir de atividades de pesquisa, visitas técnicas e saídas pedagógicas. Entre estas, podemos ressaltar a busca pela his-

Todas as oficinas são realizadas em roda, trazendo inúmeros significados, como a discussão de temas em posição de igualdade

A equipe é composta por seis educadores sociais, os quais possuem formações diferentes, o que contribui no planejamento das atividades do curso. Na foto, os educadores e a coordenadora Nádia Fengler Solf.

Adriano Emmel* Ana Paula Justen* Bruna R. F. Santos Silva* Cristiana Rehbein* Eloisa Klein* Graziele Silveira Pinton* tória da localidade, visitas a lugares para o reconhecimento do potencial cultural e econômico existente. O desenvolvimento de planos de estudos permite o reconhecimento da ocupação e utilização do espaço da propriedade rural, oportuniza as famílias conhecer e valorizar os recursos que hoje estão disponíveis nas propriedades e esta reflexão motiva os jovens a seguir gerenciando este patrimônio, agora compreendendo o real valor econômico e emocional que estes possuem. No processo formativo existe um acompanhamento contínuo, aos aprendizes e responsáveis, as escolas sedes, onde o curso é realizado, e as escolas de origem, onde os aprendizes frequentam o ensino regular. Assim sendo, essa mobilização ligada com a aprendizagem e com o trabalho cooperativo, tem criado entre os envolvidos um vínculo muito importante e essencial para juntos estimularmos, incentivarmos e impulsionarmos estes aprendizes em seus projetos de vida. De forma reflexiva e sustentável, o empoderamento destes jovens instiga o protagonismo na busca pela garantia dos seus direitos, em conformidade com a legislação vigente. Para tanto, o Curso de Empreendedorismo em Agricultura Polivalente: Gestão Rural possibilita aos jovens aprendizes rurais repensar o presente na perspectiva de garantir um futuro melhor no meio rural.

As atividades práticas são momentos para os aprendizes conhecerem sua comunidade e é através de visitas a agroindústrias e propriedades, que estes jovens realizam grandes vivências

* Educadores Sociais do Instituto Crescer Legal

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Grupo de Trabalho da Aprendizagem Profissional de Caxias do Sul: origem e caminhada rumo ao Fórum Regional de Aprendizagem Profissional A partir de demandas constatadas na socioeducação, iniciou-se um movimento em Caxias do Sul, que deu origem ao Fórum Regional de Aprendizagem Profissional, a ser lançado juntamente com esta edição da Revista APRENDIZ, no V Seminário Estadual da Aprendizagem Profissional do RS. Medidas socioeducativas (MSE) são ações previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca, 1990), para responsabilização de adolescentes que cometem ato infracional e possuem caráter predominantemente educativo*. Visam à reinserção e reintegração social para a construção da cidadania. A escolarização e a profissionalização são prioridades e configuram grandes desafios, uma vez que, constatamos que menos de 50% dos encaminhamentos realizados efetivaram-se. Destaca-se relevante experiência de aprendizagem profissional nas unidades de internação da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), mas, permanecem dificuldades na inserção de jovens que cumprem MSE em meio aberto e semiliberdade. A partir de tais apontamentos desafiouse setores e atores a refletirem e construírem ações buscando reverter o quadro. As equipes de MSE coordenaram a formação do Grupo de Trabalho (GT) da Aprendizagem Profissional de Caxias do Sul, com o objetivo de edificar propostas para a demanda, bem como, para aprendizagem profissional de forma geral, no município. O grupo, composto por repre-

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O Fórum Regional de Aprendizagem Profissional envolverá 43 municípios da gerência regional do trabalho do Mtb e dará continuidade ao trabalho do GT, como espaço formal e permanente de articulação e definições neste campo, abrindo novos caminhos de qualificação para os jovens. sentantes das MSE, entidades formadoras de aprendizagem profissional, MTb, Secretaria Municipal e Coordenadoria Regional da Educação reúne-se mensalmente. São resultados conquistados: - Construção de diagnóstico sobre a situação da aprendizagem profissional no município. - Ampliação do debate com a comunidade através da participação na audiência pública do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, com o tema Aprendizagem Profissional: desafios e possibilidades, ocorrido em outubro de 2016. - Articulação em ações referentes à aprendizagem profissional nos conselhos municipais, com a observância do Decreto Presidencial nº 8.740, de 04/05/16, que define prioridade na inclusão de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou risco social, como aqueles em medidas socioeducativas. - Indicação de proposta à Prefeitura de Caxias do Sul para construção de Programa Municipal, no qual se possam ter

aprendizes na Administração Pública. - Construção junto ao Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional (FOGAP), do V Seminário Estadual da Aprendizagem Profissional, com sede em Caxias do Sul, e lançamento do Fórum Regional de Aprendizagem Profissional. O Fórum Regional de Aprendizagem Profissional envolverá 43 municípios da gerência regional do trabalho do Mtb e dará continuidade ao trabalho do GT, como espaço formal e permanente de articulação e definições neste campo, abrindo novos caminhos de qualificação para os jovens. REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 12.594, de 18/01/2012. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Secretaria de Justiça dos Direitos Humanos/RS – Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – CEDICA – RS, Abril./ 2012. ________. Lei nº 8069, de 13/078/1990. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). In: Estatuto da Criança e do Adolescente e Legislação Congênere. Secretaria de Justiça dos Direitos Humanos/RS – Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – CEDICA – RS, Abril./ 2012.

* O Eca (1990) prevê em seu art. 112 as seguintes medidas socioeducativas: Advertência; Obrigação de reparar o dano; Prestação de serviço à Comunidade; Liberdade Assistida; Inserção em regime de semiliberdade e Internação em estabelecimento educacional. Em Caxias do Sul temos 4 unidades públicas que executam medidas socioeducativas: Centro de atendimento Socioeducativo (CASE); Centro de Atendimento em Semiliberdade (CASEMI); Centros de Referências Especializados da Assistência Social (CREAS) – região norte e região sul.

O artigo foi construído coletivamente pelos integrantes do GT da Aprendizagem Profissional de Caxias do Sul.


Programa de Erradicação do Trabalho Infantil: sua efetivação frente à realidade do trabalho infantil na agricultura familiar Noeli Barêa* Considera-se que, nas últimas décadas, principalmente após a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), houve alguns avanços no reconhecimento e na constituição dos direitos das crianças e adolescentes. Embora seja possível identificar atualmente práticas ainda muito utilizadas, que são heranças de tempos bem remotos, com registros ainda do tempo do Brasil Império. E essas práticas perpassaram os tempos e ainda são comuns em vários grupos sociais nos dias de hoje.

Criar um mecanismo de incentivo através de uma bolsa de estudo remunerada de tecnologia para agricultura de pequeno porte. Um exemplo seria agricultura orgânica, onde os jovens poderiam usar todo esse conhecimento tecnológico na propriedade de seus pais e aumentar a renda em um futuro próximo.

O trabalho no contexto da agricultura familiar A família, logo que se estabelece no campo, necessita de um ambiente propício para seu desenvolvimento. O meio agrícola tem a função principal de subsistência das famílias do campo. Por isso, pode-se afirmar que a agricultura familiar “é entendida como o segmento em que a família, ao mesmo tempo em que é proprietária dos meios de produção, assume o trabalho no estabelecimento produtivo”. Deste modo compreende-se que estes agricultores carregam consigo “uma identidade territorial formada em bases materiais/objetivas e imateriais/subjetivas, constituída a partir das relações estabelecidas com o território e com a cultura através dos valores, tradições, crenças e costumes” (SILVA;

MENDES, 2010). Combater o trabalho infantil no contexto da agricultura familiar é ainda um grande desafio. As dificuldades de desenvolver políticas públicas voltadas para os jovens do campo, estão cada vez mais evidentes. É preciso programas de gestão rural em que todos os municípios tenham acesso, para que possam desenvolver e aprender as práticas corretas de atividades na propriedade, sem que acarretem danos à saúde, cultivando suas origens e culturas. Outra alternativa, seriam as hortas comunitárias nas escolas, onde as crianças fariam turno inverso, durante uma semana no mês, e receberiam informações sobre como cultivar a horta sem uso de agrotóxicos, com aulas práticas e teóricas. Poderiam usar esse

aprendizado para multiplicar entre seus familiares e ter uma boa qualidade de vida. Criar um mecanismo de incentivo através de uma bolsa de estudo remunerada de tecnologia para agricultura de pequeno porte. Um exemplo seria agricultura orgânica, onde os jovens poderiam usar todo esse conhecimento tecnológico na propriedade de seus pais e aumentar a renda em um futuro próximo. O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) é fruto de um avanço que deve prosseguir, pois afinal de contas ainda existem diversas situações complicadas aonde crianças e adolescentes sofrem com situações insalubres e penosas de trabalho. De modo que, cabe a este programa agir dentro da sua legalidade praticando suas normas e fazendo com que a erradicação do trabalho infantil evolua em nível nacional, mesmo que com certa ineficiência no âmbito rural. REFERÊNCIAS

SILVA, Juniele Martins; MENDES, Estevane de Paula Pontes. Agricultura familiar e cultura: identidades e territorialidades. Porto Alegre: XVI Encontro Nacional dos Geógrafos, 2010. P.01-08. SCHNEIDER, Sérgio. Agricultura e Trabalho infantil: uma apreciação crítica do estudo da OIT. Instituto de Formação Sindical Irmão Miguel, Porto Alegre: FETAG-RS, 2005.

*Bacharel em direito pela Faculdade Meridional (IMED) Passo Fundo e técnica de enfermagem no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST Nordeste) de Passo Fundo/RS

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Artigos

Trabalho infantil e saúde, uma combinação nefasta: reflexões sobre crianças e adolescentes trabalhadores A despeito de todo o arcabouço legal constitucional e infraconstitucional, visando à proteção integral das crianças e adolescentes no nosso país, ainda assim as estatísticas evidenciam a manutenção do trabalho infantil¹. O trabalho precoce é aceito socialmente como única forma de combater a miserabilidade das famílias, a marginalidade e o crime. É enaltecido como lócus de moralidade e civilidade e a infância acaba sendo marcada a ferro e fogo pela condição de classe, gerando repercussões nefastas à saúde física e mental, levando à incapacidade laboral na vida adulta. O objetivo deste artigo é abordar os efeitos à saúde de crianças e adolescentes que trabalham. Estão em fase de modificações biopsicossociais, particularmente sensíveis às doenças ocupacionais. Precisam condições favoráveis para realizar a transição, nas várias etapas, rumo à vida adulta. Saúde e trabalho precoce As crianças e adolescentes se acidentam seis vezes mais do que adultos em atividades laborais e pelo menos três se acidentaram por dia trabalhando no Brasil de 2009 a 2011.² Os efeitos adversos da exposição ocupacional das crianças e adolescentes são multifatoriais. As crianças são imaturas, desconhecem os riscos a que estão expostas no trabalho, se distraem facilmente, tem menor co-

