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A EXECUÇÃO DOS TÁVORA Os Távora e vários dos seus criados foram torturados e executados publicamente, depois desta família da alta nobreza ter sido acusada de tentativa de regicídio de D. José, alvejado na sua carruagem durante a noite
Estamos a 13 de janeiro de 1759. Pelas sete horas da madrugada, no descampado próximo da Torre de Belém, a marquesa D. Leonor Tomásia de Távora subia os primeiros degraus do cadafalso montado na véspera. Recebida pelo carrasco, é apresentada à assistência. Um a um, são-lhe mostrados os instrumentos de tortura com os quais serão executados os filhos, o genro e outros parentes: o maço de ferro, as varas para quebrar os ossos, o garrote de enforcamento. Por fim, o carrasco fá-la sentar, de mãos atadas, num pequeno banco. A marquesa inclina-se e, com um só golpe, é decapitada. A sua cabeça é mostrada ao público, no qual se inclui a nobreza, obrigada a assistir para que aquele dia lhe servisse de lição. No final, todos os corpos arderam na fogueira. O motivo das execuções? As acusações indicavam “alta traição” e “tentativa de regicídio” numa noite de setembro de 1758, quando o rei D. José regressava, numa carruagem emprestada, de um dos seus encontros “fortuitos” com a amante D. Teresa Leonor, nora dos marqueses de Távora. A carruagem fora intercetada por três homens, que dispararam sobre os ocupantes, ferindo o rei. Rapidamente, o ministro do reino, Sebastião José de Carvalho e
BIBLIOTECA NACIONAL / COTA PI-23774-P
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EM PÚBLICO EXECUÇÃO DE JOSÉ MARIA DE TÁVORA, NUMA GRAVURA DA ÉPOCA
Melo, futuro conde de Oeiras e marquês de Pombal, tomou as rédeas da situação. Encontrou os responsáveis pelos disparos, interrogados sob tortura. E conseguiu a confissão que lhe convinha: os Távora — uma das mais poderosas famílias da alta nobreza e também das que mais se opunham às suas reformas de restrição de privilégios nobiliárquicos — eram os orquestradores do crime. O objetivo seria colocar o duque de Aveiro, José Mascarenhas, no trono. Este viria a confessar a sua culpa — também depois de ter sido torturado —, bem como o envolvimento de um jesuíta, o que serviria de pretexto para a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal. Em dezembro foi criado um tribunal, a Junta de Inconfidência, para investigar e julgar os autores do crime,
num processo com lacunas e incoerências resolvido em cerca de um mês e que ficou para a história como o “Processo dos Távoras”. A sentença final, a 12 de janeiro, já é conhecida. Entre membros da família Távora ou que para ela trabalhavam foram executadas cerca de dez pessoas. Outras escaparam por intercessão da herdeira do trono, Maria Francisca. Os títulos de marquês de Távora e de duque de Aveiro foram extintos e o palácio do último demolido, sendo o seu terreno salgado para que nada mais aí crescesse. Ainda hoje se pode ver, no Beco do Chão Salgado, em Belém, um padrão de pedra erigido a mando de D. José. O que não se sabe é se, de facto, os condenados seriam culpados ou inocentes. Uma coisa é certa: culpados ou não, o futuro marquês de Pombal conseguiu afastar dois dos seus mais poderosos inimigos, os Távora e os jesuítas. R MARIA JOÃO BOURBON
COMUNICAR POR PONTOS E TRAÇOS SSPL/ GETTY IMAGES
HISTÓRIA RÉPLICA DO PRIMEIRO TELÉGRAFO
No dia 6 de janeiro de 1838 foi apresentado ao público, na empresa norte-americana de metalurgia Speedwell Iron Works, um dispositivo revolucionário: utilizando impulsos elétricos, permitia transmitir mensagens, por cabo, até longa distância. O aparelho, inventado por Samuel Morse, Leonard Gale e Alfred Vail, marcava o início da história das telecomunicações. Os sinais elétricos transmitidos
representavam pontos e traços que, lidos em blocos, significavam letras e números, consoante a associação feita. A palavra stop era a pausa e significava parágrafo. Estava criado aquilo que ficaria conhecido como código Morse. O sistema só foi dado por extinto em julho de 2013, com o encerramento do último serviço de telégrafo do mundo, da empresa indiana Bharat Sanchar Nigam Limited.
REVISTA 11/JAN/14
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