Um português que desembarcou em Belém Maria Eugenia Bofill O português Renato Maças vive no Brasil há 65 anos e há 15 mantêm sua barbearia em Belém Novo Um português por natureza, que confessa ser brasileiro de coração, encontrou no Bairro Belém Novo, a 24km do Centro de Porto Alegre, o porto seguro que procurava. Há 15 anos, o barbeiro Renato Maças, 78 anos, natural de Viseu, em Portugal, transformou uma pequena barbearia em ponto de encontro no coração do bairro. É no número 442 da Rua Heitor Vieira que Renato divide o espaço com o genro Valtoni Fernandes, duas cadeiras de barbeiro com mais de xx anos, navalhas e tesouras. O falante português com 58 anos de experiência atende uma clientela que contempla todas as idades. De Vitor, quatro anos, que pede para fazer o corte igual a D’Alessandro, a João de 70 anos, que nem precisa dizer a Maças o corte que deseja. Todos os dias, exceto aos domingos, Renato e o genro atendem das 8h às 9h. Entre os que pedem um corte, há quem só queira conversar, como o vizinho Heitor Vieira. Aos sábados, ele é um dos primeiros a visitar a dupla para um bate-papo matinal. História Natural do Distrito de Viseu, em Portugal, Maças desembarcou no porto de Santos em 28 de fevereiro de 1950, na época com dez anos. Aos 16 já trabalhava como barbeiro. “Na época não tinha cursos de barbeiro, para aprender só no olho”, recorda. Aos 22 abriu sua primeira barbearia em São
Vicente, ao lado de Santos, cidade em que morava na época. O negócio ficou aberto por 40 anos. Renato tinha dez anos quando desembarcou, com os pais e os dois irmãos, no porto de Santos, em 1950. Seis anos depois, já trabalhava como barbeiro na cidade. Aos 22, abriu a própria barbearia em São Vicente, ao lado de Santos, cidade em que morava na época. O negócio ficou aberto por 40 anos. - Na época não tinha cursos de barbeiro, para aprender só no olho recorda. Por intermédio de uma tia, chegou a Porto Alegre e conheceu Belém Novo. Em busca de um lugar calmo para morar, resolveu ficar. Logo que chegou, começou a trabalhar em uma barbearia. Porém, sentiu falta da família e decidiu voltar para São Vicente. Entre idas e vindas, Renato voltou a Capital em 2008. Desta vez, para ficar. Remontou a barbearia que permanece até hoje. Em todas as mudanças, Renato não abriu mão de três coisas: as duas cadeiras de barbeiro e um aparelho de barbear manual, com mais de 40 anos. Objetos que estão com ele desde a primeira barbearia. Hoje, a máquina manual serve apenas de recordação. - As cadeiras são inseparáveis, vão sempre junto - conta o genro. Renato nunca visitou Portugal, confessa que jamais teve vontade. A saudade que guarda é de São Vicente. - Se for para São Vicente, eu vou hoje. Mas para Portugal, não - afirma.
Com brilho nos - olhos e suspiros de saudade - mostra o álbum com as fotos das últimas férias. Fielmente, todos os anos no mês de fevereiro, o barbeiro volta à terra que o recebeu para visitar os irmãos e matar a saudade. Difícil é pensar o dia em que Renato precisará parar de trabalhar. Hoje, nem passa pela sua cabeça deixar suas tesouras, aparelhos e navalhas. - Enquanto eu tiver saúde, eu não vou parar. O que vou ficar fazendo em casa? - questiona. Para Renato, difícil é pensar no dia em que deverá parar de trabalhar. Foge da ideia dele aposentar as tesouras e as navalhas. - Enquanto eu tiver saúde, eu não vou parar. O que vou ficar fazendo em casa? - questiona.