O aspecto produtivo jamais deve prevalecer sobre a importância educativa da aprendizagem profissional, que protege, insere dignamente no mundo do trabalho e respeita às fases biopsicossociais em que se encontra o adolescente. Trabalho precoce rouba a infância, a saúde e a vida. ordenação motora, visão periférica reduzida até a idade de 15 anos. Os equipamentos de proteção individual são destinados a adultos, tornando-as mais vulneráveis aos acidentes de trabalho, como fraturas e amputações de membros e morte. A área cerebral responsável por avaliar risco, controle de impulsos e tomar decisões em longo prazo é uma das últimas regiões cerebrais a amadurecer, podendo chegar até o início da vida adulta, com isto as crianças e os adolescentes ficam mais sujeitos aos acidentes de trabalho. Possuem risco maior de doenças crônicas pela exposição a fatores de risco ergonômicos e carcinogênicos. Lesões ósteomusculares estão associadas à exigência de força física, de longas horas na posição em pé ou sentada inadequadamente, causando dor e desvios na coluna, deformidades articulares e artroses, principalmente artrose da articula-

Jacqueline Lenzi Gatti Elbern* ção coxofemoral, uma vez que a ossificação se completa entre 18 e 21 anos. Há maior susceptibilidade às substâncias químicas, por imaturidade do sistema nervoso e dos mecanismos desintoxicantes e de biotransformação. Frequência respiratória aumentada, logo, maior penetração de substâncias tóxicas. Crianças e adolescentes apresentam maior suscetibilidade a toxicidade por chumbo, sílica e benzeno, agrotóxicos, dentre outras substâncias. Maior sensibilidade a ruídos com perdas auditivas mais intensas e rápidas.³ O aspecto produtivo jamais deve prevalecer sobre a importância educativa da aprendizagem profissional, que protege, insere dignamente no mundo do trabalho e respeita às fases biopsicossociais em que se encontra o adolescente. Trabalho precoce rouba a infância, a saúde e a vida. Referências

1. Disponível em:< http://www.fnpeti.org. br/noticia/1606-trabalho-infantil-diminui198-entre-2014-e-2015.html> . Acesso em 02 abr.2017. 2. Disponível em:< http://www.promenino. org.br/trabalhoinfantil/impactos-e-consequencias>. Acesso em 02 abr.2017. 3. Asmus CIRF et alli Riscos ocupacionais na infância e na adolescência: uma revisão. Jornal de Pediatria 1996; 72 (4):203-208.

*Médica Pediatra e Médica do Trabalho do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Porto AlegreCEREST POA – Secretaria Municipal de Saúde/PMPA

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Nilton Limas Duarte Junior* O educador deve “compreender que a fonte de sua aprendizagem é sempre a sociedade”, valorizar conhecimentos empíricos dos alunos e aprender com ele Atualmente, a dinâmica do mundo corporativo tem proposto aos docentes da educação profissional de jovens aprendizes desafios que exigem uma percepção em relação aos elementos socioculturais que orientam a sociedade na contemporaneidade. Para que a educação possa acontecer de modo pleno, devemos considerar a influência que o meio social exerce sobre cada indivíduo, bem como o acumulado de informações históricas que este apropriou em suas interações socioculturais, sendo necessária a compreensão das peculiaridades apresentadas por cada aluno. Durante o processo de ensino e aprendizagem não devemos cometer o equívoco de desconsiderar os valores éticos dos alunos e toda construção histórico-cultural a que pertencem, o educador deve “compreender que a fonte de sua aprendizagem é sempre a sociedade (PINTO, 2010, p. 111)”, valorizar conhecimentos empíricos dos alunos e aprender com ele. Nesta realidade, será possível desenvolver metodologias eficazes no processo de ensino e aprendizagem, sensibilizando e permitindo apropriação dos conhecimentos. Pensando no ensino de adolescentes, o filósofo e psicólogo Henri Wallon (1995) elucida que no estágio da puberdade o jovem passa a conviver com incertezas e questionamentos de valores. Ciente desta realidade, o docente

[...] somada à importância em atender as demandas do mercado de trabalho, instituições de ensino profissionalizante têm desenvolvido cursos de aprendizagem que oportunizam ao educando o papel de protagonista de sua formação, atuando como agente de transformação social, no qual o docente promove um ensino significativo em que o jovem, por meio de situações de aprendizagem, desenvolve a consciência crítica-reflexiva e a autoestima, o aluno assume o seu papel no corpo social e exerce a sua cidadania. tem a oportunidade de explorar esta condição na formação de jovens aprendizes, propondo atividades em que o aluno sinta a necessidade de expor suas ideias por meio de problematizações, contrapondo a realidade imposta pela sociedade, promovendo a inquietação e proporcionando a ele a reflexão sobre o que já conhece, permitindo o acesso a novos conhecimentos (FREIRE, 1996). Nesta perspectiva, somada à importância em atender as demandas do mercado

de trabalho, instituições de ensino profissionalizante têm desenvolvido cursos de aprendizagem que oportunizam ao educando o papel de protagonista de sua formação, atuando como agente de transformação social, no qual o docente promove um ensino significativo em que o jovem, por meio de situações de aprendizagem, desenvolve a consciência crítica-reflexiva e a autoestima, o aluno assume o seu papel no corpo social e exerce a sua cidadania. Deste modo, por meio da interação e apropriação dos conhecimentos, o educando estará apto para concluir os seus estudos e ingressar no mundo do trabalho, não apenas como um ser produtivo, mas também consciente e atuante no corpo social, como agente transformador do contexto da sociedade. Portanto, ao identificar a condição do educando e a sua capacidade de apropriação dos conhecimentos, o docente poderá escolher a metodologia adequada para realização das suas aulas. Tratar o aluno apenas como mais “um no mundo”, sem dar atenção de forma individual, é fugir da própria responsabilidade como educador, pois no mundo dinâmico e de constantes transformações, somos todos aprendizes.

Qualificação

Uma reflexão sobre a importância dos elementos socioculturais na aprendizagem profissional

REFERÊNCIAS

PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 16ª ed. São Paulo: Cortez, 2010. p, 90 – 111. WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70. 1995. FREIRE, Madalena. Observação, registro e reflexão. Instrumentos Metodológicos I. 2ª ED. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

*Orientador de Educação Profissional / Senac Comunidade Zona Norte. Licenciado em História (FAPA) – Poa / RS

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Qaulificação

A aprendizagem e as janelas de possibilidades: os jovens do CPCA e suas conquistas como inspiração para os colegas Gilberto Lopes leal* Como instituição que desenvolve um trabalho na assistência as famílias da Lomba do Pinheiro desde 1979, o Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis (CPCA), visa a promoção do sujeito como diretriz de suas ações e tem entre seus diversos serviços, programas e projetos, a Aprendizagem Profissional. Desde 2008, essa foi olhada com mais carinho, visto a necessidade de prepararmos nossos jovens aos desafios, ao mundo profissional, suas exigências como, perfil, demandas de mercado e qualificação. Este trabalho vem dando muito certo visto as possibilidades que os jovens acabam vendo frente as oportunidades para construção de um projeto de vida. Os cursos de Auxiliar Administrativo, Help Desk e Gastronomia têm um olhar cuidadoso para as exigências profissionais, mas com uma mesma preocupação em trazer na ação a valorização do humano como ser sagrado, a importância da espiritualidade e o reforço do jovem com seus vínculos familiares e comunitários, com educadores que tem em sua prática o carisma franciscano no trabalho com cada jovem. Vemos em cada um suas potencialidades a serem estimuladas e desenvolvidas, assim como fragilidades a serem trabalhadas e superadas. Sendo a Lomba do Pinheiro, um lugar carente ao que se refere a políticas voltadas para a juventude, a cada ano que se passa, repensamos a prática institucional, qualificando e aperfeiçoando o atendimento com nossos jovens, a ludicidade da rua, as tentações que o tráfico de drogas traz aos nossos jovens é um grande desafio para mantê-los no curso. Como uma das características da juventude é o imediatismo, nos mantemos sempre

A aprendizagem profissional no CPCA também é desenvolvida de forma que o jovem se debruce em seus desejos, seja em ter uma graduação ou curso técnico, que ele possa pensar a aprendizagem como uma ponte para a realização deste, as profissões dos cursos ministrados são muito valorizadas e de extrema importância ao meio profissional, mas o jovem quer mais, seus sonhos atravessam a barreira dos nossos limites enquanto instituição vigilantes e ativos nas ações e oportunidades de cotização dos jovens, buscando empresas parceiras, que abracem a ideia da qualificação profissional, com o mesmo olhar social que temos na instituição, garantindo assim o desenvolvimento pleno na prática do curso e a bolsa salarial. No ano de 2016 e inicio de 2017 tivemos muito orgulho e retorno ao trabalho que desenvolvemos na aprendizagem, dentre as turmas três jovens passaram no vestibular, Thais Guedes, em Ciências Sociais na UFRGS, Kamila Viviane, em Gestão de Recursos Humanos na FADERS, e Taina da Silva Cardoso, em Engenharia na PUC. O

efeito no grupo foi muito positivo. Os outros jovens, que tinham uma dificuldade em pensar planos para o futuro, mesmo com as intervenções pedagógicas dos educadores, já começaram a ver como possível essa possibilidade, como um ingresso na faculdade ou entrar em uma escola de curso técnico, uma vez que seus pares, da mesma comunidade, com histórias que se atravessam e misturamse em muitos aspectos, tiveram a iniciativa de inscrever-se e assim passar no vestibular. As discussões nas aulas passaram muito pela conquista dos colegas, que quebraram paradigmas, ciclos de fracasso escolar dentro do núcleo familiar e comunitário e, agora, carregam a responsabilidade de cumprir esta etapa. A aprendizagem profissional no CPCA também é desenvolvida de forma que o jovem se debruce em seus desejos, seja em ter uma graduação ou curso técnico, que ele possa pensar a aprendizagem como uma ponte para a realização deste, as profissões dos cursos ministrados são muito valorizadas e de extrema importância ao meio profissional, mas o jovem quer mais, seus sonhos atravessam a barreira dos nossos limites enquanto instituição. Para a aprendiz do curso de Auxiliar Administrativo, Thais Guedes, que fez vestibular na UFRGS e passou para Ciências Sociais, “o CPCA estava presente e eu me fascinava em ver a desconstrução que eles faziam em certas ideias que estão impregnadas na nossa sociedade, ideias essas que fazem muito mal para o jovem que nasce num espaço sem muitas oportunidades. E foram essas desconstruções e essa experiência, tão significativas, que fizeram eu escolher cursar Ciências Sociais na faculdade.”

