Uma crônica sobre andar de ônibus A viagem pode ser uma aventura e também uma metáfora. Pode durar poucos minutos ou podemos embarcar nos pensamentos e ir até o fim da linha. Um carro grande, com um motorista quase particular mas dividido com seres desconhecidos. Há protagonistas de todos os tipos, o DJ, o pedinte, o educado que cede o lugar ao idoso ou a que fala no celular para todos escutarem. O ônibus nos permite escutar os dilemas da vida de quem nunca mais iremos ver, e de quem nem ao menos está conversando conosco. O ônibus é o reflexo de uma sociedade. Quantos dão bom dia ao motorista? Não só um teste de paciência, de equilíbrio ou de ir esmagada. Andar de ônibus pode também ser uma arte. Pode ser uma reflexão de vida. Pode ser se apaixonar por segundos. O amor certo com certeza vai descer na parada errada. O ônibus é como um coração de mãe, sempre cabe mais um. Sempre há mais um passinho como se não houvesse o passageiro ao lado. Mas quem nunca tirou um cochilo no ônibus? Quem nunca pegou o ônibus errado? Quem nunca pegou o sentido errado? Mas, não confie em quem nunca andou de ônibus.