*Coordenador pedagógico da aprendizagem profissional CPCA

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Equipe do Espro – Ensino Social Profissionalizante O Ryla - Rotary Youth Leadership Luciano Silva. “Prêmio desperta o interesse dos Awards (Prêmio Rotário de Liderança “Participar do Ryla foi incrível. Além participantes tanto para a busca de Juvenil) é um dos programas do Rotary de conhecer jovens maravilhosos que fazem novos conhecimentos e profissões International, denominado “Programa para a diferença de todo o Brasil, conhecemos pes- quanto na conscientização do voNovas Gerações”. soas renomadas que deram um verdadeiro luntariado e da cidadania plena” Há exatos 13 anos, o Espro – Ensino show em diversas palestras que assistimos. Social Profissionalizante – e o Rotary Club Foi incrível receber um retorno tão maravilhode São Paulo proporcionam aos seus Jovens so e de pessoas que talvez, se não fosse pelo palestras realizadas por rotarianos que aceiAprendizes o programa RYLA - O projeto foi Espro, eu jamais teria conhecido. Foi gratifi- taram, gratuitamente, compartilhar seus codesenvolvido com o objetivo de promover o cante também conhecer outros Jovens que es- nhecimentos e experiências profissionais com despertar para a liderança, a cidadania e o vo- tão engajados em realmente fazer a diferença esta nova geração de líderes. Os critérios para a escolha dos jovens luntariado, gerando uma oportunidade única com projetos inacreditáveis, com o brilho no de discussão, troca de experiências e exercí- olho de ver que tudo valeu a pena. Esta ação premiados foram a demonstração de perfil de vai ficar marcada para sempre na minha vida liderança, engajamento em projetos sociais, cio de liderança comunitária. Em 2016, dois Jovens Aprendizes de e ajudou muito na construção da minha his- espírito cooperativo, frequência superior a 75% na Atividade Teórica, bom desempenho Porto Alegre estiveram entre os participantes tória”, completou a Jovem Bianca Amador. do evento que foi realizado em Mairiporã, no Para participar, os jovens de diversas na Atividade Teórica e Prática, dentre outros. Faz parte da motivação diária do Espro interior de São Paulo, onde foram recebidos regiões do Brasil foram estimulados a desenpelo presidente do Rotary Club São Paulo, volver projetos sociais que impactassem uma oferecer aos jovens muitas oportunidades que Oswaldo Paulino Filho, e tiveram palestras ONG, comunidade ou a sociedade como um agreguem valor em suas vidas. E o projeto com temas relacionados à recuperação am- todo. Estes projetos foram avaliados por uma RYLA é um deles. Ele desperta o interesse dos biental, sustentabilidade para o futuro, ansie- banca julgadora, formada por colaboradores participantes tanto para a busca de novos codade e estresse, ética, obediência às leis, no- do Espro. O prêmio foi um fim de semana, nhecimentos e profissões quanto na conscienvas tecnologias, entre outras. com todas as despesas pagas pelo Espro, de tização do voluntariado e da cidadania plena. Luciano Gabriel de Souza Silva e Bianca Munitor Amador ganharam destaque entre os Jovens do Programa de Socioaprendizagem com a ação social intitulada “De Jovem para Jovem”. O projeto foi uma iniciativa na qual os envolvidos visitariam escolas da rede pública para contarem suas experiências profissionais como Jovens Aprendizes e sobre sua trajetória acadêmica. “Desde o princípio do nosso projeto, tivemos um objetivo de focar em uma classe menos favorecida e em um faixa etária pouco lembrada. Sem dúvida, eu não queria apenas desenvolver um projeto, e sim conseguir resultados claros, como vidas mudadas de alguma maneira. E nós conseguimos isto. Eu finalizei o projeto com a certeza de dever cumprido”, afirmou o Jovem Bianca Munitor Amador e Luciano Gabriel de Souza Silva ganharam destaque entre os Jovens do Programa de Socioaprendizagem

Experiências pedagógicas

Programa Ryla estimula protagonismo, liderança e cidadania aos Jovens Aprendizes do Rio Grande do Sul e demais estados do Brasil

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Experiências pedagógicas

O jovem aprendiz e a pedagogia salesiana P. Tarcizio Paulo Odelli* A maneira salesiana de educar baseia-se no Sistema Preventivo que Dom Bosco, nosso fundador, escreveu. O Novo Lar de Viamão é uma entidade que pertence à Sociedade de São Francisco de Sales (Salesianos de Dom Bosco) e segue este sistema e pedagogia também no Programa Jovem Aprendiz. Normalmente os jovens que vem à instituição procuram o programa para conseguir um emprego e garantir o próprio futuro. Porém, em contato com a pedagogia salesiana, muitos deles se transformam e mudam o modo de conceber a vida. Neste sistema procuramos formar o bom cristão e o honesto cidadão. Umberto Eco famoso escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano de fama internacional, ex-aluno salesiano, referindo-se ao fundador diz: "Dom Bosco propôs e realizou no seu oratório a utopia de um novo modo de estar juntos”. O "Oratório", na pedagogia salesiana, não é algo meramente religioso. É um sistema integral de educação. Ao entrar numa Obra Salesiana o jovem entra neste ambiente, do Oratório, para, juntamente com a comunidade educativa ter a chance de poder desenvolver todas as suas potencia-

lidades, num clima de alegria, amizade, respeito e reciprocidade. Assim, ao longo das atividades do Programa Jovem Aprendiz, o Novo Lar oferece muitas opções recreativas, educativas, religiosas, motivacionais e culturais para os jovens que o frequentam, visando formar, o "bom cristão e o honesto cidadão", como dizia o fundador. Para ilustrar o que estamos dizendo, programamos diversas atividades extracurriculares, que não interferindo na aprendizagem, ajudam a formar de modo integral. Contamos para isso com o apoio de uma rede nacional, a Rede Salesiana Brasil Obras Sociais. São muitas instituições iguais a nossa que estão interligadas e recebem apoio para realizar o próprio trabalho. Na programação anual procuramos contemplar algumas datas significativas, onde os jovens se envolvem e realizam atividades formativas, tanto do ponto de vista religioso como cultural e cívico: páscoa, semanas dedicadas ao projeto de vida, semana da pátria, do município, semana farroupilha, festividades do natal, passeios, esportes. Além disso, oferecemos a oportunidade de aprenderem algo novo, através de cursos de violão, dança de rua, padaria, estética e informática. Nas

Assim, ao longo das atividades do Programa Jovem Aprendiz, o Novo Lar oferece muitas opções recreativas, educativas, religiosas, motivacionais e culturais para os jovens que o frequentam, visando formar, o "bom cristão e o honesto cidadão" sextas-feiras, os jovens têm a possibilidade de participar de grupos de interesse. Chamamos de Articulação da Juventude Salesiana (AJS). A AJS é aberta para todos os jovens que frequentam a Obra e para os ex-alunos ou para outros jovens que tenham interesse em participar. Nos grupos formados de acordo com os interesses, os jovens são convidados a serem protagonistas, conduzindo a reflexão do tema e depois desenvolvendo atividades próprias. Assim acreditamos que estamos colaborando para transformar os nossos jovens em cidadãos dignos do nosso país, pois precisamos muito de pessoas que, além de um emprego para garantir o próprio sustento, sejam construtoras da cidadania.

*Licenciado em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena (SP).

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Os aprendizes e a pedagogia salesiana


Mostra de Talentos da UCPel revela potencial dos Aprendizes Professoras responsáveis pelo desenvolvimento do trabalho: Simoni Peverada Triantafilu e Andressa Bastos da Cunha Nos últimos 2 anos, o Programa Jovem Aprendiz desenvolvido pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel), em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), vem desafiando seus aprendizes a demonstrarem suas habilidades em uma mostra de talentos, realizada anualmente, no mês de dezembro. A ideia de oferecer aos jovens um espaço, que possibilita realizar as mais diversas apresentações artísticas, a partir das atividades práticas realizadas no decorrer das aulas da teoria específica. Nas atividades propostas os aprendizes foram estimulados a usar sua criatividade e nos surpreenderam com seus talentos. O objetivo deste trabalho, é desenvolver em cada um dos alunos a dicção, a desinibição e a oratória e, principalmente, para que cada aprendiz tenha a oportunidade de superar seus limites e ver o quanto são capazes - levando em consideração que grande parte dos jovens que participam do Programa possuem alguma deficiência. Até o presente momento, duas mostras já foram realizadas. Na primeira, foram apresentadas duas peças teatrais, intituladas: A Moreninha, do escritor brasileiro Joaquim Manuel de Macedo; e Os Blancos em Jaguarão, do pelotense Lobo da Costa; duas apresentações de dança e três apresentações musicais. Na segunda, os aprendizes se superaram e apresentaram, uma peça musical, uma mostra circense, uma apresentação de Cup Song, uma coreografia e três apresentações musicais. O primeiro passo é escolher o que cada um quer apresentar e se vai apresentar individual ou em grupo. Para isso, os jovens têm total liberdade, depois, os mesmos apresentam sua proposta para os professores e após, começam os ensaios, que acontecem uma vez por semana, em meados de setembro, sob a supervisão, orientação e mediação da equipe de docentes. O resultado deste trabalho é muito positivo, pois vai além da inserção no mercado de trabalho e podemos ver que a inclusão des-

tes jovens na sociedade, realmente acontece. A mostra é uma oportunidade de apresentar o potencial dos participantes do Programa, sendo diferente o processo de aprendizagem, desenvolvendo suas habilidades e competências. Os aprendizes aprendem sobre o respeito ao próximo, suas diferenças e a superar seus limites, indo muito além do que acreditam serem capazes. E as famílias destes jovens conseguem acompanhar esse processo de aprendizagem.

Experiência dá visibilidade aos participantes do programa e os estimula a superarem os seus limites.

I Mostra de Talento: apresentação musical

II Mostra de Talentos: apresentação circense

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Experiências pedagógicas

Projeto Integrador Jovem Aprendiz: melhorando o atendimento aos clientes da Farmácia Panvel Cibele Hechel Colares da Costa1 Paula Regina Gomes Xavier2 O Modelo Pedagógico Regional do SENAC, compreende que a teoria deve estar atrelada a prática, por isso a importância dos Projetos Integradores. Eles possibilitam que os jovens possam pensar estratégias para resolução de problemas vivenciados em suas empresas, ou ainda, estratégias que possam auxiliá-las a, cada vez mais, oferecer um serviço de melhor qualidade aos seus clientes. Assim, temos os alunos Bruna Dias, Nycollas Senna e João Vitor Oliveira que, atualmente, estão cursando no SENAC Rio Grande o curso de Aprendizagem Comercial em Serviços Administrativos e desenvolvem suas práticas junto às Farmácias Panvel. Quando estes alunos foram desafiados para a escrita do Projeto Integrador (PI) 2, logo pensaram em algo que pudesse agregar no atendimento ao cliente de suas farmácias. Também foi solicitado aos alunos que aliassem, nesse PI, os conhecimentos já adquiridos no Módulo I do curso, no qual desenvolveram as competências de um recepcionista, com os conhecimentos do Módulo II do curso, no qual desenvolveram as competências de Assistente Administrativo.

Alunos desenvolvem competências ligadas ao trabalho em equipe, ética, responsabilidade, criticidade, entre outras. Com o desafio aceito, os alunos trataram de definir quais setores da farmácia eles pretenderiam atingir com seu projeto e eles definiram então que seriam os setores de vendas, financeiro e marketing, claro, aliados ao atendimento ao cliente. Logo eles planejaram desenvolver uma melhoria para a Panvel. Segundo eles relatam no seu projeto, essa ação foi pensada para agilizar as compras dos clientes e isso está diretamente ligado aos setores de vendas, de logística e marketing. Desse modo o leitor, vai ser parecido com o leitor de mercadorias normal, com a diferença que vai ter uma tela maior (pode ser utilizado um Tablet), para ficarem visíveis os dados da mercadoria e dicas importantes para o bem-estar dos clientes. Com essa ação, desenvolvida pelos alunos na sala de aula foi possível trabalhar questões muito relevantes para o desenvolvimento deles, enquanto jovens que estão se

Orientadora de Educação Profissional - SENAC Rio Grande Coordenadora do Programa Jovem Aprendiz – SENAC Rio Grande 1

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Jovens Aprendizes da empresa Panvel trabalhando no PI e na sua prática na farmácia

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inserindo no mercado de trabalho. Por estarem nessa condição, necessitam desenvolver competências ligadas ao trabalho em equipe, ética, responsabilidade, criticidade, entre outras, que podem ser vivenciadas pelos alunos no desenvolvido desse projeto. Assim, o projeto dos alunos consiste em o cliente chegar à Panvel de sua preferência, pegar algum produto que esteja exposto na prateleira, em seguida procurar um leitor próximo, aproximar o código de barras dele e ter acesso a uma tela inicial. Nessa tela estaria uma foto do produto com detalhes, como preço (incluindo descontos para os clientes com cartão fidelidade da Panvel, quando for o caso), tamanho do produto, tipo de cabelo (no caso de produtos para os cabelos) e também as estratégias de marketing definidas pela farmácia para aquele produto. Além disso pode estar na mesma tela um produto similar que pode ser comprado em conjunto, bem como dicas de bem-estar relacionadas ao produto de interesse do cliente, por exemplo, no caso dos cabelos, dicas para manter os cabelos saudáveis.


Design gráfico como ferramenta de comunicação visual Jeferson Machado* Os alunos formandos do Curso de Design Gráfico do Centro de Educação Profissional São João Calábria desenvolvem em seu último semestre de aprendizado a reformulação de projetos gráficos da Instituição de Ensino. Entre as atividades desenvolvidas, estão: atualização das placas de sinalização das salas, banner que trata da metodologia da aplicação da pedagogia institucional, e material de divulgação dos cursos de iniciação e qualificação profissional. Este tipo de atividade só é permitido desenvolver pelos alunos após meses de estudo sobre a aplicação do Design Gráfico como uma ferramenta de importante valia na identidade visual de uma empresa ou serviço. No curso, os alunos têm a oportunidade de aprender em aulas práticas e teóricas desde a captação de informações para o bom desenvolvimento de um projeto gráfico até processos criativos para aplicação de todo tipo de ma-

Alunos do Curso de Design Gráfico do Calábria desenvolvem projetos gráficos para a instituição de Ensino. terial impresso, como psicologia das cores, Gestalt, escola Bauhaus e história da arte. Outro fator importante para a formação destes jovens é o domínio de ferramentas de editoração gráficas, softwares de manipulação de imagem, que dão reforço para que os alunos possam executar os projetos gráficos com grande apuramento técnico. Tendo todo esse embasamento teórico e prático, os alunos formandos possuem as ferramentas corretas para desenvolver todo tipo de material gráfico seja para aplicação impressa ou para web. Luiza Costa, uma das alunas formandas do curso de Design Gráfico, participante do Programa de Aprendizagem Profissional, ava-

lia que, ao escolher o curso para buscar uma qualificação, foi possível conhecer um novo mundo, onde a imagem é uma ferramenta de comunicação, onde, muito mais do que cores e formas, o design gráfico serve para comunicar, orientar, entreter e informar o expectador. Jonatas Cavalheiro, também aluno do curso de qualificação e participante do Programa de Aprendizagem Profissional, avalia que hoje, após meses de estudo sobre Design Gráfico, consegue perceber o mundo com outros olhos, podendo identificar em um projeto gráfico se este teve um estudo prévio em seu desenvolvimento. Ao final da execução e revitalização dos projetos gráficos do Calábria, Educador e Alunos ficam satisfeitos com os resultados apresentados, sinal que todo o empenho e dedicação nos meses de duração do curso foram importantes para o crescimento de todos tanto como profissionais quanto como pessoas.

*Educador do curso Design Gráfico do Calábria

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“Ao capacitar adequadamente os jovens para os desafios futuros, também incentivamos a permanência no meio rural de quem fará a diferença nos próximos anos, tornando-os influenciadores diretos da saúde econômica do País.” Semear oportunidades de crescimento e qualificação. Esse tem sido o foco do curso de Empreendedorismo em Agricultura Polivalente – Gestão Rural promovido pelo Instituto Crescer Legal. No final de 2016, cerca de 100 jovens se reuniram para o 1º Encontro Regional de Aprendizes Rurais, evento realizado no Memorial da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Com o tema ”O jovem, a vida e o seu papel na sociedade”, o encontro contou com a participação dos educadores do Programa de Aprendizagem Profissional Rural do Instituto, além da diretoria e associados da entidade. As cinco turmas do projeto-piloto, provenientes de Candelária, Santa Cruz do Sul, Vale do Sol, Venâncio Aires e Vera Cruz, se reuniram para compartilhar experiências. Com o objetivo de formar os jovens para que possam ser empreendedores rurais, o Instituto Crescer Legal aposta em um modelo pedagógico pioneiro com olhos voltados à sucessão. Iro Schünke, diretor-presidente do Instituto Crescer Legal, destacou o trabalho que vem sendo feito desde 2015 para a capacitação profissional de jovens no meio rural e seu desenvolvimento como cidadãos. “Os jovens precisam ter em mente o importante papel que têm para o futuro de suas comunidades e de nosso País. O setor primário apresenta-se como o principal catalisador da economia nacional e o seu crescimento depende da excelência de quem trabalha na área. Ao capacitar adequadamente os jovens para os desafios futuros, também incentivamos a permanência no meio rural de quem fará a diferença nos próximos anos,

Jovens aprendizes e educadores do Instituto Crescer Legal vibram com a oportunidade gerada pelo Programa

tornando-os influenciadores diretos da saúde do conselho consultivo do Instituto Crescer Legal, que falou aos jovens sobre a grande econômica do País”, avalia Schünke. O Superintendente Regional do oportunidade que têm em participar de um Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul, programa inédito que os prepara para desemJoaquim Cardinal, enfatizou a relevância dos penharem um papel de liderança e destaque jovens para o futuro do País e parabenizou o em suas áreas de atuação. Instituto Crescer Legal por dar oportunidades de crescimento profissional e humano aos jovens do meio rural. “A aprendizagem é composta por um tripé: o jovem, a empresa e a entidade formadora. Esse tripé está muito bem articulado”, afirmou. A programação do evento contou ainda com uma palestra do professor Nestor Raschen, sócio fundador e presidente Superintende Regional do MTE/RS, Joaquim Cardinal, elogiou a iniciativa do Instituto Crescer Legal

Fotos desta página: Junio Nunes

Experiências de Projetos 40

Qual o papel do jovem rural?

O diretor-presidente do Instituto Crescer Legal, Iro Schünke, destacou a importância dos jovens para o futuro do meio rural


Um novo olhar sobre a Aprendizagem Profissional Marcela Cristina da Rocha * Evelise Kerkhowe** Pensar na formação profissional, está além dos conhecimentos técnicos, das habilidades e competências convencionais. Isto deixa lacunas na vida dos jovens e podem marcar sua experiência de forma negativa. Tal trajetória é possível de ser transformada, mudando a dinâmica das relações que nela são vivenciadas. O programa de aprendizagem é um campo de experimentação e formação, que proporciona ao jovem essa nova formação, mais humanizada. Isto se dá na construção do saber, nas discussões e na elaboração de projetos que visam o futuro do desenvolvimento profissional de cada um. Assim nasceu o projeto do Programa Jovem Aprendiz da Integrar-RS 2017, que visa reconhecer os trabalhadores invisíveis do nosso cotidiano, através da construção de flores artesanais de papel crepon com mensagens de gratidão. Os alunos saíram às ruas de Porto Alegre distribuindo as flores para os trabalhadores, agradecendo sua contribuição social. Nosso retorno foram os muitos sorrisos por parte dos diferentes trabalhadores e dos alunos, a alegria, o amor estampados em

“Nosso maior objetivo é agradecer o trabalho realizado pelos trabalhadores invisíveis. Além de conscientizar o maior número de pessoas possível, de que o trabalho exercido por tais profissionais é realmente indispensável no meio em que vivemos.’’ seus rostos, assim como no colorido deixado pelas flores nas ruas de Porto Alegre. Dessa forma, além da cidadania aprendida, esses alunos trocaram afetos e hoje tem respeito e reconhecimento a todo profissional independente da atividade exercida. O respeito ao próximo esquecido nos pequenos gestos do dia-dia; o bom dia ao porteiro, o cuidado com a sala limpa pensando em quem limpará depois, enfim a valorização das diversas profissões que tem igual importância na construção da sociedade. Isto nos faz refletir sobre onde está o lado humano da humanidade... se as pessoas cada vez mais cobrem-se de ódio, brigam por futilidades, olham somente para o seu próprio umbigo e passam uns por cima dos outros como verdadeiros tratores lavran-

do a terra bruta e inerte, a fim de satisfazer seu próprio ego. Cada vez fala-se mais em humanização e ela cada vez desaparece mais, como se sentisse vergonha da humanidade que deveria carregá-la, mas por algum motivo a enterrou profundamente em seu âmago sem luz. Muitas pessoas só olham para si mesmas, esquecendo que nossa existência na terra não tem sentido sem o outro, porém fizemos esse outro sofrer o tempo inteiro, sofrer de amor, de dor, de angústia, de desprezo, de desilusão, porque não conseguimos por muitas vezes nos colocar no lugar do outro... lugar este que poderia ser nosso. Ninguém para e pensa sobre como seria difícil habitar no corpo do outro, viver suas angústias e tomar suas decisões, ninguém exercita-se para lembrar que a dor do outro pode ser vivenciada a qualquer momento e como seria importante se você pudesse ser ouvido, acariciado, elogiado, acalentando sua dor e amenizando-a por um momento, apenas por um momento. Assim permitindo-lhe o esquecimento mesmo que só por uma fração de segundo. A impressão é de que há uma onda a favor lutando, protestando, amando, enquanto outra que vem contra é ingratidão e desamor... e nós que temos este instrumento chamado educação devemos utilizá-la para uma verdadeira transformação das relações sociais resgatando a humanidade. *Professora / Bacharel em Ciências Sociais **Pedagoga / Psicopedagoga Coordenadora Pedagógica - Integrar/RS

“Toda flor tem sua beleza e todo trabalho sua importância. Agradecemos por seu trabalho.”

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Experiências de Projetos

Projeto Pescar participa da Campanha "Namoro e Violência Não Combinam"

Espera-se que os adolescentes e jovens que participaram dos projetos sejam capazes de reconhecer, enfrentar e opor-se às diferentes formas de violência tanto nas suas relações afetivosexuais, quanto nas suas famílias, amizades e demais relações Cristiane dos Santos Schleiniger* sociais.

A violência nas relações afetivo-sexuais entre adolescentes vem sendo vista como um crescente problema social e de saúde pública em vários países, gerando várias consequências negativas à saúde, desde danos imediatos sofridos ainda na adolescência, até efeitos que comprometem o bem-estar da pessoa ao longo de sua vida (GOMES, 2011). Porém, no Brasil, existem raras experiências consolidadas de prevenção e o tema ainda é pouco destacado nos estudos sobre a adolescência de modo geral (NJAINE et al., 2011). Em 2013, foi realizada a pesquisa Violência & Gênero nas Relações AfetivoSexuais entre Adolescentes, com os jovens de uma das Unidades da Fundação Projeto Pescar (FPP). Inserida no Grupo de Pesquisa Relações de Gênero, do Programa de PósGraduação da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio

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Capacitação de educadores sociais

Grande do Sul (PUCRS), a pesquisa foi financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)/PróEnsino na Saúde. Diante do interesse demonstrado pela FPP nos resultados da pesquisa e da necessidade de promover ações de enfrentamento da violência nas relações amorosas entre adolescentes, o Grupo de Pesquisa da PUCRS recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), para o lançamento da Campanha “Namoro e Violência Não Combinam”, com a realização de oito Cursos “Violência & Gênero nas Relações Afetivo-Sexuais entre Adolescentes” e a elaboração do Guia Didático Pedagógico “Namoro e Violência Não Combinam”. A partir da parceria entre a PUCRS e a FPP, de junho à agosto de 2015, os educadores sociais do Projeto Pescar e convidados da rede de atendimento participaram do curso e receberam o Guia Didático Pedagógico. O objetivo foi subsidiar os profissionais para desenvolverem dois projetos com adolescentes e jovens sobre o tema da violência e violência de gênero nas relações afetivo-sexuais entre adolescentes, promovendo espaços de formação, reflexão, debate e aprendizado, visando a prevenção e o combate a esses tipos de violência.

Encontro de Jovens na Regional Rio

Foram ministrados 7 cursos para todas as regionais da FPP e convidados da rede de atendimento, alcançando-se um total de 133 participantes. O curso com carga horária de 8 horas, obteve 96,3% de satisfação. Após esse intensivo, oferecido em 6 cidades do Brasil, a Fundação segue oferecendo uma edição por ano do curso, contemplando educadores sociais que ingressam no Projeto Pescar, além de abrir o curso para demais profissionais interessados. Os jovens do Projeto Pescar também receberam uma camiseta referente à Campanha “Namoro e Violência Não Combinam”, usadas nos Encontros de Jovens, que ocorreram nas Regionais do Projeto Pescar, entre setembro e outubro de 2015. Espera-se que os adolescentes e jovens que participaram dos projetos sejam capazes de reconhecer, enfrentar e opor-se às diferentes formas de violência tanto nas suas relações afetivo-sexuais, quanto nas suas famílias, amizades e demais relações sociais. Referências

GOMES, Romeu. Invisibilidade da violência nas relações afetivo-sexuais. In: MINAYO, Maria Cecília de S.; ASSIS, Simone G. de; NJAINE, Kathie (Orgs.). Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do “ficar” entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro : Editora FIOCRUZ, 2011, p.141-152. NJAINE, Kathie; OLIVEIRA, Queiti B.M.; RIBEIRO, Fernanda M. L.; MINAYO, Maria Cecília de S.; BODSTEIN, Regina. Prevenção da violência nas relações afetivo-sexuais. In: MINAYO, Maria Cecília de S.; ASSIS, Simone G. de; NJAINE, Kathie (Orgs.). Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do “ficar” entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2011, p.183-206.

*Psicóloga Social, Mestra em Psicologia Social (PUCRS).


Laboratório de Práticas Administrativas Aline Vaz, Karen Castanho, Maria de Fátima Gnutzmann, Helena Quites Luce* Trabalhar entre teoria e prática é sempre um desafio! Entre pensar e fazer algo, há uma grande distância, porém, o caminho para a superação dessa situação é a construção de estratégias de integração entre teoria e prática, que é o que caracteriza o Programa Jovem Aprendiz. Nosso curso, de Assistente Administrativo, visa o aperfeiçoamento na concepção de uma formação que articule trabalho, cultura, ciência e tecnologia, como princípios que sintetizem todo o processo formativo. A organização dos conhecimentos aplicados nos setores de uma empresa fictícia (oficina prática), enfatiza o resgate da formação humana onde o jovem educando, como sujeito histórico, produz sua existência pelo enfrentamento consciente da realidade dada, produzindo valores. Depois de outras experiências, hoje trabalhamos com uma simulação da teoria com a prática, através de aulas que contam com vivências diárias da profissão de assistente administrativo, através de um laboratório dividido em departamentos, desse modo, a

Hoje trabalhamos com uma simulação da teoria com a prática, através de aulas que contam com vivências diárias da profissão de assistente administrativo, através de um laboratório dividido em departamentos, desse modo, a construção de saberes e as ações das práticas oportunizam ao aprendiz uma abordagem centrada na preparação para o mercado de trabalho

construção de saberes e as ações das práticas oportunizam ao aprendiz uma abordagem centrada na preparação para o mercado de trabalho. A aprendizagem decorre, principalmente, do conhecimento prévio, das habilidades, dos interesses e necessidades dos aprendizes. Os trabalhos são realizados individualmente, em duplas ou em grupos, nas estações de trabalho, para a interação e construção coletivas dos objetivos da empresa. Projeto de Construção Individual Além do desenvolvimento dos educandos no laboratório prático (empresa fictícia), no último semestre do curso eles desenvolvem um Projeto de Ação nas empresas onde realizam suas práticas, visando constante processo de construção de conhecimento, baseado em aspectos significativos da realidade de aprendizado vivenciado, através do legítimo protagonismo.

O projeto é construído com os objetivos estabelecidos pelo aprendiz, trabalhados de forma articulada e adaptado às necessidades e aos interesses, não só do aprendiz, mas também da empresa a qual desenvolvem suas práticas. Já contabilizamos 15 projetos desenvolvidos no ano de 2016, e para o ano de 2017 a estimativa é que se realizem mais de 20 projetos. A experiência dos jovens sendo vistos como protagonistas nas empresas resultou, inclusive, na contratação dos mesmos pelas empresas, para que dessem seguimento aos projetos. Com esse novo desenho de curso e metodologia, nosso objetivo foi amplamente atingido: jovens protagonistas de suas aprendizagens, preparados para os desafios da vida, ingressando no mundo do trabalho! *Material desenvolvido pelas Educadoras e Supervisora Pedagógica do Curso de Assistente Administrativo do Centro de Educação Profissional da Fundação Pão dos Pobres.

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Experiências de Projetos

Do Programa Aprendiz Cooperativo do Campo à Cooperativa Escolar de Aprendizagem Teutônia Partindo da proposta cadastrada pelo SESCOOP/RS, o Colégio Teutônia, mantido pela Fundação Agrícola Teutônia, cadastrada no Ministério do Trabalho e Emprego ( MTE), como entidade formadora para programas de aprendizagem, tem em sua história “fazer Educação no Campo há 65 anos.” O legado histórico iniciado em 1952 possibilitou a este educandário formar mais de 1500 técnicos em agropecuária. Toda esta vivência no eixo educacional, aliado à experiência, como também à condição de possuir uma unidade didática e de produção no setor agro demove a instituição para a oferta e realização do Curso de Aprendizagem no Campo, com a realização dos módulos teóricos e práticos na própria instituição. As aulas teóricas ocorrem na estrutura do Colégio e as práticas, dirigidas na Granja do Colégio. Condições que aliadas a forte ação do cooperativismo na região e sucessão das cooperativas de produção, levou a constituição da Cooperativa Escolar de Aprendizagem Teutônia (COOPEAT ). COOPEAT Junto ao desenvolvimento das atividades práticas do Programa Aprendiz Cooperativo do Campo, surgiu a ideia de montar-se uma cooperativa escolar, que são associações de estudantes com finalidade

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A aprendiz Alessandra Laís Wünch e também secretária da COOPEAT, destaca que o programa e principalmente o envolvimento na gestão da Cooperativa proporcionaram, além da maturidade e do crescimento pessoal, um maior respeito aos outros: “aprendemos que nem sempre estamos certos, que precisamos em alguns momentos nos colocarmos no lugar do outro, começamos a levar as coisas mais a sério, até porque o resultado positivo da cooperativa depende de nós”.

educativa, podendo desenvolver atividades econômicas, sociais e culturais em benefício dos associados. Em sua essência, busca formular uma proposta pedagógica com a participação do corpo discente em atividades práticas. Todo o trabalho e tempo dedicado ao projeto englobam atividades que promovam a liberdade, a cooperação, o saber e o fazer. A COOPEAT, teve sua Assembleia de Fundação no dia 05 de julho de 2016, contando com a participação de 25 cooperados. Até o dia da assembleia fez-se todo um processo de construção e aprendizagem sobre a constituição e o funcionamento de uma cooperativa, criando-se a identidade da cooperativa. A Cooperativa Escolar com base na colaboração recíproca a que se obrigam seus associados tem o objetivo de educar e promover a difusão da doutrina cooperativista, visando a melhor educação e a conscientização dos associados dentro dos princípios cooperativistas. A COOPEAT tem como objetos de aprendizagem produtos e serviços ligados à área rural, considerando que são estudantes do Programa Aprendiz do Campo. Atualmente produzem hortaliças, balas de mel com gen-

gibre, rapaduras de chocolate, além de produtos especiais para datas comemorativas, como por exemplo, as cenouras com amendoim para a Páscoa. A COOPEAT tem como missão promover o desenvolvimento do cooperativismo de forma integrada e sustentável, buscando a satisfação e confiança dos consumidores dos produtos e serviços oferecidos. Possui como visão a busca do reconhecimento por sua excelência no desenvolvimento dos seus diferentes objetos de aprendizagem, baseando-se nos valores da cooperação, ética, honestidade, responsabilidade social e qualidade. Na próxima Assembleia Geral Ordinária da Cooperativa, os aprendizes cooperados terão que votar uma nova diretoria sucessora para dar continuidade aos trabalhos iniciados e também fazer a distribuição das sobras, respeitando o Estatuto Social da Cooperativa no que diz respeito aos percentuais destinados ao Fundo de Reserva, Fundo Rotativo e Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES). Dessa forma, “a COOPEAT possibilita aos jovens colocarem em prática o que aprendem na teoria, tanto na parte agrícola de produção e manutenção de suas hortaliças, quanto na parte administrativa, fazendo a gestão dos processos produtivos, financeiros e de pessoas, possibilitando um crescimento profissional dos jovens envolvidos”, destaca a professora orientadora do projeto, Maitê Luize Schuhmann. A aprendiz Alessandra Laís Wünch e também secretária da COOPEAT, destaca que o programa e principalmente o envolvimento na gestão da Cooperativa proporcionaram, além da maturidade e do crescimento pessoal, um maior respeito aos outros: “aprendemos que nem sempre estamos certos, que precisamos em alguns momentos nos colocarmos no lugar do outro, começamos a levar as coisas mais a sério, até porque o resultado positivo da cooperativa depende de nós”.


11 anos do Centro de Recondicionamento de Computadores Ricardo Brodt* “Eram 70 jovens, no dia 17 de abril de 2006, me lembro do rosto de cada um, curioso, ansioso com a grande novidade que um bairro de periferia estava recebendo: o primeiro CRC da América Latina, isso mesmo, um Centro de Recondicionamento de Computadores encravado no bairro Mario Quintana, começando um projeto lindo de inclusão digital”. Após três meses de estruturação e organização interna, a partir da assinatura do convênio, o Centro de Recondicionamento de Computadores, do Centro Social Marista de Porto Alegre (CRC-Cesmar) foi inaugurado com a presença dos Dirigentes da União Sul Brasileira de Educação e Ensino - CESMAR e da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Dando assim início oficial às atividades. Nesse primeiro momento, em 2006, o projeto contava com 70 jovens aprendizes. No ano seguinte, o CRC recebeu 18 novos jovens aprendizes e um jovem aprendiz voluntário, conforme consta nos relatórios mensais que são encaminhados para a coordenação do Projeto Computadores para Inclusão. Os educandos do projeto foram contratados através do Programa de Aprendizagem, afim de promover formação técnico-profissional, através de atividades teóricas e práticas. Neste espaço físico, contamos com um ambiente adequado para a realização das atividades de recepção, triagem, recondicionamento, empacotamento e entrega de equipamentos de informática, de acordo com procedimentos e padrões definidos no documento propositivo do Projeto do Governo Federal. As atividades do CRC-Cesmar incluem, não somente a formação técnica com a capacitação em habilidades de montagem e recondicionamento de computadores, mas também a formação humana e social dos jovens envolvidos, permitindo formar cidadãos com

"Com formação técnica e com o conhecimento adquirido durante o desenvolvimento das atividades, o educando poderá exercer posteriormente atividades profissionais nobres". visão crítica e consciente do meio ambiente e de sua preservação. O trabalho é realizado através da utilização de equipamentos de informática doados por instituições públicas, privadas e pessoas físicas. O recondicionamento acontece a partir do reaproveitamento de peças, componentes e algumas reposições com peças novas adquiridas. O CRC-Cesmar é elemento integrante de uma rede nacional de recondicionamento e doação de computadores, tendo como foco a formação de jovens em vulnerabilidade social, sua capacitação técnica em montagem de “hardware”, e instalação de “software” nas máquinas reconstruídas, bem como o provimento destes equipamentos a iniciativas e projetos de inclusão digital, como robótica livre, executados por instituições sem possibilidade de aquisição de computadores por meio de recursos próprios. O CRC-Cesmar tem o reconhecimento da comunidade onde está inserido, como iniciativa de grande alcance de inclusão social. E como projeto que objetiva promover um espaço de transformação social da comunidade, permitindo que os jovens atendidos possam gerar através dos conhecimentos adquiridos, sua própria renda. Com formação técnica e com o conhecimento adquirido durante o desenvolvimento das atividades, o educando poderá exercer posteriormente atividades profissionais nobres, como montagem e recondicionamento de computadores e de servidores, conserto de equipamentos de informática, configuração de máquinas e uso de “softwares”, linguagem de

programação, sistemas operacionais, uso da internet, implantação de projetos de redes de computadores, domínio de eletrônica básica analógica e digital, relacionadas a equipamentos de informática. Outro aspecto importante, com o sucesso da primeira fase do projeto iniciada no ano de 2006, evoluiu-se e concluímos à construção de um novo prédio com aproximadamente 1.500 metros quadrados, que permite o atendimento de até 300 jovens aprendizes. Com esta iniciativa nasceu, em 03 de maio 2010, o Polo Marista de Formação Tecnológica, cujo embrião é o CRC-CESMAR. Com a mesma orientação, seguiremos a formação técnica e humana dos jovens da comunidade onde o CRC-CESMAR está inserido. O Polo de Formação Tecnológica aumenta as chances de promover a inclusão social e digital das comunidades em que atuamos e as beneficiadas pelas doações de equipamentos recondicionados. Atualmente o Polo oferece cursos de: Auxiliar Técnico de Manutenção de Computadores, Eletrônica, Programação de Software, Assistente Administrativa, Informática com Ênfase em Robótica, Turismo Ecológico e o CVTec, que é um curso voltado para jovens com deficiência. Até o momento, o Polo já formou mais de 1.500 jovens, produziu mais de 4.000 computadores e descartou corretamente toneladas de lixo eletrônico, sendo um importante agente de preservação do meio ambiente e descarte correto de resíduos eletroeletrônicos. “Hoje, 10 anos depois, voltando aqui no Cesmar, vejo este prédio maravilhoso, com 275 jovens fazendo vários cursos, com 23 empresas parceiras acreditando nos jovens acima de tudo e vendo o rosto de cada um, vejo o mesmo brilho de 11 anos atrás, vejo jovens que eram educandos, agora sendo educadores, replicando seus conhecimentos, fazendo outros olhos brilharem”.

* Coordenador do Polo Marista de Formação Tecnológica

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Experiências de Projetos

Aprendizes do povo, da cultura, do autoconhecimento e do profissionalismo Há pouco mais de dois anos, após muita pesquisa, estudo e reuniões para definir parcerias e possibilidades, viu-se o sonho de duas turmas de Jovens Aprendizes se tornarem realidade numa das regiões mais pobres e debilitadas socialmente de Porto Alegre, as Ilhas do Guaíba. A área ficou conhecida nacionalmente graças ao Filme Ilha das Flores, do cineasta Jorge Furtado, onde ele expunha a situação desta população, suas mazelas e a relação com o lixo. Passados quase 30 anos, a realidade do lixo e dos recicladores mudou bastante, porém a juventude da região continua praticamente sem alternativas de escolha, mesmo vivendo num santuário ecológico, território de um Parque Estadual, definido e protegido por legislação própria, porém inexplorado em sua história e potencial turístico. Neste contexto e contando com o impulso animador e dedicação da coordenadora

Curso Jovem Aprendiz em Turismo Ecológico institui uma nova forma de relação entre a comunidade local e a sua história do Programa Aprendiz da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul (SRT-RS), Denise González, foi iniciado a construção do Projeto de Aprendizagem, que se desenhou de forma inédita, resultando num programa de Aprendizagem Profissional em Turismo Ecológico, com o objetivo de formar aprendizes com conhecimento amplo em turismo e nas Ilhas do Delta do Jacuí, realidade da vida desses, inclusive na difícil tarefa de ter que todos os anos enfrentar enchentes. A intenção é aos poucos criar um polo turístico para a região, em sintonia com o recém-inaugurado Museu de Percurso, que con-

ta a história das Ilhas através de painéis distribuídos pela Ilha da Pintada e onde os visitantes fazem de forma “ecológica”, caminhada para conhecer tal história, acompanhados de Jovens Aprendizes. Aos poucos se institui uma nova forma de relação entre a comunidade local e sua história, graças ao novo curso aí instalado. O projeto só foi possível graças a uma parceria entre diversas instituições: SRTRS, Rede Marista do RS (coordenação), Igreja Local (espaço para as aulas) e Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul (Cotização dos Jovens). Após dois anos, a primeira turma se formou e boa parte dos jovens já encaminharam suas opções de vida, seja profissionalmente, como também socialmente, pois a metodologia do curso e as experiências empíricas proporcionadas possibilitam uma redescoberta, por parte dos jovens, de suas próprias histórias, colocando -os em um novo patamar de entendimento social. Isto demonstra que o Programa Jovem Aprendiz é o caminho mais curto para o jovem se “achar” na vida, compreender o mundo ao seu redor, abrindo janelas para que adentre sem “medo” e com criatividade no mundo do trabalho. Coordenação do Projeto, Ir. Miguel A. Orlandi

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A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho não é tarefa fácil e muitos fatores influenciam para que esse processo seja dificultado. Pensando nas mudanças referentes à ampliação do processo de inclusão de pessoas com deficiência, em fevereiro de 2015 a SLC AGRICOLA lançou o Programa Semear, com o objetivo de oferecer desenvolvimento profissional voltado a este público. Para que esse objetivo seja alcançado a área de recursos humanos promove ações que visam abordar o tema de inclusão no ambiente de trabalho, e assim preparar lideranças e equipes para trabalhar com a diversidade humana. Este programa vem nos mostrando que apesar das dificuldades apresentadas ao longo do processo de inclusão a empresa está sendo assertiva nesta missão que abraçamos com muito cuidado e carinho. Notamos que aos poucos o projeto está se internalizando em cada um dos colaboradores da empresa, fato que tem contribuído para que o programa de aprendizagem para pessoas com deficiência na matriz da empresa em Porto Alegre ocorra dentro

de nossas expectativas. Ter um programa de aprendizagem voltado exclusivamente para aprendizes com deficiência nas diversas áreas da empresa tem favorecido atingir a quase totalidade dos colaboradores de modo a integrá-los no projeto, pois temos hoje oito aprendizes com deficiência trabalhando em diferentes setores da empresa. A realização de vinte horas semanais de atividade prática na empresa e teórica na instituição qualificadora tem contribuído para formar os futuros profissionais para ocuparem posições efetivas na empresa A parceria com a Espro inciada em 2016, tem sido fundamental para o alcance destes objetivos, bem como para o aprimoramento das habilidades técnicas e comportamentais dos aprendizes . A contratação de aprendizes com deficiência na SLC AGRICOLA tem gerado satisfação e orgulho pois contribui com mudanças significativas para a empresa que assimila e coloca em prática uma cultura de inclusão que vai além do cumprimento de cota.

Aprendizes da SLC Agrícola

O programa Jovem Aprendiz, no atual formato, iniciou nos Correios nacionalmente em 2011. Por ele já passaram 13 mil aprendizes, que hoje estão no mercado de trabalho. Este ano, só no RS, o projeto conta com 239 jovens. Há 16 anos, a coordenadora de vendas dos Correios, Michele Pias Molina, ingressou na empresa através do “Adolescente Aprendiz”, precursor do atual projeto. “Iniciei em dezembro de 2000, aos 16 anos, por influência de uma ‘tia de coração’, que já trabalhava nos Correios”, lembra. Assim como o programa Jovem Aprendiz, o projeto também tinha o objetivo de ser a primeira experiência de adolescentes no mercado de trabalho. Durante a experiência, Michele aproveitou cada oportunidade de aprendizado. “Quando se tem 15 ou 16 anos, e nunca se trabalhou, a insegurança, os medos e até a vergonha e timidez são grandes. Aprendi coisas práticas e básicas, mas que até então não sabia ou nunca tinha feito, desde tirar uma cópia, organizar arquivos, atender corretamente um telefone, mas, principalmente, aprendi o valor do trabalho, a ter responsabilidade, respeitar as regras e os horários, aprendi a me ‘portar’ num ambiente profissional e a me comunicar e interagir com as outras pessoas. Foi um processo de desenvolvimento mesmo”, relata. Em 2003, após passar no concurso público dos Correios, Michele foi chamada para assumir a vaga de Operador de Triagem e Transbordo. Onze anos se passaram e, hoje, Vitória Pias Mengue, irmã de Michele, é quem ingressa nos Correios pelo programa. “Eu via

Michele Dias - Funcionária dos Correios

Experiências Empresariais

SLC Agrícola e o universo Duas gerações da aprendizagem para aprendendo pessoas com deficiência nos Correios

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Projeto Pescar Marelli Rudimar Borelli* a Michele ir para o trabalho e o que mais admirava era que ela sempre estava focada e eu queria ser como ela. Mesmo de longe ela me ajudou na inscrição. Quando consegui, eu senti que foi uma vitória minha, mas foi dela também”, conta Vitória, que tem 15 anos e trabalha como assistente administrativa na Agência dos Correios Menino Deus. “Sempre tentei mostrar para minhas irmãs a importância do trabalho e contei algumas vezes sobre minha experiência. Acho que não só influenciei, mas induzi um pouco que ela escolhesse o programa dos Correios”, conclui Michele. Para Vitória, o programa é uma grande oportunidade. “Vejo como um preparo para mim, pois vi pessoas que agora estão no mercado de trabalho e são reconhecidas porque passaram por aqui”, finaliza.

Vitória Pias Mengue, irmã de Michele, Adolescente Aprendiz dos Correios

Na maioria das vezes nós, empresários, somos levados a decidir por coisas que nem sempre são resolvidas do ponto de vista da mensuração, ou sem saber, o efeito real das mesmas. Falo isto porque em meio a tantas solicitações de ajuda que recebemos todos os dias, ainda sem ter a certeza necessária, quando decidimos pelo Projeto Pescar, particularmente, isto me deixou muito feliz. É claro que nos convenceu pela sua natureza estruturada de preparar pessoas para o início profissional, pela sua formatação, etc. Mas existe outro aspecto que me motivou ainda mais: Na idade em que eles se encontram hoje, nós, os três sócios da Marelli, tínhamos um perfil muito semelhante ao deles. Então talvez esse seja o motivo pelo qual até hoje me sensibilize tanto. Assim sendo, nos meus encontros com os jovens, gosto de comentar que nesta mesma idade, eu também tinha a mesma ebulição hormonal, as mesmas dúvidas e as mesmas dificuldades. O que fazer, onde ir, enfim: Nada diferente, tudo igual. O fato de termos experienciado as mesmas cenas, sejam pessoais ou de vulnerabilidade, nos deixa naturalmente alinhados, aqui não há constrangimentos, e costumo dizer que “aqui estão realmente em casa”. Influência familiar, às vezes deficiente, contrabalançados por uma alta influência vinda do seu meio, lhes confunde um pouco. Fazemos questão de tentar desmistificar que trabalho não é castigo e sim uma das coisas mais dignificantes do ser humano. Que estudar e aprender de verdade, é diferente do que cumprir o ato de ir à escola. Torná-los conscientes do mundo profissional que os espera acho que é uma dimensão muito necessária, pois, se por um lado existe um mundo profissional que reconhece e paga bem para quem entrega bem, existe outro mundo que despreza e ignora os que entregam mal. Então a hora é esta, estar em sala ao invés de ficar em casa no vídeo game já foi uma decisão vencedora deles, onde certamente já começaram a se diferenciar. Enfim, isto é um pouco do que entregamos em paralelo à formação. Baseados em experiências, humildemente faço ou fazemos questão de transferir nossos valores mais dignos para esses jovens. Mas não há dúvidas que o centro de tudo é a Fundação Projeto Pescar. Sua habilidade estruturada em gerir um projeto de tantos anos de forma brilhante é mérito verdadeiro, e todos nós temos muito a reconhecer. Em nossa parceria com o Projeto Pescar, temos orgulho em dizer que em 2017 estaremos formando 12ª turma. Mais orgulhosos ainda por termos chegado até o final de cada ano, com praticamente 100% dos jovens que iniciaram. Além disso, sei que temos uma equipe de voluntários motivada, que se dedica muito, e sendo assim, o nosso resultado tende a ser o melhor. O fato de conviver durante estes meses do ano com todos eles, cria uma sinergia boa, quem sabe até uma cumplicidade, assim é bem possível que eles lembrem deste lugar por muito tempo. Oxalá que o efeito deste pouco que ajudamos lhes sirva para quando forem contar sua história profissional. *Sócio-fundador da empresa Marelli Móveis, atualmente presidente executivo.

Rudimar Borelli

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11ª turma da Unidade Projeto Pescar Marelli 2016


Eterno Aprendiz “Aprendizagem, um caminho possível!”

Jovem Aprendiz do ISBET Porto Alegre, Eduarda Borba da Rosa, encontrou no Programa de Aprendizagem uma família

Eterno Aprendiz

A presente entrevista foi idealizada pela coordenadora do ISBET Porto Alegre, Samara Morais, e realizada no dia 10 de março de 2017. Eduarda tem 18 anos e é aluna do 3º ano, na Escola Estadual Nossa Sra. de Fátima, na cidade de Cachoeirinha. Os relatos a seguir demonstram grande coragem da jovem em expor sua difícil trajetória até encontrar-se como aprendiz. “Como você conheceu o Programa Jovem Aprendiz?” Eduarda: “Conheci o ISBET e o Programa através de familiares, que me aconselharam a fazer o cadastro para conseguir me inserir no mercado de trabalho.” “O que te motivou a querer ingressar no mercado de trabalho?” Eduarda: “O que mais me motivou a querer uma vida diferente, foram os exemplos que tive em casa. Minha situação sempre foi complicada, já que fui criada pela minha tia e vi meu irmão sofrer uma internação pelo abuso de drogas. Tudo isso me fez refletir sobre que futuro eu queria para mim e o ISBET me apresentou várias novas alternativas de acesso ao trabalho, fuga das drogas, foco, plano de vida e de carreira, sem contar com a equipe de lá, que me apoia em todos os sentidos.

“Dentro do Programa Jovem Aprendiz, o que você mais gosta?”

“Nesse caminho da aprendizagem, qual foi o seu Eduarda: “ Gosto muito do “clima” e do modo como a instituição funciona. Sempre respeitaram o meu nome social, momento mais complicado?” já que a partir da minha adolescência escolhi não usar mais Eduarda: “Acredito que o momento mais complicado foi meu nome biológico e todos aqui entenderam e respeitam conciliar esse meu começo no mundo novo da aprendizaminhas posições. Aprendi muitas coisas novas que levarei gem, com as dificuldades em casa. Lembro bem de querer para o resto da vida, mas principalmente gosto da ideia dividir minhas experiências com a minha família e muitas de não me preocupar mais com a tão cobrada “experiênvezes não receber a atenção que eu gostaria. Isso não ducia”, que é exigida nas empresas, já que estou tendo esta rou muito tempo e logo me adaptei com a nova família, com oportunidade aqui.” quem sempre tive total apoio, e com isso adquiri maturidade e pude me dedicar mais ao meu trabalho.” A entrevista foi realizada pelo instrutor teórico do ISBET Porto Alegre, Andrey da Costa Moser.

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Eterno Aprendiz

É uma conquista para a vida!

Ex-aluno do programa Menor Aprendiz, Lima, L. M., é estudante do 3º Ano do Ensino Médio

Venho falar da mudança que o curso de ocupações administrativas, que foi ministrado pelo CIEE, fez na minha vida. Antes do curso eu não tinha conhecimento algum sobre questões administrativas, mas no decorrer das aulas, o professor me trouxe um mundo novo, mostrando história antiga, filosofia, informática, matemática e tantas outras coisas. No período de um ano, aprendi como administrar uma empresa, e como me comportar diante de uma entrevista de emprego. Conhecimento para a minha vida. Mesmo estando privado de liberdade no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), cumprindo medida socioeducativa, o professor acreditou em nós socioeducandos, em mim. E, até hoje, não mede esforços para transmitir seus conhecimentos e auxiliar no que for preciso. Fui aprendiz legal em 2016, terminei o curso em janeiro de 2017, outra turma começou, com o mesmo professor. Sofremos muitos preconceitos, e ter o professor ao nosso lado, mesmo não estando mais

no programa, e também o CIEE como uma empresa parceira, nos dá esperança para quando sairmos do CASE, ter um futuro diferente, longe da criminalidade. Além do curso ajudar financeiramente, mudou totalmente meu pensamento e minha forma de viver a vida. Por isso, destaco que esse projeto é muito importante para os jovens, pois, os oportuniza e prepara-os profissionalmente para a vida. Foi muito emocionante quando tive a formatura do curso, nunca tinha ganhado nada, e receber um diploma com meu nome, foi uma imensa alegria. Diante dessa experiência positiva, gratificante e emocionante, espero que esse projeto possa contemplar vários jovens, pois para melhorarmos o mundo, só precisamos de educação, comunicação e cultura. E talvez mais uma coisa, que muitos de nós, aqui no CASE, concordamos, que quando em liberdade nos falta oportunidade e alguém que acredite em nós. Obrigado programa Aprendiz Legal, obrigado CIEE.

Uma das experiências mais incríveis que já tive em minha vida Aprendizes da Fundação O Pão dos Pobres agradecem influência no desenvolvimento como pessoas e profissionais

“Meu nome é Jenifer Fernanda Moreira Dornelles, tenho 16 anos e participei do curso profissionalizante de Assistente Administrativo no Centro de Educação Profissional (CEP), da Fundação O Pão dos Pobres, no período de 15/06/2015 até 15/12/2016.

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Fazer parte da Fundação foi simplesmente uma das experiências mais incríveis que já tive em minha vida. Não só o curso, mas o CEP em si colabora tanto em nossa vida pessoal quanto em nossa vida profissional. Inspiração para inovar, motivação para continuar, não foram coisas que desenvolvi sozinha. Respeito, ética e boa convivência são coisas que o CEP preserva. Além das disciplinas, somos auxiliados desde o comportamento, aprendemos a ter humildade e recebemos todo o apoio que merecemos. Aprendemos a ter uma rotina, seguir regras impostas e ter responsabilidade, coisas que são extremamente úteis para nosso desenvolvimento profissional e que felizmente me favoreceu muito na minha "prática", na SINI informática,

onde estou até hoje. São atitudes e valores pequenos, mas que fazem toda a diferença no nosso cotidiano. O CEP nos dá acesso a tanta coisa que eu nem imaginava, como eventos literários, musicais, entre outros... Coisas maravilhosas que nunca imaginei participar. Fazer o curso de Assistente Administrativo é uma oportunidade tão grandiosa que me dá até uma dorzinha no peito em pensar que nem todos têm ou terão o mesmo privilégio que nós que participamos, tivemos. É com certeza um curso de grande aproveitamento, experiência que levo pra vida. Quando entrei no curso meu pensamento era: "Trabalhar para ganhar dinheiro." E hoje posso dizer que sou capaz de tudo, basta eu querer. E que não é apenas isso, que temos que ter um propósito de vida. E não descobri isso sozinha, minhas professoras que exigiam participação ativa dos alunos tiveram grande influência no meu desenvolvimento como pessoa e profissional. Enfim, só tenho a agradecer. Obrigada!”


Aprendizagem Profissional como oportunidade para quem quer e precisa mudar Matheus Peruzzo - egresso do Programa Jovem Aprendiz Pescar - Iniciação Profissional em Operações em Restaurantes Corporativos

Olá, me chamo Matheus Peruzzo, sou o egresso do Programa Jovem Aprendiz Pescar. Participei do programa de Iniciação Profissional em Operações em Restaurantes Corporativos em 2016, na cidade onde moro, em Caxias do Sul.

matérias e conclui com aprovação. Hoje continuo estudando e também trabalhando. Levo comigo a maior parte do aprendizado, o comportamento, postura adequada e visões sobre o mercado de trabalho. O Projeto Pescar é muito válido e pode ajudar muitos jovens a melhorar enquanto pessoa, pois assim como eu, outros colegas formados estão indo bem em suas escolhas e no encaminhamento de suas carreiras profissionais.

Cheguei com um estado emocional critico, totalmente ‘fora do eixo’. Antes de ingressar no projeto eu fazia muitas coisas que não era ‘legais’ e que além de me prejudicar, prejudicavam todos ao meu redor, principalmente minha família, que sofria com isso. Foi quando conheci o Jovem Por fim, quero agradecer a Fundação, a Unidade Projeto Aprendiz, me esforcei e consegui a oportunidade. Ao iniciar Pescar Dom Augusto e a todos que me ajudaram e acreditao programa me encontrei, pude refletir sobre os meus erros, ram na minha mudança. fui aprendendo muito e ao longo desse tempo me descobrindo, vendo a importância de dar valor as coisas. A aprendizagem foi para mim como um processo de metamorfose, como eu sempre digo, ... Me ajudou a superar diversos obstáculos, melhorar como pessoa e aprender uma profissão que me norteou e possibilitou uma ampla visão sobre o que eu queria e o que eu gosto de fazer. Ser jovem aprendiz foi uma grande descoberta na minha vida, aprendi sobre autoconhecimento, relações, valores. Minha família notou as diferenças ao longo do tempo, nas pequenas atitudes, agora mais tranquilas e pensadas. Fui aos poucos progredindo, na escola tive mais foco nas

Jenifer Bitencourt trabalha como aprendiz na secretaria da Escola Novo Lar

“Além do primeiro emprego o programa nos oferece um conhecimento fantástico de administração e informática, que nos fazem acreditar em nosso potencial” Eu, Jenifer da Silva Bitencourt, tenho 18 anos e trabalho como aprendiz na secretaria da Escola Novo Lar, da qual iniciei como aluna da turma de informática de 2015. Ao frequentar as aulas aprendi conteúdos que me deram auxílio para exercer minhas tarefas como secretária e tive diversas experiências durante o curso.

Além do primeiro emprego o programa nos oferece um conhecimento fantástico de administração e informática, com professores qualificados, que nos fazem acreditar em nosso potencial. A oportunidade de trabalhar como secretária me fez acreditar que sou capaz de lidar com o público, me fez ter um pouco mais de paciência e sempre ser simpática, independente de qualquer situação.

No ano de 2016 recebi um telefonema que mudou minha vida, minha primeira proposta de emprego, e foi onde oficialmente entrei para o Programa Jovem Aprendiz.

O Novo Lar oferece diversas atividades ao público, tentando sempre incluir todas as idades, com professores e funcionários atenciosos e com um grande profissionalismo. Sempre muito procurado por diversos jovens para integrar no mercado de trabalho, e também os demais cursos gratuitos de informática, estética, panificação e oficina de dança. Jovem aprendiz na instituição Novo Lar, Jenifer da Silva Bitencourt

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Eterno Aprendiz

Ex-aprendizes e trajetórias de sucesso

Helton Santos Cordeiro e Jéssica Cristina Cavagnola da Fonseca ilustram a trajetória da Aprendizagem Profissional, no SENAI de Gravataí

Além de ensinar habilidades técnicas a Aprendizagem do SENAI amplia os sistemas de referências dos alunos, tornando-os cidadãos críticos e participativos para ingressarem no mundo do trabalho. Nesta perspectiva temos várias histórias bonitas para apresentar, mas destacamos os ex-alunos Helton Santos Cordeiro e Jéssica Cristina Cavagnola da Fonseca, que ilustram a trajetória pelo ensino da Aprendizagem no SENAI de Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre.

que o SENAI foi sua mola propulsora. Faz questão de divulgar e reforçar a importância da educação profissional onde o cidadão é protagonista de sua evolução profissional. Outro exemplo é Jéssica Cristina Cavagnola da Fonseca, 26 anos, que trabalha na mesma empresa que ingressou após concluir a Aprendizagem. O avô, experiente mecânico, a orientou a estudar no SENAI. A tia, que trabalhava na indústria, a indicou como cotista e guiou Jéssica para o curso Reparador de Equipamentos Eletrônicos. A aprendiz não fazia ideia do que a área de Eletrônica proporcionaria para sua vida.

Helton Cordeiro, 39 anos, casado há 19, com três filhos, quando adolescente ingressou na Aprendizagem de A aluna participava de grupos de estudos orientados pelos Matrizeiro, incentivado pelo irmão, também aluno SENAI de instrutores para assimilação da parte teórica. Nas aulas Gravataí, e pelo pai, motorista de caminhão. práticas, Jéssica intensificou o interesse pela Eletrônica, Família com poucos recursos financeiros, 3 filhos, a mãe, que foi fundamental para sua identificação com a profissão. dona de casa, agregava à renda familiar a produção de Seu 1º emprego foi indicado pelo instrutor, que cedo percecocada caseira. Helton acordava às 5h da manhã, quebra- beu sua capacidade. Nesta empresa onde permanece, seu va coco até às 6h30min e caminhava 30min até pegar o crescimento foi gradual e, após 4 anos na área de montaônibus para o SENAI. Fazia o ensino médio à noite e, ao gem, está na função de Supervisora de Produção. retornar às 23h, ajudava a mãe a embalar as cocadas. O forte vínculo que Jéssica criou com colegas e instrutores Com garra e responsabilidade de menino, não faltava às aulas. Adorava as práticas nas oficinas que, simulando situações reais das empresas, fazia com que se sentisse uma pessoa capaz. Lembra com carinho dos instrutores que o influenciaram positivamente na construção de conceitos e atitudes de cidadão. O ex-aluno atingiu a maturidade profissional com paixão. Ocupando cargos de liderança nas empresas nas quais trabalhou, atualmente cursa faculdade de Gestão da Produção e é Coordenador Industrial em uma empresa. Helton afirma

é mantido até hoje, trocando conhecimentos na área e fortalecendo laços.

Jéssica retornou ao SENAI de Gravataí e está cursando o Técnico em Eletrônica. Ressalta que a Faculdade é essencial para qualquer carreira profissional, mas cursos como de Aprendizagem e Técnico permitem ao aluno conhecer a teoria e desenvolver suas habilidades na prática, dando maior segurança ao atuar profissionalmente. Carlos Artur Trein, Diretor Regional do SENAI-RS

Quando uma porta se fecha, o Espro abre outra Lucas Kainan de Oliveira Barcellos – 22 anos

Minha história junto ao Espro – Ensino Social Profissionalizante - importante para mim. Logo descobri que eram pessoas do começou em agosto de 2015, quando me inscrevi no site da ins- Espro oferecendo oportunidades de inserção no mundo do tituição em busca de uma oportunidade como Jovem Aprendiz. trabalho como Jovem Aprendiz por eu ter me cadastrado no Antes, durante toda a minha infância, adolescência e início Portal da instituição.

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da vida adulta, me dediquei ao futebol como profissão, jogando em alguns clubes como São José, Cruzeiro e Grêmio. Já no início de 2016, retornei para Porto Alegre após encerrar minha passagem pelo time profissional do Angra dos Reis, clube que leva o mesmo nome da cidade do Rio de Janeiro onde eu morava.

Após duas entrevistas, não fui selecionado. Porém, não desisti da minha nova opção de vida e então, dias depois, consegui uma oportunidade na empresa Icatu Seguros. Após 10 meses e 11 dias de muito aprendizado tanto nas Atividades Teóricas quanto nas Práticas, fui promovido pela empresa na qual trabalho atualmente.

Depois de refletir sobre meu futuro, decidi começar um novo ciclo na minha vida profissional. Sendo assim, iniciei um curso técnico de Administração e comecei a procurar emprego. Foi então que recebi a informação da minha mãe de que havia recebido uma ligação de um assunto

Com isso, pude concluir que, em um mercado de trabalho tão competitivo como o de hoje, o Espro foi muito importante para o início da minha vida profissional, pois me proporcionou conhecimento e abriu portas para o mundo corporativo.


O aprender contínuo transformando vidas

Jovens alunos de Três de Maio transformaram e ampliaram a relação com o mundo através do Programa Aprendizagem Profissional SETREM

Como se muda o mundo? Uma pergunta que parece de difícil resposta, mas que para quem dedica tempo à reflexão é muita clara: mudando a vida das pessoas. Isso aconteceu com Kassielle Coleto Zancan, Lucas da Costa e Pierre Santana, que através do Programa de Aprendizagem SETREM tiveram suas vidas e relações com o mundo transformadas. São diferentes histórias que trazem em comum palavras significativas exaltadas pelos três: “Oportunidade”, “Experiência”, “Desenvolvimento”, “Evolução”, “Carreira”, “Conhecimento”, “Futuro”, “Mudança” e tantas outras.

Para Lucas, que faz parte do Programa Aprendizagem SETREM – Informática e é aprendiz na Tarumã, não foi diferente. Ele sacrificou os estudos para dar oportunidade à irmã e foi recompensado. “Em 2015 entrei no Curso Técnico em Agropecuária (CTA). Como minha irmã queria fazer o Design de Móveis, e como nossa família não tem renda tão grande, ficou difícil. Optei por parar para que ela pudesse continuar estudando. Mas, em 2016, surgiu o Programa Aprendizagem SETREM. Participei da entrevista na Tarumã e na semana seguinte já comecei a trabalhar”, destaca.

Kassielle integra o Programa Aprendizagem SETREM – Administrativo e realiza a aprendizagem na Extragás. Ela encontrou nesta oportunidade um novo olhar sobre o mundo. “Evoluí bastante por poder participar do cotidiano de uma empresa, entendendo que tudo gira em torno de um bom trabalho desenvolvido por cada colaborador. Assim, tive ampliadas minhas possibilidades profissionais e me sinto muito mais preparada”, relata.

Também na Informática e aprendiz na Lactalis, Pierre define a palavra “responsabilidade” como a que mais impactou sua vida. “Ao participar do programa e do curso, fiquei muito mais responsável, pois senti o que é ter meu próprio dinheiro, como administrá-lo, qual é meu papel para com a empresa e as possibilidades de me relacionar com o mudo do trabalho. Está sendo gratificante”, conta. Paulo Vitor Daniel - Coordenador da Assessoria de Comunicação da SETREM

Oportunidade que Transforma

Andrielly Bassôa Brum – Jovem Aprendiz através da Pequena Casa da Criança exercendo funções de auxiliar administrativo – Empresa Sika

Uma oportunidade que transforma é aquela que te ensina a sempre adeptos a mudanças, pois precisamos nos adequar ser o melhor, fazer o melhor e a crescer. a realidade em que vivemos e nos dias de hoje quem não quer aprender fica perdido no tempo. A oportunidade que transformou minha vida foi a de ser Jovem Aprendiz através da Pequena Casa da Criança. Aprendo muitas coisas todos os dias e a principal delas é a responsabilidade que devemos ter com nosso trabalho. Aprendi que toda tarefa que nos é dada precisa ser feita com o máximo de atenção e com muito carinho. Outro ponto muito importante é o trabalho em equipe, saber tratar bem os nossos colegas e respeitar o serviço de todos para que assim possamos viver em harmonia. A educação é primordial em todas as situações, pois às vezes obstáculos serão postos em nosso caminho e é preciso saber lidar com paciência, criatividade e educação. Essa grande oportunidade me fez crescer e ver o mundo do trabalho com outros olhos, entendi que o mercado de trabalho é muito competitivo e se não fizermos o melhor não alcançaremos nossos objetivos. Temos que aprender cada vez mais e estarmos

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Registro

Momentos da Audiência Pública no Lançamento da 2a edição da Revista Aprendiz, Ação Social no Combate ao Trabalho Infantil e o Lançamento do Livro Prosa e Verso Com o sucesso desses três eventos, queremos agradecer a participação e o protagonismo dos Aprendizes das entidades formadoras de Aprendizagem Profissional do RS, que estiveram a frente da execução destes magníficos projetos em prol da Aprendizagem, aos órgãos governamentais, às empresas parceiras, às entidades formadoras de aprendizagem profissional e a todos os parceiros indiretos envolvidos com a causa de fomentar e multiplicar a importância do Programa de Aprendizagem Profissional no Estado do Rio Grande do Sul e nos demais Estados do País.

Audiência Publica e Lançamento da 2º edição da Revista Aprendiz

FEPETI e FOGAP no combate ao trabalho infantil no dia 12 de junho GT Aprendizagem Profissional de Caxias do Sul

GT Aprendizagem Profissional de Caxias do Sul, na entrega do convite

Lançamento da Revista Aprendiz número 2

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FEPETI e FOGAP no Acampamento Farroupilha

FOGAP 2017

Homenagem do FOGAP às mulheres que integram o Fórum

Feira Tecnologica na PUC

Reunião de coordenação do FOGAP Lançamento do livro Aprendizagem em Prosa & Verso

Livro Prosa & Verso e Revista Aprendiz 2a edição

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Ministério do Trabalho

Integrantes do Fórum Gaúcho de Aprendizagem


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